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NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO

DIDÁTICA DO
ENSINO SUPERIOR
SUMÁRIO

MÓDULO 1- Conceito de Didática

1.1 Histórico da Didática: Jan Amos Komensky ou Comenius (1592-


1670)

1.2 O Histórico da Didática e seu caráter pedagógico

1.3 As Fases Naturalista-Essencialista, Psicológica e Experimental

MÓDULO 2 - Teorias e Correntes Pedagógicas: Abordagens do


processo ensino-aprendizagem

2.1 Perspectivas de José Carlos Libâneo e Juan Bordenave

2.2 Perspectivas de Demerval Saviani

2.3 Perspectivas de Maria Mizukami


Didática do Ensino Superior

MÓDULO 3 - Natureza e Conteúdos da Didática

3. 1 Didática, Metodologias Específicas das Disciplinas e Prática de


Ensino
MÓDULO 4 – O Trabalho Docente

4.1 O Ensino para o Desenvolvimento Humano

4.2 As Políticas Atuais para a Formação dos Profissionais da


Educação

MÓDULO 5 –Didática, Organização e Gestão escolar

5.1 A Dimensão Pedagógica: Questões Didáticas

5.2 A Prática Pedagógica

5.3 Didática e Ética

MÓDULO 6 – Formação pedagógica e a construção de um novo


perfil para docentes

Didática do Ensino Superior


6.1 Planejamento e Conteúdo

6.2 Educação e Ensino na Contemporaneidade


MÓDULO 1 - Conceito de Didática

Carlos Eduardo Damian Leite


Disciplina: Didática do Ensino Superior
Módulo 1 – Conceito de Didática
Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2016.
Guia de Estudos – Módulo 1 – Conceito de Didática.
1.Didática 2. Educação 3. Ensino Aprendizagem.

Faculdade Campos Elíseos

Didática do Ensino Superior


Conversa Inicial

Neste primeiro módulo da disciplina “Didática do Ensino Superior”, serão


elucidadas a origem e fundamentação da Didática, as tendências e práticas
condizentes com esta área, os enfoques positivista, tecnicista e construtivista,
assim como as técnicas didáticas em função da aprendizagem.

Iniciaremos então nossa trajetória de estudos!

Bons Estudos!

Didática do Ensino Superior


1.1 Origem e Fundamentação da Didática

Entre os séculos XVI e XVII, a produção feudal da Idade Média era aos
poucos superada por uma nova e poderosa classe socioeconômica, que
impulsionou e modificou os meios de produção, em função de um sistema
baseado na cooperação, precursor do denominado trabalho em série do século
XX, apresentado por meio de atos coletivos.

As técnicas, artes e estudos permitiram ao homem um maior domínio


sobre a natureza, bem como uma desconfiança em torno de tudo o que havia
sido feito até então. Tais questionamentos fizeram surgir métodos de
investigação nas mais variadas ciências, tais como Matemática, Astronomia,
Geografia, Medicina, Ciências Físicas e Biologia.

Francis Bacon (1561-1626) é considerado o fundador do método


científico moderno. O filósofo ofereceu às ciências um ordenamento
diferenciado e inovador, por meio do método indutivo de investigação (oposto
ao método dedutivo de Aristóteles), propondo a distinção entre fé e razão, para
que a sociedade pudesse evitar preconceitos que distorcem, a partir da
religião, a compreensão efetiva da realidade. Didática do Ensino Superior
Os princípios de Bacon foram reforçados por René Descartes (1596-
1650), que escreveu, em 1637, o “Discurso do Método”, no qual apresentava
as etapas necessárias ao estudo e à pesquisa, criticando o ensino humanista e
propondo o modelo de ciência perfeita como sendo a Matemática.

Com relação à Filosofia, Descartes realizou uma pontuação dualista, ou


seja, resumiu sua essência a uma relação entre o pensamento e o ser, com
base
na crença total da razão humana. Propôs então um método novo, científico, por
meio do qual se poderia obter o conhecimento relativo ao mundo, substituindo-
se a fé pela ciência de modo definitivo.

Assim, surge a máxima de Descartes: “penso, logo existo”, expressão


que simboliza a tendência deste pensador em trabalhar com ideias voltadas
para a razão como pressuposto para a existência humana. Torna-se, desde
então, o pai do racionalismo, apresentando os quatro grandes princípios do
método científico:

1) Jamais acolher alguma coisa como verdadeira se não a conhecesse


evidentemente como tal, evitando-se a precipitação e a prevenção a
incluir uma verdade em juízo que não pudesse ser questionada;

2) Dividir cada uma das dificuldades em um número de parcelas


necessárias para sua melhor resolução;

3) Conduzir os pensamentos ordenadamente, com início pelos objetos


mais simples e fáceis de compreender, subindo gradativamente aos
conhecimentos mais complexos;

Didática do Ensino Superior


4) Fazer a todo momento enumerações completas e revisões gerais de
conteúdos, de forma que nada seja omitido.
O pensar é realmente uma premissa à existência do ser
humano?

Vinte anos após a publicação da obra de René Descartes, Johannes


Amos Comenius (1592-1670) elaborou um método com fins pedagógicos,
publicado na “Didática Magna” (1657), a fim de que se pudesse preparar o ser
humano para ensinar com rapidez, economia de tempo e energia.

A ideia principal de Comenius era a de que, ao invés de se ensinar com


palavras, tidas por ele como “sombras das coisas”, a escola deveria se esforçar
pelo prevalecimento do ensino voltado ao conhecimento das coisas. Desta
forma, pode-se considerar que o pensamento pedagógico moderno era
pautado pelo realismo.

A pedagogia realista, por sua vez, veio de encontro ao formalismo


humanista, apontando que o domínio do mundo exterior era superior ao
domínio do mundo interior, destacando-se assim a premissa de que as coisas
eram supremas diante das palavras.

Foi desenvolvida a paixão pelo mundo natural, a partir das ideias de


Francis Bacon, como também a predileção pelo mundo da razão, com base
Didática do Ensino Superior
nas considerações de René Descartes. Nesse sentido, a tendência da
educação foi tornar-se essencialmente científica, com um direcionamento do
conhecimento como válido apenas se preparava o indivíduo para a vida.

A ascensão das ciências naturais logo despertou o interesse humano


pelos estudos científicos e o abandono progressivo do estudo de autores
considerados até então como clássicos e das línguas grega e latina. A moral e
a política deveriam também ser modeladas pelas ciências da natureza.
A educação não era mais analisada enquanto meio de aperfeiçoamento
do ser humano, mas tanto o desenvolvimento educacional quanto o científico
possuíam um fim em si mesmos. O saber foi tido como poder, principalmente
de domínio sobre a natureza. Segundo Bacon, “saber é poder”, sendo este o
filósofo que dividiu as ciências em: ciência da memória (histórica), ciência da
imaginação (poética) e ciência da razão (filosófica).

Johannes Amos Comenius é ainda hoje considerado o grande educador


e pedagogo moderno, sendo um dos maiores reformadores de seu contexto
histórico e sociocultural. Foi pioneiro ao propor um sistema articulado de
ensino, reconhecendo o direito reservado a todos os homens com relação à
aquisição do saber.

Para Comenius, a educação deveria ser um elemento permanente na


existência humana, ocorrendo ao longo de sua existência. Isto porque,
segundo o próprio, a educação do homem nunca termina. Sua formação é tão
duradoura quanto a sua própria vida.

A proposta de Comenius para a organização do sistema educacional era


de 24 anos, correspondendo a quatro tipos de escolas: a escola materna (0 a 6
anos); escola elementar ou vernácula (6 aos 12 anos); a escola latina ou
ginásio (12 a 18 anos) e a academia ou universidade (18 a 24 anos).

Era ainda proposto que em cada família deveria existir uma escola
materna, em cada município ou aldeia uma escola primária, em cada cidade Didática do Ensino Superior
um ginásio e em cada capital, uma universidade. O ensino seria unificado,
ficando a escola materna responsável pelo cultivo dos sentidos e do saber
falar; a escola primária desenvolveria a língua materna, a leitura e a escrita; o
ginásio desenvolveria o estudo das ciências e a universidade, trabalhos
práticos e viagens.
Seriam válidas as propostas de Comênio para a Pedagogia
atual?

Síntese

As técnicas, artes e estudos permitiram ao homem um


maior domínio sobre a natureza, bem como uma
desconfiança em torno de tudo o que havia sido feito até
então. Bacon é considerado o fundador do método
científico moderno, por meio do método indutivo de
investigação, propondo a distinção entre fé e razão.
Descartes realizou uma pontuação dualista, ou seja,
resumiu sua essência a uma relação entre o pensamento e
o ser, com base na crença total da razão humana.
Didática do Ensino Superior
Comenius, autor da “Didática Magna”, foi pioneiro ao
propor um sistema articulado de ensino, reconhecendo o
direito reservado a todos os homens com relação à
aquisição do saber, ao longo de 24 anos, por meio das
escolas materna, elementar, latina e a academia.
1.2 Tendências e Práticas Didáticas

A tendência de pensamento positivista na Pedagogia foi uma


consolidação da concepção de educação por parte da burguesia. Desde o final
do século XVIII, houve um antagonismo por parte do movimento socialista e
popular, de um lado e do movimento elitista burguês, do outro. No século XIX,
essas tendências são renomeadas de, respectivamente, marxismo e
positivismo, representadas por Karl Marx (1818-1883) e Auguste Comte (1798-
1857).

A obra de Comte que trouxe à tona os preceitos do Positivismo (também


chamado de Teoria Positiva) foi “Curso de Filosofia Positiva”, publicado entre
1830 e 1842, em seis volumes. Na primeira parte de sua vida se esforçou por
transformar a ciência em filosofia, para então transformar a filosofia em religião.

Para Comte, a verdadeira ciência seria capaz de oferecer uma visão


analítica de todos os fenômenos, inclusive os de natureza humana, a fim de
que pudessem ser considerados fatos. As ciências da natureza e as ciências
humanas deveriam se afastar de qualquer preconceito ou pressuposto
ideológico, sendo neutras a ponto de se tornarem positivas.

O Positivismo, portanto, representava uma doutrina que consolidaria a


Didática do Ensino Superior
ordem pública, desenvolvendo nas pessoas uma sábia resignação ao seu
status quo – situação em que se encontram no contexto em que se inserem, no
momento atual de análise.

Tal tendência ganha força com o desenvolvimento da “sociologia da


educação”, na qual o Positivismo negava a especificidade metodológica das
ciências sociais em relação às naturais, de forma que fossem identificadas e
categorizadas – por exemplo, a pedagogia seria uma teoria de “prática social”.
O cenário educacional nacional apresenta uma educação constituída por
tendências liberais, sendo em momentos distintos conservadora e renovada,
onde as tendências manifestam se nas práticas escolares e na pedagogia de
muitos profissionais docentes, embora sem que os mesmos percebam tal
influência.

Em tal pedagogia, a escola tem o papel de preparar os indivíduos para a


vida em sociedade, considerando as habilidades individuais de cada um, onde
os indivíduos precisam aprender e adaptar-se à sociedade de classes,
desenvolvendo sua própria cultura, sendo a mesma um processo de
reprodução de saberes.

Com foco específico voltado à Teoria Tecnicista, que consiste em


subordinar a educação às necessidades sociais, tendo como função principal
preparar de "recursos humanos", ou seja, mão-de-obra para indústrias. Sabe-
se que a sociedade industrial e tecnológica possui metas econômicas, sociais e
políticas, onde então a educação treina os alunos para que os mesmos possam
cooperar com tais metas, onde a escola funciona como uma modeladora para o
comportamento humano onde as relações entre professor e aluno são objetivas
para a construção do processo de ensino aprendizagem e os conteúdos são
técnicos de acordo com a necessidade de cada curso.

Nesse sentido os conteúdos trabalhados são apenas técnicas que


possam gerar mão de obra qualificada, desconsiderando inúmeros fatores,
Didática do Ensino Superior
sendo a tecnologia o alvo de tal teoria, garantindo com tais processos de
ensino aprendizagem um bom funcionamento da sociedade tendo a educação
como recurso tecnológico, dando um enfoque sistêmico.

Por sua vez, pode ser considerada a Teoria Construtivista, oriunda da


Escola Nova, com base em preceitos desenvolvidos pelos teóricos da
educação, em função de métodos que atendessem às exigências da sociedade
contemporânea, motivados pelo processo de ensino aprendizagem
significativo.
Pode ser citado o exemplo da médica italiana Maria Montessori (1870-
1952), que direcionou os métodos empregados na recuperação de crianças
com necessidades especiais para com os alunos tidos como normais.
Desenvolveu uma enorme quantidade de materiais pedagógicos e jogos, que
ficavam à disposição na Casa dei Bambini.

A ideia central do método de Montessori era a construção de um


ambiente escolar com objetos pequenos, para estimular o pleno domínio da
criança sobre os mesmos. Por meio dos sentidos, as crianças eram induzidas a
explorar cores, formas, texturas e espaços, em técnicas como a “lição do
silêncio” (domínio da fala) e a “lição da obscuridade” (educação das
percepções auditivas).

Também pode ser considerado na Teoria Construtivista a participação


relevante de Jean Piaget (1896-1980), investigou a natureza do
desenvolvimento da inteligência na criança. Destacou ainda a importância de
uma “pedagogia experimental”, a fim de que fossem respeitadas as etapas
específicas do desenvolvimento da criança.

Para Piaget, o objetivo maior da educação não deve ser repetir ou


conservar verdades acabadas, mas aprender por si próprio a conquista do
verdadeiro. A escola deve então ser ambiente de apropriação do saber, sendo
ela democrática e parte integrante dos processos sociais. A educação deve ser
mediadora, preparando o aluno para a socialização, enquanto ser atuante.
Didática do Ensino Superior
Os conteúdos trabalhados são universais, considerando a realidade dos
alunos, destacando os saberes culturais, utilizando-se de métodos que
compreendam a ação e compreensão, a ação e síntese, unindo teoria e
prática, onde o professor participa como coautor dos processos de ensino-
aprendizagem, para que ocorra de forma significativa.
Síntese

A Teoria Positiva reflete a concepção de Auguste


Comte, para quem a verdadeira ciência seria capaz
de oferecer uma visão analítica de todos os
fenômenos, inclusive os de natureza humana, a fim
de que pudessem ser considerados fatos. A Teoria
Tecnicista consiste em subordinar a educação às
necessidades sociais, tendo como função principal
preparar de "recursos humanos", ou seja, mão-de-
obra para indústrias. Já a Teoria Construtivista,
oriunda da Escola Nova, apresentava como base os
preceitos desenvolvidos pelos teóricos da educação,
em função de métodos que atendessem às
exigências da sociedade contemporânea, motivados
pelo processo de ensino aprendizagem significativo.

Didática do Ensino Superior


1.3 Enfoques da Didática

Pode-se definir a instituição escolar, segundo Paro (2000), enquanto


âmbito sociocultural que desenvolve conteúdos com base em valores e
realizações da sociedade em que está inserida. A função do professor volta-se
à atenção para com estas questões, a fim de que se promova, em sala de aula,
o aprendizado e a utilização de recursos que remetam o aluno ao seu
cotidiano. Este processo constitui a verdadeira “práxis” educacional (união
entre teoria e prática).
A educação vem passando por um processo lento e gradativo de
transformação, tentando construir uma identidade, definir seu papel perante a
sociedade moderna e se preparar para atender os alunos do século XXI. As
contribuições da comunidade, especificamente aquelas que vêm da relação
que a escola estabelece com os familiares de seus alunos, são passíveis de
análise, à medida que se constata a importância e o uso das expectativas
deste público como norteadoras das ações educacionais.

A dificuldade, entretanto, da efetiva construção dessa relação, de uma


maneira que proporcione condições de igualdade na relação das duas
instituições, isto é, estabelecendo-se uma parceria, onde a participação dos
pais seja real – diferente daquela participação onde enviam uma contribuição
mensal, colaboram comprando rifas, ou vêm à escola para ouvirem a
professora contar das inúmeras dificuldades dos filhos. Tais afirmações são
presentes quando se analisa o paralelismo entre as duas instituições, rompidos
por raros e frágeis pontos de intersecção.

Considerando-se a necessidade primordial que a família possui como


base psicológica e sociocultural, faz-se fundamental a ação de colocá-la como
face agente da instituição de ensino. Para que as realizações pedagógicas
sejam efetivadas pelo que é transmitido no lar, em meio aos pais, irmãos e
familiares, cuja contribuição é, de fato, valiosíssima para que seja trabalhada a
autoestima e a possibilidade de o aluno ser incluído de modo efetivo na
interação com os colegas e nas ações escolares.

Neste sentido surge uma acomodação, já que a instituição segue as Didática do Ensino Superior
realizações que lhe são tradicionais, sem buscar a participação familiar efetiva,
com isso deixando de lado a integração que se faz necessária, no sentido de
aproximar a comunidade do âmbito educacional: “Parece haver, por um lado,
uma incapacidade de compreensão por parte dos pais (...); por outro lado, uma
falta de habilidade dos professores para promoverem essa comunicação”
(PARO, 2000, p. 68).
Assim, deve ser considerada a atuação dos professores,
complementada pelo apoio da gestão escolar, para que a devida interação com
as famílias possa ser promovida, em torno do bem comum que vem a ser o
aprendizado realizado de maneira eficaz, com conteúdos relacionados à prática
exigida pela vida cotidiana do educando.

No ambiente escolar, as realizações pertinentes às dimensões


pedagógica, política e administrativo-financeira se desenvolvem por meio de
processos interligados. O currículo muitas vezes prioriza teorias que não vem
ao encontro de competências que um cidadão precisa hoje para agir em
sociedade – dentre elas, a interação social, garantida pela escola quando esta
se propõe a ser um espaço de integração entre alunos, familiares e a
comunidade em geral.

Como tornar efetiva a participação dos públicos escolares no


processo de ensino aprendizagem?

A gestão participativa propõe questões que vão ao encontro da desejada


autonomia, de acordo com as concepções de Freire (2002), que apontava a
educação como forma de aquisição de um olhar crítico diante da sociedade, Didática do Ensino Superior
das desigualdades. Desta forma, adquire o aluno autonomia o suficiente para
verificar tais questões e, consequentemente, propor mudanças voltadas à
construção igualitária das realizações socioculturais.

Verifica-se também a tendência de que os professores atuem em prol de


que a família complete a educação oferecida na escola, principalmente
auxiliando as crianças nos deveres escolares, o que ele denomina como “uma
continuidade de mão única”. Paralelamente a este procedimento, espera-se
que os pais, embora cheguem a conceber a escola como “segunda família”,
possam perder “a timidez diante dos professores, o medo da reprovação dos
filhos e a distância que sentem da cultura da escola (...)” (PARO, 2000, p. 33).

Paro (2000) aponta ainda a existência de uma “duplicidade discursiva”,


já que a família demonstra que possui preocupação e desejo de envolver-se
com os assuntos escolares. Por outro lado, os discursos dos educadores
demonstram o interesse na participação dos pais em situações que acontecem
fora dos muros da escola, como o auxílio nas tarefas de casa.

Contudo, verifica-se que os professores apresentam, constantemente,


uma insegurança de que haja interferência em procedimentos como avaliação,
definição de calendário e currículos escolares, sendo que é comum que o
corpo docente acabe ofertando possibilidades de participações restritivas, ou
exigindo um conhecimento que os pais não possuem, acabando por afastar a
família.

Segundo Paro (2000), pode-se afirmar que, além de problemas como


professores mal formados e outros, a escola tem falhado, principalmente,
“porque que não tem dado a devida importância ao que acontece fora e antes
dela, com seus educandos” (p. 15). E como ponto de partida para a busca de
uma solução para tal realidade, articula sua pesquisa, “(...) com a preocupação
de estudar formas organizacionais mais adequadas de integração dos pais a
propósitos escolares de melhoria de ensino (...)” (p. 17).

Para tanto, é necessário ter a habilidade de integrar e motivar toda a Didática do Ensino Superior
equipe para garantir o êxito de tais processos. Isso significa que a liderança
exercida pelo gestor irá influenciar na condução dos processos de trabalho e,
consequentemente, nos resultados esperados para a escola na gestão
democrática.
Síntese

A função do professor no contexto atual volta-se à


atenção para com as questões sociais e culturais, a fim
de que se promova, em sala de aula, o aprendizado e a
utilização de recursos que remetam o aluno ao seu
cotidiano. Este processo constitui a verdadeira “práxis”
educacional (união entre teoria e prática). A educação
vem passando por um processo lento e gradativo de
transformação, tentando construir uma identidade,
definir seu papel perante a sociedade moderna e se
preparar para atender os alunos do século XXI. Assim,
deve ser considerada a atuação dos professores,
complementada pelo apoio da gestão escolar, para que a
devida interação com as famílias possa ser promovida,
em torno do bem comum que vem a ser o aprendizado
realizado de maneira eficaz, com conteúdos
relacionados à prática exigida pela vida cotidiana do
educando.
Didática do Ensino Superior
1.4 Técnicas Didáticas e a Aprendizagem

Surgem para o profissional docente novos desafios, à medida que são


reconhecidos novos espaços de aprendizagem. Deste modo, o processo de
ensino aprendizagem se efetiva além dos muros escolares, gerando a
ampliação deste processo educacional em um contexto multidisciplinar, bem
como as possibilidades para pedagogos e profissionais da educação.

A quebra de paradigmas se faz fundamental em meio aos pensamentos


voltados para a inserção dos alunos em outros espaços educacionais, além da
própria escola. Neste aspecto, o pedagogo e o profissional da educação são
fundamentais para que tal rompimento ocorra, gerando a construção de um
novo modelo sociocultural.

A partir da compreensão das relações humanas e profissionais, bem


como os anseios da sociedade, a educação pode reformular conceitos postos
como imutáveis, voltando o foco da educação para ações baseadas na
reflexão, na crítica e na inovação.
Didática do Ensino Superior
Os responsáveis por se organizar a educação de um modo
multidisciplinar e em lugares públicos, além dos limites escolares, terão a
ousadia de mudanças, bem como a iniciativa para encontrar espaços para
saberes inéditos. Portanto, tal renovação de conceitos irá oportunizar espaços
educativos em todos os lugares das cidades, nos quais diferentes pessoas se
reunirão com o objetivo de gerarem novas realidades educacionais, a partir da
qual surgirão cidadãos conscientes de seus deveres e potencialidades.
O ideal em torno de uma gestão democrático-participativa é o incentivo
por parte do coordenador, não apenas para a realização de atividades, mas
para que as ideias sejam desenvolvidas de um modo comum entre escola e
família, para que as expectativas desta sejam atingidas pelo planejamento e
execução das realizações escolares. Pais, familiares e alunos são parte da
sociedade moderna, em meio aos avanços tecnológicos, onde as pessoas
precisam muito mais do que apenas os saberes, que as escolas defendem e
julgam como suficientes: precisam de maneiras diversificadas de participar
ativamente do processo educacional como um todo.

Do mesmo modo, os gestores dos sistemas de ensino encontram-se


influenciados por fatores externos e internos: “os externos são fatores de
ordem social, econômico-cultural, científica e tecnológica; os internos estão
relacionados ao desenvolvimento do conhecimento sobre o processo
educativo” (PARO, 2000, p. 46).

De acordo com Saviani (1991, p. 21 apud GADOTTI, 2000, p. 148), a


escola lida com uma realização muito mais complexa, voltada à “produção de
ideias, conceitos, valores, símbolos, hábitos, atitudes e habilidades”. Isto é, o
foco na instituição escolar tende a ser a produção de saber, por meio da
análise crítica das informações disponíveis pelas tecnologias digitais,
desenvolvendo-se deste modo um olhar discente atento à formação de ideias,
opiniões e um indivíduo voltado ao desenvolvimento de competências e
formação de atitudes.

Na verdade, o ponto chave da gestão democrático-participativa é Didática do Ensino Superior


garantir que os interessados no desenvolvimento integral dos discentes
possam acompanhar e participar, efetivamente, de toda e qualquer decisão ou
acontecimento promovido pela instituição de ensino (FREIRE, 2002).

O gestor auxilia a docência, segundo Saviani (1991, p. 21 apud


GADOTTI, 2000, p. 151) à medida que entende o bom funcionamento da
escola e tem clareza em relação às razões que a instituição que dirige possui
como centrais, bem como os papéis do professor e do educando em meio ao
trabalho educativo.
Se o foco da função de gestor deve ser a educação, logo ele deve estar
“comprometido com a qualidade educativa, deve ser antes de tudo um
educador; antes de ser um administrador ele é um educador”.

Este pensamento aponta elementos que são indispensáveis aos centros


educacionais, visto que ideias e atitudes que se baseiam na constante
inovação, bem como na interferência construtiva daqueles que são, direta ou
indiretamente beneficiados pelo processo de ensino-aprendizagem, garantindo-
se assim a renovação de valores em prol do desenvolvimento institucional e,
principalmente, humano.

No contexto contemporâneo de desenvolvimento, é relevante destacar o


papel do pedagogo e demais profissionais da educação em meio às
realizações do âmbito escolar. A atuação daqueles que lidam com a educação
devdesenvolver um pensamento voltado para a possibilidade de se educar fora
do ambiente educacional, fazendo com que seja efetiva a aprendizagem de
conhecimentos, habilidades e atitudes.

É possível que a educação seja efetivamente reconhecida


como autêntica fora do ambiente escolar?

Didática do Ensino Superior


Síntese

A quebra de paradigmas se faz fundamental em meio aos


pensamentos voltados para a inserção dos alunos em outros
espaços educacionais, além da própria escola. Neste aspecto,
o pedagogo e o profissional da educação são fundamentais
para que tal rompimento ocorra, gerando a construção de um
novo modelo sociocultural. Este pensamento aponta
elementos que são indispensáveis aos centros educacionais,
visto que ideias e atitudes que se baseiam na constante
inovação, bem como na interferência construtiva daqueles
que são, direta ou indiretamente beneficiados pelo processo
de ensino-aprendizagem, garantindo-se assim a renovação de
valores em prol do desenvolvimento institucional e,
principalmente, humano.

Considerações Finais

Finalizando o módulo 1, esperamos que você tenha compreendido a Didática do Ensino Superior
origem e fundamentação da Didática, as tendências e práticas condizentes
com esta área, os enfoques positivista, tecnicista e construtivista, assim como
as técnicas didáticas em função da aprendizagem.
MÓDULO 2 - TEORIAS E CORRENTES PEDAGÓGICAS:
ABORDAGENS DO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM

Sofia Lara Todão Szenczi

Disciplina: Didática do Ensino Superior


Módulo 2 – Teorias e Correntes Pedagógicas: abordagens
do processo ensino e aprendizagem
Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2016.
Guia de Estudos – Módulo 2 – Teorias e Correntes
Pedagógicas: abordagens do processo ensino e
aprendizagem.
1.Ideias Pedagógicas 2. Teorias e Correntes Pedagógicas
3. Processo Ensino Aprendizagem.

Faculdade Campos Elíseos

Didática do Ensino Superior


Conversa Inicial

Neste segundo módulo, serão elucidadas as definições de Teorias e Correntes


Pedagógicas, que nos dias atuais norteiam a prática e os processos de ensino
aprendizagem. Onde teoria e prática são estudadas para que o profissional
docente possa alcançar a “práxis” em sua atuação docente, considerando as
particularidades de cada indivíduo e concluindo de modo satisfatório os
objetivos contidos nos processos educacionais

Iniciaremos então nossa trajetória de estudos!

Bons Estudos!

Didática do Ensino Superior


2.1 O Início das Ideias Pedagógicas

Descrever Conceitos ou Ideia Pedagógicas sem adentrar ao campo da


Filosofia é algo que possamos considerar impossível, uma vez que toda a
realidade conhecida ou desconhecida surgiu primeiramente no pensamento
humano sendo que devemos salientar a essência humana para a criação do
desenvolvimento histórico e sócio cultural da humanidade.

A Filosofia consiste no processamento das ideias, onde o pensamento


racional junta-se à reflexão das ações dos indivíduos, criando conceitos e
ideias que influenciam diretamente na existência humana.

Na Grécia Antiga, anteriormente ao pensamento reflexivo, tinham por


fontes históricas: os escritos de Homero, a Ilíada e a Odisseia, organizando a
sociedade em questão no sistema gentílico, que formava-se entre pessoas que
tivessem ligações religiosas ou de nascimento.

No século V a.C., período clássico da história grega, através dos sofistas


iniciou-se a análise da sociedade, tendo como ponto de partida a reflexão
antropológica tendo como base o homem e sua essência, englobando
questões morais e políticas.
Didática do Ensino Superior
Para Aranha e Martins (1993), legitimaram o ideal democrático e a
participação efetiva do cidadão nas decisões da polis (centro das cidades-
estados gregas).

Contudo, o centro da Filosofia Grega e Ocidental centra-se em Sócrates


(470-399 a.C.), sendo o mesmo pensador contemporâneo dos sofistas é a dele
que são estabelecidos os períodos pré-socrático, socrático (ou clássico) e pós-
socrático.
Embora os sofistas tivessem suas reflexões tendo o indivíduo enquanto
base os primeiros filósofos pré-socráticos, tinham como base de suas reflexões
a natureza e seus fenômenos, buscando pelo princípio de todas as coisas,
busca que chamaram de arché, enquanto os sofistas chamavam sua busca
Arete, com base na virtude humana.

Quando pensamos em Ideias Pedagógicas, logo fazemos conexões com


a essência humana e suas habilidades e competências, nesse sentido quando
buscamos compreender a ligação entre a Pedagogia e aos primórdios da
Filosofia logo nos remetemos ao fato de que os sofistas eram grandes mestres
da arte política, onde a retórica era tida como instrumento de tal processo,
sendo a mesma uma das habilidades que mais destacam-se no processo de
ensino aprendizagem, em que professor e aluno devem manter um constante
diálogo para que tal processo se efetive. Ressaltando que os sofistas faziam
criticas a Sócrates e Platão, devido ao fato dos mesmos demonstrarem
extrema preocupação com o padrão formal de exposição das ideias.

Em “A República”, Platão (428-347 a.C.), tendo como principal


interlocutor se mestre Sócrates, desenvolveu suas ideias tendo a política como
base, sendo que a valorização da reflexão filosófica o leva a conceber em sua
obra o conceito de “sofocracia” (“governo da sabedoria”), como modelo
satisfatório de política.

Em contraponto Aristóteles (384-322 a.C.), que foi discípulo de Platão,


Didática do Ensino Superior
nos trás um pensamento crítico a respeito da “sofocracia” de seu mestre como
algo utópico, segundo o mesmo uma forma de autoritarismo exercido pelos
sábios. Pensava que o poder não deveria estar concentrado em uma minoria
da sociedade e sim com todos os indivíduos, buscando a satisfação dos
mesmos com base na ética.

Ao analisar a importância de tais conceitos no contexto educacional,


tendo como base a formação de cada indivíduo, conclui-se que as ideias de
tais filósofos foram a base para a formação de conceitos políticos, a morais e a
éticos, considerados fundamentais para o convívio em sociedade em todos os
tempos.

Segundo Aranha e Martins (1993), a Filosofia Ocidental tem como


principais fontes os pensadores da Grécia Antiga, destacando se três deles
com as seguintes premissas: Sócrates –questionamento constante –, Platão –
dualidade entre o real e o metafísico - e por fim Aristóteles, com a lógica por
guia do ato reflexivo.

Aos pensarmos na premissa de Sócrates era “só sei que nada sei”, onde
a partir dela eram realizados questionamentos constantes a indivíduos
desconhecidos, para que os mesmos pudessem compreender que através de
tais questionamentos é que poderiam alcançar determinadas explicações para
que compreendessem a realidade.

Pelas concepções de Platão, o real/físico e o metafísico são


considerados através da reflexão, sendo que a matéria se sobrepõe ao espírito,
onde o filósofo acreditava que a alma é aprisionada ao corpo, inclusive em sua
potencialidade além da humanidade, desenvolvendo também ideias voltadas à
concepção da ética, referindo-se a vícios e virtudes, estimulando o equilíbrio
em ações voltadas ao convívio social, ligadas à conduta humana,
individualmente ou de forma coletiva.

Aristóteles por sua vez, nos trás o conceito do pensamento lógico, tendo
o homem enquanto “animal social” e um modo de pensamento que
posteriormente seria seguido pela Filosofia Moderna.
Didática do Ensino Superior
Sua lógica resume-se ao silogismo, que consiste em ideias que se
relacionam, segundo Aranha e Martins (1993): “Todo humano é mortal.
Sócrates é humano. Logo, Sócrates é mortal”, sendo que tal lógica pode
abranger temas mais complexos que podem trazer erros simplesmente pelo
fato de usar a razão de modo abrangente.
Seria então a verdade pautada em ideias tendo ligação à
essência humana?

Síntese

As concepções dos filósofos gregos nos trazem a


necessidade do questionamento e da reflexão nos
processos de ensino aprendizagem, onde o despertar
pelos saberes, surgem através da dúvida e da busca
pela resolução das inquietações humanas. Sendo que
tais concepções podem ser aplicadas à educação como
base para que a realidade seja investigada e os
indivíduos possam ter uma formação de saberes
efetivos.

A Filosofia Oriental possui também sua contribuição para a formação Didática do Ensino Superior
das ideias pedagógicas, considerando a contribuição do filósofo chinês
Confúcio (gerador do Confucionismo), que em seus diálogos elucidou diversos
fatores relacionados aos indivíduos e suas relações.

Em sua obra era constante a busca pela ética, promovendo a igualdade


e o compromisso social tendo, por exemplo, o político como espelho para a
sociedade destacando que o governante deveria se responsabilizar pelo bem
bem-estar do povo.
Na educação, Confúcio contribuiu com a ideia de que o comportamento
ético deve ser fundamental na existência humana enquanto ser social, para
que o mesmo possua consciência enquanto cidadão para com o público
discente, considerando que os seres humanos se diferenciam dos demais
seres vivos, devido aos aspectos culturais e o modo de interpretação do mundo
em que a representação simbólica de tudo que os cercam é utilizada.

A utilização da simbologia significa que os seres humanos possuem


noção própria sobre seu entorno, sendo a respeito de objetos, fenômenos
naturais, dentre outros e tais seres se expressam por meio de uma ação
específica: a fala, fato esse que vimos anteriormente nesse módulo.

A fala é um aspecto único e exclusivo da cultura dos seres humanos,


sendo a linguagem a porta de entrada para que o indivíduo possa atribuir
significados à tudo em sua volta e em conjunto com a imagem a ação de falar,
dá espaço a característica mais importante nos processos de aprendizagem de
tais seres: a imaginação.

Podemos ao estudar os conceitos pedagógicos atrelados ao


desenvolvimento humano compreender que tal espécie tem em sua essência o
questionamento que se faz constante e variado, surgindo desde o inicio de
nossa existência e tornando se mais constante junto ao desenvolvimento da
fala e nesse processo são criadas explicações por meio da virtualização das
ideias, em que os indivíduos constroem verdades e as expressam através da
Didática do Ensino Superior
cultura oral.

Para Campbell (2005), a cultura oral compreende a forma pela qual os


conhecimentos são transmitidos através da fala, de geração para geração,
sendo a forma pela qual, muitos registros históricos, filosóficos e culturais
puderam ser mantidos até os dias atuais. Surgem, a partir dessa cultura, as
mitologias, compreendendo formas fantásticas de explicação para os
fenômenos naturais e as realizações humanas.
A Filosofia surgiu da análise do convívio entre os seres humanos, seja
em sociedade ou em relação à natureza, buscando compreender quais valores
poderiam contribuir para o bem comum, tais valores pautariam se na ética para
que fossem assim determinados e propagados como valores positivos e
relevantes.

A palavra Ética provém do grego ethos = conduta, comportamento,


sendo um conjunto de normas sociais que orientavam (e orientam) o homem
em seu meio social a se portar de modo a não prejudicar a si mesmo e aos
demais, no equilíbrio entre vícios e virtudes, de acordo com os preceitos
platônicos ou ainda orientados, para a felicidade individual e coletiva, de acordo
com a ética apontada por Aristóteles (ARISTÓTELES, 2006).

A Filosofia deu espaço para que o pensamento racional acontecesse,


onde a razão tivesse destaque sobre as explicações fantásticas, antes geradas
pela imaginação, tidas então por meio da observação e realização de
experiências para com acontecimentos da natureza e realizações do homem,
trazendo então uma colaboração significativa para que o ser humano assimile
suas concepções sobre os objetos, seres e fenômenos ao seu redor.

Nesse sentido, podemos compreender que o pensamento racional e


empírico se contrapôs a fantasia, tendo o questionamento pautado na razão
como base para reflexões e a mesma guiasse os saberes para que, como
ocorreu na época, a partir dos questionamentos filosóficos, diversos áreas de
Didática do Ensino Superior
conhecimento surgissem.

A Pedagogia seria, portanto, o modo de ensinar os conhecimentos


gerados através dos questionamentos filosóficos, uma vez que a filosofia
gerava saberes e a pedagogia consiste na ciência que nortearia os processos
de ensino aprendizagem, buscando meios para que o profissional docente
obtivesse sucesso ao transmitir conhecimento aos seus alunos, sendo esse
então o surgimento das ideias pedagógicas com base em preceitos filosóficos.
É possível pensar em Ideais Pedagogias sem considerar os
conceitos da Filosofia?

Síntese

As premissas elucidadas até então, nos trazem indícios


de que a Pedagogia surgiu após a Filosofia buscar,
através de questionamentos, as respostas para saberes
diversos através da reflexão pautada na essência
humana e na razão, tendo assim meios para efetivar os
processos de ensino aprendizagem.

2.2_ Teorias da Corrente Pedagógica Liberal e Progressista


Didática do Ensino Superior

Como vimos anteriormente neste módulo, a Pedagogia surgiu dos


conceitos filosóficos e podemos afirmar também que junto a Filosofia sempre
existiu a necessidade humana de definir e nomear, sejam coisas, objetos ou
até mesmo a maneira como tudo é feito. Com a Pedagogia e os métodos de
ensino aprendizagem não foi diferente, houve desde seus primórdios a
necessidade de definir as técnicas utilizadas em tais processos.
Você acredita ser relevante a necessidade humana de definir e
nomear a tudo?

Para Libâneo (1985), existem duas Correntes Pedagógicas a serem


consideradas, sendo elas a Progressista e a Liberal.

Compreende se a Corrente Pedagógica Liberal, como manifestação da


sociedade capitalista. Sabe-se que a doutrina liberal surgiu para salientar a
predominância da liberdade e dos interesses individuais, com base na
propriedade privada dos meios de produção.

No Brasil, a educação é constituída por tendências liberais, sendo em


momentos distintos conservadora e renovada, onde as tendências manifestam
se nas práticas escolares e na pedagogia de muitos profissionais docentes,
embora sem que os mesmos percebam tal influência.

Em tal pedagogia, a escola tem o papel de preparar os indivíduos para a


vida em sociedade, considerando as habilidades individuais de cada um, onde
os indivíduos precisam aprender e adaptar-se à sociedade de classes,
desenvolvendo sua própria cultura, sendo a mesma um processo de
Didática do Ensino Superior
reprodução de saberes.

Dentro da Corrente Pedagógica Liberal, existem quatro teorias, sendo


elas: a Tradicional, a Renovada Progressista, a Renovada Não Diretiva e a
Tecnicista.

A Teoria Pedagógica Tradicional consiste na preparação moral e


intelectual para que o aluno seja preparado para ser inserido em sociedade,
sendo seus conteúdos valores sociais e conhecimentos que são repassados
aos alunos como verdade única e absoluta de maneira repetitiva e mecânica
para que o mesmo possa decorá-los uma vez que os métodos utilizados são
expositivos e com modelos, onde o aluno tem o professor enquanto autoridade
maior, tendo como representante de suas ideias o sociólogo Émile Durkheim.

A Teoria Renovada Progressista compreende que a escola deve


adequar o indivíduo ás necessidades do meio social, baseando seus conteúdos
com foco nos processos mentais, tendo como método a prática, em que o
aluno deve aprender fazendo, em tal processo o professor deve auxiliar o aluno
em seu desenvolvimento espontâneo pelo estímulo, valorizando a
autoeducação, tendo como representantes: Anísio Teixeira, Montessori, dentre
outros.

Compreende se por Teoria Renovada Não Diretiva, a pedagogia que


pauta-se nas relações interpessoais, tendo a escola o papel de formar
cidadãos com atitude, preocupando com a saúde psicológica dos alunos,
dando ênfase aos conteúdos ligados à comunicação onde a transmissão de
conteúdos é vista de modo secundário, buscando incentivar os alunos na
busca de conhecimentos, deixando de lado métodos prontos para desenvolver
meios para que os alunos possam concluir os processos de ensino
aprendizagem onde a educação tenha o aluno como centro e o professor
possa cooperar com tais processos, tendo como idealizador Carl Rogers.

Ainda na Corrente Liberal, temos a Teoria Tecnicista, que consiste em


subordinar a educação às necessidades sociais, tendo como função principal
Didática do Ensino Superior
preparar de "recursos humanos", ou seja, mão-de-obra para indústrias. Sabe-
se que a sociedade industrial e tecnológica possui metas econômicas, sociais e
políticas, onde então a educação treina os alunos para que os mesmos possam
cooperar com tais metas, onde a escola funciona como uma modeladora para o
comportamento humano onde as relações entre professor e aluno são objetivas
para a construção do processo de ensino aprendizagem e os conteúdos são
técnicos de acordo com a necessidade de cada curso.
Nesse sentido os conteúdos trabalhados são apenas técnicas que
possam gerar mão de obra qualificada, desconsiderando inúmeros fatores,
sendo a tecnologia o alvo de tal teoria, garantindo com tais processos de
ensino aprendizagem um bom funcionamento da sociedade tendo a educação
como recurso tecnológico, dando um enfoque sistêmico.

Síntese

A Corrente Liberal, na maioria de suas teorias busca


uma educação que sirva para organizar os indivíduos
de acordo com as necessidades da sociedade em que
os mesmos serão inseridos, uma vez que acabam por
moldá-los, sendo através dos conteúdos trabalhados
ou da delimitação de suas ações, sempre
influenciando de algum modo sua maneira de lidar
com a realidade, deixando de lado a essência humana
e dando ênfase à inserção social dos mesmos.

Em contraponto à Corrente Liberal, existe a Corrente Progressista, que


possui uma perspectiva transformadora, realizando análises críticas e coletivas
das realidades sociais e tendo por finalidade: “ideais sociopolíticos”, embora
Didática do Ensino Superior
seus defensores não concordem com sua institucionalização em uma
sociedade capitalista, a mesma é tida como instrumento de luta contra as
premissas liberais, trazendo consigo as Teorias Pedagógicas: Libertária,
Libertadora e Crítico-Social dos Conteúdos.

As Teorias libertadora e libertária têm em comum o anti-autoritarismo,


valorizando a experiência vivida e tendo-a como base da relação educativa,
considerando a autogestão pedagógica, focando no processo de aprendizagem
em grupo onde o diálogo tenha destaque e seja considerada a realidade de
cada indivíduo, dando preferência a uma educação popular “não-formal”.

A Teoria libertadora acredita que a escola deve proporcionar ao aluno


base para que o mesmo tenha consciência de sua realidade e autonomia para
transformá-la, utilizando se do método dialético autêntico, em que o professor e
aluno tenham uma relação de igualdade e diálogo, aprendendo pela
codificação, decodificação e problematização, propondo resoluções de
problemas reais. Tal teoria é utilizada na Educação de Jovens e Adultos (EJA),
tendo como inspiração Paulo Freire.

A Teoria libertaria, por sua vez, acredita na autogestão pedagógica que


significa que o conteúdo e o método, resumem tanto o objetivo pedagógico
quanto o político, dando aos envolvidos no contexto escolar autonomia e
retirando das mãos do Estado o poder de controlar tal contexto.

A escola deve promover a coletividade e cooperar para que os alunos


tenham uma transformação no sentido libertário e que tal transformação possa
se estender em todos os meios sociais em que o aluno possa repassar tais
conhecimentos, os conteúdos apreendidos em tal seguimento têm como foco
atender as necessidades da vida social dos indivíduos usando a metodologia
do diálogo e das vivências grupais em que o professor é tido como orientador e
integrante do grupo onde ocorre uma aprendizagem informal e sem
burocracias, tendo Freinet como influenciador.

Por fim, traz também, a Teoria Crítico-Social dos Conteúdos, que


Didática do Ensino Superior
consiste em dar ênfase aos conteúdos e confrontá-los com as realidades
sociais. Nesse contexto, difundir os conteúdos é tarefa primordial e, quando
falamos em conteúdos, não queremos dizer aqueles que são apenas
decorados, mas sim os que estão presentes no dia-a-dia dos indivíduos.

A escola deve então ser ambiente de apropriação do saber, sendo ela


democrática e parte integrante dos processos sociais. A educação deve ser
mediadora, preparando o aluno para a socialização, enquanto ser atuante. Os
conteúdos trabalhados são universais, considerando a realidade dos alunos,
destacando os saberes culturais, utilizando-se de métodos que compreendam
a ação e compreensão, a ação e síntese, unindo teoria e prática, onde o
professor participa como coautor dos processos de ensino-aprendizagem, para
que ocorra de forma significativa. Tem como idealizador Demerval Saviani

O professor como coautor do processo de ensino-


aprendizagem, contribui com o mesmo de maneira efetiva?

2.3 Aplicação dos Conceitos na Prática Docente

A fim de que fossem desenvolvidas teorias para direcionar as práticas


pedagógicas, na busca pela melhoria da qualidade educacional, com base nas
tendências da educação foi que diversos educadores direcionaram seus
esforços em prol da análise das possibilidades com relação ao ensino.

Na condução de um trabalho docente mais bem elaborado e eficaz, com Didática do Ensino Superior
base nas necessidades atuais do público discente, verifica-se a importância
das tendências pedagógicas, pois é o reconhecimento docente destas
tendências, bem como das perspectivas que se podem ter a partir das
mesmas, que permitem que o processo de aprendizagem tenha sentido para o
aluno.
Além disso, o professor também pode se questionar sobre o que
ensinar, para quem ensinar, como, para quê e por quê, questionamentos
fundamentais para que se alcance a prática pedagógica de modo efetivo, além
de promover junto ao profissional docente uma segurança maior com relação
às ações que ele precisa efetivar no processo de ensino-aprendizagem.

As concepções das tendências pedagógicas foram desenvolvidas a


partir das concepções dos educadores, a partir do contexto histórico e
sociocultural no qual os mesmos se inseriam, com suas respectivas
compreensões da realidade e do ser humano. A partir dos aspectos que
analisavam com relação ao trabalho docente e à sociedade, apresentaram
ideias voltadas ao ensino e sua eficácia, a fim de que fosse plena a
contribuição da educação na formação dos indivíduos.

A partir do momento em que o professor toma o devido conhecimento a


respeito das tendências pedagógicas, especialmente as mais recentes, estas
criam a este profissional a possibilidade de trabalhar com as variáveis
educativas, principalmente no que se refere à transmissão de conteúdos e
realizações de atividades, ampliando suas alternativas de atuação por meio de
elementos relevantes para si e para a sociedade, em uma prática docente
relevante e valiosa.

Tal reformulação nas realizações do professor promovem para com o Didática do Ensino Superior
mesmo as opções de diversificação referentes às suas ações. A insatisfação
discente pode ser, portanto, combatida por meio de novos conhecimentos,
habilidades e atitudes, estimulados por meio de recursos inovadores, que
permitem tanto a professores quanto a alunos explorarem suas potencialidades
com relação aos procedimentos pertinentes à educação.
No contexto atual, alunos e professores sentem-se
verdadeiramente motivados pelo processo de ensino-
aprendizagem?

Assim, conforme o professor domina os aspectos pertinentes às


tendências pedagógicas pode, inclusive, providenciar suas mudanças,
conforme julgar importante aos alunos. Isto permite que, na relação professor-
aluno, seja considerada de forma mais constante as necessidades discentes,
em prol da importância que o aprender possui para este público. A partir
dessas premissas, verifica-se que o aprendizado promove a análise efetiva do
contexto histórico e sociocultural no qual os educandos se inserem, além da
capacidade crítica dos mesmos para com a realidade.

Neste sentido, pode-se destacar a importância do viés crítico da


Pedagogia, também denominada Pedagogia Crítica, a partir do momento em
que a educação assume o papel de estimular a compreensão dos aspectos
que fazem parte da sociedade contemporânea, promovendo a capacidade de
questionamento dos alunos, a fim de que os mesmos busquem resoluções que
sejam plausíveis e eficazes para todos os indivíduos.
Didática do Ensino Superior
As relações existentes entre Pedagogia e Filosofia ilustram os aspectos
em comum que estão presentes na educação e na sociedade, inclusive no que
se referem às inquietações humanas, promovidas de acordo com o próprio
processo de ensino-aprendizagem, em torno das possibilidades de atuação do
profissional docente e das potencialidades de desenvolvimento do público
discente.
Desta forma, o que se pode compreender com relação ao desempenho
docente, com base nas tendências pedagógicas, é que a forma com que o
professor busca atualizar e aprimorar suas concepções e práticas faz toda a
diferença no momento de se estimular o aluno a uma postura crítica e efetiva,
diante de seu próprio desenvolvimento.

Pode-se, enfim, apontar que a aprendizagem exerce sua função, neste


caso, como elemento norteador do ser humano, em prol dos primeiros passos
para que se garanta a capacidade de reconhecimento e análise de seus
pensamentos, ações e valores, enquanto modo de expressar a visão que
possui com relação à realidade em que se encontra.

Síntese

As concepções das tendências pedagógicas foram


desenvolvidas a partir das concepções dos educadores,
a partir do contexto histórico e sociocultural no qual os
mesmos se inseriam, com suas respectivas
compreensões da realidade e do ser humano. A partir do
momento em que o professor toma o devido Didática do Ensino Superior
conhecimento a respeito das tendências pedagógicas,
especialmente as mais recentes, estas criam a este
profissional a possibilidade de trabalhar com as
variáveis educativas, principalmente no que se refere à
transmissão de conteúdos e realizações de atividades,
ampliando suas alternativas de atuação por meio de
elementos relevantes para si e para a sociedade.
Considerações Finais

Finalizando o módulo 2, esperamos que você tenha compreendido as


definições de Teorias e Correntes Pedagógicas, que nos dias atuais norteiam a
prática e os processos de ensino aprendizagem. Onde teoria e prática são
estudadas para que o profissional docente possa alcançar a “práxis” em sua
atuação docente, considerando as particularidades de cada indivíduo e
concluindo de modo satisfatório os objetivos contidos nos processos
educacionais.

Didática do Ensino Superior


MÓDULO 3 – Natureza e Conteúdos da Didática

Isabel Cristina Domingues Aguiar

Nome da Disciplina: Didática no Ensino Superior


Módulo 3 – Natureza e Conteúdos da Didática –
Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2016.
Guia de Estudos – Módulo 3 – Natureza e Conteúdos da
Didática
1. ____________ 2. _____________ 3. _____________

Faculdade Campos Elíseos

Conversa Inicial

No terceiro módulo, analisaremos a natureza e conteúdos da didática. Para


tanto, no primeiro momento trataremos dos conteúdos específicos da didática a
partir da importância da figura do professor; em seguida, definiremos as
semelhanças entre a didática e outras disciplinas pedagógicas, bem como uma Didática do Ensino Superior
breve análise do processo de aprendizagem sociocultural que são ferramentas
importantes para compreendermos o ato didático. Por fim, abordaremos a
natureza e conteúdos da didática aplicados no ensino superior.
Agora com a descrição de toda a trajetória, podemos iniciar a nossa jornada de
estudos.

Ótimo aprendizado!
3.1 Conteúdos da Didática e a Formação do Professor

A didática é uma disciplina que compõe o estudo da Pedagogia e


centraliza seu estudo na técnica de ensino, isto é, nos procedimentos e/ou
modos que garantam a aprendizagem significativa do aluno. O conteúdo da
didática não apresenta distinção expressiva entre o que se aplica na educação
básica e no ensino superior. Há apenas ressalvas que serão expostas mais a
frente quanto ao emprego de estratégias para a prática educativa.

A compreensão da didática é decisiva tanto para a eficácia do ato


educativo, quanto para o trabalho do professor que depende desse saber para
estabelecer a direção do ensino e aprendizagem, além de adquirir mais
segurança profissional.

Contudo, entre os estudiosos da didática não há uma concordância dos


limites de conteúdo que esta disciplina deve se ater. Enquanto Vicente
Benedito (1987) e Renzo Titone (1974) a definem como uma ciência construída
a partir da teoria e prática, outros pesquisadores como Danilou (1978) a
determina como estudo da assimilação dos conhecimentos sistematizados, os
quais permitem o entendimento do processo de ensino-aprendizagem.

Didática do Ensino Superior


Não objetiva-se aqui identificar as inúmeras definições do objeto de
estudo da didática, ao contrário, o interesse do presente módulo está na busca
pelos elementos comuns que caracterizam os conteúdos desta disciplina.
Observa-se que as diversas definições de didática perpassam pela ideia de
uma disciplina voltada para o ensino e aprendizagem de modo a compreender
as relações entre o ato de ensinar e a formação do aluno (o aprendizado).
Neste sentido, a didática enquanto disciplina que busca técnicas de
estímulo para a aprendizagem, precisa traçar os princípios e procedimentos
que regulam o ensino, bem como orientar para a eficácia da aprendizagem.

Para isso, é importante compreender a figura do professor como parte


do próprio conteúdo de estudo da didática, pois é através da atuação do
professor que o processo de ensino e aprendizagem se efetivará.

O destaque dado ao docente refere-se ao trabalho como ponte de


mediação entre o aluno em formação e o conhecimento que será aprendido.
Isso não significa afirmar que as técnicas de ensino instituídas pela Didática
visam à aquisição de um conhecimento estático em que o professor se
posiciona apenas como transmissor do conteúdo, deixando o aluno passivo no
processo de sua própria aprendizagem. De maneira oposta, a didática busca
nos métodos e procedimentos formas de permitir o real desenvolvimento das
capacidades dos alunos.

Além disso, sabe-se que o modelo de professor como mero transmissor


de conteúdo está em desuso, já que na atualidade exige-se cada vez mais que
o ensino resulte na formação de pessoas críticas e que saibam lidar com o
conhecimento de forma reflexiva, sem aprendizados mecanicistas e sem
sentido com a realidade. Didática do Ensino Superior

Paulo Freire afirma que o conhecimento deve estar sempre atrelado a


realidade do discente, cabendo ao professor à função de auxiliar o aluno na
construção de sua autonomia e responsabilidade, respeitando “a autonomia do
ser educando, à sua dignidade e identidade”. (FREIRE, 2007).
A respeito da postura do professor em sala de aula, observa-se ainda a
existência de outras formas didáticas que vão além da atitude de transmissão
de conteúdo, desenvolvendo, sobretudo a capacidade de estimular o
pensamento para formar conceitos, habilidades mentais que permitam a
reflexão sobre a própria atividade mental. De acordo com José Carlos Libâneo
(2002), em “Didática: velhos e novos temas”, a atitude didática torna o
professor o elemento de mediação entre o aluno e o conteúdo de estudo,
capaz de oferecer subsídios e condições de ensino que proporcionem a
eficácia no processo de aprendizagem do aluno.

O processo didático é o conjunto de atividades do professor e dos


alunos sob a direção do professor, visando à assimilação ativada
pelos alunos dos conhecimentos, habilidades e hábitos. Nessa
concepção de didática, conteúdos escolares e o desenvolvimento
mental se relacionam com reciprocidade, pois o progresso intelectual
dos alunos e o desenvolvimento de suas capacidades mentais se
verificam no decorrer da assimilação ativa dos conteúdos. (LIBÂNEO,
2002, p.8)

Dessa forma, a didática atribui ao professor uma tarefa determinante,


mas não de maior proeminência, para a formação de cidadãos críticos e
reflexivos, com autonomia sobre o conhecimento e capazes de atuarem
socialmente e transformar a realidade ao qual estão inseridos. O principal
destaque desses estudos está no papel ativo que os discentes têm sobre sua
própria aprendizagem, é deles a função de desenvolver as estruturas
cognitivas do pensamento, linguagem, memória, atenção, imaginação,
Didática do Ensino Superior
percepção e raciocínio que fazem parte de sua formação intelectual, tendo em
vista a compreensão do mundo a sua volta.

Para que o professor possa estimular o desenvolvimento dessas


habilidades cognitivas é necessária à formação de duas etapas: a teórica
científica – aprendizado acadêmico específico nas disciplinas de
especialização; a formação técnico-prática – conhecimento de disciplinas da
docência como a Didática e as metodologias específicas de cada ciência, bem
como da Psicologia da Educação e da Prática de Ensino.
A etapa teórica científica não se refere apenas ao domínio do conteúdo
específico da disciplina, mas ao processo de pesquisa que originou tal
conteúdo, o procedimento científico adotado, os equívocos e certezas
encontrados ao longo da pesquisa. Esse conhecimento é relevante para que o
professor possa refazer em aula o percurso da investigação científica,
auxiliando o aluno a pensar de forma teórica e conceitual, posicionando-o no
papel ativo de sua aprendizagem.

De outro lado, a formação técnico-prática diz respeito às disciplinas da


frente pedagógica que atuam no processo de ensino de modo a criar condições
para assegurar aos alunos um aprendizado significativo. Dentre tais disciplinas
pedagógicas, a didática aponta para os objetivos, formas e meios que
esclareçam o processo educativo a partir da participação ativa dos alunos,
cabendo ao professor o papel de orientação desse processo.

Observa-se aqui que a concepção de didática e dos participantes do


processo educativo não é apenas a de uma ciência que aborda as técnicas de
ensino, mas direciona-se ao entendimento de uma disciplina construída entre a
teoria e prática de ensino, que leva em conta a função ativa do aluno no
processo de aprendizagem escolar.

Os conteúdos da didática são formados a partir da junção dos


conhecimentos teóricos e práticos obtidos nas disciplinas de formação Didática do Ensino Superior
acadêmica, pedagógica e técnico-prática caracterizando as condições e formas
de atingir a eficácia do ensino e da aprendizagem escolar.
Síntese

 A didática centraliza-se nas técnicas de ensino, nos


procedimentos e/ou modos que garantam a aprendizagem
significativa do aluno.
 Compreender a didática é decisivo tanto para a eficácia do
ato educativo, quanto para o trabalho do professor que
depende desse saber para estabelecer a direção do ensino
e aprendizagem.
 É necessário pensar na figura do professor como parte do
próprio conteúdo de estudo da didática, pois é através da
atuação do professor que o processo de ensino e
aprendizagem se efetivará.
 A atitude didática torna o professor o elemento de mediação
entre o aluno e o conteúdo de estudo, capaz de oferecer
subsídios e condições de ensino que proporcionem a
eficácia no processo de aprendizagem do aluno.
 A didática atribui ao professor uma tarefa determinante, mas
não de maior proeminência, para a formação de cidadãos
críticos e reflexivos, com autonomia sobre o conhecimento e
capazes de atuarem socialmente e transformar a realidade Didática do Ensino Superior
ao qual estão inseridos.
3.1.1 Didática e seu caráter interdisciplinar

A didática, enquanto parte de estudo da Pedagogia, é uma disciplina


técnica que orienta a prática educativa de modo a desenvolver as funções
cognitivas dos alunos. O caráter abrangente que leva a didática a ser aplicada
a todo e qualquer tipo de disciplina faz com que seja questionada sua
pertinência nos estudos educacionais, porém sua função ao lado das demais
disciplinas pedagógicas é imprescindível para a formação docente.
Contudo, se a didática possui elementos próprios de ciência, é
necessário determiná-los e distingui-los em relação aos demais saberes. A
natureza de estudo da didática é o ensino, mas sua concepção é
pluridimensional, isto é, precisa recorrer aos outros campos da educação para
resolver seus problemas e tornar-se compreensível.
Para exemplificar este fato pode-se pensar nas semelhanças entre a
didática e a metodologia de ensino. Ambas se apoiam no estudo das
estratégias de ensino e aprendizagem, apontando os elementos característicos
de cada método, mas não podem ser consideradas como disciplinas
ambivalentes. Primeiramente, a metodologia incumbiu-se da função de
classificar os métodos de ensino por um viés descritivo, sem criar análises
aprofundadas e/ou juízo de valor, o que não ocorre com o estudo da Didática
que estabelece critérios de valoração aos métodos de ensino. Portanto, não Didática do Ensino Superior
podem ser abordadas de forma equivalente.
Em outros momentos, verifica-se que a didática se vale de
conhecimentos sociopolíticos, pedagógicos e científicos para criar objetivos,
selecionar conteúdos e métodos, pois o fenômeno educativo é interdisciplinar
por natureza e exige a mobilização de diversas áreas para explicar o ensino de
cada disciplina.
De forma genérica observa-se que os conteúdos didáticos referentes à
situação de aprendizagem escolar estão presentes nas seguintes etapas:

Objetivos – são elementos que estruturam o ensino didático, podem


transcender os limites da aprendizagem escolar (objetivos gerais) ou
intencionar a disciplina (objetivos específicos);

Conteúdos – componente didático decisivo para o desenvolvimento


crítico, deve ser contextualizado com a realidade que o aluno está inserido,
mas simultaneamente, é preciso atender aos programas de conteúdos
estabelecidos para a formação, visando o desenvolvimento de suas habilidades
cognitivas. Ademais, a seleção de conteúdos é uma etapa que exige domínio
sobre o conhecimento abordado e do conjunto de discentes.

Métodos – procedimentos e formas que o professor utiliza para atingir


seus objetivos (gerais e específicos) em relação aos conteúdos da disciplina
que serão aplicados;

Avaliação escolar – componente didático que permite observar os


progressos e as dificuldades de aprendizagem. Nesse subitem destaca-se que
a avaliação, sob o ponto de vista didático, deve ser utilizada como ferramenta
de reconsideração para saber se o plano de ensino está adequado à realidade
dos discentes ou se é preciso realizar ajustes. É importante ainda que o Didática do Ensino Superior
mecanismo avaliativo (LIBÂNEO, 2002) não esteja a serviço do rendimento
quantitativo, ou seja, para a atribuição de notas sem diagnóstico de
aprendizagem.
Assim, os elementos caraterísticos do ensino didático compõem o
processo de ensino ao propiciar as condições adequadas para a aquisição
ativa do conhecimento, além de facilitar o papel do professor enquanto
mediador do aluno e do conteúdo a ser apreendido.
3.1.2 Processo de aprendizagem sociocultural e a Didática

A partir do século XX, a didática passou a receber influência


determinante dos estudos da Psicologia especialmente os que consideravam
os aspectos relacionados ao ensino e aprendizagem. A compreensão desse
processo passará ser uma ferramenta decisiva para a escolha das estratégias
do ato didático.
Cada processo de aprendizagem tem suas próprias conjecturas
didáticas: tradicional, comportamental (ou behaviorista), humanista,
interacionista (cognitivista e sociocultural). Importa-nos enfocar aqui o processo
sociocultural devido à proximidade dessa abordagem com a compreensão da
didática moderna, a qual estabelece um ensino voltado para a formação de um
aluno ativo sobre sua aprendizagem e da existência do professor mediador.
O processo interacionista sociocultural é a base de uma didática
fundamentada no diálogo, não apenas pela transmissão de conteúdos. Para
Vigotsky (1896-1934), partidário da linha sociocultural de aprendizagem, o
desenvolvimento da mente está vinculado à cultura, isto é, a cultura (incluindo
o ensino e a aprendizagem) compõe a formação das funções psicológicas
Didática do Ensino Superior
superiores, e o desenvolvimento de um indivíduo depende da relação que é
estabelecida com o meio o qual está inserido.
A concepção de Vigotsky se opôs a outras vigentes em sua época,
especialmente a teoria ambientalista que atribuía demasiada importância às
condições do meio no desenvolvimento do sujeito, em virtude de seus estudos
não poderem alcançar consciência objetivamente; e o inatismo que sobrepôs
os fatores biológicos do desenvolvimento em detrimento dos fatores
ambientais.
Convém ressaltar que o processo sociocultural não considera
aprendizagem e desenvolvimento como similares, pois a aprendizagem
antecede o desenvolvimento que surge como fator resultante da interação
entre aprendizagem e o meio sociocultural. Desse modo, para que o sujeito se
desenvolva de forma significativa no meio ao qual está inserido, se faz
necessário o uso de estratégias que o auxiliem ao longo de seu percurso
educativo.

É notória a importância do ambiente escolar para o desenvolvimento do


sujeito, principalmente pela multiplicidade de relações que esse ambiente pode
promover. Dentre elas, a relação professor-aluno se sobressai pela busca de
uma aprendizagem significativa tendo em vista que, pela perspectiva da
mediação, cabe ao professor a função de estimular o desenvolvimento do
aluno.

Dessa forma, o trabalho docente atua como fator de mediação entre a


cultura elaborada, convertida em saber escolar, e o aluno que além de um
sujeito psicológico, é um sujeito autônomo sobre seu desenvolvimento.

Para que o ensino seja efetivado e que os alunos desenvolvam suas


capacidades e habilidades mentais, é necessário que o professor atue além
dos limites do conteúdo de ensino, mediando situações de aprendizagem,
identificando a origem do processo de pesquisa que originou o referido Didática do Ensino Superior
conteúdo; qual método e procedimento serão adotados para que os alunos se
apropriem dos conteúdos ensinados; quais são as características individuais e
socioculturais dos alunos.

Essas questões são atos que compõem a didática moderna e que visam
o desenvolvimento das capacidades mentais, bem como da participação ativa
do educando no processo de aprendizagem.
Para finalizar a explanação da importância do processo sociocultural nos
estudos de didática ressalta-se que na base epistemológica seguida por
Vygotsky, o Materialismo Histórico – Dialético, o sujeito constrói o mundo ao
seu redor e também a si mesmo, compreendendo assim que o homem é
historicamente determinado como também é um determinante da história.

Nessa lógica, o papel da educação é possibilitar a incorporação de


conhecimento sobre mundo e, simultaneamente, articular o desenvolvimento
das funções psicológicas. À didática, como parte do processo educativo, cabe
o papel de pesquisa os fundamentos e modos de realização do ensino e
aprendizagem, além de converter objetivos pedagógicos gerais em objetivos de
ensino específicos, selecionar conteúdos e métodos de modo desenvolver
sujeitos ativos, reflexivos e transformadores de sua realidade.

A Didática é imprescindível para a formação e atuação de


professores?
Didática do Ensino Superior
Síntese

 A didática, enquanto parte de estudo da


Pedagogia, é uma disciplina técnica que orienta a
prática educativa de modo a desenvolver as
funções cognitivas dos alunos.
 A natureza de estudo da didática é o ensino, mas
sua concepção é pluridimensional, isto é, precisa
recorrer aos outros campos da educação para
resolver seus problemas e torna-se compreensível.
 Os conteúdos didáticos referentes à situação de
aprendizagem escolar estão presentes nas etapas:
objetivos; conteúdos; métodos; avaliação escolar.
 A partir do século XX, a didática recebeu influência
dos estudos da Psicologia, especialmente os que
consideravam os aspectos relacionados ao ensino
e aprendizagem.
 O processo sociocultural considera que o
desenvolvimento da mente está atrelado a cultura
Didática do Ensino Superior
(ensino e aprendizagem).
3.2 Natureza e Conteúdos da Didática no Ensino Superior

Ao realizar uma análise dos conteúdos da didática aplicados ao ensino


superior é notório pontuar algumas considerações. Primeiramente, o conteúdo
da didática enquanto disciplina do campo pedagógico não apresenta distinção
expressiva entre o que se aplica na educação básica e no ensino superior. Há
apenas ressalvas quanto ao emprego de estratégias de ensino- aprendizagem
que precisam ser consideradas para a prática educativa.

Em seguida, o levantamento bibliográfico sobre a didática no ensino


superior revelou que esse é um assunto pouco abordado, mas que deve servir
de fonte para pesquisas e orientações acadêmicas, principalmente para auxiliar
o trabalho docente.

Dentre as diferenças de estratégias de ensino-aprendizagem observa-se


que, de maneira geral, na educação básica o professor atua como mediador
entre o aluno e o conteúdo a ser aprendido, empregando estratégias para que
ocorra a aprendizagem. No ensino superior, por sua vez, exige-se cada vez
mais do aluno a especificação dos conteúdos abordados em aula, isto é, o
Didática do Ensino Superior
aluno deve possuir plena autonomia sobre o conhecimento.

Pelo viés da didática moderna esta diferenciação não deveria ocorrer de


forma tão abrupta, pois o aluno deveria ser estimulado desde a educação
básica a ser o agente ativo do processo de sua aprendizagem, para que
quando chegasse ao ensino superior tivesse independência para desenvolver
seu conhecimento. Contudo, grande parte do ensino superior é regido ainda
pela didática tradicional centralizando no professor a figura de destaque para
transmitir os conhecimentos em detrimento de um ensino reflexivo, crítico e
contextualizado socialmente.

Sabe-se que o professor do ensino superior é especialista na disciplina


ministrada, mas não consegue transmitir o conhecimento aos alunos por falta
de técnicas de didáticas que facilitam o entendimento como um todo. Há ainda,
casos de docentes que até utilizam uma abordagem didática baseada no
diálogo, mas não levam em consideração as deficiências de aprendizagem que
alguns alunos apresentam no ensino superior.

Neste sentido, verifica-se que a didática moderna ainda está em


processo de aprimoramento no ensino superior e, muitas vezes, a problemática
encontra-se fora dos limites de responsabilidade da própria didática, tais como:
ausência de ligação entre o ensino básico e o superior; problemas de
aprendizagem oriundos do ensino básico e fundamental.

Cabe esclarecer que o professor do ensino superior não é o responsável


absoluto pela aplicação da didática tradicional, isso se deve, sobretudo pela
própria formação do conceito de universidade que estabelece na tríade aula-
pesquisa-extensão, a reflexão como parte da realidade do aluno de graduação.
Assim, é compreendido que a formação ativa, autônoma e reflexiva perpassa Didática do Ensino Superior
todas as instâncias do ensino superior, cabendo ao ensino na sala de aula a
função de transmitir conteúdos que deverão ser especificados na pesquisa
acadêmica.

Entretanto, como pontua Libâneo (2002), o ato didático deve estar


presente em todos os níveis de aprendizagem de modo a proporcionar ao
aluno um aprendizado eficaz, reflexivo e de acordo com os componentes
fundamentais do processo de ensino-aprendizagem. Além disso, como já foi
tratado no presente módulo, a didática tradicional está em desuso porque não
se aplica as necessidades contemporâneas, nem se preocupa com a formação
ativa dos discentes.

Atualmente, a interação professor-aluno é condição essencial para a


prática educativa, sendo utilizadas inclusive as novas tecnologias da educação
como instrumento de facilitação da aprendizagem e aproximação dos sujeitos
desse processo.

A prática didática no ensino superior deve voltar-se para as


necessidades reais dos alunos, identificando/sanando eventuais deficiências de
aprendizagem, bem como no respeito aos saberes culturais dos alunos. Tais
necessidades devem ser estabelecidas em conformidade com os objetivos
pedagógicos já institucionalizados, pois é preciso formar os alunos para as
diversas realidades que encontrará em sua atuação profissional.

Por fim, a didática é um instrumento de reflexão sobre a situação de


aprendizagem que precisa inserir-se cada vez mais no ensino superior de
modo a contribuir para a formação de profissionais críticos e sujeitos ativos do
processo de sua aprendizagem.

Didática do Ensino Superior


Síntese
 O conteúdo da didática enquanto disciplina do
campo pedagógico não apresenta distinção
expressiva entre o que se aplica na educação
básica e no ensino superior.
 No ensino superior exige-se cada vez mais do
aluno a especificação dos conteúdos abordados
em aula, isto é, o aluno deve possuir plena
autonomia sobre o conhecimento.
 A didática moderna ainda está em processo de
aprimoramento no ensino superior e, muitas vezes,
a problemática encontra-se fora dos limites de
responsabilidade da própria didática.
 A prática didática no ensino superior deve voltar-se
para as necessidades reais dos alunos,
identificando/sanando eventuais deficiências de
aprendizagem, bem como no respeito aos saberes
culturais dos alunos.

Didática do Ensino Superior


Considerações Finais

Finalizando o módulo 3 “ Natureza e Conteúdos da Didática”, esperamos


que você tenha compreendido os fundamentos da didática e os conteúdos que
a compõem como parte do processo de ensino e aprendizagem. Aqui,
explanamos a importância da figura do professor como elemento de mediação
para uma aprendizagem significativa na qual o aluno seja o sujeito de sua
própria aprendizagem.
Igualmente, esperamos que tenham sido esclarecidas as semelhanças
entre a didática e as demais disciplinas pedagógicas, assim como a
importância do processo de aprendizagem sociocultural para compreendermos
o ato didático. Enfim, a reflexão da didática no ensino superior foi importante
para compreendermos que o ato didático deve estar presente em todos os
níveis de aprendizagem.

Didática do Ensino Superior


MÓDULO 4 – O trabalho docente

Marcia Mendes Moreira

Didática do Ensino Superior


Módulo 4 – O trabalho docente – Faculdade Campos
Elíseos (FCE) – São Paulo – 2016.
Guia de Estudos – Módulo 4 – O trabalho docente.
1. O ensino para o desenvolvimento humano 2. As
políticas atuais para a formação dos profissionais da
educação.

Faculdade Campos Elíseos

Didática do Ensino Superior


Conversa Inicial

No Módulo 4 discutiremos o trabalho docente através do ensino para o


desenvolvimento humano e as políticas atuais para a formação dos
profissionais da educação.

A Psicologia tende a explicar vários aspectos da mente humana, um


desses aspectos está ligado as Teorias de Aprendizagem e Desenvolvimento e
no ensino para o desenvolvimento humano estudaremos os padrões de
funcionamento de aquisição de conhecimento através das teorias mais
relevantes sobre o tema.

As políticas atuais para a formação dos profissionais da educação é um


tema atual e que necessita de um debate recorrente. A partir do estudo de
pesquisas sobre a docência, ampliaremos a compreensão acerca do perfil do
professor, sua trajetória de formação e ainda conheceremos os desafios
enfrentados por este profissional no contexto atual.

Na leitura complementar foram selecionados textos que têm como


objetivo reforçar os conteúdos estudados e esclarecer alguns assuntos que
facilitem a compreensão e auxiliem a elaboração das atividades.

O texto “A Contribuição de Vygotsky e Wallon na compreensão do


Didática do Ensino Superior
desenvolvimento infantil”(2003) busca elementos para a compreensão da
educação como um trabalho educacional-pedagógico e como um ato social que
precisa de contribuições de outras áreas do conhecimento para transformar a
sua tarefa de forma interdisciplinar, recorreu-se à fundamentações histórico-
sociais, com o intuito de comparar e conhecer quais os meios julgados
necessários e fundamentais para a efetivação de uma prática adequada às
particularidades da infância, na visão dos teóricos Lev Semenovich Vygotsky e
Henri Wallon.
O artigo “Formação de professores no Brasil: características e
problemas”(2010) aborda a formação de professores no Brasil, considerando
quatro aspectos: o da legislação relativa a essa formação; as características
sócio educacionais dos licenciandos; as características dos cursos formadores
de professores; os currículos e ementas de algumas licenciaturas .

Agora com a descrição de toda a trajetória, podemos iniciar a nossa


jornada de estudos.
Ótimo aprendizado!

4.1 O ensino para o desenvolvimento humano

Como a criança aprende? Como a criança estabelece relações com


outras crianças e com os adultos?

Estas indagações sempre estiveram presentes na Psicologia e na


Educação e, com os avanços da Ciência permitiram o estudo do funcionamento
do cérebro e a formulação de teorias biológicas sobre a aprendizagem.
Didática do Ensino Superior
Anteriormente a este fato muitos psicólogos empenharam-se a compreender o
processo pelo qual o ser humano aprende e desenvolveram teorias sobre o
assunto.

Basicamente, são três as concepções que estão implícitas às teorias de


aprendizagem:
Behaviorismo: caracteriza-se por uma visão instrumental da
aprendizagem. Os comportamentos são observáveis e mensuráveis, as
respostas são valorizadas pelos estímulos. A ideia básica é que se um
determinado comportamento tem um resultado positivo, ele tende a se repetir.
Ao contrário, se a resposta for negativa, a tendência é o comportamento
diminuir de frequência.

Cognitivismo: enfatiza exatamente aquilo que é ignorado pela visão


behaviorista: a cognição, o ato de conhecer, ou seja, como o ser humano
conhece o mundo. Os cognitivistas também investigam os processos mentais
do ser humano de forma científica, tais como a percepção, o processamento de
informação e a compreensão. Pressupõem que a cognição se dá por meio da
construção, sendo por isso tais teorias também conhecidas como
construtivistas.

Humanismo: A grande divergência com o Behaviorismo é que o Humanismo


não aceita a ideia do ser humano como máquina ou animal, sujeitos aos
processos de condicionamento. A maior contribuição dessa nova linha
psicológica é a da experiência consciente, a crença na integralidade entre a
natureza e a conduta doser humano, no livre arbítrio, espontaneidade e poder
criativo do indivíduo. Valoriza fundamentalmente os sentimentos e os
pensamentos dos alunos.
Didática do Ensino Superior

4.1.1 Behaviorismo

No âmbito da educação, o behaviorismo remete para uma alteração do


comportamento dos elementos envolvidos no processo de aprendizagem,
sendo que essa mudança nos professores e alunos poderia melhorar a
aprendizagem.
Os principais teóricos behavioristas são: John Broadus Watson, Ivan
Pavlov e B.F. Skinner
John Broadus Watson (1878-1958) nasceu na Carolina do sul, é
considerado o primeiro e mais sistemático dos behavioristas.
Para Watson, a educação é um importante elemento capaz de
transformar a conduta de indivíduos.
Ele afirma em um de seus princípios que existe uma resposta imediata
para qualquer tipo de estímulo, do mesmo modo para qualquer resposta existe
um estímulo.
Além disso, Watson acreditava que com os estímulos específicos, era
possível "transformar" e "moldar" o comportamento de uma criança, para que
ela pudesse exercer qualquer profissão por ele escolhida.

“Dêem-me uma dúzia de crianças sadias, bem constituídas e a espécie de mundo que preciso
para as educar, e eu garanto que, tomando qualquer uma delas, ao acaso, prepará-la-ei para
se tornar um especialista que eu selecione: um médico, um comerciante, um advogado e, sim,
até um pedinte ou ladrão, independentemente dos seus talentos, inclinações, tendências,
aptidões, assim como da profissão e da raça dos seus antepassados.” (WATSON)

Um dos tipos de aprendizagem do behaviorismo é o condicionamento


clássico, que é um processo de aprendizagem em que o estímulo neutro
quando repetido com um estímulo eficaz produz uma resposta que
anteriormente não existia, ou seja, ocorre um processo de associação.
Didática do Ensino Superior
Ivan Pavlov (1849-1936) um fisiologista russo foi quem desenvolveu os
princípios básicos do condicionamento clássico através de experimentos com
cães: ele apresentava a um cachorro um pedaço de carne, que, pelo olfato e
visão, provocava salivação. Após isso, ele passou a tocar uma campainha
(estímulo neutro) e, em seguida, apresentar a carne. Depois de várias
repetições o cachorro passava a salivar somente por ouvir a campainha, sem a
necessidade de se apresentar a carne (processo de associação). Trata-se do
conceito do reflexo condicionado, ou condicionamento clássico, que vai
influenciar bastante a compreensão da aprendizagem.

Burrhus Frederic Skinner(1904-1990) um psicólogo americano


estabeleceu outro tipo de aprendizagem que é o condicionamento operante,
um processo em que respostas são aprendidas pelo indivíduo porque ele opera
ou afeta o ambiente, ou seja, ele é condicionado pelas suas ações no meio em
que vive.

Existem dois tipos de reforços, o reforço positivo é um estimulo favorável


que ocorre após um comportamento desejado. O reforço negativo é a remoção
de algo desfavorável, um evento aversivo, depois de um comportamento, por
exemplo: permitir que a criança possa brincar no computador se parar de fazer
birra.
Skinner pregou a eficiência do reforço positivo na educação, sendo, em
princípio, contrário a punições e esquemas repressivos, sugerindo que o uso
das recompensas e reforços positivos da conduta correta era mais atrativo do
ponto de vista social e também era pedagogicamente eficaz.

Ele também introduziu os princípios do ensino programado, cuja


estrutura se faz basicamente por quatro premissas: a) um comportamento novo
é mais facilmente adquirido se o sujeito emite respostas a ele, e não
simplesmente se se expõe a estímulos; b) um comportamento novo é mais Didática do Ensino Superior
facilmente adquirido se reforços apropriados são promovidos; c) no ensino, a
matéria deve ser apresentada fragmentada, de acordo com dificuldades
progressivas; d) o ensino deve comtemplar as diferenças individuais
Observe o exercício abaixo:

Mamífero é todo o animal que mama quando é filhote.

Todo animal que mama quando é filhote é mamífero.

Quando um animal mama ao nascer, podemos afirmar que ele é um


__________________

A instrução programada leva o aluno ao conhecimento e ao aprendizado?

Albert Bandura (1925-) é doutor em psicologia social. Nasceu no


Canadá. Licenciou-se em Psicologia na Universidade de British Columbia, em
1949. Em 1952 doutorou-se na Universidade de Iowa, onde entrou em contato
com a tradição condutista e a teoria da aprendizagem. Em 1953 começou seu
trabalho como professor na Universidade de Stanford. A teoria social cognitiva
de Bandura é uma forma de behaviorismo menos radical que a de Skinner e
reflete o espírito dos tempos, o impacto do renovado interesse da psicologia
nos fatores cognitivos. Mesmo assim, a visão de Bandura ainda é behaviorista.

A abordagem de Bandura consiste em uma teoria de aprendizagem


social, porque estuda a formação e a modificação do comportamento nas
situações sociais. Bandura criticou Skinner por usar apenas um único sujeito na
observação (na maioria das vezes, ratos e pombos) em vez de pessoas
interagindo umas com as outras. Poucas pessoas vivem isoladas socialmente. Didática do Ensino Superior
Bandura afirmava que os psicólogos não devem considerar relevantes para o
mundo moderno as descobertas de pesquisas que ignorem as interações
sociais. "O aprendizado seria excessivamente trabalhoso, para não mencionar
perigoso, se as pessoas dependessem somente dos efeitos de suas próprias
ações para informá-las sobre o que fazer. Por sorte, a maior parte do
comportamento humano é aprendida pela observação através da modelagem.
Pela observação dos outros, uma pessoa forma uma ideia de como novos
comportamentos são executados e, em ocasiões posteriores, esta informação
codificada serve como um guia para a ação." (Bandura, 1977, p22).

Síntese

Teoria Behaviorista

Princípio de Causa e efeito: o comportamento não acontece de maneira livre.


O comportamento é moldado pelas forças do ambiente.
Enfatiza o comportamento observável.
Qualquer coisa pode ser aprendida, assim como desaprendida.
As mudanças que regem os experimentos são as mesmas que regem as mudanças do
comportamento.
Não está preocupada com as causas do comportamento, mas com a eliminação dos
sintomas.
Se quisermos que uma pessoa aprenda devemos condicioná-la a uma aprendizagem
através da repetição e estímulos.
Os reforços positivos e negativos tem influência fundamental para a formação dos
hábitos desejados.
A aprendizagem ocorre melhor se as atividades forem graduadas.
A teoria da aprendizagem social estuda como as pessoas aprendem a partir de
modelos.

4.1.2 Cognitivismo
Didática do Ensino Superior
O Cognitivismo abrange a análise dos processos mentais superiores,
com o ato de pesquisar como o ser humano conhece o mundo. A Ciência foi
assim, invadida por experiências sociais que recolocaram em cena a
problemática relação entre a experiência e a narrativa que lhe corresponde,
entre o objeto e o sujeito que o apreende.

O termo Cognitivismo pode ser utilizado como uma conceituação mais


ampla: ”se ocupa da atribuição de significados, da compreensão, da
transformação, armazenamento e uso da informação envolvida na
cognição”(MOREIRA,1999,p. 15). O verdadeiro conhecimento é fruto de uma
elaboração pessoal, resultado de um processo interno de pensamento durante
o qual o sujeito coordena diferentes noções entre si, atribuindo-lhes um
significado, organizando-as e relacionando-as com outras anteriores. Esse
processo é inalienável e intransferível: ninguém pode realizá-lo por outra
pessoa.

Considerando estes pontos, o desenvolvimento humano, sua


aprendizagem bem como sua ação sobre o ambiente em que vive, o ser
humano possui uma característica que é exclusivamente humana e a diferencia
dos outrosanimais. Essa característica é a linguagem, principal canal de
comunicação entre as pessoas e que tem papel importante no processo de
aprendizagem, visto que a linguagem tem relação direta com o pensamento e o
desenvolvimento cognitivo. Além disso, o desenvolvimento da linguagem
fornece subsídios para a formação do pensamento e do caráter do ser humano,
enquanto ser social.

Simultaneamente ao estudo do desenvolvimento humano há que se


considerar os aspectos da aprendizagem que ocorrem principalmente a partir
das mudanças no sujeito. Nas áreas da Psicologia da Educação encontramos
pesquisas relacionadas à aprendizagem.

Existem diversas teorias que se ocupam de explicar o processo de


aprendizagem, as que apresentam maior destaque atualmente na educação Didática do Ensino Superior
são as teorias desenvolvidas por Henri Wallon, Jean Piaget e Lev Semenovich
Vygotsky.

O projeto da psicogenética de Henri Wallon é o estudo da pessoa


completa, considerada em suas relações com o meio e em seus diversos
domínios. Contrário ao procedimento de se privilegiar um único aspecto do
desenvolvimento da criança, Wallon o estuda em seus domínios afetivo,
cognitivo e motor, procurando mostrar quais são, nos diferentes momentos do
desenvolvimento, os vínculos entre cada um e suas implicações com o todo
representado pela personalidade. Desta opção, Wallon vai delinear quatro
campos funcionais: movimento, emoção, inteligência e pessoa sobre os quais
sua teoria vai fornecer mais elementos para compreender a integração de
campos e valores que vão integrar o psiquismo humano.

O movimento é o primeiro sinal de vida psíquica que a criança revela ao


nascer. Essa dimensão vai permear todas as idades e todos os campos
funcionais. Wallon discrimina duas dimensões do movimento: uma dimensão
mais expressiva, isto é, um movimento que não significa deslocamento
necessariamente, mas que é a expressão que está na base das emoções. A
outra dimensão é a instrumental, isto é, o movimento mais comumente
estudado que é a ação direta sobre o meio físico e o meio concreto.

Nas emoções Wallon vai destacar as manifestações afetivas como as


primeiras emoções que se constituem na criança. As emoções são um fator
fundamental na interação com o meio no qual ela está inserida.

Com respeito à inteligência Wallon vai destacar o que ele considera de


inteligência discursiva, isto é, a inteligência que se expressa e que se constitui
por meio da linguagem e por meio da fala, inclusive.
Didática do Ensino Superior
O quarto campo é nomeado pessoa. Este campo articula-se com os
demais campos, mas também é um campo independente, isto é, ao longo do
desenvolvimento vai se construindo a noção para cada sujeito de si mesmo,
diferente do outro (noção de eu ou consciência de si).
A relação entre esses quatro campos funcionais nem sempre são de
harmonia, isto é, uma relação também marcada pelo conflito, pelo
antagonismo, embora cada um desses campos sejam inseparáveis uns dos
outros.

A teoria de desenvolvimento de Henri Wallon é um instrumento que pode


ampliar a compreensão do professor sobre as possibilidades do aluno no
processo ensino-aprendizagem e fornecer elementos para uma reflexão de
como o ensino pode criar intencionalmente condições para favorecer esse
processo, proporcionando a aprendizagem de novos comportamentos, novas
ideias, novos valores. Na medida em que a teoria de desenvolvimento
descreve características de cada estágio, está também oferecendo elementos
para uma reflexão para tornar o processo ensino-aprendizagem mais produtivo,
propiciando ao professor pontos de referência para orientar e testar atividades
adequadas aos alunos concretos que tem em sua sala de aula. A identificação
das características de cada estágio pelo professor permitirá planejar atividades
que promovam um entrosamento mais produtivo entre essas características,
conforme se apresentem em seus alunos concretos, e as atividades de ensino.

O professor na visão de Wallon deveria ter autonomia na condução do


seu trabalho e iniciativa para investigar, sobretudo por meio da observação, a
origem de atitudes e condutas particulares, assim como de conflitos verificados
no grupo. Didática do Ensino Superior

A Epistemologia Genética desenvolvida por Jean Piaget (1896-1980) foi


desenvolvida por meio da experiência de crianças desde o nascimento até a
adolescência, tendo como premissa o fato de que o conhecimento é construído
a partir da interação do sujeito com o meio, a partir das estruturas existentes.

Piaget baseou sua teoria cognitiva em dois de seus interesses, a


Filosofia e a Biologia, pois presumia que o desenvolvimento cognitivo se
originava da adaptação da criança ao seu ambiente, e assim buscando
promover sua sobrevivência por meio da tentativa de aprender sobre seu
ambiente.

O conhecimento da criança é organizado como esquemas, que são


estruturas cognitivas indispensáveis para o conhecimento das pessoas. Essas
estruturas cognitivas são modificadas por meio dos processos de Assimilação,
Acomodação e Equilibração.

A primeira delas, chamada de assimilação, é uma ação externa: consiste


em utilizar os chamados esquemas de ação (formas como interagimos com o
mundo, como classificar, ordenar, relacionar etc.) para compreender as
características de determinado conceito. A segunda, a acomodação, é um
processo interno: diz respeito à construção de novas estruturas cognitivas (com
base nas pré-existentes, mas ampliando-as). Isso permite assimilar a novidade,
chegando a um novo estado de equilíbrio.

Há situações em que ocorre a chamada "equilibração majorante",


quando o indivíduo constrói as estruturas mentais que possibilitam subir de
nível cognitivo - ou seja, compreender algo novo. O papel do meio (família,
escola etc.) é fundamental nesse processo. Assim, ensinar significa promover
desequilíbrios e envolve a relação entre os esquemas de assimilação do
professor, com os conteúdos que deseja ensinar e os esquemas de
assimilação dos alunos que, por sua vez, devem influenciar os esquemas do Didática do Ensino Superior
professor. O ensino torna-se eficiente quando a argumentação do professor se
aproxima dos esquemas de assimilação dos alunos.

Piaget considera quatro períodos no processo evolutivo da espécie


humana no decorrer das diversas faixas etárias ao longo do seu processo de
desenvolvimento. São eles: Sensório-motor (0 a 2 anos), Pré-operatório (2 a 7
anos), Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos) e Operações formais (11 ou
12 anos em diante).
Cada uma dessas fases é caracterizada por formas diferentes de organização
mental que possibilitam as diferentes maneiras do indivíduo relacionar-se com
a realidade que o rodeia (Coll e Gillièron, 1987). De uma forma geral, todos os
indivíduos vivenciam essas 4 fases na mesma sequência, porém o início e o
término de cada uma delas pode sofrer variações em função das
características da estrutura biológica de cada indivíduo e da riqueza (ou não)
dos estímulos proporcionados pelo meio ambiente em que ele estiver inserido.

Período Sensório-motor (0 a 2 anos): No recém-nascido as funções


mentais limitam-se ao exercício dos aparelhos reflexos inatos. Assim sendo, o
universo que circunda a criança é conquistado mediante a percepção e os
movimentos (como a sucção, o movimento dos olhos, por exemplo).
Progressivamente, a criança vai aperfeiçoando tais movimentos reflexos e
adquirindo habilidades e chega ao final do período sensório-motor já se
concebendo dentro de um cosmo "com objetos, tempo, espaço, causalidade
objetivados e solidários, entre os quais situa a si mesma como um objeto
específico, agente e paciente dos eventos que nele ocorrem" (LA TAILLE, 2003).

Período pré-operatório (3 a 7 anos): para Piaget, o que marca a


passagem do período sensório-motor para o pré-operatório é o aparecimento
da função simbólica ou semiótica, ou seja, é a emergência da linguagem. Na
linha piagetiana, desse modo, a linguagem é considerada como uma condição
necessária, mas não suficiente ao desenvolvimento, pois existe um trabalho de Didática do Ensino Superior
reorganização da ação cognitiva que não é dado pela linguagem e sim pelo
desenvolvimento da inteligência.

O aparecimento da linguagem provoca modificações importantes em


aspectos cognitivos, afetivos e sociais da criança, uma vez que ela possibilita
as interações interindividuais e fornece, principalmente, a capacidade de
trabalhar com representações para atribuir significados à realidade. Tanto é
assim, que a aceleração do alcance do pensamento neste estágio do
desenvolvimento, é atribuída, em grande parte, às possibilidades de contatos
interindividuais fornecidos pela linguagem.

Período das operações concretas (8 a 11 anos): Um aspecto


importante neste estágio refere-se ao aparecimento da capacidade da criança
de interiorizar as ações, ou seja, ela começa a realizar operações mentalmente
e não mais apenas através de ações físicas, típicas da inteligência sensório-
motor. Contudo, embora a criança consiga raciocinar de forma coerente, tanto
os esquemas conceituais como as ações executadas mentalmente se referem,
nesta fase, a objetos ou situações passíveis de serem manipuladas ou
imaginadas de forma concreta.

Período das operações formais (a partir dos 12 anos): nesta fase a


criança, ampliando as capacidades conquistadas na fase anterior, já consegue
raciocinar sobre hipóteses na medida em que ela é capaz de formar esquemas
conceituais abstratos e através deles executar operações mentais dentro de
princípios da lógica formal. De acordo com a tese piagetiana, ao atingir esta
fase, o indivíduo adquire a sua forma final de equilíbrio, ou seja, ele consegue
alcançar o padrão intelectual que persistirá durante a idade adulta. Seu
desenvolvimento posterior consistirá numa ampliação de conhecimentos tanto
em extensão como em profundidade, mas não na aquisição de novos modos
de funcionamento mental
Didática do Ensino Superior
“O professor não ensina, mas arranja modos de a própria criança descobrir.
Cria situações-problema” Jean Piaget
Você concorda com a frase cima?

Para Lev Vygotsky (1860-1934) os mecanismos de desenvolvimento


cognitivo tem origem e natureza sociais e não são frutos exclusivos do
desenvolvimento mental. O desenvolvimento das funções mentais superiores
somente ocorrem nas interações sociais, as quais o mais importante é a
linguagem.

A ideia básica do pensamento de Vygotsky é a de que o indivíduo


conhece na medida em que constrói sua estrutura cognitiva e interpreta os
eventos e objetos do mundo, respondendo não apenas mecanicamente a eles.
As estruturas prévias, as inter-relações com o mundo circundante, as
percepções já incorporadas pela cultura do sujeito são, então, fundamentais
nessa construção individual. As ações não seriam fruto de modificações
orgânicas permanentes, mas gerariam na mente do sujeito estruturas
dinâmicas que se constroem e se reconstroem, tornando o sujeito aprendiz um
elemento ativo e criativo do seu próprio saber e não um mero receptor de
conhecimento.

Alguns dos conceitos mais importantes de Vygotsky são:

Zona de desenvolvimento proximal: este conceito trata da distância entre Didática do Ensino Superior
as práticas que uma criança já domina e as atividades nas quais ela ainda
depende de ajuda. É a distância entre o nível cognitivo real do indivíduo,
medido por sua capacidade de resolver problemas independentemente, e o seu
nível de desenvolvimento potencial, medido por meio da solução de problemas,
sob orientação ou em colaboração com companheiros capazes.

Aprendizagem mediada: é a aquisição de conhecimentos por meio de


um intermediário entre o ser humano e o ambiente. Há dois tipos de
mediadores: os instrumentos e os signos. No caso do professor, este deve
ajustar seu nível de ajuda ao nível de desempenho da criança, enquanto dirige
o progresso da aprendizagem para o nível superior de sua zona de
desenvolvimento proximal.
Pensamento verbal: é a capacidade humana de unir a linguagem ao
pensamento para organizar a realidade. Trata-se do pensamento histórico-
social que diferencia o homem dos outros animais.

Síntese

Cognitivismo

Henry Wallon - foi o primeiro a levar não só o corpo da criança mas também suas
emoções para dentro da sala de aula. Fundamentou suas ideias em quatro elementos básicos
que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu
como pessoa. Militante apaixonado (tanto na política como na educação), dizia que reprovar é
sinônimo de expulsar, negar, excluir.
As emoções, para Wallon, têm papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É
por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. Em geral são
manifestações que expressam um universo importante e perceptível, mas pouco estimulado
pelos modelos tradicionais de ensino.
Jean Piaget - esquemas de ação são as formas como o ser humano interage com o
mundo. Nesse processo, ele organiza mentalmente a realidade para entendê-la,
desenvolvendo a inteligência. As formas de interação evoluem progressivamente conforme a
faixa etária e as experiências individuais. Segundo Piaget, o desenvolvimento se dá em quatro
períodos: sensório-motor (até 2 anos), pré-operatório (de 3 a 7 anos), operatório concreto (de 8
a 11 anos) e operatório formal (a partir de 12 anos).
Lev Vygotsky - a aquisição de conhecimentos é realizada por meio de um elo
intermediário entre o ser humano e o ambiente. Para Vygotsky, há dois tipos de elementos
mediadores: os instrumentos e os signos - representações mentais que substituem objetos do
mundo real. Segundo ele, o desenvolvimento dessas representações se dá sobretudo pelas
interações, que levam ao aprendizado. As interações são a base para que o indivíduo consiga
compreender (por meio da internalização) as representações mentais de seu grupo social -
aprendendo, portanto. A construção do conhecimento ocorre primeiro no plano externo e social Didática do Ensino Superior
(com outras pessoas) para depois ocorrer no plano interno e individual. Nesse processo, a
sociedade e, principalmente, seus integrantes mais experientes (adultos, em geral, e
professores, em particular) são parte fundamental para a estruturação de que e como
aprender.
4.1.3 Humanismo

Carlos Ranson Rogers (1902-1987) nasceu em Illinois (EUA). Formado


em História e Psicologia aplicou na Educação princípios da Psicologia Clínica,
área que atuou por mais de 30 anos. É considerado um representante da
corrente humanista em educação.

Um desses princípios é a chamada terapia centrada no cliente, utilizando


técnicas de reformulação e clarificação dos sentimentos buscando uma atitude
de maior aceitação dos sentimentos do cliente por parte do terapeuta.

Concebe o ser humano como sendo bom e curioso e que precisa de


ajuda para poder evoluir, daí a necessidade de técnicas de intervenções
facilitadoras.

No Brasil suas ideias se difundiram na década de 70 em confronto direto


com as ideias comportamentalistas de Skinner. É nessa década que Rogers
dirige sua atenção de maneira prioritária à Educação propondo uma pedagogia
experiencial centrada no aluno.

Acredita que os alunos aprendem melhor, são mais criativos e mais


capazes de solucionar problemas quando os professores proporcionam um
clima humano de aceitação, de liberdade, escuta sensível e o aluno é
considerado como uma pessoa em construção e não um estudante construindo
apenas comportamentos acadêmicos.

A liberdade em sala de aula, para Rogers, é justamente a possibilidade


de o aluno descobrir a aprendizagem e poder refletir para o professor o que ele
está sentindo para encontrar novos caminhos, ou seja, a aula deixa de ser Didática do Ensino Superior
padronizada, idêntica para todo mundo. Há uma participação ativa, real onde a
liberdade do aluno está se expressando na vontade de aprender, dirigindo a
própria aprendizagem. Os insights os grandes momentos de descoberta o
aluno não guarda para si, ele coloca em andamento e o professor tem que
estar muito preparada para acompanhar senão a ditadura do conteúdo sufoca
a liberdade de aprender.

Na escuta sensível o professor precisa ter um compromisso com essa


escuta. O professor precisa ser sensível ao aluno, ao sentido da pergunta do
aluno, sem julgamento. Essa escuta que vai se fazendo sensível ao ato de
aprender e, ao significado que essa aprendizagem vai ter na construção da
pessoa.
A questão da pessoa é fundamental nessa abordagem. A pessoa é
inacabada, se o crescimento para em determinado momento, o
desenvolvimento de ser pessoa não para nunca. A escola recebe uma pessoa
inteira, não somente um aluno.

A aceitação na visão de Rogers não é concordar. Aceitar que as


pessoas, antes de tudo, são diferentes e que existem momentos que não estão
idênticos aos nossos. As pessoas estão ali com outros conteúdos.

O professor precisa se preparar para outro paradigma: existem inúmeras


formas de aprender. A dificuldade do professor consiste em muitas vezes
querer passar o conteúdo de um jeito só. Esse conteúdo não é para ser
absorvido tal como é passado, ele precisa ter sentido senão não vale a pena
estar lá, nem para o professor nem para o aluno.

Na medida em que o professor perde o medo de errar e de não saber


responder o que o aluno perguntou ele garante o respeito, se respeita e sua
profissão ganha mais força. Essa questão permeia a construção do humano,
até porque o aluno vai compreender o que é aprender porque o professor está
em situação de aprendizagem.

O ensinar é uma consequência de colocar-se em aprendizagem. Quem


parou de aprender também parou de saber ensinar.

Síntese
Didática do Ensino Superior

O Humanismo está preocupado com as relações entre os sujeitos no momento da


aprendizagem. Centra seu foco na pessoa que aprende, entendendo pessoa como um ser
total, que pensa, sente e age, e valorizando fortemente a liberdade e autodeterminação natural
desse ser.
4.2 As políticas atuais para a formação dos profissionais
da educação

Atualmente no Brasil a formação dos professores é deficitária. Uma


pesquisa realizada pelo Ministério da Educação (MEC) revelou que cerca de
seiscentos mil professores em exercício na Educação Básica não possuem
graduação ou atuam em áreas diferentes das licenciaturas em que se
formaram.

Há uma crise nas licenciaturas, pois as instituições não mudam sua


estrutura há mais de um século. O século XX passou por grandes mudanças
sociais e educacionais, mas as licenciaturas continuam com a mesma estrutura
se funda em uma tradição científica do século XIX.

Percebemos mínimas ações no sentido de promover mudanças por


vários motivos: algumas instituições querem realmente inovar seus propósitos
educacionais e outras porque o MEC tem pressionado para que haja mudanças
de fato, pois a formação de professores sendo no nível superior é de
responsabilidade da União

Não há iniciativas estruturantes por parte do Conselho Nacional de


Educação (CNE) ou do próprio MEC para mudanças na estrutura e no currículo
Didática do Ensino Superior
de disciplinas pedagógicas.

Houve uma Resolução CNE/CP2/2002 onde as instituições deveriam


integrar a formação disciplinar com a formação educacional e o estágio desde
o início da formação, mas essa Resolução é muitas vezes ignorada e os cursos
de graduação continuam sendo credenciados e autorizados sem que a
Resolução seja obedecida. Isso se refere especialmente as instituições
privadas que formam a maioria dos professores, cerca de 80% dos
licenciandos saem das instituições privadas do ensino.
Os estudos apontam que a formação de Metodologias e Práticas de
Ensino nos Projetos Educacionais é muito reduzida. As instituições estão
preocupadas em formar um bacharel, como se os licenciandos detendo o
conhecimento soubessem ensinar.

O curso de Pedagogia foi criado em 1938 com a vocação para formar


educadores em geral: Filósofo da Educação, Pesquisadores em Educação,
Professores das Escolas Normais. A vocação não era formar professores
alfabetizadores ou de outras modalidades de ensino.

1986 o Conselho Nacional de Educação autorizou algumas instituições


em caráter excepcional, a incluir a formação no magistério. Essa habilitação
começou a entrar nos cursos de Pedagogia, mas não era a vocação essencial.

No ano de 2006 finalmente o Conselho Nacional de Educação ao


elaborar as Diretrizes Curriculares do curso de Pedagogia colocou como eixo
dessa formação, a formação de professor para o ensino fundamental e a
Educação Infantil. Com isso, para muitas instituições tornou-se um problema e
novamente foram feitos arranjos para tentar-se uma formação e não a busca
de uma vocação integral para a formação de professores alfabetizadores.

Em uma mostra nacional não foi encontrada a disciplina Alfabetização


na maioria dos cursos de Pedagogia e quando encontrada era uma formação
mais teórica e não a metodologia de ensino. A disciplina Educação Infantil
apareceu apenas em 5% dos currículos e também as ementas mostravam que
se tratava de História da Infância, História da Criança, mas não do trabalho
com a criança na Educação Infantil. Examinando as Diretrizes Curriculares das
outras licenciaturas a prática do professor foi ignorada totalmente.
Didática do Ensino Superior
Nos cursos superiores de formação de professores faz-se necessário
constar Psicologia do Desenvolvimento, mas não apenas com fundamentos
teóricos, mas práticas fundamentadas.

As instituições e as esferas governamentais precisam pensar na


formação do professor como solução e não como parte do problema. A
formação precisa ser pensada dentro de uma política macro de educação,
tendo uma visão de educação integrada.
“O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar
para sair daqui?”

Isso depende muito de para onde você quer ir, respondeu o Gato.

Não me importo muito para onde, retrucou Alice

Então não importa o caminho que você escolha”, disse o Gato

Contanto que dê em algum lugar, Alice completou.

Oh, você pode ter certeza que vai chegar se você caminhar bastante,
disse o Gato.”

Alice no país das maravilhas Lewis Carroll

Vivemos atualmente uma evolução muito rápida do contato do aluno


com tecnologias e o professor não tem essa mesma vivência que o aluno.

O professor, às vezes, evita entrar no mundo dos alunos, pois ele não foi
preparado para estar naquela realidade.
Didática do Ensino Superior
O Brasil é uma colcha de realidades diferenciadas e o professor é
formado para uma única direção. Não consegue conviver com o mundo dos
alunos e nem exatamente levar o mundo dele para a sala de aula, então o
professor perde os referenciais.

Os cursos oferecidos aos professores são cursos de formação prontos,


que o professor faz para obter vantagens na carreira e não cursos que
resolvam as deficiências que ele tem, que levam a uma reflexão de sua prática
e de suas fragilidades.
Um modelo de formação eficaz é o círculo de gestão: o problema é
diagnosticado, planeja-se a intervenção, essa intervenção é executada, avalia-
se os resultados para melhorar uma próxima intervenção.

Considerações Finais

Neste módulo 4 as teorias e pesquisas no âmbito educacional foram


suscintamente apresentadas e esperamos que possam convergir para um olhar
teórico com preocupações muito atuais de como fazer uma educação para
todos, independentemente da diversidade, meio social e econômico do aluno e
ao mesmo tempo uma educação para cada um, em sua singularidade. Que a
escola consiga transformar-se para atender a uma demanda social de uma
sociedade mais justa e mais democrática e ao mesmo tempo uma educação
escolar que faça sentido para cada um dos sujeitos que tem acesso à escola.

Didática do Ensino Superior


MÓDULO 5 – Didática, Organização e Gestão Escolar

Marcia Mendes Moreira

Didática do Ensino Superior


Módulo 5 – Didática, Organização e Gestão Escolar –
Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2016.
Guia de Estudos – Módulo 5 – Didática, organização e
gestão escolar.
1. A dimensão pedagógica: questões didáticas 2. A
questão pedagógica 3. Didática e ética

Faculdade Campos Elíseos

Didática do Ensino Superior


Conversa Inicial

No Módulo 5 trabalharemos com uma questão relevante: a formação do


educador.

Nesta reflexão trataremos com a questão da qualidade do trabalho


educativo e com a presença de uma dimensão ética neste trabalho.

A qualidade do trabalho educativo deve ser pautada no saber do


professor, isto é, o domínio dos conteúdos a serem transmitidos e das técnicas
para articular esse conteúdo às características dos alunos e do contexto, mas
esse saber perde seu significado se não está ligado a uma intencionalidade do
gesto educativo.

A dimensão ética da competência não está presente apenas na


competência do educador. Ela faz parte da competência profissional, qualquer
que seja o espaço de atuação dos indivíduos.

Na leitura complementar foram selecionados textos que têm como


objetivo reforçar os conteúdos estudados e esclarecer alguns assuntos que
facilitem a compreensão e auxiliem a elaboração das atividades.
Didática do Ensino Superior
O artigo: Diários de aula e portfólios como instrumentos metodológicos da
prática educativa em artes visuais pretende dissertar sobre as experiências
profissionais dos autores com diários de aula e portfólios no processo formativo
de professores. Como são conceituados, em que estão pautados, como podem
ser organizados pelos estudantes e que lugar ocupam enquanto instrumento da
prática educativa.
O artigo: Metodologia Dialética em Sala de Aula analisa a metodologia
expositiva presente no cotidiano da escola e apresenta a metodologia dialética
como uma prática diferente para a incorporação de uma nova concepção de
educação. Ao serem analisadas as duas metodologias o autor espera
esclarecer os limites e problemas da metodologia expositiva. Na metodologia
na perspectiva dialética o conhecimento é construído pelo sujeito na sua
relação com os outros e com o mundo.

Agora com a descrição de toda a trajetória, podemos iniciar a nossa jornada de


estudos.

Ótimo aprendizado!

Didática do Ensino Superior


5.1 A dimensão pedagógica: questões didáticas.

“ Quando acordei hoje de manhã, eu sabia quem eu era,


mas acho que já mudei muitas vezes desde então.”
Alice no país das maravilhas - Lewis Carroll

O aprender é um processo essencialmente ativo, que requer do aluno a


mobilização de suas atividades mentais para compreender a realidade que o
cerca, analisá-la e agir sobre ela, modificando-a.

Segundo Jacques Delors (1998), a prática pedagógica deve preocupar-


se em desenvolver quatro aprendizagens fundamentais, que serão para cada
indivíduo os pilares do conhecimento: aprender a conhecer indica o interesse,
a abertura para o conhecimento, que verdadeiramente liberta da ignorância;
aprender a fazer mostra a coragem de executar, de correr riscos, de errar
mesmo na busca de acertar; aprender a conviver traz o desafio da
convivência que apresenta o respeito a todos e o exercício de fraternidade
como caminho do entendimento; e, finalmente, aprender a ser, que, talvez,
seja o mais importante por explicitar o papel do cidadão e o objetivo de viver.

5.1.1 Aprender a conhecer

Aprender a conhecer – é o tipo de aprendizagem que tem por objetivo


estimular o prazer de compreender, de conhecer e de descobrir. É preciso que Didática do Ensino Superior
as crianças e os jovens sejam estimulados a descobrir o prazer de estudar.
Como estudados no Módulo 4, Carl Rogers propõe situações que propiciem ao
aluno a curiosidade, a escolha de seus próprios interesses, escolhas
responsáveis e adaptação a futuras situações problemáticas. O processo da
educação centrada no sujeito leva à valorização da busca progressiva da
autonomia.
Valorizar a curiosidade e a autonomia dos alunos resultará em pessoas
capazes de estabelecer relações entre os conteúdos aprendidos e as situações
vividas, enfim, pessoas que saibam pensar.

Aprender a conhecer também enfoca que o professor deve valorizar o


pensamento crítico e o que a criança traz de sua realidade para que a partir
desse sistema de conhecimento produza novos conhecimentos.

5.1.2 Aprender a fazer

Aprender a fazer – o conhecimento pedagógico é constantemente


construído e reconstruído durante a vida profissional do professor e na relação
que estabelece entre teoria e prática.

Francisco Imbernon (2011) em sua obra intitulada “Formação docente e


profissional : formar-se para a incerteza” afirma que o conhecimento
pedagógico se legitima na prática, representa mais que os conhecimentos de
determinada disciplina ou disciplinas, reside nos procedimentos de transmissão
do conhecimento, e reúne características como complexidade, acessibilidade e
utilidade social. A prática pedagógica deve ser um processo de constante
estudo, discussão e experimentação conjunta, que levem o professor a ser a
pessoa que propõe valores para a melhoria das condições de vida em
sociedade. Didática do Ensino Superior
“É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de
tal maneira que num dado momento a tua fala seja a tua prática “.

Paulo Freire

5.1.3 Aprender a conviver

Aprender a conviver - em sala de aula, o professor pode propor


atividades com enfoque na descoberta do outro, na valorização da
coletividade em detrimento à individualidade, aprender a ouvir o outro,
aprender a propor ao invés de se impor, a ceder e não perder, administrar
conflitos, tender para objetivos comuns, a compartilhar e partilhar de modo
produtivo e buscar a unidade na diversidade. Isso tudo sem perder o foco
na empatia, na solidariedade e cooperação.

5.1.4 Aprender a ser

Aprender a ser - a educação deve contribuir para o desenvolvimento Didática do Ensino Superior
total da pessoa – espírito, corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético,
reponsabilidade pessoal e espiritualidade. Todo o ser humano deve receber
uma educação que lhe dê ferramentas para o despertar do pensamento crítico
e autônomo, assim como para formular seus juízos de valor e ser autônomo
intelectualmente.
Síntese

Com base nessa visão dos quatro pilares do conhecimento, pode-se prever
grandes consequências na educação. O ensino-aprendizagem voltado apenas para a
absorção de conhecimento e que tem sido objeto de preocupação constante de quem
ensina deverá dar lugar ao ensinar a pensar, saber comunicar-se e pesquisar, ter
raciocínio lógico, fazer sínteses e elaborações teóricas, ser independente e autônomo;
enfim, ser socialmente competente.

5.2 A prática pedagógica

As questões da sala de aula nos dias de hoje precisam ser analisadas


em duas frentes: aquela que se refere ao aluno e a que se refere ao professor.

O aluno traz uma demanda muito diferente de anos atrás. Atualmente


ele está conectado com novas tecnologias, não aceita passivamente o
autoritarismo, questiona certas regras e o modelo giz e lousa já não é
suficiente.
Didática do Ensino Superior
O professor, por sua vez, não é preparado para toda a inovação que
está aparecendo em sala de aula. Sem aprofundamento, sem pesquisa, sem
ficar atento àquilo que o aluno vem solicitando vai ficar cada vez mais difícil. O
professor não pode contentar-se com aquilo que já sabe, com a maneira que
ensina e considerar que já está pronto, que o que faz está completo e basta
reproduzir. É preciso ter consciência que não sabe tudo, que junto com o aluno
poderá construir conhecimento, tendo o desejo de formar pessoas.

.
“ Tolice é fazer as coisas sempre do mesmo jeito e esperar resultados
diferentes”.

Albert Einstein

Conforme RIOS (1994,p.10) “o domínio dos conteúdos a serem transmitidos e


das técnicas para articular esse conteúdo às características dos alunos e do
contexto é fundamental, mas esse saber perde seu significado se não está
ligado a uma vontade política, a um querer que determina a intencionalidade do
gesto educativo”.

A especificidade do processo educativo que se desenvolve na escola


reside no fato de que ele tem como objetivo a socialização do
conhecimento elaborado – a transmissão do saber historicamente
acumulado pela sociedade, que leva à criação de novos saberes. Do
ponto de vista técnico, costuma-se dizer, isto implica a criação de
conteúdos e técnicas que possam garantir a apreensão do saber pelos
sujeitos e a atuação no sentido da descoberta e da invenção.
Entretanto, os conteúdos e técnicas não são absolutamente elementos
neutros. Eles são selecionados, transmitidos e transformados em
função de determinados interesses existentes na sociedade. (Saviani
apud Rios,1994)
Didática do Ensino Superior

Quando o professor tem clareza de suas concepções e de seu papel


enquanto educador, traz para a sua prática, para o planejamento de seu
trabalho e organização de seus projetos suas intencionalidades e recursos para
transformar a escola que aí está.
Essa ação educativa não se faz sozinha, o trabalho deve ser coletivo e
participante, isto é, “ ...a participação responsável de cada um dos sujeitos
envolvidos é o que atende de forma mais efetiva às necessidades concretas da
sociedade em que vivemos”.(RIOS, 1994,p.74)

Esse trabalho coletivo deve ser mobilizado para transformar a escola e


suas práticas tradicionais, que através da retenção e da evasão acentuam a
exclusão social, em escolas que eduquem os alunos, proporcinando à eles um
desenvolvimento humano, tecnológico, cultural e científico.

Síntese

A competência docente vai contribuir para uma educação de qualidade.


Esse percurso no processo ensino-aprendizagem necessita que o professor dê
atenção ao conteúdo, a formação humanista, o relacionamento saudável na
convivência, a noção de acolhimento e o desejo de formar pessoas.
Frente as novas realidades que se apresentam nas salas de aula o
professor deve desenvolver um novo olhar e uma prática pedagógica coerente
e atualizada.

5.3 Didática e ética

Nascemos com as características da espécie humana: características


físicas, biológicas, fisiológicas, mas não sabemos o que seremos. Ninguém
Didática do Ensino Superior
nasce humano, nos tornamos humanos com um processo educativo, pois a
educação é um gesto de construção da humanidade.

O gesto de educar é feito em todas as instituições sociais, mas há uma


instituição que se dedica especificamente à educação, a escola. E de que
forma a escola pode contribuir para essa humanidade?
Para que essa contribuição da escola seja positiva precisamos tratar do
trabalho competente do professor.

Em toda ação docente, encontram-se uma dimensão técnica, uma


dimensão política, uma dimensão estética e uma dimensão moral.
Afirmar isto, entretanto, não significa dizer que ela é de boa ou de má
qualidade. É necessário, então indagar: de que caráter deve se
revestir cada uma das dimensões da ação docente para que a
qualifiquemos de competente, isto é, de boa qualidade? (RIOS, 2001,
p.93)

Dimensão técnica: o professor precisa ter conhecimento dos conteúdos da área


na qual ele desenvolve seu trabalho, mas isso não é o suficiente, é preciso
também ter conhecimento de métodos para socializar esse saber.

Dimensão estética: nessa dimensão temos a perspectiva da relação


pedagógica, isto é, o professor ao ensinar, ensina para alguém.

Nesta relação é preciso que o professor tenha conhecimento do outro,


um conhecimento não somente no sentido da cognição, mas um conhecimento
no sentido da afetividade e da sensibilidade. Para o trabalho docente ser bom é
preciso que se tenha sensibilidade no reconhecimento dessa relação.

Dimensão política: a escola não está isolada da sociedade. Ela encontra-se em


uma sociedade organizada de uma determinada maneira e o professor precisa
estar atento às demandas da sociedade, tomar partido, no sentido de conhecer
as alternativas que dispõe.

O professor precisa estar atento a organização curricular, as políticas


que se definem para a educação. Por exemplo: por que algumas disciplinas
tem duas aulas e outras disciplinas tem cinco aulas? Por que avaliar da
maneira que avaliamos? Organização curricular é uma escolha que faz parte Didática do Ensino Superior
de como a sociedade quer formar o cidadão. Que tipo de cidadão será
formado? Tudo isso diz respeito a dimensão política do trabalho do professor.

Dimensão ética: não basta ser um bom professor na sua disciplina se não
comprometer-se com o bem comum. Ensinar seus alunos para a construção de
uma cidadania, de uma sociedade respeitosa, justa e solidária, para que,
apropriando-se dos saberes, os sujeitos possam estar ampliando a sua vida.
Essa compreensão é difícil, pois estamos em uma sociedade utilitária,
pragmática.
O professor não ensina somente o conteúdo, ensina um jeito de ser,
uma forma de relacionar-se com os outros, ensina e socializa valores, por isso,
o professor precisa estar atento quando realiza seu trabalho.

É preciso, por outro lado, reinsistir em que não se pense que a prática
educativa vivida com afetividade e alegria, prescinda da formação
científica séria e da clareza política dos educadores ou educadoras. A
prática educativa é tudo isso: afetividade, alegria, capacidade
científica, domínio técnico a serviço da mudança ou,
lamentavelmente, da permanência do hoje. (FREIRE, 1996, p.90)

Síntese

“A educação será tão mais plena quanto mais esteja sendo um ato de
conhecimento, um ato político, um compromisso ético e uma experiência
estética.”
Paulo Freire

Considerações Finais

Neste módulo esperamos que as reflexões propostas possam contribuir no


desenvolvimento de uma prática docente de melhor qualidade. Didática do Ensino Superior
A prática docente vem se modificando em decorrência de transformações nas
concepções de escola e nas formas de construção do saber, resultando na
necessidade de se repensar a intervenção didático-pedagógica na prática
escolar. É preciso investir na qualidade da formação dos docentes e no
aperfeiçoamento das condições de trabalho nas escolas, para que favoreçam a
construção coletiva de projetos pedagógicos capazes de alterar os quadros de
reprovação, evasão e da qualidade social e humana dos resultados da
escolarização.
MÓDULO 6 – Formação pedagógica e a construção de um novo perfil
para docentes

Marcia Mendes Moreira

Didática do Ensino Superior

Módulo 6 – Formação pedagógica e a construção de um


novo perfil para docentes – Faculdade Campos Elíseos
(FCE) – São Paulo – 2016.
Guia de Estudos – Módulo 6 – Formação pedagógica e a
construção de um novo perfil para docentes.
1. Planejamento e conteúdo 2. Educação e ensino na
contemporaneidade

Faculdade Campos Elíseos

Didática do Ensino Superior


Conversa Inicial

No Módulo 6 serão apresentados alguns critérios que contribuem para


articular uma prática educativa reflexiva e coerente, pois a resolução dos
problemas que a prática educativa coloca exige o uso de alguns referenciais
que permitem interrogá-la e proporcionam os parâmetros para as decisões que
devem ser tomadas.

Independentemente da modalidade de ensino que os docentes atuem


são profissionais que devem diagnosticar o contexto de trabalho, tomar
decisões, atuar e avaliar a pertinência das atuações a fim de reconduzi-la no
sentido adequado. Essas atitudes resultam na melhora profissional aliadas ao
conhecimento e a experiência, isto é, o conhecimento das variáveis que
intervêm na prática e a experiência para dominá-las.

Na leitura complementar foram selecionados textos que têm como


objetivo reforçar os conteúdos estudados e esclarecer alguns assuntos que
facilitem a compreensão e auxiliem a elaboração das atividades.

A entrevista com Bernard Charlot demonstra seu grande compromisso


com a prática educativa e com a atividade de pesquisa.

Nesta entrevista, concedida por e-mail da capital portuguesa, Antônio


Nóvoa afirma que a bagagem teórica terá pouca utilidade, se o professor não
fizer uma reflexão global sobre sua vida. Como aluno e como profissional.

Agora com a descrição de toda a trajetória, podemos iniciar a nossa


jornada de estudos.
Didática do Ensino Superior
Ótimo aprendizado!
6.1 Planejamento e conteúdo

Todo ser humano em algum momento de sua vida planeja suas ações. O
planejamento faz parte da vida humana, pois temos que nos planejar para a
tomada de decisões.

Planejamento é um processo de busca de equilíbrio entre meios e


fins, entre recursos e objetivos, na busca da melhoria do sistema
educacional. Como processo o planejamento não corre em um
momento do ano, mas a cada dia. A realidade educacional é
dinâmica. Os problemas, as reivindicações não têm hora nem lugar
para se manifestarem. Assim decide-se a cada dia a cada hora
(SOBRINHO, 1994, p.3).

6.1.1 Planejamento

Nas esferas municipais, estaduais e federais encontramos o


Planejamento do Sistema de Educação que corresponde as políticas
educacionais e aos Planos de Educação sejam nacionais, estaduais ou
municipais.

Nas Unidades Escolares o planejamento corresponde às ações sobre o


funcionamento pedagógico e administrativo da escola. Neste planejamento é
imprescindível a participação de toda a comunidade escolar. Esse
planejamento se traduz no Projeto Político Pedagógico da unidade educativa. Didática do Ensino Superior

O planejamento escolar pressupõe vários níveis como: planejamento


curricular, planejamento de ensino e de aula; no entanto, cada nível tem bem
definido seus objetivos. Cada nível possui suas singularidades, mas necessita
de aspectos delineados do nível anterior, especificando com maior precisão as
decisões tomadas em relação a determinados eventos da ação educativa.

Planejamento Curricular de acordo com Luckesi (2006), é uma tarefa


multidisciplinar que tem por finalidade a organização de um sistema de
relações lógicas e psicológicas dentro de um ou vários campos de
conhecimento, de tal modo que o processo ensino-aprendizagem seja
favorecido. É, dessa forma, o planejamento de todas as atividades que o aluno
realiza sob a orientação do professor para atingir os fins da educação.

O que fazer quando se constata que algumas crianças não aprenderam


o esperado no tempo previsto?

6.1.2 Planejamento de ensino e de aula

Planejamento de Ensino envolve todas as etapas do trabalho escolar


que envolvem as atividades entre docentes e alunos, na situação ensino-
aprendizagem, possibilitando melhores resultados.

O docente, ao elaborar o planejamento de ensino, precisa considerar o


perfil dos alunos, seus conhecimentos do mundo e o projeto pedagógico da
unidade educativa, para então adequar os elementos que constituem o plano
de ensino.

O plano de ensino deve conter os objetivos da disciplina, o conteúdo, a


metodologia e avaliação.
Didática do Ensino Superior
O professor deve elaborar os objetivos gerais e específicos. A partir
deles o planejamento será estruturado, pois são as finalidades que
pretendemos alcançar.
Os objetivos gerais expressam intenções mais amplas acerca da função
da educação, da escola, do ensino, considerando as exigências sociais, do
desenvolvimento da personalidade ou do desenvolvimento profissional dos
alunos.

Os objetivos específicos demonstram as expectativas do docente sobre


o que deseja obter em relação a aprendizagem de seus alunos. Esta
aprendizagem pode ser da ordem dos conhecimentos, habilidades, atitudes e
convicções, envolvendo aspectos cognitivo, afetivo, social e motor.
Correspondem às aprendizagens de conteúdos, atitudes e comportamentos.

Conteúdo: a escolha dos conteúdos que farão parte do ensino é uma


tomada de decisão repleta de intencionalidades. É da responsabilidade do
docente escolher os conteúdos que ampliarão as aprendizagens nos alunos
para que estes expliquem a realidade conscientemente.

Veremos posteriormente a tipologia dos conteúdos para servir de


instrumento para demarcar as diferentes posições sobre o papel que deve ter o
ensino. Portanto, numa aprendizagem em que se propõe a formação integral, a
presença dos diferentes tipos de conteúdos (factuais, conceituais,
procedimentais e atitudinais) estará equilibrada; por outro lado, um ensino que
defende a função exordial universitária priorizará os conteúdos conceituais.
Didática do Ensino Superior
Metodologia: organiza-se em torno de procedimentos didáticos, que podem ser
passos, atividades, ações que o professor e os alunos desenvolverão durante a
aula. Esses procedimentos didáticos devem atender à realidade social do aluno
e ser lógico com sua dimensão política, isto é, ser uma definição clara do para
que e para quem esses procedimentos estejam sendo colocados.
Avaliação: é um elemento chave de todo o processo de ensino-aprendizagem,
sua função se encontra literalmente ligada à função que se atribui a todo o
processo. Neste sentido, suas possibilidades e potencialidades se vinculam à
forma que as próprias situações didáticas seguem. Quando são
homogeneizadoras, fechadas, rotineiras, a avaliação tem pouca margem para
se transformar num fato comum e cotidiano. Contrariamente, as propostas
abertas, que favorecem a participação dos alunos e a possibilidade de
observar, por parte dos docentes, oferecem a oportunidade para uma avaliação
que ajude a acompanhar todo o processo e, portanto, a assegurar sua
credibilidade. Também são estas situações que dão margem à auto avaliação

Todo planejamento educacional, para qualquer sociedade, tem de


responder às marcas e aos valores dessa sociedade. Só assim, é que
pode funcionar o processo educativo, ora como força estabilizadora,
ora como fator de mudança. Às vezes, preservando determinadas
formas de cultura. Outras, interferindo no processo histórico
instrumental. (FREIRE, 1986, p. 23)

Síntese

Um planejamento eficiente envolve outros componentes que vão do


preparo do docente quanto ao domínio do conteúdo à sua postura enquanto Didática do Ensino Superior
educador, ao seu compromisso como cidadão, à sua metodologia, às relações
que acontecem na sala de aula com seus alunos. Logo, a questão do
planejamento não pode ser desvinculada da realidade, da competência técnica
e do compromisso político do educador e ainda das relações entre unidade
escolar, educação e meio social.
6.1.3 Conteúdo

Contemplar na proposta pedagógica as expectativas da comunidade é essencial?


Afinal, para quem a escola é feita?

Segundo ZABALA (1998) devemos entender por “conteúdos” como tudo quanto
se tem que aprender para alcançar determinados objetivos que não apenas
abrangem as capacidades cognitivas, como também incluem as demais
capacidades. Deste modo, os conteúdos de aprendizagem não se reduzem
unicamente às contribuições das disciplinas ou matérias tradicionais. Portanto,
também serão conteúdos de aprendizagem todos aqueles que possibilitem o
desenvolvimento das capacidades motoras, afetivas, de relação interpessoal e
de inserção social.

A tendência habitual de situar os diferentes conteúdos de


aprendizagem sob a perspectiva disciplinar tem feito com que a
aproximação à aprendizagem se realize segundo eles pertençam à
disciplina ou área: Matemática, Língua, Música, Geografia, etc.,
criando, ao mesmo tempo, certas didáticas específicas de cada
matéria. Se mudamos de ponto de vista e, em vez de nos fixar na
Didática do Ensino Superior
classificação tradicional dos conteúdos por matéria, consideramo-los
segundo a tipologia factual, conceitual, procedimental e atitudinal,
poderemos ver que existe uma maior semelhança na forma de
aprendê-los e, portanto, de ensiná-los, pelo fato de serem conceitos,
fatos, métodos, procedimentos, atitudes, etc., e não pelo fato de
estarem adstritos a uma ou outra disciplina. Assim, veremos que o
conhecimento geral da aprendizagem, adquire características
determinadas segundo as diferenças tipológicas de cada um dos
diversos tipos de conteúdo. (ZABALA, 1998, p.39)
Conteúdos factuais: conhecimentos de fatos, acontecimentos, situações, dados
e fenômenos. As estratégias de aprendizagem para estes conteúdos implicam
em memorização por repetição verbal, por exemplo, datas locais, nomes dos
estados, etc. Além disso, depois de um tempo se outras atividades de
memorização não forem efetuadas estes conteúdos serão esquecidos com
muita facilidade.

Fonte: http://acervo.novaescola.org.br/lingua-portuguesa/coletaneas/calvin-seus-amigos-428892.shtml.
Acesso em 18/10/16

Conteúdos conceituais: exigem a capacidade do aluno de aprender


conceitos e princípios. Nas escolas com práticas tradicionais os planejamentos
baseiam-se na aprendizagem deste tipo de conteúdo e, muitas vezes, de forma
mecânica, sem a garantia do significado da aprendizagem.

Nos planejamentos com uma concepção construtivista de ensino e Didática do Ensino Superior
aprendizagem as estratégias de ensino dos conteúdos conceituais devem
colocar o aluno diante de experiências ou situações que potencializem a
aprendizagem ou que lhe permita compreender os conceitos e princípios em
pauta. Há para esses conteúdos uma exigência de estratégias mais complexas
que exigem um processo de elaboração e construção pessoal do conceito.
Trata-se sempre de atividades que favoreçam a compreensão do
conceito a fim de utilizá-lo para a interpretação ou o conhecimento de
situações, ou para a construção de novas ideias.

Conteúdos procedimentais: trata-se de aprendizagens de ações


(desenhar, ler mapas ou gráficos, medir). O que sabemos fazer em um caso e
o que sabemos em outro. Mas não se trata de aprender ações pela descrição e
sim pela realização destas.

Um conteúdo procedimental – que inclui entre outras coisas as


regras, as técnicas, os métodos, as destrezas ou habilidades, as
estratégias, os procedimentos – é um conjunto de ações ordenadas e
com um fim, quer dizer, dirigidas para a realização de um objetivo.
São conteúdos procedimentais ler, desenhar, observar, calcular,
classificar, traduzir, recortar, saltar, inferir, espetar, etc. Conteúdos
que, como podemos ver, apesar de terem como denominador comum
o fato de serem ações ou conjunto de ações, são suficientemente
diferentes para que a aprendizagem de cada um deles tenha
características bem específicas. (ZABALA, 1998, p.43-44)

Conteúdos atitudinais: desenvolver esses conteúdos não é uma tarefa


cuja realização garanta a obtenção de objetivos. O conhecimento de valores,
normas e atitudes não assegura as suas assimilações por abranger aspectos
subjetivos como os cognitivos, os comportamentais e os afetivos. Isso não quer Didática do Ensino Superior
dizer que educadores e escola não os devam levar em consideração, pelo
contrário, experiências com elaboração de regras pelo grupo, assembleias,
demonstração de coerência nos atos dos docentes, por exemplo, devem ser
vividas no ambiente da escola. Somente através dessas atividades
experienciais é possível, de uma forma aberta, o estabelecimento de vínculos
afetivos.
A função social da aprendizagem deve ser a formação integral da
pessoa. Na busca desse objetivo devemos recordar da importância das
características evolutivas e diferenciais das crianças e o próprio estilo dos
docentes podem variar, por isso, a forma de ensino não pode se limitar a um
único padrão.

(...)O objetivo não pode ser a busca da “formula magistral”, mas a


melhora da prática. Mas isto não será possível sem o conhecimento e
uso de alguns marcos teóricos que nos permitam levar a cabo uma
verdadeira reflexão sobre esta prática, que faça com que a
intervenção seja o menos rotineira possível; que atuemos segundo
um pensamento estratégico que faça com que nossa intervenção
pedagógica seja coerente com nossas intenções e nosso saber
profissional. (ZABALA, 1998, p.51)

Síntese

Antes de nos fixarmos à reflexão a respeito da diversidade de conteúdos,


vamos pensar um pouco sobre a aprendizagem. De acordo com Zabala (1998)
e pelos princípios construtivistas, aprender é a construção pessoal que a
criança realiza com a auxílio que recebe de outras pessoas.

Para que ocorra tal aprendizagem há que se refletir sobre as atividades


e os conteúdos neste estágio. Esta decisão sobre qual ou quais conteúdos são Didática do Ensino Superior
mais relevantes, não se deve pautar apenas em relacioná-los em itens quando
da elaboração do planejamento, mas de contemplá-los na avaliação assumida
como um critério benéfico para detectar a coerência entre o que o docente faz
e o que se diz. Até porque muitos conteúdos estão subentendidos na prática
escolar dentro ou fora da sala de aula. Há muitas coisas que se aprendem na
escola e não foram pensadas ou conexas como conteúdos nos seus múltiplos
planejamentos.
6.2 Educação e Ensino na contemporaneidade

A sociedade se desenvolveu no pensamento e na tecnologia, mas


retrocedeu devido ao modelo escolar, isto é, nós vivemos um intenso
desenvolvimento tecnológico, mas vivemos uma proporcional
imaturidade social e política.

Nosso modelo escolar tem três grandes características: a


industrialização tardia, o regime militar e a influência do idealismo
platônico.

Na década de 50, o Brasil possuía um tipo de estrutura escolar


que era muito voltada para a reflexão e para o pensamento. As escolas
eram abertas, questionadoras e reflexivas, mas era uma escola elitista
voltada para poucos e dedicada a formar lideranças.

Havia os exames de admissão, um mecanismo de exclusão


necessário à época porque a educação era para poucos, isto é, para
algumas pessoas, uma intelectualidade. A educação era o prêmio dado
aos melhores.
Didática do Ensino Superior
Com a industrialização no Brasil houve a necessidade de ampliar
a mão de obra para o mercado. As pessoas precisavam ler e escrever
para dar conta dessa demanda industrial.

Surge a demanda da escola para todos e, de uma hora para


outra, surgem muitas escolas para formar pessoas para o mercado de
trabalho, de forma rápida, em um modelo de fábrica para uma linha de
montagem do conhecimento.
Temos, então, uma escola seriada, compartimentalizada, onde perde-se
a noção do todo. A escola segmentou ao máximo o saber. Por exemplo: as
aulas tem a duração de 45 a 50 minutos, toca-se o sinal e outro professor
começa outro componente sem qualquer conexão com a aula anterior.
No período militar o conteúdo passa a ser chamado de disciplina. O
currículo é a grade curricular e atrás da grade curricular temos as disciplinas e
a avaliação é a prova. Nesse sentido, o aluno é o condenado e precisa provar
que sabe.
A necessidade de construir a escola dessa maneira, diz respeito ao
objetivo de se construir passividade, disciplina, ausência de questionamento e
crítica, repetição e não criação de conteúdo.
Notamos esse pensamento na arquitetura escolar. As salas de aula são
pequenas com corredores imensos e os pátios tem uma estrutura para facilitar
a vigilância, são pequenos e as crianças não podem brincar. Não há espaços
amplos, arejamento durante os processos e não há espaços onde se possa
reunir toda a escola, portanto a escola como um todo nunca é reunida.
A escola tornou-se um espaço isolado reproduzindo passividade e repetição.
Perdeu-se a noção de conjunto, unidade, participação e relacionamento.

Didática do Ensino Superior

Atualmente temos o discurso que as crianças devem ser colocadas na


escola para afastá-las da rua para evitar a violência, o envolvimento com
drogas, etc.

Nesse contexto onde fica o pensamento, a discussão e a produção de


conhecimento?
As crianças estando na escola cada vez mais tempo e sendo a escola
um espaço isolado, fragmentado, voltado para a disciplina com uma hierarquia
absurda onde o aluno deve respeitar o professor, mas o professor não tem
responsabilidade de respeitar o aluno. Nessa relação como o aluno vai
aprender cidadania e ética?

Cidadania pressupõe que as pessoas vivam na cidade. A escola


brasileira não vai à cidade, raramente frequenta museus, parques, estações
ecológicas, porque não há investimentos e recursos para que a escola possa
levar as crianças para conhecer os espaços educativos da cidade e nem
mesmo o entorno da escola.

Não há como formar um ser humano se o isolarmos durante anos entre


quatro paredes dentro de uma escola fragmentada e passiva que privilegia o
acúmulo de conhecimento.

Outra característica do nosso modelo escolar é a influência do idealismo


platônico que marca a produção do conhecimento na história da humanidade.
Quanto mais o meu conhecimento é abstrato e mais distante ele é do
movimento da vida mais grandioso ele se torna.

O processo de abstração do pensamento em uma escola que privilegia a Didática do Ensino Superior
palavra se, unido a uma escola fragmentada, segmentada, isolada da
sociedade, que privilegia a passividade, o acúmulo de conhecimento, não
consegue formar alunos críticos e reflexivos.

O professor tem capacitação para modificar sua prática, mas diante de


conteúdos pré-estabelecidos ele não consegue inverter a lógica, isto é, não
consegue a reflexão daquilo que é ensinado, não consegue refletir o porquê e
para que está ensinando este ou aquele conteúdo.
Segundo Edgar Morin (2002) o saber fragmentado que levamos conosco
encontra atualmente realidades, problemas, questões transversais, planetárias
e globais (problemas ambientais, terrorismo, internet, etc.) que geram a grande
instabilidade do mundo pois somos incapazes de resolver, pois se o problema
vem universal e a pessoa vai fragmentada como poderá lidar com esse
problema?

A internet democratizou o pensamento e precisamos construir novas


possibilidades de viver em sociedade, pensando globalmente e
transversalmente.
A passividade que vivemos é a ausência de atitude. Por existir um ensino
fragmentado, quando nos deparamos com um problema global não sabemos
qual disciplina recorrer para solucionar.

Vivemos uma crise de liderança, pois liderar é coordenar um processo de


forma ética e respeitosa e a escola não está preparando para a sociedade,
para o afeto e nem para o mercado de trabalho.

Didática do Ensino Superior

Fonte: http://acervo.novaescola.org.br/lingua-portuguesa/coletaneas/calvin-seus-amigos-428892.shtml
acesso em 18/10/16

Precisamos admitir um novo modelo de ser humano. Nosso modelo


mental é pensar uma coisa de cada vez. Temos que reconstruir essa
complexidade interna e de percepção.
Como apresenta Morin(2001) temos que aprender a aprender, mas não
sabemos aprender. Temos que inverter uma lógica, a escola não pode mais
apenas transmitir conteúdo. O professor não é o que ensina, mas aquele que
estimula a aprendizagem, pois com as mudanças tecnológicas, os
conhecimentos mudam todos os dias e o professor não tem condições de
saber mais que o aluno o tempo inteiro.

Todo saber é provisório, pois a internet está acabando com o gueto do


conhecimento. A sociedade necessitará de pessoas curiosas, criativas, sempre
dispostas às novas questões e não aquelas que acumulam conteúdo, pois
quem acumula conteúdo não pensa.

Atualmente a escola está se dedicando a resolver o caos social


(violência, fome, saúde, etc.) e falta espaço de trabalho do professor para se
dedicar ao pensamento e ao conhecimento.

A escola precisa construir um ambiente democrático de convívio ético


antes de pensamento e conhecimento. Ética não é apenas ser bom para o
outro é prestar atenção e ter consciência que pequenos gestos podem ter um
desdobramento infinito e que esse desdobramento vai, em algum momento,
recair sobre ele mesmo. Entender que não há nada isolado, pois nosso modelo
mental é pensar uma coisa de cada vez e temos que reconstruir essa
complexidade interna e de percepção.
Didática do Ensino Superior
A escola precisa abrir-se para o entorno e para a cultura, pois a arte
conecta todas as coisas e une em um ambiente lúdico. A ludicidade da arte
auxilia a formar pessoas sensíveis esteticamente.
Considerações Finais

Dar um novo sentido a compreensão dos docentes acerca dos conteúdos é


fundamental quando se pretende empreender práticas pedagógicas que
favoreçam a aprendizagem dos alunos. Se diversos conteúdos se aprendem de
diferentes formas, não podemos organizar uma rotina pedagógica que não leve
em conta tal diferenciação.
O planejamento das rotinas de sala de aula deve atender as exigências sociais
da conjuntura atual e suas demandas como também promover um ensino
significativo para os educandos articulando os conteúdos factuais,
procedimentais, conceituais e atitudinais de maneira competente abandonando
a dimensão informativa, a fim de alcançar um espaço realmente formativo.
Não poderemos tornar uma atividade significativa se não considerarmos os
conteúdos que temos intenção de ensinar, para que a prática educativa seja
realmente significativa para os alunos caberá ao educador conhecer e
respeitar os saberes que os educandos já tem, ter clareza do que se pretende
ensinar, considerar a diversidade de saberes existentes na sala de aula,
conhecer diferentes estratégias de ensino com planejamento de intervenções
precisas, contribuindo para que o educando supere os desafios propostos, Didática do Ensino Superior
progredindo sempre.
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superior. Parecer NE/CP9/2001. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de janeiro
de 2002. Seção 1, p. 31
_______. Conselho Nacional de Educação. Institui a duração e a carga horaria
dos cursos de Licenciatura, de graduação plena, de formação de professores
da Educação Básica em nível superior. Resolução CNE/CP2/2002. Diário
Oficial da União, Brasília, 4 de março de 2002. Seção 1, p. 31
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