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De maneira mais geral, é fácil perceber que, para formar Solução. Inicialmente, devemos escolher 8 cadeiras sem
um subconjunto de 3 elementos conforme pedido, devemos que haja duas cadeiras consecutivas. Pelo primeiro lema
formar uma sequência de três sinais + e sete sinais −, de Kaplansky, isso pode ser feito de
sem que haja dois sinais + consecutivos. Dessa forma,
começamos distribuindo os sete sinais −, como abaixo: 20 − 8 + 1 13
= = 1287
8 8
? − ? − ? − ? − ? − ? − ? − ?.
maneiras distintas.
Os sinais + devem necessariamente aparecer nos lugares Uma vez escolhidas as cadeiras das meninas, podemos
de três dos pontos de interrogação acima. Mas, como te- permutá-las nesses oito lugares de 8! maneiras. Por ou-
mos exatamente oito pontos de interrogação, dos quais três tro lado, os meninos devem sentar-se nas doze cadeiras
devem ser escolhidos, concluı́mos que podemos escolher o restantes, mas, ao fazê-lo, podem ser permutados de 12!
lugar dos três sinais + de, exatamente, maneiras. Portanto, pelo princı́pio multiplicativo, o total
de maneiras dispor as 8 meninas e os 12 meninos conforme
8 8! pedido é igual a 1287 · 8! · 12!.
= = 56
3 3!5!
Exemplo 7. Em uma loteria, seis números do conjunto
maneiras distintas. {1, 2, 3, . . . , 49} são escolhidos aleatoriamente. De quantas
maneiras isto pode ser feito, de modo que, dentre os seis
Portanto, existem exatamente 56 subconjuntos do con-
junto {1, 2, 3, . . . , 10} satisfazendo as condições do enunci- números escolhidos, existam pelo menos dois deles que se-
jam consecutivos?
ado.
Solução. Sabemos que o total de subconjuntos de seis ele-
Podemos generalizar o exemplo anterior da seguinte mentos do conjunto {1, 2, 3, . . . , 49} (sem restrições adici-
forma: dado o conjunto A = {1, 2, 3, . . . , n} e um natu- onais) é 496 . Por outro lado, já sabemos (pelo primeiro
ral p < n, o total de subconjuntos de p elementos de A, lema de Kaplansky) que, dentre esses, aqueles subconjun-
que não possuem dois números consecutivos dentre seus tos sem números consecutivos são, ao todo, 49−6+1 =
6
elementos, é igual a 44
. Portanto, o total de subconjuntos de seis elementos
6
de {1, 2, 3, . . . , 49} e que contêm pelo menos dois números
n−p+1
. consecutivos é 49 6 − 6 .
44
p
Exemplo 8. De quantas maneiras podemos distribuir 8 si-
Este resultado é conhecido com o primeiro lema de Ka- nais + e 5 sinais − em uma fila, de modo que não haja
plansky1 . dois sinais − consecutivos?
Exemplo 5. As três provas de um vestibular devem ser Solução. Imitando a ideia da solução do exemplo 4, ao
realizadas na primeira semana do ano. De quantos modos distribuirmos os 8 sinais +, teremos 9 espaços para escolher
é possı́vel escolher os dias das provas, de modo que não onde serão colocados os 5 sinais −. Portanto o total de
haja provas em dias consecutivos? permutações desejadas coincide com o número de modos
deescolhermos 5 dessas 9 posições, de forma que é igual a
Solução. É fácil ver que, para escolher os dias das provas, 9
5 .
devemos formar um subconjunto de três dias do conjunto
dos sete dias da primeira semana, de modo que não haja Generalizando o exemplo anterior, podemos dizer que,
dias consecutivos no subconjunto. Portanto, pelo primeiro se k ≥ r, então o número de maneiras de distribuir k sinais
lema de Kaplansky, o total de escolhas possı́veis é + e r sinais − em fila, de modo
que não haja dois sinais −
consecutivos, é igual a k+1
r .
7−3+1 5 A seguir, veremos uma variação interessante da dis-
= = 10.
3 3 cussão acima.
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• 10 sinais de + e 0 sinal de −: há 0 possibilidades. Combinando os dois casos acima com o auxı́lio do princı́pio
aditivo, concluı́mos que
10
• 9 sinais de + e 1 sinal de −: há 1 possibilidades.
F (n) = F (n − 1) + F (n − 2),
9
• 8 sinais de + e 2 sinais de −: há 2 possibilidades.
para todo n ≥ 3. Por fim, pela definição de F (n), temos
• 7 sinais de + e 3 sinais de −: há 8
possibilidades. que F (1) = 2 e F (2) = 3, de sorte que
3
7
F (3) = F (2) + F (1) = 3 + 2 = 5
• 6 sinais de + e 4 sinais de −: há 4 possibilidades.
6
F (4) = F (3) + F (2) = 5 + 3 = 8
• 5 sinais de + e 5 sinais de −: há 5 possibilidades.
F (5) = F (4) + F (3) = 8 + 5 = 13
Portanto, o total de possı́veis distribuições dos sı́mbolos
F (6) = F (5) + F (4) = 13 + 8 = 21
é
F (7) = F (6) + F (5) = 21 + 13 = 34
11 10 9 8 7 6
+ + + + + = ..
0 1 2 3 4 5
.
= 1 + 10 + 36 + 56 + 35 + 6 = 144.
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Exemplo 12. Quantos divisores positivos pares possui o Exemplo 14. Seja n = 231 ·319 . Quantos divisores positivos
número 72 = 23 · 32 ? de n2 são menores do que n mas não dividem n?
Solução. Cada divisor positivo par do número 72 = 23 ·32 Solução. Mais geralmente, seja n = pr · q s , em que p e q
possui a forma 2a · 3b , com a ∈ {1, 2, 3} e b ∈ {0, 1, 2}. Por- são primos distintos e r e s são inteiros positivos. Então,
tanto, o número de divisores positivos pares de 72 coincide n2 = p2r · q 2s , de forma que, por (1), n2 possui exatamente
com o número de pares ordenados de inteiros (a, b), tais
que 1 ≤ a ≤ 3 e 0 ≤ b ≤ 2. Pelo princı́pio multiplicativo, (2r + 1)(2s + 1)
tal número é igual a 3 · 3 = 9.
divisores positivos. Observe agora que, para cada divi-
Exemplo 13. Qual a soma dos divisores positivos de 72 = 2
sor positivo d de n2 , tal que d < n, o número natural nd
23 · 32 ? 2
também é um divisor positivo de n2 , tal que nd > n. Por-
Solução. Listando e somando todos os divisores positivos tanto, excluı́do o divisor n de n2 , concluı́mos que existem
de 72, encontramos exatamente
1 + 2 + 3 + 4 + 6 + 8 + 9 + 12 + 18 + 24 + 36 + 72 = 195. (2r + 1)(2s + 1) − 1
= 2rs + r + s
Entretanto, podemos fazer isso da seguinte maneira mais 2
organizada:
divisores positivos de n2 e que são menores que n.
1 + 2 + 3 + 4 + 6 + 8 + 9 + 12 + 18 + 24 + 36 + 72 = Como (novamente por (1)) n possui (r + 1)(s + 1) divi-
= 20 · 30 + 21 · 30 + 20 · 31 + 22 · 30 + 21 · 31 + 23 · 30 + sores positivos (incluı́do o próprio n), e como todo divisor
de n é também divisor de n2 , concluı́mos que existem
+ 20 · 32 + 22 · 31 + 21 · 32 + 23 · 31 + 22 · 32 + 23 · 32
= (20 + 21 + 22 + 23 ) · 30 + (20 + 21 + 22 + 23 ) · 31 (2rs + r + s) − [(r + 1)(s + 1) − 1] = rs
0 1 2 3 2
+ (2 + 2 + 2 + 2 ) · 3 divisores positivos de n2 , menores que n e que não são
0 1 2 3 0 1 2
= (2 + 2 + 2 + 2 ) · (3 + 3 + 3 ). divisores de n.
Em particular, se r = 31 e s = 19, então rs = 589.
Agora, observe que 20 +21 +22 +23 é uma PG com 3+1 = 4
termos e 30 + 31 + 32 é uma PG com 2 + 1 = 3 termos. Por Exemplo 15. A figura abaixo mostra o mapa de ruas de
fim, lembrando que uma cidade. Todas as ruas são de mão única, de modo que
rn+1 − 1 você só pode dirigir para o Leste ou para o Norte. Quan-
1 + r1 + r2 + . . . + rn = (2) tos caminhos diferentes existem que, partindo do ponto A,
r−1
cheguem ao ponto B?
para todo real r 6= 1, concluı́mos que a soma dos divisores
positivos de 72 é igual a B
b
4 3
2 −1 3 −1
· = 15 · 13 = 195.
2−1 3−1
A
(1 + p1 + p21 + · · · + pα 2 α2
1 )(1 + p2 + p2 + · · · + p2 ) . . .
1
. . . (1 + pk + p2k + · · · + pα
k ),
k
Solução. Um possı́vel caminho respeitando as informa-
obtemos, pelo princı́pio multiplicativo, uma soma com exa- ções do problema seria LN LN LN LLN LN LL, em que a
tamente (α1 + 1)(α2 + 1) . . . (αk + 1) parcelas, na qual cada letra L representa a direção Leste e a letra N representa a
divisor positivo de n comparece precisamente uma vez. Fa- direção Norte. A partir daı́, é fácil ver que cada caminho
zendo r sucessivamente igual a p1 , p2 , . . . , pk em (2), con- possı́vel corresponde a uma sequência de 13 letras, 8 das
cluı́mos que a soma dos divisores positivos de n é igual quais devem ser iguais a L e 5 iguais a N . Portanto, para
a calcular o total de caminhos, temos de escolher os 5 lugares,
pα α2
1 − 1 p2 − 1
1
pαn − 1 dentre os 13 possı́veis, nos quais colocaremos as letras N
· · ...· n .
p1 − 1 p2 − 1 pn − 1 (após feita tal escolha, as posições das letras L estarão
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completamente determinadas). Como sabemos, o número Solução. Seja I o conjunto dos alunos que falam inglês e A
de modos de fazermos tal escolha é 13 5 = 1287. o conjunto dos alunos que falam alemão. O que queremos
Observe que escolher primeiro as 8 posições para as le- descobrir é o total de alunos que falam pelo menos uma das
tras L (após o que as posições das 5 letras N estarão com- lı́nguas, ou seja, queremos contar o número de elementos
pletamentedeterminadas)
nos dá o mesmo resultado, uma do conjunto I ∪A. Como n(I) = 14, n(A) = 5 e n(I ∩A) =
vez que 135 = 13
8 . 3, segue de (3) que
De uma maneira geral, em um retângulo m × n, com n(I ∪ A) = 14 + 5 − 3 = 16.
m, n ∈ N, o total de caminhos satisfazendo as condições
do exemplo anterior é
m+n m+n Exemplo 17. Em uma faculdade, 65 alunos estudam
= .
m n francês, 45 estudam alemão, 42 estudam russo, 20 estu-
. dam francês e alemão, 25 estudam francês e russo, 15 es-
Outra técnica muito útil em Combinatória é o princı́pio tudam alemão e russo e 8 estudam os 3 idiomas. Encontre
da inclusão-exclusão uma fórmula que permite contar o o número de alunos de que estudam pelo menos um, dentre
total de elementos da união finita de conjuntos finitos. tais idiomas,
Os casos mais simples se referem aos números de elemen-
Solução. Queremos encontrar n(F ∪ A ∪ R), onde F , A
tos da união de dois ou três conjuntos finitos, nos quais o
e R denotam os conjuntos de alunos estudando francês,
princı́pio da inclusão-exclusão garante que
alemão e russo, respectivamente. Pelo princı́pio da in-
n(A ∪ B) = n(A) + n(B) − n(A ∩ B) (3) clusão-exclusão para três conjuntos, temos
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20, d + e = n(F ∩ R) = 25, e + f = n(A ∩ R) = 15 e Sugestões de Leitura Complementar
e = n(F ∩ A ∩ R) = 3, obtemos o sistema de equações
1. A. C. Morgado, J. B. P. de Carvalho, P. C. P. Carva-
a + b + d + e = 65
lho e P. Fernandez. Análise Combinatória e Probabi-
b + c + e + f = 45 lidade. Rio de Janeiro, IMPA, 2000.
d + e + f + g = 42
b + e = 20 , 2. J. P. O. Santos, M. P. Mello e I. T. Murari. Introdução
à Análise Combinatória. Rio de Janeiro, Ciência Mo-
d + e = 25
derna, 2007.
e + f = 15
e=3
3. Cı́cero Thiago B. Magalhães. Sequência de Fibonacci.
o qual pode ser resolvido facilmente e fornece a = 30, b = Revista Eureka, 21. Rio de Janeiro, IMPA, 2005.
12, c = 18, d = 15, e = 8, f = 7 e g = 12. Logo,
4. Marcelo R. de Oliveira e Manoel L. Carneiro. Coleção
n(F ∪ A ∪ R) = a + b + c + d + e + f + g Elementos da Matemática, vol. 3. Belém, 2009.
= 30 + 12 + 18 + 12 + 15 + 7 + 8
= 100.
+ ...
+ (−1)n−1 n(A1 ∩ A2 ∩ . . . ∩ An ).
Para uma demonstraçao da fórmula acima, sugerimos ao
leitor as referências [1] ou [2].
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