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COMO CONVERSAR com quem pensa muito

diferente de nós? Essa pergunta nos

DERRUBANDO
orientou, Instituto Avon e PapodeHomem,
em uma pesquisa inédita. O resultado
é um mapa das principais emoções e
obstáculos envolvidos nessas interações,
acompanhado de um guia de como
conversar com quem pensa muito diferente
e um guia de boas práticas jornalísticas.

Que esse livro se torne ferramenta


e inspire encontros improváveis.
É tempo de furar nossas bolhas.

& C ONS T R UIND O

Como conversar com


quem pensa muito
diferente de nós?
“Furar a bolha
é estratégia.”
— DJAMILA RIBEIRO, FILÓSOFA E ESCRITORA

“A resposta é “Toda agressão


sempre uma parte é uma expressão
da estrada que trágica de uma
está atrás de você. necessidade
Apenas questões não atendida.”
levam ao futuro.” — MARSHALL ROSENBERG,
PSICÓLOGO E CRIADOR DA
“COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA”
— JOSTEIN GAARDER, ESCRITOR
SU PARTE I


Derrubando muros

p//8 — Editorial

p//14 — Metodologia e amostra

p//18 — Um raio-x das conversas


sobre temas de gênero:
o que aprendemos ao escutar

RIO
milhares de pessoas

p//48 — Conclusões de nosso raio-x

PARTE II
Construindo pontes

p//54 — Guia prático: como

conversar com quem


pensa muito diferente de você
p//62 — Guia de boas práticas

para um jornalismo
mais construtivo e focado
em soluções

p//70 — Últimas palavras


p. 6 // Parte 1 // p. 7

Parte

1
Derrubando muros
p. 8 // Parte 1 // p. 9

Editorial Temos muito Nós, do Instituto Avon,


trabalhamos para a cons-
mais em trução de uma sociedade
em que todas as mulheres
comum com possam viver relacio-
os nossos namentos saudáveis,
livres de qualquer forma
opositores de violência. Tendo nos
do que dedicado a este tema nos
últimos dez anos e experi-
suspeitamos mentado a intensa polari-
zação na nossa sociedade,
exacerbada pela disrupção
tecnológica, pela ascenção
da hostilidade, do conflito
de ideias e do mau uso das
ideias, às vezes temos a
sensação de que não somos
Daniela Marques Grelin
DIRETORA INSTITUTO AVON mais capazes de lançar mão
da alavanca mais poderosa
de todas as civilizações
humanas: a nossa capa-
cidade de cooperar.

E o que isto tem a ver com a


violência contra a mulher?
Tudo. Pois no enfrentamen-
to desta violência, assim
como na superação dos
nossos maiores desafios
p. 10 // Parte 1 // p. 11

1 2 3 4
Meu desejo é
contemporâneos,
que esta pre-
simplesmente não
disposição nos
podemos abrir
ajude a envere-
mão da cooperação
darmos por uma
entre as pessoas.
NÃO PRECISAMOS ASSIM COMO HÁ ALGO A TEMOS MUITO discussão diversa,
Por sua vez, a coo-
CONCORDAR NOS RELACIO- APRENDER COM MAIS EM COMUM instigante e
peração entre as EM TUDO PARA NAMENTOS, CADA PESSOA COM COM OS NOSSOS
enriquecedora.
pessoas depende ENCONTRARMOS NA SOCIEDADE QUEM FALAMOS. OPOSITORES
ALGUNS TAMBÉM A COM- DO QUE
da construção de
CONSENSOS PATIBILIDADE É É esta postura que SUSPEITAMOS. Que este seja
valores comparti- MÍNIMOS. UMA CONQUISTA torna o diálogo
o sentido
lhados, forjados em E NÃO UM possível e sua prática Eu gostaria de
As nossas melhores PRÉ-REQUISITO. uma necessidade. resgatar as palavras de das nossas
narrativas em que
chances de inovação Ao rotularmos, Terêncio: “Sou parte conversas e se
podemos encontrar residem em escutarmos descartarmos e do gênero humano.
Acho que podemos torne, cada vez
consensos mínimos pessoas dos mais aprender uma coisa vilanizarmos o nosso Nada do que é humano
variados posiciona- interlocutar, estamos me é estranho”. Se mais, o sentido
e, por meio deles, ou outra observando
mentos dentro do os relacionamentos simplesmente abdicando pararmos para pensar, do nosso tempo.
criar visões de espectro ideológico, da oportunidade de é incrível como
que passam no teste
futuro convergen- inclusive pessoas das do tempo. E isto vale aprender algo novo, podemos nos deixar
quais você discorda, para os relaciona- expandir o nosso campo aprisionar pelo nossos
tes e inspiradoras
não gosta ou desconfia. mentos familiares, de visão e (quem sabe?) medos e percepções
que se traduzam em Mas a verdade é: não influenciá-lo. Os posi- de que os outros são
institucionais e sociais.
soluções possíveis. precisamos ter as Nós nos apoiamos cionamentos individuais estranhos e perigosos,
mesmas opiniões sobre no conhecimento não precisam sempre com base na cor da
o aquecimento global, e nos recursos ser compreendidos sua pele, sua raça,
Por tudo isso, acre- o papel do estado ou a como imperativos religião, classe social
uns dos outros e
ditamos que pre- política econômica para, compreendemos, morais. Às vezes, ou posição ideológica.
talvez, concordarmos nem sempre de são pontos de vista Que tal exercitar
cisamos retomar o
que toda mulher tem forma consciente e diferentes mesmo sobre a predisposição
diálogo construtivo direito a uma vida questões complexas e contrária: descobrir
articulada, que nenhum
e saudável e, para livre de violência, que de nós individualmente multifatoriais. Ouvir é algo em comum com
o lar deveria ser um é mais inteligente ou uma forma de resgatar todas as pessoas com
tanto, temos enfati-
espaço seguro, onde capaz do que todos a velha arte do debate quem interagimos?
zado o exercício das prevalece o respeito e democrático ou,
nós coletivamente.
seguintes posturas: o amor incondicional. simplesmente, a eterna
virtude do respeito.
p. 12 // Parte 1 // p. 13

A conversa é Empatia não de nossos argumentos. Ninguém


mais presta atenção em nada, não
um ato sagrado basta, dialogar à toa está essa bagunça toda.
Reconhecer que tudo isso
exige treino também está em nós é
um excelente começo.
Somos um emaranhado de
contradições, vontades, hábitos
Ed Rene Kivitz e crenças, em constante fluxo.
PASTOR DA IGREJA BATISTA
Acolher a confusão de nosso
DE ÁGUA BRANCA
Guilherme N.Valadares mundo interno facilita julgar
FUNDADOR PAPODEHOMEM
menos e nos conectar com a outra
Animal racional: foi o que nos pelas quais enxergamos e Quando reclamamos que pessoa de modo mais aberto.
ensinaram na escola a respeito interpretamos o mundo. está cada vez pior conversar O desafio não é convencer todo
do ser humano. Arrisco outra Como diz o povo Xhosa, da no Facebook, nos grupos de mundo do “lado de lá” a vir
compreensão: o ser humano África do Sul, “sou porque Whatsapp, nos almoços de para onde estamos, é deixar
é um bicho conversador. somos”. A conversa é um ato família ou mesmo nas rodas nossas bolhas e construir
Habitamos a linguagem e sagrado. Nossa serhumani- de amigos, somos confron- outras mais favoráveis, coleti-
moramos na conversa. Não dade é possível somente na tados com uma realidade vamente. E para isso, empatia
nascemos prontos, vamos nos partilha de informações, que nós mesmos ajudamos e boa intenções não bastam.
fazendo aos poucos, interpretan- no intercâmbio de per- a criar e sustentar.
do a nós mesmos e ao mundo a cepções, na troca de expe- Conversar com quem pensa muito
que pertencemos, numa busca riências, no diálogo entre A reação natural é dizer que o diferente de nós exige prática,
constante de atribuir sentido crenças. Encontramos a nós problema está, claro, no outro. continuidade, paciência, respiro.
à nossa existência. O ser que mesmos na escuta de muitas Ficamos abismados com Convide os amigos e usem esse
somos, nossa identidade, está vozes. É tempo de abando- a capacidade das “outras” esse livro como ferramenta
absolutamente ligada à maneira narmos os muros que nos pessoas em expressar ódio, para cultivar uma rede nutrida
como narramos a nós mesmos. isolam, construirmos pontes a indescritível preguiça que pela motivação compartilhada
Os olhos dos outros são os e nos colocarmos a caminho parecem ter de ler e-mails e de construir pontes com quem
espelhos onde nos miramos. E de novas vidas, novos a incapacidade de apreciar a jamais pensaram em trocar mais
são também as muitas lentes mundos, novos amores. superioridade auto-evidente do que duas palavras. Mãos à obra?
p. 14 // Parte 1 // p. 15

Metodologia Universo
População brasileira entre 18 e 59
anos de idade,usuária da internet.
Parâmetros
da ponderação

e amostra A coleta foi realizada durante e ajuste da


um mês, em março de 2017.
amostra
Segmentos etários abaixo de
Amostra inicial 18 anos e de idosos (60 anos
9.163 entrevistas validadas. Amostra e mais) foram excluídos da
balanceada: 1.280 entrevistas base de dados final em função
ponderadas. Margem de erro: até de sua sub-representação na
3 pontos percentuais, para mais ou coleta inicial, uma vez que a
para menos, para os resultados com correção de sua representa-
o total da amostra balanceada, com tividade exigiria multiplicar
intervalo de confiança  de 95%. tais entrevistas por pesos
muito elevados (>7.0). Nossa
amostra teve proporção
menor de indivíduos acima
Técnica de 40 anos e de pessoas
Pesquisa realizada por meio de com renda familiar mensal
questionário público na internet de até 2 salário mínimos. E
(Google Form), ao longo de 30 como decidimos manter esses
dias. A divulgação inicial foi feita segmentos na base analisada,
por meio das redes e bases do isso levou o plano amostral
PapodeHomem. Em seguida, a ser recalculado para
a pesquisa foi divulgada por representar 1.280 entrevistas.
sites diversos e reenviada a Ou seja, os perfis super-repre-
outros usuários pelos próprios
sentados na amostra tiveram
respondentes iniciais. Como a
um peso dimensionado para
intenção benéfica e de utilidade
reduzir sua participação
pública do estudo foi explicitada
e torná-la proporcional
desde o princípio, houve grande
aos dados secundários,
compartilhamento orgânico.
evitando-se, no sentido
Base de dados para download em inverso, a aplicação de um
www.papodehomem.com.br/pontes peso excessivo às respostas
ou www.institutoavon.org.br dos perfis sub-representados.
p. 16 // Parte 1 // p. 17

Parâmetros para a Criação


ponderação da amostra de indicadores
sintéticos

3
Com vistas a facilitar a apreensão ÍNDICE DE
Estratos considerados: Renda dos principais resultados, parte DIALOGICIDADE,
Gênero Até 1 SM das perguntas aplicadas foram que agrega quatro perguntas
31% agrupadas, gerando quatro índices: sobre a valorização de se
dialogar sobre feminismo
1 a 2 SM e machismo, como
3 5% meio ou instrumento de

1
transformação pessoal e

46,8% 53,2%
2 a 3 SM
ÍNDICE DE social (medem atitude).
14, 4%
HOMENS MULHERES
PERCEPÇÃO SOBRE
3 a 5 SM FEMINISMO,

4
10,6% que agrega duas perguntas
que medem opiniões
Região 5 a 10 SM ÍNDICE PONTES
sobre o feminismo.

30+70+B
29,9% 6, 3% VERSUS MUROS,
que combina os dois índices
10 a 20 SM anteriores — de exposição à
2 , 1% alteridade e de valorização

8+92+B
N/NE
8,4% do diálogo, articulando as
+ 20 SM
dimensões comportamental

2
0,6%
e atitudinal. Classifica as
CO ÍNDICE DE EXPOSIÇÃO pessoas entrevistadas em

47+ B + 53
À ALTERIDADE, uma escala de três pontos:
Faixa etária que agrega cinco perguntas em um polo, as mais

21+14+3035B
sobre a disposição e

15+85+B
18 A 24
propensas à construção de
40 A 59
15,2% SE práticas de leitura e pontes; no outro polo, as
37,5% 20,9%
conversa sobre feminismo que estariam mais “entre
46,5% e machismo, seja com muros”, avessas a dialogar
S
quem pensa de forma sobre os temas propostos;
parecida ou diferente no meio, as que estão “em
(medem comportamentos). trânsito” entre esses polos.

Fonte:PNAD/IBGE - Pessoas de 10 anos ou mais de


idade que utilizaram a Internet,no período de referência 30 A 39 25 A 29 Para baixar o material completo que detalha ainda mais
dos últimos três meses,por Grandes Regiões,segundo
27,9% 1 3,7% a pesquisa e a construção dos índices,acesse:
o sexo e os grupos de idade — 4º trimestre de 2017
www.papodehomem.com.br/pontes ou www.institutoavon.org.br
p. 18 // Parte 1 // p. 19

Um raio-x das
VI VE MO S E M T E M P O S de polariza-
ção ideológica, fake news e pós-verda-

conversas
des. Preferimos acreditar no que nos
agrada e desconsiderar qualquer coisa
dita por aqueles de quem não gostamos.

sobre temas Mas como não sermos arrastados


— inclusive emocionalmente — por

de gênero: opiniões extremadas e achismos,


em meio a tantas divergências, in-

o que
certezas e conflitos? Poderemos
construir coletivamente soluções que
valorizem causas, ideais e bandeiras

aprendemos benéficas a todos e todas nós?

ao escutar
Ao escutar milhares de pessoas em
todo o país, o PapodeHomem e o
Instituto Avon abriram a caixa de

milhares de Pandora de uma das discussões mais


importantes de nosso tempo: como

pessoas
homens e mulheres se colocam frente
ao debate de ideias e posições sobre o
feminismo com quem pensa igual e com
quem pensa muito diferente deles?

E, indo além, como conversar


com quem pensa muito
diferente de nós, na prática?
p. 20 // Parte 1 // p. 21

Quem está construindo


ponte e quem está
fechado entre muros,
quando falamos sobre
50% das pessoas estão
temas de gênero?
Em trânsito 35% das pessoas estão
A partir da 15% das pessoas são
pesquisa, Entre muros
aplicada em Construtores
todo o Brasil, de pontes
sintetizamos
três grandes 3 níveis intermediários de
busca por diálogo com quem
perfis de pensa muito diferente (podem 3 preferem não ter conversas
pessoas*: ser mais abertos ou fechados com quem pensa muito diferente
dependendo do contexto) e têm pouca paciência pra isso
3 às vezes sentem curiosidade 3 é comum não terem energia
3 costumam sentir curiosidade ao
ao conversar com quem pensa para conversar com quem pensa
conversar com quem pensa muito
muito diferente, mas nem sempre muito diferente, sentem maior
diferente e são mais pacientes;
são pacientes, se cansam mais cansaço nesses diálogos
com frequência sentem alegria
nesses diálogos; sentem alegria 3 evitam conteúdos com pontos
ao compartilhar algo que a outra
quando compartilham algo que de vista que se opõem aos seus
pessoa ainda não sabia
a outra pessoa ainda não sabia 3 tiveram poucas experiências
3 acreditam muito no diálogo
3 níveis intermediários de busca positivas em conversas sobre gênero
sobre temas de gênero como
por conteúdos com pontos 3 acreditam menos na força do
ferramenta de transformação
de vista distintos dos seus diálogo sobre temas de gênero,
3 já foram muito beneficiadas
3 ocasionalmente como ferramenta de mudança
por conversas sobre gênero
foram beneficiadas por 3 metade dos homens heterossexuais
3 consomem conteúdos contra e
conversas sobre gênero acima de 29 anos está nesse perfil
a favor de seus pontos de vista
3 têm certa crença na força 3 possuem maior representatividade
3 possuem maior representatividade
*Composição dos índices explicada do diálogo sobre temas de no grupo de pessoas não feministas
no grupo de pessoas pró-feminismo
e disponível para download em gênero, mas com ressalvas 3 a região Sul é a que
3 em sua maioria, são mulheres não
www.papodehomem.com.br/pontes 3 são a maior parte de todos possui maior porcentagem
heterossexuais de qualquer idade e
ou www.institutoavon.org.br os segmentos sociais de pessoas “Entre muros”
também mulheres heterossexuais jovens
p. 22 // Parte 1 // p. 23

Qual a composição de cada CONSTRUTOR E S D E P O N T E S


Região
EM TRÂNS I TO
um dos três grandes perfis? ENTR E MU ROS

18+44+38B 15+59+26B
18% 15%

39% N 26% NE

44% 59%

CONSTRUTORES 15+46+39B
Faixa etária Heterossexuais adultos 12%
15%
Heterossexuais jovens 1 1% 39% CO
Não heterossexuais adultos 5%
46%

DE PONTES
18 a 24 Não heterossexuais jovens 1 3%

11+48+41B 15+46+39B
1655+ 29 1754+ 29 1552+ 33 1442+ 44
16% 11% 16%
Heterossexuais adultas 16%
41% S 38% SE
55% Heterossexuais jovens 19%
48% 46%
Não heterossexuais adultas 2 5%
29%
TOTAL 15% Não heterossexuais jovens 28%

Renda

EM
25 a 29 Heterossexuais adultos 39% *SM: Salário mínimo

17% Heterossexuais jovens 51%


Não heterossexuais adultos 58%
1 SM*
5 4%

1352+ 35 1644+ 40 1753+ 30 1349+ 38


1 3%

TRÂNSITO
Não heterossexuais jovens 56%
29% 52%
Heterossexuais adultas 51% 3 5%

Heterossexuais jovens 56%


1 a 2 SM
Não heterossexuais adultas 57%
30 a 39 TOTAL 50% Não heterossexuais jovens 60%
1 6%
15% 4 4%
40%

ENTRE
52%
Heterossexuais adultos 49% 2 a 5 SM
33%
Heterossexuais jovens 37%
1 7%
Não heterossexuais adultos 37% 53%

MUROS
Não heterossexuais jovens 32% 30%
40 a 59
Heterossexuais adultas 33% +5 SM
14%
Heterossexuais jovens 2 5% 1 3%
42% Não heterossexuais adultas 18% 49%
12% 3 8%
4 4% TOTAL 35% Não heterossexuais jovens
p. 24 // Parte 1
Obstáculos

Quais sentimentos surgem com O que mais dificulta ter conversas


mais frequência em conversas sobre frequentes com pessoas que pensam
feminismo ou machismo com quem muito diferente de você, em relação
pensa muito diferente de você? a feminismo ou machismo?

52% 64%
Cansaço 36%
Curiosidade 36%
Frustração 31%
Falta de paciência 24%
DAS PESSOAS Tristeza 2 1% DAS PESSOAS
se sentem bem caso possam
Raiva 1 3%
afirmam que o
compartilhar algo que o outro principal obstáculo é a
Animação 8%
não sabe, pois isso dá a sensação AGRESSIVIDADE

CONSTRUTORES DE PONTE
Alegria 2%
de que estão contribuindo que essas conversas
costumam ter

ENTRE MUROS
EM TRÂNSITO
TOTAL
CONSTRUTORES EM ENTRE
DE PONTE TRÂNSITO MUROS Agressividade que esssas conversas costumam ter 6 4% 67 % 67 % 59%
Não gosto de radicalismo 46% 36% 4 4% 52%
Curiosidade 5 4% Curiosidade 40% Falta de paciência 41%
Falta energia 39% 31% 4 4% 36%
Frustração 28% Cansaço 39% Cansaço 3 8%
Falta empatia do outro lado ao me escutar 39% 51% 42% 30%
Cansaço 24% Frustração 36% Frustração 2 5%
Tenho pouca paciência 30% 24% 30% 34%
Tristeza 19% Tristeza 2 5% Curiosidade 24%
Falta rede, convivo muito com quem pensa parecido 16% 23% 18% 11%
Animação 16% Falta de paciência 17% Tristeza 16%
Tenho dificuldade em ser empático com visões diferentes 8% 4% 8% 11%
Raiva 14% Raiva 1 3% Raiva 1 3%
Pessoas contra o feminismo não merecem meu tempo 4% 1% 4% 5%
Falta de paciência 6% Animação 9% Animação 3%
Pessoas a favor do feminismo não merecem meu tempo 3% 0% 1% 6%
Alegria 4% Alegria 2% Alegria 0%
p. 26 // Parte 1 // p. 27

Quem apoia P RÓ -F EMINI STA E M T E R M OS N ÃO FE M I N I STA

o feminismo?
Região Identidade
de gênero e orientação sexual
Total: 29% 46% 25%
Total: 29% 46% 25%

16+55+29B 33+41+26B
As mulheres não O que significa 16% 33%

cada perfil? 29% N 26% NE


heterossexuais jovens 54% 40% Heterossexuais

(até 29 anos) são as No capítulo introdutório


17% 52%
Não heterossexuais
31%

desse material
maiores apoiadoras do explicamos a construção 30% 52% 17%

31+44+25B
dos índices.
31%

feminismo. E homens “Pró-feministas” são as 25% CO


pessoas totalmente a
heterossexuais favor e que sabem seu 44%

29+49+22B 28+48+24B
significado correto. Heterossexuais

acima de 29 os que “Em termos” são


22% S
29%

24% SE
28% 3 5% 42%
Não heterossexuais
2 3%

pessoas com ressalvas


menos apoiam. em relação ao
feminismo, ainda que
49% 48%
55% 37% 8%

enxerguem valor em
sua existência. Não são
3 ORIENTAÇÃO SEXUAL surge como marcador inteiramente contra, nem
social de maior impacto positivo em apoio ao inteiramente a favor.
feminismo. Em seguida, vemos gênero e idade Interseccional
“Não feministas” são
com grande influência. VALE UMA RESSALVA:
pessoas contra em - gênero, idade
embora a pesquisa não tenha feito o recorte racial
nos dados quantitativos,sabe-se que raça é um
alguma medida e que e orientação Heterossexuais adultos 17% 50% 32%
tendem a perceber o
marcador identitário importante nessa conversa. feminismo como radical sexual Heterossexuais jovens
Não heterossexuais adultos
18%
22%
5 4%
56%
28%
22%
demais ou uma busca Total:
Não heterossexuais jovens 36% 50% 14%
de superioridade por 29% 46% 25%
3 A REGIÃO NORTE DO PAÍS
parte das mulheres.
se destaca por ser a menos pró-feminista.
Cabe ressaltar que,
no grupo de não
3 NESTE TRABALHO usaremos a palavra
feministas, 16% das Heterossexuais adultas 32% 4 4% 2 3%
“feminista” para designar as mulheres que
pessoas é anti-feminista, Heterossexuais jovens 40% 3 8% 22%
apoiam o feminismo. Já os homens que se posicionando Não heterossexuais adultas 52% 36% 1 2%
apoiam serão chamados de “pró-feministas”. totalmente contra.
Não heterossexuais jovens 59% 37% 5%
p. 28 // Parte 1 // p. 29

As pessoas Qual das frases abaixo mais A dificuldade


sabem o que se aproxima do que você em dizer "não sei"
pensa ser feminismo?
é feminismo?

MOVIMENTO
é uma das barrei-
Heterossexuais adultos 47% ras-chave para
Heterossexuais jovens 46%
Não heterossexuais adultos 61%
melhores conversas.

58%
Não heterossexuais jovens 62%
Talvez dada a expressividade
Heterossexuais adultas 61% do debate em torno de pautas
Heterossexuais jovens 67% tidas como feministas,
DAS PESSOAS NECESSÁRIO DE DEFESA POR DIREITOS
ENTREVISTADAS E OPORTUNIDADES IGUAIS
Não heterossexuais adultas

Não heterossexuais jovens


7 3%
87%
MENOS
(6 EM CADA 10) TOTAL 58%
compreendem o que DE 1%
significa feminismo: DAS PESSOAS DIZ NÃO

LUTA JUSTA
optam pela resposta SABER O QUE É FEMINISMO

que o define como “um — embora parcela significativa


Heterossexuais adultos 3 5%
movimento necessário (mais de 1/6) ainda confunda
Heterossexuais jovens 39% seu significado, optando pelas
de defesa por direitos
Não heterossexuais adultos 30% respostas que o definem como
e oportunidades iguais
Não heterossexuais jovens 30% “defesa de superioridade das
para homens e mulheres”.
mulheres sobre os homens”
Essa taxa chega a ou “o oposto do machismo”.
Heterossexuais adultas 2 1%
81% entre as mulheres
POR DIREITOS IGUAIS,ÀS VEZES Heterossexuais jovens 17%
homo e bissexuais.
AGRESSIVA E RADICAL Não heterossexuais adultas 16% Indo além desse exemplo

25+75
TOTAL 26% Não heterossexuais jovens 10% específico, nota-se que
assumir dúvidas surge como
uma barreira central nas
conversas sobre o tema,

DEFENDE
tanto para pessoas feministas
como não feministas. Quando
Heterossexuais adultos 18% um dos lados assume não
Heterossexuais jovens 14% saber alguma coisa, diz
PARA CERCA DE
Não heterossexuais adultos 9% ter dúvidas e pergunta a
1/4 DA AMOSTRA
opinião do outro, isso tende
Não heterossexuais jovens 8%
embora o feminismo a gerar efeitos positivos.
seja “uma luta justa,
Heterossexuais adultas 18% Como superar a vergonha
às vezes é agressiva
A SUPERIORIDADE DAS MULHERES Heterossexuais jovens 16% e o medo de dizer que não
e radical demais”
sabemos algo, quando
(26%). Entre os homens / OPOSTO DE MACHISMO / NS Não heterossexuais adultas 12%
dialogamos com quem
heterossexuais essa taxa TOTAL 16% Não heterossexuais jovens 3%
pensa diferente de nós?
passa de 1/3 (36%).
p. 30 // Parte 1 // p. 31

Com que frequência você conversa Com que frequência você


sobre feminismo ou machismo, conversa sobre feminismo ou
seja digital ou presencialmente, machismo, seja presencial ou
com pessoas que pensam digitalmente, com pessoas que

23+38+39 23+38+39
de modo similar a você? pensam muito diferente de você?

Heterossexuais adultos 26% Heterossexuais adultos 17%


Heterossexuais jovens 30% Heterossexuais jovens 19%
Não heterossexuais adultos 4 4% Não heterossexuais adultos 19%
Não heterossexuais jovens 47% Não heterossexuais jovens 22%

42% Heterossexuais adultas 49% 23% Heterossexuais adultas 24%


quase todo quase
dia / toda Heterossexuais jovens 55% todo dia / Heterossexuais jovens 26%
semana Não heterossexuais adultas 56% toda semana Não heterossexuais adultas 24%
23% 39%
Não heterossexuais jovens 7 3% poucas vezes Não heterossexuais jovens 4 4%
poucas vezes
no ano /
no ano /
nunca / evito
nunca / evito Heterossexuais adultos 37% Heterossexuais adultos 39%
Heterossexuais jovens 42% Heterossexuais jovens 3 8%
Não heterossexuais adultos 31% Não heterossexuais adultos 3 8%
35% Não heterossexuais jovens 31% 38% Não heterossexuais jovens 36%
algumas vezes algumas vezes
por mês / por mês /
várias por ano Heterossexuais adultas 33% várias por ano Heterossexuais adultas 3 5%
Heterossexuais jovens 33% Heterossexuais jovens 43%
Não heterossexuais adultas 28% Não heterossexuais adultas 41%
Não heterossexuais jovens 22% Não heterossexuais jovens 3 8%

Heterossexuais adultos 36% Heterossexuais adultos 4 4%


Heterossexuais jovens 2 7% Heterossexuais jovens 43%
Não heterossexuais adultos 2 5% Não heterossexuais adultos 4 4%
Não heterossexuais jovens 22% Não heterossexuais jovens 42%

Heterossexuais adultas 18% Heterossexuais adultas 40%


Heterossexuais jovens 1 3% Heterossexuais jovens 31%
Não heterossexuais adultas 16% Não heterossexuais adultas 3 5%
Não heterossexuais jovens 5% Não heterossexuais jovens 17%
p. 32 // Parte 1 // p. 33

Com que frequência


você ativamente procura
Heterossexuais adultos

Heterossexuais jovens

Não heterossexuais adultas


5%
5%
6%
Vale a pena dialogar
com quem pensa 7 EM CADA 10

7+18+3144 23+38+39
pessoas que pensam muito Não heterossexuais jovens 6% muito diferente PESSOAS ACREDITAM
QUE VALE A PENA dialogar,
diferente de você sobre Heterossexuais adultas 6% de você sobre em alguma medida

feminismo ou machismo, Heterossexuais jovens

Não heterossexuais adultas 12%


8%
temas de gênero?
pra conversar? Não heterossexuais jovens 14%

Heterossexuais adultos 24%


Heterossexuais adultos 16%
7% Heterossexuais jovens 19%
Heterossexuais jovens 2 3%
quase Não heterossexuais adultos 39%
Não heterossexuais adultas 24%
todo dia /
toda semana
22% Não heterossexuais jovens 17%
Não heterossexuais jovens 19% das pessoas
acreditam Heterossexuais adultas 2 1%
18% Heterossexuais adultas 16% que sempre
algumas vezes
Heterossexuais jovens 2 1% 31% vale a pena Heterossexuais jovens 20%
por mês / acreditam que Não heterossexuais adultas 20%
4 4% várias por ano Não heterossexuais adultas 24% geralmente
Não heterossexuais jovens 20%
nunca / evito é perda de
Não heterossexuais jovens 2 5%
tempo

Heterossexuais adultos 37% Heterossexuais adultos 43%

31% Heterossexuais jovens 31% 47% Heterossexuais jovens 45%


dizem que
poucas vezes Não heterossexuais adultas 2 1% Não heterossexuais adultos 33%
às vezes
no ano
vale a pena Não heterossexuais jovens 53%
Não heterossexuais jovens 28%

Heterossexuais adultas 32% Heterossexuais adultas 47%

Heterossexuais jovens 2 7% Heterossexuais jovens 50%

Não heterossexuais adultas 16% Não heterossexuais adultas 59%

Não heterossexuais jovens 2 7% Não heterossexuais jovens 58%


Apenas 25% das pessoas vão atrás desses Os que mais acreditam
diálogos,com alguma frequência. Ativamente que sempre vale a pena
buscar conversar com quem pensa diferente Heterossexuais adultos 42% são os HOMENS NÃO Heterossexuais adultos 33%
não é a mesma coisa que cair nessas Heterossexuais jovens 4 4% HETEROSEXUAIS Heterossexuais jovens 32%
conversas por acaso. Exige um nível maior Não heterossexuais adultos 48% ADULTOS Não heterossexuais adultos 2 7%

39%
de abertura e empatia e é justamente o que Não heterossexuais jovens 47% Não heterossexuais jovens 31%
encorajamos para construirmos mais pontes.
Heterossexuais adultas 47% Heterossexuais adultas 32%

AS MULHERES NÃO HETEROSSEXUAIS Heterossexuais jovens 4 4% Heterossexuais jovens 29%


JOVENS SÃO AS QUE MAIS SE DESTACAM Não heterossexuais adultas 48% Não heterossexuais adultas 22%
POSITIVAMENTE NESSE ASPECTO. Não heterossexuais jovens 33% Não heterossexuais jovens 22%
p. 34 // Parte 1

O diálogo entre pessoas que O apoio ao


pensam muito diferente pode diálogo
ajudar a criar relações mais aumenta de

36+38+26
69%
construtivas, amorosas e saudáveis
entre homens e mulheres?

PARA
26%

87%
Heterossexuais
ajuda, mas não é 3 8% 37% 2 5%
essencial / não
é necessáriio
36% Não heterossexuais
sim, claro
3 5% 33% 32%

quando fazemos
a mesma pergunta
38%
em certa Heterossexuais
sem nos referirmos
medida
36% 37% 2 7% às palavras gênero
Não heterossexuais

32% 47% 2 1%
ou feminismo.
E quando consideramos
apenas as pessoas do perfil
Experimentar conversar sobre “Entre muros” (as mais fechadas),

gênero sem usar palavras mais o apoio ao diálogo quase dobra:

carregadas de significado salta de 44%


(gênero, feminismo, masculinidade tóxica, machismo, para 75%.
patriarcado, cultura do estupro…) pode ser um exercício
eficaz ao dialogar com quem pensa diferente de você.
p. 36 // Parte 1 // p. 37

Mas conversas ajudam


mesmo ou acabam
sendo perda de tempo?

75%
5 EM CADA 10
PESSOAS gostariam de ter mais
conversas com quem pensa muito
diferente delas sobre temas de gênero

MAS...
DAS PESSOAS
APENAS

2 EM CADA 10
afirmam terem sido
beneficiadas ao
conversar sobre temas
relacionados a gênero, PESSOAS ativamente buscam
quem pensa diferente de si para
como machismo e
feminismo, e que isso
conversar sobre temas de gênero
com alguma frequência.
“Você prefere
as ajudou a construir apenas defender
seus posicionamentos
Há um consenso de que suas próprias
as conversas são úteis crenças ou
e metade de nós quer
ter mais delas, mesmo
se abrir a ver
com quem pensa o mundo da
diferente. Mas quase forma mais clara
ninguém está indo
atrás desses encontros. possível?”
p. 38 // Parte 1 // p. 39

Quais são os principais


As pessoas não heterossexuais sentem a
falta de empatia do outro como o segundo
HABILIDADES
obstáculos para termos maior obstáculo (56% dos homens e 49% das E ATITUDES
mulheres). Para as pessoas heterossexuais, QUE PODEMOS
mais conversas sobre o radicalismo é o segundo maior desafio:
52% entre os homens, 41% entre as mulheres. TREINAR:
temas de gênero com
A falta de empatia do outro como principal
quem pensa diferente? obstáculo percebido pelos não heterossexuais
corrobora a ideia de que os heterossexuais
têm dificuldade ao se colocar no lugar desenvolver
dos não heterossexuais e, portanto, fazer mais equilíbrio

1. AGRESSIVIDADE o reconhecimento deles como sujeitos de


necessidades e direitos. Do outro lado, a
alternativa “radicalismo” pelos heterossexuais
emocional

nos comunicar
RANKING DE OBSTÁCULOS

2. FALTA DE ENERGIA
aponta para a ideia de que o debate e a pauta
pró-feminista e contra o machismo é percebida de modo menos
como sendo de grupos minoritários e não violento
algo que beneficiaria toda a sociedade.

3. RADICALISMO DO OUTRO Falta rede? “O problema


cultivar empatia
pelo outro

4. FALTA DE EMPATIA DO OUTRO SOMENTE evitar posturas

16% 39%
são os
outros...” radicais

5. ARGUMENTOS RUINS DAS PESSOAS


afirmam que
conviver apenas DAS PESSOAS
pedir desculpas
quando formos
agressivos
com pessoas que dizem que a falta de
Entre os obstáculos, o principal em pensam parecido é empatia do outro estudar e melhorar
todos os segmentos sociais analisados é a lado é um problema.
um obstáculo. Ou nossos argumentos
agressividade, apontado por quase 64% das
seja, a maioria de
pessoas entrevistadas (taxa que chega a 75% APENAS

8%
nós conhece quem
entre os homens não heterossexuais).
pensa diferente.
Mas escolhe não
A agressividade dessas conversas é percebida
se aproximar.
como um problema ainda maior para quem tem reconhecem que não ter vergonha
até 24 anos (72%). Ela diminui com o passar dos a falta de empatia de admitir que não
anos e após os 40 se torna menor (56%), mas nelas também é
segue sendo vista como o maior obstáculo.
sabemos algo e
um obstáculo.
fazer perguntas
p. 40 // Parte 1 // p. 41

O que sentimos ao conversar O que sentimos ao conversar


sobre feminismo com quem sobre feminismo com quem
pensa parecido conosco? pensa muito diferente de nós?

52%
DAS PESSOAS se sentem bem caso possam
compartilhar algo que o outro não sabe,pois
isso dá a sensação de que estão contribuindo.
O DESAFIO É:pra essa ajuda acontecer,alguém
precisa assumir uma dúvida ou pedir ajuda.

524723117
52% 47% 23% 11% 7%
3636312421
36% 36% 31% 24% 21%

421 1382
Curiosidade Animação Alegria Cansaço Falta paciência. Cansaço Curiosidade Frustração Falta paciência. Tristeza
Corto a convera Corto a convera
ou me afasto ou me afasto

4% 2% 1% 13% 8% 2%
Frustração Tristeza Raiva Raiva Animação Alegria

ESSES NÚMEROS POUCO VARIAM NOS AS EMOÇÕES MAIS COMUNS NESSAS CONVERSAS SÃO
DIFERENTES SEGMENTOS SOCIAIS. CANSAÇO,CURIOSIDADE,FRUSTRAÇÃO,TRISTEZA E RAIVA.
As pessoas não heterossexuais são as que mais sentem Pessoas não heterossexuais e mulheres he-
alegria e curiosidade ao conversar com quem pensa parecido — terossexuais jovens sentem mais frustração,
com destaque para as mulheres jovens não heterossexuais. cansaço, raiva e tristeza do que as demais.
p. 42 // Parte 1
REFORÇAMOS
QUE

52%
Quais sentimentos surgem com
frequência quando alguém que pensa
muito diferente de você deseja conversar DAS PESSOAS

sobre machismo ou feminismo? se sentem bem caso


possam compartilhar

(recorte interseccional) algo que a outra


ainda não sabe
sobre o tema.

Mas quando isso acontece


As pessoas não Heterossexuais
adultos
3% 10% 49% 39% 25% 19% 11% 17% 8% numa conversa com alguém
heterossexuais que pensa muito diferente
sentem mais de você,que talvez seja
cansaço, Heterossexuais
2% 10% 49% 47% 38% 28% 15% 23% 9% um suposto “opositor”?
jovens
frustração, tristeza Acontece quando um dos
e raiva do que as Não lados adota uma postura
heterossexuais. heterossexuais 0% 5% 62% 46% 55% 35% 43% 25% 11% mais aberta e relaxada,a
adultos
Ainda assim, ponto de assumir que não
são as que mais Não sabe algo ou não conhece
heterossexuais 2% 12% 51% 41% 43% 38% 21% 29% 20% certo ponto mencionado
acreditam no
jovens pelo outro,pedindo ajuda
diálogo e as que
para compreender melhor.
mais ativamente
buscam conversar Ou seja,quando a
com quem pensa interação deixa de ser
diferente. um cabo de guerra e se
Heterossexuais transforma em um diálogo
adultas 1% 7% 52% 25% 38% 30% 24% 29% 12%
interessado e curioso,é
possível surgir conexão
Heterossexuais mesmo entre duas pessoas
jovens 1% 7% 55% 40% 43% 44% 27% 25% 19%
que jamais sentariam
numa mesa juntas.
Não
heterossexuais 3% 5% 41% 27% 52% 50% 39% 24% 34% Se a pessoa sente que
Uma sugestão adultas há um espaço de troca
para conversas legítimo,a frequência
Não
difíceis: heterossexuais 2% 9% 67% 45% 45% 56% 34% 25% 27%
muda.A nossa postura
jovens emocional de interesse
assumir suas genuíno no diálogo é chave
dúvidas, fazer para tornar isso possível.
perguntas
Não fique esperando
e evitar
Alegria Animação Sente Curiosidade Cansaço Frustração Tristeza Falta Raiva o outro lado tomar a
julgamentos 2% 8% alegria, 36% 36% 31% 21% paciência. 13% iniciativa,seja você a pessoa
ao escutar. caso possa Corto a construtora de pontes.
ajudar conversa ou
52% me afasto
24%
p. 44 // Parte 1 PRÓ -EX POSI ÇÃO AO S D I FE R E N T E S
// p. 45

E M T ERMOS AN T I E X P O S I ÇÃO AO S DI FE RE N T E S

Quem mais está ativamente


Interseccional - gênero, Faixa etária
buscando conversar com idade e orietação sexual Total:

quem pensa diferente de si?


29% 42% 29%
Total: 29% 42% 29%

18 a 24

33+52+25 34+42+23 32+42+26 24+41+35


33%
Heterossexuais adultos 19% 39% 41%
42%
Heterossexuais jovens 22% 42% 36%
2 5%
Não heterossexuais adultos 36% 36% 2 7%
Não heterossexuais jovens 2 7% 43% 30%
Não
heterossexuais
25 a 29
jovens 3 4%
RANKING DE QUEM MAIS SE EXPÕE ÀS DIFERENÇAS:

42%
Heterossexuais adultas 33% 42% 2 5%
2 3%
Heterossexuais jovens 39% 4 4% 17%
Não heterossexuais adultas 3 5% 49% 16%
Heterossexuais jovens Não heterossexuais jovens 5 4% 3 8% 8%
30 a 39
32%

3 As mulheres não Região 42%


Total: 29% 42% 29%
Não heterossexuais e heterossexuais jovens 26%

29+14+57B
heterossexuais adultas são as que mais ativa-

31+37+32B
29%
31%
mente, e com regulari- 51% N
25% NE
40 a 59
19%
dade, conversam com 24%

26+32+42B
45%
Não heterossexuais quem pensa diferente. 41%
26%
jovens e adultos 32% CO 3 5%
São também as que
42%
3 AS PESSOAS
mais acreditam

26+32+42B 31+32+37B
ACIMA DE 40
que o diálogo vale 27% 31%
ANOS são as que
Heterossexuais jovens 32% S 27% SE
menos se expõem
a pena e as que
à diferença, seja
mais consomem 42% 42%
dialogando ou
conteúdos com lendo conteúdo
Heterossexuais adultos opiniões diversas. 3 A POPULAÇÃO DA REGIÃO NORTE é a que com opiniões
menos ativamente busca se expor à diferença. distintas das suas.
p. 46 // Parte 1

Há alguma correlação entre Mas será que as O EXERCÍCIO


pessoas “Entre QUE DEIXAMOS
apoiar o feminismo e ter mais muros” estão (E REFORÇAMOS) É:

23+60+17v
ou menos abertura ao diálogo fechadas a qualquer
Como dialogar sobre temas de
sobre temas de gênero? diálogo sobre gênero sem usar palavras
temas de gênero como feminismo,machismo,
ou estão cansadas masculinidade tóxica,
patriarcado,cultura do
17 %
22 , 4%
de uma abordagem estupro e equidade? Con-
Entre
Construtores APENAS
específica?

17%
muros
(as) de pontes seguimos dizer as mesmas
coisas de outros modos?
PRÓ 75% DAS PESSOAS do perfil “Entre
muros” dizem acreditar que mais Essas palavras não devem
FEMINISTA
das pessoas pró-feministas estão ser invisibilizadas,pois
no perfil “Entre muros” — que são diálogo com quem pensa muito
as que menos conversam com diferente ajuda a criarmos relações têm poder. Mas ao sermos
quem pensa diferente e as que
mais amorosas, construtivas e capazes de usar linguagens

v 9 59 +
menos acreditam no diálogo.
6 0,6 % saudáveis entre homens e mulheres. e abordagens complementa-
Em trânsito res podemos alcançar quem

32
A pergunta feita para chegar no dado
está fechado a esses termos,
acima foi: “Em sua opinião, o diálogo
por já terem pré-disposição
entre pessoas que pensam muito
para a conotação e inter-
diferente pode nos ajudar a criar
pretação negativa destes.
9, 2% relações mais construtivas, amorosas e
Construtores
(as) de pontes saudáveis entre homens e mulheres?” Conversar sobre
32% temas de gênero
Em trânsito Não usamos as palavras “gênero”

58,9%
ou “feminismo”, ainda que a
sem usar palavras
NÃO
questão seja sobre isso. como feminismo,
FEMINISTA
machismo, masculi-
DAS PESSOAS “Entre muros” Ao evitar essas palavras, as pessoas
não apoiam o feminismo.
“Entre muros” responderam com
nidade tóxica, pa-
5 8 , 9%
Entre grande abertura. Isso sugere que triarcado, equidade,
muros
experimentar outras linguagens e cultura de estupro e
abordagens pode ser uma ferramenta
útil em certos contextos. Algumas
gênero pode facilitar
palavras carregam significados a construção de
Isso leva a crer que pessoas mais feministas possuem mais abertura a conversar negativos para certos grupos,
sobre temas de gênero. Mas não há como saber se foi uma maior abertura
pontes com quem
ainda que sejam cercadas de
anterior que as tornou mais feministas ou se o feminismo acabou as tornando entendimentos positivos para outros.
está muito fechado.
mais abertas. Novas pesquisas podem focar no entendimento desse processo.
p. 48 // Parte 1

MAS NÃO COMO AJUDAR


Conclusões de SABEMOS COMO AS PESSOAS
“ENTRE MUROS”
SUPERAR OS
nosso raio-x OBSTÁCULOS...
A SE ABRIR?

8 em cada 10 pessoas nunca


ou quase nunca têm conversas com
quem pensa muito diferente
57%
DAS PESSOAS DO
PERFIL “ENTRE

15%
DAS PESSOAS
50%
ESTÃO NO PERFIL
35%
ESTÃO NO PERFIL
Os principais obstáculos
são, por ordem:
3 AGRESSIVIDADE
MUROS” não teve
praticamente nenhuma
conversa saudável
ESTÃO NO PERFIL “EM TRÂNSITO” “ENTRE MUROS” 3 FALTA DE ENERGIA
ou construtiva sobre
“CONSTRUTORAS DE (oscilam no seu (evitam conversar 3 RADICALISMO DO OUTRO
temas de gênero.
PONTES” (ativamente, interesse pelos com os diferentes, 3 FALTA DE EMPATIA DO OUTRO
e com regularidade, diferentes e possuem não gostam de ler 3 ARGUMENTOS RUINS
Experimente oferecer
buscam conversar ressalvas com o opiniões diversas
com quem pensa diálogo, apesar e acreditam menos As emoções mais comuns ao conversar uma conversa com
diferente, acreditam de acreditarem no diálogo) com os diferentes são, por ordem: bastante empatia,
muito no diálogo) que é útil) 3 CANSAÇO
3 CURIOSIDADE perguntas curiosas
3 FRUSTRAÇÃO e sem julgamento a
Entre as mulheres não heterossexuais jovens está a maior 3 TRISTEZA uma pessoa fechada.
proporção das pessoas construtoras de pontes (28%), seguidas 3 RAIVA
Não ataque, mesmo
pelas não heterossexuais adultas (25%). Metade dos homens hete-
USAR OUTRAS
que discorde de
rossexuais (49%) acima dos 29 anos está no perfil “Entre muros”.
tudo que ela dizer.

LINGUAGENS
HÁ FÉ NO DIÁLOGO: pode ser eficaz ao dialogar com
pessoas mais fechadas
Essa experiência,
por mais desafiadora
7 EM CADA 10 8 EM CADA 10 5 EM CADA 10
O índice de pessoas do perfil “Entre que seja, pode ser a
PESSOAS PESSOAS PESSOAS
muros” que são favoráveis a dialogar sobre chave para fazer com
acreditam que aprenderam coisas gostariam, em
dialogar com quem novas e foram alguma medida, de
temas de gênero foi 31 pontos percentuais que ela salte do perfil
pensa muito diferente beneficiadas, em alguma ter mais conversas maior quando não usamos as palavras
“Entre muros” para
é benéfico, em medida, por conversas com quem pensa gênero ou feminismo ao fazer a pergunta.
Pulou de 44% pra 75%, quase dobrou.
o “Em trânsito”.
alguma medida sobre temas de gênero muito diferente
p. 50 // Parte 1 // p. 51

Do que
precisamos?

MAIS PESSOAS
CONSTRUTORAS
DE PONTES.
Dispostas a aprender como se comunicar de modo
não violento, com energia estável e equilíbrio
emocional. Com paciência, escuta empática, bons
argumentos e sem vergonha de assumir suas
dúvidas. Pessoas abertas e curiosas, que possam
tornar o treino da compaixão e de conversas mais
construtivas uma prática diária. E assim realizarem
o trabalho árduo de alcançar quem está atrás dos
muros, com novas linguagens e abordagens criativas.

Assim sonharemos futuros possíveis


ainda melhores, de mãos dadas.
Vamos juntos?
Parte

2
Construindo pontes
p. 54 // Parte 2 // p. 55

Guia prático: Desenvolver competência ao


conversar com os diferentes
como conversar é árduo. as ca cada e
com quem pensa mais a e oso com a tica

muito diferente
de você NÃO ESPERE SUCESSO
em suas primeiras tentativas.
É comum experimentar desconforto e a
Dividimos nosso pequeno
sensação de perda de tempo no começo.
guia em três momentos: pré,
durante e pós conversas.
CONFIE. Pense nesse processo
E ele começa a partir de
como numa maratona, não uma um desafio prático:
corrida de cem metros rasos.

LEVE EM CONTA também que


o diálogo é uma dentre várias esafio Sugerimos
ferramentas disponíveis. Campanhas,
manifestações, boicotes e protestos
buscar ativamente ao
seguem sendo ações legítimas. menos uma conversa
As rotas são complementares e por semana com
podem funcionar em conjunto.
quem pensa muito
NINGUÉM É OBRIGADO a conversar diferente de você. Por
quando não sente vontade ou lida com mais breve e casual
emoções doloridas, ligadas a traumas
passados. Muitas vezes estar numa
que seja a interação.
posição emocional ou social que te Convide uma pessoa
permita dialogar sem se sentir ofendido para participar do
ou diminuído é um privilégio. Por isso,
coloque as ferramentas a seguir em
desafio. Troquem
ação apenas quando julgar adequado. experiências.
p. 56 // Parte 2 // p. 57

PRÉ-
CON
VERSA VOCÊ ESTÁ PREPARADO

preparando EMOCIONALMENTE?
Se estiver ansioso,

o terreno estressado, ressentido,


raivoso, com medo ou
O diálogo se inicia dentro sob efeito de substâncias
entorpecentes, deixe o
de nós, muito antes das papo pra depois. Estar bem
primeiras palavras serem alimentado e com horas
ditas. As 4 perguntas a seguir de sono suficientes na
noite anterior são aspectos
serão úteis nessa etapa. favoráveis. Meditação, yoga
e práticas esportivas são
úteis para estabilizar suas
emoções e te colocar em
uma paisagem emocional
mais adequada.
Escolheu um
COMO CONVIDAR ambiente favorável
ALGUÉM QUE PENSA
Qual sua real motiva ão? TÃO DIFERENTE
para a conversa?
PARA UM PAPO? Um local silencioso, com
Entrar para convencer ou “ganhar” reduz
Experimente ser sincero temperatura agradável e
a interação a um cabo de guerra. Adotar sobre sua vontade
menos distrações é o ideal.
uma postura de aprendiz e curiosidade de praticar o diálogo.
Explique que não pretende Deixe o celular em modo avião.
pode ser mais favorável. Cultive abertura
convencer a outra pessoa Sentar em círculos, se for um
e interesse genuíno em conhecer de coisa alguma. Pergunte
grupo de pessoas, é sempre
visões distintas das suas — o que não se ela topa conversar
naquele momento ou se melhor do que numa mesa ou
significa concordar ou apoiá-las. Nossa
prefere outra hora. Caso com objetos entre vocês.
motivação funciona como uma bússola. receba uma negativa,
Sem um norte,a conversa afunda. apenas agradeça.
p. 58 // Parte 2 // p. 59

9
2. REBOBINE A FITA:
após escutar a outra
pessoa, experimente
dizer o que interpretou
ter sido a fala dela e
cheque se é isso mesmo
o que ela quis expressar, 4. TENTE
antes de avançar com COMPREENDER
sua resposta. Assim E VALIDAR AS

PRÁTI
evitamos assumir o NECESSIDADES
que o outro quis dizer CENTRAIS DA
e eliminamos ruídos

CAS
OUTRA PESSOA:
desnecessários. Isso
6. Evite ironias, sarcasmo e
fazer perguntas é
mostra que prestamos um ótimo jeito de linguagem corporal fechada:
atenção e que há fazer isso. Segue quanto mais fechado e agressivo
para usar real interesse numa
conversa de qualidade.
um exemplo prático:
“Então você está
você fica, mais a outra pessoa tende a

durante tentando dizer que


igualdade salarial
acompanhar esse comportamento.

a conversa entre homens e


mulheres é o ponto 7. ASSUMA RESPON- de nos colocar
central de nossa SABILIDADE POR vulneráveis, a tendência
conversa para você?”. SUAS EMOÇÕES: da outra pessoa agir
“eu me sinto assim parecido é maior.
5. ANTES DE quando você age de
3. ELOGIE SEU RESPONDER, certa maneira” é bem 9. A PAUSA
OPOSITOR,QUANDO RESPIRE: melhor do que “você SÁBIA:
1. Escute atentamente, sem FIZER SENTIDO: diálogos construtivos fez com que eu me caso o diálogo se torne
valorize os pontos nos são mais como sentisse assim”. Na agressivo demais ou
interromper: o que nem de longe
quais concorda com cerimônias de chá primeira frase você pouco construtivo,
significa concordar com a opinião considere seguir a
a outra pessoa. Um e menos como uma assume que a emoção é
do outro. Escutar é uma habilidade território em comum, partida de tênis. É sua. Na segunda, você conversa em outro
por menor que seja, normal respirarmos culpa e acusa o outro. momento. Assuma que
essencial para bons diálogos. Treine,
enfraquece a noção de de modo mais não está bem, peça
olhando nos olhos,sem mexer no celular desculpas e diga que
que são inimigos mortais. curto e tenso em 8. NÃO TENHA
ou fazer expressões de desdém. Caso Mas evite elogios conversas duras. VERGONHA DE FALAR seria melhor dialogarem
excessivos. Isso pode Respirar oxigena “NÃO SEI”,voltar atrás em outras condições.
seja interrompido em sua vez,peça
criar a impressão de que seu corpo e oferece quando necessário e Sugira uma nova data,
com gentileza e firmeza para que o seja daqui uma hora
está tentando manipular tempo para escolher fazer perguntas bobas:
outro te aguarde finalizar seu ponto. a outra pessoa. suas palavras. quando temos coragem ou daqui alguns dias.
p. 60 // Parte 2 // p. 61

A arte de fechar
Para se aprofundar
: Por que
exatamente
conversas e praticar
você pensa
assim? mantendo a
porta aberta DOCUMENTÁRIO
: O que
CORTESIA
X significa
Experimente encerrar ACIDENTAL
exatamente para
Disponível
num momento mais
O poder
você? (X pode
na Netflix,
ser feminismo, positivo da interação, sobre como

das
racismo,
antes que ambos um homem
homofobia,
negro se

BOAS
cotas,qualquer se esgotem.
tornou amigo
coisa…)
de líderes da
Agradeça o tempo e
Ku Klux Klan e

PER
: Como ou atenção oferecidos pela
fez com que
com quem você outra pessoa de modo tão
vários deles
aprendeu o sincero e digno quanto
desistissem da

GUN
que sabe sobre possível, mesmo que
organização
o tema Y? tenha a sensação de que
racista.
a conversa foi frustrante.

TAS
: Considerando Tenha paciência. Siga firme
o tema de nossa buscando as conversas
conversa,como com pessoas diferentes.
foi sua criação? LIVRO PALESTRA FORMAÇÃO ONLINE

Caso tenha algum pedido “Trabalhando com o “Por que tomo café com / PRESENCIAL

: Pode me a fazer,esse pode ser um inimigo:como colaborar pessoas que me mandam “O caminho da
contar mais bom momento. Seja tão com pessoas das quais mensagens de ódio”, comunicação autêntica”
Experimente fazer
de suas específico quanto possível, você discorda,não palestra no site TED. Cursos e workshops
perguntas abertas, gosta ou desconfia” com, com Özlem Cekic de comunicação
experiências sem hostilidade. Exemplos:
com sincero interesse pessoais com “Me sentiria melhor se você Por Adam Kahane não-violenta, com
esse tema? não me interrompesse FORMAÇÃO ONLINE Carol Nalon.
e tom amistoso. Não
enquanto falo em nossas LIVRO “O curso das emoções” www.institutotie.com.br
subestime o poder “Comunicação Exercícios práticos e um
: Qual o ponto próximas conversas,
desse exercício, central de toda podemos seguir assim?”. não-violenta:técnicas percurso para cultivar COMUNIDADE

essa conversa para aprimorar rela- mais equilíbrio emocional “O lugar” Comunidade
seja em conversas
para você? Pergunte se a pessoa estaria cionamentos pessoais em seu cotidiano. online de transformação,
presenciais ou e profissionais” @ocursodasemocoes com práticas semanais e
Do que não aberta a novos diálogos
digitais. A seguir, gostaria de abrir no futuro, caso sinta que Por Marshall Rosemberg www.o-curso-das-emo- participantes de todo o
mão e por quê? há espaço para isso. coes.teachable.com mundo. www.olugar.org
algumas sugestões:
p. 62 // Parte 2 // p. 63

Guia de boas O jornalismo é chave


práticas para para cultivarmos
mais pontes —
um jornalismo e não mais ódio
mais construtivo — entre nós.

e focado em
soluções, que Muito do que é produzido pelo
jornalismo hoje tem nos deixado
focada em soluções e que nos
ajude a construir pontes com

nos ajude
mais cínicos, exaustos, confusos quem pensa diferente de nós?
e divididos. Um excesso de Qual impacto emocional as

a construir
matérias sensacionalistas e com notícias geram em quem as
viés negativo fazem parecer que lê? De que maneira a saúde
o mundo está cada vez pior, em emocional dos próprios jorna-

melhores pontes uma espiral de caos e histeria


da qual não há escapatória.
listas afeta o que produzem?

Pensando nisso e, no contexto


Nós acreditamos que há de nosso estudo, oferecemos
caminhos para transformar dicas práticas baseadas nas
essa realidade e que isso começa perspectivas do “jornalismo
pelas perguntas certas. de soluções” e do “jornalis-
mo construtivo . o final,
Será possível cobrir temas recomendamos alternativas
como gênero, racismo e política para que possam se apro-
de maneira mais construtiva, fundar nesses caminhos.
p. 64 // Parte 2 // p. 65

É uma abordagem rigorosa e en-


volvente, que inclui elementos
focados em soluções e um olhar
construtivo. Fornece recursos que
empoderam os leitores, ajudando-
-os a ter uma compreensão mais

O que é um ampla da realidade, sem abrir mão

jornalismo
dos pilares éticos do jornalismo.

construtivo Não é um jornalismo focado apenas

e focado em
em notícias positivas ou que façam
os leitores se sentirem bem. O olhar

soluções? crítico e responsável segue presente.

Essa perspectiva jornalística é recente


“Não é só dar
e tem ganho cada vez mais adeptos notícias positivas
ao redor do mundo, com um corpo de
evidências cient ficas sólido apontando
ou oa in as n o é
para sua efic cia e benef cios. comple- ati ismo n o é a e
mentar a abordagens mais usuais, como
a investigativa e a das notícias quentes. o tica o na ismo
construtivo é pura
Comparando “notícias quentes” com um jornalismo
e simplesmente
construtivo e focado em soluções

NOTÍCIAS QUENTES JORNALISMO CONSTRUTIVO/SOLUÇÕES


lembrar que também
Tempo

Objetivo
Ag o r a!
Ch eg a r r á pid o
Fu turo
I nspirar / Esclarecer
somos responsáveis
Questões O q u e? Q u a n d o? Q u e m?... E agora? Como avançamos?
pela sociedade.”
Estilo Se nsa cio n a l is ta Curioso
Papel Po l ícia Facilitador ULRIK HAAGERUP,FUNDADOR DO
Foco D r a m a, co nf l ito Soluções, melhores práticas “CONSTRUCTIVE JOURNALISM INSTITUTE”
p. 66 // Parte 2 // p. 67

2. OFERECER

10
RECURSOS E
SUGESTÕES que
permitam aos leitores se
aprofundar e aprender
mais sobre o assunto.
5. COBRIR EM
3. INCLUIR CONTEXTO DETALHES o que não
EXPLICATIVO E está funcionando e quais
DIDÁTICO que facilite os obstáculos específicos

PRÁTI
compreender o tema de a serem superados.
maneira mais ampla e
ponderada, assim como 6. INVESTIGAR OS DADOS

CAS
as questões centrais COM CUIDADO,NUMA
envolvidas e possíveis PERSPECTIVA HISTÓRICA.
consequências. Procure A situação está progredindo 9. Evitar manchetes e chamadas
adicionar as camadas de ou piorando? Uma análise
para um nuance e complexidade
necessárias. A notícia
superficial e apressada pode
levar a leituras equivocadas
de redes sociais que sejam
sensacionalistas ou raivosas.
jornalismo ganha força como
fagulha de processos
e sensacionalistas.
Muitas vezes o resultado disso

mais de aprendizado e
conversas mais longas.
7. EVITAR ABORDAGENS
QUE AUMENTEM A
é apenas intensificar um sentimento
de histeria coletiva,aumentando o ódio
construtivo POLARIZAÇÃO. Relatar
apenas o pior de um
de um grupo pelo outro,favorecendo

e focado lado e/ou o melhor de


outro é a receita ideal
o surgimento de diálogos rasos.
O tom da própria matéria encoraja
em soluções para aumentar o ódio.
os leitores a serem mais colaborativos

8. EVITAR ABORDAGENS ou mais agressivos uns com os outros.


FOCADAS
4. PRIORIZAR EXCESSIVAMENTE NOS
ABORDAGENS ASPECTOS NEGATIVOS
ORIENTADAS À DO QUE ACONTECEU. 10. ATIVAMENTE
CONSTRUÇÃO DE MAS NÃO FUJA DOS ENCORAJAR A
FUTUROS POSSÍVEIS. PROBLEMAS E ASPECTOS PARTICIPAÇÃO
1. Investigar os pontos em
Não priorizar a busca CRÍTICOS . Reporte-os CONSTRUTIVA,respeitosa
comum entre lados opostos. por mais cliques e com clareza e sinceridade, e com bons argumentos
Dar luz ao progresso feito até acessos. O vício em pois abordagens que dos leitores/ telespectado-
cliques e curtidas é um tratem apenas de aspectos res/ ouvintes. Ativamente
agora,assim como às histórias de dos maiores inimigos positivos podem ser desencorajar ofensas, ataques
resiliência,compaixão e aprendizado. atuais do jornalismo. vistas como ingênuas. pessoais e participações vazias.
p. 68 // Parte 2 // p. 69

A saúde emocional dos Não temos dados sobre


a realidade brasilei-
Para se
jornalistas não está boa ra, infelizmente. Mas aprofundar
— e isso torna mais difícil para a sociedade levando em conta a
dialogar sobre temas complexos: crise que assola boa
SITES
parte dos veículos nos JORNALISMO DE SOLUÇÕES
últimos anos, é possível http://solutionsjournalism.org

deduzir que haja obs-


JORNALISMO CONSTRUTIVO
táculos similares. http://constructiveinstitute.org

80% a
http://constructivejournalism.org

I m pa
c to
Se as pessoas
DART CENTER (SAÚDE

100%
em
oc que contam pra EMOCIONAL DOS JORNALISTAS)
I m pa
c to nós a história http://dartcenter.org

io
e

na
do que acontece

ln
m
DOS JORNALISTAS

as
oc
LIVRO
no mundo estão

io n
vai presenciar eventos

ocie da d e
“FROM MIRRORS TO
Saúde

a l n o s l e i to
traumáticos diretamente
ligados ao exercício emocional mal pagas, so- MOVERS: FIVE ELEMENTS OF
dos jornalistas CONSTRUCTIVE JOURNALISM” ,
de sua profissão brecarregadas,
por Cathrine Gyldensted, disponível
frustradas, gratuitamente no site Issuu.com
res

ansiosas e de-
pressivas, qual QUER SEGUIR O PAPO?
impacto isso Esse capítulo foi escrito por
tem em nós? Guilherme N. Valadares, à
convite do Instituto Avon.
Guilherme é fundador da
ATÉ 20%
É chave cuidarmos plataforma PapodeHomem, que
DELES VÃO melhor do bem-estar se dedica à transformação das
LIDAR COM masculinidades há 12 anos.

1 em cada 8
emocional dos jornalis-
DEPRESSÃO, Ele viajou o mundo para estudar
por fatores
tas para que possamos as abordagens do jornalismo
diretamente JORNALISTAS ,nos EUA e Europa,lidam com ter melhores conversas de soluções e jornalismo
conectados ao estresse extremo ou Transtorno do Estresse construtivo, por meio de uma
entre segmentos sociais
seu trabalho Pós-Traumático,conectados à sua profissão bolsa de estudos oferecida
em lados opostos. pelo Instituto Ling. Você pode
encontrá-lo no email: guilherme@
Fontes:“A mental health epidemic in the newsroom”,por Gabriel Arana,no The Huffington Post papodehomem.com.br
| “Covering trauma:impact on journalists”,página especial em http://dartcenter.org
p. 70 // Parte 2 // p. 71

Últimas Dialogar não é Chegamos à conclusão de


que precisamos de mais

palavras acreditar que


a conversa vai
pessoas construtoras de
pontes, dispostas a aprender
como se comunicar de modo

da ce to é não violento, com mais escuta


e sem deixar que emoções
acreditar que aflitivas tomem conta. Para

ela vale a pena. isso, é fundamental pautar a


conversa pelos bons argumen-
tos e não ter vergonha de dizer
não sei, quando em dúvida.

Pessoas abertas e genuina-


mente preocupadas com o
outro, que tornam conversas
Por Mafoane Odara
COORDENADORA INSTITUTO AVON
construtivas uma prática
diária, têm maiores chances
de sucesso nas suas conversas
com quem pensa diferente.

Experimentar conversar sobre


gênero sem usar palavras mais
carregadas de significado
(gênero, feminismo, machismo,
masculinidade tóxica, patriar-
cado, cultura do estupro etc)
pode ser um exercício poderoso
ao dialogar com quem pensa
diferente de você. Além disso,
p. 72 // Parte 2 // p. 73

pessoas não está boa — e


será fundamental reduzir pouco mais de um terço das
isso torna mais difícil para
a agressividade, manter o pessoas dizem que faltar
foco de energia na cons- empatia do outro lado é um
É importante a sociedade dialogar sobre
temas complexos. Portanto,
trução do diálogo saudável problema, mas só uma em entender que exercitar a empatia é funda-
e evitar o radicalismo. cada dez pessoas reconhece
que a falta de empatia nelas se não nos mental para conversar com
quem pensa diferente.
O problema também é um obstáculo. colocarmos Mas defendo que empatia não é
somos todxs nós
importante entender que Quando a interação deixa de como parte do apenas nossa capacidade de se
colocar no lugar do outro. E sim
se não nos colocarmos como ser um cabo de guerra e se
o ema n o nossa capacidade de entender
parte do problema, não transforma em um diálogo in-
como o nosso lugar impacta
seremos parte da solução. teressado e curioso, é possível seremos parte o lugar do outro e como esse
surgir conexão mesmo entre
Sempre que pergunto a uma duas pessoas que jamais
da solução impacto pode ser positivo. Na
empatia não cabe julgamen-
plateia quem se considera sentariam numa mesma mesa.
to, imposição ou conselho
preconceituoso(a), apenas
sobre o que o outro deve fazer.
um terço das pessoas levanta As pessoas mais distantes dos
Não queremos que homens
a mão. Mas o pré-conceito marcadores identitários de Não espere sucesso em suas
defendam as mulheres, nem que
é uma ação humana natural gênero, raça, idade e orien- primeiras tentativas.
brancos defendam os negros
baseada na história e nas tação sexual estabelecidos comum experimentar des-
ou ainda que heterossexuais
construções sociais de cada como padrões na sociedade conforto e a sensação de
defendam homossexuais.
um e não há nada de errado são quem mais está ativamen- perda de tempo no começo.
nisso. O grande problema é te buscando conversar com
Precisamos que essas pessoas
o que fazemos com nossos quem pensa diferente de si. onfie e encare essa ornada
conversem com seus pares e
preconceitos. Se não conse- como um treinamento para
reconheçam que, muitas vezes,
guimos identificar nossos Conversar com quem pensa cultivar uma habilidade fun-
ocupam um lugar de privilégios
próprios preconceitos, como diferente é um trabalho damental aos tempos atuais.
que pode oprimir outras. E que,
saberemos identificar nossas árduo, mas a prática diária
a partir daí, se coloquem como
ações motivadas por eles? torna a conversa mais Por último, vale ressaltar
agentes da transformação que
Na pesquisa vimos que fluida e prazerosa. que a saúde emocional das
aspiramos ver no mundo.
Assista ao minidocumentário realizado
com base na pesquisa e baixe a base
de dados completa do estudo em:
papodehomem.com.br pontes
ou institutoavon.org.br

Como
conversar
com quem
pensa muito
diferente
de nós?
p. 76 // Parte 2 // p. 77

A todas as Expediente

Equipe 9 mil pessoas que


participaram da
UMA INICIATIVA
Instituto Avon & PapodeHomem/
PdH Insights
pesquisa,nosso PRODUÇÃO EXECUTIVA

Realização TRATAMENTO,ANÁLISE DOS muito obrigado. PapodeHomem

da pesquisa DADOS E PRODUÇÃO DO LIVRO


Esse foi um projeto
ARTICULAÇÃO
Gabrielle Estevans
Instituto Avon e
feito de coração. NEGÓCIOS E OPERAÇÕES
PapodeHomem GUILHERME N. VALADARES Felipe Ramos
Diretor de pesquisa
PapodeHomem / PdH Insights Que esse livro inspire PROJETO GRÁFICO DO RELATÓRIO
Estúdio Nono
encontros improváveis e
ANÁLISE QUANTITATIVA DOS DADOS
seja usado para formar mais Gustavo Venturi, José Riscal, Marcia Couto
pessoas construtoras de PRODUÇÃO RELATÓRIO
GABRIELLE ESTEVANS Guilherme N. Valadares, Gabrielle
pontes por todo o Brasil.
Líder de projeto Estevans, Gustavo Venturi, Marcia Couto
PapodeHomem / PdH Insights
REALIZAÇÃO MINI-DOCUMENTÁRIO
El Toro Filmes

DIREÇÃO
Rafael Guimarães Luiz
GUSTAVO VENTURI Agradecimentos DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA
Professor de Sociologia especiais Igor Dalbone
da FFLCH-USP (mini-documentário) PRODUÇÃO E ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO
ESPAÇO UDJAIN , por abrir Andrea Voltarelli
as portas pra nós
CÂMERA,OPERAÇÃO DE AUDIO E MONTAGEM
CAROLINA NALON,pela Iuri Lannes
generosa participação
MARCIA THEREZA COUTO ASSISTÊNCIA DE CÂMERA E MONTAGEM
e condução da roda
Professora de Antropologia Gabriel Molina
na FMUSP ED RENE KIVITZ E MAFOANE
SOM DIRETO (RODA DE CONVERSA)
ODARA ,por compartilharem
seus saberes Sergio Scliar

GABI,HERMES,PAULO E YANN, TRATAMENTO E MIXAGEM DE AUDIO

por estarem conosco por Rafael Bresciani

JOSÉ REINALDO RISCAL 4 horas numa desafiadora DIREÇÃO DE ARTE E MOTION GRAPHICS
roda de conversa
Estatístico, doutorando Fabio Gular
na UFSCar MOSAICO FLUIDO,pela
LOCUÇÃO
facilitação gráfica
Prodígio Audio

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