ANANINDEUA
2019
2
Ananindeua/PA
2019
3
Nota: _____
BANCA EXAMINADORA
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________________________________________________
Prof(a). Examinador(a).
________________________________________________
Prof(a). Examinador(a).
AGRADECIMENTOS
À Trindade, que sendo um só Deus se manifestou por mim, comigo e em mim me ajudado a
concluir mais uma etapa de meus estudos e a visualizar novas possibilidades para minha vida.
Certamente, tudo que sou e o que vier a ser eu agradeço a Deus.
À minha amada esposa Nádia, pelo incentivo, paciência e companheirismo tão necessário
para o aprendizado.
Aos meus filhos Nancy, Priscila, Junior e Emanuel (genro), e aos netos João Gabriel,
Manuella, Maria Julia e Ana Sarah, motivos de todo o esforço desta conquista.
À minha sobrinha Giovanna Pessoa Bitencourt, pelo apoio acadêmico e auxiliou nessa
caminhada como colega de turma.
Aos meus irmãos Eliézer, Vilson, Dilson e Eli, e In memorian dedico àqueles que me legaram
a pessoa que sou, pois foram companheiros de todos os meus momentos, Eva e Ênio.
A professora Me.Celina Bentes Hamoy, minha orientadora que pacientemente fortaleceu
minhas ideias com dedicação e interesse. Muito obrigado!
Aos demais professores da minha banca deste bacharelado.
Aos meus professores e colegas do curso de Direito, pelos auxílios, ideias e conhecimentos
compartilhados durante a realização do curso.
À Comunidade Nova Vida, pelo incentivo e pelo amor com que sempre oraram por mim.
Agradeço, por fim, a todas as pessoas que, de uma forma ou de outra, estiveram ao meu lado
nessa caminhada me dando força e me ajudando para que o desafio fosse cumprido.
5
RESUMO
O presente trabalho se caracteriza por um tema vivenciado no cotidiano das ruas do município
de Ananindeua: a ineficiência do poder punitivo do estado como fator gerador da justiça com
as próprias mãos, um retrocesso no processo civilizatório deste município. Atualmente em
Ananindeua, o índice de violência tem sido bastante elevado e a prática de linchamento é
pouco contabilizada, por não ser caracterizada como uma ocorrência criminal, ainda que os
casos de linchamento resultem em mortes na maioria das vezes. De tal modo, torna-se, difícil a
quantificação exata desses casos no município. Dentre as diversas causas está a insatisfação
com o poder punitivo do Estado, cuja ineficiência é fator gerador do Linchamento. A
metodologia usada foi a pesquisa bibliografia e documental, e o público-alvo desse estudo
serão os cidadãos de Ananindeua (Pará), cidade essa que apresenta diversos dilemas de
violência, com objetivo de buscar ações de cidadania e políticas públicas eficientes e eficazes
por parte do poder municipal que assegurem a confiança jurídica e o fortalecimento de
princípios garantidores de direitos fundamentais, como o devido processo legal.
ABSTRACT
The present work is characterized by a theme experienced in the daily life of the streets of the
municipality of Ananindeua: the inefficiency of the punitive power of the state as a generator
of justice with one's own hands: a retrocession in the civilizing process of this municipality.
Currently in Ananindeua, the rate of violence has been quite high and the practice of lynching
is scarcely accounted for, as it is not characterized as a criminal occurrence, although cases of
lynching result in deaths most of the time. Thus, it becomes difficult to quantify these cases in
the municipality exactly. Among the various causes is the dissatisfaction with the punitive
power of the State, whose inefficiency is a factor that generates Lynching. The methodology
used was documentary research, and the target audience of this study will be the citizens of
Ananindeua (Pará), a city that presents several dilemmas of violence, aiming to seek
citizenship actions and efficient and effective public policies by the power to ensure legal
trust and the strengthening of principles guaranteeing fundamental rights, such as due process
of law.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................9
2 REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................................12
2.1 LINCHAMENTOS CAUSADOS PELA INEFICIÊNCIA DO ESTADO........................12
2.2 FINALIDADES DO ESTADO..........................................................................................14
2.3 LINCHAMENTOS, UMA FORMA DE PUNIR...............................................................16
2.4 LINCHAMENTOS, UMA ESTRATÉGIA MIDIÁTICA......................................................17
3 O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO..................................................................19
3.1 CONCEITOS DE ESTADO E DEMOCRACIA. ..............................................................19
3.2 UMA VISÃO SOBRE A ORIGEM DO ESTADO............................................................20
3.3 DEMOCRACIA: RAZÃO DE SER DO ESTADO............................................................22
3.4 PRINCÍPIOS ORIENTADORES DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO..........23
3.5 O DIREITO DE PUNIR NO ESTADO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO.......................24
4 O PAPEL DO CIDADÃO NA PROPAGAÇÃO DA NÃO VIOLÊNCIA......................26
5 METODOLOGIA ……...…............................................................................................... 28
5.1 MÉTODO CIENTÍFICO ..........….........…………........................................................... 28
5.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA .……....................................................................... 29
5.2.1 Quantos aos objetivos ....................….......…............................................................... 26
5.2.2 Quanto à abordagem do problema …...…...…………..….…………...……............ 30
5.3 MÉTODOS DE PROCEDIMENTO .........................................................…................... 30
5.3.1 Análise de casos...........…................….................................................................……. 30
5.3.2 Os índices de violência em Ananindeua.......................................................................31
6 RELATOS DE CASOS DE LINCHAMENTO EM ANANINDEUA.............................32
7 RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................................34
8 CONCLUSÃO......................................................................................................................37
REFERÊNCIAS......................................................................................................................39
9
INTRODUÇÃO
1
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXVIII - e reconhecida a instituição do júri, com a
organização que lhe der a lei, assegurados: d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida”
10
monopólio de julgar o infrator, não permitindo ninguém julgar ou cumprir sentença, senão o
judiciário.
Sobre as violências urbanas há inúmeras obras, mas por não ser o linchamento
tipificado na legislação, as ocorrências criminais não são registradas, mesmo diante das
evidencias dos resultados, o que torna a tarefa difícil, haja vista que os casos são comumente
registrados como lesão corporal seguida de morte e homicídio em concurso de pessoas ou a
tipificação do artigo 345 do Código Penal2.
Não sem causa aconteceu a escolha pelo tema, que foi resultado de inquietações na
alma de um cidadão morador do município há mais de 20 anos, que, como professor na Rede
Pública de ensino ao longo de 10 anos, vivenciou alguns casos de linchamento nos arredores
do conjunto Guajará I.
Os casos de linchamentos, no ano de 2018, foram relatados neste trabalho,
pretendendo que os mesmos sirvam como base e espelho de atitudes repugnantes a serem
combatidas por meio de uma educação e temor à legislação. O problema em questão é: Como
a ineficiência do poder punitivo do Estado pode ser a causa do linchamento como fator que
leva pessoas chamadas civilizadas a um retrocesso criminoso como o linchamento?
A lerdeza, ineficácia e precariedade dos serviços públicos só conseguem contribuir
para um retrocesso, se tornando uma forma de punir não legitimada no ordenamento jurídico
brasileiro.
A solução para essa ineficiência do poder punitivo do estado e o combate ao
linchamento começa um diálogo, ainda que precário, por meio deste trabalho acadêmico. É
preciso ainda que, o Estado estabeleça ações educativas, políticas de segurança, e eficácia do
poder punitivo para que tragam a segurança e a confiança jurídica à população, ou seja, que se
restaure a confiança na justiça.
A escolha do município de Ananindeua, como já foi dito, tem uma razão de ser, mas
soma-se a isso o fato de ser um município da região metropolitana de Belém, que possui uma
população estimada em 525.566 habitantes (IBGE, 2016), cidade originária de ribeirinhos que
começou a ser povoada a partir da antiga Estrada de Ferro de Bragança. Fundada no meado do
século XIX, Ananindeua tem relação com o estabelecimento de uma parada e estação da
Estrada de Ferro de Bragança no local onde se encontra instalada a sua sede municipal. Com
2
Art. 345. Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o
permite: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.
11
2 REFERENCIAL TEÓRICO
3
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
4
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
13
afirma Hobbes: “não existem leis matrimoniais, nem leis referentes à educação das crianças”
(2004, p.70).
A insubmissão aos limites postos pelo poder do Estado, aumentam a medida da
insuficiência da punibilidade do Estado, isto é, o Estado considera a classe nobre e despreza
sua periferia, fortalecendo a desigualdade e a injustiça. Há uma tendência instintiva, ou
melhor, um retorno ao estado de natureza, que segundo Hobbes (2004), os homens podem
todas as coisas e, para tanto, utilizam-se de todos os meios para atingi-las porque a natureza
humana é má (Lupus est homo homini lupus5), significando que o homem é presa e predador
de si mesmo. O poder de violência natural é ilimitado. Então, quanto maior for o grau de
omissão do Estado, maior será a possibilidade de um retorno ao estado de natureza
(retrocesso educacional, cultural, civilizatório, etc), consequentemente, maior serão as
possibilidades de pessoas buscarem a justiça com as próprias mãos.
A ausência de proteção do Estado e sua ineficiência na articulação de ações de
segurança pública para a prevenção, controle e repressão da criminalidade, são agentes
geradores da motivação de vingança do “cidadão”, ou seja, do linchamento.
A incapacidade para construir conhecimentos estratégicos integradores que
proporcionem um desenvolvimento de habilidades e competências que possibilitem uma
atuação em conformidade com aquilo que se exige de um Estado Democrático de Direito,
proporcionando a segurança objetiva e subjetiva aos seus cidadãos, valorizando a integração,
o respeito aos Direitos Humanos e a riqueza e diversidade da população é um fato.
A Segurança de seus cidadãos é uma obrigação primeira de um Estado Democrático
de Direito, considerando ser um dever do Estado, embora seja também uma responsabilidade
de cada cidadão, portanto, exige-se um trabalho sincronizado para implementação de políticas
públicas mais eficientes, principalmente aqueles que garantam a proteção das pessoas e a
justiça na execução do poder punitivo, observando-se a proporcionalidade da pena.
O art. 846, incisos IV7 e VI8, alínea “a”, determina sobre a competência privativa do
Estado, e art. 1449, ambos da Constituição Federal , enfatiza sobre responsabilidade do Estado
5
é uma sententiae, uma expressão latina que significa “o homem é o lobo do próprio homem” Foi criada
por Plauto (254-184 a.C.) em sua obra Asinaria mais tarde sendo popularizada por Thomas Hobbes, filósofo
inglês do século XVII, na sua obra Leviatã.
6
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
7
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
execução;
8
VI - dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos;
9
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
14
A finalidade é elemento formador do Estado, cuja tarefa de punir, deve ser eficiente
para poder traduzir a satisfação dos seus cidadãos, que poderão viver e se submeter às normas
legislativas deste Estado.
Dalmo Dallari (1998) reúne uma multiplicidade de conhecimentos, nos permitindo
analisar a constitucionalidade da responsabilidade civil do Estado pelo processo civilizatório,
cuja obrigação é o aperfeiçoamento do Estado, tratando o fato social e a ordem pública com
eficácia e com justiça.
Para Dallari (1998) o Estado é responsável pelos valores éticos, pelos fatos concretos e
pelas normas técnicas e formais e ainda define que a finalidade do Estado é “o bem comum de
um povo situado em determinado território”, culminando no fato de que todas as condições de
vida social devem favorecer o desenvolvimento integral da personalidade humana. Dallari em
sua introdução demonstra que há três diretrizes fundamentais sobre as orientações do Estado:
a ofensa à dignidade e a imputação de ato ofensivo à reputação de alguém, os quais tem sido
causas de agressões e até a morte de pessoas inocentes.
O caso de Fabiane de Jesus se tornou um exemplo de alerta, de como o linchamento é
traumático e enganoso, considerando que uma inocente foi confundida e morta, conforme
artigo de Alberto Dines10 publicado em 08 de maio de 2014do:
Boatos e ofensas divulgados por redes sociais já causaram traumas, agressões e até a
morte de pessoas inocentes. O mais recente caso ocorreu no Guarujá e levou à morte
da dona de casa Fabiane de Jesus, que foi linchada por seus vizinhos, que
registraram o fato em vídeo. Fabiane foi confundida com uma sequestradora de
crianças, através de um retrato falado extraoficial publicado na página “Guarujá
alerta” do Facebook. A página, com mais de 55 mil seguidores, é uma referência na
região como uma prestadora de serviço para a população local. O caso da dona de
casa chocou a sociedade, mas não é raro. Só neste último ano, seis justiçamentos
receberam destaque da grande mídia. Especialistas ouvidos ressaltaram o aumento
da agressividade numa sociedade que protesta contras as instituições organizadas.
10
http://tvbrasil.ebc.com.br/observatorio/episodio/linchamento-e-midia
11
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo
ou veículo, não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação
jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.
§ 3º Compete à lei federal:
I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao poder público informar sobre a natureza deles,
as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada;
II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de
programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda
de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
§ 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará
sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário,
advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.
§ 5º Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou
oligopólio.
§ 6º A publicação de veículo impresso de comunicação independe de licença de autoridade.
19
12
Aprovada pela Assembleia Nacional Constituinte em 22 de setembro de 1988 e promulgada em 5 de
outubro de 1988.
20
13
político alemão que serviu como líder do Partido Nazista
14
é um conceito criado por Aristóteles , cujo significado literal da frase é" animal político "ou" animal cívica "e
refere-se ao ser humano , que ao contrário dos outros animais têm a capacidade de relacionar politicamente, isto
é, criar sociedades e organizar a vida em cidades
22
de uma multidão de homens vivendo sob as leis do Direito”, uma visão específica de uma
concepção jurídica corroborada por Burdeau (2005, p. 128) definindo da seguinte forma: “o
Estado se forma quando o poder assenta numa instituição e não num homem”; Para Von
Jehring (1946, 239-401) o Estado é “a organização social do poder de coerção” ou “a
organização da coação social” ou “a sociedade como titular de um poder coercitivo regulado e
disciplinado”, sendo o Direito por sua vez “a disciplina da coação”; Para Marx (2006, p. 548)
o Estado é “o poder organizado de uma classe para opressão de outra”; Engels (1976, p. 41)
afirma que o Estado é “uma organização da respectiva classe exploradora para manutenção de
suas condições externas de produção, a saber, para a opressão das classes exploradas”.
Max Weber (2004, p.29) deixa claro que o Estado moderno é a associação política
cuja finalidade é a força e não o seu conteúdo, mas o Estado moderno racionalizado é: “aquela
comunidade humana que, dentro de um determinado território, reivindica para si, de maneira
bem sucedida, o monopólio da violência física legítima”.
Como podemos verificar o Estado é um conceito em desenvolvimento contínuo, que
ainda não reflete seu desenvolvimento de civilidade absoluta, ou seja, o Estado ainda flete o
instinto de “um homem” incapaz de organizar sua racionalidade para construir uma vida
harmônica, portanto, em épocas acaba por instituir a própria violência como meio punitivo.
O Contrato Social de Rousseau (2002, p. 32-33) nos traz o seguinte panorama: “Se
houvesse um povo de deuses, esse povo se governaria democraticamente”, mas infelizmente
os homens não são capazes de concretizá-la; Nietzsche (2013), afirma que a democracia é
“um ardil da espécie inferior contra a espécie superior”, de “preferir a quantidade à
qualidade”, de “esterilizar a nossa civilização”, ao contrario para Kelsen (2006), a democracia
é um caminho progressivo da liberdade.
Norberto BOBBIO (2003) entende que a democracia não consegue a isonomia, ou a
igualdade entre o povo por causa de fatores como: a falta de educação, o voto clientelar, a
burocracia, a intolerância, e o desprezo a valores humanos.
Em 1988 com a Constituição da República, o Brasil consolida-se em Estado
Democrático de Direito, cujas normas básicas e civilizatórias passam a determinar direitos e
garantias fundamentais, estabelecendo quais seriam as prerrogativas e limitações da
Administração Pública.
23
para esse tipo de manifestação deve aproveitar-se das redes sociais para promover a paz social
e a justiça.
A outra forma de intervenção do cidadão seria por meio da educação dentro de seus
lares e participando da vida escolar de seus filhos, para evitar que qualquer membro da
família se envolva em linchamento. O mecanismo de denuncia anônimo, também deveria ser
usado para identificação dos linchadores, mas principalmente por meio do voto, escolhendo
seus representantes de forma consciente e sem instrumentos de corrupção ou meras ideologias
partidárias.
O papel do cidadão na propagação da não violência deve estar além dos acordos
políticos, depende do comprometimento de toda a sociedade, do engajamento de cada pessoa.
Cada um de nós, qualquer seja a idade, o sexo, o estrato social, a crença religiosa ou a origem
cultural deve se envolver no combate a qualquer que seja o tipo de violência..
Construir uma sociedade melhor deve ser um objetivo que só se alcança quando
houver respeito aos valores de liberdade, justiça, democracia, direitos humanos, tolerância,
igualdade e solidariedade. A rejeição a qualquer tipo de ameaça a vida e ao bem estar social
deve ser o norteador na propagação da não violência.
Deste modo, como cidadão, cujo papel é a propagação da não violência, deve seguir
critérios de obediências às leis e respeito às instituições judiciárias para que se efetive um
mundo de confiança jurídica e segurança. Como partícipe de uma sociedade equilibrada,
evoluída e civilizada. Só assim, cada cidadão se reconhecerá como fomentador de uma nação
mais justa, mais educada e sobretudo capaz de comportamentos mais positivos, mais
humanos, que transcendem as circunstancias e a até mesmo as deficiências do Estado..
Em resumo, o papel do cidadão na propagação da não violência é uma ação de
combate à violência, mas também de valorização da vida e da convivência pacífica em
sociedade com respeito às leis, a moral e aos bons costumes.
Tal desafio é a manifestação de um aperfeiçoamento não ser individual, mas de uma
coletividade e a garantia de uma sociedade melhor.
Por fim, constitui um processo progressivo na formação e educação de um povo que
tem propósito e que está comprometido com a responsabilidade, a organização, as normas e
os limites na convivência, cuja finalidade, o sumo-bem, como diria Aristóteles, é a
eudaimonia, a felicidade.
28
5 METODOLOGIA
Segundo Antônio Carlos Gil em sua obra Métodos e técnicas de pesquisa social (2008,
p.08) “a ciência tem como objetivo fundamental chegar à veracidade dos fatos”. O método é o
caminho percorrido por todas as ciências, haja vista ser o meio que conduz o pesquisador a
resposta do problema cientifico.
O que caracteriza o ser humano é exatamente sua capacidade racional, portanto, como
sujeito do conhecimento tem como provocação inerente a busca insaciável pelo objeto
desconhecido. O objeto do conhecimento científico passa por três passos fundamentais:
observação, análise e experimentação; somente a consolidação dos mesmos é possível se
chegar a uma verdade.
A metodologia deste trabalho buscou apresentar e descrever exatamente quais foram
os caminhos de observação, análise e experimentação para a busca das “verdades” ou
hipóteses considerando as circunstâncias, instrumentos e procedimentos dos dados analisados
neste trabalho.
Para a realização deste trabalho foi adotado a pesquisa bibliográfica, procurando reunir
informações e dados, os quais serviram de fundamento durante a análise sobre o linchamento.
Após o que se pôde especificar e definir que o linchamento tem como um de seus fatores
geradores a justiça com as próprias mãos.
Procurou-se ao máximo, por meio da pesquisa bibliográfica, limitar o tema para evitar
a superficialidade do tema. Para isso foi preciso estabelecer conceitos sobre as finalidades do
Estado, seu histórico, seu direito de punis, seu desenvolvimento em busca da democracia e
seus princípios orientadores, também foi possível identificar as correntes e respostas diversas
ao mesmo assunto.
A pesquisa bibliográfica nos permitiu averiguar outros trabalhos com a mesma linha
de pesquisa, porém, não sob o mesmo foco, a responsabilidade do Estado como agente
possível causador do desejo de “justiça” por parte da população. Portanto, a pesquisa
bibliográfica nos conduziu a desenvolver outros caminhos adequados à pesquisa.
O levantamento bibliográfico foi feito a partir da análise de fontes secundárias,
abordando diversas formas de ver o linchamento. Foram usados livros, artigos, documentos
monográficos, periódicos (jornais, revistas, etc), textos disponíveis em sites na web, e outros
documentos.
O material selecionado foi lido, analisado e interpretado, depois foram feitas anotações
e fichamentos, embora nem todos puderam ser utilizados na fundamentação teórica.
Essa pesquisa bibliográfica nos conduziu a outros tipos de pesquisa, com
procedimentos aproximados como a pesquisa documental, que embora diferente, se aproxima;
foi também parcialmente utilizada a pesquisa experimental com objetivo de fazer
levantamento, estudo de campo e o estudo de casos. Porém, o presente trabalho foi
direcionado especificamente para um tratamento analítico dos conteúdos pesquisados.
Por fim, as reflexões durante a obtenção dos dados, contribuiu para a indicação de
conceitos e definições sobre a Teoria Geral do Estrado, a Filosofia do Direito e
principalmente sobre o Direito Penal. Reflexões estas que estarão espalhadas nos diversos
capítulos deste trabalho.
30
A abordagem utilizada foi parcialmente a pesquisa qualitativa uma vez que foi
inviável a pesquisa de campo, considerando a periculosidade de um trabalho in locu de forma
individual e sem amparo de segurança, o que certamente compromete parcialmente os
resultados.
Contrariando o que afirma Prodanov e Freitas (2013): “nessa abordagem o
pesquisador mantém contato direto com o ambiente e o objeto de estudo em questão,
necessitando de um trabalho mais intensivo de campo”. Pois, o contato direto com o ambiente
do linchamento foi prejudicado por se tratar de ambiente hostil e onde pessoas envolvidas não
querem falar sobre o assunto. Portanto, a utilização do material bibliográfico, ainda que
insuficiente para a atuação do combate ao linchamento nos trouxe como resultando respostas
iniciais para um aprofundamento futuro.
Todavia, uma diversidade de conceitos, ainda que muitos contraditórios servissem
como verdadeiras fontes, muitas delas fundamentais na compreensão do linchamento.
Esta análise se baseou na hipótese de que é possível ao Estado estabelecer ações e
políticas públicas eficientes e eficazes que tragam a segurança e a confiança jurídica à
população, proporcionando uma justiça fundamentada nos princípios básicos de equidade e
legitimidade.
Com base no que foi abordado o que se percebeu é que há uma indisposição na
população do município de Ananindeua com relação à impunidade e ineficiência do Estado.
Todos os documentos analisados corroboram na tese de que o Estado é gerador do
Linchamento, isto porque, Ananindeua é sociedade que vem passando por diversas
transformações e crescimento desordenado, mas que também tem se omitido ou praticado
ações que não atendem a necessidade do povo. Sobre a análise do linchamento, como forma
punitiva, a autotutela é vedada no ordenamento jurídico e nos chama atenção para refletir
sobre as dificuldades inclusive para catalogar os fatos.
15
http://www.deepask.com/goes?page=ananindeua/PA-Confira-a-taxa-de-homicidios-no-seu-municipio
16
http://www.outros400.com.br/especiais/3986
33
Outro caso de justiça com as próprias mãos foi o de Melquezedeque Rodrigues dos
Santos17, de 41 anos, morreu após ser perseguido e linchado na madrugada, na passagem Fé em Deus.
Segundo informações, ele estava embriagado quando atacou a filha adolescente e a cortou usando uma
faca. Tão logo tiveram conhecimento da situação, um grupo de pessoas foi atrás dele, que tentou fugir,
mas foi alcançado e linchado até a morte.
A adolescente foi socorrida e encaminhada para o Hospital Metropolitano de Urgência e
Emergência (HMUE), em Ananindeua. A Polícia Militar esteve no local do crime, fez rondas atrás dos
suspeitos do linchamento, mas ninguém foi encontrado.
Em 24 de abril, Weverson Cardoso Arnaud18, de 19 anos, foi morto a pauladas e
esfaqueado na manhã da última segunda-feira (23) no bairro Águas Branca, em Ananindeua,
estaria cometendo assaltos na praça Dois de Junho, próximo ao local, quando foi perseguido
por um grupo de pessoas que realizaram o linchamento.
Testemunhas contam que Weverson foi morto por volta de 6h. O rapaz e um comparsa
estariam praticando assaltos desde madrugada na praça. Em certo momento, algumas pessoas
teriam reagido aos crimes e perseguido a dupla. Nesse momento, o comparsa de Weverson
conseguiu fugir, mas o rapaz foi alcançado pelo grupo e agredida com socos, chutes e
paulada. O jovem não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
Os moradores do local evitam comentar sobre o caso. Como o crime foi ainda nas
primeiras horas da manhã, poucas testemunhas estavam no momento da agressão. Familiares
e amigos de Weverson, que morava no bairro, estiveram na cena do crime.
A Polícia Militar chegou ao local pouco depois do crime e isolou a área. O Centro de
Perícias Científicas Renato Chaves (CPCRC) analisou a cena e o corpo da vítima e constatou
que a causa da morte foram as facadas na nuca do rapaz. A Polícia Civil investiga o caso.
O que se encontra em comum nestes casos é que a população movida pela revolta
contra a falta de punibilidade do Estado e o incentivo forjado na mente da população pelas
mídias manifestou-se como verdadeiros lobos contra si próprios.
A revolta, o ódio é expressado pela população contra aqueles que praticam algum
delito, principalmente contra crianças, com a necessidade de uma justiça imediata.
17
https://www.diarioonline.com.br/noticias/policia/noticia-542505-homem-morre-apos-ser-perseguido-e-
linchado-na-cabanagem.html
18
https://g1.globo.com/pa/para/noticia/suspeito-de-assalto-e-linchado-por-populacao-e-morre-em-praca-publica-
em-ananindeua.ghtml
34
7 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após diversas leituras e consultas foi possível reunir alguns resultados para
fundamentar nossa questão inicial: como a ineficiência do poder punitivo do Estado pode ser
a causa do linchamento? Há sim, uma responsabilidade objetiva do estado na culpabilidade. Já
que este acaba por gerar a insatisfação, a revolta e finalmente a vontade de vingança que
culmina com o linchamento.
Quando o Estado deixar de cumprir sua finalidade e seu poder-dever de punir. O que
se achou nos casos e nos recortes foram depoimentos enfáticos da culpabilidade e ausência do
Estado.
A lógica que sustenta os casos de linchamento em Ananindeua está relacionada à
cultura de uso da violência para resolver conflitos e é motivada por um desejo de vingar ou
estabelecer a ordem por meio da eliminação de pessoas que cometeram crimes. É o que
afirma a socióloga Ariadne Natal em sua dissertação19 de mestrado:
19
FACHIN, Patricia. Entrevista especial com Ariadne Natal: 30 anos de linchamentos na região metropolitana
de São Paulo – 1980-2009 (2013):. Disponível em: <http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/545489-
linchamentos-e-possivel-uma-tranquilidade-fundada-na-violencia-entrevista-especial-com-ariadne-natal->.
Acesso em: 05 abr. 2019.
35
Para a autora o linchamento está relacionado a uma série de privações, aliada a uma
percepção de que a criminalidade é presente, alta e que não há respostas para a resolução
desse caso.
Como solução é preciso modificar a mentalidade e consolidar a punibilidade nos
moldes da lei, ou seja, a sociedade precisa confiar que aqueles que desrespeitam a lei, serão
julgados e punidos, obedecendo ao processo legal, a ampla defesa e o contraditório.
A ineficiência do Estado como geradora do linchamento é porque as instituições do
Estado não são uma fonte de segurança garantida. O povo de Ananindeua não confia na
justiça, o que existe é um sentimento generalizado de que há impunidade. Então o
linchamento passa a ser uma alternativa para resolver os conflitos.
O linchamento se tornou uma forma de tentar estabelecer uma “ordem”, porque se
trata de uma ação violenta, mas essa ação tem como objetivo fazer justiça e garantir uma
ordem que foi quebrada ou que parece ter sido quebrada por alguém que cometeu um delito.
Fica claro, nos casos de linchamento, que a ineficiência do Estado gera a falta de
confiança nas instituições do Estado, que por causa da ineficiência em identificar
responsáveis, indiciar e julgar aqueles que são culpados a população resolve fazer justiça com
as próprias mãos.
Infelizmente, nos resultados encontrados, também foram encontrados a
admissibilidade do linchamento frente ao descaso do Estado; citações a Lei de Talião, “olho
por olho e dente por dente”; o compartilhamento “curtido” nas redes sociais de vídeos de
torturas e linchamentos de pessoas, até mesmo mortos pela polícia ou por outros; os vídeos
divulgados recebem apoio, visualizações e até incentivos, inclusive com incitação ou apologia
ao linchamento.
O que se percebe em torno do fato do linchamento é que, aquele que pratica o
linchamento “consegue” resolver um perigo iminente, dispensando as garantias
constitucionais, como o devido processo legal, a legítima defesa, e outros. Só precisa de uma
causa “legítima” para revidar, agindo com vingança, raiva e ódio.
Porém, o que se quer como resultado é estabelecer o equilíbrio com o poder de julgar é
o Estado, a partir de um devido processo legal, havendo inquérito policial, interrogatório da
vítima, interrogatório de testemunhas, interrogatório do agressor, produção de demais provas
pertinentes, como o exame de corpo de delito, e futuramente uma denúncia formal feita pelo
Ministério Público, ocasionando em uma sentença condenatória, quando o sujeito é
considerado culpado, a partir do trânsito em julgado desta sentença.
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8 CONCLUSÃO
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Art. 37, §6º, da CF: "As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviço
público responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável em casos de dolo ou culpa".
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e os prejuízos ressarcidos. Caso resolva fazer “justiça com as próprias mãos” incorrerá nos
crimes previstos nos arts. 345 e 346 do CP.
A autotutela é crime, mas também é a revelação de retrocesso civilizatório, é a opção
por uma justiça feita com as próprias mãos, típico das civilizações primitivas. O linchamento
não é registrado nas delegacias, senão quando registrados, são tipificados como lesão corporal
seguida de morte e homicídio em concurso de pessoas, dificultando o levantamento, a
investigação e a criminalização dos envolvidos.
Sobre as violências urbanas há inúmeras obras que fazem referencia ao linchamento,
mas por não ser o linchamento tipificado na legislação, as ocorrências criminais não são
registradas, mesmo diante das evidencias dos resultados, o que torna a tarefa difícil, haja vista
que os casos são comumente registrados como lesão corporal seguida de morte e homicídio
em concurso de pessoas ou a tipificação do artigo 345 do Código Penal.
A hipótese de que o linchamento é causado pelas insatisfações com o poder punitivo
do Estado é resultado da lentidão, da precariedade e ineficácia dos serviços públicos que não
conseguem assegurar a paz social e acaba por se tornar gerador de injustiça, ou seja, provoca
o ódio da população que responde com mais violência contra si mesma.
Combater ao linchamento depende de diálogo, educação, políticas de segurança
eficazes que assegurem a confiança jurídica da população, é fundamental que as autoridades
administrativas, legislativa e judiciária sejam conscientes da razão para a qual foram
designados para representar o povo. Essa consciência deve ser expressa em ações efetivas e
eficientes que proporcionem uma segurança jurídica, uma confiança na justiça, uma
consciência de que ninguém tem direito de tirar a vida de outrem, culminando com educação
social, respeito às diversidades e atitudes de obediência às leis.
Por fim, o linchamento é responsabilidade do Estado, considerando que a existência de
um Estado Democrático de Direito tem por finalidade a proteção de seu território e
principalmente ou prioritariamente de seu povo, fortalecendo e garantido direitos
fundamentais. A problemática não é uma questão de legitimidade de punir ou não do Estado,
mas uma forma de pensar a punição, porém, vai além de pensar em punição, mas pensar em
ações que minimizem por meio da eficiência das funções e finalidades que são a causa de
existir do próprio Estado.
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