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Escritura
Bento XVI, Uma Nova Canção para o Senhor, 1995, pág. 86: “Os
relatos pagãos da criação, nos quais se baseia em parte a história
bíblica, terminam sem excepção no estabelecimento de um
culto, mas o culto neste caso está situado no ciclo do do ut
des.”2
Se o relato da criação bíblica no livro do Génesis se baseia em parte
nos relatos pagãos da criação, isto significa que os relatos bíblicos não
são nem originais nem inspirados directamente por Deus. Esta
declaração de Bento XVI é herética e mostra uma vez mais que ele é
um apóstata completamente desprovido de fé.
Em Êxodo 31, lemos que Deus deu a Moisés duas tábuas de pedra
escritas pelo dedo de Deus.
Notas finais:
1 Denzinger 1792.
2 Bento XVI, A New Song for the Lord, New York, NY: Crossroad
Publishing, 1995, pág. 86.
3 The Papal Encyclicals, Vol. 2 (1878-1903), pág. 335; A Encíclica
Providentissimus Deus do Santo Padre Leão XIII - Sobre os estudos bíblicos,
versão portuguesa do texto latino por Dr. Luís Maria de Silva Ramos,
Imprensa da Universidade, Coimbra, 1903, pág. 42.
4 Bento XVI, God and the World, pp. 165-166, 168.
5 Bento XVI, God and the World, pág. 153.
6 Bento XVI, God and the World, pág. 76.
7 Bento XVI, God and the World, pág. 139.
Neste mundo e nesta realidade em que agora vivemos, todas as coisas possuem
seus limites próprios: mesmo as ferramentas de que dispomos para buscar a
aproximação de Deus têm suas funções bem definidas e também suas limitações.
Não é diferente nem mesmo para a Bíblia.
Precisamos conviver com aqueles que enxergam na Bíblia uma espécie de manual
completo para a vida em todas as suas dimensões, inclusive para as ciências
naturais, para a Medicina, a História, a Arqueologia, a Astronomia, etc, etc., e que
a partir daí acabam por adotar uma visão de vida e de mundo extremamente
limitante, que conhecemos bem ('se está na Bíblia, existe, vale, pode; se não está
na Bíblia, não existe, não vale, não pode).
Por outro lado, não poucas vezes, nos defrontamos também com pessoas que
querem “provar” a todo custo que a Bíblia está cheia de erros, que é incoerente e
falha, que não há harmonia entre seus vários livros, que cai diversas vezes em
contradição e tem muitas passagens mitológicas. Citamos abaixo apenas alguns
exemplos de ótimas perguntas sem resposta satisfatória:
* Ao abandonar seus pais, com quem Caim se casou, já que não haviam outras
pessoas no mundo e, logo, não haviam mulheres filhas de Adão e Eva? (Gn 4,17);
** O Segundo Livro de Samuel, no seu cap. 24, diz que em determinado período
haviam 800 mil e 500 mil soldados em Israel e Judá, respectivamente; no Primeiro
livro de Crônicas, no seu cap. 21 está escrito que eram 800 mil e 500 mil,
respectivamente. Qual dos dois está correto? Mais: se um está correto, o outro
necessariamente está errado; isso significa que a Bíblia contém uma falha de
precisão histórica?
*** Em seu capítulo 27 (vs. 9), S. Mateus atribui ao profeta Jeremias uma profecia
que, no AT, é de Zacarias;
**** Judas se suicidou por enforcamento segundo S. Mateus (27,5), mas no Livro
dos Atos dos Apóstolos está escrito que ele saltou em um precipício (1,18). Qual
dos dois está correto? Se um está correto, o outro necessariamente está errado; a
Bíblia, então, contém falhas?
Da mesma forma, Galileu Galilei em sua época teve problemas e foi perseguido
por fundamentalistas por defender que a Terra girava em torno do Sol e não o
contrário, como todos até então acreditavam. Ocorre que a afirmação parecia
contradizer a passagem do Livro de Josué que afirma que o Sol parou no céu por
ordem do líder hebreu (10,12-13).
Vemos, assim, que tais discussões são simplesmente inúteis e, antes de tudo,
despropositadas. Tudo por causa de um conceito equivocado da inerrância ou
infalibilidade da Bíblia. E qual é, então, o verdadeiro sentido desse conceito?
Para nós, que cremos em Deus, não interessa uma descrição minuciosa e científica
da Criação, como saber se no princípio foi realmente criado somente um único
casal de cada espécie ou se a linguagem veterotestamentária sobre tais questões
está baseada mais em simbologias, analogias e metáforas do que numa descrição
factual dos primeiros acontecimentos. O que nos interessa mais e verdadeiramente
é saber que Deus criou o Universo e tudo o que contém; interessa-nos saber que
Deus nos ama, apesar de a humanidade ter pecado contra Ele (pouco importando
se foi porque comemos do fruto de uma árvore, literalmente falando, ou se essa foi
a analogia encontrada pelo autor sagrado, divinamente inspirado, para dizer que
desobedecemos a Deus e nos colocamos contra a sua Vontade). Devemos saber,
isto sim, que, por amor, Deus nos mandou seu Filho único, verdadeiro e mesmo
Deus feito homem, que nos libertou do pecado e da morte e nos alcançou a
salvação.
Concluímos afirmando que a Bíblia é, portanto, infalível nos assuntos de fé, como
sempre foi e sempre será, mas não deve ser tomada como manual científico, da
mesma forma como as ciências humanas também não devem se intrometer nos
assuntos de fé, para os quais permanece incompetente.
______
** Adaptado de 'A Bíblia é infalível?', do apostolado Veritatis Splendor disp em:
https://www.veritatis.com.br/a-biblia-e-infalivel/
Acesso 17/5/2018
www.ofielcatolico.com.br