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EDUCAÇÃO

COM AFETIVIDADE

jovem voluntário, escola solidária

EDITORA

FUNDAÇÃO
EDUCAR
DPASCHOAL
EDUCAÇÃO

COM AFETIVIDADE
coleção jovem voluntário, escola solidária

Ivan Roberto C apelatto

1
EXPEDIENTE

AUTOR
Ivan Roberto Capelatto

CO O RDE NAÇÃO D O PROJETO


M aria Eugenia da C osta Sosa
Sílnia N unes M artins

PRO JETO G RÁFICO


Linea Creativa

REVISÃO D E TEXTO
Fátim a M endonça Couto

COLABORADORES
Ana M aria M archi
M aria G isela G erotto

IM PRESSÃO
G ráfica Editora M odelo Ltda.

REALIZAÇ ÃO
Editora Fundação ED U CAR D Paschoal
w w w .educardpaschoal.org.br

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L S C aros educadores e educadoras,

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L O trab alho volun tário tem sido para n ós, do Faça
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E C Parte – Instituto Brasil Voluntário, o principal m eio de
V S exercer a solidariedade e a cidadania e de colaborar na
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J construção de um Brasil m ais justo e hum ano. Essa foi a
razão que nos levou a enviar-lhes este livro, a fim de
ajudar a form ar educandos m ais preparados para a vid a
no sentido m ais am plo.

Agradecem os a todos aqueles que já fazem a sua parte, seja em


escolas, bairros, em presas ou clubes. Todos são grandes “
cuidadores”
,
que proporcionam um a vivência afetiva e ajudam a fortalecer os nossos
jovens, o nosso futuro.

Q uerem os tam bém m anifestar nossa gratidão ao dr. Ivan R oberto


C apelatto, que colocou m uito de sua experiência neste livro. Incentivar a
afetividade em qualquer relação educativa e a união entre fam ília e
escola são objetivos prim ordiais para que possam os ter um a escola
solidária e um jovem pró-ativo e consciente de seus direitos e deveres.

Milú Villela
Presidente do Faça Parte

3

O voluntariado é a expressão de um povo que acredita na preservação
da dignidade de todo e qualquer cidadão. É a expressão m áxim a da
dem ocratização de um a nação.”

Adair Aparecida Sberga

SOBRE OAUTOR
Ivan Roberto C apelatto é psicólogo clínico e psicoterapeuta de crianças,
adolescentes e fam ílias.Fundador do G rupo de Estudos e Pesquisas em
Autism o e O utras Psicoses In fantis (G EPAPI), e supervisor do G rupo de
Estudos e Pesquisas em Psicopatologias da fam ília na infância e adoles-
cência (GEIC ) de C uiabá e Londrina. Professor convidado do The M ilton
H . Erickson Foundation Inc. (Phoenix,Arizona, U SA) e professor do cur-
so de pós-graduação da Faculdade de M edicina da PU C –PR.Autor da
obra “
D iálogos sobre a Afetividade – o nosso lugar de C uidar”
.

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N Ao falar de voluntariado, não podem os deixar de discutir
E conceitos com o solidariedade e cidadania, que são atos de
S
E cuidar de si, do outro e do am biente. É esse cuidar que o
R psicólogo e psicoterapeuta Ivan Roberto C apelatto considera
P essen cial para q ue possam os ajudar a co n struir Seres
A H um anos. Professores e p ais são im prescindíveis nesse
processo.

N este trabalho, o dr. Ivan C apelatto busca ressaltar a im por-


tância da afetividade nas relações entre os indivíduos. U m a
vivência afetiva entre professores,alunos e pais dá a oportuni-
dade de o sujeito apren der a cuidar de si m esm o, das

pessoas ao seu redor, da sua cidade e do seu país.

Agradecem os ao dr. Ivan C apelatto por contribuir com esta


causa, ajudando-nos a m ostrar a im portância de incentivar o
jovem voluntário. O s professores e os pais devem trabalhar
juntos no sentido de ajudar o jovem a entender a im portância
de sua ação social, para que o Brasil dê a guinada de que
precisa.

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ÍNDICE:

Introdução ...
..
..........
..
..........
..
..........
..
.....7

O que é a afeti
vidade ....................
...................
...........8

O s lim ites e sua éti


ca ....................
...................
...........9

A fam ília e a afeti


vidade ................
...................
.........10

A sociedade em colaboração com a fam ília........12

C uidar é solidariedade e cidadania........................13

Escola --a parceira necessária .................................14

Fam ília e escola são com plem entares..................16

A Escola Solidária e o Jovem Voluntário ...............17

Reflexões fin
ais..
.............................18

Fundação Educar .........


...................
...................
.........19

Faça Parte -- Instituto Brasil Voluntário ..................20

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T N o m undo atual, os valores e regras que sustentam o equi-
líb rio d o in divíd uo n a socied ad e são con stan tem en te
N
I negados e violados,o que dificulta terrivelm ente a tarefa dos
organism os que trabalham para m elhorar a qualidade de vida
do plan eta, com o a O rgan ização M un dial de Saú de . A
saúde, principalm ente a m ental, é um dos elem entos funda-
m entais para que tal objetivo seja alcançado.

D entre os critérios de saúde m ental estão o respeito e o


cuidado p or si m esm o e pelos outros, assim com o p elo
plan eta, seus anim ais e vege tação. Cuidar é um ato
consciente que pode ser ensinado, e consiste, por sua vez,
nu m do s m aiores gerado res de p razer qu e o m un do
hum ano conhec e.

C uidar adequadam ente do s outros com o de sim esm o p ode


ser o início de um a grande transform ação, tanto do ponto de
vista individual com o do ponto de vista social. E é nisso que
consiste o objetivo deste trabalho -- tratar das questões
referentes ao ato de cuidar, tais com o: a im portância da
afetividade, condição fundam ental, e o papel da fam ília, da
sociedade e da escola na form ação de um indivíduo afetivo.

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O QUE É A
AFETIVIDADE
A afetividade é a dinâm ica m ais profunda e com plexa de que o ser
hum ano pode participar. Inicia-se a partir do m om ento em que um
sujeito se liga a outro pelo am or -- sentim ento único que traz no seu
núcleo um outro, tam bém com plexo e profundo: o m edo da perda.

Q uanto m aior o am or, m aior o m edo d a separação, da perda e d a


m orte, o que acaba desencadeando outros sentim entos, tais com o o
ciúm e, a raiva, o ódio, a inveja, a saudade...

A afetividade é a m istura de todos esses sentim entos, e aprender a


cuidar adequadam ente de todas essas em oções é que vaiproporcionar
ao sujeito um a vida em ocional plena e equilibrada.

M uitas vezes som os m ovidos pelo im pulso em direção ao p razer.


Por isso, ao viver um sentim ento doloroso, com o a raiva ou o m edo, é
natural reagirm os im pulsivam ente destruindo o objeto ou a situação
que provocou tal dor. Entretanto, ao fazê-lo não tem os consciência de
estar tam bém destruindo a fonte do prazer, do am or.

É neste m om ento que o sujeito necessita de um cuidador -- um outro


sujeito (já cuidad o) qu e vai estab elecer os lim ites n ecessário s,
im pedindo-o de destruir a sua fonte de am or.

Esse sujeito cuidador, em nom e do afeto que sente pelo jovem , vai

ajudá-lo a não destruir a própria fonte de am or, im pedindo-o de agir em


no m e da raiva ou do m ed o. D eve-se perm itir a m anifestação d o
sen tim en to , po rém im p ed ir atos q ue aliviem ape nas m om en ta-
neam ente a dor do sentim ento de desprazer. Pode-se sentir m edo e/ou
raiva;pode-se expressá-los através de choro ou palavras;só não se pode
destruir a fonte de tais sentim entos, pois ela é tam bém a fonte de seu
prazer m aior: o amor.

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O cuidador deve im por os lim ites necessários com autoridade, m as
sem ser autoritário. Ao dizer a um a criança: “
não quero que você m e
bata”e segurar sua m ão, im pedindo-a de realizar o ato, estou estabele-
cendo um lim ite. D izer à criança que ela está errada em querer m e
bater, que ela está tendo um desejo ruim , etc., im plica desvalo rizá-la e
im por-lhe um a outra identidade diversa da que ela m anifesta no
m om ento. O s prejuízos dessas posturas inadequadas são conhecidos
por todos nós.Estabelecer um limiteé oferecer à criança os extrem os,
a fronteira até onde ela pode ir ou não naquele m om ento.

U m jovem sadio, norm al vai reagir ao lim ite com crises. E é nesse
m om ento de restrição que o indivíduo terá a oportunidade de aprender
que pode suportar frustrações.

A arte de cuidar im plica aproveitar corretam ente os m om en tos de


fragilidade e de frustração por que passa o indivíduo a ser cuidado para
dar-lhe um a referência. Para tanto, não é necessário estabelecer um
de term inad o espaço de tem po , m as aproveitar ade qu adam en te o
tem po que se ocupa nesse cuidado, no m om ento adequado -- o que
im plica, na m aioria das vezes, agir sem sentir prazer, frustrar desejos
im ediatos em nom e de outro desejo -- ver o sujeito de quem estou
cuidando crescer sadio e equilibrado.

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A FAMÍLIAE A
AFETIVIDADE

Fam ília é u m conjun to de pe ssoas qu e se u ne m pe lo de sejo de

estarem juntas, de co nstruírem algo e d e se com plem en tarem . É


através d essas relaçõ es q ue as pesso as po dem se tornar m ais
hum an as, ap renden do a viver o jogo da afetividad e d e m an eira
adequada. M as para que essa adequação ocorra é preciso que haja
referências positivas,cuidadores encarregados de estabelecer os lim ites
necessários ao desenvolvim ento de um a personalidade em ocionalm ente
equilibrada.

Para os jovens, as referências são pessoas, palavras, gestos que vão


proporcionar a form ação da identidad e. Joven s que e stab elecem
vínculos harm oniosos nos seus m om entos de frustração, por m eio dos
quais recebem am or e com preensão, desenvolverão um a identidade

sadia, conseguindo suportar frustrações até o m om ento adequado para


realizar seus desejos.

O que verificam os atualm ente é que um grande núm ero de pais acredi-
tam no falso m ito da liberdade total. Libertam os filhos antes m esm o de
eles terem criado asas para vôos m ais altos, e o resultado disso é um
com po rtam ento de sastroso na m aioria das vezes. O jovem qu e se
deixa levar pelo im pulso em direção ao prazer im ediato (natural do ser
im aturo) vai dirigir seu vôo para alturas in adequadas ao tam anho de
suas asas, e, com certeza, se desorganizar e se ferir. E a perm is-
sividade dos pais será sentida com o desinteresse,abandono, desam or,
negligência.

A fam ília tem a função de sociabilizar e estruturar os filhos com o seres


hum anos. Vários estudos e pesquisas têm dem on strado que jovens-
problem as são fruto de fam ílias que, indep en den tem en te do nível
socioeconôm ico, não lhes ofereceram afetividade suficiente. A violência
na infância e na adolescência, por exem plo, existe tanto nas cam adas
m enos favorecidas com o nas classes média e alta. O que faz a diferença
é a capacidade de a fam ília estabelecer vínculos afetivos, unindo-se no
am or e nas frustrações.

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A fam ília é o âm bito em que a criança vive suas m aiores sensações de

alegria, felicidade, prazer e am or, o cam po de ação no qual experi-


m enta tristezas,desencontros, brigas, ciúm es, m edos e ódios. É na fa-
m ília que se aprende a linguagem m ais com plicada da vida: a lingua-
gem da afetividade -- am or acom panhado de m edo, raiva,ciúm e... Sim ,
brigam os m ais com quem m ais am am os; tem os m edo de p erder as
pessoas que m ais am am os. Logo, é na fam ília que se deve encontrar o
m aior dos am ores e tam bém o m aior dos ódios.

Por isso, a fam ília é o cam po de ação de brigas e gritos,m as tam bém do
am or. U m a fam ília sadia sem pre tem m om entos de grata e prazerosa
em oção alternados com m om entos de tristeza,discussões e desenten-

d im en to s, q u e serão rep arad o s através d o en ten d im en to , d o


pe rdão tão n ecessário e d a apren dizagem de com o d evem os nos
preparar adequadam ente para ser cidadãos sociáveis.

Q uando falta a um jovem essa estrutura fam iliar (ausência de pai e


m ãe), ou tras pessoas (paren tes ou m esm o a socied ade ) pod erão
assum ir o papel de cuidadores, respeitando as necessi
d ades desse ser
em fo rm ação: algué m q u e lh e p ro p o rcio n e a o po rtu n id ad e d e
viver m uito am or, acom panhado de m edos, raivas e ciúm es.

C onvém ressaltar que a tarefa de cuidar adequadam ente de um ser em


form ação é extrem am ente difícil, pois exige dos educadores capacidade
de lidar com os conflitos gera dos pelos im pulsos dos jo vens em dire-
ção ao prazer im ediato e às necessid ades biopsíquico-sociais de cada
m om ento.

O s adolescentes precisam de educadores (pais, professores) que lhes


proporcionem a vivência da afetividade. É através de experiências
vividas com os cuidadores que eles vão estruturar as relações que
estabelecerão com a sociedade de m odo geral.

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A SOCIEDADE
EM COLABORAÇÃO
COM AFAMÍLIA

É através dos m itos, ritos e regras sociais que adquirim os o sentido da


vida. São as referências oferecidas por essa cultura que proporcionarão,
junto com a fam ília, a noção de pertinência tão necessária à saúde
m ental. Saber que pertence a alguém e a um lugar proporciona ao indi-
víduo o referencial de valor.

Q uando um a sociedade com eça a quebrar as regras necessárias à con-


vivência grupal, valorizando m ais o prazer im ediato do que a estrutura
sadia do grupo, desorganiza o sujeito que está em form ação.

É fundam entalque todos os integrantes da sociedade interessados num a


convivência sadia proporcionem , através da vivência de um a afetivi-
dade (oferecendo am or, porém im pondo lim ites para os im pulsos que
contrariam as necessid ades do grupo), a oportunidade de o sujeito
aprender a cuidar de sie do m eio em que vive.

A sociedade, representada por diferentes grupos, é a responsável direta


pela referência que o jovem terá do valor do m eio em que vive. Se os
responsáveis pelo âm bito em que o sujeito vive lhe dem onstram desvalo r,
a referência introjetada pelo jovem será de desvalo r.

Portanto,todos os que pertencem à sociedade devem se sentir cuidadores


diretos de todos os sujeitos que ainda não form aram em sia noção de
pertinência ao lugar. Q ualquer m em bro desse núcleo, ao assum ir o

papel de cuidador, estará proporcionando ao objeto de cuidado a idéia


de que alguém deseja que ele participe do grupo. Perceber-se desejado
é um grande estím ulo para tam bém desejar pertencer.

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N um a sociedade, sujeitos saudáveis poderão sentir que cuidando de si
m esm os e de suas coisas (do seu eu) e cuidando dos outros e do que
pertence aos outros (do deles), irão iniciar um processo afetivo caracte-
rizado pelo surgim ento do nós, entidade que engloba todos os sujeitos
de u m a m esm a sociedade n um a com unidade. O desejo de cuidar de
si, do outro e do nós d esperta em sujeitos saudáveis a noção de solida-
riedade e de cidadania, que é o ato de cuidar da cidade onde a socie-
dade se assenta. N isso consiste a ética das relações entre as pessoas:
quanto m elhor o outro estiver -- alim entado, trabalhando, estudando ou
sendo ensinado, etc. --, m elhor todos estarão. Valorizar a própria vida, o
cuidado pessoal, é poder ter a noção do valor da vida do próxim o.

N ão se ensina o cuidado, m as cria-se o desejo de cuidar


. É o ato m aior
de cidadania, pois despertar em alguém o desejo de cuidar é inaugurar
no espírito desse sujeito a im portância e o prazer do ato voluntário, do
ato que sim boliza a vontade de cuidar.

Existe, portanto, num sujeito que tem prazer em ser cuidador, a presen-
ça do respeito ao outro, do sentim ento de im portância que o outro tem
num contexto social, num a com unidade.

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ESCOLA A
- PARCEIRA
NECESSÁRIA

É tarefa e desafio da escola assum ir efetivam ente, em parceria com os


pais (fam ília em geral), a função de proporcionar aos alu nos oportuni-
dades de evoluir com o seres hum anos. Para isto, seu trabalho pedagó-
gico e educacional é cuidar da sua form ação, fazendo-os cum prir
regras, im pondo-lhes lim ites, e acim a de tudo acreditando que os
jovens têm capacidade de suportar frustrações. A escola realiza tais
funções? Sabem os com o é difícil e com plicada essa tarefa. O s m om en-
tos de afetividade vividos na escola são fundam entais para a form ação
de personalidades sadias e capazes de aprender.

Algum as escolas preocupam -se apenas com a quantidade de inform a-


ções que transm item por m eio de com petição e do uso de m odernas

tecnologias, de form a m eram ente b urocrática e m ercad ológica.


Afastam -se assim do “
ser hum ano”
, tratando os alunos apenas com o
núm eros de registro. C om isso, apesar de dispor de um grande espaço
onde os jovens passam m etade do seu dia durante duzentos dias por
ano, acabam por perder a oportunidade de ajudá-los a desenvolver a
afetividade.

C ai-se freqüentem ente num jogo de em pu rra-em purra: qu ando u m a


criança desobedece a um a regra da escola, em vez de os educadores
ap roveitarem im ed iatam ente a oportunidad e d e viver o jogo da
afetividade, cham am os pais e depositam neles a tarefa de im por os

lim ites necessários. O perigo dessa postura consiste na perda da

A escola constitui instituição decisiva para a conquista de


habilidades sociais, emocionais erofissionais.
p

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oportunidade de se estabelecer um vínculo afetivo com a criança,para
quem a escola passa a ser um lugar de desprazer. N esses m om entos é
que faz parte da sabedoria da escola instaurar diálogos que perm itam a
form ação de valores: por quê? o que será m ais adequado? a quem se
atinge? É nas situações tensas que se propõem lim ites,se trabalham as
frustrações e se abrem as portas da com preensão. C aso contrário, as
inform ações recebidas acabam sendo desvalo rizadas e esquecidas por-
que faltou afetividade para estruturar os sentim entos vivenciados nesse
processo de aprendizagem .

N esse possível jogo de em purra-em purra, a fam ília tam bém tende a
transferir tudo para a escola: educação sexual, definição política, form a-

ção religiosa, caratê ou dança... C om isso esta vai abandonando seu


foco, e a fam ília perde a função. Além disso,a escola não deve ser só
um lugar de aprendizagem , m as tam bém um cam po d e ação no qu al
haverá continuidade da vida afetiva.A escola que funciona com o quintal
da casa poderá desem penhar o papel de parceira na form ação de um
indivíduo inteiro e sadio.

É na escola que deve se dar a conscientização a respeito dos problem as


do planeta: destruição do m eio am biente, desvalorização de grupos
m enos favorecidos econom icam ente, etc.D eve-se falar sobre am izade,
sobre a im portância do grupo social, sobre questões afetivas.

Só uma escola solidária e de qualidade


pode nos fazer, como País, dar o salto
qualitativo que tanto aspiramos.

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FAMÍLIA EESCOLASÃO
COMPLEMENTARES

H oje, percebe-se que a escola não pode viver sem a fam ília e a fam ília
não pode viver sem a escola - são instituições interdependentes e com -
plem en tares. Algum as delas têm incluído os pais no program a de
ensino, convidando-os a participar de eventos e discutindo com eles as
questões dos jovens. Tem os que ter sem pre em m ente que o que o
jovem faz em casa,faz na escola; ele transfere para a escola coisas da
casa, e isso constitui o m aior fundam ento para justificar a união cons-
tante e perpétua dessas únicas duas in stituições de educação.

A escola deve se conscientizar de que é um a instituição afetiva que


com plem enta a fam ília. Sem essa consciência, criarem os um bando de
sujeitos que apren deram , m as não sabem usar o qu e ap renderam

porque estão afetivam ente em pobrecidos.

O jovem só vai gostar da escola quando houver afetividade, quando


sentir que cuidam dele.

A escola, quando trabalha em


parceria com a família,
consegue atingir os
objetivos a que se propõe.

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O O A escola é hoje a m ais im portante instituição para a

S V inclusão dos jovens em program as de participação


A M
social capazes de lhes ensinar as questões relativas a
L E cuidar. C onvidando-os a participar de eventos e discu-
O V
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tindo com eles as questões que m ais afligem a socie-
S J dade, ela será m ais solidária e contribuirá efetivam ente
E
O com a form ação deles.
A
A escola que oferece program as de vivência voluntária
desde cedo con segue form ar um jovem consciente e
que apren de a cuidar de si e dos outros. O jovem
une-se a ela, e, fundam entalm en te, colabora com a

com unidade, construindo valores básicos para toda a


sua educação.

E la d e ve ser u m a in stitu ição m o tivad o ra e


conscientizadora de valores cidadãos por m eio da
prática do voluntariado, não com o fim , m as com o
instrum ento de construção do saber cuidar.

As ações voluntárias serão g uardadas na memória,


constituindo um acervo de experiências emocionais
relevantes, ao qual nossas crianças poderão recorrer
num momento futuro, para o resgate da sua
auto-estima, dentro das demandas que a
vida lhes apresentar.

17
REFLEXÕES FINAIS

A afetividade consiste em poder fazercom que o jovem receba


de nós o contato físico, verbal, a relação de cuidados,m as isso
tam bém im plicará conflitos,envolvendo am or e raiva.N ós tem os
raiva de quem am am os,tem os ciúm es de quem am am os.Am or
sem pre envolve conflito.

Tanto no âm bito fam iliar quanto no escolar,deve haver um a rela-


ção de afeto,pois é isso que ajudará a construir um serhum ano
psicologicam ente saudável. O ato de cuidar é m aravilhoso - é o
sentim ento que vaitornaro outro im portante.O paie o professor,
educadores que são,devem entenderque têm um a m issão:
cons-
truir um ser humano.Isso som ente acontecerá pela obra doamor,
am or esse que cobra,que é duro,que traz sofrim ento e preocu-
pação,m as,por outro lado,traz m uito prazer e a realização do ato
hum ano m ais criador - fazernascer um ser de verdade.

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E
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“Só se constrói um a nação com cidadãos.
Só se con stroem cidad ãos com educação.”
A
D
N C riada com a m issão de estim ular pessoas e in stituições
U
F a refletirem sobre o valor e o papel da educação com o
base para a cidadan ia p len a, a Fun dação E D U C A R
desenvolve program as qu e destacam os exem plos de
sucesso em projetos de incentivo à leitura, ética, cidada-
nia, reconstrução social, m edidas socioeducativas,
voluntariado e protagonism o juvenil.

A ED U C AR acredita que som ente será possívelum novo


Brasil se todos os cidadãos forem m em bros econom ica-
m ente ativos e conscientes de seus direitos e deveres.
Isso só será possível através da educação.

D esde seu início, em 1949, a D Paschoal acredita em


valores éticos e cidadãos.Em 1989,institucionalizou suas
ações de respo nsabilidad e social com a Fundação
ED U C AR, para reforçar a im portância estratégica do
em presariado, com o im portante ator na construção de
um a sociedade m ais autônom a, dem ocrática e ju sta.

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FAÇA PARTE- INSTITUTO
BRASILVOLUNTÁRIO

O A no Internacio nal do V olun tário , 2 0 0 1 , foi u m a


iniciativa da O rganização das Nações Unidas (O N U ) com
o o bjetivo d e pro m o ver a cu ltura d o volu n tariad o ,
desencadeando ações e reflexões sobre o tem a em todo
o m undo.

Para tanto, foi criado, no Brasil, o C om itê do Ano Interna-


cio n al d o V o lu n tário q u e in cen tivo u p ro jeto s d e
voluntariado em todas as esferas sociais. C om um a
atuação forte e continuada, o C om itê cresceu, ganhou
espaço, foi destacado pela m ídia e contribuiu para que

cerca de 30 m ilhões de pessoas fossem m obilizadas em


prol de ações voluntárias.

Para dar continuidade a todo esse trabalho, foi criado o


Faça Parte - Instituto B rasil Voluntário. Em 2 0 0 2 , o
principal foco de suas ações é o program a “
Jovem Volun-
tário, Escola Solidária”
, que busca estim ular o jovem a
realizar trabalhos sociais dentro e fora de suas escolas.

O Faça Parte tem um sonho: tornar o Brasil m ais justo


socialm ente, de m odo que cada brasileiro sinta-se parte
ativa da construção do país. Sua m issão é fortalecer a
cultura do voluntariado no B rasil, prom ovendo, desta
form a, a inclusão social.

20

Aprender a ser,a fazer,a viver juntos e a conhecer constituem aprendizagens
indispensáveis que devem serperseguidas de form a perm anente pela política
educacio nalde todos os países.

Jacques D elors,educador.

Agradecem os a todas as em presas parceiras que têm nos ajudado na edição


de nossos livros,tanto por investim ento direto ou através da Lei Rouanet.

EDUCAÇÃO

FUNDAÇÃO
EDUCAR
DPASCHOAL

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