Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A
A LLIIN
NG GUUA
AGGE
EMM D
DOO C
COOR
RPPO
O S
SOOB O O
B O OLLH
HAAR
R D
DAA
R
REES
SP PIIR
RAAÇ
ÇÃÃO
O
A
AUUR
RIIL
LEEN
NEEL
LEEY
YRRO
ODDR
RÍÍGGU
UEESS D
DEE
SSA N TA
ANTANA N A
R
Reecciiffee
22000066
A
A LLIIN
NG GUUA
AGGE
EMM D
DOO C
COOR
RPPO
O S
SOOB
B O OL
O O LH
HAAR
R D
DAA
R
REES
SP PIIR
RAAÇ
ÇÃÃO
O
A correção do movimento é uma
aprendizagem do uso adequado do
corpo
Pierre Wiel
Monografia de conclusão do Curso
de Especialização de Psicologia
Clínica com foco em Análise
Bioenergética, sob a orientação da
professora Grace Wanderley de
Barros Correia e Supervisão
Metodológica de Pesquisa do
professor José Ricardo Paes
Barreto, apresentada à
coordenação da Libertas Clínica-
Escola.
A Deus, agradeço a vida e o querer viver.
The objective of this paper was to develop the study of breathing, after a period of
observation, and its importance to get physical and emotional health in people’s lives.
Individuals attitude and life quality have a straight relationship with her/his energetic load,
personal history and respiration printed on her/his body. Knowing how to breathe causes
improvement in vitality and flexibility, in self-perception, in social interaction; strengthens
the self, proportioning more maturity. Reich observed his patients analyzing both their
communication contents and form. This observation made him study in details muscular
tension, posture and breathing patterns. According to Anna Veronica Mautner, Lowen
offers an uncommon way. Bioenergetical analysis may be seen as a choice. The objective
is to bring down the barriers which protect us from the joy of living, this attractive way
offered by Lowen is accessible by its direct language in its body exercises leading us to a
fight against ourselves, to contact our repressed emotions to perceive the anguish in our
bodies; “what the child within needs” Grace Wanderley (2005); teach us how to overcome
pain, the pain which causes changes, which causes growing, to come across joy, a
sensibility which develops, a thermometer inserted in quotidian. And at last Lowen tell us
that living is very nice, we should not only have pleasure in parts of life, but in life as a
whole thing; it is fighting to conquer. Breathing perceived from Bioenergetical analysis
proportions a view from the heart in search of a healthy survival.
INTRODUÇÃO
1. RESPIRAÇÃO ............................................................................................ 12
1.1. Respiração fisiológica / emocional ......................................................... 12
1.2. Do feto ao ser .......................................................................................... 18
1.3. Exercícios de respiração......................................................................... 21
1.4. O corpo: uma forma de linguagem......................................................... 22
1.4.1. Expressão corporal – a linguagem do silêncio ...................................... 22
1.4.2. A individualidade ................................................................................... 24
2. ANÁLISE BIOENERGÉTICA .................................................................... 26
2.1. Importância da respiração: uma visão bioenergética ........................... 28
2.2. Grounding............................................................................................... 29
2.3. Anéis x couraças ..................................................................................... 30
2.4. A respiração a partir do caráter ............................................................ 31
2.4.1 Caráter.................................................................................................... 31
2.4.2 Estruturas de caráter / carga energética / respiração .......................... 32
2.5. Linguagem x comunicação do corpo ...................................................... 33
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 38
IIN
NTTR
ROOD
DUUÇ
ÇÃÃO
O
10
Respirar indica os ritmos da vida, o
modo com que respiramos assinala a
disposição das nossas energias.
Tarthang Tulku
11
11.. R
REESSPPIIR
RAAÇ
ÇÃÃO
O
12
e o esôfago, passagens para os pulmões e estômago.
O sistema respiratório está formado por: vias respiratórias: cavidades nasais,
nasofaringe, traquéia, árvore bronquial; que conduzem, aquecem, umedecem e filtram o ar
inalado de partículas de pó e gases irritantes, antes de sua chegada à parte pulmonar.
13
centímetros cúbicos e pode chegar, depois de profunda inspiração, a 1.600 centímetros
cúbicos: é este o ar complementar .
A inspiração, que promove a entrada de ar nos pulmões, dá-se pela contração da
musculatura do diafragma e dos músculos intercostais. O diafragma abaixa e as costelas
elevam-se, promovendo o aumento da caixa torácica, com conseqüente redução da pressão
interna (em relação à externa), forçando o ar a entrar nos pulmões.
Na realidade, os pulmões são órgãos passivos; o que se move e a caixa torácica, que é
o verdadeiro elemento ativo da respiração. Dotados de grande elasticidade, os pulmões
conseguem acompanhar qualquer modificação da caixa torácica, dilatando-se ou restringindo-
se com esta. A respiração é controlada automaticamente por um centro nervoso localizado no
bulbo. Desse centro partem os nervos responsáveis pela contração dos músculos respiratórios
(diafragma e músculos intercostais). Os sinais nervosos são transmitidos desse centro através
da coluna espinhal para os músculos da respiração. Caixa torácica e pulmões realizam os
"movimentos respiratórios" que são de dois tipos: inspiração, mediante a qual o ar entra nos
pulmões, e expiração, mediante a qual o ar é expulso dos pulmões para o exterior.
15
da caixa torácica, o diafragma, a aumenta ou a restringe no sentido vertical, levantando ou
abaixando as últimas costelas sobre as quais se insere, quando você fala, é o diafragma que
está mandando o ar para cima.
Os músculos intercostais intervêm, ao contrário, sobre o diâmetro
transversal e ântero-posterior.
Os movimentos respiratórios são involuntários, porque se
produzem mesmo sem a nossa vontade Na inspiração, a caixa
torácica, com os pulmões, se dilata, movimento ativo; na expiração
se restringe, movimento passivo. A expiração torna-se ativa e
voluntária quando é forçada. No fim de uma expiração normal,
estamos ainda em condições de expelir mais ar: isto se consegue
"soprando" como para apagar uma vela. Esta expiração forçada é
naturalmente voluntária e ativa.
16
durante a gravidez, quando o diafragma tem a sua função dificultada pela presença do feto no
abdome.
A respiração é uma forma especializada de pulsação. É uma pulsação básica que
revela uma atitude somática e emocional, vai da cabeça a ponta dos pés, como uma atividade
difusa e constante. Para dentro e para fora constitui os rítmos da respiração que pode ser
comparado ao padrão do coração como uma contração em espiral, que se desenrola e se
preenche, um preenchimento e esvaziamento separados, mas sincronizados; rápido, lento,
profundo e superficial. Quando a respiração está em fadiga, o coração tem que trabalhar mais
forte. Segundo Stanley Keleman, desde que a batida do coração e a respiração são
interconectadas, elas se influenciam mutuamente.
Respirar é aspirar, puxar para dentro, formar um espaço, reter para assimilação e troca
e depois expelir. Envolve um aumento e uma redução da pressão torácica. Inspirar se
assemelha ao sugar e para expirar é preciso usar os músculos do abdome e da caixa torácica.
O músculo diafragma sobe, o peito se estreita, os pulmões se comprimem e o ar é
expelido.
Inspirar → atingir um pico → pausa
Expirar → atingir o fundo → pausa
A respiração plena baseia-se no contato com os outros e consigo mesmo. “Respirar
indica os ritmos da vida, o modo com que respiramos assinala a disposição das nossas
energias”. Toda nossa vida existe dentro do nosso corpo. Os exercícios corporais, diários,
abrem e permitem a respiração dos poros, sua importância reside na possibilidade de
entregarmos ao nosso corpo a movimentação necessária para que todos os nossos órgãos
internos possam estar oxigenados, com boa circulação sanguínea e, conseqüentemente,
harmonizados com nosso todo. Esse padrão de energia pode ser visto como centros de energia
do qual flui a energia em todas as direções e por todo corpo; entre estes os centros figuram o
centro da cabeça, o centro da garganta e o centro do coração. A energia da respiração se
associa, particularmente, com o centro da garganta, que não só evoca, mas também lhe
coordena o fluxo através de todo o corpo. É através do centro da garganta que aprendemos
mais facilmente a fazer contato e a equilibrar a energia da respiração. À medida que o fluxo
de energias dentro de nós se equilibra, nossos sentimentos e sensações se desdobram
naturalmente e nós nos abrimos para sensações profundas de realização.
Permitamos respirar naturalmente, não precisamos pensar em faze-lo, nosso respirar é
igualmente distribuído entre o nariz e a boca, e entre a inspiração e a expiração. A respiração
reflete a função de expansão e contração, o corpo todo é um tubo flexível que pulsa como
17
ondas, expandindo e contraindo, para encher todo o tubo, o peito se alonga, a barriga se
estufa, e a inalação é experienciada. Expirar requer uma ritmicidade suave que pulsa através
da parede do corpo, o organismo inteiro está envolvido na respiração. Para nos controlarmos
precisamos controlar nossa respiração, os centros cerebrais representam a regulação da
respiração.
A vida tem um ritmo salutar, todavia, é importante trabalharmos continuamente com a
respiração para manter a energia fluindo, acumulando-se e gerando-se com o respirar. A
medida que o nosso ambiente interno se modifica, modifica-se também a nossa relação com o
mundo. Estimulemos a qualidade do respirar.
Quando uma criança vem ao mundo, a primeira coisa que faz é gritar. O que significam esses
gritos dos recém-nascidos? Seria o nascer doloroso?
O recém-nascido não fala, mas nada o impede de se comunicar. Nós é que não o
escutamos, não sabemos compreendê-lo: “olhos fechados, sobrancelhas erguidas,... boca que
grita, a cabeça que se vira..., mãos que se estendem, imploram , suplicam..., pés que
empurram... . Então, não fala o recém-nascido?” (Frédérick Leboyer) O que fala seu corpo?
É interessante fazer algumas observações considerando a criança que vai nascer.
O bebê acaba de nascer! Todos estão felizes, o bebê está no mundo, e a criança, está
contente?, então porque tem as mãos elevadas a cabeça e gritos tão fortes?
A vida do bebê no ventre materno é caracterizada por duas etapas assim definidas: “a
primeira, idade de ouro, o embrião é uma plantinha que cresce e brota, imóvel. Essa primeira
metade da gravidez, o ovo – membrana que contém o feto e as águas onde ele flutua, cresce
mais depressa que a criança; depois, o embrião se transforma em feto, a plantinha torna-se
animal, tem movimento, ocorre o inverso, o ovo que a contém se desenvolve menos”.
“Durante a vida intra-uterina, o sistema formado a partir do endodermo, o aparelho
para alimentação e respiração permanece adormecido, dentro do útero, o feto é nutrido através
do umbigo, os movimentos fetais são efetuados livres da influência da gravidade. As
sensações na pele fetal, estimuladas pelo movimento dos fluidos do útero, já vêm se fazendo
sentir durante meses antes da criança nascer. O feto pode ver luz (a luz solar pode ser
percebida como um brilho dourado através da parede do útero); ela pode ouvir sons. O
sistema nervoso em ativo desenvolvimento é alimentado por sonhos”. (Morfologia Dinâmica
– traduzido por Odila Weigand).
18
Concluído o desenvolvimento intra-uterino, a próxima etapa, o parto. O espaço antes
sem fronteiras torna-se mais estreito, o corpo do bebê toca em todas as paredes ao mesmo
tempo, de tal forma que as suas costas e o útero da mãe ficam como que colados.
Posicionado para nascer, é preciso ultrapassar o canal vaginal, primeiro a cabeça, após
ela o corpo em movimento espiral, as contrações o empurram para baixo, com o coração
batendo quase a ponto de se romper, o bebê se lança neste túnel: é preciso abrir caminho; é
preciso sair. E de repente, a criança nasceu, o bebê. “É através da respiração que ela entra no
mundo dos opostos. Respirando pela primeira vez,... inspira, e desta inspiração nasce seu
contrário, a expiração”.
... Respirando, a criança toma o caminho da independência, da autonomia, da
liberdade. É um primeiro passo! LEBOYER, 1974
O fato de cortar ou não, imediatamente, o cordão umbilical, muda por completo a
maneira como se estabelece a respiração.
Conservar intacto o cordão umbilical, enquanto pulsa, faz com que a criança possa,
sem perigo e sem choques, acomodar-se a respiração, e ao nascer a ouvirmos chorar muito
pouco. Ao nascer, a criança não deve, de maneira nenhuma, sofrer falta de oxigênio. A falta
de oxigênio acarretará em danos irreparáveis para o cérebro; a cianose é a falta de oxigênio,
especialmente necessário ao sistema nervoso. A sábia natureza dispõe as coisas de tal forma
que durante o nascimento, a criança seja oxigenada duas vezes em lugar de uma: pelos
pulmões e pelo cordão umbilical. Dois sistemas funcionando juntos, um suprindo as falhas do
outro, desde que a criança permaneça ligada pelo cordão, que continua a pulsar por alguns
minutos. Desta forma, oxigenada por dois lados, passa de um mundo a outro (interior-
exterior) progressivamente, sem brutalidade, sendo lhe oferecido tempo para instalar-se.
Entretanto, se o corte é feito logo após a saída do bebê, o cérebro será brutalmente
privado de oxigênio. Todo organismo reage. E a respiração se inicia como resposta a
agressão, seus gritos, mostra a dimensão do pânico, chegando a vida, encontra a morte. E é
para escapar da morte que se lança à respiração. Aí está o primeiro reflexo condicionado que
une para sempre respiração e angústia. Respira-se a plenos pulmões, devido ao corte do
cordão, o fogo o invade; pois, o ar que entra varre a traquéia, que desdobra os alvéolos, tem
efeito de ácido derramado sobre um ferimento provocando queimaduras insuportáveis.
Tracemos um paralelo; uma pessoa que fuma pela primeira vez, tentando engolir a fumaça
engasga-se, fica desesperado, se não respira, se luta contra as chamas, enfrenta asfixia, o
afogamento com toda a angústia.
19
E, essa passagem pode ser feita, suavemente, com doçura, ou de modo brutal, com
terror. Assim sendo, o nascimento se torna um despertar tranqüilo ou se transforma em
tragédia.
A medida que o ar invade e toma conta do corpo do bebê, é apenas respiração, é
preciso deixar a criança desdobrar a coluna e ajeitar as costas como preferir, na realidade, a
desconcentração da coluna vertebral, o alongamento das costas e o início da respiração fazem
parte de um processo único.
Após o nascimento o melhor é colocar a criança de bruços com as pernas e braços dobrados
sob o corpo e sobre o ventre materno, ligada pelo cordão, e deixar que a criança evolua à
vontade, descontraindo-se, abrindo-se, alongando-se. O braço se estende, uma mão desliza, a
outra, ritmicamente, depois as pernas, uma após outra, esse tronco potente estará pronta para
mais uma etapa: pôr-se de pé, provar a verticalidade. A criança não foi arrancada da mãe, uma
e outra se separam, simplesmente, até que um dia, firme sobre as próprias pernas, esquece o
apoio, a mão por muito tempo, estendida,.que continua a disposição.
É importante realçar o papel das mãos como elemento de linguagem, na comunicação, na
relação mãe-bebê, tanto na fase intra-uterina como na pós-natal; mãos que recebem,
acariciam, amam, mãos que afastam, rejeitam, têm medo de amar
As mãos servem para pedir, prometer, chamar, conceder, ameaçar, suplicar, exigir,
acariciar, recusar, interrogar, admirar, confessar, calcular, comandar, injuriar, incitar, teimar,
encorajar, acusar, condenar, absolver, perdoar, desprezar, desafiar, aplaudir, reger, benzer,
humilhar, reconciliar, exaltar, construir, trabalhar, escrever...
Com as mãos atira-se um beijo ou uma pedra, uma flor ou uma granada,
As mãos fazem os remédios e os venenos; os bálsamos e os instrumentos de
tortura.
Com as mãos tapamos os olhos para não ver, e com elas protegemos a vista para
ver melhor. Os olhos dos cegos são as mãos.
A mão aberta, acariciando, mostra a bondade; fechada e levantada mostra a força e
o poder;
Modela, dá cor às telas e concretiza os sonhos do pensamento e da fantasia nas
formas eternas da beleza. Humilde e poderosa no trabalho, cria a riqueza; doce e piedosa
nos afetos medica as chagas, conforta os aflitos e protege os fracos.
O aperto de duas mãos pode ser a mais sincera confissão de amor, o melhor pacto
de amizade ou um juramento de fidelidade.
Jesus abençoava com as mãos; as mães protegem os filhos cobrindo-lhes com as
mãos as cabeças inocentes
Nas despedidas, a gente parte, mas a mão fica, ainda por muito tempo agitando o
lenço no ar.
Com as mãos limpamos as nossas lágrimas e as lágrimas alheias.
E nos dois extremos da vida, quando abrimos os olhos para o mundo e quando os
fechamos para sempre ainda as mãos prevalecem.
20
Quando nascemos, para nos levar a carícia do primeiro beijo, são as mãos maternas
que nos seguram o corpo pequenino.
E no fim da vida, quando os olhos fecham e o coração pára, o corpo gela e os
sentidos desaparecem, são as mãos, ainda brancas de cera que continuam na morte as
funções da vida.
E as mãos dos amigos nos conduzem...E as mãos dos coveiros nos enterram!
Para que servem as mãos?,
Monólogo de Ghiaroni
A maioria de nós não sabe respirar adequadamente. Nós fazemos uma respiração curta
e rasa como se tivéssemos medo de que a respiração fosse nos machucar. Na realidade, nossa
respiração deveria ser longa e profunda para que pudéssemos energizar e alimentar o nosso
corpo. Como vimos anteriormente, de acordo com Stanley Keleman, os ritmos da respiração
são controlados pelos centros cerebrais e nervos autônomos na programação instintiva do
sistema autônomo,... o corpo tem consciência do CO2 :
• se há muito CO2 => respiramos mais;
• se há pouco CO2 => respiramos menos.
Muitas técnicas de meditação manipulam o controle voluntário deste processo
respiratório semi-voluntário. Ao buscar a modificação de estados da consciência, estas
técnicas afetam a respiração seja deprimindo ou inflamando o CO2; isto produz elevados
estados de O2 que conduzem à hiperventilação (ação muscular convulsiva e um aumento nas
sensações que dominam os centros da atenção).
• Estado de O2+++ Î respiração deprimida Î hipo-oxigenação (diminuição do impulso,
estado de transe).
• Com CO2 ↑ Î a sensação é inibida Î a onda peristáltica básica torna-se deprimida ou
hiperativa; o mesmo acontecendo com a respiração;
• Outro processo de regulação autônoma da respiração é a emoção: medo; raiva; terror.
A emoção pode ser tão forte que perdemos o controle.
Três centros cerebrais controlam nossa respiração:
Cortical-voluntário; talâmico-emocional e tronco cerebral-cerebelo.
21
Respiração
22
O corpo fala sem palavras. Pela linguagem do corpo, você diz muitas coisas aos
outros, e eles muitas coisas têm a dizer pra você. O significado das coisas, o simbolismo, a
linguagem dos nossos gestos, das nossas atitudes em relação ao meio, que tentamos
decodificar. Nosso corpo é, também, antes de tudo, um centro de informações para nós
mesmos. O corpo não fala por sinais, ele é portador de uma simbólica que o remete a uma
história. A linguagem corporal é decodificada segundo o modelo da teoria da informação.
Para W. Reich, o inconsciente é ao mesmo tempo corporal e psíquico. O sintoma
físico não é um subproduto, mas uma manifestação direta do inconsciente; fazer falar o corpo
seria fazer falar o inconsciente. Todo bloqueio tônico postural remete a uma origem e uma
história. O relaxamento das tensões acumuladas desde a infância favorece a liberação de uma
energia contida, presa. O corpo reencontra espontaneidade e leveza, não há mais necessidade
de falar, o corpo é em si uma linguagem. O corpo ao invés de servir de couraça muscular
defensiva, é o mediador através do qual podem ser abordadas as resistências.
“É preciso quebrar o jugo de um corpo policiado, possuído, mantido”.
“Por mais que o corpo seja esmagado cotidianamente, não está
morto”. (autor desconhecido)
23
estar em corpo a corpo contínuo com o agir e o sentir, num movimento de vai e vem onde não
haveria primazia de uma relação a outra, nem no tempo, nem na hierarquia.
Todo evento corporal merece amor e consideração. “Feche os olhos... Deixem as palavras ir
embora e se perder... neste vácuo, poderão emergir a sensação autêntica, a presença de si para
si no aqui e agora, um estado de não defesa”. A expressão corporal alimenta uma fantasia de
unidade, de uma harmonia psicossomática.
1.4.2 A individualidade
24
Liberdade denota o direito de expressar
livremente os próprios desejos e
necessidades; igualdade significa que cada
pessoa está no relacionamento por si mesma,
e não para servir ao outro. Se a pessoa não
consegue falar abertamente, não é livre; se
tem de servir a uma outra, não é igual.
Alexander Lowen
25
22.. A
ANNÁ
ÁLLIISSE
EBBIIO
OEEN
NEER
RGGÉ
ÉTTIIC
CAA
27
Os pilares básicos da análise bioenergética são a respiração consciente, o grounding e
a sonorização, conceito da análise bioenergética que abrange as posturas: física, emocional e
comportamental.
28
ar através da laringe, o som ressoando no corpo causa uma vibração interna
semelhante às que induzimos na musculatura.
“ Focar em bioenergética é focar a energia e a respiração, porque é só
através de mais respiração que se obtém mais energia”
Lowen (entrevista – setembro
2001).
2.2 Grounding
30
resultava em sensações físicas (calor, frio, formigamento) e uma espécie de
despertar emocional. O trabalho com o corpo favorecia a libertação de emoções
(raiva, ansiedade, prazer).
Reich acreditava que a couraça muscular estava organizada em sete
principais segmentos de armadura, estes segmentos da couraça formavam uma
série de sete anéis mais ou menos horizontais em ângulos retos com a coluna;
estavam centrados nos olhos, boca, pescoço, tórax, diafragma, abdome e pelve. A
terapia reichiana consiste em dissolver cada segmento da couraça; assim, Reich
descreveu três instrumentos como principais a serem usados para dissolução da
couraça: 1) armazenamento de energia no corpo por meio da respiração profunda;
2) ataque direto dos músculos cronicamente tensos (por meio da pressão) a fim de
soltá-los e 3) manutenção da cooperação do paciente lidando abertamente com
quaisquer resistências ou restrições que emergissem.
A couraça, segundo Reich, é o maior obstáculo de crescimento; o indivíduo
encouraçado seria incapaz de dissolver sua própria couraça e seria, também,
incapaz de expressar as emoções. Ele conheceria a sensação de agrado, mas não a
de prazer; seria incapaz de deixar sair um grito de raiva. A couraça impede que o
indivíduo experimente emoções fortes, limita e distorce a expressão de
sentimentos. Reich diz “um indivíduo só se liberta de uma emoção bloqueada
experimentando-a de forma plena”. E assim ele definiu o crescimento psicológico
como o processo de dissolução da nossa couraça psicológica e física, tornando-nos,
gradualmente, seres humanos mais livres, abertos e capazes de gozar um
orgasmo pleno e satisfatório.
2.4.1 Caráter
31
Segundo Reich, a formação de caráter depende do momento em que o
impulso é frustrado, ou seja, se no começo ou no fim, qual o estágio do
desenvolvimento da libido em que se encontra o organismo no momento em que é
aplicada a inibição. Quanto mais precoce a frustração, mais completa a repressão.
E Reich continua, o caráter estrutura-se no nível corporal sob a forma de tensões
musculares crônicas, as quais bloqueiam ou limitam os impulsos em seu trajeto
até o objetivo ou fonte. O caráter é também uma atitude psicológica que escora
num sistema de negações, racionalizações, projeções voltadas para a
concretização de um ego ideal. A identidade funcional do caráter psíquico com a
estrutura muscular é a chave da compreensão da personalidade.
Lowen ressalta, que o caráter é a atitude básica com a qual o indivíduo
confronta a vida, é o modo típico de uma pessoa conduzir sua busca de prazer. È
também a forma como o indivíduo reage perante as situações que se lhe
apresentam, ou seja, como se defende da dor. É, portanto, uma forma peculiar,
repetitiva e habitual de resposta que estabelece, estrutura uma atitude
psicológica, emocional e corporal do indivíduo diante do mundo; é a forma como a
pessoa se reconhece e é reconhecida.
Os problemas psicológicos, o estresse, as atitudes negativas e as emoções
como a raiva e o medo, têm uma influência sobre a maneira de se sentar, de se
manter de pé, de se mover ou de respirar. “a respiração é essencial, pois levamos
a vida do tamanho de nossa respiração” Lowen.1975.
À prática de certos exercícios, fazem com que as pessoas aprendam a
liberar a couraça muscular, de modo a permitir que o corpo funcione livre e
naturalmente.
A análise bioenergética oportuniza, de forma louvável, o crescimento
pessoal objetivando elevar a auto-estima e desenvolver uma atitude positiva em
relação ao próprio corpo.
32
Podemos considerar as estruturas de defesa de caráter como sendo padrões
de comportamentos e reações ligadas a forma com a qual lidamos com a nossa
energia da essência e dos nossos próprios campos áuricos.
Lowen empregou cinco termos para diferenciar cinco grupos distintos
desses tipos de estrutura. Essas defesas estão intimamente ligadas a processos de
formação de traumas, os quais podem ser, tanto gerados por fatos de impacto ou
pela soma do mesmo padrão de fato ao longo de muito tempo (repetição) da nossa
história pessoal.
Agimos de acordo com esses padrões, na maioria das vezes, de forma
inconsciente. No começo da vida, durante a infância até o começo da fase adulta,
as defesas nos são úteis, fundamentais. Na fase adulta e após o despertar da
consciência, as defesas agem como limitadores do auto-desenvolvimento sobre
vários aspectos, impedindo que a pessoa atinja profundidade dentro do seu
processo de expansão da consciência e evolução. As defesas são uma das
manifestações mais fortes do nosso inconsciente, elas representam um papel
extremamente importante em nossos relacionamentos, na nossa saúde e na nossa
relação intima conosco.
As características das defesas apresentadas estão reunidas por cada um
dos cinco grupos. Cada um de nós apresenta uma determinada combinação de
tendência de manifestação de cada um dos tipos, normalmente com
predominância de um ou dois tipos; entretanto, todos temos um pouco de cada
manifestação, uma vez que passamos, em maior ou menor profundidade, por
experiências representativas de cada grupo.
Os termos apresentados por Lowen, para definir as estruturas foram
utilizados considerando a sua aplicação dentro das áreas médicas, psiquiátricas e
comportamentais. Abordaremos aqui os aspectos referentes a carga energética e a
respiração: 1) estrutura esquizóide – desconectado, desligado; respiração precária
na parte superior do tórax, devido à contração do diafragma; condição energética
subcarregada; 2) estrutura oral – carente, desenergizado; respiração superficial
devido ao fraco impulso de sugar na infância; carga energética baixa; 3) estrutura
psicopática – controlador, sedutor; a carga energética concentra-se na cabeça e na
parte superior do corpo, sendo reduzida na parte inferior. O diafragma é
33
contraído, impedindo o fluxo de energia e sentimentos, respiração contida; 4) –
masoquista, sobrecarregado, “a energia está represada no centro e flui de forma
precária para a periferia, em conseqüência disso, os canais de expressão (braços,
pernas, genitais, etc.) são subcarregados e a expressividade é pobre” Lucina
Araújo – apontamentos 2005.; 5) estrutura rígida – inflexível, tenso; respiração
limitada, o movimento energético está ancorado na cabeça e nos genitais.
Na década de 30, Reich começou a trabalhar diretamente com o corpo dos pacientes,
com uma técnica que visava, especificamente, aprofundar e liberar a respiração a fim de
melhorar e intensificar a experiência emocional. Associou a psicanálise a observação do
corpo, das expressões dos olhos e da face, da qualidade da voz e dos padrões de tensão
muscular, descreveu o que chamamos, hoje, linguagem corporal (Sharaf, 1983). Sendo o
indivíduo uma unidade psicossomática, o que afeta a mente afeta o corpo e vice-versa,
Lowen.
Lowen diz: o que um indivíduo sente também pode ser definido pela expressão de seu
corpo. A atitude do indivíduo em relação à vida ou seu estilo pessoal refletem-se no seu
comportamento, em sua postura e no modo como se movimenta. As emoções são eventos
corporais; ... a raiva produz tensão e provoca uma carga energética na metade superior do
corpo; ... a afeição ou o amor suaviza todas as feições, tornando a pele e olhos cálidos; a
tristeza dá ao indivíduo uma aparência enternecedora. Ter consciência do seu corpo é um dos
dogmas da análise bioenergética, é uma maneira de descobrir quem você é, o que é a sua
mente; a mente funciona como órgão perceptivo e reflexivo, sentindo e definindo o ânimo, os
sentimentos e os anseios do indivíduo. Conhecer sua mente significa saber o que você quer e
o que você sente. Se o indivíduo não está atento ao seu corpo, é porque tem medo de perceber
ou experimentar os seus sentimentos.
Para Lowen - 1982, a linguagem corporal possui duas partes: uma lida com os sinais e
expressões do corpo e que transmitem informações sobre o indivíduo; e outra que lida com as
34
expressões verbais e se referem as funções corporais. Lowen traz essa última fazendo uma
analogia com a bioenergética; uma vez que a análise bioenergética preocupa-se no como o
indivíduo conduz o seu sentimento de amor, se tem o coração aberto ou fechado. O coração
está contido na caixa torácica, a qual poderá ser rígida ou maleável, imóvel ou flexível, a
mobilidade do tórax pode ser vista na respiração. O canal primário de comunicação para o
coração é através da boca e garganta. O bebê com os lábios e a boca chega ao seio materno,
mas não o faz só com a boca e a garganta, e sim também com o coração; esse é o seu primeiro
canal de comunicação para o coração. O segundo canal de comunicação do coração são os
braços e as mãos, na medida que buscam contato. A imagem do amor é o toque doce, suave
acariciante das mãos da mãe. Para que a ação se constitua numa expressão de amor, o
sentimento deverá originar-se no coração. O terceiro canal de comunicação para o coração
com o mundo é o que desce da cintura e pelve para os órgãos genitais. O sexo é um ato de
amor se o coração está envolvido; sexo sem sentimento é como fazer uma refeição sem
apetite.
“Sem amor a si próprio, aos demais, à natureza e ao universo, o indivíduo é frio,
alienado e desanimado” Lowen, 1982. Ainda, de acordo com Lowen, para fazermos a leitura
corporal é preciso que estejamos em contato com nosso próprio corpo e sejamos sensíveis às
suas expressões.
“A individualidade começa no coração e completa-se na
respiração”.
“Todo desejo vivo que não se realiza morre de
asfixia”.
José Ângelo Gaiarsa.
35
33.. C
COON
NS DE
SIID ER
RAAÇ
ÇÕÕE
ESSF
FIIN
NAAIIS
S
36
indivíduo das restrições de seu passado e das inibições do presente. Sentir é
perceber um movimento interno, um bloqueio à ação cria um estado de tensão no
músculo que se encontra, energeticamente, pronto para agir, mas é incapaz de
faze-lo por um comando repressor da mente “se não há movimento não há
sentimento” (LOWEN, 1977).
A defesa psicológica é uma defesa contra a morte, contra a sensação de
desaparecer, de desfazer-se, de desintegrar-se. A psicoterapia vai nos mostrando
todos os significados das situações e muitos aspectos do personagem, isto é
tornar-nos consciente.
Em seu livro Alegria (1997), Lowen refere que a infância é caracterizada
pelas duas qualidades que conduzem à alegria: liberdade e inocência. Liberdade
significa o direito de ir em busca da própria felicidade, a liberdade de expressar
abertamente os próprios sentimentos; a inocência significa naturalidade e
espontaneidade. Toda criança nasce inocente e livre e pode assim vivenciar a
alegria. A perda da inocência leva a culpa; a consciência de si priva o ser humano
de sua inocência. Sem a liberdade interior para sentir profundamente e expressar
os próprios sentimentos, não pode haver alegria. A liberdade interior manifesta-
se na graciosidade do corpo, em sua suavidade e vitalidade. È a expressão física
da inocência, de um modo de agir espontâneo, sem artifícios e verdadeiro para o
self. Os dois estados de ânimo: sentir-se bem/alegre e sentir-se mau/culpado são
incompatíveis.
Lowen ainda refere, não se pode empreender sozinho a viagem de auto-
descoberta, o self está bem no fundo do corpo, para chegar a esse self é uma
jornada árdua. Inicialmente, a força vem da orientação, do apoio e do
encorajamento do terapeuta; mas, vai se tornando a força do paciente a medida
que vai se dando conta de seus terrores, são medos da infância que um adulto
consegue enfrentar. Sentimentos que são considerados perigosos inaceitáveis,
transformando-se em reações naturais. Lentamente, o paciente recupera seu
corpo e com ele sua alma e seu self.
A vida caracteriza-se por energia em movimento, os movimentos em
constante pulsação, como o coração e a respiração, ocorrem em ritmo e harmonia.
Nosso organismo funciona num processo de contração, expansão, carga e
37
descarga; cada parte do corpo revela o todo, contendo nele a inscrição da nossa
história. O amor é muito importante para nossa energia vital e motivação da
vida. O movimento respiratório faz circular a energia. O bom contato estimula a
respiração, os sentimentos, a alegria de viver.
Segundo Gaiarsa, respiração tem tudo a ver com emoções, das mais
agitadas as mais tranqüilizantes. Desenvolver a própria individualidade é, com
certeza, fazer-se diferente dentre os seres humanos que nos cercam.
38
R
REEF
FEER
RÊÊN
NCCIIA
ASS
JANOV, Arthur. O grito primal: terapia primal: a cura das neuroses. [s.l.]: Editora Arte
Nova, 1974.
LOWEN, Alexander. Alegria: a entrega ao corpo e à vida. 2ª edição. São Paulo: Summus
Editora, 1997.
39
RODRIGUES, Estela Rubia de Paiva. Massagem integrativa. São Paulo:[s.ed.], 2005.
WEIL, Pierre ; Roland Tompakow. O corpo fala. 23ª edição. Petrópolis: Editora Vozes,
1989.
TULKU, Tarthang. Kum nye técnicas de relaxamento. São Paulo: Editora Pensamento
Cultrix Ltda; 1978.
Revista Mente & Cérebro Edição. nº 153. [s.l.]: [s.ed.], outubro 2005.
40