PROACÚSTICA
PARA
QUALIDADE
ACÚSTICA EM
ESCOLAS
Associação
Brasileira para a
Qualidade Acústica
PREFÁCIO
A provisão de uma boa acústica nas salas de uma escola é essencial
para melhorar a aprendizagem dos alunos, bem como reduzir os ní-
veis de estresse dos professores quando estão na tarefa de incentivar
o aprendizado. Os elementos básicos para uma boa acústica come-
çam com o controle do ruído nas áreas externas da sala. Isto pode ser
atingido com o fechamento do envoltório com soluções que proporcio-
nem níveis de isolamento acústico satisfatórios. Há, também, a neces-
sidade de controlar o ruído intrusivo proveniente de outros espaços da
escola, como o ruído de salas de aula adjacentes, de circulação e es-
paços de uso comum. Para garantir aos alunos ouvir e ver claramente
o professor e a lousa, o projeto ou a forma da sala são importantes. No
entanto, isso não é suficiente caso as superfícies internas da sala não
tenham sido selecionadas para reduzir a quantidade de som reverbe-
rante. A utilização de superfícies duras nas salas de aula, como é fre-
quente, podem causar a reflexão do som e dificultar a compreensão da
fala. Para controlar a reverberação, podem ser instalados materiais
fonoabsorventes em locais apropriados ao redor da sala.
dificuldade de adequar
construções já existentes (retrofit) aos critérios estabelecidos nesse
manual, para o caso de reformas de baixa intensidade, será apre-
sentada uma tolerância para alguns critérios.
Sob o ponto de vista da acústica, uma sala de aula ideal é aquela que
possui pouco ruído residual e tempo de reverberação adequado [5].
Acrescenta-se a isso a reflexão sonora útil, responsável pelo refor-
ço sonoro às pessoas mais distantes dos professores. Tais quesitos
podem, na grande maioria dos casos, ser melhorados a partir de
medidas simples, que não apresentam relevante custo. O resultado
será o aumento da inteligibilidade da fala e, com ele, um aprimora-
mento da comunicação.
Definindo ruído, reverberação, inteligibilidade, O ruído residual pode ser procedente do ambiente
externo, de outros locais dentro do próprio edifício ou de
isolamento e condicionamento equipamentos e instalações que, às vezes, estão localizados
no próprio ambiente.
FIGURA 2
POSSÍVEIS
FONTES DE
RUÍDO NAS RUÍDO DE
AERONAVES
ESCOLAS
PLANO DE
VENTILAÇÃO RUÍDO DE
VENTO E CHUVA
RUÍDO TRANSMITIDO
RUÍDO TRANSMITIDO
ATRAVÉS DE DUTOS
ENTRE SALAS DE AULA
RUÍDO DE
TRÂNSITO
Em resumo, a reverberação é o fenômeno resultante das reflexões O índice de transmissão da fala (STI) é um indicador de inteli-
das ondas sonoras em um ambiente fechado e se mede por meio do gibilidade de fala, definido e classificado na norma IEC 60268-
tempo de reverberação (T60). 16:2011 [18], numa escala entre 0 (totalmente não compreensível)
e 1 (perfeitamente compreensível), decorrente da aplicação de
O tempo de reverberação é definido como o tempo necessário para testes padronizados.
que o nível de pressão sonora no ambiente decaia em 60 dB, desde a
percepção do som direto. Conforme a ABNT NBR 12179 [15], o tempo
de reverberação pode ser obtido através do volume da sala e da área
de absorção sonora equivalente a cada um dos materiais dispostos
na sala – cada um com seu coeficiente específico de absorção.
Isolamento sonoro ou acústico são as medidas A absorção sonora ou acústica é a propriedade dos elementos
tomadas nos elementos de vedação de um ambiente (teto, construtivos de dissipar em maior ou menor grau o som que incide
parede, piso e esquadria) para evitar a transmissão de som, sobre eles. Em um ambiente a absorção é utilizada para minimizar
tanto de fora para dentro quanto de dentro para fora. o som gerado nele próprio ou a ele transmitido.
Os parâmetros que caracterizam o isolamento acústico entre am- A absorção sonora de um material é caracterizada pelo seu coeficien-
bientes podem ser dados por: te de absorção, que é a razão entre a energia sonora absorvida por um
determinado material e a energia sonora incidente sobre este.
❚❚ Diferença padronizada de nível ponderada a 2 metros da
fachada – D2m,nT,w Obs: É muito comum que se confunda absorção e isolamento acústico.
Representa a diferença padronizada de nível ponderada a 2
metros da fachada.
FIGURA 4 SALA SEM ABSORÇÃO CONCRETO SALA COM ABSORÇÃO FORRO
ACÚSTICO
EXEMPLO DA
❚❚ Diferença padronizada de nível ponderada – DnT,w DIFERENÇA
Representa a diferença padronizada de nível ponderada, ENTRE ABSORÇÃO
E ISOLAMENTO
para ruído aéreo, entre divisórias verticais internas ou entre ACÚSTICO
sistemas de pisos.
ISOLAMENTO ACÚSTICO
VALORES DE REFERÊNCIA
FINALIDADE DE USO RLAeq RLASmax
RLNC
dB dB
Circulações 50 55 45
Berçário 40 45 35
Salas de aula 35 40 30
Ginásio de esportes 45 50 40
Bibliotecas 40 45 35
Admite-se uma tolerância de até 5 dB para RLAeq e RLASmax e até 5 para RLNC.
TABELA 2 – TEMPO DE REVERBERAÇÃO EM SALAS DE AULA 4.3 - Tempo de reverberação nos demais ambientes
TEMPO DE Para corredores adjacentes às salas de aula, bibliotecas e refeitó-
TEMPO DE REVERBERAÇÃO [segundos]
VOLUME
REVERBERAÇÃO
2.0
m3
segundos rios das escolas, sugere-se que a área de absorção equivalente seja
de pelo menos 0,2 m² a cada metro cúbico.
50 0,40
60 0,42
1.5 Recomenda-se incrementar a absorção sonora nos corredores ad-
70 0,48
jacentes às salas de aula para controlar os ruídos, principalmente,
80 0,49
devido à ventilação cruzada e à movimentação das pessoas.
1.0 90 0,50
100 0,52
200 0,60
0.5 300 0,65
FORRO FONOABSORVENTE
400 0,69
500 0,72 FIGURA 5
0 Fonte: [14]
EXEMPLO DE PAINÉIS
20 30 50 100 500 1000 2000 ADEQUAÇÃO FONOABSORVENTES
ACÚSTICA NOS
VOLUME DA SALA DE AULA [m3] CORREDORES
DE ESCOLAS PORTA SÓLIDA COM
BOAS VEDAÇÕES
Seguem os requisitos acústicos para isolar as transmissões sono- TABELA 3 – VALORES PARA O SISTEMA DE PISO E DIVISÓRIAS INTERNAS - RUÍDO AÉREO
Sala de estudo
Sala de reunião
Baixo — Enfermaria DnT,w = 45 dB
Escritório
IMPACTO DnT,w = 40 dB
FIGURA 6 - TRANSMISSÃO SONORA VIA AÉREA E ESTRUTURAL
ENTRE AMBIENTES Fonte: [14] adaptada
pelos autores Sala de aula
Banheiro Laboratório
Auditório (fala)
Médio Vestiário Oficina de ensino
SISTEMA DE PISO - RUÍDO DE IMPACTO DnT,w = 40 dB (Normal)
DnT,w = 50 dB
Para situações onde existe sistema de piso separando salas de aula/ DnT,w = 45 dB
salas de aula, biblioteca/salas de aula, administração/salas de aula
Auditório
etc., recomenda-se os valores apresentados abaixo: Academia
(Música)
Piscina Sala de aula
(Ensino Teatro
Esportes fundamental)
Alto Sala de música
Refeitório Sala de ensaio Oficina de ensino
Entre ambientes: L'nT,w ≤ 70 dB Cozinha DnT,w = 50 dB (ruidosa)
DnT,w = 45 dB DnT,w = 55 dB
* Retrofit: construções já existentes com implicações e dificuldades * Retrofit: construções já existentes com implicações e dificuldades
para conseguir atender a recomendação acústica. Para este caso, para conseguir atender à recomendação acústica. Para este caso,
admite-se uma tolerância de até 5 dB para L'nT,w. admite-se uma tolerância de até 5 dB para DnT,w.
NOTA: Evitar interferências de quadras esportivas com ambientes sensíveis EXEMPLO: Sala de aula (receptor) | Refeitório (emissor): DnT,w = 50 dB;
como salas de aula e bibliotecas. Quando ocorrer, realizar estudos específicos. Sala de aula (receptor) | Sala de aula (emissor): DnT,w = 45 dB.
TABELA 4 - VALORES PARA A COMPOSIÇÃO DA DIVISÓRIA SALA DE AULA E CORREDOR > 10.0 dB
> 35.0 dB
> 40.0 dB
Rw COMPOSTO Rw COMPOSTO
COMPOSIÇÃO DA DIVISÓRIA dB Retrofit* > 45.0 dB
dB
> 50.0 dB
Parede + Visor Rw ≥ 40 Rw ≥ 35 > 55.0 dB
> 60.0 dB
Parede + Visor + Ventilação Rw ≥ 33 Rw ≥ 30
> 65.0 dB
Portas em todos os casos Rw ≥ 30 Rw ≥ 30 > 70.0 dB
> 75.0 dB
NOTA: Rw (Weighted sound reduction index) = Índice de Redução Sonora > 80.0 dB
Ponderado de um sistema construtivo, medido em laboratório. > 85.0 dB
FIGURA 7 - EXEMPLO DE IMAGEM DE PROPAGAÇÃO SONORA EM CORTE VERTICAL
Orientações para profissionais na análise do ❚❚ Evitar localização de fontes ruidosas próximas a áreas sensíveis
na fase inicial do projeto;
layout da escola, materiais de revestimento
acústico, portas, divisórias, forros e sistemas
BARREIRA ACÚSTICA
RUA MOVIMENTADA
QUADRAS
ACESSO E ESPORTIVAS
ESTACIONAMENTO
ADMINIS-
TRAÇÃO CIÊNCIAS
BARREIRA ACÚSTICA
ÁREA
MULTIUSO
SALAS DE AULA
OU
GINÁSTICA
ÁREA
SILENCIOSA
SALAS SALAS
DE AULA DE AULA
QUADRAS
ESPORTIVAS ARTE E SALAS
BARREIRA
ACÚSTICA TECNOLOGIA DE AULA
Fonte: [6] adaptada
pelos autores
FIGURA 8 - EXEMPLO DE LAYOUT COM FONTES DE RUÍDO AFASTADAS DAS ÁREAS SENSÍVEIS
FIGURA 9
EXEMPLO DE
5.4 - Divisórias internas
VENTILAÇÃO E
BOAS PRÁTICAS JANELAS NO LADO
OPOSTO À FONTE
NO PROJETO DA DE RUÍDO
ESCOLA
COBERTURA ❚❚ As divisórias devem atender aos requisitos acústicos conforme
DE ISOLAMENTO
ACÚSTICO critérios definidos na seção anterior;
CORREDOR
FIGURA 10
EXEMPLO DE
POSICIONAMENTO
DAS PORTAS CORREDOR
❚❚ O forro de uma sala deverá apresentar septo acústico conforme ❚❚ Para ventilação cruzada, seguir exemplos da figura abaixo.
necessidade de isolamento; Evitar ventilação entre sala de aula e corredores.
FIGURA 12
SEPTO ACÚSTICO FIGURA 13
NECESSÁRIO FECHAMENTO
COM SEPTO ACÚSTICO
EXEMPLO DE VENTILAÇÃO
VENTILAÇÃO CRUZADA
CRUZADA
2,7m
❚❚ O material de revestimento do forro poderá ser acústico. Verificar CORREDOR SALA DE AULA
propagação indesejada do ruído entre salas através dos caminhos Fonte: [14] adaptada CORREDOR SALA DE AULA
2.
Quanto mais material fonoabsorvente na sala de aula, melhor será
a acústica.
[ ] Mito [ ] Verdade
[ ] Mito [ ] Verdade
4.
Estrangeiros e alunos com problemas de audição ou de comunicação
são especialmente sensíveis às condições acústicas nas escolas.
[ ] Mito [ ] Verdade
5.
A ventilação cruzada apresenta uma grande interferência com o
isolamento acústico.
[ ] Mito [ ] Verdade
6.
Caixas de ovo e isopor são bons materiais para condicionamento
acústico de baixo custo.
[ ] Mito [ ] Verdade
1.
Condições acústicas interferem na 2.
Quanto mais material fonoabsorvente 3. Condicionamento acústico possui 4.
Estrangeiros e alunos com problemas
qualidade do aprendizado dos alunos e na sala de aula, melhor será a custo elevado. de audição ou de comunicação são
na saúde dos professores. acústica. especialmente sensíveis às condições
MITO. Nem sempre. Dependerá da acústicas nas escolas.
VERDADE. Ambientes muito ruidosos e MITO. Forro inteiro absorvente, por quantidade de elementos necessários e
com pouca inteligibilidade da fala, por exemplo, faz com que a informação não nível de sofisticação. Diversos problemas VERDADE. Para esses casos, boas
exemplo, prejudicam a concentração e chegue aos alunos mais distantes do pontuais podem ser resolvidos com condições acústicas nas escolas são
consequente aprendizado dos alunos. professor de forma entendível. Absorção soluções simples. ainda mais necessárias para assegurar
Essas condições também obrigam o sonora excessiva pode comprometer o aprendizado desses alunos.
professor a falar mais alto e explicar mais a qualidade acústica da sala. Cada
vezes, causando danos à sua saúde. caso deve ser avaliado, estudando a
quantidade e localização de materiais de
absorção acústica ideais.
BIBLIOGRAFIA
[10] LONG, M. Architectural Acoustics, Elsevier Academic Press, San Diego, [18] INTERNATIONAL STANDARD IEC 60268-16 – Sound system equipment –
2006. Part 16: Objective rating of speech intelligibility by speech transmission
index. 2003.
[11] YANG, W.; BRADLEY, J. S. Effects of room acoustics on the intelligibility
of speech in classrooms for young children. The Journal of the Acoustical
Society of America, v. 125, n. 2, pp. 922-933, 2009.
NORMAS NACIONAIS
[15] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT NBR 12179:
Tratamento acústico em recintos fechados. Rio de Janeiro, 1992.
REALIZAÇÃO
Esta publicação é uma iniciativa da ProAcústica - Associação Brasileira para a Qualidade Acústica por
meio do Comitê Acústica nas Edificações - Grupo de Trabalho GT Escolas, formado por representantes
das empresas associadas de projeto e consultoria acústica e de fabricantes de produtos acústicos.
EMPRESAS ASSOCIADAS que colaboraram diretamente, através de seus representantes, com a produção
do conteúdo desta publicação técnica.
Abril de 2019
MANUAL SOBRE
A NORMA DE
DESEMPENHO SEJA UMA EMPRESA
MANUAL PARA
CLASSE DE RUÍDO
DAS EDIFICAÇÕES MANUAL DE
HABITACIONAIS RECOMENDAÇÕES
PARA CONTRAPISOS
FLUTUANTES
Patrocinadores
Print | 04/2019
Associação
Brasileira para a
Qualidade Acústica
www.proacustica.org.br