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P DESCRIÇÃO

P1 Minha experiência profissional foi construída por dezenove anos atuando em escolas estaduais e municipais na cidade de Lençóis Paulista e região. Um trabalho com
muito diálogo com alunos e implementação de mudanças na prática pedagógica sempre que era necessário, devido a realidades diferentes entre os alunos e também
entre escolas. Aprendi muito e continuo a aprender...
Agora na gestão, considero um privilégio poder atuar na organização do trabalho pedagógico e com isso proporcionar melhorias para a aprendizagem do aluno. Isto
significa que muitos saltos de qualidade são possíveis de serem percebidos no cotidiano da sala de aula, porque o acompanhamento pedagógico e as orientações
quanto ao trabalho docente possibilita que o enfoque no sujeito, que não deixa de ser social, mas que apresenta dificuldade que muitas vezes difere do grupo precisa
ser analisado com diversos olhares, pois além do docente, outros atores na escola colaboram para que a aprendizagem significativa ocorra.
P2 Minha principal sensação é que parece que não há mais espaços para reflexões longas. Acredito que a rápida comunicação usada na tecnologia (WhatsApp, seria um
exemplo), faz com que as pessoas esperem respostas rápidas e fáceis para tudo. O processo educacional muitas vezes é um processo lento e trabalhoso, que exige
planejamento a médio e longo prazo.
P3 Uma pessoa tentando compreender a outra pessoa através da educação, na tentativa de não somente educar, mas compreender a dimensão humana e o fenômeno,
porque aprende e porque não aprende o que ensino? Esta experiência me leva a pensar em Clarice Lispector: "Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o
irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador". Nesse sentido, escrever e descrever a experiência de professor na
Escola é reproduzir o irreproduzível.
P4 Necessidade de informações de outras áreas, principalmente as tecnologias de informação.
P5 Por um lado, sinto frustração pela maneira como a profissão está desvalorizada no país, com tantos entraves políticos para o exercício da liberdade ideológica na
prática docente (como reforma do ensino médio, movimento da escola sem partido, mito da ideologia de gênero nas escolas e "líderes" políticos que acreditam que a
igreja evangélica deveria ter mais influência na escola que teorias científicas), e com tantas pessoas que não são da área da Educação opinando sobre aquilo que acha
melhor sem embasamento pedagógico. Ao mesmo tempo sinto-se me desafiado e comprometido a lutar pela melhoria do sistema de ensino, mesmo que muitas
vezes, nas conversas de corredores e sala de professores, seja comum ouvir dos mais docentes mais velhos um discurso conformista e frases do tipo "mas você quer
ser professor? Fuja da sala de aula enquanto da tempo". Sendo professor sinto-se realizado pessoal e profissionalmente, em primeiro lugar porque gosto de desafios e
em lugar porque sei que é possível atingir os objetivos com planejamento, competência e aprofundamento teórico tanto pedagógico quanto dos conteúdos que estão
sendo ensinados. Dois episódios foram marcantes e motivadores: 1. Como estagiário em uma escola estadual de Bauru, após aplicar a abordagem de ensino por
investigação em uma aula no 6º ano, um aluno exclamou "Hoje eu me senti um cientista!". 2. Como professor de um cursinho popular de UNESP, quando ao final do
ano, uma aluna gabaritou minha disciplina no ENEM e me agradeceu pelas aulas.
P6 Minha experiência profissional no interior da escola está diretamente ligada a utilização dos recursos tecnológicos. Sou Professor Orientador de Informática
Educacional e meu trabalho é trabalhar com os professores de sala de aula como eles podem utilizar os mais diversos recursos tecnológicos como ferramentas
educacionais a fim de que seus alunos aprendam mais sobre os conteúdos das disciplinas regulares como português, Matemática, etc.
Pessoalmente eu sou muito feliz com o trabalho que desempenho por que exerço um trabalho que sempre quis fazer. Na época da graduação cursei Matemática com
ênfase em Informática e isso já me abria portas de como utilizar a informática a favor da educação, e não somente como um conteúdo separado. Algum tempo depois
de formado este meu cargo foi criado e me encanta trabalhar com esta linha de trabalho.
A BNCC traz como proposta a utilização das tecnologias em todos os conteúdos e acredito que estou, junto ao meu município, atendendo o que se apresenta já a
algum tempo e novamente fico muito feliz em atuar neste campo de conhecimento.
P7 Fantástica! Apoio e carinho por parte das crianças foi fundamental para o desenvolvimento das atividades. Rodeada por crianças ansiosas e sedentas por aprender e
serem alfabetizadas. Profissionalmente deparei com crianças desprovidas do mais básico para se viver: alimentação e afeto. O trabalho foi um pouco diferenciado pois
se fez necessário a compreensão do contexto ambiental (familiar e escolar) para que pudéssemos ter sucesso nas metodologias aplicadas. Pessoalmente foi
maravilhoso poder ser participante como Professor, ver o reconhecimento das crianças e dos professores associados em questão. TENHO ORGULHO DE SER
CHAMADA DE PROFESSORA.
P8 Árdua, cheia de entraves e edificante
P9 A vivência profissional tem um grande valor e significado para mim. Baseado na premissa de que a aprendizagem exige uma base cultural sólida, como professor, me
sinto qualificado e preparado para fornecer conteúdos de qualidade para meus alunos.
As dinâmicas e abordagens na segunda década do século 21 já se diferem das quais eu tive contato. Pedagogias ativas, criativas e participativas têm cada vez mais
espaço na escola contemporânea. A participação dos alunos e da comunidade é cada vez maior, e isso passa a transformar o trabalho do professor centralizador em
um trabalho de tutor e facilitador. Vivo essa experiência profissional e me sinto muito confortável com isso.
Pessoalmente, me sinto realizado em transmitir pesquisas e estudos particulares para os alunos. O resultado tem sido ótimo. Obviamente, o currículo e programa de
Música é maleável em relação a outras disciplinas, isso faz com que eu tenha mais autonomia, mas ao mesmo tempo mais trabalho e responsabilidade, pois o trabalho
de desenvolvimento do programa e de cada aula é fruto de um esforço e disciplina pessoal.
Tenho boas relações interpessoais com meus colegas de trabalho e alunos. A "distância" entre a realidade do aluno/professor está menor, diferentemente da minha
época, onde o professor era visto como uma pessoa distante, criando-se uma relação impessoal.
Tenho algumas divergências com meus superiores, mas conseguimos resolve-las de forma profissional e madura. Isso me conforta bastante, mesmo quando o
resultado não é favorável para mim.
Minha vida financeira não está ruim. Apesar de não ser o condutor principal do meu amor pela docência, gosto de um salário justo e que condiz com a realidade de
todos que estão ao meu redor na escola.

P10 Bastante desafiadora, os entraves que afetam a prática docente são demasiadamente desmotivadores.
P11 Ser professor no século 21 é uma tarefa um tanto quanto conturbada, pois a sociedade atual está sofrendo uma mudança muito grande e entrando em uma
nova era, a era tecnológica, e infelizmente as escolas estaduais de São Paulo não estão acompanhando essa mudança, e não há recursos que possam suprir a
necessidade tecnológica dos alunos, com isso as aulas tem se tornado monótona e desinteressante para eles. E junto com essa insuficiência de recursos, vem
agregado a perda dos valores morais e éticos por parte de muitas famílias, e isso reflete na falta desses valores pelos alunos, o que gera mais indisciplina e dificulta
muito que eu consiga realizar o meu trabalho, pois muitas vezes atuo mais como educadora (ensinando os valores que deveriam ser ensinados pela família) do que
como professora da minha disciplina.

P12 Sabemos que a escola do século 21 é diferente das escolas que existiam em séculos passados, isso incluindo métodos de ensino, avaliação e dos próprios alunos e
professores. Hoje trabalhamos com a relação professor-aluno, onde ambos aprendem, professor não é mais aquele que só transmite conhecimento. Com minha
experiência profissional acredito que os alunos realmente aprendem de maneira significativa quando algo está relacionado com o meio em que estão inseridos, não há
como ensinar algo novo à esse aluno se não obtivermos um conhecimento prévio do que ele sabe sobre o tema ou assunto abordado. Se adequar a realidade dos
alunos do século 21 nem sempre é fácil, pois junto com eles estão os fatores que implicam na aprendizagem, a tecnologia que está muito a nossa frente é um deles, se
não soubermos utilizar ela a nosso favor, e construir a partir dai um trabalho com o aluno, iremos perder totalmente o controle e deixar com que essa ferramenta ao
invés de ajudar, atrapalhe o ensino. Acredito que ser professor de uma escola no século 21 apresente muitos desafios, cada sala é diferente, cada aluno é diferente e
cada método a ser trabalhado vai ser diferente, através das experiências que tive sei que muitas coisas irão dar certo e muitas outras não. Mas é através desses
desafios que irão surgir no caminho que iremos crescer profissionalmente e pessoalmente nessa profissão.
P13 Acredito ser importante iniciar dizendo que : - Nunca me imaginei sendo professor, eu acreditava que ao sair do ensino fundamental e médio jamais voltaria para uma
sala de aula.
Entretanto ao realizar meu curso de Bacharelado em Física Médica tive contato com o departamento de Educação, o que logo de cara, despertou em mim um interesse
muito grande pela área de ensino.
Tive um misto de experiências como professor, logo de inicio fui totalmente desmotivado pelos outros professores, que diziam coisas como: - O que um rapaz como
você quer aqui? Para que ser professor? Vai fazer outra coisa? Não vejo a hora de me aposentar... Só falta mais um ano!
Eu compreendo perfeitamente as falas desses professores, que muitas vezes são massacrados tanto pelos alunos quanto pelo sistema, contudo isso não muda em
nada o fato de eu querer fazer algo pelo Ensino.
Percebi, chocado, que os professores fazem muitas pré-concepções a respeito dos alunos, dizendo: - Esse aluno vai te dar trabalho... Aquele não faz nada... Você vai
pegar essa sala? Boa Sorte.
Porem não dei ouvidos a nenhum desses comentários, e consegui, assim como eu planejara, desenvolver um conteúdo muito interessante com os alunos,
principalmente com os alunos do ensino fundamental.
As primeiras "aulas" que lecionei foram muito interessantes pois, aparentemente, eu estava tentando realizar um tipo de aula que nunca haviam feito comigo... Nessa
época eu havia lido alguns livros de vygotsky, e principalmente alguns livros de física com uma perspectiva construtivista da professora Dra. Anna Maria Pessoa de
Carvalho, realizar aulas baseado no ensino por investigação foi uma experiência muito gratificante pois percebi que muitos alunos, mesmo aqueles que "os professores
antigos disseram ser problemáticos" participaram ativamente das aulas, alem disso, as questões levantadas pelos alunos me ajudaram a perceber que eu não possuía
nenhuma concepção a respeito da epistemologia da ciência, isso me levou a adentrar no Mestrado em Educação para Ciência, onde eu acreditava que poderia obter
algumas respostas paras as questões que fervilhavam em minha mente, entretanto, confesso, que ainda estou bem perdido, principalmente por perceber que muitos
pesquisadores possuem concepções totalmente diferentes sobre o mesmo "fenômeno" (não sei se a palavra se encaixa no que quero dizer), por exemplo, alguns
defendem que as teorias de Piaget e Vygotsky são totalmente diferentes, que jamais deveríamos realizar uma pesquisa tentando relacionar os dois, outros defendem
que as teorias se complementam, e que essa discussão sobre quem está certo já está ultrapassada. Portanto acredito que para formar minha própria concepção a
esse respeito é necessário "ler", porem o tempo é muito curto, e sinceramente não estou conseguindo ler tudo o que gostaria.
Para finalizar, uma atitude (se é que posso chamar assim) que comecei a realizar (e me policiar) foi a linguagem utilizada com os alunos, percebi que muitas palavras
eram desconhecidas, e , portanto, eu não me fazia entender. Essa percepção foi reveladora.
P14 Divaguei diversos minutos, tentando iniciar a reposta a esta questão, confesso que ainda não sei se conseguirei, tentarei. Ser professora me realiza profissionalmente e
pessoalmente, a sensação de fazer a diferença na vida de um aluno, comprova o quanto gosto de estar dentro da sala de aula. Atuo como professora no ciclo de
alfabetização, e a descoberta da escrita e da leitura, de fato, me encanta. Vai além do ensinar a ler e escrever, muito mais do que todos os processos que o aluno
transpassa, observar a realização do aluno ao escrever uma palavra, ou até mais, ver seu aluno reconhecendo a escrita e suas funções sociais, me fazem buscar ser a
cada dia uma professora melhor.
Pensando na escola do século 21, leciono para um público, em sua maioria, residentes na zona rural, ainda não tão adeptos (ou viciados) ao uso de tecnologias
cotidianamente em suas casas, desta maneira, consigo utilizar as tecnologias de maneira positiva em sala de aula, como fonte de pesquisa, vídeos, sites de
notícias,jogos, etc. As tecnologias cativam e prendem a atenção deles. Sendo uma ferramenta educacional que gera resultados.
Meus alunos tem entre 5 e 6 anos, e em minha prática docente utilizo muito a reflexão e questionamento, o tempo todo, em todas as situações possíveis, costumo abrir
espaço para que os alunos opinem e reflitam a respeito de tudo o que fazemos em nossa rotina escolar ou em casa.
Ao longo do ano letivo, é possível perceber essa mudança nos alunos, eles desenvolvem criticidade, querem entender os "porquês" de tudo, buscam interpretar as
situações, tentam se colocar no lugar do outro.
Mas sabemos que nem tudo são flores, acredito que nossa classe trabalhadora necessita ser melhor reconhecida, não somente financeiramente, mas dentro do seu
próprio grupo escolar. Pois, muitas vezes, os professores dobram ou triplicam jornadas, e deste modo, o cansaço e o stress prejudicam o seu desempenho dentro da
sala de aula.
Enfim, ao refletir sobre minha profissão e minha atuação em sala de aula, acredito eu, que, o que me realiza é a relação que tenho diariamente com meus alunos,
acredito que para quem ler este relato, possa soar bem utópico, mas aquela "parada" de tentar ser a mudança na vida de alguém, faz parte dos meus objetivos
enquanto professora, formadora de sujeitos sociais integrantes em determinada realidade, busco fazer que questionem esta realidade e busquem melhorar ou mudar o
que for possível.
P15 Ser professora e gestora na rede pública de ensino em cidades pequenas do interior do estado de SP é em si um grande desafio diário. Acompanhar grandes
mudanças em curtos prazos, reinventar propostas e ter que conhecer e trabalhar com diferentes metodologias a fim de atender uma demanda de alunos com históricos
tão divergentes a cada ano, traz grandes angústias a cada mudança de ano letivo. Lidar com representações sociais dos professores sobre as dificuldades de
aprendizagem dos alunos, enquanto professora coordenadora pedagógica me levou a repensar os processos de ensino-aprendizagem e muitas vezes uma sensação
de
que progredimos a passos lentos na educação brasileira justamente por não acompanhar as rápidas transformações tecnológicas e sociais e tendemos a continuar
com metodologias de ensino tradicionais e macanicistas. Um dos grandes problemas locais é viver as transições políticas uma vez que a gestão toda do município se
altera, muitas vezes fazendo todo o trabalho desenvolvido por anos retroceder devido a divergência de partidos políticos que chegam as escolas com a mudança de
cargos comissionados . Eu me reconheço como educadora, alfabetizadora e profissional da educação que necessita lidar e refletir com todas as questões sociais e
políticas do século 21 dentro da sala de aula, contudo buscando soluções e lutando contra um sistema que ainda carrega tanto dos séculos passados.
P16 Me sinto frustrado, pois, percebo que tenho um bom potencial para preparar o aluno no curso de história, mas por conta das limitações impostas pelo Estado não
conseguimos avançar. A política pedagógica ao qual nos é imposta é arcaica materialmente, giz e lousa tradicional podendo implantar lousas digitais ao invés de livros
pesados aos quais os alunos não querem carregar para as salas de aulas. O estado poderia fornecer de tablets ou nootboocks, assim "competiríamos" igualmente com
os alunos em termos de novidades tecnológicas. No ano passado não foi permitido a contratação de professores eventuais, que já não dispõem dos mesmos direitos
comparados aos efetivos, como irão sobreviver sendo formado numa profissão que recusam os contratos? Mas o reajuste de 16% para os parlamentares foi instituído
em ano eleitoral, ou seja, quem quer trabalhar não pode, escolas precisam contratar não podem e com isso boicotam os serviços públicos. Esse ano o Dória tentou
impedir a contratação de eventuais e a entidade de classe APEOESP teve que pressionar para dar o direito dos professores entrarem na sala de aula, logo, o
argumento da não contração do ano passado foi pura desculpa, trata-se de boicote na "cara dura". Enquanto isso temos uma sobra de caixa na média de R$166
bilhões ano, equivalente 166 triplex ano, ao qual não é cobrado pela imprensa oficial e professores recebendo em torno de R$ 12 a 17 reais por hora aula.
P17 Minha experiência profissional no interior da Escola do século 21 se dá em um contexto de mudanças de paradigmas relativos a Educação Física Escolar. Ao longo da
história a Educação Física passou por diferentes fases, porém há pouco tempo que questões sociais encontram possibilidades de mudança de consciência através
das práticas dentro e fora de sala de aula. Uma dificuldade levantada por vários professores aos quais convivo é a falta de interesse dos alunos pelos conteúdos. Na
Educação Física isso também acontece e a cada dia é preciso buscar maneiras de diversificar as aulas e dar novos significados e sentidos que atinjam o interesse de
todos.
P18 Minha experiência profissional decorre de dezenove anos de magistério, tendo passado pelo Ensino /fundamental I (4º e 5º Anos), Fundamental II (Ciências e
Matemática) e Ensino Médio em todas as séries (Biologia) em escolas estaduais, particulares, municipais e ETEC, na cidade de Lençóis Paulista.
Também atuei na Coordenação pedagógica e Coordenação de Projetos e atualmente, trabalho na direção de escola na rede municipal da mesma cidade, nos
segmentos da Educação Infantil e Ensino Fundamental I ( 4 anos).
Amo o que faço e sempre procuro olhar para as pessoas e pensar em como contribuir para que sua vida melhore. era assim na sala de aula, pensando em realizar
aulas e projetos diferenciados, para aguçar o interesse pelas disciplinas e hoje procuro sempre reavaliar minhas atitudes como gestora, no sentido de manter um bom
clima escolar e melhores condições de trabalho para docentes e funcionários, assim como pensar no bem-estar do aluno e da comunidade escolar, que é recebida
sempre que necessário para diálogos e acertos, assim a escola promove o seu papel social e me sinto realizada.
P19 Minha experiência profissional no interior da Escola do século 21 se dá em um contexto de mudanças de paradigmas relativos a Educação Física Escolar. Ao longo da
história a Educação Física passou por diferentes fases, porém há pouco tempo que questões sociais encontram possibilidades de mudança de consciência através
das práticas dentro e fora de sala de aula. Uma dificuldade levantada por vários professores aos quais convivo é a falta de interesse dos alunos pelos conteúdos. Na
Educação Física isso também acontece e a cada dia é preciso buscar maneiras de diversificar as aulas e dar novos significados e sentidos que atinjam o interesse de
todos.
P20 Considero que minha experiência como professora no interior da Escola no presente século é bastante desafiadora, motivadora, integradora, investigativa, reflexiva,
dialética e coletiva. Uma vez que o contexto e os sujeitos apresentam diferentes necessidades que exigem do professor uma postura bastante flexível e interessada a
fim de buscar diferentes soluções para os problemas e/ou desafios que surgem no cotidiano. A busca para a resolução desses problemas não tem uma receita pronta,
o que me leva a investigar em diferentes fontes os possíveis caminhos a serem percorridos na tentativa de solucioná-los. Como professora do primeiro ciclo do Ensino
Fundamental relaciono-me não apenas com os estudantes, mas com suas famílias e ao investigar a história de vida das crianças passo a ter contato com fatores que
influenciam direta ou indiretamente na resposta dada pela criança às proposições da escola. Ainda estou construindo minha própria identidade como docente,
considerando que ainda tenho muito a aprender e a ensinar, e a construção dessa identidade se dará com o tempo, com as vivências no ambiente escolar e com a
formação continuada.
P21 Com dúvidas e anseios. Sou formado em história e acredito, pelo menos na minha área, que as bases teóricas e metodológicas que fui formado como aluno do ensino
básico e posteriormente universitário parecem ser, na minha vida docente e social atual, não suficientes para lidar com situações-problemas atuais. A defesa da
ditadura, negação da escravidão e do racismo defendidas em nossa sociedade parecem fazer mais que parte de um discurso. Compartilham de uma ausência de
educação histórica eficaz.
E não culpo os profissionais como responsáveis diretos. Os outros meios de aquisição do conhecimento sempre jogaram contra ou distante do discurso da história
científica. Hoje vejo minha profissão sem credibilidade, sob dúvidas de eficácia e suspeita sua autonomia.
Vejo essa crise como possibilidade de transformações. Penso que a maré que vem ao encontro de nossa prática e existência profissional, é mais forte que as marés
enfrentadas pelos profissionais docentes de décadas passadas. Ou pelo menos diferentes.
Têm hoje os meios de comunicação oficiais e a internet (blogs, youtubers, e o raio que o parta) com seus próprios discursos sobre assuntos que se limitavam à nossas
áreas, mas seu diferencial é a falta de exigência de comprovação, de ética, cientificidade e direito à dúvida que implicam nossa prática.
Bom. Não sou um descrente ou pessimista. Vejo que obrigatoriamente devemos reformular procedimentos e formas de se colocar no mundo escolar, porém como e
para onde? Não sei. Minha expectativa só vê que há luz no final do túnel. Ela não consegue distinguir se é a saída ou o trem. KKKK

P22 Me enxergo como uma profissional em constante busca de aprendizado para trabalhar de forma eficiente com essa diversidade tão grande de alunos qua encontramos
hoje em nossas escolas. Às vezes me sinto sozinha dentro de um sistema que nos cobra muito e nos oferece tão poucas possibilidades. A motivação quase sempre
vem na forma de demonstrações gratuitas de carinho e reconhecimento por parte de alunos e pais. Tenho consciência que ofereço o meu melhor, mas estou sempre
revendo minha prática com o intuito de melhorá-la.
P23 Ser professor nos tempos atuais exige compreender muitas questões que vão além da mediação dos conhecimentos e exige uma gestão muito grande de valores e
conhecimentos que damos conta da complexidade somente quando estamos dentro de uma sala de aula.
O professor já foi uma profissão de orgulho familiar e social de valorização em tempos passados, infelizmente isso não vemos mais em nossa sociedade e poucos são
os profissionais que acreditam nessa área profissional que tanto exige e pouco valoriza.
Um exemplo é o professor de ensino fundamental I, que é a base da nossa educação, e com isso deveria ser reconhecido pelos poderes políticos e ter um amparo
condizente com sua responsabilidade e ter condições de serviços adequadas para desenvolver um trabalho de qualidade.
Em muitos lugares não vemos uma política de educação que conduza com a melhoria da educação, em muitos lugares existe apenas uma “campanha partidária” e a
cada gestão tem-se alteração dos materiais didáticos e “jogam” as “ordens” e o professor precisa seguir. Não se vê uma preocupação de sequência no processo de
alfabetização que leve em conta os envolvidos principais (escola, professor, ensino e aluno). Dessa forma cada gestão municipal quer mostrar um serviço “desfazendo”
o serviço do prefeito anterior. Isso é uma realidade triste do nosso país e que vivencio em minha cidade.
Assim as escolas enfrentam a falta de recursos básicos na sala de aula como materiais escolares (cadernos, lápis, sulfites, giz, apagador, etc) estruturas físicas
(quadras, carteiras, ventiladores, etc) e principalmente de recursos humanos (professor, inspetor, funcionários, etc). E assim o ambiente de trabalho profissional do
professor vai se configurando.
Temos a parte burocrática dos papéis, onde o professor precisa dar conta e entregar tudo dentro do prazo: fazer planejamentos, planos de aula adaptados
individualmente, relatórios, livros de chamada, preparar trabalhos, provas, corrigir, pesquisar conteúdos, dentre outros.
E quando falamos dos conteúdos do professor do fundamental I, há uma preocupação central com a alfabetização, porém toda grade curricular de português,
matemática, história, geografia e ciências faz parte do contexto do professor. E toda sua prática deve ser pensada de forma que trabalhe junto com os conteúdos,
valores e eixos necessárias para formação do cidadão, que os ajudem nos âmbitos: sociais, psicológicos, culturais, etc.
Outro ponto que “negativo” a educação que vemos é a injustiça salarial de um professor, que muitas vezes não tem um plano de carreira, e no caso do professor
municipal recebe pouco mais de 1 salário mínimo para exercer um cargo que exige uma formação acadêmica superior e que necessita de aperfeiçoamento constante
para dar conta das diversidades cotidianas que enfrentam. E ainda corre risco de segurança no próprio trabalho, devido à falta de conscientização de uma sociedade
“carente” de cultura, que destrói bens públicos e agride aquele que ensina.
Uma sociedade “doente”, cujos pais chegam ao final do ano e cobram dos professores que o filho não irá para a série seguinte, porém nunca apareceram na escola
para saber da aprendizagem do filho; pais que nem sabem o nome do professor de seus filhos, pais que não auxiliam os filhos com seus deveres escolares em casa;
pais que fazem cigarros com os livros e cadernos dos alunos e depois querem que a escola fornece mais materiais; pais que não sabem de suas responsabilidades e
terceirizam suas funções; pais que brigam e batem nos professores sem ao menos ouvi-los; pais que dizem que perderam o controle de seus filhos e não sabem o que
fazem; dentre muitas outras situações.
E mesmo com todo esse contexto o professor chega na sala de aula com as melhores expectativas possíveis para ajudar na aprendizagem do aluno e se depara todas
a situações acimas citadas e ainda vão enfrentar outras muitas dificuldades: desinteresse de aluno, inclusão sem recursos, desrespeito, sala lotadas, defasagens de
aprendizagens, etc.
Essas expectativas do professor que o fazem continuar nesta profissão e os motivam a continuar. A essência de cada professor que o faz enfrentar as inúmeras
dificuldades, uma vontade de fazer a diferença, uma ação transformadora que o faz acreditar que é possível ajudar seu meio e por mais que as frustações ocorram
sempre vai ter uma nova oportunidade a frente. Se não conseguimos atingir a turma devemos pensar em quantos conseguimos atingir.
E esse acreditar na mudança acontece pelas muitas experiências positivas que fazem parte da vida do professor e que na “balança” profissional o professor deve
alimentar para não deixar sua essência inicial se apagar. Quando temos por exemplo o relato de um aluno que não é alfabetizado e a partir da sua ajuda pedagógica
se desenvolve e começa a ler e olha para você e diz “agora eu sou feliz professora, eu sei ler” isso é de tamanha alegria que o professor deixa de lado a “balança
negativa” e consegue continuar a planejar e sonhar novamente.
O professor tem a oportunidade de fazer parte do processo escolar e de vida de muitos alunos. A partir desse olhar o professor precisa resgatar sempre os pontos que
os motivam e fizeram a escolher essa profissão para assim juntos com suas vivencias na educação os façam renovar seus sonhos e objetivos enquanto educador.
Saber separar as vivências, registrar e compartilhar os pontos positivos e tentar reconstruir e aprender com os negativos e saber descartar os que não ajudaram. Para
que não seja apenas mais um professor, mas faça a diferença e seja essa diferença na vida dos alunos.
P24 Minhas experiências profissionais e pessoais como professora, em sala de aula, por enquanto se resumem apenas a estágios supervisionados, nos quais tive pouco
contato, de fato, com a vivência real de estar a frente de uma turma. Porém, considerando as experiências que tive e considerando que realizei estágios em escolas
públicas e no colégio técnico da UNESP, notei que há grande divergência na realidade tanto das condições de espaço quanto dos próprios alunos. Isso, para mim, foi
um fator determinante na escolha de trilhar um caminho no campo da Educação, pois frente a tantas divergências, senti que poderia fazer algo que transformasse, de
alguma forma, esse cenário, mesmo que de maneira modesta. Portanto, uma das minhas grandes motivações para ser professora e pesquisadora em educação vem
de minhas experiências de estágio curricular, que despertaram em mim este desejo de contribuir para sua melhoria. Outro aspecto que julgo importante mencionar é a
certa insegurança que a profissão professor traz consigo, pelo menos para mim, pois julgo ser um papel de extrema importância na vida dos alunos, que pode
influenciar intensamente suas vidas e condutas, e isso faz com que eu queira sempre me aprimorar para ser uma profissional melhor.
P25 Estou professor, a partir do ano de 2006, interrompi a carreira por dois anos, voltei a lecionar no ano de 2010 em uma escola técnica, e estou até o momento, vejo que
está cada vez mais difícil ser professor, pois a carreira está muito desvalorizada, a culpa dos fracassos escolares caem sempre sobre os professores e não nas
políticas públicas de educação que sucateiam as escolas, de uma sociedade que deixa tudo a cargo das escolas, tais como, problemas psicológicos, familiares e até
médicos, e que nos professores tempos que lidar com todas essas questões, e ainda ter mais de um emprego, preparar aulas nos finais de semana, tentar trabalhar de
forma individualizada classes com 40 alunos (superlotadas), atender a egos diferenciados de alunos que querem prestar os vestibulares super concorridos de medicina
e que o fracasso desses alunos ainda caem sobre os professores, principalmente dos professores das disciplinas de física, matemática, língua portuguesa e quimica,
cuja a didática não o favorece o aprendizado do aluno, essa é uma realidade que vivo sendo professor do ensino médio nas escola públicas do Estado de São Paulo,
mas sempre procuro estar me atualizando para dar o meu melhor aos meus alunos, pois gosto muito de lecionar e que quando um aluno ou outro alcançam as suas
metas me sinto cada vez melhor.
P26 Como professor tive experiências diversas: sensações prazerosas (bons resultados dos alunos, conquistas de colegas professores, melhoramentos na escola);
sensações de comodismo (repetição de problemas, rotina diária); sensações de frustrações (alunos sem sonhos, colegas frustrados).
Desta forma, ser profissional e pessoal, na condição de professor é um viver se equilibrando.
P27 Destacarei dois pontos experienciados na escola:
1. É relevante destacar, que ao sair da universidade com o título de licenciado, o recém professor chega à escola com novas ideias, novos projetos e desejos para com
seu público e também direcionado à instituição. Sobretudo, ao ingressar em uma escola, somos muitas vezes desencorajados por uma cultura do "professor coitado"
mantida pelos próprios professores. Já mais experientes, trazem com a sua carga profissional momentos e indivíduos que não o fizeram bem e que sentem a
necessidade de compartilhar muitas vezes minando nossas vontades de mudança.
2. Além disso, não existe um controle (principalmente ou obviamente no sistema público) sobre os estudantes, que muitas vezes tem a escola como seu lugar de
(única, em muitos casos) alimentação e isso causa certa inquietação, pois indaga-se: se esse aluno não está nem alimentado, como posso garantir determinante
educação para este indivíduo? Portanto, o professor, ultrapassa sua função de educador muitas vezes diante das dificuldades da pobreza trazida pelo sistema
brasileiro.
P28 Minha experiência é permeada de altos e baixos. Ora, sinto-me extremamente desafiado e capaz de contribuir para os enormes desafios impostos pelo séculos 21, ora,
sinto-me frustrado por parecer que não estou fazendo a diferença diante alunos que trazem inúmeras demandas para além do aprendizado.
P29 Acredito que minha experiência tem se dividido em duas formas de sentir o "ser professor" ao mesmo tempo. De um lado, o que sinto em sala de aula e na preparação
de aulas, onde na maior parte do tempo me sinto bem por estar e contato com a prática docente efetivamente. Mesmo em momentos de erros e problemas, descrevo
como um sentimento positivo, de realização. Por outro lado, o que sinto ao cumprir com a parte burocrática e ao ser remunerado pelo trabalho feito. Aqui, me sinto
frustrado na maior parte do tempo, ainda que tenha feito um bom trabalho ao longo do mês. Acredito que boa parte desse sentimento ruim se deve aos consecutivos
erros e falta de pagamento da rede estadual, que geram uma frustração e um sentido de "estar sendo otário" em continuar trabalhando nessas condições.
P30 Entendo que os problemas existentes no interior da escola não são dissociados dos problemas exteriores a realidade da escola, ou seja, aspectos que estruturam a
realidade social, a conjuntura política, economica e cultural. Em uma palavra, essas manifestações fenoménicas que se apresentam no modo de produção capitalista
não são dissolvidos pelo fato simbólico dos estudantes ou trabalhadores atravessar os portões de uma instituição pública. Tenho total acordo com a perspectiva
filosófica marxista que recusa pensar a educação fora da política, da economia e da vida.

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