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DNPM 835.000/2010

MUNICÍPIO DE PASSA TEMPO, ESTADO DE MINAS


GERAIS

ÁREA EM DISPONIBILIDADE

EDITAL N0. 294/2015 – 3º DS – DOU de 12/05/2015

PLANO DE PESQUISA PARA AREIA


Roberto Andrade Júnior – Plano de Pesquisa – Área em Disponibilidade – Processo DNPM 835.000/2010

DNPM 835.000/2010

MUNICÍPIO DE PASSA TEMPO, ESTADO DE MINAS


GERAIS

ÁREA EM DISPONIBILIDADE

EDITAL 294/2015 – 3º DS – DOU de 12/05/2015

PLANO DE PESQUISA PARA AREIA


Roberto Andrade Júnior – Plano de Pesquisa – Área em Disponibilidade – Processo DNPM 835.000/2010

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 4

1.1. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDEDOR ............................................................... 4

2. LOCALIZAÇÃO ............................................................................................................... 5

3. HISTÓRICO DO PROCESSO .......................................................................................... 7

3.1. Situação Legal ............................................................................................................. 7

4. GEOLOGIA REGIONAL ................................................................................................ 14

4.1. Craton São Francisco ............................................................................................... 14

4.2 As seqüências supracrustais do Craton São Francisco Meridional ....................... 19

4.3 Meta-ultramafitos e Mafitos ....................................................................................... 21

5. FISIOGRAFIAS .............................................................................................................. 22

5.1. Clima .......................................................................................................................... 22

5.2. Vegetação .................................................................................................................. 23

5.3.Hidrografia .................................................................................................................. 26

5.4.Geomorfologia ............................................................................................................ 28

7. PLANO DOS TRABALHOS DE PESQUISA.................................................................. 35

7.1. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO ......................................................................... 35

7.2. RECONHECIMENTO PRELIMINAR, INFRAESTRUTURA E TOPOGRAFIA ............. 35

7.3. MAPEAMENTO GEOLÓGICO .................................................................................... 36

7.4.TRABALHOS DE AMOSTRAGEM .............................................................................. 36


7.4.1. Amostragem Hídrica ............................................................................................. 36
7.4.2. Bateação .............................................................................................................. 36
7.4.3. Programa de sondagem ....................................................................................... 37
7.4.4. Controle de Qualidade .......................................................................................... 37
7.4.5. Estudos Econômicos ............................................................................................ 37

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7.4.6. Relatório Final de Pesquisa .................................................................................. 38

8. ASPECTOS AMBIENTAIS PARA A ÁREA EM DISPONIBILIDADE ............................ 38

8.1. Legalização ambiental da atividade ......................................................................... 39

8.2. Reabilitação da Área ................................................................................................. 39

9. ORÇAMENTOS DOS TRABALHOS DE PESQUISA .................................................... 41

10. CRONOGRAMA .......................................................................................................... 42

11. REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 43

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Localização da área pretendida e principais acessos. (Fonte: Google Maps)


............................................................................................................................................. 6

Figura 2- Planta de Situação da área pretendida em disponibilidade. ......................... 13

Figura 3 – Contexto Geológico do Cráton São Francisco Faixa Araçuaí e Faixa


Brasília (mapa geológico simplificado de Alkmim e Marshak 1998.............................. 15

Figura 4 – Geologia Simplificada da porção meridional do Cráton do São Francisco e


Adjacências (Modificado de Campos, 2004) .................................................................. 17

Figura 5 – Foto mostrando o Rio Pará em Passa Tempo .............................................. 27

Figura 6- Foto mostrando o Rio Pará em Passa Tempo ................................................ 28

Figura 7- Relação de processos DNPM existentes no Rio Pará para pesquisa,


licenciamento ou concessão de lavra para areia. .......................................................... 31

Figura 8 – Foto do Rio Pará na área pretendida............................................................. 32

Figura 9- Foto no Rio Pará na área pretendida. ............................................................. 33

Figura 10- Foto no Rio Pará na área pretendida. ........................................................... 34

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Dados da Poligonal relativa ao processo 831.663/1998 ................................ 11

Tabela 2 – Coluna Estratigráfica do Quadrilátero Ferrífero. DORR (1969), modificada


por Ladeira e Viveiros (1984). .......................................................................................... 20

Tabela 3 – Orçamento dos trabalhos propostos. ........................................................... 41

Tabela 4 – Cronograma dos trabalhos de pesquisa ...................................................... 42

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1. INTRODUÇÃO

A Superintendência do Departamento Nacional de Produção Mineral em Minas Gerais ,


publicou no Diário Oficial da União em 12/05/2015, o Edital Número 294/2005,
colocando em disponibilidade, para pesquisa, a área relativa ao Processo
835.000/2010, com uma superfície original de 211,93 ha cujo processo estava
outorgado à Areal Cassia LTDA-ME para pesquisa de areia, situada no município de
Passa Tempo, no Estado de Minas Gerais.

Neste texto, de acordo com o estatuído no Código de Mineração, em seu art. 26,
atendendo ao expresso na Portaria N o. 268, de 10/07/2008, do Diretor-Geral do
Departamento Nacional da Produção Mineral – DNPM, publicada no DOU de
11/07/2008, é apresentado o plano dos trabalhos de pesquisa necessários à perfeita
definição, qualitativa e quantitativa, de reservas de areia nela eventualmente
ocorrentes. Juntamente com a definição das obras de pesquisa, é apresentado o
cronograma de sua execução e, ainda, o orçamento das diversas atividades
programadas bem como o cronograma de desembolso financeiro.

1.1. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDEDOR

Roberto Andrade Júnior é brasileiro, casado, comerciante residente e domiciliado no


município de Passa Tempo, à Avenida Francisco da Costa Paz, número 50, bairro São
Sebastião no Estado de Minas Gerais.

Trabalha na área de mineração com extração de areia há muitos anos, jovem,


empreendedor, sendo perfeito conhecedor e seguidor da legislação mineraria, ambiental e
principalmente trabalhista vigentes.

Aplica nos seus empreendimentos, todos os requisitos legais relacionados à extração de


areia no que diz respeito à saúde e segurança do trabalhador, principalmente as Normas

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Reguladoras de Mineração (NR´S) definidas pela Lei 6.514, de 22 de dezembro de 1977,


que procuram regular os procedimentos preventivos, ante os diversificados riscos a que se
expõem os trabalhadores diante do trabalho que realizam. Assim, a NR-22 trata das
questões de Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração, determinando métodos e
procedimentos nos locais de trabalho, que proporcionem satisfatórias condições de
segurança e saúde aos empregados dessa atividade.

Com a crescente demanda pelo uso de areia utilizada na construção civil, deseja ampliar
sua participação no mercado. Desta forma, tem buscado continuamente aprimorar sua
produção em conformidade com a legislação ambiental de forma a tornar-se um
empreendedor diferenciado e assim alcançar consumidores mais exigentes e responsáveis
com a sustentabilidade de nosso planeta.

2. LOCALIZAÇÃO

A área objeto desta disponibilidade encontra-se situada no município de Passa Tempo, no


Estado de Minas Gerais. Posiciona-se ao norte da sede do município de Passa Tempo. A
Figura 1 abaixo mostra a localização aproximada da área e os principais acessos.

Para chegar em Passa Tempo o acesso pode ser realizado a partir de Belo Horizonte pela
BR 381, até o município de Carmópolis de Minas. Em Carmópolis, toma-se o primeiro trevo
à esquerda até o município de Passa Tempo num percurso de aproximadamente 23 Km.

Em passa Tempo, o acesso à área pretendida pode ser feito de carro, através de estradas
não pavimentadas trafegáveis em qualquer época do ano.

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Figura 1 – Localização da área pretendida e principais acessos. (Fonte: Google Maps)

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3. HISTÓRICO DO PROCESSO

A área objeto do processo DNPM 835.000/2010, foi requerida em 29/12/2010 para


pesquisa de areia e argila, no Rio Pará no município de Passa Tempo, Estado de Minas
Gerais.

Em 09/10/2012 foi outorgado o Alvará de Pesquisa por 03 anos. Neste período não foram
pagas as taxas anuais por hectare motivo pelo qual o DNPM aplicou as devidas multas. Em
30/06/2014 o DNPM caducou o Alvará de Pesquisa conforme rege a legislação mineral
brasileira

3.1. SITUAÇÃO LEGAL

Os dados essenciais da área ora pleiteada, conforme site do Cadastro Mineiro, do próprio
DNPM, encontram-se abaixo, conforme Tabela 2.

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Tabela 1 – Situação Legal do Processo DNPM 835.000/2010

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Com uma superfície de 13,9 ha a área pretendida, tem sua poligonal envoltória definidas
conforme os dados apresentados na tabela abaixo.

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Tabela 1- Dados da Poligonal requerida dentro do processo 835.000/2010

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A planta de situação, devidamente assinada por profissional legalmente habilitado,


encontra-se na Figura 2 abaixo.

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Figura 2- Planta de Situação da área pretendida em disponibilidade.

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4. GEOLOGIA REGIONAL

4.1. CRATON SÃO FRANCISCO

O Cráton São Francisco é uma extensa plataforma consolidada em tempos Pré--


Cambrianos que abrange consideráveis áreas dos estados da Bahia e Minas Gerais.
Durante o evento tectonotermal Brasiliano, essa plataforma atuou como antepaís para a
faixa de dobramentos Brasília, Araçuaí, Riacho do Pontal, Alto Rio Grande etc. (Almeida
1977; Alkimim et al. 1993 in Campos 2004) -Figura 2 abaixo.

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Figura 3 – Contexto Geológico do Cráton São Francisco Faixa Araçuaí e Faixa


Brasília (mapa geológico simplificado de Alkmim e Marshak 1998

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Dois domínios informais distintos de crosta siálica do Craton São Francisco afloram
respectivamente nas suas porções setentrional (Bahia) e meridional (Minas Gerais). Os
registros geológicos mais antigos da porção meridional apontam para
formação/retrabalhamento de crosta siálica já no Mesoarqueano. Durante Neoarqueano,
destaca-se a ocorrência do Evento Tectonotermal Rio das Velhas, muito bem caracterizado
no Complexo Metamórfico Bonfim.

No âmbito do Complexo Metamórfico Bonfim, Quadrilátero Ferrífero e adjacências de Bom


Sucesso, dois outros eventos ocorridos no final do Neoarqueano foram caracterizados por
Endo (1977 in Campos 2004) responsáveis pela deformação crustal da região. O primeiro
estaria situado entre 2,658 e 2,612 Ga com a deposição do Grupo Maquine (Supergrupo
Rio das Velhas) e talvez, a formação de rochas charno-enderbitícas da região de Babilônia
(NNW de Bom Sucesso). Já o segundo evento, no intervalo compreendido entre 2612 e
2555 Ma, estaria relacionado à deformação do Grupo Maquine e à colocação de granitos
nos complexos metamórficos Bonfim (Noce 1995), Bação (Endo1977 in Campos 2004),
Passa Tempo (Campos el al. 2003 in Campos 2004) e Campo Belo (Campos 2004).

De acordo com Teixeira et al (2000), durante o Evento Transamazônico, na borda sul do


Craton São Francisco, teve-se um período de atividade plutônica entre 2.162 a 2.4Ga,
marcada por uma seqüência de granitóides na evolução do Cinturão Mineiro. A origem
desses corpos plutônicos, relacionados à evolução do Cinturão Mineiro, é ainda uma
questão controversa. A origem desses granitóides Transamazônicos pode estar ligada a
regiões de fontes contrastantes, de mantélica a derivados crustais, e provavelmente na sua
maioria é derivado de “mixing” de material juvenil, Teixeira el al. (2000).

Os corpos plutônicos paleoproterozóicos que ocorrem na região da área de estudo são:


Granito Ritápolis (Quéméneur & Baraud, 1982), Granito São Tiago (Silva el al. 2002 e
Campo & Carneiro 2005) e granitóide Resende Costa. Além desses, ocorrem gnaisses TTG
(tonalito-trondijhemito-granodiorito) pertencentes à crosta sílica de idade Arqueana,
metagranitóides indivisos, conforme mapa abaixo.

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Figura 4 – Geologia Simplificada da porção meridional do Cráton do São Francisco e


Adjacências (Modificado de Campos, 2004)

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O Corpo São Tiago apresenta dimensões de aproximadamente 110 km², limitado a norte
pela zona de cisalhamento Bom Sucesso e a sul pelo granito Ritápolis. Silva et al (2002)
definiram o batólito São Tiago como um hornblenda granodiorito gnaisse posicionado sin a
pré-colisionalmente no Cinturão Mineiro a cerca de 2050±12 Ma (U/Pb Shrimp).

O granito Ritápolis, diferentemente do corpo São Tiago, é um plúton de dimensões


batolíticas relativamente estudado, podendo-se destacar vários trabalhos, entre eles,
Quéméneur & Noce (2000), Ávila (1998, 2000). Este apresenta relações de contato com o
corpo São Tiago e a faixa Rio das Mortes na sua borda sul, granitóides Rezende Costa a
norte e com o Trondhjemito Cassiterita a sudoeste. O trabalho de Ávila (2000) apresenta a
seguinte composição para o granito: plagioclásio, quartzo, feldspato potássico, biotita,
titanita, muscovita, zircão, allanita e pirita. Segundo esse, o Granito Ritápolis aflora por
cerca de 85 km², sendo composto por um espectro de rochas que vão de tonalitos,
granodioritos a monzo e sienogranitos, cuja idade de cristalização é 2.121+7 Ma
(207Pb/206Pb evaporação de zircão). Este corpo aflora sob a forma de grandes lajedos ou
blocos e sua foliação tectônica é fraca, marcada pelo arranjo paralelo de lamelas de biotita.

De acordo com Alkimim & Marshak (1998) durante a Orogênese Paleoproterozóica, a


região do Quadrilátero Ferrífero teria sido afetada primeiramente por um evento
compressional, vergente para NW, seguido de colapso orogênico, durante o qual teriam
sido depositados os metassedimentos do Grupo Itacolomi (há cerca de 2,09 Ga). Uma
foliação gnáissica NS vertical teria sido gerada concomitante aos fraturamentos de direção
NE-SW, no substrato siálico do Quadrilátero Ferrífero e adjacências.

O segmento crustal das imediações de Passa Tempo foi, inicialmente, denominado


Complexo Granulítico Passa Tempo (Fiumari el al. 1985). Posteriormente foi redefinido
como Complexo Metamórfico Passa Tempo que compreende gnaisses de composição
desde tonalítica até granítica, migmatitos e granitóides, além de rochas máficas e
ultramáficas. Os litotipos félsicos, produtos gerados por processos relacionados com a
migmatização ocorrem, largamente espalhados por todos os domínios do complexo
(Campos et al. 2004). Os gnaisses apresentam bandamentos, cujas atitudes têm duas
tendências proeminentes: NNE e NNW. Os corpos máficos mostram uma foliação NS, com
mergulho de 20° para W.

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Os dados geocronológicos mais recentes, obtidos no âmbito do Complexo Metamórfico


Passam Tempo, apontam para um pico de metamorfismo regional de fácies granulito há
pelo menos 2.622 Ma.

4.2 AS SEQÜÊNCIAS SUPRACRUSTAIS DO CRATON SÃO FRANCISCO


MERIDIONAL

Sequências do tipo greenstone arqueanas aparecem permeando os complexos


metamórficos da porção meridional do Craton São Francisco. As sequências
metassedimentares do Paleo e Mesoproterozóico constituem os supergrupos Minas e
Espinhaço, respectivamente

O Supergrupo Rio das Velhas é uma seqüência típica de Greenstone Belt e compreende os
grupos Quebra Ossos (komatiítos), Nova Lima e Maquine (Tabela 4).

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Tabela 2 – Coluna Estratigráfica do Quadrilátero Ferrífero. DORR (1969), modificada


por Ladeira e Viveiros (1984).

Ladeira (1980 in Campos 2004) propõe para o Grupo Nova Lima uma divisão em três
unidades: uma primeira seqüência de característica vulcano-sedimentar, portadora dos
principais depósitos de Au do Quadrilátero Ferrífero, é constituída por basaltos tholeiíticos,
rochas vulcanoclásticas e vulcânicas intermediárias a félsicas. Outra unidade, rochas
metassedimentares clásticas e químicas incluindo pelitos e rochas carbonática/pelíticas,
formação ferrífera tipo Algoma, metarenitos, metaconglomerados e metagrauvacas. A
terceira unidade é originada por vulcanismo félsico correspondente aos estágios finais da
seqüência vulcânica inferior do Grupo Nova Lima.

O Grupo Maquiné composto, da base para o topo, pelas formações Palmital e Casa Forte é
constituído por quartzito sericítico, filito quartzoso, metaconglomerados e
subordinadamente, xistos e filitos cloríticos a sericíticos (Dorr II 1969 in Campos, 2004).

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Outras seqüências supracrustais do tipo greenstone, não arqueanas, também estão


presentes na porção meridional do Craton São Francisco como rochas vulcânicas
metamáficas, metaultramáficas e metassedimentares na região de São João Del Rei (Ávila
2000 in Campos, 2004).

O Supergrupo Minas compreende os grupos Caraça, Itabira, Piracicaba e Sabará. As


seqüências inferiores do Supergrupo Minas (grupos Caraça e Itabira) constituem-se, de
base para o topo, de metaconglomerados aluviais e metarenitos, passando a metapelitos
de ambiente marinho raso, formação ferrífera e carbonatos, associados com uma bacia de
margem passiva (Teixeira & Figueiredo, Renger et al.1994, Alkmim & Marshak 1998, Noce
et al. 1998 in Campos 2004). Unidades carbonáticas do topo do Grupo Itabira foram
depositadas há 2,4 Ga (Babinski et al., 1995 in Campos 2004).

O Grupo Piracicaba é constituído por uma fina pilha de metassedimentos cuja


deposição se deu em ambiente de água rasa/deltáico (Alkmim & Marshak 1998 in
Campos, 2004). O Grupo Sabará é caracterizado por grauvacas e ocorrência de
magmatismo paleoproterozóico com idades de 2.125 Ma (Machado el al. 1992
Machado et al. 1996 in Campos, 2004).

4.3 META-ULTRAMAFITOS E MAFITOS

Os tipos ultramafitos ocorrem na região na forma de corpos esparsos, podendo


destacar as ocorrências nas proximidades de Bom Sucesso, São João Del Rei a
Ritápolis, Desterro de Entre Rios e Jeceaba. São algumas vezes litotipos que sofreram
metassomatismo transformados a serpentinitos, tremolititos e xistos.
Os mafitos, comuns em toda a região sul do Craton do São Francisco, ocorrem como
diques e sills de gabros, gabronoritos e anfibolitos de direções predominantes NW/SE e
idade mesoproterozóica.

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5. FISIOGRAFIAS

5.1. CLIMA

O clima possui ligações diretas com a formação dos ecossistemas, seja como fator
limitador ou potencializador de formas de vida, como modelador do relevo pelos agentes de
intemperismo e até com os hábitos de vida das populações humanas. Dentro do domínio
tropical, outras áreas aparecem com marcante individualidade: são os planaltos e serras do
Sudeste. Abrangem o sul de Minas Gerais e do Espírito Santo e partes dos Estados de São
Paulo e Rio de Janeiro, onde altitudes acima de 1.000 metros determinam condições
especiais de clima (Ab’Saber, 2003). É o chamado clima tropical de altitude, no qual as
temperaturas médias anuais caem para menos de 18º C e a pluviosidade se acentua,
sobretudo nas encostas litorâneas, em posição de barlavento.

A dinâmica atmosférica do Sudeste é basicamente controlada pela célula de Alta Pressão


Subtropical do Atlântico Sul, onde se configura a massa Tropical Marítima, também afetada
ocasionalmente pela massa Tropical Continental originária da Baixa Pressão do
Chaco/Pantanal, além dos efeitos desestabilizadores desencadeados pelos avanços da
Frente Polar e oscilações da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) (Roos, 2005).

Nesta área, a sazonalidade determina o ritmo biológico dos ecossistemas e o regime


hídrico da região, apresentando invernos e verões bem definidos, mas não extremos. O
clima regional na UPGRH GD2 basicamente pode ser definido pela classificação de
Köppen entre os tipos climáticos Cwb (CPRM appud Vargas, 2007), que correspondem a
verões brandos e clima úmido, com pluviosidade média anual de 1.400mm a 1.550 mm, em
estação seca e curta, com temperaturas médias de 28º C no verão e 12º C no inverno e
média anual em torno de 18,5º C. Esse clima na classificação bioclimática de Gaussen
também é relacionado ao relevo, o que se comprova por sua evidência nas maiores
altitudes; e nas áreas de menor altitude e relevo mais suavizado pode-se definir o clima,
ainda segundo Köppen, como sendo Cwa, de invernos frios e secos e verões quentes e
úmidos, com pluviosidade média anual de 1.200 a 1.500 mm, tendo como temperatura
média anual variando de 17,5º C a 20ºC.

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Anualmente, no verão, ocorre a influência da Massa Tropical Atlântica, que se origina no


Oceano Atlântico, e trata-se de uma massa de ar quente e úmida que, como conseqüência,
cria um pico anual de pluviosidade no período compreendido entre os meses de novembro
a fevereiro. No verão, a ativa evaporação sobre os oceanos transfere enorme vapor d’água
para a atmosfera, instabilizando-a e provocando precipitações em todo o Sudeste (Roos,
2005). No inverno, as baixas temperaturas e geadas são influenciadas pela Massa Polar
Atlântica, que avança vindo do Pólo Sul, causando o recuo da Massa Tropical Atlântica.

As estações secas são bem definidas, contudo, não extremas, com esporádicas e não
expressivas precipitações (Vargas, 2007). A ação dos anticiclones móveis, associados à
dinâmica da frente Polar, é particularmente intensa no inverno, especialmente quando
reforçada pelo ar polar do Pacífico, de trajetória continental, portanto, menos úmido e mais
estável. Nessa época do ano, o Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul tende a deslocar-se
para o continente, reduzindo as precipitações (Roos, 2005).

5.2. VEGETAÇÃO

A região onde encontra-se inserida a área pretendida em disponibilidade é possuidora de


uma elevada taxa de endemismo vegetal com existência de Mata Atlântica, Cerrado, mas
composta originalmente em especial pela Mata Atlântica semidecidual (Vargas, 2007).

Ao longo dos séculos, a utilização dos recursos naturais da região sem nenhum tipo de
manejo sustentável causou grandes transformações no meio ambiente, evidenciando-se
que os ciclos econômicos reduziram a vegetação original a um pequeno percentual.
Primeiro a mineração, especialmente de ouro, depois a pecuária extensiva e agricultura
intensiva, e, mais recentemente, a formação de grandes monoculturas, destacando-se a
Brachiarias sp (braquiárias), o Eucaliptus sp. (eucaliptos), o Melinis minutiflora Beauv.
(capim-gordura) e o Coffea-arabica L. (café). Tudo isso causou uma grande redução das
áreas de Mata Atlântica, que hoje são restritas a fragmentos, na maioria das vezes isolados
uns dos outros (Vargas, 2007).

O Cerrado tem sido definido como floresta-ecótono-campo (Roos, 2005), pois muitas vezes
evolui por regeneração de campos limpos, passando por campos sujos e campos cerrados,

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chegando a cerrado strictu sensu, e culminando como cerradão, que é uma formação
florestal (Vargas, 2007).

A vegetação do cerrado na região pode ser classificada como Cerrado Tropical


Subcaducifólio e teve uma grande expansão em sua área de dispersão, devido à derrubada
da Mata Atlântica. Inclui espécies arbóreas como a Tabebuia sp (ipês), a Gochnatia
polymorfa Less. (camará), a Solanum lycocarpum St. Hil. (fruto-de-lobo), o Eremanthus
Erythropappus (DC.), o MC. Leisch. e o E. incanus Less. (candeias).

A vegetação nessas áreas apresenta características xeromórficas, não pela escassez de


água, mas pela ocorrência de estações secas bem definidas e algumas vezes prolongadas,
associadas à freqüente presença de solos pobres e rasos. A formação dos cerrados é
controlada pela composição do solo mais do que por qualquer outro fator (Roos, 2005). A
nítida presença de diversos subtipos desse bioma, muitas vezes, ocorre em função dos
diferentes estágios de deterioração e/ou recuperação das áreas e de variáveis como
precipitação média específica e características edáficas.

As espécies de Mata Atlântica e Matas de Galerias são, em sua maioria, comuns aos dois
ecossistemas, pois ambas integram a classe florestal, na subclasse estacional, no grupo de
formação das higrófitas, subgrupo semidecidual (Martins appud Vargas, 2007). A Mata
Atlântica na região tem uma formação mesófila de Floresta Montana, e as matas de
galerias tratam-se de formações igualmente mesófilas denominadas florestas aluviais
(Roos, 2005).

A grande quantidade de matéria orgânica em decomposição sobre o solo dá às matas


fertilidade suficiente para suprir sua riquíssima vegetação, incluindo espécies de relevante
valor econômico, tais como o Caesalpinia echinata Lam. (pau-brasil), o Cedrela fissillis Vell.
(cedro), a Persea pyrifolia Ness & Mart. (massaranduba), dentre diversas outras espécies
arbóreas características desse bioma, como a Schinus terembinthifolius Raddi (aroeira
vermelha ou mansa), a Litharea molleoides (Vell.) Engler (aroeira branca, aroeirinha), o
Tapira goianensis Aubl. (peito-de-pombo) e o Hymenaea courbaril L. (jatobá), o
Parapitadenia sp (angicos), a Cecropia pachystachya Trec. (imbaúba), o Delonix regia
(Boj.) Rafin. (flamboyant), o Ormosia arborea (Vell.) Hams. (olho-de-boi, tento), a
Tibouchina sp.(quaresmeiras) e a Inga vera Willd. (ingá-doce). Nestas áreas, é maior a

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presença de espécies ornamentais de alto valor, especialmente as Orchidales, sejam


Bromeliáceas ou Orquidáceas. Este último é muito diverso, composto principalmente dos
gêneros Oncidium e Cattleya, destacando-se em nível ornamental a Cattleya loddigessi
Lindl. (Vargas, 2007).

Cabe aqui também mencionar a presença de florestas de encosta, que encobrem vertentes
inclinadas, em regiões onde a vegetação não é de floresta contínua, mas de cerrados ou
campos, condicionados à eventual presença de solos de maior fertilidade (Martins appud
Vargas, 2007).

A presença das matas de araucária ainda é notável, apesar de bastante rara,


representando no Brasil o equivalente florístico às florestas de coníferas das regiões
temperadas. É a única formação de coníferas em território nacional. Ocorrem em solos
férteis, sob climas com temperaturas moderadas a baixas no inverno, encontradas somente
nas áreas com altitude em torno de mil e duzentos metros (Roos, 2005), portanto,
principalmente no alto GD2. As matas de araucárias, onde prevalece a Araucaria
angustifolia (Bert.) Kum., têm como formações predominantes neste complexo a floresta
mesófila e a floresta pluvial (Vargas, 2007). Em geral, ocorrem em associação com o
“Pinheiro Bravo”, Podocarpus lambertii KL. (Roos, 2005). A presença de tal bioma é cada
vez mais rara na região, devido especialmente à ação antrópica. Não constituem na região
matas, mas, sim, araucárias que podem ou não estar próximas umas das outras, muitas
vezes existindo grande dificuldade de intercâmbio genético que, em muitos casos, pode
não haver devido ao isolamento dos indivíduos (Vargas, 2007).

A região é também marcada pela presença de campos rupestres, encontrando-se nos


topos de morro de maior altimetria a vegetação que é caracterizada por gramíneas e
pequenos arbustos resistentes aos ventos e ao estresse hídrico a que estão condicionados.
Geralmente, as altitudes são elevadas e os solos muito rasos (Vargas, 2007).

Nas áreas de campos, há espécies ornamentais, destacando-se as Cactáceas, as


Bromeliáceas e as Orquidáceas, que geralmente são exploradas de maneira predatória, a
exemplo do que acontece nas Serras de São José e do Lenheiro. A superexploração está
diminuindo nitidamente as populações de Orquidáceas, especialmente na parte oeste da
Serra de São José (Vargas, 2007).

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Nos locais de solos mais rasos e de não tão elevada altimetria, surge a vegetação
característica dos campos cerrados tropicais, que são compostos de vegetação gramíneo-
lenhosa, algumas vezes dotadas de espinhos (Vargas, 2007). Há também campos de
surgente no terço inferior das encostas (Martins appud Vargas, 2007), que apresentam
vegetação mais densa e de maior porte que os campos rupestres.

Em áreas de várzeas e baixadas, as características edáficas e microclimáticas possibilitam


o aparecimento dos campos hidrófilos (Martins appud Vargas, 2007), que ocupam solos o
ano todo, ou maior parte dele, saturados de água, e caracterizam-se pela ampla presença
de espécies freatófitas. As populações tradicionais se utilizam de espécies vegetais com
finalidades terapêuticas e medicinais, a exemplo do Styphnodendron adstrigens (Mart.)
Coville (barbatimão), usado como cicatrizante e que tem suas propriedades confirmadas
cientificamente; a Baccharis trimera (Less.) DC. (carqueja), o Mentha pulegium L. (poejo), a
Articum lappa L. (bardaba), dentre tantas outras (Vargas, 2007).

É comum a utilização de lenha de madeira nativa, tanto para fins de consumo próprio,
quanto para venda in natura e produção de carvão vegetal, e muitas vezes são
transportadas em meio à madeira ou carvão de madeira exótica, como maneira de burlar
eventuais fiscalizações. Com a crescente introdução de espécies exóticas, o equilíbrio
ecológico fica cada vez mais comprometido, observando-se a ação de espécies invasoras
como as Brachiarias sp. que já se encontram dispersas por toda área da bacia,
especialmente às margens das rodovias e em grandes propriedades, o que é uma
competição cruel com as plantas nativas.

5.3.HIDROGRAFIA

A bacia do rio Pará é uma das mais importantes da bacia do Rio São Francisco, de regime
tropical austral, abrangendo 38 municípios, com uma área de 234.347 km², nascendo na
Serra das Vertentes, próximo ao povoado de Hidelbrando, no município de Resende Costa.

A principal cidade da região é Divinópolis, com mais de 200 mil habitantes, seguida de
Itaúna e Pará de Minas. Quase a metade dos municípios da bacia tem uma população

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menor que 10 mil habitantes, dos quais apenas nove apresentam uma taxa de urbanidade
inferior a 50%.

É um rio que corta também os municípios de Desterro de Entre Rios, Passa Tempo,
Piracema, Carmópolis de Minas, Itaguara e Carmo do Cajuru, onde forma uma represa
denominada Barragem do Cajuru. Logo após corta o município de Divinópolis, São Gonçalo
do Pará, Conceição do Pará, Pitangui e Martinho Campos, onde logo após deságua no rio
São Francisco.

Figura 5 – Foto mostrando o Rio Pará em Passa Tempo

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Figura 6- Foto mostrando o Rio Pará em Passa Tempo

5.4.GEOMORFOLOGIA

A formação do relevo na área pretendida está diretamente subordinada a fatores exógenos


e endógenos. Os primeiros são representados pelos agentes externos modeladores do
relevo, como os processos erosivos eólicos e hídricos, decomposição química de rochas e
a ação biológica, da espécie humana inclusive. Os fatores endógenos são originados da
dinâmica interna do planeta e manifestam-se através de agentes como vulcanismo e
tectonismo. No passado geológico, é destacável a Orogênese Brasiliana, com um processo
de elevação de altitudes e aumento na movimentação do relevo, e, atualmente, os
processos exógenos atuam em sentido contrário, desgastando a superfície das vertentes,
causando o rebaixamento de altimetrias e o aplainamento do relevo (Ab’Sáber, 2003).

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Segundo Ab’Saber (2003), as serras e planaltos do leste e sudeste mineiro encontram-se


inseridas no Planalto do Atlântico do Brasil Sudeste, umas das unidades integrantes do
Embasamento Cristalino. Esse segmento do relevo constitui um planalto cristalino
rebaixado. Os principais domínios geomorfológicos são, de acordo com informações
verbais de Lima appud Vargas (2007), os mares de morros que ocupam grande maioria do
espaço geográfico, e são caracterizados por vertentes côncavo-convexas, com um
modelado típico de planalto, com certo nivelamento dos diversos interflúvios. Em função
dessa morfologia aplainada a ondulada, devido à composição de suas rochas existentes,
há um período de tempo tão prolongado, desenvolve-se uma profunda meteorização
química, que limita a freqüência das exposições rochosas (CPRM appud Vargas, 2007).

Nota-se também a existência de cristas interplanálticas, que se constituem de rochas


quartzíticas extremamente deformadas, como as das Serras de Ibitipoca, de São José e do
Lenheiro. Esses domínios têm seu processo de formação relacionados à Orogênese
Brasiliana, quando as forças endógenas provocaram o levantamento da altitude, as
grandes deformações nas rochas e alterações no relevo (Vargas, 2007).

Já as rochas carbonáticas originam relevos cársicos, têm no intemperismo químico, além


dos fatores geológicos, o grande moderador do relevo, pois ele caracteriza-se pela
dissolução de sais em áreas de tais rochas, possuindo drenagem predominante no sentido
vertical e depois subsuperficial, com pouco escoamento superficial.

E, finalizando apresentam-se as planícies aluviais existentes graças a atuação de intensos


processos erosivos nas cabeceiras que proporcionam o acúmulo de sedimentos nas bacias
sedimentares, com menor proporção de ocupação do território da bacia. A rede de
drenagem em questão experimenta uma pequena suavização no relevo ao longo de seu
trajeto, sendo seus cursos mais encaixados nas cabeceiras, onde as vertentes dos mares
de morros são mais inclinadas, o que, aliado à alta pluviosidade, torna intensos os
processos erosivos, e em sua parte baixa possui maiores planícies de inundação, geradas
pelo acúmulo dos sedimentos erodidos à montante e pela menor inclinação das vertentes
(Vargas, 2007).

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6. POTENCIAL ECONÔMICO DA ÁREA

O potencial econômico para a extração de areia no Rio Pará, pode primeiramente, ser
visualizado pelo grande número de alvarás de pesquisa e requerimentos de lavra emitidos
pelo DNPM, sendo comum nesta região a extração de areia.

Somado a isto, tem-se a grande demanda de materiais para construção civil,


principalmente para atender ao mercado próximo a Belo Horizonte.

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Figura 7- Relação de processos DNPM existentes no Rio Pará para pesquisa, licenciamento ou concessão de lavra para areia.

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As fotos abaixo mostram o Rio Pará, que apesar de todo o período de seca que estamos
neste momento passando, ainda tem uma boa vazão de água e abundância de sílica
sedimentada (areia), a qual se pretende estudar e porventura extrair de forma responsável
e sustentável.

Figura 8 – Foto do Rio Pará na área pretendida.

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Figura 9- Foto no Rio Pará na área pretendida.

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Figura 10- Foto no Rio Pará na área pretendida.

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7. PLANO DOS TRABALHOS DE PESQUISA

Os trabalhos de pesquisa geológica a serem realizados têm como principais objetivos:

 Definir os serviços prospectivos para as campanhas de campo;

 Identificar, selecionar e caracterizar as áreas de ocorrência e concentração de areia;

 Estudar qualitativa e quantitativamente as ocorrências;

 Realizar testes específicos visando à aplicação do material;

 Avaliar a viabilidade técnico-econômica da implantação e desenvolvimento do


sistema extração de areia.

7.1. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

Para melhor conhecimento da geologia da área, deverão ser estudados trabalhos já


realizados anteriormente em âmbito regional.

Outros trabalhos que tenham sido desenvolvidos em locais diferentes, porém com o mesmo
tipo de características geológicas, também deverão ser estudados.

7.2. RECONHECIMENTO PRELIMINAR, INFRAESTRUTURA E TOPOGRAFIA

Um reconhecimento preliminar será realizado para reconhecer os acessos e realizar


contato com o(s) superficiário(s). Uma estrutura mínima para realização dos trabalhos de
pesquisa será estabelecida.

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Os serviços topográficos iniciais constarão da locação de estradas, caminhos e


construções e feições geográficas marcantes. Também será realizado o levantamento da
poligonal delimitadora da área, em concordância com o memorial descritivo, constando o
referido levantamento de segmentos de retas nas direções norte-sul e leste-oeste.

7.3. MAPEAMENTO GEOLÓGICO

O mapeamento geológico será desenvolvido em escala compatível com os serviços


prospectivos, utilizando a base preparada pela topografia. O mapa e seções gerados
servirão de base para orientar os trabalhos de amostragem/sondagem. Serão registradas
estruturas geológicas e seus limites. Será dada atenção especial no registro dos depósitos
aluvionares e de sua distribuição espacial.

7.4.TRABALHOS DE AMOSTRAGEM

7.4.1. Amostragem Hídrica

Essa amostragem será feita nos sentidos jusante-montante para verificação de partículas
da substância em suspensão em diversos pontos, visando assim, obter informações dos
locais de maior incidência de deposição e concentração quanto ao aspecto quantitativo.

7.4.2. Bateação

A bateação será executada em conformidade com a obtenção dos resultados da


amostragem hídrica, escolhendo-se preferencialmente os locais de menor gradiente, onde
teoricamente haverá maior concentração de material. Este método servirá para verificação
imediata de outras substâncias que acompanham a areia, bem como verificação da
variação de granulometria, visando instruir a futura separação na extração.

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7.4.3. Programa de sondagem

O programa de sondagem consiste na coleta de amostras representativas, com


catalogação e posterior classificação granulométrica e qualitativa.

Será realizada sondagem a trado nas partes emersas de forma a definir o aluvião em
subsuperfície. As amostras serão analisadas para definir suas características físicas e
químicas, de forma a definir parâmetros (ex. granulometria, densidade, presença de
matéria orgânica) que possam influir na aplicação e consequentemente no seu valor
comercial.

7.4.4. Controle de Qualidade

O controle de qualidade do material será desenvolvido a partir da verificação das amostras


coletadas e registros de ensaios realizados. Será imprescindível a determinação da
diferenciação da qualidade para eventual utilização, bem como a observação da presença
de substâncias indesejáveis. Os ensaios mais importantes serão granulometria, densidade
e presença de matéria orgânica.

7.4.5. Estudos Econômicos

Caso as etapas da pesquisa se mostrem favoráveis à extração do material em função de


sua aceitação no mercado consumidor, serão realizados estudos econômicos globais. Tais
estudos irão fornecer recursos para seu desenvolvimento.

Nesta etapa serão obtidos os custos de extração por metro cúbico, envolvendo mão de
obra, equipamentos, custos de manutenção, combustível, transporte de pessoal, impostos
e todos os demais parâmetros envolvidos na extração, inclusive as questões ambientais.

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7.4.6. Relatório Final de Pesquisa

Considerando que a pesquisa de areia é relativamente simples e que o tempo destinado a


essas atividades é considerável, espera-se apresentar o Relatório Final de Pesquisa em
tempo hábil ao DNPM. Nesse relatório serão apresentados os resultados referentes à
topografia, mapas geológicos, pontos amostrados, resultados de análises, fotografias
descritivas do local, estudos de aproveitamento econômico, bem como os demais
documentos necessários e pertinentes aos trabalhos desenvolvidos na área.

Casos fortuitos como falta de ingresso à área ou falta de licença ambiental devidamente
justificada, poderá atrasar o desenvolvimento da pesquisa. Neste caso, também em tempo
hábil o requerente deverá solicitar a prorrogação de prazo para o término da pesquisa
mineral.

8. ASPECTOS AMBIENTAIS PARA A ÁREA EM DISPONIBILIDADE

A extração de areia de forma irregular em planícies aluvionares tem causado inúmeros


impactos ambientais.

A areia é uma matéria prima essencial à sociedade, pelo seu uso em grande escala na
construção civil e na indústria, o que implica em seu grande volume de extração. A
produção de areia pode ocorrer em várzeas e leitos de rios, depósitos lacustres, mantos de
decomposição de rochas, arenitos e pegmatitos decompostos. A sua extração comumente
se faz junto a matas ciliares, consideradas áreas de preservação permanente (APPs), o
que redunda em inúmeros impactos ambientais. MATTOS e LOBO (1992) enumeram
danos ambientais decorrentes da extração de areia, quais sejam: desmatamento de APPs
para implantação de caixas, pátios e acessos; taludes e aterros para a implantação de
caixas; erosões e assoreamento; ruídos na operação de dragas; turbidez e contaminação
da água por óleo combustível, graxas e outros efluentes; compactação do solo pelo tráfego
de máquinas pesadas nos acessos; contaminação de solos e água por destinação
inadequada de resíduos sólidos.

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A metodologia de extração é a de dragagem de sucção e o destino da areia extraída


corresponde às cidades próximas à Belo Horizonte e demais municípios da região
metropolitana, com vistas ao seu emprego na construção civil. Tendo em vista esse
aspecto, é considerável o impacto regional dessa atividade desde a extração até a
destinação final da areia; esses impactos se associam às significativas alterações nos
diferentes tipos de leitos fluviais e de suas dinâmicas, aos ruídos e vibrações de máquinas
e caminhões, bem como à emissão de material particulado por esses últimos.

8.1. LEGALIZAÇÃO AMBIENTAL DA ATIVIDADE

Antes do início dos trabalhos de pesquisa é necessário verificar quais autorizações


ambientais são necessárias para a realização da pesquisa mineral e esta somente poderá
iniciar após a obtenção da (s) mesma (s).

No caso específico desta área em disponibilidade por estar localizada em Área de


Preservação Permanente, as autorizações ambientais necessárias são Licenciamento
Ambiental, autorização para supressão de vegetação, caso necessário, outorga para
intervenção em recurso hídrico. A área pretendida não se encontra em área Legalmente
Protegidas, principalmente aquelas relacionadas à Lei do SNUC.

Toda a documentação legal será sempre mantida na área para demonstração em


fiscalizações dos órgãos ambientais.

8.2. REABILITAÇÃO DA ÁREA

A reabilitação ambiental pode ser definida como a busca de uma condição ambiental
estável, a ser obtida em conformidade com os valores estéticos e sociais da
circunvizinhança.

Dentre as principais medidas recomendadas para a reabilitação ambiental das áreas e sua
proteção contra processos erosivos, destacam-se a reconformação topográfica, a
readequação dos sistemas de drenagem e a cobertura vegetal.

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A proposta de um plano de reabilitação de áreas degradadas pelas atividades relacionadas


à pesquisa mineral também se baseia em um eficiente planejamento da execução das
atividades, principalmente considerando que as atividades serão desenvolvidas em área de
preservação permanente.

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9. ORÇAMENTOS DOS TRABALHOS DE PESQUISA

Como se verifica, na eventualidade de total sucesso das pesquisas aqui propostas, com a
efetiva execução de todas as etapas aqui previstas, o custo total dos trabalhos na área
requerida atinge a soma de R$ 66.360,00 (Sessenta e seis mil, trezentos e sessenta reais).
A discriminação dos valores a serem investidos por atividade pode ser visualizado na
Tabela abaixo.

Tabela 3 – Orçamento dos trabalhos propostos.


Tipo de Investimento Valor R$
Reconhecimento preliminar e 3.500,00
Infraestrutura
Topografia 4.500,00
Geologia 9.500,00
Amostragem e Sondagem 8.300,00
Análises Químicas e Físicas 5.000,00
Estudos Econômicos e Relatório Final de 9.000,00
Pesquisa
Licenciamento Ambiental (inclui taxas) 10.000,00
Recuperação Ambiental 8.000,00
Monitoramento Ambiental 6.000,00
Outros (contingencia 20%) 12.560,00
TOTAL 66.360,00

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10. CRONOGRAMA

Na tabela 4 está descriminado o cronograma dos trabalhos de pesquisa. Observe que foi
considerada a execução e conclusão dos trabalhos de pesquisa num período de 24 meses,
contados a partir da data de publicação do alvará de pesquisa.

Tabela 4 – Cronograma dos trabalhos de pesquisa

Belo Horizonte, julho de 2015.

Renata Alvarenga Vilela Botelho

Eng. Geóloga – CREA 72.707/D – MG

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11. REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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