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RIOoeJANEIRO SÃO PAULO
R.ooROSARIO RUAMARCONI
135 - 13
:o COLEÇÃO FAC-SIMILAR DE JORNAIS ANTIGOS)
1
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O TAMOYO
Desta edição foram impressos cem exem-
plares em papel especial numerados de I a C,
todos rubricados pelo diretor da coleção, e qui-
nhent,os em papel "boujfant", numerados de
1 a 500.
1823
Introdução de Caio Prado Junior
Z elio Valv er de
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com entando fatos, incutindo, enfim, no brasi-_
 introdução da imprensa no Brasil data, leira uma consciência política.
pràticamente, de 13 de maio de 1808, quando Todos êsses jornais têm vida efêmera.
foi fundada a Impressão Régia. De 10 de se- A maioria não dura mais que alguns meses.
tembro do mesmo ano, datei o primeiro núme- Aparecem uma ou duas vezes por semana.
ro da "Gazeta do Rio de Janeiro", de proprie- As tiragens são muito reduzidas e as dificul-
dade particular; a princípio, destinada a clar dades de comunicação impedem a diuulgaçrio
publicidl!Lde aos atos do govêrno. pelas províncias. Muitos não deviam atingfr
Comentando o fato, Hypolito José da sinão o público das cidades' onde eram pu-
Costa escrevia no "Correio Brasiliense": "Tar- blicados. Eram distribuidos somente aos as-
de, desgraçadamente tarde; mas enfim apa- sinantes, só muito mais tarde, é que se inaiz-
recem typos no Brasil . .. " De fato, o Brasil guraria a venda avulsa pela cidade por jor-
era o último país da América a possuir tipo- naleiros apregoando o título do jornal.
grafia. Todos êsses fatores inerentes às condi-
A Imprensa Régia foi a única oficina ti- ções econômicas e sociais da época, agrava-
poigráfica da capital até cêrca de 1821. Não, dos pelo fato notório que muito poucas pes-
terá deixado de influir na propagação da im- soas e instituições guardam com cuida.do as
prensa, mais talvez do que o atrazo econômi- publicações periódicas, fazem com que as co-
co do país, a severa censura criada logo em leções completas dêsses primeiros jornais lJm-
seguida à introdução de prelos no Brasil. So- sileiros sejam hoje extremamente raras. De
mente depois do aviso do príncipe d. Pedro, muitos duvidamos que seja possível r Gr- ons-
datado de 28 de agô::;to de 1821, mandando tituir, com números avulsos de diferentes ori-
"que se não embarassasse por pretexto algum gens, uma coleção absolutamente completa.
a impressão, que se quizesse fazer de qual- As que existem, de um ou outro jornal, seio
quer escripto", é que começam a aparecer ti- guardadas como raridades do mais alto valnr
pografias particulares no Rio de Janeiro. A por colecionadores iriteligentes ou nas poll-
liberdade de imprensa permitiu que se espa- quíssimas bibliotecas, cujo fundo foi consti-
lhassem jornais por tôda a parte. í:sses jor- tui do há muito tempo.
nais agitavam idéias, defendiam e atacavam Na re alidade~ são inacessíveis ao estudio-
pontos de vista e formavam uma opinião pú- so. A organização primitiva de nossas biilio-
blica. É graças ao prelo que, em poucos anos, tecas sem contato entre si, sem meios d e es-
atingimos o nível político e cultural dos ou- tab elecer uma cooperação, torna a procura
tros países da América Latina. É graças a de uma determinada coleção um trabalho qzw-
essa liberdade que _existiu, ampla e sem peias se invencível.
nessa época, que os brasileiros puderám ficar Ora, ninguém contestará o valor dos jor- .
ao par do movimento democrático que snrgia miis e sobretudo dos jornais antigos, para n
em Portugal, lutar contra o absolutismo e es- estudo de qualquer assunto. Seria perder
tabelecer uma política que lhe permitiu pro- tempo querer demorQstrar a fonte de ualor
gredir ràpidamente. inesgotável para o conhecimento de nosso pas-
Durante os primeiros quinze anos do Im- sado, que são os primeiros jornais brasileiros.
pério são inúmeros os jornais que se fundam Assim pensando é que tomamos a inicia.-
por todo o Brasil, incontáveis os folhetos que tiva de publicar o maior número dêles, fiados
aparecem, defendendo, atacando, noticiando e na boci uonfode e visão de Zelio Valverde.
X
dam; para romperem de novo, lo~o depois, nial; financeiros, alimentados pelos negócios
com redobrada violência. com o Erário Régio e outras atividades que
A revolução constitucionalista do Pôrto, a transfer ência da ·Côrte e do centro e sede
repercutindo no Brasil, polarizará aqui as da Monarquia introduzira no país; socia~s,
fôrças políticas: de um lado, o elemento re- pela elevação de categoria de antigos e mo-
volucionário,democrático e liberal, represen- destos colonos a metropolitanos e cortezãos;
tado sobretudo pelas classes m édias e baixas burocráticos, representados pelos cargos ad-
da população (excetuando os escravos, cuja ministrativos de uma complexa e imensa en-
atitude será passível). A análise dos aconte- grenagem governamental que a Côrte erigira
cimentos mostra-nos claramente que são aque- entFe nós. Já contemporâneamente ' êste baru-
las classes que mais ativamente sustentarão po que reúne, particularmente no Rio de Ja-
o movimento constitucionalista no Brasil. neiro, o que havia na colônia de social e eco-
Doutro lado, e contra êle, agrupa-se a reação. nômicamente mais representativo, era desi-
Esta aliás subdividida em tendências diver- gnado por partido brasileiro. E' a expressão
sas, mas unidas no propósito de lutar contra empregada por Silvestre Pinheir o em suas fa-
a revolução. Encontramos nela os elementos mosas cartas escritas ao correr dos aconteci-
extremos, que defendem intransigentemente
1
mentos, e que por isso, mais que qualquer
outro depoimento, nô-los representam ao
as prerrogativas Reais: será dêstes o então
vivo (1). O nome indica aliás mais os inte-
ministro Thomaz Antônio Vilanova Portugal.
terêsses em jogo que nacionalidades; pois em-
Há também os mais complacentes, que que-
bora predominem nêste partido os naturais
rem aliás jogar com a revolução em proveito
do Brasil os portuguêses são numerosos; e em
próprio. Aceitam deformas da estrutura ab-
solutista da Monarquia; mas que sejam para muitas instâncias, mesmo, os mais represen-
tativos. Notemos que na época designavam-se
aparar o poder Real em seu benefício. A no-
por brasileiros todos aquêles que habitavam
breza, anti g,a e já tradicional adversária do
1
.cia1s, de grandes massas escr21,vas; tudo cmn- chefes: Joaquim Gonçalves Ledo e o Pe. Ja-
plicado por consideráveis diferenças raciais. nuário da Cunha Barbosa. Os outros serão
Por êstes motivos ,o partido brasileiro liderados pelo Club da Resistência. (2)
fará frente comum com a reação e a luta A atitude inábil das Côrtes, onde come-
contra a revolta. Seria muito longo acompa- çam a predominar os elementos inclinados a
nhar aqui as peripécias do conflito que se de- retirar do Brasil as franquias adquiridas du-
senrola; dos incidentes que se sucedem tão rà- rante a permanência do Soberano, faz a ba-
pidamente desde que chega ao Brasil a no- lança pender em favor da reação. Esta tem
tícia da revolução constitucionalista (Out. e agora m:µa arma poderosa a manejar: os in-
Nov. de 1820), é impossível de compreender terêsses nacionais brasileiros, ameaçados pelais
e interpretar no seu conjunto se não guarda- constituintes portuguêses. A idéia da sepa-
mos em mente o critério assinalado da dis- ração ganha terreno entre os próprios demo-
posição política dos diferentes grupos e clas- cratas, que são afinal arrastados em bloco
ses sociais da colônia em face dos objetivos por ocasião dos acontecimentos do FICO.
revolucionários. Realiza-se então a unificação das fôrças po-
Depois que o Rei deixa o Rio de Janeiro líticas brasileiras na base de um programa de
(Abril de 1821), o partido brasileiro ficará emancipação do país.
só no campo da reação. Os outros grupos, E' nesta conjuntura que entra em cena
mais ligados a Portugal, vão agir agora no a figura principal que aqui nos interessa:
Reino europeu, continuando lá a disputa da José Bonifácio, que é chamado a ocupar um
partida iniciada aqui. E' então que livre de lugar no ministério, e desde logo assume o
.aliados 'q ue o mantinham ligado e subordina- papel correspondente ao de chefe do govêrno.
do à política interna da Metrópole, e aban- O apêlo a José Bonifácio se explica facilmen-
donado pelo Rei .que se entregava às Côrtes te: ninguém mais que êle estava então em
e à revolução dominante em Portugal, é então condições de desempenhar a tarefa. De um
q ue o partido brasileiro se inclina para a In- lado, pela sua posição social e passado, era
dependência. Era esta no momento a única 1
de molde a oferecer tôdas as garantias tao
solução normal do seu problema político, o partido da reacão, que como pioneiro da idéia
único meio de impedir o contágio revolucio- da separação de Portugal é quem n este mo-
nário e o progresso da democracia no Brasil. mento lidera os acontecimentos . Doutro lado,
Procurará jogar com o Príncipe Regente, como brasileiro de nascimento e pelo largo
isolando-o da influência européia. Apresen- prestígio que adquirira graças a seus traba-
tá-lo-á como representante legítimo da auto- lhos científicos, reunia as condições necessá-
ridade Real, que seu pai, prisioneiro das Côr- rias para se impor à generalidade da opinião
tes e coagido por elas, não estava mais em ·pública. Finalm ente, êle tinha a apoiá-lo a
condições de exercer. Será a princípio pôsto ascendência .que gozava em S. Paulo, onde
em respeito pela tropa estacionada no Rio de contava com o voto da parte mais represen-
Janeiro e que, fiel à Metrópole, fazia causa tativa e importante da população. Os acon-
comum com a revolução. O C:onde dos A)Tcos, tecimentos conheci dos por "Bernarda" ·de
um n10mento seu repr.esentante no govêrno, íFrancisco Ignácio e a oposição ,q ue esta le-
será apeado p elo m otim de 5 de Junho. Es- vanta (em particular no interior da provín-
tava-s e ainda, contudo, num momento de cia) o mostrariam claramente pouco depois.
transição e espectativa: nada se fará de con- Ora isto era da máxima importância.
creto e definitivo nem num, nem noutro sen- Abria-se luta franca com Lisboa e as Côrtes.
tido. De um lado, aguarda-se a Constituição Não bastava para levá-la a bom têrmo o Rio
que estava sendo elaborada pelas Côrtes; dou- de Janeiro, onde estacionavam contingentes
tro, procura-se desmoralizá-las e subtrair o importantes de tropas portuguêsas fiéis à Me-
P ríncipe à sua autoridade. Ambos os parti- tropole. Tinha-se que apelar para fôrças ar-
dos se organizam : os democratas ressuscitam madas da província, como de fato se apelou
a :Maçonaria (Julho de 1821) ; e lutam pela para as de S. Paulo e ilVIinas Geraes. Além
imprensa, onde seu órgão principal será o disto, era de tôda urgência formar um sólido
REVERBERO CONSTITUCIONAL FLUMI- bloco sulista pró-autonomia ou eventualmen-
NENSE, dirigido por dois de seus principais te independência (o têrmo final da luta não
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estava ainda bem definido no ânimo de todo Bonifácio será seu representan te no govêrno.
mundo), para opor-se às tendências do norte, Mesmo aí, contudo, a unifi cação das fôrças·
muito mais apegado que o sul à autoridade políticas em tôrno do programa da indepen-
das Côrtes. dência não si1gnificará uma resolução final
Esta posição do norte, que custou muito de tôdas as contradições entre os partidos em
mais a afastar-se da influência da revolução choque anteriormente. As divergências rea-·
portuguêsa, explica-se pelas condições em qu e parecerão logo; e em,bora mantendo-se todos
lá se desencadeou o movimento constitucio- no terreno da independência, apartar-se-ão lar-
nalista. Não nos ocupemos para não alorngar gamente no da sua or.g,a nização. Voltam a de-
o assunto, com as capitanias ou províncias frontar-se os princípios que dantes já esta-·
do extremo norte, Pará e <Maranhão, que, mais vam em jogo: democratas e conservadores
ou menos excêntricas, têm um papel, no con- (aristocráticos, como então se dizia). José
junto, relativamente pequeno. Os fatos maís Bonifácio ficará naturalmente com os últimos.
importantes neste terreno que nos ocupa sifo Não podia ser de outra forma: eram sobre-
das províncias do nordeste, Pernamburc e tudo êles q u e o ministro representava no go-
Bahia em particular. Ai revolução constitu- vêrno. Bi-parte-se assim a sua tarefa de go-
cionalista reuniu aí, desde logo, o conjunto da vernante: de um lado procurará assegurar e
população, tôdas as suas classes sociais, mes- consolidar a autonomia já em grande parte
mo aquelas que correspondem lá ao partido conquistada pelo Brasil . Daí os seus ;g randes
brasileiro do Rio de Janeiro. Vimos que êste empreendimentos de aparelhamento militar
último deveu sua existência sobretudo ao con- do país, em particular a organizaçã o de uma
junto de interêsses criados na base da perma- marinha de guerra; de reagrupamento das
nência da Côrte na capital da colônia. São província s dispersas, condiçã o fundamental
portanto, aqui, muito mais extensos e sólidos para a constituição do estado nacional bra-
que nas províncias, sobretudo as do norte, tão sileiro. Mas ao mesmo tempo, José Bonifacio
excêntricas à capital. Para estas, num certo será no govêrno um representante de su a clas-
sentido, a transferência da sede da Monarquia se e partido .
não teve outro papel que substituir, no domí- Não tardará em mostrá-lo claramente
nio político da nação, uma cidade por outra .quando, em vez de urna Constituinte, convoca
tão extranha como a anterior. Nelas se fa- pelo decreto de 16 de Fevereiro de 1822, o
lará do Rio de Janeiro como dantes se falava Conselho de Procuradores. Trata-se de uma
de Lisboa. A~ém disto, tinha-se no nordeste, medida nitidamente anti-democrática, e como
em particular em Pernambuco, o duro pas- tal foi denunciada já na época. Inspira-se na
sado da revolução de 1817, cujos efeitos ime- necessidade de agrupar o país, dar coesão às
diatos se prolongarão até o movimento cons- suas dispersas províncias; mas isto não na
titucionalista de 1821 . Os revolucionários de base de urna larga representação popular,
1817 achavam-se ainda no cárcere da Bahia mas de um reduzido número de procuradores,
quando êste movimento veio libertá-los. En- sem poderes de legislação e simples conselhei-
tre êles encontramos o que havia em Pernam- ros do govêrno. Era urna velha idéia, já
buco de social e econônicamente mais repre- aventada mais ou menos sob a mesma forma
sentativo; categorias exatamente correspon- um ano antes quando se cogitára de lutar con-·
dentes ao que no Rio de Janeiro formaria o tra a revolução constitucionalista desenca-
partido brasileiro. E portanto se êste, na ca- deada em Portu.gal e que ameaçava o Brasil;
pital da colônia, gozando de tôdas as prer- e que se consubstanciara no decreto de 18 de:
rogativas e privilégios, não poderá ver com Fevereiro de 1821. José Bonifácio ressus-
simpatia uma revolução democrática, e libe- citava agora o mesmo expediente para lutar
ral e reagirá contra ela, no nordéste, pelo con- contra a democracia brasileira. Frustrar-se--
trário, encontrará nela a oportunidade de sua á o golpe: o Conselho gorará, e será convo-·
Hbertação, como efetivamente se deu. A di.:- cada uma Assembléia Constituinte, apesar da
fer ença é profunda, e isto explica porque foi relutância e contra o voto expresso de Jos&
tão mais difícil apartar o norte da influência Bonifácio.
das Côrtes saídas da revolução. As divergências e choques dos partidos
O sul tomará por isso a dianteira; e José em luta não se limitarão a isto. Junto ao
XV
àqueles mesmos que começavam a olhar para Assembléia Constituinte por ocasião do ri-
ela com pouca simpatia e muita desconfian- dículo incidente Pamplona - a · agressão de
ça. E doutro lado, sua formação e ideologia um oficial português contra um indivíduo que
afastavam-no dos democratas, que naquele nem era brasileiro e que se eri,g,irá em mar-
momento representavam os únicos partidá- tir da nacionalidade ofendida -, dará pre-
rios conseqüentes da independência. Efetiva- texto para a dissolução. As contradições da
mente, insurgindo-se como se insurgiam con- política andradina tinham levado a um des-
tra os privilégios que o regime colonial f êcho que porá no mais sério risco a estabi-
acumulára nas mãos dos porturguêses, os de- lidade e a própria existência do nascente Im-
mocratas estavam de fato lutando ·c ontra as pério.
mais sólidas bases da soberania lusitana no Num certo aspecto, contudo, a atuação
Brasil. 1Mas agindo assim, lutavam também do "T AIMOYO" teve bons resultados . Num
contra todo um sistema social e econômico momento em que os democratas se achavam
que se organizára sôbre aqueles privilégios. dispersos e desarticulados - fôsse embora
Isto, José Bon~fácio, conservador por exce- por culpa do próprio José Bonifácio - , subs-
lência, não podia admitir. Acabou assim iso- tituiu-se na sua campanha de desmascara-
lando-se, e hitando em duas frentes que o mento das ocultas manobras que se desenro-
esmagariam. lavam em tôrno do Imperador e tendentes a
É de crer que nunca percebeu claramen- forçar por trás ·· da cortina uma reaproxima-
te' a contradição profunda em que encalhára ção de Portugal. A situação era grave, e a
sua política. Persistirá até o fim na sua dú- própria obra da independência correu naque-
bia posição, perdendo continuamente terreno le momento um risco muito sério. Sobretudo
e acumulando contra si uma oposição cres. por causa da reação absolutista em Portu-
cente que acabaria por apeá-lo do ministério. gal (Maio de 1823; notícias chegadas ao Bra-
É neste momento ·que aparece o "TA- sil em Agôsto) ·q ue angariou para o Reino
MOYO". A sua principal tecla - o que vale europeu grandes simpatias nos meios mais
dizer, do ex-ministro - , será o "português". representativos e influentes do Brasil. Neste
Desde o título do periódico, para o qual se sentido, a ação do "TAMOYO" e a atitude em
escolherá o nome de uma nação indígena que geral do Andrada na Assembléia e fora .dela,
se mostrára particularmente hostil aos colo- tiveram sem dúvida uma rgrande importân-
nizadores lusos. Mas será um ataque indis- cia. E' de lamentar que o ódio de Jm,;e Boni-
criminado e incoerente, cheio dos mais ab- fácio à democracia e ao liberalismo - que
surdos exageros. José Bonifácio, refletido por ainda no "TAMOYO" aparece a cada pas-
seus amigos no "TAMOYO" tomára-se de um so -, o tivesse impedido de ser inteiramente
ódio que se pode dizer pessoal, aos portug,u,ê- conseqüente em sua atitude, ligando-se com
ses. Tocará com isto uma fibra muito sensí- aquêles ·que lutavam mais coerentemente con-
vel da opinião popular. Mas nada mais: não tra os privilégios portuguêses e portanto a
era possível ·construir sôbre tal base pura- soberania da ex-metrópole; e que estavam
mente emotiva uma política eficiente e cons- com isto efetivamente empenhados em liqui-
trutiva. À oposição revolucionária dos de- dar a herança colonial e cimentar a obra da
mocratas contra os privilégios econômicos independência nacional do Brasil sôbre uma
e sociais de que os portuguêses eram os larga e sólida base democrática.
principais titulares (mas não os únicos), A atitude de José Bonifácio é tanto mais
o "TAMOYO" substituirá uma oposição esté- de lastimar que era êle talvez quem dentre
ril aos indivíduos nascidos no Reino. Conse- seus contemporâneos tinha uma intuição mais
guirá com isto mobilizar a opinião brasileira clara dos principais aspectos ecornômicos e
- no que será aliás ajudado por outro pe- sociais da democracia brasileira, como de-
riódico de igual feição mas muito mais vio- monstram seus escritos Representação sôbre
lento, A SENTINELA DA PRAIA GRANDE, a escravatura, Apontamentos para a civiliza-
cujas relações com os Andradas ainda não ção dos índios e Instrução do Govêrno Provi-
estão suficientemente apuradas. Mas será sório de S. Paulo aos Deputados da Província
uma mobilização puramente demagógica que às Côrtes Portuguêsas. A st'a formação pes-
acabará por se desmoralizar. E arrastando a soal contudo, e a idade avançada com que
XVII
m &1fü\itt!§fMMh§MWhkiMEA'4&4 ••RS&W ª
Tu vois de ces tirans la fureur despotique ;
lls pensent que pour eu.x le Ciel.fit l' Amerique.
VoLT. ALZIRE.
__.
por huma extensa campina, não tinhão ou. guns dos fructos do Paiz, e de um dos seus
tras necessidades senão as da naturesa. O habitantes despertou a curiosidade dos Reys
m».r, os rios, e lagoas, de que estavão cer- Portuguezes. Por ordem delles , e debaixo
cadi:.s, bem como os seus imrnensos bosques dos seus auspicios partirão successivamente
fomecião-Thes por meio da caça ou da pesca differentes Esquadras a . explorar as costa$ ~
o necessario sustento. A sua agricultura por rios, e enseadas do novo Continente, que logo
it::~tremo acanhada limitava-se quando muito depois foi distribuído por varios Donata.s-ios
a certos grãos , e raizes, que reduziã:o a fa- em diversas por5ões, e com direitos , e rega-
r inha, ou de que extra.ião o sueco para as lias considenwe1s.
suas bebidas. As suas cazas consistião em Não é do nosso intento seguir aqui pas-
pequenas choupanas armadas sobre esteios, e so a passo a marcha da povoaç!fo das d ifQ
cobertas de folhas, ou de palmas , e dura- ferentes Colonias , o seu progresso mais ou
vão tanto , quanto o rigor da estação ou a menos lento, e a historia das causa-s que p:::.~
necessidade de existirem no mesmo terreno . ra isso infiuirão. Esta tarefa, que só perten-
.As suas instituições sociaes participavão da ce ao historiador imparcial , levar-nos-ia mu i
instabilidade da sua vida , e da simplioida- longe do nosso fim. E depois i que ganharia ..
.de de suas precizões ; unidos quando convi- mos nisso : O quadro que debuxassernos por
nha resistir ao inimigo comrnum , e não co- mais favorecido que fosse, não seria por cerd
nhecendo o direito da pi·opriedade não reco- to lisongeiro a nossos progenitores. Debalde
nhecião tãobem entre si outra distinção , se pertenderiamos corar com o zelo da Religião,
não a que nascia do valor ou da experien· e da felicidade dos povos os seus primeiros
eia ; e e'ssa mesma só durava n.as crises, em esforços nestas regiões ; apesar de tudo dei-
que era mister fazer uso de taes qualidades ; xaria enterver-se nos aventureiros, que as pi-
fora disso todas erão igualmente livres , to- zarão , a sêde insasiavel do oiro, o roubo, a
das independentes ; e a convicção intima da violencia , e atrocidade levadas ao seu cu~
sua liberdade era tão forte nelles, quê mui- mulo; a sincera hospitalidade dos innocen-
tos preferião a morte á barbara escravidão tes indígenas remunerada. por elles com a
Europea. ma1s negra perfidia; o seu sangue <leiramado
Eis aqui o estado deste Paiz , e de seus com frívolos pretextos ; os seus cadaveres ser-
primeiros habitantes , quando por uma ca- v!ndo de alicerse aos novos estabelecimentos;
sualidade veio aportar ás suas praias Pedro a sua liberdade impunemente atacad1J. , e
Alvares Cabral ; recebido pelos innocentes não achando abrigo nem nas proprias bre·
indigenas com todas as mostras de prazer, nhas, que a natureza fües dera por azilo,
e de amizade mandou cautelozamente exami- porque de lá mesmo os ia arrancar e. cobi-
nar o terreno;. e convencido da sua grandeza, ça Europea á titulo de resgate para serem
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yeduzidos a mais dura. e crueà escravidê'.o ~ e livrar do s:.:rns violencia::1. Os productos de
nova especie de tirnxmia, que em vez de os m:;:.Íoi preço, e valor esta vão sujeitos ao mais
matar sem fructo, matava-os com u· ilidad.e ! odioso monopolio, e leis terriveis vigiavâo em
é E como se compadecem procedimentos taes tomo do seu trafico, e cultura. O seu Com-
com a causa que os pretextava? mercio agrilhoado com impostos, e privado
Mas em fim não perturbemos o dcscan~ do beneficio da concurrencia não tinha ou·
so de nossos maiores; não abramos feridas, tl'O mercado se não o de Portugal. Para elle só
que a diuturnidade do tempo tem cerrado já, é que.tw.ba1hava. o rniseravel colono, e o que
mio prcfanemo·s a memoria daquelles que nos mais é sem obter ao menos a consideração
fundarão a casa. He certo q!rn el!es pratica- de que se fazia digno por seus trabalhos. Os
rão crimes , e crimes honive1s ; mas expro- postos Militares, os Empregos ci11ís de maior
brnr-lhos nós seria ingTatidão. Corramos pois monta só podião ser occupados por famintos
a cortina a esses calamitozos tempos e sirva só Eurnpeos, que Y!nhão aqui fazer a sua for-
de objecto á nossa contemplação a sorte das tuna, e que pouco ou nenhum interease toma vão
colonias já depois de incorporadas no domi- pela do Pai.z. Arredados do Poder Supremo
nio da Coroa. por milhares àe leguas, revestidos alguns de
Talvez pareça agora a nossos Leitores uma authoridade sem limites entregav-ão-se af-
que o Brasil vai mudar inteiramente de face; foitamente a todo o genero de estorsões, rou•
talvez 5{l persuadão que o Ministerio Portu- bos, e \<iolencias, que podia suggerir-lhes o
gues convencido das vantagens , que deTie seu desmedido orgulho , ou ra:steirn ambição;
poderia tirar vai cuidar em seus uovos esta· e coitado daquel1e que ouzasse levantar a
bekcimentc-s ~ e tomar todas as medidas pos- vóz para implorar justiça contra taes despo~
siveis para O S<OU augmei:Ho, grandeza, e pros• !ismos . Os seus gemidos cu erão suffoc:;dos
ptriàade. Mas .ah! Não foi jamais esse o pelos amigos e par~tes cio Despota na Corte;
espirita, que diPigio os actuaes povos da Eu 0
ou se por ventura tinhão a fortuna de i;er-
ropa na formação das suas Co1onias : i e co· ouvidos-, só servi.ão de aggravar mais a sua
If!O poderia então Portugal escapar nesta par- triste condição, e grangear-füe o odio imp1a·
te ao contsgiow exemplo das mr.1s Nacões r cavel do tiranno.
~ Como poderia o seu Governo menos illus· Eis o estado em. que se achava o Brasil,
trado do que os outros conhecer a es<e res- quando o Mon~rcha Pcmiguez, e a sua Real
peito ()S seus verdadeiros interesses r A fatal :Familia accssr..dc3 pcla invasão do grande Des-
experiencia do passado , no~ mostra so.beja- pota da Europa vierão demcndar suas praia§.
mente o contrario, e nog raremos nqu1 um Com este inesperado succei;so S•c anto1hou aos
ligeiro eaboço dos male~, que então soffre- sinc:;ros Brasileiros, que h:o:cião cessado de
mos. todo seus rnfortunios pa.seados ~ e que ã triste
O Brasil ~ que mmc:a provocara a p...,,.. imat,zem deUes im s:ucccder brevemente a riso•
\ Q . • ~ ,.
t~al, que. até ignorava a soa existencia, e que naa presp.e\!t1va o-::: um VE:I~turoso n.noro : e
ti n,.a ~o-azalhaào a seus habitantes com a mais com effoito, ao principio algumas providencias
cordial hospiiaEcla.cl<? , foi apesar disso consi- se deri'ío que parecerão con6rmar estas suas
clera<lo por e!k>s como conquista, e houve de esperanças. Mas quão depressa se desvanece 0
cm-var-se .:ao jugo de ferro, que lhe quiserão rão ellas l Os infames Co-rtezâo3, que haviáo
impôr. A pasmosa &rüliclade do seu terreno , ?'c~mpanb~do e.o. Senho~ Dom João o.s V!,
o5 seus novos e estima veis fructos, a inexau- m!imos crrndos áe ;;eLJ Paço en-i paga no be-
Ú;'el r'iquesa das su2.s minas, e a abundancia nigno acolhimento que frverão ~ ~ó nos l:'etri.,
de pedras preciosas , com que a naturez8, o buirão com insultos , e ü1jurias 2s mais offen.•
dotara, só servirão de: E.t:;ar ma.is e mais a sivas 9 que se podem imaginar. O direito d'.l
cobiça do paiz conquistador .. A sordida ava- prop;·iedt<de, o mais sagrado de todos na So-
Yeza, o receio de perder um tão rico thesouro 1 ciedade civil foi impunemente calcado aos pés
foi ronstantem:ente quem dicto u as leis da sua po~ esies ~ &.n?alos. Citfad~os mui respeitaveis
administração; leis tirannicas, e absurdas, forao obriga.dos a desp<:-yn :mas casas para.
que em vez de p~osperarem o nascente esta· apozento delles; a outros tirnrão-se quintas e
•' . ' • ,. - l .
b. :::1ecm.:iento so tenmao a atrasa· o, e a tm:ir- fazendas por uma compra forçada, ou appa•
}h;: as forças. Em vão a industria Brasileira rente, e com promessas vami de protecção,
quiz por vezes desenvo1ver a sua energia em que nunca se verificarão. Estabelecerão-se tri·
differentes ramos; em todos ella encontrava butos p;:>.ra a rnantença da nova Corte; crca.,.
·tropeços, e tropeços tll.es, que ou a fazião rão·se Tribunaes, e OfHcios novos só para.
desmaiar de todo, ou pelo ·menos diminuião empregar os emigrados, e accumularão-se os
muito a sua .actividade. O oiro que do seio mais rendozos nas m-ãos de alguns, que não
das montanh~ ella desentranbva com indi- tinhão para isso outro direito senão o da sua
zivel trabalho , era absorvido em ~'1"&.1de parte incanacidade, ba]Kesa, ou impudencia. Em
por onero5os tributos, que não tmhão outro tcd<i~ as repartições reinou d' então em diante
fim se não augmeutar o luxo da M.etropole, a mais escandaiosa lmmoralidade, e <l' ella
e e pouco cue deHc restava no r.x:fr~ su servia nascerão por consequencia o roubo= e a op
para comp1:ar a graça dos Baéhás EuroP'=os , prc--ssão dos l~ovos. O Governo qua:;i sempre
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frouxo 9 e.condescendente se vio Ti.a necei;ida· nosso;; corações o vosso decantado sistema.
.de de capitular muitas vezes com o crime, de liberdade! l Ignoraveis por ventura que as·
:rnõrmente quando elle era apoiado por algum instituições politicas só se podem manter , e
d.os infames validos, que cerC41-vão o Throno. arraigar pela força da opinião, e não pela d[\S
:Estes orgulhbsmi Visires erão os que dispunhão baionetas? Ah! desgraçadamente o estaes co ..
de tudo a .sabor da sua .a -vareza, ou de seus nhecendo agora, e oxalá que o vosso exern•·
'torpes a.ppetites; e o merita qu~ recusava pros- pio sirva de lição a todo e qualquer Despo ..
~ar-se diante de taes idolos ~ oµ. comprar as ta que deltas quizel· servir-se para apoiar º'
;Suas graças por tão custoso preço; jazia n'um seu despotismo.
total e ignominioso esquecimento. Nós não pertendemos continuar ·aqui o
Este estado dB coisas não podia durar quadro horrivel das immensas injustiças., atroei i.
~imito. A corrupç~o dos costumes tinha che.. dades, e perfidias, que o infame Portugal péls
gado ao seu auge, e sem elles de nada vali!Io em pratica para reduzir-nos a seu jugo~ Ain··
.as bo.as leis. O corpo moral da Nação esta-va da se coriserva mui fresca a memoria de. seus
.affectado de gangrena em todos os seus Mem-' crimes; ainda soão em nossos ouvidos as
bros, e caminhav:;i. a prumos largos para a sua ameaças continuas .de- fe.rro, de fogo, e de
·dissolução~ quando alguns Portuguezes do veneno; e tanto basta para gravar em nos-
antigo Emisferio conceberão o brioso proje- sa alma um profundo sentimento de indigna··
.cto <;{e salva1o da sua total ruína, e procla- ção e rancor. Este seja o legado que deixe-1
marão aos povos a sua urgente nec~sidade. mos a nossos filhos, a nossos netos, e a to-·
O seu g.riao retumbou em todas as partes da da a nossa posteridade, esta $eja a nossa di ..
Monarcbia, e em todas ellas foi ouvido com visa, e o mais firme bll.lua.rte d.a nossa exis"'
applauso extraordinario. O Brasil inteiro reS'- tencia politica : e Vós Pedro I. Augusto De-
po:ideu-lhe com enthuziasmo; e seus candidos fensor de nossos Direitos, modelai pelos mes-
e si nceros filhos illudidos com os prestigio:;; mo~ princípios o V osso Regio Coraçã~: Lem·
da ap reg(!1ada liberdade, entregão-se todos com bra1- Vos que a balança do Poder nao tem:
a maior confiança, que pode imaginar-se á outro apoio senão a opinião, e que a força. .
.discrição de seus intitulados lrmãos. Desgra- dos que governão não é mais nem menos da
çados ! não previamas, que á sombra do af- que a força dos governados. Não· queiraes
fectn.do liberalismo , e da fraternal igualdade, por tanto ~candüisar a maioridade da Na-
com. que eram.os aflàgados por estes mons- ção, que tão decididamente se tem declara-
tros, se occuh.ava em seus corações a mais
.atroz, e aleivosa perfidia.
ªº por Vós, e que do . ve.füo Mu,ndo nada.
mais necessita, nada mais q_uer, nad:;-i. mais
Mas em fim .nós conhecemos o erro l e estima.
iainda a tempo de remediu-se. Ao brado de 1 Brasileiros, Yossos esforços e trabalhos
indignação que primeiro resoou das Serras infatigaveis debaixo das Aras do Anjo Tute-
:Paulistanas, responderão uniformes quasi to- la,r que os dirige' tem levantado o mages•
.das .as Provin cias. Foi Hm clamor geral que tozo edificio d" vossa lndependencía, z mas
-estavamas traídos ; mas coherentes sempre com que importa. isso? Ainda vos resta muito que·
<JS dictames da rasão, e da probidade não po- fu.zer. Cumpre firmar-lhe a baze, e firma-la.
'1emo~ aioda crê-lo: nossos generosos corações de maneira· que elie possa contrastai· o furor
iquizerão tentar todos os meios para conservar dos partidos, e a injuria dos tempos. A sua
~s laços da antiga amizade ; em nossos la- duração só depende da vossa força moral , e
bíos se ouvio ainda o doce nome de irmãos ; esta não pode obrar e desenvolver-se, sem
,e as rióssas justas e fundadas queixas não ex- que as opiniões se concentrem, e se encami-
•t:ederão jamais os termos da 1noderação. Tu- . nhem ao mesmo fim. l E qual outro pode
-do porém foi debalde. Os traidores de9cober- ser elle senã.o a vossa /ndependencia, e a vos-
tos d(lbrarão contra nós a sua impotente rai- sa justa liberdade .2 Sem esta de nada v~ l e 4
va.; e o que era n' outro tempo rivalidade, ria aquella: a vossa Patria deixaria de per.o
'converteu-se nelles em odio ~ e rancor mani .. tencer ao velho Emisferio, deixaria de obi3•
festo. Os detfensores de nossos direitos forão decer a um poder estranho ; mas nem por
cobertos de injurias e improperios : os nos- isso serieis vós Cidadãos; quero dizer, /eQ·
·sos Representantes farão grosseiramente insul- mens livre~ e dignos de o 'serdes. A vossa.
·tados por todo o povo : a despeito de seus vida , a vossa honra, os vossos bens estariãq
clamores enviarão-se tropas para as nossas pendentes dos caP!ixos do Monarcba i ou de
:Provincias a titulo de. manter nellas o soce- qualqner de seus Validos , e rarissimã,s vezes
go publico, mas 1em verdade para sobjugalas. apprece no Tbrono um Pedro I. Aproveitai-
A malfadada Bahia,' que com tanto. amor, e vos pois das circunstancias ; e em quanto os
;c arinho as tinha acolhido, vio por ellas der- Sabios da Nação, no Augusto Recinto da
:ramado o sangue de seus filhos, seus cam- Assemhlea tratão de marcar os limites d'os
pos devastados, seu commercio arruinado , Poderes, que hão de governar-vos, e de es-
suas propriedades arrazadas , e sua Capital en- tabelecer entre Elles a necessaria e reciproca.
tregue a todas as calamidades da guerra. Mal- armonia, vo;, no entanto, de fora vigiai SO·•
vados i e assim é que pertendieis p)a.nta:r em bre as facções destruidoras dessa mesma ar~
ili ii
(4)
monia, e a todo aquelle que quizer pertur- belecidos, bem como o louvor daquelles -que
ba-la, seja Europeo, seja Brasileiro, oppon- o merecem . 2.o As noticias politicas da Euro-
do lhe a mais forte resistencia , sem isso vede pa, e dos Estados do nosso Continente , á
que estaes perdidos. proporção que fo rem chegando. 8.o As cartas, ·
Nós da nossa parte protestamos desde reflexões, ou escritos de qualquer outra na-
já contribuir com nossos fracos talentos pa- tureza, que nossos Concidadãos se dignarem
ra. avigorar nos animos o amor á Sagrada de communicar-nos, uma vez quevenhão as-
Causa da nossa lndependencia, e da nossa signados e recenheddos, e que não c.ontenbão
liberdade. A estes dois fins unicamente é que meras personalidades~ porque o nosso fim não
empreendemos agora a redação de um Pe- é atacar a pessoa alguma , nem prostituir
riodico, de que sairá uma folha por Semana. nos ao furor dos partidos; é sim reprimir a
Nella se conterão. 1.0 Uma justa, e comedida sua tendencia por extremo funesta ,e comba-
censura de todos os actos anticonstitucionaes, ter as opiniões ou procedimentos que se não
que emanarem de qualquer dos Poderes esta- compadeção com a justa liberdade. ~
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des particulares , do que tenção de- ts ao seu juizo 1 que não era o com ..
clarada contra a Minba lmperia! Pes- petente na materia, e por elle qualifi-
soa , e iriteress~s da Naç.iw; e con- cou estes factos, como meros effeitos
vindo remover toda a idêa de arbi- de rivalidades particulares, estabeJe ..
trariedade em materia tão grave co- ct>ndo por este modo um aresto pe-
mo a liberdade civil , immunidade da. rigozissimo ~ qual é o de deverem-se
casa do Cidadão, e cfü·eito de proprie- conciderar como taes todos os crimes
dade: Hey por bem , que a referida eia sociedade, pois segundo a sua dou-
segunda devassa da mesma sorte i~ue trina nós não vemos por que razão
a primeira, fique sem effeito algum, um roubo , uma morte, um adulteriC>
sendo póstos em Jiberdade todos 03 se não deváo contemplar como effej ..
que se acharem pre:z.os. Caetano Pin- tos de rivalidade entre o roubado, e
to de Miranda Montenegro, do Meu o roubador; entre o morto , e o ma..
Conselho d' Estado, Ministro e Secre- tador; entre o adultero, e o offendido.
tario d' Estado dos Negocios da Jus- Mas isto nada é em comparação
tiça o tenha assim entendido , e fa. do que se segue : parece que S. Ex- ;
ça executar com os Despachos necese cellencia querendo , como diz , remo-·
sarios. Paco em 16 de Julho de 1823. ver toda a idêa de arbitrariedade não
Segundo da Jndependencia e do 1m- §e lembrou de que nos deixava um
perio. = Com a Rubrica de S. M. o monumento della na dispozição final
lmperador. = Caetano ·Pinto de Mi- deste Decreto. Em verdade nós não
:randa Montenegro. sabemos que haja arbitrariedade maior
( Diario do Governo li de Julho N. 15) do que por um simples r-asgo de pen ...
1
na mandar o ExceHentis§imo Minis ...
Diz S. Excelleneia logo no prin- tro , que fique sem effeito a segun ..
cipio deste Decreto , <JUe os motivos da Devassa i e que sejão póstos em
que derão lugar á segunda devassa liberdade todos aquelles que em vir-
~ontra alg1.Jn,s habitantes de São Paulo tude della se achassem preios. Este
forão mais uma produc~ão de rivali- seu procedimento é anti-constitucio-
dades particulares , do que tendio de• nal por dois respeitos ; primeiro : por'
çaarada contra a Sagrada Pessoa de que foi unna inviu;ão manifesta do Po-
"· M. L e os interesses da Nacão. 'i E der Legislativo, isto é do Poder So ..
quem é q4e nos afiança a ve~acidade bera110 pvr excellencia, a quem s6
desta proposição ? competia lançar um véo sobre os cri ..
O Juizo só de S. ExceHencia não mes dos individuos pronunciados, e
é pai·a isso suffiriente. porque ainda suspender a espada da justiça pen....
que ser pos:sa contraste na ma teria, dente sobre suas cabeças : segundo,
não se acha todavia authorisado pela por que paralizou inteiramente a mar-
Ley para interpôr nella o seu pare- cha do Poder Judiciario, suifocando
cer, e muito menos com Q tom deci- na sua nascença um processo, que de-
sivo com que o fez. Quanto mais que pois de começado devia ultimar~se pe-
nós temos do contrario argumentos los meios legaes: e por tanto parece..,
niui convincentes , e taes §ão; primei- nos que elle devêra ser acuzado pe-
ro: o conhecimento individual de algu- rante a nossa Assemblea como uma
TIS dos factos comprehendidos nessa de- infracção perigozá dos principios Cons..-
vassa, os quaes não podem jámais con- titucionaes universalmente reconheci-
ciderar-se sem o caracter de criminali- dos.
dade, e se fôr necessario sujeita-los-he- Talvez o Excelientissimo Minis-
mos ao juizo do publico imparcial; se- tro queira desculpar-se agora. com a
gi.mdo: a prezump-çã.o que re~rnlLa da Vontade de S. M. ,· dizendo-nos qne
rneiima, Devassa, e da sua pronuncia; Elle fôra. quPm Me.ndára lavrar aquel-
craqueHa 9 por que não seria tirada se le Decreto: nós porém não lhe adrnit-
o cas.o nã.o fosse cliss.o; .d esta, por· timos a desculpa, por que S. Excel-
que não é Cl."Ível , que o Juiz tqllle a lenda bem sabe ou deve saber , que
-proferio fosse tão ignoran{e, ou tão vil, w~os gov~n~oos como o nosso o Monar-
que tives!le a aniniosida1de de l?rom:in~ dm mão é m3is do m~e um Poder cH~1.»
çi.ar ho.rtHJns ) 141t1e não fossé..f! ri&l?l.lmsri 0 t:to , rndeado de i>xaor, e de respeito, e
~.e culpatlos:.1. saJ;e-rMi~.a..~ii:s, ~.i.~devendt1 pci!.!it(;l. EM? cum@1o. d·<Jt ~·c.Ufi.cio poHt.ico ~ -
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não para invadir :as Attribuições dos Nós sabemos perfeitamente que
outros Poderes~ ou estorvar a sua mar- esta nossa censura não. agradará aos
·c ha , mas sim para. os manter, e conser- Senhores 9 que se achão comprebendi-
var nas imas respectivas orbita9 9 e que dos no ~ndulto concedido por este De-
nunca póde obrar em h.ig·ar deHes sem creto ; porém se é verdade , que os
· ..evidente perigo dm liberdade politica. factos de que forão arguidos não de-
EUe sabe , ou de~;e saber tãohem ~ que notão tenção decidida contra a Sagra-
os Ministros d' Estado em semelhan- da Pes§oa de S. M. 9 nem contra os
tes governos são os que ficão respon- interesses do Brasil , mas são tão só-
saveis pelos .Ac~os que reforendão; e mente um mero effeito de rivalidades
por tanto era da 11nm obrigação re- particulares, como quer persuadir .. nos
·presentar iudo iatll] a §. M. ~ expor- o Ministro da Justiça 9 então pe.-mit-
lhe os inconwG:mientes, que resulta- tão-me dizer-lhes que não ganharão
vão d0 semeUrnmte Decreto ~ não se\ nada com semelhante Gra~a: eHa veio
em desabono da Sua Çonstitucionali- perpetuar a nodoa, de qne estavão
Ciade? mas tãobem da deHe Mnnhitro, manchados aos olhos dos seus Con-
e quando Este Augusto Senhor ain 4
cidadãos ; ella veio justHlcar as sus-
da assim persistisse na Sam. Resolu- peitas que bem ou mal fundadas exis-
ção (o que muito .duvidamos ) deve- tião acerca de seus '.procedimentos ,
ra então demittir-se do Seu Sel"Vi_ço, qmmdo pelo methodo contrario, e o
como o meio nnico de salvar a sua unico legal poderião estas desvane-
:reputação ;, e uma vez que af>sim o cer-se , e cedérem o lugar ao triunfo
não fez deu-nos a entender que elle da sua inocencia.
tão longe está de remover arbitrarie.. Alem de que a nós nada nos im-
clades , que antes as pratica, ou que porta o conceito que havemos de me-
ao menos não tem a coragem preciza recer-lhes ; mais cuidadozos do bem
para fazer á sua conscie[Jcia um ge- geral do que do bem particular só
nerozo sacrificio de seus interesses ; temos em vista manter mezo§ os prin-
e em qualquer dos casos ~será S. Ex~ cipios do Governo- que .adoptamos , e
ceUencia capaz de occupar o Ministe- vigiar sobre os abuzos das Authori·
rio na epora presente? Dicant Paduani, dades Constituidas para evitar os ma-
Não se pôde tãobem desculpar o les , que são consequencias inievitaveis
ExceUentisslmo Ministro com dizer , desses abuzos; e se os não combater...
que aquelle Decreto nada mais con- mos em tempo, não teráõ depois re-
tem do que um perdão, cuja conces- medi o; por que segundo diz o eloquen~
são em todas as Monarcbias Consti- te Auctor das Cartas de Junio = «m ex•.
'tucionaes pertence de ordinario ao Po- emplo traz outro. lmmediatamente el-
der Executivo; pois em primeiro lu- les se accumulão , e terminão porfazer
gar respondemos-lhe , que reduzir a Ley. O que hoje não po.ssa de hum/a·
nenhum effeito uma Devassa já. tira- cto , amanhã se converterá em direito.
da e pronunciada nunca foi perdoar, Os exemplos servem para ju,stificar aG
foi sim impôr silencio á Ley, suffocar medidas as mais perigozas, e quand<J
a sua. voz magestosa a .respeito dos não quadrão com as circunstançias , vem
1. individuos neHa COinJ>rehendidos, fa- logo a analogia suprir esse defeito.
culdade esta que nunca competio ao
Poder Executor da mesma Ley , mas
CORRESPONDENC!AS.
tão sómente ao que a fa:E. E de mais, Sr. Redactor. = Dizem-me que
dado caso que pela identidade dos estamos em tempos Constítucionaes;
effeito§ nós quizessemos dar a um Acto eu bem quizera crer; mas como acre-
destes a aJcumha die perdão i segue-se ditar o que quasi tudo desmente? Se-
por ventwra dahi que o Poder Execu- rão dos tempos Constitucionaes hum
tivo podes5e conferilo a pessoa§, que Decreto referendado pelo Ministro de
ainda não tinhão sido processad~s ~ e Justiça!) em que o Poder Mona:rchieo
jir.lgad.as por zentera~a final? Não se- se arroga o poder de dispensar ha
guramente; porque todos suhern que L1ei ? Será Constitucional semelhante
o exerçicio desta bdl.a prerogativll) do acto, q_ue annul!a processos bem ou mal
11-fonarcha só póde justJficar··Se , quan- feitos? Serão ou não ataques ao sys-
do assenta sobre uma pena já decre- tema representativo Portarias como as
tada, e por motivos particulares j ou do Ministro <la Guerra, (*) que adian-
talvez só oor effdtos de clemencia vem
adoçar o 'seu rigoK' : fóra disso longe ~F
Tem razão o nosso corres-
( )
de ser um bem §eria um ata.que f01.-- J!ºndente, e esta Portariai será tão-
:mal á justiça, e á hum.:mirfode. vem um dos objectos da noss0 censu-
* ii
( B)
~-
~~~---~·---
.......... ---c;,·:::::::=-2'"'-
··•·... ··~
·!i> Ministerio que tudo sabia e apro- ce a chusma; porque, logo qúe m• °'
vava? Não; contra mim somente , e permittir a Assembléa, deixarei para.
coptra. meu Irmão, a quem só temi ão, sempre esta malfadada Corte, birei
e com razão temião , porque nunca cuidar da minha saude arruinada no
soubemos ser falsos ao nosso dever , torrão patrio , hirei gozar de ares mais •
e :ao b,eni da nossa Patria. Eu não livres e puros, de estios mais macios,.
sej, roeo Amigo, o que será para o e curtos, onde 1ne parece que o sol
futuro; mas sei de certo que os fac~ rutila claro, mas não queima. AH no
dosos e almas vis desta immunda doa- repouzo do campo; que sempre amei.;
éa, maxima dos Romanos , consegui- e que apenas encetei nos meus Oüeúi-
rã.o segunda vez enganar., deslumbrar, nlws de Santos em 1820 , gozarei tal..
e assustar o Joven lmperador, .que o vez de melhor saude , e pelo. menos de
Ceo não h& de permittir venha a ser l,nais paz interna. 1
isoi:nente o do Espirito Santo de. Ma.. Aqui fez huma paqza o meo Amigo;
taporcos: Ah! nã:o consinta o Ceo que mas eu que o queria incitar a continuar
o .~befe ~~ lmp~rio, e Su~ Au~usta Fa- a conversação lhe repliqoei::::i Então está.
m1ha, seJaO obrigados (nao sei por cul- você decidido a soflrer cala.do que
pa de q_uem) ª. fugír h~m dia ~o Rio hum bando víl de abutres .intrigantes,
de J ane1ro , a ir mendigar apoio pe- e velhacos contiune a se precipitar es•
'las Provincias agitadas, e desconfiadas. faimado sobre você, como se fosse hum
Que negra fatalidade pare~e perseguir cadaver de esterqueira? ;:::: Sim Sr. .me
!la tempos aos Bragan5as ! Eu tremo respondeo elle; porque não quero àl..;
que os facciozos não aproveitem ha- terar o meo socego , que he a coiz~
bilmente esta occazião para realizarem mais substanci&l que ~a neste mundo
seus antigos projedos de desmembração: rem prorus substantialem já dizia.
os Clubs agitão-se em suas cavernas te- Newton àe sí, e no seo tempo. En·
nebrozas; huns proclamão já descarada- ganão-se estas gralhas .grasnadoras' se
mente o chumbismo, e a destruição da pe1'tendem fazer-me sahir .ao terre~ro
nossa Independência; e outros querem dos gladiadores;. nãO quero dár, nem
o absolu.tismo antigo. e as cebolas do receber nov:i;s cutiladas para diverti..
Egipto. Todõ$ os partidos emfim fo.rc:e• mento da gentalha. Minha alma tem
jão por corromper e fascinar a opinião ainda elastecídade bastante para s.e não
ao PoYo ignorante, e ainda verde pa- amolgar á calmnnias • nem acanhar-se
ra huma santa e justa liberdade. A á má fortuna dos tempos. A voz da:
gente boa da Capital vacilla, e anda minha consciencia brada-me a todo o
temeroza, mormente depois qµe huma instante que no dezempenho de mi-
nova Proclamação s.ubrepticià, contra'"' :nhas obrigações publicas, se não fiz
ria á verdade sabirla, ·aos sentimentos tudo o que queria, fiz tudo o que
das anteriores , e até á faUa solemne podia: se os zoilos me calumnião , e
do Throno na abertura da Assenibléa, se for julgado a revelia, tenho sangue
tem espalhado, . como era de temer, frio bastante para desprezar injusti-
desconfianças. . Disto saberão aprovei- ças e vilezas. Meo Amigo, ainda há
fa.r-se os inimigos occultos do Impe- hum Juiz Sopremo , que conhece 05
rio , que agora só fazem cara de corações, e que nos hade jolgar com
vociferar contra os Andradas. Pela justiça imparcial. E quaes são os iac-
.minha parte desprezo tão vis calum- tos que contra mim allegão e provão?
niadores , e apello para os documen., Ignoro-os : são meras calumnias , e
tos irrefragaveis que se achão impres- redicularias de que me rio ; Somw pi-
sos na Gazeta, e Diario do Governo, cole cogHonerie'i que apenas me arm-
e em outras Folhas do tempo, assim nhão a pelle. Fiquem certos e consola~
como nas Secretarias d' Estado ; e es- dos, que cansado de soffrer tanta intriga,
tou certo que virá hum dia em que e cabala víl, já deixei para sempre hum
os Brasileiros honrados hão de fazer- . lugar, que ha muito devera ter largado,
nos justiça, e estigmatizar com o fer. se por desgraça minha não tivera tan-
rete da infamia todos esses traidores, ta bonhomia. Não levo saudades del-
que \)ertenderão illudir de novo a mo.. le, porque nunc~ dei pezo ao fmn<>
eigade inexperta e fogoza .... Descan- das grandezas humanas, mormente oom
( 21 )
:t:al gente E'un~ombra, anzi ii'v.na~ombra füicos. -Lá se avenhão com' seos bot.oes.
· un sogno , dizia o .Tasso. Todavia sou Cada vez mais me persuado que não
sincero , e . devo confessar-lhe , Sr. nasci senão para homem de letras , e
Filosofo da roça , que me arrepen- roceiro como V. m. No tetiro do cam-
do sincer~mente de que fui tão fraco, po"', meo bom Amigo, terei i.empo
que não sou,be dar ao Povo, e ao ( que sempre até agora me tem fogido )
Momi.rcha hum não r.edondo em 30 de dár a ultima mão á redacção das
de Outubro de 1822: illudi-me , pois ·minhas longas viagens pela Euro'pa..,
cri qtie homens nascidos em certas aos meos compendios de Metallur-
,classes erão capazes de amizade e g1a, e de Mineralogia , e a varios
singeleza ; continuei a amar, e folgo Opusculos, e Momorias <le Filosofia>,
;linda de o dizer, porque esta mei~ e Litteraiura , fructos de larga e
guice, e condescendencia não avilta, aturada applicação, que, se lhes. não
mas enobrece o coraçao. Cuidei que acudo já , estão em perigo , de ser
aquelles por quem me disvelava erão pasto de baratas, e cupi Se não sef-
capazes de me reamarem, e paguei-lhes virem para o Brasil , como creio~
em retorno desta sonhada arnisade e servirão talvez para os doutos da Eu•
graüdão com moeda fina do fé pura, rapa , que conheço , e me conhe-
de estima verdadeira, e de limpeza cem. E que maior consoiaçao póde
de alma. Qua,ntas vezes dizia-lhes eu ter hum amante das Sciencias, e boa~
em meu peito o mesmo que o bom e Artes 1 que cornmunicar snaE> ideas
honrado Sá de Miranda dizia , e es• e pensamentos, a quem pôde enten•
perava dos amigos do seo tempo: del-os, e aproveita..:los? He hum pra:.
A vontade de vós seja estimada, zer puro da alma. espalhar pelo Mun:..
Porque .em tão baixa tempo, em que. pureza, do o fructo de seos estados , e med.~
~ em. que obras não ha , d~ve ter preço. tações 7 ainda sem outra remuneração
Mas enganei-me , torno a dizer ' que a. consoiencia de fazer bem. O
assim como creio tão bem que se enganou Sabia despreza as satiras , e~ ingrati-
o Poeta, naquelle melhor tempo. Que- dões de animos vís , qüe nãó podem
rem estes meus bons Amigos verem-se deixar de reputar-se, queirão ou não
livres do medo da resm•reição da carne? queirão, muito inferiores aos homens
Obtenhão da Assembléa a minha carta de virtude, e de saber. Basta Sr. Ro ..
<le alforria; então nao só soffrerei çeiro , estou cansado de fallar , e a
seos embustes e dezaforos com pa~ erisipela não deixa de incotnmód~r-me.
ciencia Christãa , mas até lhes fi- Callou-se então, e maquinalmente
carei muito obrigado , e os olharei abrio o livro de que fallei , e poz-se
como rneos bem.feitores. Sr. Doutor da a ler ; mas logo o fechou. Eu não ousei
roça, V. m; me conhece ha muito interromper o seo silencio , porque
tempo, e sabe que huma amavel , e o vi serio , e retlexivo. Talvez algu-
virtuoza companheira que tenho , hum ma vista de olhos retrograda sobre a
verdadeiro Amigo ( animal bem raro paga de seos longos serviços , feitos a
etn nossos dias ), e alguns bons livros , Portugal e ao Brasil , durante a sua
são as unicas necessidade$ da Yida , trabalhoza e af.'l<ligada vida , occupa-
que não posso ainda escuzar. Aco- \-a então sua imagrnação. Passados po-
11her-me ao retiro dos campos e ser- rém alguns momentos abrindo hum sur-
ras , que me virão nascer , e folhear riso , que me pareceo sal'doníco , mo
. ali algumas paginas do grande livro disse == Amigo , então que pensa ? A-
da natureza, que aprendi a decifrar inda ousará accuzar-me de falta de
com atm·ado e longo estudo , sempre ariimo , e de deslejxo ? Quererá ainda
foi · huma das minhas mais doces, e que compareça , como reo, para defon-
suspiradas esperanças, que praza ao der-me perante o tribunal re volucio-
Ceo possa eu vêr de qualquer modo , 1mrio dessa víl chusma de patifes e
com tanto que seja bem cedo realizada. scelerados, que tem o lucifeTino gos-
Fiquem socegados esses Srs. que dei- tinho de morder , e atas.salhar com·
xei para sempre o Ministerio, e nun- raiva hydrophobica , a reputação de
ca mais serei Juiz com taes Alcaides, qualquel' homem sabio, ou virtuozo;
ainda que bajão novos cataclismos po- e que sem ter adquerido por mereci·
( 22)
.
..llssembléa Geral Constituinte e L egislati- o Projccto d e Lei sobre a maneira
va do Imperio do Brasil. porque se d eviaõ passar Cartas aos
Alumnos da Academia Medico-Cirur·
Scssaõ do 1. 0 de Setembro de 1823. g ica, e as suas emendas; falou o Sr.
Presidencia do Sr. Bispo Capellaõ Mór. Montes uma, e expondo o Sr. Gomide
q ue na fu tura Sessaõ a Commissaõ
de Saude P ublica tinha de appresen·
FEZ-SE a chamada as 1O horas, tar hum Proj ecto sobre o estabeleci-
acharaõ-se presentes 73 Srs. D eputa- mento em geral, e reformas de taes
dos, faltando com cauza 5. Academias no Imperio, ficou aquelle
O Sr. Presidente declarou aberta adiado até a dita appresentaçaõ. O
a Sessaõ. Sr. Andrada Machado Relator da Com·
O Sr. Secretario leu a Acta da missaõ de Constituiçaõ appresentou o
antecedente, e foi approvada. Eutrou- Projecto de Constituiçaõ do lmperio:
se na Ordem do dia. O Sr. Secretario O Sr. Costa Aguiar o leu, e mandou.
Costa Agujar leu o Decreto redigido se imprimir. Levantou-se a Sessaõ as
para os Srs. Deputados da presente 2 horas da tarde.
Assembléa naõ exercerem outros Em-
pregos , havendo porem duas excep ..
ções ja votadas, decididas, e appro- O Tamoyo, acostumado pela edu..
vadas na 3.ª discussaõ pela Assembléa. caçaõ de obediencia, que deraõ os
Fallaraõ alguns Srs. Deputados con- J esuitas a toda a sua tribu, naõ du-
tra huma da excepções; outros com- vida tomar em consideraçaõ o que lhe
bateraõ suas opiniões com varios f un- aponta o Sr. .!Jnti-Tamoyo; mas antes
damentos, sendo hum d'elles o naõ de acudir ao reclamo, humildemente
ser admissivel pelo Regimento 4.ª dis- como convem á hum Indio, pede ao
cussaõ em materia já decidida . pois MagnaJ,e · .!Jntt-Tamoyo, permita-lhe al-
qu.e segundo o Regimento só devia gumas palavras de aclaramentos e ob.
sanccionar a Proposta com suas emen- servações.
das, ou regei tala, e depois de viva Declara o pobre Tamoyo á face
discussaõ, apesar do disposto no Re- do Mundo, que toda a penetraçaõ de
gimento foi reprovada huma das duas seu i11imigo naõ pôde fazer que naó
exce pções , e sanccionado tudo o mais. tomasse, como o Jxion da Fabula, a.
O Sr. Francisco Carneiro appre- nuven por Juno. 'Nada tem de com-
sentou huma in aicaçaõ sobre os im- mum o Tamoyo com Ministros e Dou-
postos na carne verde, e outros ge- tores de alto vôo. Mi"sera rP.h'quia da
neros, que ficou adiada. extcrmi"lada frihu, que antigamente ba-
O Sr. Secretario Costa Aguiar leu bitou as praias de Nietcroy. e de Ca-
( 24 )
ôo Frio, ainda se lhe arripiaô os ca- o expediente ? Se hoje a usurpaçaõ
bellos á vista dos mamelucos de Pí- servia de valer a innocencia , i naõ
ratininga , em cujas veias corre mes- pode amanhã concorrer para opprimil-
clado o sangue dos crueis extermina- la? Na minha Aldêa contaraõ-me que
dores dos Tamoyos , os Portuguezes e n'uma Cidade antiga (cuido que se
Guayanazes. Socegue pois . o ~r. .8.nti: chamava Roma) hum poderoso, de no-
Tamoyo. naõ he com sab1choes , nao me F oaõ Syfla • poz-se a cima das
he com Excellenci as, que entrou em Leis, punindo ao principio , ou pros-
luta; mas naõ sei se por isso levará crevendo a seu ar bitrio máos Cidadãos;
melhor vida. e todos os bons Cidadãos incautos a-
Observa o Tarru11yo que, sendo el- plaudiraõ os seus actos : entrou-lhes
le taõ novo como o peixinho de Phi- depois por casa o tal figuraõ , e d e
wxeno .., naõ podia ad evinhar as histo- envolta com os rnáos proscreveu os
rias passadas , sem que lh'as narrasse bons: aplique el conto. Sei que fez mui-
o pe1xa.rraõ do tyranno de Syracusa , ta conta aos implicados na Devassa.
cujas vezes muito bem faz o Sr. .8.nti- o modo prompto, com que se escapa.-
Tarnoyo. raõ do perigo; mas sei taõbem que
Observa mais o Tamoyo que, a- nenhuma conta fez á sociedade o ex-·
pesar do descaramento do Sr. .8.nti·- emplo de usurpaçaõ , e invasaõ dos
Tamoyo, quem naõ for taõ ignorante, limites de poderes diversos, e pros.
como elle, fará distincça.õ do effeito tergaçaõ das formas , que saõ a salva
d'um acto , e da forma porque este guarda das soci edades: era melhor que
effeito he produzido; <la acçaõ sobre indeviduos soffressem por mais hum
o interesse de hum ou mais indiví- pouco, certos com o Payaá dos Fran-
duos , á acçaõ sobre os interesses da cezes , o Sr. Montesquieu - qua les pei·
sociedade inteira. Podia pois o Decre- nes , les depenses , les longueurs , les dan-
to de 16 de Julho proximo passado gers, même de la justice , sont k pri.x ,
ser hum acto benefico , e com tudo que chague citoyen donne pour sá leberti.
ser il!egal a forma porque se fez o Admira o Tamoyo a engenhosa a.
beneficio; podia ter-se feito huma in- gudeza do Sr. .llnti-Tamoyo : i e que
justiça aos comprehendidos na Devas- viva o Sr. .8.n12·-Tamoyo ! Homem taõ
sa, e com tudo ser outra injustiça o engenhoso he pena que naõ alcan-
modo porque se prentendeu remedial- casse a voga dos anagrammas , logo-
la. Se foraõ ou naõ justamente pro- griphos , acrosticos &c. j Que naõ fa-
nunciados os implica.dos na Devassa , ria elle ! Com hum só schema dos seus
.he o que naõ sabe o Tamàyo , nem derrubaria hum edificio de razões. i E
mesmo o Ministro, que referendou o que viva outra vez o Sr. .llnti-Tamoyo!
Decreto. A Devassa naõ foi á presen- e que hum novo Erasmo lhe guarde
ça do Ministro da Justiça, e elle naõ o devido lugar em outro - El.ogi.um
podia conhecer o seu conteudo , sal- moriae: seria porem bom que tro ..
vo se lhe fosse revelado ; o que cui- casse em mi udos os epithetos de cor-
do que naõ ousará affirmar, ou se a- covado, e estitico, com que mímosea ao
devinhasse; o que me custaria muito Tamoyo. Falle em língua de Nossa Se-
a crer. He verdade que hum velho nhora, como dizia hum Official da Ba-
da minha Ald~a me segurou que ex- hia, e entaõ talvez se volte o feitiço
iste no homem huma faculdade de a- contra o feiticeiro.
devinhar , e que hum Doutorasso lá Declara por fim o Tanwyo que .,
dos nevoeiros Cimmerios , de nome louvando como deve a intrepidez do
Kant, de novo a apregoou ; mas os seu inimigo , naõ se atreve a imitai.o.
Tarrwyos , como todos os selvagens , O Tamoyo, lndio desvalido. teme vi-
saõ desconfiados , e naõ pegaõ facil- sitas nocturnas, naõ de Leões gene ..
mente na isca. Demos porem que sou- rosos, que ora se crem caidos , mas
besse ô Ministro a injustiça do Pro- de Tigres atraiçoados que naõ cairaó.
cesso , ~ era bom , para aliviar os sof- Os Leões generosos naõ preaõ de
Jredores , !Iletter·se a Juiz , e até pas- noute , e ferve-lhes o sangue ao só
sar a Legislador? ~ Naõ he perigoso nome de traiçaõ; os Tigres estaõ no.
( 25)
seu paraizo , quando espedaçaó q_uem ~ngenhoso, .agudo , illustrado , e po'"
lhes descobre as melgueiras, e sorvem lido Sr. .!lnti-Tamoyo ? Entro em ma-
a longos· tra~os il piacere de gli Dei, teria. A Portaria de 19 de Novembro
/,a v-e12deUa. u nada que ha de temer de 1822 manda vir a Antonio Bêr-
rl'um L~aó, mostra a conducta de que nardes Machado á Corte para dár hu-
gra se crê desusado; aoffre com pa- ma informaçaõ verbal, que se tornava
ciencia evangelica (se naõ he blasfe- indispensavel ; .aqui exclama o liberal
roia attribuir o conhecimento do evan- .llnti-Tamoyo; que inoonstitucionalida·
gelho á hum Leaõ) os zunidos impor- de ! i Esbulhar hum Cidadaõ , sem
tunos dos pernilongos, e as mordedu- culpa formada , dos direitos que goza '
ras dos porç~vejos ,. moquiranas', e á sombra da Lei! j Roubar á huma
mais animalejos immundos', como Cor- familia numerosa, e innocente, o es·
'feios ; .llnti-Tamoyos , ·.!lmantes do Brasil, teio que a sustenta ! Devagar, meu
.e outros ejusdem fwfuris; -e nem s.e Doutor;- repare que o chamamento he
quer se digna de enxotal-os com a etfeito d' hum Officio d-O mesmo An-
mage&tosa juba, ou com a possante
~auda. Talvez se capacite que ninguém
o pode injuriar, e tenha na lembran-
tonio Bernardes, e a requisiçaõ sua;
e lembre-se da regra de direito =
VolenJi , et consentienti, non fit injuria :::::1-
ça o que diz' hum tal Xiphilino - in Mas vamos que elle na.ô quizesse,
Tito - : Nemo me injuria a.fficere ; vel ~ ?nde e?tá o esbulho de huma- auto•
insequi contumelia potest , propteréa quod pdade que se chama á Corte para
"Aihil ago , quod reprehendi mereatur ; e a
'Vero , qua.e falso' de me dicuniur , prorstts
-ser ~uvid.a? ~ O .=pro~i.deaJ, nt 2uicl
de trif/Unti respublica tapzat ::::: naõ }e ..
m~ligo. O Sr. .llnti-Tamoyo traslade is- gitimará as medidas de precauçaõ to-
to em linguagem , e naõ -se maravilhe madas pelo Ministerio do Imperador,
-que o Leaõ se lembrasse do tal re- quando legaljsava até as severidades
talho, por que he animal lido. E co- dos Consules em Roma'! t, He pena a
. mo louvei a intrepidez do Sr. ..8.nti·- ordem de compa:r ecer perante o Che·
Tama.yo, sempre quero qualificar os fe da Administraçaõ hum agente dessa
·gabos, e àizer-lhe que se naõ infune, Administraçaõ ?- Advirta , Sr. .llnti-Ta-
pois he facil affectar valentia contra moyo , que o Cidadaõ era Membro do
perigos, que naõ existem. Agora lhe Governo Provisorio do Rio Grande
venta em popa , e ao Tamoyo he o de · Sul.
vento ponteiro , e contra elle agitaõ Mas grita o .Jlnti-Tamoyo: ha con-
de maõ commum ondas e ventos , os .tradiçaõ entr~ esta P ortaria , e a de
E~los e Nepturws. Quando o .!l'nti-Ta- 6 de Maio. Na de Novembro se man·
'I!lO'!Jº , e a outros da mesma ralé , se dava vir Antonio Bernardes para dár
.suscitavaõ tormentas , era ao menos informações sobre alguns objectos , e
por potencias diurnas , e naõ por fi- na de Maio se affirma, que o .fim
lhos da noute. Ninguem melhor do de o mandar vir á Corte fóra por
que o proprio .!lnti-Tamoyo, e os mes·· ~onstar na Presença · de S. M. I. que
mos padecentes nas visitas nocfurnas , o dito Bernardes era desafecto ,· e
devem saber que os Leões , a que até inimigo da Independencia ; mas
traidoramente ellas se querem attri- naõ advirtio o imparcial , e profundo
buir, eraõ mui nobres para se ~uja .IJ.nti-Tamoyo, que a Portaria de No-
rem com taes infamias. vembro se refere ao Officio do dita
Eis-me chegado em fim .á analyse Bernardes , no qual pede lavar-se da
comparativa das duas Portarias de 19 inculpaçaõ de desafeiçaõ , e inimisade
de Novembro de 1822, e 6 de Maio á causa da Independencia; e que por
de 1823: naó duvido entrar n'ella, tanto os objectos sobre que tinha de
apeêar de estar fóra do circulo que informar verbalmnte , eraõ a mesma
tinha marcado ás minhas lucubrações. arguiçaõ á elle imputada, e que cons-
O Tamoyo tinha proposto hum ponto tava na Presença de S. M. I. até pe-
de partida, do qual devia avançar lo seu Officio. Onde está pois a con-
e naõ .recuar: mas que naõ fará o tradic_s:aõ em dizer-se n'huma. Porta-
Tamoyo para condescender com o ria em geral qne deve vir a Corte,
• ii
( 26 )
para dár sobre alguns objedcs infol'- eia , como daq11elles, que estaõ no
macões, e na outra especilicar·se o.s seio de Abrnhaõ. Quanto á escolha.
obj~ctos ~ O Otficio do dito Bernar- de Magistrado , a accusaçaõ con!ra o
des he a clave do .inigma; n 'elle ver- Ministerio àesmascara a má fé, igno-
se-há que os ataques de desafoiçD;õ, rancia do Anti· Tamoyo. Ora ouça, meu
e inimisade á causa da I ndependencm ! rabula, ~a quem competia tirar hum
.de que elle queria lavar-·se , eraõ - os Summario da natureza d'aquelle? Na-
objectos· q-ue o- trazi~õ á Corte. Mas turalmente ao Ministro mais condeco·
clama. o rabula .linti-Tamoyo: e mas- rado do lugar,. ao Ouvidor da Com-·
carada traiÇ.aÕ a comque -se arranca hum marca. He natural que hum Ministro.
.Empreg.ado. ao serviço publioo , que elle de Estado esteja senhor de todos os
desempenha com honra e zello. Ora meu laços de consanguinidade, ou áffinidade
bom Sr., i como lie taõ c~go, que que ligaõ as autoridades de qualquer
chama traiçaõ, o que he delicadeza? lugar-? · Cre V. m., S. .!lnti-1'amoya.
Se naõ se especifica na Portaria de que os Ministros de Estado tem t~11-
Novembro a ra5aÕ do chamamento, to ragar, que possaõ eritrar em miu-
uaõ vê que he por poupar a reputa- dezas fam1lfa:res, e- ainda lhes sobre
çaõ do empregado? Traiçaó suppoe~ ·p ara papaguear patetices , como V. m.
ígnorancia,, e boa te da ·parte do atrai· e outros paspalhões·? De mais ê repre-
çoado , e mostrança de amisade da. sentou o dito Bernardes contra a no·
do atraiçoante, o que tu~'O fal~a nes- meaçaõ do Magistrado? ~E naõ sabe
te ca~o : o empregac1o sabia mm bem , o .!lnti-Tamoyo que, se a ordenaçaõ naõ
pela leitura <la Po.rtn.ria que se ;refe.. Teconhece suspeiçaõ em Ministro De-
.ria ao seu Officio, o motivo verdadei- vassante, nem por isso tolhe que o
ro do seu chamamento ; e o Ministro ilevassado allegúe a seu tempo as cau-
Jhe naõ mostrava amisade para o en~ zas debilitantes da prova que o culpa,
ganar ; e o que fazia era naõ assoao. e que entre estas t€m lugar a preven·
lhar arguições , que podiaõ. se[' falo. saõ do Juiz.
~as , e que mesmo havia alguma Creio que tenho obedecido ao
presumpç.au , que .o fossem ; pela 5ea reclamo , he certQ que naõ como
r.-equisiçaõ que fazia o mesmo crim.i- V. m. <lesejavá; naõ he culpa minha.
nad(} de as poder confufar. Se o Em- que naõ <lescubrisse nas Portarias , o
pregado. desempenhou., ou naó, com que ellas naõ continhaõ, e o que naô
zeUo o seu emprego, ouça-se o Ria sei porque magica o desejo de vin-
Grande, e veremos que o dito Bernar- gança lhe fez fombrigar, ou s.nCes
des naõ fica bem. Com tudo triunfa criou para consolo seu.
o .!lr?ti-Tamoyo ; he só no fun de cin.. Resta.me agora dar-lhe hum con-
co m~zes que se manda tirar hum selho , que naõ he de inimigo. Capn-
summa:rio , e por hum- Magistr.ad o gen- cite~se que naõ basta para mal dizer
rn do Presidente do Governo , accu-
sador do supposto inimigo do Jmperio.
e atacar a = luminana magna :: en-
v~gar os olhos , fu.zer caretas, e tor-
Sim, Sr.; porque só no fim de cinco cer a boca. N aõ he· oom tregeitos que
me.zes- he que o aécusado requer ao se persuadem absurdos , e se degra·
Ministerio o summario , e que ,, naõ daõfamas estabelecidas. He passivei fi..
tendo accudido ao <:bamamento que car-se branguissimo de raivá. ~ mas a rai...
parecia- exigir no primeiro Officío, era va naõ dá razao. Ora pois eu esper()
de necessidade passar-se ao conheci- qne, apexa: da brancura do .IJ:nti-Tamoyo ,
mento da sua. conducta pelo interme- fallo-ha arnda o Ta:moyo avermelhar,
dio· judicial, visto falhar o meío an- acordando~lhe a ao pi ta con·sc:iencia ::=.
tes ordenado. Dirá que havia tempos
que o dito Bernardes estava na Cor~ Ense -i;e/ut s-tricto, qúoties Lucifius atdens
te, e eu digo.Jhe que o que me consta lnfremuit, 'FUbet auditar, éuifrigiáa mens esf:
he que elle nunca apparece ao ex-Mi- Criminibus, tarita s1aiant prrecorclia culpo
nistro, o qual tinha d'elle tanta noti~
razões expcn<lidas naõ posso atinar, nha de algum modo a conducta legal
ou eliminar a íncognita, que induzio o do Administrador, ou em outros ter-
Ministro a desprezar o lanço de 2~8 mos amortece o louvavel zelo , que
por quintal, que obtivera em praça , aquellc Empregado rnos1 rou pela a r-
segundo he constante ; e pelas novas recadaçaõ da renda publica, virtude
reflexões, que passo á acrescentar, esta, que muito se deveria animar,
creio, que a íncognita á e liminar he por isso mesmo que he agora taõ
huma ignorancia naõ. equivoca dos in- rara entre nós; 3. deixa ao arbitrio
0
isenções, arb]trio, que só pode con- ser hum roubo manifesto feitc. 21 Offi-
tribuir a entibiar as iconsciencias sans , ~iae~ bcneme1·itos do Thea.ouro ou que
á decid ir para o cr!me as duvidosas, Já t11:1haõ prest~o alguns serviços na
e a tornar cada vez mais impudentes Fabrica de lap1daçaõ. Naõ satisfeito
~.s consciencias depravadas ; 4. e ul-
0
o Ministro de obsequiar o seu favore-
tima , desperta a corrupçaõ amorteci- cido com a dadi~i<la de dous empregos,
da, ou assustada dos traficantes apon- e seos respectivos ordenados, quiz
tando-lhes o meio de ex.traviarem os ainda exten<ler a mais os seos bene-
direitos sem receio de castigo. ficios cor1servando-lbe a antiguidade ,
Passemos aos trez Decretos, que que tinha de 1.0 Escripturnrio gra-.
por acaso me vieraõ ás mãos, e até o duado, quando passou á Escrivaõ De-
presente tem sido subt.rahidos ao conhe- putado da Junta da Bahia, para des-
cimento publico. -Pelos dous primeiros te modo facilitar-lhe os seos futuros
em data de 8 de Agosto Houve S. accessos com conhecido prejuízo dos
M. I. por bem nomear a Venancio outros I. 0 • Escripturarios do Thesouro.
José de Azedo Bello 1. 0 Escripturario Quando acabar o reinado dos favores,
effectivo do Tbesouro com o Ordena- e com elle a enxurrada de iguaes
do de 600$ e Escrivaõ da Fabrica despachos, quando ·expirarem as cau-
de lapidaçaõ dos diamantes , com o zas que vedaõ as queixas <le Cida-
Ordenado e ajuda de custo de 4008, dãos tímidos, estou certo, que os l.º·
dispensando-o do Emprego de Escri- Escripturarios sahiraõ do silencio , a
vaõ Deputa<lo da Junta da Bahia, e que hoje se vem condemnados para
a.inda mais conservar-lhe a antiguida- altamente bradarem contra a injusta
de, que tinha de L° Escripturario preteriçaõ , que sofreraõ : entaõ terei
graduado quando passou a exercer o de acrescentar ás suas razões a se-
precitado Emprego, para nos futuros guinte verdade, bem que terrível ::: nin-
accessos poder entrar em concorrencia guem he injusto impunemente, porque
com os outros primeiros Escripturarios. c~do , ou tarde chega a hora das
Eu me abstenho de pronunciar vrnganças.
sobre o merito , ou demerito deste Pelo Decreto de I 1 de Agosto
Empregado, porque naõ conheço sua ap- S. M. I. a.ttendendo á representaçaõ
tidaõ e trabalhos, bem que a opiniaõ de Francisco Manoel da Cunha i.~
a~ muitos da sua profissaõ lhe naõ Escripturario Graduado do Thesouro
~eja vantajosa , esq 1ecer-me-hei ainda da Corte , e aos bons serviços por
das bem fundadas suspeitas de gran- elle prestado; nos differentes Empre-
<le patrocinio , de que ninguem póde gos de Fazenda, que occupava, há
esquivar-se vendo trez mercês feitas porbem nomeal-lo para servir com o
á huma pessoa em hum mesmp dia, mesmo ordenado, que ora vence 9 o
e pela mesma repartiçaõ para só Emprego de Provedor da Casa da
coi1siderar, o que há de illegal, in- Moeda da Bahia nos impedimentos
competente , ou injusto nos referidos do actual , e para entrar na plena ,
Decretos; 1 .º Viola a Lei da crea. propriedade do referido Emprego, e
çaõ <lo Thesouro , que dá sómen- gozo do ordenado competente logo que
te hum 1. 0 Escripturario para cada elle vagar. - Lendo este Decreto , todo
hmna das contadorias ; e como estes o homem de bom senso dirá comsigo ,
naõ estaõ vagos, e demais na The· quaes saõ os serviços prestados por
somaria Mór há hum 1. 0 Escriptura· este Cidadaõ? Este Emprego he da
rio effectivo contra o disposto na Lei , competencia do Poder Executivo, e
citada. Cria hum Emprego novo , e <lema.is necessario? Por ultimo a pes·
hum novo ordenado, isto he usurpa, soa nomeada tem os requesitos preci-
hum poder só privativo <la Assembléa sos para bem o desempenhar ? E eu
Geral Constituinte e Legislativa, sem responderei á estes trez quesitos na
fallar no indesculpavel erro do acres- mesma ordem; V' Este Official foi
simo de huma despcza superflua, quan· mandado , como Escrivnõ. Deputado ,
clo naõ há comque acudir ás necessa- .criar as Juntas de Fazenda de Piauhi ,
rias. A segunda Mercê tem hum ca- e Espírito Santo , aonde illl.da foz,
·racter incontestave\ de injusti9a, por nem sequer oro-anizou ~ escripturas:aõ
~ •. Q
ll
( 34 )
dos livros competentes; debaixo deste D. J oaõ VI. ; e alguns destes athé sus-
ponto de vISta os seos serviços saõ , peitaraõ que taes medidas além de
faltas notorias, e o Ministro, que as~ odiosas pela preferencia singular de
.severou o contrario, commetteo entre poucos, e forçosa exclusaõ da maior
outros erros o de haver co!Ilpromet~ parte dos credores, tinhaõ de mais o
tido a boa fé illudida do Monarcha sinistro fim de exauri r as poucas re-
com a verdade $abida por todos; 2.º servas dos cofres particulares do The-
Esta graça he verdadadeiramente hu- souro , e justificar o projecto de
ma sobrevivencia, ou expectativa , e hum emprestimo , que o Ministerio
como tal violaçaõ da:! Leis existentes , naõ tardaria em apresentar a Assem-
alhêa das attribuições do Poder Exe- biéa: com o que me naõ conformo, por-
cuti~o, e manifesta usurpaçaõ do Po- que á vista da inconsistencia e vacilaçaõ
der Legislativo , he alem disto des.. nas nossas opiniões e negocios politi -
necessaria, porque os impedimentos cos, que de certo devem gerar a
do actual Provedor podiaõ ser suppri- desconfiança nos Capitalistas Nacionaes
dos pelo Official immediato segundo a e Estrangeiros, e na.ó havendo alem
pratica constante de taes repartições; disto huma renda que se possa di::;-
3." Para sim ilhantes Empreios, requer- pensar e hypothecar para segurança da
se PP~Soa' que possua perfeitamente os amortisaçaõ e juros, similhante lem-
conhecimentos chim1cos tantos theori- brança de imprestimo i;eria huma $en-
cos, corno praticos , e naõ hum Offi- tença de morte para .o Bra~il.
cial do Thesouro , cujos conhecimen- Tal he , Sr. RedactoI', a cond uc-
fos nenhum parentesco tem com aquel- ta do Min\sterio neste ramo d a sua
.les. Resumindo as minhas iJeas, cahio administraçaõ: em toda ella eu só des-
oc Ministro nas seguintes faltas, abu- cubro desprezo da justiça, esquecimento
~ou da confiança do Monarcha enga- do bem publico, falta de. vistas geraes ,
nando:-o; invadia poder alheio; e tez indifferença para a verdade, esquecimen-
de hum Oíficial de Fazenda hum pes- to do futuro, e sujeiçaõ da politica á
simo Provedor de casa de Moeda. combinações particula·res, á interesses
Si·. Redactor, para naõ cançal-lo privados; e para cumulo de males
com a fastidiosa narraçaõ de outros vejo em algumas Províncias monstros de
muites actos illegaes deste Ministro, figura humana , vomitados pelo infer-
limitar-me-hei a referir..lhe hum, que no, pregando a imoralidade, a anar-
fez muita sensaçaõ nos máos , e bons chia. e a desordem , e solapando por
Cidada os, e qqe, segundo o meu ver, esta fórma as bazes do rnagestoso edi-
pode influir na desgraça tutura deste ficio , que se havi'a erigido para ar-
nascente Jmperio. Em dias do mez rostar com o d ente roedor do tempo.
prox1mo passado appareceo pregada Neste perigo taõ eminente,, que cobre
em huma da:s portas do Thesouro hu- minha alma de profunda tristesa, exa l-
ma lista de certos credores de divida tado pelo mais ardente patriotismo
antiga na qual se aprazava o dia 19 pugnarei sem medo por manter a In-
do me~mo mez para o de seu paga· dependencia, e Integridade do Impe-
mento, e com effeito assim se verifi. rio , e por obter huma Constituiçaõ
~ou. Com esta novidade os parasitas fundada nos paõs princípios de huma
do antigo regimen , desfeitas as rugas justa liberdade, e quando venha a ser
do seu sombrio rosto, saudaraõ ale- victima de malogradas esperanças ,
gres o inesperado renasçimento dos voltarei ainda meos olhos já languidos
antigos abusos; os rebatedores salta- de morte para este mesmo lmperio
rão de contentes, e em seu reconhe- ou relatalhado ou escravo, e fechal-
-cimento abençoaraõ o ente benefico, Ios-hei para sempre com as memora-
que lhes concedia a continuaçaõ do veis palavras do grande Pill ::::::: oh!
$eu vergonhoso trafico, e sordidos pro- my cowntry ! Oh ! minha Patrla ! - A
veitos: os Cidadãos honrados exdama- Deos Sr. Redactor. Seo Venerador. -
raõ em seu espanto, saõ chegados os Payaguá.
· dias aziagos da administraçaõ do Sr.
a
ções, se naõ no unico caso de serem houvessemos e publicar com a brevi-
primeiramente apo iadas p or 30 S rs. dad e possível. Examinamos a materia
D e puta dos: fa llaraõ ~lguns Srs. Tiep_u- d e ll es, e conhecendo que uns eraõ
tados; julgo u-se sufüc1entemente dis- tend en tes a prevenir successos que, se
cutida a materia, e posta á votaçaõ h o uv essem d e realis a r-se, seriaõ nimia-
foi approvada. mente fataes a nossa lndependencia ,
Leu-se a Indicacaõ do Sr. H e n- e outros a lavar as nodoas, que in·
rique de Res ende , que c ada um Sr. fam es calumniadores pertendiaõ sem
Deputado só fallaria sobre t aes emen- pejo lança r na reputaça6 de C id adãos
das e alterações um a unica vez, ain- probos, e por tantos respei tos Bene-
da mesmo o author dellas; fa llara õ rneritos da Patna , a ssen tamos em
alguns Srs. D eputados, e julgada a publicar quanto antes uns e outros ,
materia suflicientemente discuticla, pos- persuadidos de que nisso naõ só fa-
ta á votaçaõ, foi approvada. O Sr. Hen- riamõs um dever de justiça, mas taó-
riques de Resende pedio licença para b em um serviço á Naçaõ. E com eíiei-
se retirar por achar-se incommodado, to naõ nos engamos em parte. A sua
foi -lh e concedida. publicaçaõ conlribuio muito para que
O Sr. Presidente pôz á conside- o Minislerio desvanecesse no conceito
racaõ da Assembléa , se á vista das publico algumas suspeitas, se 'naó ver·
re~oluçôes agora tomadas era admis- <ladeiras , ao menos bem fundandas,
sível a emenda que o Sr. Gomide como as que nasciaõ da suppressaõ
offerecera no dia antecedente ao De- da moeda com as Armas do Imperio,
creto -redigido sobre as Sociedades e d a incorporaçaõ das Tropas inimi-
Secretas: deliberou-se que naõ, e foi gas em o nosso Exercito. Estas ulti ..
regeitada. O Sr. Presidente poz a vo- mas sobre tudo traziaõ-nos por extre-
taçaõ se a Assembléa sanccíonava a mo affiictos , e inquietos, pois ne-
deliberaçaõ do dia antecedente de nhum Brasileiro honrado podia ' rer sem
julgar-se cerrada e finda a 3! discus- magoa gue monstro infames, que re-
saõ sobre o d ito Decreto : venceu-se cebidos ha pouco com amor e hos-
que sim. O Sr. Presidente propoz se pitalidade nas praias da Bahia tive-
a Assembléa sanccionava o dito De- raõ a perfidia de profanar o seu ter-
creto, como se achava redigido. O Sr. reno com o sangue de seus habitan-
Duarte Silva pedio votaçaõ nominal , tes, de assolar as suas campinas , e
que foi concedida. Alguns Srs. Depu- de roubar as suas casas, e alé os
tados, que tomaraõ assento depois de proprios Templos , viessem achar gua-
finda a 3.ª discussaõ pt>diraõ Jicen ca rida em nossas praias, e talvez , tal-
para se retirarem da Sala por n~õ vez entrar no honrado Corpo de nos-
poderem votar, como permitte o Re- sos Defensores. Que diriaõ de nós ,
gimento: foi debatida esta materia, e se tal acontecesse, os nossos Irmãos
concedeu-se-lhes; retirando-se os mes- Bahianos? Naõ teriaõ por ventura ra-
mos. zaõ para increpar-nos da mais atroz
Posta á votaçaõ a Sancçaõ d o perfidia , da mais estupida e crimi-
Decreto , foi sanccionado por 7 3 vo- noza indolencia por mettermos nas
tos contra 13. mãos de seus assassinos novamente as
Levantou-se a Sessaõ as 2 horas. armas , com que os sacrificaraõ ? r' E
assim ( dir-nos-iaõ ) que se trataõ pri-
zioneiros de guerra , e de uma guer-
ra taõ justa, e taõ legitima como nun~
Em uma nota ao n. 0 2. 0 do nosso ca se ~·io ? Mas descansai , descen-
Periódico haviamos promettido analy- dentes da bella Paraguaçú , que o
sar a Portaria do Ex.mo Ministro da Pate rnal Coracaõ de S. M. 1. tem.
Guerra com data de 22 de Julho do provido já nos' meios de arredar para..
corrente anno , e estavamos para cum- longe de nós esses abutres esfaimados .,
prir a nossa promessa, quando alguns que na sede insacíavel de vosso san-
dos nossos Correspondentes nos remet- gue e das vossas riquesas parecia&
"teraõ varios escritos pedindo-nos os sobrepujar as feras mais indomitas de
( 37 )
v1r de escudo aos seus Ministros, dos d a nossa Assemb léa se lembre de
alia s tornar-se-ia vã e chimerica a indicar, e d e accusar no se u Augusto
responsab il idade destes. ~ E de mais Recinto es tes, e outros a buzos semelhan-
por quem Mandou S. ~ fazer est_e tes, q ue d eYe raõ faz er o obj ecto d os se us
adiantamento ? Sem duvida pelo 1\11- d~srcllos , e cuida<los. ~A c aso a Na-
nisterio de Guerra: logo S. Ex.• é çaõ lhes confiou a defeza dos seus
que deve responder por esse abuzo direitos para os deixarem atacar im-
de poder. punemente? ~ Naõ teraõ el1 es a cora-
Mas ainda naõ pára aqui o mal ; gem necessaria. para contrastar as
naõ contente S. Ex.• naõ só invadio invazões do poder Ministerial r e oppor
nesta parte as allribui çõ es do Pod e r á sua torrente um dique respeitavel r
Legislativo, mas taõbem o <lireito de Seja como quer que for; o se u silencio
derrogar Leis , que se achaõ em seu neste ponto é m uito desairoso, e tal-
inteiro v·igor. E com effeilo nós naõ vez a ssás prejudicial á cÇLusa da li-
sabemos que outra couza seja man- b erdad e. Um abuzo traz outro, e com
dar descontar nos Soldos dos Officiaes, a frequencia d'elles cresce a affoiteza
a quem se adiantaraõ os dinheiros de do poder, e por fim a divisao dos
que se trata nesta Portaria a oitava Poderes é somente nominal e chime.
parle para pagamentos dos . mesmos rica, e só existe em realidade o mais
dinheiros , senaõ revogar a Lei de 21 horri ~· el despotismo.
de Outubro de 1763 no §. 13, onde
se ordena, debaixo de penas gravíssi-
mas, que taes soldos sejaõ entregues
por inteiro e sem desconto algum, a seus Errata.
donos , eximindo-os até das penhoras ,
e execuções judiciaes. ~ E -s erá isto No Tamoyo n.º 8, de terça fei-
compatível com as attribuiçõcs do Po- ra, na l.ª coluna da 2.ª pagina onde
der Executivo ? Naõ seguramente; é se lê: 2. 0 porque o preço obtido no
pelo contrario um abuzo , uma uzur- mercado de Londres, haverá trez me·
paçaõ de jurisdicçaõ que-, se naõ for zes, andava pelo mesmo; dever-se-ha
atalhada, poderá ter para o futuro con. lêr: 2. porque o preço obtido no merca-
0
.!lssembléa Geral Co~stituinte e L egislati- ' putados. O Sr. Presidente mandou en-
va do _lmperzo do Brasil. trar na Ordem do Dia. O Sr. Secre-
tario Maciel da Costa leu o requeri-
Sessaõ de 5 de Setembro de 1823. mento do Sr. Ribeiro d' Andrada, em
qu e pede licença para chamar á J ui-
Pruzdencia do Sr. Baraõ de Santo .fi.maro. so o author da carta inserida no Cor-
reio do Rio de Janeiro, ou o Redactor,
e vindicar as injurias , que <ili lhe
FEITA a chamada ás 10 horas, eraõ feitas ; durante a discussaõ reti-
acharaõ-se presentes 58 Srs. Deputados. rou-se o dito Sr. Deputado , faláraõ
O Sr. Presidente declarou aberta alguns Srs. Deputados , e declarando-
a Sessaõ. se sufficientemente discutida a mate·
O Sr. .Secretario Fernandes Pi- ria, decidiu-se que naõ era necessaria,
heiro leu a Acta da antecedente e foi porque o Regimento interno naõ to\hia,
approvada com uma breve reflexa& a liberdade da proposiçaõ das ac9ões
feita pelo Sr. Francisco Carneiro. criminaes , de que o Sr. Deputado
Finda a leitl1ra já se achavaõ pre· podia usar.
sentes mais 8 Srs. Deputados. O mesmo Sr. Secretario leu o
O Sr. Secretario Maciel da Costa Projecto sobre o estabelecimento das
declarou 11aõ haver correspondencia, Universidades no Brasil , e as suas
e apenas uma carta do Sr. Deputado emendas; faláraõ muitos Srs. Deputa-
Ribeiro de Resende , em que parte. dos sobre o artigo primeiro, que diz
cipa a continuaçaõ de sua molestia , respeito ao numero e local em que
ficou a Assmbléa inteirada. deviaõ ser fundadas, entre elles o Sr.
O Sr. Araujo Lima appresentou Andrada Machado mostrou como nos
um requerimento da Commissaõ de locaes apontados no artigo se obtinha
Constituicaõ, em que pede se Officie tudo, quanto se devia pretender quan·
ao Gove;no para que convide a D. to á localidades dos estabelecimentos
Lucas José Obes a vir a este Paço para de instrucçaõ ; que n'clles havia ha·
ser ouvido, e informar sobre objectos rateza, salubridade , doçura de tem·
da Província Cisplatina á cerca de peratura, igualmente remota dos ex·
sua representaçaõ; o que foi approvado. tremos de calor e de frio , ausencia
O Sr. Montezuma em nome do de distracções ruinosas ' já pelo ba-
Cida<laõ Tenente Coronel Antonio Mar- rulho, já pela dissoluçaõ, facilidade
tins da Costa, appresentou os exem· de accesso, e equidistancia entre os
plares de sua jusfificaçaõ contra as pontos das regiões de Norte e Sul,
injustiças do Brigadeiro Pedro Labatut em que se dinde o Imperio; desap·
que foraõ distribuídos pelos Srs. De· provou o local proposto na visinhan-
( 40 )
.Lei ; e a vista destas reflex ões, a As- dos .!lndradas , nem p or elles propagadaS'
sem biéa deci di o que em q uanto se as doutrinas do Sentinella. O Tamoyo
na õ publi ca r a Lei, ficava inteiramen- nada encontra nestas expressões que
t e d ecla rado o dito dia <le festa Na- tenha sabor de offcnsa ; e muito se
cional , e que ;;e rn ci n<lasse a dita De · admira de que pertenda ser coheren-
putaS' aÕ, ofl'ician<l o-se ao Ministro do te com o p ensar dos outros quem es-
I mperio, para se <l ec larar o lu.Rar e tá em contradicçaõ comsigo mesmo.
hora em que seria. recebi<la a vepu- Quanto á apologia que o Sentinella
taçaõ. passa a fazer depois do seu Periodi-
Levantou-se á Sessaõ ás 2 horas. co , condecorando-os com os mui hon-
rosos, mas naõ sei se bem merecidos
epithetos de injlexivel, incomparavel! ! !
improstituivel, o Tamoyo só tem que
R esenha analytica dos Periodicos da lou var a modesta anticipaçaó • e bem
Corte , da semana passa.da. entendida vigilancia do Sen tinella.
O que o Tamoyo naõ fode ade-
Quando o T amoyo concebco o vinhar he a rasaõ pela qua o Senti-
plano do seu perio<lico, naõ deixou nclla, que tanto blasona de professar
de antever varias castas de maquina- 8entimentos Brasileiros, empenhou com
ções que haviam de pôr cm prati ca nota vel excesso o se u valimento, como
os se us inimigos para enreda i-o na diz cm o N. 0 12 , para com alguns
carreira qu e se propunha trilhar, e lllustres Deputados , a fim de que
desvial-o po r este modo do seu ver- naõ passasse o Projecto do Sr. Moniz
dadeiro fim: ainda que rude, e pou- Tavares, quando qualqu er homem de
co penetrante em suas coIJjecturas , senso, com tanto que despido de pre-
elle previo que uma daquellas maqui- venções, perfei tamente conhece que
nações se ri a a embicadel-a <los mais tal Projecto se encaminhnva a estor-
Periodicos, pois que devendo respon- var que viessem da Europa Porlugue-
der a elles, impossível lhe era conti- zes entrar na fruiçaõ de direitos, e
nuar a mostrar ao Publido os actos empregos só devidos a qu em abroçou,
anti-constitucionaes que fosse obser· sustentou, e defendeo a Cu.usa da nos-
vando nas differentes Authoridades , sa Independencia. O Tamoyo crê que
vindo por tanto os seus adversarios a o Projecto naõ estava bem annuucia-
conseguir o desejado intento. Com ef- <lo, e que devia até passar por al-
feito, o Tamoyo nuõ se enganou: cho- gumas alterações essenciaes: mas re-
vem contra elle as censuras , e para provar inteiramente a forma; e a ma-
que nem pareça com o seu silencio teria ! ...
ren<ler-se ás bntarias que contra elle Ajuntando este facto ao engenhoso
assest a ram, nem se desvie do seu pro- discurso com que o N. 0 13 da Senti-
posi to, irá d~rndo cm um <los N. 0 • de nella pertende indirectamente relevar
cada semana um pequeno artigo de- a opiniaõ das Cortes de Portugal, pin-
baixo do titulo - Reseuha Analytica - , tando-as taõ afeiçoadas á nossa Cau-
em que responda áquellas censuras sa, enumerando os secretos trabalhos
menos importantes , reservando para a que se davam cm beneficio 11osso,
tratar com maior socêgo as que, pela a sua conducta parece, se naõ flexi-
gravidade da materia, merecerem par- 'Vel ao menos inconseguente. Naõ sei co-
ticular analyse. Em consequencia des- mo o Sentinella naõ aconselha man-
te plano, passa o Tamoyo a dizer al- demos buscar os Srs. Moura, Borges
guma coisa sobre o Scntinella da Li- Carneiro, José Li Lera to, Soares Fran-
berdade á heirarnar da Praia Grande. co, e Miranda, de quem faz no.quel-
Em o N. 11 <lo seu Perio<lico les trabalhos especial mençaõ , para
0
parece · ressentir-se o Sentmella das nos virem go' ernar, visto que para-
ingenuas exp ressões do Brasileiro au- ram as obras em Port ugal ! ~ Naõ virá.
thor da carta que se acha em o N. 0 um dia. em que o Tamoyo tenha a
4. 0 do Tarnoyo , onde o dito Brasilei- consolaçaõ <le ver pendurados pelas
ro declara que naü saõ, nem podem ser arvores dessas estradas quantos avan-
* ii
e 42o )
8
taes, compassos, esqua dnas,
. e mais N. 0 4. 0 do Tamoyo só faz contra os novos-
ferram enta ejusdem generis ha no Mun- Ministros accusações vagas: mas se o
d o, abandon ada ao riso d os vi aj an- tal Martello nind a lê o Tamoyo , naõ
t es, e ao açoite d os ventos , e man- terá agora que dizer. Quanto á pro-
d ados os obreiros viaj ar á Nigr-icia , hibiçaõ para naõ sair a nova moeda,
ond e a humanidad e tanto ca rece dos ella t orna-se t anto mais su speitosa ,
seus ph ilant ropicos trabalhos ? quanto maio r empenho h a em escurece r
O T amoyo louva o zêlo com que a qu elle fa cto. Nega o Provedor á pés
o Sentin ella desperta a a ttençaõ d os juntos a existencia do prohibiçaõ, ao.
povos contra as novas <loutri nas d e mesmo tempo que um docu ment o in-
Portugal , que mal intencio nados pe r- cont.rastavel a d enm1cia : j e naõ ha
tend em surd amente introduzir e ntre my ste rio nisto! ..... Credat Judeus .IJ.pel-
e ll es , com tanto q ue esse zelo se na õ la, non ego.
c onverta em hiquisiçaô P olitica de Ve- ·Volve ndo o Tamoyo os olhos ao
neza; o que h e mui tas vezes fac il de Correio de 5 do corrente , ali ve os
açon t~ce r: syllogismos d e um no vo raúormcur en
régie, com os qua.es perten<le provar
ln vit ium ducil cupoe fuga, si caret arte. <l e uma ma neira incontestavel q ue os
.!indradas naõ saõ sabias , que saõ per-
P assando ago ra ao Sy lpho, expres- versos , e que naõ saõ patriotas.' .' .' G ran-
sa-se este a respeito do Tarnoyo d a d e infelicidade foi na.ó viver es ta rai-
maneira -seguinte , logo no principio sonneur por exceli encia no d oirado se-
elo seu N. 0 9. 1,, Quando havia succeder culo de Aristotel es? ~ Como classifi-
que um escriptor se altrevesse a censurar cará o raúon_neur pe la sua Arte Sy l-
actos Ministeriaes ( como agora o Ta- logistica aquelles que negam aos ou-
moyo o tem f eito a benefu:io dessa resur- tros o que lhes he d evido? lnfalli-
gida liberdade ) que naõ fosse logo encar- velmente ha de dizer que saõ ladrõ es:
cerado a titulo de desafecto á Causa do
Brasil ? Podia perguntar ao Sylpho Atqu i. o ra isonn eu r M ga aos Andradas o que lh es ht: d e•ido;
Ergo o ra isonneu r he .. ..
quando vio encarcerar e deportar es-
criptores pelo simples fac to de censu- Perdoe ,o raisonneur se o _Tamoyo
rarem actos do Governo no t empo parece offendel-o; porem o rigor syl-
dos ex-Ministros, contra quem dirige logistico he quem o obrigo u a ti rar-
a s suas pontarias; porem de ixando a conclusaõ. Para desvanecer essa
isso de parte; he galan te o parellelo , alluviaõ de imposturas e invectivas
em que o Sylpho poem o Tamoyo , fo1:jadas contra os Andradas basta rc-
Malaguetas , e Correios ! Só naõ co- flectir gue todas ellas saõ ob ra da-
nhece a differe nça que existe entre estes quelles sobre quem pezou, ainda que
Per iodico.s quem, c omo o Sylpbo, naõ de leve, a vara da j usti ça no tempo
vê .sem luneta um palmo adian te do do seu Ministerio ; naõ lhes compe -
nariz. t indo por consequencia servir de J ui-
A carta do Martcllo Consti tucio- zes nesta causa por amor da susp eiçaõ.
nal que vem no Sy lpho N. 0 10 , he Quanto á carta d o Sr. Simpli cio
obra inegavel de algum aprendiz de que se lê em o N. ·do Correio, he
0
Mathematíca, porqu e até principia por materia melind roza , merece maior
p9r uma linha math ematica. Queixa-se cuidadu , e por isso em outro N.0 se
aquelle correspondente de que o Bra- tratará de lla.
sileiro author da carta iuserta em o
fra ndo o art igo e e mend as em d iscus- r a, fondea ndo e ntr e as fo rt alez as , e·
saõ, foi j ulgada a materia sufficíente- que depois pedira ag ua e outros Pro~
rnente d iscutida. vimentos por 30 d ias fa laraõ sobre es-
Passou-se ao 4. 0 a rtigo : o Sr. Mon- t e successo muitos Srs. Deputados, e
tez ma -Offereceu uma emenda, e ten- julgando-se a ma.teria sufficientemente
do este com todas as emendas entra- discutida , decidia a Assembléa que
do em díscussaõ falaraõ varios Srs. se officiasse ao Governo accusando-se
e por dar uma hora ficou adiado. a recepçaõ do dito Offtcio, e exigin-
Passo u-se ao Parecer da Commis- do-se com u rgencia todas as informa-
saõ de Fazenda sobre os Ordenados ções á cerca da vinda de tal Official
dos Gove rnadores Provisoríos, Secre- para se tomarem as medidas necessa-
tarias e Conselheiros , foi lido pelo rias contra as tenta tivas do Governo
mes mo Sr. Secretario ; fa}áraõ sobre Portuguez, que tiverem por fim ata-
elle varios Srs. Deputados: o Sr. Pe- car a Ind epe n<lencia deste Imperio.
reira da Cunha offereceu huma emen- Entrou-se na Ordem do dia.
da que foi apoiada, e depois de lon- Continuar-se-ha.
ga discussaõ foi adiada.
O Sr. Presidente nomeou 24 Srs.
Deputados tirados de todas as Pro-
vincias para comprimentarem amanhã Rio de Janeiro 16 de Setembro.
a S. M. o Imperador.
Levantou-se a Sessaõ ás 2 horas. Temos á vista o N. 0 31 da Sen..
tinella Je Pernambuco, e muito nos
custa ver que haja um Brasileiro taõ
desnaturalisado que procure a toda a
Sessaõ de 9 de Setembro de 1823. força anarquizar as Provincias, empre-
gando para isto as mai s grosseiras e
Presidencia do Sr. Baraõ de Santo .11.maro, revoltantes calumnias. Diz o Barata
que homens d e juizo e probidade afir..
Feita a chamada ás 10 horas . a- mam que falta toda a liberdade á.
cbaraõ-se presentes 69 Srs. Deputados nossa Assembléa em rasaõ do medo~
·faltand o 9. e de estar sempre ameaçada pelas
O Sr. Secretario D. Nuno Enge- armas do nosso Imperador; e accres-
nio leu a Acta da antecedente, e foi centa que um sujeito de honra do Re-
approvada. cife recebera, carta de certo Illustre
O Sr. Secretario Maciel da Costa Senhor Deputado, na qual este diz
deu conta que na Mesa se achava a que está vendo a hora em que saõ
Oraçaõ que á S. M. I. dirigio o Rela- accommetidos e despedaçados no Con~
tor da Deputaçaõ nomeada para lhe 'g resso. Quanto aos abonos que Barata
agradecer o primeiro brado da Inde- faz ao caracter dos sujeitos que cita,
pendencia do lmperio do Brasil dado lembrados daquelle ditado - Similes
na Província de S. Paulo no dia 7 cum sim ilibus f acilé congregautur - ima-
de Setembro , e leu a dita Oraçaõ. ginamos que pessoas sejam: quanto
Deu parte que se achava na Me- á carta , parece-nos que afoitamente
sa igualmente a resposta. , que deu S. podemos negar a sua existencia. Nós
M. I. 1 a qual tambem foi lida por conhecemos bem o caracter probo e
elle, e recebida pela Assembléa com verdadeiro dos nossos Deputados, e
muito especial agrado. devemos presumir que nenhum se que-
Leu mais um Officio do Ministro reria manchar com taõ sordida men-
e Secretario d' Estado dos Negocios tira. Toda a gente desta Capital sabe
da Marinha, em que partecipa ter a excellente harmonia em que mar-
chegado a este Porto o Brigue Por- cham os supremos Poderes da Naçnõ,
tuguez 13 de Maio , com bandeira o Imperador e a Assembléa , toda.
Parlamentaria, trasendo a seu bordo ella conhece os sentimentos de um.,
o Marechal de Campo Luiz Paulino, e a liberdade com que a outra dis-
que por causa de um temporal. entrá- corre , e delibera; nenhuma sombra
( 45 )
de meoo a. preoccúpa, nem o mais na;; pertendemos clar com ella a cn-
leve indicio rlP. ameaças <Jpparcce, temler que OR nossos Deputados par-
<pura qu~ chama entaõ nguell~ pcr- ticip em das opiniões, e favoreçam os
tida Sentmclla as armas a Naçaõ , ci:;c.ri pios do Bum La. Longe de liÓS
para. que prega a revolta , ti.motina s imilb anle i<l ea ! F:stamos pelo corilra-
as Provincias, e accende o facho da rio bem persuadidos <le que o seu
guê.i:ra civil? ~ Que documentos tem , silencjo nasce Je c onsiderarem taõ
o Ihmtu que comprovem a coacçaõ vis aquelles escritos, que naõ mere-
da Assembléa? cem gastar com elles na Assembléa
Naõ nos admira o desaforado des- nem um minuto sequer: porém seja-nos
caramento com que o Barata mente e permittido obsenar que, se saõ vis
anarqwza os Povos; adm ira-nos sim aquelles escritos na opiniaõ do sabio,
a zna!tcravel paciencza com que o sofre pode o ignorante reputai-os de outra
o Governo de Pernambuco , talvez, sorte, e ser por elles mui facilmente
ignorando se r responsavel á. Naçaõ seduzido: se nos mlÕ illu<lem com as
pelos males que lhe vierem do des- suas asquerosas invectivas , se nos
lex o do mesmo Governo no desempe- rimos das suas trapaças, porque, tes-
nho dos seus deveres. Adoramos a temunhas oculares dos faclos, conhe-
liberdade eh imprensa. e debaixo do cemos o contrario de quanto cllcs
seu sagrado escúdo tem o Tamoyo dizem ; naõ acontece o mesmo pelas
censurado aberrações Miuisteriaes ; Províncias onde os Povos , <listantes
mas aborrecemos e dctestar:nos o pet'- <lo theatro dos acontecimentos, e fa.
nicioso ab:Jso <lella. O Sentinella de ceis em ceder ás primeiras impressões,
Pernambuco naõ clilucida questões po· saõ de ordiuario levados por ellas
líticas , naõ esclarece os Representan- a graves erros.
tes da Naçaõ sobre as necessidades Sentimos naó podermos occupar-
do Estado , naó clirige a opiniaõ pu- nos por mais tempo neste N. 0 com o
blica nem trata de fecundar em os impropriamente appellidado Sentinella
Cidadãos os principias da sociabilida, da Liberdade, sendo anles o Apostolo
de, e da virtude; pelo contrario só da anarquia; porém julgamos ter dito
cuida em communicar aos Povos in- quanto he sufficiente para destruir as
cautos a sua labareda revoluciona- suas escandolosas , perniciosas , e
ria, sem propalar factos, sem produzir intcleraveis invectivas. Os seus N.••,
r asúcs; conYida-os ás escancaras para bem analysados , dariam talvez materia
resistirtm :ís ordens do Supremo Go- pelas galantarias e raridades que en-
vern0: ora se isto naõ he crime ; en- cerram, para um grande in/olio: mas
taô nada ha neste Mundo que o seja. i para que ~astar cera com taõ máo de-
A' vista destas poucas reflexões; ~que functo? Seria buscar arrancar da es-
conceito merece a Junta de Pernam- curidade eterna a que será condem-
buco? nado este bufo e Charlataõ.
Outra circunstancia not3Tel desa·
.fia o nosso reparo: Trataram-5e no
Diario do Governo com a maior mo~
deraçaõ algumas questões ~oliticas: Senho1· Redact<w.
sentio-::>e immediatamente fenda a ni-
mia delicadeza de alguns Srs. Depu- Tenho lido os dois numeras do seu
tados, foram d.:.'nunciados os escrip.- Tamoyo com aquella avidez de quem
tos, otricion-se ao Governo para que ha muito cubiçava vêr fallar livremen-
.man<l.asse proceder contra elles, houve te um nosso patrício .
um reboliço que trouxe toda a gente Quanto ao l.º n. 0 lBgi e perf,,gi
espantada: Barata prega a revoluçaõ maximá cum voluptate ; tanto mais que
as bandeiras despregadas , ninguem o elle era um fiel transumpto do ex-
accusa , naõ se officia ao Governo~ cellentc Manifesto do Imperador ás ou-
naõ ha provid encias nenhumas ( ao tras Nações, obra prima de quem a
menos sabidas ) a ta l respeito. meditou e desenvolvêo; mas quanto
Quando fazemos esta reflexaõ , ao 2.º n.º foi diversa a sensaçaõ que
~ ü
( 46 )
em mim produz .10. Q ue "'. cu.) ,!\ tta- Seja poÍg mais calado, S r. Ta-
cadoo;; al•Tuns Aulicos Jo Imperador, e moyo , lembre-se qu e t em o pec cado
todos os ~cluaes Mini . tros e Secretarias original de se r formado <le ba r ro Ame-
d' Ee.tado. (1) Será jusla a critica? ~c ricano, (J) is to hc na frase E uropea,
rá mesmo opportuna a s ua publicida- naõ se sabe a que c lasse d e brutos
de) Deixará ellé-!. de incut ir 11os povos an imaes V. m. pe rtence. Ace ite o mcll·
p<>rigo zos receios , . saudndcs c_rimino- conselho, que ao menos he maii; sin~
zas , azedume inuttl, <lescontn. nças , cero do que o Conselho da óoa ami-
eternas? Naõ seria acaso mais pruden- =mle, (4) que ha pouco foi impresso.
te que V. m. scg 11is:;c a opiniaõ do -~ Sou seu apaixonado. - Um pe-
velho e expPriente Fonlerw/LP. , o qua l gue-no Tmnoyo .
dizia = que se tivera uma maõ cheia
de ,·erdadcs diflicultosame11tc a abriria Monurchas para me lhor os arrastrarem
toda .) ( 2). ao precipicio. ,: E naõ será, naõ digo
jú um dever ele humanidade , mas de
( 1) Naü lc:n razaõ meu peque- just iça, mostrar ti. innoccncia incauta
no. O Tamoyo, :i inda que saído ha a borra~ca cmminente? Almas frias 9
pouco de incultas brenhas ~ naõ é CiJílJàos egoi!:,tas; se a sorte da vossa
todavia taõ rustico e grosseiro, que Patria rn::; 11aõ importa , importe-vo9
naõ .s~u ba ,.,JUar<lar em ;:;eos escritos as ao menos o ~osso proprib interesse;
Lei s <la cleccncia. Elle atP, o p resente importe-vos o ,·osso socego, o de vos•
naó te m atacado nem Aulicos, nem Se- sas fami lias , o de toda a ,·ossa pos-
cretarias d' Est1}do. Respeitando a uns e teri<l ac..le ; Yigiai em torno do Sagrado
a outros corno Cidadãos, ou Funciona- fogo de Yesta , quero dizer da vo:;sa
rias publicas, só censurou seus erros ou JnJependencia, e <la Yossa Liberdade.
defeitos; o que é )ivre fazer a qualquer Naõ queirae::; que vossos vindouros,
pcs;;oa. Se a sua critica naõ foi justa arras trando as suas pczadas ca<leias,
refutem-na; convença.ó-na de falsa com por cima ele ,·os:;as sep ulwra s , vomi·
razões, porque se o fizerem com chu- tem mil imprecaçõe s contra os a utho-
fas, ou injurias, lremaõ da sua vm. res de seu:i dias, e amaldiçoem o mo-
gança, que clle os converterá cm fa- mento em que lhes destes o ser.
6ulam , resumga.c populi. ( 3) Será peccado o ser formadc>
(2.) O Tamoy•J respeita muito a desta qnalidade de barro; mas o cer-
authoridade do Sab ia Fontenelle; com to é que naõ obstaAte a falta de bons
tudo nnõ é do seu parecer. Averda- oleiros, se tem feito delle exceUentes
de nunca foi pcrigoza; nunca teve , vazos, e até de muita estima no me-
nem póde ter consequencias funestas; lhor da Europa Que importa pois que
e por isso longe de escacear-se , cum- o cego Portugal o naõ soubesse estimar?
pre que se espalhe, e diffunda por E' mui proprio da toupcirn naõ conhe-
toda a parte. O Xalá que a sua voz cer , nem a\'aliar a perspicacia de
magestoza podesse chegar aos ouvi- Lince.
do s de todos os Cidadãos~ Oxalá que ( 4) Ora pois perdoe ao pobre
a sua candida Maõ podesse rasga r o hom em esse cletestavel consel!to da 6oa
tenebroso veo da intriga e da perfi- amizade , a cuja publicaçaó , sea-undo
àia, e apresentar aos olhos do uni- parece, foi arrnstrado por infatne~ per-
verso os seres abjectos que tem per- suações Seria mui justo saber-se quem
turbado muitas vezes a sua face. Ah~ o sed uzio , para ser ei:ise perverso o
nós pasmanamos entaõ de horror , ao objecto do nosso odio , e da nossa
,·er como influe nos rlestinos dos Im- execra~·aõ; e a posteridade conhece·
penos Messalinas, validos intrigantes, na até onde póde chegar o rancot
baixos , e desprezn·e 1s , derramando <le nossos inimigos , que naõ se pou·
todo o fel da column1a sobre os Ci- paraó a meios alguns para algemar·
dadãos mais honrados e benerneritos nos de novo.
da Patna, arredando-os do lado dos O Tamoyo.
RIO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL. 18::!3.
N. 12
a este, naõ incomode~ mais ao ex.Mi- conhece que attestações saõ documen-
nistro, agoardando com tranquilidade tos graciosos, que naõ fazem fé, e
da inocencia o seu rezultado. naõ bastaõ para destruir as accusàções
Exaqui a verdade pelo que me que lhe saõ feitas; por este motivo,
diz respeito. Quanto á questaõ susci- naõ nos podemos <lemorar em declarar
tada sobre os arbítrios do e1t-Minis- o seu numero, e qualidade , devendo
tro, quem levantou a lebre que lhe bastar-lhe que saiba o Publico , que
atire, que eu naõ me cansarei com saõ attestações , e nadá mais , embo-
isso, que he perder o tempo ; por ra sejaõ de pessoas que serviraõ, e
tanto concluirei esta; rogando-lhe o ainda algumas que servem empregos
fovor de a inserir no seu interessante publicas na Província de S. Pedro.
Periodico, pelo que muito obrigará a 3.º Nós naõ duvidamos reconhe-
. quem se preza ser de V. S.•, Leitor cer, que nos podíamos ter enganado
e atento Venerador - .llrztonio Bernar- em parte; é verdade, que pela confissaõ
des Machado. do Sr. Bernardes Machado, vê-se que
Rio de Janeiro 6 de Setembro naõ foi logo que acudio, pois algum
de 1823. intervallo há de 7 de Dezembro á 5
de Fevereiro, em que diz cbe_gou á
Corte. Cremos que se apprese ntasse
Assim Como fomos imparcial inse- logo ao ex-Ministro , mas como lhe .
rindo a Carta do Sr. Bernardes Ma- naõ falou n'aquella occasiaô, era na-
chado, assim se nos naõ estranhará que tural que se naõ recordasse o Minis-
Ih.e annexemos algumas observações. tro da sua vinda á Corte; e como
1.0 Ainda continua,mos no mesmo erro~ nos affirmou um Correspondente no-sso
ou engano, á respeito do chamamen- naõ soubesse da sua chegada senaõ tar-
to do Sr. Bernardes Machado; e cui- de , ou mesmo nu nca antes do seu
a amos que elle se originou do seu requerimento de syndicancia. O Sr.
officio, em que, queixando-se de im- Bernardes Machado naõ ignora que
putações feitas ao seu caracter, dese- um Secretario d' Estado de duas Re-
java lavar-se d'ellas; Para destruir partições tem pouco tempo de seu; e
este nosso er·ro , ou engano ; naô basta é natural lhe escapem muitas circuns·
a negaçaõ do Sr, Bernardes Machado; tancias , que lembraõ ás partes interes-
a elle, que é o interessado, cumpre sadas.· Quanto ao numero de vezes~
mostrar o officio, que desminta o que que diz o Sr. Bernardes Machado pro-
avansarhos na fé da Portaria, a qual curara ao Ex-Ministro, naõ desejamos
allegando um officio seu, como causa embicar com a sua veracidade; que
do chamamento, envolvia á nosso vêr estamos promptos á reconhecer: ao
tal req uisiçaõ. Ex-Ministro, e naõ a nós~ é que i~
2.º Se nos mostramos inclinado á portaria o questionallo. Seja como for,
duvidar <lo bom desempenho das obri- corregindo o nosso engano, nada se
gações de empregado pelo Sr. Ber:. offendem os nossos argumentos , ou
nardes Machado, era abonados por soubesse o Mi-nistro tarde, ou nunca
Direito; existiaõ, e existem accusações antes de Maio, sempre naõ esteve o
contra elle de Authoridades , e naõ Sr. Bernardes Macha<lo cinco mezes
appareceu ainda. justificaçaõ sua; e antes da decisaõ , como afirmou e .!ln~
infelizmente' os papeis, que teve a bon- ti-Tamoyo : pois , apesar de toda a
dade de nos remetter em nada alte- eoncessaõ, saõ 76 dias e naõ 5 me-
raraõ a nossa crença , ou antes du- zes os <lias <la sua demora.
vida. O Sr. Bernardes Machado bem
Jlssembléa Geral Constituinte e L egislati- 3.ª, o Sr. .Si lva Lisboa outra emenda, e
va do fmpeno do Brasil. o Sr. Andrada e Siha outra, foraõ to~
das apoiadas, e fallando sobre ellas
Presidencia do Sr. Baraõ de Santo .11.maro. alguns Srs. De putad os , ficou a mate-
ria addiada po r ser dada a hora.
Sessaõ ele 11 de Setembro de 1823. O Sr. Araujo Lima, Relator da
Commi ssa ú J.e Constituicaõ, leu o Pare~
F EITA a chamada ás 10 horas, cer sobre a maneira, co~ que deve ser
acharaõ-se presentes 69 Srs. Deputa- discutido o Projecto de Constituiçaõ; o
dos , faltando 9. Sr. Verguc iro appresentou uma emenda
O Sr. Presidente declarou aberta e querendo alguns Srs. Deputados
a Sessaõ. foliarem contra o mesmo Parecer , ficou
O Sr. Secretario Carvalho e Mel- ad<liado na fórma do Regi mento.
Io leu a Acta da antecedente , e foi O Sr. Andrada e Silva appresen-
approvada. O Sr. Secretario Maciel tou um requerimento pc<lindo 3 mezes
d a Cost::i. deu conta que na Mesa se de licença para em ares Palrios res-
achava um OiJicio <lo Sr. l\farlins Bas- tabelecer-se <l as enfermidades que tem
tos , em que dá parte de doente , e sofrido, e que ora sofre, com decla-
pede J.5 ou 20 dias ae licença; de- raçaõ de que se for sentido aqui mes-
cídio-sc que Geava a Assembléa intei- mo esse restabelecimen to, naõ usará
rada, e conce<leu-se a licença pedi<la. da dila licença; foi manda<lo á Com-
Deu parte que se achava mais missaõ dos Po<leres.
um requerimento de um Cidadaõ, em O Sr. Secretario :Maciel da Costa
que por seus serviços pedia um de leu a indicaçaõ addia<la <lo Sr. Fran-
''arios Empregos, que apontou: remet- cisco Carneiro, em que exige que se
teu-se á Commissaõ de Pitições para officie ao Governo para pedir informa-
dar-lhe a competente direcçaõ. ções ás Províncias , e sobre ellas re-
Entrou-se na ordem do dia. cair a suspensaõ dos tributos, com
O Sr. Secretario Maciel da Costa _que a carne e farinha <le mandioca.
]eu carta uma das addiccões da Tab el- se achaõ gravadas, revertendo taes
la das Leis feitas pel~s Cortes de impostos para outros gcneros, que
Potlugal , que a commi ssa5 havia ap- naõ sejaõ da 1.ª necessidade; fallaraõ
presentado como necessarias, visto muitos Srs. Deputados: o Sr. Monte-
que se naõ oppunhaõ ao systema do zuma apresentou uma emenda, que
Imperio do Brasil, e fallando muitos naõ foi apoiada; e posta a indicaçaõ
Srs. Deputados a cerca d'ellas foraõ a rntos foi approvada, ordenando-se
approvadas as duas primeiras; e offe- que se officie ao Governo para com
recendo o Sr. Rodrigues de Carvalho urgencia exigir as ditas informações.
uma emenda de suppressaõ á parte da Levantou-se a Sessaõ ás 2 horas.
( 52 )
.
( 58 )
hora~,
O Sr. Maia, Relator <la Commis-
FEITA a chamada ás 10 saé> de Legislaçaü, leu um Parecer a.
achara.ó-se preseutes 71 Srs. Deputa- cerca do requerimento dos negocian-
dos. faltando 7 . tf)s, em que pedem a revogaçoõ <lo
.O Sr. Prei.;idcnte declarou aberta Decreto <le 11 <le Desembro de 1822,
a Sessaó. na parte relativa ao sequestro <los bens
O Sr. Secretario D. Mmo , leu a dos habitantes do Reino d' Angola,
Acta <la antecedente, que foi nppro- e neste Parecer peué a Commissaõ
Yada com wna pequena aUeráçaõ. O que se t":xijaõ do Gon'!rno certas in-
Sr. Secretario JJ1aciel da Costa, leu um formações: foi approvado.
Officio <lo Ministro dos .Negocios <lo Leu outro sobre o· rcqtJerimc.nto
Imperio e Estrang~iros , em que dá de Joaó Gonçalves Duarte, em que pc-
parte , que tendo-se vcriticadu pelo <lc prorognçaõ de tempo para a ad-
Medico ./Jmarn Baptista Pereira , a ju:.. ministraçAõ <la casa do falecido Jose
fermidade do .Marechal <le Campo Luiz Teixeira de Mello, no qual se lhe
Paulino, e a necessidade Je seu de- concede mnis um nnno-; e por haver
sembarque, ffira este concedido para quem qnizP.sse follar sobre elle ficou
casa de seu cunhado o Desembarga.- adiado , e sobre a Mesa para os Sr1l.
<for .IJ11t011io Garce::, para onde fôra ar Deputa.dos o examinarem uté o d1a 11.
c9n1panha<l-0 por uin O.ilicia.l de Mari- O Sr . .llmujo Lima, Relafór da
nha, e que se officiára ao Ministro Commissaõ de éonstitnicaõ, leu o Pa•
de Guerra, para o fazer-. guardar, e recet sobre o n.º de D~putados, com
evitar toda a C'ommunicaçaõ com ou· que <.h~\liRõ haver Sessões d' Assem·
J ras pessoas fóra das da fatnilia; fi.cou bléa' declar:rnd o·SC a ReRoluçaõ to·
a Assembléa inteirada. mada a tal respeito em diversa épo-
Declar.o u znais , que na 1\!Jega se ca; e por haver quem quizesse falar
achava uma. parte de <loente <lada pe· contra ; ficou adiado.
Jo Sr. Araujo Vianna. Lev~ntou-se a Sess2õ ás 2 horzs.
Fntrou-se na Ordem -do dia.
O mesmo Sr. Secretario~ leu o Pa-
( 60 )
sos effeitos. E' certo, qu~ ~ste aconte- deixar lezar as Rendas Nacionaes ,
cimento naõ abala ao Ministro censu- com desdouro da sua reputaçaõ? Mas
rado; a sua ~lma superior a esse des- esta lezaõ, <lir-se-ha., nada avulta:
prezivel boato, que se chama opiniaõ todn.via clla naõ é taõ peq ucna, que·
publica foz ·mui pouco caso dos nossos naõ passe de 600$000, porque mui-
brados, e clamores ; mas quando o tas pessoas ha , que <la ria õ pe1a casa ,
Thesouro esti\'er exhaurido, quando se fosse a praça mais de 800,$000;
os Militares," e Empregados publicas e esta maioria de preço que no giro
gritarem, que naõ tem que comer, de alguns annos vem a montar em
quando a nascente Marinha taõ neces- alguma coisa ~deve-a por ventura per-
·saria ao Paiz , fôr posta em abando- der o Thesouro? Naõ seguramente.
no, por naõ ter meios para susten- A isto accressc outro mal feito pelo
tar-se , quando o emprestimo projecta- Mini1:tro, e é, que de ve ndo mauclar
<lo se naõ poder realisa r, 2 quantas correr o vencimento do aluguel des-
vezes naõ dirá S. Ex.ª em seu cora- de o te mpo em que Gordilho occupa
çaõ que nós tínhamos ra~aõ? ~Como as ditas casas, mandou pelo contrari <>
nao tremerá entaõ das fataes conse- mui expressa e dczignadamente, que
quencias, qu e· semelhantes males cos• corresse do primeiro de Maio em
tumaõ produzir? Em todos os Esta- dian1e , com que se veio a perder
dos, as con~lsões políticas, nasce raõ a renda <le bastante tempo, que ser-
·sempre da falta de dinheiro: ·e esta da via. para pagar os soldos de um Mi-
má administraçaõ , a qual nunca po. litar honrado , de un1 -Professor pu-
de ser boa, quando naõ tem pôr nor- blico, ou de outro qu::tlquer Empre-
·te o interesse publico, e naõ o par- gado, que tenha feito rnai!:l serviços
ticular. ~ E quem negará este defeito ao Estado, e seja mais pobre que
a do actual Ministro? Sin·a-nos de Gordilho: mais e· corno hacle o .Ministro
.argumento, alem dos actos já analysa- 'f>UStentar-se no .Ministerio , e dizer
.<lcs , a Portaria de 4 d' Agosio , em affoitamente que naõ faz caso das nos·
-que S. Ex.ª com o maior escandalo , sas queixas se naõ grn.ngcar á custa
-e como de propozito , para confirmar da Naçaõ o apoio de um Aulico?
-0 rumor publico, <le que a cima fal- Cidadãos Legisladores gÓ YÓs po-
lamos, manda conservar na casa da deis salvar-nos do terri\'el abismo ,
rua do Ouvidor n.º 137, Francisco em que nos vaõ sepultando taes Fun-
Maria Gordilho V cllozo de Barbuda, ciouarios publicas: os seus abuzos e
Gentil Homem da Camara de S. M. I., aberrações cslaõ assás patentes e pro-
pelo aluguel a nnual de 240$000. Mui- vados ~ E Vós no entanto dormis ?
to tínhamos que ponderar a respeito .De g u·e nascerá este vosso silencio?
desta Portaria , e das relações de §e naõ tendt>s fo rça bastante para
parentesco, que ha entre o Ministro manter a digni<laJc dos yossos Repre.
que a referendou, e o individuo nel- sentados , cnlrrõ naõ nos enganeis:
la contemplado ; mas passando em mas; se a coragem ela vossa alma
silencio esta ci rcunstancia, seja-nos iguala á liberalidade dos vossos prin-
licito perguntar a S. Ex.• se o 2 alu- ci pios, vede que cm vaõ trabalhaes
guel desta casa foi posto em praça , por cstabelecclos, se iiaõ acostumar-
como de\' ia ser? Dir-nos-ha que naõ, des a observancia. dellcs os scl'.ls Exe-
mas que foi avaliado no Juiso dos Feitos cutores. Em politica como em mo-
da Corôa e FasenJa. E, ~quem naõ sabe ral é mister uma eclucacçaõ ; só por
como saõ feitas 1aes avaliacões, e co. ella se grava nos corações <los Ci--
mo era de supôr que o fosse a de
J
dadãos o afferro as maximas Consti-
que se trata? 2 Acaso o poder e influen- tucionacs, e o respeito as Leis; e
cia de um Aulico do Imperador naõ sem estas virtudes, a vossa ohra,
era bastante para offuscar o entendi- por melhor -que seja, cair:í infallivel.
mento de miseraYeis Avaliadores, quan- mente, e nós nnnca teremos mais
do o foi para arrastrar o Ministro a do que uma liberdade nominal.
pender. O Sr. Jlfa ia, Relator ela. Com- pl icava a sua. vista para descobrir,
rnissaõ de Legislaçaõ , leu o Parece r mortlcr , e J csafinr a a tle nçaõ do Go-
dado sobre o Officio da supposta. con- Yerno sobre essas pre vericaçõcs: lá
juraçaõ, opinando que naõ era objc- estava o p:itronato ao red or do Thro-
cto da Assembléa, porque o Governo 110 ill udido, e c ub ria tudo com o seu
tem todos os meios marcados nas Leis espesso veo , calu mniando ainda po r
existentes para casos taes ; e posto á cima a p ureza L1a ve rdade com os feios
votaçaõ fo i approvado , e que nesta nomes de mentira, de paixões , de
intelligencia se respondesse aó dito inim isades particu lares, fi cando assi m
Ministro. triunfante a p revcricaçaõ , e opprimi-
Levanto u~se a Scssaõ ás 2 horas. <l a e ludi b ri ada a honra, e a virt ude.
Veio o passa do Ministerio , e so ube
aplicar á Heparti çnõ um ba lsamo taõ
a dequado ú. molestia, que quasi. che-
Em o nosso n.º passa<lo invocámos <Yaram a fechar-se os invetarado.:; can-
<>s Illustres Srs. Deputados, para que ~aros que a tinham qtiasi reduzido aos
nos salvassem do terrivel abismo em ultimos paroci~mos: derramou-se por
que estavamos prestes a cair pelos todos os seus membros um vigor vital ,
abuzos e aberracões Ministeriaes ; e qual nunca tinha sentido: os empre-.
o fizemos com ã'Igum vigor, a<lmira- gados craõ mais exado:3 no cumpri-
r ados do silencio com que , a sangue mento e fi<lelicla<le dos seus deveres ,
frio , se deixavaõ passar impunes tan- e os agentes do commercio menos ou-
tas infracçôes dos princípios Constitu- sados em suas opera~ôes e tentativas
cionaes , e outros procedimentos , com sinistras : porem cessou esse Ministe-
tendencia perigora a barulhar-nos rio, e as melhoras desappareceram, .a
n'um cahos de miserias e desgraças : enfermidade augp1enta-se a olhos vistos,
mas hoje só temos de render graças, voltam os mesmos abusos, e a doce
e derramar bençãos sobre o Sr. Mon- Paz, esta ·virgem celeste , unindo Em·
tezuma, que com bastante coragem , pregados e agentes dos commerci an~
energia de animo, tem feito algumas tes em doira<los vinculos, tem condu-
)nd ic;;i.ções contra varios actos anti- zido áquella Repartiçaõ dias serenos
çonstitucionaes do Ex.mo- Ministro da e de contentamento.;
Guerra e outros: tributamo;; portanto Ditosa condiçaú , ditosa geme!
a este valente Campeaõ das nossas Para que se naõ diga que falla-.
liberdades a devida homenagem dos mos á toa , passamos a referir o se-
nossos louvores, e muito estimaria- guinte facto.
mos que o seu exemplo fosse imitado O Sr. Maycr, Escrivaõ da Mesa
pelos outros seus honrados collegRs, a Grande , servia. de Juiz em o dia rn
fim de que o medo do castigo conte- deste mez; e determinou ao Porteiro
nha áquelles á quem já naõ pode que deixasse sair uma porçaõ de vo-
refrear o simples receio da opiniaõ lumes, sem estarem ainda legalisadas
publica. os despachos destes mesmos volumes.
O Porteiro impugnou , como devia ,
obedecer á ordem arbitraria, e talvez
ALFANDEGA. mais alguma coisa ., do Sr. Mayer ,
tanto pela falta da legasiçaõ dos -des-
Esta Repartiçaõ foi sempre até pachos, como porque era passada a
1821 a cloaca das prevericações e a- hora do costume, e ja tinha saido a
busos mais escandalosos , e de todo o maior parte dos Officiaes, inclusive o
calibre. Era em vaõ que um ou outro Administrador. ~ Que expediente cuida
homem de caracter probo , de cujo o Publico que tomou o Sr. Mayer?
I)umero se pode dizer o mesmo que-- Eil-o aqui: manda a um Guarda que
cantou o Epico Latino - .rlparent rari confira os volumes , e que no outro.
n,antes in gurgite vasto - alçava a sua dia se concluísse o despacho ; o que
voz; em vaõ a jus-ta censura afiava o. assim se executou!!! -
dente ,. e a indaga.çaõ perspicaz ap- Nó3 suspendemo!'! o nosso juiza
( 65 )
por si dilucida o ponto mais intrin- servir ele juslificaçaõ a quem obra mal
cado em casos similbanles. o dizer que assim praticou tambem o
seu antecessor ?
Alem disto n:J.Õ ha paridade de
Resenha. ana!ytica dos Petiodír.os da motivos, ao menos a respeito das cem
Corte, Ja semana passada. barricas de farinha; eutre o facto de
Abril e o d'Agosto. Naquelle naõ hou-
Tis hard fo say , z/ greater want of slcill ve graça. O Comman<lante da Divisaõ
.!lppear i·n writing or ú1 juJging ili; requereo que, lendo-se quebrn.<lo o
But of the two, lcss dangerous is th' ojj'ence forno da Fragata Aslrea , precisava
To tire ow· patience, thcm mislead our scnse. desembarcar a sua farinha para fabri·
Pope. Essay on Criticism. car em terra o paú do consummo da
Divisaõ; o que se lhe concedeo, naõ
O Correio da semana passada vem sendo justo que pagasse direitos pelo
com a correspondencia do costume : accidente de se lhe quebrar o forno,
. ler um , he ler todos, com pouca dif:. e naõ pod e r fabricar o paó a bordo •
ferença: rec riminações sempre as mes- .Kote por ultimo o Sr. .!Jprendiz
mas, sempre incignificantes , e mise- que dar livre de direitos uma ou ou-
raveis, e sempre exageradas contra os tra coisa por motivos que pareceram
ex-Mi·nistros Andraflas, e a Folha vai plausiveis ao Minit:iterio, (o que intei-
andando. Adm iramos tod avia a habili- ramente reprovamos seja feito por
dade com que o Redactor daquelJe quem for) naõ tem comparaçaõ ne-
digno Periodico descobrio o modo <le nhuma com a latitude em que foi con-
publica r uma folha diaria com taõ cebida a Portaria do actual Ex.mo Mi-
pouco trabalho se u: eis-aqui quando nistro <la Fasenda - e outro sim que
bem se verefica o revelasti ea parvulis. em casos iºdenticos naõ se ponhaã embara-
Principiando pois a folhear a cor- ços - : olhe que esta circunstancia naõ
r espondencia do Correio vemos em o he de desprezar.
N. 0 37 contrariada pelo Sr. -Jlprencliz Passando a ler o N. 38 vemos uma
uma carta a:osignada pelo Sr. Payaguá, carta ao Redactor remettendo-lhe, para
e inserta em o N. 0 8 do Tamoyo. Tra- o · publicar, o manifesto do ex-Depu-
ta esta ultima carta de varios erros, tado a Lisboa Feijó, formando-se quei-
e abusos commettidos pelo Ex.mo Mi- xas nella de que o ex-Miiiistro do Im-
nistro da Fasenda, numerando entre perio careterizara ao dito cx-Deputad()
elles a Portaria que ordena se despa - de Demagogo , Anarquista &c. por
che livre de dfreúos o café , assucar &c. causa desse Manifesto. Logo <lepoi:;
pam o fornecimento da Fragata Franceza da referida carta, encontrámos o elo-
.llstrea; e outro sim que em -cacos i"den- gio que lhe faz o Barata, e desde
ticos naõ se ponham embaraços &e. Ora entaõ previmos que o ex-Ministro na;)
muita galantaria achamos no modo com tinha julgado mal. Com effcito uaõ
que o Sr. ./J.ptendiz desculpa o seu sendo possivel fazermos aqui a analy-
Ministro, apontando para defeza del- se daquelle manifesto, dizemos so-
le a Portaria dos Negocios Extrangeiros mente que as suas doutrinas Políticas
de 19 de Fevereiro concedendo livres de saõ pouco sãs, e o seu Author um
direitos o despacho de 8 tubos de chamimé dos partidistas do .systema de fede~
tindos do Havre na. Galera Franceza S. n1.s:aõ.
* ii
( 66 )
l
'NO Diario tlo Governt> n.º 61 vem
úma carta <lc Philoordinis, que merece
5~que de capitaes e ge·nte, naõ esca·
pa á ninguem; mas; ~ tambem é na...
nlgumus observasõcs do Tamoyo, na da na balança o espírito de hostili·
parte que lhe diz respeito, por ser , dade que os Portugue:zes conserv~õ
tlO menos quanto ao Tamoyo i escrita aos Brasileiros , senaó todos os Portu:-
com a polidez dos litteratos, aos quaes guezes ; ao meno:;; grande parte ? ~E'
taõ somente replicará. o Tarnoyo de n ada a improbabilidade de que interes-
<>ra em diante. Bem que In<lio, e pou- ses hostis contribuaõ á consolidaçaõ da
co acostumado aos àrrebiques da a[.. independencia do Brasil? ~E' nada o re-
fectada civilisaçaõ, trabalha o Tanwyo ceio justo, que nos deve causar o des-
por conservar a natu1•al polidez, filha corítentamento dos Portuguezes obriga~
da. banhornia e benevolencia. Espera dos a reconhecer como Lacedemonios, e
:pois o Tamoyo que Philoordinis se naõ até á ceder o leme dos negocios, aos que
agaste pela diversidade de opinões , outróra olh::!vaõ como Elotes? ? E' na·
e até por um reparn qne vai a fazer da o bem entendido patriotismo, que
sobre o nome, com que a:ssig;na. sempre animou os Poriugue·zes, e que
A um lítterato, como Philiao·rJi... naõ poderá cdnsentir desejos da pros-
iiis, naõ sei como escapou a feia mis- peridade d'um paiz quando elle en-
tura <le duas ling-uas na compozlçaõ volve o abatimenta daquelle em que
oc um nome : ,; naõ é isto restabelecer· nasceraõ? Com todos estes motivo:;
o cahos na liitcratura? ~ Naõ podia <le desligamento, 2 como conseguir a
ser a com1)ozicaõ toda Gre()'a?
J o Creio cohesaõ <le Portuguczes e Brasile.iros?
que Philocosmo, ou Philota.r:eo, ou me- ~Como ao menos conceder em igual
lhor Phileuta:tias, correspondia bem a gráo a mesma confiança a uns e ou-
á Philoordinis , e enxotava a confusaõ. tros? Sr. Philoordinis , desejar a uniaõ
Passemos á doutrina de Phi!iordinis , entre Portuguezcs e Brasileiros , é
cm quanto se oppoem á do Tamo110. d'um philantropo; trabalhar para ella,
Jamai5 o Tamoyo pregou, nem é louvavel; crer na sua practicabili·
}Wegará n cxtermim1çaõ de povo al- dade, e pPrfeita c xecuçaõ , ao menos
gum, e rncllos a dos Portuguezes; mas na actual fcrmentaçaõ, é quimera de
uma cousa f querer exterminallos, e theoristas insensatos.
outrn naõ julgar a propozítaJ.o a sua O Exemplo que trouxe dos Esta-
perfeita igualdade em direitos políti- dos Umclos nada vem ao caso; outro
cos com os Brasileiros; ao menos pa- era o systcma colonial da Inglaterra,
-r a todos os casos, e t1urn11te a crise e outro o de Portugal e Hespanha :
actual. A uniaõ é percisa entre os a Incrlaterra contentava-se com mono-
lrnbitantes de um paiz; apregoalla, é polis~r o commercio das colonias , e
trabalhar para o bem do Brasil: ~mas isto com muita frouxidaõ e cxcepções;
é ella facil? ~Quem o podera crer! Os .mas naõ abarcava a legislaçaõ e
Jnales de expatriaçaõ forçada dos Por- governo; embora fosse reconhecida em
tuguczes saõ visiveis; a fraqueza con- theoria a suprcmazia do Parlamento
flequeute do Brasil, com o continuado .sobre as Assemblcas coloniacs, em pra-
( 68 )
fica quasi nm1ca apparecia; ~ia pois sangue csinmgei1·0. Todos 8abe-m queo
·natural que os Inglezes vindo de no- o crusamento das ,raças me1ho ra-as;
vo ás colonias tomassem o espírito da e naõ as d eteriora ; e se da mistura
sua nova situaçaõ; cada uma das co- de sangue viesse o abastardamento 7
lonias quasi que formava um estado f. que se poderia esperar de Portugue-
separado; os seus habitantes era na.. zes em Cl.ljas veias circula o sangue
tural se penetrassem d 1um espírito pro• dos Celtas, Gallos Berbers . Getutos, .!Vü-
prio á taes circunstancias ; foi pot m.idos, Iberos, Sarracúws, índios e Negros?
isso facil a separaçaõ , foi por isso Naõ é prudente injuriar, bem que co-
faci! a uniaõ entre partes já amalga- bertamente, e iujuriar com crasso er-
madas, e que finhao maior affinidade ro philosophico a J\"açaõ, que se quer
electiva entre si ., do que entre os mais conciliar.
elementos , . que se lhes apprese11tas- Mas an:-umenta
o
Philoor<linis em
"i>em. Toda-via ainda ahi houve a pn1- forma para provar o direito, que tem
dencia de sena-õ empregarem os In- os Lusitanos a pertender empregos no
glezes com a prodigalidade com que Bi·asil. Os Lusitanos , diz elle . que
-entre nós se empregaõ Portuguezes ; de coracaõ abracaraõ a Causa do Bra-
um ou outro apenas , um Lce , um sil, saõ" taõ Br~sileiros , como os que
Gates, figüraÕ nas paginas da histo- nasccraõ no Brasil; e como taes po-
ria d'aquella separaçail; e advirta-se dem pertender os empregos. E' falso
que a nomeaçaõ <lo Poller NaciGnal ·e ste raciocino: os nascidos fóra d'urn
naõ podia ser attribuida á parcialida- paiz naõ saõ os mesmos que os nasci·
de. Eraõ Americanos por nascimento dos n'elle, nem a Divindade pode fa.
-que empregavaõ a poucos Inglezes. Aqui zer este milagre : o que se quiz di-
S. M., bem que amado por nós, bem que zer, e no que concordo com modifi.
por nós escolhido para guiar-nos na cações, é que os Portuguezes que a-
grande obra da lndependencia, a nin- braçaraõ a Causa do Brasil, devem
guem escapa que nascido entre os que ser considerados como Brasileiros
por gosto seu saõ nossos inimio·os 0
, é por nascimento; mas taõ sómente os
muito possível naõ tenha de todo morta que de todo o coraçaõ o fizeraõ. ~E
a incl~naçaõ aos seus patricios antigos; quaes foraõ ellcs? Em trez classes se
e duh1 qualquer testemunho de con- podem dividir os Portuguczes habi-
fiança á elles dado se antoll:ia áos tantes do Brasil ; os que se declara·
Brasileiros prova de aborrecida par- raõ â fuvor d a causa da Independen-
cialidade. Longe de mim querer atar cia, os que se declararaõ contra , e
as mãos a S. M., mas repetir-lhe que os que ficaraõ neutros. A primeira classe
a sabedoria política. Lhe a conselha se subdivi<le em outras trez oraens; a
a economia em tacs promoções, fal-o- 1." dos que convencidos da justiça dét
hei com voz de clari1n, e sem cessar, nossa causa e preferindo a causa <la hu-
segundo o conselho da Escritura - manidnde á da sua justa palria, renun ..
clama, ne cesses; e.wlta, quasi tuba, vo- ciaraõ á ella, e se agg1·egaraõ á nós;
cem tuam - naõ é a exclusaõ que pre- a 2.• dos que , ainda que incapazes de
go, é a prudente dispensacaõ , que sentir a nossa justiça , todavia naõ po·
naõ aliene de todo os já de~confiados <l endo abandonar o pmz cm que ti-
Brasileiros. nhaõ propriedades e interesses , se
Sr. Philoorclinis, se naõ nos apre- viraõ forçados a abraçar a Causa, que
catarmos, os males que tem dilacera- naõ amavaõ; a 3.ª <laquelles que naõ
do a Am?ric~ outr'ora Hespanhola. , amando o Brasil, nem mesmo possuin-
·c staõ-nos 1mmmentes; partilhamos com do aqui bens, olharaõ com tudo para
elles , os mesmos sentimentos e ideas; o novo campo, que se abria a sua
cansou-se entre nós o governo antigo, ambiçaõ, como engodados) e antepu-
como entre elles, em desenvolver o zeraõ o seu hem in<liYidual ao geral
scisma entre as Provincias , e entre de Portugal, que lhes naõ tocava tcin-
as diversas raças de habitantes ; eis to; fixando-se , ao menos temporana...
a origem da alienaçaõ por naõ dizer mente, aonde esperavaõ medrar, e
avers~ü., que ile .tem os Emóoyaclas e renunciando á uma patria , que nada
J!rast~eiros, a qual é a mesma que se podia of!erecer de vantajoso ú sua in-
tmhao os Chapetones e Cri'oulos nas an- significancia. Ora cuido que das trez
tig~s colo~ias Hespa~holas. Naõ é pois primeiras classes de Portugue.zes a
ph1!osoph1co , e mmto menos liberal segunda é por si excluída, e a
e prudente, attrihuir ii;to á mescla do terceira , embora, seja tolerada i e ja~
( 69 )
mais p erseguida, naõ será, nem mes- segundo PhiÍoordinis. exc1uidos d.e can-
mo por Philaordinis considerada como didatos de empregos no Brasil. i Quem
os Brasile iros d e n ascimento. Quanto se fia rá nos que calcaraõ os deveres
á prin1eira élasse ·, creio tam bem que p or servir ao interesse ? ~Quem q ue-
é de necessidade faz er distincções. rerá entregar-se nas mãos ele ambi-
P assemos porem a consequencia q ue ciosos , que p ospozeraõ o amor da
tira Philoordinis do seu principio, q ue patría a o desejo de adiantamento e
os Portugue zes t odos estab elecidos no promoções ? Q uanto ao q ue p or p rin-
Brasil pode m pertender todos os em- cípios d e justi ça se nos uniraõ, outra
pregos. . <lev e ser a decisa õ ; saõ dignos de ser
D e ser Brasileiro , se naõ segue empregados no Brasil ; ele taõ nobres
como cónseau encia nec essaria, que se sentimentos naõ ha que recear trai-
possa pertender, ou que se deva a dmit- ç aõ. ! Mas qu aõ poucos saõ estes !
ti e a igual eligibilidade ou nomeaçaõ Em q uasi todos os h omens o amor
aos em pregos pablicos. Naõ ha Naçaõ <la P at ri a toma o l ugar de todas as
·arguma , que naõ annexasse o gozo mais virtu des : naõ é patranha que
d os direitos políticos á; alguma c on- o c oraçaõ sempre nos inclina á fa-
<liça õ mais ale m d a naturalidade. A vorec er os .interesses do nosso paiz ;
1nglaterr"a, a Fra nça &e. , exigein c er- é antes verdade ant ropologica , é
to ren dimento t irado d e propr iedacle sehtimen lo natural, bem que robo-
pura ser-se cidadaõ perfe ito ; e q uan- rado p elag instituições polí ticas : no
do se naõ poss uc este re q ues ito , ape- mcio d as cleli cias da ilha de Circe
}>ar de ser-se cidadaõ Inglez ou Fran- olhava o he ro e d a Odissea com sau-
cez, se naõ pode occupar ce rtos luga res d ade p ara o fumo , q ue se erguia <la
<.le confianca Nacional. Ora sendo isto p eq ueua e agreste Itacha. R eleva naõ
c om os Ti-iesmos nascidos n o paiz ; te r folheado o coraçaõ hu mano para
i. como naõ seria abs urdo soltar os 1gnorar lima verdade taõ comnrnm ,
nova1nente aggrcgados das peas, que e q ualificalla de patranha. Ainda bem
ligaõ os nativos ? Em Genebra os que naõ é patranha essa caridade
naturalisados, que se dominavaõ ha- q ue nos acarinha a patria ; é esse
.f; i.ta~1tes; e nem mesmo oB seus filhos, sentimento que ennobrece a nossa na-·
q ue tinhaõ o nome de nativos , goza- tureza, foi o que distinguio os Gregos e
v a õ em toda a plcnetude d os d i re~· os Romanos, o que ainda distingue os
tos politicos; e1·a perciso que na se· povos peninsulares, H espanhões e Por-
gundn. geraçaõ ~·tdquirisse o titulo de tuguezes; e que jamais será por mim
har,çuezes, e com elle o iuteiro gozo d'es- censurado, embora difficulte a amalga-
ses° direitos. O mesmo succecle na Ingla- çaõ com nosco dos Portuguezes mais
terra., aonde tanto aos naturalisados, honestos. Existe pois, e para mostrar a
como ainda á seus filhos , é vedado força da sua acçaõ naõ foi mal tra-
o accesso á certos cargos de confian- zido o exemplo de Themú tocles. O
ça, como Representante Nacional , Tamoyo naõ ignorava que o fim de
Conselheiro privado &e. Thernistocles era contestado, como
Em regra para occupat-se etn· muitos outros pontos da Historia anti-
pregos é mister ter-se aptida õ , e ga; mas segui o a opiniaõ mais geral,
güzar-sc da confiança da Naçaõ. Ora apesar do testemunho tle Tucydide!.
os Portuguczes , tanto os neutros , co· Plutarcho, que com quanto seja pouco
mo os hostis, ninguem dirá que go· exacto no que diz respeito a historia.
zaõ da confiança do Brasil; e sendo Romana, é todavia grande authorida-
por ne cessidade excluídos, restaõ taõ de em historia Grega, lhe servio de
sómente os que abraçaraõ de coraçaõ guia. Seguindo pois a opinia0 domi-
a Causa da Independencia. Cuido eu nante, é uma prova irrefragavel da
que é inàubitavel que, os que o fize- força elo sentimento que nos inclina á.
raõ guiados pela simples atnbiçaõ, e; favor da terra em que nascemos , a
naõ por amor da causa , e muito mais resoluçaõ do heroe .!ltheniense ; que
og que forçad os pelos seus interesses prefere a morte a debellar uma pa-
deraõ um consentimento temporario , tria ingrata; embora tivesse sido aco•
e que pode acabar, assim que com lhido ' honrado ' e eilrequecido pelo
segurança possaõ abandonar uma cau· Rei que exigia os _seus serviços co?--
sa, que cntojaõ ; naõ abraçaraõ de tra ella. E' verdade que naõ havia,
coraçaõ a causa do Brasil. E se lhes communidade de origem entre Persas
falta esta c"ündiçaõ , e~taõ mesmo , e Gregos, e que a. ha. entre Lu$ita"'··
t; ii
( 70)
ao comprirlo, branco sem côr., o.u qua- por Lei , e reJuzida á um systema
Bi livi<lo, signal de pouca v1tal1da<le , pelas Cortes de Lisboa, appres,;;araõ
e de um phi5ico fr::i.co e dcbil; barba o momento <la nossa emancipaçaõ.
iwntuda ; boca rasgada, on<le nunca Proclamou-se a lndependencia , e o
~~pparecia o ri~o, á naõ ser o ~anl~- Jmpe l'io. A maior parte da Naçaõ ,
1lico; por nariz uma escrecencia afi- ulcerada pela <lolorosa lembrança de.
lada, devida ás excavaç0es lateraes .seus opprobrios , e infortunios passa-
élas faces, que lhe ficavaõ adjacentes; dos, agra<leceu , e abençoou o ente
olhos pequenos e egipcios, noE quaes benefico, que se haYia alllicipado aos
se observava a vivacidade maligua <lo seus <lczejos; seu contentamento , e
tigre , misturada c:om a manha da ra- jubilo naõ teve limites; e este Jia fa-
posa; orelhas grandes , e levantadas , rá cpoca no8 annaes da historia Bra-
como as <lc burro; cabeça pequena, silien se. A penas entrado o Brn9i} no
indicio de poucos miolos, o que in- catalogo <los Esta<lo3 liues, e iI1Cle-
culcava nulli<lade de ideas, e, segun- pell(lC11te.s, naõ escaparaô á pcrspica-
do a theoria de Gal!, uaô implicava cia <lo Governo os 11ovos embaraços,
com o orgaõ da astucia, ou -relliaca- e tropeços , que elle enconttava _e m
ria, ordiuariamente geral , e muito de- s ua marcha; fructo Jn. constante op-
cisivo em similhautes anirnaes; na par- posiçaõ de dillcrentcs partidos, e por
te superior, abobedada cm ar de b~r isso lhe foi mister redobrar de ener-
rete chinez; o todo era um esquele- gia para comprirnil-os. Achava-se a
to delgado, e comprido, que, ou se Naçaõ dividida em <lua3 secções; a
movesse , ou se conservasse em re- V, composta tla quasi to1al idnde dos
pouso , nunca podia guanlar a per- habitantes do lmpcrio, queria, e ap-
pendicularidade, que a natureza con- provava a scparaçaõ; a 2.• fraca , e
cedera á animaes da sua especie; e diminuta , era amiga desvelada da
se acaso marchaYa de um lugar para uniaõ com Portugal. O partido separa-
outro, seu movimento E:ra taõ vagoro- tista se subdi;·idia em absolutistas ou
so, e forçado, que as partes, ou mem- corcundas, em constituciorwes, e em exa-
bros, de que. se compunhanha o cor- gerados ou democratas: os primeiros pro-
po, pareciaó desligar-se, ou solta r-se curaraõ a sua segurança , e abrigo
uns dos outros. Tal era um dos Sim- debaixo da sombra dos segundos; uma
plicios . de qnem conservamos ainda parte <los terceiros, verdadeiros <luen-·
vestic;ios: se o author da carta se lhe <les em politíca, augmeniava o n. 0 dos
assemelha, naõ nos admiramos da sua segundos, ou conservava-se unido aos
lembrança de emprestimo; e só sim terceiro~ , segundo a força parecia
<le que taõbem se 11nõ lcmbraEse de passar de nns para outros. Todos que-
impostos pessoaes , ou sobre a vida riaõ a ln<lependencia <lo Bra;;il; po-
humana, como capitações , e de uin rem· os primeiros com a Monarchia
papel moeda Jo Estado, idea mui fe- absoluta; os segundos com llma Cons-
liz, e propriissíma, particulnrmente em títui çaó Monarchíca , fon<lada nos
uma epoca, em que o Thesouro pa- principios de uma liber<la<le j11sta, e
rece ir perdendo todo o seu credito. bem entendida ; e os terc~iros , ou
dividü1do-o em Estados federados ~
Golpe de vista rapido sobre o estado ou dando-lhe uma Constituicnõ , na
da Corte e lmperio. &e. qual o Monarcha fosse um~ postula-
do gratuito e sem forca , um ver-
A virilidade , e o gráo de força dadeiro fanto~ma , com'o o de Por-
e luzes, a que o Brasil havia chega- tugal. O partido da uniaõ ~ denomina-
do; a natureza, que havia separado do ch11mbista , podia em theoria pre-
os dous continentes por longo espaço tender as mesmas subdivisões, que a
<le már, e continuamente exprobrava primeira; mas na applicaçaõ tinha um
aos Brasileiros sua criminosa aquies- fim unico, e '°inha a ser, a desgraça
cencia á uma uniaõ forca<la, artificial, do Brasíl: por que, qnal quer que
e nociva ; e sohre tmlo a oppressaõ seja a forma constitucional , que se
de trez · seculos , e esta consagrada lhe d~, ligado a Portugal nunca po-
( 73 )
oerá medrar' e terá sempre de so- disparatados: ~que podem fazer, os,~
frer , o u pela interve nçaõ do seu p o- ·p oucos constitucionaes" q ue por uma
de r e r iquezas nas questões <l'aquelle contradicçaõ inexpl icavel ficaraõ, ou
c om os dive rsos Estados da Europa , novamente enlraraõ? ~ Que se deve
o u pe los tra tados exclusivos d e com- espetar de dous, ou trez pontos na
mercio, q ue entre si fizerem, semp re imrnens idade de chaos? Que sejaõ
<lamnosos ao Brasil, vasto, rico, e de subvertidos na desordem universal. E
progressaõ c rescente, e scrnprí! fa.vo - com effeito , os envencnaclos presen• :
rave is á Po rtu ga l peque no, pob re, e t es, que a Naçaõ tem colhido das
já decrep ito. Entre os homells, que rcferidas mudanças, saõ alguns perio-
fo rmavaõ ns duas precitadas secções, distas as salariados para perverterem a ·
e s uas respectivas subd ivisões, desco- opiniaõ publica, e encetarem reputa-.
briaõ-se certas a lmns de lodo , para ções estabelecidas; novos funccionarios
ctuem era absolutamente indifícrcntc superfluos, e sem r e presentaçaõ; leis ;
o futuro destino politico <lo Bras il , sem realidade; intençõ es sem effeito; 1
e que só linh aõ em mira a conserva- vontades se m instrum en to; e uma ma-
çaõ das suas . fortunas, ordenados, q uma <le Governo mont ada naõ para
-pensões , ou o acrescimo de novas. reger a sociedade seg undo o voto
Estes formavaõ como uma terceira geral d 'ella, mas para inva<lil-a, e ·
secçaõ unica , que com propriedade precipitai-a em um abismo de males i
se pode chamar partido neutro,, ou e por ultimo o susto, a desconfiança .,
do ventre ; partido sempre inerte , e o estupor pintado em tod os os
menos para o ídolo vil do seu inte- semblantes , e entranhado em todos ·
resse; partido, de que se scrviraõ os o corações.
feroz es Jacobinos nos dias aziagos da Os factos, que resumidamente
revo luçaõ Francesa , para afogar o passamos a ennumerar, serviraõ de con-
terreno <le sua patria. no sangue de firmar estas verdades . Embarcações
seus concidadãos. Portuguezes hoje isentas de seq11estro ,
Em quanto o p artido Constitucio- e amanhaa sequestradas ; ou n'oulro '
nal dominou no M inisterio, e este , dia admittidas por fr a nquia; barcos
fortificado pela maioria <la vonta<le da mesma N açaõ a prezados pela for- ·
Nacional , teve de lutar com os outros ça maritim a do Impe rio, repulados
partidos des unidos; lutou com van- má preza por se nt e nças escandalosas;
tagem forçando-o s ao silencio ;· pros- vasos de guerra inimigos entrados nes-
peraraõ os negocios do Imperio, e o te porto , sem que as nossas forlale-
lmperio mereceu o respeito , e con- sas lhes oppozessem o mener obstaculo,
siderações da Europa admirada ( leaõ- e n'cllc conservados, e os Com man-
se os escriptos do tempo, e ver-se- dantes , que assim obraraõ, nem se .
ha gue nossas asserções naõ saõ ex- quer recolhidos, e cast igados; ver-
tremadas): mas quando, depois da insta- dugo s da Naçaõ transformados em seus
taJaçaõ da Assembléa, os exagerados de- d efen sores; homens, ou ineptos, ou
Taõ o passo errado ele se unirem, e refor- improp r ios, ou carregados do odio ,
çarem com os chumbistas, e neutros, medi- e ma ldi caõ do · seus concidadãos, no-
da sacrilega, que oxala naõ ensanguen- meados' para servirem em Províncias,
te a nossa Patria, e da qual um di a, que talvez os naõ recebaõ; outros,
poré m já tard e , se arrependeraõ os que haviaõ abandonado os empregos,
democratas honrados, e honestos; e um que occupavaõ nesta Corte, por naõ
.anel mui essencial da cadea admi- abraçarem a Causa do Brasil , e por
nistrativa se uni o á elles , fenomeno isso muito perigosos, na sua volta
politico realmente inaudito na his- restituídos immcdiatamcnte ás suas
toria das revoluções do mundo: en - antio-a;; occ upações ; alguns, que ha-
taõ os Constitucionaes, reduzi<los ó. viat entrado no serviço de Portugal,
minoridade , foraõ supplantados ; e no seu rerrresso naõ só reintegrados
compoz-se o Ministerio, e todas a;; nos cargosº, que haviaõ perdido ,
repartições da Corte, do incomp re- mas até reputados , durante a sua au-
h ensiv el amalgama de elementos taõ ~encia , em commissaõ , e por isso
* ii
( 74 )
pagos -<le todos os seus ordenaJos; gressivo na renda pnblica sem appli-
-novos empregados para as differentes caçaõ, que possa h.rp ot hecar-se para
Secretari-es d'Estado, e p ara o The- segurança da sua amorli zaçaõ, e juros.
souro; novas sob.revi vencias, ou ex- Quanto á prim eira parte, naõ pode-
·pectativas com ve ncimentos n' Alfan- mos adivinhar quaes as novas des pe-
<lega e outras Repartições; despesas sas, a que se deve occorrer; por
snped1uas na l.ª; aireitos de expor- quanto .-vemos o lmperio por ora em
'taçaõ , e importaça-0 , per<loa<los con- .p az com todos os E sta<los , á excep-
tra a Lei; prec.lios publicos arrenda- çaõ de Portugal, qu e por sua cadu-
dos por menos <lo seu valor; Yalores cidade, pequenhez, e conhecida fra-
.nacionaes ou deixados no esquecimen- <;JUeza na.da pode contra nós; vemoi
to para pwveitos particulares, · ou ne- as nossas Províncias livres de invaso--
gociauos com quasi certeza ele pre- res, á excepçaõ da Ci splatina ; ora. se
juízo; certas rendas ou supprimidas por- pudemos s0ccorel-as todas, e pol-as
<JUe deve-d ores poderosos deraõ o perne- em estado de defeza, e por ultimo
cioso exemplo de as naõ pagar, ou sacudir os Lusitanos <le Pernambuco
minoradas já porque o povo dcscon- e Bahia , ·sem o referido empreslimo ,
fiado se 'recusa ao seu pagamento, ~como naõ será possível ao Governo,
Jª porque os encarregados da sua uma vez que naõ seja descui_dado no
arrecadaçaõ recêaõ forçar os contri- .i desempenho de seus deveres, e com
buintes -pelos meios da Lei; outras, mingoa.do dí spendio , livrar lambem
cuja lei <le crescimento em certas cpo~ Monte-vídeo do punhado <le Lusita-
cas do anno é sabida e constante , nos, que lá ex ist e, e p or conseguin-
proporcionalmente menoTes pelos de- te acabar uma guerra inteiramente
foitos do antigo regimen hoje reno- alh~a <la que deu origem á federaçaó
v ados; reservas dos cofres particulares da Provincia Cisplatina com -0 lm-
<Io Thesouro reparti<las por certos perio ? ( Queremos suppor com o Sr.
icredores favorecidos com exclusaõ da Si"rrplicio, que similhante guerra fos3e
maior parte, e escandalo de todos; Injusta no 'Começo; mas hoje que
\lm cambio finalmente cada vez mais esses povos se achaõ ligados á nós,
baixo, terrivel presagio de proximas abandonal-os ao seu fado seria faltar
desgraças; e por uma singularidade á boa fé solemnemcnte jurada, . o.br:u-
nuuca v1sta, as nossas producções contra a dignidade e dec0ro da Na-
<Iimínuindo do preço no mercado, ou çaõ Brasileira, expor o lmperio á
naõ achando compradores: eis o que guerras continuas pela perda voluntaria
nos offerece a historia do Governo <los limites rmtmaes, qu e nos submini~
actual , cxtraida dos Diarios do Go- . trou similhante federaça.õ, e procecl er
l'erno , e outros p apeis publicos do contra todos os dictamcs <la saã politi~
dia. Grande Deus .! j qual será o futu- ca ). Quanto porém á seg und a parte ,
ro destino da nossa Patria ! 2 Sera isto é a uma boa administrnçaõ da renda
possivel que naõ seja dado á sabedoria publica, e ao acrescimo d e algumas, que
humana o salvar-nos, porque mesmos podessem servir de hypoth c:·ca , já mos-
nós somos incapazes de concorrer para trámos, que naõ havia nem hurna, nem
a nossa regeneraçaõ ? Naõ o cremos. <:>utra pela criaçaõ de novas despesas
Tal é -0 quadro bem que funebre , superfluas, pelo renascimento dos an-
porém naõ exagerado, da nossa si- tigos abuzos, e conhecido descuido
tuaçaõ; j e é n'es te es tado que o Sr. na applicaçaõ do emprego dos dinh eí-
Simplicio se lembra <le um empresti- ros Nacionaes; pela suppressaõ de
mo contraido em alguma Praça da certas , re ndas minoraçaõ de algumas, e
Europa! Vejamos se clle é possi\ie} , <liminuiçaõ relatiY!.l no progresso rr ra-
ou ao menos necessario. O recurso dual de outras, amargos fructos t>dos-
dos emprestirnos, hoje adaptado por e rros do Governo actu~al, e oa <les-
muitos ~s ta~os, presuppoem despezas confiança popular : e esta verdade
extraordrnanas e urgentes á fazer , tambem parece reconhecer o Sr. Sim-
uma bo~ admínistraçaõ fiuanceíra, e plicio, 9uando por muitas e solidas rasóe$
consegumtemente um augmento pro· q~e deixa no tinteiro , pede que
( 75 )
quento antes . se lance maõ de contri- das Tropa5 Lusitanas, tcrminaráõ e·m
buições directas &c. ~ mas se a N açaõ breve , se o Governo puzer todo 9
oppoem uma resistencia silenciosa e seu esme ro em ultimar este negocio;
c~nstante ao pagamento de antigos 3.º que foito ist9 11aõ pode haver re-
tributos, como quererá prestar-se de ceio de fallencia, uma vez que se
'bom grado ao pagamento de novos? consigne reoda sufficiente para o
Do que deixamos dito, segue-se que infallivcl pagamento <los competen-
no primeiro caso o emprestirno naõ tes juro::i: é assim que practicaú os
é neces&ario , e no segundo naõ é Estados da Europa bem governados,
possivel; queremos dizer, ficará e m e alguns devedores aos seus Bancos
}déa, ou projecto , como succedeu a d~ enormes somm.as; os juros saõ re-
Portugal, que nunca realisQ u o seu. ligiosamente pagos, nenhum , que sai-
Suppooba.mos com tudo por um bamos, tem quebrado pela falta de
jnstante que o imprestimo se podesse soluçaõ do seu capital; demais se a
realisar: que ganharia com i.sto o estreiteza do nosso periodico o per-
E stado? Mudaria de credor Nacional metissc , talvez nos fosse facil demos-
para credor Estrangeiro; e. como de- trar , que nas circunstancias actuaes
vedores dolosos , e de má fé só po- é a divida do Thesouro, quem escuda
dem negociar com capitalistas usura- o Banco, uma vez que aquella naõ
rios, e por meio de agentes do mes- nugmente , e pague exactamente os
mo estofo , por mais que o Go\'erno juros; 4. 0 e ultimo: Queira a Assein-
jntrigasse, e corrorn pesse , o intc:res!!e bléa consolidar, e firmar quanto an-
da iniquidade individu.a l sairia vence- tes o Imperio nascente por meio de
dor de similhante luta , fazendo pa- uma Constituiçaõ, fundada nos p1·in-
gar centuplicadamente os seus favores; cipios gcnuinos de uma justa liberda-
no fim· de contas achar-se-ia o The- de , e conforme com as vistas e inte-
t5ouro do Imperio gravado de uma resses da gran<le massa Nacional,
oi vida muito maior do que a antio·a' perante cuja imrnensidade e força saõ
Ghrigado á pagar juros tal vez mbais pontos indecifrave.is os poucos indi-
avultados, tendo alem disto engorda- víduos, que se conhecem, de ideas
do com os cambios e premios o vertiginosas , e desorganisadoras; tra-
agente principal, e secundarios , do balhe o Governo por ganhar a con•
.refcri<lo emprestimo, como po_r exem- fiança perdida da Naçaõ; eme~<le,
plo, o Sr. Simplicio, seus parentes, e e corrija as faltas, em que tem cmdo;
arpigos, que de certo qucreriaõ, por supprima toda a despeza superflua;
caridade , · incumbir-se de taõ provei- -ponha termo á todos os abusos ; ad-
tosa tarefa. ministre , e arrecade desvelado a ren-
i Que responderá á tudo isto o da publica; fiscalise o emprego d'ella ,
Sr. Simplz'cio ? Que a divida do The- como proprio; e estamos certos, de
~ouro ao Banco augrnenta annualmentc, que sem maior esforço, e sem alterar
·sobre tudo pe1o :;aque mensal de ·50 o antigo destino da maior parte das
contos ; . e que se esta naõ for paga rendas, poderá applicar para o paga-
·q uanto antes, está no risco <le fozer mento dos juros <la divida do Bancq
uma banca rota; e nos replicamos , toda a importan~ia dos diamant~s,
·que o Ministerio passa<lo, apesar da <le 3 ou 4 mil qurntaes de ráo-bras1l'
·sua 1'.mpericia • naõ só teve o cuidado e da barbatana, que annualmente se
·ele naõ contrair novos imprestirnos com ' 'enderem; todo o producto annual
o BaIJco, mas até o alliviou de an- dos l mpostos esta bellecidos pelo Al-
'tig~s, como da compra do cobre, vará de 20 de Outubro de 1822; e
)13gamento das ferias para o trabalho até duplicar a co11signaçaõ mensal,
das chapas, e de certas pensões que que actualmente lhe paga pelos ren·
elle pagava por conta do Thcsouro; dimentos d' Alfandega: com a som ma
'2 .º que já cessou o saque d~ 50 con- de todos estes valores terá de sobra
tos mensaes, com que suppna, e que para a soluçaõ :inmial dos juros. Era
as-poucas despesas feitas com as Tropas isto, o que havia com~çado á fazer?
Nacionaes, encarregadas da cxpulsaõ Minis te rio passado, e Julgava de fac1l
**
( 7.6 )
cionistas. Na terceira fez vê.r á Junta, saõ no que disse quanto aos àou~ a,.
que uma Acta da Assembléa Geral ctos Legislativos , que fizeraõ o ob-
naõ podia ser alterada , seoaõ pela jecto das nossas observações_; tem. ain-
mesma Asscmbléa na forma do § 15 da menos rasaõ, quando increpa e
<los citados estatutos. Em todas estas argue os .!lndradas de se metterem á
Portarias o ex-Ministro teve em mira Legislar sem approvaçaõ da Assem-
ª conservaçaõ e prosperidade deste biéa; por quanto, naõ estando esta
estabelecimento , e a religiosa obser- ainda installada, o poder Legislativo
vancia <la Lei da sua criaçaõ, sem se achava depositado nas mãos do
atteoder ás intrigas dos Aulicos. Se Monarcha; e a nova situaçaõ politica
estas medidas impediraõ a continuaçaõ do Brasil requeria medidas efficazes,
àe emprestimos insensatos, ou exclui- e que naõ podiaõ admiltir demoras. ,
raõ da Direcçaõ do Banco homens Declaramos finalmente, que, fa-
que anteriormente haviaõ tanto con- , zendo justiça aos acertados prcicedi-
corrido para a sua ruína, e estes eraõ, mentos dos .llndradas, só procuramos
ou amigos., ou parentes· do Sr. Sim· render a homenagem devida ás suas
plicio, tenha pacicmcia, por que a Lei, luzes, e á sua probidade; naõ é ser-
e o bem publico assim o exigiraõ. vilismo, quem nos obriga a tanto,
Continua ainda o Sr. Simplicio a porque nem nós precisamos dos seus
cevar o seu encarniçado odio eontra íavores, e quando precisassem.os, el-
os .llndradas, e a vociferar contra el- les naõ tem riquezas, nem poder:
les , por haverem mandado observar demais elles se mpre recusa raõ elogios,
o ine:cequivel Tratado de Commercio assim como hoje desprezaõ as insul-
com :i l nglaterra; e nós só temos de sas, inepcias, e grosseiras calumnias
lhes render agradecimentos por medi- do Sr. St'mplicio, e outros miseraveis
da taõ assisáda l." porque a Indepen- c.Jusdem pu1furis ; e seguros da sua
dencia do lmperio , ou sua nova si- consciencia, apel)aq para a posteri-
tuaçaõ, naõ o desonerava da obrig·a- dade, que naõ parti cipa das paixões
çaõ de guardar um Tratado, que. ha- corrosivas dos contemporaneos, ou pa-
via abrangido tanto o Brasil , como ra o tribunal dos homens sabias , e
Por.tugal; 2.0 porque seria um erro irnparciaes <las Nações cultas da Eu-
crasso em politica offender., ,e descon- ropa, cuja competencia reconhecem.
tentar pela sua inobservancia a pri- Temos concluido a analize da carta.
meira Naçaõ maritima, o que talvez do Sr. Simplicio, taõ mesquinho em
chamaria sobre nós uma segunda guer- miólos, como mesquinho em ideas.
ra, bem funesta nos começos da nos-
sa emancipaçaõ. Demais os Estados
ligaõ-se, ou separaõ-se, os homens á .11 dver!encia.
testa do Governo desapparecem, ou
morrem; mas op Governos, e o que No Tamoyo de terça feira N. 0 17,
elles fizeraõ , d1:1raõ, e conservaõ-se , de 30 de Setembro, pag. 68, coluna,
porque, á naõ ser assim, ninguem es- 2.• , lin. 40, onde diz: e preferindo a cau-
taria seguro , nem os Estrangeiros , sa da humanidade á da sua .Justa pain;a,
nem os Nacionaes. deve ler-se , e preferindo a caitsa da
Naõ tem pois o Sr. Simplicio ra- humanidade á da sua injusta palria. ·
, Resenha mwlytica dos Periodicos da mos 11Jl!ito alto , e muito sàbio sao as
Corte , da semana passada. Porta~·i~ s J _w; difTc re11tcs Repartições
do M1mslcrio; ne m hav erá quem por
Tis ~1arrl to say , if grw.ter want ó/ skilÍ tanto 011'-1: negar-lhe aquelles epithe-
.flppear in writiug or in jtldging i/L; tos que parecem com11etir-lhe de di-
B<it of the lwo, Less dangerqus is th' ~/fcnce rt:ilo.
To tire our patience , than mislead our sense; Ora pois, salisfeito, como suppo-
Pope. Essay 01i Criticism. mos que deve L :ar o tal censor, pas-
semos a uma ~arta do Doutor De Loy,
que se acha rnse rta e m o N. 0 69 da-
PRincipiamos as nossas ultim<is re- quelle Perio(lico. Mr. De Loy fazendo
senhas pelo Corn~io do Hio <le J aneí- reca pitulaçaõ de varias cartas que tem
ro , em testerilunho da particular at:. escripto, diz estabelecera cm uma
feiçaõ que_ lhe consagramos; hoje po- <lcllas que o. guerra contra a Hcspanlia
rem esüimos resolvidos a seguir nova rwü era aggres:;aõ , mas uma defeza le-
Jiiarcha ~ levantando humilde pensamen- gi lima contra crenças ú1imigas de toda a
to ao muito alto, t muito sabio Dia- Conslituiça.ü racianavel. j Ora quem havia
rio do Governo <les ta Corte. Parece- <le pres umir chegasse um tempo em
nos estarmos prese nciando um destes que se désse a a~gressaõ o modesto
censores do tempo , d es prendendo um nome de defoza, e vice versa! Decerto
sorriso sa t<lonico, perg untar-nos donde naõ foi com os argumentos de Mr.
derivamos similhantes epithetos <laquel- De Loy qu e Mr. Villele fez rosto á
le Diario, q uan<lo elle só offerece aos opposis:aõ. Se a França receava o
seus leitores noticias q11e já tem bi- sys tcma. P?l!tico Peninsular, se julga-
chos. ·Sim, Sr., tu.do isso vemos, e va pr<'Jmhcial aos se us verdadeiros
ainda mais alguma coisa: repare V. m. interesses a intro<lucçaõ <lelle no seu
que todas essas noticins saõ a favor <la interior, que se acautelasse pondo cm
.injusta invasa õ dos Francezes na Hes- pratica todas as medidas que corll'e-
panha: re pare que os Constitucionaes 11i cn tcs lh e pareces:iiem; mas cnlrar
deste Reino (desgraçados!) ainda naõ com maõ annada em uma Naçaõ e~
alcançaraõ uma oÓ victoria: repare trnnh a para dar cabo desses princí-
que rrnnca appereceo ali o Manifesto pios que a Naçaõ professa , será
Je Fernarúlo VII., nem a entrada do sempre uma aggressaü, cm quunto <le
Wilson , e as suas proclamações; fa- todo se naõ ~ubvertercm as i<leas que
cto taõ importante á liberdade Ja P<'- costumamos fixar aos Yocabulos.
ninsnla, como a acquisjçaõ do Lord Quer Mr. De Loy provar que a
Cochrane á .Independencia do Brasil: Hespanha naú hc aferrada ao absurdo
,porem o motivo porque lht> chama-
1 codigo das Cortes, e para isto argumen-
e ªº )
fa com o acolhimento prestado ao e:cerci- bilida<le dos Ministros e liberdade da
to libertador desde o Bidassoa até Cadix, imprensa apezar <lo grito dos Perio-
isto he desde uma á outra extremida- dicos, quantos actos anti-constitucio-
de da Hespanha. Bem se vê que o naes , e quantas inj ostiça s nc1õ te m
argumento he- contraproducente, e cau- praticado , naõ o Monarca porque es-
sa compaixaõ. Se a Hespanha naõ he te lie inpeccavel e como tal inviola-
aferrada, como Mr. De Loy affirma, vel, porem aquelles que parti cipaõ,
á sua Constituiçaõ , 2 para que foi lá e em quem está dele gado a sua élU-
esse exercíto? 2 Naõ podem outros mo- thoridade? Quanto á preci saõ de No-
tivos ter dado causa a esse acolhi- breza, tanto mais nos conformamos.
mento talvez forçado? 2 E como con- com a opir1iaõ daquell e escrítor, quan-
cordar esse universal acolhimento que to mais c01w enci.dos estamos com o
diz ter encontrado o exercito Francez illustre Montesquieu de que faltando
com as novas levas que em França se ás Monarquias a virtude , base d as
estaõ fazendo? Democracias, he naque!Ies Gove rnos
Parece-nos que se engana Mr. De a honra a mola real das accões do
Loy quando cliz que lrn Puhlicistas Cidadaõ. _,
nossos que portenclem transplantar para O Diario N. 0 73 torna-se summa-
o Brasil ou a Constituiçaií lnglc:a , ou o mente importante pela natureza dos
Codíga Publico dos Paizcs BaiJ.:os, ou a documentos que contem; mas nota-
Carta Franceza. Se bem nos lembramos mos em as No tas do nosso Mini ste rio
esses Pu blicistas propozeram que sim dos Nro-ocios
o Estrarwciros
o urna sími-
se adoptassem com as modificações Ihança notavel entre o estilo e i<leas
.
necessarias , attenta a differenca das
..)
ali exaradas, e o estilo e idea s que
c01sas. se e11contraõ efn os pnpcis do passa-
Quanto ao resto desejaremos que do M ini ste rio. O' insigne Pythagoras ,
Mr. De Loy desempenhe bem as mui- tinhas ra.saõ quando prcgaYas á mo-
tas, e mui uteis coisas <pie promette, cidade <le Crotona o <logma da me-
e nos instrua desta sorte com os seus t.hempsicose: sim ja cremos , ja cre-
estimaveis escriptos. mos na transmigraçaõ das almas!
A carta assigna<la por Um Libe- Apezar <lesta similha11ça de estilo
1'al, que se lê em o N. 0 71 do Dia- e de ideas, duas coisas observamos
rio , he a justificaçaõ das doutrinas que nos naõ parecem filha s da Polí-
dos antigos correspondentes delle , e tica que dictou o resto: he uma del-
defeza dos ataques que lhe tem feito ]as o dizer o Mini sterio que todos os
Correios e Sentinellas de Pernambuco. esforços que Portugal fizer para arre-
Na verdade naõ vemos por qual mo- dar este Irnperio dos fins que tem
tivo mereça o Diario o titulo de in- solemnemente proclamado , seraõ in-
fame, como os Redactores e Corres- fructuo sos , muito mais com a superve-
pondentes destes dois ultimes Perio- niente forma de Governo absoluto a que
dicos lhe tem chamado. Se as doutri- voltou, quando a forma do G º'"erno de
nas que elle publica saõ más, com- Portugal , seja e lla qual for, jamais
bata&-se; o contrario he <lescer a ac- pode influir, nem crlh"ar c m conside-
ções inteiramente indignas da gravi- raçaõ no caso presente : h e a outra
dade do Lyceo. Quanto ao pugnar o o naõ querer S . .M. l. acccitar as car-
author da carta pelas mesmas ou ain- tas ele familia que trazia o Conde <lc
da maiores attríbuições, do que goza Rio Maior. Este proce<l i mento he con-
o Reí de Inglaterra , para o Monar- tra a natureza , e c m Portugal úaõ
ca , naõ duvidaríamos conformar-nos deixaraõ <l e tirar daqui por corollario.
com elle, u~a vez que nos indicasse que S. M. I. está coado. quando to-
o meio do Monarca naõ po<ler abusar dos sabem a compTcta libenla c.1c <le
de taõ amplas faculdades. Dar-nos-ha que goza em. todas as suas accõ cs.
3
talvez a responsabilidade dos Minis- A ccresce mais que estas cartas rias
tros, e a liberdade da imprensa em actuaes circunsta11cias dcviaõ conter
penhor da conservaçaõ dos direitos <lo coisas relativas ao estado pt·esente do
Cid~adaõ: mas apezar dessa responsa- lmperio, e nesse caso a lem de con-
( 81 )
.J
J
( 8... )
deve ser hum ; naõ sei como se me guintes rebater tudo quanto se opoern
aninharaõ na cabeça Inglaterra, e ao Tamoyo.
Hanover, que sempre os tenho pre-
Carta de Joaó Claro a seo Compadre nos, e abraçar a muita gente que dezcjg-
B raz Escuro. rias afogar. Eis a razaõ por que certos
homens sa bios , e honrados naõ podem ser
liberaes na fraze do tempo • pois ja naó
de perguntas, tneo querido Escu- tem, ou se :J tiveraõ , se diz agora que
ro? Para responder-te naõ basta uma car- perderaõ a /lura popular, apezar de con..
ta , seria precizo um carta pacio. Mas va- tinuarem a ser bons Pays, . bons. Maridos ,
mos por partes; pois de graõ em graõ en- bons Magistrados . e bons Cidadãos. Eiles
che a o·allinha o papa.rraõ, <liz o ditado. sei-aõ sem pre reputados àespotas, por mais
1/' O que he Opiniâú publica? Respon- que amem a Patria, e . as Leis.
do: opiniaõ publ1ca, ou publicada , que 3.ª E qu e he bu'm Despola ? He
entre nós vale o mesmo. he quaJqoer ca- hum homem algum tanto tezo, e imperti-
lurnnia, asneira, ou inepcia má que sahe gado para 03 facciozos e malvados , e
.a luz em letra de fonna, com tanto que mui brando para os outros~ he hum ho~
appareça á face <lo m~nd.o. em certos pe- roem qu e naõ tem opiniaú publica , ou puhli·
riodjcos , por certos rnd1v1d~o.s de se.rta cada, nem a ./Jura papular dos ep)tafios, au-
suc)a. Assim para ter esta opm1aõ publica thografos , pazes pacificas, erciscundos ,
basta beijar cerlos trazeiros altanados ~ e conquistatorios &e. &e. &c. de certo ajunta-
saber gastar alguns c~br~nhos para imp.ri- mento que tu bem conheces: emfim o mi-
rnir os desaforos, e fnoieiras, que te vie- zeravel Despota de nossos dia~ por cumu-·
rem a cabeya , com lanto que digas ma~ Jo de infelicidade he hum pobre naõ de
de muita gente boa, por exemplo dos .lln- esperita, mas de bolsa , e mando , que
dradas. e que faltes muito em despotismo , naõ pode comprar escrivinhadores, nern
"liberdade, Soherania do P ovo, direitus elo lwmem, dar l'ener·as e pensões. lsto parece muito·
Veto absoluto. duas Gamaras &e. lsto he mui claro a J oaõ Claro, Sr. Braz f:scuro.
claro meu Braz Escuro. 4.• Que couza he Patrwtismo? Res.
2.• O que he .!lura popular"! Res pondo: pond ero alguns q.ue saõ grdos de abobora ,
ja me disseste que ouviras dizer que ./lura que servem quando ha falta de lombo de
Aureola ou ./Jurara era tudo o mesmo, e porco, ou de carne de vaca para fazer a
que era uma mixo1·dia composta de azeite cambuquira dos Paulisia.s. com que se
d€ carra pato. e mel de pá:o, qual as pur- enche bem. ou mal a barriga. Isto naõ
gas, que daõ alguns al~e11 .ares as be:ta:i he daro para todos : o que porem he
de alquilé quando tem fasl10. Como isto evidente • he ser o patriotismo do (empo
he t>scuro , falarei mais claro . .Aura popu- aquella nobre virlune, que para con~erva~
lá.r he andar a o-ente a papaguear pelas o qu e se tem adquiridô por. fas ou por
/ojas, e venda3 de a~rchislas , e e hum beiros, nefas, defende com o mesmo ertthuziasmO'
ohupar-lhes ceias, e jantares , escorrptc~ar os Ledas, os Berg uós ~ e ó.s Cordilhos, porein
1
!vfinisterio ~ Patriotismo hc com inn ocencía , q uern em tempo algum al istar-m e deba ixo de
e boa conscie ncia, o u por douta ignoran- E s tuncl::irtes <l e pa pe ld ourado , e len tej oulas
cia p ra tica e politica, mas naõ por fills <l o D espo ti smo Rea l , nem debaixo d as
sinistros espalhar as mãos chei as pelas Bandeiras esfonapadas d a suja, e c h ao tica.
Proviucias as sementes ela anarchia, e D emoc racia . M eo sis tema políti co n unca
desmem!Jraçaõ· do lmpcrio, fazendo liga foi nem sera es te; mas sere i o que q uize rern
Achaica com os Scrnifilo~ofos, e Pseudo com tan to qu e naõ seja o que e llcs rsaó
políticos de agua doce elas Escolas G'at- Corçundas , o u D csctmii::ados.
licana , Hispana, e Lusitana; he favorecer a 5." M as qua l he este sistema pergun-
prepotencia Militar, e a licença Rn bu- ta rás tu? Respondo : o mco sistema era
listica dos .Jlrdiipcrfidos que se chamaõ ditfi c ull ozo de reali za r , mas o un ico q ue
Pays c1a Patri a por excellencia: Patrio- pode ri a fundamentar o l rnpcrio C ons titu -
tismo hc naõ ler o Tamo!Jo , e quar1<lo cional e conserva r a su:i Integridade, For-
<lelle se folie d ize r que hc pape l ince n• ca, e Ui1ia õ . .Se ri a converter home ns ha lon-·
(liario, que SP.O Redactor sa io das pro- ios tempos aviltados'. e sem patria em CiJa-
fon<l ezas do fo ferno , e que pelo rne11- d~os honrados, activos, e valentes: se-
h~ hum elos Avós de algum futuro Anle- r ia criar cutaõ como p'o r rnil;1gre huma.
christo: Patriotismo he naõ <lár real ela Naçaõ nova, grande, e respeilavel : seria
sua bolsa para as precizües do E r,; tado, formar hum pacto social, e uJequado ao
antes esvaziar o que ha para pagar mere- no sei o loca 1, aos uossos U7.0S , e costumes :
cimentos occ ulto s , ou poucas vergon has seria eles truir pouco e pouco por meio ela.
m:rnife;;lns; hc em fim engrossar as ph:i.- inslruy:lÕ e cducaçaõ pul>lica e domestica
)anges dos novos ccntimanos que de cs- hum mon taõ de prcocupnções e ::iuu.zos taõ
craYos vis Em ou outro tempo, hoje já que- antigos corno as nossas Cidades e Vilias:
rem ser nossris Amos, baralhando tudo seria ábat e 1· perante n. Lei o orgulho in-
parn melhor pescarem cm :-igua turva. Isto solente do n:iscimcnto, e dos empregos ;
hc bem claro, mco Amigo Braz Escuro, seria reintegrar 110 uzo <le seus legitinios
e por isso cu , que naõ sou <les ta laia direitos os pofos ha sec ulos tiranizados ,
yatriotica, vou fazer-me Emitaõ da Ham- conservando porem ao -mesmo tempo a gra n-
bua para naõ ver diari::imente os focinhos deza, trnnquilidad c, e e stabilidade <lo lm-
destes animaes clamninlios, des te s mocde:i- pcrio civilizado. seria soprar novo es pírito
ros de falsa liber<lade, destes Ourángou- publico sobre huma mulli<laõ divicli<la, e
tangs de nova esp!'cia, qu e juntaõ a na- subdividida em classes, e cores Jifferc nlcs,
turezà de Tigres n f\iacac0s, e que apre- inimigas o n di sco rde s e!lfre si , rc:uI1i11do
gG~Õ , . € pr ní1caõ <lescnradamen tc os se tte esta ~ legi aõ de interesses clcsva ir:ldos · cm
pecados n\ortaes, que para cllcs saõ os hum só, e unico intere sse m1õ R.1.hiano,
unicos Mand a1nc;iio.s da Lei de Dcos. He ou Pernambucano, mas sóme nte l3rasileirn:
pois tempo de ir enlrochando a fatiota , e seria cm fim dá1· poncas leis, e sobre tu-
catniflhando para o de ·er(o como o bom do novos cr,sturnes, e moralidades a nos "a.
Baplistn, pois Yejo o Ceo ir-se cada vez ~ente r-enerosa.
..:....i o e capaz <le muito por na-
~
mais cobrimlo ele opacas nuvens que amea- tu reza;. mns dc sgraç::idamell tc :llé hoje pela.
çaõ borrasca Jesfcita e furioza. De hum m_aior parle apatica_, ignorante ,ou corrorn-
lado já inchn as bochechas o Carcundismo ptda. Bem vcs Amwo Escuro, que tudo
Despotico, e tle outro vrjo já a Republica i::to seria difücil e d'~morado pon:rn possí-
federal, que se àev~ p'1slar de roubos, e san- vel, e necessario. E ciue gloria imnwrtal
gue criucr a cabeça JV1cdusica, e ir ca<la naõ resultaria aos Obrc iPos e Architéctos,
vez mais d esgren han<lo a rnclcna viperina. que ajuntassem os matcl'iaes precizos . e
Nestes termos meo. honrado Braz Escuro lcv::intasscm taõ magnifico p;:ibcio ? Mas
vamo-nos esca fcdcn<lo pnra o de serto , que parece que o naõ quer a má fortuna. -
he lugar escuso; mas por qunnto cumpre sic /ata tule."e. B as ta: es tou can:,ado ele bor-
ir c.om a consciencia limpa, Jc, o fazer-te r:u pape l, certamente borrndo para muita
a minha confiss ;1õ geral antes da partida. gente que o naõ entende, nem quer en-
Confesso pois peraute o Cco e a terra , tencler. As outras vinte perguntas ficamo
perante os h0mens, e toda a casta de ali- adia.das para melhor tempo como fic:-i mui.
marlas , como Ourang-outangs , Mandrills, ta coiza na nossa Asscmb léa. Teo Amigo
Tigres, Rap ozas que nunca fui nem serei <lo Coraçaõ. - João Claro.
Realista puro, nem Aristocrata puro, ne m
Democrata, e por Ít>so nunca quiz nem
( 89 )
Senlw1· Redactm·. riegar 11ue o ~ grandes e vantajozos succes:
sos <le que o ra somos testemunhas, sau
Parece incrivel , que no conflicto, em fructos .aiu<la da administraçaõ passada: a
vue nos achamos para rep elir os inimigos ella se deve a rnpida crcaçaõ de uma Ma-
Jo Brasil, e consolid:-tr a rcuniaõ dcs Pro- rinha, que era inteiramen te nulla; a chama-
víncias, ain<l::i. haja Brasileiro taõ en<lia- da <le Lord Cochrane para· <lirigir seus mo-
bra<lo, que se lembre desmanchar os nos- Yimentos, a organizaça õ de um Exercito, e
sos trabalhos. Agora, que tiYe noticia de 9 impul so da Iudepe11dencia nas Provincias;
Pernambuco, e Parahiba, sei com certe- .causas ' "tas que influiraõ com toda a ef-
za, que quatro degc:nerados Brasil eiros da- .ficacia na liberdade da Bnhia, e agora na
quellas Províncias, que se achaõ nesta do Maranhaõ. O Ministcrio actual nad!l.
Corte, naõ cessaõ de esc rev e r á se us Pa- conlribuio para isso , nem podia. contribuil,".
trícios com as cores as mais horrendas pela sua modernice; P tanto assim que os
contra o Rio de Janeiro a fim de fazerem agentes d e tae s; successos ainda se naõ
a dissensaõ, e a discordia; que j a vemos <lirigem a ellcs .para lhos participar. Que-
principiadas segun~o _as últimas noticias rer pois os Srs. Redactores pavoneai-os
aqui chegadas; tra1çao esta, 9ue parece com a justa glorio. que clábi resulta , é
tanto mais puniv ~ l, qua11to mais se devem prest<l,r a rasteiras aves o remontado vôo
con.sidernr estes quatro i11cendiarios como das · aguias; ó roubar o louvor a quem o
primeiros interessados , que por sua pro- merece, é qu erer illudir o publico, tarefa
fissaõ, e caracter linhaõ obrigaçaõ de pro- certamente indigna de escriptores impar-
mover a segurança do Impcrio. ciaes, e até de um homem honrado. Mas
Naõ convém por ora declarar seus os Srs. Redactores dcsconheceraõ sem du•
nomes sem pilharmos certo quezito con- lida e:;tas qualidades, e daqui vem tratar
vincente; mas espero; que brevemen te te .. as censuras desse Ministcrio de exagera-
rei o gost inho de os aprezentar ª? publ!c.o ções , de desp1;eziveis invectivas, e ele· im..
nús , e crús; e ntaõ lhe mostrarei o canu- posturas; entretanto melhor fôra que o de ..
nho, q ue iaõ tendo cerlas antccedencias fendesse com razões 1 e naõ com sarcas ...
que até agora offereciaõ apenas meras m~ s : m~s. a em preza é difficil , e os pro.
conjecturas. No em tanto . espero, que V. m. pnos M1mstros naõ tem ouzado fazel-o. O
me faça a honra de ense:ir _no seu exc_el .. que mais admira é supporem os Srs. Re-
lente Periodico este primeiro annunc10, dadores do Diario do Governo que taes
cuja antecipaçaõ naõ he de pouco momen .. censuras sejaü capazes de reduzir a dias
to: - Seu Amigo Leitor. - Burburema. de horror; e de anarchia o'S serenos dias de
ordem e de 1ranquilidade. I sto mostra que
elles saõ da tempera velha, e que nada
conhecem dos Governos Constitucionaes ;
Estando já no prélo esta folha .. veio..i onde o andamento dos negocios nada pa-
nos á maõ o Diario do Governo de 3 do , dece com a critica dos escritores : se es-
corrente, <:: n:elle notamos com bastante ill é ipjusta e parcial, cabe em desprezo~
e spanto um artigo dos Redactor~s '· em que, se é porem as.sisada, e faz o devido 'abalo
mm;trando com toda a razaô numo prazer. na opiniaõ publica, o Mon~rcha muda de
pela reuniaõ da CiJndc <l.e S. Luiz , Ca.. Ministerio, e a maquina política <lo Esta-
pital do .Maranhaõ, ao Imperio , ouzaõ at.. do va_i continuando a sua mar~ha sem o
tribuir este suc<'.esso _e m parte ao acerto da.s menor tropeço. As explozões s6 rebentaéi
medidas do GovP.rno ; e com isso querem tapar ql,lando os Chefos dos Estados , surdos a
a boca de perversos tscriptores , que com exage• voz geral, que naõ he a de infames âe4
raçues odiozas, com desprc=iveis invectivas, e sorganizadores que nada tem que perder ,
imposturas , procuraü a todo o custo fazer cair teimaõ cm sustentar Validos orgulhozos, e
o mesmo G ovçrno ela bem rnerecida opiniaü pu.,, Ministros ineptos , que naõ tem outro
hlica de que goza, para substituir dias de lwr~ prestimo senaõ o <le lizongear suas pai4
ror e de anarchia aos serenoJ dias da ordem e xões. Entaõ sim, entaõ é que o povo onde
da tranquilida{le. Muito tinhamos que dizer isto acontece , ou para melhor dizer a pfo-
a respeito de8te sermaõ, que parece obra ralidade <los homens honrados e de tino ;
de encommenda, naõ pela perfeiçaõ, mas que já hoje naõ estâ. para ser victima de
pelo destiuo; mas para realçar~mos as -l'?uas. caprichos alheios , acorda do letar,~'t) . em
futilidades bastaõ ligeiras reflexões. Só men- que jazia, chama os Delegadós publicas
tecaptos, ou servjs aduladores., .Poderaõ ao seu, Tribunal, e toma~lhes seyeraG con•
ljf: ••
ll
( 90 )
1as do abuzo <la authoridade. Momento " de uma maneÍrl! a mais clara. Estou
terrível. O Ceo permita que elle nunca '' persuadido de que altenderei5 mais as
ch egue para nós. O Tamoyo por certo o " expressões do meu coraçaõ, do que á
naõ dezeja, antes prot esta por quanlo ha " linguagem florida que sahé puramente
de' mais sagrado que seu intenlo é mera- " d os 1i nos.
mente desvial-o. Se alguem ha qu~ o ap- " Está chegado o momento em que
presse , saõ os Ministros pe la repitiçao " devo jurar fidelidade ao Rei constiluc10 -
continua de seus erros e abuzos: é a má " nal de Hespanha , a seu Governo, e á.
fé com que tlles em vez de apl'Oveitar as " Naçaõ Hespanhola, duranle a guerra que
advertencias que lhe fazemos , naõ só as " tens de sustentar contra o Gorerno Fran-
{1e;;prezaõ , mas ainda calumniaõ nbssas " cez , em defeza da sua independencia ,
intenc;ões. Dia virá porem em que elles se H e dos direi.tos de todos os homens livres.
çon·vença.ó do contrario, e conheçaõ talvez " Eis-aqui o motivo porque deixei a minha
que nossos trabalhos naõ tem outro fito " patria , e tudo o qu e me he mais caro;
senaõ o bem da nossa Patria, e do nosso " eis o motivo porque suspendia as minhêis
Augusto Imperador. " funcções d e membro do Parlamento J R-
Dezejamos ver nella um I mperio per- " glez. Sim meus camaradas; viemos para
manente, e capaz de contrastar as injurias " combater ao vosso lado; nos derramare-
do tempo; dezejamos ver a estabilidade e " mos, se for preciso, o nosso sangne em
cot1solidaçaõ da Dinastia actllal , e para " defeza de uma c:i.u5a ta.ô nobre. Expera-
isso temos feito os naõ pequenos serviços 1: mos que o nosso exemplo tenha alguma
l}uc S. M. I. Mó ignora , e clljo alto e " influencia sobre fi1hos dcsearni11liados, in-
· haô suspeito testf'munho invocamos. O pre- ,; Ji gnos Jo nome Hespanhol , que fazem
íente naõ é de menor con~i<leraçaõ , e " uma guerra sacrilega á ~ma mãi patria.
queira Deos que este Augusto Senhor an- " O:; Inglezes participam das vossas espe-
tecipe com sua noloria per~picacia as li- " rao.cas e sentimentos . .Não será a pri-
ções ciue a este respeito pode dar o tem- " meita vez que combaterei ao lado dos
r,o. Ellas saõ sempre fataes, e trazem co m- " bravos Hespanhoes.
sigo males, que tarde ou nunca se reme- " Na ultima guerra da independencia
aeiaõ. E' pois da pru<lencia. humana evitar " tive . em differentes circunstancias, a
-Os seus efleitos. "4 muitos mil debaixo das minhas ordens ,
" e a prendi no campo da honra a pre-
" ciar as raras e brilhantes qu al idade::;
" desta Naçaõ invencivel. Na 0 uerra que
NOTICIAS EXTRANGEIRAS. " se pertcndeo favoravel á independl'ncia
" da F.urora, adquiri os i;ignaes de honra
HP.spanha. " yue co1.·nigo trag(J. Eu naõ os dev o . ao
" favor elos Soberanos; elles naõ saõ a
Eis-aqui um exlraclo do discurso pro- " recompensa de Rcções indignas.
nuncia.do por Sir R oberto Wilson em Vigo " Em o sagra.do nome da minha pa.-
à. 4 de Maio em presença da milicia na- " t.rra, em presença do Ente Supremo, e
cional. " diante <las bandeiras da liberdade, rogo
" Cidadãos , naõ estou acostumado a " a S. Ex.' receba Cle mim e dos meus
u expressar-me em Hepanho1; mas he for- " comp;;ir1heiros o juramento de as defen·
'' çoso que procure fazel-o nesta occasiaõ, " der. ,, - ( Cuitri.er ).
'' a tim de manifestar os meus sentimentos
t')
outros ·' e muitas Yezeii os faz em .dize. r coi- proposições? Sim o .!lndradas naõ servem
.
sas qu e jamais lhes p assaram pe la 1mag1- para reger o Estad o porque e lles p referiam
nacaõ . Nestas circ ustancias fóra melhor n a- o bem commum ao b em p ar tic ul ar de Ci-
d a~ pub li car, do que p ublicar falsidades , dad ãos <l crran cad os , qu ando o syslcma e
<las quaes podem ter ao longe consequcn- i<l e~.s d o tempo nes ta Corte saõ inteiramen-
.cias incalcula1eis. Naõ pertcndemos com te o a vesso: saõ vingativ os, porque desafron-
isto abater os seus Radac tores, q ue p arece tavam a Pat ria d os insultos d os Lusitanos,
r1ada ierem com os ·ditos extractos - jus e <las occultas tra mas dos Democratas.
swmi cuigue tribue - ; p ore m dese nga- D iz o Sr. l mpcmial. O Tmnoyo deslern-
nar a puerilidade daquelles que para brando-se gue as arbitrariedades e despotismos
si tiveram · ser possivcl dar conta de orelha lhe g rangearam a-perda da opiniaõ na Corte
das falias <los nossos Deputados. ~Q u e fe - e P rovincia , busca lançar na mesma voragem
liz memo ria naõ deve ter o sujei to inc um- os primeiros Empregados. Salta aos olhos que
bido de faze r aque lles extractos pelo que estas express ões saõ d irigidas naõ ao po-
vai ouvir á Assembléa ! bre Tamoyo , q ue desejando só deixarem-
O Diari o ,N. 0 80 traz uma c arta. com no viver p ac ificame nte, j amais fez mal a
a qual nos vamos entrct~ r po r algr: lls. mo- ninguem; po rem aos .Jlndrndas. Nós lhes
mentos. He da nossa obngaçaõ a dd1 cc10nar temos p or vezes respondi do, e desafiamos
arrora á descripçaõ que fizemos do anima- o S r. l mparàal a que nos mostre quem, a
leJo denominado Simplicio cm o N. 0 18 do :naõ sere m os sans-culotes , e os chumbistas,
Tamoyo, mas esta circunstanc ia de que os se regos ij ou CG m a sua demissa õ. Bem sa-
da sua espccie costumam mudar a cas- b emos q ue o S r. Imparcial muito d esejaria.
ca, e por isso app~rçcen~o com ell ~ de Sim- que ernudecessemos inspirando no Tamoyo
plicio em o Corrciõ do Rio de J anc1ro, vem sentimentos de ge nerosidade para que os
ogora com a <le Imparcial em o Diario do primeiros Empregados naõ percam a opi-
Governo. Se possuisscmos o cstro de Ovidio, niaõ publica ( note-se que para a perder
feriamos nesta; e em infüütas outras me.., fôra preciso possuil-a); mas engana-se: o
t hamorphases curiosas materia p ara mm Tamoyo con linu ar6. a censurar despidiàa-
longos e engraçallos Poemas. mente as suas aberrações , e as suas arbí.
Principia o author <.bquella carta pro- trari edades; assim como naõ tem sido·
pondo urn yrobler?a: ~e o espiri'.o de dominar av arn d e louvor es ao merecimento.
será molestw chrowca aas .Jluthoridades, ouga- R ogando ao Sr. Imparcial nos aponte
Jeira geral da nossa espccie : ? e l.le o r resolve os factos q ue úiventamos e desfiguramos em.
decidindo que o maL fie epide1mco. f em ra- d esabono do Governo, preguntar-lhe-hcmos
saõ o .Sr. Imparcial, nem he possivel ajuizar em que tra tamos nós de açular Brasileiros
de outra maneira quando Yemos certas pes- contra Europeos , uma vez que estes sejàm
soas, elevadas por um partido de demi-sa- quaes devem, e etacita ou expressamen~
vants aos cornos da Lua, commetterem as te tem jurado ser. Se o Tamoyo faz guerra
mais <lcscaradas arbitrariedades debaixo a Europeos , naõ he aos Europeos honra-
de um Governo como o nosso que ~e cha- dos, amantes do Brasil ( Patria que abra-
ma constitucional : mas naõ concordumos em çaram ) , defensores dos seus direitos: he
dizer que nem o ladraú por se lhe dar esse sim contra Europeos pedidos, e manhosos;
nome fica punido. O Tamoyo , sincero como que desfructam a nossa hospitalidade, e
he natural nos da sua raça, gosta de cha- vaõ surdamente solapando o edificio do
mar as coisas pdo seu nome , naõ subor- lmperio. i Que! pertende o Sr. Imparcial que
dina, a verdade a respeitos alguns huma- pactuemos com elles ! Ora entre bem no·
nos, e fazendo assim - parece que naõ pode espirito desta desneces.saria declaraçaõ, e
~scandilizar a ninguem. verá que o Tamoyo naõ he contradictorio
O Sr. Imparcial simulando combater o que naõ pratica, o mesmo que censura
Corre.i o, e lernr muito .a mal que nos Pc- no Barata.
riodicos se ataquem pessoas , e dihi~erem Passando á qucstaõ da moeda nova..
reputações, cae sobre os ex-Ministros com mente cunhada, accusa-nos o Sr. Imp arcial
a mais notoria injustiça dizendo que eltes de na.ô termos produzido os documentos
naõ servem para mcmejar .as redeas do Estado, que annuciamos; dando a entender que
e que saü muito vingativos, rEis-aqui o que taes documentos naõ existem. Para tirar
se chama ser consequente ! ~ Ser-nos-ha teimas , Sr. Imparcial , estamos prontos a
permittido perguntar ao Sr. Imparcial as ra• ap_resentar esse documento uma vez que
_ões que tem para avançat aquellas duas seJamQs competentemente obrigados .a isso..
( ·9 3)
Pelo qoe toca á questaõ do páo-Brasil, rc- mos nelie uma carta cujo titulo nos fe z
metternos os nossos Leitores ao Tamoyo recuar de horror -Sobre o espirito anti-cons-
N .º 8, e á carta d0 Sr. Imparcial para tituáonaL, ~e~oLucionarw , e anarquico do Regu-
decidirem. .fador Brasileiro!!!-~ Naõ nos saberaõ di-
Uma coisa achamos nós muito se nsata zer contra que Constituiçaõ e Gov e rno ia
no Sr. Imparcial, e he di spor-nos já. para chocar aquelle Perio<lico? Diz aquella car~
as futura s mazelas do Thesoiro , e tratar ta que a época da chegada dcll e a Per'-
de lançar a culpa <lellas sobre. o ex-Mi- hambuco coincide com a <lese nvoltura do
nistro. Olhe he uma ve rd ade mcontesta- hatalhaõ li ge iro: quando esse batalhaõ te:.
vel que esse ex-Ministro levou o pthi sico ve começo no principio de 18~2, e o Re-
Thesoiro ao ponto que todos nós sabemos, gu laclQl' chegou ali em meio desse anno.
·e nos deo sempre muito boas esperanças Que proiunclo calculista naõ he o authol.'
de progressivo melhoramento : se algum da carta! Quanto ao que se diz de Anto-
.Uesastre acontecer, e se esse melhoramen- nio de Menezes Va:sconcellos de Drumond,
to se naõ realizar , veremos a quem os sujeito que se achava na Provincia, temos
lrn de a Naçaõ pedir contas disso. boas rasões para o desmentir. Menezes
Naõ se ndo possível continuar com o naõ foi perturbador, naõ promoveo bernar-
Sr. ln"Lparcial, por que temos atten<ler a das, naõ concorreo para a depoziçaõ da
.o utros, fica em nossa lembrança para lhe Junta Provi so ria, antes julgou necessario
darmos uma re s posta mais cathegorica, de- -conserva i-a cm quanto S. :M. I. naõ toma-
ven<lo-se contentar por ora com esta miu- va em consideraçaõ aquella Província, e
deza. · re!:>olvia sobre o seu governo: todos os seus
Lemos em o N. 0 -18 do Sylpho umà esforços circunscre,·cram-se unicamente a
galante carta assignaéla pelo Sr. l11imz~·o dos chamar essa Província ao centro do lmpe-
l ntricrantes, a qual versa sob re o processo rio; e achando nella um Povo generoso ,
<lo Redactor d::i. Scnlinella no Tribunal <los uma Otficialidacle nobre e activa que co-
Jurad os; e naõ podemos deixar d e rir quan- nheceo os verda<leiros interesses da Patria,
do vemos que um <l os pontos da accusa- vio realisados os seus dczejos, como be
çaõ fora apontar aquelle Rcdaclor a Ber- patente pelas Actas elo 1. 0 e 2. 0 de Junho;
quó e Gordilho como autliorcs da facçaõ senic;o gue reunido aos prestados p~ra que
que se diz ten ta unir o Brasil a Portu~al. se retir asse de Pernambuco a Esquadra de
c(Em que L ei se fundaria o Sr. Veiga pa- Francisco Maximiliano, e ao quanto con-
ra chamar aos J ura<los um escriptor pelo correo para a vergonlioza fugida do Ge-
que elle avançou contra dois homens ? n eral José Maria de Moira , ha de gran-
~Receberia o !Ilustre Desembargador ins- gear-lhe sempre a estimaçaõ dos seus com-
truções para isso? Mas estas rellcxões naõ patriotas.
occorrernm ao Sr. 1 nimigo dus Intrigantes , Em seu N. 0 50 pergunta o Correio quan ..
que todavia p~s.mou qll~ndo , passan~~ ~ tos saõ os Redactores do Tamoyo, e suas
Re<lactor ú sua defeza disse que a op1111ao gualida(les : ~será por ventura contra o
publica h e quem os apontava como taes. numero <lcllcs, e contra essas qualidades
Causam lastima as contradicções cm que que tem de combater o Correio? Naõ por
necessa riam en te se precipitam os que se certo: lo~o 2 para que taõ ociosa pergun.-
afastam do caminho da justiça: para elles t a? Quanto á maior parte do que no seu
o sonho dessa opiniaõ he o cunho da ver- Artigo se contem , respondemos que a9
dade, quando se trata de criminar os .lln- circunstancias mudaram, e o que hoje mi-
dradas; ella he uma embuste ira indigna de lita para o Ministerio elos Negocios Es-
credito, e desprezivel, se accusa os .!iuticos: tran ge iros redobrar de energia, naõ tinha
.... oh pectora creca ! ainda accorrido no tempo dos ex-Ministros.
O que naõ po<lemos deixar de classi· Quanto ás questões particulares que se nos
ficar em o numero das mais revoltantes fazem, be irnpossivel respon<lermos a ellas
mentiras, he dizer o author da carta (pois por serem negocios propriamente <lo Ga-
<1ue certamente ninguem mais se lembrou binete , e por conseguinte fóra do nosso
oe tal coisa) que foi em l'irtude de reso- alcance.
luçaõ do ex-Jl1inistro que se deo a Gordi- Em o Jª referido N. 0 pergunta-nos
lbo uma casa por menos de seu valor. Leia quem quer que seja, como he possível pe-
e!i'se 1ntrigante Tartufo a Portaria, e verá la simpl<:>s leitura do elogio que fez o ex-
nella a assignatura do Minis tro actual. Deputado Barata ao ex-Deputado Feijó
PassanJo a ler o Correio N .º 40 ve- caracterisar a este de Demagogo. He fa-
* ii
( 94 }
cilfom1. a resposta : Similes cum similibus fa- clelle esquecido , preferindo muitas vezes
cile congregantu r. Pergunta mais con:io pelo diatribes, e personalid ades, só proprias ai
Manifes to do dito Feijó pode designar-se cimentar mesquinhas e <les preziveis rivali-
o se u a uth or por um dos Partidistas do d ad es ' que, pelo contrario, cmnpre ex-
systcma de Federaçaõ. I gnoramos inteira- tinguir , para o perfeito restabelecimento
mente a duvida que existe n isto: que m ler da a rtn0J1ia socia l: por todas estas razões,
o Manifesto, decidirá. t.omo a libe rdad e de le va r á sua conside-
Quan to aos N. 0 • que se seguem, e lles raçaõ o segu inte programa, e de rogar-lhe
c onlcm na maior p a rle assumptos ja muito ao mes mo te mpo, 1ueira in se rir esta no
1
debatidos; e ta nto por essa rasaõ, corno se u periodiéo, para despertar a op ini :::: õ
p or naõ se compadecer com os limites da publi ca so bre hum dos objectos, que mais
Jlossa Folh a dar maior extensaõ a es te es- interessaõ a sociedade.
criplo, re me ltcmo-nos ao s ile ncio sobre o Programa. .
seu contcudo, naõ <luvi cb.n d o tod a vi a di- S e naõ pode c onc e ber-se estavel e
zer alg uma coisa. cm lu gar opportuno, se perman en te huma soc ie dade, d e qüalquer-
nos. parecer nccessario. g e ne ro, ou especie que s eja, sem a exis-
tencia dos meios necessari os á s ua manu-
Senho r Rwactor. t ençaõ : se todos os seus s oc ios devem
Convencido, que as fin a nças d e huma concorrer para as de s pezas sociaes, na
.Naçaõ, isto h e, o seu s is tema de impozi- r azaõ dos se us in teresses , como em hum
ções , arrecadaçaõ , e des tribui çaõ , h e a rateio de avaria grossa mercantil : se a.
pedra fu ndamental do edificio social, que soc ie dade politica do Imp e rio do Brasil
se trata de edific ar , por isso, qu e he a d e ve o u pode considerar-se co mo a socie·
parte da legislaça õ , qu e mais im ediat a- d ade <le dive rs os grupos d e familias, espa-
mente toca o bem ser da universalidade lhaclas por hum imenso e inculto territo rio,
dos Cidadãos, e sem a qual t odos os ou- hu ns ma is b em partilhados, do que ou tros,
tros ramos de publi ca adm inistraç a õ , po r pela nature za e civilizaçaõ, e por isso
mais bem concebidos, e ordenado s que com particulares necessidades , que naõ
sejaõ, jamais po<leraõ afian çar-nos a esta- r espeitaõ direclamente i · comuni d ad e, e
belidade da, nossa regeneraça õ , de que á que por tanto devem p ar ti cu larm ente
depende a de feza interna , e externa dos occ or rc r , como no cazo por analogia apon-
n ossos direitos: convencido ma is, por pro- t ad o: se sa õ verd adeiros estes dados co'."
pria cxpe ri encia, dos desvarios teoricos , mo o creio, determinar na preze n9a delles.
e praticos do antigo sistema das no9sas l.'' As es pecies de co ntribui çaõ, ou
finanças; e 0bservnndo qu e este, por d es- imposto , fJUe m;:i.is convem a-o Brasi l, que
graça da humanidade e injuria da razaõ, se destribua com mais . igualdade pelos·
ainda hoj e domina neste lmperio, com taõ contribuintes, que possa fazer frente ás
manilesta offença do$ ma is elementares <l es pe zas ge raes da sua defeza interna e
tPrincipios de economia publi ca, e da igua l- externa, nnico fim das sociedades , e que
dade de direitos das Províncias que com- seja ixiqui,el com a maior economia pas-
poem o mesmo lmperio, e seus haüitantes: sivei, e acautela r possa os extravios dos
convencido igualmente, que, nestas ma te- colectores; assim como o que mais adap-
rias , pouco aproveitaõ as the·or ias, por tado seja á cada huma de sua~ Provin.
mais brilhantes que sejaõ, quando naõ saõ cias, para cubri r suas particulares, des.
acompanhadas de formulas regulamentares, pezas, atenta a differcnças d e suas loca-
aproprjadas á sua execuçaõ; e que estas lidades, productos, industria, commercio,
mesmas , pela fraqueza <lo entendimento ~ civilisaçê!õ ; aprezentan<lo desde logo
humano , devem ser escripturad as , por seus respectivos regulamcnl9s 2. 0 aprczentar
maneira, que, economizando tempo, e tra- a formula, ou sistema de destr1 buicaõ dessas
balho, facilite os exames necessarios: e receitas pelos diversos ramos <la d~speza pu-
naõ podendo , por hum lado , sufocar os blica, que me 1hor enxa os fins da <lefeza geral,
meus dezejos pela necessaria reforma de á que he destinada; assim como a orga-
objecto taõ importante, nesta minha para nizaçaõ econornica deste s de parlamentos~
sempre adorada Patria; e vendo por outro sua comptabilidade.
lado, que escriptores, aliás muito habeis, De caminho queira ter a bondade de
e que tem tomado a seu cargo ilustrar os aceitar os protestos de es tima e considera-
povos nos seus direitos, e deveres, tem-se craõ com que sou. - Hwm Pernambucano
as Provincias traba1haõ por desunir-se , ou como portadoras de suas notas, e por con-
pelo menos fervem na mais horrivel anar- seq ucncia da Naçaõ, como o seu agrega-
chia: o Governo, tímido e sem forca mo- do; que a estabelida<le dessas fortunas, de
ral, vê~se obrigado a capitular com' todos que rezulta o bem ser dos Cidadãos, he
os seus desvarios , ou a ábandonal-as á sua a primeira baze do credito Nacional; e
sorte e a grande machina política aprezen- que na consistencia deste, existe a força,
ta todos os sintomas de uma convulsaõ. e segurança dos go ve rnos, tomo a liberda-
~ ~ isto em que tempo? Quando o Gover- de de chamar a sua atterrçaõ, e a do res-
no de Portugal , apertado pelas necessida- peitavel publico o.obre o Ballco desta Ca-
des d'aquelle Povo, e querendo adoçar a pital, a fim de restabelecer-se , com a re-
traiçaõ que lhe fizera, promette e sollicita zoluçaõ dos segnintes programas , e exe-
com effeito, por todos os meios que pode, cuçaõ dos meios indicados , o seu credito,
a sujeiçaõ do Brasil ao seu detestavel ju- para cuja decadencia o mesmo sistema da
go: quando aquelle Governo , perfido e sua organizaçaõ, a arbitrariedade do fina-
inimigo entranhavel deste lmperio , naõ do governo, e os desvarios da antiga ad-
duvida desmembrai-o, ceder parte delle, ministraçaõ desgraçadamente, tanto promo-
e por ventura a mais interessante, a Na- veraõ. Fructo dos beneficios do Senhor D.
ções estranhas, para o auxiliarem no pro- .J oaõ VI., a quem tanto deve o Brasil na
jecto da nossa recolonisaçaõ. ~E será pos- opiniaõ do Sr. Promotor dos Jurados. O
sivel que durmamos descançados? Aborras- Redactor; e cujo restabelecimento nos po-
ca está imminente , espessos novoeiros se de facilitar 05 meios precizos á conserva-
amontoaõ a cima do nosso orisonte, e naõ çaõ da nossa independencia, quando naõ
tarda em desprender-se das nuveus o raio seja bastante o recurso de huma bem en-
estragador; os mares encapelaõ-se a tor- tendida economia na receita e despeza dos
menta cresce, e a Náo fluctua a discriçaõ fundos publico~.
das ondas. Ah! aonde estaõ os Pilotos que
a poderiaõ salvar? Grande Deos, mostrai-os Programas.
ao nosso amado Imperador.
J.º Se o desc redito do Banco des ta
Capital tem por cauzas , como o creio .,
os factos acima indicados , determinar,
Senhor Redact01.. nesse caso , a formula mais apropriada,
para o restabelecimento do seu in~eiro
A officioza brevidade, com que V. m. credito..
inserio na sua Gazeta a minha de 4 do 2.º SP. a divida publica, no estado
corrente, fazendo-m e crer, que V. m. en- prezente do Banco , obsta a continuaçaõ
carava a sua materia como irnportanta , e d,Q_s serviços deste ao Estado, e faz lem-
urgente, anima-me ao mesmo tempo á sua brar ao Ministerio outros recursos , como
continuaçaõ, com o unico meio de di sper- necessarios á segurança da nossa, deter-
tar a attençaõ publica, sobre outros arti- ,minar a formula, que, restabelecendo o
gos do seu maior interesse , para que eu· credito, lhe proporcione os meios d.e po-
deva recear a nota de importuno. der continuar os seus serviços, e que li-
Naõ podendo, por tanto, no meu pa- vre a Naçaô de contrahir emprestimog
triotismo, deixar de me aproveitar da sua com as praças estransgeiras, que ainda.
bondade , mormente , quando se ventilaõ quando, pelo interesses exigido, se apre-
ma terias relativas áo credito nacional; e zentem á primeira vista menos onerozos,
persuadido (com bons fundamentos) que do sempre lhe saõ grandemente prejudiciaes.
mteiro credito do Banco depende a fortu- Entretanto tenho a honra de ser com
na particular de inumeraveis familjas, nel- toda a attençaõ - Hum. Pernambucano.
le interessadas , ou como accionistas , ou ·-
o inimigo, depois <li sto ainda se arm a uma saria susten\ar nPm ainda no antigo regí-
partida, commandada por urn celebre Fra- men, os progressos das luzes. e da liber-
gata, que tambem quiz fazer o mesmo, e dade se espalham ern ambos os Mundos;
foi prezo! Salü d~ ~ontevi<leo um I'c~ro e, se fos se possív el d es terrai-as da velha.
Amigo com uma partt<la d e filhos do Pa1z, Europa, ellas estabeleceriam o seu reio\>
.mato1.,1 e roubou a to<lo o negociante Por- em a nova America , cuja8 irnmensas re-
tu<Tuez que encontrou na Campanha, foi giões scra õ por ellas bem ceclo fertili za -
pr~zo, e procura-se d a r-lhe liberd a d e ! Sa- das, e d onde estendcrnõ o se u domi nio ao
ber eu, depois de stes exemplos, trat a-se de Mu11<l_o i11tciro, tribu tar ia das suas antigas
arm a r homens do P a iz , como se está pra- c olomas : porem um a esperança taõ rPmota
ticando e m Sandu ! Os Oiliciacs da partida naõ socega os am igos dn libr r<la<le legal;
d e Pedro A migo , um Leonardo, e outros , quaesqu er que scjaõ as suas alternetivas
andarem no J epartamcnto de M aldonado e as suas vantagens , o poder absoluto
r eunind o gente, tudo co m consen timento naô pode tornar u estabelecer-se na Euro-
<lo Capi laõ Genernl ! Isto faz sus pei tar, e pa, nem o poder thcocratico.
a nnu ncia terce ira revo lu ça ó na Campanha, No seculo em que os homens se acham
e talvez seja mais seria. Ter vin<lo o Ma- taõ e sclarec idos sobre os EPus interesses
rechal .!lbr~u para esta Provincia, que he e direitos, nada va le a fotça que subjuga,
conhecido Brasileiro e bravo General , e sendo destituída <la rasaõ que persuade.
i;cr du\'idado de reunir-se ao exerc ito, sem Saõ os espiritos que he preciso convencer,
outro motivo , pelo que ten h o alca~sado , saõ as consciencias que he preciso redu-
do que tomar o commando do exe rci to do zir , e a me nor biblioteca he um intrin-
Brigadeiro Marques ! ... Ser o Coronel Fl.an- cheiramento, onde nir:guem pode atacal-
giri.i qu em dieta nesta Provincia, um ho- os, e recebem sempre novas forças. O
mem prej u~ icial ne ~ te . Paiz , u~. ~10- homem, cuj a memoria deveriam execrar
mem conhecido por mtngante, e in1m1go os inimigos das liberdades publicas, foi
da Causa do Brasil, um homem que no sem duvida aquelle que inventou a impren-
alegre Dia <la Acclamaçaõ do nosso sempre sa; elle mudou a face do Mundo , he o
prezado lmp('rador naô appareceo, e quan- primeiro e o maior dos revolucionarios.
do lhe levaram a Acta da Acclamaçaõ, lnuteis deligencias ! N aõ se poderia prohi ..
enfurecido a!õsinou, e naõ quiz ler, e cons- bir a arma da impreusa, como uma arma
ta-me nessa Corte disse ser elle o que ti .. occulta; e quando isso se alcancasse, quan·
nha feito essa Acta, scllllo o seu Author do mesmo (o que :5eria mais facil) se dei-
Joaó Pedro de Oliveira! Conhecer eu a avul- xasse o uso dclla excluzivo ás mão:; que
tada despeza que faz a Naçaõ com as tropas a qu e rem quebrar, naõ seria isso se naõ
estacionadas nesta Provincia, e os soldados um ephemero triumpho: seria necessario
recebendo quinze dias de soldo cada. mez, ir quebrai-a em Londres, e em todas as
e os Officiaes um mez de dois em dois Americas. Em quanto houver no Mundo
rnezes, e a tropa mal abrigada, e exposta aos uma só imprensa , e urna só tribuna , o po-
rigores da estaçaõ ! Saber eu o extraorJi- der absoluto naõ pode contar com cousa
nario negncio que se faz com prcJuizo, e nenhuma, e os amigos <la liberdade podem
á custa dos bens N acionaes, principalmen- ter sempre esperanças. Ora, o que he um
te o Sindico desta Proviucia Thomaz Gar· facto verdadeiro, he que as imprensas e as
eia ! ... N aõ se pense em mim o menor mo- tripunas se multiplicam. Um calculo bem
tivo particular, mas sim os desejos que curioso, extrahido do Galignani's - Mes-
tenho de ver prosperar o Brasil, no que scnger apoia as nossas reflexões, e os
acho difficuldade, em quanto forem contem- nossos leitores, se alguns houvesse que ti-
plados pés de chumbo que saõ muito poucos os vessem a franqueza de esmorecer, acha-
que podem vir a ser Brasileiros; porque a riam neste mappa comque reanimarem as
muito maior parte dos que aqui apparentaõ suas esperanças.
adhesaõ á Causa do Brasil , saõ filhos das Em 177 5 , o n.º dos homens livres, isto
circunstancias .... ! he daquelles que viviam debaixo de governos
livres, compunha-se da maneira seguinte.
NOTICIAS ESTRANGEIRAS. Em Inglaterra 12:000,000
França. Em Hollanda 2:300,000
.!lrtigo cxtrahido do Constitucional. Na S uissa • • • • 1:500,000
Em quanto na França Constitucional
.se ouve renovar doutrinas que ninguem ou- Total
·'f ii
... • • • 15:000,00<)
( 104 )
Hoje o numêro hc mui differente: concebemos como fosse ventura para o Bra-
Subditos Britanicos na Europa 16:000,000 sil o seu retrocesso ao systema colonial :
Estados-V nidos d'America 11 :000,000 i e será isto julgar e escrever com maior·
França . • 29,000,000 exactidaõ e justiça , do que as extinctas
13elgica e Paizes Baixos . 3:200,000 Cortes o faziam?
Republicas d'America do Sul. 13:000,000 A segunda reílcxaõ vem a ser que Por·
"Brasil 3:500,000 tugal com a queda das Cortes nem por
H espanha . 9:000,000 isso melhorou o seu caracter, que por el-
Portugal 2:000,000 las se su ppunha estragado. Na verdade
procurar rehaver o Brasil , convidando os
Total em 1823. 86:700,000 homens benerneritos que nelle gozam da
opiniaõ p ub lica por seus talentos e servi-
Continuar-sc-ha. ços prestados ao mesmo Brasil, para que
atraiçoem a Causa da sua Patria, a lnde-
pcndencia ~ o ~onarca que ella acclamou,
he acçaü indigna de um Governo que
REFLEXOENS. se preze de sentimentos nobres. Os homens
tem a rasaõ para conh ecerem os seus di-
A' vista da correspondencia que dei- reitos, e as armas para os sustentarem ;
"Xamos publicada no principio deste N. , 0 deixemos pois ás rapozas essas rni seraveis
naõ haverá Sccptico que duvide, por mais astucias, d~ que se deve envergonhar a
incredulo que seja , da resoluçaô do Go- nossa espec1e.
vérno de Portugal em nos lançar de novo Por ultimo quando vemos o Ministro
os pezados ferros do seu dominio. Nós lhe de Portugal escrever com similhante des-
agradecemos tanta bondade; e mais gene- caramento a um Brasileiro de taõ nobre
rosos, do que elle, naõ lhe pagaremos de caracter, que naõ duvidou ser o primeiro
certo com iguaes dezejos e esforças de o que no sallaõ das Cortes de Li sboa decla-
àominar. Rcconhecemo·s que naõ foi debal- rasse a Independencia elo Brasil , apezar
de que a maõ poderosa do Creador divi- de se ver am eaçado , e por toda a parte
dio por taõ cor.si<leravel extemmõ de mar cercado de figadae&; inimigos, delrernos crer
o Reino de Portugal, do lmperio do Bra- com bastante fundamento que iguaes pro-
sil; e em nosso conceito hc o maior ab- posições vieram para outros que não ti-
surdo pertende r unir aquillo que a Natu- nham mostrado tanta firmeza; nem era pos:.
.reza separou. Sobre esta materia muito se ilvel que o Ministro Portuguez se persua-
tem escripto no Brasil, parecendo-nos por disse que \lm só homem , por maior que
tanto inutil re petir 11aõ só o que os Escri- fosse a sua influencia, e os desejos de ser--
ptores Jisseram , mas o que he geralmente ' 'ir, podesse desempenhar sim ilhante em.
sabido. preza: com tudo até agora ainda nenhum
r . Algumas reflexões porem nos occorrem publicou ess es documentos, que tanto im-
sobre a carta <lo Secretario d'Estado Por- portam á salraçaõ da lndepen dencia e lm-
tuguez, e he que, naõ obstante terem-se perio do Brasil , cujos alicerces nossos
as Cortes dissolrido, e levado comsigo o inimigos procuram surdamente solapar. Es-
odio implacav cl do p::irtiJo que actu:1lmen - ta altendivel circunstancia faz so bre ma-
te domina, vemos subsistir no Ministe rio neira realçar o comportamento leal do no-
as mesmas falsas ide as) até as mesmas ex- bre Deputado gue nos communicou, para
pressoes de que ellas se serviam para nos se <lar ao Publico, taõ importante docu-
reduzirem á ruinosa uniaõ. Diz aquelle Mi- mento; sentimos que a mesquinhez do· nos:.
nistro que o restabelecimento da harmonia so engenho nos impossi bilite de lhe darmos
entre o Brasil e Portugal he nccessario louvor igual ao seu merecimento, mas de
para a prospe ridade e ventura do Estado: certo ellc serii, indemnisaclo da nossa falta
mas por isto dá elle a entender que esse pe-la honrosa lembrança que naõ pode dei-
Estado he só Portugal , que só Portug:1l xar Je consagrar-lhe a Patria agradecida.
he que tem diante dos olhos , pois naõ
quasi todo de artigos do Projecto da Cons- Senso uma carta com data de Lisb oa, em
tituiçaõ, com algumas notas <lo íl.edactor. que se accusa o Ex-Ministro José Bonifaúo ,
Deixando alguns pontos dessas .notas, que por este pertender guc no Conselho dos Procu-
julgamos sujeitos a . controvcrsia, toma re- radores fosse . apresentada uma Magna Carta
moe; sómente as seguinte:; p:tlavras de uma por F.!le for:jada. Nós ignoramos inteiramente
dellas, fallando-se do tratamento de cada o que se passou no Concelho, nem ouvi·
uma das Sallas da Assemuléa : na<Í hu lugar mos nunca foliar em similhante pcrtençaõ;
:por orule naó minem,. e 1wó pert~nd~m ter in- a qnal com tudo de nenhum modo ecli p-
gresso as pertenções anstocratus .. A Y1sta desta saria a honra do Ex-Mi11istro, salvo se essa
reflexaõ do Rcdo.ctor, he evidente que elle .Ma~ua Carta attentasse contra a bem en-
prefere a igualdade ás distincções: mas porque tendida liberdade dos Povos ; o que afoi-
motivo naõ <leixa ellc de trazer dragonas tamente podemos negar. E demais a carta
para naõ haver aristocracia <le graduações? em questaõ he foi:jada em Lisboa, e isto
porque naõ queima os livros, para· naõ basta para mostrar a sua falsidade, e gue
haver arútocaeia de saber &c. &c.? ~Ignora só se destina a separa r aque lles <le quem
por ventura que com o exemplo se per- tremem os llossos inimigos. Quanto á de s-
.suade melhor , <lo que com a palavra? cripsaõ que ali se faz <los successos de
O Publico fica inteirado da importante 30 <le Outubro do nnno passaclo, oppomos-
noticia da remes~a dos ultimas N. 0 ' do .Ih· )he a que na Gazeta daquellc tempo ge
gos, que fez ao Redactor do Sylpho a so• publicou: e pelo que respeita ás outras
ciedadc Literaria de Buenos-.!hrrcs. Quanto accu sações com <]LlC termina o extracto da
aos benemeritos JYobrega, Janua;io , e Ledo, referida carta, muito se tem escripto em o
basta assim chamai-os o 8ylj>lto para nós o Tamoyo , para onde remeltemos os nossos
acreditarmos. : Grande coi sa he ser Genio .1 Leitores.
Passando' ao Correio do Rio de Janeiro
de 6 de Outubro, naõ podemos deixar de eo s o
R R E p N D E N I A. e
louvar a dcducs:aõ tilosoGca da sua primei-
ra carta, sobre n necc s:s ida<lc de se conser· Senho1· Redrtcf01·.
var o espirita provincial (entendemos quan- Como um escriptor naõ he pessoa in-
to seja compatível com o neces::;ario eRpi- <lifferente para o Publico, desejei saber
rito Nacional ) ; assim como seriamos in- porque motivo seria despedido o cx-Reda-
justos , se passassemos ~m si lencio us par· ctor do Diario do Governo. Dirigi-me por
voices rematadas de o•Jtro Correspondente es te motivo a um seu amigo, o gual me
anonymo. Leva este Correspond e nte muito confiou a carta inclusa do mesmo Sr. Rc-
a mal que o Promotor <la Ju stiça seja dactor, a qual me parece digna do seu
omisso em chamar os Escriptorr.s nos J u- Perio<lico. Se V. m. fôr da me sma opiniaõ,
rados, quan<lo elle tem de certo procedido 1·ogo-lhe queira inseril-a nelle. - Sou Um seu
nisto com excessivo zêlo e diligencia , assignante.
<lando-lhes incommodos talvez até contra a
sua intima convicçaõ (o que <le nenhum modo Vejo, meu rico AP1igo, que jâ. te clJe-
ápprovamos), chamando-os áqueUc Tribunal gou a noticia de eu ter sitio despedido
para responderem a mi sera veis so fi smas: da reclacçaõ do Diario do Governo : · po.
mas isto he o menos. Diz o CorrcsponJen- rém de que te ndruiras? 2 Ignoras por \en-
te que o Executivo he obra das m{ios dos tu~a as ~lternativas proprias de te mpos
Reprezentcmles, emanaçaõ elas suas faculdades. tao calam1tosos, como os nossos? Se Yá·
Ainda que houv esse casos em qu e militasse lidas columnas, homen s de singular mere-
aquel1e principio ~ nunca se ria em o que cimento, de bem fundada opi11iaõ, de rc-
110s achamo>i; e se naõ <ligu-no& o Sr Cor- levantes serviços pre~ tad?s á. Patria, quan-
respondcnt e corno he que a coisa emanada do ameaçuda de pen go imrnmente, cairam
pode preceder a que de alguma sorte concor- por terra; i como havia de sustentar-se
reo para a sua existcncia. E como h:i com o peito opposto á torrente da revo-
de o Executivo ser cmanaçaõ dos Repre- luçaõ um hotnem, como eu, sem nome, e
sentantes, se estes só receberam da Na- de prestimo taõ mesquinho,, e para. maior
c;aõ a faculclade legi;;htiva; se a Naçaõ <lesgraça com alguma probidnde? ~Viste
Já tinha <lelecra<lo no Chefe que acclumou , me por ventura servir de entulho nas sa}.
o outro Poder? _Delega a Naçaõ <lua9 las da audiencia do Imperante, e <los
vezes a mesma coisa? Ministros? 2 vi ste-me adular os ôcos idolos
Em o N." 60 vem extrahida do - Bom ? do tempo? ~ viste-rne prnstitui.r a esp0a,
( 107 )
no proprio Diario? ~ como sustentar . co isas vens que o enlutam, restitu a-nos ao perd i-
qu e, ta lve z por fal ta d esse conh ec ime nto d o e q ui librio social, e s alve o Brasi l das
p a r ticu la r d ell as , eram tam be m repu g na ntes d esgraças que lhe estaõ imminentes. Oh
ao meu mo d o d e pensa r ? C eos ~ j oh minha P a tria !. .. - .11. J. de P.
T el est moii caractérc : ct jamais .mon visagc G. de A ndrade.
•N"a de mon coeur encare dcmenti le langage. N OTICIAS ESTR ANGEIRAS .
Qui puel se deguiser , P?w;rait trahir sa foi; . Continuaçaó do .llrtig o extrahido do Constih.s·
C'est 1111 art de l'E uro.pe: il n est p as J att p our mm. cionaL, e principiado a p ublicar em o N. 0
D eseja re i q ue o novo R ed ac tor sej'.1 24 deste P eriodico.
n es te a r ti go m a is pontu8:1 , d o qu e e u fm. N aõ pe rtenct e mos dizer q ue as lib er-
Conjecturas por ultim o , e o me~mo d ades cons ti tu cion a es es tej am fu nda d as de
t enho ouv ido a outros , q ue a public aça õ um a m anei ra pe rman ent e em t odos a qu el-
de noti cias em qu e se fallava d e J osé Bo- les p a izes , em cuj o n um e r o o author naõ
Jl ifacio, fo i u ma das ca usas da minh a qu e- com pre h e nd e o ( naõ se sab e p e lo q ue) a
da. Naõ ponho duv ida; po r em, se na õ ti- Gr ecia, que te m re c onqai s tado a sua inde-
n ha ins inuaçaõ para 1=;upprimi r passagens pe ndencia , ne m as P o tenc ias secundar ias
d essa natureza , ~como pod ia e n s upp or d" --\ll eman ha, que gozam do b eneficio de
qu e, pu blicando-as, desagrad av a ;:i P elo con- u ma represe ntaça õ naci on a l : mas em fim
~ rar i o h onroso m e p arec ia ao Bras il ve r p ode-se ao me nos c onv ir e m q ue todos te m
bem ap recia d os por es tranhos os inegaveis p or p rincipio uma C onsti tui çaõ liv r e , bem
e r elevantes serviços de u m filho seu . i E ou ma l afiançada. M u itas pe ss oas s e sor-
c om que justiça seria aquellc sabio e hon- r iem ven do figurar neste mappa a Hespa-
rado Brasi le iro privado do louvor que es- nh a e P ort ugal , o nde ja sa udam o poder
ses estranhos lhe t ributam, qu e S. M. l. absoluto: porem quaes q uer que sejaõ os
po Decreto de demissaõ confirmou, e que successos que na Penins ula aconte ç am ,
só Brasileiros d ege nerados p e rtendcm ne- p e rsist imos ém pensar que o de s potismo a
gar-lhe ? ~Mereceria elle essa r eco mpensa per<l eo pa ra sempre · A H espanha, reduzi-
por ter salvado a Patria das g a rras <l os da ás suas unicas p ossessões continentaes,
Avil e zes e .M adei ras? ~por ter sabido at- precisa de industri a, de c omm ercio , <l e
trahir as Pro vinc ias a um centro ;:J i po r ter ag ric ult ura, e po r consequencia ele instui·
c hamado ao verdade iro caminho op iniõ es ções livres. Naõ he com monges que se
a esvai ra das? 2 por ter prepa rado e d ese n- h aõ d e estabeleber manufacturas; nem he
volvido a lndependencia e o Imperio d o no s subterraneos da inquis iça õ q ue a Hes-
Equador? · por ter le vanta do o edific io <l a p anha h a d e ach a r as mi nas d'oiro que p erdeo.
R e presentaÇaõ Nacional? 2 por ter finalmente Assim. em menos de cincoenta annos,
por vezes suffocado a hyd ra da democraci'a? quize rni ll1ões de h omens livres tem pro-
Eu naõ pe rtendo com is to, me u rico Ami- duzid o mai;; de oitenta e seis mi lhões; as-
go, canonizar os Andrada5 : o homem n aõ sim as semen tes fec undas da lib erd ade se
be impec cav el; mas se us erros naõ podem t ranspo rtam d e um a outr o Mundo, e lan-
d e maneira nenh u ma escurecer a luz sempre çam profu nd a s raizes, qu e todos os h raços
respland ecente d e seus serviços. d o poder absoluto na õ saõ capazes d e ex-
, Depois de tantas conjecturas lasti mas, tirpa r. He da Inglaterra qu e os E stados
ineu bom Amigo, a minha sorte ; e n a ver- Unidos a prenderam a liberd a d e; saõ os
dade ella h e di g na de las tim a : porem o E stados-Unid os quem a ensinou á Fran ça ,
q ue mais me traspas a o coraçaõ he o qua- he a França qu em a tem e nsinado a ou~
dro, que a imaginaçaõ m e apresenta, da tros muitos povos.
futura sorte d a P at ria: a Europa most ra.- Se m d~vida a l uta h e longa .: p oi em
nos um aspecto ameaçado r ; os partidos n enhum paiz , nem a propria ln 0r.r latc rra
chocam-se cada vez mais; ja r e ina entre te 1'n feito esta gloriosa conquista, se naõ
nós uma ana rq uia mansa ; catla um a d as á c us ta dos mais tel'fiveis sacriftcios. Aju -
Provincias do Nort e <li s poem-se p a ra ficar d_aJ as das lu zes d a civilisaça õ e do espi-
com um reta lho do dilacerado Irnperio, rita do secu lo , as libe rd ad es public as, uni-
e o nosso Augu s to !-.fonarca sem um Mini st ro cas potencias d'ora em diant e in ve nsiv e is ,
que por s ua actividaJe e respe ito imponha podem ver r e tard ar por algum tempo o seu
silencio ás paixúe3, um freio aos p arti dos, ~numph o , r:i a,~ esse triumpho n aõ h e pro
desassombre o horisonte das pez aclas nu- isso menos 101allivel.
e oR RE s p o N D E N e I A. OBSERV.liC,OENS.
Senh or R edactor. Em primeiro lugar naõ deixará V. m.
de admirar o esti lo, e lingoagem. desta pe-
de ser sempre constitucionact na frazc do do Brasil ? Parece que naõ, pois quan-
lntendente , na qual se r constii11cionaf he fa- to se lhes tem objectado, em imparcial re•
zer quanto qu izercm Aul icos corrompi <los , vista era confo1·me á opiniaõ mais geral ,
e inimi ~os mascarados do Brasil; embora e contribuio naõ pouco para conso ti<laçaõ
venha disso qu eb ra á honra, e damno á e prosperidade do Imperio. De-ma~s ~a
Patria. escolha feita de novos Ministros , e a con-
Em fün annunúa o Sr. Jnten<lenle com satis- servaçRõ dos velhos, dav a esperanças de
Jaçaõ á Camara da Bahia, para que mande pro• melho ras? Só prevenidos , ou velh acos , <>
clamar aos Povos, a heroica medida de S. M. l., diraõ. Utn Jesu ita vt>r~ipclle, de cuja ím·
em receber a demissaõ que lh e deram os p robidade, mesquinbez dC' ideas, e nul!i..
dois Min is trns do I mperio e Fasenda; e pa- d ade em admini~traçaõ financeira, ninguem
ra que com isto se conveçam de gue tem um d11vlda; em fim o <\uthor das pareadas, e um
Governo Constitucional, e que se vai cstahelcccr fugitirn agente d e cultos em Portugal no Go 0
e firmar rec1jJroca confiança entre os dois Su- vcrno Franrez, naõ agouravam um feli z
premos Corpos da Naçaü. Ora , Sr. R e<lactor, porvir ao Brasrl, e pouco proprios erara
' eu conhecia por tolo o tal l ntendcnte; para npagar as sauJades gue deixavam
mas naõ cuiJei que chegava a tanto a sua cid adãos 1ntegros , i!lu;;lrados, energicos ,
asneira. 2 Que entenderá esse pateta po r cuja vontade era tao f orte como o destt'tw, e
heroicidade? Se he o esforco contra a::s a concepçaô taô vasta como o Mundo.
paixões em fav or da virtud~; onde está · Qu8 <li remos dos velhos Ministros? i Um.
esforço em receber uma demissaõ que naõ 51-tontenegro, corpo sem atma, incapacidade
se podia recusar? 2 Qual a paixaõ a que pcrsórritkada, a quem deveo Perr.úmbuw e :;
se resistia? 2 Qual a virtude a que se de- male-s que sofreo, e para quem basta olhar-s~
cidio quem acceitou a dernissaõ? Mas olá, a tlentamente para ver-se G1te, debaixo da in 4
talvez o Intendente lesse Hieroclcs nos Com- vernizada frente, e chocho rosto, salpicado d~
mentarios aos versos pythicos, ou a S. Je- sorriso apatetado, demora a regiaó do va•
ronimo no Dialogo cont ra Lucifer; e tomando, cuo, onde em moles coxins se espreguiça
como elles , heroe por Santo, chamasse ~ Deosa taô b ern descripta no Lutrin ! j Um
medida heroica por medida santa. Porém isto Vieira sorrateiro, Ct\jos miolos destilados.
he supposiçaõ temeraria, e injuriosa ao apenas produziriam lambuges de esperteza
Sr. lntendente: i um tal homem abaixnr-sc de tato de gaveta, e fiapos de traiçaó
a ler livros Gregos e Latinos! Naõ he deslavada! i Estes dous lransfugas de Por..
crive! : dado po~·é1~1 que less? os taes es- tugal, estes traidores á Causa do Brasil,
critores, e adm1tt1sse o sentido por elles ajudados pelo patarata da Marinha, nova
adaptado , i onde está a sailti'dade do medi- c ataracta de Paulo Affonso 1 que nos en•
da , que , se cremos a experiencia, ha surdece com a repetiçaõ <le pn.rvoices , e
<le ser a nodoa de quem a aconselhou? meros sons, ainda conluiados com as velha·
O que nnõ concebo he como aceitar a carias de um, e com cmbofia <le olltro dos. no..
<lemi,s saõ de Ministros gcja taõ constitucio- vos Ministros , seraõ capazes de dar á náo
nal por cxcel len t ia, q 11e se a llegue em do Estado a derrota que lh e m1õ poderam da~
prova da constitucionali<latle de S .. ~· I., as possantes mãos <los .llndrndas? Naõ d e
a naõ ser o exemplo dado por M1mstros certo, e os successos o te111 mostrado. O
que preferem a obscuridade a terem par· Governo 1 depois <la retiraJa dos Ministros
te n'um sy stema ruinoso ao Brasil 2 Aban- demittidos, tenl--se de lodo despopub.risaclo,
donarem porém servos da Coroa a amo que e o peior be que o conta?;io km-5e esten4
lhes naõ quadra, naõ he, no meu fraco enten- dido até ao Chefe do Poder Supremo; os
der, mais co11st itucional, <lo que aquillo que descontentes reluctaram-se com os indijferentes ;'
or<linariamentc se faz ;i Vejamos porem se e tendo passado o <lescontentame11to a
a medida foi propria para estabelecer e hostilidaJc, naõ a<lmirará que cedo ou iar•
firmar a harmonia entre o~ dois grandeg <le tie desenvolva em consp1raçaõ. Eis como
Poderes Nacionaes. Renunciar francamente se vcrificaraô as predic<;õcs do Sr. lulen-
o theor de conducta opposta aos desejos, dente: nuncrt houve menos harmonia entre
interesses, e opiniões <la parle illustrada os <lois gran<le:> Poderes Nacionaes, nunca
(h Na~aõ Braslt!Jira, seria se m <luvida act.o a Naçaõ detestou mais o Governo . 2 E co-
<le pru.dencia da parte de S. M. I. , e lhe mo deixaria de assim acontecer? Quanto
ganharia esta jus tiça os corações dos seus rodea o Throno he corrompido, ou corrup-
subditos; <'.mas era o systema do:i dois tor , ou uma e outra coisa juntamente. Sir-
Ministro::i qualiÍlca<lo por opposto á opiniai:i va de exemplo es~e bom Intendente, trai·
"" u..
( 112 )
· êlor a Portut::al em favor dos Francezes, ten- e por elbs vemos que , em consequ e n~i
oo com dil~ê uldacle escapado da justa vin- de ordem da Secret<uia. d'Estado dos Ne-
,gança do povo <le Palmei/a , achou abrig.o gocios do lmp erio, ia-se proc eder naquella
na se nti na dos crimes, no Go\·e rno do Rw Cidade ú nom eaçaõ <le um Deputado á
de J aneiro . e encontro u um amigo no exe- nossa Assemb li!a Geral, p::tra o que esta·
crando Paulo Fernandes, que, lombrigando vam ja nom eadas as pessoas que deviam
nelle um homem segundo o seu coraçaõ, presidir ás eleições Paroquiaes. Por ou tra
cobrio com o seu palrocinio virtudes ana- parle o zelo d_os nobres Bahianos naõ d .es~
loaas · e naõ coni.ente com int roduzi l-o no cança nos me10s de defeza do Jmp e no:
se~viç'o, chamou-o, assim que pôde, para proinove-se ali com actividade a subscrip-
o seu fado, com o di~no apoio de seu_s ar- caõ mensal de 800 réis para augmento <la
bitrarios procedimentos. Durou o r emad o Marinha. Se esta contribuiçaó corres ponder
da inju sti ça até que cm 2G de Fevereiro (como naõ duvid a mos) ás nossas espern.n·
oe 1821 l:ançon o Povo de si esse cancro; ças, teremos brevemente a s ati~façaõ <le
mas. corno n ~tõ o corto u de todo , tornou ver uma respeitavcl marinha protegendo a
a ap parc ce r com visos de Brasilcirzsmo no seguransa do nosso dilatado lmpei:io.
cornero da nossa luta com Portugal, mas
bem ~edo vollou ao vomito antigo; e des- Extracto de uma caria inseria em o Ináe-
prezado , se naõ punido com merecia , prndente de 3 de Setembro.
intrigou , e manobrou de tal arte , que
supplantou ao digno Intendente Joaõ lgna- O nosso e stado hodierno naõ pe-
. cio da Cunha : entaõ tivemos em vez de um de, se naõ L eis r egulamentares dos Esta-
: M ag istrado intelligente, e circunspecto, um belecimenlos Publicos, e de todos os Ra-
'j>allwço ignorante, e trnidor. Diga-o o offi- mos de industria precisos para segura nça
cio qtu: annly sci; diga-o a carta dirigida ao e manutençaõ das forças deste grande Im-
Éedi c ioso Barata, na qual lhe agradece o perio Bras iliense. Esta sciencia em Politi-
mal que tem feito ao Brasil espa lh ando a ca, promovida por Genios respeitaveis, fez
ana rqui a, e torna suspeito ao Governador a França, quando acabava de surgir da:;;
d;ts Arm:t.s, que S. :M . J. d es pachara para estragadoras guerras civis, tornar al3 redeas
aque!Ja Provincia: e tudo isto foz em nome da sua permanencia, pelos trabalhos inC'an-
de S. M. I. Se naõ he traiçaõ louvar a se- saveis do se u Colly, e do engenhoso Col-
àiçnó, desacreditar injustamente as A uthori- bert ,. que na abbreviatura ·dos tempos fi-
cla<les, e l 'romove r a insubordinaçaõ; se naõ he zeram enriquecer os seus cofres. Nós por
1raiçao 111enoscabar a. Pessoa de S. M. l. trans- fortuna tivemos a mesma ventura. no nas-
rniltindo orde11$ mentirosas, que O c1eshon- cente exern plo na Corte do Rio de J anei-
r am; entaõ naõ sei o que seja tr:-iiç a õ: e ro, que, Geando arrninado o seu Erario,
todavia na õ hc castigado um tal Mi11istro , e mais Es tabelecimentos, depois <la. retira·
pelo contrario cumula. em si cargos repre- da do Sr. D. J oaõ V J. Rei de Portugal ,
senb:itivos, e funcções judiciarias e admi- pelos di svclos de dois hnbeis Ministros de
ni strati vas . ~Que ha que esperar de tal Estado naõ só verificou-se o desempenho ,
desordem? Nada: encommen dnr-n os a Dcos como subio o ramo de finanças, a ben efi-
fjUC só póclc salvar o Brasil na horrível crise cio do Imperio , a um accrescentamento
em que estamos . p:tsmoso; de maneira que em outro tempo
Pcrclo e, Sr. Redador, a longura. chs se ndo-lhe pezado as despezas do fabrico
cbserva5·ões, e queira por bem da Palria de urna Frag;ata , pôde agora deitar uma
desculpar o azedume d e certas verdades: resp e itavel Esquadra <JO mar, para vir blo·
c_u estou costurnaclo a chamar as coisas pelo guear esta . nossa malfadada Cidade, quan·
se u nome : J'appelle un chat un chat, ct Rolet do occupada pelos Barbares da Lusitania; e
'ltn fripon. - Sou Seu venerador. - /izorragne. fazer grandes expedições de tropa e ::u-ma·
o
m12nto, para triunfar nosso vali:roso Exerci.
NOTICIAS NACIONAES. to Pacificador, das Bandeiras Portuguezas ...
Recebemos algumas folhas da Bahia, eonlinuar-se-lia.
tençaõ; ella parece-me quasi impossível no agente primeiro; mas cle uma cadêa de
e:stado em que nos achamos; mas nem por agentes sccundarios , e estes eraõ tod os ,
isso censurei o experimento , antes dei-lhe ou quasi todos, de escolho. da mesma Co-
o nome de louvavel. O que qualifiquei de lonia. Os Estatutos do P::i.rlamento eraõ o-
quimera de theoristas insensatos, foi o se:1 brigatorios para as Colonias ; mas na pra..
projecto, se cria de boa fé na s~rn prati- tica quasi nada legislavaõ as Camaras
cabilidade. Eu cuido que para o íuturo se Inglezas para as Colonias; porque as As·
poderáõ amalgamar a~ <luas raças de ori- sembleas Coloniaes a tu<lo olhavaõ e pro-
gem Portugueza, e cre10 mesmo qoe agora viaõ. A administraçaõ de justiça era tam..
se podem conservar netürns ; mas uaõ com bem toda Provincial, embora viesse da Eu-
as suas p retenções de igualdade, que nem ropa mn ou outro . Justice; o j uizo d o Paiz,
o tempo, nem a differença <le forças dos o juízo por Jurados, remediava a 1.udo , e os
<lous partidos, nem o estado dos espíritos. Jurados eraõ .!l.mericanos. Por fim Phileuta:r:ias
permitlern estabelecer por em quanto. desconhece o que saõ Leis JJfunicipaes ou
Phileulaxia1 naõ sabe o que escreve, quan• posturas, quando dá este nome ás Leis Co ..
do quer descobrir enganos terminantes no Loniaes : posturas saõ circunscriptas ao .Jl1:1·
Twnoyo. O facto que apontou o Tamo!Iº, é .nicipio ou Villa, e naõ abrangem Provwcws
circuuscri pto ao Brasil, e naõ á situações ou Estados; e o que dccretavaõ as duas
officiaes em Portugal, com que cuidou Phi- Casas de uma Assembléa Colonial , eraõ
leutaxias convencer o Tamoyo de engano. regras para toda uma Colonia , e regras
l.Qual foi o B rasileiro , que occu passe altos va1iosas , se naü eraõ revogadas pelo Par 4
J!,'mpregos no Brasil? E' d:i. m<'sma estofa lamento Brit(/fflfl1ico ; posturas limitaõ-se á.
o argumento, com que pretende atacar a certos capítulos taõ somente , e as Leis
~sserçaõ do T amoyo, que os L iisitanos olha- Coloniaes corriaõ o circulo de todos os
vaõ aos Brasileiros como Elotes. 2 Que vem negocios internos. O que eu na0 sei , e o
.ao caso, que o bello sexo , e mesmo al- que ningucm, senaõ Ph.ileufaJ:ias, sabe , é
gum homem illustrado , naõ participasse que os Estados Unidos se sepamssem da
dessa miscria ? A q uestaõ é com o Go- lngW.terra por falta <le assento no Parla..
verno, e com a massa do Povo , naõ com rnento Bri.tannico. Nunca os .!l.mericanos pre•
<!Slc ou com aquelle individuo. Demais tra .. tenderaõ essa phantasmago ria politic!l , o
ia-se do modo com q ne eraõ tratados os que os separou foi a pertençaõ da lngla..
Brasileiros em geral , e naõ um ou outro, terra de os impor; direito que clles naó
Mesmo o acanhado numero de Brasileiros , queriaõ reconhecer no Parlamento, naõ só
de que se recorda , prova a assersaõ do porque m.1nca antes tinha sido directamen·
Tamo!JO, e desmente a Plvileuta:r:ias. ~Que te avançado, como porque, para ser exe-
·Eaõ quatro comparados com a immensidade cutado, precisava de cooperaçaõ de repre..
de empregos da administrnçaõ Portw--ueza? sentantes .!l.mericanos no Parlamento Britan ...
Fica. sempre em pe' o que avancou oo ~ .ia- nico: a falta de reprcsentaçaõ naõ foi pois
1rwyo; muito mais advertindo-se "'que nem o motivo da separaçaõ, mas sim a pre~
um só Brasileiro montárn. até hoje a dirigir tençaõ de tributar sem ella.
ps Negocios Portugueze$, ou fóra ou dentro Ignoro se há por cá centenares de
iio Reino. Lees e Gates; o que naõ ignoro é que nes-
O que affirma em triunfo Phileutaxias te paragrafo ha muita falta de logica. O
ilos Estados Unidos, prova que nem enten- que eu disse foi que os Americanos , ape·
deu o Tamoyo , nem estudou bem a histo- ~ar da vantagem da sua situaçaõ politíca,
ria <laquelles E stados; e até dá visos, que tinhaõ sido economicos em empregar lnglezes;
J1aÕ sabe o que saõ Leis Jl:lúnicipaes , id est e quanto Phileutaxias amontoa, nada fere
p_osluras, em li ngu.agem ~e Jurisconsulto. O a minha assersaõ. ~ Que importa que en 4
Tanw,yo o que d1~se foi que a inglaterra, tre os L11sitanos do Brasil haja , ou naó
naõ abarca~·a o Governo e Legislaçaõ nas muitos Gates? 2 Que importa que .!l.merica•
emas Colomas; mas abarcar só quer dizer nos degenerados, que t>lle chama leaes,
~branger exclusivamente , e isto é o que e que eu donomino traidores, ainda hoje
a Inglaterra naõ fazia. No começo dos Es- sejaõ pagos pela Inglaterra, e que i.lm Deaó
}lclecimentos a Carta da Colonia era obra da BaMa, ente desprcsivel por todos os
(]o Rei; e as nomeações dos Governadores, lados porque se olhe, ainda .-enha a rr.e~
~klle ou dos Donatarios das <litas Colonias; recer lugar na li&ta das pensões, com que
e assim foraõ sempre : mas o Governo de Portugal attenda aos traidores Brasilei·ros ?
um Estabelecimento naõ consta ~ó de um ~ Isto prova que se devaõ empregar PorA
( 115 )
tuguezes ~em parcimonia ? Cuido que naõ; lhe· dei. _Attribue V. m. a perseguiç,aõ fra-
mas naõ me enfado. O que me custa atu- terna, feita pelas outr'ora Colonias H es-
rar é o mascarado desejo de decotar as panhollas, á mescla com eslransgeiros Euro-
honrosas palmas <le S. Paulo, e attribuil-as peos; e affirma que por isso se distingu io
aos Lusitan os. Se da maõ de Phileutaxias Bucnos-Jlyres, e Colimibia, oo<le era facil a
nos viesse a historia gloriosa da nossa in- entrada <lesses E strangeiros, ao avesso do
rlependencia, certo a imparcialidade a naõ Perú, e Mexiw. Dislo parece inferir-se que
ornari a ; remetto-o pois ao nosso n.º 5, 0 naõ houve no Pcrú, nem no Mexico , riva-
em que vem a conversa do Doutor da Ro- lidade e perseguiça õ. Ora isto é folso)
ça com o Velho do Rocio; lea- a, e verá sem como se pode convenc e r pela liça õ das
replica demonstrado que o primeiro arrc>meco revoluções d 'aquelles P aizes, nos quacs se
para a lilie r<lade veio· de S. Paulo, q~e dese nvolveu a mesma ri va lid ade, e anti-
as instrucç:ões <lad as aos Deputados d'a- pathia contra os Hespanhúes. E assim de,,:i a
quella Provincia foraõ as que geraraõ o ser; as causas eraô as mesmas, os effPitofY
susu1To lcva 11tauo !lesta Corte; isto confes- de viaõ ser tarnb em os mesmos: estas cau-
sado até por quem podia interessar em sas craõ o ressentimento das injurias , e
negai-o: verá mais, qLie era imp ossivel consciencia da inju stiça de inhabiliclades
que, ao menos em sua explosaõ , fossem de facto , que a razaõ reprova; a Í!lveja
-0s gritos <le S. Paulo, anteriores em epoca das vantagens concedidas aos Chapetones,
aos do Rio. crealuras destes. Vamos adiante. a parcialidade do Governo, e o bem en-
Todo o hom em tem Patria, <liz V. m. tendido desejo de governar-se cada um a
logo os Lusitanos, que abraçaraõ a Causa si como o entender , e naõ ser regido
do Brasil, a tem ; e esta f o Brasil. Nes- por arbitrio <le E strangeiros. O que naõ
te raciocinio tudo é falso pouco mais ou compreendo, é como os esforços dos Peru-
menos. Todo o homem deve ter Palria 1 é viarnos para restabelecer o trono dos Incas,
verdade; mas to<lo o homem a tem , é desde a conquista de Pizzarro até o ulti-
falso. O desnaturalisado por crimes naõ mo desforço de T upa-.!l.rnurú, ou Gabriel
tem Patria, ao menos em qnanto se naõ Co1ulorcanqui, provem a falta de rivalidade
aggrega a uma nova, que o acceite. Nes- contra os He.~panhões.
t e e s ta do podia estar o Lusitano, que Concorda V. m. que a rivalid ade Luso-
abraçasse a causa do Btasil; a antiga o Biasilica é natural , 2 e como espera des-
renegava , e a nova podia na õ acceital-o. truil-a? Eu qu e a julgo filha do tempo ,
E' certo que era is to injustiça, e que os e naõ innata, naó e spero que se aniquile
Brasileiros naô saõ injustos ; mas eu fallo antes que desapareçaõ as causas, que a
só do rigor Jas prem~ss::i.s. A final <le que motivaõ; e por isso aconselho que .se ar~
os Lusitan os devaõ ter Pat1•ia, naõ se se- redem os incidentes que a despertaõ, e
gu e rigorosamente que eela fosse o Btasil; que deix e mos á lenta maõ do tempo o
-qu é o deva ser, concedo. Agora o que é alisar desconfianças, e <lesfazer as causas,
avançar sem prova 1 é dár como certo que que impedem por ora a natural operaçaõ
um C1dadaõ aggregaJo á nova Patria de- <lo.s viuculos de sangue e de commum
va gozar de tu<lo de que gozaõ os indí- ongem.
genas: isto é o que nenhum político admit- Em pensar tu<lo tolero, porque tam-
te; e com razaõ, porque amor <la Patria , bem preciso que me tolerem; veniam damus
e conhecimentos locaes , que habilitem á 9uc petimusque vicissim. Póde pois PhilLtlfa..,
certas funcções de governo, naõ crescem xias gabar o systema de Coroas de Nações
como os pepinos. N cm mesmo os indige- diversas reunidas n' umn. só cabeça. O que
nas de um Paiz , apezar de supportarem naõ é permittido, é naó <lar razaõ do que
t ollos os encargos sociaes, participaõ de se avança, nem os vi.,.·as de fabricantes e
todos os bcn.s; llaÕ é pois s uperflua a dis- mercadores equivalem em pezo ás v:-i.ins
tincçaõ entre direitos civis, e direitos dos políticos practicos. A uniaõ de governo
politicos. · de Nações independentes a nenhuma é van-
Louvo a cscapatoria com que pren- t ajosa; guerras desnecessarias, e perigo
tendeu sanar a sua antiphilosophica dou· de reciproca escravidaõ, saõ males salien-
trina <la mescla das raças. Salvou-lhe o tes e commus á ambas; ascendente de
odioso com a explica .. aõ, que dá; mas corrupçaõ sobJc a mais fraca accresceria
n aõ o absurdo. E o peior é que até o odio- aos males já mencionados: eis o que es-
so de todo se naõ esvaece, pois a 5Ua peraria a Portugal; a morada do Soberano
de.Lesa, como falsa. ratifica o $entido, que no Brasil o . entregaria a wu conselho cor-
~ ii
( 116 )
RESENHA ANALYTICA DOS PEIUODICOS DA . tamos b em longe de sim ilhante idea : p~
CORTE' DA SEMANA PASSADA. r em, naõ se fazendo taes nomeações , ev1-
tar-se-hiam ioterpetrações sinistras, des-
This hard to say, if greater want o.f skill co nlianças perigosas, que podem ter máo
.fippear in writing ur in j11dgi11g iU; r esultado nas Provincias, e que a.gora,
But of lhe two. less dangerous is th' oJíence mais que nunca, importa naõ despertar.
To tire our patiencc , than. misfead our sense , Quanto ás merces de Habitos de Chris-
Pope. Essay on C riticism. to e ae Aviz, muito mal nos parece que
se façam, e peior ainda que haja, quem
A inda que as nossas R esenhas sejam as solicite e aceite. Esta nossa Indepen-
p articularmente destinadas a combater opi- dencia vai-se to rnand o por Lasla ntes lados
n iões elos escriptores, publicad as em Pe- um entremez digno d e riso. · Pois quand.o
riodicos da Corte, e responder ás Recu- S. M. l . , annunciando fielmente os sentt-
sações feitas contra o Tamayo; hoje nos mentos dos Brasileiros, se expressa em Seu
vemos obrigados a dizer lambem alguma Augusto Nome , e em nome d esses Brasileiros
coisa sobre os numerosos despachos que por estas energicas palavras de-De Portugal
se lem nos Diarios do G ve.rno da semana na.da, nada qu€rem.os - ha homens taõ
passada, visto que a affluencia de origi- contradictorios que aceitem Habitas desses
n aes para o nosso Periodico naõ tem per- mesmo Portugal, e Ministerio taõ desnacio-
rnittido, nem pennittirá taô cedo; tratar- nalisado que os conceda! ~ Onde está o
mos separadamente daqu elle importante caracter Nacional, de que tanto se prezam
objecto, como desejáramos. com justiça os melhores Povos ?
Duas saõ as coisas que mais nos sur- Dir-se-ha que S. M. I. concede aque-
prederam na leitura àaquellas compridas las gracas em virtude dos poderes que S.
relações de despachos: primeira, vermos M. F. lhe delegou. Misoravel evasia ! Esses
n ellas tantos Ofliciaes Militares com em- poderes caducaram de todo ; luuo tem mu-
pregos na Casa Imperial! segunda, que dado de face: uma vez que o Brasil se
ai nda se confet"e no Brasil, Naçaõ Indepen- declarou independente~ e subio á cathego~
dente , lmperio separado· , a Mercê de ria de lmperio, naõ só Portugal considera
Habitos de uma Naçaô estranha , com a cassados taes poderes; porem o mesmo
qual só hoje temos de commúm a lingoa- Brasil por aguelle aclo cs repellio , como
gem , e nada mais. Em verdade, naõ po- indecorosos . á sua dignidade.
demos penetrar os rnolivos porque o Mi- Por ultimo: nos tomaramos que de
nisterio , ao mesmo tempo que na Assem- uma vez se desterrasse esta pratica de
bléa Geral se tt'ata ae naõ occuparem os promoções extraordinarias, tinha amaldi-
Officiaes da Casa Imperial Empregos da çoada que herdamos do antigo systema do
confia nça Nacional , aconselha a S. M. pam Senhor D. J oaó \i I. ; e que se dê ao Cor-
nomear officiaes da Sua Ca-sa tantos Mili- po Militar uma organisaçaõ permante que
tares, e entre estes Commandantes de Cor- ligue, quanto for possivel, o interesse dos
pos. Nós naõ qneremos insinuar com isto indil-·iduos ao bom serviço da Patria, e
que aquelles Empregos os deshonrem; es- extermine por uma vez as queixas , a que
( 118 )
sempre deram molivo s~1lhantes promo- cer a proclamar planos do estabelec iment
ções, que traz com sigo o azedume de um Imperio, que elle la tem gizado na
do descontentamento e da rivalidade, pois sua ima§inaçaõ.
naõ he possivel consid~rar que os ~ossos O N. 62 contem um artigo communi-
0
bravos Officiaes ora vrndos da Bahia co- cado em que se perlende mostrar de-
bertos de gloria , se vejaõ excluídos de senvolvendo a materia tratada em carta
taõ faustosas lista s , sem chocar o seu amor de um dos N .º' do Diario do Governo , quaes
proprio, a s ua lealdade, e a sua honr a. leis da Inglaterra merecem ser adaptadas
Muito nos angustia a leitura da cor- no Brasil, e quaes regeitadas.
re spo ndencia do N. 0 87 do Diario, ent re Sem entrarmos no conhecimento da
os Srs: Monlezuma , e Costa Barros. Em lu- monst ruo si d ade, que o decurso dos annos,
o·ar de desafios de armas, qu e só honram e altera9aõ d as coisas tem produzido na
~quelles qu e as professam, quizeramos Representaçaõ Nacional de l.n.glaterm; sem
antes que os dois l11ustres D e putados se nos importa rmos com decidir se essa base
gladiassem com a penna, di scut indo rna- he, ou naõ , melhor do que a adoptada
~istralmente algum objeclo importante de por nós; fazemos algum reparo sobre estas
f-'olitica. Estes sim saõ os desafios do s ho- proposições· - .11 Soberania hc attributo essen-
mens de letras em materi as da sua profissaõ. cial de todos os que entrwn no Pacto Social. -
Naõ terminaremos o nosso discurso Mais chegados á JYatureza respeitamos as suas
sobre o Diario do Governo , sem agradecer- leis iguaes para todos. Desta segunda propo-
mos ao seu Redactor o sediço art igo de siçaõ colligimos ser o sentido da primeira
Variedades, com qu e nos mimoseou. i Ainda que todos os individuos d e qualquer Na-
mas repetições dos motivos que d eram as çaõ tem parte da saberama della, o que
Cortes de Portugal para a separaçaõ do he completo absurdo , por que em nenhum
Brasil !... He impertinencia imper<loavel. Estado representativo , observamos que te-
~ Quer-nos-ha aquelle Redactor metter nham essa facçaõ de soberania as mulhei;-es,
á cara essas criminações para agora, que os meninos, os imbecis &c. Quanto a s lei$
as Cortes se evaporaram , chamar-nos á da Natureza, se ellas saõ iguaes para to-
uniaõ com Portugal? Pois se tal he; o!euni. dos, i porque m otivo naõ nasctmos todos
et operam perdidisti. igualmente aptos, ou igualmente inhabeis
Vamos a ver que tal vem a corres- para todas as Artes e Sciencias? i Donde
pondencia deste Correio. Principiand o pelo vem o infinito numer-o de patetas.., raça
N. 0 61 vemos a maior parte delle occupa- bastarda da especie humana , que hoje
da com uma Sessaõ da nossa Assembléa, innundam o nosso Planeta ? Desengane-se
materia de certo muito importante , se ao o Sr. ..llgaturama que , o que constitue a
Correio naõ aconte ce o mesmo que ao sem- bondade da base ·da Representaçaõ Nacio-
pre desgovernado Diana do Governo; que- nal , naõ será nunca a generalidade , mas
remos dizer, se o Correio dá exacto res u- sim a boa escolha della: e talvez haja nas
mo do que na Assemb1éa se passa. O res- Instituições lnglezas mais que aproveitar,
to daquelle N. consta de um excellen te
0
do que o Sr. .llgaturama pensa. Fiquemos
artigo extrahido do Conciliador Nacional de aqui, porque temos ainda de fallar sobre
Pernambu.co. He justa , he h1minosa ., como ·OS outros Periodicos.
o Sol , a doutrina do Conciliador ; posto A carta do .llnti-Calumn.iador veio re-
que ·nos ·parece naó devia admittir, antes "''elar-nos segredos importantes: mas se el-
pelo contrario cumpria-lhe combater o prin- Je d eseja arredados do Ministerio os ex-Mi-
cipio, hoje taõ vulgarisado, de que a so- nistros , para andarncnto do liberalismo , j o que
berania reside no Povo ; provando que ella naõ ?irá entaõ dos Ministros actuaes, que
sim reside em a Naçaõ. Feito isto, he evi- dass1ficaram na ordem de rivalidades parh·-
dente que jamais será vontade soberana a culares, os crimes que o .llnti-Calumniador
vontade de um punhado de freneticos, nem em sua carta denuncia á Naçaõ ! De cer-
a de uns poucos de Batalhões, nem a do to a opiniaõ do .llnti-Calumniad.or naõ lhe s
Povo de uma ou duas Provincias; nem os póde ser favoravel. Ora deixemos o preco-
actos , que nascerem de similhante origem , nisador das Bernardas , o insigne Barata, que
p oderaõ jamais t e r o cunho de \'alidade. naõ ficará contente, por mais _ feliz que
ÉntTetanto, muito nos lisongea que ·haja em possa a ser o Brasil, em quanto o naõ
Pernambuco um genio verdadeiramente con- arvorarem ao eminente Lugar , isto he , em
ciliador, que chame os espiritos a um cen- quanto o naõ acclamarem Dictador de Per-
tro de ordem, e deixe o Barata enrouque- nambuco: e perguntaremos ao Sr. Redacto,ç>
( 119 )
do Correio , homem constitucional por ex- sobre aquella materia, que he certamente
cellencia, se he licito á Guarda Civica de de grande ponderaçaõ, e requer brevidade 1
Pernambuco depor, e prender um Governa- em pub lico ou em secreto.
dor das Armas da Provincia sem culpa. Nós nos congratulamos sob re modo com
formada. cComo he que o Redactor <lo Correio a appariçaõ de uma nova E strella no firma-
.que, naõ obstante achar-se convencido de mento Político do Brasil; e se ella, como
~rime de traiçaõ, tanto blasfema dos Minis- promette 1 analysar, ainda que com o ·de-
tros que justamente o sentenciaram; como he, vido respeito, as doutrinas çrroneas da nossa
rep etimos, que faz parede CDm o Barata, e Assembléa, he de esperar · que a façam ir
appro va taes pro.cedimentos ? rutilar tambem no Tribunal <los Jurados,
Quanto á carta do ·Sr . .Jigaturama no cômo a outros tem acontecido. O que nós
Correio N. 66, ficaraõ para outra vez, se
0
naõ vemos he o motiro porque o Reda-
houver lugar, algumas poucas coisag que ctor daquelle Periodico ehama satisfactorias
temos que dizer. as noticias que dá de Portugal, quando
Passando á Sentinella da. beira mar da para. nós saõ de todo indiíferer1tes. Nada
Praia Grande , só temos a dizer que he as- nos importa que Portugal se governe pelo
sás engenhosa a sua Camara Opitica, por s_ystema .do despotismo , ou d o liberali"smo re ..
onde, sem contradicçaõ , foz passar , em publ.ieano; e a fraz e da E sfrella naõ tem da..
bello . estilo, verdades puras que a todos do pouco que pensar a muita gente:
tocaõ. Quanto porem aos outros n.0 5, nada Qua11doque etiqm bqnus dormitai Homerus.
-Oiremos. alem de coufessar: que n'elles se Cira a E strclla urna carlà do Conde de
.-0bservaõ ideias de puro_ Brasileirismo, em Pahnella, d a . crm.l se collige claramente que a
esti llo singe !lo e cla:ro. Corte da Lisboa está .resolvida a reconhecer a
Temos presente o N. 0 21 do Sylpho , ú1dcpendeneia do Brasil. Naõ sabemos quaes
e na descripçaõ que faz do apparato mili- scjaõ os sentimentos .do ·Conde; mas á vis·
tar com que SS. MM. e AA. II., em o ta da carta do Conde de Subserra, qüe. se
.,, memora-rei D~a 12 do C0rrente, foraõ re- publicou em o nosso Periodico; e dos pa;,
cebida:; na. Praça da Acclama9aõ, notamos peis ofüciaes que temos lido no· Diario do
que se fez particular mençaõ do acceio e Guv1;rno, podemos duvidar de que a carta
d.isciplina do l.º Regimento de Cavallaria contenha exactamente o que nos diz a Es·
d.e Milicias da Corte, quando em abono !relia. P?rtu{{al ba ?e reconhecer a. Inôe-
da verdade deve-se confessar que todo.s pendenc1a do Brasil; ·naõ obstante o seu
elles rivalisam naquelles pontos, de manei- sistema co.balistico ; mas naõ por .sua es ..
ra que se naõ pode decidi.r qual he melhor. pontanea vontade, e ainda que lhe faltem
Naõ, Sr. Sylpho; o Tamoyo naõ entra vasos de guerra, e dinheiro, tudo isso po·
em o numero dos que buscam adquerir de haver das Potencias ela Liga Contincn··
gloria por meio da depressaõ dos outros tal. Marche com muita cautela o Míniste.
homens, nem sabe como das boas ou más rio do Brasil, naõ ponha em alheas fraque ..
acções de uns resulte essa gloria aos ou- zas a segurança ·da nossa Causa, e toma
tros. Quandó o Tamo:10 fallou em escripto~ serias medid as para que se naõ ache illu-.
res venaes, naõ teve em vista personalisar dido no fim do seu lhetargo.
ninguem; cada um metta a maõ 9a sua Merecem na verdade louvor as ob.
consciencia, e descance na puresa d'e\la. servaçõ es da Estrella a respeito do Projec ..
Sentimos que o Sylpho se desse por offen- to da nossa Constituiyaõ; o que porem
dido, quando d'elle naõ fizemos expressa mal soff remos he que o Redador se in-
mençaõ , e só faltemos dos venaes. culqu e Cidadaó por adopçaõ deste vastissimo
Sobre a carta que no citado N. 0 vem lmperio; quando he voz publica que elle
inserta, e trata das nomeações de Enviados pertendia retirar-se para França; mas de· ..
ás Nações Estrangeiras, ·reportamo-nos ao xou-se ficar a instancias de certo Figuraõ
que em outro lugar ja dissemos sobre a para escrever o seu Periodico. Ha quem
conducta do ex-Ministro José Bonifacio nes- diga mais alguma coisa: mas deixemos isso
te ponto. Ja boje conhecemos que elle naõ por agora.
deixava ir ao acaso os negocios do Jmpc- Julga a Estrella que S. M. I. obrou
rio; ao mesmo tempo que muito reprova- muito bem em naõ acceitar as cartas da.
mos o desleixo com que elles actualmente Sua Familia, nós julgamos que fez muito
saõ tratados. As circunstancias <la Europa mal, fundados, como já dissemos, em -que ·
tem mudado de face , a nossa Assembléa tudo quanto he contra a natureza, pode
.acha-se em exercicio , cumpre providenciar dar bem fundados . motivas a dizer-se em
' "* ii
( 120 )
Port~gal que S. M. I. existe na m_ais <lur_a magistralmente ' assim aborreço aquellas '
coacçaó. ~Alem disso, que suspeitas ev1- que naõ saõ bazeadas nestes princi pios. He
tan. S. M. J. por aquelle meio? ~ Naõ co- ,·erdade-, que no nosso estimado Patrício
nhece todo o Mundo que S. M. - I. podia o Sr. Tamo.~o ainda se naõ encontrou trans-
mandar buscar de noite as cartas que re~ poziça6 de:ola doutrina em mate ria corren-
geitara de dia? Se ninguem assim. pensa, te, mas só a acho acidentalme nte , na bem
naõ he porque S. M. I. regeitou receber tr~ça da cençura da Porlari.a _de 16 de Agos-
essas cartas; mas sim porque todos confia"" to, p e la qual ma.nela o Ministro da Fasen-
mos na pureza das suas Intenções, em a da pejar os annazens d'Alfandega -com 730
nobre singeleza do sen Augusto caracter' volumes. pertencentes á E~quadra Francesa.
que <lesco!1hece todos os manejos da inlri~ Fazenclo portauto·, como devo, o compe-
ga. Nada tem de commum o Filho Pri1'no- tente e bem merecido elogio da sua ana-
genito do Senhor D. Joaõ VI. Rei de Por- lyse, tenho taõ somente a notar, como já.
tugal, com o Impe rado1· do Brasil. dis se , que o caso acidental que envolve
Vemos a Estrella, em o seu N .º 4, dis- n 'ella. a 1·es peito do Conselheiro Juiz In-
co-rrer sobre a trasladaçaõ do Duque de terino d'Alfandega é menos exacto, pois naõ
Jlngouleme, ele Jlfadrid para Santa Jrfaria; está em uso retorquir as authoridades subal-
sem dizer porem uma só palavra a regp ei- ternas as determinações do Ministerio, sem
to da delib eraçao ao mesmo Duque que encorrer ni sto em um crime ho rren do, pois
deixou a liberdade Ju. imprensa debaixo da pro- naõ estando ainda marcada a reiaçaõ de
tecçaõ dos Commandrmtcs Tffilitares.' .' ! jGrande uns para com os outros ficaõ sempre aq uel-
honraria por certo fez o Duque d'.lln!foule- les es magados. Quanto porem os grntuitos
me á liternturn! ! ! i Os escriptos Pohticos obsequias de sirvilismo em cujas maximas
julgados por homens · de bigode, e de es- branqueijou. V. m. deve ficar convehcido
pada á cj11ta ! ... ~Porque motivo naõ irá que este Magistrado, naõ obstante ter ser-
um Escriptor commandar tambem uma bri, vido a maior· parte da sua vida nos des•
gada, ou assestar uma bataria? Tal deli- graçados tempos da baixa, e· oppressaô
beraçaõ naõ espe ravamos nós do Serenis- profetio sempre o retiro a ter parte nas
Gimo Duque d'.!lngoulcme ~ nem similhante prevaricações do tempo e a curvar-se ao
silencio do sapientíssimo Redactor da Es- idoJo do l\Jando. He mui bem ·sabido nes-
trella Brasileira. ta Cidade o pouco afecto que lhe tinhaõ
.os Aulices e Secretarios. d'Estado da ne~
fanda quadra do Senhor D. Joaõ. 6. 0 , por
e o R R E s p o N D E N e 1 A. i~so mesmo que elle naõ abraçava o seu
systema sujo.
Senhor R edactar. Portanto creio que he dever da sua
bem conhe cida im_parcialidade publicar
A6sim como aprecio 11uito as judicio- esta no se u Periodico para lavar a in~
sas analyses quaodo ass~ntaõ em medidas justa nodoa de quem certamente merece
arbitrarias e previcações das authoridades por sua honra o bom conceito publico.
constituídas , tarefa que V. m. preenche Seu Patricio. - Um antro Tamoyo.
po1' isso Entende qlle a Junta, illudida parte devida aos meios, que com infatiga-
por apparencias, dá como existente o que~ vel zelo~ e desvelo empregou para e$Se
p sira. honra da Provittciá., nunca tevê nem fim o ex-M1rlistro dos Negocios. do Impe-
ferá realldade.. Mas, quando ho uvesse quem t'io. Quando elle tomou posse do Ministe-
~ssim pensas1;e, a Junta naõ ignora que rió achou o Brasil todo retalhado em dif-
Era seu rigoroso dever mostra r:' aos allu.: ferentes Estados pequenos , e acephalos;;
cinados <j_ue, sendo incoritestavel que qual.. obra das Cortes L14.sifu.rtaJ, que tendo de ..
44uer Naçaõ tem oireito oe a.àoptar a fór.; Clarado pelo Decreto de 18 de Abril Be~
,ma de Governo, que hiáis lhe convém ; nemetitos dá :Patria todos aquêlles : que
expressada a sua vonta~e pela p.türalida~e nas Capitaes, e ai tida na,; Vi lias t>rganisas·
de Votos , e 'tendo quasi todo o Brasil de• se m novos Governos com adherentia ao
d arado altamente 11 stià Jndependencia , e Seu Syst~tna j al:Jr\raõ tom isso portn fral1Cà
Acclamado esponfáneamente Suà Magestade ao espírito de vaid ade~ de ambiçaõ e ta)-
por Seu . Imperador Constitucional; naa vez de vingans;a para pôr E;rh anarchia as
podia o Pdrá separar..Bé impunemente do mesmas . Provfocias 1 e separai-as da qu~
to do~ a que pertence; nem Sua Magestade lhe servia de centro: O mesmo Rib de Ja..;
Consenti-lo, de.pois d e ter jurado a defesa n~iro estava continuamente em convulsa~
e conservaçaô dos Direitos de eeus . fi eis Os Jluillezes e Carretis di:1punhaõ delle à seu
Su"bditos , e á da integridade do territorio ar bítrio ora servindo a~ despbtismo J tomo
OP lmperio. quando c ommetteraó o horrorozo atlenta:do
Persuade-se porem Sua Magestade qt:ie; da Praça. do Comm~rcio, ora erguendo-se
sem repetir os mui,os e invencíveis argu· em defensores àa hberda d ~ pará dépíh"
:met'llos, de que abundaõ Suas Procla:ma~ Ministros sem cul pa formad a ; . fazer jurar'
ções e Manifestos, he sobeja a indica9aõ baies de Constituiçaõ ~ crear Juntas Civis,
~estas verdades' para que a J únta refhcta e Militares &e. de maneira, q.ue S. lv.f. i.
SQbre as desgraças, de que a Prl)vincia dô (entaõ Ptincipe Regente) era nestá Pro'."
Pará s.erá infel \z vi ctima ; se á mesma . vlncia mesma áinda menos' · que utn Capi;.;
Junta continuar na observancia dM prin;; taõ General. Neste estado de coisas appa-
cipios, que 1 em boa fé ~ rrias cegamente, reêetáõ aqui as Ínstrlicções da Junta de
abraçou., e para que seriamenie pond ere S. Paafo Cios seus Deputados ; é o Pov()
'JUt' será responsavel ao Brasil e ao Murt- desHt Cap1tal, que até ahi recebia tooi
do pelas consequencias de seu procedi-. uma ~specie de veneraçao estupida toda
mento: e .E.spêra o Mesmo Augusto Senhor ; qyanto vinha das Cortes de Lisboa; entrou
pela confiança, que tem 1 nas lüztts e pa• a )obrigar entaõ, que aa Érasil tia6 con-
triotismo dos Mernbtós aa Junta, que em vinha o s,rstema.... por ella~ forjado, sem al-
breve se abraçara descobertamente a Cau- gutna modihcaçao a respe1to do Poder E~e
ea Sagrada do Brasil na Província do Pará~ cutivo; e nesta idea estava quando chega-
por mui~os titulos digna de gozar com as ra ó de Lúboa os Decretos de 29 de Se-
outras dos altos bens ; que lhe a ffián çaô tembro pata à tetiràda de S. M., e a crea-
.a sua lndependencia e Liberdade, defendi<ías çaõ da Junta Protisoria; Poocos fora é> os
e conservadas pelo excelsb Monarca, que Se que applaudiraõ , e festejaraô sim1lhantes
honra e gloria de ser Chefe desta .gene- Decretos , pois a excessaõ daquelles quê
r osa Naçaõ ! e que ne nh um sacrificio re- sonhava.ti com republicas 1 ou com a espe-
pu ta CU'Stoso para a elevar á prosperidad~ ranç~ da eleiçaõ pata à futura Junta, co..
e grandesa 1 a que a thamaõ, com inveja mo disse José Clemente na sua falia de 9
de seus inimigos , a vastidão d.e terrenos , de Janeiro f todos os mais esti'emeceraõ
e a incalculav e l riqueza de suas produc- tom bs males infinitos que entervlaõ ser
s:ões. - Palacio do Rio de Janeiro ern . 8 forçoso resultar da sua execuçaõ 1 e daqui
ce Abril de J 823. - Jos é Bonifacio de An· nascéti um murmur1o quasi. geral entrf! os
drada e Silva. habitantes desta Corte. Mas quem ou;zou
entaó apparecer em campo para resistir á.
REFLEXOENS. Vontade Soberana. das SobQranas Cortes Parfv.o
Quem se animou a descortinar en"'
gu~zas?
Temos summo praz~r em publicar :t taõ a sua perfidi~? (Quem levantou contra
presente Portaria~ naô s6 pelas razõe:; que ellas o brado da iucJignaça~ ? ~Quem se
aponta o nosso Correspondente, como tam- le mbrou em fim de ser aqn~Jle o· momento
bem por mostrar ao Publico que a uniaõ favoravel para sacudir o Brasil os sons pe-
~ as Provincias deste Imperio é em grande zados ferros? Essa gloria sú estava re!ier-
. "' ii
( 124 )
vada aos immortaes Jlndradas ; a sua voz nossos inimigos. Ainda hoje se esta õ colhen-'
troveja lá da P aulicea, e o partido c humbei- do gloriosos fructos desta vigorosa e sabia
r o, ape nas a ou ve, treme, c.lesfallece '· e adminis traçaõ, que naõ se popou a meios
vaticin:.i a proxima queda da suâ antiga a lg uns pa ra c ha ma r a s Pro vínc ias ao s eu
preponclcrancia, de sorte que S. M., ain~ legitimo centro. Diga-o a elo Maranhcro ,
da sem força \lara resis ti r.. lhe , nem conse- onde a sua influencia ge rou o patrio tismo
lho que o dirija , se vê na triste prccisaõ que animou a seus habilantes a sac udir
de proclamar que naõ contassem com e lle p ouco e pouco o ferreo jugo Lusitano. Di-
para a separaçaõ do Brasil. Entretanto o ga-o em tim o Pará, que talve2 naõ tarde
raio se havia desprend ido das nuvens e õ. mui to em sabermos , q ue fez out ro tanto.
matería e lectrica que elle havia d iffundid o ~E have rá a inda quem nege a estes hon-
em torno do nosso horisonte gerou o e n- rados Cid adãos a gloria de haverem sido
thusiasm o , e accelerou o passo do d ia 9 os libertadores da nossa Patria 1 e os fun -
de Janeiro. Dia sempre memoravel tu serás dadores deh te vasto e rico Imperio? Naõ,
marcado com letras d'oiro nos annaes da immortacs .llndradas ; só inimigos nossos ,
nossa historiá; em ti se lançou a l ! pedra só invejdsos <la nossa grandeza, e prospe·
para o editicio da nossa Independencia; e ridade poderaõ negar-vos a devida. home-
tanta conheceraõ isso os .llvi/e;;es e Carre- nagem de seu reco nheciment o e louvores;
tis, que desde entaõ soltaraõ todas as re- mas os homens probos, os verdadeiros Bra·
deas ao seu insano furor, e tentaraõ pór silúros rendera õ sempre a vossos inclitos
em pratica as maiores atrocidades q ue po- feit os a merecida justiça, e a memoria
êem imaginar-se ; mas debalde o tentaraõ, de ll es transmittirá de Seculo a Seculo o
Forçados a retirar.se vergonhosamente pa- vosso nome enrama<lo de viçozos louros.
ra outra banda , ainda d'alli perlendiaõ ~Quantas vezes a fria campa · onde repou-
com fri volos pretextos ganhar tempo, quan- zaL·em as vossas cinzas naõ será vizitad a
o o a Providençia trouxe a esta Capital o com respeito e vene raçaõ ? i Quantas ·re-
Franklin. Brasileiro, a quem S, M. havia zes naõ iraõ lá os desvelados paes apon-
n omeado já Miuistro dos Negocios do lm- tar-vos por modelo a seus filh os, contar-
perio, e E~trangeíros. Apenas entrou elle Jhes a vossa hi storia, e a injust a recom-
no Ministerio declaro u logo que o seu l.º p ensa: que tivcraõ vossos trabalhos? Mas
cuidado seria restabelecer a ordem taõ ne- em fim naõ importa, accressentaraõ elles :
cessaria a conservaçaõ e prosperidade de a sua alma generosa foi superior a todo o
um 'Estado: mas ~ quaõ difficultoza empre- inte resse, exceptoo da gloria, e esse nem o!l
za naõ era esta? O paiz estava entregue b omen9 1 nem o tempo lhe podem já roubar.
a mais completa anarchia; partidos <liffe•
rentes o minavaõ com diíferentes interesses. Estava já no prélo este N.0 qnando
e o Governo tinha perdido a força moral chegou a satisfatoria noticia da reuniaõ da
na opm iaõ do Povo pela i.nconstancia e Província do Pará ao centro do l mperio.,
fraqueza do seu anterior procedimento. E n- o que veio confirmar o que acabava mos d e
tre tan to o saber, a energia , e coragem asseverar nas nos8as reflexões acerca da
do Ministro conseguio suffucar, sern san- P ortaria do ex-Ministro dos Negocios do
gue, esses partidos, r.e stabelecer a lran• lmperio, e f<:5trangeiros, dirigida á Junta
quilidade publico, e conciliar ao Trono a <lo Governo d'aquella Província, destroindo
respeito perdido. Avastidaõ do seu genio os errados princípios em que se fondavaõ
em qua nto se occupava em negociações com para naõ se desligarem de Portugal. Escu-
as Potencias Estrangeiras, onde era a_ssas samos fazer o devido elogio desta excel-
conhecido o seu nome , naõ se descuidava lente pessa, porque a damos por inteiro ,
todavia de consolidar no inte rior o grande agr..a?ecend.o ao nosso Correspondente taõ
_Corpo Social pela reuniaõ de seus mem-: precioso muno.
bros , que a malfa7.eja discordia tinha des-. Congratul a mo-nos por tanto com os
pedaçado. Aj ud a da dos ~randes talentos de nossos Concidadãos por taõ agradavel suc-
e u Irmaõ no ramo de Finanças , pôde cesso e redobramos os nossos encomio;;
pe lo melhora me nto destas formar um Ex- ao Varaõ Sabio e Forte, que soube afu-
e rcito , e uma Marinha respeitavel, a cuja. gentar u encrcia e mostrar que naõ e raõ
tes ta p óz o maior homern do seu teinpo estranhos o valor e o patriotismo nas Pla-
nessa repartiçaõ, e expulsar em fim da jas de Vespucio. A poster.idade o vingará.
P atria dos Cararnurús a maior força. dos das injustiças dos c oevos.
tinta doirada <la adulaçaõ: leaõ-se os nos- do, e ele t odo o CidaJaõ probo, o revelar
sos N. 5, e temos por certo que nelles só se
0
pela imprensa as necessidftdes e interesses
encontra ráô actos, ou procedimentos de Nacionaes; denunciar as prevaricações, as
authorida<les constituídas, attestados por arbitrariedades, e aberrações dos Poderes
,oocumentos authenticos ou já publicados, constituídos. Se o Sr. Imparcial pensa o con-
ou que paraõ em nosso poder para serem trario, naõ é culpa nossa a sua ignoran-
apresentados, quando for mister ; e nunca ci a em taes materias. ~ Pretenderá acaso
factos individuaes de suas vidas particula- que somente gu arde mos profundo silencio
1·es: o elogio, ou a censura destes mes:nos sobre os procedimentos criminosos do . actul
procedimentos , depois de submettidos á Governo? Cança-se <lebalde, por que an-
conpella da critica das Leis, e dos prin- te pomos o amor da nossa Patria á todos
cipias constitncionaes, que felizmente hoje os respeitos humanos , o bem d'ella aos
nos regem. Se assim naõ fizessemos , fai- interesses do baço e acinzado chumbismo,
tariamos á um dos principaes fins á. que do gretad~ e rugoso _carw~dismo; porque .º.s
nos haviamos proposto , quando pela pri- Gove rnos Já naõ sao Trzbunaes de lnqu1S1-
meira vez entramos na vida de escriptor. çaü, e o mal que delles se diz com justi-
( Veja-se o nosso n.º 1.0 ) ca ia naó é uma heresia política. ~ Pre-
A' vista do que havemos expenclido, tenderá ao menos que sejamos indif-
~ <le que nos argue, ou por que nos incre- fcrentcs ? i Ai de nós , e ai do Poder !
'it
( 126 )
Uma tal disposiçaõ sena uma prova . sem :6nitissimo .lffosqnito Pernilongo, grande cheíe
replica, de que a socie<lade e o Governo de outros mosquitinhos de certo charc0> 'f
naõ marchaõ juntos; de que o mesmo san- ou lodoso mangue , á que indevidamente
gue naõ circula em suas veias; de que o chamaõ loja; um Palhaço nas Cortes de
mesmo principio, e o mesmo intert'sse os Lisboa , transformado em nojenta Barata .,
naõ fazem embicar na vereda, em que cujos serviços prestados á. Causa da anar-
ambos devem a cada. passo encontrar-se : chia, e da immoralidade, mereciaõ alguma
e 'todos sabem, que da indiíferença as cons- cousa mais, do que os estereis elogios do
pirações o salto é curto. ~Ou quererá: o Sr. Resende, e sem quebra do Governo po•
que é mais natural , que aceslemos todas diaõ bem ganhar-lh e o Titulo de - Baraú
as nossas batarias contra a administraçaõ das Grelas - e faze l-o assim entrar na lista
passada dos .Jlndradas ? Replicar-lhe-hemos dos celeberrimos despachos do dia 12: um
que naô , 1. 0 porque nascemos ha pouco Aprendiz, que por sua inc::ipacidade, e
tempo; 2. 0 porque qu a ndo uma authori- lerdice para todo o genero de conhecimen-
dad e desce á escuridaô do lumu lo, desce tos humanos, ao depois se transformou as·
tambem com ella a responsabilidade ; 3. 0 sizadamente em Simplicio , synonimo de pa-
porque seria uma impiedade revolver as teta, bocca-aberta , Manoel~coco 8,·c. &-e. e ho-
cinzas de mortos ~ que naõ podem fazer je se acha metamorphoseado em Imparcial,
mal; 4.º porque fallando d'elles, so te ria- no que tambem lhe achamos razaõ, pol.'"
mos de rhes agradecer os serviços , que que o mente-capto, em cuja cabeça nunca
fü:eraõ á causa da lndepen.dencia, do lmpe- se aoinharaõ ideas , é imparcial, ou estra-
rio , e da Liberdade. ~Ou procurará. final- nho para túdo , menos para sandices , ou
mente o Sr. Imparcial tapar-nos a bocca maldades: um lnimir;,o dos Impostores, outra
com a gratuita accusaçaõ, de que somos correspondente do ::ir. Tonel, ainda no pri-
impellidos á. censurar os actos do Governo meiro estado, o qual espera transformar-se
actual, naõ por patriotismo, rnas por amor em Chumbi$ta ou inimigo do Brasil, logo-
de dominio, sede de empregos, e baixa que os nossos negocios tomarem a hed1on·
vingança ? Nós lhe responderemos que <la face , pela qual tanto suspira. A vista.
com isto nos naõ convence da necessidade desta enumeraçaõ é natural que os nosso~
do silcn<:io, porque similhante lepra naõ leitores tenhaõ a curiosidade de saber re
é taõ geral , que chegasse a infectar-nos : causa de tantas metamorphoses : nada há.
nunca fomos injuria<los, logo nos naõ pode mais facil de satisfazer-se: com ellas avul...
taxar de vingati.vos ; nunca nos encontrou taõ o numero dos encarniçados contra os
nos sallões do Poder , demandando altas .!lndradas, e cuidaõ enganar o vulgo ignaro.
Mercês, ou Empregos, logo a cobiça de Julgamos ter respondido satisfatoría-
poderio , e das representações é supposi- ·mente ás arguições geraes do Sr. Impar-
çaõ frivola, e despida de fundaniento; é cial; e cada vez mais firmes em proseguir
barrete que talvez assentará melhor na na tarefa que temos empreendido , analy;..
cabeça do Sr. Imparcial, do q11e na 11ossa. semos miudamente tudo o que na carta.
i. Seraõ por ventura ambiciosos de <lominio <lo Sr. Imparcial diz respeito ou a nós, ou:
<JS dous e:r:-Ministros? Todos isabem que no nos .Jlndradas, visto que nella indístincta ..
começo das nossas desonleu~ foraõ por \'e- mente nos confunde. Principia elle estra- -
zes chamados á Corte, que naõ procuraraõ nha:ndo ao Correio o azedume , com que
o Ministcrio , e que d'elle se demittiraõ indii5cretamente ataca aos .Jlndradas , que
espontaneamente. ~ Seráõ elles vingativos ? lhe naõ souberaõ fazer emmalar o Jactü;
-i_ Quaes saõ os inimigos que experimentaraõ e· reconhece que taes Cidadãos fizera.i>
o furor das suas Yinganças ? Talvez para serviços ao lmperio, e que um delles será.
satisfazer a este quesito recorra o Sr. lrn- lembrado ( naõ sabemos por quem ) peI"
parcia! aos escriptores , que contra ellcs valente. impulso que deu a esta Causa - á
tem escripto. Examinemos pois a qualidade, isto responclcrcmos ., Sr. Simplicio Imparcial;
e numero destes. quem lhe encommendou o sermaõ, que lho
A pparecc em primeiro lugar um boju- pague : os .Jlndradas naó reconhecem a com-
do tonel , metamorphoseado de materia petcncia do seu j uizo, nem nes ta, nem
morta e m materia vi\•a e semi~racional, po- e~ outras materi~s-' porque ca:cus non ju-
1·em grosseira, hoje conhecido pelo nome dzcat de colore. Contmua - todos sabem, que esse!:
de -gordo redactor do Correio do Rio; um Cidadãos nuó servem para manejar as redeas do
seu correspondente denominado o .llnti-Ta- Ministerio - isto é verdade , porque a ex-
moyo, bem fornida e punctuada chrysalide, pulsaõ dos Lusitanos para fóra da Balzia ,.
a qual em virtude de suas forças plasticas, a acquisiçaõ da Província do .Jrlaranhaõ,.
mas per defectum se transformou depois no in- e talvez a esta hora a do Pará, o acc.res-
( 127 )
cimo das rendas tl'Alfandega -pela afluen~ crnnos estaõ fóra da competencía clo Exe-
cia .dos vinhos·, e mais molhados de todas cutivo. Porem o que ha ainda. demais ga-
as Nações , na_õ obstante a renova9aõ lante nesta arguiçaõ_, é que o Sr. lrrvparcú,rl
hodierna dos antigos ab-1.1sos; o acrcss1mo cae no mesmo defeito , aando á entender
gradual de outras renda;; pelo novo sys- que os Jlndradas arbitrariamente deviaõ
tema introduzido na Administraçaõ do con- fazer. emmalat o facto ao gordo Redaetor do
sulado, naõ obstante a baixa dos nossos Correio : j pode haver contradiccaõ mais-
generos, e algum empate na venda dos miseravel ! Continúa - O Tamay; isto é
;mesmos, saõ provas irrefragaveis da impe- os Andradas i esquecidos de que suas ~rbürarie
ncict ' e .inepcia dos .llndrad.as ' sabedori~ de dades lhss fizeraõ 8ra_ngeat a perda da apiniaõ
concepçaõ, e actividade de execuçaõ .só na parte, e Pravmcta - Especifique 05 des-
~e encontra no actual Ministeno; j quantos pot1srnos, terá re~posta; . mas d'antemaõ
servi9os naõ tem elle já prestado ao lmperio ! lhe rogamos que leia novamente com al-
Um G0vemador da!t Armas expulso de guma reflexa? .º_nosso. N. 0 5. 0 ; e quanto á
Pernambztto, o Bati:t.lhaõ do Imperador amea- perda de oprn1ao pubhca, tendo feito vêr
çado de igual sorte , alem do que tem já antecedentemente que os detractores dos· .!Jn-
sofrido J uma nossa Corveta de guerra fu- draçlas cifr~vaõ-se. em um Tonel, uma Barata,
.g mdo vergonhosaruente para o porto da um Mosguito ..Permfonga, um &mplidio /mpar-
Colonia, nossas embarcações tomadas no eia{, e um Cltumbista, podemos asse!!'nrar
Rio da Prata 1 e a condLicta dualistica do ' que conse1:vaõ a estima e boa opiuiaÕ dos
Baraõ áa Laguna, presagiaõ que o present~ seus Concidadãos, naõ. só na Corte .e Pro...
está mui prenhe do futuro, queremos d1- vincia do Rio , mas em todas as outras,
zer, que a vergonha, a traiçaõ , e o co- porqu~ naõ e de crêr que am tonel ,
meço de anarch1a trarão _coi:nsigo ei:n bre~ ·d~us insetos , _um mente•capto; e am ini-
''e a separaç-aõ das Provmc1as ; deixemos n11go do Brasil possaõ ter voto em simi-
porem os factos, que ~ontradizem as as- Jb.ante mate~ª.' e. influir sobre as opiniãe~
serções do Sr. Pateta Imparcial, e passe- da populaçao mte1ra do lmperio. Continúa
Jn0$ á combatel-o com as suas proprias - husca lançar na mesma voragem os pn'mei-
armas. Elle confessou que os .llndradas ha- ros Empregad.o~. - _lá respondemos a isto:
viaõ com os seus seniços concorrido, para como bons C1dadaos temos examinado e
o .bem do lmperio, e agora piz que naQ continuaremos á nalysar 09 seus proc~di
servem para regel-o ; . j onde se vio maior mentos publicos, elogiaremos os que forem
contrad.icçaõ ! Se probidade , luzes, e amor conformes com a Lei , e teràadeitos j 0 ..
da Patria, habílitaõ o cidadaõ para bem teresses do Brasil , e denunciaremos os
servil-a, entaõ devemos concluir que a que forem em sentido inverso 1 tal é a.
irnorancia, a corrupçaõ, e o odio a esta ~arefa, á que nos propozemes; pouco nos
~esma Palria saõ. a~ qualidades 1 que elle importa a sorte de taes authoridades; mas
requer para o bom exercicio de taes Em- em todos os casos sobre"-iva a Patria á
pregos. Valha-nos Deos com. o Sr. Boca rui na d "ellas: sejamos como a Dívindade
aberta! Oxalá que a Naçaõ naõ aprenda mantenha-se a especje humana Brasileira iri~
soas detestaveis doutrinas 1 Quanto ao mais dependente e feliz, embora alguns indivi-
naõ se morti.6quem sobre a sorte dos seus duos sofraõ e sejaõ precipitados dos altos
amigos , porque os .llndmdas nunca intri- Empregos , que administraraõ em detri-
garáõ· para arra1:1car-lhe9 a preza f q'?e em• mento d'e1la. Continúa - Que sia-nifita essa
polgaraõ; demais abandonara ó mudo por ardente sede de descobrir em fados ~s a.elos do
seu gosto, e sa.õ Paulista , que naõ rnu- Governo crimes, e fins .simstros , inventai·, ·e
daõ de tencaõ ; querem sómente a pros- desfigttrar factos , a naó ·ser para armar o Pa-
peridade d~ sua Patria • e esta basta á vo contra a ordem pu.htica ? Em todos naõ,
cónt-ental-os, Continúa o Sr. Manoel-coco na maior parte sim; e o <}0€ mais' é 03
que saõ muito ringativos - Agora representa crimes , illegalidades J e abusos revefados
elle o papel da criada de Coi.mbra que, a por nós ou foraõ confirmados pelo silencio·
costumada á abocanhar todos os amos dos defensores do Governo, ou só fueraõ
que h a via servido, começava por elogios, respostas ae Cabo de esquadra. Cite 0 Sr.
e terminava por vituperios; porem isto ~implicio Bocca (lberta um só facto que
naõ basta , ccilurnnias vagas nada pro'V'aõ; ·mventa.ssemos , ou desfigurnssemos ~ e en--
é mister apontar factos , e nomear pessoas taõ ganhará no jogo Se nos houvessemoa
que fossem victimas directas dos .!lndradas; deslizado, e commetido ~1gum abuzo de
porque a sorte do Sr. Tonel, que arteira- imprensa no entender dos seus runigos do
mente recorda, é o resultado de uma de- Ministerio, ha muito que os Jurados noa
vassa t e sentença: é procedime.ntos iudi- .teríaó visto a cara. Demais sempre- estive--
• ii
( 123)
RESENHA ANALYTICA DOS PERIODICOS DA ~ Quem pois incorreo 110 grosseiro erro de sup-
CORTE, DA SEMANA PASSADA. por gue aristocraci a ho synonimo de distincçaõ,
o T'amoyo ou o Sylpho ? t, Quem quererá recor-
This ha·rd to say , if greater want ~( skill rer a synecdogues, ou melony_mias , para desen-
.llppear in wriling ar in judging ill; redar-se do wgumento ? t P or parte de quem
But of the tw o, lcss dangerous is th' ojfence se poraó agora -les rieurs?
To tire 01tr patience, than. mislead our srnse, Naõ he a gratidaõ, como o e:r-Sylph()
Pope. Essay on Criticism. suppoem, quem move a nossa penna; sin-
c eramente sentimos naõ termos motivos p a~
se M úws dos nossos dias, justiça personi- lu b ili dade malogrou uma importantíssima.
ficada , chega. a dar Igreja s por Decretos, negociaçaõ com uma Corte estrangeira. E x-
sem fãzer caso de opposiçóes &e. plique-se o Sr. Simplicio a ver se lhe po ...
Passando ao N. 69 vemos uma carta demos dar resposta : por ora naõ sabemos
do Sr. Simp licio sobre o noeso N ·. 1 ~- ~rin a que passaro ati ra.
cipia aquella carta po r desprez1Ve1s ~nve Diz o S r. Sim.plicio que naõ he somente
divas em que.., para nos tornar od10sos .(;Orti o dizer gue engordou o ptysico Th esouro •
aos olhos do Publico, l a n~ o seu authoºr sobre que aprorzt·ou esquadras , e e:rereitos , 9ue o P.u-
nós , ou a ntes sobre os .11.ndradas a que ólzco ha de ficar convencido de 9ue o Sr . .Mar...
verdadeiramente s·e dirige, suspeitas de ·que tim F_rancisco f oi bom Milnistro de Finanças..
saíram da nossa penna os sarcrasmos que Convimos nisso, e daqui se segue que essa.
se publii:;avam no çujo Espelho, e precediam convics'aõ geral , que só o Sr. Simplicía
ao horroroso massacré do Redactor da .llfq- <lesconhece e conte5ta , nasce, naõ dos
laguef?-, Persuadidos de qure. -0 Sr. SimpliciG ditos do ex~Ministro , mas da s s uas obras:
perfeitamente sa.be quem io1 .º author des- sendo por consequencia- innegavel que elle
ses sarcrasmos, e quem praticou esse mas- tinha form ado pltrno de finanças .
sacre, arteiramente lembrado naquelle lu- Contesta o Sr. Simphcio a quantidade
ga(, -naõ achamos termos com qw' possa· de vinho que o T amoyo affi rma ter entra.-
mos responder a tanla má fé ; e rasaõ ti- do em 1821, e diz que aq_ueHa quantida
vemos para aflirmar que, segundo a -theo- de subio a 14:500 pjpas, fundando-se pa..
ria de Gall , a pequenhez do craneo do ra isto em uma Certida õ d a Estiva. Se
.Sr. Siniplicio naõ implicava com ú orgam esta Certidaõ he verdadeira, se rv iria para
da ast ucia ou velhacaria. Que se debatam enforcar os que a passaram, pois a entra-
<>piniões, que se cont~stem ~actos, que a~é cla naõ confere com a saida , por onde se
no escrever se perm1tta mais alguma coi- regulou o Tamoyo. 2 O que he feito <lo res.-
sa, do que liberdade '· em rnaterias que to desse vinho que entrou? 2 O Sr. Minis'"'
naõ arriscam a segurança · publica, he de tro das Financas dorme a somno solto so
homens; porem attribuir a innocentes aqui}. bre taõ enorm~s roubos commettidos cont~&.
10 que o próprio accosador sabe que elles a Fasend a Publica? ... Quanto ao cambio.,
naõ praticaram , he de pre\'ersos, he de o Thesoiro pode testemunhar · se ha ver.:.
h omeris indignos , e desmoralisados , c uja dade no que aftirma. Os saques sobre· elle
vista roal sofrendo o resplendor da virtu- mostram que o carn bio ~esceo a mais de
de, pertendem eclipsal-o com o opprobrio 46: e todos sabem que, te ndo depois
que e11es ·sos merecem.. . . subido, vai gradualmente baixándo. Dei-
Eng.a na-se o Sr. Simplt!:W quando as- xemos o resto . para outra vez, e será cn-
~eve ra que o Twnoyo mostrara excessiva taõ tratada a rnateria mais amplamente.
d or ao apontar-se-lhe o qlle chama erro A carta ·<lo N . 71 , debaixo da assig-
do ex-Mi nistro da Fazenda no Decreto de tara de Honrado Bras~lciro , he taõ pouc<>
30 d e Deze mbro do anno passado. i Sem- Brasileira, q ue naõ m e rece anal ysc; só cus-
pre falsidades ! ... O Decreto de 30 de taria a crêr a teima com que querem devar
Dezembro só pode ser erro na cabeça do o Tamoyo a mais do que e lle pertende, e
Sr. Simplicio: para quem sab e Economia faria corar <le . pejo a todo o .Brasileiro qú~
Politica , he outra coisa: e lendo-se esse se preza de o ser, o pensar que h O'U ve sse
N.0 do Tamoyo ver-se-ha que nada mais gente no Brasi[ taõ petulante e ignorante~
fizemos, do q ue d esenvolver a questaõ. Quan~ que insultasse aos-Literatos seus naturaes,
to ás criminações que o Sr. Simplicio faz quando a Eiirapa sabia os -apregoa com.
r eviver contra os ex-Ministros, infinitas bonra nossa , e os tem associado á maio~
vezes se tem exuberantemente Tespo nd i<lo parte dos seus Institutos S-cientificos.
a ellas neste P e rio<lico, e aos nossos Lei- Passemos a ver o que nos diz o Sy{..
tores recommendamos com especialidade a pho em seu N. 2:3. Ahi uma carta do Sr'..
liçaõ do N. 5. 0 sobre este ponto , assim Cararnurú atlirma que as doutrinas emittidas
como a do Diario- do Governo .sobre as em umas carta s publicadas n.a S entinella N ..
chamadas nullidâdcs da devassa a que nes- 14 , e mesmo no corpo deste Periodico ~
ta Corte se procedeo , e previa censura pass~ram ·para o 1'<.1m~yo, e que, foguete
da pre nsa. daguz , Jerrotoada dacola , foram malhar com
Affirma o Sr. Simplicio que os Ministros sigo na S enh°'nella. N a6 temos presente o
foram sempre voluveis ( i quem tal d iria! ) citado N. daquelle Pcriodico; porem , ver..,
no seu modo de obrar, e que esta vo- sundo essas cartas, como o Sr. Ca.ramwrú
( 133 )
.dá · a entender, sobre chumhismo, naõ sa- tornal-os cada vez mais .rivaes hum do ou:~
bemos com que fundamento affirma termos, tro. Est8: verdade ~e ~e simples infoiçaõ,
a poder de foguetes, e ferrotoadas , mudado e as paginas da Historia a attestaõ a cada
de opiniaõ; quando pelo contrano ma!-cha- passo. Dei~~do pois sitações , que naõ
)Dos no mesmo terreno, e por ora ainda cabem nos limites d'huma caria, basta ehca-
naõ vencidos. rar para os rezultaàos da innocenc1a reco-
o N. 24 do Sylpho contem uma carta nhecida , e - para o restabelecimênlo dos
em que o e x-Ministro da Fasenda he ac- Bernardistas de S. Paulo! para conhecer as
cusadô de ter feito sofrer preterições a va.. funest~s consequencias de taes medidas.
J"ios Officiaes daquella Repn.rtiçaõ; sendo Ufanos estes malvados, que já se con-
para notar que em um só ponto funda o tentavaõ com o perdaõ de seus crimes ,
acéusa<lor na Lei n. sua criminacaõ. Como que altamettte c onlessavaõ, empregando as
naô temos cohhecimento dos m~tivos que ultimas baixezas para escaparem á espadq
dirigiram o ex-Ministo, naõ podemos r es- da J ustiç~, suspensa sobre suas cabeças;
ponde r ás arguições ·do Sr. Cornb.inador, mas ·ufa rios, d1go, com o caracter d'innocencia,
:reparamos que este Sr. se doe das Porta- que em vaõ se lhes quer li beralizar, tem
rias que o mesmo u-Ministro mand ava a posto esta pacifica Cidade e Provincia
Affa.ndega, e com que se atalhavam ·gran• n'huma convulsaõ terrivel, continuando seus
.des roubos; o que nos <lá mui favoravel antigos projectos de tudo confundir para .... ,
idea da sua pessoa. ~uanto á ~em_.?çaõ. de r- e de mais á ~1ais procurando Yingar odios
Empregados desta ult:ma Repartiçao, sa1ba - cada vez mais exaltados. Apenas começa-
que pe1o Foral he permitti do até ao Juiz raõ a recolher-se, appareceo no Correio do
o fazei-a; e sobre a suspensaõ delles 1 naõ Rio N. 0 16 de 19 d e Agosto o extraclo de
temos. nóticia de nenhuma. ~alvez torn~~ huma carta de ~· Paulo,. onde o subscrip·
tnos amda a e5te ponto, depois de adqm· tor J. S. T. (Jaime da Stlva Telles) avan~a
rirmos informayoes exactas sobre elle. falsidades imperdoaveis; e que bem de-
Pelo que respeita a nota do Redac- pressa appareceraõ ao publico por meio
"tot do Sylpho, respondemos com o que da imprensa, e pelos meios que a Ley
:fica dito riesta Resenha sobre um dos N.0 s offerece aos. nella comprehendidos. Suppo-
do Corre?o, e com quanto em nossos N°•. nhamos, muito de graça, que existia a l'eali-
antecedentes se tem dito. dade desse facto ; pergunto, Srs. Rcdaéto-
Va a S entinella fazendo pass!\t' p ela. res, quando he qu e n'htlm Estado Cons-
.sua Gamara aplica os inimigos do Imperio, titucional se inhibio o direito de petiçaõ e
e merecerá os a.braços de um Tamuyo. reprezentaçaõ? Quando naõ fosse publico
que os sabíos, e honrados Ahdradas se di-
mittiraõ elles mesmos do servico Ministe-
rial, o que lhe,s cumpria faú'r todas as
e o R R E s p o N D E N e I A. vezes que julgassem sua reputaçaõ com-
promeüida, ou naõ quizessem ma-is servir~
Senhor Redactor. o que unicamente se poderia dizer he que,
aquelles que pedirem sua reintearaçaõ no
Cheio do mais completo prazer li o Ministerio, reconhecendo seus ~balisados
!leU N.t> 20 do TamO!JO , e saõ taõ fortes Serviços · naq uelf e importante lugar, esq ue-
1!mas razões, taõ especiosos seus argqmen- ciaõ pequenas faltas em prezen~a de seus
1os nelle, que <leixaõ o espirito no mesmo grandes feitos, e da prec1z:lô que o BraS'l l
estado de quietu~e , e satisfaçaõ, ~ue se tem de suas luze:i, e da sua rnteireza no
experimenta· depois de ter aprehendrdo hu· exercicio da administraçaô publica. Mas
ma certeza apodictica. naõ : elles lança v aõ a barra in<l a mais. lon-
Ganhando sempre no coraçaõ do ho- ge: elles trama vaõ novos laços para com-
mem augmento de intensidade o fogo das. prometter a honra d os amantes, naú disse
paixões sopito pela Lei, e ateado de novo bem, dos idolatras do Brasil, e de seu
por huma dispensa, ou derogaçaõ intem- Augusto Imperador. O espirito verriginozo,
pestiva d'ella ; todo a acto, que lhe dá a que os anima, liies suggel'io hum meio ,
existencia, he sempre bum verdadeiro mal. que á seu ver era o maJg apto pnra per-
Desde que dous partidos se chocaõ com d:r na opiniaõ publica os verdadei~os pa-
opiniões diametralmente · oppostas , querer t11.otas; e por consequenc1a seus JUrados
.conciliai-os impondo silencio á ambos, e inimigos sonharaõ a ex.istencia do proje-
JJivelando seus direitos he excital-os , e cto· de huma Re·p ubliea levantada em. S.
~ 111< ii
( 134 )
~mco me::es ; te hauera, mnda pel'vcrsos que ou- d a sua representaçaõ na ordem social,
.sem maeular a sua inteira rrputaçnv '! D ern g:tr reune um c1 edito proporc ionado , naõ acho
com a reza, Sr. , quem quer que V. m. out ro meio de just.lficar-me para com o
sej a; tenha paciencia,. e escute o rest_o sem PubJ;co, perante ct~o Tribunal C') pende
boquej ar: naõ 11enha rntei'fomper o lio da j~t a .mi nha accusaç<l.õ, <lo gue da r á luz
uossa hi;:;toria. as peças juntas, para que por e!las de-
Dissemo<; flile por um documento au - cida se foi coliunnz'osa ª~suiçaõ a i11formaçaô
thentico' constava que a ent rada d o vinho dada a S. .~. I. , e m Junho d es te anno ,
em os dois mezes de Agosto e Setembro sobre o de sgos to com que os Povos da
montava a .'i:8:~ 1 pipas , e he bem natural C ampa nha d e JllonLCT:we.o supportam os
que todo o mundo espere suba a muito aúoletarnentos de tropa, e se ha rasaõ para
:mais daqu elle o numero total das pipas naõ chamar ar;;·uiçües ás illformas;ões <lc urn
só de vinho, mas tl e ;-inagrc , agoar<l en tc Procurador, quando estas só tem por ob-
e azeite; naõ só ele dois mczes, pó rem jecto al1viar os PuYos de um onus insup-
de cinco , constante <la Certidaõ do Sr. portav el, sem queixa <la Aut.horidadc que
Escrivaõ da E stiva : pois enganam-se, por- o dispoz ou o tolera.
que toda a sua CertiJaõ apenas sommou He çsta uma qucstaõ promovida pel<;>
em 4: 15-1 pipas de todos aquclles dilTcrcn-
1 J. e E. Sr. Baraõ da Laguna para dar
tes liq ui dos , vindo por conseq uencia a fal- principio a outras l1e um caracter mais
tar ainda para preencher o numero d e pi- delicado e tran sce ndente. Se V., Sr. Edi-
pas de um só delles, attestado pelo outro t or , quizer dar-lhe um lugar nas paginas
<locumento, 1:3í7 pipas , que passaram por do seu estimavel P e riodico , seja pondo-
ftlto com gravissirno prej ui:zo da Fasenda lbc á frente a Portaria de 22 de Junho,
Publica!!! p ara que da suavi dad e do se u conte udo
A E stiva do: Rio d~ Janeiro goza de se deduza quaes seriam os termos da in..
taõ boa reputaçaõ, que a Fama occupa formaçaõ a que o Baraó <la Laguna chama
todas as cem boccas em apregoai-a até !las arguições cahtnwiusas, e 'JllÚ:ca sem Jiindamntoe.
.Praças da Europa; e em prova desta ver- -L. o.
dade aqui trarn;crevemos o seguinte para- Instrucções.
grafo ele uma carta de um commerciantc
de Lisboa, a um lngle::: ele inteiro credito Que ao Ili. S.~. D. L ucas J osé Obes adminis-
• e stabelecido nesta Praça. H Fechado nesta tra o Cc.óido da mui /!lustre Cidade da Co·
" pedimos licença de lh es envia r conheci- lonia , para que por ellus se sirva ter a bon·
" rnento de sessenta pipas de vinho branco dade de elei;ar uo conhecimento de S. M. [.
" de Lisboa, que lh es rngamo!> queiram as necessidades em que se acham os Povos
" vender ao melhor preço possível por nos- deste D espa rlélmenlo , promova alcançar-si!
" sa conta. Recommen<lamos que a venda o que 'Se pede , e e.1po11ha quanto julgar ·1t1il4
" deste vinlto se faça antes de o despachar, pCTra o que se lhe concede cm data destas "
" como nos dizem que os compradores sa- poder geral bastante.
~' bem melhor como arranjam respe ito <los G
H direitos, que saõ dobrados nos Yiuhos Pedirá que os visinhos naõ seJnm gra·
" brancos , e por esta rasaõ a qualidade do vados com a loj amen to s.
" nosso naõ se declara no conheciinento. ,, Es- Ultimamente promoverá com o seu
tas, e talvez outra~ façanhas da Estiva fo- conhecülo talento e zelo pelo bem pu-
ram de certo as que decidiram o ex-Mi- blico qnanto ju lgar conveniente ao oncrran..
nistro a remover os Empregados dclla, po- decimento desta Cidade, e Povos <lob De ..
rem ( !Sraças ao actual Ministro , e ao pro- portamento. Sala Capitular ela Colonia,
bo Magistrado que o aconselhou!) tudo es- Agosto 9 de 1823 Francisco Ro<lrigues Landi-
Lâ felizmente remediado , pois se acham todos var, ./Jlcarle de l.º votto -Manoel Escallo, .fllca-
restituídos aos seus cmtz~·os Lugares. de de 2. 0 i:otto - Estev:.Lõ ~in, Regú~01: De-
cano - M 1guel Y ncs , Juiz de PollCla -
Miguel Merino ~ Sindieo Procurador elo De-
e o R R E s p o N D E N e I A s. partamento - Por mandado de S. Sra. ,
Antonio de Azcven<lano e Leon, Fiel de
Senhor Editor. Fechos.
denuncia pelo menos, qae outras se per- cade interino de 2. o· voto - Andres Feleci-
mittcm com frequencia, lhe pareceo des- anno Vidal, .!lgente J11ayor - Julian Genez,
culpavel, quando para sei· ho1;es~a e:a de Terceiro R egedor _,_ Jorge :Perez R egedor
sobra que fos5e conducente a. telec1dade Defensor Geral - Sirilo Santurio , Regedor
do Estado. e ao melhor serviço de S. M. f. ,Juiz de Policia - Felicianno C'tirrea, Sindico
Que outra coisa presuma o- Baraõ , naõ o Proc1Írador Geral.
estranho; porem que supponha arguições e
9uei:ras onde apenas ha ii:isinuaçõ.es ~ode:
radas de um Agente publico, cup m1ssao
nisto consiste, e a isto precisamente se Senhor Redactor.
reduz, he para mim tanto· mais se nsível ,
quanto na confusaõ de taes ideas só des- Naõ obstante' haver cu nesta mesma
cobre o animo resoluto a romp~r as hos- occasiaõ cornettido aos outros · Periodicos a
Widadcs com os Povos, em cujo beneficio Declaraçaõ, que aco;np~nhaõ estas barba-
se creria delicto pensar, se fosse cn.lumnia ras linhas, tomo a liberdade de pedir lam-
e,xpor o que sofrem, e pedir o que dese- bem a VV. SS. o espec ia l obzequio de
j,am, pelas vias que a Lei tem marcado, a estaparcm no seu proximo N. com aquel-
com o justo fim, entre outros, de evitar la imparcialidade, que destingue o seu Ta-
erros desla natureza. mo.110. Sou &e. - Carlos Gustavo Hedberg~
Eu espero que eslas observaçoes che- Sueco. (*)
guem á mui Augusla Pl'esença de. S. M. I., Dcclaraçaõ.
e conhecimento do Publieo, para que nin-
guem ignore as molas que se cmpregan1 Filho da Patria de Oxenstierna , von-
em hwnilhar a representa9aõ ( unica que Linnée, e outros varões iguaeo, naõ pude
aqui existe) do Estado C1sp1.ati110, só por- ler á sangue frio , e olhos enxutos , hwn
que esta se occLTpa com disvéio em sus- escri plo sem data, impresso na Typogra-
tentar a dignidade <lesse Povo, em venti~ phia Nacional cl'cste Imperio com a assi-
lar seus primili\'0.3 direitos, e em cercear gnatura T. F. G., em que o actual Rei da
uma parte da enorme sómma de males que Suecia, e Norvcga o Sr. Carlos ·de-cimo
padece. Deos Goarde a V. Ex.' Corte do qu:irlo (:H:) hc com a injustiça mais dur~
Rio de Janeiro 6 de Outubro de 1 c;23. - taxado Salteador, e Usurpador de hnm.
III.mo e Ex.mo Sr. José Joaquim Carneiro Reino alheio. Attenc~endo por tanto á gra-
de Campos , 'i'r'Iinistro e Secretario d' Estado vidade, e fatacs consequencias deste erro
elos Jv'egocios do lmperio. - Lucas José Obes. manifesto , 1mõ me posso eximir de o com·
hatcr.
Copia do § da Representaçaõ J'o.- Cabildo de Co11t1'm1ar-se-ha.
Gnadalupe, a gue se refere o ojjicio supra.
Os Povos observam que depois de mil (*) Com muita satisfaçaõ inserimos
promessas estereis contirn1arn a sofrer o em o nosso Pcriodico a Declaraçaü do Sr.
pezo dos alojamentos desJe o anno de Hedóerg, cujo Patriotismo naõ podemos <lei-
1820 , obriganllo alguns dos habitantes xar de louvar, como merece. J a cm nosso
proprietarios a viver em urna choca, no N. 25 annunciamos qual era a nossa opi ...
deserto, para . deixarem . as suas casas em niaõ sobre o modo com que convem tra-
alojamento, e que as desfrutem os Officiacs tar os Monarcas estrangeiros ; e se acaso
com suas mulh eres, ou com suas concubi- nada dissemos sobre a carta de T. F. G.,
nas. Deos Goarde a V. E-x.ª muitos annos que graluilamente se distribuio nesta corte
Villa de Guadalupe de C~n elones 12 de Julho com o Diario do Governo, foi porgue si-
àe 1823. - UI.IDO e Ex.mo Sr. - Justo Diogo milhante escrito he um apontoado de ~o .
Gonzales, .lllcad.e 1. 0 voto. Presidente - Il- surdos, que nenhuma casta de censura
defonso Champagne, R egedor Decano e .lll- merece.
p iraú. l11Jicrnos
:-:i
sectarios do:; infarnc::i Boni- Foi-nos communica da, para se pu blicar-
fucios jaze m por terra. O nos::.o r111oravel cm o nosso P e riodi co , a procl amaça õ aci ma
Priric1jJe , reconh ecendo a innocenci::l , con- t ra nscripta co m n uo ta <l a pess oa , q ue a
àemmr os malevolos ; e , quae:3 c ::. trellas enviou c..la Provincia de S. Pa ulo, onde se
brilharlle s sobre o firmamenlo, apparccemos d escreve a entrada nclla d o8 foccioso s pe r•
~obre a face <lo solo Brasi le iro. He che- d oad os pelo Decret o de 16 el e J ulho; os
.ga<lo o feliz momento c m ci ue , de baixo do seus c:rim es , e desaforos , e a i11Jolenc'a
mais, solido ·apoio d evem os fa z<! r sobre-sa hir · do G ove rno cl'aq uc lla Prov ínc ia em supor-
o no.;;so merito, e exting uir para se m pre ta i-os , Lcm como a in <lispoziçaô con tra
os traidores. Ao nosso rc,9aço chega o ille• ell es el a pa rt e s3 a d o Poro. Tu do isto
zo, o incomparavel Br :1~ 11 e iro, e o magna- encheo-nus de horro r , e deseja ríamos saber
nímo Patricío nosso, con.1mos á s ua voz, pc-rfeit[i e in<li\'iJu alme nte qu em fo i o aulhor
e e ntre vivas de gloria torne Paulicea ao de similh ante procbmaçaú , prir::i lhe irmos
seu antíuo e xplen dor. he hoje morrendo arranca r as e11tra11has , be be r-llic o sa 11 guc ,
o Conn~~rcio, e o giro me rca11til pelos e lam;::i r aos co rrns o irn mu11do cac..l a ve l.'
<l es vario:3 de viz sectarios <los infam es , aind(\ pa lpitant e. Entre Lrnt o fa rem os al-
que só que riaó a l ndependcncia do Brasil gumas rclle xêics sobre a t.11 pap elctri, qu~
para c evar e u orgulho , sa tisfaze r seu serv ira ô para descngan::ir ao P ublic o <le
capricho! agora que tudo mu~ou Je face, como nos ach a rnos tr aldos.
reviverá este mesmo Commerc1a, e tornará l .• O vco que cobria a ve rda de , rasg ou•
S. Pnulo ao seu apice <le grandez a , quan- se. Naõ ha <lu viJa: os mons tros apparece-
<lo unindo o laço , que faõ v e r~crnhoza raõ em sccna taes q uí.les c m.ó. Trai uores
mcnle foj rompido COfll IlO SS OS ir m;-f OS , fa . . ao Imp e rad or , t rllidorcs á 1\ açllõ , ouza õ
camos outra vez J c dou s emi s pli c rio ::; um, os malv ados insu lt ar o \'O to ge ral J'e lla
de dous . interesses um, e naõ seK uindo com os c: pi tet os J e loucos projectos B onifacia-
louc o~ proj cetos Bonifacia<los , a<lopte mo8 dos , ouzaõ ::i pregoa r cl c3car:i. tl a mcnt e a uni aõ
o antigo, e proveitoso rec llr::!O de h um só com P ortu gal , prii ::i r a S. l\'1. I. do Titu-
R eino, de hum só inte re8se Jesta ProvinJ lo qu e lh e confe rimo"!, e, o qu e mais é, as-
eia, e <lo Brasil ; e nos súrura o nosso /i.njo soci a i-os aos seu-; de s ~· ririos. Infames ia
J:utelar, o nosso immorlal P edro. Ell e j :í se q ue é que 1·os segura o no so Anjo T ute-
rlcslio-ou dos infam es , que o i llucl iaú, e lar, o nosso l111m 0rf ::d Pe dro? i E' o cr ime
:::>
que o rodeavaõ; ac a bemos nós tambem horre nd o e fe.i.o, q ue ;:icabac~ d e annunc iar
com os seus satrlites 1 e se veja e ntre nós ne. ta p;ip cl eta? ~E se rá possive l que se
:-:ó estes vivas - Vi va S. M. o Senhor D. profan asse assi m o Sagra do d o Th ron o, e
Jo:>ió Vf. - Viva a uniaõ dos dous emis- q nc ne m se q ucr se manda s.?e d e vassar dos
pherios - Viva o Augusto do Brasil - p erve rso:;?
~
( 140 )
) Que tristes reflexões nos naõ sugge!em Camarifas de envolta, é verdade, com
taes procedimentos , quando os combma- Brasileiros; mas que Brasileiros! Todos
mos com a historia do tempo , d e quatro da mesma cafila de prevaricadores, e Lu-
mezes para cá. Ministros \'er dad eira~ente sitanos n'alma: os Commandantes dos Cor-
c onslitucionaes , inimigos jmplacaveis do pos, Brasileiros, e Portuguezes ( coiza inau-
despotico Port~<l'lll, e os unicos authores, diJa ! ) saõ angariados com a· isca da far-
os unicos defensores da nossa Santa lnd e- da de criados da Casa Imperial ; e o Mi-
pendencia, deixaõ espon~aneamente o_ Mi- nistro d os Negocios do Imperio, censurado
nisterio,. porque os nea-oc1os marc ha va.o ao d e empregar Lusitanos, pergunta a quem
avesso dos inte resses 113rasileiros, e apezar Ih 'o estranha, se ha de em_pregar Bote.cudos,
dos lou1·ores, com que .S. M. l. lhes ac- e JV"egros. Ora ~que illaçaõ devemos tirai.-
ceita a sua <lem issaõ, os Gordilhos e os Ber- de tudo isto? Que estamos, sem duvida,
quós saõ os primeiros que appareccm cada perdidos; que a nossa Santa Causa é .sup-
um com a sua proclamaçaõ contra elles : plantada pela intluencia Portugueza, e que
a Tropa é conservada por alguns dias em . os Mini stros Brasil eiros, querendo a todo
quarteis: Cid adãos innocentes saõ arranca- custo manter-se no Ministerio , e naõ p~
dos de sem; lares no silencio da noite , e <lendo obtel-o pelos meios legítimos, tra-
mettidos <Zm prizaõ, só pela mera suspeita taõ de curvar-se ao plano da facçaõ Por-
<le .solticitarem assignaturas , para a rein- tu gueza. Senhor, é abso1utamente necessa·
tegraçaõ dos Ministros: um a corja Je sevan- rio mudar o actual Ministerio , que sola-
dijas infames, açulada pelos monstros, ladra padamente nos vai perdendo , e a V. M.
contra os honrados Cidadãos, e com a su- tambem: o Mi nistro de Guerra tem atraiçoa•
ja poeira, que levanta, perlende (mas em .do claramente a Naçaõ; o da J ustiÇa só é
vaõ) escurecer a brilhante lu z do Sol: o liberal com os Lusitanos, ou seus adherentes,
1gnobil Correio, vehiculo outr·ora de ras~ adoça O!::i seus crimes com a alcunha de de-
teiros demagogos, passa a sel-o ü1stanta.nea- zafeiçaõ á nossa cansa, naõ os quer longe
mente dos latidos destes c':!rberos ~ e en. pe si para naõ serem victimas do odio
gastando diamantes preciozos em peça de Nacionãl, autoriza pela Portaria de 20 de
chumbo rraõ cessa <le profan ar na sua fo- Dutubro de 1823 ao Intendente actual , o
lha o nome dos .lindradas : s~duzem-se es- homem mais fofo e intrigante que temos
criptores estrangeiros para apalpar a opi- conhecido, Q t raidor á causa Portugueza
niaõ do Povo sobre a uniaõ com Portugal: quando · servio em Palmela, o cunhado, em
espalhaõ-se boatos de mudança a._ Bandei- fim , do· infame Francisco lgnacio, a co.
ras: mandaõ-se convidar inimigos nossos , rnetter todos os <lespolismos, de qae sua
:prizioneiros de guerra , ain.Ja gotejando o alma o torna capaz. i E que diremos dos
sangue Brasileiro, para 2ntrar em nossa!t Ministros Brasileiros? O dos Negócios do
.fileiras: continua sim o G .:i·verno das Ar- Jmperio e Estrangeiros , <lepois de haver
mas uas mãos de um Brasileiro , mas sido uma vez apostata religioso, e outra po ...
~fTl. realidade Gordilhos, Va!~ntes, e Berquós lítico, quando servio aos Francezes como Se ...
saõ os que regem a Tropa: o Commanqo cretario do Ministro dos Cultos, ~que muito
dos Corpos Militares é todo de Portugue- é que apostate terceira da c a usa que ju~
zes, e no dia I 2 de Outubro assol\lha-se rára?. ~E se é verdadeira a resposta, que
~ idea de que vai-se acclainar a S, l'vL nos çonsta ter dado a quem lhe estranhá..
absoluto. Nesse mesmq dia. publicaõ em S. ra o emprego indiscreto <l e Portuguezes,
Paulo os facciosos, qu~ <l'n.qui se retiraõ , ~que du vida nos pode restar? O da Fa·
que vai umr-se o laço qut; taõ vergonhosamen- senda, abjecto instrumento do Hlho despo·
te /ai rornpido com nossos irmãos , fa::er-se ou- tismo , na ordem dos homens Tartufo, e
tra vez de d-Ois emi~ferios um, de dois 'interes- na dos ànimaes Ropoza, alem dos erros ,
~es um, e com tudo naõ nos consta que o e a rbi trariedades de que, por muilas vezes
Go verno d'aquella Provincia procedesse e temos arguido , e sem replica , é taõ
contra os malvados, ou qt,1e o Ministerio o servil' que IDB.nda pagar a Placido ~ cria.-
re preendesse por isso, e mandasse dar as do de V. M., uma divida naõ legalisada,.
devidas providencias. Ainda mais, o Mi- e sem ser isso da sua competencia, Por-
nistro da Guerra, accuzado no dia 11 pe- taria. <le 5 de Agosto; e taõ pouco affecto
rante a nossa Assemblea da mais horrenda a Sagrada Causa do Brasil , que manda.
das traições, é premiado no dia 12 com a restituir a Vicente . de Sá Rocha os bens se-
Commenda da Imperial Ordem do Cruzei- questrados, naõ obstante constar. por um.
ro: o despresivcl Oyenausen , inimigo . acer~ summario de Policia, em que juraraõ tes•
rimo da Causa , o Verres de Matto Grosso, temunhas autorisadas, que elle fóra o mais
entra tambem nesse dia na enchurrada dos ( acerr1mo inimigo desta mesma Causa. O
""
( 141 )
da Ma rinha, em fim, rnrra nu llicfade po l i- sri lauó Conse lh e iros nh orrc-cidos : o Bra s1r
tica, !:'Ó sen-c pnra i r com ns outros , e Vo-lo <lcpreca. Naõ é prcc;su que r eco r-
engrossar a turba dos Farizeos . ·Ora com r11i s á Nr-gros e B otuuaos, para achardes
ta1 Mini;,iterio corno pode o Gove~no mere- em quem c onfia r. Se a pruder1cia e.la As-
cer a confia nça pub lica? A expcrienci.a o s'e mbléa Vos tolhe o escolher de se u seio
mostra 11;:l <l csuniaõ, que reina nas Provin· nov os r\ t lan tcs, vat:to i::. o Bra'-:1 , rico é
cias <lo Norte, e que vai lavrando cm to~ de talentos, para qu~ tcmaes nnõ acerta r_
da!3 as mai c;, naõ exceptuan<lo mesmo esta Se quiz vossa mufina, guc arred:isseis Je
Cap ita l , aonde ferve o ciesconte11tamento. Y6s os melhores <1mi gos Jo l3i·asil, e Vos-
2 E haYcr~ ainda e::icriptorec; vcnaes que sos; ~e nriõ é decoro:::o, nem rne~m0 pos-
pcrten<la.õ 111censar similhanle aamiuitraçuõ? s iv e l. a ,-ista <la Lei, e dos sc·us caracte-
O T~moyo, Senhor, seguirá dilli.>rcnl c ru - res inclividu::n2s, que Yoltcm <le nuvo os
mo: 111capaz <lól bnix;, lisonja, quanto Je que expontaneamente, e com conhecimento
fa ltnr ao respeito d ev ido a V. l\ l. L, a Quem de causa ahandonaram os negocios, esco-
afincadament e ama, occultando-Lhe a ver·- lhei outros cuja s almas riaõ sejaõ avidas,
<lad e, cbmcirá sem r ebuco e affoitarnen- como as d os vo s,..os l\Jini5tros; cujos espí-
te que as coisas naõ vaü ~bem: que o i\li- rit os e s trjaõ cicl iar~ tados cm assumplos po-
nisterio de V. l\J., filem de in rrte, e igno ... líticos, ao ~vcsso d os '' ossos bi sonl1os Con-
rante, parece favorecer solapadamente a selheiroc;; e cm quem o fogo da activida·
causa d e no-; sos inimigos. ou ao menos naõ de case com 3 m adureza da prudencia. A
m arc l1a st'gunJ o a opin i:lõ gemi, e irresis· estes cho.mai , e livrai-n os, por guem S o is ,
tivd do lmp c rio Br.1 s ilciro; ;_e se m esta da maior pes te, que t em o Brasil soffrido;
como p or.lerá obte!·-s e a :; uc>. conso li<laçaõ livrai-nos do vo<; so actua l "\Jinislcrio; mais
e prospcrit.!ade _) Em li ora, Senhor, Vos di- naõ o po<lcmo:; aturar.
gaõ qu e a s forças da s bayonetas acumu la-
das ne:;la Capital está sempre ú Vossn dis-
poziçaõ, e promp ta a obrnr ao rnsso menor
aceno: os malvados fjllC islo Jizem, podcráõ e o R R E s r o N D E N e I A.
1irender a YOZ do Fluminenses degenerados;
mas naõ so ldar as mais Provincias justa- Senhor Rcdactor.
mente assustadas. O Brasil n;,õ qu er nada
do que ressumbrc a P ortuga l; e nem mes~ Fui ao Paco da n ossa Soberana As-
}TIO Brasileiros eqt.:rrocos, ou capazes de sem bléa ver a 'sessa õ da me:::ma no dia
seder a se<luçaõ. No animo d os seus habi- 30 de Outubro proximo passado ; e che-
tantes reina hoje a maior desconfiança, e gando a horn dos pareceres <las C omrnis-
Q Ministcrio actual é c aus a d 'e lln, pois sões, leo o Sr. Secretario l\Jaciel o ela
ninguem quer os mesmos esteios do edilicio Commi ss nü ue farinha e Guerra á r espei-
Yelho, que calo por terra c om todos os sc-us to do Oiilcio com que o Ministro da Guer-·
crimes e prevaricações. ~E quererá V. M. ra faz ver á mesma Assembléa os moti ...
1., nosso Defensor Perpetuo, arrastar-se a -ros, que ti vera o GoYerno para admittir
Si e a toJo.:i nós ao maiQr dos -abi8mos no nosso Exercito certos OJticiaes, que·
pelo apoyn , e conservaçaõ Je similhante deze1 taraõ do Exercito Luzitano.
Minislerio? Ah! Senhor, nem tuJo o que Vi, Se11hor Redactor, o Illustre Sr.
nos agrada é capaz de curar os nossos rna- Montczuma combater aq11elle parecer com
1es ; e tem era rio é ru-riscar por uni c:-1pri- razões taõ solidas , e com principios taõ
cho a sa ll';oiçaõ da Náo , e dos que n'elb. verdadeiros, que ( &-m fazer ollellsa a to-
uavegaõ. O -Tam oyo ~abe mui perfe itame n- dos os outros nobres Deputados) ninguem
te que estes meu:> Srs. naõ podem sofre r o foria melhor, nem apontaria mais ,·i-
os seus bra<los; e que um <l'elles até já o siveis os e rros do sobrcdito Ministro; e i
ameaçou com u1na yjzita á Jlfal,ogueta : mas porporçaõ qu e 110 seu discurso bia apon-
por isso mesmo 11nõ ccs arú de bradar con- tando rr futiliuaue <..las r::izúe s allegnclas
tra se us cri111es, e perfü.lias. Se o ataca- pelo Ministro, já. quando e:;tc no cita<lo
rem, def~nder-se-lia quanto poder: e se Officio se estriba uo Decreto de 16 de
por desa-raça sucumbir, se rá mais uma vi- Dezembro <le l 806; jít qu a 11tl o se refere
"' .
clima da traiçélú, e de spt?l:smo, e o seu á Proclcimaçaõ do General Lima; e já
sar1gue clamará perpetua Yingança contra finalmente qunndo diz gue <lc similhantes
os seu:; 8.lgozcs , e contra os algozes da indi viduos muitas vnes se tem tirado
sua Patria. Senhor, Lançai em fim de Vos- partido vantajozo, tratam o lllustre Sr.
~ ii
( 142 )
Montezuma ao mehcionado Ministro tom zuma as suas lições : aprenda o Sr. Pre-
o epitheto <le que he merecedor; isto ~e; zidente o ideado Artigo do Regimenw: e
dizia que o Ministro ou hc tollo, nesc10, aprenda toda a Soberana Assembléa ,
e ign orante , ou obra de má ft:, e. ~orno quando hum Ministro de Estado for Jadraõ,
tal he traid o r, e naõ serve para Mm15tro. nenhum Deputado se atreva á dizelo na
Sr. Red ac tor, a pezar de que eu Assembléa: quando hum Ministro d' Esta-
.p enso da mes ma maneira , co~ tudo _n~õ do for falso ao Imperador e á •Naçaõ,
entro n.u qu es taõ se com ~ !feito_ o M1ms• quando hum Ministro d'Estado quize r en-·
.t ro . h e ,. .o u na õ tollo , nesc10 ,. e ignorante; tregar o Impe rador e a N aç aõ, nenhum
.úbra ou na õ de má fe ; he, ou naõ trai- D eputado o chame de p e rjuro, <le fal s o~
.dor. Naõ he este o m otiv o , que m e diri- e d e enganador na Assemb!éa, porque o
EC á V. m.' Sr. Re dactor; eu me dirijo Ministro d'Estado faz huma parte do P o-
â V. . m. taõ. some nt e para dizer-lh e que der Executivo!! ! !. 'Brava a lemb ra nça t
houv e na Asse mbléa hum D e putado, .que brava a doutrina! bravo o Mestre , que
13e lembrou de p edir a p a lavra para ~ c a p rega !!!
orehende r ao Sr. Montezuma , da maneira Ora Sr. Redactor, o lllustre Deputa-
·i nj urioz a co m q~1 e tractav a ao Mini stro <la do certamente ( a meu ver) se naõ fez .
G nerra; e depo is d e a rengar por algum perte ndc , 011 re ce ia faz e r alguma Simpli-
t em po , e <l e se faz e r verm e lho, (o que cidade no Ministerio; e para. que nenhum
na verdade a dem irou a todos os espeta- dos seu s Nobres Collegas da Asse mbléa
d o res , p ois he raro no tal individuo o. se .amme á levantar a vóz e tratalo da
c orar) c oncl.uio o se u p a lavria <lo e m tom maneira que entaõ merecer, quer desd e
admirativo notando a o Sr. Prezid ente por j á e stabellecer a ordem, d e que n e nhum
naõ ter clrn.mad o o Sr. Montezuma á Qpkm Deputado póde attribuir a M inistro de Es-
dep ois deste ataca r, e enchu valb a r no M inis- ta d o alg um o epitheto , que por seus er-
tro d a Gu erra , que faz. huma p a rte do ros me rec er. A' o r<l em , á orde m , S enhor
Poder Execu t ivo ! Ainda a qui naõ parou N. <la G., qu em naõ qui ze r ser lobo, naõ
a h is tor ia , Sr. Redac tor; o O rador a lu- Jh e vista a pell e. O R egimen to, qu e V. E x.a.
c inou-se de tal m aneira , que di ce ao Sr. citou, ord e na ( segund o elice o S r. Prezi-
Prez idente, que até o Regim e nt o intern o d entc naqu e lla occ azi aõ para s ua adver-
de. termi nav a q nc n enhu m D eputado p o- t e nci a ) que os Srs. Deputados naõ se
dcsse t ratar com termos , ou epithe tos si- posgaõ atacar de pala vra &e. &c. , e nada
:rnilhan tes á indi vid uo al g um ; e q ue se d. iz do que V. Ex.ª d ice ; e de mais V. E x.ª,
isto se en t ~ n d ia co m hum simples pa r ti- segund o me p a rece, d e ve te r esse Regi-
cular , ·o qn e se naõ dev r ri R entend e r R mento , e µ or con seq ue ncia deYe t arnbem
r espeito d e huma Autho riJadc, e li um a e s lu <la.l o 1.º · pa ra sabe r o q ue ell e ordena;
An tho ri<l ade ta l como o Mini s tro <la G ue rrn, ( po r g ue h e foio , e m nito fe io hum me m-
que em h um me mbro do P o<l cr Exec u- bro <le hu ma Assembl éa ig no rar o seu Re-
tivo ! ! !,, gime nt o.) 2.º para por este mo tivo al1i via r
Pen'3ei , Sr. RcLlactor, <] llC o Deputa- ao Sr. Prezid e ntc do trabalho <le lê lo ,
do repre he ndedor, quando p c clio a pa la- qu and o V . E.x• se torna r á engana r , c itan-
v ra, q ueria apoiar o a rgu me nto in c.o ntcsta- do nell e a rt igos imnrngi nari os.
vel d o Sr. Montcz uma ; 1m1s qua l 11aõ fo i H.e . para ~ca rm o s na certe7.a d e que
a mi nha nd rn iraçaõ qu a nd o vi o ta l De..: aos Mini stros d E s tad o se na õ deve accu-
pulado , cuj o sem bla nte ( ú. primei ra vis ta) sar qu a n~o · me recerem, S r. Redactor , qae
r ep rezcnta a p rop ria p r ud c: ncia , salii r fo ra cu v~1u m co 1~m o ~aJo , rognndo-lhe queirn.
das estr1bciras , rc prcli e ndcr h um D t> p 11 la.- c11se nr es ta h1ston nha no seu a ma b ilissirno
do, notar ·o P rcz id c nt c , e nota lo faba- P e rj. odi c o : e no c azo que a lcru m curioz <>
b
!1:on tc, visto naõ ex is tir tal a r tig o no H.e- (jU e1ra saber quem so u e u , responda-lhe;
g1mPnto ? ! ! q ue sou o me smo, qu e na sua Fol ha d e
Mil grnçaf> ao Sr. D e putiu1o N. d a G. 28 do mez p assado se assignou. - lr1imigo
pela s ua do utrina : aprenda o ~ r. Monte·- dos P atifes.
'os Lusitanôs apenas cot:..tam 1:810 homens: attentado ameaça a propria Inuependeneia
temos 1 Corvete , 2 Be rgantins excelle ntes, da vossa Patria. Naõ sejaes indiílerentes a.
2 E scunas , e a fl otilha do Uruguay; ao enormidade do crime, ~Que orgulho naõ
mesmo tempo qu e os Lusita nos acham-se será o destes monstros se a sua atrocidade,
só com a Corve ta General L ecer ,. que era e perfülia ficar hnpune? Nas Provincias,
uma embarcacaõ me rcante ,~ e a Escuna espancaõ-se os marotos , e mariheiros por
Maria Tlieráa: Ora parece que á vista do qualquer leve insulto, ou arrogancia. Na
exposto naõ pode ter o Redactor <lo Diario Corte elles saõ os que nos espancaõ a nós,
rasa ô de queixa. elles saõ os que pro\·ocaõ a Cidadãos Ín·
Con túmar-se-ha". noccntcs , cm seus lares , elles saõ os que
espalhaõ o susto, e o terror cm toda esta
Provir1cia. j Que dªesgraça ! j que infomia
Rw de Janeiro 8 de .Novembro. para seus filhos ! Ah! Patricios meus , se
isto fica assim, direi abertamente que ~oig.
Temos de apresentaT aos nossos Lei- íncapazes de lil>cr<lade, que sois a escoria
tores o mais atroz, o mais escandaloso at- da Naçnõ Brasileira, que sois escravos, e
tentado, que pode imaginar-se. O Cidadaõ coberto <le pejo e <le vergonha retirar-me--
David Pamplana, morador no largo da Ca- hei para as brenhas a \'iver, outra vez, com
rioca, onde vive da arte de Botirario, cos· as feras menos insensivcis do que vos.
tumavu te r a noite em ·sua casa alguns ami ..
gos Brasjlei.ros , que iaõ alli conversar so .. e o RR E sp oND ENe I A s.
bre . <liife rentes objectos, e tahez sobre o Senhor Redactor.
estado p olítico do . Imperio, o que naõ" po .. O heroico e decidido patriotismo com
de jama is ser vedado a pessoa alguma. O que V. m. tem toma<lo o Arco, e as Fie ..
seu caracter, naturalmente p acifico, a sua xas para defender a Cau sa Sagrada <la
vida pa rt icula r o naõ constituiaõ Reo de Independencia de nossa Patria, me decide
outra <lelicto senaõ de mostrar affcrro aos a roga r-lhe o obz cquio de admitir na sua
inte resses , e prospe ridade da sua Patria. patriotica folha estas linhas •.
Tochvia bastou isto para irritar a fac çaõ Naõ pod e ser in<liiferente Sr. Redac.
Portugueza, por extre mo preponderante nes- tor, a peitos Brasileiros, o assassino perpe..-
ta Provincia, e pf,lra vingai-a, eis que- se trado no dia 5 do corrente as 8 horas
apresentaõ em campo os dois famozos . Cam. da. noite , pelos Major Lapa, e Capitam Mo ..
·peões d 'e lla o 1'1ajor Lapa, e o Capitaõ Mo· reira ambos das Brigadas de Artilharia.
:reira, ambos d'artilharia montada. Armados, <lesta Corte, (e Portuguezes) contra o Ci.
e bem armados, na noite de 5 do co rrente dadaõ , Bra sileiro , e honrado Patriota
e ntraraó na casa <lo miseravel - Brasileiro, David Pamplcna. Sr. Redactor: hum Cida·
am ass ara õ-lhe o corpo com pancadas, que. daõ Brasile iro atacado, e espancado no
braraõ-lhe a cabeça e o deixaraõ quazi mor· centro de sua casa por dois militares Por.
to. Monstros! ~que mal vos foz esse infe- tuguezes ao serviço do Brasil ! ! ! Que·
liz , que assim assassinaes ? Um Cidadaõ desg raça ! ~ E porque motivo ? Sem duvi.-
Bra sile iro cruelmente atacado, e maltrata. da por ser Brasileiro, inimigo dos Portu•
oo e m s ua casa por dQis Van<lalos , por guczes, e zeloso da liberdade <le nossa.
<loís pcrfi<los assassinos, que até por obri- Patria: e ninguem pode ficar em duvida,.
.gaçaõ d c vi a õ prnf.eger a nossa segurança; que seja este o motivo, avista do que
~ e isto qu a ndo? Quando o Brasil Indepen. diceraõ esses dois militares ao dito Cida·
<lente tr:-i ta de a sse g~1rar a cada um de daõ' quando o atacaraõ - vê agora rati·
Ecu s Filh os as suas gara ntias indi viduaes. fe se és Brasileiro Resoluto. - Custa a
~ Assi·m se illudc rn as Leis? ~ A s s im se man. crer que similhantes attentados se prati-
t eii.1 a tra nquilidade publica? Cidadãos Mi- quem entre nós com tanto e scandalo e
lita res , mostrai , e qu an to antes , o vosso dezaforo. Hum Brasileiro oifendido to<los
}10rror a taõ. nefaiido crime. n?s, Sr. Redactor, <leremos gritar, viugança,
Flumine nses a verdadeira Liberdade vrngança ...
:n a õ consiste em vans disc nss õcs políticas: Até quando Brasileiros ! Até quando
cons iste no extremado affinco, e vi gilancia curvaremos a servir ao orgulho portuguez?
c om que se mantem os direit os in<lividuaes Basta, basta de ~oífr e ~: h oje mais que
de crid a um dos C i<laclãos : clles foraõ atros. nunca a Cara Patna exige uniaõ e ..... e
mente atropellad os , ná p essoa de vosso ~e assim o naõ fizermos que será Je nos~
•: 'ltriota ; a sua injuria é a vossa, e seu Alerta Brasileiros! Alerta o· <lo Tamoyo !
( 145 )
-que aborrasca está imrninente. Hum petente: se ella naõ existisse, ou naõ en-
Brasileiro Encarnisado (*). traria a Curveta Voador, ou seriaõ castiga-
dos os Governadores <las Fortalezas , os
Senhor Redactor. quaes nem ao menos foraõ arguidos. Fez
A imparcialidade, q11e até hoje tem bem o Ministro da Guerra, em qualquer
acompanhado o se11 Pcri odico, me anitnaõ inquiriçaõ á este respeito saltariaõ aos olhos
a djri gi r-1he algumas perg untas , e breves as suas rnazehs, e crimes. Quanto ao ou-
observações, sobre successos, cuja ten<len- tro facto, a Portaria de 2 de Agosto pocm
cia parece-me suspeita. fora de toda a duvida; e as repostas do
Pergnnto: he licito n'hum systema cons- Ministro <la Guerra dadas ás requisições
titucional furtar-s e hum Ministro á toda a d'Assemblea saõ a sua sentença de con-
responsabilidade pelos, actos da sua adm i- élemnaçnõ, e o appresentariaõ em qualquer
nistraçaõ, senaõ directa ao menos in<lire .. outro paiz, que llaÕ fosse o amadornado
elamente? Brnsil, como digno <la pena ultima reser-
Se me responde que naõ; entaõ torno vada aos parricidas politicos.
a perguntar, porque o Ivlinistro da J usliça Observações.
rouba ao conhecimento do publico o tex- A molestia naõ viciou só a hum mem
to das suas Portarias, que devem formar bro do Conselho do Gabinete, de ve de ter
o corpo de delicto das suas arbitrari eda- empolgado a todo9, como se mo~tra pelo
des, e malversações, e satiafaz a avidez seu silencio , continuaçaõ no serviço, e ap ..
natural do Povo apenas com a magra lista provaçaõ do que ha de mais damnoso a o
d'ellas, e simples nomes dos requerentes , lmperio ; o remedio deve ser tambem ge..
e das authoridades a que ''ªÓ remettidas ral , póda geral, e naõ decotaçaõ parcial
0
lavrada pelo Sargent0 Mor Francisco a'Or- apinhatnento de quanto abutre, vem aqui
nellas, e deve estar registrada no livro com- ceva r-se em nossas estranhas; ou ao menos
para isso se prepara. Se adoptassemos a.
(*) Estm•a já composta apresente fo- nobre conducta do l\farechal Brant que en-
lha, quando recebemos esta carta, e com xotou da sua casa os illtromettid os Garce~
ella fomos inteirados da carneficina dos dois e Vieira, e com franqueza loüvavel · lhes
PortuO'uezes; e por isso foi mister destruir declarou, que janrnis trataria com inimigos
o que::i estava feito
•
para <lar Jogar ao res- àe sua Patria, seria muito menor o nume-
sentimen to , que nos casou similhunte pro- ro do9 insidiosos Portuguezes, que acodem
ce<limculo. - O 1'amoyo. aqui sacodidos pelo justo ressentimento das
" *' ii
( 146 )
· ll'rovíncias. ·He certo , -.que nos Bt1cceder{a. Nor.vcgn. Nàõ me Jevo persuadix· de que...
'O mesmo, que ao mencionado Marechal, o S upremo Governo Brasilico deixe impu~
rque ora me consta he ja detestado p~l~g ne este insu1to cruelíssimo e que sem ne-
ichumbistas ; mas Sr. Redactor ha Brasile1·· cessidade -9 e contra a boa política, queira
iro, que dezeje amor de chumbistas?. creàr inimigos, que lhe naõ convcm: quan-
Aborreçaõ muito embora, mas temaõ· do po.ce rn queira, e lhe convenha, deporei
mos, e naõ esperem ·superhende r-nos; deve. a ailliçaõ, que me tem causado esta irn~
1Ber o sentimento dos Brasi leiros. postura, como inclinado ao Brasil, que ha·
Basta por em quanto de perguntas , bito, e que me nutre.
cutra vez serei mais extenso . ~ O P ergun- Dignem-se os amantes da tranquillida-
tador. de, e socego publico , attender se tenho
rasaõ de romper por esta cauza o meo
costumado silencio. - Carlos,Gustavo Hedberg.
C.ont2~nuaçaú da Correspondencia começada tm u Sueco.
N. 32 deste P eriodico.
O Monarcha, que o Sr. T. F. G. cha- Despota'smo atroz.
~a Salteador, e Usurpador <l'hum Rei i10
cnlheio, (oi eleito na Cidade <lc Orebro no Acaba de chegar a nossà noticia ;i
a nno· de 1810 pelos Deputados do Paiz nu• neste momento mesmo , um dos mais hor-
íl'a Successor do Rei idoso o Senhor Cm~lo s rorosos d espotismo, que pode imagi nar-se. Eis1
decim() terceiro (:13:) que , por naõ ter o ca:tio. Achava-se no dia 18 do mez pas·
lfjl hos ~ adoptou ao Senhor Carlos J oaõ , sado no Campo <los Cajueiros, o Alferes dei
[pt.Ototyp() de· vjrtudes, com quem n'esta8 Cavallaria .11.mador de Lemos J)nmimond ele~
isó deve s.e r comparado o celebcrrimo Can- .fllenezes , com todos os Officiaes do se:.ui
ltling. Esté Sen,hor Carlos J oaõ, an tes d 'este Corpo para fazer exercicio , e entrando
~contecimento , nunca. viu a Suecia i e es- em conversaçaõ sobre os despachos d&
~e Reino, desde que no anno de ) 520 os dia 12 àe O utu bro proximo passado~' e:i
~ous . mil F .rancezes debaixo do commando promoçaõ dos Commandantes a: criados,
fie Gasto11 de Breze foraõ · auxiliar a C hris- da Casa Imperial, disse um dos taes Oili~
~jano .segun40 , Rei de .Dinamarca , jamais ciaes, q ue lhe naõ parecia b em o àespa~
ti.avia: sido pizado por Tropa Franceza. A cho, naõ só por ser incompativel com o:
.Assembléa Geral ~ já composta de qua tro setviço <la N açaõ , que é q uein os paga'·
Estados antes da descube rta do B rasi l , como tambcm por julgal-o de menor -gra•.
1envjou à Fra nça o conhecido Geuernl Sue- düaçaõ e honra. Oppoz-se a isto um;, del"
.co Conde R obert Rosen pa ra ctfoito de les bastantemente servil)' e com o sé. en;;v
participar :ao grande Berna<loHc, entaõ P rín- trasse a espraiar sobre as honras e pree~
cipe d e Coute Cor\/o, q ue E Ha , d 'nccor- minencias inhêrentes ao titulo de CriaàQ'A
_ii o com _os :mblimes sc n tim,~nt o s <lo Rei de § . M. I. as ~ entou .Jlmador de· Letnos; que-;
O l1avia eleito futuro Defensor d a Scandi"' podia tambem dar o seu parecer, e, teve;
navia, obra que o te1üpo tem mostrado a fra nquez a de dizer, que se o Impera-
se~ acertádissima e nisto fo~ , o q ue üd vcz dor o fizess e seu Carnarista , elle o naõ ·
ainda naõ haja µraticaclo Naçaõ alguma. acceitava. i D esg rnça<lo moço. Apenas disto
A vista (}lestas ve rdad es , con!frmadns so ube o seu b a rbara Commandante J oaó
p ela Historia da Suecia, o e pi thc to - Us m·- E g idfo Calrnon o mancl ou 1mmcdiatamente'
pB dor - pode ainda convÍL' ao írnmortal Be r- pr-e ndc r, e vai por 16 dias que o con-·
·n adotte? Na õ por certo. D e ve ria por tan"' se rva cm p rizaõ sem ao menos declaraJ.".
1o o Sr. T. F . G. , se houve usurpaçaõ , a sua culpa. ,; Dá-ae d espotismo maior do
cl~amar usi1rpador ao Corvo S ueco , que que este? ~E' c rí vel, que isto aconteça
foi quem usurpou á França hum dos maio. em uma Corte, e em tempos que ~e <li-.
a-es homens dos nossos dia;i. zem Cor1stitucionaes por ~xcçllenci&l? ~ E
O " cpitbeto - Salteador - , ephite to bar.. naõ sepunem verdugos desta natureza ?
!baro Brasiiico, apenas applicavel aos Bo· Ah! nem sempre a es pada da justiça es·
íthecrnfos , he a caiumnia , e injuria. mais tará sns pensa ella caira sobre a cabeça·
atroz'. que se póde imaginàr contra a sa· des Despostaa. Tremaõ os. tyrannos da
ibedona, e grandeza do Rei da Suecia , e vingança inexoravel.
zis '.' ~ Q,uaes as atr_ocidades de 3:1gum .!ln- ·embora com isto promoveS6e os seus irrte...
Jracla ? i Qual o .11.ndraila sal,picado de resses; era com a Lei. O que offende ao·
~angue irmocente ? Um delles foi accu- escritor da carta, bem se vê que he a.
sado ·de mandante ·de uma morte, mas censura dos ·d esacertos do actual Ministe-
tambem consta dos Autos que foi victo-- ,rio : ora pois isto he -direito de Cidada()
riosamente absolvido dessa. a!roz calumnia; 't enha paciencia = ·essa censura. naõ promove
e isto apezar dos esforços que fez o Go- 'ª separaçaõ das Províncias, antes fortifica
''erno para perdei-o., até nomeand-0 contra :a sua uniaõ n~ c_erteza. de que ha qu_e~l ve~e·
a Lei 'commissões extraerdinarias para pelos seus rlfreitos. Quando o Mrn1steno-
julgal-o; e isto apezar_ da inimisade q:ie he justamente censurado, o remedia he
lhe tinham os Desembargadore3 , CUJOS c-0rrígir-se, 'ºª mudar-se, e qualquer das
crimes naõ poupava. Os autos existem , e a 'C oisas he util para a uniaõ. concebemosi
sua !içaõ faria emudecer a quem. quei· que ·q ue esta -censura incomoda aos Minis!ros ,,
na.ó fosse o infame author da -carta, os<lefoi--e á seus vís aduladores, mas naõ mco ...
tos que imputa a um .Andro.Ja., ·sa-0 taõ falsos, moda a Naçaõ. O que nos parece calu...
<!Ue naõ merecem ,re.sposta ·; e ·só cumpre ad- mnãa sem par he que algum -.lbzdmda ostente.
vertir-1he ·que, ·se chama revoluciona.rio desprezo pela Pessoa d.e S. .M. 1 , quando
-desejar as reformas do seu Paiz, e para ·elle.s todos tem tido o cuidado de exprimir-se.
:o conseguir exp0r a \ ida. e bens , dis-
1 ·sem reíolhos a esterespeito, e demonstrado
_to honr-~-se muito um dos .11.ndradas naõ ·que em um Governo Constitucional a Pessoa
.duvida continuar na mesma caneira; re- do Monarca he sagrada, e acima da Huma-
:conhece porem que naõ be pa1:a o author, nidade: 'eil~s uaõ saõ contraditorios, e sua
e os mais da sua grey , qualidade muito eonducta he e tem sempre sido conforme·
-agradavel, a que poem em questaõ a con- -aos seus princípios. 2 Que civilades nega•
:tinuaçaó de abusos, com que engordavaõ. raõ os Jlndradas ao Imperador? Continua<J,
'D eíxemos as calumnias "\·agas, passemos ao .a fazer-Lhe as que sempre Lhe fizera ó, e
.t}Ue . parece positivo. F'lorianno Delgado Per- rlaõ as demonstraç<:íes do mais profündG res•
·dtgaõ foi acolhido pelos .Andro.das. e corri tpeito , quando por accidente o encontraõ~
rrasaõ : naõ foi <:rimin:oso nas .111.agoas ., o -O que naõ fazem, e o que nunca fizera(}.
•Seu ,crime foi somente '.O ulo pelo. bem do rsaõ adorações asiaticas, e indignas, que se
1.5erviço: foi taõ criminoso; que ainda hoje 1n aõ practicaõ nns Cortes ela Europa, e s<')
~he ~ l.º ·Supplente da <Sua Provincia. 'S e, foraõ aqui introdusidas nos 1ternpos do mais.
1foi sobreposto a Officiaes mais antigos, hei irevoltantc despotismo , por almas <le bma ,,
1porque a Lei no caso <lelle naõ admittia1 ocomo a do author da carta. He irrisivei a
a antigu1dade, como requesito, bastando a culpa, que se argue 1á ·um .Jlndroda por ter'
·classe: foi _porque he tahe~ o segundo Offi- ;sahi<lo na manh:i <lo dia 12 de Outubro de
cial em habilidade , e de reconhecida pro- ~alças, e chapéo de_,palha! ~Onde .esta·va
bidade; o que naõ he1 taõ- geral no The- marcado o vcstuario d'aquelle dia á um
soiro. Quanto a Egas Moniz, Official do Cidadaõ, que naõ comparecco no beijamaõ?.
·Cruzeiro, foi 8. M. I. quem lhe deo essa
1
~Qual he a Lei, que ·o obrigava á com-
.c oncideraçaõ, Jnerecida pelo que o dito 1parecer? ~Quem sabe as rasões domesti...
Egas obrou na ~xpulsaõ de .Avilezes. Um cas, que o podiaõ inhibir, ainda queren..
Lup« provido em Lugar inutil, e por isso do? Basta de enxovalhar-nos neste immun..
naõ foi para esse Lugar; 2 mas quem foi do lameiro. O Tamvyo descobre erros~ cen-
o patrono desse Lupe? certo naõ foram sura medidas Ministeriaes , di~cu tc doutri..
Õs .!lndradas 2 Que emprego teve Porto Se- nas; mas punir desaforos cl'.>mpcte a outr0>
guro? Um José Bonifacio foi accommodado tnbunal.
em bom oflicio, i e por quem? pelo Ministro .Muito nos custava ainda a accomodar-
da J ustica, e com rasaõ o merecia em con- nos com a <livisaõ dos trez Poderes Politi...
·templaç~õ aos longos serviços de seu pai cos, por que o Jv.diciario se pode de alº
Escrivaõ Deputado dos -Diamantes; sendo guma sorte considerar como um ramo d°'
porem digno de notar-se, que pela Repar- Executivo; mas apparece a nossa Estrel!a
tiçaõ da Fasenda, de que estava á testa um e 3:Poiado ':ºs seus Publicistas que, po;.
.Jlndrada ; foi indifferído , _ como se pode mmto respeito que mereram , nem por is..
:ver no livro da porta. i Que tem Luiz de so seraõ considerados i~fallíveis <'m sua~
..llenezes com os .llndradas? Elles naõ o des- opiniões , e apresenta-nos cinco Poderesr
pacharam: 2 que lhe fizeram pois? Tratal-o Naõ sabemos como ao Redactor da Estrel.-
bem por ser zelador da Fi'.l5cnda Publica, la escapou out~o poder que tambem ha na ;
s;ociedade, disti ncto de todos os mais , e acompanhar-mos deste fun ebre elogio o Te·
he o d o m~ri~o governar a mulher! O peior quiescat in pace q ue a piedade chri$tã nos
he as att n hmções que a Estrella com maõ obriga· a i mplorar para o defunto Gwio,
liberal reparte ao Monarca; bem se vê que que ta õ importantes serviços fez, e em .coi-
naõ dá do que he seu. A permissaã de si- sa taõ melindrosa, a Causa do Brasit !
m ilha ntes att ribuições seria a ultima des-
pedida á li berdade social, e a porta aber-
ta ao mais ou menos proximo regresso d o
a bsol utismo. Naõ obstante ser u Estrclla d e T eo<l o lido no D iario do Governo de
c piniaõ que ha na Socie<la<lc cinco Pode- 30 do mcz passado, uma Portaria do Mi.:
r es, esperamos que o seu 3. 0 1im inculca- nislro de Guerra , em d ata de 15 d'aquel-
do em o N.º 8.º se limite unicamente a le rnez, . foraõ tantas as reflexões, que nos
<lefcndcr aquellcs que a flOSila COllStituiçaõ occorreraõ depois <la sua leitura, que naó
marcar. podemos deixar de comunicai-as a nossos
O Sglpho expirou: i que desgraça naõ Leitores, para a vista dellas formarem o
he para o BrusiL a perda <leste bom Genio ! seu juízo, e decidirem, qual foi o prin-
Lastimando successo taõ li igno de pranto cipio que a dictou , p or que nós ainda
aqui torn<i.mos á vacca fria , e vamos ainda naõ podemos conjectural-o. Por clla Man•
malhar sobre o seu correspondente Combi- da aquelle Ministro ao Governador das
nador, que miseraYais combinações fez, e Armas desta Província: 1.0 que p onha no
ileo á luz cm o N. 0 24 daquelle Periodico ! Banco efiectivamente desde o momento em
Longe de mrrecer censura a promoçaõ do que se princ1piao a trocar Notas até o
Sr. José de Resende Costa a Escrivaõ da Me- fim, um Olficial <le Policia, para \·igiar,
sa <lo Thcsouro, nós a julgamos justa pe- e dar parte, dos Officiaes Militares , que
los documentos que temos presentes. A- lá forem a fozer o referido troco : 2. 0 e
qudle digno Official de Fazenda tem mos- que faça publico a esses mesmos Officiaes,
trado 110 <lecurso da sua vida publica mui- que recebendo ellcs parle dos seus sol-
ta probi<la<le, expc<lieHte e eífoctivadc no dos em prata , torna-se cscuzada a sua con•
trabalho: por Decreto de S. M. 1., no Mi- correncia n'aquclle Estabelecimento. Ora eis-
nistcrio do Conde da Louzã , foi nomeado aqui por or<lem <le S. Ex.• privados os Offi·
Ajudante do Thcsouro; e por Portaria de ciaes Militares de uma coiza que é
.28 de Junho de 1822 Jo Sr. Caetano Pin- livre a todo, e qualquer Ciclaclaõ. Naõ
to foi encarregado do exercicio interino ·ha Simplicio, que naõ tenha a faculdade
de Escrivaõ , e por isso passou por De- de ir ao Banco, com o seu bilhete, e
creto do tempo do ex-Ministro á efFectivi- trocai-o, e todavia nega-se isso aos bravos
~ade do dito Emprego, na forma da pra• defensores da Nacaõ, aos membros mais
tica estabelecida. E se naõ ha Lei que hom:ados <la Soci~da<le. ~Qual seria o mo-
mande seja aquelle acesso regulado pelas tivo da proiLiçaõ ? Nós o naõ sabemos;
.antiguidades, ~como chama por isso o Com- mas seja qual fosse; dia é impolitica,
binador clcspota e arbitrario a esse ex-Minis- porque suscita logo a primeira vista as
tro? ~ Por ventura . deo n antiguidade al- seguintes ideias: 1 .ª que os taes Officiaes
gurn dia merecim ento a quem o naõ pos- se cncarrcgavaõ por negocio do troco de·
sue? ~ Quando se devia proscrever em tu- Notas alheias: 2.~ que exigiaõ esse troco·
d o , se possível fosse , essa antiguidade , a com tumulto e violcr1cia , e taõ grande que
cuja sombra innumeravcis Empregados oc- o Banco naõ podia contei-os na ordem: 3.ª
cupam os Lugares pela unica rasaõ tisica que a affiuencia dcllcs ameaçava a queda.
àa ~ ravidade <los seus corpos , e mantem do mesmo Banco, <le maneira tal que o
em 111 alteravel descanço a sua estupidez, obrigou a representar a S. Ex.•, para ob·
e in aptidaõ, hc que a querem fazer valer ter algum reme<lio. Tudo isto saõ conse·
a té nos casos cm que a Lei a naô e:xige, quencias mui naturaes, e mui obvias do theor
e con tra a mesma pratica seguida? j For- da Portaria, de sorte que n'ella o Mjnistro
tes constitucionaes ha por este Mundo! nada menos fez do que, desacreditar por
S obre a carta do Fenda vanitatis, re- urna parte aos olhos do publico, um Esta.
(luzida a uma coisa, a que elle chama di- b elecirnento <le tanta importancia, como é
lcmna, diremos unicamente que o seu au- o Banco Nacional, e por outra, enxovalbal'."
thor sabe tanto de dilemnas , corno os que uma classe inteira de ho\nens, cujo ali-
va õ aprender ás argolas de Coi'mbra: sen· mento é a honra , pelos excesso talvez de
tindo muito Yermos em a necessidade de 2 ou 3 individues degenerados dessa mes-
~ ii
( 150 )
)JH\ cl:rn;e. eE se ra i~ lo p rud en te· ? eSe rá. Ba nc ó, por q u ~ é , como jú tlisse i:nos , a
j usto~ Naci segu rame nte: l.º porque <lo mo eda que ao presen te co rre i e po r que
Banco d1:pc 11dem as fo rtu nas de todos os rasaõ !!C US legitimas d o nos a naõ podcraõ
habitante:;; deste Imperio , e mormente dos c on ve rte r em me ta l, qu a nd o b em lhes pa-
<lesta l'rov Íllcia: assoalhar pois a sua <lc- recer, o u lhes for necessario? Dir-n os-haõ
caclenci:1 , 01 1 fazer de a lgum modo s us- que para esses naõ reg ula a proibiçaõ !
peita a sua estabili<ladc é pôr em s usto e assim se rá; mas a P ortaria naó ex cep tu a:
constcrnaçnõ aos que tem ali os seus fun- e o Mil itar sizudo q ue naõ q uizer entrar
~os, e a qua!qucr possui<lor <la mais insig- no rol do Ojficial <la Policia , e nas s u speita~
11ificantc Nota, e fazer um mal incalcula· do General, oll do Ministro prÍ\'a-se de ir ao
~1cl: 2." po rque dado caso que alguns l\li- Banco u cmillir as suas Notas, e de prover
lit:trcs, esquecidos <la sua dignidade, e por consequencia em suas necessi<la<lcs,
~ó mo\·idos do vil inlerm;se compareçaõ o u reaes ou ficticias , ou entaõ Yê-sc na
n1<Ü'S v.-:-2es n'aqucllc Estabelec i1ne11to a precizaõ <le mend igar esse favor, de quem
cmillir Nota<; alhern.s, vigiem-Eic, e saiba-se lh'o queira lazer. Dura condiçaõ !
.quem saõ, pois sobre eflcs só deve recair
a infamia, e castigo de tal proce<limento,
·~ naõ sobre a classe, como uecessariarnen·
te se entende da gcneraliJacJe com que e o R R E s p o N D E N e I A.
se exprimo a Portaria, o entaõ Ycrá. S.
t:x..' yuc a Oificialii<ladc l3rnsileira é mui· Senhor Redactor.
to nobre para se sujar com um procedi-
mento, que a ter tido lugar naõ espaca Tenho presente o Correio <le 17 do
Lle éerto de ser por algu1n cabo de Es- prezentc mez e N. 65, e nelle vejo huma
0
q ua<lra, e este naõ Brasileiro. analyse, dictada por o Sr. que se assigna
O que porem admira mais saõ os re- o Inimigo dos impostores, o qual lendo-a, e
)nc<liJs que na Porlal'ia se claó a esses examinando os factos em que se funda ,
excessos. O 1.º alem de ociozo e i11fructi- para sahir a campo, attacando pessoas que
frro '· é tamhem oppressor, e coativo, da merecem a opiniaõ publica, affirmo que o
liberdade natural Ociozo porque S. Ex.• dito Sr. naõ pode ser inimigo da sue raça
se naõ dignou de dizer-nos, para que pois da impostura se serve para publicar
era eqse rol, que ma11da fazer ao Offi- coizas <le que naõ tem certa noticia e es-
cial <la Policia: para castigo, cremos sas as pinta com as denegridas cores da
que naõ, por que naõ ha parte alguma sua pestifera bilJS : Respondo aos artigos
<lo Regl1larnento, que o mande i111pôr aos <la flua a:'lalyse, e a todos os deste gener0
.Militares, simplesmente por ir trocar Notas que se atrever a publicar que naõ sejaó
ao Banco. Oppressor porque tolhe a esta como os descreve. Prometo-lhe ser since·
Corporaçaõ o uzo de um direito absolu· ro, e sem procurar palavras sublimes, sa-
tamente necessario em um .Paíz, aonde ~ira, ou <lito picante narrar-lhe-hei o que
naõ corre cm geral outra moeda senaõ Jgnora.
Notas do Banco. Mas os \füiiarcs (diz o . Principia a sua analyse por censurar
Mini stro) recebem parte elos seus Sol<los o ex-Ministro da Fazenda M. F. a quem
em prata. Embora: e a outra parle ~ que apcllida JVeker. por uma Portaria expedida
liaõ de fazer <l'ella? ~ Taõ avantajados ao Banco em 24 de Dezembro prox irnó
..l:iUÕ es.ses sol<los, que só parte delles che- passado que diz mandava sequestrar a9
guem para as necessidades rneusaes dos Acções e divivendos dos Accionistas sub-
·~uc os recebem? Demé1is ~ qua11tos Mi li ta- <litos de Portugal : Ccrtameute, 011.-io s o-
res há, que alem do soldo tem muitos 1ne11 te fallar da Portar ia expedida ao Ban-
outros rendimentos, já de pl'edios urbanos, co e ig11ora o seu conte3to, e atrevesse a
já <lc ruraes? Cre o Tamoyo que disso escrever para o p ublico as!e.verando huma
nrtõ duviclará o Ministro, assim como naõ falc idade.
poJe duvidar, de que este:i rend imentos Continuar-se-ha.
~aõ geralmente realiz ados em No tas do
JJiscursos que na .JJ.ssernblea Geral Constituinte diviciu-os aggressores.,. -0u foi por ser Bra-
Legislativa do lrnperio pronunciaram , em a sileiro , e ter aferro e afinco á Independen ..
.Sessaü de 1 O do corrente , os dois lllustres eia do seu Paiz, e naõ amar o bando de
,Srs. Deputados Andrada Machado, e Ri- inimigos que, por descuido nosso, ·se tem
beiro d'Andra<la, por occasiaü dos horrendos apoderado das nossas forças? 015 cabelloS'
t:tttentados commettidos contra os Cidadãos Da- se me erriçam , o sangue ferve-me em bor-
'.Yid Pamplona. e Francisco Antonio Soa; betões á vista .do infando attentado , e
\l"€8. ·q uasi maquinalmente grito: vingança! Se
naõ podemos salvar a. honra Brasileira; se
1h e a incapacidade, ·e naõ traiçaõ do Go-
Sr. .Jlndrada Jliachaclo. --- Sr. Presiden". Yerno quem acoroçoa os scelerados assas-
te. Assaz desagradavel me he ter de ,djze.r sinos , digamos ao illu<lido Pol'O que em
IJioje coisas que naõ sejam muito em decoro cnós rse fia : Brasileiros , nós awo vos poderno~
<la Assemblea. Na ultima · Sessaõ casos .se l{J.Ssegurar a honra e vida ; tomai vós mesmos ct;
.Passaram que me -0brigaraõ a perguntar a defeza da vossa· honrCC' e direitos ojfendidos. ~ MaSf
;mim me.3mo: ubinam gentium sumus? ~He no <Será isto proprio de homens que estaõ em
-..Brasil , he. no .seio da Assemblea Geral ia nossa situaçaõ? Naõ por certo; ao me"'
Constituinte do Brasil q ne eu ergo· 'ª minha nos eu trabalharei, em quanto ·tiv.er vidac,,i
iVoz? Como, Sr. .Presidente, le-se um ul- por correspo11der á confiança que em mim
iraje feito ao nome Brasileiro na pessoa do pôz ·o brioso Povo Brasileiro. Poderei
Cidadaõ David Pamplona, e nenhum sinal ser assassinado: naõ he novo que os de.
de 1marcatla · d esapprovaçaõ apparece no fensores <l'O Povo sejüm victimas do selli
seio do ajuntamento <los Representantes· patriotismo; mas meu sangue gritará vingan..,
Nacionaes? i Diz atú,um Representante Na- ça, ,e . eu passarei á posteridade, como o
cional que elle mesmo se naõ acha ...segu ... 'Y ingador da dignidade d_o Brasil. i E que
ro, e nenhuma mostra de iudignJ.çaõ daõ mais pode desejar ainda o mais ambicioso:
os Illustrf's Deputad'o s? Morno silencio 'd.a dos homens·? Ainda he tempo, Sr. Presi--
morte, filho da coacçaõ , pea as lingoas •., .dente , de prevenirmos o mal , em q uantQ
.<>u o sorriso, ainda mais crjminoso, .d a in- o volcaõ naõ arrebenta; desapprove-se o
àiíferença salpica os semblantes . .Justo Ceo, parecer da Commissaõ , reconheça-se a na..
.e somos nós Hepresentantes? 2Ue .q uem? .turcza publica e aggravaute do-ataque foi ..
Da Naçaõ Brasileira naõ pode ser: quan- ito ao Povo do Brasil, punam-se os teme•
do se perde .a dignidade, <lesapparece .tam- rarios que ousaram ultrajal-o abusando dai
bem a nacionalidade. Naõ, naõ somos na- sua bondade, naõ polluam mais com a sua.
da, se estupidos vemos sem remediar os impura presença o sagrado solo da liber..
.u ltrnjes que fazem ao nobre .Povo do Bra- dade, da honra, e do brio ; renegue-os o
~il e3trangciros qLie adoptamos Na~ionaes, I m perio , e os expulse ·de seu seio. lstc.
e que assalariamos para nos cobnrem de insta, Sr. Presidente: os assasinios repe•
baldõcs. ~ Como disse .pois 'ª Commissaõ tem-se; ainda antehontem foi atacado por
que o caso devia remetter-se ao Poder J u- impios irufiões um Brasilet·o de PernambucCJ
diciario, e que naõ era ela nossa compe- Francisco Antonio Soares : se a espada da:.
íencia? i Foi clle simples violaçaõ de ui:n justiça se naõ desembainha, se toda a.
tlireito inJividual, ou antes um ataque fei- força Nacional naõ esmaga Oâo !Encelado!;
to a toda a Naçaõ? ~Foi o Cíd~daõ nlt:a- que querem fazer-nos guerra por traiçõeg,
jado e espancado por ter offend1do aos m- nocturnas, somos a zombaria do Mundo,,
.~ cumpre-nos- abandonar OEi Lucrar es que Disse-se que similhante attentado estava no
ie:i.ova lhamôs com a nossa gestaõ. Eu mando caso dos crimes ord inarios, e era filho do9 abu~
á ·Meza a minha emenda. sos da I mp1'cnsa : examine mo-lo. Na noite
Diga-se .ao Governo que, aimJa que d o dia ta l saõ 7 para as 8 horas foi a ta-
<> c aso -do ·insulto feito ao Cida<laõ David cado em sua botica n-0 largo , e ao pé da
Pamplona pa reça viclaçaõ de l.1m Direito guarda da Carioca , 'O boticario David Pam-
indiYidual ., com o p or sua natureza e c ir- p lona , pelos Sarg ento ~fór L apa , e Capitaõ
cu nstancias seja uma inju ria publica ao .1l!foreira, e horri vélmcnte e spanc ado; ie por
'Brasil faça inq ui rir delles; e veri ficados os que? por ser Bras ileiro resolu to -: ~por quem ?
au tho rcs , a Assembléa o a uthorisa p;ira por perj uros, que meno scabando a Rele ..
() S cxpu1sarcm do territ~ni o do lmpcrio , giaõ do ju.ramento, q ue cobe rtos com o
que polluem. manto postiço , e emprestado de Brasilei-
s ismo , pagaõ o b"eneticio de os haver-mo;;
O Sr. Ribeiro de .!indrada. - Legislado- e ncorporado á nossa N aç·aõ , c om repetidas
res ! Trata-se de um dos maiores attentados, traições , e persuadid.os )àlvez de impuni-
d e um at.tentado, que ataca a segurança , dade , cevaõ seu odio contra nós , derra-
e dignidade Nacional, e. indi~ectamente o mando o nosso sangue , e sollapando indi.,
~ystema. politieo por nós adopta<lo, e ju- rectamente as bases <la nossa Independen-
rado. Quaqdo se fez a leitura de simiJhan~ cia : infames assim agradecem o ar 9 que
te atrocidade , nm silencio de gelo foi · respiraõ, o alimento, que os nutre, a casa,
tiossa unica resposta, e o justo receio de que os abriga , e o honorifico encargo _d e
igua,es insultos á nossa Representaçaõ nem nossos defensores , á que indiscretamente
-~e quer fez asf:)omar eq1 nossos rostos os os. elevamos! Que fatalid11de .Brasileiros .1,
naturnes sentimentos de horror, e indigna .. ~Vivem entre nós estes monstros, e· vivem
ç.aõ. ~ Dar-se-ha caso, que submergidos na para nos devorarem? Note-se, que a g1Jar.c
escuridaõ .das trevas tememos encatar a da naõ acudio estando proxima , devemos
luz? ~que amamentados com o leite im-. crêr ~ 1ue teve ordem para isto: que naõ
puro do despotismo . amamos nin<la seos houve abuso de imprensa, houve sim
ferroe;. e suas cadeas? ~Ou que vergados culpa de ser Brasileiro, e resoluto ; G ran-.
sob o peso. de- novas <;>ppressões , emmu- de Deus ! é crime amar o Brai;il , ser n'el~
:decemos. de. susto, ~ naõ sabemos deitar ]~ nascido e pugnar pela sua lndependen-
muõ çla. trombeta da verdade , e com elia cia, e pelas suas Leis ! Ainda vivem , ainda
ibradár aos Povos·, sois traídos ? Todavia. supportamos em o nosso seio similhantes
naõ anticipemos juizos· , naõ tiremos inda feras!
~onsequencias , ,c onsideremos o facto por Aqui foi o Orador interrompido por'
todas as suas faces, com todas as circuns- C'ontinuados Rpoiados dos espectadores das
tancias~ e accessorios, que o a companha- Galarias , e o Sr. Presidente levantou a.
11'.aõ, e agg ravaraõ entaõ poderemos c lassificar Sessaõ.
a natureza do crime, ou crimes cornmettidos.