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Teologia Bíblica do Novo Testamento

TEOLOGIA BÍBLICA
DO
NOVO TESTAMENTO

Prof. Jonas Sabino

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Teologia Bíblica do Novo Testamento

1) INTRODUÇÃO

A palavra portuguesa Teologia vem do idioma grego (Theos = Deus + Logia = Estudo, Tratado).
Portanto, Teologia é o estudo de Deus. Cada religião ou mesmo algumas pessoas tem a sua própria forma de
entender Deus. Há aqueles que acreditam que Deus é uma força ou uma energia, outros acreditam que Deus
é a natureza, e ainda outros acreditam que nós todos somos Deus.
Para nós evangélicos, Deus é um Espírito Pessoal que governa todo o universo criado por Ele
mesmo. E esse mesmo Deus se revelou aos seus filhos através da Sua Palavra: a Bíblia. Portanto, a nossa
Teologia se baseia nas Sagradas Escrituras. Devido a isso, podemos dizer que a nossa Teologia é uma
Teologia Bíblica.

A) A DIVISÃO DA TEOLOGIA BÍBLICA

Teologia Bíblica divide-se em quatro partes:

I - TEOLOGIA SISTEMÁTICA

O nome “Sistemática” é utilizado devido à forma em que se baseia esse estudo. É uma forma
“sistematizada”, ou seja, uma forma de estudo da Bíblia por assuntos. Nesse tipo de Teologia procuramos
entender qual o pensamento de toda a Bíblia sobre determinado assunto ou tema.
A Teologia Sistemática subdivide-se em:

A) Bibliologia (Estudo da Inspiração e História da Bíblia);


B) Teologia Propriamente Dita (Estudo de Deus);
C) Cristologia (Estudo da Pessoa de Jesus Cristo);
D) Pneumatologia (Estudo da Pessoa do Espírito Santo);
E) Angelologia (Estudo dos Anjos);
F) Demonologia (Estudo dos Demônios);
G) Hamartiologia (Estudo da Doutrina do Pecado);
H) Soteriologia (Estudo da Doutrina da Salvação);
I) Antropologia (Estudo do Ser Humano);
k) Escatologia (Doutrina das Últimas Coisas).

II - TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO

É a Teologia Bíblica que se preocupa em estudar a forma como o Antigo Testamento apresenta
determinados temas. Estudamos aqui as formas de Deus lidar com o povo de Israel na época da Lei, os
Sacrifícios Levíticos, as manifestações do Verbo (Jesus Cristo) antes de tomar a forma humana, etc.

III - TEOLOGIA BÍBLICA DO NOVO TESTAMENTO

É a Teologia Bíblica que se preocupa em estudar a forma como o Novo Testamento apresenta
determinados assuntos. Estudamos aqui a Teologia contida nos Evangelhos, em Atos, nas Epístolas Paulinas
(do Apóstolo Paulo), aos Hebreus e Universais (Tiago, Pedro, João e Judas), e em Apocalipse. A Teologia do
Senhor Jesus e a do Apóstolo Paulo se constituem num estudo muitíssimo importante para que possamos
compreender bem o conteúdo da Teologia do Novo Testamento.

IV - TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA
Alguns não a consideram como uma Teologia Bíblica, pois nela nos ocupamos com o estudo das
modernas reflexões teológicas. Analisamos, aqui, os pensamentos de teólogos como: Karl Barth, Paul Tillich,
etc.

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B) FASES DE DESENVOLVIMENTO DA TEOLOGIA:

1 – Teologia da Igreja Primitiva. Essencialmente a compreensão do cumprimento da TBVT na


pessoa de Cristo, e as aplicações pessoais dos ensinamentos diretos de Jesus.
2 – Teologia dos Pais Apostólicos. Desenvolvimento de novas formulações teológicas ante o
surgimento de heresias. Com aspecto mais apologético.
3 – Teologia da Idade Média. Formulação teológica dogmática.
4 – Teologia da Reforma (Séc.XVI). Reação contra o caráter não bíblico da teologia dogmática
da Idade Média, com uma teologia fundamentada somente na Bíblia, com a utilização dos estudos das
línguas originais.
5 – Teologia Ortodoxa do Séc.XVII. Junção da Teologia dos Reformadores com princípios
filosóficos.
6 –Teologia Racionalista (Séc.XVIII e XIX). Ênfase a razão, ora positiva ora negativamente.
7 – Teologia Liberal. Surgimento da Filosofia da Religião, a reação conservadora e a vitória da
Religião sobre a Teologia, com a ênfase para o aspecto religioso da interpretação bíblica.
8 – Teologia Bíblica Contemporânea (década de 1920). Renascimento da Teologia Bíblica com
o resgate da idéia de Revelação.
9 – Teologia Bíblica do Terceiro Milênio. ..

C) TEOLOGIA BÍBLICA

A Teologia Bíblica é a disciplina que estrutura a mensagem dos livros da Bíblia em seu ambiente
formativo histórico. Sua tarefa é expor a teologia encontrada na Bíblia em seu próprio contexto histórico, com
seus principais termos, categorias e formas de pensamentos. Sua intenção é contar a história daquilo que
Deus tem feito. O que também afeta a existência humana. Contudo, a teologia bíblica não pode mostrar-se
cega para com a questão da fidelidade da história bíblica. O problema reside no fato de que as
pressuposições sobre a natureza da história têm continuadamente sido inseridas na reconstrução da
mensagem bíblica.
Entretanto, uma vez que a teologia bíblica preocupa-se com a auto-revelação de Deus e com a
redenção dos homens, a própria idéia da revelação e redenção envolve certas pressuposições que estão
implícitas por toda parte e com freqüência explicitas na Bíblia. Essas pressuposições são: Deus, o homem e o
pecado. A realidade de Deus é assumida em toda parte. A Bíblia não se preocupa em provar a existência de
Deus ou discutir o teísmo de um modo filosófico. Ela assume um ser, auto-existente, pessoal e poderoso que
é criador do mundo e do homem, e que se preocupa com o homem.
A teologia bíblica é teologia: é primeiramente uma história sobre Deus e seu interesse e cuidado
para com os homens. A teologia bíblica, conseqüentemente, não é, de modo exclusivo ou mesmo primário,
um sistema de verdades teológicas abstratas. Constitui-se basicamente na descrição e interpretação da
atividade divina no contexto do cenário da história humana, procurando a redenção do homem.

D) CONCEITO E COMPARAÇÃO DA T.B.N.T. COM A T.B.V.T.

O elo de ligação entre o Velho Testamento e o Novo Testamento é este sentido das atividades
divina na história. A teologia ortodoxa tradicionalmente tem subestimado, ou pelo menos dado pouca ênfase
ao papel dos atos redentores de Deus na revelação. É mais certo dizer que a revelação se movimenta na
dimensão do encontro pessoal, e este é de fato o fim de toda revelação, ver a face de Deus. O que Deus
revela não é somente informação acerca de si mesmo e do destino humano; Ele revela a Sua própria pessoa,
e esta revelação tem acontecido em uma serie de eventos históricos.
O maior ato revelatório de Deus no Velho Testamento foi o livramento do povo de Israel d
escravidão do Egito. Este não foi um evento histórico ordinário como os eventos que sucederam a outras
nações. Não foi uma realização devida aos esforços dos israelitas. Não foi atribuída ao gênio e habilidade de
liderança de Moisés. Foi um ato de Deus (Êx.19:4). Este livramento não foi apenas um ato de Deus; foi um
ato através do qual Deus tornou-se conhecido a traves do qual Israel deveria conhecer e servir a Deus
(Êx.6:6,7).
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A história também revela Deus em ira e julgamento. Oséias prossegue imediatamente em dizer
que Israel de deve voltar ao cativeiro por causa dos seus pecados (Os.11:1-5). Amós também trata a questão
(Amós 4:12; 5:18).
A história de Israel é diferente de qualquer outro tipo de história. Se bem que Deus seja o Senhor
de toda a história, em uma série especial de eventos, Deus fez uma revelação de si mesmo que jamais fez
em outro lugar.
O Novo Testamento está neste fluxo de “história sagrada”. A revelação de Deus na história
redentora de Israel encontra sua palavra mais clara no evento histórico da vida, morte e ressurreição de
Cristo (Hb.1:1,2).
A teologia do Novo Testamento consiste primariamente da recitação do que Deus realizou em
Jesus de Nazaré. Além do mais o ato redentor da parte de Deus em Jesus não é senão o ponto final de uma
longa serie de atos redentores em Israel. A mensagem dos profetas dá grande ênfase à esperança – ou
aquilo que Deus ainda fará no futuro.O Novo Testamento constantemente faz soar a nota de que aquilo Deus
havia prometido agora Ele estava realizando (Mc.1:15; Lc.4:21).
Os Evangelhos registram as obras e palavras de Jesus; os Atos relatam o estabelecimento e
extensão do movimento que se iniciou com o ministério de Jesus; as Epístolas reforçam as explicações sobre
o significado da missão redentora de Jesus; e o Apocalipse esboça a consumação da obra redentora de
Cristo para o mundo e a história humana, a qual é possível graças ao que Ele fez na história.
Nota: Texto retirado do Livro Teologia do Novo Testamento de George Eldon Ladd, editora Hagnos.

E) VALOR E NECESSIDADE DA TEOLOGIA

Reconhecemos, também, que há teologias que em nada contribuem ao fortalecimento da fé, não
exercem motivação ou estimulo paro o crente viver e agir conforme a vontade de Deus. Isto acontece porque
tais teologias exercem um caráter puramente especulativo e filosófico, e inclinações confusas e indutoras de
disputas infrutíferas.
A Teologia desenvolvida sem as aberrações dos que a desprezam, ou dos que a supervalorizam, é fiel
à natureza e finalidade do Evangelho, e representa um grande e necessário valor para a vida dos filhos de
Deus. A Teologia é necessária em virtude da necessidade de conhecimento da natureza intelectual do ser
humano.
A ausência da teologia verdadeira — falta de compreensão adequada das coisas de Deus —
possibilita duas distorções: a superstição e o fanatismo:
* A Teologia É Necessária em Virtude da Relação que Existe entre a Verdade Sistematizada e o
Desenvolvimento do Caráter Cristão.
*A Teologia É Necessária porque Ajuda os Pregadores a Definir e Expor as Doutrinas do Cristianismo.
*A Teologia É Necessária como Meio de Defesa da Religião que se Professa.
*A Teologia É Necessária à Propagação do evangelho e à solidificação de seus resultados.

F) FATORES FORMATIVOS DA TEOLOGIA BÍBLICA (Autêntica):

FATOR Nº 1 Jesus Cristo é uma pessoa, Real, Histórica e Divina.


FATOR Nº 2 Aceitação e Credibilidade das Escrituras Sagradas (Neo-Testamentárias)
FATOR Nº 3 Reconhecer e Aceitar a Real Atuação do Espírito Santo na Vida dos Cristãos.
FATOR Nº 4 Entender e Explicar as Experiências Espirituais dos Cristãos Referidos nas Escrituras do Novo
Testamento Sujeitos à Operação do Espírito Santo.

G) OS ESCRITOS QUE HOJE FORMAM O NOVO TESTAMENTO.

A formação do Novo Testamento, não se originou com os Evangelhos, outros escritos surgiram
primeiro, as cartas. Paulo por exemplo desenvolveu sua teologia a partir da pessoa, obras e ensinos de
Jesus, e buscou alicerçar sua autoridade nessas realidades. Quando Paulo disse aos Coríntios —‘Porque eu
recebi do Senhor o que também vos ensinei’ (1 Co 11.23) — ele estava revestido de autoridade em seu
ensino por baseá-lo naquilo que havia recebido do próprio Senhor Jesus. Em outras palavras, Paulo não quis

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construir um edifício por si mesmo, de sua própria sabedoria e invenção, mas ensinou o que aprendera de
Jesus Cristo.”(Ver também Gálatas 1.11,12; 2 Co 13.3; ver também o testemunho de Pedro em 2 Pedro 1.13-
16).
Os Escritos do Novo Testamento são autênticos e revestidos de autoridade, pois em última análise,
fluíram da pessoa, obras e ensino de Cristo Jesus. Qualquer teologia que colida com a pessoa de Jesus em
sua historicidade e divindade — caráter milagroso de sua obra — é falsa e perniciosa ao Reino de Deus.

2) O SURGIMENTO DA TEOLOGIA NEOTESTAMENTÁRIA EM TORNO DA PESSOA E DO ENSINO DE


JESUS.

Jesus Cristo, como pessoa histórica e divina É O FUNDAMENTO DA VERDADEIRA TEOLOGIA.


Jesus é o Padrão de aferição. (Efésios 2.21 a pedra angular do Edifício). Jesus é a convergência da
interpretação das Escrituras. (primitiva, medieval, reformada, contemporânea):

A) O Surgimento da Teologia em torno da Pessoa e do Ensino de Jesus.


No princípio, tudo acerca de Jesus — os fatos e os ensinos — eram transmitidos oralmente.

B) Causas que Provocaram a Origem da Formação Teológica: Cartas de instrução dos líderes cristãos
para o doutrinamento dos novos crentes.

1. O Rápido Crescimento do Número de Crentes.


- Dificuldades para instruir oralmente.
- Conflitos de natureza múltipla: (heterogeneidade: judeus X prosélitos (gentios) Atos 6).

2. Dispersão dos Crentes.


- Os primeiros 25 anos da história cristã, com perseguições, impulsionaram a igreja na implantação
do Evangelho pela Ásia e pela Europa, culminando no surgimento de muitas igrejas e instrução escrita a qual
era lida perante a Congregação, copiada e enviada a outras igrejas.

3. Surgimento de problemas de natureza comportamental.


- Embates acerca dos costumes pagãos entre os convertidos, a moral do cristianismo. Os
Escritos surgiram para orientar objetivamente, fundamentados no ensino de Jesus — como os cristãos
deveriam se portar entre os irmãos — o corpo de Cristo e entre os de fora, com um viver digno, segundo a
vontade e o padrão de Cristo.
Ex.: Indisciplina nos cultos, a imoralidade sexual, o faccionismo em torno de nomes de pregadores, a
crença nos dons espirituais e a falta de discernimento do sentido da Ceia do Senhor.

4. Choque das esperanças cristãs com a hostilidade e crueldade do mundo que tinham de enfrentar.
- Como entender à violência até o martírio, diante das promessas de Jesus. Escrever para consolar
os cristãos assoados pela perseguição e a perseverar na fé até o fim.

5. Choque entre a mentalidade judaica e a gentílica, no encontro de cristãos judeus e cristãos gentios.
- Entrava-se em choque de ponto de vista (sistema) religioso originário (Atos 15)
- Ex.: A ressurreição dos mortos, a volta de Jesus, a justificação pela fé sem as obras da lei, etc

6. Infiltração de heresias nas fileiras cristãs.


- Fábulas criadas pela mente humana movida por fanatismo e superstição, infiltraram-se entre os
cristãos e ameaçava a fé, ou no mínimo, confundia os crentes.
- Ex.: O legalismo. O nicolaitismo. O gnosticismo, combatido no Evangelho de João para provar que
Jesus não era uma simples emanação de Deus, ou mera aparição incorpórea, mas sim a encarnação do
Verbo.

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3) A TEOLOGIA NOS EVANGELHOS

A) A NATUREZA DO ENSINO DE JESUS

“E, chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ouvindo-o, se admiravam, dizendo: De onde lhe vêm
estas coisas? E que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos?” Mc. 6.2

“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a
sua casa sobre a rocha; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não
caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei
ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e
combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda. E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão
se admirou da sua doutrina; Porquanto os ensinava como tendo autoridade; e não como os escribas.” Mt. 7.24-29.

Jesus era conhecido como mestre ou Rabi, que quer dizer instrutor ou professor. O ministério de
Jesus foi marcado pela importante missão de ensinar, pois percorria todas as cidades e povoados, ensinando
nas sinagogas, no templo, no monte, até num barco, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de
doenças e enfermidades. Ele mesmo afirmou: “Vós me chamais o mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu
o sou”. Jesus aproveitava todas as oportunidades para ensinar o povo.

Ensinar é transmitir as verdades fundamentais das Escrituras Sagradas, metodicamente organizadas,


cujos princípios servem de base à vida cristã. A Palavra de Deus contem as Boas Novas ao Povo, este é o
conteúdo tanto do Ensino como da Pregação, o conteúdo é o mesmo, somente a forma é diferente. Na
pregação é proclamada ou anunciada a mensagem bíblica para os ouvintes durante certo período de tempo.
Ensinar é participar de um processo que utiliza muitas formas didáticas e ocorre em muitos lugares e em
diversos períodos. Jesus ensinava mais pelo seu relacionamento com os seus discípulos, comunicando a
verdade, modelando estas verdades na vida de seus alunos, e os levando a apropriar-se dessas verdades
ensinadas. Ensinar e aprender é um processo bem inclusivo, pois abrange a vida toda da pessoa e da Igreja
toda em todo tempo. Todos ensinam de uma maneira ou de outra, e todos aprendem alguma coisa. (Mateus
4.23; 9.35; João 13.13; Atos 5.42; 28.30-31; Marcos 3.14; Efésios 4.15,16 Mateus 19.16; Marcos 5.35). Jesus
percorria constantemente de um lado para outro muito ativo sempre ensinando (Mateus 5.2; 7.28,29).Ele era
conhecido como mestre. (João 3.2; Lucas 17.13). Jesus ensinava e convivia com os discípulos. (Marcos
3.13,14). Pouco antes da ascensão, Jesus ainda ensinava aos seus discípulos (Lucas 24.2).

I - Jesus ensinava a todos

Os ensinamentos de Jesus apresentam e esclarecem o caráter íntimo da via religiosa e da prática,


ensina a todos indistintamente. Doutores da Lei, que eram a elite intelectual de Israel (Lucas 2.46,47); Ensina
Nicodemus, que era um dos principais dos judeus, um membro do Sinédrio (Lucas 22.66: João 7.50), e se
tornou discípulo admirador de Jesus. (João 19.39); ensinava aos amigos, Lázaro, Marta e Maria (João 12.1-3;
Mateus 21.17); e os adversos (João 4.9-27). Encontrava-se com publicanos (classe odiada pelo povo judeu) e
pecadores, mas sempre com o intuito de pregar, ensinar e curar os enfermos (João 1.35-51). No sermão do
monte Jesus ministra um ensinamento universal (Mateus 4.25; 8.1; Lucas 6.17-49). É interessante notar que
durante o seu ministério geral Jesus ensinava a todos de forma abrangente, e posteriormente aprofundava
esses conhecimentos aos seus discípulos de forma mais particularizada (João 10.22-25; 16.25; Mateus
13.34-36).

II - Jesus ensinava com autoridade.

Jesus é chamado de mestre, quarenta e cinco vezes nos Evangelhos, e nunca foi designado como
pregador. Ele mesmo se apresentava como mestre: “Vós me chamais Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque
eu o sou” (João 13.13). Jesus vivia o que ensinava, era diferente dos fariseus que ensinavam, mas não
praticavam (Mateus 7.29), porque ele ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas (Marcos
1.22). Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os

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escribas (João 4.34). Disse-lhes Jesus: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou
e realizar a sua obra”. O processo de ensino de Jesus variava de acordo com a situação. Seu ensino era
pautado nas experiências da vida. Junto ao poço de Jacó ele tem um encontro com a mulher samaritana e a
ensina sobre a água viva que jorraria para a vida eterna (João 4.5-15).

III - Jesus era pertinente.

Jesus era o Mestre por excelência, porque Ele mesmo encarnava perfeitamente a verdade (João
14.6). Como Mestre divino, Jesus reunia todo o conhecimento possível da verdade (Colossenses 2.3), e
também conhecia a natureza humana de seus alunos (João 2.24-25). Jesus era coerente em seu ensino.
Para Ele toda a aprendizagem se relacionava com o fazer à vontade de Deus (João 7.15-17). O saber era
reforçado pelo fazer. O ensino de Jesus era sempre orientado à realidade. Assuntos como vida e morte, céu e
inferno, dinheiro, emprego, saúde, problemas sociais, costumes, família, natureza, preocupação, eram
freqüentes em suas mensagens. O ensino de Jesus era relacional e altamente interativo, enfocando as
necessidades das pessoas num nível mais profundo (João 4.1-26); (13.1-17). O conteúdo do ensino de Jesus
era revelado pelo próprio Pai (João 17.8). O ensino de Jesus era pertinente à realidade humana, porque não
ensinava somente com base na teoria, mas na prática (Hebreus. 2.18; 4.15). Ao compartilhar suas próprias
emoções de compaixão, julgamento, amor, alegria, tristeza, gratidão e simpatia. Ele atraía as pessoas para
seu ensino e sua pessoa. Jesus manifestava autoridade em seu ensino (Mateus 7.28-29). Seu
relacionamento com seus discípulos eram baseados no amor (João 13.1). Jesus não fazia discriminação
entre aqueles a quem ensinava. Sua prioridade era sua responsabilidade e não sua reputação (Marcos 2.15).

IV - Jesus ensinava por parábolas.

Jesus usava muitos métodos para ensinar ao povo, ele fazia e respondia perguntas, um dos mais
populares veículos pedagógicos Dele eram as parábolas (Marcos 4.2; Mateus 13.3). As parábolas constituem
50% do Evangelho escrito por Lucas, cerca de 20 parábolas. As parábolas são comparações, que esclarecem
alguma coisa. Através das parábolas e da convivência, Jesus ensinava o dia a dia aos seus discípulos
(Marcos 3.13,14; Mateus 10.5). No ensino por parábolas Jesus desejava despertar a indagação; despertar os
indiferentes e impressionar-lhes o coração com verdade. Esse tipo de ensino era popular e atraia a atenção
do povo. Os ouvintes sinceros, que desejava obter maior conhecimento e compreensão das coisas divinas,
poderiam compreender Suas palavras, pois o Mestre estava sempre pronto a explicá-las. Os Ensinos de
Jesus tratam daquilo que é essencial ao desenvolvimento do caráter. Ele falava aos homens das verdades
relacionadas com a conduta da vida. Tais ensinos ampliam a capacidade humana para conhecer melhor a
Deus, e fazer o bem a quem quer que seja (Mateus 13. 10-17; Marcos 4.12).

B) A PRÁTICA DO ENSINO DE JESUS

Jesus fez uma clara opção pela prática em relação ao discurso e à fala (Mateus 7.24-27). Este dado
tem enorme relevância para os obreiros cristãos que costumam eleger a fala como principal instrumento de
ensino. Com a prática das curas Jesus devolve a dignidade aos pobres, aos marginalizados (mulher adúltera,
leprosos) (Mateus. 8.1-4; João 8.1-11), e outras categorias oprimidas pelo sistema social daquela época. Com
a prática das curas Ele restaura as saúdes físicas, mentais e espirituais do povo: deficientes (cego, mudo,
surdo, paralítico), enfermos (febre, hemorragia, mão ressequida, lepra, etc.) e endemoninhados. O Reino não
chega apenas através da palavra falada, ou por adesão exclusivamente intelectual, emocional, espiritual e
moral. O Reino de Deus surge através da prática da misericórdia de Jesus. Por isso, a multidão à qual Ele
devolveu a dignidade e a esperança reconhece Nele o Messias. João Batista, preso, tem dúvida a respeito da
messianidade de Jesus e lhe envia mensageiros (Mateus.11.2-6). A resposta de Jesus não se traduz
propriamente em discurso, Ele manda que os mensageiros voltem e anunciem a João o que estão vendo e
ouvindo, ou seja, a comprovação de sua prática. As parábolas de Jesus, veículo fundamental para seu
ensino, se inspiram nas mais variadas práticas da vida cotidiana. Na verdade, todo o discurso de Jesus é
antes de tudo a explicitação de sua prática. Ele é coerente porque sua prática é o ponto de partida de seu
discurso. Esta é uma das razões pelas quais Ele foi rejeitado. A liderança dominadora não conhecia a

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pedagogia da misericórdia, aquela que, diante dos abandonados e sofridos, começa com atos libertadores. A
prática pedagógica de Jesus exige que a sociedade humana seja colocada ao avesso. Ela só tem sentido na
lógica do Reino. Não basta que uma pedagogia se concentre na prática para que venha a merecer o
qualificativo de cristã. Para ser cristã é fundamental que esta pedagogia esteja comprometida com os valores
da Palavra de Deus.

C) JESUS E A LEI.

Assim como Jesus teve uma relação de continuidade e descontinuidade a respeito da relação entre
Deus e Israel, também quanto a Lei, Jesus apresentou aspectos semelhantes. Ele considerou o Antigo
Testamento como Palavra de Deus, e a Lei como regra de vida dada por Deus aos homens. Considerou o
cumprimento do verdadeiro propósito da Lei parte efetiva de sua missão (Mt.5:17), trabalhando a validade
permanente do Antigo Testamento (Mt.5:17,18).
Jesus inaugurou uma nova era com uma nova definição do papel e importância da Lei para com a vida
dos homens. A Lei a os Profetas foram até João Batista, após tem inicio a era da salvação messiânica
(Mt.11:13; Lc.16:16), e uma nova relação entre homens e Deus, agora mediada através do próprio Jesus e do
Reino de Deus. Sua missão messiânica e a presença do Reino de Deus são o cumprimento da Lei e dos
Profetas.
Jesus assumiu uma autoridade igual a do Antigo Testamento, contrastando o método rabínico de
autoridade que se baseava nas acumulações da sabedoria rabínica anterior. Ao invés de usar “Assim diz o
Senhor”, Jesus utiliza “Eu vos digo”.
Jesus rejeitou as interpretações que os escribas fizeram da Lei incluindo: ensinos a respeito da
observância do sábado (Mc.2:23-28; 3:1-6; Lc.13:10-21; 14:1-24); do jejum (Mc.2:18-22); sobre as
purificações e abluções cerimoniais (Mt.15:1-30;Mc.7:1-23; Lc.11:37-54); e as distinções entre “justos” e
“pecadores” (Mc.2:15-17; Lc.15:1-32).
Jesus reinterpretou a importância da Lei em uma nova era da salvação messiânica. Declarou novos
princípios (Mc.7:15;19) em relação à tradição de observância cerimonial. Com fundamento em sua própria
autoridade, Jesus pos de lado o principio da pureza cerimonial que se encontrava incorporado em boa parte
da legislação Mosaica.

D) NOÇÃO NEOTESTAMENTÁRIA DO REINO DE DEUS.

O Reino de Deus é a mensagem central de Jesus (Mc.1:14,15). Dentro das interpretações a respeito
do Reino, de Agostinho aos reformadores o ponto de vista dominante é a identificação do Reino com a Igreja.

I – O Reino Escatológico e o Reino Presente.

1.1.O Reino Escatológico.

A estrutura básica do pensamento de Jesus a cerca do Reino é encontrada no dualismo escatológico.


A vinda e o aparecimento do Reino assinala o fim da era presente e inaugura a Era Vindoura. Herdar a vida
eterna, e a entrada no Reino de Deus são sinônimos de pertencer a Era Vindoura. Dentro da visão do Reino
escatológico, na teologia veterotestamentária, tanto no Velho Testamento quanto no judaísmo, o Reino foi
sempre descrito em termos de Israel. No judaísmo pós-exílico tornou-se bem particularista. O Reino passou a
significar a soberania de Israel sobre os inimigos políticos e nacionais. Um dos fatos que separou o ensino de
Jesus do judaísmo foi à universalização do conceito Reino de Deus. Jesus fez da atitude responsiva a Sua
própria pessoa e mensagem o fator determinante para pertencer ao Reino escatológico (Mt.8:12; 13:38;
Mc.10:15).

1.2 O Reino Presente.

Jesus considerou o Seu ministério como cumprimento da promessa do Velho Testamento na história
(Is.61:1,2-Lc.4:21; Mt.11:2-6-Is.35:5,6). Por toda a extensão dos Evangelhos Sinópticos, a missão de Jesus é

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interpretada como cumprimento das promessas do Velho Testamento. O Reino de Deus chegou entre os
homens (Mt.12:28,29; Mc.1:28). O Reino de Deus, nos ensinos de Jesus, tem uma dupla manifestação: ao
fim dos tempos, destruir Satanás; e, na missão de Jesus, aprisionar a Satanás. Antes da destruição final de
Satanás, os homens podem ser libertados do seu poder. “Aprisionar” é uma metáfora designando que o seu
poder é freado, limitado. Seu agir continua sendo possível (Mt.13:19; Mc.8:33; Lc.22:3,31),porém não
naqueles em que o Reino de Deus está presente.

Assim há um duplo dualismo no Novo Testamento: A vontade de Deus é feita nos céus; Seu Reino a
faz presente na terra. Na Era Vindoura, os céus descem a terra e elevam a existência histórica a uma esfera
de vida redimida (Ap.21:1-3).

II – O Reino e a Igreja.

A Igreja é a comunidade do Reino, mas nunca o próprio Reino. Os discípulos de Jesus pertencem ao
Reino como o Reino lhes pertence; mas eles não são o Reino. O Reino é o domínio de Deus; a Igreja é uma
sociedade composta por seres humanos.

2.1 - A Igreja não é o Reino.

O Novo Testamento não iguala os crentes com o Reino. Os primeiros missionários pregaram o Reino
de Deus, não a Igreja (At.8:12; 19:8; 20:25; 28:23,31). A Igreja constitui-se no povo do Reino, mas nunca o
próprio Reino.

2.2 – O Reino Cria a Igreja.

O domínio de Deus, presente na missão de Jesus, desafiou os homens a manifestarem uma resposta
positiva, introduzindo-os em um novo grupo de comunhão. Segundo G.E.Ladd, a Parábola da rede que é
lançada ao mar (Mt.13:47-50) instrui quanto ao caráter da Igreja e sua relação com o Reino, pois a comunhão
criada pela ação presente do Reino de Deus incluirá indivíduos que não são filhos verdadeiros do Reino.

2.3 – A Igreja dá testemunho do Reino.

A missão da Igreja é dar testemunho do Reino. Essa é uma das principais extensões da teologia do
discipulado. Israel não é mais a testemunha do Reino de Deus; a Igreja assumiu o seu lugar (Mc.12:1-9).

2.4. – A Igreja é a agência do Reino.

Os discípulos de Jesus foram considerados como agentes instrumentais do Reino, pelo fato de as
obras do Reino terem sido realizadas por eles como se fossem realizadas pelo próprio Jesus (Mt.10:8; 16:18;
Lc.10:17).

2.5 – A Igreja é a guardadora do Reino.

O conceito rabínico do Reino de Deus tinha Israel como o guardador do Reino. O Reino de Deus era o
domínio de Deus, que começou sobre a face da terra desde os dias de Abraão e foi entregue a Israel através
da Lei. Quando acontecia um gentio tornar-se um prosélito judeu e adotar a Lei, como decorrência deste
gesto, aceitava o domínio ou a soberania dos céus ou o Reino de Deus sobre si. Na pessoa de Jesus o
reinado de Deus manifestou-se em um novo evento redentor, demonstrado, de um modo totalmente
inesperado, os poderes do Reino escatológico dentro do cenário da história humana (Mc.12:9). Um aspecto
interessante está ligado às passagens de Is.22:22 e Mt.16:19, com relação a ekklesia possuir as chaves do
Reino dos céus. Assim, Jesus deu a Pedro a autoridade de tomar decisões quanto à conduta da Igreja, sobre
a qual ele deve exercer supervisão. Ao abandonar a pratica de certos ritos judaicos, a fim de manter a livre
comunhão com os gentios, ele estaria exercendo esta autoridade administrativa (At.10-11). Também se
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Teologia Bíblica do Novo Testamento

observa a questão das chaves do Reino no aspecto que Jesus condenou os escribas e fariseus porque eles
haviam ocultado a chave do conhecimento, recusando-se, eles próprios a entrar no Reino de Deus e, ao
mesmo tempo, impedindo que outros entrassem (Lc.11:52; Mt.23:13). A autoridade de ligar e desligar envolve
a admissão ou exclusão dos homens da esfera do Reino de Deus. A autoridade confiada a Pedro baseia-se
na revelação, isto é, no conhecimento espiritual, que ele partilhou com os doze. As chaves do Reino são,
conseqüentemente, “o discernimento espiritual que capacitará Pedro a liderar os outros para que passem
pela porta da revelação pela qual ele mesmo teve de passar”. Em qualquer lugar que eles ou a sua
mensagem fossem recebidos, a paz repousaria sobre aquela casa; mas onde quer que eles ou sua
mensagem fossem rejeitados, o julgamento de Deus já estava determinado sobre aquela casa
(Mt.10:14,15,40; Mc.9:37). Sendo assim o Reino significa o reinado de Deus e a esfera na qual as bênçãos de
seu reinado são desfrutadas; a Igreja é o grupo de comunhão formado por aqueles que experimentaram o
reinado de Deus e passaram a desfrutar das suas bênçãos. O Reino cria ou origina a Igreja, opera através
dela e é proclamado no mundo pela Igreja.
3 – TEOLOGIA NOS ATOS DOS APÓSTOLOS

3.1 – Espírito Santo e Sua Atuação.

Após a morte, ressurreição e ascensão de Jesus os discípulos aguardavam o direcionamento de


Deus. No dia de Pentecostes o Espírito Santo foi derramado sobre eles. Esse derramamento é também
chamado de o batismo no Espírito (1:5) e de “dom do Espírito Santo” (2:38).

a) O termo “batismo” – Atos relata que houve novas ocorrências do enchimento com o Espírito, mas
nunca é dito que os crentes foram batizados com o Espírito uma segunda vez. Não temos uma regra sobre a
forma com que se dá o batismo. Temos At.8:12-17 com Felipe em Samaria (recebem o batismo com o
Espírito depois); em At.10:44;11;16 (não há imposição de mãos); em At.19:1-7 (Paulo impondo as mãos e
eles recebendo o Espírito).

b) O termo “enchimento ou plenitude” – A plenitude do Espírito é, primeiramente, uma experiência


individual que pode ser repetida e tem a ver com a devoção cristã (Ef.5:18-21) e com o ministério (At.4:8;
13:9). Em nenhuma parte do Novo Testamento ordena os crentes a serem batizados com o Espírito Santo,
como o faz no sentido de serem cheios do Espírito (Ef.5:18), pois o batismo é um fato que ocorre por ocasião
de inicio da fé, na conversão.
O batismo com o Espírito é o ato do Espírito Santo reunindo, em uma unidade espiritual, pessoas de
diferentes origens raciais e formação social, a fim de que formem o corpo de Cristo – a ekklésia (1Co.12:13).
É a criação de Deus através do Espírito Santo. Por essa razão só pode haver, na realidade, uma ekklésia. As
linguas faladas no Pentecostes tinham um significado simbólico e sugerem que esse novo evento na história
da redenção, estava designado para todo o mundo e uniria homens de diferentes idiomas numa nova
unidade, a da ekklésia.

3.2 – Funcionamento das Igrejas Primitivas.

A experiência do Pentecostes não levou os primeiros cristãos a romper com o judaísmo e formar uma
comunidade separada e distinta. Aos olhos externos parecia uma sinagoga judaica que reconhecia Jesus
como Messias. Sua fé cristã foi simplesmente justaposta a sua velha religião judaica. No entanto certos
elementos são distintos:

a) “O ensino dos apóstolos” ou “Didachê” – Incluía o significado da vida, morte e exaltação de


Jesus, Sua entronização como Rei Senhor, inaugurando a era messiânica das bênçãos e a futura
consumação escatológica.

b) O Culto – Havia uma grande simplicidade. Além da adoração no templo, há reuniões nos lares
(At.2:46; 5:42), para o partir do pão e comunhão na refeição, iniciando assim atos de adoração cristã distintos
do judaísmo. O padrão é o de muitas “igrejas-lares”, congregações separadas.

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Teologia Bíblica do Novo Testamento

c) Batismo – Todos os que aceitassem a proclamação de Jesus como Messias, se arrependessem


eram batizados com água. O batismo tornou-se o sinal visível de admissão à comunhão cristã, e os crentes
são batizados “em nome de Jesus Cristo” (At.2:38). Nenhum espaço de tempo decorria entre o ato de crer em
Cristo e o batismo (At.2:41; 8:12,36,37; 10:47,48; 9:18; 16:14,15) .

d) Comunhão Cristã – Os primeiros cristãos estavam conscientes que estavam ligados uns aos
outros, porque estavam unidos em Cristo (At.2:42,44,46). Era incompreensível que um novo convertido
vivesse como cristão de forma isolada.

e) A Organização da Ekklésia – A ekklésia mais primitiva consistia de uma comunhão livre de crente
judeus que não tinham rompido com o judaísmo, que continuavam nas praticas e cultos da religião judaica.
Seus únicos líderes eram os apóstolos, cuja autoridade era aparentemente espiritual, mas não legal.
Não havia organização, nem líderes nomeados. A primeira liderança foi escolhida quando um
problema interno surgiu. Possivelmente esse é o inicio do oficio diaconal (1Tm.3:8-13; Fp.1:1). Um grupo de
anciãos apareceu como lideres da igreja em Jerusalém (At.11:30). Possivelmente quando os apóstolos
começaram a se empenhar na pregação fora de Jerusalém, os anciãos foram escolhidos a fim de assumirem
o seu lugar para administrar a igreja em Jerusalém (At.15:2,22; 16:4). Ao organizar as igrejas na Ásia Paulo
designou anciãos em cada uma delas (At.14:23). Devemos observar que a congregação dos santos teve uma
voz ativa na eleição dos sete e também no Concílio de Jerusalém (At.6:2; 15:12,22).
A forma de liderança foi um desenvolvimento histórico, no qual participaram os apóstolos, os anciãos e
toda a congregação. As igrejas de forma geral não estavam ligadas por qualquer vinculo de organização ou
por oficiais nomeados, mas permaneciam debaixo da autoridade espiritual dos apóstolos. Quando Pedro
confessou sua fé na messianidade de Jesus, estabelecendo o fundamento sobre que a Igreja seria fundada,
não o fez como individuo, mas como porta-voz e representante dos doze, em sua capacidade apostólica.
Embora a escolha humanamente falando já tinha sido completada com a escolha de Matias, o Espírito Santo
podia levantar novos apóstolos, cuja função apostólica era reconhecida pelas igrejas como derivada de seus
dons carismáticos e não da autorização humana. Além dos doze outros são reconhecidos como apóstolos
(At.14:14; Gl.1:19; Rm.16:7). Porém há a defesa de que uma vez que a Igreja já havia sido fundada com êxito
e a palavra apostólica da interpretação do signifIcado do Cristo já fora colocada na forma escrita, não havia
mais necessidade da continuação do oficio apostólico.
Unidos aos apóstolos estão os profetas (EF.2:20; 3:5), que eram homens dotados do Espírito Santo
para ocasionalmente profetizar eventos futuros (At.11:27,28; 21:10) e, mais freqüentemente, para transmitir
palavras de revelação para edificação da Igreja (1 Co.14:6,29,30).
Mesmo sem uma ligação eclesiástica ou de autoridade formal, as igrejas tinham um profundo senso de
unidade que é ilustrado pelo uso do termo EKKLÉSIA. O termo é usado para congregações locais (At.11:26;
13:1; 14:23), casas particulares (At.8:3), e todos os crentes em uma determinada cidade (At.5:11; 8:1). No
plural era usado para designar todas as igrejas (At.15:41; 16:5). Há também uma aplicação representativa
para toda a igreja como “a igreja de Deus” (At.20:28).
Os empregos do termo ekklésia dão a entender que a Igreja não é meramente um numero total de
igrejas locais ou a totalidade de todos os crentes; antes, a congregação local é a Igreja em manifestação
local.
Este é um reflexo do fato de que todas as igrejas reconheciam que uma pertencia a outra, em virtude
de todas pertencerem a Cristo.

3.3 – A Aplicação do Evangelho aos Gentios.

A Igreja gradualmente rompe com a sinagoga e se torna um movimento independente.


Há alguns aspectos que demonstram essa ruptura:

1º Aspecto – Ministério, morte de Estevão e inicio das perseguições.


Juntamente com outros seis homens, Estevão passou a administrar problemas envolvendo judeus
convertidos de Jerusalém, com os demais de fala grega que, certamente, possuíam uma flexibilidade maior
quanto ao rigor da Lei do que os judeus palestinos. O seu ministério acabou despertando a inveja de homens

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Teologia Bíblica do Novo Testamento

que o acusaram de falar contra o templo e a Lei de Moisés (At.6:13).O sermão de Estevão é um registro dos
atos de Deus para com Israel fora do país e sem um templo. Alguns pontos apontados por Estevão:
a) Ele apresenta um Deus ilimitado quanto à habitação (At.7:48);
b) Ele adverte que a posse do templo não assegura uma religião correta (At.7:51-53).

O resultado do discurso de Estevão foi o seu apedrejamento e o inicio das perseguições aos cristãos
(At.9:1)

2º Aspecto – O rompimento da fronteira de preconceito do apóstolo Pedro em relação aos gentios.


Pedro vivencia uma experiência sobrenatural e é direcionado ao mundo gentílico (At.10:9-24). No
retorno a Jerusalém Pedro foi acusado de violar a tradição judaica ao comer com gentios (At.11:2). Para os
do “partido da circuncisão” o Cristianismo era o cumprimento do judaísmo, não o seu sucessor.

3º Aspecto – O estabelecimento das igrejas no mundo gentílico através das viagens missionárias.
Paulo, como o grande missionário, a partir de sua primeira viagem missionária consegue vivenciar
experiências maravilhosas junto aos gentios, estabelecendo assim, igrejas completamente livres das
observâncias legalistas do judaísmo. Um novo centro do movimento cristão é estabelecido em Antioquia, mas
os irmãos cristãos de Jerusalém foram para lá para defender a necessidade dos novos conversos adotarem a
Lei de Moisés, tornando assim, judeus, e alcançando a salvação (At.15:1,2).

4º Aspecto – A realização do Concílio de Jerusalém.


O problema entre os cristãos judeus e cristãos gentios levou a realização de um Concílio na busca de
uma solução. De um lado, podemos assim dizer, estava o apóstolo Paulo como “representante do grupo
liberal”, os gentios, e de outro o “grupo conservador”, com uma representação principalmente entre os
conversos do farisaísmo (At.15:5). A solução surge na intervenção de Tiago (At.15:13-21). Desde que Deus
aceitou os gentios na fé cristã sem a Lei, não havia mais necessidade de insistir que os gentios se tornassem
judeus para serem salvos. Esse concílio aparentemente libertou os cristãos da obrigação de guardar a Lei e
realmente colocou a parte as praticas judaicas em todas as congregações cristãs onde havia gentios, embora
os judeus cristãos pudessem continuar a observar a Lei, como judeus (At.16:3; 18:18; 21:26).
O que se pode observar nos capítulos seguintes do Livro dos Atos dos Apóstolos é uma rejeição por
parte dos judeus ortodoxos ao Evangelho, mas também, uma recepção por parte dos gentios (At.28:28).
E assim o Evangelho é aplicado aos gentios.

4 – TEOLOGIA NAS EPÍSTOLAS PAULINAS

Observando o desenvolvimento da teologia primitiva nos atos dos apóstolos encontramos a


necessidade de orientações nas diversas frentes novas de alcance do Evangelho de Jesus Cristo. O
resultado dessas necessidades são as Epístolas. São encontradas na Bíblia várias Epístolas selecionadas
como canônicas dentre uma enorme diversidade de escritos nos primeiros séculos. Todas as Epístolas
encontradas na Bíblia fornecem importantes ensinamentos para as primeiras Igrejas, e, como sendo, Palavra
de Deus, esses ensinamentos são aplicados para os nossos dias, respeitando logicamente, toda exegese
necessária.
Com certeza as maiores contribuições para o desenvolvimento e soluções dos diversos problemas da
igreja cristã são encontrados nos escritos paulinos. Paulo, o apóstolo dos gentios, trabalhou de forma
maravilhosa cada Epístola, e, em cada assunto, encontramos um parecer sempre voltado a glorificar a Deus
e a levar os cristãos a um conhecimento maior e mais profundo a cerca do Cristo.
Alguns aspectos e abordagem do apóstolo Paulo:

4.1 – Paulo e a Salvação.

Sendo um zeloso da Lei, Paulo, com certeza, teve o grande impacto de sua consciência teológica no
aspecto soteriológico. Na mente de todo devoto a Javé jamais caberia a idéia de Deus inocentar o culpado,
pois, esse seria um sinal de injustiça, algo inaceitável ao Deus Justo e Santo. Por isso, a graça e o
desenvolvimento da Doutrina da Salvação pela Graça, seja algo tão vivo e trabalhado nos escritos paulinos.
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Teologia Bíblica do Novo Testamento

Embora todos os teólogos modernos e pós-modernos tenham um desenvolvimento bem trabalhado a


cerca da Doutrina da Salvação, vale lembrar que, não há uma apresentação sistemática do apóstolo Paulo
sobre esse assunto, pelo menos não nos moldes da Teologia Sistemática como a conhecemos. Na verdade
muitas Doutrinas trabalhadas na Teologia Sistemática são apresentadas posteriormente ao próprio
desenvolvimento delas nas comunidades cristãs.

4.1.1 - A Salvação.
Depois de muitas exposições e discussões são apresentados três sistemas que alegam apresentar um
caminho de salvação através de Cristo: O Universalismo; o Arminianismo; e o Calvinismo. (Textos anexos)

4.1.2 – Paulo.

Para o apóstolo a culpa é um dos impedimentos para que o homem possa salvar-se. Tal fato é
claramente compreendido nas palavras do apóstolo em Romanos 3:23. A rebeldia inicial dos pais da
humanidade é vista na multiplicação da raça humana que, por natureza, estão sob a justa condenação de
Deus (cf. Ef.2:3). Outro impedimento é a contaminação. O pecado não somente levou os pais da
humanidade a receber o salário do pecado como também todos os seus descendentes. Isso resultou na
contaminação de todas as suas faculdades. Paulo reconheceu tal fato ao escrever a Timóteo (1Tm.1:13). O
homem teve suas faculdades intelectiva e afetiva também contaminadas (2Co.4:4) e para ele as verdades de
Deus são loucuras (1Co.2:14) sendo assim, por natureza, inimigo de Deus (Rm.8:7).
Em uma linguagem mais profunda, Paulo declara que o homem natural, ou seja, o homem culpado e
contaminado, está morto diante de Deus (Ef.2:1). Sendo assim não há possibilidade alguma de tal homem
receber a salvação por si mesmo como fruto de uma ação exclusivamente sua.
Paulo então apresenta em suas cartas o seu posicionamento a cerca das dúvidas envolvendo a
natureza humana e a necessidade da salvação em Cristo Jesus. Vale lembrar que esses posicionamentos
são encontrados de forma fragmentada nas diversas Epístolas do apóstolo.
Para o apóstolo Paulo a ação salvífica foi uma iniciativa da Determinação Divina e não humana
(Gl.1:3-5). É a vontade de Deus, a determinação de Deus, que pode levar o homem a alcançar a salvação
(Ef.1:5; 2 Tm.1:9). No homem não há nada que possa determinar a sua salvação, nem o arrependimento ou a
fé, pois são dons concedidos por Deus (arrependimento: 2Tm.2:24,25; At.5:31, 11:18 – fé: At.13:48; 2Ts.2:13;
Ef.2:8,9; Tt.1:1).

Na concepção salvífica do apóstolo Paulo, agora um cristão e não um fariseu, pelo fato de que Deus
seria injusto se inocentasse o pecador culpado, é exatamente nessa questão que o Deus Filho opera a
Salvação. A Justiça do Filho é que pode proporcionar a salvação para o culpado e contaminado pecador.
Com o sacrifício de Jesus Cristo, Deus se tornou justificador, sem deixar de ser Justo (Rm.3:25,26). A
punição que a justiça de Deus exige para o pecado é a morte (Rm.6:23), e Jesus veio para receber, no lugar
daqueles que quis salvar, a referida punição. Uma vez satisfeita por Cristo, a justiça de Deus não exige mais
punição para aqueles que estão em Cristo Jesus (Rm.8:1), os quais agora tem paz com Deus (Rm.5:1), e
acesso a Ele, pois foram reconciliados (Rm.5:10). O trono de Justiça se tornou, para os salvos, trono da
Graça.
Em continuidade aos seus posicionamentos em relação à Salvação, o apóstolo Paulo declara em suas
Epístolas que esse homem culpado e contaminado não pode escolher a Salvação porque a sua faculdade de
escolha não funciona corretamente, isto é, o seu entendimento e as suas afeições jamais o levarão ao Seu
Criador. Somente pelo processo de Regeneração do Espírito o pecador será purificado da sua
contaminação e alcançará Salvação. É exatamente esta obra do Espírito Santo na salvação do pecador
(Tt.3:5). As verdades outrora incompreendidas pelo homem natural (1Co.2:14) são reveladas pelo Espírito de
Deus (1Co.2:10).
A promessa de que Deus tiraria o coração de pedra do pecador e lhe daria um coração de carne, ou
seja, tiraria o coração que odeia Deus e as Suas Verdades, e colocaria uma coração que O ama e a Sua
Palavra, é uma obra feita pelo Espírito Santo (Rm.5:5), que conduz o homem culpado e contaminado, ou seja,
pecador, a se submeter humildemente ao senhorio de Jesus Cristo (1Co.12:3).

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Teologia Bíblica do Novo Testamento

Uma conclusão possível e aceitável e que, segundo o ensino bíblico, a Salvação é, do começo ao fim,
obra exclusiva e soberana de Deus. Todos os que são salvos, o são por causa da vontade de Deus, da
Justiça de Jesus Cristo, Deus Filho, e da obra regeneradora do Santo Espírito de Deus.

4.2 – Paulo e a segurança da Salvação.

Primeiramente temos que observar que a Salvação é ensinada por Paulo como fruto da obra do
Cristo. A morte de Cristo é tema central na estrutura do pensamento Paulino. Um exemplo disto é a
declaração confessional que Paulo recebeu da igreja primitiva (1 Co. 15.3), e em quase todas as suas cartas,
Paulo menciona, de uma forma ou de outra, a morte de Cristo (Rom. 5.6 e ss.; 8.34; 14.9,15; I Cor. 8.11; 15.3;
II Cor. 5.15; Gál. 2.21; I Tes. 4.14; 5.10), seu sangue (Rom. 3.25; 5.9; Ef. 1.7; 2.13; Col. 1.20), sua cruz (I
Cor.1.17 e s; Gál. 5.11; 6.12, 14; Ef. 2.16; Fil. 2.8; Col. 1.20; 2.14), ou sua crucificação (I Cor. 1.23; 2.2; Gál.
3.1; II Cor. 13.4). Paulo ensina os aspectos expiatório, vicário, substitutivo, propiciatório, redentor e triunfante
da obra do Cristo.
Paulo vê a morte de Cristo como uma morte expiatória associada com o ritual e conceito de sacrifício
do VT: (Rom. 3.25 faz alusão à oferta pelo pecado, oferecida pelo Sumo Sacerdote no dia da Expiação; Ef.
5.2 Oferta e sacrifício a Deus em cheiro suave; I Cor. 5.7 Cristo, nosso cordeiro pascal, sacrificado; através
do seu sangue temos um propiciador Rom. 3.25, que nos justifica Rom. 5.9, nos redime Ef. 1.7, nos aproxima
de Deus Ef. 2.13 e nos outorga a paz Col. 1.20).
Teologicamente é usada a palavra "vicária", para significar que Cristo não morreu meramente como
um homem comum e por causa própria. Ele 'morreu por nós' (I Ts. 5.10; Rom. 5.8, 32; Ef. 5.2; Gál. 3.13). Ele
indicou que tipo de morte teria (Mar. 10.45) "para... resgate de muitos".
Ele foi o único que não conheceu pecado (II Cor. 5.21), no entanto ele sofreu a morte no lugar de
todos os culpados (pecadores) que mereciam morrer, por causa dela fomos libertados da condenação e
da experiência da ira de Deus. Cristo já morreu por todos, "logo todos morreram" (II Cor. 5.14 nos
identificamos com Cristo na sua morte; Gál.2.20 Ele morreu em meu lugar, agora serei poupado dessa morte
(II Cor. 5.15; I Tm. 2.6; Gál. 3.13; Ef. 2.8,9)).
A palavra "propiciação" (hilasterion) está no centro da doutrina de Paulo acerca da morte de Cristo
(Rom. 3.24,25). Através da morte de Cristo, o homem é liberto da morte; ele é absolvido de sua culpa e
justificado; é efetuada uma reconciliação, pela qual a ira de Deus não precisa mais ser temida. A morte de
Cristo salvou o crente da ira de Deus, de modo que ele não mais espera pela ira de Deus, mas pela vida (I
Ts. 5.9). A culpa e a condenação do pecado foram carregadas por Cristo; a ira de Deus foi propiciada.
Palavras usadas no grego denotam que houve um preço pago para resgatar o homem que estava
sob o penhor da escravidão. Tito 2.14 (lutroo) "para nos remir"; Mc. 10.45 (lutron) "em resgate de muitos"; I
Tm. 2.6 (antilutron) "em resgate por todos" "O uso de anti, sugere substituição. A morte de Cristo foi um
resgate-substitutivo." (Ladd, p. 405) Rom. 3.24,25 (apolutrosis) "mediante a redenção" (Ef. 1.7). I Cor.
6.19,20 (agorazo) "fostes comprados por preço" Gál. 3.13 (exagorazo) "Cristo nos resgatou da maldição da
lei, fazendo-se maldição por nós" (cf. 4.4,5).
A morte de Cristo obteve triunfo sobre todos os poderes cósmicos (Col. 2.15). Ele está reinando até
que todos os inimigos sejam postos debaixo de seus pés: (I Cor. 15.24,25). Seja regentes políticos como
Pilatos ou Herodes; ou sejam poderes angelicais, todos estão derrotados na vitória de Cristo na cruz (Cf.
Col 2.15).
Para o apóstolo Paulo o responsável pelo processo de Salvação é o próprio Deus por meio do Seu
Cristo, obra essa que é comunicada aos homens pelo Seu Espírito através da Igreja. Sendo assim uma obra
totalmente realizada por Deus produz total segurança de sua eficácia aos homens.
Um outro ponto trabalhado pelo apostolo Paulo está associado ao aspecto escatológico. Tanto o
mundo quanto os cristãos tem que comparecer ante o tribunal de Deus (Rm.14:10) e de Cristo (2Co.5:10).
Sendo assim os crentes são chamados a efetuar sua salvação em temor e tremor (Fp.2:12-16). O dia do juízo
testará o serviço de cada homem prestado a Cristo (1Co.3:10-15). Aqueles que tem um alicerce apropriado,
mas produzem uma obra sem valor não experimentarão a exclusão do Reino, porém perda do privilegio e de
posição no Reino. Paulo, possivelmente, pensava em posições graduadas no Reino, que seriam conferidas
de acordo com a fidelidade cristã.
Uma questão difícil é se Paulo acha que os crentes perderão sua salvação se negarem sua profissão
através de vidas grosseiramente pecaminosas. Varias passagens soam assim. Quando Paulo descreve aos

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Teologia Bíblica do Novo Testamento

gálatas (Gl.6:8) ou aos coríntios (1Co.3:17) certamente refere-se aos lideres. A advertência aos coríntios para
não imitarem os israelitas no deserto (1Co.10:6 e ss.) através da conduta imoral, sugere que a salvação tem
que se evidenciar na vida moral, para ser real. O aviso de que os homens imorais ou impuros ou idolatras não
herdarão o Reino de Deus (Ef.5:5) é dirigido aos crentes. A dádiva escatológica de Deus, a coroa da
Salvação, era o que o apóstolo esperava ganhar no fim da corrida. Logo, ao Paulo contemplar a possibilidade
de que, se ele corresse “como indeciso”, seria “desclassificado” (1Co.9:25-27), é difícil evitar a conclusão de
que ele estivesse pensando no possível fracasso em atingir a meta da vida cristã.
Esses aspectos tem sido alvo de grandes discussões do tipo; “uma vez salvo, salvo para sempre” ou
“Deus me deu o livre arbítrio”. Não é exatamente essa a preocupação do apostolo Paulo. Não é uma
discussão teológica que interessa o apostolo, é algo mais simples, porém profundo.
Paulo usa a motivação da conquista final da salvação no Reino de Deus como uma motivação para
uma vida cristã fiel e devota. Ele usa a sanção ética como uma sanção à sinceridade moral para evitar que o
Evangelho da graça seja distorcido para o entusiasmo, libertinagem ou passividade moral, e não para levar a
uma discussão pela possibilidade de se perder a Salvação. Há uma tensão deliberada nas exortações éticas
de Paulo (Fp.2:12,13): “...efetuai a vossa salvação... pois Deus é o que opera em vós...” A vida eterna é uma
dádiva graciosa de Deus (Rm.6:23), mas, ao mesmo tempo, uma recompensa concedida àqueles que
manifestaram uma firme lealdade nas perseguições e sofrimentos (2Ts.1:4 e ss.), Aqueles que semeiam no
Espírito colherão a vida eterna (Gl.6:8).

4.3 – Paulo e a Predestinação.

Com certeza uma das mais polêmicas doutrinas bíblicas já trabalhadas. Tal doutrina trabalha por
Paulo tinha sua compreensão de forma clara e objetiva em seus escritos, porém depois de muitas
especulações teológicas e com surgimentos de “novas doutrinas” são apresentados posicionamentos até
contraditórios a cerca da predestinação apresentada por Paulo. Embora muitos posicionamentos e
discussões advenham do estudo desta doutrina, praticamente há um reconhecimento, de todas as partes, da
Soberania de Deus. Se o homem tem uma participação na execução de seu livre arbítrio ou não na
predestinação, tal fato não anula a Soberania de Deus.

4.3.1 – O Termo “Predestinação”.

“Destino sm. 1. Sucessão de fatos que podem ou não ocorrer, e que constituem a vida do homem,
considerados como resultantes de causas independentes de sua vontade; sorte; fado. 2. O futuro. 3.
Aplicação, emprego. 4. Lugar aonde se dirige alguém ou algo; direção. Por causa de algumas crendices
geralmente as pessoas aplicam a palavra destino à idéia proveniente do conceito grego, a ‘moira’, ou do
pensamento romano, o ‘fatum’. O fado, sina, sorte ou destino surge como uma ameaça implacável que
determina a inexorável punição diante da falta cometida. Segundo a mitologia, o ‘Destino’ nasceu da noite e
do Caos. Ele estava acima das divindades, submetendo-as ao seu poder. Era descrito como cego e
inexorável, exercia domínio sobre o universo. Da filosofia estóica temos o ‘fatum’ ou ‘destino implacável’ que
aparece também acima de todos os deuses e homens. O ‘fatum’ estabelecia as leis do universo, e ninguém
podia furtar-se a seu alcance.” Texto retirado do site www.estudobiblico.org.
A idéia de destino apresentada nas Escrituras Sagradas é o do lugar especifico para onde o homem
se dirige e tal realidade está sob o Poder de Deus a não em um poder fora de Deus ou paralelo a Sua
vontade. Sendo assim podemos dizer que a predestinação se refere ao destino pré-ordenado por Deus. Mas
a predestinação é muito mais do que um lugar o qual Deus deseja que o homem se dirija ou tenha habitação
certa. Predestinação está também relacionada: “(1) Ao Eterno propósito do Pai - Ef.1:4-6 ; (2) A revelação
histórica do Filho – Ef.1:7-12;(3) Ao dom pessoal do Espírito Santo – Ef.1:13,14.” O termo predestinação
está ligado ao termo grego “proorizo” – “proorizw” que significa o ato de limitar ou determinar
antecipadamente (At.4:28; Rm.8:29,30; 1Co.2:7; Ef.1:5,11). Dicionário Bíblico Universal – pp.494,495.

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4.3.2 – O Termo e suas Relações.

A predestinação encontra-se sempre relacionada a:


 União com Cristo (Ef.1:4,5);
 Ao plano Divino de vivermos servindo (Ef.2:10);
 Vontade Divina que sejamos santos (Rm.8:28-30; EF.1:4).

4.3.3. - A Causa da Predestinação.

É a Misericórdia Infinita de Deus e a Manifestação de Sua Glória. Rm 9.23 diz – “... a fim de que
também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de
antemão”.

4.3.4. – Objetivo da Predestinação.

“Predestinação não se refere aqui à escolha de quem será salvo. Refere-se ao destino designado
para aqueles que são escolhidos. Primeiro, Deus escolhe, isto é, Ele incondicionalmente dá sua graça
àqueles que desejar, ENTÃO Ele os destina para seu glorioso papel na eternidade.” Jonh Piper.

A predestinação tem dois objetivos básicos:

I) O nosso bem.
Deus manifestando Seu Infinito Amor e Soberania nos predestinou para sermos transformados:
(Filipenses 3:20-21; 1 Coríntios 15:42, 49; Filipenses 3:10; 2 Coríntios 3:18);

II) Para a Glória de Cristo.


Mesmo que o homem tenha sido formado por Deus, Ele o fez para Sua Glória por meio de Jesus
Cristo Seu Filho Eterno. De acordo com 1Co.15:45-48 entendemos claramente o propósito de Deus no
homem e em Cristo. Predestinação significa determinar de antemão, ou seja, preordenar. Ora, por causa da
condenação em Adão, Deus providenciou em Cristo um novo e vivo caminho pelo qual os homens têm
acesso a Deus. Porém, além da salvação dos homens em Cristo, o propósito eterno de Deus é a
preeminência de Cristo sobre todas as coisas (primogênito dentre os mortos, e primogênito entre muitos
irmãos cf. Rm. 8:29; Ef.1:5,11). A predestinação não é para salvação, antes é concernente a filiação divina
que só acontece por meio de Jesus Cristo. (Ef.1:3-10).

5) O SACERDÓCIO DE CRISTO EM HEBREUS.

5.1 – O tema central.


O tema central na cristologia em Hebreus é Cristo como Sumo Sacerdote. O autor usa o argumento de
que a instituição eclesiástica do Velho Testamento era apenas uma sombra da realidade e não podia lidar
com o problema do pecado.

5.2. – A relação com o sacerdócio aarônico.


O contraste entre o sacerdócio de Cristo e o aarônico é trabalhado pelo autor nos capítulos de 5 a 10.
Na ordem do Velho Testamento o culto não fazia nada a respeito do problema real, o da purificação da
consciência (9:9). A utilização de sacrifícios, com animais, não pode alcançar o problema real do pecado
(10:4), alcançando apenas uma pureza cerimonial externa (9:13), sendo, portanto, fraco e inútil (7:18). Por
isso, o autor declara que a estrutura cerimonial do tabernáculo do Velho Testamento afastava os homens de
Deus em vez de abrir o caminho para Sua presença (9:8), já que os sacrifícios eram constantemente
repetidos (10:1) servindo apenas de advertência contra o pecado (10:2,3,11).
Há também o fato de que os sacerdotes do Velho Testamento eram inadequados por serem mortais e
pecadores (7:24) oferecendo sacrifícios por seus próprios pecados, como também pelos do povo (5:3; 7:27).

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5.3 – A perfeição.
A idéia da perfeição é apresentada de forma repetida em Hebreus como meta da vida cristã (6:1).
Meta essa que o autor diz que até o próprio Senhor Jesus precisava alcançar. Ele teve de alcançar a
perfeição através do sofrimento (2:10). Se Jesus era preexistente Filho de Deus, e também sem pecado em
sua humanidade, “perfeição” não pode designar perfeição moral ou um estado de apecaminosidade. Um dos
significados da raiz do termo “teleioo – aperfeiçoado” é “teleios – adulto, maduro, maior idade” (6:1). Em
(5:8,9) a perfeição de Jesus é paralela a Sua obediência. A perfeição de Jesus se refere a sua completa
adequação e eficácia como Redentor dos homens.
Aplicada aos homens, designa sua completa consagração a Deus. Perfeição e consagração são
termos correlatos (10:14). Como homem, embora sem pecado, Jesus tinha de aprender a completa
consagração a Deus. A humanidade perfeita não pode realizar-se fora da dependência e comunhão de Deus.
Essa perfeição era completamente inatingível no sacerdócio do Velho Testamento, e, portanto, tinha de ser
desalojado (7:11). O sacerdócio do Velho Testamento e o sistema de sacrifícios eram apenas sombras da
realidade futura e não incorporavam a realidade em si (10:1), logo tinham de ser substituídos por um
sacerdócio melhor e um sacrifício que incorporasse a realidade.
Esse sacerdócio perfeito foi realizado por Jesus. Ele tinha as qualificações que o destacavam do
sacerdócio aarônico e o habilitavam a trazer aos homens a perfeição.
Ele trouxe sobre si humanidade completa:

a) Ele partilhava da mesma natureza dos outros homens em todo respeito essencial a humanidade (2:17);
b) Ele sofreu todas as tentações que eles sofrem, logo é capaz de sentir por aqueles que veio salvar (4:15);
c) Como homem Ele era sem pecado (4:15),e , portanto, não tinha que oferecer sacrifícios por si mesmo,
como os sacerdotes do Velho Testamento (7:27);
d) Através dos seus sofrimentos humanos, Ele aprendeu a perfeição – dedicação completa e fé em Deus
(2:10; 5:9; 7:28);
e) Em contraste aos sacerdotes aarônicos, que morreram, Jesus mantém o sacerdócio permanentemente,
porque Ele continua para sempre (7:23).

5.4 – A relação com a ordem de Melquisedeque.

A superioridade do sacerdócio de Jesus é explicada também em termos da ordem de Melquisedeque.


Melquisedeque era um sacerdote de Salém (Jerusalém), que Abraão encontrou, ao retornar de uma batalha
bem sucedida. O ponto principal é que Abraão deu dízimos a Melquisedeque e recebeu sua benção. Isto
prova que Abraão reconheceu que Melquisedeque era maior que ele. Visto que Aarão não havia nascido e
estava nos lombos de Abraão, Levi, em Abraão, deu dízimos a Melquisedeque, provando, assim, a
superioridade deste. Cristo é sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, e é, portanto, superior ao
sacerdócio aarônico (5:6,10; 6:20; 7:1-17).

5.5 – O Serviço.

Jesus como novo sacerdote forjou um novo serviço encarado a partir de dois pontos de vista: o
histórico e o celestial.

a) Ponto de vista histórico.

Historicamente Jesus é tanto o sacrifício como também o sacerdote que oferece o sacrifício, pois Ele
“se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus” (9:14; cf. 7:27). Ele aniquilou o pecado pelo sacrifício de si
mesmo (9:26); através da Sua morte purificou os pecados (1:3). Ele provou a morte por todos (2:9). Sua
morte cumpriu a expiação pelos pecados do povo (2:17). O autor fala da morte histórica de Jesus (10:10;
cf.7:27). A menção de que “sem derramamento de sangue não há remissão” (9:22) aponta para a realidade
do sacrifício de Cristo na história da humanidade.

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b) Ponto de vista celestial.

Através de Sua ascensão, Ele tornou-se o precursor de todos os que O seguem (6:20). Jesus é o
Caminho aberto para eles, na presença de Deus, que os homens da velha economia não puderam conhecer.
Jesus é, além de Rei Messiânico assentado a mão direita de Deus (8:1; 10:12; 12:2), Sacerdote Celestial, que
ministra, como mediador, na presença de Deus (7:25).
A missão do Sumo Sacerdote é eficiente, e sua eficiência é reconhecida pelo uso de três palavras
utilizadas freqüentemente pelo autor aos Hebreus:

I - Purificação.
A perfeita oferta de Jesus Cristo na cruz serve para purificar “das obras mortas a vossa consciência,
para servirdes o Deus Vivo” (9:14). O Velho Testamento era incapaz de fazer isso. A constante repetição dos
sacrifícios servia como um a lembrança de que eles não alcançavam nada de valor Eterno. Mas na obra de
Cristo o crente fica assegurado de que Ele eliminou o pecado através do sacrifício de Si mesmo (9:26) . Pois
em Cristo não teriam mais consciência do pecado (10:2,22).
A frase “o coração purificado da má consciência, e o corpo lavado com água limpa” refere-se
provavelmente as águas do batismo, mas é apenas um símbolo da verdadeira realidade – a purificação da
consciência.
O perdão dos pecados (10:18) é um sinônimo da purificação.

II - Santificação.
A obra de Cristo é eficaz também na efetivação da santificação dos remidos (10:10; 13:12). A
santificação não tem a conotação de apecaminosidade, mas de dedicação a Deus. Os sacrifícios do Velho
Testamento santificam “os contaminados quanto a purificação da carne” (9:13) e efetuando a santidade
cerimonial e dedicação a Deus; mas apensa o sacrifício de Cristo pode servir para cumprir a verdadeira
dedicação.
III - Perfeição.

Hebreus resume toda a obra de Cristo em termos “perfeição”, que era inatingível sobre o Velho Pacto
(7:11). “Pois uma só oferta tem aperfeiçoado para sempre os que estão sendo santificados” (10:14). Ele
possibilitou aqueles que foram purificados e dedicados a Deus, a compreenderem tudo que a humanidade
deve significar – a completa confiança e fé em Deus.
A morte de Cristo é eficiente não apenas para aqueles que vem a crer nele. Por ser também um
evento no mundo espiritual Ele se tornou “mediador de um novo pacto, para que, intervindo a morte para a
remissão das transgressões cometida debaixo do primeiro pacto, os chamados recebam a promessa de
herança eterna” (9:15)

5.6 – Os Dois Pactos em Hebreus.

Um aspecto referente a Cristo trabalhada pelo escritor aos Hebreus é a inauguração de um novo
pacto, ou aliança. A idéia de que o velho pacto transmitia uma revelação inadequada, sendo esta,
fragmentada, (1:1) é confrontada com a plena revelação na pessoa do Cristo em Seu cargo como Sumo
Sacerdote (7:22). Cristo é apresentado como mediador e um novo pacto (9:15).É apresentado pelo escritor
aos Hebreus que o velho pacto era ineficiente (8:7).
Analisando a Epistola aos Hebreus podemos observar algumas diferenças entre os dois pactos:

 O velho pacto mostrou-se ineficiente em criar um povo fiel (8:9);


Havia um sentido que o velho pacto possibilitava a Israel um conhecimento de Deus, mas este não era
permanente. Israel repetidamente caia em apostasia e esquecia de Deus.
 O novo pacto trará um conhecimento permanente de Deus (8:11);
Deus porá as Suas leis nas mentes e escrevê-las-á em seus corações cumprindo a maior
manifestação de suas relações (8:10).
 O velho pacto servia apenas como constante advertência contra os pecados (10:2,3,11);
Os repetidos sacrifícios não purificavam a consciência daqueles que ofereciam o sacrifício e o culto.

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 O novo pacto possibilita a Deus esquecer os pecados de seu povo e assim fornecer um meio de
purificar suas consciências do pecado (10:22);
A realidade do novo pacto proporciona assim: um melhor sacrifício e um novo coração, no que adora,
de modo que ele possa fazer a vontade de Deus.

O escritor aos Hebreus apresenta então a inauguração do novo pacto em Cristo, abolindo o pacto
antigo. Portanto se alguém, que professou fidelidade a Cristo, afasta-se dele em apostasia, ele não pode
voltar ao velho tipo de culto (6:4-6), pois foi inutilizado já que tudo que a velha ordem simbolizava estava
realizado em Cristo.
Cristo abriu um caminho novo e vivo, para nós, através da cortina, isto é, através da sua carne (10:20),
cumpriu o que a velha ordem prometera: uma melhor esperança, pois ela já está parcialmente realizada em
nosso acesso a Deus (7:19); um melhor pacto (7:22) que se baseia em melhores promessas (8:6); melhores
sacrifícios (9:23) – tudo por causa de Seu sangue derramado (12:24).
É importante notar que a ótica do autor em relação ao termo pacto refere-se ao aspecto sacerdotal, ao
passo que muitos teólogos abordam o termo trabalhando suas referencias no relacionamento com Deus,
desde os dias da Criação, passando pelo pacto do Éden, o pacto Adâmico, o pacto com Noé, com Abraão, o
pacto do Sinai e a Nova Aliança, demonstrando assim não uma substituição, mas sim, uma compreensão
correta do que é o verdadeiro pacto, aliança, entre Deus o homem.

6) AS OBRAS COMO EFEITO DA FÉ NA CARTA DE TIAGO.

Primeiramente a fé trabalhada em Tiago é uma opinião ortodoxa. O monoteísmo rabínico é


visivelmente reconhecido em Tiago. Para ele a fé só pode ser direcionada ao Deus Único.
Como resultado dessa fé, há a produção de obras que ratificam-na. As obras para Tiago são feitas,
nas palavras de Ladd, “de amor cristão – feitos que cumprem a ‘lei real’ do amor ao próximo”. Uma vida cristã
baseada apenas em palavras de amor não é amor verdadeiro. Para Tiago uma provisão amorosa de suas
necessidades é que realmente expressa o amor (Tg.2:14-18).
A praticidade da vida cristã e a execução do Amor de Cristo em nossas vidas são demonstradas na
definição a cerda da religião pura e sem mácula (Tg.1:27).

7) PEDRO E A RELAÇÃO COM AS AUTORIDADES.

O texto base é 1Pe.2:11-17. Muitas questões surgem da discussão do limite para o cristão em se
submeter às autoridades. Até quando devemos obedecê-los?
Para o contexto especifico de Pedro não é uma questão de obediência irrestrita sem uma
compreensão da verdade dos fatos, mas sim a manutenção de um testemunho diante dos homens e de
Deus, e principalmente de uma possível associação e definição dos cristãos como rebeldes ante o Império
(vs.12).
Para o apóstolo Pedro, a possibilidade de um reconhecimento dos cristãos como malfeitores, traz
escândalo para o Evangelho do Senhor Jesus Cristo. E nos dias do apóstolo, o Imperador era, nada mais
nada menos que Nero, o homem que precisava, segundo muitos historiadores, de um pretexto para executar
seus plenos insanos, e ele encontrou nos cristãos a possibilidade de atribuir as responsabilidades de suas
ações.
Dentro do contexto da cultura judaica o Rei era um dos representantes da vontade de Deus. Se há
uma autoridade delegada a um governante em qualquer esfera, essa autoridade advinha da vontade
Soberana de Deus como o Governante Supremo da Terra. A orientação do apóstolo não era para respeitar
exclusivamente um homem, mas sim a “toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como
soberano, quer seja as autoridades, como enviados por ele, tanto para castigo dos malfeitores, como para
louvor dos que praticam o bem”. A compreensão do texto deve ser trabalhada na máxima de que Deus, e,
somente Ele, pode exercer juízo sobre os governantes. Sendo assim cabe aos cristãos, por reconhecerem tal
realidade, manter-se firmes em seus testemunhos diários (vs.15-17).

“ 1Pe.2:13-17 nos fala de como tratar as autoridades e nos dá quatro motivos para a obediência:
a) O Ser cristão (v.13: obedecer por causa do Senhor);

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b) A moral natural (v.14: o agir bem e o agir mal);


c) Um motivo religioso (v.15: fazer a vontade de Deus);
d) Um motivo apologético (v.15: calar os opositores)”.
e)
Retirado do texto ‘O cristão e autoridade civil a partir de alguns textos bíblicos’ de Carlos Alberto da
Costa Silva da Universidade Católica de Pernambuco.

Pedro, portanto, está trabalhando essas orientações para que os cristãos não fossem vistos como
rebeldes e criadores de confusão, mas sim como servos fieis do Deus Vivo.

8) JUDAS.

A perspectiva teológica abrangente em Judas é a escatologia. Este aparece em três formas principais:
(1) o cumprimento escatológico dos tipos e profecias no Velho Testamento e na literatura apócrifa, (2) a
certeza do julgamento divino sobre os pecadores ímpios; (3) a antecipação da salvação pela disciplina
espiritual e divina proteção.
O motivo dominante escatológico em Judas é a certeza do julgamento divino. Deus julga o pecado,
rebelião e apostasia quando e onde quer que ocorra, antes da criação na corte celestial (v. 6), nas cidades
más na época dos patriarcas (v. 7), e entre o povo de Deus no deserto (vv. 5, 11). Judas dá ênfase sobre o
julgamento escatológico do grande Dia (v. 6). No entanto, o julgamento continua no presente, como indicado
pelos anjos que estão sendo mantidos sob julgamento (v. 6) e do processo de corrupção na vida dos ímpios
(v. 10).
Mesmo que a palavra não seja usada, a igreja é a preocupação central da carta de Judas. A igreja é o
povo “chamado” de Deus (v. 1) que se reúnem para a adoração (e ouvem esta carta) e mantém a festa do
amor, incluindo a Ceia do Senhor. Esta carta parece refletir um sermão cristã primitivo com a sua declaração
de propósito, o apelo às Escrituras, exortação e bênção. Jesus Cristo é o Senhor soberano sobre a igreja.
Esta autoridade é estendida através de seus apóstolos e seus ensinamentos. É evidenciado por Judas, que
aborda estas igrejas como um servo de Jesus Cristo e como um irmão de Tiago, o renomado líder da igreja
em Jerusalém (Atos 15:13; 21:18). Judas descreve o ministério de líderes locais como "pastores" (v. 12).
Judas também apela às Escrituras como tendo autoridade para a igreja. Esses escritos são o registro
de autoridade e obras de Deus na história, e eles fornecem uma perspectiva profética para interpretar as
experiências atuais da igreja. Além disso, Judas faz uso de materiais a partir dos escritos apócrifos de 1
Enoque (v. 14) e da Assunção de Moisés (v. 9) como afirmação de sua mensagem às igrejas. A missão da
Igreja é expressa em três exortações: defender a fé (v. 3), manter-se no amor de Deus (v. 21), e resgatar
alguns, mantendo sua pureza própria.
O Espírito Santo é mencionado duas vezes em Judas. Ao contrário dos falsos mestres, aqueles que
são fiéis têm o Espírito (v. 19). E é no Espírito que a igreja realiza seu culto e disciplina cristã (vv. 20, 21).

9) JOÃO E A DOUTRINA DO AMOR.

A tradição cristã apresenta o apóstolo João como “o apóstolo a quem Jesus amava” ou também “o
apóstolo do amor”. Tal fato acontece pela freqüente linguagem a respeito, ou, por parte do apóstolo, com
relação ao amor.
Tanto no Evangelho quanto em suas cartas realmente é possível notarmos a ligação dos escritos do
apóstolo e o amor que ele conhecia, vivia e desejava que os cristãos também o desenvolvessem.
Em sua primeira Epístola o amor é a nota predominante. Possuir amor é evidência clara de que uma
pessoa é cristã, e a falta de amor indica que a pessoa está nas trevas (2.9-11; 3.10-23; 4.7-21). Aquele que
“pratica justiça é justo, assim como ele é justo” (3.7), enquanto “qualquer que não pratica a justiça e não ama
a seu irmão não é de Deus” (3.10). O amor ao Pai e o amor ao mundo são totalmente incompatíveis (2.15-
17), e nenhuma pessoa nascida de Cristo tem o hábito de praticar o pecado (3.9; 5.18).
O Rev.Hernandez Dias Lopes em uma de suas mensagens intitulada “as certezas do crente”,
apresenta o amor segundo a perspectiva do apostolo João em sua primeira carta da seguinte forma:

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“I. TEMOS A CERTEZA DE QUE QUEM É NASCIDO DE DEUS AMA A DEUS E AOS IRMÃOS – V. 1-
5.

1. É impossível amar os filhos de Deus sem amar a Deus, como o é amar a Deus sem amar seus
filhos (4:20,21). Uma relação familiar une os dois amores”.
2. O amor de Deus tem uma segunda conseqüência inevitável, a saber, a obediência. Se amamos
verdadeiramente a Deus, não somente amamos os seus filhos, mas também praticamos os seus
mandamentos. O amor a Deus não é tanto uma experiência emocional como obediência moral. O amor aos
irmãos expressa-se em serviço sacrificial (3:17,18) e o amor a Deus em obediência aos seus mandamentos
(5:2).
3. Os mandamentos de Deus não são penosos por duas razões: 1) Porque amamos a Deus e quem
ama obedece com alegria e não como uma obrigação; 2) Porque recebemos poder – pela fé vencemos o
mundo. Quando nos deleitamos em Deus temos prazer em obedecê-lo. Quando nos deleitamos em Deus
vemos os atrativos do mundo como lixo.
4. Concluindo:
O cristão verdadeiro, nascido de Deus, crê no Filho, ama a Deus e aos filhos de Deus, e guarda os
mandamentos de Deus. A fé, o amor e a obediência são marcas do novo nascimento.”
Hernandes Dias Lopes.

Tal ensino, dentro dos escritos joaninos, é responsável pelo grande entendimento a cerca do amor de
Deus e a causa de suas ações para com o homem pecador. A contribuição do apóstolo João é de inestimável
valor parta a comunidade cristã através dos séculos.
O apóstolo João é um especialista em amor. Só em sua primeira e pequena Epístola, o apóstolo usa
26 vezes o verbo amar, 18 vezes o substantivo amor e 6 vezes o adjetivo amado. A Bíblia do Peregrino
lembra que em apenas seis versículos do capítulo 4 (de 7 a 12) se repete 29 vezes a raiz ágape (amor) no
original grego. João é o único escritor bíblico que tem a ousadia de declarar explicitamente que “Deus é amor”
e o faz duas vezes (1 Jo 4.8,16). Essa é uma das três célebres descrições de Deus que aparecem no
Evangelho e na Primeira Epístola de João. A primeira é “Deus é espírito” (Jo 4.24) e a segunda, “Deus é luz”
(1 Jo 1.5).
João justifica a sua ousadia com o seguinte argumento: “Foi assim que Deus manifestou o seu amor
entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele” (1 Jo 4.9). Ele
já havia registrado essa verdade no Evangelho: “Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito,
para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Paulo faz o mesmo em sua
Epístola aos Romanos e ainda acrescenta uma informação que enriquece a verdade que ele deseja expor:
“Dificilmente alguém morrerá por um justo; por uma pessoa muito boa, talvez alguém se anime a morrer. Pois
bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores”. (Rm 5.7-
8, CNBB)
O amor de Deus não é teórico, não está apenas no papel, não é da boca para fora. Deus não somente
faz sucessivas declarações de amor (uma das mais comoventes está em Jeremias 31.3, na NTLH: “Povo de
Israel, eu sempre os amei e continuo a mostrar que o meu amor por vocês é eterno”), mas também prova o
seu amor. A prova máxima é manifestada, demonstrada, mostrada e tornada visível na manjedoura, no
madeiro e no sepulcro vazio, isto é, na encarnação, na paixão e na ressurreição de Jesus Cristo. Daí a solene
indagação de Paulo: “Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos
dará juntamente com ele, e de graça, todas as coisas?” (Rm 8.32). João faz questão de lembrar que Deus
nos ama antes de ser amado por nós: “O amor é isto: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que
nos amou e mandou o seu Filho para que, por meio dele, os nossos pecados fossem perdoados” (1 Jo 4.10,
NTLH).
A declaração de que “Deus é amor” é tão profunda, tão elástica, tão misteriosa e tão distante da nossa
realidade, que o apóstolo se põe de joelhos e suplica ao próprio Deus que os crentes possam “compreender a
largura, o comprimento, a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo
conhecimento” (Ef 3.18-19).
A certeza de que “Deus é amor” é o alicerce da fé e da esperança. Nada neste mundo pode fazer em
pedaços uma pedra desse porte e desse valor. Nem a dor, nem o sofrimento, nem a morte, nem a guerra,
nem as catástrofes provocadas pelo homem, nem as catástrofes naturais, nem a tragédia que se abateu

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Teologia Bíblica do Novo Testamento

sobre o sudeste da Ásia no dia seguinte ao Natal. A teologia do “Deus é amor” protege o crente de
especulações inúteis e sem fim, que jogam no lixo a bússola que aponta sempre e para a solução certa, o
lugar certo e a pessoa certa.
É a teologia do “Deus é amor” que nos protege da confusão mental, da revolta religiosa, do
desespero, dos atalhos da incredulidade, do agnosticismo e do ateísmo. Nessa teologia, o crente se cala, se
acalma, deixa a tormenta passar, espera e sobrevive aos tsunamis da alma, mais perigosos e desastrosos do
que os tsunamis do oceano Índico. Basta reler o conhecido Salmo 46:

“Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade. Por isso não
temeremos, ainda que a terra trema e os montes afundem no coração do mar, ainda que estrondem as suas
águas turbulentas, e os montes sejam sacudidos pela sua fúria”. (Sl 46.1-3)

Texto retirado do site www.ultimato.com.br

10) O APOCALIPSE E O PROBLEMA DO MAL.

No Apocalipse de João é apresentada a idéia central da vitória do Cristo sobre o mal, reinando como
Senhor de toda a terra. É um escrito de vitória para a Igreja! Um escrito de esperança para todo o que crê em
Jesus Cristo.
Encontramos na mensagem central do Apocalipse pelo menos três partes importantes. Primeiro o
surgimento de um tempo mal inigualável. Embora encontremos contextos bíblicos que já façam referencias da
multiplicação da maldade e do surgimento de um “iníquo”, é no Apocalipse que encontramos a idéia de um
período terrível de manifestação do mal na história humana no fim dos tempos. Esse “iníquo” é a apresentado
como um dominador do mundo que empreenderá uma guerra contra o povo de Deus (Ap.13:7). Esse “iníquo”,
chamado de “A besta que subiu do mar” ou “primeira besta” (Ap.13:1-10) terá um aliado que é chamado de
“falso profeta” ou “a besta que subiu da terra” (Ap.13:11-18) que trabalhará sobre aspectos religiosos, e
econômicos para que todos os homens adorem a “primeira besta” que é também chamado “o anticristo”. Esse
anticristo, que é a incorporação do mal satânico, é um composto das quatro bestas de Daniel (7), o que
sugere ação e perseguição através do curso da história.
Esse tempo será marcado pela decisão com a própria vida: Cristo ou anticristo?
Um relato muito interessante é encontrado no capitulo 12 onde João trata dos poderes do mal que
operam no mundo espiritual por trás dos cenários da historia humana.
O capitulo 12 parece resumir o contexto do ponto de vista celestial e humano. É história, não apenas
no contexto cronológico, mas também da esfera espiritual. Por isso a mulher é identificada como a Igreja, mas
não a Igreja histórica na terra, mas a Igreja Ideal, nos céus, a qual contém o Israel de Deus e a Igreja
neotestamentária. Nesse caso a Igreja Ideal nos céus dá luz ao Messias (12:2,5) e a Igreja histórica (12:7).
Parece ser uma recapitulação resumida do confronto entre as forças do bem e do mal até o ponto do
surgimento histórico do anticristo. O conflito entre o Dragão e a Mulher parece explicar o mal que a Igreja
experimenta através da sua história (12:11).
A verdadeira vitória consiste em conquistar a Besta através da lealdade a Cristo até a morte!
(Ap.15:2).

10.1 – A Manifestação da Ira Divina no Apocalipse.

Além do surgimento de um tempo difícil para a Igreja, o Apocalipse apresenta esse tempo como o
tempo em que Deus lançará juízos de forma antecipada sobre os homens. Essas antecipações manifestam a
Ira de Deus (Ap.16:1), que se consumará com o retorno de Cristo.
Esses juízos são dirigidos contra os homens que trazem o sinal da besta e adoravam sua imagem
(Ap.16:2). Elas têm um propósito misericordioso, pois são destinadas a fazer os homens se ajoelharem em
arrependimento, antes que seja tarde demais (Ap.16:9,11). Mas há uma porção selada que está protegida
destas pragas e que não sofre a ira de Deus (Ap.7:1-8; 9:4). A questão é a identificação deste grupo selado!
Uns apontam para Israel em sua salvação final e outros para a Igreja. Segundo Ladd os dois grupos, em
Apocalipse 7 retratam o mesmo povo de Deus a partir de duas perspectivas. Da perspectiva divina este é um

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Teologia Bíblica do Novo Testamento

numero ideal: doze mil de cada uma das doze tribos. Isso retrata a completa preservação e segurança do
povo de Deus nesse período terrível. Na perspectiva humana a Igreja é uma multidão incontável de todas as
nações que sofrerá o martírio, mas emergirá de tribulação triunfante e permanecerá diante do trono de Deus
em vitória, porque lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro (Ap.7:14).

10.2 – O Apocalipse e a Vinda do Reino.

Por último temos a manifestação do Reino de Deus entre os homens. O Reino de Deus é tratado no
Apocalipse como a destruição do mal e a benção da vida eterna. O Reino é apresentado como um lugar onde
a justiça de Deus prevalecerá sobre toda injustiça e maldade, e também o lugar onde os fiéis receberão sua
maior recompensa, que é estar para sempre junto ao Seu Deus e Senhor.
O autor do Apocalipse parece tratar a Vinda do Reino para vencer o mal trabalhando a segunda vinda
de Cristo em 19:11-16. Sua vinda é retratada em termos de guerra antiga, onde Ele cavalga um cavalo de
batalha e usa vestes manchadas de sangue da batalha, e cada um dos seus inimigos é derrotado. Aqui há
muitas especulações sobre a literalidade ou não desta batalha, mas a idéia do conflito é totalmente aceita.
Um aspecto muito interessante é o fato de que o Reino de Deus sempre esteve velado aos homens,
mesmo sendo uma realidade imutável. Deus sempre foi reconhecido como Senhor dos Céus e da terra. Essa
realidade aplicada a Jesus Cristo é trabalhada de forma bem clara nos escritos neotestamentários. Ele está
entronizado! Tem toda autoridade nos céus e na terra! Foi coroado Rei! Aguarda que seus inimigos sejam
colocados por estrado dos Seus pés! A grande questão é a apresentação deste Reino aos olhos humanos.
Encontramos o desenvolvimento da realidade de duas esferas: A presente e a futura. Somos
considerados participantes em Cristo de uma realidade presente no Reino de Deus, porém ainda não
estamos em contato com o Nosso Senhor e Rei de forma perfeita. Recebemos a ação do Reino de Deus
derramando graças sem medidas para nós, mas ainda enfrentamos a luta referente as nossas imperfeições e
estamos sujeitos aos ataques do inimigo. E se essa realidade é aceita, por que tanta resistência se Cristo,
que agora tem Seu Reino reconhecido apenas pelos homens de fé, desejar manifestar Seu Reinado de forma
histórica e visível aos homens para a glória do Pai?
A manifestação do Reino parece demonstrar um estado inicial velado ao homem, só reconhecido
pelos que tem fé em Cristo, e um estado final, o Século Vindouro que é o tempo de domínio total do Pai. Daí
apresenta-se o reino milenar como tempo da manifestação da Glória de Cristo, não somente nos céus, mas
manifestada na terra. Uma glória que Ele devolverá ao Pai no Século Vindouro.
Uma questão relevante é o aprisionamento de Satanás no “abismo sem fundo” durante esse período
milenar de Glória do Cristo(20:2,3).

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