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APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA À LUZ DO STF.

Trabalho de Conclusão de Curso em Direito apresentado à Fundação de Eurípides Soares da


Rocha, para obtenção do grau de bacharel em direito.
Anna Laura Sousa Valim Silveira 1
Professor Ms. Gilson Cesar Augusto da Silva 2

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo, por meio de revisão de artigos de diferentes autores, análises
de jurisprudências acerca da aplicação do princípio da insignificância, observar os diferentes
pilares de aplicação adotado por cada Tribunal e se dedicar a estudar o nascimento e os
critérios empregues para a incidência do princípio. Por se tratar de uma pesquisa
jurisprudencial, seu desenvolvimento teve como partida a leitura de livros, artigos e
dissertações que elucidassem a concepção do referencial teórico desse trabalho acerca dos
princípios correlatos e seu surgimento.

Palavras-chave: Princípio. Insignificância. Direito Penal. Mínima. Bagatela

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como finalidade analisar os critérios utilizados pelo


Supremo Tribunal Federal para a aplicação do Princípio da Insignificância no Direito Penal,
princípio este que foi inserido implicitamente na Constituição Federal do Brasil e que se
reconhecido pode gerar diversas consequências, que tanto para doutrina, quanto para a
jurisprudência, podem ser enormes, como a excludente de tipicidade.

Por muito tempo a aplicação do Direito Penal era feita de acordo com o que estava
exposto no texto legal, de uma maneira extremamente legalista, o que gerava enormes

1
Aluno do Curso de Direito da Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha, Marília, São Paulo;
2
Professor Ms/Dr. do Curso de Direito da Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha, Marília,
São Paulo;
.
problemas, como por exemplo, punições desproporcionais. Com o passar do tempo, o Direito
Penal passou por algumas modificações, como o Direito Penal da mínima intervenção, que
prega sobre à ultima ratio do Direito Penal.

Dessa forma, de início é apresentada a origem histórica do Princípio da


Insignificância, abordando o surgimento no Brasil e posteriormente seu conceito, de acordo
com doutrinas e jurisprudências pátrias, bem como a sua evolução histórica e sua
implementação no ordenamento jurídico brasileiro.

A presente pesquisa, por fim, como objeto principal, busca abordar e analisar as
diversas interpretações dadas ao Princípio da Insignificância e as decisões dos Tribunais
acerca do assunto.

1 ORIGEM HISTÓRICA

O Princípio da insignificância surgiu em 1964, à partir do provérbio romanístico


mínima non curat praetor, onde segunda tal máxima, o juiz (pretor) não deve se ocupar de
questões mínimas e foi introduzido na doutrina penal por Klaus Roxin, que apesar de ter
formulado o princípio em questão, em 1903 encontra-se vestígios dele na obra de Franz von
Liszt, o qual já tentava restaurar a antiga máxima latina minina non curat praetor, e
posteriormente adotada como parâmetro do princípio da adequação social de Hans Welzel.

Walzel, ao versar sobre adequação social, também passou a analisar as questões de


lesões insignificantes: “Por serem socialmente adequadas, ficam excluídas, da mesma forma,
as lesões corporais insignificantes.”, porém, tais institutos não se confundem.

Porém, deve-se a Claus a primeira sistematização do princípio a extensão de sua


aplicabilidade e as formas de interpretá-lo sofreram modificações de lá até os dias atuais.
Nesse sentido bem conceitua Claus Roxin:

Somente se podem punir as lesões de bens jurídicos e as contravenções


contra fins de assistência social, se tal for indispensável para uma vida em
comum ordenada. Onde bastem os meios do direito civil ou do direito
público, o direito penal deve retirar-se. (ROXIN, 2002, p. 28.)
Roxin, em sua obra aduz que só pode ser tratada como crime, somente pode ser
tutelada pelo Direito Penal, uma conduta que provoca lesão ou ameaça relevante ao bem
jurídico protegido.

A doutrina atual diverge muito sobre o assunto, diversos autores confirmam que o
referido princípio tem suas raízes no direito romano.

Ivan Silva (1994, p. 87) assegura que parte da doutrina defende que o princípio da
insignificância já vigorava desde o direito romano, já que o pretor, via de regra, não se
ocupava das causas ou delitos de bagatela, aplicando o brocardo latino já mencionado
(minima non curat praetor).

Então, Ivan Silva (1994) completa que embora a formulação contemporânea do


princípio da insignificância seja atribuída a Roxin, a sua origem está no direito romano, por
meio dos brocardos minima non curat praetor, ou de minimis non curat praetor ou, ainda, de
minimis praetor non curat.

Para Ribeiro Lopes, o princípio da insignificância tem sua origem no pensamento


liberal dos jusfilósofos do Iluminismo, a partir da evolução e do desdobramento do princípio
da legalidade. Por sua vez, Guzmán Dalmora nega a origem do princípio da insignificância no
direito romano ao argumento de que a máxima minima non curat praetor não existia no
direito romano antigo, tendo como fonte o pensamento liberal dos juristas renascentistas.
(LOPES, op. cit., p.41).

Ainda Ribeiro Lopes (2000, p. 86) atribui a Claus Roxin a primeira menção ao
princípio da insignificância como princípio aplicado ao direito penal. Para ele, o princípio
permite na maioria dos tipos fazer-se a exclusão, desde o início, dos danos de pouca
importância.

Por sua vez, Rogério Greco (2006, p. 94) afirma que, embora haja divergências
doutrinárias quanto à origem do princípio da insignificância, havendo quem afirme que ele já
vigorava no direito romano, a “criminalidade de bagatela” surgiu na Europa, como um
problema crescente a partir da primeira guerra mundial. Após a segunda grande guerra, houve
um notável aumento dos delitos de caráter patrimonial e econômico, quase todos marcados
pela característica de consistirem em subtrações de pequena relevância, daí a primeira
nomenclatura doutrinária de “criminalidade de bagatela”, porém para ele o desenvolvimento
do princípio é atribuído principalmente a Claus Roxin.

Conclui-se, portanto, que a maioria da doutrina brasileira afirma que a idealização e


formulação do princípio da insignificância deve ser atribuído a Claus Roxin.

1.1 Princípio da Insignificância da e seu Conceito

O princípio da insignificância é o mecanismo utilizado para a interpretação da norma


penal, pelos operadores do direito, em especial, pelo julgador, para afastar a incidência da
tipificação penal lesões irrelevantes. Atualmente o princípio da insignificância é encarado
pela doutrina e jurisprudências majoritárias, explanado por Carlos Vino Mañas:

É ele um instrumento de interpretação restritiva, fundado na concepção


material do tipo penal, por intermédio do qual é possível alcançar, pela via
judicial e sem macular a segurança jurídica do pensamento sistemático, a
proposição político-criminal da necessidade de descriminalização de
condutas que, embora formalmente típicas, não atingem de forma relevante
os bens jurídicos protegidos pelo direito penal. A adoção do princípio da
insignificância auxilia na tarefa de reduzir ao máximo o campo de atua do
Direito Penal, reafirmando seu caráter fragmentário e subsidiário,
reservando-o apenas para a tutela jurídica de valores sociais indiscutíveis.
(MANÃS, 1993, p. 97.)

Apesar de ter sido iniciado em relação aos delitos patrimoniais, este princípio também
se aplica a outros bens jurídicos penalmente tutelados.

No Brasil, o princípio da insignificância por reconhecido pela primeira vez, por meio
de um acordão proferido pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal Aldir Passarinho, em
1988, com relação a uma lesão corporal no Trânsito, no Habeas Corpus 66869³:

ACIDENTE DE TRÂNSITO. LESÃO CORPORAL.


INEXPRESSIVIDADE DA LESÃO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
CRIME NÃO CONFIGURADO. SE A LESÃO CORPORAL (PEQUENA
EQUIMOSE) DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRÂNSITO E DE
ABSOLUTA INSIGNIFICÂNCIA, COMO RESULTA DOS ELEMENTOS
DOS AUTOS - E OUTRA PROVA NÃO SERIA POSSÍVEL FAZER-SE
TEMPOS DEPOIS - HÁ DE IMPEDIR-SE QUE SE INSTAURE AÇÃO
PENAL QUE A NADA CHEGARIA, INUTILMENTE
SOBRECARREGANDO-SE AS VARAS CRIMINAIS, GERALMENTE
TÃO ONERADAS." [RHC n. 66.869-1, 2ª TURMA DO STF, Relator
Ministro Aldir Passarinho, J. EM 06.12.1988]
O princípio da insignificância tornou-se um mecanismo legítimo de política criminal,
utilizado como vetor interpretativo de aplicação mais justa e racional da lei penal, para afastar
do alcance desta as condutas dotadas de mera e exclusiva tipicidade formal, porém
incapacitadas de oferecer risco ao bem jurídico tutelado.

Portanto, é importe ressaltar que o Princípio da Bagatela não encontra farta


positivação expressa no ordenamento jurídico pátrio, na verdade ele deveria de outros
princípios jurídicos que lhe fornecem sustentação e validade jurídica, os quais veremos
posteriormente. Em razão de não ter sido incorporado no ordenamento, este princípio sofreu
diversos tipos de críticas, porém não deve proceder, pois a existência de princípios implícitos
esta expressamente reconhecida na Constituição Federal em seu art. 5º, §2, que diz:

Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros


decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

Diante do exposto assim, não há como prosperar as críticas contra o Princípio da


Insignificância, uma vez que se encontra materialmente compreendido entre os basais
enunciados dos demais princípios penais expresso na nossa Carta Magna.

Sendo assim, o Princípio da Insignificância é um autentico princípio jurídico que


busca a real ofensa ao bem jurídico atacado para que justifique a incidência da pena criminal
sobre o agente da conduta típica. Embora este princípio, como já falado, não tenha uma
previsão expressa, é claro que a doutrina e a jurisprudência têm criado com concisão sua
definição. Vejamos o conceito jurisprudencial:

RECURSO ESPECIAL. DESCAMINHO. HABITUALIDADE DELITIVA.


PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS FISCAIS. COMPROVAÇÃO.
MAIOR REPROVABILIDADE DA CONDUTA. PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. INSURGÊNCIA PROVIDA.
1. A aplicação do princípio da insignificância, causa excludente de
tipicidade material, admitida pela doutrina e pela jurisprudência em
observância aos postulados da fragmentariedade e da intervenção
mínima do Direito Penal, demanda o exame do preenchimento de certos
requisitos objetivos e subjetivos exigidos para o seu reconhecimento,
traduzidos no reduzido valor do bem tutelado e na favorabilidade das
circunstâncias em que foi cometido o fato criminoso e de suas
consequências jurídicas e sociais. 2. A reiteração delitiva, por denotar a
maior reprovabilidade da conduta incriminada, deve ser considerada para
fins de aplicação do princípio da insignificância, mormente porque referida
excludente de tipicidade não pode servir como elemento gerador de
impunidade. 3. A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça firmou-se
no sentido de que a existência de outras ações penais, inquéritos policiais em
curso ou procedimentos administrativos fiscais, apesar de não configurar
reincidência, é suficiente para caracterizar a habitualidade delitiva e, por
consequência, afastar a incidência do princípio da insignificância, não
podendo ser considerada atípica a conduta. 4. Recurso especial provido.

(STJ - REsp: 1724789 PR 2018/0037367-7, Relator: Ministro JORGE


MUSSI, Data de Julgamento: 02/08/2018, T5 - QUINTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 10/08/2018)

Na mesma trilha, a doutrina pátria conceitua:

O Princípio da Insignificância é aquele que interpreta restritivamente o tipo


penal, aferindo qualitativa e quantitativamente o grau de lesividade da
conduta, para excluir a incidência penal os fatos de poder ofensivo
insignificante aos bens jurídicos penalmente protegidos.

A esse respeito, Márcia Dometila Carvalho discorre no seguinte sentido:

“O princípio da insignificância, ou falta de relevância social, é o campo onde


se situam todos aqueles atos que afetam insignificantemente o bem jurídico.
Todavia, ele não está explícito na nossa lei penal, sendo deduzido do seu
caráter fragmentário em uma verdadeira criação jurisprudencial. Na doutrina
penal, sua introdução deveu-se a Claus Roxin. Tal princípio, aliás, deve ser
inferido do confronto com os princípios constitucionais vigentes e não,
apenas, de estudo do bem jurídico isoladamente considerado ou atrelado,
tão-somente, aos fins da pena.” (CARVALHO, 1992, p. 35-36)

Desta maneira, diante da conceituação do Princípio da Insignificância, esta norteia a


comparação do valor considerado ínfimo para o tipo penal e o valor social da conduta do
agente, portanto, na análise do caso concreto se verificar que o desvalor do ato ou do
resultado é insignificante em relação ao desvalor exigido pelo tipo penal, deve ser este fato ser
considerado atípico, ou seja, excluído sua incidência penal, já que é desprovido de
reprovabilidade jurídica.

2 LEGITIMAÇÃO CONSTITUCIONAL DO PRINCÍPIO

Ao falar de princípios, a distinção entre regras e princípios é um dos pilares


fundamentais da teoria dos direitos fundamentais, em razão disso, vários são os
entendimentos doutrinários através dos quais princípios e regras constitucionais.

Dessa forma, Flavio Martins (2018, p. 363) afirma que, enquanto as regras são normas
de conteúdo mais determinado, delimitado, claro, preciso; os princípios são normas de
conteúdo mais amplo, vago, indeterminado, impreciso. O que diferencia a regra do princípio
não é o assunto da norma jurídica, mas a forma através da qual ela é tratada.
Os princípios podem estar previstos em lei ou constitucionalmente. Sendo que há
possibilidade de estarem implícitos no sistema normativo. Diante da generalidade dos
princípios, pode-se dizer que dizer que os mesmos, independentemente de serem explícitos ou
implícitos, atuam como instrumentos de verificação da validade de normas.

À vista disso, veremos os princípios correlatos com o princípio da insignificância.

2.1 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana

A Constituição de 1988 positivou em seu artigo 1º, inciso III, o princípio da dignidade
da pessoa humana, que trata-se da fonte de todos os direitos e garantias fundamentais da
pessoa humana. No entanto, o princípio é anterior à própria elaboração da Carta Magna.

Para Daniel Sarmento (2016, p.81) o princípio da dignidade da pessoa humana,


“cuida-se de um parâmetro importante, que busca reduzir o arbítrio do intérprete, bem como
diminuir o risco de que a ponderação se converta em instrumento para o enfraquecimento dos
direitos fundamentais diante dos interesses das maiorias.”

Essa também é a opinião de Luiz Antonio Rizzato Nunes:

“Como o mais importante princípio constitucional é o da dignidade da


pessoa humana, é ele que dá a diretriz para a harmonização dos princípios, e,
via de consequência, é nela –dignidade- que a proporcionalidade se inicia de
aplicar. (...) Tanto no conflito em abstrato de princípios em caso real,
concreto, é a dignidade que dirigirá o intérprete -que terá em mãos o
instrumento da proporcionalidade – para a busca da solução” (RIZZATO,
2002, p.55).

O princípio atua como limitador do poder punitivo estatal, pois as penas legalmente
estipuladas são por ele limitadas. Tal princípio é primordial para que se evite que uma pena
privativa de liberdade atente contra a incolumidade da pessoa como ser social.

Este princípio tem grande reflexo no Direito Penal Brasileiro estando sob a sua
perspectiva questões como a individualização da pena, a proibição de penas de morte (em
regra), de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de tratamentos cruéis, entre muitos outros
ditames de ordem constitucional e infraconstitucional na área do Direito Penal que limitam a
aplicação da pena e se consubstanciam como verdadeiros direitos dos cidadãos.

2.2 Princípio da Intervenção Mínima do Direito Penal (Ultima Ratio)

O ordenamento jurídico é sempre dividido em várias unidades, tais unidades


constituem divisões do sistema normativo que classificam os vários ramos da ciência jurídica.
O Direito Penal se ocupa de fatos, atos, omissões, etc., que outros ramos não consigam por si
só coibir, reprimir e ajustar para que tenhamos uma convivência social sustentável.

Por ser o Direito Penal extremamente violento, restritivo, ao impor uma pena restritiva
de liberdade, invasivas, afeta os direitos individuais, em razão disso, o Direito Penal é
considerado a última ratio, ou seja, a última seara que se deve buscar tutela.

Cezar Roberto Bitencourt (2003, p. 11), afirma que o princípio da intervenção mínima
é aquele que orienta e limita o poder penal violento do Estado.

É nisso que consiste o princípio da Intervenção mínima do Direito Penal, ou seja, o


Direito Penal só intervirá em casos extremos. Tal princípio indica quais os bens de maior
relevância para que sejam coibidas ações atentatórias contra os mesmos. O Direito Penal deve
proteger os bens de maior relevância e que não tenham outra forma de coibição legal ou
social.

O princípio da intervenção mínima visa diminuir o número de normas incriminadoras


se vinculando mais ao legislador, o Direito Penal só protege bens que a guarda efetuada por
outros ramos não se mostrou suficiente.

Vale dizer, que tal princípio serve não só como parâmetro para o legislador
criminalizar como também para descriminalizar condutas já não mais consideradas
inapropriadas pela sociedade e que tenham outra forma de reprimenda.

Logo, onde houver efetividade na proteção dos bens jurídicos por outros ramos do
direito não caberá a intervenção do Direito Penal.

2.3 Principio da Lesividade

Como visto anteriormente, o Direito Penal visa coibir comportamentos não


suficientemente coibidos por outras áreas do direito, portanto, tipifica condutas. Para que essa
conduta seja considerada ilícita é necessário, que a ação seja lesiva, devendo ainda afetar o
bem penalmente protegido de outrem.

O princípio da lesividade possui quatro principais funções, a de proibir a incriminação


de uma atitude interna, proibir a incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do
próprio autor, proibir a incriminação de simples estados ou condições existenciais e proibir a
incriminação de condutas desviadas que não afetem qualquer bem jurídico.

A quarta função do princípio da lesividade busca afastar da incidência de aplicação da


lei penal aquelas condutas que, embora desviadas, não afetam qualquer bem jurídico de
terceiros.

Diante de uma inocorrência de lesividade resta afastada a tipicidade da conduta


delitiva.

Portanto, o intérprete, quando da aplicação em concreto da lei penal deve observar se


houve ou não real ofensa ao bem jurídico. Pode-se dizer que há, no caso, a necessidade de
análise da tipicidade material da ação ou omissão.

2.4 Princípio da Proporcionalidade

O princípio da proporcionalidade é também uma vertente do princípio da dignidade da


pessoa humana, importante instrumento a ser utilizado na manutenção da ordem estabelecida
pela Constituição Federal e na proteção aos direitos fundamentais e também na harmonização
de interesses, até mesmo entre princípios e direitos fundamentais.

O princípio esta presente na Constituição de 88 em vários pontos, principalmente do art.


5º. Tal como as previsões do art. 5º, incisos XLVI, XLVII, XLII, XLIII e XLIV.

Tal princípio, como se percebe das previsões constitucionais, é um forte limitador da


atuação estatal na elaboração e aplicação da lei penal. O princípio age no sentido de afastar as
formas de punição desnecessárias ou exageradas por parte do Estado.

Comentando o princípio da proporcionalidade, Pedro Lenza anota que:

“Ao expor a doutrina de Karl Larens, Coelho esclarece: “utilizado, de


ordinário, para aferir a legitimidade das restrições de direitos – muito
embora possa aplicar-se, também, pra dizer do equilíbrio na concessão de
poderes, privilégios ou benefícios - , o princípio da proporcionalidade ou da
razoabilidade, em essência, consubstancia uma pauta de natureza axiológica
que emana diretamente das ideias de justiça, equidade, bom senso,
prudência, moderação, justa medida, proibição de excesso, direito justo e
valores afins; precede e condiciona a positivação jurídica, inclusive de
âmbito constitucional; e, ainda, enquanto princípio geral de direito, serve de
regra de interpretação para todo o ordenamento jurídico”. (COELHO, 2008,
p. 75)
A proporcionalidade em sentido estrito exige a comparação valorativa entre o bem
jurídico atingido pelo autor e a reprimenda penal cominada para a conduta. Portanto a pena
deve ser proporcional a lesão do bem jurídico tutelado. Pelo princípio da proporcionalidade
tem que se entre a ofensa e a resposta penal não deve haver um descompassado de forma a
impor ao réu medida desproporcional.

2.5 Princípio da Fragmentariedade do Direito Penal

Este princípio trata-se de uma variante do princípio da Intervenção mínima, tal


princípio caracteriza-se como ramo protetor de pontos isolados da vida social, ou seja, aqueles
eleitos como os mais importantes pela sociedade.

Este caráter fragmentário do Direito Penal significa, que uma vez escolhidos aqueles
bens fundamentais, comprovada a lesividade e a inadequação das condutas que os ofendem,
esses bens passarão a fazer parte de uma pequena parcela que é protegida pelo Direito Penal,
originando-se, assim, a sua natureza fragmentária, não significa que haja omissão, indica
apenas que somente os pontos mais relevantes dentre os bens protegidos pelo ordenamento
jurídico devem receber a proteção da ciência penal.

Conforme tal princípio, o Direito Penal deve se ocupar da proteção de bens mais
importantes para a sociedade ante a conduta lesivas e prejudiciais aos bens jurídicos.

A correlação do presente princípio com a insignificância, na medida em que ela


encontra fundamento de validade no próprio princípio da proporcionalidade, já que a sanção
ao ser cominada com o autor do fato contrário ao direito deve guardar proporcionalidade com
a gravidade de sua conduta praticada. Não obstante, a conduta dotada de insignificância para
o direito não traduz qualquer gravidade digna de sanção, e, assim, qualquer que seja a sanção
aplicada, está sempre desproporcional, em razão da ausência de gravidade do ato.

Por fim, este princípio não é permissivo com a prática de crimes, é apenas compatível
com os preceitos constitucionais, e justamente por seguir e respeitar os princípios e garantias
da Constituição, a quem é subordinado, é que rechaça o Direito Penal máximo e autoritário.

3 EFEITOS DA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO


Como visto, o Princípio da Insignificância atua como uma via redutora do Direito
Penal, e tem por finalidade não permitir que nele continuem sendo discutidas condutas que
não venham a ferir minimamente os bens jurídicos penalmente protegidos, o Direito Penal
ocupa-se de bens jurídicos relevantes para a sociedade, escolhendo condutas que obterão
atenção da tutela penal, dessa forma ao surgir fatos, que mesmo tipificados que não cause
lesão nenhuma que mereçam repreensão penal.

Tal princípio tem por fim afastar ou excluir a tipicidade de certas condutas quando elas
se adequam ao tipo penal, sendo dotadas de tipicidade formal, mas devido a sua baixa
lesividade não se enquadrem no contexto de relevância material.

Dessa forma, a aplicação do princípio da insignificância há de ser criteriosa,


casuística, mediante análise individualizada e atenta a todas as circunstâncias que envolveram
o fato delituoso, ela exerce o verdadeiro vetor interpretativo para aplicação nos casos
concretos.

O Princípio da Insignificância tem sido considerado tanto pela doutrina majoritária


quanto pela jurisprudência como causa supralegal de exclusão da tipicidade. A título de
exemplo, atual jurisprudência do STJ, in verbis:

APELAÇÃO - FURTO SIMPLES - ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA -


PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA - INAPLICABILIDADE -
AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL NO ORDENAMENTO JURÍDICO
PÁTRIO - SENTENÇA CASSADA - REGULAR PROSSEGUIMENTO
DO FEITO - RECURSO PROVIDO. - Não há que se falar em absolvição
sumária pela incidência do princípio da insignificância, vez que o referido
princípio não encontra assento no ordenamento jurídico pátrio, devendo a
decisão a quo ser cassada, determinando-se o regular prosseguimento do
feito. - Recurso provido. V.V.: 1. O princípio da insignificância não possui
previsão na legislação pátria, entretanto, sua aplicação encontra
substancial escoro em fontes subsidiárias de direito, sendo que elas, a
doutrina, e a jurisprudência, são assinaladas pelo Superior Tribunal de
Justiça e Supremo Tribunal Federal. 2. Consoante entendimento já
consolidado no âmbito do Supremo Tribunal Federal (HC 108.149),
como causa supralegal de exclusão de tipicidade, o princípio da
insignificância tem aplicação quando preenchidos os seguintes requisitos: a)
mínima ofensividade da conduta perpetrada pelo agente; b) ausência de
periculosidade social da ação; c) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do
comportamento; e d) inexpressividade da lesão jurídica provocada. 3.
Demonstrado nos autos que o valor das res furtiva e atingiu o percentual
abaixo do salário mínimo vigente a época do fato, bem como, inexistindo
condenação transitada em julgado em desfavor do agente, somado ao fato de
não ter sido a ação delitiva marcada por violência, mostra-se possível a
incidência do Princípio da Insignificância com a consequente absolvição
do agente.

(TJ-MG - APR: 10035100089719001 MG, Relator: Agostinho Gomes de


Azevedo, Data de Julgamento: 25/06/2015, Câmaras Criminais / 7ª
CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 03/07/2015)

Tipicidade pode ser entendida como a incorporação, adequação da conduta do agente


ao modelo abstrato previsto na lei. Apesar disso, esta definição, por si só, não mais satisfaz as
pretensões do Direito Penal moderno. Esse aspecto formal do delito é necessário, porém não é
suficiente para suprir as necessidades da atual sociedade.

Nesse sentido, Francisco de Assis Toledo:

“A tipicidade não se esgota na subsunção formal do fato ao tipo, a descrição


típica deve ser lesiva a um bem jurídico. Assim, afirma-se que o
comportamento humano para ser típico, não só deve ajustar-se formalmente
a um tipo legal de delito, mas também ser materialmente lesivo a bens
jurídicos, ou ética, ou socialmente reprovável.” (TOLEDO, 1986, p. 119)

Dessa forma, a tipicidade material não se restringe o mero enquadramento formal da


conduta humana ao modelo abstrato previsto em lei. Então, para que uma conduta seja
considerada criminosa, não é suficiente a ocorrência da mera adequação formal do fato à
norma incriminadora, sendo necessária a ocorrência de uma relevante lesão ou perigo de lesão
ao bem protegido pela lei. A tipicidade material ocupa-se, pois, da análise da lesão ou perigo
de lesão, ocasionados pelo comportamento do agente em face do bem jurídico amparado pela
norma penal, devendo ser feita caso a caso, pois várias vezes temos que a ação ou omissão se
enquadram no fato típico, mas o que afasta sua tipicidade é a análise da relevância e
intensidade dos resultados da ação.

Conforme afirma Fernando Capez:


Tal princípio deverá ser verificado em cada caso concreto, de acordo com as
suas especificidades. O furto, abstratamente, não é uma bagatela, mas a
subtração de um chiclete pode ser. Em outras palavras, nem toda conduta
subsumível ao art. 155 do Código Penal é alcançada por este princípio,
algumas sim, outras não. É um princípio aplicável no plano concreto,
portanto. (CAPEZ, 2008, p.12)

Desta forma, cabe ao operador da lei penal especificar a área de alcance dos tipos
penais abstratamente previstos no ordenamento jurídico, de maneira a excluir da tutela penal
os fatos ocasionadores de insignificante lesão ao bem jurídico tutelado.

Nesse sentido Damásio de Jesus ensina que:

“O conceito material de crime traz à tona qual o motivo que o legislador


tipifica como criminosa determinada conduta e lhe comina uma sanção. Sob
o ponto de vista material, o conceito de crime visa aos bens protegidos pela
lei penal. Desta forma, nada mais é que a violação de um bem jurídico
penalmente protegido.” (JESUS, 2005, p.201)

Percebe-se que a extensão do tipo penal esta diretamente ligada ao conceito material
de crime. Crime em sua concepção material pode ser entendido como todo fato humano que,
propositada ou descuidadamente, lesa ou expõe a perigo bens jurídicos considerados
fundamentais para a existência da coletividade e da paz social, sendo passível de sanção
penal.

Como é sabido, o crime é fato típico, antijurídico e culpável. O fato típico é composto
por quatro elementos, sendo eles, conduta dolosa ou culposa; resultado (no caso de crimes
materias); nexo causal (no caso de crimes materias) e a tipicidade.

O conceito de tipo é o de modelo descritivo das condutas humanas criminosas, criado


pela lei penal, com a função de garantia do direito à liberdade. O conceito de tipicidade é o,
enquadramento, amoldamento ou integral correspondência de uma conduta praticada no
mundo real ao modelo descritivo constante da lei (tipo penal). Para que a conduta humana
seja considerada crime, é necessário que se ajuste a um tipo legal.

Fernando Capez explica:

“Na sua integralidade, o tipo é composto dos seguintes elementos: núcleo,


designado por um verbo (matar, ofender, constranger, subtrair, expor, iludir
etc); referências a certas qualidades exigidas, em alguns casos, para o sujeito
ativo (funcionário público, mãe); referências ao sujeito passivo (alguém,
recém-nascido etc.); objeto material (coisa alheia móvel, documento etc.),
que, em alguns casos, confunde-se com o próprio sujeito passivo (no
homicídio, o elemento “alguém” é o objeto material e o sujeito passivo);
referências ao lugar, tempo, ocasião, modo de execução, meios empregados
e, em alguns casos, ao fim especial visado pelo agente.” (CAPEZ, 2002,
p.165

Em face do exposto, evidencia-se que a aplicação do Princípio da Insignificância traz


como consequência o afastamento da tipicidade material, uma vez que as condutas que não
forem lesivas aos bens juridicamente protegidos são tidas como atípicas, e a absolvição do
agente.

A aplicação do princípio em si só não significa a impunidade do autor do fato, apesar


de ficar afastada a incidência da tutela penal, o autor da conduta pode ficar submisso a outras
formas de sanção, seja ela civil, administrativa, trabalhista ou até a repreensão social.

4 APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO NO STF

O reconhecimento de que a conduta é insignificante gera consequências que, tanto


para a doutrina, quanto para a jurisprudência, que entende que o princípio da insignificância
tem relação com a excludente de tipicidade. Esse posicionamento foi adotado pelo Supremo
Tribunal Federal, a partir do leading case julgado no, HC 84412-0/SP, de 19.10.2004, na
Segunda Turma, relatado pelo Ministro Celso de Mello, pois ficou assentada à ligação
existente entre a nocividade social de uma conduta e a tipicidade material do delito, tendo em
vista que vem servindo de modelos para as decisões que se seguiram tanto na Sublime Corte
quanto no Superior Tribunal de Justiça e nos demais tribunais. Ementa do julgado:

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA - IDENTIFICAÇÃO DOS


VETORES CUJA PRESENÇA LEGITIMA O RECONHECIMENTO
DESSE POSTULADO DE POLÍTICA CRIMINAL - CONSEQÜENTE
DESCARACTERIZAÇÃO DA TIPICIDADE PENAL EM SEU
ASPECTO MATERIAL - DELITO DE FURTO - CONDENAÇÃO
IMPOSTA A JOVEM DESEMPREGADO, COM APENAS 19 ANOS DE
IDADE - "RES FURTIVA" NO VALOR DE R$ 25,00 (EQUIVALENTE A
9,61% DO SALÁRIO MÍNIMO ATUALMENTE EM VIGOR) -
DOUTRINA - CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA JURISPRUDÊNCIA
DO STF - PEDIDO DEFERIDO. O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
QUALIFICA-SE COMO FATOR DE DESCARACTERIZAÇÃO
MATERIAL DA TIPICIDADE PENAL . - O princípio da insignificância -
que deve ser analisado em conexão com os postulados da fragmentariedade e
da intervenção mínima do Estado em matéria penal - tem o sentido de
excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de
seu caráter material. Doutrina. Tal postulado - que considera necessária, na
aferição do relevo material da tipicidade penal, a presença de certos
vetores, tais como (a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a
nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de
reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão
jurídica provocada - apoiou-se, em seu processo de formulação teórica, no
de que o caráter subsidiário do sistema penal reclama e impõe, em função
dos próprios objetivos por ele visados, a intervenção mínima do Poder
Público. O POSTULADO DA INSIGNIFICÂNCIA E A FUNÇÃO DO
DIREITO PENAL: "DE MINIMIS, NON CURAT PRAETOR" . - O
sistema jurídico há de considerar a relevantíssima circunstância de que a
privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se
justificam quando estritamente necessárias à própria proteção das
pessoas, da sociedade e de outros bens jurídicos que lhes sejam
essenciais, notadamente naqueles casos em que os valores penalmente
tutelados se exponham a dano, efetivo ou potencial, impregnado de
significativa lesividade. O direito penal não se deve ocupar de condutas que
produzam resultado, cujo desvalor - por não importar em lesão significativa
a bens jurídicos relevantes - não represente, por isso mesmo, prejuízo
importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da
própria ordem social.

(STF - HC: 84412 SP, Relator: CELSO DE MELLO, Data de Julgamento:


19/10/2004, Segunda Turma, Data de Publicação: DJ 19-11-2004 PP-00037
EMENT VOL-02173-02 PP-00229 RT v. 94, n. 834, 2005, p. 477-481 RTJ
VOL-00192-03 PP-00963)

Dessa maneira, a jurisprudência tem aplicado os seguintes critérios para verificação da


aplicação do Princípio da Insignificância: a) ausência de periculosidade social da ação; b)
mínima idoneidade ofensiva da conduta; c) falta de reprovabilidade da conduta, e d)
inexpressividade da lesão jurídica causada.
Desse modo, o Princípio da Insignificância não deve ser aplicado a todo e qualquer
delito contra bem jurídico de baixo valor, pois critérios devem ser observados em cada caso
concreto.

Destarte, conforme doutrina do professor Luiz Flávio Gomes, se a conduta for


insignificante são exigidos os três critérios concernentes à conduta, quais sejam: ausência de
periculosidade social da ação, mínima idoneidade ofensiva da conduta e falta de
reprovabilidade da conduta. Caso a insignificância ocorra quanto ao resultado aplica-se
somente o requisito concernente ao resultado, qual seja: inexpressividade da lesão jurídica
causada. Agora, se a insignificância ocorrer tanto na conduta quanto no resultado, os quatros
requisitos se fazem necessários cumulativamente.

Importante ressaltar que em razão do Princípio da Insignificância estar diretamente


com a relevância penal do bem jurídico protegido, há determinados crimes que, por si só,
excluem a incidência deste princípio, tais como: roubo, homicídio e estupro. Neste sentido,
observa-se os seguintes julgados dos tribunais:

HABEAS CORPUS. FURTO E ROUBO. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO.


INVIABILIDADE DO REVOLVIMENTO DE PROVAS. PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. ALEGAÇÃO DE
NULIDADE NA INTIMAÇÃO DO ACÓRDÃO CONDENATÓRIO.
IMPROCEDÊNCIA. WRIT DENEGADO. 1 - O pleito de absolvição não
deve ser examinado na via eleita por demandar revolvimento probatório,
melhor parecendo que a pretensão seja deduzida em revisão criminal. 2 - A
jurisprudência desta Corte tem proclamado a inaplicabilidade do
princípio da insignificância ao crime de roubo, "pois se tratando de
delito complexo, em que há ofensa a bens jurídicos diversos (o
patrimônio e a integridade da pessoa), é inviável a afirmação do
desinteresse estatal à sua repressão" (HC nº 117.436/PE, Relatora a
Desembargadora convocada Jane Silva, DJe de 2/3/2009). 3 - Tendo sido
aplicada, pelo furto, unicamente a pena de multa, tem-se, quanto a esse
delito, por inviável o enfrentamento da tese de insignificância no âmbito do
writ. 4 - Não há falar em nulidade se o procurador do Estado no exercício da
assistência judiciária foi intimado pessoalmente do acórdão condenatório. 5 -
Habeas corpus denegado.

HABEAS CORPUS. ROUBO. CONDENAÇÃO CONFIRMADA EM


GRAU DE APELAÇÃO. VIAINDEVIDAMENTE UTILIZADA EM
SUBSTITUIÇÃO A RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIADE
ILEGALIDADE MANIFESTA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
NÃOAPLICAÇÃO. NÃO CONHECIMENTO.

1. Mostra-se inadequado e descabido o manejo de habeas corpus em


substituição ao recurso especial cabível.2. É imperiosa a necessidade de
racionalização do writ, a bem de se prestigiar a lógica do sistema recursal,
devendo ser observada sua função constitucional, de sanar ilegalidade ou
abuso de poder que resulte em coação ou ameaça à liberdade de
locomoção.3. "O habeas corpus é garantia fundamental que não pode ser
vulgarizada, sob pena de sua descaracterização como remédio heroico e seu
emprego não pode servir a escamotear o instituto recursal previsto no texto
da Constituição" (STF, HC 104.045/RJ).4. Hipótese em que não há
flagrante ilegalidade a ser reconhecida, porque o crime de roubo,
porque investe contra bens jurídicos distintos, é dizer, o patrimônio e,
principalmente, a integridade física, não pode ser considerado de
mínima ofensividade, desprovida de periculosidade social, de reduzido
grau de reprovabilidade e de inexpressividade, não rendendo ensejo à
aplicação da princípio da insignificância. Precedentes desta Corte e do
Supremo Tribunal Federal.5. Habeas corpus não conhecido.

Os critérios fixados pelo Supremo Tribunal Federal são critérios que possuem
conteúdo normativo evidente, ou seja, necessitam da valoração do magistrado.

Ao levar em consideração os critérios decididos pelo STF para aplicação do Princípio


da Insignificância, junto com as circunstâncias do caso concreto, o STF e STJ, em vários
julgados, decidiram pela não aplicação do Princípio da Insignificância, tendo por base a
interpretação dos critérios estabelecidos pelo Supremo. A seguir o texto dos julgados:

HABEAS CORPUS IMPETRADO EM SUBSTITUIÇÃO A RECURSO


PRÓPRIO. NÃO CABIMENTO. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA.
TENTATIVA DE FURTO QUALIFICADO PELO ROMPIMENTO DE
OBSTÁCULO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO INCIDÊNCIA.
ATIPICIDADE MATERIAL. NÃO RECONHECIMENTO.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. HABEAS
CORPUS NÃO CONHECIDO. - O Superior Tribunal de Justiça, seguindo o
entendimento firmado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal,
não tem admitido a impetração de habeas corpus em substituição ao recurso
próprio, prestigiando o sistema recursal ao tempo que preserva a importância
e a utilidade do habeas corpus, visto permitir a concessão da ordem, de
ofício, nos casos de flagrante ilegalidade. - Consoante já assentado pelo
Supremo Tribunal Federal, o princípio da insignificância deve ser analisado
em correlação com os postulados da fragmentariedade e da intervenção
mínima do Direito Penal, no sentido de excluir ou afastar a própria tipicidade
da conduta, examinada em seu caráter material, observando-se, ainda, a
presença dos seguintes vetores: (I) mínima ofensividade da conduta do
agente; (II) ausência total de periculosidade social da ação; (III) ínfimo grau
de reprovabilidade do comportamento e (IV) inexpressividade da lesão
jurídica ocasionada (HC n. 84.412/SP, de relatoria do Ministro Celso de
Mello, DJU 19/4/2004). - A jurisprudência pacífica desta Corte é no
sentido de que a prática do delito de furto qualificado por escalada,
arrombamento ou rompimento de obstáculo, concurso de agentes, ou se
o paciente é reincidente ou possuidor de maus antecedentes, indica a
reprovabilidade do comportamento a afastar a aplicação do princípio da
insignificância (HC 355.468/SC, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA
TURMA, julgado em 27/09/2016, DJe 06/10/2016). - Na hipótese, inviável
a aplicação do princípio da insignificância, pois, não obstante a quantia de
R$ 28,06 seja de pequena monta, é evidente o elevado grau de
reprovabilidade da conduta do agente que, mediante rompimento de
obstáculo, consistente no arrombamento da caixa coletora de objetos
metálicos, tentou furtar a quantia acima referida, mais dez folhas de talões de
cheque, tudo pertencente à agência bancária. - Habeas corpus não
conhecido.

(STJ - HC: 364287 SP 2016/0196167-0, Relator: Ministro REYNALDO


SOARES DA FONSECA, Data de Julgamento: 13/12/2016, T5 - QUINTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 01/02/2017)

HABEAS CORPUS. PENAL. FURTO DE APARELHO CELULAR.


VALOR DO BEM: R$ 499,00 (QUATROCENTOS E NOVENTA E NOVE
REAIS). ALEGAÇÃO DE INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA: INVIABILIDADE. ORDEM DENEGADA. 1. A
tipicidade penal não pode ser percebida como o trivial exercício de
adequação do fato concreto à norma abstrata. Além da correspondência
formal, para a configuração da tipicidade, é necessária uma análise
materialmente valorativa das circunstâncias do caso concreto, no sentido de
se verificar a ocorrência de alguma lesão grave, contundente e penalmente
relevante do bem jurídico tutelado. 2. O princípio da insignificância reduz
o âmbito de proibição aparente da tipicidade legal e, por conseqüência, torna
atípico o fato na seara penal, apesar de haver lesão a bem juridicamente
tutelado pela norma penal. 3. Para a incidência do princípio da
insignificância, devem ser relevados o valor do objeto do crime e os
aspectos objetivos do fato, tais como a mínima ofensividade da conduta
do agente, a ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau
de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão
jurídica causada (HC 109.739, de minha relatoria, julgado em 13.12.2011).
4. Furtar um celular adquirido pela vítima por R$ 499,00 (quatrocentos e
noventa e nove reais), quando o salário mínimo então vigente era de R$
300,00 (trezentos reais), além de não ser minimamente ofensivo, causa
efetiva lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal, circunstâncias
suficientes para afastar a incidência do princípio da insignificância. 5.
Ordem denegada.

(STF - HC: 112506 DF, Relator: Min. CÁRMEN LÚCIA, Data de


Julgamento: 02/10/2012, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-031
DIVULG 15-02-2013 PUBLIC 18-02-2013

Outro ponto de extrema relevância com relação à aplicação do princípio é se há


possibilidade de aplicação aos portadores de circunstâncias desfavoráveis.

Durante a análise de alguns julgados, foi possível constatar que tanto o Supremo
quando o Superior Tribunal de justiça tem permitido a aplicação do princípio nesses casos,
apesar de existir julgados do STJ que impedem a aplicação do princípio da insignificância no
caso de reincidentes. Como demonstrado no julgado abaixo:

PENAL. HABEAS CORPUS. FURTO. PRINCÍPIO DA


INSIGNIFICÂNCIA. ATIPICIDADE MATERIAL. NÃO
RECONHECIMENTO. REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA. RESSALVA DO
ENTENDIMENTO DA RELATORA. FURTO DE OBJETO DA
RESIDÊNCIA DOS PAIS PARA COMPRAR ENTORPECENTES.
CONDUTA NÃO INSIGNIFICANTE. WRIT DENEGADO. 1. Consoante
entendimento jurisprudencial, o "princípio da insignificância - que deve ser
analisado em conexão com os postulados da fragmentaridade e da
intervenção mínima do Estado em matéria penal - tem o sentido de excluir
ou de afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu
caráter material. (...) Tal postulado - que considera necessária, na aferição do
relevo material da tipicidade penal, a presença de certos vetores, tais como
(a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma
periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do
comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada -
apoiou-se, em seu processo de formulação teórica, no reconhecimento de
que o caráter subsidiário do sistema penal reclama e impõe, em função dos
próprios objetivos por ele visados, a intervenção mínima do Poder Público."
(HC nº 84.412-0/SP, STF, Min. Celso de Mello, DJU 19.11.2004) 2. Não há
falar em aplicação do princípio da insignificância ao caso concreto, pois
o paciente é reincidente na prática de crimes contra o patrimônio (cinco
sentenças penais condenatórias e onze processos em andamento por crimes
contra o patrimônio). Ressalva do entendimento da Relatora. 3. Ainda que
assim não fosse, em que pese o presente caso tratar de triste realidade de
usuário de drogas que necessita furtar bens para sustentar seu vício, e o valor
irrisório dos bens avaliados indiretamente em R$ 65,00, não deve ser
considerado insignificante a conduta de furtar objetos da residência dos pais,
ainda mais quando ressuma dos autos o descumprimento de medida protetiva
em favor da genitora do ora paciente. 4. Habeas corpus denegado.

(STJ - HC: 405190 RS 2017/0151532-2, Relator: Ministra MARIA


THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 21/09/2017, T6 -
SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 04/10/2017)

Diante de todo o exposto, é possível constatar que a segurança jurídica da aplicação do


princípio da insignificância é que não há delitos irrelevantes, o que são irrelevantes são os
fatos, vislumbra-se que a análise das particularidades de cada caso concreto se mostra de
fundamental importância para a aplicação do Princípio da Insignificância.

Pela análise das jurisprudências dos tribunais foi viável de perceber que para a
aplicação do Princípio da Insignificância só se trabalha com critérios objetivos, não havendo
que se falar em reincidência, personalidade, culpabilidade, demonstrando-se evidente os
esforços dos tribunais para aplicar esse princípio de suma importância corretamente.

CONCLUSÃO

O presente trabalho teve como objetivo abordar o princípio da insignificância e seus


princípios norteadores, entre eles: princípio da dignidade humana, princípio da intervenção
mínima do Direito Penal, princípio da lesividade, princípio da proporcionalidade, princípio da
fragmentariedade do Direito Penal, após essa análise de tais princípios passou-se a análise do
próprio princípio da insignificância sob seu aspeto histórico, doutrinário e sob suas
possibilidade de materialização e posteriormente a analise da sua aplicação nos Tribunais.

Ao analisar o princípio foi possível perceber que este, diante da natureza


sobrecarregada do judiciário e do Direito penal moderno, com relação ao descrédito da função
repressiva e preventiva da sanção penal, o Princípio da Insignificância têm fundamental
importância para que ocorra o abandono do sistema penal meramente legalista.

Além disso, em razão da ausência de adequada previsão e regulamentação legislativa


acaba por fortificar a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de
Justiça, que diante da inexistência da lei, analisam casos concretos sob o olhar dos critérios
estabelecidos, não podendo se esquecer da natureza do princípio da insignificância, que é
originário dos preceitos constitucionais, e que o aplique sempre em conformidade com a
Constituição Federal.

Conclui-se que o princípio da insignificância é um importante instrumento de política


criminal, funcionando como instituto de bloqueio de nítidas situações de injustiça, evitando
que fatos formalmente típicos, mas sem a mínima ofensividade da conduta, ausência de
periculosidade social da ação, reduzido grau de reprovibilidade da conduta e inexpressividade
da lesão jurídica, possam receber desnecessária proteção da norma incriminadora.

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(TROCAR A DATA NA CITAÇÃO)

STF - HC: 112506 DF, Relator: Min. CÁRMEN LÚCIA, Data de Julgamento: 02/10/2012,
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STF - HC: 84412 SP, Relator: CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 19/10/2004,
Segunda Turma, Data de Publicação: DJ 19-11-2004,
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/767015/habeas-corpus-hc-84412-sp

STJ - HC: 180726 MG 2010/0139429-6, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS


MOURA, Data de Julgamento: 07/02/2013, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe
20/02/2013, https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23058912/habeas-corpus-hc-180726-
mg-2010-0139429-6-stj/inteiro-teor-23058913?ref=juris-tabs

STJ - HC: 37521 SP 2004/0111813-8, Relator: Ministro PAULO GALLOTTI, Data de


Julgamento: 29/06/2009, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 03/08/2009,
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/6062727/habeas-corpus-hc-37521-sp-2004-
0111813-8/inteiro-teor-12197028?ref=juris-tabs

STJ - HC: 399416 SP 2017/0108919-5, Relator: Ministro REYNALDO SOARES DA


FONSECA, Data de Julgamento: 27/06/2017, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação:
DJe 01/08/2017, https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/485215484/habeas-corpus-hc-
399416-sp-2017-0108919-5?ref=serp

STJ - HC: 405190 RS 2017/0151532-2, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS


MOURA, Data de Julgamento: 21/09/2017, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe
04/10/2017, https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/514574467/habeas-corpus-hc-405190-
rs-2017-0151532-2/relatorio-e-voto-514574497/

STJ - REsp: 1724789 PR 2018/0037367-7, Relator: Ministro JORGE MUSSI, Data de


Julgamento: 02/08/2018, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 10/08/2018,
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/617608292/recurso-especial-resp-1724789-pr-2018-
0037367-7

TJ-MG - APR: 10035100089719001 MG, Relator: Agostinho Gomes de Azevedo, Data de


Julgamento: 25/06/2015, Câmaras Criminais / 7ª CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação:
03/07/2015, https://tj-mg.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/119308563/apelacao-criminal-apr-
10035100045216001-mg

TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios básicos de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 1986.

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