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CAPÍTULO VIII

História Indígena:um caminho possível entre a Etno-História e a


Micro-História

Marcos Felipe Vicente

A micro-história é essencialmente uma prática historiográfica em


que suas referências teóricas são variadas e, em certo sentido,
ecléticas1.

Encontrar uma linha teórica capaz de subsidiar a pesquisa histórica é sempre um


grande desafio, principalmente aos novos historiadores, dada a diversidade de perspectivas
e tendências produzidas, principalmente, ao longo do século XX. Não menos difícil é situar
os estudos sobre História Indígena nesse complexo jogo teórico-metodológico.
O século XX foi marcado por uma série de debates historiográficos que se
intensifica com os Annales, de Marc Bloch e Lucien Febvre, a partir de 1929. Desde a crise
do paradigma positivista de Charles-Victor Langlois e Charles Seignobos, amplamente
criticado pela Sociologia, que negava a possibilidade de qualquer mérito para o
conhecimento histórico, a História aproximou-se e afastou-se de diversas correntes das
Ciências Sociais em uma busca constante por uma espécie de cientificidade própria do
conhecimento histórico.
Respondendo às críticas quanto à singularidade do conhecimento histórico,
baseado no estrito relato dos acontecimentos, Bloch e Febvre propõem uma História que
desvia o foco da análise do indivíduo (grandes figuras políticas) para as coletividades
(sociedades), enfatizando as forças que as dominam e os mecanismos mentais que as
condicionam, a partir de um diálogo com as Ciências Sociais e uma possível incorporação
de novos objetos, novas fontes e outros métodos para o campo da História. A proposta de
uma História Total, que substituísse a narrativa tradicional por uma história-problema e que
fosse capaz de responder a diversas questões da vida humana, tais como sociedade, cultura
e mentalidade, por exemplo, não se limitando apenas à História Política, configurou o que
alguns historiadores, como Peter Burke, chamaram de Revolução Historiográfica2.
A proposta historiográfica dos Annales define outra noção de temporalidade
histórica, enfatizando a longa duração, estimulando um estudo das mentalidades coletivas
das sociedades no tempo. Nessa perspectiva, destaca-se Fernand Braudel, cuja estratégia
metodológica de divisão do tempo em três categorias fundou um novo paradigma nos
estudos historiográficos na França. Essa História na longa duração, típica dos anos de
1970, centrada nos grupos sociais, acolhe como metodologia própria do seu trabalho os

1 LEVI, 1992, p. 133.


2 BURKE, 1991.
estudos seriais, capaz de captar, a partir de uma metodologia quantitativa, os elementos
comuns entre os indivíduos.
Entre as décadas de 1970 e 1980, a História e as Ciências Sociais como um todo se
veem, novamente, questionadas quanto à sua cientificidade e mesmo sobre a validade do
saber que produzem. Sobre essa “crise” das Ciências Sociais, Giovanni Levi comenta:

Naquela época, muitas das esperanças e mitologias que antes haviam orientado uma
parte importante do debate cultural, incluindo o domínio da historiografia, estavam se
comprovando, não tanto inválidas, mas inadequadas diante das imprevisíveis
consequências dos acontecimentos políticos e das realidades sociais –
acontecimentose realidades que estavam longe de estar em conformidade comos
modelos otimistas propostos pelos grandes sistemas marxista ou funcionalista3.

Críticas sobre a validade de uma História Estrutural das mentalidades e das


sociedades são lançadas de dentro e de fora do universo de historiadores, como a que foi
feita pelos historiadores italianos, que defendiam a chamada Micro-História em alternativa
à História das sociedades “homogêneas” de cunho gramsciano. Além dela, outra crítica
extremamente contundente foi aquela dirigida à produção historiográfica, com o
reconhecimento obrigatório, e muitas vezes indigesto, de que sua escrita funciona apenas
comouma narrativa. Nesse sentido, destaca-se a chamada linguistic turn como expoente da
crítica à narrativa histórica.
Nessa perspectiva, destaca-se a análise de Hayden White4, que colocava os textos
produzidos pelo historiador no mesmo patamar de quaisquer outros textos ficcionais, sob
o argumento de que as estratégias discursivas das quais resultam os textos são as mesmas e
seus produtos semelhantes do ponto de vista formal, capazes de criar uma verossimilhança
com a realidade.
A partir das discussões travadas na década de 1980, e que ainda ecoam nos dias
5
atuais , a Micro-História parece responder de modo satisfatório às duas questões. De um
lado, ao propor a redução de escala, propõe-se a analisar os fatos específicos para
responder às questões mais gerais. Por outro, com raízes no Marxismo e enfatizando uma
busca realista pela experiência humana, propunha-se a “refutar o relativismo, o
irracionalismo e a redução do trabalho do historiador a uma atividade puramente retórica
que interprete os textos e não os próprios acontecimentos”6. Segundo Henrique Espada
Lima,

em um contexto que entrelaçava compromisso político e reflexão histórica em um


horizonte de incertezas, as propostas “micro-históricas” apareciam como um
elemento importante de interesse e compunham o quadro heterogêneo de um campo
de investigação em plena transformação. A micro-história era uma das respostas
possíveis para um impasse central diante do qual se encontravam várias tradições
importantes de estudos no contexto da pesquisa histórica italiana7.

3 LEVI, 1992, p. 134.


4 WHITE, 1994.
5 No ano de 2015, por exemplo, a Revista Teoria da História publicou dois artigos nos quais a

linguistic turn figurava entre as influências dos autores. Cf. RODRIGUES, 2015; BARROSO, 2015.
Além disso, encontra-se no primeiro volume de Epistemologia, Historiografia e Linguagens reflexões
correlatas. Cf. ÁVILA, 2013.
6 LEVI, 1992, p. 136.
7 LIMA, 2006, p. 132.
Considerando tais apontamentos sobre a especificidade do saber histórico, na
perspectiva deste texto, busca-se analisar as possibilidades que a Micro-História oferece
para o estudo dos povos indígenas e suas diversas relações com as sociedades na qual se
inseriram, utilizando-a como procedimento metodológico e perspectiva teórica de análise
dos fatos e arranjos dos grupos étnicos com e na sociedade local. Essa proposta pode ser
considerada ao lado da chamada Etno-História, que, por sua vez, ganhou espaço no Brasil
nas últimas décadas, no campo da História Indígena. Para refletir sobre tais possibilidades,
far-se-á referência a um grupo étnico localizado na vila de Guarany, estado do Ceará, nas
décadas iniciais do século XX, aqui chamados de Caboclos da vila de Guarany8.

1. Da “História Tradicional” à Etno-História

As abordagens sobre a História Indígena no Brasil, em especial na região Nordeste,


têm se dividido entre três perspectivas predominantes que, em certa medida, refletem os
grandes debates da produção historiográfica mundial, ou deles derivam. Por um lado, existe
uma Historiografia, tida como tradicional, do século XIX, que se aproxima das perspectivas
positivistas; por outro, uma nova Historiografia, fruto dos debates (sociais e acadêmicos)
das décadas de 1970 e 1980, que tenta reconhecer no índio o papel de agente do próprio
destino. Pode-se indicar, ainda, uma terceira tendência, mais próxima ao Marxismo, que
enxerga as guerras de conquista dos indígenas sob a perspectiva do conflito e da resistência.
A Historiografia produzida no Ceará, no século XIX e início do século XX,
principalmente pelo Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará, tem uma
grande aproximação com a influência positivista. Nota-se uma grande erudição e um
domínio de datas, a análise minuciosa de documentos – deve-se a esses historiadores a
preservação de muitos documentos do período, inclusive de arquivos particulares9 –, mas
uma escrita restrita à narrativa dos fatos, geralmente, de modo a construir a imagem de
grandes heróis ou vilões. Essa Historiografia tende a considerar o índio como o selvagem,
que precisava ser civilizado, responsável por obstar a colonização e o desenvolvimento do
país. Como exemplo, pode-se analisar o discurso de Thomás Pompeu Sobrinho sobre o
donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte Coelho:

[Duarte Coelho] aliando ás excelentes qualidades pessoais de colonizador as otimas


condições fisicas das terras que lhe foram dadas, conseguiu dar notavel prosperidade á
sua emprêsa. Introduziu numerosos colonos patricios e animou-os a casarem com as
indias, trouxe semente de cana e animais domesticos, negros africanos para o trabalho
do campo; êle e seu filho do mesmo nome afastaram os indígenas reacionarios mais
para o interior, e dêste modo criou ao longo da costa [...] um ambiente propício ao
desenvolvimento do trabalho10.

8 Tal pesquisa resultou em projeto de Doutorado, aprovado no Programa de Pós-Graduação em


História Social da Universidade Federal Fluminense, com o título “Redefinições Identitárias e Lutas
por Terras: a construção do Caboclo da vila de Guarany”, em 2015, e está atualmente em
desenvolvimento.
9 Destaque especial para o Barão de Studart, responsável pela constituição de um valioso arquivo,

hoje sob cuidados do Instituto Histórico do Ceará.


10 POMPEU SOBRINHO, 1937, p. 117.
Essa tendência da Historiografia perdeu forças no Brasil com o passar do século
XX. Nesse momento, observou-se uma mudança na forma como os historiadores
brasileiros percebiam o índio. Este deixava de ser visto como obstáculo para a civilização e
se tornava vítima da civilização. Alguns trabalhos de História produzidos na década de
1980, quando o tema ainda estava sob domínio da Antropologia, enfatizam os conflitos
entre colonizadores e indígenas, colocando-os sob a ótica da conquista, mas percebiam o
índio como vencido, a quem não restaria nenhuma possibilidade a não ser a de se submeter
ao julgo dos brancos11.
Na última década do século XX, porém, uma nova perspectiva sobre a História
Indígena tem abundado as pesquisas nos programas de pós-graduação das universidades
brasileiras, muitos deles sendo publicados a partir da primeira década do século XXI. Essa
vertente, chamada por alguns de Etno-História, dialoga proximamente com a Antropologia
e busca captar as agências indígenas diante da empresa colonizadora, colocando os índios
como sujeitos da própria História e não como vítimas de um processo fatalístico. O que se
observa, seguindo a linha de pensamento da qual se filiam John Monteiro 12, Maria Regina
Celestino de Almeida13 e Juciene Ricarte Apolinário14, dentre outros, é que os indígenas
buscaram se apropriar das novas condições impostas pela colonização, de modo a
conquistar significativas vantagens para si, considerando o desnível de poder entre as partes
divergentes.
A construção da Etno-História15 como um campo próprio dos estudos indígenas
deriva, principalmente, da Antropologia Histórica, dedicada à construção de uma etnografia
de povos do passado, mais especificamente de povos ágrafos, cujos relatos podem ser
conhecidos apenas de forma indireta, por meio de registros de outros agentes, como
viajantes e cronistas, conforme aponta José Luis de Rojas:

Originalmente, la etnohistoria fue definida como “la historia de los pueblos ágrafos
realizada a través de los testimonios legados por otros pueblos”. Era la “historia de la
gente sin historia”, una especie de historia “de segunda mano” que rápidamente
sobrepasó los límites de la definición16.

Essa mesma percepção é partilhada por Paula Giorgis, que aponta ainda para os
riscos de uma visão etnocêntrica que pode resultar da análise de fontes indiretas. Propõe,
então que “essas fontes escritas deverão ser lidas conscientemente a partir de outra
hermenêutica que a mesma que as produziu”17, de preferência, não se limitando a elas.
Outro efeito que manifesta a forte influência da Antropologia Histórica nos estudos
etno-históricos é o problema da temporalidade. Resenhando a obra clássica de Cristina

11 Cf. CORDEIRO, 1989.


12 MONTEIRO, 1994.
13 ALMEIDA, 2003.
14 APOLINÁRIO, 2006.
15 Segundo Henrique Espada Lima, os termos “„etno-história‟ e „antropologia histórica‟ eram

expressões que começavam a ser usadas largamente pelos historiadores – em especial na França –
para definir de modo não exatamente preciso todo um conjunto de diálogos disciplinares entre a
pesquisa histórica e as diversas perspectivas que constituíam o ramo da antropologia”. Cf. LIMA,
2006, p. 76. Na América, o aspecto privilegiado desse diálogo parece ser aquele que toma como
objeto o estudo dos povos nativos do continente.
16 ROJAS, 2015, pp. 339-343.
17 GIORGIS, 1995, p. 93.
Pompa, publicada em 2003, Ronald Raminelli argumenta que muitos dos trabalhos de
Etno-História produzidos até aquele momento pecam por não dar conta da diacronia entre
os povos estudados e que, “ao recorrer às Ciências Sociais, eles, muitas vezes, negligenciam
a temporalidade dos registros do passado”18 e tendem a compreender os indígenas sempre
sob um olhar sincrônico.
Obviamente não se faz aqui uma crítica generalizada à Etno-História, muito pelo
contrário. Maria Regina Celestino de Almeida destaca os bons resultados alcançados pelos
estudos etno-históricos, no que diz respeito à capacidade de reformulação cultural e
iniciativa dos povos indígenas. Além disso, aponta a importância de se analisar a
documentação disponível a partir de uma visão de cultura histórica, que é sempre dinâmica
e se altera com o tempo, na medida em que os grupos se reelaboram e se reinventam:

[A documentação], analisada a partir da noção de cultura histórica, dinâmica e flexível,


continuamente tecida no cotidiano das relações entre os agentes sociais em situações
históricas concretas, permite questionar o dualismo entre índio aculturado e índio
puro, e repensar as relações de contato na colônia, vendo-as também a partir dos
interesses dos índios. As fontes revelam que os índios souberam transformar-se e
reelaborar seus valores, culturas, interesses, objetivos e até identidades19.

Partilhou-se dessa perspectiva, em trabalho anteriormente desenvolvido, buscando


identificar as formas de atuação dos índios Paiaku, em diferentes situações, à época do
contato com os colonizadores, no século XVII20. Neste contexto, os indígenas atuavam e
negociavam com os colonizadores e outros povos nativos, de acordo com a própria
conveniência e circunstâncias. No entanto, tem-se consciência de um risco ao qual se
submete o historiador, se não estiver sempre atento às fontes, e se deixar empolgar pela
teoria, no intuito de dar ao índio uma autonomia total em suas ações. Conforme lembrou
Thiago Cavalcante, é preciso estar alerta para o risco de se atribuir muita liberdade a essas
ações:

Não se deve esquecer, é claro, da [...] crítica de Gruzinski, no sentido de que a ênfase
extrema no protagonismo indígena e o recurso exclusivo às fontes indígenas podem
ocultar a relação colonial, o que não seria positivo para a compreensão da história
indígena pós-conquista21.

Dessa forma, caso não se tenha o devido cuidado na análise e respeitar os limites
dessas agências indígenas, pode-se construir uma falsa imagem dessas liberdades, inclusive
suavizando a violência do processo colonizador e construindo uma espécie de “super-
índio”, capaz de modificar, drasticamente, as estruturas criadas para subordiná-lo em seu
próprio favor.
Além disso, outro risco inerente à pesquisa etno-histórica é o de se construir uma
História onde os grupos humanos não interagem, fazendo com sejam observados de forma
isolada na sociedade. Mais uma vez, Rojas aponta que:

18 RAMINELLI, 2007, p. 191.


19 ALMEIDA, 2009, pp. 28-29.
20 VICENTE, 2011.
21 CAVALCANTE, 2011, p. 367.
Uno de los peligros que corre la etnohistoria muy identificada con la “historia de los
otros” es, precisamente, eliminar una de las partes en contacto. De hecho, la mayoría
de la historia de los aztecas omite o minimiza a los otros pueblos que entraron en
contacto con ellos, proporcionando una visión sesgada de los acontecimientos.
Asimismo, muchos estudios coloniales realizados por etnohistoriadores se refieren
sólo a los indios, eludiendo la presencia de los españoles. Por el contrario, muchos
estudios de la misma época realizados por historiadores tratan de españoles, y sólo
cuando no queda más remedio, de los indios. No podemos estudiar la América
colonial centrándonos solamente en los españoles (o europeos) o en los indios, pues
todos se hallaban sometidos a la misma legislación (aunque hubiera leyes específicas
para unos y otros) y a las mismas autoridades22.

Assim, sendo um campo fértil para a produção do conhecimento sobre História


Indígena, a Etno-História apresenta riscos teórico-metodológicos que demandam do
historiador uma atenção constante. Tais riscos devem ser observados tanto no aspecto
teórico, não tendendo a enquadrar o objeto em uma perspectiva inadequada ou
globalizante, nem utilizar os jargões apresentados pela documentação sem uma reflexão
devida, problematizando os seus significados.
Isso não quer dizer que esses riscos não existam em outros campos da pesquisa
histórica ou que estes venham a ser menos problemáticos. O que propomos neste texto
não é uma oposição entre linhas de pesquisa ou entre posições teórico-metodológicas.
Propõe-se o estabelecimento de novos diálogos interdisciplinares, de forma a solucionar os
possíveis impasses presentes em cada uma dessas posições.

2. A Micro-História e os Diálogos Interdisciplinares

Se o diálogo entre a História e a Antropologia é a marca registrada da Etno-


História, não seria um equívoco dizer que a Micro-História é resultado de um processo
semelhante. Ao falar sobre o surgimento dos primeiros elementos do debate sobre o
campo, Henrique Espada Lima ressalta “as discussões em torno da história social, dos
estudos de família e comunidades, da antropologia histórica”23, dentre outros, como
elementos que chegam às páginas dos Quaderni Storici, revista que reuniu os principais
nomes da nascente Micro-História italiana.
No entanto, apesar dos diálogos com a Antropologia serem bem vistos pelos
historiadores ligados aos Quaderni, havia certa relutância em concebê-los a partir de
perspectivas estruturalistas, como alguns afirmavam ocorrer na França. Questões ligadas à
cultura material e à vida cotidiana passaram a ser, cada vez mais, objeto de estudo daqueles
historiadores.
Ginzburg destacou, ainda nos anos 1980, como era forte a influência francesa na
Historiografia italiana24, mas, naquele momento, outra influência historiográfica chegava à
Itália, como a proposta de uma História Social da cultura, cujo grande expoente foi Edward
Palmer Thompson. Esta proposta negava, em certa medida, a ideia de uma mentalidade
coletiva que condicionava e limitava a atuação dos indivíduos, em especial dos camponeses
(principal tema dos estudos da época), sem, contudo, deslocar tal limitação para o campo

22 ROJAS, 2015, pp. 589-600.


23 LIMA, 2006, p. 59.
24 GINZBURG, 1989.
econômico, como era comum entre os historiadores de tendência marxista. Henrique
Espada Lima afirma que

as aproximações que existiam entre as experiências e discussões italianas e inglesas não


se davam apenas pelo contato eventual entre ambas [...]. Elas participavam de muitos
modos de um clima político e cultural que marcava fortemente tanto as experiências
militantes quanto a investigação histórica25.

Atenta a essas demandas, tanto epistemológicas quanto sociais, a Micro-História


formulava uma perspectiva que objetivava analisar o papel dos indivíduos em suas
vivências com os outros, levando em consideração suas experiências concretas, manifestas
nas relações econômicas, nos casamentos, nos ritos, etc., levando em conta a atuação
daqueles que se enquadravam nas chamadas classes subalternas. O objetivo era
compreender as transformações sociais e as mudanças culturais.
Para tanto, seria necessário “restabelecer a relação entre o individual (e mesmo a
excepcionalidade das trajetórias individuais) e as redes de sociabilidade nas quais ele se tece,
em um modelo concreto de análise”26. Dessa forma, a noção de micro-análise social ganha
corpo. A comunidade, ou o grupo, parece ser o lócus privilegiado de uma análise que busque
compreender os indivíduos a partir de suas posições relacionais, pois nela está presente
“uma solidariedade de destinos que explica em última instância as formas de integração
social”27. Edoardo Grendi afirma, ainda: “daí a escolha de uma sociedade em escala
reduzida como é a aldeia camponesa, uma opção guiada, sem dúvida, pelo exemplo paralelo
da antropologia”28.
Nesse sentido, a contribuição de Norbert Elias parece significativa para
compreender que as ações dos indivíduos são sempre relacionais e operam dentro de uma
figuração, entre a qual todos os indivíduos estão interligados,em que só é possível
compreendê-las dentro do contexto específico em que operam. De acordo com a metáfora
citada por Elias, “é como se, primeiro milhares e, depois, milhões e bilhões de homens
andassem neste mundo atados pelos pés e pelas mães uns dos outros por fios invisíveis.
Ninguém conduz. Ninguém fica de fora”29. É assim que a Micro-História se apresenta
como possibilidade de análise das agências indígenas, situando-as em um contexto
específico e problematizando, principalmente, sobre quais forças elas atuam e quais os
efeitos dessas ações. Essa perspectiva parece ser compartilhada por Levi, quando ele
aponta que “mesmo a ação aparentemente mais insignificante, como por exemplo a de
alguém sair para comprar um pão, realmente envolve o sistema bem mais amplo de
mercados de grão de todo o mundo”30.
Dessa maneira, a Micro-História, e seus procedimentos teórico-metodológicos,
pode ajudar a problematizar, por exemplo, o conflito por terras ocorrido na vila de
Guarany, no início do século XX, entre descendentes indígenas Paiaku e o padre católico
Eduardo Nabuco de Araripe. Trata-se de realizar uma redução de escala, a fim de
problematizar os diversos elementos que compõem o conflito. Esta perspectiva pode

25 LIMA, 2006, p. 101.


26 Ibidem, p. 112.
27 GRENDI, 2009, p. 34.
28 Ibidem, p. 35.
29 ELIAS, 1997, p. 30.
30 LEVI, 1992, p. 137.
revelar aspectos que possibilitem a compreensão de uma realidade mais ampla, mas sua
principal contribuição é tornar viável a compreensão das maneiras como os indivíduos
atuaram dentro de contextos de poder e as estratégias que assumiram diante de
determinadas situações.
Essa abordagem deixa de lado o desejo de se construir uma análise geral, que
possibilitasse a compreensão, por exemplo, da forma como os índios do Ceará lutaram por
suas terras no início da República brasileira. Também não se trata de construir uma
etnografia dos índios Paiaku nos séculos XIX e XX, ou mesmo uma Etno-História do
grupo percebido isoladamente. O que se está propondo é pensar como um grupo indígena
se reorganiza, se identifica entre si e, em relação a outros, estabelece conexões com a
comunidade na qual estava inserido, experimentando diversas tensões sociais e políticas,
em defesa das terras que considerava sua, por direito.
Entende-se que o conflito dos Caboclos de Guarany pode subsidiar uma análise das
políticas indigenistas da República; das relações de poder no contexto do mandonismo
local; do processo de identificação dos Caboclos enquanto descendentes indígenas e, ainda,
a forma como lutaram por suas terras. Assim, como apontou Jacques Revel, “variar a
objetiva não significa apenas aumentar (ou diminuir) o tamanho do objeto no visor,
significa modificar sua forma e sua trama”31. Da mesma maneira, a relação do objeto com o
contexto é alterada, na medida em que este deixa de servir para apresentar, ou mesmo
explicar, o recorte, passando para uma situação inversa, em que os contextos são
construídos a partir da observação dos fatos:

O que é proposto [...] é construir a pluralidade dos contextos que são necessários à
compreensão dos comportamentos observados. Reencontramos neste ponto, é claro,
o problema das escalas de observação. Ele está sendo, a meu ver, objeto de uma
drástica revisão32.

Nesse sentido, reduzir a escala é mudar o que se está procurando. As respostas que
a microanálise oferece são diferentes daquelas obtidas com a macroanálise. São, pois,
perspectivas diferentes de pesquisa, respondendo a questões específicas, cada uma a seu
modo. Quando se pensa em utilizar a Micro-História para pensar as relações entre os
Caboclos e Eduardo Araripe na vila de Guarany se propõe uma abordagem que busca
compreender os indígenas dentro de um contexto específico, em que as tentativas de
apropriação de suas terras podem ser identificadas de várias partes, desde o poder público
constituído, por meio da Câmara Municipal, à autoridade eclesiástica local.
As alterações de escala modificam, em certa medida, o objeto, alteram os
paradigmas teórico-metodológicos e, em consequência, as repostas obtidas. Compreende-
se, assim, que até mesmo a relação teoria-objeto se torna mais adequada, à medida que vai
sendo construída no desenvolvimento da própria pesquisa, deixando de lado grandes
paradigmas teóricos tradicionais, como algumas análises das culturas pela Antropologia,
entendidas como uma estrutura a priori, na qual as comunidades se inserem, ou na forma de
um fato social, na perspectiva durkheimiana.
Tal afirmação não significa, de maneira alguma, a rejeição do diálogo com a
Antropologia. Pelo contrário, o que se busca aqui é uma interdisciplinaridade que contribua

31 REVEL, 1998, p. 16.


32 Ibidem, p. 27.
para a compreensão da realidade da maneira mais próxima possível, o que pode ser obtido
através do estudo dos atos rituais e simbólicos da comunidade, bem como de uma leitura
dos significados das ações dos Caboclos na vila de Guarany, a partir dos rastros
documentais deixados por eles. Essa aproximação com a Antropologia foi, inclusive, uma
das características dos historiadores italianos dos Quaderni Storici, embora seja notória a
crítica à perspectiva estruturalista:

A aproximação com a antropologia proposta ali, deveria ser mediada pela necessidade
de explorar essas sociedades não como estruturas estáticas, mas como um complexo
em movimento. Não é por acaso que Grendi e outros historiadores italianos que
pensavam os termos do debate voltavam-se para a Inglaterra em seu diálogo com a
antropologia. A desconfiança em relação ao estruturalismo, e ao funcionalismo, que
também caracterizava parte dos debates da disciplina na Inglaterra, levava a uma busca
por outros quadros de compreensão da sociedade que não se construíssem sobre
modelos de equilíbrio33.

Essa recusa das grandes estruturas, e consequentemente de uma História


homogeneizante, traz de volta ao campo da História um estilo de escrita que havia sido
amplamente criticada no início do século XX, tendo sido deixada um pouco de lado: a
narrativa. Mas, desta vez, a narrativa se apresenta como forma de evidenciar estruturas ou
relações sociais que estão presentes na sociedade. Peter Burke propõe “densificar” a
narrativa a partir de uma análise interpretativa, considerando a contribuição de Geertz,
“para lidar não apenas com a sequência dos acontecimentos e das intensões conscientes
dos atores nesses acontecimentos, mas também com as estruturas – instituições, modos de
pensar etc. – e se elas atuam como um freio ou acelerador para os acontecimentos”34.
Feitas tais considerações, a narrativa dos eventos ocorridos na vila da Guarany, nas
décadas iniciais do século XX, aponta para o conflito entre os descendentes dos índios
Paiaku e o padre Eduardo Nabuco Araripe. A construção dessa narrativa se opera
considerando dois aspectos principais: a) dar inteligibilidade aos fatos dentro de um
contexto, articulando-os aos seus efeitos, às condições de produção e às diferentes formas
como foram interpretados, intelectual e praticamente, pelos agentes sociais envolvidos; b)
servir enquanto referencial principal para o desenvolvimento da análise, expandida a partir
das questões problematizadas em consideração ao relato narrativo. A seguir, serão,
brevemente, apresentados os acontecimentos centrais da pesquisa, a partir dos quais a
análise será ampliada, de forma a possibilitar a compreensão do cenário geral mais amplo.

3. Os Caboclos da Vila de Guarany na Perspectiva da Micro-História

Elevada à categoria de vila no ano de 1890, com o nome de Guarany,afreguesiade


Monte-Mor-o-Velhoera reconhecidamente uma região ocupada pelos índios Paiaku,
aldeados desde o final do século XVII, na Ribeira do Jaguaribe, e, depois, transferidos para
as margens do rio Choró, em uma região conhecida como Areré. Mesmo após a
emancipação política, a capela de Guarany continuou subordinada à paróquia de Aquiraz,
sendo atendida pelo seu vigário.

33 LIMA, 2006, p. 110.


34 BURKE, 1992, p. 339.
Em 1905, Eduardo Nabuco de Araripe, natural da cidade vizinha, Cascavel, foi
escolhido para assumir a função de pároco de Aquiraz, ficando diversas capelas sob sua
responsabilidade, além da igreja matriz, dentre elas, a de Guarany. A partir daí, o padre
Araripe iniciaria uma campanha, com o intuito de receber os foros das terras de vila de
Guarany, que, segundo ele, haviam sido doadas ao patrimônio de Nossa Senhora da
Conceição. Tal atitude despertou a insatisfação de parte da população local que, se
reconhecendo como descendentedos índios Paiaku, reivindicou para si a posse legítima das
terras por meio do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará.
Entre o período que se estende de 1908 até 1922, segundo a Liquidação de
Sentença do Superior Tribunal de Justiça do Ceará, estiveram os indígenas impedidos ou,
pelo menos, dificultados em suas atividades agrárias, conforme afirmam as palavras dos
seus advogados:

Quatorze annos já transcorreram, doze dos quaes foram para os espoliados de miséria
e de fome, por lhes havarem os esbulhadores vedado o cultivo de suas terras, o
fabrico de cêra e até o corte de madeira e lenha; entretanto, ainda hoje lutam aquelles
párias do século XX para obter a reparação do prejuízo sofrido35.

Compreende-se que, para desnudar o conjunto das relações estabelecidas, a partir e


durante esta querela, se faz necessário buscar seus elementos constituintes no século XIX,
os quais se podem remeter à Lei nº601, de 18 de Setembro de 1850, conhecida como a “Lei
de Terras”. Ao mesmo tempo em que regulava a aquisição de terras no Brasil, por meio de
compra, estabelecia que as terras dos antigos aldeamentos e vilas de índios seriam
incorporados ao “próprio nacional”, de modo a dar-lhes o devido uso. Assim, o argumento
utilizado pelos expropriadores das terras da vila de Guarany pautava-se nos discursos
instituídos na província do Ceará, principalmente a partir de 1863, quando, em um relatório
provincial, dava-se por extinta a população indígena do Ceará36.
Esse discurso motivou um grande movimento em busca da posse das antigas terras
das vilas e povoados de índios, tanto por parte do poder público, principalmente através
das Câmaras Municipais, quanto por parte de particulares. Durante a segunda metade do
século XIX, “o Ceará inaugurou uma política agressiva diante das terras dos aldeamentos
de índios, logo após a Lei de Terras, antes mesmo de sua regulamentação completa”37, o
que acabou por desembocar em diversas tentativas de esbulho das terras indígenas. A
Câmara da vila de Guarany também manifestou seu interesse em receber os foros relativos
às terras do antigo povoado de Monte-mor, algumas décadas depois da Lei de Terras, já no
início do século XX:

Existindo nesta Villa uma legoa de Terra quadrada do extincto aldeamento de Indios,
mais ou menos demarcada, partindo da Igreja Matriz como centro, com os limites
determinados por nossos divisários: – Ao Norte com terras de “Mundo Novo” e
“Canavieira”; ao Nascente com as de “Mangabeira”; ao Poente com as do Coronel
Domingos Carneiro de Sousa; e ao Sul as da Ribeira do “Choró” – sem que sejam
contestados os respectivos aforamentos, resolveu esta Câmara em sessão
extraordinária, que fosse submettida a vossa decisão a consulta que se segue: se por
força do disposto no Art. 8º, §3º da Lei nº 3348 de 20 de Outubro de 1887, continua a

35 SUPERIOR, 1923, p. 06.


36 ANTUNES, 2012.
37 VALLE, 2009, p. 125.
camara a arrecadar como renda os foros dos mencionados posseiros, ou se passaram a
constituir renda do Estado em virtude do Art. 64 da Constituição Federal38.

Em Dezembro do mesmo ano, tendo sido recusado o seu pedido de continuar


recebendo os foros das terras, a Câmara Municipal alertava o Governo do Estado sobre a
ocorrência de diversos conflitos entre particulares, motivados pelo desejo de estabelecer
posses nas terras indígenas, com se pode observar na correspondência da Câmara:

A Camara Municipal desta Villa reunida em sessão extraordinária, deliberou levar ao


conhecimento de V. Excia. o fato seguinte, para que sobre elle se pronuncie o critério
moralisador da justiça com que se costuma prover aos casos recorrentes, de maior
gravidade. [...] Frequentes são as disputas e intrigas por parte desses particulares, e
respeitados os incendios que elles ateiam criminosamente nas mattas e roçados ahi
abertos, pretendendo, qual mais, provar com isso maior força ou direito e se mostrar
vencedor para firmar domínio sobre as indicadas propriedades, na parte que melhor
pareça aos seus interesses39.

Compreende-se, assim, o conflito entre o padre Eduardo Araripe e os Caboclos da


vila de Guarany como um fato específico, que ganha destaque na imprensa de Fortaleza40,
mas que é revelador de uma série de conflitos envolvendo indígenas sobre o uso e a posse
de suas terras, remetendo a um processo longo que tem sua origem mais recente situada em
meados do século XIX com a “Lei de Terras”. Assim, pois, manifesta-se, mais claramente,
a escolha da Micro-História para pensar esse processo histórico.
Essa análise também busca entender as múltiplas relações que os indígenas
estabeleceram com outros setores da população, inserindo-se efetivamente dentro da
sociedade. Busca-se, com isso, pensar os índios, ou caboclos, dentro da sociedade e não
como uma comunidade isolada, pois estes estabeleceram uma rede de contatos, utilizada,
inclusive, como arma contra o padre Araripe. Como exemplo, pode-se citar o pedido feito
a Antônio Bezerra para que este fosse seu defensor e, ainda, a representação de seus
advogados junto ao Tribunal de Justiça do Ceará41.
Para revelar essa rede de solidariedade, é possível inventariar, por meio de registros
de batismos, casamentos e óbitos: as relações familiares, com quem os indígenas casavam,
quem eram seus padrinhos, se seus descendentes permaneciam vivendo na mesma região,
etc. As possibilidades de respostas podem variar de acordo com as questões do pesquisador
e com a maneira como este cruza tais informações com outras disponíveis. A possibilidade
de mapear os diferentes lugares ocupados pelos indivíduos, a partir de um recorte
microanalítico, baseia-se nos apontamentos de Carlo Ginzburg:

Mas se o âmbito da investigação for suficientemente circunscrito, as séries


documentais podem sobrepor-se no tempo e no espaço de modo a permitir-nos
encontrar o mesmo indivíduo ou grupos de indivíduos em contextos sociais diversos.

38CÂMARA, 1902 A.
39Idem, 1902 B.
40 A perseguição de Eduardo Araripe aos Caboclos de Guarany foi denunciada, em diversas

oportunidades, pelo intelectual Antônio Bezerra, no Jornal do Ceará. Cf.Jornal do Ceará.Edições de


03, 10 e 14 de Janeiro e 11 de Fevereiro de 1910. O padre Eduardo Araripe, por sua vez, respondia
publicando no jornal A República, segundo apontado pelo próprio Bezerra em seus artigos. No
entanto, tais edições não foram encontradas em nossas pesquisas, nem mesmo no acervo da
Biblioteca Nacional.
41 BEZERRA, 1916.
O fio de Ariana que guia o investigador no labirinto documental é aquilo que distingue
um indivíduo de outro em todas as sociedades conhecidas: o nome42.

Isto posto, acredita-se que a Micro-História pode contribuir para a compreensão da


História dos caboclos de Guarany, a partir da reconstituição da trajetória dos indivíduos e
grupos indígenas, tentando percebê-los inseridos em seu contexto social e em suas
diferentes relações com a sociedade. Assim, seria possível, talvez, revelar outros aspectos
que, por ventura, a Etno-História não consiga atingir, devido o seu olhar voltado
predominantemente aos grupos estudados. Tal perspectiva, quando não são tomados os
devidos cuidados, corre o risco de ignorar as relações daquele grupo com o restante da
sociedade.

REFERÊNCIAS

Fontes

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Junho de 1902 A.
CÂMARA Municipal de Guarany. Ofícios Expedidos ao Governo do Estado. 29 de
Dezembro de 1902 B.
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mor. Fortaleza: Off. Graph. “Diário do Estado”, 1923.

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