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As Heresias de Bento XVI contra a Sagrada

Escritura

por Ir. Miguel Dimond, O.S.B., e Ir. Pedro Dimond, O.S.B.


www.igrejacatolica.pt

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A Igreja Católica ensina que a Sagrada Escritura é a palavra infalível


e inerrante de Deus. O Vaticano I declarou também que todas aquelas
coisas contidas na palavra escrita de Deus devem ser cridas como de
fé divina e católica.

Papa Pio IX, Concílio Vaticano I, Sessão III, Cap. 3, ex cátedra:


“Deve-se, pois, crer com fé divina e católica tudo o que está
contido na palavra divina escrita ou transmitida pela Tradição,
bem como tudo o que a Igreja, quer em declaração solene,
quer pelo Magistério Ordinário e Universal, nos propõe a
crer como revelado por Deus.”1

Mas Bento XVI disse que a Criação relatada na Sagrada


Escritura baseia-se em relatos pagãos da Criação

Bento XVI, Uma Nova Canção para o Senhor, 1995, pág. 86: “Os
relatos pagãos da criação, nos quais se baseia em parte a história
bíblica, terminam sem excepção no estabelecimento de um
culto, mas o culto neste caso está situado no ciclo do do ut
des.”2
Se o relato da criação bíblica no livro do Génesis se baseia em parte
nos relatos pagãos da criação, isto significa que os relatos bíblicos não
são nem originais nem inspirados directamente por Deus. Esta
declaração de Bento XVI é herética e mostra uma vez mais que ele é
um apóstata completamente desprovido de fé.

Papa Leão XIII, Providentissimus Deus, Sobre os estudos


bíblicos, #30-312, 18 de Novembro de 1893: “E, na verdade,
foram escritos sob a inspiração do Espírito Santo todos os livros
que a Igreja recebeu como sagrados e canónicos, com todas as
suas partes; ora, é impossível que na inspiração divina haja
erro, visto como a mesma inspiração só por si não somente
exclui todo o erro, senão também que o exclui tão
necessariamente quanto necessariamente repugna que
Deus, Verdade suma, seja autor de erro algum. Esta é a antiga
e constante crença da Igreja solenemente definida nos Concílios
de Florença e Trento, confirmada e mais desenvolvidamente
declarada no Concílio Vaticano...”3

Bento XVI põe em dúvida as tábuas de pedra do relato do


Êxodo

Em Êxodo 31, lemos que Deus deu a Moisés duas tábuas de pedra
escritas pelo dedo de Deus.

Êxodo 31:18: “E o Senhor, concluindo estas práticas no


Monte Sinai, deu a Moisés duas tábuas lapídeas do
testemunho, escritas pelo dedo de Deus.”

Bento XVI, Deus e o Mundo, 2000, pp. 165-166, 168: “P.


... Foram estas leis verdadeiramente entregues por Deus a Moisés
quando apareceu no monte Sinai? Como tábuas de pedra, nas quais,
como se diz, ‘foram escritas pelo dedo de Deus’? … em que medida
se supõe realmente que estes mandamentos vêm de Deus? R. [pág.
166] ... Este [Moisés] é o homem tocado por Deus e, fundado
neste contacto amistoso, ele pode formular a vontade de
Deus, da qual até agora apenas fragmentos foram expressos
noutras tradições, de tal maneira que escutamos realmente a
palavra de Deus. Se as tábuas de pedra realmente existiram já
é outra questão… [pág. 168]: Em que medida devemos tomar
literalmente esta história, é outra questão.”4

Bento XVI ensina que frases da Bíblia não são verdadeiras

Bento XVI, Deus e o Mundo, 2000, pág. 135: “Trata-se de outra


coisa o encarar a Bíblia em seu conjunto como a palavra de
Deus, no qual tudo se relaciona com todo o resto, e tudo se
revela à medida que vais lendo. Deduz-se imediatamente que
nem o critério da inspiração nem o da infalibilidade podem-se
aplicar mecanicamente. É quase impossível selecionar uma
frase sequer e dizer: correcto, esta frase encontra-se no grande
livro de Deus, portanto deve simplesmente ser verdadeira em si
mesma…”5

Bento XVI sobre a Evolução

Bento XVI, Deus e o Mundo, 2000, pág. 76: “Q. No princípio a


terra era vã e vazia; Deus todavia não tivera feito chover, tal como
diz o Génesis. Então Deus criou ao homem, e para este propósito
tomou ‘o barro da terra, e inspirou no seu rosto um assopro de vida,
e foi feito o homem em alma vivente.’ O assopro da vida — é esta a
resposta à pergunta sobre de onde viemos? R. Creio que aqui
temos uma representação deveras importante, que descreve
uma compreensão significativa daquilo que o homem é. Esta
passagem sugere que o homem é um ser que brota da terra
e suas potencialidades. Desta representação, podemos até
conjecturar algo como a evolução.”6

Bento XVI, Deus e o Mundo, 2000, pág. 139: “A cosmovisão


cristã do mundo é esta: o mundo em seus detalhes é produto de
um longo processo de evolução, mas naquilo que lhe é mais
profundo, procede do Logos.”7

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Notas finais:

1 Denzinger 1792.
2 Bento XVI, A New Song for the Lord, New York, NY: Crossroad
Publishing, 1995, pág. 86.
3 The Papal Encyclicals, Vol. 2 (1878-1903), pág. 335; A Encíclica
Providentissimus Deus do Santo Padre Leão XIII - Sobre os estudos bíblicos,
versão portuguesa do texto latino por Dr. Luís Maria de Silva Ramos,
Imprensa da Universidade, Coimbra, 1903, pág. 42.
4 Bento XVI, God and the World, pp. 165-166, 168.
5 Bento XVI, God and the World, pág. 153.
6 Bento XVI, God and the World, pág. 76.
7 Bento XVI, God and the World, pág. 139.

Do livro: A Verdade sobre o que Realmente Aconteceu à Igreja Católica depois


do Vaticano II
A Bíblia é infalível? Sobre a inerrância das
Sagradas Escrituras
O CONCEITO DE INSPIRAÇÃO divina das Sagradas Escrituras implica na
inerrância bíblica – uma expressão muito querida pelos protestantes – ou, em
outras palavras, em sua infalibilidade. Sim, nós, católicos, cremos que a Bíblia é
infalível por ter sido produzida sob inspiração divina. Todavia, como em tudo,
devemos compreender bem o significado e a extensão dessa infalibilidade. Faz-se
muita confusão nesta área, especialmente da parte daqueles que elevam o Livro
Sagrado à categoria de "única regra de fé e prática".

Neste mundo e nesta realidade em que agora vivemos, todas as coisas possuem
seus limites próprios: mesmo as ferramentas de que dispomos para buscar a
aproximação de Deus têm suas funções bem definidas e também suas limitações.
Não é diferente nem mesmo para a Bíblia.

Precisamos conviver com aqueles que enxergam na Bíblia uma espécie de manual
completo para a vida em todas as suas dimensões, inclusive para as ciências
naturais, para a Medicina, a História, a Arqueologia, a Astronomia, etc, etc., e que
a partir daí acabam por adotar uma visão de vida e de mundo extremamente
limitante, que conhecemos bem ('se está na Bíblia, existe, vale, pode; se não está
na Bíblia, não existe, não vale, não pode).

Por outro lado, não poucas vezes, nos defrontamos também com pessoas que
querem “provar” a todo custo que a Bíblia está cheia de erros, que é incoerente e
falha, que não há harmonia entre seus vários livros, que cai diversas vezes em
contradição e tem muitas passagens mitológicas. Citamos abaixo apenas alguns
exemplos de ótimas perguntas sem resposta satisfatória:

* Ao abandonar seus pais, com quem Caim se casou, já que não haviam outras
pessoas no mundo e, logo, não haviam mulheres filhas de Adão e Eva? (Gn 4,17);

** O Segundo Livro de Samuel, no seu cap. 24, diz que em determinado período
haviam 800 mil e 500 mil soldados em Israel e Judá, respectivamente; no Primeiro
livro de Crônicas, no seu cap. 21 está escrito que eram 800 mil e 500 mil,
respectivamente. Qual dos dois está correto? Mais: se um está correto, o outro
necessariamente está errado; isso significa que a Bíblia contém uma falha de
precisão histórica?

*** Em seu capítulo 27 (vs. 9), S. Mateus atribui ao profeta Jeremias uma profecia
que, no AT, é de Zacarias;

**** Judas se suicidou por enforcamento segundo S. Mateus (27,5), mas no Livro
dos Atos dos Apóstolos está escrito que ele saltou em um precipício (1,18). Qual
dos dois está correto? Se um está correto, o outro necessariamente está errado; a
Bíblia, então, contém falhas?

Existem muitos outros exemplos semelhantes a esses, e temos verdadeiros


compêndios ateus sobre imprecisões históricas e falhas de concordância entre
livros da Bíblia.

Tais argumentos fazem aparecer, em oposição, pessoas que se consideram


especialmente “iluminadas” e que, crendo cegamente numa literal infalibilidade
da Bíblia, esforçam-se para encontrar respostas para todas essas perguntas inúteis,
e acabam defendendo teses por vezes ridículas, como a de que Judas se enforcou
numa árvore próxima de um abismo, tendo caído neste quando a corda se rompeu...
Bem, basta um pouco de imaginação para encontrar resposta para tudo. Ou quase
tudo.

Da mesma forma, Galileu Galilei em sua época teve problemas e foi perseguido
por fundamentalistas por defender que a Terra girava em torno do Sol e não o
contrário, como todos até então acreditavam. Ocorre que a afirmação parecia
contradizer a passagem do Livro de Josué que afirma que o Sol parou no céu por
ordem do líder hebreu (10,12-13).

Vemos, assim, que tais discussões são simplesmente inúteis e, antes de tudo,
despropositadas. Tudo por causa de um conceito equivocado da inerrância ou
infalibilidade da Bíblia. E qual é, então, o verdadeiro sentido desse conceito?

É o de que a Bíblia é um livro de fé e não um livro de ciências ou de História.


As Sagradas Escrituras são, sim, infalíveis para as doutrinas da verdadeira
Religião, mas não para as ciências humanas, simplesmente porque não é essa a sua
função nem é essa a sua finalidade.

A linguagem da Bíblia Sagrada é espiritual, e as respostas que nos dá para as


questões do espírito são assombrosamente precisas em tudo o que tange à nossa
vida espiritual. Na santa Bíblia temos o cerne da Revelação divina por escrito; por
isso, juntamente com a Sagrada Tradição apostólica e a condução do Magistério
da Igreja, forma o tripé da nossa fé. Neste sentido, é, sim, por excelência o manual
de nossa vida espiritual. Mas não é na Bíblia que devemos procurar as respostas
para as questões científicas – ainda que mesmo nesse campo ela possa nos dar
certas pistas.

Deus Criador e Todo-Poderoso, quando inspirou os homens que escreveram a


Bíblia, quis se fazer entender pela humanidade e, para isso, comunicou as verdades
da fé usando, claro, a linguagem humana. Em certos trechos, vemos claramente a
influência das características idiomáticas e linguísticas simples da época, além da
forte influência da cultura em que certos textos foram produzidos. Claro, os
conhecimentos científicos dos tempos bíblicos eram ainda bastante limitados. Não
haveria como ser diferente: se Nosso Senhor Jesus Cristo falasse, por exemplo, de
super computadores, viagens espaciais, TV por fibra ótica ou tratasse de física
quântica, astronomia e genética em suas parábolas, Ele seria entendido por aquele
povo? Haveria como os Apóstolos pregarem usando referências a realidades
desconhecidas do seu tempo? O Cristianismo existiria hoje, se não tivesse sido
transmitido por meio de imagens e analogias simples e fáceis de entender?

Para nós, que cremos em Deus, não interessa uma descrição minuciosa e científica
da Criação, como saber se no princípio foi realmente criado somente um único
casal de cada espécie ou se a linguagem veterotestamentária sobre tais questões
está baseada mais em simbologias, analogias e metáforas do que numa descrição
factual dos primeiros acontecimentos. O que nos interessa mais e verdadeiramente
é saber que Deus criou o Universo e tudo o que contém; interessa-nos saber que
Deus nos ama, apesar de a humanidade ter pecado contra Ele (pouco importando
se foi porque comemos do fruto de uma árvore, literalmente falando, ou se essa foi
a analogia encontrada pelo autor sagrado, divinamente inspirado, para dizer que
desobedecemos a Deus e nos colocamos contra a sua Vontade). Devemos saber,
isto sim, que, por amor, Deus nos mandou seu Filho único, verdadeiro e mesmo
Deus feito homem, que nos libertou do pecado e da morte e nos alcançou a
salvação.

Concluímos afirmando que a Bíblia é, portanto, infalível nos assuntos de fé, como
sempre foi e sempre será, mas não deve ser tomada como manual científico, da
mesma forma como as ciências humanas também não devem se intrometer nos
assuntos de fé, para os quais permanece incompetente.

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______
** Adaptado de 'A Bíblia é infalível?', do apostolado Veritatis Splendor disp em:
https://www.veritatis.com.br/a-biblia-e-infalivel/
Acesso 17/5/2018
www.ofielcatolico.com.br

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