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Curso de Higiene,

Segurança e Saúde
no Trabalho
Título
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

Autora
Carolina Cunha

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Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

Índice
MÓDULO 1
Noções de Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho 5

1.1 Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho 5

MÓDULO 2
O trabalho e a saúde 7

2.1 Acidentes de trabalho 7


2.2 Doenças profissionais 13

MÓDULO 3
A missão da Organização Internacional do Trabalho 16

3.1 A Organização Internacional do Trabalho 16

MÓDULO 4
Riscos profissionais 17

4.1 Factores de risco 17


4.2 A adaptação do trabalho ao Homem – Ergonomia 41
4.3 O stress no trabalho 45

MÓDULO 5
Prevenção nos locais de trabalho 47

5.1 Protecção colectiva 47


5.2 Protecção individual 48
5.3 Sinalização de segurança 51

MÓDULO 6
Organização da emergência na empresa 54

6.1 Organização da emergência na empresa 54


Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 7
Direitos e deveres das partes face à prevenção 57

7.1 Direitos e deveres do empregador 57


7.2 Direitos e deveres do trabalhador 58

MÓDULO 8
A importância de um sistema de Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho 61

8.1 A importância de um sistema de Higiene, Saúde e Segurança


no Trabalho 61

Anexos 62
Alfabeto de prevenção na máquina 63
Dez regras de ouro para quem não é electricista 66
Comportamento a adoptar em relação aos acidentes eléctricos 67
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 1
Noções de Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho
MÓDULO 1
Noções de Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho

Objectivos

Neste módulo ficará a conhecer a importância da Segurança, Higiene e Saúde


no Trabalho como factor de promoção da qualidade de vida e de trabalho.

1.1 Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho

Para iniciar este curso, é fundamental perceber os conceitos básicos de Higiene,


Saúde e Segurança no Trabalho (HSST) e a sua importância na promoção da
qualidade de vida e de trabalho.

Os conceitos de Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho estão intimamente


relacionados com o objectivo de garantir condições de trabalho capazes de
manter um bom nível de saúde dos trabalhadores, prevenindo assim doenças
profissionais e acidentes de trabalho.

Vamos, então, perceber o significado desses conceitos básicos.

Segurança no Trabalho

Integra um conjunto de metodologias adequadas à


prevenção de acidentes de trabalho, tendo como
principal campo de acção o reconhecimento (estudo
e avaliação) e o controlo dos riscos associados ao
local de trabalho e ao processo produtivo.

Higiene no Trabalho

Integra um conjunto de metodologias não médicas necessárias à prevenção


das doenças profissionais, tendo como principal campo de acção o controlo dos
agentes físicos, químicos e biológicos presentes nos componentes materiais do
trabalho.

Esta abordagem assenta fundamentalmente em técnicas e medidas que incidem


sobre o ambiente do trabalho.

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Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 1
Noções de Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho
Saúde

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a saúde é: “um estado de bem-estar


físico, mental e social completo e não somente a ausência de dano ou doença”.

A prevenção é o conceito-chave que interliga os anteriores: a Higiene, a Saúde


e a Segurança.

Prevenção

Acção de evitar ou diminuir os riscos profissionais através de um conjunto de


disposições ou medidas que devam ser tomadas no licenciamento e em todas
as fases de actividade da empresa, estabelecimento ou serviço.

A prevenção inclui:

–– Identificação do risco.

–– Avaliação do risco.

–– Selecção das medidas de prevenção desse risco.

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Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 2
O trabalho e a saúde
MÓDULO 2
O trabalho e a saúde

Objectivos

Neste módulo ficará a entender a relação entre trabalho e saúde à luz dos
conceitos de acidente de trabalho e doença profissional.

2.1 Acidentes de trabalho

Segundo a Organização Internacional do Trabalho, a cada 15 segundos um


trabalhador morre devido a acidente de trabalho ou doença profissional.

A cada 15 segundos, 160 trabalhadores são vítimas de acidentes relacionados


com o trabalho.

Angola regista mais de seis mil casos de acidentes de trabalho


O país registou, no triénio 2009/2011, 6493 casos de acidentes de serviço, dos quais
44 mortais, em vários ramos de actividades laborais, informou nesta segunda-feira,
em Luanda, o responsável da Inspecção-geral do Ministério da Administração Pública,
Trabalho e Segurança Social (MAPTSS), Manuel N'lando.
Em declarações à Angop, no final de uma actividade alusiva ao Dia Mundial de
Segurança e Saúde no Trabalho, que se assinala hoje, o inspector apontou a construção
civil, com 2087 acidentes, como a área com maior número de sinistros.
Em sua opinião, a existência de muitos trabalhadores de construção civil no país, aliada
a poucas medidas de segurança no trabalho, por parte das empresas construtoras,
estão na base do elevado número de sinistralidade neste ramo de serviço.
Informou que os sectores do comércio, com 1011 acidentes, de prestação de serviço
(1007), dos transportes (461) e da indústria (429) são outros dos ramos mais afectados
com casos de acidentes.
Apontou a faixa etária dos 19 aos 28 anos como a de maior incidência em acidentes
de trabalho, com 2641 registos, seguida pela classe dos funcionários dos 29 a 39 anos,
com 2354 ocorrências.
Segundo o responsável, as causas de acidentes devem-se fundamentalmente a ino-
bservância das normas de segurança e saúde no exercício das actividades laborais,
que se traduzem em actos inseguros com 4993 casos, correspondente a 76,89 % dos
sinistros.
O custo de acidentes de trabalho do período em análise, precisou, foi de
2.268.545.988,20 mil kwanzas.
Fonte: http://www.portalangop.co.ao

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Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 2
O trabalho e a saúde
Acidente de trabalho

Muitas vezes, ouvimos nas notícias sobre feridos ou mortes que ocorreram em
acidentes de trabalho.

O que é um acidente?
Se procurarmos num dicionário, podemos encontrar a seguinte definição para a
palavra acidente:

“acontecimento imprevisto, casual, que resulta em ferimento, dano, estrago,


prejuízo, avaria, etc .”

Os acidentes, em geral, são o resultado de uma combinação de factores, entre os


quais se destacam:

–– as falhas humanas;

–– as falhas materiais.

Acidente de trabalho
É considerado acidente de trabalho aquele que se verifique no local e no
tempo de trabalho e produza directa ou indirectamente lesão corporal,
perturbação funcional ou doença de que resulte redução na capacidade de
trabalho ou a morte.

Considera-se também acidente de trabalho, o ocorrido:

• d
 urante o trajecto normal ou habitual de ida ou regresso do local de
trabalho, qualquer que seja o meio de transporte utilizado no percurso*;

• durante os intervalos para descanso, ocorridos no local de trabalho;

• e
 m actos de defesa da vida humana e da propriedade social nas instalações
da empresa ou instituição;

• d
urante a realização de actividades sociais, culturais e desportivas
organizadas pela empresa.
* Considera-se trajecto normal o percurso que o trabalhador tenha de utilizar necessariamente entre a sua residência
e o local de trabalho e vice-versa, dentro dos horários declarados.

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Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 2
O trabalho e a saúde
Exemplos de acidentes de trabalho:

1. 
Um empregado de escritório estava a voltar
do almoço e ao subir as escadas de acesso
escorregou e caiu. Os degraus estavam molhados.

2. 
Uma estagiária queimou o braço esquerdo
e parte da perna esquerda quando estava a
desligar uma cafeteira.

3. Uma empregada de escritório tropeçou num fio telefónico exposto e caiu


no chão tendo fracturado a mão direita.

Dos acidentes de trabalho podem resultar diferentes tipos de incapacidade

–– Incapacidade temporária

É atribuída uma incapacidade temporária para o trabalho sempre


que do acidente resultem limitações do ponto de vista funcional
que impedem, total ou parcialmente, a realização das tarefas
profissionais por um período limitado de tempo.

–– Incapacidade temporária parcial

É quando o sinistrado fica parcialmente incapacitado para o desempenho das


suas funções profissionais, durante um dado tempo, mas pode exercer, dentro da
sua profissão, tarefas menos exigentes.

Exemplo:
Uma funcionária do Banco da rua principal estava a chegar ao local de trabalho
quando tropeçou e torceu um pé. Foi atendida no Centro de Saúde e voltou
ao trabalho no dia seguinte, com algumas limitações nas tarefas.

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Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 2
O trabalho e a saúde
–– Incapacidade temporária absoluta

É quando o sinistrado fica totalmente incapacitado para o desempenho das suas


funções profissionais, durante um determinado tempo.

Exemplo:
Uma costureira caiu no piso molhado da casa-de-banho tendo fracturado
a mão direita. Teve que se ausentar do trabalho durante dois meses.

–– Incapacidade permanente

É atribuída uma incapacidade permanente quando o trabalhador


é incapaz de voltar a ganhar a sua normal capacidade laboral.

–– Incapacidade permanente parcial

E quando o trabalhador fica parcial e permanentemente desvalorizado para o


trabalho. Assim, ser-lhe-á atribuída uma percentagem de desvalorização que incidirá
sobre os valores que seriam de considerar na incapacidade permanente total.

Exemplo:
Um operário perdeu três dedos da mão direita, ao sofrer um acidente de
trabalho na metalúrgica em que trabalha. A sua mão ficou presa enquanto
manuseava uma máquina dobradeira de placas metálicas.

–– Incapacidade permanente absoluta

É quando o trabalhador apresenta incapacidade total e permanente para o


trabalho. Assim, será atribuída uma pensão anual e vitalícia, com base nos salários
declarados à seguradora e de tabelas oficiais elaboradas para o efeito.

Exemplo:
Um electricista sofreu uma electrocussão, tendo ficado com queimaduras
internas que provocaram lesões em alguns órgãos. Devido à natureza dessas
lesões, o trabalhador ficou incapacitado para o trabalho.

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Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 2
O trabalho e a saúde
Os jovens e os acidentes de trabalho

O número de jovens vítimas de acidentes de trabalho é demasiado elevado.

Os jovens, entre os 18 e os 24 anos de idade, estão duas vezes mais expostos


ao risco de ocorrência de acidentes não mortais no local de trabalho, do que os
trabalhadores dos outros grupos etários.

Este facto torna este assunto primordial para ser debatido a nível internacional.

Um conjunto de circunstâncias concorrem para predispor o jovem trabalhador


aos acidentes de trabalho.

• C
 aracterísticas psicológicas como sejam: necessidade de afirmação, gosto
pelo risco, curiosidade natural, etc.

• Inexperiência, ignorância das condições e riscos inerentes ao trabalho.

• Propensão à fadiga.

• Desejo de se fazer valer.

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Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 2
O trabalho e a saúde
• Desprezo pelos princípios elementares de segurança.

• Aborrecimento para trabalhos repetitivos.

• Falta de formação e informação.

A questão da formação no combate aos acidentes de trabalho junto dos jovens,


tem uma importância fundamental, já que os maus hábitos se adquirem depressa
e são sempre difíceis de corrigir.

É logo de início que é preciso aprender a trabalhar correctamente, que é preciso


aprender que um trabalho bem feito é um trabalho feito de maneira segura, que é
preciso inculcar nos jovens trabalhadores o respeito pelo perigo.

O trabalhador jovem não adquire imediatamente as técnicas eficazes, rápidas e


seguras, os gestos e automatismos profissionais. Não tem experiência que lhe
permita avaliar uma situação perigosa, prever a sua evolução e tomar decisões
de forma rápida e segura.

Assim, o trabalhador deve ser cuidadosamente informado, desde a sua admissão,


da natureza dos riscos profissionais que vai encontrar no seu local de trabalho e
deve receber informações precisas, claras e completas das normas de higiene e
segurança a adoptar.

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Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 2
O trabalho e a saúde
Os jovens poderão aceitar com dificuldade entraves e proibições, mas adaptar-
-se-ão mais facilmente a uma disciplina de trabalho, baseada numa justa apreciação
dos riscos, se lhes for demonstrado as razões e a necessidade dessas medidas.

Sobretudo no mundo do trabalho é possível, mediante uma formação adequada,


orientar os jovens a cumprir as medidas de higiene e segurança no trabalho.

2.2 Doenças profissionais

Em muitas actividades profissionais, a actividade exercida é determinante para o


aparecimento de determinada doença.

A causa da doença actua de forma lenta e repetida, provocando lesões que só se


tornam visíveis ao fim de algum tempo.

Doença profissional é aquela que resulta


directamente das condições de trabalho e causa
incapacidade para o exercício da profissão ou a
morte.

As doenças profissionais podem dividir-se nos seguintes grupos:

1. Doenças provocadas por agentes químicos

2. Doenças do aparelho respiratório

3. Doenças cutâneas

4. Doenças provocadas por agentes físicos

5. Doenças infecciosas e parasitárias

6. Tumores

7. Manifestações alérgicas das mucosas

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Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 2
O trabalho e a saúde
No quadro seguinte seguem-se alguns exemplos de doenças profissionais e as
actividades profissionais onde estas doenças são mais prevalentes.

Actividade profissional Doença profissional

Empregado fabril Tendinite


Cimenteiro Dermatose
Mineiro Silicose
Soldador Polinevrites
Metalomecânico Surdez profissional

Sugestão de
actividades de pesquisa

Actividade 1. Pesquise sobre os riscos profissionais, os acidentes de trabalho


e as doenças profissionais mais comuns numa das seguintes profissões
sugeridas: enfermeiro, bombeiro, técnico de informática, mecânico,
electricista, serralheiro, cabeleireira, pedreiro, mineiro e secretária.

Actividade 2. Pesquise sobre uma doença profissional à sua escolha.

Actividade 3. Pesquise sobre a ocorrência de acidentes de trabalho em Angola.

Protecção e reparação dos danos causados por acidentes de trabalho ou


doenças profissionais

A protecção e reparação concretizam-se através das seguintes prestações que,


nesta eventualidade, assumem uma natureza indemnizatória:

• Prestações em espécie
– de natureza médica, cirúrgica, de enfermagem, hospitalar, medicamentosa,
tratamentos termais, fisioterapia, próteses e ortóteses e outras formas
necessárias e adequadas ao diagnóstico ou ao restabelecimento do
estado de saúde físico ou mental e da capacidade de trabalho ou de
ganho do sinistrado/doente e à sua recuperação para a vida activa;
– transporte e estada;
– a ocupação em funções compatíveis com o respectivo estado, a formação
profissional, a adaptação do posto de trabalho e o trabalho a tempo
parcial.

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Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 2
O trabalho e a saúde
• Prestações em dinheiro
–remuneração durante o período de faltas ao serviço;
– subsídio por assistência de terceira pessoa;
– indemnização, em capital ou pensão vitalícia, em caso de incapacidade
permanente;
– subsídio para readaptação de habitação e subsídio por situações de
elevada incapacidade, igualmente em caso de incapacidade permanente;
– despesas de funeral e subsídio por morte e, ainda, pensão aos familiares,
em caso de falecimento do sinistrado/doente.

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Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 3
A missão da Organização Internacional do Trabalho
MÓDULO 3
A missão da Organização Internacional do Trabalho

Objectivos

Neste módulo ficará a conhecer a missão da Organização Internacional do Trabalho.

3.1 A Organização Internacional do Trabalho

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi criada a 28 de


Junho de 1919, logo após a Primeira Guerra Mundial.

É uma instituição da Organização Nacional das Nações Unidas


que desenvolve o seu trabalho no âmbito da redução da pobreza,
de uma globalização justa e na melhoria de oportunidades para
que mulheres e homens possam ter acesso a trabalho digno e produtivo, em
condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humana. A sua criação
baseou-se em fundamentos:
–– h
umanitários: condições injustas, difíceis e degradantes de muitos
trabalhadores;
–– políticos: risco de conflitos sociais ameaçando a paz;
–– e
 conómicos: alguns países não adoptavam condições dignas e humanas
de trabalho.

A OIT foi galardoada com o Prémio


Nobel da Paz em 1969.
Para saber mais sobre a Organização: www.ilo.org
(A organização disponibiliza no seu site informação
e dados sobre Angola)

Sugestão de
actividades de pesquisa

Actividade 4. Pesquise sobre a importância da OIT – Organização Internacional


do Trabalho, para a divulgação das condições de trabalho e protecção da
dignidade dos trabalhadores a nível mundial.

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Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
MÓDULO 4
Riscos profissionais

Objectivos

Neste módulo ficará a saber identificar e prevenir os principais riscos associados


aos ambientes de trabalho.

Um risco profissional é qualquer situação de perigo que esteja associado a uma


actividade profissional, podendo atingir a saúde do trabalhador.

Seguem-se alguns factores de risco frequentes nos locais e ambientes de trabalho.

4.1 Factores de risco

Factores de risco associados a Ruído

O que é o ruído?

É um som desagradável ou incómodo.

Sonómetro
Para medir o nível do ruído usa-se um aparelho chamado
sonómetro, que nos dá a intensidade do ruído em decibéis.

A intensidade do ruído medida em decibéis permite-nos avaliar o dano e o risco


causados à audição das pessoas.

Danos provocados pelo ruído

O ruído não conduz apenas à surdez, tendo outros efeitos negativos no rendimento
do trabalho, tais como os que apontamos a seguir.

• A
 umento do número de acidentes de trabalho em consequência de um
estado psicológico mais tenso.

• Aumento da gravidade dos acidentes.

• Doenças do sistema nervoso.

• Aumento da fadiga no trabalho.

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Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
Exemplos de actividades profissionais mais ruidosas (devido ao elevado nível de
mecanização):

• Indústria têxtil.

• Indústria da madeira.

• Metalomecânica.

• Indústria extractiva (minas).

Exemplos de máquinas e ferramentas ruidosas:

• Serras circulares.

• Rebarbadoras portáteis.

• Martelos pneumáticos.

• Motosserra.

Efeitos do ruído no ser humano

O som demasiado alto provoca nas pessoas a perda progressiva da audição. Mas,
para além disso, pode também provocar os sintomas que se apresentam a seguir.

• D
 iminui a circulação do sangue,
o que leva a tensões nervosas no
corpo, que implicam dificuldade
em dormir (insónias).

• Lesões nos órgãos da audição.

• «Abafamento sonoro»
(difícil conversar).

• Irritação ou aborrecimento.

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Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
O ruído pode ser classificado em:

Ruídos prejudiciais

São aqueles que mantêm uma intensidade entre os 85 e 90 dB.

Ao permanecermos mais de 5 horas num ambiente com este nível de ruído, corre-
-se o risco de prejudicar a audição.

Este tipo de ruído é causado, por exemplo, por ferramentas que trabalham a ar
comprimido (ex: martelos pneumáticos) ou por aviões em aeroportos.

Explosões fortes perto dos ouvidos também são considerados ruídos prejudiciais.

Ruídos «abafados»

São aqueles que mantêm uma intensidade entre os 60


e 70 dB.

Têm como consequência o dificultarem uma conversação


normal, ou provocarem acidentes.

Existem na maioria das indústrias e podem ser perigosos, como, por exemplo, no
caso em que o ruído das máquinas abafe o ruído de um empilhador.

Ruídos irritantes

São subjectivos, pois aquilo que é ruído para uma pessoa pode ser música para outra.

Por exemplo, para os clientes de um restaurante a


música de fundo pode ser agradável enquanto para
os empregados pode ser irritante pois ouvem-na
permanentemente.

Outro exemplo: uma música a tocar muito alto na


aparelhagem do vizinho pode ser formidável para ele e
irritante para mim.

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Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
Efeitos sobre o ser humano
Limite da audição

Limite da dor
Risco
«Abafamento Muito
sonoro» Irritação Prejudicial prejudicial

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140


Volume de som
em (A) decibel 0
0
Roçar
de folhas

Habitação
urbana
sossegada
20Murmúrio

Música
de rádio
baixa
Conversa
em voz
baixa
Conversa
normal

5Automóvel

Rua com
muito
trânsito
Camião
pesado

Oficina de
bate-chapa
Motoserra
Perfurador

Motor
de hélice

Martelo
de rebitar
pregos
Motor
a jacto
Fonte
sonora

Obstáculos à vida normal provocados por falta de audição

A audição é um sentido importante que nos ajuda a estabelecer o contacto com


o ambiente que nos rodeia.

Uma capacidade auditiva reduzida pode implicar o seguinte:

• Torna-se muito difícil interpretar uma conversa normal.

• É difícil compreender o que os chefes ou os colegas nos querem dizer.

• S
 ensação de isolamento, dado que é impossível participar nas discussões
com os colegas ou amigos.

• P
 essoas com audição reduzida precisam de descansar e de se descontrair
mais do que o normal, dado que empregam toda a sua energia enquanto
trabalham.

Métodos para controlar o ruído

• Tapar as máquinas totalmente ou as suas partes


mais ruidosas.

• F
azer revisão das máquinas frequentemente,
de modo a reduzir o ruído provocado pelo
desajustamento de componentes.

• Reduzir as vibrações dos componentes.

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Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
• S
 ubstituir partes de metal por outras feitas de materiais absorventes do
som, como, por exemplo, plástico ou borracha.

• P
 rolongar o período de travagem das partes que trabalham em vaivém
(oscilantes).

Saber mais

Formas de determinar a existência de surdez em adultos:

• Dificuldade em compreender uma conversa, em salas com muita gente.

• N
 ecessidade de elevar o volume de som do rádio ou televisão a ponto
de incomodar os outros.

• S
 ensação que as pessoas que nos rodeiam estão a murmurar ou a
resmungar.

• Solicitação frequente aos interlocutores para repetirem o que disseram.

• Percepção das pessoas apenas quando as vemos.

Factores de risco associados a Iluminação

Cerca de 80% dos estímulos sensoriais são de natureza óptica. Os olhos


desempenham assim um papel fundamental no controlo dos movimentos e
actividades do Homem. Uma iluminação adequada é uma condição imprescindível
para a obtenção de um bom ambiente de trabalho

A iluminância (Lux) é medida na prática por um aparelho denominado


luxímetro, em que o seu princípio e funcionamento baseiam-se
numa célula fotoelétrica.

Na maioria do período de desempenho da actividade


profissional, usa-se iluminação artificial. Esta deve ser sempre
adequada às actividades profissionais desempenhadas, caso
Luxímetro
contrário terá consequências para a saúde do trabalhador.

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Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
Uma iluminação adequada tem de ter em atenção:

• a limitação do encandeamento;

• a distribuição conveniente das lâmpadas;

• a harmonia da cor da luz com as cores predominantes do local.

Se estas características não forem tidas em conta, pode originar um risco – fadiga
visual, que se manifesta por dores de cabeça, contracção dos músculos faciais e
postura incorrecta.

Para prevenir riscos associados à iluminação:

1. A rede de iluminação nos locais de trabalho deve ser planeada (adequada


às tarefas da actividade profissional).

2. Quando se projecta a iluminação de um local de trabalho, deve-se ter em


conta dois tipos de iluminação: geral e local.

3. Devem-se limpar as lâmpadas.

4. Devem-se utilizar protecções, difusores ou outros dispositivos que permitam


regular a luz e impeçam de ver o foco luminoso.

5. Devido aos contrastes, deve também ter-se em atenção a adequação


do mobiliário às cores da parede. Por exemplo, devem-se evitar paredes
brancas brilhantes em soalhos escuros ou tampos de mesa reflectores.
É conveniente utilizar materiais com acabamentos e pinturas baças e evitar
objectos muito polidos e brilhantes.

22
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
O fenómeno do encadeamento (instantâneo ou permanente) surge quando
existe uma distribuição muito desigual da luminosidade no campo de visão.
O encadeamento pode resultar em situações indesejáveis como a perda de
produtividade ou mesmo em acidentes de trabalho.

Uma correcta distribuição das fontes de luz


no interior de um ambiente de trabalho tem
igualmente uma importância fundamental
na prevenção do encadeamento.

O ângulo entre a horizontal e a linha que vai do olho à lâmpada deve ser superior
a 30 º .

x ERRADO √ CERTO
uma só lâmpada cuja reflexão atinge reflexão de duas lâmpadas, colocadas
o campo de visão do trabalhador, com lateralmente, que não atinge o campo
risco de encadeamento de visão, evitando o encadeamento

Luz natural ou luz artificial?

A luz natural é a mais indicada para iluminar qualquer local de trabalho, pois ela
contém todas as cores do espectro, não alterando pois as cores dos objectos.
No entanto, nem sempre é possível usar a luz natural.

23
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
A luz artificial nunca é igual à natural, podendo ser até bastante diferente dela.

As lâmpadas que se fabricam (incandescentes, fluorescentes, vapor de sódio,


etc.) têm geralmente predominância de algumas cores em relação às restantes.

Como foi dito, sempre que não seja possível usar apenas a luz natural, temos de
recorrer à luz artificial. Esta deve ser de intensidade adequada a cada tarefa a
executar no local:

iluminância
nível Actividade
(lux)

Orientação, só estadias
1 15
temporárias
2 30 Tarefas visuais ligeiras
3 60 com contrastes elevados

Ex: Trabalhos em armazéns,


4 120
Tarefas visuais normais estaleiros, minas
com detalhes médios Ex: Salas de espera, trabalhos
5 250
de pintura e polimento
Ex: Trabalhos em escritórios,
6 500
Tarefas visuais exigentes processamento de dados, leitura
com pequenos detalhes Ex: Tingimento de couro,
7 750
rebarbagem de vidro
8 1000 Ex: desenho técnico, comparação de cores
Tarefas visuais exigentes
com pequenos detalhes Ex: montagem de pequenos
9 1500
elementos em electrónica
Ex: Montagem de documentos
10 2000 Tarefas visuais muito miniaturizados, trabalho de relojoaria,
exigentes com detalhes gravação
muito pequenos Ex: Montagem fina, com tolerâncias muito
11 3000
apertadas
12 +5000 Casos especiais Ex: Salas de operações

Deve-se dar atenção também à adequação do mobiliário e das cores das


paredes com as lâmpadas utilizadas devido aos contrastes. As cores têm efeitos
psicológicos e provocam ilusões cromáticas relativamente ao efeito de distância
e temperatura.

24
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
Como tal, nem todas as cores são as ideais para um local de trabalho onde se
passam muitas horas.
Efeito
Cor
de distância de temperatura psíquico

Azul Afastamento Frio Calmante


Verde Afastamento Frio a neutro Muito calmante
Vermelho Aproximação Quente Muito estimulante
Laranja Muita aproximação Muito quente Excitante
Amarelo Aproximação Muito quente Excitante
Castanho Muita aproximação Neutro Agressivo, cansativo
Violeta Muita aproximação Frio Deprimente

Sugestão de
actividades de pesquisa

Actividade 5. Pesquise sobre as diferentes lâmpadas e identifique as mais


económicas.

Factores de risco associados a Ambiente térmico

O corpo humano consegue produzir calor através da actividade física.

Para evitar o excesso de calor, o nosso corpo reage com mecanismos de eliminação
de calor, como a transpiração, por exemplo.

Radiação Convecção

Metabolismo

Evaporação – suor
Circulação sangue

25
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
Reagimos às temperaturas ambientais, sentindo frio ou calor, passando por uma
zona que é designada por confortável do ponto de vista térmico – conforto térmico.

Então, se nos encontramos num ambiente com uma temperatura muito elevada ou
muito reduzida, o nosso organismo tem de realizar maior esforço para se adaptar,
podendo até mesmo não conseguir.

Os efeitos negativos para a nossa saúde começam quando são ultrapassados


os limites de esforço para gerar ou eliminar calor. No entanto, o nosso vestuário
também influencia a realização desse esforço.

Seguem-se alguns riscos mais comuns quando nos sujeitamos a ambientes de


calor intenso ou ambientes muito frios:

Ambientes de calor intenso

–– Golpe de calor.

–– Desmaios.

–– Desidratação.

–– Redução de capacidade muscular.

Ambientes muito frios

–– Hipotermia.

–– Redução de habilidades motoras como a destreza e a força.

–– Enregelamento dos membros devido à má circulação do sangue.

–– Congelamento.

O conforto térmico pode ser obtido através da aplicação de várias medidas no


local de trabalho, como, por exemplo:

Ambientes de calor intenso

–– V
 entilação natural ou artificial, que deve estar de acordo com o número
de trabalhadores, tipo de equipamentos e máquinas, exposição à
radiação, etc.

26
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
–– Pausas dos trabalhadores para repouso.

–– Reposição hídrica adequada (o trabalhador deve ingerir muitos líquidos).

–– Usar roupas e óculos adequados no caso de calor por radiação.

–– Isolar-se das fontes de calor.

Ambientes muito frios

–– Isolamento das fontes de calor.

–– Isolamento térmico das paredes e coberturas.

–– Pausas para repouso.

–– Uma boa alimentação.

–– Uso de roupas e óculos adequados.

Não devemos esquecer que na temperatura ideal se deve atender à natureza do


trabalho:

Trabalho sedentário – temperatura de 19 a 21º C


21

18 Trabalho ligeiro em pé – temperatura de 18º C


15
Trabalho pesado em pé – temperatura de 15 a 17º C

De uma maneira geral, podemos considerar que a temperatura óptima para o


nosso local de trabalho deve oscilar entre os 18º e os 22º C.

Factores de risco associados a Substâncias químicas perigosas

As substâncias perigosas, ou seja, quaisquer líquidos, gases ou sólidos que


ponham em risco a saúde ou a segurança dos trabalhadores, estão presentes em
quase todos os locais de trabalho.

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Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
Por todo o mundo, milhões de trabalhadores entram em contacto com agentes
químicos e biológicos susceptíveis de afectarem a sua saúde.

As substâncias perigosas estão presentes não só na indústria química, como


também em profissões como a agricultura, a enfermagem, a construção e em
muitas pequenas e médias empresas (PME) não ligadas à indústria química.

Se os riscos decorrentes da utilização de substâncias perigosas não forem


geridos de forma adequada, a saúde dos trabalhadores pode ser afectada de
diversas formas (desde ligeiras irritações oculares e cutâneas a asma, problemas
reprodutivos, deficiências congénitas e cancro).

Tal poderá acontecer através de uma única e curta exposição, de várias exposições
e da acumulação, a longo prazo, de substâncias no corpo.

Os empregadores são obrigados, por lei, a proteger os seus trabalhadores dos


riscos decorrentes da utilização de substâncias perigosas no local de trabalho.

28
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
Os empregadores têm de realizar avaliações dos riscos e actuar em conformidade
com os resultados das mesmas. Também existe legislação que regula a
identificação e rotulagem de milhares de substâncias registadas.

Os empregadores também são obrigados a fornecer aos


trabalhadores informações sobre os riscos associados às
substâncias perigosas e disponibilizar formação sobre a
sua utilização em condições de segurança.

Os regulamentos são aplicáveis tanto aos produtos


comercializados como aos resíduos e subprodutos
resultantes dos processos de produção.

Os valores limite de exposição profissional (VLE) ajudam a controlar a exposição


a substâncias perigosas no local de trabalho através da definição da concentração
máxima de uma substância (no ar) considerada segura.

Os valores-limite estão definidos mas cada Estado estabelece os seus próprios


VLE a nível nacional. Os VLE são estabelecidos pelas autoridades nacionais
competentes e outras instituições relevantes.

Os VLE podem ser vinculativos (o que significa que são de cumprimento obrigatório)
ou indicativos (dando uma ideia dos valores a atingir), podendo ser aplicáveis
tanto a produtos comercializados como a resíduos e subpro-
dutos resultantes dos processos de produção.

Os VLE constituem uma importante ferramenta de avaliação


e gestão dos riscos, fornecendo ainda informações muito
úteis para as actividades de saúde e segurança no trabalho
relacionadas com substâncias perigosas. Os empregadores
devem tomar medidas para assegurar que a exposição dos
seus trabalhadores não ultrapassa os valores-limite nacionais.

Todos os VLE têm por base o pressuposto de que os trabalhadores expostos são
adultos saudáveis, embora, em alguns casos, visem também proteger «subgrupos
sensíveis». Normalmente, os valores-limite de exposição não são aplicáveis, por
exemplo, a mulheres grávidas e lactantes, devendo ser adoptadas medidas
específicas, quando necessário, para proteger estes grupos.

29
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
O tempo médio de exposição constante das listas
de VLE é, normalmente, oito horas por dia (muitas
vezes designado por MP-8h ou média ponderada-
-8h). Os VLE baseiam-se geralmente no pressuposto
de que um trabalhador pode estar exposto a
uma substância durante uma vida profissional de
40 anos com 200 dias de trabalho por ano.
A exposição a certas substâncias pode ter efeitos graves sobre a saúde dos
trabalhadores. Algumas substâncias, tais como o amianto (que pode causar
cancro do pulmão e mesotelioma), foram proibidas ou estão sujeitas a um controlo
rigoroso.

Contudo, muitas substâncias que ainda são largamente utilizadas também podem
causar problemas de saúde graves se os riscos a elas associados não forem
geridos de forma adequada.

As substâncias podem ter diversos efeitos sobre a saúde, incluindo:

Efeitos agudos – Através de envenenamento, asfixia, explosão e incêndio.


– Doenças respiratórias (reacções das vias aéreas e dos
Efeitos de pulmões), tais como asma, rinite, asbestose e silicose.
longo prazo – Cancros relacionados com a actividade profissional (leucemia,
cancro do pulmão, mesotelioma, cancro da cavidade nasal).
– Doenças de pele.
– Problemas reprodutivos e deficiências congénitas.
Efeitos sobre a saúde, que
– Alergias.
podem ser simultaneamente
–Algumas substâncias podem acumular-se no corpo (por
agudos e de longo prazo
exemplo, metais pesados como o chumbo e o mercúrio ou
solventes orgânicos).
– Algumas substâncias podem ter um efeito cumulativo.
– Algumas substâncias podem penetrar através da pele.

Os trabalhadores com maior risco de sofrer de problemas de pele são os que


estão regularmente expostos a líquidos e à utilização de água, podendo conduzir
ao enfraquecimento da barreira de protecção natural da pele.

Ainda não se conhecem, ao certo, os efeitos que muitas substâncias têm sobre a
saúde humana e o ambiente.

30
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
A prevenção no local de trabalho deve começar
pela eliminação, proibição, substituição e quaisquer
outras medidas que minimizem a quantidade e
qualidade da exposição a substâncias e agentes
perigosos. Para tal, são necessários melhores
sistemas de gestão da saúde e segurança no
trabalho ao nível da empresa e sistemas, estratégias
e programas eficazes ao nível nacional e regional.

Prevenção e controlo dos riscos

Existe uma hierarquia de medidas que visam impedir ou reduzir a exposição dos
trabalhadores a substâncias perigosas.

– A melhor forma de reduzir os riscos relacionados com as substâncias


Eliminação perigosas é eliminar a necessidade de as utilizar, alterando o processo ou
o produto em que as mesmas são utilizadas.
– Quando a eliminação não é possível, a opção seguinte é a substituição da
Substituição substância perigosa ou do processo por outro que seja menos perigoso
nas condições em que é usado.
– Quando não é possível prevenir os riscos para os trabalhadores, convém
aplicar medidas de controlo que permitam eliminar ou reduzir os riscos
Controlo para a saúde dos mesmos, como a utilização de equipamento de protecção
individual (iremos abordar mais à frente), como máscaras que protegem os
olhos e a face, luvas, etc.

Factores de risco associados a Microorganismos (bactérias, vírus e fungos)

Os agentes biológicos são seres vivos de dimensões microscópicas, bem como


todas as substâncias derivadas dos mesmos que, estando presentes nos locais
de trabalho, podem provocar efeitos negativos na saúde dos trabalhadores em
situações de exposição por parte destes, como infecções, alergias, intoxicações,
entre outros.

31
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
Entre estes agentes contam-se as bactérias, os vírus, os fungos (leveduras
e bolores) e os parasitas.

Os agentes biológicos são classificados de acordo com o risco que representam


para a saúde.

Os trabalhadores de todas as áreas correm riscos biológicos, mas em especial os


trabalhadores:

–– em unidades de produção alimentar;

–– na actividade agrícola;

–– em actividades em contacto com animais;

–– em unidades de saúde;

–– em instalações de tratamento de águas residuais;

–– em unidades de recolha, transporte e eliminação de resíduos.

Formas de transmissão de agentes biológicos

via aérea poeiras água contaminada

picada alimentação perfuração por objectos


de insectos contaminada contaminados

Contacto com contacto com


agentes contaminados animais contaminados

32
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
Vias de entrada de agentes biológicos

Via respiratória

Via cutânea

Via digestiva

Via parenteral

Os riscos biológicos são avaliados em função do(a):

• poder patogénico do agente infeccioso;


• resistência no meio ambiente;
• modo de contaminação;
• importância da contaminação (dose);
• estado de defesa imunitária do manipulador;
• possibilidade de tratamento preventivo e curativo eficaz;

A classificação dos agentes biológicos leva em consideração os seguintes riscos:

• risco infeccioso;
• risco de propagação à comunidade;
• profilaxia ou tratamento eficaz;

Medidas de prevenção recomendadas

• L imitar ao mínimo o número de trabalhadores expostos ou com possibilidade


de o serem.

33
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
• M
 odificar os processos de trabalho e das medidas técnicas de controlo
para evitar ou minimizar a disseminação dos agentes biológicos no local
de trabalho.
• A
 plicar medidas de protecção colectiva e individual, se a exposição não
puder ser evitada por outros meios.
• A
 plicar medidas de higiene compatíveis com os objectivos da prevenção
ou redução da transferência ou disseminação acidental de um agente
biológico para fora do local de trabalho.
• U
 tilizar o sinal indicativo de perigo biológico, ou outra sinalização apropriada,
de acordo com a sinalização de segurança em vigor.
• E
 laboração de planos de acção em caso de acidentes que envolvam
agentes biológicos.
• A
 higiene das instalações e a higiene pessoal são medidas preventivas
importantes.

Lavar as mãos é das medidas preventivas mais eficazes e ao mesmo tempo das
mais simples.

Observe como se deve lavar as mãos correctamente.

1 4 1 Enxague as mãos com água


quente.

2 Aplique sabão suficiente para


lavar as mãos completamente.

3 Lavar as mãos até aos cotovelos,


2 5 entre os dedos e por baixo das
unhas pelo menos durante 20
segundos.

4 Limpe o sabão completamente.

5 Use toalhas de papel para fechar


a água.
3 6

6 Secar completamente as mãos


usando toalhas de papel ou
secador de ar.

34
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
Factores de risco associados a Máquinas e equipamentos

Na maioria dos locais de trabalho encontram-se máquinas e equipamentos.


Logo, é necessário conhecermos como funcionam e os riscos associados no seu
funcionamento.

Actualmente, a maioria das máquinas que são comercializadas para as diversas


actividades profissionais estão concebidas para serem utilizadas em condições
de segurança.

Existem algumas máquinas perigosas, tais como máquinas de furar, de corte,


de talhar (esmeriladoras, serras, rebarbadoras, guilhotinas, etc.), ferramentas
manuais (martelos, limas, chaves de fendas, tesouras, etc.), máquinas de soldas,
entre outras.

As esmeriladoras usam-se muito em trabalhos com metais. O tipo de acidentes


mais comum com estas máquinas são feridas nos olhos causadas por aparas ou
estilhaços, provenientes do disco esmerilador.

O trabalho com máquinas representa sempre riscos, particularmente quando se


trata de máquinas com mecanismos de esmagar ou triturar, isto é, com superfícies
que rodam muito perto uma da outra. Como exemplo temos máquinas de
destruição de materiais, rodas dentadas, correntes, engrenagens, etc.

35
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
A melhor maneira de evitar acidentes quando se trabalha
com este tipo de máquinas é cobrir o mecanismo de
prensa ou, quando isso não é possível, colocar uma grade
de protecção à volta desse mecanismo.
Capacete
com viseira
COMO EVITAR FERIDAS NA VISTA Protectora

Para evitar feridas nos olhos devem usar-se certos tipos


de protecção. Esta protecção pode consistir num tabique
de vidro não-estilhaçante, que se monta na máquina de
esmerilar, e/ou usar óculos de protecção adequados.

PROTECTORES CONTRA ESTILHAÇOS E PROTECTORES DE MANGAS

Para diminuir os riscos de acidentes no caso de uma roda


de esmerilar se partir, a máquina deve ter um protector
contra estilhaços. Este protector também ajuda a
resguardar o trabalhador, evitando que este, sem querer,
entre em contacto com o disco de esmerilar.

Geralmente as máquinas de esmerilar, fixas ou manuais,


têm um extractor de ar. Se não houver um extractor de ar,
o trabalhador deve utilizar uma máscara de protecção da
respiração.

O trabalho com máquinas de furar representa riscos de acidentes tanto com a


broca como com o objecto que está a ser furado.

Uma causa comum de acidentes é quando a broca se encrava com a manga da


camisa. Este risco pode reduzir-se, usando ligas/faixas protectores especiais para
segurar as mangas juntas ao braço.

Pessoas que têm o cabelo comprido devem usar redes para segurar o cabelo.

Estas regras devem ser aplicadas em todos os tipos de trabalho com máquinas
que têm partes rotativas.

36
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
Riscos a evitar

Deslocamento da peça. No caso de peças grandes para as quais se pode dispensar


a utilização de um torno de mão, é necessário utilizar «castanhas» de aperto para
evitar o deslocamento da peça.

MÁQUINAS DE VIBRAÇÃO

As vibrações afectam todo o sistema de vida do corpo humano. E, à medida


que a exposição se prolonga, mais se acentua a deterioração e se agravam as
consequências.

Os efeitos prejudiciais causados pelas vibrações não se resumem a uma só lesão,


mas a várias que, de modo geral, se englobam em cinco categorias:

• Lesão neurológica: afecta o sentido do tacto.

• Aspecto vascular: afecta a circulação do sangue nos dedos.

• Lesão neuro-vascular: afecta a força muscular.

• Elasticidade muscular: afecta a capacidade de abrir ou fechar completa-


mente os dedos e as mãos.

• Lesão ósteo-articular: afecta a qualidade dos ossos; provoca dores que


bloqueiam os movimentos da mão.

37
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
No entanto, existem outros efeitos causados pela exposição prolongada
a máquinas vibratórias, como o quadro seguinte demonstra:

Vibrações no corpo inteiro Vibrações na mão-braço

Danos físicos irreversíveis Síndrome dos dedos brancos


– lumbago isquémico; – falta de sensibilidade e controlo;
– sistema circulatório; – tremura dos dedos;
– sistema urológico. – destruição das artérias e nervos das
mãos.
Distúrbios no sistema nervoso central Danos nos tendões e músculos entre
– fadiga; o pulso e o cotovelo
– insónia;
– dor de cabeça;
– tremuras.

Em relação ao uso de máquinas, há riscos eléctricos associados que serão


abordados no tema seguinte.

Devem fazer-se inspecções periodicamente. A regularidade depende da rapidez


com que o equipamento técnico se gasta. Este controlo contínuo deve ser feito
por uma pessoa competente e com habilitações adequadas.

A inspecção deve ser feita de acordo com as instruções da empresa que forneceu
o equipamento, as quais têm muitas vezes a forma de lista de controlo.

Saber mais
ALFABETO DE PREVENÇÃO NA MÁQUINA
Ver ANEXO A no final deste livro.

Factores de risco associados a Electricidade

A electricidade pode provocar acidentes, tais como:

• electrocussão;

• incêndios.

A electrocussão (choque eléctrico) ocorre quando uma pessoa toca numa peça
pela qual passa a corrente eléctrica.

38
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
Os incêndios podem ocorrer quando há um curto-circuito, desenvolvendo-se
nessa situação um calor intenso.

Os acidentes com electricidade são frequentemente causados por:


• inconsciência ou falta de cuidado (ex: não se
verifica se os aparelhos de protecção estão
em condições);

• n
ão seguimento ou desconhecimento das
regras de segurança;

• n
 ão ter em atenção que todo o trabalho em instalações eléctricas deve
ser feito por electricistas.

Os efeitos possíveis da corrente eléctrica no Homem são os seguintes:

1. Contracção muscular fraca ou média.

2. Sensação de tetanização (contracção muscular forte).

3. Perda de conhecimento.

4. Paralisia do cérebro.

5. Paralisia dos diferentes órgãos.

6. Decomposição do sangue.

7. Aumento da temperatura do corpo.

8. Queimaduras nos pontos de contacto.

9. Contracção muscular dolorosa e fibrilação ventricular.

10. Perda da capacidade mental e da sensibilidade.

11. Incapacidade total.

12. Morte.

*Os efeitos de 1 a 7 não provocam a morte, enquanto que os seguintes (8, 9, 10 ,11 ,12) podem provocar
a morte se a vítima não for prontamente socorrida.

39
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
Medidas a tomar no caso de acidente eléctrico:

• desligar imediatamente a corrente;

• n
 unca libertar a vítima se não estivermos
devidamente isolados;

• não fazer nada com condutores de alta tensão.

Cuidados a ter com as máquinas eléctricas

• Assegurar que são construídas adequadamente.

• Assegurar que são mantidos em bom estado de funcionamento.

• A
 s partes por onde passa a corrente eléctrica devem estar devidamente
isoladas.

• As partes exteriores devem estar devidamente ligadas à terra.

• O
 s que trabalham com máquinas eléctricas devem estar sobre qualquer
tipo de material isolador e usar sapatos com sola de borracha.

• Os fios e cabos ligados a uma máquina devem estar fixos numa parede.

• Nunca usar tomadas que não tenham pólo de terra.

• Nunca introduzir fios nus em tomadas.

• T
 er muito cuidado com os fios e cabos de aparelhos portáteis (ex: gambiarras
e candeeiros de mesa) pois estes desgastam-se facilmente o que pode
provocar curto-circuitos e explosões.

• Não ligar logo as máquinas ou ferramentas se estas foram limpas com álcool.

• Não utilizar a canalização da água ou gás como ligação à terra.

• Não pendurar os fios e cabos eléctricos em pregos ou ganchos metálicos.

• Evitar puxar ou arrastar os cabos eléctricos.

Saber mais
DEZ REGRAS DE OURO PARA QUEM NÃO É ELECTRICISTA
Ver ANEXO B no final deste livro.

COMPORTAMENTO A ADOPTAR EM RELAÇÃO AOS ACIDENTES ELÉCTRICOS


Ver ANEXO C no final deste livro.

40
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
4.2 A adaptação do trabalho ao Homem – Ergonomia

Os utensílios de trabalho, desde a simples enxada à mais sofisticada máquina,


devem ser fabricados à medida do Homem.

A Ergonomia é a ciência que tenta adaptar os utensílios de trabalho às


características físicas e psicológicas dos trabalhadores.

A sua finalidade é a de aumentar a eficácia do trabalho realizado e prevenir a


fadiga, acidentes de trabalho e doenças profissionais.

O ambiente em que se exerce o trabalho tem sempre riscos que vão enfraquecendo
os sentidos, causando traumatismos, e por vezes ceifando vidas.

A produtividade e a fadiga dependem muito do ambiente de trabalho, como por


exemplo dos móveis, ferramentas e máquinas. Por exemplo, o trabalho intelectual
não se dá com um ambiente ruidoso, mal iluminado e com móveis que produzam
fadiga física.

Cada população de um país tem uma altura média para o homem e outra para a
mulher, o que implica, para reduzir a fadiga, que os móveis e utensílios de trabalho
devam ser diferentes para cada sexo.

Primeira conclusão: os móveis de trabalho e de repouso, para o homem e para a


mulher, devem ser ajustados às dimensões do seu corpo.

41
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
Segunda conclusão: todo o móvel ou utensílio de trabalho tem de satisfazer
a dimensão humana que o vai usar. Caso contrário, a produtividade é menor,
a fadiga é maior e o processo de envelhecimento acelerado.

Assim, quando vamos projectar qualquer móvel ou utensílio de trabalho, devemos


ter em atenção as dimensões do corpo humano.

42
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
Posturas correctas

Conforme a actividade profissional desempenhada, o trabalhador deve adoptar a


posição mais correcta para o seu corpo.

Infelizmente, em muitas fábricas, oficinas, escritórios, os trabalhadores são


colocados perante maquinaria e mobiliário cujas dimensões não são as mais
indicadas.

x Posição incorrecta √ Posição correcta

A figura da direita mostra-nos posições de trabalho incorrectas. A costas estão


curvadas o que faz com que os músculos dorsais se deformem, aumentando
a fadiga. A respiração e o funcionamento dos órgãos digestivos fazem-se com
dificuldade. Ao trabalhar de pé, o corpo deve estar numa posição direita e natural.
Para isso, sempre que necessário, a altura da superfície de trabalho deve ser
adaptada à estatura do trabalhador.

É que o trabalho efectuado em superfície muito alta provoca dores nos ombros,
na nuca e nos braços.

Por outro lado, se a superfície for baixa, deve ser elevada ou então pôr à disposição
do(a) trabalhador(a) um banco de altura regulável.

Se o(a) trabalhador(a) tiver de trabalhar todo o dia de pé, as pernas terão tendência
a inchar pois o sangue concentra-se nas pernas e, como os músculos não se
mexem suficientemente, o sangue não é enviado para o coração na quantidade
necessária.

43
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
Caso não sejam tomadas medidas, essas pessoas sentir-se-ão muito cansadas.

Para as pessoas que têm de trabalhar de pé durante muito tempo, recomenda-se:

• sempre que possível, executar o trabalho por momentos sentada;

• sentar-se durante as interrupções de trabalho;

• durante os intervalos maiores, pôr as pernas numa posição elevada.

Movimentação manual de cargas

O que é a movimentação manual de cargas?

A movimentação manual de cargas é qualquer uma das seguintes actividades,


executada por um ou diversos trabalhadores: levantar, agarrar, abaixar, empurrar,
puxar, transportar ou deslocar uma carga. A carga pode ser animada (uma pessoa
ou um animal) ou inanimada (um objecto).

O risco de dores lombares pode ser reduzido seguindo as recomendações de


movimentação/levantamento que se indicam de seguida.

• Evitar armazenar objectos em locais muito altos ou muito baixos.

• Adquirir os materiais em caixas pequenas e de fácil manuseamento.

• Providenciar pegas.

• Programar o trabalho por forma a evitar a torção.

• Eliminar posturas estáticas ou dobradas.

• Providenciar ajuda mecânica.

44
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
Sempre que levantar ou transportar cargas deve:

√ x

1 Manter o objecto junto ao corpo. 4 Evitar a torção ou a inclinação do corpo.

2 Manter uma postura lombar neutra. 5 Evitar movimentos bruscos ou amplos.

3 Manter a zona da cervical direita. 6 Pedir ajuda sempre que se justifique.

√ x

4.3 O stress no trabalho

Muitas vezes o nosso organismo apresenta alterações fisiológicas, psicológicas e


comportamentais resultantes de uma resposta continuada ao trabalho, o que se
designa por stress. O stress pode causar problemas de saúde mental e física ao
trabalhador.

Muitos factores podem estar na origem do stress relacionado com o trabalho,


nomeadamente:

–– e
 xigências impostas, tais como o facto de ter muito ou pouco para fazer
e estar exposto a riscos físicos, como ruído, má iluminação, etc;

45
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 4
Riscos profissionais
–– relacionamento no local de trabalho;

–– excesso de horas de trabalho;

–– insatisfação no trabalho.

A entidade empregadora tem a obrigação legal de proteger a saúde e segurança


no local de trabalho, identificando as causas do stress no local de trabalho, avaliar
os riscos e tomar medidas preventivas.

Porém, para obter melhores resultados deverá cooperar com a sua empresa.
Seguem-se algumas sugestões.

–– N
 o caso de ter algum problema, fale com o seu superior, sindicato ou
outra entidade representante.

–– C
 ontribua para identificar problemas, encontrar soluções e meios de
implementá-las.

–– Consulte o seu médico se sentir que a sua saúde é afectada.

Sugestão de
actividades de pesquisa

Actividade 6. Pesquise sobre a influência do exercício físico na prevenção do


stress no trabalho.

46
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 5
Prevenção nos locais de trabalho
MÓDULO 5
Prevenção nos locais de trabalho

Objectivos

Promover a aplicação dos princípios da prevenção de riscos profissionais,


nomeadamente a protecção colectiva e a protecção individual.

5.1 Protecção colectiva

São todos os dispositivos de uso colectivo, destinados a proteger a integridade


física dos trabalhadores.

Indicam-se de seguida os procedimentos a seguir no que toca a dispositivos de


protecção colectiva.

• Usá-los apenas para a finalidade a que se destinam.

• Responsabilizar-se pela sua guarda e conservação.

• Comunicar qualquer alteração que os torne impróprios para o uso.

• Adquirir o tipo adequado à actividade do(a) empregado(a).

• Treinar o(a) trabalhador(a) sobre o seu uso adequado.

• Tornar obrigatório o seu uso.

• Substituí-lo quando danificado ou extraviado.

Exemplos de Equipamentos de Protecção Colectiva (EPC): extintores de incêndio,


lava-olhos, capelas.

Vários equipamentos Extintores Capela


de protecção de incêndio de exaustão

47
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 5
Prevenção nos locais de trabalho
5.2 Protecção individual

Qualquer equipamento destinado a ser usado ou detido pelo trabalhador para a


sua protecção, contra um ou mais riscos susceptíveis de ameaçar a sua segurança
ou saúde no trabalho.

A entidade patronal deve fornecer gratuitamente aos trabalhadores Equipamento


de Protecção Individual (EPI) em bom estado:

–– adequados relativamente aos riscos a prevenir;


–– q
 ue não sejam eles próprios geradores de novos
riscos;

–– q
 ue tenham em conta parâmetros pessoais
associados ao utilizador e à natureza do seu
trabalho.

A regra é um equipamento para cada pessoa exposta! Se


forem fornecidos a um trabalhador vários EPI, estes devem
ser compatíveis entre si.

Se um EPI servir para vários trabalhadores, será necessário velar pelo respeito
das regras de higiene.

A entidade patronal deve velar para que as informações necessárias à utilização


dos EPI se encontrem disponíveis na empresa sob uma forma que possa ser
facilmente compreendida pelos trabalhadores que os utilizam, a cujo conhecimento
elas devem ser levadas.

A entidade patronal deve organizar sessões de formação e de treino dos


trabalhadores em causa, a fim de garantir uma utilização dos EPI em conformidade
com as instruções.

48
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 5
Prevenção nos locais de trabalho
Os EPI devem ser usados pelos trabalhadores exclusivamente nas circunstâncias
para as quais são recomendados e depois da entidade patronal ter informado
cada trabalhador da natureza dos riscos contra os quais o referido EPI o(a) protege.

Exemplos:

Protecção da cabeça

A cabeça deve ser adequadamente protegida perante o risco de queda de


objectos pesados, pancadas violentas ou projecções de partículas.

A protecção da cabeça obtém-se mediante o uso do capacete de protecção,


o qual deve apresentar elevada resistência ao impacto e à penetração.

Protecção das vias respiratórias

A atmosfera dos locais de trabalho encontra-se, muitas vezes, contaminada em


virtude da existência de agentes químicos agressivos, tais como gases, vapores,
neblinas, fibras, poeiras.

A protecção das vias respiratórias


é feita através dos chamados
dispositivos de protecção respiratória
– aparelhos filtrantes (máscaras).

49
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 5
Prevenção nos locais de trabalho
Protecção dos ouvidos

Há fundamentalmente dois tipos de protectores de ouvidos: os auriculares (ou


tampões) e os auscultadores (ou protectores de tipo abafador).

Os auriculares são introduzidos no canal auditivo externo e visam diminuir a


intensidade das variações de pressão que alcançam o tímpano.

Protectores
de ouvidos

Protecção dos olhos e do rosto

Os olhos constituem uma das partes mais sensíveis do corpo onde os acidentes
do corpo podem atingir a maior gravidade.

As lesões nos olhos, ocasionadas por acidentes de trabalho, podem ser devidas
a diferentes causas, como as que a seguir se indicam.

–– Acções mecânicas, através de poeiras, partículas ou aparas.

–– A
 cções ópticas, através de luz visível (natural ou artificial), invisível
(radiação ultravioleta ou infravermelho) ou ainda raios laser.

–– Acções térmicas, devidas a temperaturas extremas.

–– A
 cções químicas, através de produtos corrosivos (sobretudo ácidos e
bases) no estado sólido, líquido ou gasoso.

50
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 5
Prevenção nos locais de trabalho
5.3 Sinalização de segurança

A sinalização de segurança tem por objectivo chamar a atenção das pessoas,


de forma rápida e inequívoca, para as situações que, nos espaços onde elas se
encontram, comportem riscos para a sua segurança.

A sinalização de segurança deverá existir em


todos os locais de trabalho, qualquer que seja a
actividade, para abranger quer os trabalhadores
quer todos aqueles que temporariamente aí se
encontrem (ex.: visitas, fornecedores, prestadores
de serviços externos), mas também nos locais que
habitualmente se encontram abertos ao público.

A sinalização de segurança e saúde reveste várias formas - sinais coloridos;


acústicos; verbais; gestuais - adaptando-se à situação que pretendem prevenir,
mas de certo modo, todas elas se complementam entre si.

A forma utilizada, a cor, o número e dimensão dos sinais de segurança dependerão


da importância dos riscos, dos perigos existentes e da extensão da zona a cobrir.

Todos os equipamentos de sinalização de segurança deverão ser mantidos


em bom estado de conservação (limpeza e funcionamento), não devendo ser
confundida ou afectada por qualquer outro tipo de sinalização ou fonte emissora
estranha à sinalização de segurança.

Formas de sinalização

Existem várias formas de sinalização universais e que se complementam entre si:

–– S
 inais coloridos (pictogramas ou luminosos) para assinalar riscos ou dar
indicações.

–– Sinais acústicos, habitualmente para assinalar situações de alarme e de


evacuação.

–– Comunicação verbal.

–– Sinais gestuais para que, quando a comunicação de viva voz não seja
possível, se possam dar as indicações necessárias.

51
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 5
Prevenção nos locais de trabalho
SINAIS COLORIDOS (PICTOGRAMAS)

A forma geométrica e o significado dos sinais de segurança, bem como a


combinação das formas e das cores e seu significado nos sinais estão indicados
nos quadros seguintes.

Forma Forma
Significado
Geométrica Cores

Sinais de obrigação Material de


e de proibição Vermelho Proibição combate a
incêndios
Sinais de perigo amarelo Perigo

Segurança em
Sinais de emergência, verde situação de
emergência
de indicação e informações
adicionais azul Obrigação Informação

Apresentam-se seguidamente alguns sinais relativos à sinalização de segurança


e saúde. De qualquer forma, existem disponíveis no mercado outros sinais.

Sinais de proibição

Proibição de fumar Proibição de fazer passagem proibida


lume e de fumar a peões

Proibição de apagar água Não potável proibida a entrada


com água a pessoas não
autorizadas

Passagem proibida a Não tocar Não comer


veículos de movimento e/ou beber
de cargas

52
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 5
Prevenção nos locais de trabalho
Sinais de obrigação

Protecção Obrigatória Protecção Obrigatória Protecção Obrigatória


dos olhos dos ouvidos do rosto

Protecção Obrigatória Obrigatório Lavar Protecção Obrigatória


das mãos as Mãos dos pés

Sinais de aviso

Perigos Perigo Perigo de


Vários de incêndio electrocussão

Perigo Substâncias Perigo Zonas Perigo de


corrosivas quentes intoxicação

Sinais de salvamento e emergência

Agulheta de incêndio escada extintor telefone para luta


contra incêndios

direcção a seguir

(Faixas amarelas e negras ou vermelhas e brancas)

53
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 6
Organização da emergência na empresa
MÓDULO 6
Organização da emergência na empresa

Objectivos

Neste módulo ficará a saber promover a aplicação dos princípios da prevenção de


riscos profissionais, nomeadamente a protecção colectiva e a protecção individual.

6.1 Organização da emergência na empresa

A existência de um plano de emergência no local de trabalho é muito importante


por diversas razões. Primeiro, dota a organização/empresa de um nível de
segurança eficaz, identificando os riscos a que estão expostos os trabalhadores
no local de trabalho, bem como as medidas de prevenção e protecção.

Na comunidade onde a empresa se encontra inserida,


acabará por existir, dessa forma, um reforço da
credibilidade, por esta elaborar e testar um plano de
emergência em que os seus trabalhadores sairão
beneficiários, possuindo novos conhecimentos sobre
segurança.

Com um plano de emergência devidamente testado por todos, verifica-se uma


interacção desde a base até à cúpula, por todos participarem na elaboração do plano.

Assim, com um plano de emergência aprovado, a empresa poderá recuperar mais


facilmente de uma situação de emergência. A empresa tem a obrigação de zelar
pela segurança dos seus funcionários e o plano de emergência eficaz é um dos
elementos para a implementação de uma cultura de segurança.

Este deverá ser elaborado tendo em conta as directivas da Protecção Civil e nele
devem constar:

–– a tipificação dos riscos;

–– as medidas de prevenção a adoptar;

–– a
 identificação dos meios e recursos mobilizáveis em situação de
emergência;

54
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 6
Organização da emergência na empresa
–– o
 s critérios de mobilização e mecanismos de coordenação dos meios e
recursos, públicos ou privados, utilizáveis;

–– a
 estrutura operacional que há-de garantir a unidade de direcção e o
controlo permanente da situação;

–– a
 definição das responsabilidades que incubem aos organismos com
competências no domínio da protecção civil.

O quadro seguinte resume os vários aspectos que um plano de emergência


deverá ter em conta:

Aspectos a privilegiar

Identificação e – Identificação e localização da empresa


caracterização do – Descrição das instalações
espaço – Identificação das fontes de energia
– Listagem dos meios humanos

Generalidades
Identificação dos – Riscos externos
riscos – Riscos internos
Meios e recursos – Equipamento de 1.ª intervenção
– Meios de alarme e alerta
– Acesso de viaturas de socorro
– Organismos de apoio
Estrutura interna de – Conselho de segurança (organigrama e
segurança funções)
– Diagrama de activação
Organização Plano de evacuação – Procedimento que todos os elementos da
da segurança empresa devem ter em conta numa situação de
evacuação
Plano de intervenção – Distribuição das funções e obrigações
individuais numa situação de emergência
Instruções gerais – Normas gerais a contemplar numa situação
de emergência por todos os elementos da
empresa
Instruções Instruções especiais – Membros da direcção
de segurança – Coordenadores de ala/piso
– Equipas de intervenção
Instruçoes particulares – Espaços específicos que necessitam de normas
particulares (ex. cozinha)
Verificação de – Informação sobre o modo de controlo periódico
instalações técnicas e
Exercícios de segurança
e treinos
Exercícios de – Informação sobre a periodicidade dos
evacuação simulacros

55
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 6
Organização da emergência na empresa
Sugestão de
actividades de pesquisa

Actividade 7. Pesquise sobre o que deve ter um plano de emergência de uma


empresa.

56
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 7
Direitos e deveres das partes face à prevenção
MÓDULO 7
Direitos e deveres das partes face à prevenção

Objectivos

Neste módulo ficará a saber promover uma cultura de prevenção e segurança, ao


nível da implementação de planos de emergência na empresa.

7.1 Direitos e deveres do empregador

O empregador tem a responsabilidade e obrigação de garantir as condições de


higiene, segurança e saúde no trabalho dos seus funcionários.

–– Organizar os serviços de HSST.

–– Dar formação aos trabalhadores.

–– C
 riar condições favoráveis à prevenção dos riscos profissionais e
promoção da saúde dos trabalhadores.

–– Indemnizar o trabalhador pelos prejuízos resultantes de acidentes de


trabalho.

Por seu lado, o empregador tem o direito de ver cumpridas e respeitadas, por
parte dos trabalhadores, as regras de segurança estabelecidas na empresa.

Artigo 43.º
(Deveres do empregador)

São deveres do empregador:



a) Tratar e respeitar o trabalhador como seu colaborador e contribuir
para a elevação do seu nível material e cultural e para a sua promoção
humana e social.
b) Contribuir para o aumento do nível de produtividade, proporcionando
boas condições de trabalho e organizando-o de forma racional.
c) 
Pagar pontualmente ao trabalhador o salário justo e adequado
ao trabalho realizado, praticando regimes salariais que atendam
à complexidade do posto de trabalho, ao nível da qualificação,
conhecimento e capacidade do trabalhador da forma como se insere
na organização do trabalho e aos resultados no trabalho desenvolvido.

57
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 7
Direitos e deveres das partes face à prevenção
d) Favorecer boas relações de trabalho dentro da empresa, atender na media
do possível aos interesses e preferências dos trabalhadores quando da
organização do trabalho e contribuir para a criação e manutenção de condições
de paz social.
e) R
 ecolher e considerar as críticas, sugestões e propostas dos trabalhadores
relativas à organização do trabalho e mantê-los informados das decisões
tomadas em todos os assuntos que directamente lhes respeitem ou de que
possam resultar alterações nas condições de prestação do trabalho.
f) 
Proporcionar aos trabalhadores meios de formação e aperfeiçoamento
profissional, designadamente elaborando planos de formação profissional e
adoptando as medidas necessárias à sua execução.
g) Tomar as medidas adequadas de higiene e segurança no trabalho, cumprir
rigorosamente e velar pelo cumprimento das normas legais e das directivas
das entidades competentes sobre higiene e segurança sobre o cumprimento
das normas e regras de higiene e segurança no trabalho e sobre medicina no
trabalho e instruir constantemente sobre higiene e segurança no trabalho.
h) 
Assegurar a consulta dos órgãos de representação dos trabalhadores em
todas as matérias em que a lei estabelece a obrigação de serem informados
e ouvidos e facilitar, nos termos legais, os exercícios de funções sindicais e de
representação dos trabalhadores.
i) Não celebrar nem aderir a acordos com outros empregadores no sentido de
reciprocamente limitarem a admissão de trabalhadores que a eles tenha
prestados serviços e não contratar, sob forma de responsabilidade civil,
trabalhadores ainda pertencentes ao quadro de pessoal doutro empregador,
quando dessa contratação possa regular concorrência desleal.
j) Cumprir todas as demais obrigações legais relacionadas com a organização e
prestação do trabalho.

7.2 Direitos e deveres do trabalhador

Na colaboração de um bem-estar de higiene, segurança e saúde no trabalho os


trabalhadores têm vários deveres/obrigações e direitos.

De acordo com a Lei Geral do Trabalho angolana:

Direitos

Artigo 45.º
(Direitos do trabalhador)

1. Além dos direitos fundamentais previsto no artigo 6.º e outros estabelecidos


nesta lei, nas convenções colectivas de trabalho e no contrato individual de
trabalho, ao trabalhador são assegurados os seguintes direitos:
a) Ser tratado com consideração e com respeito pela sua integridade e
dignidade.

58
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 7
Direitos e deveres das partes face à prevenção
b) Ter ocupação efectiva e condições para o aumento da produtividade do trabalho.
c) Ser-lhe garantida estabilidade do emprego e do trabalho e a exercer funções
adequadas às suas aptidões e preparação profissional dentro do género do
trabalho para que foi contratado.
d) Gozar efectivamente os descansos diários, semanais e anuais garantidos por lei
e não prestar trabalhado extraordinário fora das condições em que a lei torne
legítima a exigência da sua prestação.
e) 
Receber um salário justo e adequado ao seu trabalho, a ser pago com
regularidade e pontualidade, não podendo ser reduzido, salvo nos casos
excepcionais previsto por lei.
f) Ser abrangido na execução dos planos de formação profissional, para melhoria
do desempenho e acesso à promoção e para evolução na carreira profissional.
g) Ter boas condições de higiene e segurança no trabalho, a integridade física e a
ser protegido no caso de acidente de trabalho e doenças profissionais.
h) Não realizar, durante o período normal de trabalho, reuniões de índole partidária
no centro de trabalho.
i) Exercer individualmente o direito de reclamação e recurso no que respeita às
condições de trabalho e à violação dos seus direitos.
j) Ser abrangido a adquirir bens ou utilizar serviços fornecidos pelo empregador ou
por pessoa por este indicado.

Deveres

Artigo 46.º
(Deveres do trabalhador)

São deveres do trabalhador:


a) Prestar o trabalho com diligência e zelo na forma, tempo e local
estabelecido, aproveitando plenamente o tempo de trabalho e
capacidade produtiva e contribuindo para a melhoria da produtividade.
b) Cumprir e executar as ordens e instruções dos responsáveis, relativas
à execução, disciplina e segurança no trabalho, salvo se contrário aos
seus direitos garantidos por lei.
c) Comparecer ao trabalho com assiduidade e pontualidade e avisar o
empregador em caso de impossibilidade de comparência, justificando
os motivos da ausência, sempre que solicitado.
d) 
Respeitar e tratar com respeito e lealdade o empregador, os
responsáveis os companheiros do trabalho e as pessoas que estejam
ou entrem em contacto com a empresa e prestar auxílio em caso de
acidente ou perigo no local de trabalho.
e) Utilizar de forma adequada os instrumentos e materiais fornecidos
pelo empregador para a realização do trabalho, incluindo os
equipamentos de protecção individual e colectiva e proteger os bens
da empresa e os resultados da produção contra danos, destruição,
perdas e desvios.

59
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 7
Direitos e deveres das partes face à prevenção
f) Cumprir rigorosamente as regras e instruções de segurança e higiene no trabalho
e de prevenção de incêndios e contribuir para evitar riscos que possam pôr em
perigo a sua segurança, dos companheiros, de terceiros e do empregador, as
instalações e materiais da empresa.
g) Guarda sigilo profissional, não divulgando informações sobre a organização,
métodos e técnicas de produção, negócios do empregador, guardar lealdade,
não negociando ou trabalhando por conta própria ou por conta alheia em
concorrência com a empresa.
h) Cumprir as demais obrigações impostas por lei ou convenção colectiva de
trabalho, ou estabelecidas pelo empregador dentro dos seus poderes de
direcção e organização.

60
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

MÓDULO 8
A importância de um Sistema de Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho
MÓDULO 8
A importância de um sistema de Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho

Objectivos

Neste módulo ficará a conhecer as vantagens de promover uma cultura de


prevenção e segurança na empresa.

8.1 A
 importância de um sistema de Higiene, Saúde e Segurança
no Trabalho

A implementação de um sistema de Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho tem


inerente, as vantagens competitivas que a seguir se indicam.

• Melhorar a imagem da organização.

• Evidência do compromisso de cumprimento da legislação.

• Obter uma vantagem competitiva relativamente à concorrência.

• Aumento da motivação dos colaboradores.

• Melhorias significativas nas condições de trabalho.

• Redução de riscos de acidentes e de doenças profissionais.

• Redução de custos sociais e económicos.

• Criar uma cultura no sentido da melhoria contínua da organização.

61
Anexos
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

ANEXOS
ANEXO A

ALFABETO DE PREVENÇÃO NA MÁQUINA

A
Abolir improvisações na condução e utilização das máquinas.

B
Banir a prática de dar assistência às máquinas em marcha.

C
Cooperar com o encarregado e a comissão de segurança da empresa, cumprindo
o regulamento interno de segurança e as disposições legais sobre a matéria.

D
Desligar a corrente em caso de avaria ou curto-circuito. Retirar os fusíveis, se
possível, e avisar o Encarregado de Segurança.

E
Estabelecer zonas de passagem para veículos e peões, devidamente assinalados,
bem como espaço de circulação à volta das máquinas, nunca sendo inferior
a 80 centímetros a distância entre máquinas.

F
Fazer deslocar as correias de transmissão por intermédio de forquilha adequada
e não à mão.

G
Garantir a revisão e assistência periódica às máquinas, tendo especial atenção às
peças sujeitas a maior esforço e maior desgaste.

H
Habilitar os aprendizes com os conhecimentos suficientes para a condução das
máquinas, realçar-lhes os pontos perigosos e aconselháveis sobre o que não
devem fazer para que não sejam vítimas de acidente.

63
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

ANEXOS
I
Imprimir instruções sobre as máquinas, bem como o regulamento interno de
segurança e distribuí-los a todos os trabalhadores, logo no momento da sua
admissão.

J
Juntar a cada máquina um recipiente para a recolha dos desperdícios, que deve
ser despejado diariamente.

L
Lubrificar as máquinas apenas quando estiverem paradas. Quando o processo
tecnológico exigir lubrificação com as máquinas em marcha, este deve fazer-se
sob a supervisão do Encarregado de Segurança.

M
Manter as protecções adequadas nas máquinas em marcha. Nunca iniciar
a marcha de uma máquina que não tenha as respectivas protecções.

N
Nunca retirar as protecções com as máquinas em marcha; os dispositivos de
protecção só podem ser retirados com as máquinas paradas e só durante o tempo
necessário à sua assistência e reparação.

O
Observar atentamente a zona de operações e cumprir as instruções do fabricante.

P
Permitir apenas ao respectivo condutor a manobra de qualquer máquina,
impedindo os restantes trabalhadores de o fazer.

Q
Quebrar os rebolos e discos que apresentem fendas para evitar que sejam usados
inadvertidamente e desta maneira serem causa de acidente por fragmentação
a alta velocidade.

64
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

ANEXOS
R
Renunciar à reparação de uma máquina em marcha, mesmo que a avaria seja
pequena. Deve-se parar a máquina, dar conhecimento ao Encarregado de
Segurança e solicitar a comparência da equipa de assistência e manutenção.

S
Solicitar o conselho do Encarregado de Secção ou Oficina ou ainda do Encarregado
de Segurança, sempre que algo de anormal ocorrer ou se modificar o ritmo de
marcha da máquina.

T
Tomar todas as medidas possíveis para impedir um acidente ou danificação de
uma máquina em caso de avaria ou perturbação grave, encravando a máquina,
cortando a energia e colocando letreiro visível proibindo a sua marcha.

U
Usar os dispositivos de protecção individual, que lhe são fornecidos pela empresa,
como complemento das protecções da máquina.

V
Vigiar o aquecimento da máquina e a sua marcha.

X
Xadrezar o pavimento para evitar quedas por escorregamento e para facilitar
o escoamento de humidades residuais.

Z
Zelar pelo cumprimento de todas as instruções que conduzem a um trabalho sem
riscos com as máquinas.

65
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

ANEXOS
ANEXO B

DEZ REGRAS DE OURO PARA QUEM NÃO É ELECTRICISTA

1. Antes de utilizar um aparelho ou instalação eléctrica verifique previamente se os


mesmos estão em bom estado.

2. Para utilizar um aparelho ou uma instalação eléctrica manipule apenas os


órgãos de comando previstos para o efeito.

3. Abstenha-se de usar um aparelho eléctrico ou de manipular uma instalação


eléctrica se estiverem molhados ou se você estiver molhado.

4. No caso de avaria ou incidente, corte a corrente e limite a sua intervenção


a operações elementares tais como substituir uma lâmpada ou fusível.

5. Em caso de avaria que ultrapasse a sua competência, chame um electricista.

6. Evite a «bricolage».

7. Antes de usar aparelhos móveis informe-se sobre as precauções a tomar.

8. 
Evite abrir material protegido e respeite os sinais destinados a proteger
o utilizador de eventuais choques eléctricos.

9. Não execute trabalhos de qualquer tipo em cima ou nas proximidades de


instalações eléctricas.

10. Para executar qualquer tipo de trabalho junto de linhas aéreas ou subterrâneas
de distribuição e electricidade, tome as precauções adequadas para evitar
o contacto com os fios.

66
Curso de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

ANEXOS
ANEXO C
COMPORTAMENTO A ADOPTAR EM RELAÇÃO AOS ACIDENTES ELÉCTRICOS

Comportamento a adoptar perante um estado de morte aparente:

– associada a um simples choque

Quando se trata de um simples choque poderá haver uma perda de conhecimento


transitória mas não há paragem respiratória, os batimentos cardíacos e o pulso
são perceptíveis e a pupila tem tamanho normal.

 Deitar o(a) acidentado(a) no chão em posição confortável e segura.

 Manter sob vigilância a sua respiração enquanto se aguarda a chegada de


socorros.

– asociada a uma paragem respiratória

Neste caso há perda de consciência com paragem respiratória. No entanto,


o pulso e os batimentos cardíacos são perceptíveis e a pupila está normal.

 Prestar assistência respiratória imediata, de preferência usando o método


de respiração boca-a-boca que apresenta as seguintes vantagens sobre
os outros:

–– uma grande facilidade de aplicação;


–– uma maior eficácia;
–– um controlo fácil dessa eficácia.

– associada a uma paragem circulatória

Neste caso associam-se à perda de consciência e à paragem respiratória:

–– a palidez;
–– a não percepção das pulsações e batimentos cardíacos;
–– a dilatação da pupila.

 Associar à assistência respiratória uma assistência circulatória utilizando


a técnica da massagem cardíaca externa até à chegada de socorros mais
especializados.

67
Urbanização Nova Vida,
Rua 62, Casa 1561
Município de Belas – Luanda
Tel.: 222 722 149
email: geral@angola2learn.co.ao
www.angola2learn.co.ao

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