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828/2017-0
RELATÓRIO
I. Introdução
I.1. Decisões originárias
1 O Acórdão 3.608/2014-TCU-Plenário tratou de levantamento que apresentou estratégia
para o fortalecimento da auditoria financeira no âmbito do TCU. À época da realização daquele
levantamento, constatou-se que, das mais de quatrocentas demonstrações financeiras
elaboradas anualmente por órgãos e entidades federais, no âmbito dos respectivos processos de
contas anuais, apenas duas se submetiam regularmente a auditorias financeiras por unidades
técnicas do TCU.
2 Naquele trabalho foram, então, destacados benefícios decorrentes da realização de
auditorias financeiras, como a divulgação de informações relevantes e o fortalecimento dos
controles internos, da gestão de riscos e da governança corporativa dos órgãos e entidades
federais.
3 Nesse sentido, o Acórdão 3.608/2014-TCU-Plenário propôs a mudança daquele cenário,
por meio do desenvolvimento de estratégia do TCU de ampliação gradual do número de
demonstrações financeiras de órgãos e entidades federais auditadas, utilizando a estrutura dos
órgãos de auditoria interna para construir um modelo integrado de certificação da
confiabilidade de contas públicas. Para tanto, foi determinado à Secretaria-Geral de Controle
Externo do TCU (Segecex) que realizasse levantamento sobre a capacidade dos órgãos de
auditoria interna dos três poderes para realizarem trabalhos de asseguração das demonstrações
financeiras de órgãos e entidades federais.
4 Por sua vez, o Acórdão 1.273/2015-TCU-Plenário tratou de levantamento para
sistematizar informações sobre governança no âmbito da administração pública, contando com
a participação de 380 organizações públicas federais, 893 estaduais e 6.497 municipais.
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5 Nesse trabalho, o Tribunal constatou que 54% dos órgãos e entidades públicas
participantes estavam em estágio de capacidade inicial de exercer as práticas previstas para a
dimensão “Controle”, um dos mecanismos de governança estabelecido no modelo proposto pelo
Referencial Básico de Governança do TCUi, que reflete o baixo nível de capacidade em
estabelecer uma estrutura de auditoria interna e de gestão de riscos adequada.
6 O Acordão 1.273/2015-TCU-Plenário revelou, ainda, que 48% das organizações
declararam que não definiam diretrizes para tratamento de conflitos de interesse na função
Auditoria Interna (como a não participação em atos de gestão) e 42% não haviam identificado
as competências necessárias ao desempenho das responsabilidades da auditoria interna, o que
denotou a fragilidade da função da auditoria interna nas organizações e o risco de sua
manipulação por interesses particulares.
7 Considerando esses dados e seus reflexos, foi proposta, por este Tribunal, a inclusão do
tema “auditoria interna” no modelo de governança mínimo que deve ser implementado pelas
organizações públicas, e determinada a realização de fiscalização com vistas ao
aprofundamento da investigação do comportamento da função Auditoria Interna na
administração pública federal.
8 Em decorrência dessa determinação, foi realizado, pela Secretaria de Controle Externo da
Administração de Estado (SecexAdministração), levantamento com o objetivo de conhecer a
situação dessa função na administração pública federal. Pelo Acórdão 3.608/2014-TCU-
Plenário, incluiu-se, ainda, naquele trabalho, levantamento para identificar a capacidade das
unidades de auditoria interna para realizarem auditorias nas demonstrações financeiras dos
órgãos e entidades federais.
9 A complexidade e a extensão da fiscalização pretendida levaram a SecexAdministração a
limitar, em um primeiro momento, a análise ao âmbito da administração direta do Poder
Executivo federal (Acórdão 1.171/2017-TCU-Plenário), deixando assente previsão para a
verificação da realidade dos fatos nos demais poderes e na administração pública indireta em
futuros trabalhos.
10 A presente fiscalização, portanto, é a segunda etapa desse levantamento proposto pelos
Acórdãos 3.608/2014 e 1.273/2015-TCU-Plenário e engloba o Senado Federal (SF), a Câmara
dos Deputados (CD) e esta Corte, órgãos pertencentes ao Poder Legislativo federal. A última
etapa do trabalho, ainda em data a ser definida, abrangerá os órgãos do Poder Judiciário
federal.
I.2. Identificação do objeto
11 Este trabalho possui dois objetos: a) a atividade de auditoria interna dos órgãos
pertencentes ao Poder Legislativo federal; e b) a realização de auditorias financeiras pelas
unidades de auditoria interna da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do TCU.
12 No que se refere ao primeiro, efetuou-se análise das competências técnicas das secretarias
de controle interno do Senado Federal e da Câmara dos Deputados (SCI/SF e Secin/CD,
respectivamente) e da Secretaria de Auditoria Interna do TCU (Seaud/TCU), a fim de verificar
se suas competências estão aderentes aos padrões internacionais de auditoria interna
estabelecidos pela Estrutura Internacional de Práticas Profissionais (International Professional
Practices Framework – IPPF) do Institute of Internal Auditors (IIA), bem como em que medida
essas unidades têm observado os princípios da independência e da objetividade de seus
auditores e se têm adotado análises de risco para a definição dos seus trabalhos de auditoria.
13 Examinou-se ainda se existe e como funciona a avaliação da qualidade dos trabalhos de
auditoria interna desenvolvidos por essas unidades e as medidas implementadas para o
desenvolvimento profissional da competência técnica dos seus auditores.
14 Relativamente à capacidade de realizarem auditoria de demonstrações financeiras, a
equipe analisou diversos trabalhos desenvolvidos pelas unidades auditadas nessa área, com o
objetivo de avaliar o grau de maturidade desses trabalhos, bem como sua compatibilidade com
o exercício de auditorias financeiras, tendo em vista a possível integração da Auditoria
Financeira com as contas anuais, prevista no Acórdão 1.171/2017-TCU-Plenário.
15 Por fim, cumpre deixar assente que não fez parte do escopo deste trabalho a avaliação,
nos órgãos do Poder Legislativo fiscalizados, da existência de sistema integrado de controle
interno, nos moldes preconizados pelos arts. 70 e 74 da Constituição Federal de 1988.
I.3. Objetivo e questões de auditoria
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auditores internos?
49 O TCU também publicou o manual prático intitulado “Dez Passos para uma Boa
Governança”iii (peça 52). O terceiro passo apresenta descrição de como os diversos atores da
instituição deveriam interagir para o alcance boa governança:
Sistema de governança é o modo como os diversos atores se organizam, interagem e procedem
para obter boa governança. Compreende as instâncias internas e externas de governança, fluxo
de informações, processos de trabalho e atividades relacionadas à avaliação, direcionamento e
monitoramento. O alcance de uma boa governança depende fundamentalmente da definição e
implantação de um sistema de governança ao mesmo tempo simples e robusto, com poderes de
decisão balanceados e funções críticas segregadas. (destacou-se)
50 Conforme o exposto, para aderir às normas internacionais de auditoria interna e aos
mecanismos de governança, é importante a constituição de um conselho superior para atuar em
conjunto com a alta administração, e que as competências dessas instâncias sejam segregadas
para não haver interferências e ingerências entre governança e gestão.
51 Neste contexto, o Acórdão 2.622/2015-TCU-Plenário recomendou à CGU que:
9.5.3. caso exista um conselho superior que supervisione a autoridade máxima da organização,
avalie a possibilidade de que a unidade de auditoria interna fique subordinada a esse conselho,
como preconizam as boas práticas sobre o tema, à semelhança das orientações contidas no
IPPF 1000 e no item 2.34.5 do código de melhores práticas de governança corporativa do
Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. (destacou-se)
52 Do mesmo modo, ainda na linha de adoção de boas práticas de governança e gestão, por
meio do Acórdão 1.130/2017-TCU-Plenário (relator Bruno Dantas) o TCU recomendou ao
Ministério da Saúde (MS) que:
[...] 9.4.1.com fundamento no art. 16, XIII, da Lei 8.080/90 c/c a Quinta Diretriz, X, da
Resolução CNS 453/2012, elabore, em articulação com o Conselho Nacional de Saúde, um
modelo de governança organizacional a ser tomado como referência pelas direções nacional,
estadual e municipal do SUS (Ministério da Saúde e secretarias de saúde), prevendo:
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[...]
9.4.1.2. a segregação explícita entre as funções de governança organizacional e gestão,
cabendo, em cada nível de governo, o papel de principal ator da governança organizacional
ao Conselho de Saúde e o principal papel de gestão à respectiva direção do SUS; (grifou-se)
110 A equipe de auditoria realizou pesquisa por meio do software Lime Survey com
os integrantes da unidade de auditoria interna da Câmara dos Deputados com o intuito de
colher a percepção dos servidores acerca dos temas relacionados a suas competências técnicas.
Dos 24 questionários enviados, dezessete foram respondidos (peça 74).
111 Mediante as respostas oferecidas, constatou-se que a maioria dos auditores se considera
apta ou razoavelmente apta para a realização de auditoria nos seguintes temas: licitações e
contratos; legalidade e legitimidade dos atos e fatos administrativos; avaliação de controles
internos; avaliação do gerenciamento de riscos da Câmara dos Deputados; avaliação sobre a
adequação e implementação dos controles internos administrativos da gestão; e consultoria
para a Câmara dos Deputados.
112 Em relação aos trabalhos de avaliação sobre os resultados dos programas
governamentais e avaliação sobre a adequação da governança, aproximadamente metade do
corpo técnico considerou-se apta ou razoavelmente apta para execução desses trabalhos. Esse
fato deve ser avaliado pelo chefe da unidade de auditoria interna para verificar se tal
contingente já é suficiente para a consecução das auditorias da unidade.
113 Também foi constatado que a maioria dos auditores se considerada insuficientemente apta
ou inapta para a realização de trabalhos de auditoria sobre as demonstrações financeiras e
investigação de fraudes.
114 Conforme observado, a Secin/CD tem política de desenvolvimento profissional abordando
avaliação de riscos e controles e governança, evidenciando uma boa prática. Ante o resultado
das pesquisas de aptidão dos servidores, com relação à avaliação de governança, o chefe de
auditoria deverá verificar se o contingente já capacitado no tema é suficiente para a consecução
das auditorias da unidade, conforme esclarecido no Ofício 16/2017/Secin/CD (peça 39). Além
disso, constata-se que há oportunidades de melhorias no que diz respeito às ações de
capacitação de servidores em auditoria sobre demonstrações financeiras e investigação de
fraudes.
b) SCI/SF
115 A política de capacitação é estabelecida no Regulamento Administrativo do Senado
Federal (peça 48), a qual prevê a aprovação anual de plano de capacitação elaborado pelo
Instituto Legislativo Brasileiro (ILB) e abrange todos os servidores da Casa Legislativa.
116 Entre 2014 e 2016, houve uma baixa implementação das ações de treinamento propostas
pela SCI/SF. Foram solicitadas 38 ações em capacitação pela SCI/SF e apenas onze foram
realizadas. As áreas contempladas foram: Auditoria Interna I; Auditoria Interna II; Previdência
Social dos Servidores Públicos; Auditoria de Folha de Pagamento no Serviço Público; Auditoria
Governamental; Concessão de Pensão Civil; Avaliação de Controles Internos e Tomada e
Prestação de Contas Anual; Análise de Risco no Controle Interno; e Tesouro Gerencial.
117 Em 2017, o Plano de Capacitação Anual dos Servidores do Senado Federal foi aprovado
pela primeira vez (peça 74). O Plano prevê ações relevantes para a consecução das atividades
de auditoria interna, tais como contabilidade pública, avaliação de governança, avaliação da
gestão de riscos, avaliação de controles internos e governança de tecnologia da informação.
118 A aprovação do Plano de Capacitação Anual constitui uma boa prática do Senado
Federal, embora os resultados só possam ser percebidos após a real implementação.
119 A equipe de auditoria realizou pesquisa por meio do software Lime Survey com os
integrantes da unidade de auditoria interna da SCI/SF com o intuito de colher a percepção dos
servidores acerca dos temas relacionados a suas competências técnicas. Desse modo, foram
enviados 21 formulários, dos quais apenas treze foram respondidos integralmente (peça 75).
120 Nos questionários respondidos, constatou-se que a maioria dos auditores se considera
apta ou razoavelmente apta para a realização de auditoria nas seguintes áreas: legalidade e
legitimidade dos atos e fatos administrativos; avaliação do gerenciamento de riscos do Senado
Federal; avaliação sobre a adequação e implementação dos controles internos administrativos
da gestão; e consultoria para o Senado Federal.
121 Em relação aos trabalhos em processos de licitações e contratos e avaliação sobre a
adequação da governança, aproximadamente metade do corpo técnico considerou-se apta ou
razoavelmente apta para execução de auditoria nesses temas. Esse fato deve ser avaliado pelo
chefe da unidade de auditoria interna, para verificar se tal contingente já é suficiente para a
consecução das auditorias da unidade.
122 Também foi constatado que a maioria dos auditores se considerada insuficientemente apta
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possuem maior peso para o alcance dos objetivos previstos em seu planejamento
estratégico.
184 Ao deixar de atuar em unidades importantes para o alcance dos resultados estabelecidos
pelo TCU, como é o caso da Segepres e das unidades da Segecex localizadas na sede, a
Seaud/TCU deixa de avaliar, de modo amplo, a eficácia e a efetividade dos processos de gestão
de riscos, controle e governança do TCU.
185 Assim, deve ser mantido o esforço da unidade em aperfeiçoar continuamente o seu
planejamento anual e ampliar o seu universo de auditoria, de modo a torná-lo cada vez mais
abrangente, razão pela qual será proposta recomendação à unidade acerca desse ponto.
186 No que se refere ao planejamento da atividade de auditoria interna lastreado em processo
de gerenciamento de riscos corporativos, requisito necessário para a construção de um universo
de auditoria e de um plano de auditoria anual mais bem direcionados, o Tribunal ainda se
encontra em processo de implantação de sua política de gestão de riscos, conforme se verifica
na recente Resolução TCU 287/2017 (peça 91).
187 Diante disso, a avaliação de riscos feita pela Seaud/TCU para formular seu planejamento
anual de trabalhos do TCU leva a unidade a utilizar-se de critérios próprios para avaliar os
riscos enfrentados pela organização, de modo a permitir a priorização e a definição das
atividades a serem auditadas.
188 Conforme destacado pelo Secretário da Seaud/TCU, por meio do Ofício 6/2017-Seaud
(peça 101), essa linha de atuação está de acordo com a estrutura normativa IPPF, uma vez que
a Norma 2010 dispõe que na ausência de uma estrutura de gerenciamento de riscos da
organização, o executivo chefe de auditoria utiliza seu próprio julgamento quanto aos riscos
após consultar a alta administração e o conselho. Recentemente a redação dessa norma foi
alterada, mas ainda assim mantém essa mesma linha de atuação.
189 Diante disso, e considerando a publicação da Resolução TCU 287/2017, entende-se
oportuno que a Seaud/TCU acompanhe a evolução da política de gestão de riscos que hoje
encontra-se em processo de implantação no Tribunal, para fazer ajustes pertinentes ao seu
planejamento de auditorias, se assim entender adequado.
190 No que se refere à previsão de trabalhos de consultoria no Plano de Auditoria Interna, a
Seaud/TCU esclareceu, no ofício 3/2017-Seaud, que orienta e aconselha os gestores do Tribunal
– de forma contínua, quando solicitado, ou mesmo durante os trabalhos de avaliação – e que
seus auditores internos têm participado ativamente de discussões em reuniões e grupos de
trabalho envolvidos na elaboração de produtos voltados para o aperfeiçoamento institucional,
em especial aqueles relacionados a processos de governança, gerenciamento de riscos e
controles da organização.
191 Pontua que, segundo as normas internacionais, a aceitação e a realização desse tipo de
trabalho pela auditoria interna pressupõe acordo prévio com a administração da organização e
a avaliação de seu potencial para aperfeiçoamento do gerenciamento de risco, adição de valor e
melhoria das operações da organização.
192 No caso do plano de auditoria vigente, esclareceu, no ofício 3/2017-Seaud, que não foram
elencados trabalhos específicos de consultoria, uma vez que não surgiram demandas por parte
da alta administração ou mesmo da governança do tribunal, com potencial que justificasse a
inclusão no plano.
193 Não obstante, verificou-se que a unidade inseriu, em seu Plano Diretor (peça 92), para o
período de abril de 2017 a março de 2018, ações prioritárias que podem ser consideradas
atividades típicas de consultoria, dadas as suas características, como criação de informação
voltada para o aperfeiçoamento do gerenciamento de riscos e a melhoria institucional. Nesse
sentido, no que se refere a esse ponto, entende-se que a Seaud/TCU tem sido aderente às normas
internacionais de auditoria interna.
c) SCI/SF
194 Verificou-se que os Planos Anuais de Auditoria (PAInt) da SCI/SF de 2014 a 2017
contemplam ações de controle selecionadas com base em critérios que levam em conta a
materialidade de recursos orçamentários e financeiros alocados pela gestão, bem como a
relevância de determinada questão, situação ou unidade existente em um dado contexto (peças
93, 94, 95 e 96).
195 Para 2017, a SCI/SF elaborou seu plano de auditorias com foco na avaliação da
governança e gestão estratégica do Senado Federal, em especial quanto ao processo de
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207A presente questão visa elucidar em que medida os trabalhos das unidades de
auditoria interna analisadas podem contribuir em trabalhos de auditoria financeira a serem
realizados pelo Tribunal de Contas da União, tendo em vista a estratégia de fortalecimento das
auditorias financeiras por ele adotada.
208 Os planos anuais de fiscalização de 2014 a 2017 da Seaud/TCU contemplaram os
seguintes trabalhos, nos quais foram aplicados procedimentos de auditoria financeira: a)
auditorias de gestão nas contas do TCU com o objetivo emitir Relatório de Auditoria de Gestão
para compor o processo de tomada de contas do TCU do exercício de 2013; e b) auditorias de
conformidade nas Secretarias de Controle Externo de diversos estados com o objetivo de
verificar a legalidade e a legitimidade dos atos de gestão dos responsáveis pela execução
orçamentária, financeira e patrimonial.
209 Na Câmara dos Deputados, os planos anuais de fiscalização de 2014 a 2017
contemplaram os seguintes trabalhos, nos quais foram aplicados procedimentos de auditoria
financeira: a) Auditoria 3/2014-Nacop – evidenciações contábeis; b) Auditoria 2/2014-Nacop –
estimativas contábeis; e c) Auditoria 02/Nacop/2015 – registro contábil.
210 Do mesmo modo, a unidade auditoria de interna do Senado Federal, entre 2014 a 2017,
realizou procedimentos de auditoria financeira na Auditoria de Regularidade da Contabilidade
da unidade gestora Senado, mediante a qual efetuou-se análise das contas no balancete com
vistas a certificar eventuais incorreções nos registros contábeis.
211 Os trabalhos acima elencados não se caracterizam como auditoria financeira, em sentido
estrito, em virtude de não terem sido realizados por auditor independente e de não conterem
opinião sobre as demonstrações contábeis, conforme decidido no Acórdão 1.171/2017-TCU-
Plenário (relator Walton Alencar Rodrigues). A despeito disso, observa-se que esses trabalhos
foram realizados com fundamento nas técnicas de auditoria financeira, na medida em que
adotaram procedimentos aplicados em demonstrativos e elementos contábeis e permitiram
verificar, por exemplo, os níveis de controle sobre a integridade de contas contábeis.
212 Assim, apesar não poderem ser caracterizados como auditorias financeiras em sentido
estrito, por guardarem pertinência com os fundamentos e técnicas de auditoria financeira,
trabalhos dessa natureza podem ser considerados auditoria financeira em componentes
específicos e, consequentemente, utilizados nos processos de prestação de contas anuais ou em
trabalhos específicos de auditoria financeira que venham a ser realizados pelo TCU, desde que
seja observada a metodologia a ser desenvolvida pelo Tribunal.
IV. Análise dos comentários dos gestores ao relatório preliminar
213 Por intermédio do Ofício 6/2017-Seaud (peça 101), o Secretário de Auditoria Interna do
TCU, após tomar conhecimento do relatório preliminar (peça 19), ofereceu comentários, os
quais versam sobre os seguintes achados de auditoria:
a) Necessidade de reporte à instância máxima de governança;
b) Oportunidade de melhoria na política de desenvolvimento profissional; e
c) Ausência de planejamento anual de auditorias com base em riscos identificados e
gerenciados pela alta administração.
214 Quanto à necessidade de reporte à instância máxima de governança, o titular da
Seaud/TCU inicia seus comentários destacando que não cabe àquela unidade determinar sua
linha de subordinação, que atualmente é estabelecida pela Resolução-TCU 284/2016. Esclarece
ainda que suas colocações não têm a pretensão de concluir sobre a posição organizacional ideal
da auditoria interna.
215 Para tanto, em tom de isenção, apresenta definição do termo “conselho”, segundo o
glossário das normas da Estrutura IPPF, bem como exemplos de responsabilidades dessa
instância organizacional, segundo a Norma 1110 – Independência Organizacional – da
Estrutura de normas do IIA, entre as quais consta a aprovação do planejamento de auditoria
baseado em riscos.
216 O titular da Seaud/TCU também faz colocação no sentido de que, na iniciativa privada, é
possível identificar, nas estruturas organizacionais, a alta administração e o conselho, com base
na teoria da agência, mas pondera que na esfera pública, diante da diversidade de estruturas, a
tarefa de identificação da alta administração e do conselho se torna mais difícil.
217 Aponta, ainda, que o Guia Prático “Assessing Organizacional Governance in the Public
Sector”, parte integrante da Estrutura IPPF, contém tabela comparativa de características do
setor público e do privado e registra, sobre governança, que no caso do setor público poderia
haver uma estrutura singular por meio de um “Senior Official”.
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01 e 02 Recomendar à Câmara
dos Deputados que avalie
a conveniência e a
oportunidade de a Mesa
Diretora atuar como
Recomendar ao TCU Recomendar ao Senado
conselho de alta
que avalie a Federal que conceda acesso a
governança, nos termos
conveniência e a todos os documentos
estabelecidos pelo seu
oportunidade de a solicitados pela Secretaria de
Regimento Interno, bem
Seaud/TCU se reportar Controle Interno, de modo a
como pelo Referencial
funcionalmente a um garantir o regular andamento
Básico de Governança do
órgão superior de do Plano Anual de Atividades
TCU, no intuito de
governança, com vista a de Auditoria Interna (PAInt) e
deliberar e aprovar, de
conferir maior grau de a não comprometer a
forma permanente e
independência à transparência no âmbito da
sistemática, o Plano Anual
atividade de auditoria Casa Legislativa, seus
de Controle Interno (Paci)
interna, nos moldes controles internos e a
da Secretaria de Controle
preconizados nas normas independência daquela
Interno da Câmara, seus
e padrões internacionais. unidade de auditoria interna.
relatórios e pareceres, de
modo a garantir maior
independência aos
trabalhos de auditoria
interna.
Recomendar ao Senado
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03 - - -
Recomendar à
Seaud/TCU que Recomendar à SCI/SF que
aperfeiçoe o programa aperfeiçoe o programa de
de garantia da qualidade garantia da qualidade dos
dos seus trabalhos e seus trabalhos e inclua
04 -
inclua autoavaliações ou autoavaliações ou avaliações
avaliações internas internas periódicas com base
periódicas com base em em roteiro previamente
roteiro previamente estabelecido.
estabelecido.
Recomendar à
Seaud/TCU que avalie a
conveniência e a Recomendar ao Senado
oportunidade de incluir Federal que aprimore seu
Recomendar à Câmara
no universo de auditoria sistema de gestão de riscos
dos Deputados que
que fundamenta a organizacionais e de
estabeleça política de
elaboração de seus segurança corporativa
gerenciamento de riscos
planos anuais de estabelecido pelo Ato da
em nível institucional, de
fiscalização a realização Comissão Diretora 16/2016,
modo a aumentar a
de trabalhos em de modo a permitir o
capacidade do órgão para
unidades do Tribunal adequado planejamento das
lidar com incertezas e
05 localizadas em sua sede, atividades da SCI/SF, que
contribuir para o uso
a exemplo da Secretaria deve ter como um de seus
eficiente, eficaz e efetivo
Geral da Presidência e fundamentos a identificação
de recursos, bem como a
da Secretaria Geral de prévia de riscos pelas
fortalecer o planejamento
Controle Externo, unidades integrantes da
da atividade de auditoria
direcionando suas ações estrutura orgânica da Casa
interna executada pela sua
às áreas finalísticas e Legislativa, conforme
Secretaria de Controle
com maior relevância estabelecem os padrões
Interno.
para o alcance dos internacionais de auditoria
objetivos previstos no interna.
planejamento estratégico
do Tribunal.
06 - - -
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 014.828/2017-0
I. INTRODUÇÃO
2. O trabalho sobre o qual nos manifestamos é o segundo, de três planejados, que têm entre
seus objetivos levantar informações sobre a capacidade dos órgãos de controle interno ou das
unidades de auditoria interna, que integram o sistema de controle interno dos poderes da União,
para realizar auditorias financeiras ou contábeis nos seus respectivos órgãos (item 9.3.2 do
Acórdão 3608/2014-TCU-Plenário, Min. Rel. Aroldo Cedraz). O primeiro foi realizado na
Secretaria Federal de Controle (SFC) do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da
União (CGU), órgão central do sistema de controle interno do Poder Executivo Federal (TC
011.759/2016-0, Acórdão 1171/2017-TCU-Plenário, Min. Rel. Walton Alencar Rodrigues). O
segundo, abrangeu os órgãos de controle interno do Poder Legislativo e do TCU. O próximo,
abrangerá os órgãos de controle interno do Poder Judiciário.
3. Além disso, a auditoria é parte das ações empreendidas com vistas à implementação da
estratégia de fortalecimento da auditoria financeira no TCU, doravante “estratégia”, a qual
passa, neste momento, por sua primeira revisão bienal (item 9.3.2 do Acórdão 3608/2014-TCU-
Plenário, Min. Rel. Aroldo Cedraz), sob supervisão da Semec. A revisão da estratégia está sendo
tratada no TC 025.741/2017-9, administrativo, ainda sem definição de relatoria.
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II. ANÁLISE
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contas ordinárias aos órgãos de controle interno (OCIs), o que abrange tanto a
regularidade dos atos de gestão quanto a ‘exatidão dos demonstrativos contábeis’.
32. Essa conclusão é reforçada pelo inciso I do art. 50 LOTCU, que assim dispunha, antes de
ser revogado (grifamos):
Art. 50. No apoio ao controle externo, os órgãos integrantes do sistema de controle interno deverão
exercer, dentre outras, as seguintes atividades:
I – organizar e executar, por inciativa própria ou por determinação do Tribunal de Contas da União,
programação trimestral de auditorias contábil, financeira, operacional e patrimonial nas unidades
administrativas sob seu controle, enviando ao Tribunal os respectivos relatórios, na forma estabelecida
no Regimento Interno.
33. O inciso em causa foi revogado não para negar competência aos órgãos de controle
interno de realizar auditorias contábil e financeira, mas sim em razão de:
Razões do veto
A expressão “por determinação do Tribunal de Contas da União”, como colocada, dá a entender
claramente que os Sistemas de Controle Interno dos três Poderes ficarão expostos a uma hierarquia (do
TCU) indevida quanto às prerrogativas dos Poderes de planejar e executar as atividades que lhe são
afetas, estabelecidas na Lei Maior.
34. Ao proceder o exame dos atos de gestão de administradores e responsáveis, a competência
dos órgãos ou das unidades de auditoria interna que integram o sistema de controle interno dos
poderes da União para realizar auditorias contábil ou financeira é de caráter instrumental
básico. O controle da atividade financeira do Estado, incluindo a gestão do orçamento, dos bens
e valores é totalmente assentado em método contábil, sendo, pois, imprescindíveis tais
auditorias para certificar a exatidão e regularidade das contas. Veja-se, a propósito, as
disposições do Decreto 93872/1986 (grifamos):
Art. 131. Todo ato de gestão financeira, ou que crie, modifique ou extinga direito ou obrigação de
natureza pecuniária da União, será realizado por meio de documento hábil que o comprove e registrado
na contabilidade mediante classificação em conta adequada.
Art. 141. Todo aquele que, a qualquer título, tenha a seu cargo serviço de contabilidade da União é
pessoalmente responsável pela exatidão das contas e oportuna apresentação dos balancetes, balanços e
demonstrações contábeis dos atos relativos à administração financeira e patrimonial do setor sob sua
jurisdição.
Art. 142. A auditoria será realizada de maneira objetiva, segundo programação e extensão racionais,
com o propósito de certificar a exatidão e regularidade das contas, verificar a execução de contratos,
convênios, acordos ou ajustes, a probidade na aplicação dos dinheiros públicos e na guarda ou
administração de valores e outros bens da União ou a ela confiados.
§ 2º São elementos básicos dos procedimentos de auditoria o sistema contábil e a documentação
comprobatória das operações realizadas, a existência física dos bens adquiridos ou produzidos e os
valores em depósito.
35. A SFC/CGU, reconhecendo a sua competência de realizar auditorias contábil ou
financeira, no novo Manual de orientações técnicas da atividade de auditoria interna
governamental do Poder Executivo Federal (BRASIL, 2017b) traz, entre os tipos de avaliação
que podem ser realizadas pelas unidades de auditoria integrantes daquele órgão de controle
interno, a conduzida mediante auditoria:
Financeira ou de Demonstrações Contábeis: busca a obtenção e a avaliação de evidências a respeito
das demonstrações contábeis de um órgão ou de uma entidade para emitir opinião indicando se sua
apresentação está adequada e de acordo com os princípios contábeis. Tem como finalidade proporcionar
certeza razoável de que as demonstrações contábeis, portanto, são apresentadas em conformidade com
os princípios de contabilidade válidos para aquela unidade. (BRASIL, 2017b, p. 14).
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do Siafi e na aplicação das políticas, há, sim, o risco de distorções relevantes nas
demonstrações. Citam-se como exemplos, o reconhecimento de passivos com erro ou fraude, a
ausência de reconhecimento destes ou de despesas, a falta de mensuração ou avaliação
adequada dos ativos, entre tantos outros possíveis.
IV - CONCLUSÃO
41. Os estudos e aprofundamentos determinados no Acórdão 1.171/2017-TCU-Plenário (Min.
Rel. Walton Alencar Rodrigues) permitiram concluir que são legítimas, tanto em face do
ordenamento constitucional e legal quanto das normas nacionais e internacionais de auditoria,
as competências dos órgãos de controle interno ou de auditoria interna, que integram o sistema
de controle dos poderes da União, para atuar nas auditorias das demonstrações financeiras
consolidadas de governo, em apoio ao TCU, na forma de assistência direta ou de outros tipos de
trabalho de auditoria, com o propósito de apoiar o controle externo no exercício de sua missão
institucional. Contudo, será necessário que o TCU, como auditor externo independente do
grupo BGU, não só coordene e combine a natureza, época e extensão dos trabalhos, mas
também estabeleça procedimentos normatizados para dirigir, supervisionar e revisar o trabalho
executado pelos auditores internos (parágrafos 21 a 26 deste parecer).
42. Os estudos e aprofundamentos mencionados também permitiram concluir, tanto em face
do ordenamento constitucional e legal quanto das normas nacionais e internacionais de
auditoria, pela legitimidade da competência e poder-dever dos órgãos de controle interno ou de
auditoria interna, que integram o sistema de controle dos poderes da União, para realizar
auditorias contábeis ou financeiras nas contas dos responsáveis sob seu controle, emitindo
relatório, certificado de auditoria e parecer com opinião para atender as finalidades que lhe são
próprias, de apoiar o julgamento das contas anuais pelo TCU e a supervisão ministerial
(parágrafos 27 a 40)
43. Diante da finalidade legal que lhe é dada, o trabalho de auditoria contábil ou financeira
dos órgãos ou das unidades de auditoria interna que integram o sistema de controle interno dos
poderes da União, nas contas anuais, tem por objetivo específico certificar a exatidão e
regularidade das contas dos administradores e responsáveis, incluindo a exatidão dos
demonstrativos contábeis, para apoiar o julgamento do TCU e a supervisão ministerial, mas
não o de expressar uma opinião, como resultado de um trabalho de auditoria independente,
para aumentar o grau de confiança de usuários externos, especialmente, dos mercados
financeiro e de capitais (financiadores, investidores, agências de rating), alvos principais das
normas de auditoria independente, embora possa contribuir para isso (parágrafos 29 e 30).
V – PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
44. Ante o exposto, propõe-se o encaminhamento do presente parecer ao gabinete do Exmo.
Ministro Relator Walton Alencar Rodrigues, por meio da Segecex, com o objetivo de
proporcionar contribuições para a relatoria e apreciação do TC 014.828/2017-0 e uniformizar
entendimentos acerca das competências dos órgãos de controle interno ou das unidades de
auditoria interna, que integram o sistema de controle interno dos poderes da União, para
realizar auditorias financeiras ou contábeis.”
Por fim, o Secretário-Geral Adjunto de Controle Externo pontuou consenso entre a Semec
e a Secretaria de Administração quanto a alterar redação do encaminhamento referente exclusão de
qualquer referência à incompetência da auditoria interna em realizar auditoria financeira no âmbito da
Administração Pública:
“Trata-se de auditoria realizada pela Secretaria de Controle Externo da Administração do
Estado-SecexAdmin, a partir das determinações dos Acórdãos nº 3.608/2014-TCU-Plenário
(relator Aroldo Cedraz), e 1.171/2017-TCU-Plenário (relator Walton Alencar Rodrigues), com
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VOTO
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TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 18 de abril de 2018.
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1. Processo nº TC 014.828/2017-0.
2. Grupo I – Classe de Assunto V: Relatório de Auditoria
3. Interessados/Responsáveis: não há.
4. Órgãos/Entidades: Câmara dos Deputados (vinculador); Senado Federal (vinculador); Tribunal de
Contas da União (vinculador).
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Administração do Estado (SecexAdmin).
8. Representação legal:
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam do relatório de levantamento
realizado, nos termos do art. 238 do Regimento Interno do TCU, em cumprimento aos Acórdãos
3.608/2014 e 1.273/2015, 1.171/2017, todos do Plenário, com vistas a avaliar a auditoria interna dos
órgãos do Poder Legislativo Federal e do Tribunal e as respectivas competências e capacidades para
realizar auditorias financeiras,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do
Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, recomendar:
9.1.1. à Câmara dos Deputados que:
9.1.1.1. estabeleça política de gerenciamento de riscos em nível institucional, com o
objetivo de aumentar a capacidade do órgão para lidar com incertezas e contribuir para o uso eficiente,
eficaz e efetivo de recursos, bem como para fortalecer o planejamento da atividade de auditoria interna
executada pela sua Secretaria de Controle Interno;
9.1.1.2. avalie a conveniência e a oportunidade de a Mesa Diretora atuar de fato como
conselho de alta governança, nos termos estabelecidos no Regimento Interno da Câmara dos
Deputados e no Referencial Básico de Governança do TCU, com intuito de deliberar e aprovar de
forma permanente e sistemática o Plano Anual de Controle Interno (Paci) da Secretaria de Controle
Interno da Câmara, seus relatórios e pareceres, para garantir maior independência aos trabalhos de
auditoria interna.
9.1.2. à Secretaria de Controle Interno da Câmara dos Deputados que reavalie as lacunas
existentes para desenvolvimento de competências, com destaque para as auditorias sobre
demonstrações financeiras e avaliação de controles internos;
9.1.3. ao Tribunal de Contas da União que avalie a conveniência e a oportunidade de
constituir grupo de trabalho, por intermédio da Presidência, com o propósito de apresentar proposta de
regulamentação da forma de atuação do Plenário como instância máxima de governança da alta
administração TCU, conforme lhe faculta o artigo 16, inciso II, do Regimento Interno, com vistas a
deliberar sobre a aprovação do planejamento e acompanhamento das atividades de auditoria interna
baseada na análise de gerenciamento de riscos, a fim de conferir maior grau de independência aos
trabalhos da referida unidade de controle, nos moldes preconizados nas normas e padrões
internacionais;
9.1.4. à Secretaria de Auditoria Interna (Seaud/TCU) que:
9.1.4.1. aperfeiçoe o programa de garantia da qualidade dos seus trabalhos e inclua
autoavaliações ou avaliações internas periódicas com base em roteiro previamente estabelecido; e
9.1.4.2. avalie a conveniência e a oportunidade de incluir no universo de auditoria que
fundamenta a elaboração de seus planos anuais de fiscalização a realização de trabalhos em unidades
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Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA
Procuradora-Geral
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i Referencial Básico de Governança. Tribunal de Contas da União (TCU). Brasília/DF. Secretaria de Planejamento,
Governança e Gestão. Coordenação-Geral de Controle Externo dos Serviços Essenciais ao estado e das Regiões Sul e
Centro-Oeste. 2013.
ii Plano Estratégico do Tribunal de Contas da União (PET)
http://portal.tcu.gov.br/tcu/paginas/planejamento/2021/index.html
iii Dez passos para a boa governança. Tribunal de Contas da União. Brasília: TCU, Secretaria de Planejamento,
Governança e Gestão, 2014.
iv http://www.issai.org/en_us/site-issai/issai-framework/