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Clostridiose dos Pequenos Ruminantes

Francisco Lobato
Prof. Escola de Veterinária da UFMG

As clostridioses são causadas por microrganismos patogênicos esporulados do gênero


Clostridium. Estes agentes são encontrados no solo e trato digestivo dos animais e homem. Os
clostrídios penetram no corpo do animal na forma de esporos, através de alimentos contaminados,
feridas ou por inalação. As toxinas são produzidas no organismo do animal ou são ingeridas pré-
formadas. As infecções e intoxicações causadas por esses agentes, são responsáveis por grandes
perdas econômicas nos sistemas de produção de bovinos, ovinos e caprinos. O diagnóstico das
clostridioses mediadas por toxinas depende da detecção da mesma, não sendo útil para o
diagnóstico o isolamento e/ou detecção in situ do agente bacteriano. O controle das clostridioses
está associado à medidas corretas de manejo e, principalmente, no emprego de vacinas. Tais vacinas
são na maioria das vezes combinadas com dois ou mais agentes, sendo estas toxinas inativadas
(toxóides) e/ou bacterinas, visando a profilaxia das enfermidades causadas pelos clostrídios... A
utilização sistemática de imunógenos tem reduzido em grande parte a mortalidade e as perdas
econômicas advindas de quadros clínicos causados pela multiplicação ou pela ação das toxinas
produzidas pelos microrganismos do gênero Clostridium, os quais são patogênicos para os
ruminantes domésticos.
O grupo de infecções e intoxicações causadas por bactérias anaeróbias do gênero
Clostridium são chamadas clostridioses, e são altamente letais. Estes organismos têm a habilidade
de passar por uma forma de resistência chamada esporos e podem se manter potencialmente
infectantes no solo por longos períodos, representando um risco significativo para a população
animal e humana. Muitos organismos deste grupo, podem estar normalmente presentes no trato
intestinal destas espécies.
Muitos processos infecciosos que afetam as explorações ,ovinas e caprinas são determinadas
pelos clostrídios. Existem cerca de 100 espécies distribuídas em áreas geográficas distintas, sendo a
maioria constituinte da microbiota intestinal, porém apenas algumas delas são capazes de causar
enfermidades nos animais, causando grandes prejuízos econômicos.
As infecções e intoxicações causadas pelas bactérias do gênero Clostridium nos animais,
podem ser classificados em grupos distintos:
a) Mionecroses (carbúnculo sintomático x gangrena gasosa): afecções que acometem a
musculatura e consequentemente causam toxemia. Neste grupo estão Clostridium chauvoei,
Clostridium septicum, Clostridium novyi typo A, Clostridium perfringens tipo A e Clostridium
sordellii
b) Enterotoxemias: afecções onde os agentes Clostridium perfringens tipos A, B, C, D e E
e ocasionalmente Clostridium sordellii e Clostridium septicum, os quais multiplicam no
trato intestinal dos animais e as toxinas produzidas são responsáveis pelo quadro
nosológico.
c) Doenças neurotrópicas: são afecções nas quais o sistema nervoso é primariamente
acometido, enquadrando-se nesse grupo Clostridium botulinum e Clostridium tetani.
d) Doenças hepáticas: hepatite necrótica e hemoglobinúria bacilar são causadas pelo
Clostridium novyi tipo B e Clostridium haemolyticum, respectivamente
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A ceratoconjuntivite

A ceratoconjuntivite infecciosa dos ruminantes é conhecida também por “Olho rosado e doença de New Forest”. Constitui-se numa doença cosmopolita, sazonal e acomete bovinos,
caprinos e ovinos sem distinção de raça, idade e sexo, embora os animais mais jovens e mais velhos sejam mais susceptíveis. Os animais acometidos desenvolvem imunidade natural que vai
diminuindo a partir de dois anos e podem se infectar novamente.

Esta enfermidade contagiosa é causada pela Moraxella spp, um diplococo, aeróbico, gram-negativo, e somente aqueles microorganismos hemolíticos que possuem pili sãocapazes de
desenvolver a enfermidade, pois aderem à córnea produzindo necrose epitelial e no estroma, por meio de dermonecrolisinas e hemolisinas associadas com as colagenases inflamatórias
(CHAVES & ACIPRESTE, 1998; CHAVES & ACIPRESTE, 2004; CHAVES, 2004).
Caracteriza-se por hiperemia conjuntival, lacrimejamento, blefaroespasmo, fotofobia e, em casos avançados, opacidade e ulceração de córnea, com risco de perda da visão. A
ceratoconjuntivite infecciosa (CCI) é reconhecida em todo mundo como uma doença comum que afeta o sistema oftálmico de pequenos ruminantes, a exemplo de ovinos e caprinos.
Geralmente, a doença envolve apenas a superfície do olho, com o primeiro sinal clínico, sendo uma conjuntivite uni ou bilateral, resultando em lacrimejamento, pestanejamento,
blefaroespasmo e presença de secreção ocular sero-mucosa ou muco-purulenta com aglutinação de pelos da região periocular. No entanto, o quadro pode progredir e envolver a córnea,
causando sua opacidade ou esbranquecimento e aumento na vascularização. Animais gravemente afetados podem desenvolver úlceras de córnea e/ou cegueira, em conseqüência da intensa
opacidade existente. No entanto, os primeiros sinais indicativos da potencial manifestação da doença em um rebanho podem ser a ocorrência de coloração castanha abaixo do olho e o
acúmulo de poeira nos corrimentos lacrimais.
Outras alterações observadas na maioria dos ovinos afetados incluem conjuntivite folicular, opacidade da córnea com vascularização, ulceração, pannus e irite (RENDER & CARLTON, 1998),
além de febre, anorexia, oftalmalgia, oftalmorréia, epífora e úlceras de córnea também descritas por CHAVES & ACIPRESTE (1998), CHAVES & ACIPRESTE (2004) e CHAVES (2004).
O tratamento dos casos clínicos deve começar imediatamente após ter sido diagnosticada a doença como forma de impedir que sua evolução leve a lesões irreparáveis da córnea. Vários
antibióticos podem ser usados, devendo sempre estar atento para caso de resistência. A prevenção e controle desta doença têm sido realizados através de práticas de manejo quando se
quer diminuir o máximo possível a ação dos vetores (mosca) e quantidade de poeira. É encontrada no mercado vacina que, se usada corretamente, pode conferir alguma imunidade aos
animais.
A redução dos casos clínicos de CCI em um rebanho está associada à medidas preventivas fundamentadas em práticas que visem controlar os elementos que podem funcionar como fômites
ou agentes disseminadores e/ou estressantes, e envolvem a limpeza diária das instalações (por varredura e/ou raspagem); desinfecção completa das mesmas a cada 7 dias após limpeza
prévia (preferencialmente com lança-chamas ou "vassoura-de-fogo"); isolamento dos animais apresentando quadro clínico; controle da população de moscas e insetos (principalmente, por
meio de limpeza e manejo adequado dos dejetos animais); redução da exposição a irritantes mecânicos (poeira); manejo do pastejo para manter o relvado em alturas mais adequadas;
manejo do rebanho baseado nos princípios de bem-estar e a quarentena de animais récem-adquiridos por no mínimo 15 dias.

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linfadenite caseosa
A linfadenite caseosa é uma enfermidade crônica contagiosa que acomete
ovinos e caprinos, caracterizada por lesões purulentas e caseosas nos
gânglios linfáticos, e ocasionalmente pulmões, baço, rins e fígado
(KIMBERLING, 1988; PEKELDER, 2000; SMITH e SHERMAN, 1994;
SOBRINHO, 2001).
A forma clínica é caracterizada por abscessos localizados nos linfonodos
superficiais ou pele. Já a forma subclínica geralmente é acompanhada por
abscessos viscerais, sendo denominada neste caso de “síndrome da ovelha
magra” (PEKELDER, 2000). Esta síndrome é mais comum em ovinos que em
caprinos (WILLIAMSON, 2001).
A linfadenite cursa com grandes perdas econômicas na indústria ovina e
caprina em razão da sua alta incidência que resulta em condenação das
carcaças, desvalorização da pele devido a cicatrizes advindas dos abscessos,
e ocasionalmente morte dos animais acometidos (KIMBERLING, 1988;
MEYER et al., 2002; WILLIAMSON, 2001).
A linfadenite é também conhecida por mal do caroço, pseudotuberculose,
enfermidade de Preisz-Nocard e cheesy gland (VESCHI, 2005).
O presente seminário tem como objetivo realizar uma revisão sobre a
linfadenite caseosa em pequenos ruminantes

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