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Função fática da linguagem

A função fática da linguagem representa as situações em que o canal (interlocutor) é o principal objetivo da
comunicação.

Na função fática, a mensagem recebe um papel secundário e o canal passa a ser o objetivo da comunicação

Entre todas as funções da língua portuguesa (referencial, emotiva, conativa, metalinguística e fática), a função
fática é a mais utilizada em nossas relações cotidianas. Exercitamos essa função até mesmo nas situações
mais corriqueiras, quando não estamos muito preocupados em analisar a mensagem que será emitida. Quando
cumprimentamos nossos colegas utilizando um convencional “Bom dia”, estamos fazendo uso da função
fática da linguagem. Ela é utilizada até mesmo quando nos comunicamos com estranhos, especialmente em
situações em que o silêncio parece incomodar, então travamos um diálogo trivial, despreocupado,
estabelecendo uma conversa sem um objeto/assunto definido.

A função fática tem como objetivo estabelecer um vínculo entre o emissor e o receptor da mensagem a
fim de prolongar ou interromper a comunicação. É chamada de fática por estar vinculada a um fato, ou seja,
aquilo que está ocorrendo em um determinado momento. Você sabia que a função fática é a primeira função
de linguagem que adquirimos? Quando pequenos e ainda incapazes de enviar e receber comunicação
informativa, comunicamo-nos através de pequenas construções linguísticas, mas nem por isso destituídas de
significação, para chamar a atenção do adulto. A mãe também faz uso da função fática como um recurso para
chamar a atenção do bebê para si e para suas emissões. Outra curiosidade: as aves falantes, o papagaio, por
exemplo, partilham desse tipo de comunicação com os seres humanos. Já reparou o esforço que elas fazem
para iniciar e manter a comunicação com o homem?
Utilizamos a função fática desde bebês, quando ainda “engatinhamos” no processo de aquisição da linguagem
verbal

Observe abaixo a tirinha da personagem Mafalda, do cartunista Quino:

A função fática é assim denominada por estar vinculada a um fato, ou seja, aquilo que está ocorrendo
em uma determinada situação. Mafalda, de Quino.

É possível perceber a utilização da função fática quando Mafalda diz “Boa noite, mundo”, saudando e
também se despedindo em “boa noite e até amanhã”. Sabe aquelas famosas “conversas de elevador”? Então,
são ótimos exemplos de quando a comunicação deixa de ser o principal objeto entre dois interlocutores e passa
a ser algo secundário, focando no canal sem demonstrar carga semântica aparente.

A música “Sinal fechado”, de Paulinho da Viola, é um bom exemplo. Ela narra a história de dois velhos
conhecidos que casualmente se encontram parados, dentro de seus carros, em um mesmo semáforo:

Olá, como vai ?


Eu vou indo e você, tudo bem ?
Tudo bem eu vou indo correndo
Pegar meu lugar no futuro, e você ?
Tudo bem, eu vou indo em busca
De um sono tranquilo, quem sabe ...
Quanto tempo... pois é...
Quanto tempo...

Observamos no fragmento em questão a ocorrência da linguagem fática, que pode estar frequentemente
associada também à necessidade de emitir uma mensagem que seja breve, denotando interlocutores que não
possuem tempo para travar um diálogo mais cuidadoso, situação observada na música. Você não sabia, mas
sempre usou a linguagem fática durante vários momentos de seu dia. Quer verificar se seu canal de
comunicação está funcionando? Eis a função fática da linguagem!

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