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PATOLOGIA GERAL

Eduardo Oliveira • 2019

VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNICA HUMANA: HIV

HISTÓRIA:
 Era conhecida como “síndrome da imunodeficiência relacionada com gays”, recebendo o nome de síndrome da imunodeficiência
adquirida apenas na década de 80, quando se tornou conhecida. Mais tarde, percebeu-se relação com uso de drogas, hemofilia, transfusão
sanguínea e comportamento sexual de risco.
 A infecção concentra-se na África subsaariana (quase 2/3 de todas as pessoas infectadas pelo HIV se concentram na África).
 Relações heterossexuais correspondem a 85% de todas as infecções.

TRANSMISSÃO:
 O HIV é um retrovírus que ataca os linfócitos T CD4, sendo o principal o HIV do tipo 1 (HIV-1). O HIV tipo 2 (HIV-2) é endêmico em países
da África Ocidental.
 Transmissão através de contato sexual (sêmen, sangue ou secreção) com mucosas, contato sangue com sangue ou por via perinatal.
 Não é transmitido por contato casual.
 Não é transmitido por vetores como mosquitos.
 A transmissão está relacionada com a carga viral do indivíduo infectante.
 O risco de infecção por exposição percutânea é de 0,3% e 0,9% em mucosas íntegras.

O indivíduo infectado por HIV é infectante mesmo não existindo


sintomas.
 Soroconversão: o indivíduo passa de soronegativo
para soropositivo, ocorrendo de 1 a 3-6 meses após a
infecção.
 Janela imunológica: tempo após a infecção e antes
da soroconversão. Durante esse período, o exame de
anticorpos anti-HIV pode dar negativo (3 meses).

FISIOPATOLOGIA CLÍNICA:

Características do vírus do HIV:


 Retrovírus capsulado que faz parte da família dos lentivírus, que possuem um longo tempo de incubação e estão relacionados à
imunossupressão e doenças neurológicas.
 Transmite informação genética em RNA.
 Infecta linfócitos T CD4, macrófagos e células dendríticas.
 A infeção por VIH provoca a diminuição do número linfócitos T CD4+ através de diversos mecanismos, entre os quais a apoptose de células
espectadoras,a morte viral direta de células infectadas, e morte de linfócitos T CD4+ através de linfócitos T citotóxicos CD8 que reconhecem
as células infetadas.

Estrutura do HIV:
 Vírus esférico e encapsulado composto por
duas cópias de RNA+ de cadeia única.
 O RNA de cadeia única está ligado a
proteínas de nucleocapsídeo p7 e a
proteínas importantes como a transcriptase
reversa, ribonucleases e integrases.
 Capsídeo: envolto por uma matriz de
proteína viral p17, que assegura a
integridade da partícula viral.
 Envelope viral: envolve todo o conjunto,
sendo composto por duas camadas de
fosfolipídeo. Ele contém a glicoproteína
gp120 e gp41, que permite o vírus se ligar e
fundir-se com células alvo para dar início à
infecção.

Replicação: ocorre em 8 etapas.


1. Ligação do vírus ao linfócito T CD4 (aderência): o vírus entra na corrente sanguínea, se liga à superfície do LTCD4 através de um receptor
de afinidade por HIV, não sendo suficiente para provocar uma infecção. O HIV se liga a outras moléculas de superfície, que ligam as
glicoproteínas do envelope gp120 e gp41.
2. Internalização do vírus: as proteínas do envelope fundem-se à membrana do LTCD4, permitindo que os dois RNAs e a transcriptase
reversa entrem na célula, mas o envelope permanece fora.
3. Síntese de DNA: a transcriptase reversa faz uma cópia do RNA e, depois, de modo reverso, converte em DNA de dupla fita.
4. Integração: o DNA sintetizado penetra no núcleo do LTC4 e, com
o auxílio da enzima integrase, é inserido no DNA original da
célula.
5. Transcrição do DNA viral formando RNAm com instruções para a
construção de novos vírus.
6. Tradução do RNAm contendo informação viral, criando
poliproteínas que contém os componentes para a construção do
vírus.
7. Clivagem: enzimas proteases cortam as poliproteínas em
proteínas individuais que formarão o vírus.
8. As proteínas virais são montadas, formando um vírus de HIV que
é liberado da célula T, destruindo a célula T e resultando em
enfraquecimento do sistema imune.
O tratamento da HIV consiste em fármacos que inibem a replicação:
 Inibidores de transcriptase reversa.
 Não inibidores de transcriptase reversa.
 Inibidores de proteases que interrompem a clivagem.
 Inibidores de difusão.
 Inibidores de integrase.

CLASSIFICAÇÃO E FASES DE INFECÇÃO: É feito a partir da contagem


de células CD4 em 3 categorias (1:>500, 2:200-499 e 3:<200).

 Categoria clínica A: assintomáticos que apresentam sintomas de


infecção pelo HIV (soroconversão).
 Categoria clínica B: sintomáticos de imunossupressão não grave a ponto
de ser AIDS.
 Categoria clínica C: sintoma de AIDS

Figura 1. Classificação de infecção pelo HIV para adolescentes e adultos.


Fases da infecção:
 Infecção primária: início da infecção aguda por HIV 1 a 4 semanas após exposição ao vírus, com febre, fadiga, mialgia, garganta
inflamada, sudorese, problemas no TGI, linfedema, erupções cutâneas e cafeleia.
 Carga viral alta (1.000.000/ml).
 Decréscimo das células T.
 Dura de 7 a 10 dias.
 Fase latente: o indivíduo não apresenta sinais nem sintomas em até 10 anos com redução crescente das células T.
 AIDS fraca: o indivíduo apresenta um número de celular inferior a 200/uL ou AIDS. Sem terapia, pode levar à morte em 2 a 3 anos e
aumenta o risco de infecções oportunistas.

Evolução clínica:
 Progressores típicos: desenvolve AIDS após 10 anos.
 Progressores rápidos: desenvolve AIDS após 5 anos.
 Progressores lentos: desenvolve AIDS após 15 anos.
 Não progressores no longo prazo (1%): Essas pessoas foram infectadas no mínimo 8 anos antes, nunca receberam antirretrovirais,
apresentam contagens de células CD4+ altas e em geral têm cargas virais muito baixas.
 Controladores de elite: consistem em indivíduos que apresentam supressão virológica espontânea e sustentada sem o uso de
medicações antirretrovirais. Esse grupo de indivíduos infectados pelo HIV atualmente está sendo pesquisado para ajudar na determinação
das interações imunológicas e virológicas que lhes permitem manter a supressão virológica do HIV.

Diagnóstico:
 Teste de anticorpos anti-HIV: detectar o anticorpo viral através de um teste e ensaio imunossorvente ligado a enzima (ELISA), sucedido
por um teste confirmatório (ensaio de Western blot), feito quando o teste é positivo.
 O teste é considerado reativo, ou positivo, se houver produção de cor, e negativo, ou não reativo, se não houver cor. Os testes
EIA apresentam altos índices de falso-positivos, de modo que as amostras que são repetidamente reativas são testadas por um
teste de confirmação como o Western blot.
 O teste Western blot é mais específico do que o EIA, e, no caso de um resultado EIA falso-positivo, o teste Western blot pode
identificar a pessoa como não infectada. O Western blot é um ensaio mais sensível que procura a presença de anticorpos contra
antígenos virais específicos. Para o teste, os antígenos do HIV são separados por eletroforese com base em seu peso e, a
seguir, transferidos para papel de nitrocelulose e organizados em tiras, com proteínas maiores na parte superior e proteínas
menores na parte inferior.

Conduta inicial:
 Confirmada a exposição ao vírus, realiza-se uma avaliação basal: contagem de CD4 e carga viral a cada 3-4 meses.
 PEP: Como profilaxia para o risco de infecção para o HIV, a PEP consiste no uso de medicamentos antirretrovirais para reduzir o risco de
infecção em situações de exposição ao vírus. Trata-se de uma urgência médica, que deve ser iniciada o mais rápido possível -
preferencialmente nas primeiras duas horas após a exposição e no máximo em até 72 horas. A duração da PEP é de 28 dias e a pessoa
deve ser acompanhada pela equipe de saúde.
 PREP:

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