Você está na página 1de 20

IMUNOLOGIA BÁSICA

AULA 7: Anticorpos – estrutura e funções, geração da diversidade.

 Antígeno: É qualquer substância que pode ser especificamente ligada a uma


molécula de anticorpo, uma molécula de TCR ou MHC. Eles podem ser açúcares,
lipídeos, hormônios, carboidratos complexos, fosfolipídeos, ácidos nucleicos e
proteínas, podendo o anticorpo se ligar a qualquer uma dessas moléculas.
Contudo, nem todo antígeno ativa células do sistema imune, sendo os que podem
desencadear uma resposta imune chamados de IMUNÓGENOS, um exemplo são
os antígenos atenuados nas vacinas.
Os antígenos são moléculas muito maiores que a região de ligação do anticorpo ao
antígeno, sendo que o anticorpo se liga somente a um pedaço seu chamado de
epítopo, ou determinante antigênico. Sendo que cada anticorpo produzido tem
uma especificidade para dado epítopo, ou seja, um antígeno formado por apenas
um dado epítopo precisa de apenas um anticorpo com dada especificidade.
Enquanto um antígeno formado por vários epítopos precisa de várias
especificidades e diferentes anticorpos, podendo gerar uma chamada reação
cruzada entre as especificidades.

OBS.: A resposta que será mais rápida é aquela com uma maior quantia de
especificidades, pois uma população maior de células será formada. Além disso,
se caso o microrganismo sofrer alguma mutação e um dado epítopo for perdido,
mas outro continuar íntegro, a resposta imune ainda poderá ser ativada.

ANTICORPOS / IMUNOGLOBULINAS
Anticorpos são glicoproteínas produzidas pelos vertebrados, inicia-se nos peixes
cartilaginosos, em resposta a um determinado antígeno existindo em diversos
isotipos de acordo com a espécie animal. Os anticorpos medeiam uma resposta
imune denominada HUMORAL que só ocorre quando o anticorpo está
interagindo com o anticorpo, ou seja, o anticorpo livre não tem ação alguma. Os
anticorpos que estão circulando na nossa corrente sanguínea em condições não
infecciosas são oriundos de células B de memória presentes na medula óssea. Em
nosso corpo, as únicas células capazes de produzir anticorpos são as Células B
que são ativadas e diferenciadas em Plasmócitos. Esses anticorpos que são
produzidos podem permanecer na membrana (IgM ou IgD) da célula diferenciada,
sendo estes receptores de membrana (BCR). Agora o plasmócito consegue
secretar anticorpos que podem ir para os humores corporais, com sangue,
secreções de mucosas e líquido intersticial.
Os linfócitos B foliculares realizam circulação e interagem com células T, sendo
capazes de produzir outros isotipos de anticorpos, diferentemente de outros tipos
de células B, com a célula B da zona marginal do baço e as células B-1 do
peritônio, que não interagem com células T, sendo elas capazes de produzir
principalmente IgM e são capazes de reconhecer antígenos que não sejam
proteicos. (Nessa parte ela quer que saibamos apenas que a célula T é quem
ajuda a célula B na produção de anticorpos.)

OBS.: Em casos de infecções agudas e infecções recentes, realiza-se a pesquisa


por anticorpos IgM, pois eles são as primeiras células a chegarem no local de
infecção, são as primeiras a serem produzidas pelo BCR de membrana. Em
infecções crônicas ou passadas, é realizada a pesquisa por IgG, que é um
anticorpo que demora mais a ser produzido.

Os anticorpos são produzidos a partir do momento em que a célula B interage com


o antígeno, para que ela possa se diferenciar em célula B efetora.
As moléculas de anticorpos são muito diversas, ou seja, o nosso repertório de
anticorpos é muito grande, em que apresentamos diferentes anticorpos com
diferentes especificidades.

Elas são apresentadas como receptor de membrana (BCR) da célula B NAIVE


quando esta é ativada à efetora. Ou secretados, para neutralizar toxinas, impedir a
entrada e disseminação dos patógenos, e facilitando a sua liberação.
SÍNTESE DO ANTICORPO

Os anticorpos são produzidos após a ativação das células B, em plasmócitos, depois que
esta reconhece o antígeno, sendo necessária uma ligação cruzada, em que são
necessários, pelo menos, duas moléculas de BCR interagindo com o mesmo antígeno
para gerar um sinal forte o suficiente para que a célula produza anticorpos e facilite a
eliminação do patógeno.

Essa eliminação do patógeno mediada pelos anticorpos permite a interação das


imunoglobulinas com outras células, como fagócitos e eosinófilos, e componentes
(sistema complemento) do sistema imune.

FUNÇÕES EFETORAS DOS ANTICORPOS:


 Neutralizar microrganismos e toxinas (Função do anticorpo independente de
célula efetora), que consiste no impedimento do invasor/toxina por parte do
anticorpo, não deixando que esta molécula estranha se ligue aos receptores do
nosso corpo; (Única função do anticorpo independente de célula efetora).
 Ativar a via clássica do sistema complemento;
 Opsonização de patógenos;
 Citotoxicidade celular mediada por anticorpos.

ISOTIPOS / CLASSES DE ANTICORPOS

Apresentam a mesma unidade fundamental, sendo IgG, IgE e IgD monoméricos,


enquanto IgM é pentamérico (IgM de membrana é um monômero) e IgA secretória é,
principalmente, na forma de dímero. Além das diferenças de estrutura, os anticorpos
diferem na sua distribuição pelo corpo e nas suas funções.

Um indivíduo adulto de 70 Kg produz entre 2 e 3 gramas de anticorpos por dia apenas


por proteção, sendo estes produzidos pelas células de memória que estão na medula.
Cerca de 2/3 destes anticorpos produzidos são IgA de mucosas, que são as vias de
entrada de antígenos e são vias de grande área e tamanho, como o intestino delgado.

ESTRUTURA DE ANTICORPOS

Na separação de proteínas plasmáticas do soro por eletroforese, os anticorpos se


encontram no 3° grupo de proteínas (ɣ), por isso são chamadas de ɣ globulinas que tem
estrutura básica de Y, sendo a parte que se liga ao anticorpo (Fab) a de alta
variabilidade.

A única função do anticorpo sem a célula efetora é a neutralização. Enquanto a parte


que se liga na membrana da célula efetora (Fc) é invariável, parte constante.

A estrutura básica de um anticorpo consiste em duas cadeias pesadas (H) idênticas e


duas cadeias leves idênticas (L). A molécula de anticorpo possui domínios, cada um
com cerca de 110 aminoácidos. A cadeia leve é formada por dois domínios: Um
chamado de Domínio Variável da Cadeia Leve e um chamado de Domínio Constante da
Cadeia Leve. Enquanto isso, a cadeia pesada apresenta um Domínio Variável da Cadeia
Pesada, e de 3 (IgM) a 4 (IgG) Domínios Constantes da Cadeia Pesada, dependendo do
isotipo de anticorpo. Os domínios variáveis ficam na parte de cima, pois elas são as que
se ligam ao antígeno.

As porções aminoterminais também são chamadas de Domínios Variáveis, responsáveis


pelo reconhecimento do antígeno, enquanto as porções carboxiterminais são os
Domínios Constantes, sendo os da Cadeia Pesada responsáveis pela função efetora do
anticorpo.
A célula B deve se diferenciar em plasmócito para produzir anticorpos secretados,
senão, todos os anticorpos que esta célula produzir serão moléculas de membrana, ou
seja, BCR.

A molécula de anticorpo não é uma molécula rígida, pois entre os domínios constante 1
da pesada (CH1) e constante 2 da pesada (CH2) existe a dobradiça, que são resíduos de
aminoácido que deixam a molécula flexível, muito útil quanto à sua distribuição na
superfície do antígeno possibilitando a ligação de dois epítopos mais próximos ou mais
distantes.

A cadeia leve é unida à cadeia pesada por meio de pontes de dissulfeto, sendo que essa
ligação também ocorre entre os domínios das cadeias pesadas.

A descoberta da estrutura do anticorpo, para depois suas funções efetoras (parte da


molécula que interage com os mecanismos de defesa), foi descoberta na década de 60,
pelo cientista Rodney Porter, que isolou IgG de coelho e tratou essas com papína,
clivando a molécula acima da dobradiça, gerando 3 fragmentos (Um fragmento com
CH2 e CH3, e dois domínios contento CH1, VH, CL e VL). Esses fragmentos se
aglomeram e formam cristais, são se ligando ao antígeno, enquanto outros interagiam
com um antígeno. Ele denominou a porção que se ligava ao antígeno de Fab (Fração de
Ligação ao Antígeno - SUPERIOR), e a porção que não se ligava ao antígeno e que
formava os cristais de Fc (Fração Cristalizada - INFERIOR), que se liga à molécula
efetora (que tem capacidade efetora).

- O Fragmento Fab é aquele que se liga ao antígeno, sendo ele composto por VH + CH1;

- O Fragmento Fc é aquele com função efetora, sendo ele formado por dois peptídeos
idênticos CH2 + CH3;
A clivagem também foi realizada com pepsina, sendo que esta ocorreu abaixo da região
da dobradiça. Obs.: Alguns anticorpos não são clivados pelo suco gástrico, pois são
resistentes à pepsina.

O sítio de ligação ao antígeno fica restrito aos domínios variáveis, compostos pelos
Domínios Variáveis da Cadeia Leve (VL) e Variáveis da Cadeia Pesada (VH), sendo
essas as partes responsáveis pela diversidade, sendo que cada molécula de anticorpo
deve ter, no mínimo, 2 sítios de ligação com o antígeno.

ANTICORPOS – ESTRUTURA DA REGIÃO VARIÁVEL

Em cada domínio variável, há 3 segmentos gênicos que são hipervariáveis, ou seja,


anticorpos de mesmo isotipo têm diferentes especificidades, contudo, nem todos os
aminoácidos são diferentes, apenas essas sequências. Essas sequências hipervariáveis
são também chamadas de CDRs (Regiões determinantes de Complementariedade), que
são compostas por 10 aminoácidos (3 sequências na cadeia pesada e 3 sequências na
cadeia leve). Essas regiões de 10 aminoácidos se projetam em formato de alças (“dedos
de luva”), sendo que os 6 CDRs (3 da região variável da cadeia leve + 3 CDRs da região
variável da cadeia pesada) constituem o sítio de ligação do anticorpo ao antígeno.

Deve-se salientar que os domínios constantes da cadeia pesada não participam do


reconhecimento do antígeno, sendo que elas que têm função efetora, ou seja, interagem
com outras células da imunidade inata, ou com outras células e moléculas do sistema
imune (complemento e células da inata).

Os Domínios Constantes da Cadeia Leve não participam do reconhecimento do


antígeno e da função efetora, mas sim na determinação do tipo de cadeia leve: kappa (к)
ou lambda (λ). Na realidade, não há diferença funcional entre esses tipos de cadeia,
contudo existem alguns exames que têm seu diagnóstico, como linfoma de células B,
baseado nesses tipos de cadeia, pois pessoas comuns apresentam 60% dos anticorpos
com cadeia leve kappa e 40% com cadeia leve lambda. Se essa proporção for invertida,
há uma proliferação desordenada de células B.

A interação antígeno-anticorpo se dá por meio de ligações não covalentes reversíveis,


sendo que o tipo de ligação depende do sítio de ligação do anticorpo e do tipo
antigênico.

AFINIDADE

É a força de ligação do antígeno com um sítio de ligação no anticorpo, sendo


representada pela constante de dissociação (Kd), sendo a facilidade de separar a ligação
antígeno-anticorpo. Essa constante é inversamente proporcional a afinidade da ligação.
Por exemplo, uma ligação com baixo valor de Kd indica que a ligação é mais difícil de
separar, ou seja, tem maior afinidade.

Essa afinidade é medida em apenas UM SÍTIO DE LIGAÇÃO.

AVIDEZ

A avidez é a soma de TODAS AS INTERAÇÕES E LIGAÇÕES em uma determinada


molécula de anticorpo. O seu valor sempre será maior do que o valor da afinidade, isso
se considerar mais um sítio de ligação.

Obs.: IgM têm uma maior avidez do que IgG se a primeira tiver mais sítios de ligação
ocupados do que a IgG.
Outra característica da ligação entre antígenos anticorpos se dá pela formação de
imunocomplexos ou complexos imunes, que ocorre quando a concentração de antígenos
e anticorpos atinge a zona de equivalência (Concentrações equivalentes de antígeno e
anticorpo). Os complexos imunes são comuns nas doenças autoimunes e nas infecções,
que quando cessadas são eliminados. Contudo, quando o paciente não consegue
eliminá-los, eles se depositam nas paredes de vasos, podendo causar doenças
(glomerulonefrite e vasculite). Os imunocomplexos são muito úteis em alguns métodos
de diagnóstico, como a tipagem ABO e os métodos de aglutinação.

A formação de imunocomplexos obedece uma cinética em que, no início, existe um


excesso de antígeno, depois quando os anticorpos são produzidos ocorre a zona de
equivalência, sendo que no final da infecção não são mais formados imunocomplexos,
pois há um excesso de anticorpos.
A remoção dos imunocomplexos ocorre por meio da ativação do complemento (Via
Clássica), que gera C3b, se depositando ou no microrganismo, como na região Fc do
anticorpo. Hemácia tem um receptor para C3b, se ligando ao C3b, que está opsonizando
o imunocomplexos, e vai carrega-lo para fígado e baço, onde existem macrófagos
residentes com um receptor de alta afinidade para as moléculas de anticorpo e para C3b
(CR1), que funciona como um sequestrador do complexo, fagocitando o anticorpo com
o microrganismo.

ANTICORPOS – ESTRUTURA DA REGIÃO CONSTANTE

Os domínios constantes da cadeia pesada são os determinantes da classe/isotipo do


anticorpo. Se cada isotipo tem um diferente tipo de domínio constante, logo eles se
ligarão a diferentes moléculas, e terão funções diferentes.

O anticorpo IgG apresenta subclasses: IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4. Enquanto o anticorpo
IgA apresenta duas subclasses: IgA1 e IgA2. Por exemplo, dois anticorpos IgG
apresentarão domínios constantes semelhantes, enquanto os domínios variáveis serão
diferentes. Essa diferenciação se dá por meio de genes, chamados Genes C, que
apresentam diferentes sequências de aminoácidos dependendo do isotipo. NO GENE C
NÃO HÁ RECOMBINAÇÃO V-D-J.

Cada tipo de anticorpo será determinado por um tipo diferente de região do gene C, que
produzirá um domínio constante das cadeias pesadas:

- IgA: Determinada pela região constante Cα;

- IgE: Determinada pela região constante Cε;


- IgG: Determinada pela região constante Cɣ;

- IgD: Determinada pela região constante Cδ;

- IgM: Determinada pela região constante Cμ;

Essas sequências são sequencialmente numeradas: Cα1, Cα2...

Em suma, o isotipo do anticorpo é determinado pelos domínios constantes da cadeia


pesada, que são codificados pelos genes C, que não sofrem recombinação.

As imunoglobulinas de membrana são IgM e IgD, sendo elas monoméricas, assim como
as IgG e IgE secretadas. IgA é dimérica, e IgM secretado é pentamérico. Para essas
proteínas pentaméricas ou dimérica, existe uma cadeia J, que é responsável pela junção
dos monômeros, facilitando a formação das cadeias, estabilizando-a e auxiliando no
transporte através do epitélio, muito importante, por exemplo, para que o IgA vá para o
leite materno.

Anticorpos secretados e associados à membrana apresentam diferentes sequências de


aminoácidos na porção carboxiterminal da região constante da cadeia pesada, sendo que
a interação com a célula efetora ocorre no Fc do anticorpo com o receptor FcR da célula
efetora.

Obs.: Por exemplo, pessoas que têm dengue e depois têm chikunguya apresentam uma
resposta imune mais potente. Isso ocorre devido a um processo chamado de Aumento
de Infecção Dependente de Anticorpo, em que anticorpos produzidos em uma doença
reagem contra um vírus com semelhança molecular. Contudo, esses anticorpos não são
neutralizantes, interagindo com receptores de fagócitos, sendo internalizados e o vírus
se espalha, aumentando a infecção do vírus.

É no domínio constante da cadeia pesada em que há a presença dos domínios


transmembrana que ancoram os anticorpos na superfície celular.

Anticorpos de diferentes espécies animais são diferentes, tanto nos domínios variáveis,
como nos domínios constantes. Isso é muito importante em casos de Imunidade Passiva,
em que há uso de soro, muito comum quando o indivíduo não vai conseguir produzir
anticorpos a tempo de neutralizar o antígeno, como é o caso do veneno de cobra, etc.
Esses anticorpos passivos são oriundos de animais, principalmente cavalos. Um
problema desses anticorpos diferentes no nosso corpo é que eles podem entrar na zona
de equivalência e formar imunocomplexos, problemáticos quando as pessoas não
conseguem removê-los. Outro problema é que a pessoa que está recebendo esses
anticorpos exógenos podem produzir anticorpos anti-anticorpos exógenos também
podendo formar imunocomplexos, é a chamada Doença do Soro, que forma
imunocomplexos, que podem causar glomerulonefrite e se depositarem na corrente
sanguínea, gerando vasculite. Esses imunocomplexos, como apresentam a forção Fc,
interagem com as células inflamatórias e ativam-nas, podendo também ativar o sistema
complemento. Esses imunocomplexos podem ser removidos por um processo
denominado aferese.

SÍNTES DE ANTICORPOS.

O primeiro momento que uma célula B produz plasmócito é ainda no desenvolvimento,


partindo do estágio da Pró-B, em que inicia a recombinação da cadeia pesada, sendo que
no estágio de Célula B Imatura ela já terá o anticorpo IgM de membrana (BCR
incompleto). Quando a célula NAIVE é ativada e se diferencia em plasmócito, os
anticorpos que ela produz têm especificidade semelhante ao anticorpo de membrana,
pois essa especificidade foi gerada do V-D-J inicialmente recombinado. A única coisa
que pode mudar é o isotipo do anticorpo, pois não há recombinação.

No linfócito B ativado sem o contato com a célula T, o isotipo do anticorpo produzido é


o mesmo daquele anticorpo que está sendo produzido na membrana, enquanto que um
linfócito B que foi ativado pela célula T pode mudar a classe do anticorpo que ele
produz, sendo esse processo chamado de Mudança/Switch de classe, em que há a troca
apenas da região constante da cadeia pesada.

GERAÇÃO DA DIVERSIDADE

A diversidade das moléculas de anticorpo com especificidades diferentes é possível


devido à recombinação aleatória dos genes V, D e J, juntando-os para formar as cadeias
para conseguir produzir os domínios variáveis do anticorpo.

- V- D - J – Domínios Variáveis da Cadeia Pesada;

- V- J – Domínios Variáveis da Cadeia Leve – Originam cadeias к ou λ.

Quando os genes estão espaçados, não é possível formar uma proteína, ou seja,
transcrever uma proteína, sendo necessário juntar os fragmentos para formar um gene
(éxon) que vai codificar a porão variável da molécula.

- REARRANJO V(D)J DA CADEIA PESADA:

Esse rearranjo ocorre em dois ciclos de recombinação. Inicialmente se junta o


fragmento D com J, e depois o fragmento V com D-J para formar o gene que codifica a
cadeia pesada, todos escolhidos de modo aleatório.
- REARRANJO VJ DA CADEIA LEVE:

Esse rearranjo ocorre em apenas um ciclo de recombinação, em que o fragmento V é


junto com o fragmento J para formar o gene que codifica a cadeia leve.

Para que o DNA seja cortado, deve haver a presença de endonucleases. Mas como elas
vão saber que o DNA deve ser cortado nessa região específica? Existem no DNA,
regiões que sinalizam sítios em que essas proteínas podem se ligar, são elas as RSS
(Sequências Sinalizadoras de Recombinação), que são sequências de nucleotídeos
não-codificantes conservadas, que se encontram adjacentes aos pontos onde ocorre a
recombinação, ou seja, antes de cada V, D ou J, existem essas moléculas sinalizadoras.
A estrutura de uma RSS é formada por um heptâmero (7 nucleotídeos conservados –
não vão mudar), seguido de um espaçador de 12 ou 23 pares de bases (não conservados)
e por um nanômero conservado (9 nucleotídeos conservados). Ou seja, só vai haver
recombinação de um gene que tem um espaçador 12 com um gene com espaçador 23,
ou seja, obedece a regra 12/23, garantindo que dois genes iguais não terão o mesmo
espaçador.

EVENTOS DA RECOMBINAÇÃO V(D)J

1.SINAPSE: Enzimas Rag (Rag-1 e Rag-2) vão aproximar os RSSs dos genes que
serão recombinados, formando uma alça, por ação de enzimas DNAgirases.

2.CLIVAGEM: Mediado pelas enzimas Rag (Gene Ativador de Recombinação),


uma endonuclease de restrição expressas apenas nos linfócitos Pró-T e Pró-B em
desenvolvimento, que clivam os fragmentos de DNA que foram antes aproximados.

3. JUNÇÃO E PROCESSAMENTO: Enzimas que reparam o DNA fazem regulação


do peptídeo e a junção dos fragmentos que foram clivados, sendo que essa regulação
por meio da adição/remoção de nucleotídeos, muito útil para geração da variabilidade.

Obs.: Existem pessoas que não apresentam as Enzimas Rag, não havendo a formação
de linfócitos T e B, sendo as pessoas Skid.
A diversidade gerada na recombinação pode ser de dois tipos:

- DIVERSIDADE COMBINATÓRIA: É a escolha do V, D e J.

-DIVERSIDADE JUNCIONAL: Ocorre no momento da adição/remoção de


nucleotídeos no momento na junção dos segmentos quando as extremidades têm
tamanhos diferentes.

Por isso que uma célula B não consegue naturalmente produzir anticorpos com
especificidades diferentes daquela definida na recombinação V-(D)-J, pois o restante do
DNA foi descartado. Contudo, o isotipo pode ainda ser mudado.

FUNÇÕES DOS ANTICORPOS

Os diferentes tipos de anticorpos têm diferentes tempos de duração e diferentes células


que estas interagem, logo, cada classe tem mais de uma função.

A maioria das funções dos anticorpos depende da porção Fc da molécula. Normalmente,


a função dos anticorpos é neutralização de antígenos e toxinas produzidas por eles.
Obs.: Não existe IgD secretada, apenas de membrana.

A IgE produzida em nosso corpo se adere quase que totalmente à superfície do


mastócito, pois este tem um receptor FcR de grande afinidade, capturando quase toda a
IgE produzida.

Obs.: A neutralização é um mecanismo dependente apenas de anticorpo, servindo para


que uma toxina ou antígeno não se ligue ao receptor ou que cause dano ao nosso
organismo. Muito útil na defesa antiviral, pois previne a entrada do vírus na célula
saudável, visto que os únicos outros mecanismos de defesa antiviral são as células NK e
os linfócitos CD8. Nas vacinas virais, o que se deseja é a produção desses anticorpos.
- Anticorpos IgD: A única função desse é formar o BCR, pois este é um receptor de
membrana.

- Anticorpos IgM: Quando de membrana, também funcionam como o receptor de


antígeno da célula B (BCR), e quando secretada, é a ativação da Via Clássica do
Sistema Complemento.

- Anticorpos IgG: É o único anticorpo que passa da mãe para o feto, tendo também
uma pequena quantidade no leite materno, porém o seu mecanismo de transporte é
desconhecido, pois ele não apresenta a cadeia J para que o Poly-Ig o transporte. A sua
principal função é a neutralização.

Como o IgG não é um anticorpo de mucosa, eles são transportados para o intestino do
feto, e depois para a circulação sanguínea do mesmo por meio do receptor FcRn: Na
placenta, há a face de circulação do feto e outra da mãe. Esse IgG se liga ao receptor
presente na placenta da mãe (sinciciotrofoblasto) e é transportado transcelularmente
para a circulação fetal. (ÚNICO ANTICORPO PRESENTE NA CIRCULAÇÃO DO
FETO).
Quando o recém-nascido amamenta-se com o leite materno, o IgG presente no leite se
liga ao receptor FcRn presente nas células do lúmen intestinal, sendo transportado para
a correntes sanguínea do neonato.

Outra função do IgG é a ativação do Sistema Complemento (Via Clássica),


opsonização, facilitando a fagocitose (mediado pela porção Fc do anticorpo que interage
com FcR da célula efetora.)

Outra função do IgG é a CITOTOXICIDADE CELULAR DEPENDENTE DE


ANTICORPOS (ADCC) que é a indução da morte de uma célula que está recoberta
por anticorpos, um mediado pela NK: O anticorpo liga-se a antígenos na superfície das
células-alvo. Os FcR presentes nas células NK reconhecem o anticorpo ligado,
sinalizando para que a NK mate a célula-alvo por apoptose pelos mecanismo
conhecidos. Um exemplo muito útil é no caso do HIV, que infecta T CD4 e faz com que
elas produzam proteínas virais. Dentre essas, existe uma proteína d envoltório chamada
de Gp120. Quando o vírus está maduro, ele carrega um pedaço da membrana da célula
T, passando a expressar Gp120. O indivíduo infectado passa a produzir anticorpos anti-
Gp120, passando eles a estarem aderidos às membranas das células T, a NK reconhece
esses anticorpos e libera grânulos de granzima e perforina, sendo essa morte chamada
de imunomediada.

- Anticorpos IgA: Responsável pela Imunidade de Mucosas, sendo a IgA dimérica


produzida e transportada para o lúmen, realizando a neutralização dos patógenos e das
toxinas, sendo essa a principal função. A IgA secretada através do epitélio de mucosas
está presente nas secreções mucosas saliva, lágrima e no leite materno.

O transporte transepitelial de IgA ocorre por ação de um receptor epitelial chamado de


Poly-Ig, que se liga ao anticorpo (dímero) na cadeia J, sendo o complexo endocitados e
depois liberado no lúmen. (Transcitose mediada por receptores Poly-Ig)
Quando o neonato ingere o leite materno, esse anticorpo resiste ao suco gástrico e cai no
lúmen intestinal, colonizando-o.

- Anticorpos IgE: Se ligam ao Eosinófilo e Mastócitos sinalizando a ADCC em


respostas alérgicas e contra helmintos, fazendo com que essas células liberem o
conteúdo dos seus grânulos. O mastócito e o eosinófilo em repouso apresentam nos seus
citoplasmas grânulos de histamina e outros mediadores inflamatórios, estando essas
células ligadas à porção Fc dos anticorpos. Quando o anticorpo se liga a um antígeno
(helmintos e alergias) multivalente, faz a ligação cruzada, causando liberação do
conteúdo dos grânulos. Esse processo de ADCC nessas células é influenciado também
pela IL-4 produzida pelas células Th2.

ANTICORPOS MONOCLONAIS

É um anticorpo com especificidade para um epítopo específico, sendo oriundo de uma


população de células B com a mesma especificidade, produzidos em laboratório, difere
do anticorpo policlonal por este apresentar especificidades para diferentes epítopos,
oriundos de várias populações de células B, sendo eles aqueles naturalmente
produzidos.

A técnica para o desenvolvimento de anticorpos monoclonais foi descrita pelos


pesquisadores Georges Kohler e Cesar Miltein no ano de 1975. Em um camundongo, o
antígeno foi injetado para que ele produza anticorpos, dentre eles o anticorpo desejado.
No baço, estão presentes as células B com essas especificidades, sendo este baço
removido, as células separadas, e a célula B com a especificidade desejada isolada. Essa
célula é imortalizada fundindo-a com uma célula tumoral de mieloma, formando um
hibridoma (célula fusionada formada por um plasmócito e por uma célula de mieloma).
Os clones formados são separados e colocados em placas de cultura, e o clone que
produz o anticorpo desejado é separado, e esse hibridoma é cultivado e imortalizado e
os seus anticorpos isolados.
Os anticorpos monoclonais são utilizados como ferramenta no diagnóstico e tratamento
de doenças:

- Anticorpo Anti-CD20 são anticorpos contra células B, muito úteis no tratamento de


Leucemias de células B e doenças autoimunes mediadas por anticorpos.

- Anticorpo Anti-TNF-α ou anti-TNFR, muito úteis na artrite reumatoide.

- Anticorpo Anti-VEGF são úteis no tratamento do câncer, pois impedem a angiogênese


do tumor.

Você também pode gostar