Você está na página 1de 20

Problema 05 | Renato Castro

PLANEJAMENTO FAMILIAR

O planejamento reprodutivo, chamado também de planejamento familiar, designa um conjunto de ações


de regulação da fecundidade, as quais podem auxiliar as pessoas a prever e controlar a geração e o
nascimento de filhos, e englobam adultos, jovens e adolescentes, com vida sexual com e sem parcerias
estáveis, bem como aqueles e aquelas que se preparam para iniciar sua vida sexual.

As ações de planejamento reprodutivo são voltadas para o fortalecimento dos direitos sexuais e reprodutivos
dos indivíduos e se baseiam em ações clínicas, preventivas, educativas, oferta de informações e dos meios,
métodos e técnicas para regulação da fecundidade. Devem incluir e valorizar a participação masculina,
uma vez que a responsabilidade e os riscos das práticas anticoncepcionais são predominantemente
assumidos pelas mulheres.

É importante atentar para as ações de planejamento reprodutivo das mulheres lésbicas e bissexuais. Para
esse grupo, o desejo ou o direito à maternidade precisa ser garantido, considerando que técnicas de
reprodução assistida como a inseminação artificial e a fertilização in vitro estão disponíveis pelo SUS,
independentemente do diagnóstico de infertilidade.
Problema 05 | Renato Castro
Problema 05 | Renato Castro
Problema 05 | Renato Castro
Problema 05 | Renato Castro

ANTICONCEPÇÃO

 Escolha do método:

Deve levar em consideração alguns passos:

1. Preferência da mulher/casal:

Sempre perguntar para a mulher qual método ela deseja adotar. Sempre respeitar a escolha dela, porém
deve-se garantir que ela seja feita a partir de informações verdadeiras e atualizadas.

2. Características dos métodos:


 Eficácia:

Calculada a partir do índice de Pearl: número de gestações a cada 100 mulheres usando o método por 1
ano.

Forma habitual: é a forma em que o método é usado, considerando as dificuldades encontradas.


Representa a efetividade.

Forma perfeita: uso de acordo com as especificações. Representa a eficácia.

 Efeitos secundários:

O ideal seria um método inócuo, porém isso não é possível. Assim, deve-se estar preparado para orientar e
tratar causas adversas.

 Aceitabilidade:

Confiança da mulher no método.

 Disponibilidade:

Acessível para a mulher? É melhor que seja gratuito!

 Facilidade de uso:
 Reversibilidade:
 Proteção contra ISTs
3. Fatores individuais:
 Condições econômicas;
 Estado de saúde;
 Características da personalidade da mulher ou do homem;
 Fase da vida;
 Padrão de comportamento sexual;
 Aspirações reprodutivas;
 Fatores culturais/religiosos;
 Outros fatores: medo, dúvida e vergonha
4. Critérios médicos de elegibilidade para uso de anticoncepcionais:

São definidos pela OMS de acordo com as características do método e agrupados em 4 categorias
autoexplicativas.
Problema 05 | Renato Castro

 Métodos contraceptivos comportamentais:

São métodos de abstinência durante o período fértil da mulher. Dependem do profundo conhecimento do
próprio corpo e do ciclo.

 Método da tabelinha:

Registram-se os ciclos menstruais por seis meses. Subtrai-se o menor do maior e, se a diferença for menor que
10 dias, o método pode ser utilizado. Seguindo-se, subtrai-se 18 do ciclo mais curto e 11 do ciclo mais longo,
sendo o intervalo entre ambos o período de abstinência sexual.

 Método da temperatura corporal basal:

 Método do muco cervical ou Billings:

Baseia-se nas alterações do muco cervical durante o ciclo menstrual. No início do ciclo ele é espesso e
imperceptível e, com a aproximação da ovulação, ele se torna mais fluido e elástico, com o aspecto de
clara de ovo.

Assim, a abstinência deve ocorrer entre o dia que o muco começa a ser percebido e o 4º dia após a máxima
percepção de umidade.

 Método sintotérmico:

Associação do método de Billings com a temperatura corporal basal.

 Método do coito interrompido:

É a retirada do pênis da vagina antes da ejaculação. Apresenta alto índice de falhas, pois depende muito
do controle do homem, que geralmente não o possui.

 Métodos contraceptivos de barreira:


 Preservativo masculino:

No caso do homem há o condom (camisinha). Ela envolve o pênis e retém o conteúdo da ejaculação, não
permitindo que ele chegue ao útero. É necessário retirar o pênis logo após a ejaculação para evitar que o
sêmen caia dentro do canal vaginal devido à diminuição da ereção.

Tem como vantagem a proteção contra algumas IST’s (lembrar que no caso do HPV a proteção não é
completa, pois parte da pele não protegida pode entrar em contato), ser acessível e independente de
controle médico.

As desvantagens são a necessidade de manipulação do ato sexual, a motivação do casal e a possível


alergia ao látex (raro).
Problema 05 | Renato Castro

 Preservativo feminino:
- Condom feminino:

É um tubo de poliuretano com uma extremidade aberta e outra fechada, ambas circundadas por anéis
semirrígidos. Ele é inserido no canal vaginal até 8 horas antes da relação sexual com a parte fechada
voltada para o colo do útero e a aberta voltada para fora, recobrindo parte da vulva. Pode ser usado junto
com a geleia espermicida, aumentando a eficácia do método.

As vantagens são inserção antes da relação, menor reação alérgica e menor resistência.

As desvantagens consistem no incômodo causado pelos anéis, na possibilidade de ocorrerem ruídos e na


pouca estética, além de ter alto custo.

- Diafragma:

É uma membrana de silicone circundada por um anel de plástico. Ele é inserido no canal vaginal de forma
a ocluir o colo do útero, podendo ser usado em associação com o gel espermicida, o que aumenta a
eficácia do produto. Ele pode ser inserido até duas horas antes da relação sexual, porém é melhor se for
inserido imediatamente antes. Deve ser removido apenas 8 horas após a relação.

Possui como vantagens a prevenção contra algumas DSTs (exceto HIV)

Tem como desvantagens a necessidade de avaliação médica para definir o tamanho ideal de diafragma
para a mulher.

- Esponja e capuz cervical:

A esponja é feita de poliuretano e deve ser usada junto com espermicida. Pode permanecer por 24h e sua
principal limitação é o alto custo.

O capuz cervical se adere ao colo uterino por sucção, devendo ser usado junto com espermicida. Pode
permanecer por 24h e deve ser retirado 8 horas após a relação.

- Geleia espermicida:

São substâncias colocadas no canal vaginal e no colo do útero antes da relação sexual que causam
diminuição ou destruição dos espermatozoides. Duram por até duas horas.

Não protege contra IST e inclusive aumenta a chance de transmissão do HIV por provocar microfissuras na
pele da vagina. É um método que não pode ser usado separadamente.

 Métodos contraceptivos intrauterinos:


 Sistema intrauterino de levonorgestrel:

É um dispositivo em forma de T que é colocado dentro do útero. Libera 20 µg de levonorgestrel no 1º ano e


depois diminui a quantidade liberada progressivamente, durando por até 5 anos. Pode ser inserido a
qualquer momento do ciclo menstrual por médico experiente.

Causa espessamento do muco cervical, atrofia do endométrio e reação de corpo estranho, tendo efeito
mínimo sobre o eixo hipotálamo-hipófise-ovário. Sua eficácia é comparável à esterilização feminina e pode
causar sangramentos irregulares ou prolongados e alguns efeitos sistêmicos, como mastalgia, acne e
cefaleia.

 DIU de cobre:

É um dispositivo colocado no útero que pode durar até 10 anos. Deve ser inserido por médico experiente.
Problema 05 | Renato Castro

Causa uma reação inflamatória citotóxica que é espermicida, além de causar espessamento do muco
cervical e inibição da implantação. Pode causar sangramentos menstruais irregulares, dismenorreia, ser
deslocado parcial ou totalmente e aumenta a chance de DIP nos primeiros 20 dias após a implantação.

 Contraceptivos hormonais
Problema 05 | Renato Castro

 Anticoncepcionais orais:
- Combinados:

Associam estrógeno e progesterona. Agem fazendo feedback negativo no eixo hipotálamo-hipófise-ovário:


o progestogênio inibe o LH e o estrogênio inibe o FSH, o que impede o pico de LH e a própria ovulação
(ciclos anovulatórios) e a maturação folicular. Eles também promovem um espessamento do muco cervical,
impedindo a ascensão dos espermatozoides, e prejudicam o transporte do óvulo nas tubas uterinas.

Podem ser monofásicos, bifásicos ou trifásicos, dependendo das quantidades de hormônios ao longo do
ciclo. Devem ser tomados a partir do 1º dia de menstruação.

O estrogênio mais usado é o etinilestradiol. Estão disponíveis nas doses de 50, 35, 30, 20 e 15 mcg, sendo que
abaixo de 50mcg são considerados de baixa dose e acima, de alta dose.

Os progestagênios dividem-se em derivados da 17-hidroxiprogesterona, 19-nortestosterona e da


espironolactona.

Geralmente toma-se 21 comprimidos e faz-se uma pausa de 7 dias, reiniciando o uso do 8º dia. Há também
cartelas com 22 comprimidos (pausa de 6 dias), 24 dias (pausa de 4 dias) e 28 comprimidos (uso ininterrupto).
Podem ser usada s da adolescência até a menopausa sem necessidade de descanso. É melhor se forem
tomadas no mesmo horário.

Se esquecer de tomar 1 pílula: tomar a pílula esquecida no imediatamente e a próxima no horário habitual.
Tomar o restante das pílulas normalmente.

Se esquecer de tomar duas ou mais pílulas: tomar pílula esquecida imediatamente, usar método de barreira
ou abstinência sexual por 7 dias e contar quantas pílulas há na cartela. Se restarem menos que 7 pílulas,
terminar de tomar e iniciar próximo ciclo no dia seguinte (pode não ocorrer menstruação). Se restarem mais
que 7 pílulas, tomar o restante normalmente.

Se ocorrer vômito em até uma hora após a tomar a pílula, tomar outra. Em caso de diarreia grave ou vômitos
por mais de 24h, tentar tomar as pílulas normalmente e usar métodos de barreira.

Benefícios: ciclos menstruais regulares, aumentam a DMO, diminuem o risco de DIP.

Contraindicações:
Problema 05 | Renato Castro

Efeitos colaterais: cefaleia, tontura, vômito, diarreia, depressão, cansaço, alterações na libido, ganho de
peso, amenorreia.

- Minipílulas (progestagênio):

Contém apenas uma dose de metade a 1/10 de progestagênio das pílulas combinadas. Ele causa
espessamento do muco cervical e dificulta a implantação do embrião no endométrio, porém não causa
anovulação. Eficácia menor que dos ACO.

É indicada em casos de contraindicação ao uso de estrogênios ou em amamentação. Pode ser usada logo
após o parto, pois não afeta o RN nem a produção de leite.

Deve ser tomada todos os dias no mesmo horário. Se esquecer 1 ou duas pílulas, tomar imediatamente e a
próxima no horário habitual e usar métodos adicionais até completar 14 pílulas. Se esquecer de tomar mais
que 2 pílulas, usar outros métodos até que ocorra fluxo menstrual.
Problema 05 | Renato Castro

Contraindicações:

Efeitos colaterais: sangramentos irregulares e maior risco de gravidez ectópica.

- Progestagênio isolado:

Contém 75 µg de desogestrel. Age tornando o muco cervical mais espesso e provocando anovulação. Está
inidicada em casos de amamentação e para mulheres que não querem/podem usar estrogênio.

Pode causar amenorreia, sangramentos irregulares, diminuição da libido, alterações de humor, náuseas,
aumento de peso.

 Anticoncepcionais injetáveis:
- Trimestrais (progestagênio injetável):

O mais usado contém acetato de medroxiprogesterona.

São indicados para pacientes com dificuldade para a tomada diária dos ACOs ou para aquelas que
possuem distúrbio de absorção entérica. Agem inibindo a secreção de LH e deixando o muco cervical mais
espesso.

Aplica-se 1 ampola de 150 mg a cada 3 meses em via IM profunda (deltoide ou nádega). Preferencialmente
aplicada nos primeiros 5 dias da menstruação (se aplicada fora desse período, usar outros métodos por 2
semanas).

Se a dose for esquecida e houver menos de 14 semanas desde a última dose, tomar normalmente uma
dose. Se houver mais de 14 semanas, só pode fazer outra se β-hcg negativo ou se ausência de relações
sexuais por 10 dias. Se β-hcg for negativo, fazer a injeção e repetir o exame em 2 semanas, sendo que devem
ser utilizados preservativos nesse período.

Contraindicações: sangramento vaginal de origem desconhecida, patologias malignas, suspeita de


gravidez e doenças trofoblásticas.
Problema 05 | Renato Castro

Efeitos colaterais: demora no retorno à fertilidade, sangramentos imprevisíveis, amenorreia, ganho de peso.

Em adolescentes é considerado categoria 2 por ter efeitos negativos na DMO e é categoria 3 para uso em
menos de 6 semanas após o parto.

- Mensais (combinados injetáveis):

Deve ser aplicada uma ampola por mês, de preferência no 1º dia do ciclo. Há uma tolerância de
aproximadamente 3 dias. Não se massageia nem aplica bolsa de água quente no local da injeção para
não aumentar a absorção.

Agem assim como os ACOs: inibição da ovulação, espessamento do muco cervical e atrofia do endométrio.
Problema 05 | Renato Castro

 Implantes subdérmicos:

São bastões implantados após anestesia local que liberam etonorgestrel. Sua validade é de
aproximadamente 3 anos.

Age inibindo a secreção de LH, atrofiando o endométrio e espessando o muco cervical.

Vantagens: amenorreia.

Desvantagens: maior índice de falha em mulheres com mais de 70 kg e exige profissional treinado para fazer
a colocação.

 Adesivos transdérmicos:

São adesivos colocados na pele que liberam estrogênios e progestagênios, agindo de forma semelhante
aos ACOs.
Problema 05 | Renato Castro

Coloca-se um adesivo por semana durante 3 semanas e na quarta não se coloca (sangramento de
privação).

Vantagens: não causa picos hormonais, não há necessidade de lembrar de tomar todos os dias e não há
efeito de primeira passagem.

Desvantagens: índice de falha maior em mulheres com mais de 90 kg.

Contraindicações: as mesmas do ACOs.

 Anel vaginal:

É um anel que é posicionado dentro da vagina e que libera estrogênios e progestagênios, agindo de forma
semelhante aos ACOs.

É colocado pela própria mulher e pode permanecer por três semanas e depois é descartado.

Vantagens: menor índice de esquecimento, menores doses do que os ACOs, não sofre efeito de primeira
passagem hepática.

Desvantagens: leucorreia, cefaleia, desconforto vaginal.

OBS: método da lactação e amenorreia  inibição da ovulação a partir da lactação. Só dá certo se houver
amenorreia, AME e < 6 meses após o parto.

 Contracepção de emergência:

Utilizado em casos de: estupro, ruptura do preservativo, deslocamento de DIU e coito esporádico
desprotegido.

Não são considerados métodos abortivos!!!

 Método de levonorgestrel:

É o método de escolha, pois possui eficácia maior e pode ser usado por mulheres em uso de antirretrovirais.

Administra-se o,75 mg de levonorgestrel (ou 1,50 mg em dose única) com 12h de diferença. Deve ser usado
até 5 dias após a relação e preferencialmente nas primeiras 72h.

 Método de Yuzpe:

Administração de em até 5 dias e preferencialmente nas primeiras 72h após a relação de uma dose total
de 0,2 mg de etinilestradiol e 1mg de levonorgestrel divididos em duas tomadas em 12h.

 Contracepção cirúrgica:

Pode ser tanto masculina quanto feminina.

A masculina é a vasectomia, que liga o ducto deferente, não afetando o desempenho sexual do homem
nem alterando o sêmen.

A feminina é realizada fazendo-se obstrução do lúmen tubário, de preferência na região ístmica.


Problema 05 | Renato Castro
Problema 05 | Renato Castro
Problema 05 | Renato Castro
Problema 05 | Renato Castro
Problema 05 | Renato Castro

Referências:

Rotinas em ginecologia – Freitas – 7ª ed.


Problema 05 | Renato Castro

Protocolo de saúde da mulher – MS (2016)

Saúde sexual e reprodutiva – MS (2013)

Assistência em planejamento familiar – MS (2003)

Você também pode gostar