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Amanda Abreu
Davi Ferreira
Dandara Pereira
Eudson Souza Menezes
Layza Martins
INTRODUÇÃO
1
Atividade avaliativa apresentada a disciplina História do Direito da Universidade Federal do
Maranhão, ministrada pelo Professor Msc. Jorge Serejo.
1 CONTEXTO SÓCIO-POLÍTICO ANTES DA INDEPENDÊNCIA: O FATOR
HUMANO E O FATOR POLÍTICO
2
Exceção feita é a Ordenação Manuelina que codificou as Ordenações Afonsinas às leis
extravagantes presentes à época (Cf. NASCIMENTO, 1984, p. 234)
3 LEIS ESPECIAIS PARA O BRASIL
O direito no Brasil colonial não era produzido dia a dia através das relações
sociais e de cidadania, mas sim de uma imposição da metrópole a colônia. O
sistema jurídico nesse período foi marcado por leis de caráter geral e pelas cartas de
foral, que tinham como objetivo centralizar o poder nas mãos de Portugal e dos seus
dirigentes que se encontravam em território brasileiro. Nesse período histórico não
havia uma burocratização quanto aos procedimentos, assim confundia-se em uma
só pessoa as funções de legislar, de acusar e de julgar.
Na história do Direito Português, Marcello Caetano (1985) explica que a
carta de foral foi um importante documento jurídico que indicava poderes e deveres.
Utilizado em Portugal no seu antigo império colonial, que visava estabelecer um
Conselho e regular a sua administração, limites e privilégios. A palavra foral deriva
da palavra “foro”, que por sua vez vem da palavra latina “Fórum”, que era o local
onde as questões jurídicas eram solucionadas, a população ficava exclusivamente
sobre o domínio da jurisdição da coroa, dessa forma, alguns ganhavam
propriedades conhecidas como sesmarias, enquanto que os nobres portugueses
ganhavam terras maiores conhecidas como capitanias hereditárias, e esses tinham
deverem com a coroa, que eram estabelecidos na carta de foral. Um exemplo é o
pelourinho que estava diretamente associado a existência de um foral, onde as
sentenças eram decididas pelo governo local.
As autoridades eleitas pela coroa portuguesa para exercer o poder judiciário
no Brasil existiam com o intuito de garantir o poder da metrópole sobre a colônia,
portando a coroa enviava um conselho burocrático de agentes públicos com o
objetivo de sufocar interesses e pretensões locais, principalmente de independência.
A formação do poder judiciário ocorreu por meio de amizade ou parentesco com a
família real brasileira
De acordo com Wolkmer (2006), no Brasil colonial vigoravam três
legislações: ordenações afonsinas (1466), ordenações manuelinas (1521), e
ordenações filipinas (1603). Em relação ao aparato jurídico na colônia temos a
criação do governo geral em 1548, ao governador geral cabia coordenar a defesa da
terra contra ataques, facilitar o estabelecimento de engenhos de cana, montasse
expedições de exploração da terra e protegesse os interesses da metrópole.
Castro (2007), ao explica que governo geral contava com três cargos
auxiliares: o Provedor-Mor que era responsável pela justiça, ou seja, organizar
juridicamente a colônia, já que em algumas capitais a falta de autoridade dos
donatários fizera com que imperasse grande desordem; Um Provedor-Mor que era
responsável pelas finanças: proteger os interesses do rei, em relação a cobrança de
impostos e monopólios: prover cargos; E um Capitão-Mor que era encarregado da
defesa. Não havia uma divisão de poderes tão bem caracterizada, pois muitas vezes
as atribuições poderiam se sobrepor sobre a outra dependendo da personalidade e
interesse daqueles que compunham o governo geral. Haviam também as câmaras
municipais que surgiram a partir da necessidade da criação de um órgão de
administração local, visando um maior controle das terras descobertas. A Coroa
utilizou um sistema já experimentado em Portugal. Sua função centralizava o poder
nas mãos de particulares, membros da elite local latifundiária, conhecidos como
“homens bons”. Estes homens eram vereadores e juízes ordinários e tinham o poder
de tributar, fiscalizar, legislar e ate mesmo julgar pequenos crimes.
A autora aborda também aborda a organização judiciária do governo geral:
em primeira instância haviam os juízes ordinários que eram eleitos na localidade,
para causas comuns. Exerciam funções semelhantes às do juiz de fora. Legislavam
e ao mesmo tempo eram responsáveis por processos cíveis e criminais. Já o juiz de
fora era nomeado pelo rei e tinha a função de garantir a aplicação das leis gerais. E
ao juiz de órfãos cabia-lhe processar e julgar causas que envolvessem a tutela e a
curatela. O corregedor era um magistrado com jurisdição sobre todos os outros
juízes de uma comarca, com a função fiscalizadora. Os provedores estavam acima
dos juízes de órfãos e cuidavam não somente dos órfãos, mas também de
instituições de caridade, hospitais e legitimação de testamento.
Para o segundo e terceiro graus de jurisdição existia os chamados “Tribunais
da Relação”, o primeiro foi criado na Bahia (1587), e o segundo foi criado no Rio de
Janeiro (1751), acima desses tribunais havia a “Casa da Suplicação”, em Lisboa,
que era a última instância para adentrar com algum tipo de recurso.
E em terceiro grau de jurisdição o órgão máximo era a Casa da Suplicação,
que era um tribunal supremo com sede em Lisboa. Outro era o Desembargo do
Paço, que fazia parte da Casa da Suplicação, que tinha como função despachar as
matérias reservadas ao rei. E a Mesa da Consciência e Ordens, reservada para as
questões relativas às ordens religiosas e de consciência do rei (instância única).
Em relação à influência do Direito colonial brasileiro no nosso sistema
jurídico, a priori vimos que no período retratado o Direito atende aqueles que
possuem mais terras e conseguem ser mais rentáveis, assim sendo, essa herança
histórica influenciou consideravelmente o modelo jurídico atual. É inegável que as
diversas transformações no Direito trouxeram grandes avanços no âmbito jurídico,
como a constituição de 1988 e a busca pela democracia, porém ainda existem
alguns resquícios do Direito brasileiro colonial no atual sistema. E o direito assim
como se apresenta não é o resultado da vontade nacional, com uma democracia
ainda muito jovem em estágio de maturidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir de tudo o que foi aqui discutido, pode-se inferir que o modelo de
colonização imposto ao Brasil, a saber, colonização de exploração, em que toda a
economia era voltada para a exportação atendendo às necessidades econômicas da
Coroa Portuguesa, influenciou e até mesmo determinou toda a história da nação
brasileira que seguiu ao longo desses 519 anos.
Sendo uma colônia, tudo o que foi trazido foi em caráter de imposição com o
objetivo de servir aos interesses da administração colonial. Dessa mesma forma
ocorreu com o direito, que no período colonial era um instrumento de manutenção e
legitimação do poder português, nem sempre atendendo às necessidades e
exigências do contexto brasileiro que, enquanto colônia, era bem diferente do
contexto português.
Além disso, frisa-se também o impacto deixado até os dias atuais da
escravidão imposta aos índios e, principalmente, aos negros que foram trazidos a
força para servirem aos interesses da Coroa Portuguesa, uma vez que configurava
como importante atividade lucrativa. Até hoje, os negros sofrem preconceito racial,
sequela dos séculos em que foram escravizados, tratados como coisas, como
objetos de propriedade de alguém, vivendo sempre em um estado de exceção,
sendo marginalizados ao longo da história, mesmo após a abolição que ocorreu no
período conhecido como Brasil Império.
REFERÊNCIAS
CASTRO, Flávia Lages de Castro. História do Direito Geral e do Brasil. 6.ed. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 265-294.