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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
ALICE SOUZA NAEGELE
PSICOLOGIA PERINATAL
Nova Friburgo - RJ
2017
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PSICOLOGIA PERINATAL
Nova Friburgo - RJ
2017
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Resumo
Abstract
PERINATAL PSYCHOLOGY
The field of activities of the psychologist is wide and still has much to be broken.
Perinatal psychology, although not a new area in the field of psychology, is still little
known and disseminated both among professionals and between clients. Perinatal
psychology works with families during the gestation, delivery and puerperium periods
and can help them to understand some processes and thus make more conscious
choices aimed at the physical, psychological and social well-being of those involved,
especially the duo mother-baby.
1 – INTRODUÇÃO:
O artigo apresenta as fases da gestação, parto e puerpério em que o trabalho
do psicólogo perinatal pode acontecer e visa facilitar o entendimento de algumas
questões e processos presentes nesses momentos. Para isso, a metodologia
utilizada será o levantamento bibliográfico feito a partir de livros que tratam do
assunto de diversas formas, sob diferentes olhares e para públicos diversos.
Inicialmente, a psicologia perinatal será brevemente apresentada. Num
segundo momento, serão apontadas as principais fases em que o trabalho do
psicólogo perinatal pode ser solicitado e, junto a essas fases, breves explicações e
diferenciações importantes tanto do ponto de vista físico e quanto psicológico.
O objetivo principal do trabalho é mostrar o vasto campo de atuação do
psicólogo perinatal junto às famílias e sua contribuição para o entendimento e
humanização desse processo. Como disse Winnicott:
“(...) a psicanálise, como a vejo, oferece à obstetrícia, e a todo trabalho que
diz respeito às relações humanas, um aumento do respeito que os
indivíduos sentem uns pelos outros, bem como pelos direitos individuais. A
sociedade precisa de técnicos e até mesmo para os cuidados médicos e de
enfermagem, mas onde houver pessoas, e não máquinas, o técnico precisa
estudar a forma como as pessoas vivem, pensam e crescem ao longo de
suas experiências.”
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3 – GESTAÇÃO
A gestação, um período de idealização e fantasia, tem algumas funções bem
definidas como preparar o feto para a vida extra uterina e, uma função mais
subjetiva mas tão importante quanto que é a de preparar a mulher para ser mãe.
Para Winnicott (2013), as mulheres se preparam para a tarefa da maternidade
durante os últimos meses de gravidez, o que ele chama de “preocupação materna
primária”. Em um questionamento sobre as origens do indivíduo, Winnicott enumera
alguns fenômenos importantes, começando pelo “ato de conceber mentalmente” que
ocorre nas brincadeiras de crianças de qualquer idade e permanece até a vida
adulta. Devemos salientar que essa concepção mental que ocorre na idade adulta
não está necessariamente ligada ao casamento.
São inúmeras as mudanças provocadas pela gravidez, são mudanças físicas,
laborais, conjugais e financeiras, e é natural que surjam questionamentos sobre
esse período. Maldonado escreve sobre a existência de uma ambivalência afetiva, é
o querer e o não querer. Segundo ela, não existe gravidez completamente aceita ou
rejeitada e toda mulher passa por essa oscilação que podemos chamar de natural.
É no período da gestação que se inicia a vinculação entre mãe e bebê. O
bebê está em sintonia fisiológica e emocional com a mãe (Wilhelm). Ele tem suas
necessidades básicas, como alimentação e respiração, supridas pelo organismo da
mãe e à ela também cabe suprir as necessidades emocionais de seu bebê. Essa
segunda tarefa é tão importante quanto a primeira, porém não é assim tão natural e
depende da gestante estar bem assistida por familiares e profissionais (Winnicott). A
mãe precisa, além de tudo, sentir o bebê como um ser diferente dela, que apesar de
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4 – PARTO
De acordo com Maldonado, o parto é um “salto no escuro”. É sabido que o
parto normal é melhor para o bebê pois o trabalho de parto auxilia na sua adaptação
à vida extra uterina, porém, no caso de ser detectado algum problema na gestação
ou durante o trabalho de parto, costuma-se indicar a cesariana que pode fazer
nascer um bebê viável ou não (MOREIRA, M. E. L.; BRAGA, N. A.; MORSCH, D.
S.). Além das alterações indicadoras do parto operatório, existem profissionais de
saúde e famílias que optam por este tipo de nascimento. Nesses casos, existe a
possibilidade de que a criança nasça prematuramente, o que pode significar um
risco a saúde do bebê.
5 – PUERPÉRIO
Puerpério é o período logo após o parto, que dura de 6 a 8 semanas e,
fisiologicamente representa o período de tempo necessário para que o corpo retorne
ao estado anterior a gravidez.
Além do restabelecimento físico, o puerpério é considerado uma fase de
transição entre e mãe grávida do bebê imaginário e a mãe com seu bebê real. De
acordo com Maldonado, essa fase também é conhecida como o quarto trimestre da
gravidez.
São grandes as alterações na vida da mulher entre a gestação e o parto, e
entre os exames e preparativos para a chegada do bebê, muitas das vezes a mulher
não se prepara – e nem é estimulada a se preparar – para elaborar a perda do bebê
imaginário, calmo e perfeito, e o contato com o bebê real, que chora, sente fome e
pode apresentar alguma alteração em sua constituição.
A “preocupação materno primária” situa-se também nesse quarto trimestre, se
inicia nos últimos meses de gestação e dura algumas semanas ou meses após o
parto. Esse é um estado em que a atenção da mãe está totalmente voltada ao bebê
e suas necessidades, como se mãe e bebê fossem apenas um.
garantido o bem estar do bebê e para que o vínculo entre eles seja fortalecido
(MOREIRA, M. E. L.; BRAGA, N. A.; MORSCH, D. S.).
O tratamento da mãe que apresenta o quadro de psicose puerperal deve ser
feito em conjunto entre psicologia e psiquiatria e, assim como na depressão pós
parto, o diagnóstico precoce é essencial para o seu sucesso.
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A gestação, parto e puerpério, de alguma forma, fazem parte da vida de todos
os indivíduos e a psicologia vem para agregar conhecimento e auxiliar famílias e até
mesmo profissionais da área.
Apesar de haverem questões universais no que diz respeito a esse período,
devemos levar em consideração as particularidades de cada mulher, de cada família
e de cada bebê. Cada gestação é única e não se pode prever como a mulher irá
reagir e nem quais situações podem surgir.
A psicologia perinatal pretende estar ao lado dos atores envolvidos nesse
quadro e tornar esses momentos mais leves ou ao menos mais fáceis de serem
elaborados.
O obstetra francês Frederick Leboyer, em 1988, escreve em seu livro “Nascer
Sorrindo” algo que, apesar de destinado a médicos e enfermeiros, se encaixa muito
bem ao papel do psicólogo no trabalho perinatal. Leboyer escreve assim:
"Sim, é preciso tão pouco, nada de orçamentos caros, recursos
eletrônicos... Nada disso, apenas paciência e modéstia. Silêncio. Uma
atenção leve, mas sem falhas. Um pouco de inteligência, de preocupação
com o outro. Esquecimento de si mesmo... É preciso muito amor. Sem amor
vocês não passarão de bem intencionados..."
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REFERÊNCIAS