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Imagine-se, então, que uma das partes não cumpre o acordado em sede
parassocial. De que mecanismos se pode socorrer a contraparte para exigir o
respectivo cumprimento ou, tal não sendo possível, para ser ressarcida pelos danos
que tal incumprimento lhe causou? Ainda que se verifique uma eficácia relativa dos
acordos parassociais, nada obsta, prima facie, a que, em caso de incumprimento de uma
obrigação do acordo parassocial, se apliquem as normas gerais relativas ao
incumprimento das obrigações. Deste modo, os sócios lesados podem intentar
uma acção de indemnização, para ressarcimento de perdas e danos contra o sócio
que não cumpriu o acordo parassocial (artigos 562.º e 789.º do Código Civil).
Contudo, no seio dos mecanismos gerais de reacção ao incumprimento, cabe indagar da
possibilidade de se exigir judicialmente o cumprimento da obrigação constituída pelo
acordo parassocial, ao abrigo do disposto no artigo 817.º do Código Civil (acção
de cumprimento). Em regra, nada parece indiciar o afastamento do mecanismo da
acção de cumprimento, desde que a prestação ainda seja possível. No que respeita à
acção de execução específica (artigo 830.º do Código Civil), deve entender-se que ela
poderá ser utilizada caso estejam preenchidos os pressupostos básicos para a sua
aplicação:
Por exemplo, o recurso à execução específica deverá ser admitido nas relações
entre sócios que subscrevam um acordo parassocial que consubstancie um
contrato-promessa de transmissão de participações sociais. Os casos mais
complexos de aplicação do mecanismo da execução específica
correspondem aos acordos de voto. Parece inequívoco que à luz do disposto
no artigo 19.º, n.º 1 da Lei das Sociedades Comerciais, sendo os votos
emitidos na assembleia geral (em desconformidade com o acordo
parassocial), estes tornam-se inimpugnáveis, restando apenas às restantes partes
no acordo parassocial uma tutela indemnizatória – não sendo viável, pelas
razões apontadas, o recurso ao mecanismo de execução específica.