Você está na página 1de 42

TÉCNICAS BÁSICAS PARA

QUANTIFICAÇÃO DE
MICRORGANISMOS
Alecia Daila Barros Guimarães
Camila Ribeiro Rocha
Larissa Lorrane Rodrigues Borges

Profa Roberta Torres Careli


Prof Eduardo Robson Duarte

Montes Claros/2018
Neste curso será abordado os
principais tipos de técnicas
básicas e procedimentos para
contagem e enumeração de
microrganismos.
Parte Teórica
 Principais técnicas de contagem;
 Aplicações;
 Procedimentos de análises.

Parte Prática
 Realização das técnicas;
 Interpretação de resultados.
Introdução
 As análises microbiológicas  tem como objetivo a
detecção ou a enumeração de microrganismos
viáveis presentes em uma determinada amostra;

 O controle durante o processo analítico, visa à


garantia da confiabilidade do resultado final,
assegurando a sua repetibilidade, precisão, e
exatidão dos procedimentos e nas técnicas e regras
de contagens de microrganismos.
Tipos de ensaios microbiológicos
 Em função da multiplicidade de grupos, gêneros e
espécies que podem estar presentes, um grande número
de ensaios são utilizados:

 Ensaios qualitativos  verificam a presença ou


ausência do(s) microrganismo(s) alvo em uma dada
quantidade da amostra, sem quantificar;

 Ensaios quantitativos  determinam a quantidade


do(s) microrganismo(s) alvo na amostra, geralmente por
unidade de massa ou volume.
Técnicas de detecção
 Cada um desses ensaios segue procedimentos
diferenciados, que dependem do(s) microrganismo(s)
alvo (como por exemplo o tempo e temperatura de
incubação, o meio de cultura);

 Os tipos de técnicas detecção de microrganismos


são:
 Presença/ausência;
 Contagem do número mais provável;
 Contagem padrão em placas.
Contagem em placas
 Contagem padrão em placas  Método mais
comum de contagem de MOS;

 O procedimento básico é a inoculação da amostra


homogeneizada (e suas diluições) em um meio
sólido (ágar), contido em placas de Petri, seguida da
incubação até crescimento visível.

O resultado é expresso como UFC (Unidade


Formadora de Colônia) por unidade (peso, volume,
área etc).
Contagem em placas
 Princípio envolvido na contagem:
 Quando fixada em um meio de cultura sólido
adequado, cada célula microbiana presente na amostra irá
formar uma colônia isolada;

 Variando-se o tipo de meio de cultura (meio de


enriquecimento, meio seletivo, meio diferencial) e as
condições de incubação (temperatura e oxigênio), é
possível selecionar o grupo, gênero ou espécie que se
deseja contar.
Contagem em placas
 Quantificação de grandes grupos microbianos:
Ex.: Aeróbios mesófilos;
Aeróbios psicrotróficos;
Fungos filamentosas e leveduras;
Clostrídios sulfito redutores;
Enterococos;
Bactérias láticas.

 Quantificação de gêneros ou única espécie:


Ex.: Staphylococcus aureus, Bacillus cereus, Clostridium
perfringens.
Contagem em placas

Mesófilos Aeróbios em PCA Escherichia coli em Ágar MacConkey


Fonte:http://stvaranjewptemaodnule.info Fonte: Rocha, 2015
Principais etapas envolvidas na contagem
em placas

 Preparo e diluição da amostra;


 Inoculação e plaqueamento das diluições;
 Incubação das placas em condições ótimas
apropriadas;
 Seleção das placas com colônias desenvolvidas;
 Contagem das colônias;
 Cálculo e expressão dos resultados obtidos.
Tipos de plaqueamento

1) Plaqueamento em Profundidade (Pour Plate);

2) Plaqueamento em Superfície (Spread Plate);

3) Plaqueamento em microgotas (Drop Plate);

4) Filtração em membrana.
1) Plaqueamento em profundidade

 Alíquotas das amostras e/ou diluições são


inoculadas em placas de Petri estéril, com adição do
meio de cultura e posterior homogeneização;

 Limite de detecção  10 UFC/g (produtos sólidos


ou líquidos diluídos) ou 1 UFC/mL (produtos líquidos
pipetados diretamente);
1) Plaqueamento em profundidade

 Principais aplicações  ensaios de contagem de


mesófilos, psicrotróficos, contagem de clostrídios
sulfito redutores, contagem de enterobactérias,
contagem de enterococos e contagem de bactérias
lácticas;

 Limitações  necessidade de fusão do meio de


cultura autoclavado antes do uso.
1) Plaqueamento em profundidade
 Procedimento de análise:

 Preparo das diluições da amostra;


 Inocular de 1 mL de cada diluição em placa de Petri
vazia e estéril (duplicata);
 Acrescentar sobre as diluições o meio de cultura
fundido e resfriado, mantido a temperatura 44-46 °C;
 Homogeneizar com movimentos suaves em forma
de “8” sobre a bancada;
 Após solidificação, as placas são incubadas na
temperatura ótima de crescimento microbiano.
1) Plaqueamento em profundidade

Incubação em
temperatura controlada
2) Plaqueamento em superfície
 A amostra e/ou suas diluições são inoculadas
diretamente na superfície do meio sólido nas placas;

 Não expõe os microrganismos ao calor do meio fundido;


 Permite a visualização de características morfológicas e
diferenciais de colônias;
 Permite a utilização de meios que não podem ser
fundidos depois de prontos;
 Não exige que os meios sejam translúcidos.

O volume inoculado é limitado à capacidade de


absorção pelo meio de cultura.
2) Plaqueamento em superfície

 Limite de detecção  100 UFC/g (produtos


sólidos) ou 10 UFC/mL (produtos líquidos).

 Principais aplicações  ensaios de contagem


total de aeróbios mesófilos, psicrotróficos, contagem
de fungos filamentosos e leveduras, contagem de S.
aureus, contagem de B. cereus, entre outros.
2) Plaqueamento em superfície
 Procedimento de análise:

 Preparo das diluições da amostra;


 Inoculação de 0,1 mL (100 μL) de cada diluição para
placa de Petri já contendo meio de cultura sólido;
 Posteriormente, a alíquota é espalhada sobre o
meio com auxílio de alça espalhadora (alça de
Drigalsky) até absorção completa pelo meio;
 Após, as placas são incubadas na temperatura
ótima de crescimento microbiano.
2) Plaqueamento em superfície

Incubação em
temperatura controlada
3) Plaqueamento em microgotas

 Técnica de inoculação em superfície;


 A principal diferença é que o inóculo não é espalhado,
mas sim, depositado no meio de cultura em gotas;
 Como as gotas ocupam um espaço mínimo, é
possível inocular numa mesma placa três gotas por
diluição;
 Economia de meio de cultura, tempo e espaço;
3) Plaqueamento em microgotas
 Micropipeta calibrada  volume de inoculação é
muito pequeno!

 Limite de detecção  1000 UFC/g (produtos sólidos)


ou 100 UFC/mL (produtos líquidos);

 Principais aplicações:
 Técnica muito útil quando se exige a inoculação de
grande número de diluições;
3) Plaqueamento em microgotas
 Procedimento de análise:

 Preparo das diluições da amostra;


´Divisão da placa de Petri em 3 setores (1 por diluição);
 Alíquota de 0,020 mL (20 μL), em gotas, de cada diluição
é transferida para superfície meio de cultura  três gotas
por diluição;
 A placa é deixada em repouso sobre uma superfície
plana até absorção da alíquota pelo meio;
 As placas são incubadas na temperatura ótima de
crescimento microbiano.
3) Plaqueamento em gotas

20 μL

Incubação em
temperatura controlada

>70 >70 39 5 0 0
3) Plaqueamento em gotas

Bacillus cereus em PCA pela técnica de plaqueamento em microgotas.


Fonte: Silva, 2018.
4) Filtração em Membrana
 Análise de amostras líquidas límpidas, sem sólidos em
suspensão;

 Permite a inoculação de maiores volumes da amostra,


concentrando na membrana os microrganismos presentes;
 Indicado para amostras com contagens abaixo do limite de
detecção dos outros procedimentos;

 Limite de detecção  1 UFC/volume inoculado;

 Principais aplicações  contagem total de aeróbios


mesófilos, contagem de bactérias láticas, contagem de
enterococos e contagem de coliformes/Escherichia coli em
água, refrigerantes, outros produtos líquidos.
4) Filtração em Membrana

Copo
Garra

Funil

Kitasato
Conecta a
mangueira da
bomba à vácuo
Membrana quadriculada 0,45 μm
4) Filtração em Membrana
 Procedimento de análise:

 Conjunto de filtração esterilizado  porta filtro, kitasato e


copo de filtração;
 Ajusta-se a membrana quadriculada estéril 0,45 μm ao
suporte de filtração;
 Com auxílio de uma bomba a vácuo, a amostra é filtrada;
 Após a filtração, a membrana é retirada assepticamente
do suporte e disposta em placas de Petri contendo meio
de cultura;
 As placas são incubadas na temperatura ótima de
crescimento microbiano.
4) Filtração em Membrana

Fonte: Alves, 2013


4) Filtração em Membrana

Contagem de coliformes pelo método de filtração em membrana


Fonte: http://cavadolab.com/?mod=galeria&id=11
Contagem e interpretação dos resultados
 Profundidade e Superfície  número de colônias entre
25 e 250;
 Fungos filamentosos e leveduras  15 a 150 colônias
 S. aureus e Clostrídios Sulfito redutores  20 a 200 colônias

 Microgotas  entre 10 e 70 colônias por gota;


 Duplicata ou triplicata  Considerar como número de
colônias a média aritmética da contagem obtida;
 Fórmula:

UFC/g ou mL = n° colônias x 1/diluição


alíquota plaqueada
Número Mais Provável (NMP)

 Teste de tubos múltiplos


 Permite calcular o número mais provável (NMP) do(s)
microrganismo(s) viáveis na amostra, utilizando tabelas de
probabilidade;
 Estima a densidade de MOS presentes na amostra
baseado na frequência de resultados positivos;
 Não permite a contagem de células viáveis por UFC, os
resultados são expressos em NMP/g ou mL;

 Principais aplicações  Contagem de coliformes e


Escherichia coli em água e alimentos.
Número Mais Provável (NMP)

 É recomendada quando:
 No alimento em análise é esperado baixo número do
microrganismo alvo;
 Devido ao processo tecnológico sofrido pelo alimento, as
células presentes estejam lesadas fisiologicamente
(células estressadas).

 Limite de detecção  < 3,0 NMP/g ou mL.


Análise de coliformes pelo NMP
 Método constituído por duas etapas:

 Teste Presuntivo
• Caldo LST (Caldo Lauril Sulfato Triptose)  Meio de
enriquecimento para MOS fermentadores de lactose 
produção de CO2  coliformes;

 Teste Confirmativo
• Caldo VB (Caldo Verde Brilhante)  meio que mimetiza as
condições intestinais  coliformes a 35 °C;
• Caldo EC (Caldo E. coli)  meio seletivo para o crescimento de
bactérias fermentadoras de lactose que sobrevivem a 44,5 °C.
Análise de coliformes pelo NMP
 Teste presuntivo

 Selecionar três diluições decimais sequenciais da


amostra;
 Inocular uma série de 3 tubos de Caldo LST por diluição,
adicionando 1 mL da diluição por tubo com 10 mL de LST
com tubo de Durhan invertido;
 Incubar os tubos a 35 °C/24 a 48h  produção de gás 
CO2 nos tubos de Durhan (tubos positivos);
 Em caso de tubos positivos, seguir para a etapa
confirmatória.
Análise de coliformes pelo NMP
 Teste confirmativo
 Coliformes a 35 °C
 A partir dos tubos de LST positivos  transferir uma alçada
de cada cultura para tubos com Caldo VB (com tubo de
Durhan invertido);
 Incubar a 35 °C/ 24 a 48 h  produção de gás.

 Coliformes coliformes a 45 °C (termotolerantes)


 A partir dos tubos de LST positivos  transferir uma alçada de
cada cultura para tubos com Caldo EC (com tubo de Durhan
invertido);
 Incubar a 45 °C/ 24 a 48 h  produção de gás.
Caldo VB. O último tubo está
Tubos LST positivos:
positivo (aprisionamento de CO2).
presença de CO2
Presença de coliformes a 35 °C.

Fonte: http://bioneogenios.blogspot.com/2013/05/tecnica-dos-tubos-multiplos.html
Número Mais Provável (NMP)
 Interpretação dos resultados  Tabela estatística do NMP
Dúvidas ???
Vamos para a Parte
Prática!

Você também pode gostar