Você está na página 1de 182

)

• .. ••

. COLEÇÃO FAC:-SIMILAR DE JORNAIS AN!.I GOS --


~
...
'I

~ .. . ~ i. reção
~

~~
f'. •
de flubens Borba de Moraes •.
,:
.
'.
.."' .
.. 41

\.
' . . .
... ~ . (
'.

,
f. ~ :
li
~
""
. . .•. ••

'.
"(J) ·U-~W®tr®
.

.
'
" #

*"• ...
. . ·-

.. •

..
...,.
· ~
18 2 3 li
•. ..

• •
Introdução de · Caio Prado J u n.i o r 1•
'
'

• ..
1'
.. " , ·. "' •
!

'I'
. .. •
f
•'
,,... .....

"' )


, ..

. ...
..
~

.
• . ,

' .
.... !
~~~ • •i '
~

. "\
.. • • •
''

Z e 1i o V a 1V e r d e' ' . ..... '




Rio - 1944
...
• (.

r
.. •
....

. .

• ..
,f('

~
• '
.. .... JI
LIVRARIA KOSMOS
ERICHEJCHNER ~ CrAf:i:t>A
RIOoeJANEIRO SÃO PAULO
R.ooROSARIO RUAMARCONI
135 - 13
:o COLEÇÃO FAC-SIMILAR DE JORNAIS ANTIGOS)
1
i
O TAMOYO
Desta edição foram impressos cem exem-
plares em papel especial numerados de I a C,
todos rubricados pelo diretor da coleção, e qui-
nhent,os em papel "boujfant", numerados de
1 a 500.

EXEMPLAR N. 0 . .... .. XL/%


COLEÇÃO FAC-SIMILAR DE JORNAIS ANTIGOS
Direção de Rubens Borba de Moraes

1823
Introdução de Caio Prado Junior

Z elio Valv er de
R i o - 1 9 44
(f...MARA DU:· '"'UTADOS
eu,;:·_ !).
Compra · ..1 /~1 .tU?. ...._

T;.-;~/i:?fb:
1

rn "i
V \
Q-J-
1Á110 /
~ L /cA oy
D}.. r~ '; T/+ fiJ J

(81 .)7--).UoY:;
/
com entando fatos, incutindo, enfim, no brasi-_
 introdução da imprensa no Brasil data, leira uma consciência política.
pràticamente, de 13 de maio de 1808, quando Todos êsses jornais têm vida efêmera.
foi fundada a Impressão Régia. De 10 de se- A maioria não dura mais que alguns meses.
tembro do mesmo ano, datei o primeiro núme- Aparecem uma ou duas vezes por semana.
ro da "Gazeta do Rio de Janeiro", de proprie- As tiragens são muito reduzidas e as dificul-
dade particular; a princípio, destinada a clar dades de comunicação impedem a diuulgaçrio
publicidl!Lde aos atos do govêrno. pelas províncias. Muitos não deviam atingfr
Comentando o fato, Hypolito José da sinão o público das cidades' onde eram pu-
Costa escrevia no "Correio Brasiliense": "Tar- blicados. Eram distribuidos somente aos as-
de, desgraçadamente tarde; mas enfim apa- sinantes, só muito mais tarde, é que se inaiz-
recem typos no Brasil . .. " De fato, o Brasil guraria a venda avulsa pela cidade por jor-
era o último país da América a possuir tipo- naleiros apregoando o título do jornal.
grafia. Todos êsses fatores inerentes às condi-
A Imprensa Régia foi a única oficina ti- ções econômicas e sociais da época, agrava-
poigráfica da capital até cêrca de 1821. Não, dos pelo fato notório que muito poucas pes-
terá deixado de influir na propagação da im- soas e instituições guardam com cuida.do as
prensa, mais talvez do que o atrazo econômi- publicações periódicas, fazem com que as co-
co do país, a severa censura criada logo em leções completas dêsses primeiros jornais lJm-
seguida à introdução de prelos no Brasil. So- sileiros sejam hoje extremamente raras. De
mente depois do aviso do príncipe d. Pedro, muitos duvidamos que seja possível r Gr- ons-
datado de 28 de agô::;to de 1821, mandando tituir, com números avulsos de diferentes ori-
"que se não embarassasse por pretexto algum gens, uma coleção absolutamente completa.
a impressão, que se quizesse fazer de qual- As que existem, de um ou outro jornal, seio
quer escripto", é que começam a aparecer ti- guardadas como raridades do mais alto valnr
pografias particulares no Rio de Janeiro. A por colecionadores iriteligentes ou nas poll-
liberdade de imprensa permitiu que se espa- quíssimas bibliotecas, cujo fundo foi consti-
lhassem jornais por tôda a parte. í:sses jor- tui do há muito tempo.
nais agitavam idéias, defendiam e atacavam Na re alidade~ são inacessíveis ao estudio-
pontos de vista e formavam uma opinião pú- so. A organização primitiva de nossas biilio-
blica. É graças ao prelo que, em poucos anos, tecas sem contato entre si, sem meios d e es-
atingimos o nível político e cultural dos ou- tab elecer uma cooperação, torna a procura
tros países da América Latina. É graças a de uma determinada coleção um trabalho qzw-
essa liberdade que _existiu, ampla e sem peias se invencível.
nessa época, que os brasileiros puderám ficar Ora, ninguém contestará o valor dos jor- .
ao par do movimento democrático que snrgia miis e sobretudo dos jornais antigos, para n
em Portugal, lutar contra o absolutismo e es- estudo de qualquer assunto. Seria perder
tabelecer uma política que lhe permitiu pro- tempo querer demorQstrar a fonte de ualor
gredir ràpidamente. inesgotável para o conhecimento de nosso pas-
Durante os primeiros quinze anos do Im- sado, que são os primeiros jornais brasileiros.
pério são inúmeros os jornais que se fundam Assim pensando é que tomamos a inicia.-
por todo o Brasil, incontáveis os folhetos que tiva de publicar o maior número dêles, fiados
aparecem, defendendo, atacando, noticiando e na boci uonfode e visão de Zelio Valverde.
X

Resolvemos publicá-los em "fac-simile'', de 35 números e um "suplemento ao n. 35",


no formato do original, no melhor papel que de uma só folha. Os primeiros quatro núme-
êstes tempos belicosos de penúria rios obriga ros foram impressos na Tipografia de Silva
a usar. E para satisfazer o gôsto dos biblio- Pôrto & Cia., uma das primeiras oficinas par-
f ilos, faremos uma tiragem especial, mzme- ticulares que teve o Rio de Janeiro. Os outros
rada, em papel de luxo. foram feitos na Imprensa Nacional. Não dei-
Para inioiar a série que denominamos xa de ser curioso, hoje em dia, o fato de uma
"Coleção fac-similar de jornais antigos", es- repartição do gadêrno .imprimir um jornal
colhemos "O Tamoyo". Haverá certamente da oposição. . . como todos os periódicos do
quem critique a escolha. . . Pouco importa. tempo, o seu formato é pequeno, determina-
Publicaremos outros, muitos outros, mais tar- do pela capacidade dos prelos manuais em
de: a "Aurora Fluminense", a "Gazeta dJo uso. A composição é feita em duas colunas e
Rio de Janeiro", e outros mais. As dificulda- o número de páginas de cada edição é quase
des de se reunir coleções completas e em bom sempre de quatro sàmente. As páginas são
estado atrazará a publicação de algw<S que, numeradas como era costume, em ordem cres-
por sua importância, deveriam aparecer ZO- cente, de um a cento e cincoenta. As do su-
gicamente em primeiro lugar. Mas tôdas es- plemento não trazem numeração.
sas vicissitudes e dificuldades não interessam Como era hábito, logo abaixo do título
ao leitor. Se fazemos alusão a elas aqui é figura uma epígrafe, como que sintetizando
para contar com a colaboração indispensável o programa do jornal . O "Tamoyo" escolheu
dos estudiosos. Colaboração essa que solici- dois versos de Voltaire:
tamos com empenho.
Já tivemos para a publicação dêste pri- "Tu vais de ces tirans la f ureur des potÍque;
meiro número da coleção o auxílio da Biblio- Ils pensent que pour eux le Ciel f it l' Amé-1
teca Municipal de São Paulo e de Sérgio Bwar- rique . ''
que de Holanda, que nos emprestaram suas
Os redatores, como quase todos os jorna-
coleções do "Tamoyo'', e aos quais agradece-
listas do tempo, não assinavam seus artigos
mos a boa vontade.
ou os assinavam com pseudônimos. Quem lê
êsses primeiros jornais, nota logo o desassom-
bro com que os jornalistas brasileiros de en-
tão defendiam suas idéias. E o "Tamoyo" é
O "Tamoyo", como se sabe, foi fundado, dos mais comedidos na linguagem e mais ele-
como quase todos os jarnais da época da In- vado no tom, que certos pasquins, justamente
dep endência, para defender um partido ou, célebres, que se publicavam nêsse tempo.
m elhor, uma facção: a dos Andradas . Apa- Não nos cabe aqui analisar o conteúdo
rece o seu primeiro número em 12 de agôsto do jornal andradista. Quase tudo que êle con-
de 1823, m enos de um m ês depois da queda tém é de interêsse para o esti~do dessa época
de José Bonifácio do ministério do Império agitadissima, que se seguiu à Independência.
e de 'Martim Francisco de Ministro da Fa- Quem ler o "Tamoyo" com atenção encon-
zenda. trará dados para compreender melhor o que
Os primeiros números saiam uma vez foi a política dos Andradas e a dos seus ad-
por semana, as terças-feiras. Mas o sucesso versários, de tão grandes consequências para
crescente do jornal levou a redação a aumen- a f armação de nosso país.
tar a periodicidade para duas vêzes por se- Publicando-o na íntegra, em "fac-simi-
mana (as terças e sextas) e logo em seguida le '', esperamos prestar um senv.Zço ao.<r que
para três vêzes (às terças, quintas e sábados). desejam estudar r1Josso passado para 1inter-·
O "Tamoyo" durou até 11 de novembro de pretar melhor o presente.
1824, data em que foi dissolvida a Assembléia
Con stituinte. A coleção completa compõe-se Rubens Borba de Moraes
Introdução

A S circunstâncias imediatas que determi-


pernambucana daquele ano . Antônio Carlos
ainda terá depois disto, quando é libertado do
naram o aparecimento do "TAMOYO" são sa- cárcere da Bahia, onde permaneceu até 1821,
b idas. O ministério dos Andradas (assim cha- uma posição própria e definida. Isto já na
mado pelo predomínio que nele exercia José Bahia, e logo depois nas Côrtes de Lisboa.
Bonifácio, que ocupava a pasta do Império, Em seguida, contudo, parece que se deixa ab-
figurando seu irmão 1Martim Francisco na da sorver pelo irmão, e é na sua órbita exclusiva
Fazenda), deixou, o govênio a 16 de Julho, que passará a 1girar. Só muito mais tarde, e
vítima de forte oposição. Menos de um mês depois da morte de José Bonifácio, é que re-
depois, surge o "TAiMOYO" para tomar-lhe a toma sua atividade independente, figurando
defesa e sustentar a política do ex-ministro. com destaque, como se sabe, nos aconteci-
Dois grandes amigos de José Bonifácio são mentos da Maioridade.
seus origanizadores: Vasconcelos Drumond e Nestas condições, no momento que nos
o desembargador França Miranda; e a orien- ocupa, a figura dos Andradas que interessa
tação do periódico é nítida e expressamente realmente é a de José Bonifácio. Figura mar-
naquele sentido: basta, para constatá-lo, cante e de grande personalidade; mas que não
acompanhar-lhe as páginas. Isto levou mui- se compre~nde contudo sem l.Lma análise
tos contemporâneos, repetidos depois por his- atenta dos acontecimentos da época, de que
toriadores, a atribuir o " TAMOYO" à respon- ela é, em grande parte, um puro reflexo .
sabilidade direta de José Bonifácio. Isto con-
tudo não parece exato. O que é certo é que A versão oficial e clássica da Ind epe n-
o ex-ministro, sem intervir diretamente no pe- dência tem sido infelizmente por demai s s im-
riódico, tinha-o sob sua inspiração; e é pro- plista e esquemática. Resolve-se sumà ria -
vável mesmo que colaborasse nele ocasional- n:ente em tôrno de dois termos de uma opo-
mente. A discussão não tem aliás maior im- sição: Brasil colônia e Portugal metrópole.
portância, porque seja como fôr, não se pode No contraste dêstes dois polos divergentes se
contestar que o " TAiMOYO" tivesse sido um costuma · situar todo o movimento da n ossa
legítimo representante da política e do pen- eman cipação política, sem levar em conta o
samento dos Andradas. sem núm ero de ações e r ea ções que se pro-
Para situá-lo, pois, nos acontecimentos da cessam n o seio e interior de cada qual. Nou-
época, é preciso definir bem esta política e tras palavras, esquecendo o que houve de luta
êste pensamento . Notemos em primeiro lugar soci al dentro de ambos . No entanto, no que
que por Andradas se entende sobretudo (po- se r efer e ao Brasil, assunto que nos interessa
demos mesmo dizer unicamente) , o principal a;qui, a Independência se apresenta efetiva-
e mais velho dêles: José Bonifácio. Martim mente como resultante de um conflito intenso
Francisco é uma figura secundária, que apa- e p r olongado de classes e grupos sociaes ; e
recerá sempre· em fun ção · exclusiva de seu j á muito antes de se propor claramente a
irmão. O último personagem da famosa trin- qu estão da emancipação, outras dive:rigências
dade, Antônio Carlos, é sem dúvida dotado opunham diferentes partidos. A Indepen-
de maior personalidade. Muito antes mesmo dência não será mais que um dos aspectos
que José Bonifácio, figurará com revelo nos que tomarão aquelas divergências; ou antes,
acontecimentos políticos do Brasil, datando preferivelmente, representará um terreno co-
sua estréia de 1817, por ocasião da revolução mum em que momentâneamente elas se acor-
XII

dam; para romperem de novo, lo~o depois, nial; financeiros, alimentados pelos negócios
com redobrada violência. com o Erário Régio e outras atividades que
A revolução constitucionalista do Pôrto, a transfer ência da ·Côrte e do centro e sede
repercutindo no Brasil, polarizará aqui as da Monarquia introduzira no país; socia~s,
fôrças políticas: de um lado, o elemento re- pela elevação de categoria de antigos e mo-
volucionário,democrático e liberal, represen- destos colonos a metropolitanos e cortezãos;
tado sobretudo pelas classes m édias e baixas burocráticos, representados pelos cargos ad-
da população (excetuando os escravos, cuja ministrativos de uma complexa e imensa en-
atitude será passível). A análise dos aconte- grenagem governamental que a Côrte erigira
cimentos mostra-nos claramente que são aque- entFe nós. Já contemporâneamente ' êste baru-
las classes que mais ativamente sustentarão po que reúne, particularmente no Rio de Ja-
o movimento constitucionalista no Brasil. neiro, o que havia na colônia de social e eco-
Doutro lado, e contra êle, agrupa-se a reação. nômicamente mais representativo, era desi-
Esta aliás subdividida em tendências diver- gnado por partido brasileiro. E' a expressão
sas, mas unidas no propósito de lutar contra empregada por Silvestre Pinheir o em suas fa-
a revolução. Encontramos nela os elementos mosas cartas escritas ao correr dos aconteci-
extremos, que defendem intransigentemente
1
mentos, e que por isso, mais que qualquer
outro depoimento, nô-los representam ao
as prerrogativas Reais: será dêstes o então
vivo (1). O nome indica aliás mais os inte-
ministro Thomaz Antônio Vilanova Portugal.
terêsses em jogo que nacionalidades; pois em-
Há também os mais complacentes, que que-
bora predominem nêste partido os naturais
rem aliás jogar com a revolução em proveito
do Brasil os portuguêses são numerosos; e em
próprio. Aceitam deformas da estrutura ab-
solutista da Monarquia; mas que sejam para muitas instâncias, mesmo, os mais represen-
tativos. Notemos que na época designavam-se
aparar o poder Real em seu benefício. A no-
por brasileiros todos aquêles que habitavam
breza, anti g,a e já tradicional adversária do
1

o Brasil e tinham seus in terêsses ligados à


poder absoluto, que conspirára com Napoleão
colônia . Português era designação genérica,
e se submetêra ao invasor francês, tomará
e aplicava-se a todos os súditos da Coroa
esta posição. Representá-la-á nesta conjun-
Portuguêsa, fôssem naturais do Reino eu-
tura no Rio de Janeiro, isto é, junto ao trono
ropeu ou das colônias.
e ao govêrno, o conde de Palmela. O conde
O partido brasileiro nãó verá em geral
se apressará em viajar para o Brasil l01go que
com bons olhos a revolU1ção consti tuciona- 1
a crise se aproxima; vinha aliás como secre-
· lista. Nada ou quase nada mais tinha a rei-
tário de Estado, pôsto para o qual fôra nb-
vindicar além daquilo que o Soberano por-
meado anos antes, mas que desprezara em
tuguês já lhe outor,gára . Faltar-lhe-ia apenas
favor da embaixada em Londres, que então
a consolidação da posição alcançada, e que
ocupava. De passagem por Lisboa, aconse-
até aquêle momento não se apoiava efetiva-
lhará a convocação de Côrtes. "Mas que Côr-
mente senão na ocasional e por isso precária
tes ?'', perguntará o astuto redator do Cor-
permanência da Côrte no Rio de Janeiro . A
reio Brasiliense, que se incumbe de logo res-
estrutura política da Monarquia não se alte-
ponder: "As antigas, em que os nobres, com
rára de direito, apesar da nominal elevacão
o Conde de Palmela à frente, fizessem tudo".
do Brasil a Reino; e continuavamos co~no
(Corr. Eras., Dez. 1820).
dantes uma simples colônia. A precariedade
Um terceiro e último partido tomará no de uma tal situacão,
• a incerteza e inseauranca
b •
Brasil posição ao lado da reação: é um grupo quanto ao futuro, faria o partido brasileiro
menos definido e mais hesitante em suas ati- olhar com simpatia para proj.etos de reforma
tudes. 1Forma-se daqueles que a permanência que completassem as realizadas até então, e
da Côrte no Rio de Janeiro favorecêra mais sobretudo que as consolidassem. Não era isto
direta e largamente, e que se agrupam sob o contudo que oferecia a revolucão portuauêsa ·'
• b
signo dos interêsses criados com aquela per- e pelo contrário, havia tudo que temer de
manência. In terêsse de tôda ordem: mercan- seus avançados projetos democráticos. Êstes
tis, construidos s&bre a franquia dos portos atemorizavam particularmente num país como
brasileiros e a Hberdade do comércio colo- o Brasil, de tão profundas contradições so-
XI 11

.cia1s, de grandes massas escr21,vas; tudo cmn- chefes: Joaquim Gonçalves Ledo e o Pe. Ja-
plicado por consideráveis diferenças raciais. nuário da Cunha Barbosa. Os outros serão
Por êstes motivos ,o partido brasileiro liderados pelo Club da Resistência. (2)
fará frente comum com a reação e a luta A atitude inábil das Côrtes, onde come-
contra a revolta. Seria muito longo acompa- çam a predominar os elementos inclinados a
nhar aqui as peripécias do conflito que se de- retirar do Brasil as franquias adquiridas du-
senrola; dos incidentes que se sucedem tão rà- rante a permanência do Soberano, faz a ba-
pidamente desde que chega ao Brasil a no- lança pender em favor da reação. Esta tem
tícia da revolução constitucionalista (Out. e agora m:µa arma poderosa a manejar: os in-
Nov. de 1820), é impossível de compreender terêsses nacionais brasileiros, ameaçados pelais
e interpretar no seu conjunto se não guarda- constituintes portuguêses. A idéia da sepa-
mos em mente o critério assinalado da dis- ração ganha terreno entre os próprios demo-
posição política dos diferentes grupos e clas- cratas, que são afinal arrastados em bloco
ses sociais da colônia em face dos objetivos por ocasião dos acontecimentos do FICO.
revolucionários. Realiza-se então a unificação das fôrças po-
Depois que o Rei deixa o Rio de Janeiro líticas brasileiras na base de um programa de
(Abril de 1821), o partido brasileiro ficará emancipação do país.
só no campo da reação. Os outros grupos, E' nesta conjuntura que entra em cena
mais ligados a Portugal, vão agir agora no a figura principal que aqui nos interessa:
Reino europeu, continuando lá a disputa da José Bonifácio, que é chamado a ocupar um
partida iniciada aqui. E' então que livre de lugar no ministério, e desde logo assume o
.aliados 'q ue o mantinham ligado e subordina- papel correspondente ao de chefe do govêrno.
do à política interna da Metrópole, e aban- O apêlo a José Bonifácio se explica facilmen-
donado pelo Rei .que se entregava às Côrtes te: ninguém mais que êle estava então em
e à revolução dominante em Portugal, é então condições de desempenhar a tarefa. De um
q ue o partido brasileiro se inclina para a In- lado, pela sua posição social e passado, era
dependência. Era esta no momento a única 1
de molde a oferecer tôdas as garantias tao
solução normal do seu problema político, o partido da reacão, que como pioneiro da idéia
único meio de impedir o contágio revolucio- da separação de Portugal é quem n este mo-
nário e o progresso da democracia no Brasil. mento lidera os acontecimentos . Doutro lado,
Procurará jogar com o Príncipe Regente, como brasileiro de nascimento e pelo largo
isolando-o da influência européia. Apresen- prestígio que adquirira graças a seus traba-
tá-lo-á como representante legítimo da auto- lhos científicos, reunia as condições necessá-
ridade Real, que seu pai, prisioneiro das Côr- rias para se impor à generalidade da opinião
tes e coagido por elas, não estava mais em ·pública. Finalm ente, êle tinha a apoiá-lo a
condições de exercer. Será a princípio pôsto ascendência .que gozava em S. Paulo, onde
em respeito pela tropa estacionada no Rio de contava com o voto da parte mais represen-
Janeiro e que, fiel à Metrópole, fazia causa tativa e importante da população. Os acon-
comum com a revolução. O C:onde dos A)Tcos, tecimentos conheci dos por "Bernarda" ·de
um n10mento seu repr.esentante no govêrno, íFrancisco Ignácio e a oposição ,q ue esta le-
será apeado p elo m otim de 5 de Junho. Es- vanta (em particular no interior da provín-
tava-s e ainda, contudo, num momento de cia) o mostrariam claramente pouco depois.
transição e espectativa: nada se fará de con- Ora isto era da máxima importância.
creto e definitivo nem num, nem noutro sen- Abria-se luta franca com Lisboa e as Côrtes.
tido. De um lado, aguarda-se a Constituição Não bastava para levá-la a bom têrmo o Rio
que estava sendo elaborada pelas Côrtes; dou- de Janeiro, onde estacionavam contingentes
tro, procura-se desmoralizá-las e subtrair o importantes de tropas portuguêsas fiéis à Me-
P ríncipe à sua autoridade. Ambos os parti- tropole. Tinha-se que apelar para fôrças ar-
dos se organizam : os democratas ressuscitam madas da província, como de fato se apelou
a :Maçonaria (Julho de 1821) ; e lutam pela para as de S. Paulo e ilVIinas Geraes. Além
imprensa, onde seu órgão principal será o disto, era de tôda urgência formar um sólido
REVERBERO CONSTITUCIONAL FLUMI- bloco sulista pró-autonomia ou eventualmen-
NENSE, dirigido por dois de seus principais te independência (o têrmo final da luta não
XIV

estava ainda bem definido no ânimo de todo Bonifácio será seu representan te no govêrno.
mundo), para opor-se às tendências do norte, Mesmo aí, contudo, a unifi cação das fôrças·
muito mais apegado que o sul à autoridade políticas em tôrno do programa da indepen-
das Côrtes. dência não si1gnificará uma resolução final
Esta posição do norte, que custou muito de tôdas as contradições entre os partidos em
mais a afastar-se da influência da revolução choque anteriormente. As divergências rea-·
portuguêsa, explica-se pelas condições em qu e parecerão logo; e em,bora mantendo-se todos
lá se desencadeou o movimento constitucio- no terreno da independência, apartar-se-ão lar-
nalista. Não nos ocupemos para não alorngar gamente no da sua or.g,a nização. Voltam a de-
o assunto, com as capitanias ou províncias frontar-se os princípios que dantes já esta-·
do extremo norte, Pará e <Maranhão, que, mais vam em jogo: democratas e conservadores
ou menos excêntricas, têm um papel, no con- (aristocráticos, como então se dizia). José
junto, relativamente pequeno. Os fatos maís Bonifácio ficará naturalmente com os últimos.
importantes neste terreno que nos ocupa sifo Não podia ser de outra forma: eram sobre-
das províncias do nordeste, Pernamburc e tudo êles q u e o ministro representava no go-
Bahia em particular. Ai revolução constitu- vêrno. Bi-parte-se assim a sua tarefa de go-
cionalista reuniu aí, desde logo, o conjunto da vernante: de um lado procurará assegurar e
população, tôdas as suas classes sociais, mes- consolidar a autonomia já em grande parte
mo aquelas que correspondem lá ao partido conquistada pelo Brasil . Daí os seus ;g randes
brasileiro do Rio de Janeiro. Vimos que êste empreendimentos de aparelhamento militar
último deveu sua existência sobretudo ao con- do país, em particular a organizaçã o de uma
junto de interêsses criados na base da perma- marinha de guerra; de reagrupamento das
nência da Côrte na capital da colônia. São província s dispersas, condiçã o fundamental
portanto, aqui, muito mais extensos e sólidos para a constituição do estado nacional bra-
que nas províncias, sobretudo as do norte, tão sileiro. Mas ao mesmo tempo, José Bonifacio
excêntricas à capital. Para estas, num certo será no govêrno um representante de su a clas-
sentido, a transferência da sede da Monarquia se e partido .
não teve outro papel que substituir, no domí- Não tardará em mostrá-lo claramente
nio político da nação, uma cidade por outra .quando, em vez de urna Constituinte, convoca
tão extranha como a anterior. Nelas se fa- pelo decreto de 16 de Fevereiro de 1822, o
lará do Rio de Janeiro como dantes se falava Conselho de Procuradores. Trata-se de uma
de Lisboa. A~ém disto, tinha-se no nordeste, medida nitidamente anti-democrática, e como
em particular em Pernambuco, o duro pas- tal foi denunciada já na época. Inspira-se na
sado da revolução de 1817, cujos efeitos ime- necessidade de agrupar o país, dar coesão às
diatos se prolongarão até o movimento cons- suas dispersas províncias; mas isto não na
titucionalista de 1821 . Os revolucionários de base de urna larga representação popular,
1817 achavam-se ainda no cárcere da Bahia mas de um reduzido número de procuradores,
quando êste movimento veio libertá-los. En- sem poderes de legislação e simples conselhei-
tre êles encontramos o que havia em Pernam- ros do govêrno. Era urna velha idéia, já
buco de social e econônicamente mais repre- aventada mais ou menos sob a mesma forma
sentativo; categorias exatamente correspon- um ano antes quando se cogitára de lutar con-·
dentes ao que no Rio de Janeiro formaria o tra a revolução constitucionalista desenca-
partido brasileiro. E portanto se êste, na ca- deada em Portu.gal e que ameaçava o Brasil;
pital da colônia, gozando de tôdas as prer- e que se consubstanciara no decreto de 18 de:
rogativas e privilégios, não poderá ver com Fevereiro de 1821. José Bonifácio ressus-
simpatia uma revolução democrática, e libe- citava agora o mesmo expediente para lutar
ral e reagirá contra ela, no nordéste, pelo con- contra a democracia brasileira. Frustrar-se--
trário, encontrará nela a oportunidade de sua á o golpe: o Conselho gorará, e será convo-·
Hbertação, como efetivamente se deu. A di.:- cada uma Assembléia Constituinte, apesar da
fer ença é profunda, e isto explica porque foi relutância e contra o voto expresso de Jos&
tão mais difícil apartar o norte da influência Bonifácio.
das Côrtes saídas da revolução. As divergências e choques dos partidos
O sul tomará por isso a dianteira; e José em luta não se limitarão a isto. Junto ao
XV

Príncipe, e procurando captar-lhe as simpa- no seu per iódico a SENTINELLA DA LI-


tias, desenvolve-se o conflito. Talvez te- BERDADE.
nha consistido nisto o grande êrro dos demo- Embora livre de seus adversários mais
,c ratas. Por todos os motivos, D. Pedro se perigosos, José Bonifácio terá diante de s~
inclinaria muito mais para os conservadores: uma difícil tarefa que logo se revelará contra-
sua posição dinástica, seu feitio (apesar das ditória. Competir-lhe-á defender e consolidar
.atitudes demaigógicas que por vêzes assumia). a independência tão recentemente adquirida,
Além disto, a preponderância dêstes últimos e que estava longe de completa ou assegu- .
estava assegurada pela presença de José Bo- rada. Na Bahia, o general Madeira com suas
nifücio a testa do govêrno, e portanto em fôrças armadas sustentava ainda a soberania
contato muito mais íntimo com o Príncipe. da Metrópole. As províncias, do Piauí para
Duas or ganizações secretas, a Maçonaria
1 o norte, também se voltavam para Lisboa. O
.e o Apostolado, representando respectivamen- mesmo ocorria no extremo sul, na Cisplatina .
te os democratas e os conservadores, chama- E em tôda parte, levantava""se ameaçador o
rão o Regente para sua chefia. A Maçonaria, espectro da contra-revolução. Era preciso agir
.como vimos, se reor_g anizara no Rio de Janeiro com energia e desassombro; e José Bonifácio
em Julho do ano anterior (1821). Depois dos não fugiu à tarefa.
acontecimentos do FICO, reunirá provisoria- Muitas das medidas que teve de tomar
mente - de acôrdo aliás com a situação po- iam contudo ferir os interêsses do partido em
lítica do momento - , democratas e conser- q11e se apoiava e que o tinha levado ao poder.
rndores. O próprio José Bonifácio será re- Aj maior parte dêle aceitára a !Independência
cebido nela e logo elevado a Grão-Mestre. muito mais como uma forma de luta contra
Mas a tendência primitiva . e natural da Ma- as Côrtes democráticas de Lisboa e a situa-
çonaria não tardará em novamente predomi- ção revolucionária do Reino europeu. Come-
nar nela. J os.é Bonifácio não se enganará a çava a desinteressar-se agora por uma situa-
respeito, e de preferência a lutar no seu seio, ção que já ameaçára e ainda ameaçava re-
organizará nova sociedade de feitio ni1:ida- produzir no Brasil cenas semelhantes às do
mente reacionário: . o A(postolado. Nêle se Portugal revolucionário. E' certo que os de-
alistarão os elementos mais representativos mocratas tinh am sido dispersos, esmagados
das classes superiores e conservadoras do Rio Mas somente n o Rio de Janeiro: nas provín-
de Janeiro. Basta para constatá-lo percorrer cias, em particular em Pernambuco, e tam-
a lista de membros publicada por H. Raffard bém na Bahia (onde representavam dos prin-
na Reu. do Inst. H ist. Bras., t. 61, parte 2, cipais sustentáculos da luta armada pela In-
pág. 93 . dependência), êles eram muito fortes. Podiam
Em Outubro (1822), José Bonifácio obtem voltar à ofensiva em qualquer momento, in-
afinal uma vitória completa sôhre seus ad- clusive na capital. A 1guerra da Independên-
versanos. Com. pretêxto de uma conspi- cia se situava cada vez mais no terreno da
raç ã o contra o então já Imper ador para o es- oposição aos privilégios econômicos e sociais
tab elecimento da república (acusação que pa- dos nativos do Reino europeu, que formavam
r ece infunda da, e que os tribunais conside- efetivamente a classe mais abastada e social-
rariam tal mais tarde), consegue o ministro mente representativa do país. Em particular
de D . Pedro a dissolução da Maçonaria e a no Rio de Janeiro, êles cÕnstituiam por assim
prisã o ou exílio dos principais chefes da de- dizer o núcleo central dos conservadores,
mocracia . O Apostolado e seu partido fica- em tôrno de que .giravam os naturais do
rão livres em campo, e organizarão o projeto Brasil, a êles ligados por tôda sorte de laços
de Constituição a ser submetido à Assem~ econômicos e sociais: interêsses financeiros.
bléia já convocada e que se reuniria em Abril relações de família etc. Jos é Bonifácio, colo-
de 1823.0 projeto revela aliás o caráter e as cando-se em pleno na torrente da Indepea-
tendências reacionárias de seus autores . Fará dência, não podia deixar de ferir direta ou
dêle uma crítica acerba e violenta um dos indiretamente os interêsses da classe que re-
)Tiais combativos representantes da democra- presentava no govêrno.
cia brasileir a: Cipriano José Barata de Al- A tarefa do ministro era impossível: tra-
meida, então em Pernambuco e escrevendo tava-se de realizar a Independência com
XVI

àqueles mesmos que começavam a olhar para Assembléia Constituinte por ocasião do ri-
ela com pouca simpatia e muita desconfian- dículo incidente Pamplona - a · agressão de
ça. E doutro lado, sua formação e ideologia um oficial português contra um indivíduo que
afastavam-no dos democratas, que naquele nem era brasileiro e que se eri,g,irá em mar-
momento representavam os únicos partidá- tir da nacionalidade ofendida -, dará pre-
rios conseqüentes da independência. Efetiva- texto para a dissolução. As contradições da
mente, insurgindo-se como se insurgiam con- política andradina tinham levado a um des-
tra os privilégios que o regime colonial f êcho que porá no mais sério risco a estabi-
acumulára nas mãos dos porturguêses, os de- lidade e a própria existência do nascente Im-
mocratas estavam de fato lutando ·c ontra as pério.
mais sólidas bases da soberania lusitana no Num certo aspecto, contudo, a atuação
Brasil. 1Mas agindo assim, lutavam também do "T AIMOYO" teve bons resultados . Num
contra todo um sistema social e econômico momento em que os democratas se achavam
que se organizára sôbre aqueles privilégios. dispersos e desarticulados - fôsse embora
Isto, José Bon~fácio, conservador por exce- por culpa do próprio José Bonifácio - , subs-
lência, não podia admitir. Acabou assim iso- tituiu-se na sua campanha de desmascara-
lando-se, e hitando em duas frentes que o mento das ocultas manobras que se desenro-
esmagariam. lavam em tôrno do Imperador e tendentes a
É de crer que nunca percebeu claramen- forçar por trás ·· da cortina uma reaproxima-
te' a contradição profunda em que encalhára ção de Portugal. A situação era grave, e a
sua política. Persistirá até o fim na sua dú- própria obra da independência correu naque-
bia posição, perdendo continuamente terreno le momento um risco muito sério. Sobretudo
e acumulando contra si uma oposição cres. por causa da reação absolutista em Portu-
cente que acabaria por apeá-lo do ministério. gal (Maio de 1823; notícias chegadas ao Bra-
É neste momento ·que aparece o "TA- sil em Agôsto) ·q ue angariou para o Reino
MOYO". A sua principal tecla - o que vale europeu grandes simpatias nos meios mais
dizer, do ex-ministro - , será o "português". representativos e influentes do Brasil. Neste
Desde o título do periódico, para o qual se sentido, a ação do "TAMOYO" e a atitude em
escolherá o nome de uma nação indígena que geral do Andrada na Assembléia e fora .dela,
se mostrára particularmente hostil aos colo- tiveram sem dúvida uma rgrande importân-
nizadores lusos. Mas será um ataque indis- cia. E' de lamentar que o ódio de Jm,;e Boni-
criminado e incoerente, cheio dos mais ab- fácio à democracia e ao liberalismo - que
surdos exageros. José Bonifácio, refletido por ainda no "TAMOYO" aparece a cada pas-
seus amigos no "TAMOYO" tomára-se de um so -, o tivesse impedido de ser inteiramente
ódio que se pode dizer pessoal, aos portug,u,ê- conseqüente em sua atitude, ligando-se com
ses. Tocará com isto uma fibra muito sensí- aquêles ·que lutavam mais coerentemente con-
vel da opinião popular. Mas nada mais: não tra os privilégios portuguêses e portanto a
era possível ·construir sôbre tal base pura- soberania da ex-metrópole; e que estavam
mente emotiva uma política eficiente e cons- com isto efetivamente empenhados em liqui-
trutiva. À oposição revolucionária dos de- dar a herança colonial e cimentar a obra da
mocratas contra os privilégios econômicos independência nacional do Brasil sôbre uma
e sociais de que os portuguêses eram os larga e sólida base democrática.
principais titulares (mas não os únicos), A atitude de José Bonifácio é tanto mais
o "TAMOYO" substituirá uma oposição esté- de lastimar que era êle talvez quem dentre
ril aos indivíduos nascidos no Reino. Conse- seus contemporâneos tinha uma intuição mais
guirá com isto mobilizar a opinião brasileira clara dos principais aspectos ecornômicos e
- no que será aliás ajudado por outro pe- sociais da democracia brasileira, como de-
riódico de igual feição mas muito mais vio- monstram seus escritos Representação sôbre
lento, A SENTINELA DA PRAIA GRANDE, a escravatura, Apontamentos para a civiliza-
cujas relações com os Andradas ainda não ção dos índios e Instrução do Govêrno Provi-
estão suficientemente apuradas. Mas será sório de S. Paulo aos Deputados da Província
uma mobilização puramente demagógica que às Côrtes Portuguêsas. A st'a formação pes-
acabará por se desmoralizar. E arrastando a soal contudo, e a idade avançada com que
XVII

íngressa na política, o impediriam de com- José Bonifácio, e muito menos ao "TAMOYO",


preender também os aspectos políticos ·da cada qual terá nela, cont udo, uma pequenina
questão. A evolução brasileira tomará outro parcela de responsabilidade.
sentido, e perpetuar-se-ão no Império inde-
pendente os traços fundamentais, econômi- S. Paulo, Junho de 1944.
cos e sociais, do regime colonial. E se a culpa
disto não pode evidentemente ser atribuida a Caio Prado Junior
TERÇA FEIRA 12 DE AGOSTO DE 1823.

m &1fü\itt!§fMMh§MWhkiMEA'4&4 ••RS&W ª
Tu vois de ces tirans la fureur despotique ;
lls pensent que pour eu.x le Ciel.fit l' Amerique.
VoLT. ALZIRE.
__.

-....::=~~· ·· ······ · ~V' . , l,,.~·""~.... ,,, ..... ~..........,•... - ~


J:.
' ""''' •:~:"''''"•·~·• "''"" '' '•~; •''n,,,_,._,,,,,_,_=-

SEegundo as relações de todos os Viajan- e importancia , deu-lhe o nome de Santa.


tes N acionaes ou Estrangeiros o vasto Con- Cruz , (que depois se converteu no de Bra-
tinente Brasilico era, ao tempo da sua des- sil , ) e passou immediatamente a tomai' pos-
coberta, habitado por pequenas Tribos ou se delle para a Coroa de Portmzal, para on-
Nar;ões que vivendo concentradas em den- de mandou a noticia da sua d~coberta. Es-
sas , e magestosas matas , ou derramadas ta novidade certificada com a remessa de al 0

por huma extensa campina, não tinhão ou. guns dos fructos do Paiz, e de um dos seus
tras necessidades senão as da naturesa. O habitantes despertou a curiosidade dos Reys
m».r, os rios, e lagoas, de que estavão cer- Portuguezes. Por ordem delles , e debaixo
cadi:.s, bem como os seus imrnensos bosques dos seus auspicios partirão successivamente
fomecião-Thes por meio da caça ou da pesca differentes Esquadras a . explorar as costa$ ~
o necessario sustento. A sua agricultura por rios, e enseadas do novo Continente, que logo
it::~tremo acanhada limitava-se quando muito depois foi distribuído por varios Donata.s-ios
a certos grãos , e raizes, que reduziã:o a fa- em diversas por5ões, e com direitos , e rega-
r inha, ou de que extra.ião o sueco para as lias considenwe1s.
suas bebidas. As suas cazas consistião em Não é do nosso intento seguir aqui pas-
pequenas choupanas armadas sobre esteios, e so a passo a marcha da povoaç!fo das d ifQ
cobertas de folhas, ou de palmas , e dura- ferentes Colonias , o seu progresso mais ou
vão tanto , quanto o rigor da estação ou a menos lento, e a historia das causa-s que p:::.~
necessidade de existirem no mesmo terreno . ra isso infiuirão. Esta tarefa, que só perten-
.As suas instituições sociaes participavão da ce ao historiador imparcial , levar-nos-ia mu i
instabilidade da sua vida , e da simplioida- longe do nosso fim. E depois i que ganharia ..
.de de suas precizões ; unidos quando convi- mos nisso : O quadro que debuxassernos por
nha resistir ao inimigo comrnum , e não co- mais favorecido que fosse, não seria por cerd
nhecendo o direito da pi·opriedade não reco- to lisongeiro a nossos progenitores. Debalde
nhecião tãobem entre si outra distinção , se pertenderiamos corar com o zelo da Religião,
não a que nascia do valor ou da experien· e da felicidade dos povos os seus primeiros
eia ; e e'ssa mesma só durava n.as crises, em esforços nestas regiões ; apesar de tudo dei-
que era mister fazer uso de taes qualidades ; xaria enterver-se nos aventureiros, que as pi-
fora disso todas erão igualmente livres , to- zarão , a sêde insasiavel do oiro, o roubo, a
das independentes ; e a convicção intima da violencia , e atrocidade levadas ao seu cu~
sua liberdade era tão forte nelles, quê mui- mulo; a sincera hospitalidade dos innocen-
tos preferião a morte á barbara escravidão tes indígenas remunerada. por elles com a
Europea. ma1s negra perfidia; o seu sangue <leiramado
Eis aqui o estado deste Paiz , e de seus com frívolos pretextos ; os seus cadaveres ser-
primeiros habitantes , quando por uma ca- v!ndo de alicerse aos novos estabelecimentos;
sualidade veio aportar ás suas praias Pedro a sua liberdade impunemente atacad1J. , e
Alvares Cabral ; recebido pelos innocentes não achando abrigo nem nas proprias bre·
indigenas com todas as mostras de prazer, nhas, que a natureza fües dera por azilo,
e de amizade mandou cautelozamente exami- porque de lá mesmo os ia arrancar e. cobi-
nar o terreno;. e convencido da sua grandeza, ça Europea á titulo de resgate para serem
(9)
yeduzidos a mais dura. e crueà escravidê'.o ~ e livrar do s:.:rns violencia::1. Os productos de
nova especie de tirnxmia, que em vez de os m:;:.Íoi preço, e valor esta vão sujeitos ao mais
matar sem fructo, matava-os com u· ilidad.e ! odioso monopolio, e leis terriveis vigiavâo em
é E como se compadecem procedimentos taes tomo do seu trafico, e cultura. O seu Com-
com a causa que os pretextava? mercio agrilhoado com impostos, e privado
Mas em fim não perturbemos o dcscan~ do beneficio da concurrencia não tinha ou·
so de nossos maiores; não abramos feridas, tl'O mercado se não o de Portugal. Para elle só
que a diuturnidade do tempo tem cerrado já, é que.tw.ba1hava. o rniseravel colono, e o que
mio prcfanemo·s a memoria daquelles que nos mais é sem obter ao menos a consideração
fundarão a casa. He certo q!rn el!es pratica- de que se fazia digno por seus trabalhos. Os
rão crimes , e crimes honive1s ; mas expro- postos Militares, os Empregos ci11ís de maior
brnr-lhos nós seria ingTatidão. Corramos pois monta só podião ser occupados por famintos
a cortina a esses calamitozos tempos e sirva só Eurnpeos, que Y!nhão aqui fazer a sua for-
de objecto á nossa contemplação a sorte das tuna, e que pouco ou nenhum interease toma vão
colonias já depois de incorporadas no domi- pela do Pai.z. Arredados do Poder Supremo
nio da Coroa. por milhares àe leguas, revestidos alguns de
Talvez pareça agora a nossos Leitores uma authoridade sem limites entregav-ão-se af-
que o Brasil vai mudar inteiramente de face; foitamente a todo o genero de estorsões, rou•
talvez 5{l persuadão que o Ministerio Portu- bos, e \<iolencias, que podia suggerir-lhes o
gues convencido das vantagens , que deTie seu desmedido orgulho , ou ra:steirn ambição;
poderia tirar vai cuidar em seus uovos esta· e coitado daquel1e que ouzasse levantar a
bekcimentc-s ~ e tomar todas as medidas pos- vóz para implorar justiça contra taes despo~
siveis para O S<OU augmei:Ho, grandeza, e pros• !ismos . Os seus gemidos cu erão suffoc:;dos
ptriàade. Mas .ah! Não foi jamais esse o pelos amigos e par~tes cio Despota na Corte;
espirita, que diPigio os actuaes povos da Eu 0
ou se por ventura tinhão a fortuna de i;er-
ropa na formação das suas Co1onias : i e co· ouvidos-, só servi.ão de aggravar mais a sua
If!O poderia então Portugal escapar nesta par- triste condição, e grangear-füe o odio imp1a·
te ao contsgiow exemplo das mr.1s Nacões r cavel do tiranno.
~ Como poderia o seu Governo menos illus· Eis o estado em. que se achava o Brasil,
trado do que os outros conhecer a es<e res- quando o Mon~rcha Pcmiguez, e a sua Real
peito ()S seus verdadeiros interesses r A fatal :Familia accssr..dc3 pcla invasão do grande Des-
experiencia do passado , no~ mostra so.beja- pota da Europa vierão demcndar suas praia§.
mente o contrario, e nog raremos nqu1 um Com este inesperado succei;so S•c anto1hou aos
ligeiro eaboço dos male~, que então soffre- sinc:;ros Brasileiros, que h:o:cião cessado de
mos. todo seus rnfortunios pa.seados ~ e que ã triste
O Brasil ~ que mmc:a provocara a p...,,.. imat,zem deUes im s:ucccder brevemente a riso•
\ Q . • ~ ,.

t~al, que. até ignorava a soa existencia, e que naa presp.e\!t1va o-::: um VE:I~turoso n.noro : e
ti n,.a ~o-azalhaào a seus habitantes com a mais com effoito, ao principio algumas providencias
cordial hospiiaEcla.cl<? , foi apesar disso consi- se deri'ío que parecerão con6rmar estas suas
clera<lo por e!k>s como conquista, e houve de esperanças. Mas quão depressa se desvanece 0

cm-var-se .:ao jugo de ferro, que lhe quiserão rão ellas l Os infames Co-rtezâo3, que haviáo
impôr. A pasmosa &rüliclade do seu terreno , ?'c~mpanb~do e.o. Senho~ Dom João o.s V!,
o5 seus novos e estima veis fructos, a inexau- m!imos crrndos áe ;;eLJ Paço en-i paga no be-
Ú;'el r'iquesa das su2.s minas, e a abundancia nigno acolhimento que frverão ~ ~ó nos l:'etri.,
de pedras preciosas , com que a naturez8, o buirão com insultos , e ü1jurias 2s mais offen.•
dotara, só servirão de: E.t:;ar ma.is e mais a sivas 9 que se podem imaginar. O direito d'.l
cobiça do paiz conquistador .. A sordida ava- prop;·iedt<de, o mais sagrado de todos na So-
Yeza, o receio de perder um tão rico thesouro 1 ciedade civil foi impunemente calcado aos pés
foi ronstantem:ente quem dicto u as leis da sua po~ esies ~ &.n?alos. Citfad~os mui respeitaveis
administração; leis tirannicas, e absurdas, forao obriga.dos a desp<:-yn :mas casas para.
que em vez de p~osperarem o nascente esta· apozento delles; a outros tirnrão-se quintas e
•' . ' • ,. - l .
b. :::1ecm.:iento so tenmao a atrasa· o, e a tm:ir- fazendas por uma compra forçada, ou appa•
}h;: as forças. Em vão a industria Brasileira rente, e com promessas vami de protecção,
quiz por vezes desenvo1ver a sua energia em que nunca se verificarão. Estabelecerão-se tri·
differentes ramos; em todos ella encontrava butos p;:>.ra a rnantença da nova Corte; crca.,.
·tropeços, e tropeços tll.es, que ou a fazião rão·se Tribunaes, e OfHcios novos só para.
desmaiar de todo, ou pelo ·menos diminuião empregar os emigrados, e accumularão-se os
muito a sua .actividade. O oiro que do seio mais rendozos nas m-ãos de alguns, que não
das montanh~ ella desentranbva com indi- tinhão para isso outro direito senão o da sua
zivel trabalho , era absorvido em ~'1"&.1de parte incanacidade, ba]Kesa, ou impudencia. Em
por onero5os tributos, que não tmhão outro tcd<i~ as repartições reinou d' então em diante
fim se não augmeutar o luxo da M.etropole, a mais escandaiosa lmmoralidade, e <l' ella
e e pouco cue deHc restava no r.x:fr~ su servia nascerão por consequencia o roubo= e a op
para comp1:ar a graça dos Baéhás EuroP'=os , prc--ssão dos l~ovos. O Governo qua:;i sempre
( 8)

frouxo 9 e.condescendente se vio Ti.a necei;ida· nosso;; corações o vosso decantado sistema.
.de de capitular muitas vezes com o crime, de liberdade! l Ignoraveis por ventura que as·
:rnõrmente quando elle era apoiado por algum instituições politicas só se podem manter , e
d.os infames validos, que cerC41-vão o Throno. arraigar pela força da opinião, e não pela d[\S
:Estes orgulhbsmi Visires erão os que dispunhão baionetas? Ah! desgraçadamente o estaes co ..
de tudo a .sabor da sua .a -vareza, ou de seus nhecendo agora, e oxalá que o vosso exern•·
'torpes a.ppetites; e o merita qu~ recusava pros- pio sirva de lição a todo e qualquer Despo ..
~ar-se diante de taes idolos ~ oµ. comprar as ta que deltas quizel· servir-se para apoiar º'
;Suas graças por tão custoso preço; jazia n'um seu despotismo.
total e ignominioso esquecimento. Nós não pertendemos continuar ·aqui o
Este estado dB coisas não podia durar quadro horrivel das immensas injustiças., atroei i.
~imito. A corrupç~o dos costumes tinha che.. dades, e perfidias, que o infame Portugal péls
gado ao seu auge, e sem elles de nada vali!Io em pratica para reduzir-nos a seu jugo~ Ain··
.as bo.as leis. O corpo moral da Nação esta-va da se coriserva mui fresca a memoria de. seus
.affectado de gangrena em todos os seus Mem-' crimes; ainda soão em nossos ouvidos as
bros, e caminhav:;i. a prumos largos para a sua ameaças continuas .de- fe.rro, de fogo, e de
·dissolução~ quando alguns Portuguezes do veneno; e tanto basta para gravar em nos-
antigo Emisferio conceberão o brioso proje- sa alma um profundo sentimento de indigna··
.cto <;{e salva1o da sua total ruína, e procla- ção e rancor. Este seja o legado que deixe-1
marão aos povos a sua urgente nec~sidade. mos a nossos filhos, a nossos netos, e a to-·
O seu g.riao retumbou em todas as partes da da a nossa posteridade, esta $eja a nossa di ..
Monarcbia, e em todas ellas foi ouvido com visa, e o mais firme bll.lua.rte d.a nossa exis"'
applauso extraordinario. O Brasil inteiro reS'- tencia politica : e Vós Pedro I. Augusto De-
po:ideu-lhe com enthuziasmo; e seus candidos fensor de nossos Direitos, modelai pelos mes-
e si nceros filhos illudidos com os prestigio:;; mo~ princípios o V osso Regio Coraçã~: Lem·
da ap reg(!1ada liberdade, entregão-se todos com bra1- Vos que a balança do Poder nao tem:
a maior confiança, que pode imaginar-se á outro apoio senão a opinião, e que a força. .
.discrição de seus intitulados lrmãos. Desgra- dos que governão não é mais nem menos da
çados ! não previamas, que á sombra do af- que a força dos governados. Não· queiraes
fectn.do liberalismo , e da fraternal igualdade, por tanto ~candüisar a maioridade da Na-
com. que eram.os aflàgados por estes mons- ção, que tão decididamente se tem declara-
tros, se occuh.ava em seus corações a mais
.atroz, e aleivosa perfidia.
ªº por Vós, e que do . ve.füo Mu,ndo nada.
mais necessita, nada mais q_uer, nad:;-i. mais
Mas em fim .nós conhecemos o erro l e estima.
iainda a tempo de remediu-se. Ao brado de 1 Brasileiros, Yossos esforços e trabalhos
indignação que primeiro resoou das Serras infatigaveis debaixo das Aras do Anjo Tute-
:Paulistanas, responderão uniformes quasi to- la,r que os dirige' tem levantado o mages•
.das .as Provin cias. Foi Hm clamor geral que tozo edificio d" vossa lndependencía, z mas
-estavamas traídos ; mas coherentes sempre com que importa. isso? Ainda vos resta muito que·
<JS dictames da rasão, e da probidade não po- fu.zer. Cumpre firmar-lhe a baze, e firma-la.
'1emo~ aioda crê-lo: nossos generosos corações de maneira· que elie possa contrastai· o furor
iquizerão tentar todos os meios para conservar dos partidos, e a injuria dos tempos. A sua
~s laços da antiga amizade ; em nossos la- duração só depende da vossa força moral , e
bíos se ouvio ainda o doce nome de irmãos ; esta não pode obrar e desenvolver-se, sem
,e as rióssas justas e fundadas queixas não ex- que as opiniões se concentrem, e se encami-
•t:ederão jamais os termos da 1noderação. Tu- . nhem ao mesmo fim. l E qual outro pode
-do porém foi debalde. Os traidores de9cober- ser elle senã.o a vossa /ndependencia, e a vos-
tos d(lbrarão contra nós a sua impotente rai- sa justa liberdade .2 Sem esta de nada v~ l e 4
va.; e o que era n' outro tempo rivalidade, ria aquella: a vossa Patria deixaria de per.o
'converteu-se nelles em odio ~ e rancor mani .. tencer ao velho Emisferio, deixaria de obi3•
festo. Os detfensores de nossos direitos forão decer a um poder estranho ; mas nem por
cobertos de injurias e improperios : os nos- isso serieis vós Cidadãos; quero dizer, /eQ·
·sos Representantes farão grosseiramente insul- mens livre~ e dignos de o 'serdes. A vossa.
·tados por todo o povo : a despeito de seus vida , a vossa honra, os vossos bens estariãq
clamores enviarão-se tropas para as nossas pendentes dos caP!ixos do Monarcba i ou de
:Provincias a titulo de. manter nellas o soce- qualqner de seus Validos , e rarissimã,s vezes
go publico, mas 1em verdade para sobjugalas. apprece no Tbrono um Pedro I. Aproveitai-
A malfadada Bahia,' que com tanto. amor, e vos pois das circunstancias ; e em quanto os
;c arinho as tinha acolhido, vio por ellas der- Sabios da Nação, no Augusto Recinto da
:ramado o sangue de seus filhos, seus cam- Assemhlea tratão de marcar os limites d'os
pos devastados, seu commercio arruinado , Poderes, que hão de governar-vos, e de es-
suas propriedades arrazadas , e sua Capital en- tabelecer entre Elles a necessaria e reciproca.
tregue a todas as calamidades da guerra. Mal- armonia, vo;, no entanto, de fora vigiai SO·•
vados i e assim é que pertendieis p)a.nta:r em bre as facções destruidoras dessa mesma ar~
ili ii
(4)
monia, e a todo aquelle que quizer pertur- belecidos, bem como o louvor daquelles -que
ba-la, seja Europeo, seja Brasileiro, oppon- o merecem . 2.o As noticias politicas da Euro-
do lhe a mais forte resistencia , sem isso vede pa, e dos Estados do nosso Continente , á
que estaes perdidos. proporção que fo rem chegando. 8.o As cartas, ·
Nós da nossa parte protestamos desde reflexões, ou escritos de qualquer outra na-
já contribuir com nossos fracos talentos pa- tureza, que nossos Concidadãos se dignarem
ra. avigorar nos animos o amor á Sagrada de communicar-nos, uma vez quevenhão as-
Causa da nossa lndependencia, e da nossa signados e recenheddos, e que não c.ontenbão
liberdade. A estes dois fins unicamente é que meras personalidades~ porque o nosso fim não
empreendemos agora a redação de um Pe- é atacar a pessoa alguma , nem prostituir
riodico, de que sairá uma folha por Semana. nos ao furor dos partidos; é sim reprimir a
Nella se conterão. 1.0 Uma justa, e comedida sua tendencia por extremo funesta ,e comba-
censura de todos os actos anticonstitucionaes, ter as opiniões ou procedimentos que se não
que emanarem de qualquer dos Poderes esta- compadeção com a justa liberdade. ~

RIO DE JANEIRO. 1823. NA OFFIC!NA DE SILVA PORTO, E C.


N. 2

TERÇA FEIRA 19 DE AGOSTO DE 1823.

e
1tW

Tu TJois de crs tirans la fureur despotique ,·


lls pensent quf' pour wx le Cie!fit t' Àmerique.
VOLT. ALZI!lE.

"""''="::::;><><····· · ·~o-:·····""°'·····'º~
.. ~·.·" ..· ·"'--:>~····
,, .... "'-'~""· ··· '"·~1-:::::->-
..·· . . ~
- .......,,,,.·....,.~

H Aviamos dito na primeira folha


do nosso Periodico, que um dos fins
rnenos o da maioridade de cada uma
das Provinci:as , e com elle se confor-
a que elle se dirigia·, era censurar mou S. M. o Jmperador não só en-
com a devida imparcialidade e decen- tão, mas ainda muitas vezes depois-
cia todos os Actos e Determinações e sobre tudo agora, em que por um
de qualquer dos Poderes estabeleci- documento o mais authentico acaba.
dos, que nos parecessem contrarios ao de confessar-nos , que tem gravado
sistema de Governo adoptado pela Na- na sua Alma o Governo proclamado.
ção ; e muito dezejariarnos não ter Ora reconhecida a existencia deste pe.
neste ponto motivo algum para cum- la Nação, e pelo seu Monarcha, cum-
prir-mos a nossa promessa; mas des- pre reconhecer-mos , e adoptar-mos
graçadamente não succede assim. Pa- tãobem todos os princípios, que sã.o
rece, que ao mesmo tempo que S. e:itiencialmente inherentes a este sis-
M. o Imperador se esforça por per- tema ou forma de Governo, ou que
suadir-nos da Sua Constitucionali- delle se de ri vão , e taes são entre
dade , e oão cessa de dár-nos todas outros a divizão dos Poderes politi-
~s provas délla, alguns dos seus Mi- cos, e o religiozo cuidado, com que
nistros se esmerão em desmentilo , cada um delles deve conter-se dentro
obrando na razão inversa de seus No- dos limites da sua esfera, porque uma.
'bres e Generozos Sentimentos , e o 1Yez que os po'ssa transgridir, e que
que mais é compromettendo na opí- essa transgressão realmente se veri-
11iaõ publica o seu Augusto Nome. Es- fique, temos logo a confuzão d-os mes-
ta accusação parecerá a principio mui mos Poderes, e o seu equilibrio des-
dura, e até injusta , mas desde já truido ; e dahí nada menos resulta.
, rogamos a nossos leitores não preci- que , ou o despotismo , ou a aoar-
pitem o seu juizo em materia de tan- chia. E' isto uma verdade tão clara,
• ta consequencia. Nós vamos a exa- tão evidente, e tantos são os exem ..
minar os procedimentos de alguns des- plos , que a historia nos fornece em
ses Ministros pelos principios geral- prova della; que gastar o tempo em
mente reconhecidos em todas as Mo- demostrala seria offender a simples
narchias Constitucionaes: Se estes não razão natural, e senso commum dos
forem verdadeiros, ou a ~uaapplic ação nossos leitores.
,nao fôr feita com a devida exacti- Postos pois estes principias, que
dão, mostrem-nos o erro que desde sáo incontestaveis, examinemos a pár
logo e de bom grado nos retratare- delles o Decreto de 16 de Julho pro-
mos. ximo pretento , que foi referendado
Todos sabem que a Nação Bra.- pelo Excellentissimo Caetano Pinto de
sileira, quando proclamou a sua ! n- Miranda Montenegro, e que é do theor
dependencia , e ao Senhor D. Pedro .seguinte:
]. 0 por seu Imperador, deelarou, DECRETO.
que não admittia outra forma de Go-
verno senão o Moruu·ch.i.co Constitu- '' Sendo-Me presente, que os mo·
ci.oDal; este foi G VQt~ _ge~al ia. 0111 ao tivos que derão lugar á segunda de·
( 6)
vasi.;a contra a1guns habitantes da. Piro- saber 9 que o facto s6 de os pronunciar
'Vincia de São Paulo , não induidos o constitu!a na mais stricta responsa-
ma primeira, a que se pirocedeo de- bilidade. Entre tanto, apezar de to-
pois do dia 23 de Maio de ]§22 fo- das estas razões , quiz S. Excellen-
rã'.o mais uma producção de rivalida- cia que nós obedecessemos cegamea 4

des particulares , do que tenção de- ts ao seu juizo 1 que não era o com ..
clarada contra a Minba lmperia! Pes- petente na materia, e por elle qualifi-
soa , e iriteress~s da Naç.iw; e con- cou estes factos, como meros effeitos
vindo remover toda a idêa de arbi- de rivalidades particulares, estabeJe ..
trariedade em materia tão grave co- ct>ndo por este modo um aresto pe-
mo a liberdade civil , immunidade da. rigozissimo ~ qual é o de deverem-se
casa do Cidadão, e cfü·eito de proprie- conciderar como taes todos os crimes
dade: Hey por bem , que a referida eia sociedade, pois segundo a sua dou-
segunda devassa da mesma sorte i~ue trina nós não vemos por que razão
a primeira, fique sem effeito algum, um roubo , uma morte, um adulteriC>
sendo póstos em Jiberdade todos 03 se não deváo contemplar como effej ..
que se acharem pre:z.os. Caetano Pin- tos de rivalidade entre o roubado, e
to de Miranda Montenegro, do Meu o roubador; entre o morto , e o ma..
Conselho d' Estado, Ministro e Secre- tador; entre o adultero, e o offendido.
tario d' Estado dos Negocios da Jus- Mas isto nada é em comparação
tiça o tenha assim entendido , e fa. do que se segue : parece que S. Ex- ;
ça executar com os Despachos necese cellencia querendo , como diz , remo-·
sarios. Paco em 16 de Julho de 1823. ver toda a idêa de arbitrariedade não
Segundo da Jndependencia e do 1m- §e lembrou de que nos deixava um
perio. = Com a Rubrica de S. M. o monumento della na dispozição final
lmperador. = Caetano ·Pinto de Mi- deste Decreto. Em verdade nós não
:randa Montenegro. sabemos que haja arbitrariedade maior
( Diario do Governo li de Julho N. 15) do que por um simples r-asgo de pen ...
1
na mandar o ExceHentis§imo Minis ...
Diz S. Excelleneia logo no prin- tro , que fique sem effeito a segun ..
cipio deste Decreto , <JUe os motivos da Devassa i e que sejão póstos em
que derão lugar á segunda devassa liberdade todos aquelles que em vir-
~ontra alg1.Jn,s habitantes de São Paulo tude della se achassem preios. Este
forão mais uma produc~ão de rivali- seu procedimento é anti-constitucio-
dades particulares , do que tendio de• nal por dois respeitos ; primeiro : por'
çaarada contra a Sagrada Pessoa de que foi unna inviu;ão manifesta do Po-
"· M. L e os interesses da Nacão. 'i E der Legislativo, isto é do Poder So ..
quem é q4e nos afiança a ve~acidade bera110 pvr excellencia, a quem s6
desta proposição ? competia lançar um véo sobre os cri ..
O Juizo só de S. ExceHencia não mes dos individuos pronunciados, e
é pai·a isso suffiriente. porque ainda suspender a espada da justiça pen....
que ser pos:sa contraste na ma teria, dente sobre suas cabeças : segundo,
não se acha todavia authorisado pela por que paralizou inteiramente a mar-
Ley para interpôr nella o seu pare- cha do Poder Judiciario, suifocando
cer, e muito menos com Q tom deci- na sua nascença um processo, que de-
sivo com que o fez. Quanto mais que pois de começado devia ultimar~se pe-
nós temos do contrario argumentos los meios legaes: e por tanto parece..,
niui convincentes , e taes §ão; primei- nos que elle devêra ser acuzado pe-
ro: o conhecimento individual de algu- rante a nossa Assemblea como uma
TIS dos factos comprehendidos nessa de- infracção perigozá dos principios Cons..-
vassa, os quaes não podem jámais con- titucionaes universalmente reconheci-
ciderar-se sem o caracter de criminali- dos.
dade, e se fôr necessario sujeita-los-he- Talvez o Excelientissimo Minis-
mos ao juizo do publico imparcial; se- tro queira desculpar-se agora. com a
gi.mdo: a prezump-çã.o que re~rnlLa da Vontade de S. M. ,· dizendo-nos qne
rneiima, Devassa, e da sua pronuncia; Elle fôra. quPm Me.ndára lavrar aquel-
craqueHa 9 por que não seria tirada se le Decreto: nós porém não lhe adrnit-
o cas.o nã.o fosse cliss.o; .d esta, por· timos a desculpa, por que S. Excel-
que não é Cl."Ível , que o Juiz tqllle a lenda bem sabe ou deve saber , que
-proferio fosse tão ignoran{e, ou tão vil, w~os gov~n~oos como o nosso o Monar-
que tives!le a aniniosida1de de l?rom:in~ dm mão é m3is do m~e um Poder cH~1.»­
çi.ar ho.rtHJns ) 141t1e não fossé..f! ri&l?l.lmsri 0 t:to , rndeado de i>xaor, e de respeito, e
~.e culpatlos:.1. saJ;e-rMi~.a..~ii:s, ~.i.~devendt1 pci!.!it(;l. EM? cum@1o. d·<Jt ~·c.Ufi.cio poHt.ico ~ -
( 7)
não para invadir :as Attribuições dos Nós sabemos perfeitamente que
outros Poderes~ ou estorvar a sua mar- esta nossa censura não. agradará aos
·c ha , mas sim para. os manter, e conser- Senhores 9 que se achão comprebendi-
var nas imas respectivas orbita9 9 e que dos no ~ndulto concedido por este De-
nunca póde obrar em h.ig·ar deHes sem creto ; porém se é verdade , que os
· ..evidente perigo dm liberdade politica. factos de que forão arguidos não de-
EUe sabe , ou de~;e saber tãohem ~ que notão tenção decidida contra a Sagra-
os Ministros d' Estado em semelhan- da Pes§oa de S. M. 9 nem contra os
tes governos são os que ficão respon- interesses do Brasil , mas são tão só-
saveis pelos .Ac~os que reforendão; e mente um mero effeito de rivalidades
por tanto era da 11nm obrigação re- particulares, como quer persuadir .. nos
·presentar iudo iatll] a §. M. ~ expor- o Ministro da Justiça 9 então pe.-mit-
lhe os inconwG:mientes, que resulta- tão-me dizer-lhes que não ganharão
vão d0 semeUrnmte Decreto ~ não se\ nada com semelhante Gra~a: eHa veio
em desabono da Sua Çonstitucionali- perpetuar a nodoa, de qne estavão
Ciade? mas tãobem da deHe Mnnhitro, manchados aos olhos dos seus Con-
e quando Este Augusto Senhor ain 4
cidadãos ; ella veio justHlcar as sus-
da assim persistisse na Sam. Resolu- peitas que bem ou mal fundadas exis-
ção (o que muito .duvidamos ) deve- tião acerca de seus '.procedimentos ,
ra então demittir-se do Seu Sel"Vi_ço, qmmdo pelo methodo contrario, e o
como o meio nnico de salvar a sua unico legal poderião estas desvane-
:reputação ;, e uma vez que af>sim o cer-se , e cedérem o lugar ao triunfo
não fez deu-nos a entender que elle da sua inocencia.
tão longe está de remover arbitrarie.. Alem de que a nós nada nos im-
clades , que antes as pratica, ou que porta o conceito que havemos de me-
ao menos não tem a coragem preciza recer-lhes ; mais cuidadozos do bem
para fazer á sua conscie[Jcia um ge- geral do que do bem particular só
nerozo sacrificio de seus interesses ; temos em vista manter mezo§ os prin-
e em qualquer dos casos ~será S. Ex~ cipios do Governo- que .adoptamos , e
ceUencia capaz de occupar o Ministe- vigiar sobre os abuzos das Authori·
rio na epora presente? Dicant Paduani, dades Constituidas para evitar os ma-
Não se pôde tãobem desculpar o les , que são consequencias inievitaveis
ExceUentisslmo Ministro com dizer , desses abuzos; e se os não combater...
que aquelle Decreto nada mais con- mos em tempo, não teráõ depois re-
tem do que um perdão, cuja conces- medi o; por que segundo diz o eloquen~
são em todas as Monarcbias Consti- te Auctor das Cartas de Junio = «m ex•.
'tucionaes pertence de ordinario ao Po- emplo traz outro. lmmediatamente el-
der Executivo; pois em primeiro lu- les se accumulão , e terminão porfazer
gar respondemos-lhe , que reduzir a Ley. O que hoje não po.ssa de hum/a·
nenhum effeito uma Devassa já. tira- cto , amanhã se converterá em direito.
da e pronunciada nunca foi perdoar, Os exemplos servem para ju,stificar aG
foi sim impôr silencio á Ley, suffocar medidas as mais perigozas, e quand<J
a sua. voz magestosa a .respeito dos não quadrão com as circunstançias , vem
1. individuos neHa COinJ>rehendidos, fa- logo a analogia suprir esse defeito.
culdade esta que nunca competio ao
Poder Executor da mesma Ley , mas
CORRESPONDENC!AS.
tão sómente ao que a fa:E. E de mais, Sr. Redactor. = Dizem-me que
dado caso que pela identidade dos estamos em tempos Constítucionaes;
effeito§ nós quizessemos dar a um Acto eu bem quizera crer; mas como acre-
destes a aJcumha die perdão i segue-se ditar o que quasi tudo desmente? Se-
por ventwra dahi que o Poder Execu- rão dos tempos Constitucionaes hum
tivo podes5e conferilo a pessoa§, que Decreto referendado pelo Ministro de
ainda não tinhão sido processad~s ~ e Justiça!) em que o Poder Mona:rchieo
jir.lgad.as por zentera~a final? Não se- se arroga o poder de dispensar ha
guramente; porque todos suhern que L1ei ? Será Constitucional semelhante
o exerçicio desta bdl.a prerogativll) do acto, q_ue annul!a processos bem ou mal
11-fonarcha só póde justJficar··Se , quan- feitos? Serão ou não ataques ao sys-
do assenta sobre uma pena já decre- tema representativo Portarias como as
tada, e por motivos particulares j ou do Ministro <la Guerra, (*) que adian-
talvez só oor effdtos de clemencia vem
adoçar o 'seu rigoK' : fóra disso longe ~F
Tem razão o nosso corres-
( )

de ser um bem §eria um ata.que f01.-- J!ºndente, e esta Portariai será tão-
:mal á justiça, e á hum.:mirfode. vem um dos objectos da noss0 censu-
* ii
( B)

ta dinheiros N acionaes , e a do Mi- verefiq ue esta. suppoziçã o he mister


nis tro da Fazenda., que manda dáz.- que não possa obrar , se não autho-
li vr es contr a a Lei objectos sugeitos risado por nome de quem podendo pec-
á direit os? Ignor a rá o Ministro da car , pode ser castigado ; por nome
J ustiça, que esse dispensing p ower , de quem não tendo inherente o res-
q ue elle ora faz o Imperador arro- pei to , não póde tolher o olho da in-
gar-se , le vou ao Cadafalso Carlos 1. 0
dagação , nem escapar ao dente da.
e ex pulsou Jacques 2. e todas os
0
justa , e severa criminação. Ora o con-
St uar ts do th rono lnglez? D esconhe- trar io he o que se practicou nas duas
ceráõ os Ministr os de Guerra e de Proclamações de S. M. I. Aqui estou
Fazenda , que o mais seguro palladio eu , que desejando mostrar ao Publico
da liberdade dos Povos , he o direito alg umas expressões perigosas , e ou- •
exclusivo de dispor dos dinheiros pu- tras inconsequentes, que saltão aos
blicos conferido ao elemento popular ol hos ; não o faç o por nã o desbotar
dos Governos representativos ? Ah ! o lustre da Pessoa , de quem se di-
Sr. Redactor que de absurdos vejo , zem p ar tos ; qua ndo à meo ver não
e o peior h é que não posso remediar ! são nem podião ser se não da embo-
Ora pois 11ão será absurdo n' hum Go- tad a cachalla , e nojentos hahitos de
verno Constitucional papeis do Gover- servilismo de homens da tenpe ra ve-
no sem serem referendados ? Cuid o e u lha. Dig ne-se pois Sr. Redactor publi-
que concordará cornmigo que as Pro- car est a minha querimonia , a ver se
clamações do Imperador são papeis não volta o mal que ora prom ove as
do Governo, e todavia ellas não vem minhas carpiáei r as, e que se me an-
referendadas; quando até o exemplo t olha ser da maior m onta. Sou seo
domestico d' EIRei de Portugal seo Vener ado r.
Pai devia m ostrar ao Imperador a. O Constitucional ás direitas.
necessidade de tal referendamento. E
arlv:rta que isto faz ElRei de Portu- Srs. Redactores. = Ouvi diz er
gal mesmo quando se desprende do que n a noite de 11 do corrente estan-
Governo Constitucional. Hé b om que d o o Imperador n o t heatro e logo
o Povo Brasileiro r eflicta no perigo apoz delle Gordillw Berquo e V-aten-
àe semelhantes exemplos, e na sua te chegarão os Ministros d' Estado a
contradicção com os legitimas p rin- cumprimentar a S. M. e ficarão n o
cipias do Governo representativo. Hé camarote por detraz daqúelles Srs. ,
linpossivel analysar d octrnias de huma o que irritou summamente a todos
tonte impeccavel, he impossível mar- os homnes Sizudos , e de caraeter. E
car a tendencia desastrosa de actos que com eftcito o caz o he escandaloz.o ,
procedendo de hum poder inviolavel, e redi culo. Escandaloso por mostrar
seria ousadia e contradiccã.o violaHos athé onde chega a altivez de Berquos
pe a livre censura que merecem. Da- e Companhia, que querem arrogar a
qui o escarneo da responsabilidade; si buma preferencia que lhes não
basta que hum astuto Ministro , sem compete apar de authoridades que
apparecer, ponha na boca de S. ::\1. I. formão o Poder Executivo da Nacão:
maximas solapadoras de toda a or- redicolo porque inculca baixeza 'na~
dem, para furtar-se á responder pelo quelles Ministros, que não são capa-
que he obra sua 1 cuberto com o man- zes de manter as preeminencias do
to de gloria, que circunda o acto : seu cargo. E que se hade esperar del-
Segundo os orincipios representativos Jes na sua administração 'i Como sus-
o Monarcha hé inviolavel, porque não tentaráõ os direitos da Nacão, e Di-
pode fazer o mal; mas para que se gnídade desta perante as Nações Es-
trangeira.5? ·
ra em um dos nossos numeros. , se Eu me envergonho por extremo
o .11.lto Poderio de S. Ex.ª Militar destas coizas, e desejaria muito que
'lláo esmagar antes disso o pobre e se remediassem para o que rogo-lhes
innocente Tarnoyo por ter o arrojo queirão publicar esta a ver se os
de se metter a político , por que isto homens se emendã.o , do que muito
de saber fallar das coisas , e discor- duvido porque ninguem dá aquillo
?'er livremente é pri-vilegio da classe que não tem, nem mais do que tem.
Europea. O Redactor. Seo reverente servo. O Analysador.

RIO DE JANEIRO 1823. NA TYPOGRAPHIA DE SILVA PORTO, E Ca.


N. 3

SEXTA "FEIRA 22 DE AGOSTO DE 1823

Tu 'llois de ces tirans la fureur despo tique ;


lls pensent que pour eux le Ciel.fit r Amerique.
VOLT. ALZlRE.

~-
~~~---~·---
.......... ---c;,·:::::::=-2'"'-
··•·... ··~

Epois de haver-mo!i censurado rivalidade que ora existe entre Eu-


·e m o 11.º 2 do nosso Periodico o De• ropeos e Brasileiros : ~ e será com ef-
ereto de 16 de Julho do corrente anno, feito assim ? Não seguramente. Todo
eomo anticonstitucional , e perigozo o mundo sabe que essa intriga. s6
pelas suas consequencias , deveria• come~ou a laborar dep-0is , que o Go-
mos 'i!l este n.º pass·ar a fazer o mes- verno Portuguez vio que nós tinha-
mo a varias Portarias· dos actuaes mos conhecido 8 perfidia com que
Ministros ·, que padecem igual defeito elle nos tratava: reeioso de que ta-
Sé não fura mister cótnbater primei• massemos a merecida vingança de tão
ro os errados principios da que foi horrivel atrocidade , e não podendo-
dirigidà na mesma data daquelle De• pela sua fraqueza , evitar o golpe por
ereto • e pelo mesmo Ministro da meios descubertos, tentou dEsde então
Justica , a Pernanbuco , e a todas as empregar todos aquelles, que o seu fu.
mà1& ~Provincias do Jmperio; para o ror, e a sua immoralidade podiio
.que passamos a referHa. fornecer-lhe ; mas isto não se remon•
~, Conhecendo-se que huma das ta , quando muito , se não o a.nno
-;ttntas-., que o Governo de Portugal proximo passado , ou fins ào antece-
emprega contra ó lm pcrio do Brasil dente. Entretanto a experiencia mos•
he a intigta, somente para se tor• tr-a-nos que já antes dessa epoca , e
narem rivaes Eul'opeos e Brasileiros ; muitos annos antes havia uma noto•
e sendo certo que a ohediencia a9 ria rivalidade entre Brasileir.os e Eu-
Leis , e a pacifica conducta consti- ropeos; que a influencia d'ella e!'a mais
tue os bons Cidadãos sem que o lu• ou menos energica no coração dos
gar do nascimento tenha infiuencia primeiros a proporção das suas luzes ,
alguma para sei-em considerados de e da firmeza do seu caracter, e que
diverso modo: Manda S. M. o hnpe- os seus eft'eitos • bem que conhecidos
rador pela Secretarià de Estado dos em todas as Provincias do Imperio,
Negocios da Justiça, que a Junta todavia em nenhumas se descortina-
Provisoria do Governo da Provincia vão melhor do que nas duas da Ba-
ele Pernambuco tome as mais ener• hia e Pernambuco onde os Europeos
gi~s nedidas para atalhar huma erão ge.-almente designados com os
intriga, que s6 pode ter resultados nomes de marotos ou marinheiros.
funestos ao augrnento e prosperidade Tudo isto sabe muito bem o
deste lmperio. Palacio do Rio de Ja- Ex;mo Ministro de Justiça , porque
n·eiro em 16 de Julho de 1823. - alem da sua longa residencia no Bra•
Caetano Piato de Miranda Montene- sil governou muito tempo uma des-
gro. sas Proviocias acima referidas , onde
Ora eisaqui o theor da Portaria ma1s dominava esse espirito de riva-
que n6s para mafor facilidade da lidade , e tanto assim , que elle con•
nossa analyse devidiremos em trez correu em grande parte para a ex-
pa'rtes. Na p:r imeira quer S. Exa. at- plozão de 1817. Estabelecida poises-
tribuir á intriga manejada pelo Go- ta verdade incontestavel , com que
verno de 'Portugal contra o Brasil , a fundamento ousa S. EK. ª imputar
(l )
intrig de Portugal sentimentos que repo derança Europea , que solapa-
lhe.erão anteriores ? !!. N ão é- isto q u,e,.. da mente se busca restabelecer ; por-
r~r i ue o eífeito preceda. á .sua cau- que e rão em fim contradictorias com
sa ? ~emelhante alis urdo não se com- a materia da sua mesma Portaria.
adac com as luzes do Beneme ·ito Mas concedamos por um momen-
..inistro: se elle nos disséra que a t que não são estas as ve rda deiras
intriga Port ugueza contribuira. para causas da rivalidade ex ist ente en tre
d esenvolver essa lnvet rada r ivalida- Brasileiros e Europeos; co nced amos
de e.té então abafada , e que em al- p or um momento, que ella t enha a
g umas partes até Ih fi:zé..ra t omar o su~ orig em . na.. intriga de P ortug al. 'i
aspecto terri 1 el odlo e do ancor; E q u~es fo1:ão os .i ns trume ntos por -
nós seriamos tãobern do se1.1 p ir.1•e~er ; q,u e s.e m.wei_.ou ,essa intriga? Os Bra-
mas da-la como causa d ssa mesm a le;ros nio por que não t endo a lJi r e-
rivalid de é certamente no q u não lações, es.t avcis. d e. pare o tesco e de
e onviremos porque t mos pa ra affi r- amizade • e até nem mesmo de com-
mar o co ntrario o incontras avel apoio mercio não t inhão interesse algum em
da ex er·ecciu.. .servir á s pai,cões. do pa iz in trigante
1 {as tal V z se nos ergunt.e ag o-- com prejuiso do seu; outro tanto po-
ra ~ ou • é a cau sa d ssa r iva li dad
0
rem nã o se pode d izer d os Europeos ;
a não~ se a que a ponta a Por ur·a ? as saudad es da P atria, dos parelll,-
A .nosso: vê r e lla na.o p r ocede de outro tes ,. dos a.migos , as con ven l~nci:r.
-principio se ão da injustiça e org u- do commercio, a que es ti:lvãô habi-
l ho Portug uez. O seu Governo po r- tuados, e que so por aHi julg avão..
extre e. cioz o .da prospe ri ade do B ra• vantaj ozo os habilitavã.o aobremanci-
sif não fez mais d o que tolhe r em .ra para serem os movei$ d~sa , in-
to.d a o c3e currn d su a administração t riga , e de fa cto elles .o l orão ~or
os- ~gigant.ad~ passos deste vast oi Con- muito t emp o , se. ó que o ni.0- Q[a
t inente, per-suaàiáo de ~ue a nat ureza a ind a.
o formâra para seu patrimon to , qu iz Logq estes é que forão os mG~
-pa r e·te mesquinh o rne todo con serva-l o t ores dessa r ivalidade; conti·a d -fos é
se rnpre deb aixo da tuteBa. ~ e pa ra q ue S. Exa. de vê r.a positi vamc-nte
7he tirar a.té o sentimento das svas : mandar t omar medidas energiccll.6 i e
fo.r-cas o sugeitou as extorsões e vio- se o nã(} fe z • a razão é bem clara . e
!rnci.as de infa mes Ba.chas , q ue o g o- todo o mu ndo a vê: ar vores trans -
'\'ernsl."âo q ua:e ~em pre com var a de- plantaáas de um paiz est.raohQ o u.
ferro Os ruesmos particulares, que d~ m iNão-se , ou se por ven.tu.·a d ~gão
lá vinhão b.us.a -lo corno abrigo da fo. a pr odu zir fru ctos, s~o sempre cocn.
me e da mi.s.eri-a nã.o cessavão todavia a sab or o seu paiz natal.
de olhar pat:a o pai.z que os vfra nascer, Deixemos porem esta materia.. e
do er.ca:-::cer loucamente as &ua.s vanta- pas-semo.s á segunda parte da Porta.•
gens com abat° n.1ento e mencscaho. d·a- ria. ~ella est'1.belece S. Exa. duas pro--
quelle q e cs, fizera.1 fo izes, e o que· p-0siç.ões , e vem a ser 9 pdmeira : que
roais é d.e enx9valhar com os epiteto& a obedieocia ás Leis e a pacifica con-
de c~hras e mulatos as. :mesmas .fe. .... ducta. é que constjtue os- bons Cida..-
mi irus ue le estabelecid&s cµja. nimia. dã.os : segunda.:. qtle .o. lugar do na3-
bondada- os tinha admittido em .seu cim-eijto não tew inffueocia ... a1g1.1ma.
seio çi ,: mei-o de consorçiQs para ~lles para -sererW cons_idera,dos de diverso
rou~ vant-ai,o"tos. E&te q uadro de i n- mQdo. é E serão a.mbas vetrdadeh,as, P-
justiça, de ingratidão, e de orgulho Parece•nOs ,que, n~o, ~o menos: em
não p-od1 dei:,çar de desp~rtar m,>s t oda a sua. extenção. E' certo. que obe-
animo.s Bra.s-i~eiros uma especie de in- rl ecer ás Leis, e o vi-ver pa~ificamen,..
dignaç~o pa.-ra. com os auth9rs~ de te consti.tue 9 caracter de bem Cid.a..
tantc.s in.sultos, µ qual imel\sivelmen- dão ; mas bastá<, eó estas qt.1a!id.ades
re se foi genera.lisando, e torn ou-se pa~a adquirir esse titulo ? Não. st:gu-
e.i.-n antepatie. q uaz.e. io ve nci vel. Se ella ram en te ; aumpre ter sobre lsgo uma
é justa o u não , ajuizem noss os lei~ generosidade. tal, que seja capáz de
tores: o certo é que e xist e há m uit o sacrificar, se necesca.rio for, ao paiz
temp-o ~ e qQe a..s cl;l.usa s não podem. a que pertence, os intel"csse& pes-
ser outras se não as qu e fi cão expos.- spaes , as rela~ões de sa.ngue, e de
ta:il. '1. Porque mofrro pois as não men- amizade, os bens , a vid.)., é .té <li ..
ci onou o Ex. Minis-tro de J ustiça ? gamo-lo assim a propria Eberdade ,
P orque erão sumamente odiosas, .por~ e destes sacriiicios bem poJJcos Euro-
que ião par~nos em gt1a.rd81 contra a p,eos sérã o ~apazf.!t;) m6rmer1te ~r:1. bt•
( 11 )

íirto 11osao 1 o l'ontra a sua, patría. mantimento, e até segundo di:iem,


fi m r rnatcda. é ol]iosa, ~ polvora, e balia. A Fragata. União
tocumos foi por honra da ( hoje Piranga ) vai bloquear n por-
J~·lsscmos pois a outra pro- to da Bahia , e o seu Commanàante
po1, Í\'l\O, apenas chega é obrigado a retirar-
N strt q cr . Exa. inculcat-nos , se a fim de não ser victima da trai-
qu o hlg· t' do nascimento nada in - ção e p ~rfidia· , que contra o Paiz a
íluc _. par;:i s 1· llualq 11 er •o osiderado, que servia tinha maquinado a sua.
como m,ío Ci udão. Nós porem o não tripulacão.
·acreditamos; .a I raúí:o e a experienciá Um Official de .M arinha levan-
nos convc;nccm do contrario. Aquel- ta-se com o Brigue que ia levar pe-
la f: zc do-nos ouvir a voz imperio- trechos de g-uerr a ao General Lecor,
·z a do sentin'\Cmto , que falla em nos- e entrega~o com tudo quanto tmha
sos Cor ·õ s a fo. vor do 1ugar em á Divisão inimiga. Individuós da Tro-
que na: e mos, e eom tanta energia, pa , e Marinha Portugueza fazem des-
quanta pode inspirar- nos á mem oria confi ar ao Lord Co chrane e obrigâo•
sem pre delicioz~. do noss os primeiros no a compor a sua guarnição em gran-
an nos , a reco ·<lação de no~sos brin - de parte de marinheiros e offici:aes
c s, e prazeres infantis , a saudade dos Ingiezes. E quem _foi que moti vou to-
1ugares que lhe servirão de theatro, dos estes procedime • tos ? ~ Não foi-
as relações então contraidas, e mil por ventura o lugar do nascimento ?
outras ideias lisongeiras : esta apon- Sem duvida. Logo S~ Ex a. deve con-
ta.n<lo-nos exe mplos da irresistivel fessar-nos, ou que a sua propos ição não
forca que tal circunstancia tem no é verdadeira, ou que es ·p rocedimen-
coração humano. T.iemistocles havido tos acima referidos são com pat ivei s
n ascidó em A tbenas, e d épois de ter com o caracter do bom Cidadão, o
feito á sua Patria serviços importan- que não é de esperar das suas lu-
tissimos foi della desterrado, perse- zes , e probid ade.
guido, _e até obTigado a fogir para a Passemos agora á disposi9ão fi-
Corte de Xerxes o se u maior inimi- nal da mesma Portari a. Ella se ré•
go : este generozo Rei acolhe-o em duz a que o Governo de Pernambu-
seu Palacio, concede-lhe a sua ·ami- co tome as mais energicas ·mediçlas.,
-zade , a.ccumula em· suas mãos as para atalhar uma intriga, que s ó pó-
honras , e as riquezas;· e com tudo dé ter resultados funestos ao aug tnen-
qua.ido qu er que ell_e tome as armas to e prosp eridade deste Imperio. _ ras
cm seu r;erviço contra o Paiz que o quaes serão essas medida.s ? Nós não
vir-a nascer, Themistocles . esquesBe-se sabemos, que possão haver outras mais
de todos os beneficias ·q ue recebêra, energicas , e da competencia d'aque1~
e _para exemir-.se de cumprir as or- le Governo , que não .sejão os cas-
dens do seu bemfeitor, não duvi- tigos ; mas castigos em te mpos taes,
da rn atar-se coro venen o. Ora se o e por uma mera rivalidade , por um
lugar do nascimento pôde influir tan- sentimento involuntario, e muitas ,.-e.
to em uma alma como a de Themis- zes justíssim o , essa não espera va-mos
to cles, que o forçou a preferir a mor- n6s de S. Exa. ! Dir-aos-há que a sua.
te ao dev er de prestar os Officios de mente é castigar o_s effeitos dessa ri-
bo m Cidadão para com um paiz , -valid1:tde , quando são desas trosos ,
.que a acolhêra na sua desgraça, .e mas não a mesma rivalidade. Bem;
para com um Rei, a quem devia im• mas nesse ·c aso não era mis t er esta
mel}s as honras , e fortunas , que in- Portaria ; bastavão as Leys existen-
fluencia não terá elle em almas de tes , que toaos os Govern os devem
calibre muito inferior, e onde só do- · cumprir E demais l sobre guern hão
mina o simples e grosseiro instinto ? de recafr esses castigos ? Pro-va veJ..,
Mas não é necessario remontar- mente sobre os Brasileiros, porque
nos a exemplos antigos e estranhos -~ não tendo a honra de serem do mes-
nós os temos bem modernos, e do- mo Paiz que S . . Exa. é· justo que
roesticos . A Tropa de Avilez depois sofrão toda a qualidade de insultos ,
de haver-nos ameaçado com hostili- que o orgulho Europeo lhes queirê-
daues e horrores, é rnan<lada retirar- fazer; e que se disso se do erem
se pa ra n outra lrnn:Ja, e a sua com- ou tomarem satisfação , sejão aspe-
rnunica~ãn proihida : l:ntrc tanto mui- ramente p~nidos. Santo Deus a que
tos Eur opeu" qni ct-i tah lecido cor- absurdos nos a.rrasta o prejuizo do
r espoodem-so corn o1la, vão visitala, nascimento !
mandão-lhe soccon:os de dinhcfro e -Finalmente~ quaes serão os re-
{ 12 )
sultados desta Fortaria ? Nós não ou- sã·o Seéreta· nan·o ssa Assemblea, tem.
samos predizelos. Basta-nos sómente- com· tudo transpirado algumas noti-
lembrar, que os Povos do Brasil es- das, que me não parecem verdadei-·
tão mui ressentidos ainda das atroci- ras. · Dizem . que alguns Deputados
dades contra elles praticadas pelos Ministros d' Estado forão requerer,
Portuguezes Europeos , e a memoria aquella Sessâo para nella exigirem a
de seus crimes está ainda mui fres- r~,;-ogação da. Ley, em que se nega.
ca mormente em algumas Provincias: a Sanccão a S. M. I. Esta medida ,
que Pernanbuco ainda se recorda com se hé verdadeira, hé a meu vê°r hnrn:
horror das atrocidades commettidas dos maiores absurdos, que póde ima-
_por Luis do Rego, e seus malvados ginar-se ~ e o que mais hé , extrema.:
Janisaros, que ainda imagina vêr as mente offensiva ao Characte1' e Sen-
Scenas horrorosas do Bonito e Rodea- timentos Constitucioriaes de S. M. I.
dor; as miseras crianças espetadas. Não , Sr. Redactor, por mais que
nas pontas das bayonetas Portugue- digão , eu não posso crêr que Este
zas , o fogo lavrando sem resisten- Augusto Senhor tivesse a lembrança
cia , e reduzindo a cinsas povoações de querer tolher aos Representantes,
innocentes , e mil outras barbarida- da Nação, aos Respeitaveis Defenso-
des ; e um espetaculo desta naturesa res de seus Direitos a liberdade deJ
tem gravado na idêa de seus habi- votar em coizas da sua competencia,
tantes impressões mui dolorozas , e corno entendem e assentão que convem
mui profundas. í Que medidas pois ao bem geral. Semelhante tirania se~
haverá que possâo riscar da -sua me- ria. a mais escandaloza qne dár-se pó--
moria imagens tão funebres , ou ar- cle, e o Poder Legislativo e Consti-
rancar do seu Coração o sentimento tuinte, o Poder Soberano por excel-
que ellas produzirão? Or a pois Deus lrncia em vez de ser o orgão da von-
queira que o remedio em vez de ado- tade geral, tornar-se-hia por este mo-
çar o mal, não vá exasper alo. do o canal de huma vontade p~rti-
cular, qual a do Governo. Eisaqui pois
Uma coisa de certo podemos affü·-
mar; e é que esta Portaria ataca di- as rasões da minha incredulidade ; eis-
rectamente a opinião geral de todas aqui os motivos por que eu me in-
as ProYincias , e Legislação , que não é
clino a crêr que , se hé verdade o
fundada nesta base incontrastavel, que àizem esse temerario passo não
antes pertende destruila, só serve foi nascido de outro principio se não
para mostrar a ignorancia e fraque- do officiozo cuidado com que os ac-
~ª do Legislador, e para compromet- tuaes Ministros procurão lizongear ao·
ter a sua authoridade. í Que effeito Imperador. Mas emfi:m dado cazo que
produsio em Portugal a Lei porque isto rião fosse obra dellés, mas sim
se extinguio a differença entre Cris- insinuação do mesmo Imperador ( o
taõs velhos, -e · novos ? Os Povos nãoque sempre duYido ) deverá por ven-
mudarão de opinião, e a Lei caio tura a Assemblea cair na fraqueza.
por si mesma , e com tudo eUa ti- de ceder a semelhante advertencia?
nha por autor hum Ministro despotico, Terá acaso tão pouca coragem que não
e de um caracter tão :firme e_vigoro- ouse defender a sua Dignidade, e a
so, como nunca se conheceu n'enhum dos Póvos , que nella depositarão a
outro n'aquelle Reino. Que sorte pois sua confiança? Que conceito se pode-
devemos esperar que tenha a Porta- rá fazer das suas opiniões, se Ella
ria de S. Exa. , que alem de ser um não tiver a firmeza de sustentalas ?
Ministro Constitucional , foi sempre E que mudanças não se poderáõ exi-
notavel pela sua indulgencia e bran- gir pelo tempo adiante , huma vez
dura de carracter ? Deus a fade bem , que esta se consiga? Mas emfim não
ao menos este será sempre 1 0 nosso adianto mais o meu júizo que · nada.
voto. valle na materia , esperemos Sr. Re-
dactor , pela sua Decizão , que será
CORRESPONDENCIA. sempre a mais justa, a mais Digna,
e a mais Convincente ao estado dos
Sr. Redactor. Negocios e ao bem geral. O nosso de-
ver he sugeitar-nos a ella qualquer
Apezar ào extremozo cuidado com que fôr ·, e com isto conclue o seu ve-
que se procurou occulta-r a materia nerador.
que fez ontem o objecto de buma Ses- O Liberal Sincero.
RIO DE JANEIRO 1823. NA TYPQGRAPHIA DE SILVA PORTO, E .C:t
N. 4

TERÇA FEIRA 26 DE AGOSTO DE 1823.

Tu vois de ces tirans la fureur despotique ;


lls pensent quP pour eux !e Ci"elfit l' Amerique.
VoLT. ALZIRE.

NOTICIAS ESTRANGEIRAS. dicacão. O exercito libertador entrou


no .Mexico. Um Conselho de Guerra
MEXICO. un ido ao lmperadm· lhe tinha acon-
selhado , que o devia r epulsar pela
P roclamação publicada p elo força, mas elle não approvou esta me-
Congresso Mexicano. dida, allegando que não queria. der-
r amar sangue, e que não dezejava
Agostinho Iturbide, convencido da se não a felicidad e do seu Paiz.
inutilidade de sua Proclamacão, e da Depois elle apresentou ao exer•
incompatibilidade da sua , vida Po- cito as trez seguintes proposições.
litica com a segurança e felicidade 1. º Que o exercito não decidis-
deste lmperio, atormentado pelos re- se de sua sorte, mas que o Congres-
morsos que lhe inspira seu ataque impo- so fosse disso encarregado.
0
tente contra nossas liberdades Nacío- 2. Que elle fosse escoltado pelo
naes, implorou a generosidade desta General Bravo , e que se lhe permit•
Nação magnanima, para que se lhe tisse ir a Tu.lancingo , aonde tomaria
perdoassem seus grandes enos , e se medidas para se passar a Jamaica
lhe permittisse ir procurar n' um Paiz com sna familia e suas riquezas.
distante o socego de sua consciencia , 3. º Que as Tropas que estavão
e esquecer. se possivel fosse, os males com elle fizessem parte do exercito
com que elle opprimio a humanidade. libertador.
Illustres Habitantes de Vera-Cruz,
a Aurora da liberdade raiou em nosso Respondeu-se-lhe.
orisonte. O Congresso Soberano mar-
chará firme ao grande fim da nossa l . º Que se lhe não podia permit•
regeneração principiada por vós , e tir ir a Tulancingo, nem a Jamaica.
sustentada pelas armas do exercito li- 2. º Que, se se lhe facultasse ir
bertador. Congratulemo-nos recipro- para alguma parte _, elle seria escolta-
camente pela cessação dos males que do pelo General Bravo e suas Tro-
occasionaráo nossas dissensões inte- pas.
riores , e pela reunião de todos pa- 3. º Que , se tomaria em conside-
ra a defesa da liberdade e da inde- ração o modo por que se disporia das
pendencia da Patria. Tropas de que fallava.
O exercito libertador re<:onheceu Dizia-se no momento da saida
o antigo Congresso, que tão injusta- do navio que trouxe estas noticias,
mente tinha sido disso! vi do , e se em- que lturbide tinha sido envenenado,
penha em executar seus decretos. e sua. familia preza.
A 19 d' Abril, Agostinho lturbi-
de apresentou ao Congresso a. sua. ab- Courier.
( 14)
'I
CORR.ESPONDRNCIA. mas do rmperio 'P O qu-e mais engra-
cado he que o estulto escrevinhador
Merses profundo, pulchior evenit. se-descalça sem quererÍ.Eile denomi..
Hoa. L. 4. 0 Ov. 4.
na os Andradss fratricidas, o que•
~~
a ter algum sentido equivale a ma-
or. Redactor = Fez o .acaso que tadores. de irmaõs, e quem são os
deitasse os olhos ao Cor.reio do Rio irmaõs ? Segurame!1te os Portugue-
de Janeiro, apezar de não ter tem- ses 9 a quem cuida que os Andradas
po de sobejo para perder na leitu- persegllirão. Ora a fraternidade não
ra das sandices , nescidades, e in- he uniã.o ? Por que os Brasileiros
:sulsas chocarrices do gordo Redac- chamarão irmaõs a.os Portugue:zes ,
tor desse Periodico; e confesso a v, m. de quem só receberão offensas , e ui-
que toda a minha gabada paciencia trages? F61·a com taes irmaõs ; são
estoica, com que até hoje hei escu- homens, como os das cutt-as Nações,
iado immovel, e visto assoalhar as quando muito; e se merecem do Bra-
mais gratuitas e grosseiras calumnias sil pri vileg'ios, são os odiozos.I Não
·contra àistinctos filhos do Brasil , fa- se enganou pois a Sentinella em at-
lhou-me de todo ao ler a sacrilega tribuir aos Ministros a pertençã.o da
carta assignada por um pseudo-aman- união ; quem se engana 9 ou nos il-
te do .Brasil.j Sobrepuja a todo o des- lude de preposito , be o author da car-
caramento a ousadia, com que esse ta em insinuaT que os Andradas per•
arrieiro ( porque ha arrieiros até nas seguirão os Portuguezes, e que os
classes mais ,.e~i?e~tes ) , ajunta~do aborrecem. ~A espiritos superiores , co..
a escarneo a. inJur1a, se denomma mo os seus , não escurecem nevoas
amigo nosso , ao mesmo tempo que, de acanhada rivalidade: conhecem, e
pertendendoemporcalhar com asua im- prezá.o os Portuguezes de rnerito ; não
pura saliva varoens exirnios ,, honra, aborrecem a ninguem pelo só acci-
e sustento do nome Brasilico , se~:re­ dente de ter nascido alem do Atlan . .
vela como encarniçado , bem qne im- tico; mas cfrve:rsa coisa he estimal-
potente inimigo do BrasiJ. Permitta· os, a entregai•-lhes a administração,
me, Sr. Redactor, a.nalysar a ineon• de que sempre abusarão, e de que
sequente carta. são os menos capazes, se não por
Pertende o seu escrevinhados• que outros defeitos , ao menos por lhes
he falso querem os Europeos a u~ião faltarem entranhas de Brasileil"o , e
com Portugal; mas de onde então a não poderem entender e satisfazer as
suppressão da moeda (>11) com o novo necessidades de um povo 9 a quem
e-unho do Jmperio? De onde a intro- elles detestão pela consciencia do mal
ducção no exercito i dos que man° que lhe tem feito, e temor da jus ..
charão de sangue o solo da Bahia, ta retribuição, que os aguarda na.
talarão as campinas , e violarão a§ hore da vingança de um povo, que
matronas , e donze!las daquella des"' os dettesta pela lembrança das in•
ditosa Provinda? De onde a lem- j urias velhas, pelo sentimento dos
branca de ebamar ás nossas phaJan- gravames presentes , e justo .recei~
ges ás serpes Lusitanas ainda enso· de futuros baldões.
padas em todo o rancor do Madeira '-l. Qualifica o Sr. Amante do Brazil
contra nós ? Donde os de:zejos mal os Andradas de infames? Que signi•
encobertgs , e os rumores espalhados flcaçáo terá no seu diccional"ÍO a pa-
á surdina, de rn udar as cores e ar.. lavra infame? Se he ser infame tet>
inteireza, Hmpeza de mãos, pureza
de vida., desprezo de honras. vãs ; sei"•
(*) .Não hd dwvida que depois de se bom filho ~ bom pai 9 bom marido,
promptá eerta qvAntidade de moéda bom irmão 9 bom parente, e bom ami ..
com o eunho do Imperio ~ houve pro .. go; se he se~ infame erguer o abatido
hibiç(}.o inti?nada pelu Provedor da espírito N<lcional, restituir á esqueci-
CatJa da Moeda aoc trabalhadores d el-- d~ dignidade um povo iateiro , corno
la , a Tespeito do seu giro ; mas sa- fez um desses ; se he ser infame crear
l.lemos que está levantada. a excommu... oo recursos de um Thesoiro ex.hauri•
;n,hão. · O P~dactor. do, e fazer possivel appa:rece1· uma,
( 15 )
marinha 9 ~ um exercito 9 C.l)mO fez ou- Nec vera virtus, qnem eemel exeidit,
tr~.; se he sea• infame defender de- Curat reponi deterioribu§.
nodado a honra Brasiliense , e dar á disse Horacio , que traduzio elegcm-
Europa espaniada uma idea de que t~mente o Sr. Corselti em Italiano I
a coragem~ luzes, e patriotismo nifo Virtu vera , si dal pi'hsthw
erão estranhos nas pfa.gas de V'°espu- Posto suo cade ingamrn.ta ~
cio , então infames, e mais que infa- D' alme vile piu non curasi.
mes são os Anda·adas. Mas quantos Graças dão el!es a Deus~ como Ma-
na Europa culta lhe§ invejaráõ esta lesherbes 9 por terem salvado do nau-
infamia ? De certo eUa não está ao fragio a sua probidade. He Cel'to que
alcance do author da carta. 0._ não precisão de emendar-se , pc:rque
Continuemos a ana}yse. Par·a que a. consciencfa lhes não aponta crime ;
$e precizão os Andadas ? Para não re- salvo se he crime ter servido a ingra.-
nascer a hydra do patronato, para não ·tos. Se os crimes dos Andradas mei'e-
se esgotar o Thesoiro , para não :re- cem castigo , he o castigo que o filho
vi ver o reinado impune dos. ladrões, de Sophronisco se arbitrou, he ser sus-
para que se consolide e. independen .... tentado á custa do publico no Ptyt'(J,neD.
eia que elles crearão, para que se- O que me tem feito dar volta a()
domestique a licença, e a liberdade se miolo , he o ponto cle contacto que
abrace com a ordem , para que em achou o escrevinhador entre os Ail-
fim. não seja pos§ivel no Brasil nem da·adas e Catilinas; conheço que a pa-
a escravidão, nem a anarchia. Sei que lavrinha foi-lhe apontada~ pois elle
os filhos das trevag receião que com não parece terese dado ao trabalho de
a volta dos Andradas volte tamberri estudar, embora se abaixasse á. esc'fe-
a Saturnia Virgem , a severa justiça 1 ver , Deus sabe eomo ; mas aprenda.
que chegue o dia da retribuição ; inde por caridade, que zom1baráõ delle,
ira: , et lacrim<e; mas soceguem esses que nada ha de commum entre um
desgraçados ; os Andradas tem muito conspirador, e os açoites dos conspira-
respeito ao seu caracter 9 muito afinco dores ; entre quem pertendeo aniquil-.
á consistencia, para voltarem a tomar lar a Roma velha , e os qne traba-
pai·te no Ministerio desacreditado , lharão para erguer uma nova Roma,
deshonrado para sempre. Para que lar-' mas Roma Imperial, mas Roma sem
gal-o , para cobiçal-o de novo? Não, Tribunos ; er.ergica s mas não revolta;
eu seguro ao alacaiado author ·da car.:. livre , mas não exagerada. Passemos
ta que , se me não engauo em carac- avante•
teres, os Audradas jámais teráõ a in- .Não estão no Ministerio dai~ Bra-
consistencia e baixeza de subir outra. sileiros sabios , p'revidentes , e. de re-
ve:1J a eminencia detestada e jgnomi- conhecida probidade ? ·Justo Deus ! São
nimm. , que só serviria de roubar-lhes quantidades comparaveis pod1·es es-
a intacta reput~ção de probidade 9 des- teios da carcomida arbitrariedade ; que
interesse , e independencia, que ca- tiverão parte em todas as prevex-ica-
Iumniosa mordacidade debalde Jhes in- çoens' velhas , e válidas traves que
tenta arrancar. Nunca elles quereráõ sustentarão o puro edifieio da liber-
ser objectos do. justo oàio dos Bra- dade , e da ordem , livres de falhas
sileiros, de envolta com os Tigelinos, antes, e agora ! Quantos pontos te-
Narcizos , Rf.1finos, e Eutropios , e os rá a era veira por que mede a scien-
ineptos Mottas, que enganão, e con- cia o author da carta? §e cabe aos
duzem ao abysmo um enexperto e actuaes MinistJ:>Os o epitheto de sa-
iUucHdo Principe; mas tl:'emão .os trai- hios , hem em baixa.mar está a ilfos-
dores e insensatos, o Jeão acordará ; tra~ão no Brasil. Previd•s ntes Minis-
a~ dos que tiverem abusado .da sua tros que nem uma polegada vem alem
boa fé, illaqueado a sua consciencia. do nariz ! De reconhecida nrobidade !
l\fas tranquilizem-se ? outra vez lhes Dicant Paduani. Eu não de~ejo entrar
repito, não querem voltar os And1ra- em vidas particulares ; mas a vida pu-
das ao escorregadio e dcsmorafüiado blica, que e$1á entregue ~\ nossa dis-
posto de Ministro; mormente nas quâ- cussão , nãó condiz com a assei•ção.
ch·as, em que as paixões soltas abo- Não se he próho , quando no curto~ es-
canhão com igual furor virtude e vicio~ ·paço de ull1 mez, em que se empolgou
*' ii .
( 16)
o poder·, tem-se violado as leis fonu- seus libertadores; a fama desses inemi•
rneraveis vezes , como tem feito o Mi- taveis Cidadãos, ora grosseiramente
nistro da. Fazenda , e não por igno- calumnfad9s , crescerá com a idade ;
rancia, apezar de eu lhe crer muita ; póde cada um delles dizer afoitamen....
mas por conhecido empenho de satis- te o que de si disse o lyrico Ro ...
fazer as suas adhei-encias. mano:
Se difli.cil me foi o conjecturar Nom omnis moriar, multaque pars mel
o que tinhão de commum Andradas Vitabit Letibinam, usque ego pe>stera.
e Catilinas , a luz , e as trevas, os Crescam Iaude recens.
faroes da ordem , e o facho da dis- Digne"'se Sr. Redaçtor , publicar es-
cordia , sem trabalho adevinhei por ta peqqena ensaboadella á immunda.
que o es.c riptor da carta os taxava de carta exerida no Correio do Rio N. 19;
anarchistas. Foi pelo mesmo. porque pode ser util para escarmentar a
o Correio do Rio os ch~ma despotas. tempo o seu author , e para que mu-
Trilharão o caminho merlio odiozo de de novo , certo que os inimigos
aos extremos ; querião a liberdada , do Brasil não nos enganão ainda mas-
mas a liberdade regula.da, e adstric- carados , nulla frontis fides. Sou Seu
ta ás formas da Monarchia represen- venerador.
tativa; querião a Monarchia, mas de- Um Brasileiro.
testa vão e se oppunhão ao poder ah-.
soluto. Era natural -pois que os Re- Sr. Redactor = Consta-me que
publicanos os taxassem de despotas , havendo já muito dinheiro feito com
~e que aquelles que, como o author o novo cunho do Imperio, o Minis-
da. carta, conservão e fomentão pre- tro da Fazenda prohibira que sahis-
versas esperanças de despotismo, os se huma só moeda , debaixo de huni
denom.inem anarchisadores. Como o $egredo inviolavel , e com penas mui
grande Albuquerque fieou outrora mal severas. Esta novidade tem feito em
com o Rei por amor do povo , e mal mim hum extraordinario abalo. Hé
com o povo po1· amor do Rei; as- possivel que depois de ter havido tan-
sim os Andrailas perderão as grá.ças ta demora no Cunho da. nova moe-
dos exagerados ., e dos servis ; mas da, ainda haja esta prohibição? E
ganharão o respeito dos verdadeiros que fim terá ella ? fün·á por ventu-
Jiberaes , mas estão bem com Deus , ra para unirem as Armas de Portu..
e com sua consciencia. Que mais .de- gal ás do Brasil , ou substituir aquel-
sejão? las someute ? Eu não sei para que
Findarei esta pequena analyse seja: mas se assim he como se atre-
·por segurar aos Brasileiros todos que ve o Ministro a praticar semelhante
não são , 11em podem ser dos Andra- perfidia ? Cuidará que não ha por-
das , nem por elles propagadas as fóra algumas moedas das novas? En-
doutrinas da Sentinella. A maneira gana-se. Eu não affianço que a Or-
de pensar, e de exprimir-se dista dem fosse do Ministro, mas que em
tanto da delles , que só a pueril ig- nome d'elle é que ella se publicou
norancia do escrevinhador da carta na Casa da Moeda hé uma verdade.
.as pode confundir : só a bestunta de Brasileiros alerta ! vigiai sobre a vos-
um noviço na arte de escrever , de sa Independencia ; e v. m. Sr. Re-
um remendão em litteratura pode assi- dactor faça sobre isto algumas refle-
milar tão diversas naturezas. A pezar xões, se lhe parecer. Seu Venerador~
dos latidos do Correio , e dos seus
correspondentes, o Brasil olhará agra- Tapuia.
decido para os Andradas , como para.

RIO DE JANEIRO, 1823. NA OFF. DE SILVA PORTO. E C.


N. 5

TERÇA FEIRA 2 DE SETEMBRO DE 1823.

Tu vais de ces tirans la Jureur despotique ;


lis pensent que pour eux le Ciel fit r Amerique.
VOLT. ALZIRE.

Senhor Redactor. dado a sua demissão, bem como o


seu digno irmão, o nosso grande Fi-
nanceiro , calcei as botas , e vim re-
, CoMO V. m. publica hum Perio- bolindo para a Cidade a saber da rea-
tlico que eu muito prézo pelo puro lidade e circunstancias de tão omino-
Brasileirismo que nelle brilha, e por so sucesso. Cheguei , e logo cahi doen-
que com muito boa filisofia combate te sem poder ir abraça-lo , como. de-
coisas sem calumniar pessoas, julgo sejava: entre tanto soube que fervião
que me quererá fazer a mercê a mim, pasquins contra os Andradas , e até
e á. nossa Patria, de publicar no seu me vierão ás mã.os varias folhas im-
estirnavel papel huma conversação fran- pressas cheias de infames mentiras e
ca e amigavel, que antes de hontem chocarrices de muleque, em que os
tíve com o raro Paulista e optimo calumniavão a bel prazer. Ferveo-me
Patriota, o nosso velho do Rocio. Eu, o sangue de ler tanta miseria, e tan-
Sr. Redactor , em melhores eras tam- ta pouca vergonha; mas consolava-me
bem frequentei a alma mater .Acade· entre tanto a esperança de que o nos-
mia que hoje , não sei se com rasão, so velho lançasse mão da clava de
praguentos e descontentadiços aboca.- Hercules para derribar de hum golpe
nhão de decrepita ignorante, e pol- esses vis calumniadores, e estendes-
luta; mas não querendo aumentar o se sobre a banca Anatomica seus im-
numero dos Galopins que atulhavão mundos escritos ~ para com o escalpel-
em Lisboa as antesallas dos Secreta- lo da analise dissecal-os , e esburgar-
rios e Ministros d 'Estado para alcan- lhes os cariados ossos. Continuou a.
çarem hum minguado Lugarinho de minha doença , e passou-se mais de
Juiz de F 6ra , fui-me escafedendo pa- mez sem eu poder sahir de casa, e
ra a terra do Pão de Assucar, e fiz- o velho callado e sem responder. Em
me roceiro , e ha annos que com o fim pude enfiar o cazacão , e sahi
meu trabalho vivo socegado , e com com tenção damnada de ir ralhar com
fartura; porem de quando em quando elle , e exprobar-lhe a sua falta de
venho á Cidade saber das novidades animo ou desleixo. Cheguei á porta ,
políticas do tempo , e conversar com bati huma e mais vezes , e ninguem
algum amigo que ainda conservo nes- apparecia, que levasse recado; a fi-
te melhor dos mundos passiveis na nal sahio hum muleque que em Lin-
frase do Doutor Plangloss. Entre es· gua preta ( Lingua que falla tambem
tes poucos amigos conto desde Coim- muita gente branca em Tribunaes ,
bra com este honrado cidadão , a quem Dicasterios, &e. &e.) me disse que o
o Brasil . deve muito e muito. Logo Sr. estava doente. - Não importa, vai
que me chegou pois aos ouvidos hu- dizer-lhe que aqui está F., e que de-
ma noticia confusa de que elle tinha seja fallar-lhe, ainda que esteja a ex-
( 18 )

pirar. - Mandou-me logo entrar, e o muitos mnmgos , pois basta reílectir


achei sentado em huma cama de cam- que, quem não quer ou não pode ser
panha com huma mezinha defronte , virtuoso e honrado, deve forcejar que
muitos papeis espalhados , e hum li- as ahnas grandes appareção -da mes-
vro Grego aberto, que depois soube ma condição e livel que elles. Os li-
ser o Periplon de Hannon, que V. m. veladores em Politica tambem são em
sabe muito bem, Sr.. Redactor, ser o moral. V. m. bem sabe que eu tive a
primeiro roteiro do descobrimento e desgraça de ser o primeiro Brasileiro
navegação, mandad o fazer pelo Senado que cheguei a ser Ministro d'Estado:
de Carthago ao longo das costas d'A- isto não podia passar pela guela dos
frica occidental. R ecebeo-me mais es- Europeos_, e o que he peior, nem pe-
ta vez com a mesma cordialidade an- la de muitos Brasileiros. Ajunte a is-
.tiga; e começando eu com muito fogo to que fui tambem o primeiro que
a dizer-lhe o porque vinha vel-o, deo trovejei das alturas da Paulicea (A)
huma risada, e começou a socegar-me contra a perfidia d as Cortes Port ugue-
com a sua costumada ironia Socrati- zas: o primeiro que preguei a Inde-
ca, que nunca deixa, se não quando pendencia e liberdade do Brasil , mas
se trata seriamente da honra e salva- huma liberdade justa e sensata debai-
ção da nossa cara Patria. Vou refe- xo das formas tutelares da Monarchia
rir-lhe em substancia o que lhe ouvi Constitucional, unico systema que po-
em toda a nossa longa conversação ; deria conserva r unida e solida esta
porem deve V. m. desculpar-me se peça magestosa e inteiriça de archi-
não for exacto na narração, porque tectura social desde o Prata ao Ama-
nunca campei por ter boa memoria. zonas, qual a formara a Mão Omni-
Continuando a replicar-lhe disse potente e sabia da Divindade; e nis-
- Pois então está resolvido a soffrer to estou firme ainda agora , excepto
com' pachorra estoica todos os impro- se a salvação e Independencia do Bra-
perios e calumnias que esses misera- sil exigir imperiosamente o contra-
veis quizerem vomitar contra Você ? rio, o que Deos não permitta. Accres~
- Sim Sr. , me respondeo, porque cente V. m. que, quando cheguei em
elles mostr ão nisso o que são , e eu 17 de Janeiro do anno passado a esta
faço o que devo. Quer V. m., Snr. Cidade, apenas tinha o Principe, hoje
Doutor esquentado, que a Lua se en- Imperador, escapado de ir prezo pa-
fade contra todos os caens que lhe ra Lisboa; mas os Avilezes e Carretes
ladrão? Não sabe V. m. que o teles- apoiados pelo partido Lusitano do Rio
copi<? do malvado faz-lhe ver manchas de Janeiro ainda ameaca vão furiosamen-
no Sol , onde as não ha , e não as te; e o peior he que os Democratas assim
q ue lhe ficão pegadas ao nariz ? E
então devo eu de páo alçado andar (.11) Há Zoilos que pertendem
a quebrar oculos e ventas por todo hoje ern dia duvidar desta verdade at-
esse Mundo de Christo? De certo não testada pelo mesmo lmperador na Sua,
nasci para isso: ora socegue, meu A- falla do Throno. E que outra coíza
migo, sent e-se , e ouça-me a sangue he a falla do Juiz de Fóra Presidente
frio. - Elles não são os principaes da Camara , José Clemente , em 9 de
culpados , e V. m. saberá em pouco Janeiro de 1822, senão huma para~­
tempo q uem he o author de todo es- frase da Carta do Governo de S. Pau-·
te rediculo espalhafato: Pater, dimitte lo de 24 de Dezembro de 1821? O
ei, nescit enim guid facit.. Meo bom A.- mesmo José Clemente confessa alem
migo , s<;m ja velho, tenho visto muito disso que S. Paulo sobejamente tinha.
mundo dentro e fóra da Patria, e co- manifestado os sentimentos livre~ que
nheço os homens , e até por desgraça possuia, nas políticas instTucções que
minha , sem nunca o d ezejar , nem dictou a seus Il1ustres Deputados em
suspeitar , vim tambem a conhecer a 1821. Eisaqui Sr. Redactor o l 0 tocsin
boa gente desta nova J erusalem <lo dado co ntra o machiavelismo das Cor-
tempo dos Imperadores. Era impossí- tes e a favor da liberdade Brasileira:
vel que não adquirisse no lugar que tudo o mais forão consequencias feli-
occupei , e nas circunstancias actuaes , zes .e necessanas.
( 19 ) .

l!Pd~zej:wãô (B), e todavia pelas medi·


1
5 desgraçados (entre os quaes alguns
das que se tomarão ; e em que tive em melhor sizo e tempo tinhão feito
mlkifa parte? o~ J anisaro5 fogirão- da~ seus serviços a Causa do Brasil ) co-
nossas cóstas ~ assim co1110 depO'is a mo càbeças de desordem, e anarchia,
:nova expediçãõ que vinha reforçaI ~os . e pedirão se mandasse tiràr hurna de~
Quando o Ptincipe parti<> para Minas ·vassa para se conhecerem a fundô
· :à pa.cifü~a·r e cõ,nverter- os fucciúsos , seus .cumplices e projectos ; ao que
· ios chumbefros dó Rio de Jáneiro, jun.t annuio o Imperador, e o Governo se
· te .eóm. os a.nar~histàs dQ Ili'asil , pro.: vío na obrigação de tomar medidas
· .enrara-o a.proveifar:..se desta dtcunstan .. serias e geraes contra huma conspira-
~ parái o reduzirem a meto Presi_. ção que se dizia ~ e era de crer, es~
.d~nt.e da Junta Próvisíonal; que àesé• tav:a ja imn,ificada em moifas das Pro-
java de novo levantar a cabeça d_, -vincias, ~'lág10 o soceg.o f.u blico , e a:té
-:Sepukro. Eu qne erfüí'ô estava á testa a necessidade de salva -o.s do fur6r
ido JC()ncelho tl{J$ Ministros penetrei popular, que estes det:ignados fossem
. seu~ anigterios , desfiz seus p1·ojedos , interlriarrtente mandados ,para . fora do
e concorri para •salvar maig esfa vez á Imperio, conservando-se-lhes os seus
cidade e ó Brasil. Quando- S. M. foi soldos e ordenados. Se .Pºl' eífeito da
a S· Paulo ensinar e easHga:r 'btanda- devassa posterior sahirão- pronunci~dos
1nen'l:e algmis do11d os, aUueinados pelos· -alguns outros , de-via eu , e o Míniste-
>nesmos parti doe; d·esorganisi9.dorés, bra• rio de S, 1\'l. parar o curso da J usti-
1riirão de novo contra mim' os faccio .. ça, e usttrpar o ..Pedei· J udicia1•io: De
sos de toda: a relé , e na sua voltá nenhum moda. Então o partido do~
po:rem•trabalharão tanto, até qu:e con• anárchi.stas en:coUteo-se com medo mas
segu)r.ão illudll-o com promessas vãas, ~tmservou in pedore a realisa91tfo dos
e mog:igangas pueris : então vi-me for- seus ptojectos pa:ra melhores tempos;
çado a dar a minha dêmissão , potque os dwrobeiros porem exacé:rbados com
mão queria, nem devia consentir que os seccessos da Bahia , e com o d e-
o redm~issem a meto. Imperador do nodo dos boni'l Brasileiros, continuarão
Espir:ifo Santo. Confosso que errei em errt seus planos infernaes. Foi. preciso
ccrler :i. vontade do Povo , e do Mo• então entregai-as a toda a vigilancia.
narcha, pois devia antever que, quem da Pollda, e a vara rija da Justiça.
:fraqueja huma vez, pode tambem frar- O Governa authorisado c'om o Sena-
quejar segunda. V. m. ·soube que per- tusconsttito .Romano - Providoant Con-
to de 8:000 homens, com ó Senado da: sules ~ rte Re$publica alzquid d'etrimentz' pa:.,;,
Camara e os Procuradoi'PFl Geraes elas tiatt6t -- .:redohtou de energia e provi-
P.rovincias á frente, designarão à 4 oli denciàs. Se pratrcasse o contrario se-
ria fraidor ao Imperador e ao· Impe-
(.B) José' Clemente na sua cita• rio. Mas estas medidas de sa!vacão
da falla de 9 de Janeiro diz ao Im- publica, CQnl _ que bl'ârtdut·a tião fo~·ão
perador, então Príncipe Real, o se- exetutadas? Eisaqui os meus crimes~
guinte ~ Será possivel que V. A. R. e füi criminoso , confesso ~ não pelas
ignore que hum partido Republicano, ter àconselhado, e mandado executar~
mais ·ou menos forte, e1i:iste semeadô mas por ter sido brahdo e piedoso
~qui, e ali em muitas das Provincias êm demasia. Con1 effeito nada disto
do ~Brasil, por não dizer em todas el• bastou. Instala-se a Assemb1éa Geral
las? Acazo os caheças que inten·ieráo Constituinte , e os pes de chumbo ,
na e.xplosão de 1817 expirarão ja? E corcundas, au!1cos, e facdozos de to-
ise existem , e são espíritos fortes , e do o calibre, aproveiiarão-se dos exa-
poderozos, como se C1'ê, que tenhão gerados da Assembléa, e
dà incauta
mudado de opinião? Qual outra lhes ignorancia politica que nella havia ,
parecerá mais bem fundada que a sua? tomo sempre houve , e had.e haver
E não diz huma fama publica que em todas as A5sembléas de qualquer
?uesta Cidade mesma hum ramo deste Nação que seja, prezenfes, passadas,
pattido reverdeceo com a esperança. e futuras, formarão-se ~m: falange cer-
da sahida de V. A. R , que foz ten- rada, e assestarão toda a sua infer-
tativas para crescer 1 e ganhar forças? nal artilhe ria, e contra quem? Contra
* ii
( 20 )

·!i> Ministerio que tudo sabia e apro- ce a chusma; porque, logo qúe m• °'
vava? Não; contra mim somente , e permittir a Assembléa, deixarei para.
coptra. meu Irmão, a quem só temi ão, sempre esta malfadada Corte, birei
e com razão temião , porque nunca cuidar da minha saude arruinada no
soubemos ser falsos ao nosso dever , torrão patrio , hirei gozar de ares mais •
e :ao b,eni da nossa Patria. Eu não livres e puros, de estios mais macios,.
sej, roeo Amigo, o que será para o e curtos, onde 1ne parece que o sol
futuro; mas sei de certo que os fac~ rutila claro, mas não queima. AH no
dosos e almas vis desta immunda doa- repouzo do campo; que sempre amei.;
éa, maxima dos Romanos , consegui- e que apenas encetei nos meus Oüeúi-
rã.o segunda vez enganar., deslumbrar, nlws de Santos em 1820 , gozarei tal..
e assustar o Joven lmperador, .que o vez de melhor saude , e pelo. menos de
Ceo não h& de permittir venha a ser l,nais paz interna. 1

isoi:nente o do Espirito Santo de. Ma.. Aqui fez huma paqza o meo Amigo;
taporcos: Ah! nã:o consinta o Ceo que mas eu que o queria incitar a continuar
o .~befe ~~ lmp~rio, e Su~ Au~usta Fa- a conversação lhe repliqoei::::i Então está.
m1ha, seJaO obrigados (nao sei por cul- você decidido a soflrer cala.do que
pa de q_uem) ª. fugír h~m dia ~o Rio hum bando víl de abutres .intrigantes,
de J ane1ro , a ir mendigar apoio pe- e velhacos contiune a se precipitar es•
'las Provincias agitadas, e desconfiadas. faimado sobre você, como se fosse hum
Que negra fatalidade pare~e perseguir cadaver de esterqueira? ;:::: Sim Sr. .me
!la tempos aos Bragan5as ! Eu tremo respondeo elle; porque não quero àl..;
que os facciozos não aproveitem ha- terar o meo socego , que he a coiz~
bilmente esta occazião para realizarem mais substanci&l que ~a neste mundo
seus antigos projedos de desmembração: rem prorus substantialem já dizia.
os Clubs agitão-se em suas cavernas te- Newton àe sí, e no seo tempo. En·
nebrozas; huns proclamão já descarada- ganão-se estas gralhas .grasnadoras' se
mente o chumbismo, e a destruição da pe1'tendem fazer-me sahir .ao terre~ro
nossa Independência; e outros querem dos gladiadores;. nãO quero dár, nem
o absolu.tismo antigo. e as cebolas do receber nov:i;s cutiladas para diverti..
Egipto. Todõ$ os partidos emfim fo.rc:e• mento da gentalha. Minha alma tem
jão por corromper e fascinar a opinião ainda elastecídade bastante para s.e não
ao PoYo ignorante, e ainda verde pa- amolgar á calmnnias • nem acanhar-se
ra huma santa e justa liberdade. A á má fortuna dos tempos. A voz da:
gente boa da Capital vacilla, e anda minha consciencia brada-me a todo o
temeroza, mormente depois qµe huma instante que no dezempenho de mi-
nova Proclamação s.ubrepticià, contra'"' :nhas obrigações publicas, se não fiz
ria á verdade sabirla, ·aos sentimentos tudo o que queria, fiz tudo o que
das anteriores , e até á faUa solemne podia: se os zoilos me calumnião , e
do Throno na abertura da Assenibléa, se for julgado a revelia, tenho sangue
tem espalhado, . como era de temer, frio bastante para desprezar injusti-
desconfianças. . Disto saberão aprovei- ças e vilezas. Meo Amigo, ainda há
fa.r-se os inimigos occultos do Impe- hum Juiz Sopremo , que conhece 05
rio , que agora só fazem cara de corações, e que nos hade jolgar com
vociferar contra os Andradas. Pela justiça imparcial. E quaes são os iac-
.minha parte desprezo tão vis calum- tos que contra mim allegão e provão?
niadores , e apello para os documen., Ignoro-os : são meras calumnias , e
tos irrefragaveis que se achão impres- redicularias de que me rio ; Somw pi-
sos na Gazeta, e Diario do Governo, cole cogHonerie'i que apenas me arm-
e em outras Folhas do tempo, assim nhão a pelle. Fiquem certos e consola~
como nas Secretarias d' Estado ; e es- dos, que cansado de soffrer tanta intriga,
tou certo que virá hum dia em que e cabala víl, já deixei para sempre hum
os Brasileiros honrados hão de fazer- . lugar, que ha muito devera ter largado,
nos justiça, e estigmatizar com o fer. se por desgraça minha não tivera tan-
rete da infamia todos esses traidores, ta bonhomia. Não levo saudades del-
que \)ertenderão illudir de novo a mo.. le, porque nunc~ dei pezo ao fmn<>
eigade inexperta e fogoza .... Descan- das grandezas humanas, mormente oom
( 21 )

:t:al gente E'un~ombra, anzi ii'v.na~ombra füicos. -Lá se avenhão com' seos bot.oes.
· un sogno , dizia o .Tasso. Todavia sou Cada vez mais me persuado que não
sincero , e . devo confessar-lhe , Sr. nasci senão para homem de letras , e
Filosofo da roça , que me arrepen- roceiro como V. m. No tetiro do cam-
do sincer~mente de que fui tão fraco, po"', meo bom Amigo, terei i.empo
que não sou,be dar ao Povo, e ao ( que sempre até agora me tem fogido )
Momi.rcha hum não r.edondo em 30 de dár a ultima mão á redacção das
de Outubro de 1822: illudi-me , pois ·minhas longas viagens pela Euro'pa..,
cri qtie homens nascidos em certas aos meos compendios de Metallur-
,classes erão capazes de amizade e g1a, e de Mineralogia , e a varios
singeleza ; continuei a amar, e folgo Opusculos, e Momorias <le Filosofia>,
;linda de o dizer, porque esta mei~ e Litteraiura , fructos de larga e
guice, e condescendencia não avilta, aturada applicação, que, se lhes. não
mas enobrece o coraçao. Cuidei que acudo já , estão em perigo , de ser
aquelles por quem me disvelava erão pasto de baratas, e cupi Se não sef-
capazes de me reamarem, e paguei-lhes virem para o Brasil , como creio~
em retorno desta sonhada arnisade e servirão talvez para os doutos da Eu•
graüdão com moeda fina do fé pura, rapa , que conheço , e me conhe-
de estima verdadeira, e de limpeza cem. E que maior consoiaçao póde
de alma. Qua,ntas vezes dizia-lhes eu ter hum amante das Sciencias, e boa~
em meu peito o mesmo que o bom e Artes 1 que cornmunicar snaE> ideas
honrado Sá de Miranda dizia , e es• e pensamentos, a quem pôde enten•
perava dos amigos do seo tempo: del-os, e aproveita..:los? He hum pra:.
A vontade de vós seja estimada, zer puro da alma. espalhar pelo Mun:..
Porque .em tão baixa tempo, em que. pureza, do o fructo de seos estados , e med.~
~ em. que obras não ha , d~ve ter preço. tações 7 ainda sem outra remuneração
Mas enganei-me , torno a dizer ' que a. consoiencia de fazer bem. O
assim como creio tão bem que se enganou Sabia despreza as satiras , e~ ingrati-
o Poeta, naquelle melhor tempo. Que- dões de animos vís , qüe nãó podem
rem estes meus bons Amigos verem-se deixar de reputar-se, queirão ou não
livres do medo da resm•reição da carne? queirão, muito inferiores aos homens
Obtenhão da Assembléa a minha carta de virtude, e de saber. Basta Sr. Ro ..
<le alforria; então nao só soffrerei çeiro , estou cansado de fallar , e a
seos embustes e dezaforos com pa~ erisipela não deixa de incotnmód~r-me.
ciencia Christãa , mas até lhes fi- Callou-se então, e maquinalmente
carei muito obrigado , e os olharei abrio o livro de que fallei , e poz-se
como rneos bem.feitores. Sr. Doutor da a ler ; mas logo o fechou. Eu não ousei
roça, V. m; me conhece ha muito interromper o seo silencio , porque
tempo, e sabe que huma amavel , e o vi serio , e retlexivo. Talvez algu-
virtuoza companheira que tenho , hum ma vista de olhos retrograda sobre a
verdadeiro Amigo ( animal bem raro paga de seos longos serviços , feitos a
etn nossos dias ), e alguns bons livros , Portugal e ao Brasil , durante a sua
são as unicas necessidade$ da Yida , trabalhoza e af.'l<ligada vida , occupa-
que não posso ainda escuzar. Aco- \-a então sua imagrnação. Passados po-
11her-me ao retiro dos campos e ser- rém alguns momentos abrindo hum sur-
ras , que me virão nascer , e folhear riso , que me pareceo sal'doníco , mo
. ali algumas paginas do grande livro disse == Amigo , então que pensa ? A-
da natureza, que aprendi a decifrar inda ousará accuzar-me de falta de
com atm·ado e longo estudo , sempre ariimo , e de deslejxo ? Quererá ainda
foi · huma das minhas mais doces, e que compareça , como reo, para defon-
suspiradas esperanças, que praza ao der-me perante o tribunal re volucio-
Ceo possa eu vêr de qualquer modo , 1mrio dessa víl chusma de patifes e
com tanto que seja bem cedo realizada. scelerados, que tem o lucifeTino gos-
Fiquem socegados esses Srs. que dei- tinho de morder , e atas.salhar com·
xei para sempre o Ministerio, e nun- raiva hydrophobica , a reputação de
ca mais serei Juiz com taes Alcaides, qualquel' homem sabio, ou virtuozo;
ainda que bajão novos cataclismos po- e que sem ter adquerido por mereci·
( 22)

mentos e serviços pessoaes , por fei- líno, de injurias e menoscabos, por--


tos extremados e insignes , o direito de que nada obrava, que merecesse re-
julgar, ousão todavia chamar ao seo prehensão, e por isso desprezava as
ridicalo Juiz~ toda a &ente boa, que mentiras da maledicencia; porque nã~
não póde deixar de despreza-los, e deverá seguir tâo generozo exempla>
de mofar do seo pueril atrevimento ? hum Caipira de S. Paulo, homem de
Os Gregos, meo bom Amigo. pacs de bem e bom Christão, que não he.,
todo o heroísmo . sciencia, e civiliza- nem dezeja ser Imperador? Aqui lhe
ção, levantarão altares aos Cidadaõs fui a mão , e lhe disse ~ Meo bom
Benemeritos, e os Romanos seos dis- Amigo, he debalde questionarmos mais 1
cipulos estatuas , e tropheos ; mas a pois não convence a hum peccadol""
plebe da nossa terra só dezeja levan- velho, como eu, acostumado a surrar'
tar-lhes patíbulos , e forcas. negros máos, quando merecem. Pois;
.Julguem-me. como quizerem; bra,- bem Sr. Doutor da roça , ( me res..
da-me a consciencia dia e noite que pondeo) tãobem eu homo surn, e nã<>
iiz á minha~ Patria, e ao Povo desta Anjo, e ainda conservo huma espe.
Cidade , todo o bem que pude , e es- rança de vingança digna. de mim' e
tata ao meo alcance. Se me não foi util aos outros. Quando eu no meõ
possível dár a ultima mão de estuque retiro dos Oiteirinhos de Santos , ot!
ao magnifico Salão Nacional, ao me- em .Monserrate na Parnahiba entre os
nos embacei a parede. Se não achei meos livros, pedras, e reagentes chí-
fulcro solido para apoiar a alavanca micos, repassar pela memoria os hon-
de Archimedes = Des ubi consistam~ rados Amigos, que aqui deixo Corcun•
coelum , terramgue movebo = pacien- das, Pés de chunibo , .llnarchistas, La-
cia ! ! ! Peço a Deos que faça appare- drões , .lllcovitciros , e outras lesmas.
cer homens mais ricos , e mais bem utriusgue sexus , que se crem ser gen-
herdados em largueza de virtudes, te de polpa, e muitos dclles luzes d<J'
energia, e talentos , os quaes talvez mundo , quando na realidade ·são a.
sejão mais bem fadados, do que eu fui; escuridade visivel delle na phraze de
mas temão-se , e vigiem-se dos Leoen- Milton, então me consolarei ao me-
sinhos, Lobos, e Ra:pozas, que andão nos com a vingativa esperança de que•
á5. soltac; , e sem medo de montaria. metamorfozeaàos no tumulo seos pou·
Fez aqui outra pauza , e o ce- cos miolos em materia cebacea, se-
leste lume do patriotismo que dentro gundo as observações do meo defunto
o animava , transluzia em seos olhos, Mestre Fourcroix, poderão taes iJgu-
e semblante. Admirando sua mansi- rões ser ao menos , depois de mortos,
dão, e Filosofhia, não podia porém uteis para alguma coiza neste Mundo~
tolerar que taes patifes ficassem im- sequer para darem luz afogucda em.
punes , e sem resposta ·alguma. Não , alguma estribaria de bestas de o.lquilé.E
meo Andrada, continuei eu ainda ace- será justo que em vez da epigrafe:
zo cm justa sanha , he obra de mi- infernal ' que se lhes deveria pôr na
zericord.ia castigar os que errão = campa Hic sempiternus horror inhabilat
Odc-Yunt peccare mali formidine poenae , e se ponha logo ;::::: Fiat lux. A isto dei
no silencio das Leis, e na prezente buma grande gargalhada , e abracei
dezaforada anarchia creio que D. Ca. ao meo Amigo cardealmente; despe-
marão furibundo devia exercitar o seu di-me , e vim logo escrever o que lhe
ofü.cio ; pelo menos dezejo que o tinha ouvido: mas não afianço Sr. Re-
porrete de Juvenal lhes dê quatro la- dactor que as frases, e pensamentos
tagadas pelo toutiço para começo de sejão em tudo, e por tudo os mesmos
ensino. A isto me atalhou o nosso .-e. que lhe ouvi; e póde ser que me suc-
lho, e me disse: Não, meo bom Ami. cedesse o mesmo que, para bem de
go , seja· mais humano, e pachorrento~ huns e ma.l de outros ~ succede com
Desconhece-se de homem quem não as fallas dos Srs. Deputados no Dia
sabe perdoar. Se o Imperador Tito , rio da Assembléa. - Seo Venerador
bom Pagão, não fazia cazo, diz Xef.e~ - Tapw."a.

RIO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL. 1823.


N. 6

QUINTA FEIRA 4 DE SETEMBRO DE 1823.

T n vuis de ces ti11·uns la fureur despotique ;


lls pensent que pour eux le Ciel fit l' A merique.
VoLT. ALZ JRE •

.
..llssembléa Geral Constituinte e L egislati- o Projccto d e Lei sobre a maneira
va do Imperio do Brasil. porque se d eviaõ passar Cartas aos
Alumnos da Academia Medico-Cirur·
Scssaõ do 1. 0 de Setembro de 1823. g ica, e as suas emendas; falou o Sr.
Presidencia do Sr. Bispo Capellaõ Mór. Montes uma, e expondo o Sr. Gomide
q ue na fu tura Sessaõ a Commissaõ
de Saude P ublica tinha de appresen·
FEZ-SE a chamada as 1O horas, tar hum Proj ecto sobre o estabeleci-
acharaõ-se presentes 73 Srs. D eputa- mento em geral, e reformas de taes
dos, faltando com cauza 5. Academias no Imperio, ficou aquelle
O Sr. Presidente declarou aberta adiado até a dita appresentaçaõ. O
a Sessaõ. Sr. Andrada Machado Relator da Com·
O Sr. Secretario leu a Acta da missaõ de Constituiçaõ appresentou o
antecedente, e foi approvada. Eutrou- Projecto de Constituiçaõ do lmperio:
se na Ordem do dia. O Sr. Secretario O Sr. Costa Aguiar o leu, e mandou.
Costa Agujar leu o Decreto redigido se imprimir. Levantou-se a Sessaõ as
para os Srs. Deputados da presente 2 horas da tarde.
Assembléa naõ exercerem outros Em-
pregos , havendo porem duas excep ..
ções ja votadas, decididas, e appro- O Tamoyo, acostumado pela edu..
vadas na 3.ª discussaõ pela Assembléa. caçaõ de obediencia, que deraõ os
Fallaraõ alguns Srs. Deputados con- J esuitas a toda a sua tribu, naõ du-
tra huma da excepções; outros com- vida tomar em consideraçaõ o que lhe
bateraõ suas opiniões com varios f un- aponta o Sr. .!Jnti-Tamoyo; mas antes
damentos, sendo hum d'elles o naõ de acudir ao reclamo, humildemente
ser admissivel pelo Regimento 4.ª dis- como convem á hum Indio, pede ao
cussaõ em materia já decidida . pois MagnaJ,e · .!Jntt-Tamoyo, permita-lhe al-
qu.e segundo o Regimento só devia gumas palavras de aclaramentos e ob.
sanccionar a Proposta com suas emen- servações.
das, ou regei tala, e depois de viva Declara o pobre Tamoyo á face
discussaõ, apesar do disposto no Re- do Mundo, que toda a penetraçaõ de
gimento foi reprovada huma das duas seu i11imigo naõ pôde fazer que naó
exce pções , e sanccionado tudo o mais. tomasse, como o Jxion da Fabula, a.
O Sr. Francisco Carneiro appre- nuven por Juno. 'Nada tem de com-
sentou huma in aicaçaõ sobre os im- mum o Tamoyo com Ministros e Dou-
postos na carne verde, e outros ge- tores de alto vôo. Mi"sera rP.h'quia da
neros, que ficou adiada. extcrmi"lada frihu, que antigamente ba-
O Sr. Secretario Costa Aguiar leu bitou as praias de Nietcroy. e de Ca-
( 24 )
ôo Frio, ainda se lhe arripiaô os ca- o expediente ? Se hoje a usurpaçaõ
bellos á vista dos mamelucos de Pí- servia de valer a innocencia , i naõ
ratininga , em cujas veias corre mes- pode amanhã concorrer para opprimil-
clado o sangue dos crueis extermina- la? Na minha Aldêa contaraõ-me que
dores dos Tamoyos , os Portuguezes e n'uma Cidade antiga (cuido que se
Guayanazes. Socegue pois . o ~r. .8.nti: chamava Roma) hum poderoso, de no-
Tamoyo. naõ he com sab1choes , nao me F oaõ Syfla • poz-se a cima das
he com Excellenci as, que entrou em Leis, punindo ao principio , ou pros-
luta; mas naõ sei se por isso levará crevendo a seu ar bitrio máos Cidadãos;
melhor vida. e todos os bons Cidadãos incautos a-
Observa o Tarru11yo que, sendo el- plaudiraõ os seus actos : entrou-lhes
le taõ novo como o peixinho de Phi- depois por casa o tal figuraõ , e d e
wxeno .., naõ podia ad evinhar as histo- envolta com os rnáos proscreveu os
rias passadas , sem que lh'as narrasse bons: aplique el conto. Sei que fez mui-
o pe1xa.rraõ do tyranno de Syracusa , ta conta aos implicados na Devassa.
cujas vezes muito bem faz o Sr. .8.nti- o modo prompto, com que se escapa.-
Tarnoyo. raõ do perigo; mas sei taõbem que
Observa mais o Tamoyo que, a- nenhuma conta fez á sociedade o ex-·
pesar do descaramento do Sr. .8.nti·- emplo de usurpaçaõ , e invasaõ dos
Tamoyo, quem naõ for taõ ignorante, limites de poderes diversos, e pros.
como elle, fará distincça.õ do effeito tergaçaõ das formas , que saõ a salva
d'um acto , e da forma porque este guarda das soci edades: era melhor que
effeito he produzido; <la acçaõ sobre indeviduos soffressem por mais hum
o interesse de hum ou mais indiví- pouco, certos com o Payaá dos Fran-
duos , á acçaõ sobre os interesses da cezes , o Sr. Montesquieu - qua les pei·
sociedade inteira. Podia pois o Decre- nes , les depenses , les longueurs , les dan-
to de 16 de Julho proximo passado gers, même de la justice , sont k pri.x ,
ser hum acto benefico , e com tudo que chague citoyen donne pour sá leberti.
ser il!egal a forma porque se fez o Admira o Tamoyo a engenhosa a.
beneficio; podia ter-se feito huma in- gudeza do Sr. .llnti-Tamoyo : i e que
justiça aos comprehendidos na Devas- viva o Sr. .8.n12·-Tamoyo ! Homem taõ
sa, e com tudo ser outra injustiça o engenhoso he pena que naõ alcan-
modo porque se prentendeu remedial- casse a voga dos anagrammas , logo-
la. Se foraõ ou naõ justamente pro- griphos , acrosticos &c. j Que naõ fa-
nunciados os implica.dos na Devassa , ria elle ! Com hum só schema dos seus
.he o que naõ sabe o Tamàyo , nem derrubaria hum edificio de razões. i E
mesmo o Ministro, que referendou o que viva outra vez o Sr. .llnti-Tamoyo!
Decreto. A Devassa naõ foi á presen- e que hum novo Erasmo lhe guarde
ça do Ministro da Justiça, e elle naõ o devido lugar em outro - El.ogi.um
podia conhecer o seu conteudo , sal- moriae: seria porem bom que tro ..
vo se lhe fosse revelado ; o que cui- casse em mi udos os epithetos de cor-
do que naõ ousará affirmar, ou se a- covado, e estitico, com que mímosea ao
devinhasse; o que me custaria muito Tamoyo. Falle em língua de Nossa Se-
a crer. He verdade que hum velho nhora, como dizia hum Official da Ba-
da minha Ald~a me segurou que ex- hia, e entaõ talvez se volte o feitiço
iste no homem huma faculdade de a- contra o feiticeiro.
devinhar , e que hum Doutorasso lá Declara por fim o Tanwyo que .,
dos nevoeiros Cimmerios , de nome louvando como deve a intrepidez do
Kant, de novo a apregoou ; mas os seu inimigo , naõ se atreve a imitai.o.
Tarrwyos , como todos os selvagens , O Tamoyo, lndio desvalido. teme vi-
saõ desconfiados , e naõ pegaõ facil- sitas nocturnas, naõ de Leões gene ..
mente na isca. Demos porem que sou- rosos, que ora se crem caidos , mas
besse ô Ministro a injustiça do Pro- de Tigres atraiçoados que naõ cairaó.
cesso , ~ era bom , para aliviar os sof- Os Leões generosos naõ preaõ de
Jredores , !Iletter·se a Juiz , e até pas- noute , e ferve-lhes o sangue ao só
sar a Legislador? ~ Naõ he perigoso nome de traiçaõ; os Tigres estaõ no.
( 25)
seu paraizo , quando espedaçaó q_uem ~ngenhoso, .agudo , illustrado , e po'"
lhes descobre as melgueiras, e sorvem lido Sr. .!lnti-Tamoyo ? Entro em ma-
a longos· tra~os il piacere de gli Dei, teria. A Portaria de 19 de Novembro
/,a v-e12deUa. u nada que ha de temer de 1822 manda vir a Antonio Bêr-
rl'um L~aó, mostra a conducta de que nardes Machado á Corte para dár hu-
gra se crê desusado; aoffre com pa- ma informaçaõ verbal, que se tornava
ciencia evangelica (se naõ he blasfe- indispensavel ; .aqui exclama o liberal
roia attribuir o conhecimento do evan- .llnti-Tamoyo; que inoonstitucionalida·
gelho á hum Leaõ) os zunidos impor- de ! i Esbulhar hum Cidadaõ , sem
tunos dos pernilongos, e as mordedu- culpa formada , dos direitos que goza '
ras dos porç~vejos ,. moquiranas', e á sombra da Lei! j Roubar á huma
mais animalejos immundos', como Cor- familia numerosa, e innocente, o es·
'feios ; .llnti-Tamoyos , ·.!lmantes do Brasil, teio que a sustenta ! Devagar, meu
.e outros ejusdem fwfuris; -e nem s.e Doutor;- repare que o chamamento he
quer se digna de enxotal-os com a etfeito d' hum Officio d-O mesmo An-
mage&tosa juba, ou com a possante
~auda. Talvez se capacite que ninguém
o pode injuriar, e tenha na lembran-
tonio Bernardes, e a requisiçaõ sua;
e lembre-se da regra de direito =
VolenJi , et consentienti, non fit injuria :::::1-
ça o que diz' hum tal Xiphilino - in Mas vamos que elle na.ô quizesse,
Tito - : Nemo me injuria a.fficere ; vel ~ ?nde e?tá o esbulho de huma- auto•
insequi contumelia potest , propteréa quod pdade que se chama á Corte para
"Aihil ago , quod reprehendi mereatur ; e a
'Vero , qua.e falso' de me dicuniur , prorstts
-ser ~uvid.a? ~ O .=pro~i.deaJ, nt 2uicl
de trif/Unti respublica tapzat ::::: naõ }e ..
m~ligo. O Sr. .llnti-Tamoyo traslade is- gitimará as medidas de precauçaõ to-
to em linguagem , e naõ -se maravilhe madas pelo Ministerio do Imperador,
-que o Leaõ se lembrasse do tal re- quando legaljsava até as severidades
talho, por que he animal lido. E co- dos Consules em Roma'! t, He pena a
. mo louvei a intrepidez do Sr. ..8.nti·- ordem de compa:r ecer perante o Che·
Tama.yo, sempre quero qualificar os fe da Administraçaõ hum agente dessa
·gabos, e àizer-lhe que se naõ infune, Administraçaõ ?- Advirta , Sr. .llnti-Ta-
pois he facil affectar valentia contra moyo , que o Cidadaõ era Membro do
perigos, que naõ existem. Agora lhe Governo Provisorio do Rio Grande
venta em popa , e ao Tamoyo he o de · Sul.
vento ponteiro , e contra elle agitaõ Mas grita o .Jlnti-Tamoyo: ha con-
de maõ commum ondas e ventos , os .tradiçaõ entr~ esta P ortaria , e a de
E~los e Nepturws. Quando o .!l'nti-Ta- 6 de Maio. Na de Novembro se man·
'I!lO'!Jº , e a outros da mesma ralé , se dava vir Antonio Bernardes para dár
.suscitavaõ tormentas , era ao menos informações sobre alguns objectos , e
por potencias diurnas , e naõ por fi- na de Maio se affirma, que o .fim
lhos da noute. Ninguem melhor do de o mandar vir á Corte fóra por
que o proprio .!lnti-Tamoyo, e os mes·· ~onstar na Presença · de S. M. I. que
mos padecentes nas visitas nocfurnas , o dito Bernardes era desafecto ,· e
devem saber que os Leões , a que até inimigo da Independencia ; mas
traidoramente ellas se querem attri- naõ advirtio o imparcial , e profundo
buir, eraõ mui nobres para se ~uja­ .IJ.nti-Tamoyo, que a Portaria de No-
rem com taes infamias. vembro se refere ao Officio do dita
Eis-me chegado em fim .á analyse Bernardes , no qual pede lavar-se da
comparativa das duas Portarias de 19 inculpaçaõ de desafeiçaõ , e inimisade
de Novembro de 1822, e 6 de Maio á causa da Independencia; e que por
de 1823: naó duvido entrar n'ella, tanto os objectos sobre que tinha de
apeêar de estar fóra do circulo que informar verbalmnte , eraõ a mesma
tinha marcado ás minhas lucubrações. arguiçaõ á elle imputada, e que cons-
O Tamoyo tinha proposto hum ponto tava na Presença de S. M. I. até pe-
de partida, do qual devia avançar lo seu Officio. Onde está pois a con-
e naõ .recuar: mas que naõ fará o tradic_s:aõ em dizer-se n'huma. Porta-
Tamoyo para condescender com o ria em geral qne deve vir a Corte,
• ii
( 26 )

para dár sobre alguns objedcs infol'- eia , como daq11elles, que estaõ no
macões, e na outra especilicar·se o.s seio de Abrnhaõ. Quanto á escolha.
obj~ctos ~ O Otficio do dito Bernar- de Magistrado , a accusaçaõ con!ra o
des he a clave do .inigma; n 'elle ver- Ministerio àesmascara a má fé, igno-
se-há que os ataques de desafoiçD;õ, rancia do Anti· Tamoyo. Ora ouça, meu
e inimisade á causa da I ndependencm ! rabula, ~a quem competia tirar hum
.de que elle queria lavar-·se , eraõ - os Summario da natureza d'aquelle? Na-
objectos· q-ue o- trazi~õ á Corte. Mas turalmente ao Ministro mais condeco·
clama. o rabula .linti-Tamoyo: e mas- rado do lugar,. ao Ouvidor da Com-·
carada traiÇ.aÕ a comque -se arranca hum marca. He natural que hum Ministro.
.Empreg.ado. ao serviço publioo , que elle de Estado esteja senhor de todos os
desempenha com honra e zello. Ora meu laços de consanguinidade, ou áffinidade
bom Sr., i como lie taõ c~go, que que ligaõ as autoridades de qualquer
chama traiçaõ, o que he delicadeza? lugar-? · Cre V. m., S. .!lnti-1'amoya.
Se naõ se especifica na Portaria de que os Ministros de Estado tem t~11-
Novembro a ra5aÕ do chamamento, to ragar, que possaõ eritrar em miu-
uaõ vê que he por poupar a reputa- dezas fam1lfa:res, e- ainda lhes sobre
çaõ do empregado? Traiçaó suppoe~ ·p ara papaguear patetices , como V. m.
ígnorancia,, e boa te da ·parte do atrai· e outros paspalhões·? De mais ê repre-
çoado , e mostrança de amisade da. sentou o dito Bernardes contra a no·
do atraiçoante, o que tu~'O fal~a nes- meaçaõ do Magistrado? ~E naõ sabe
te ca~o : o empregac1o sabia mm bem , o .!lnti-Tamoyo que, se a ordenaçaõ naõ
pela leitura <la Po.rtn.ria que se ;refe.. Teconhece suspeiçaõ em Ministro De-
.ria ao seu Officio, o motivo verdadei- vassante, nem por isso tolhe que o
ro do seu chamamento ; e o Ministro ilevassado allegúe a seu tempo as cau-
Jhe naõ mostrava amisade para o en~ zas debilitantes da prova que o culpa,
ganar ; e o que fazia era naõ assoao. e que entre estas t€m lugar a preven·
lhar arguições , que podiaõ. se[' falo. saõ do Juiz.
~as , e que mesmo havia alguma Creio que tenho obedecido ao
presumpç.au , que .o fossem ; pela 5ea reclamo , he certQ que naõ como
r.-equisiçaõ que fazia o mesmo crim.i- V. m. <lesejavá; naõ he culpa minha.
nad(} de as poder confufar. Se o Em- que naõ <lescubrisse nas Portarias , o
pregado. desempenhou., ou naó, com que ellas naõ continhaõ, e o que naô
zeUo o seu emprego, ouça-se o Ria sei porque magica o desejo de vin-
Grande, e veremos que o dito Bernar- gança lhe fez fombrigar, ou s.nCes
des naõ fica bem. Com tudo triunfa criou para consolo seu.
o .!lr?ti-Tamoyo ; he só no fun de cin.. Resta.me agora dar-lhe hum con-
co m~zes que se manda tirar hum selho , que naõ he de inimigo. Capn-
summa:rio , e por hum- Magistr.ad o gen- cite~se que naõ basta para mal dizer
rn do Presidente do Governo , accu-
sador do supposto inimigo do Jmperio.
e atacar a = luminana magna :: en-
v~gar os olhos , fu.zer caretas, e tor-
Sim, Sr.; porque só no fim de cinco cer a boca. N aõ he· oom tregeitos que
me.zes- he que o aécusado requer ao se persuadem absurdos , e se degra·
Ministerio o summario , e que ,, naõ daõfamas estabelecidas. He passivei fi..
tendo accudido ao <:bamamento que car-se branguissimo de raivá. ~ mas a rai...
parecia- exigir no primeiro Officío, era va naõ dá razao. Ora pois eu esper()
de necessidade passar-se ao conheci- qne, apexa: da brancura do .IJ:nti-Tamoyo ,
mento da sua. conducta pelo interme- fallo-ha arnda o Ta:moyo avermelhar,
dio· judicial, visto falhar o meío an- acordando~lhe a ao pi ta con·sc:iencia ::=.
tes ordenado. Dirá que havia tempos
que o dito Bernardes estava na Cor~ Ense -i;e/ut s-tricto, qúoties Lucifius atdens
te, e eu digo.Jhe que o que me consta lnfremuit, 'FUbet auditar, éuifrigiáa mens esf:
he que elle nunca apparece ao ex-Mi- Criminibus, tarita s1aiant prrecorclia culpo
nistro, o qual tinha d'elle tanta noti~

RIO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL.. 1823.


N. 7

SABBADO 6 DE SETEMBRO DE 1823.

·Tu vois de ces tirans la jureur despotique ;


[ls pensent qttc pour eu:i: le Ciel fit r Àmerique.
VoLT. ALzIRE.

Jlssembléa Geral Constituinte e Legi.slati· gocios do Imperio, e Justiça, em que


va do lmperio do Brasil. pedem augmento de ord~nado ; no.
qual se julga a pertençaõ justa, mas
Sessaó de 2 de Setembro de 1823: que o seu deferimento se deve guar•
dar para. tempo opportuno, e falando
Presidcncia do Sr. Bispo Capcllaõ Mór. sobre elle varios Srs. Deputados foi
approvado.
Por esta occasiaõ o Sr. Andrada.
FEZ-SE a chamada ás l O hor'as , Machado fez uma indicaçaõ para que
acharaõ:...Se presentes 69 Srs. Deputa• a commissaõ de Legislaçaõ proponha
dos, faltando 9. um .Projecto de Lei para que haja
O Sr. Presidente declarou aberta uma só caixà de emolumentos de to,.
a Sessaõ. .das as Secretaria&, para serem dividi.
O Sr. Sec'retario Fernandes Pi .. dos com igualdade , proporcionando~
nheiro leu a Acta da antecedente~ e se o trabalho de todos os Officiaes ;
foi approvada com breves reflexões foi apoiado. .
de algurni Srs. Deputados. Os Srs. Ribeiro d'Andrada e A·
O Sr. Secretario leu a corrcspon- raujo Lima propos-eraõ que se officias--
denci a ~ ;í q_ ue se deu o competente se ao Governo para dar uma informa..
destino. Chegaraõ mais dous Srs. De- çaõ sobre o nnmero dos O.fficiaes a-
putados. ctuaes , e dos que saõ precisos em
Entrou-se na Ordem do dia , e cada uma Secretaria , sobre os seus
sendo a i.a parte a rlO'lllcaçaõ da Me- ordenados , e emolumentos com os Re-
sa para o corrente mez , sairaõ elei- gimentos, que os· estabelecernõ, e so-.
tos: Presidente o Sr. Baraõ de Santo- bre o rendimento liquido do Diario
Amaro : Vice-Presidente o Sr. Martim do Governa; foi approvada esta pro-- /
Francisco Ribeiro de Andrnda: Sccrc..; posta.
tarios, os Srs. J oaõ Severiarmo Maciel . O Sr. Secretario França leu o
da Costa; Luiz José de Carvalho e Parecer sobre o requerimento dos Aju~
Mello: D. Nuno Eugenio de Locio; dantes de Porteiro da .Secretaria de
José Felicianno Fernandes Pinheiro. Estado, que tem servido n' Assembléa
S,upplentes , os Srs. José Antonio da desde a sita .inst.allaçaõ , e que tem
Silva .Maia; José Ricardo da Costa A.. de ser despedi~os pelo Provimento dos
guiar; Passou-se á 2.ª parte da Ordem novos, no qual pedem uma gratifica-
'do dia. Leu o Sr. Secretario Costa çaõ por .motivos ponderoso~. ; a Com ...
Aguiar o Parecer da Commissaõ de missaõ expoz, que eraõ attencliveis
Fasenda; sobre o requerimento dos ot:. as rasões t e que a cada um se devia
~ciaes de Secretaria d'Estado dos Ne- dar a gratjfiçaçaõ de cem mil réis por
{ 28 )
uma vez sómente ; foi approvado o combatido o Sr. Montezuma pelo ST-
p arecer. Andrada Machado , que mostrou 1.0
O Sr. Calmon leu o Decreto re· que o l llustre Deputado n aõ precisa·
digido sobre a forma d os Governos va de concessaõ d' Assembléa para.
Provisorios ; ficou adiada a sua Sanc- demand'a r um calumniador? e se pedia
çaõ até a Commissaõ de Fazenda pro· a licença, era por nimia delicadesa :
por as Diarias., e Ordenados drui Au- 2.º que ainda quando naõ lhe fosse
thoridades de que se trata no dito permittido pelo Regimento , sempre a
Decreto; e o Sr. Ribeiro d' Andrada Assembléa lhe de\'Ía conceder a li-
ficou de appresentar a proposta na l.ª cença pedida, porque o fim principaI
Sessaõ. do chamamento do calumniador a juí-
O Sr. Vasconcellos leu a Propos-· zo naõ era lavar-se o !Ilustre Depu--
ta de Lei da Commissaõ de Saude tado de 1mputações-, que todo o mun-
Publica sobre as Academi<;i.s Metlico· d o reconhecia por falsas , mas para·
Cirurgicas; ficou· para 2.ª leitura. punir o ca1umn1ador, e com este ex-
· O Sr. Andrada Machado propoz. emplo evitar que se· renovasse infa-
que se imprimissem muitos exempla- mias taõ noj entas. Mostrou que os
res do Projecto de Constituiçaõ, para D eputados naõ eraõ inviolaveÍs senaõ.
se exporem· á venda, a fim de ser a pelas opiniões emittidas na Assembléa ,
Naçaõ informada dos sentimentos da que em tudo mais eraõ taõ justiça-
Comm1ssaõ, .que formou o dito Proje- veis como todos· os mais Cidadãos , e
cto; foi approvada a dita Proposta. por conseguinto que a appariçaõ d o
O Sr. Ribeiro d' Andrada expon- !Ilustre Deputado em juizo em nada a-
do a falsidade de uma carta inserida tava a sua inviolabilidade. mormente
no Periodico. Correio do Rio de Janeiro, tendo por fim aclarar cada vez mai~
em que é. atacada a sua conducta co- a puresa de sua conducta, sem a qual
mo Ministro da Fazenda, pede licença elle naõ mereceria ser Deputado. Mos-
á Assembléa para propor as acções trou mais, que a responsab.Iidade dos
competentes ao author da carta , ou Ministros era mui praticavel com a
a quem convier; fallaraõ alguns Srs. inviolabilid ade dos Deputados , que
Deputados louvando os seus nobres. uma naõ e:xcluia a outra, visto versar-
sentimentos, e que naõ era necessaria se sobre object.os ditferentes. O De-
fa.I licença nos termos do Regimento , putado era inviolavel pelas suas opi-
ç u ~ só vedava as acções civeis , e que niões , e o Ministro responsavef pelos-
<iuando fosse necessario se lhe devia· seus factos como Ministro. Se scrcce-
conecder. O Sr. Montezuma oppoz-se der que o Ministro mereça pena. até
á esta concessaõ por muitos fünda~ capital, é o Deputado incluído na pe-
mentas , sendo hum delles o ser mui- na do Ministro ; assim como se sue- .
to conhecida a probidade, honra, e cedesse que o Deputado como homem'
Empesa de mãos do Sr. R.ibeiro de cornettesse um crime , que merecesse
Andrada; que naõ. podia ser mancha. pena ultima , seria o Deputado inclui-
da a sua reputaçaõ por periodicos do na pena devida ao homem, e naõ-
sem produz1r~m provas authenticas; por isso se confundem os differentes
e até por se· oppm" isto na sua opi- estados do homem Deputado e .Mirús·
niaõ á inv iolabilidade dos Deputados; tro. Po:r fim disse que a sentença em·
e por esta occasiaõ expoz a sua opi- regra decidia do conceito, que deve-
n.iaõ que os Ministros naõ podiaõ ser mos fazer dos sentenceado:s; qrie é
Deputados, porque a sua responsabi- verdade porem , que muitas vezes a.
lida~e era impraticavel ; e por fim opi'niaõ publica se naõ curva á deci-
çonchúo , que quan<lo o Illustre De-· saõ do julgado, ou porque a Senten-
putado tivesse Sentença, e9ta Senten- ça assenta sobre mera foi ta de prova,
ça nem sempre satisfaria a opiniaõ a qual alias por· ter algum outro do
}Jublica., a qual no caso do IHustre Povo ? ou porque naõ ha confians:a
Deputado naõ precisava de au;ülio al- aJguma na probidade, e inteHigencia.
i;um para o reconhecer probo e inte- dos J uizes 1 que a daõ; m~~s 9 conti-
gr'Q como to<lo.s o reconheciiaõ~ Foi m:ou o O.rad<>r, e:JL\S cxcepções naõ
( 29 )
destroem a regra geral, e felizmente raõ, que se admittisse a Sancçaõ par-
naõ pode interrogar no caso do lllus- cial, foraõ combatidos por ser contra
tre Deputado. Votou , portanto , que o Regimento; argumentou-se com 01
se lhe naõ podia negar a licença que vencido na Acta do dia I. 0 de Se-
pedia , ou porque naõ havia Lei que tembro ácerca d a excepçaõ de um•
p roh ibisse , ou porque, ainda havendo, Decreto, e que igual !$ortc <leviaõ te r
se <levia derrogar a dita Lei pelas os mais; alguns allegar::i.õ , que a pro ..
rasõ es que ex pôz. ,·idencia fô ra particular para esse ;
Finalmente por serem duas horas foraõ combatidos á vista da leitura,
fic ou a materia adiada para a Sessaõ que se foz dessa Acta , que fallou
futura. em geral, e posto á Yotaçaõ se todos
Levantou-se a Sessaõ as 2 horas. os casos estavaõ comprehendidos neS'sa.
disposiçaõ, venceu-se que sim, e o Sr.
Gomide appresentou á vista de tal
<lecisãó urna emenda para se abol ir a
·Sessaõ de 3 de Setembro de 1823. pena de morte, e ser suprida por
outra, que apontou: lida esta pelo
Prestdencia do Sr. Baraó de Santo .!lmaro. Sr. Secretario Maciel da Costa , o Sr.
Andrada Machado disse que, como as
Fez-se <ô!. chamada ás 10 horas, mais penas fulminadas no Decreto
acharaõ-se presentes 67 Srs. Deputa- eraõ gradativas, seria preciso , que o
dos , faltando 11. Sr. Gomide appresentasse nova grada-
O Sr. Presidente declaroq aberta çaõ, por ficar destroida a do Decreto
a Sessaõ. com tal emenda; o que foi approvado
O Sr. Secretario Carvalho e Mel- fic ando -por isso a materfa adiada.
lo leu a Acta da antecedente, e foi Os Srs. Araajo Vianna , Henrique
a.pprovada. Chegaraõ mais 2 Srs. Depu- de Resende, e Francisco Carneiro a-p..
tados. O Sr. Secretario .M aciel da Cos- presentaraõ novas indicações sobre a
ia deu parte que na .Mesa estavaõ intelligencia do vencido na Acta do
participações de 3 Srs. Deputados de 1.º de Setembro , e sobre as- provi-
se acharem doentes. élencias, que em consequencia disso
O Sr. Ribei:ro d' Andrada propoz se deviaõ dar ; visto que se formava
a necessidade da norncaçaõ de um uma 4.ª votaçaõ; foraõ lidas 1.8 vez,
Membro para a Commissaõ de Fa- declarou-se urgente a materia d'ellas,
senda, e outro para a de Statistica , e fez-se segunda leitura.
neste mez em que o Sr. Presidente O Sr. Ribeiro d'Andrada, Relato!."
se achava impedido: foi nomeado o da Commissaõ de Fasenda, leu o Pa-
Sr. Araujo Lima para a l.ª, e o Sr. recer sobre os ordenados e diarias
Teixeira de Vasconcellos para a 2.ª; dos Governadores de Província, Se-
tendo antes o Sr. Presidente proposto cretarias, e Conselheiros; ficou adiada
á Assembléa se os l\lembros da Com- a decisaó por ser necessario que os
missaõ de Constituiçaõ podiaõ ser no~ Srs. Deputados á vista d'elle digaõ
meados para outras , visto ,achar-se os seus sentimentos.
feita o Projecto: resolveu-se que sim. O Sr. Dias propoz , que se con-
O Sr. Secretario Maciel da Costa vidasse a illustre Commissaõ de Cons-
leu o Decreto redigido pela respec- tituiçaõ para appresentar o Parecer á
tiva Commissaõ sobre as sociedades cerca dos negocios, que podiaõ ser
secretas. O Sr. Carneiro da Cunha decididos unicamente com o n.º de
.appresentou urna indicaçaõ para naõ 46 Deputados, corno já se havia re-
se publicar Lei alguma, que prescre- commendado em Maio; e assim .se
va pena de morte; alguns Srs. Depu- deliberou.
tados o combateraõ por ser objecto O Sr. Lopes da Gama appresentou
diverso da Sancçaõ, a que estava ex- uma indicaçaõ para que se recomen-
posto o dito Decreto; posto este á dasse ao Ministerio, que estranhasse
votaçaõ julgou-se finda a terceira dis- o procedimento do Governo Provis~~
eussaõ: alguns Srs. Deputados ex1g1- rio da Provincia das Alagoas# na proh1-
* .·11·
( 30 )

biçaõ que fez ao Coronel Francisco expoz que já havia um Projecto de


Manoel Mar.tios Ramos , e Manoel Decreto quasi redigido sobre este ob-
Marques G range iro , Deputados que jecto ~ e que brevemente seria appre-
haviaõ sido ás Cortes de Portugal; de sentado; delibero u-se que se esparasse
entrarem n'aquella Provincia ~ no set1 por eíle, visto que assim estava sa-
regresso, com o fundamento de deve· tisfeito o fim da indicaçaõ.
rem vir á esta Corte responder pela O Sr. França leu huma indica-
sua conducta, quando eraõ inviolaveis çaõ em que pede se remetta á com·
pelas suas opiniões emittidas n'aquel- missaõ de Constituiçaõ o Officio de
le Congresso: falláraõ em igual senti- ElRei de Portugal dirigido proxima-
do os Srs. Accioli, Caldas, e Sousa mente ao Governo de Pernambuco ,.
e Mello. O Sr. Andrada Machado- dis- e o Edital do Presidente do Senado
se, que aquelles ex-Deputados se ti- do Porto sobre o Brasil , para que
nhaõ conduzido muito bem , e que sejaõ combatidos na Proclamaçaõ que
ern nada atacáraõ positivamente os se está a fazer; fo i approvada.
Direitos do Brasil l o Sr. CarneirQ de Levantou-se a Sessaõ ás 2 horas.
Campos expoz, que pela Secretaria
d' Estado dos Negocios do Imperio se
tinha expedido Portaria permittindo-se
o ingresso d'elles na Provincia ~ e es .. Em o Diario do Governo de
tranhando-Se o Governo Provisorio por 29 de Agosto encontra-se uma res-
aquella medida; e á vista de tal ex- posta ao Provedor da Caza da Moe·
posiçaõ, mandou-se que se inserisse da. a varios quesitos que lhe fez ()
na Acta a indicaçaó para que aquel- Ex.ma Ministro da Fasenda , na qual
les Cidadãos; e o Publico soubessem; o dito Provedor affirma que naõ pro·
que a Assembléa vigiava sobre aguar- hibira o giro da moeda que se tem
Cla dos direitos dos Cidadãos. cunhado com as armas do Imperio ;
O Sr. Henriques de Resende pro- desmentindo o que um dos corrcspon·
poz que se formasse uma Lei sobre dentes do Tamoyo affirmara em carta
as penas , e o processo dos que com inserta em um dos N. 0 • antecedentes
a liberdade da Imprensa atacassem deste Periodico. Sinto muito ver-me
os Ci<ladãos em particular, visto que na precisaõ de dizer q ue aq uella res-
a actual naõ providenciava á este p osta he contraria á verdade , e que
caso ; o Sr. Rodrigues de Carvalho , existe documento authentico de q ue
Membro da Commissaõ de Legislaçaõ, houve tal proíbiçaõ·

RIO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL. 1823.


N. 8

TERÇA FEIRA 9 DE SETEMBRO DE 1823.

Tn vais de ces tirnns la fureur despotique ;


lls pensent que pour eux ie Ciel fit l' Amerique.
VoLT. Aurni::.
··==============

Senhor Redactor. lros procedimentos do mencionado Mi-


nistro, que parecem ser preludios de
futuras medidas, cada vez mais pre-
Phizico, que , mettiJo no re- ju<liciaes aos verdadeiros interesses do
cinto do seu gabinete, e ~em estudar ·Brasil. Queira pois· inseril-las no seu
as leis, que a natureza segue cm sua ínteressaute Periodico , se as· julgar
marcha, pretendesse subordinai-la á dignas da irnpressaõ; e queira o pu-
theorias vans , partos do orgulho de blico depois de convencido, que nem
seu genio, pa55aria no mundo apenas tmnspuz os limites da moderaçaõ , e
por hum louco, mas o homem d'Es- nem encareci os erros , e illegalidades
tado, que sem attençaõ aos prejuizos, apontadas , pronunciar , se com ellas
e opiniaõ dominante dos povos , sem tive outra mira, que naõ fosse a de
conhecimento dos reciprocos interes- instruil-lo elas aberrações Ministeriaes
ses, que os ligaõ, e sem respeito ás na gerencia dos nego.çids financeiros ,
leis do paiz, confiado á sua guarda, e a de salvar o Mrn1stro fl.O odio da
pretendesse governal-lo por actos e- Naçaõ , fazendo-o embicar· na trilha
manados da sua vontade , filhos do dos seos deveres.
seu capricho , e das suas paixões, Pela Portaria de 24 de Julho
naõ só encontraria mil estorvos , e manda o Ministro , que a Junta do
embaraços na execuçaõ das suas or- Banco remetta aos seos corre5ponden-
dens , naõ só chamaria contra si a tes em Londres os ttez mil quintaes
censura bem merecida dos seus Con- de páo-brasil, ora existentes em Per-
cidadãos, mas até pelos males, que nambuco, caso aqui naõ obtenha em
causasse, tornar-se-hia com o tempo praça unica pelo menos o lanço de
hum objecto de execraçaõ publica: 25 mil réis por quintal, procedendo
tal foi a minha opiniaõ , taes os ine- previamente a segural-los nesta , ou
, ,itaes resultados , que eu presagiei naquella Praça. A primeira nota que
ao Ministro <le Justiça, depois de ha- tenho á fazer, he o lugar determina-
ver conclui<lo a leitura das imparciaes do ~ .para: onde deve ser navegado, e
analyses do Decreto de I 6 de Julho onde por consequencia deve ser ven-
do corrente a11no, e Portaria da mes- dido, quando devera deixar ao arbí-
ma <lata, iusertas 11os seos N. 0 ' 2 e 3. trio da Junta o faze I-lo transportar pa·
Com a mencionada leitura naõ ra -aquella Praça da Europa, que pelas
pude rc8istil." á tentaçaõ de fazer as noticias recebidas promettesse mais
seguintes observações sobre as Porta- arnltado preço; se para defender-se
rias do Mi11i~tro de Fazenda, expe- o Ministro responder, que naõ tolheo
didas nas datas de 24 de Julho e 6 aos correspondentes de Londres a li-
de Agosto, sobre os trez Decretos de berdade de o fazerem vender em ou-
8 , e I 1 · do mesmo mez, e sobre ou- tra qualquer Praça de commercio ,
( 32 )

commetteo sempre o erro da duplica· Se o Ministro ajuntasse aos 22$


çaõ de fretes , seguros , e mais des- os competentes direitos de sahida, os
pezas, e por conseguin te diminuio a juros de 6 por cento em hum anno ,
i:nportancia liquida <le todo o genero. tempo naõ sufficiente pa ra inteiro com-
Dirá o Ministro, que talvez nada dis- pl emento de toda es ta negoc iaçaõ ,
to acon teça, porque pode aqui ven- juros, que semilhante valor devia ne-
der-se peio preço acima citado , ou cessari ame nte vencer, se e ntrasse no
em Londres por maior; r espondo que giro mercantil, ou que deviaõ ser sup-
naõ, 1.º porque o preço meclio de p ri midos, se fosse applica<lo ao pa-
hum quintal <le pão-Brasil em todas gamento de dividas , que os vences-
as vendas fei tas cm os annos de 1815, sem ; se d e mais se lembrasse , que
1816, &e. nunca passo u de 22 mil e a e ntrada immed iata do valor total
tantos réis; 2. 0 porque o preço obtido de trez mil q nintaes de páo-brasil na
no mercado <le Londres, haverá 3 me- circulaçaõ desta Provincia, infl uiria
zes, andava pelo mesmo , depois de sob re · os capibes, e o credito, e a
deduz idas as despezas do fre te , cor- vivenlari a o trabal ho, e a riqueza
retagem , commissões , seguros , que individual, unico manancial da rique-
agora devem ser mais caros em rasaõ za pub li ca; entaõ conheceria, que os
da entrada do ínverno, armazenagem, 22$ por quintal equivaliaõ segurumen·
e outras clespezas miudas; 3. 0 porque te á mais de 24$, preço este que
se esperava grande baixa, visto achar- nas ac luacs cfrc 1instancias naõ obterá
se em Gibraltar hum grande carrega- no mercado de Londres, e neste caso
mento de páo-brasil sem valor, e ha- naõ poderia recusar-se á ingenua con-
verem chegado proximamente mais de fissaõ de haver errado.
40:000 quintaes de Pernambuco , e Passemos á Portaria de 6 de
Parahiba; 4.0 porque a continuarem Agosto. - Por esta ordena o Ministro
estas causas, he de esperar, que ha- ao Administrador das diversas rendas
ja grande móra na venda, o que tam- Nacionaes arrecadadas na Mesa do
bem contribue a minorar o preço; 5. 0 Consulado, qae despache livre de di-
porque havendo cessado anteriormente a reitos o caffé , assucar, &c. para o forne-
gradual remessa que delle se fazia, por cimento da Fragata Franceza Aslrea.,
motivos , que ignoro , e havendo a e outro sim que em casos identicos
Europa <lescuberto meios de suprir naõ ponha embaraços, que dem lugar
esta falta pela combinaçaõ chimica á similhantes representações. - Quan-
de outras tintas , só com o tempo e tos erros cm taõ poucas linhas ! l. 0
arte poderá o Governo fazer renascer viola o Ministro o § 1. 0 do Alva rá de
a antiga necessidade deste ge nero, e 25 de Abril de 1818, que naõ exce-
contar com hum acrescimo gradual ptua as embarcações de guerra estran-
de preço; 6. 0 porque inda suppondo geiras do pagamento de t :i.es direitos)
possível, que se effectue sem maiores e naõ se dê por desculpa o dezejo
delongas a venda desla remessa deve de manter boa harmonia com o Go-
contar-se com grande prejuízo no re- verno Francez, porque a inobservan-
gresso do dinheiro pelo baixo cambio cia das leis em hum Estado novo,
actual, e para o futuro cada vez mais he huma prova decisiva da sua fragil
desfavoravel á nós, em razaõ de naõ segurança, e para povos bem con sti-
haver confiança na estabi lid ade does- tui dos hum motivo demais para duvi-
tado politico do Brasil. A vista das darem da s ua estabilidade; 2. estra-
0

razões expcn<lidas naõ posso atinar, nha de algum modo a conducta legal
ou eliminar a íncognita, que induzio o do Administrador, ou em outros ter-
Ministro a desprezar o lanço de 2~8 mos amortece o louvavel zelo , que
por quintal, que obtivera em praça , aquellc Empregado rnos1 rou pela a r-
segundo he constante ; e pelas novas recadaçaõ da renda publica, virtude
reflexões, que passo á acrescentar, esta, que muito se deveria animar,
creio, que a íncognita á e liminar he por isso mesmo que he agora taõ
huma ignorancia naõ. equivoca dos in- rara entre nós; 3. deixa ao arbitrio
0

teresses respectivos das duas Nações do Administrador o conhecimento <los


.em suas tr:rnsac:;ões commerciaes. casos identicos , e a faculdq,de de taes
( 33 )

isenções, arb]trio, que só pode con- ser hum roubo manifesto feitc. 21 Offi-
tribuir a entibiar as iconsciencias sans , ~iae~ bcneme1·itos do Thea.ouro ou que
á decid ir para o cr!me as duvidosas, Já t11:1haõ prest~o alguns serviços na
e a tornar cada vez mais impudentes Fabrica de lap1daçaõ. Naõ satisfeito
~.s consciencias depravadas ; 4. e ul-
0
o Ministro de obsequiar o seu favore-
tima , desperta a corrupçaõ amorteci- cido com a dadi~i<la de dous empregos,
da, ou assustada dos traficantes apon- e seos respectivos ordenados, quiz
tando-lhes o meio de ex.traviarem os ainda exten<ler a mais os seos bene-
direitos sem receio de castigo. ficios cor1servando-lbe a antiguidade ,
Passemos aos trez Decretos, que que tinha de 1.0 Escripturnrio gra-.
por acaso me vieraõ ás mãos, e até o duado, quando passou á Escrivaõ De-
presente tem sido subt.rahidos ao conhe- putado da Junta da Bahia, para des-
cimento publico. -Pelos dous primeiros te modo facilitar-lhe os seos futuros
em data de 8 de Agosto Houve S. accessos com conhecido prejuízo dos
M. I. por bem nomear a Venancio outros I. 0 • Escripturarios do Thesouro.
José de Azedo Bello 1. 0 Escripturario Quando acabar o reinado dos favores,
effectivo do Tbesouro com o Ordena- e com elle a enxurrada de iguaes
do de 600$ e Escrivaõ da Fabrica despachos, quando ·expirarem as cau-
de lapidaçaõ dos diamantes , com o zas que vedaõ as queixas <le Cida-
Ordenado e ajuda de custo de 4008, dãos tímidos, estou certo, que os l.º·
dispensando-o do Emprego de Escri- Escripturarios sahiraõ do silencio , a
vaõ Deputa<lo da Junta da Bahia, e que hoje se vem condemnados para
a.inda mais conservar-lhe a antiguida- altamente bradarem contra a injusta
de, que tinha de L° Escripturario preteriçaõ , que sofreraõ : entaõ terei
graduado quando passou a exercer o de acrescentar ás suas razões a se-
precitado Emprego, para nos futuros guinte verdade, bem que terrível ::: nin-
accessos poder entrar em concorrencia guem he injusto impunemente, porque
com os outros primeiros Escripturarios. c~do , ou tarde chega a hora das
Eu me abstenho de pronunciar vrnganças.
sobre o merito , ou demerito deste Pelo Decreto de I 1 de Agosto
Empregado, porque naõ conheço sua ap- S. M. I. a.ttendendo á representaçaõ
tidaõ e trabalhos, bem que a opiniaõ de Francisco Manoel da Cunha i.~
a~ muitos da sua profissaõ lhe naõ Escripturario Graduado do Thesouro
~eja vantajosa , esq 1ecer-me-hei ainda da Corte , e aos bons serviços por
das bem fundadas suspeitas de gran- elle prestado; nos differentes Empre-
<le patrocinio , de que ninguem póde gos de Fazenda, que occupava, há
esquivar-se vendo trez mercês feitas porbem nomeal-lo para servir com o
á huma pessoa em hum mesmp dia, mesmo ordenado, que ora vence 9 o
e pela mesma repartiçaõ para só Emprego de Provedor da Casa da
coi1siderar, o que há de illegal, in- Moeda da Bahia nos impedimentos
competente , ou injusto nos referidos do actual , e para entrar na plena ,
Decretos; 1 .º Viola a Lei da crea. propriedade do referido Emprego, e
çaõ <lo Thesouro , que dá sómen- gozo do ordenado competente logo que
te hum 1. 0 Escripturario para cada elle vagar. - Lendo este Decreto , todo
hmna das contadorias ; e como estes o homem de bom senso dirá comsigo ,
naõ estaõ vagos, e demais na The· quaes saõ os serviços prestados por
somaria Mór há hum 1. 0 Escriptura· este Cidadaõ? Este Emprego he da
rio effectivo contra o disposto na Lei , competencia do Poder Executivo, e
citada. Cria hum Emprego novo , e <lema.is necessario? Por ultimo a pes·
hum novo ordenado, isto he usurpa, soa nomeada tem os requesitos preci-
hum poder só privativo <la Assembléa sos para bem o desempenhar ? E eu
Geral Constituinte e Legislativa, sem responderei á estes trez quesitos na
fallar no indesculpavel erro do acres- mesma ordem; V' Este Official foi
simo de huma despcza superflua, quan· mandado , como Escrivnõ. Deputado ,
clo naõ há comque acudir ás necessa- .criar as Juntas de Fazenda de Piauhi ,
rias. A segunda Mercê tem hum ca- e Espírito Santo , aonde illl.da foz,
·racter incontestave\ de injusti9a, por nem sequer oro-anizou ~ escripturas:aõ
~ •. Q
ll
( 34 )

dos livros competentes; debaixo deste D. J oaõ VI. ; e alguns destes athé sus-
ponto de vISta os seos serviços saõ , peitaraõ que taes medidas além de
faltas notorias, e o Ministro, que as~ odiosas pela preferencia singular de
.severou o contrario, commetteo entre poucos, e forçosa exclusaõ da maior
outros erros o de haver co!Ilpromet~ parte dos credores, tinhaõ de mais o
tido a boa fé illudida do Monarcha sinistro fim de exauri r as poucas re-
com a verdade $abida por todos; 2.º servas dos cofres particulares do The-
Esta graça he verdadadeiramente hu- souro , e justificar o projecto de
ma sobrevivencia, ou expectativa , e hum emprestimo , que o Ministerio
como tal violaçaõ da:! Leis existentes , naõ tardaria em apresentar a Assem-
alhêa das attribuições do Poder Exe- biéa: com o que me naõ conformo, por-
cuti~o, e manifesta usurpaçaõ do Po- que á vista da inconsistencia e vacilaçaõ
der Legislativo , he alem disto des.. nas nossas opiniões e negocios politi -
necessaria, porque os impedimentos cos, que de certo devem gerar a
do actual Provedor podiaõ ser suppri- desconfiança nos Capitalistas Nacionaes
dos pelo Official immediato segundo a e Estrangeiros, e na.ó havendo alem
pratica constante de taes repartições; disto huma renda que se possa di::;-
3." Para sim ilhantes Empreios, requer- pensar e hypothecar para segurança da
se PP~Soa' que possua perfeitamente os amortisaçaõ e juros, similhante lem-
conhecimentos chim1cos tantos theori- brança de imprestimo i;eria huma $en-
cos, corno praticos , e naõ hum Offi- tença de morte para .o Bra~il.
cial do Thesouro , cujos conhecimen- Tal he , Sr. RedactoI', a cond uc-
fos nenhum parentesco tem com aquel- ta do Min\sterio neste ramo d a sua
.les. Resumindo as minhas iJeas, cahio administraçaõ: em toda ella eu só des-
oc Ministro nas seguintes faltas, abu- cubro desprezo da justiça, esquecimento
~ou da confiança do Monarcha enga- do bem publico, falta de. vistas geraes ,
nando:-o; invadia poder alheio; e tez indifferença para a verdade, esquecimen-
de hum Oíficial de Fazenda hum pes- to do futuro, e sujeiçaõ da politica á
simo Provedor de casa de Moeda. combinações particula·res, á interesses
Si·. Redactor, para naõ cançal-lo privados; e para cumulo de males
com a fastidiosa narraçaõ de outros vejo em algumas Províncias monstros de
muites actos illegaes deste Ministro, figura humana , vomitados pelo infer-
limitar-me-hei a referir..lhe hum, que no, pregando a imoralidade, a anar-
fez muita sensaçaõ nos máos , e bons chia. e a desordem , e solapando por
Cidada os, e qqe, segundo o meu ver, esta fórma as bazes do rnagestoso edi-
pode influir na desgraça tutura deste ficio , que se havi'a erigido para ar-
nascente Jmperio. Em dias do mez rostar com o d ente roedor do tempo.
prox1mo passado appareceo pregada Neste perigo taõ eminente,, que cobre
em huma da:s portas do Thesouro hu- minha alma de profunda tristesa, exa l-
ma lista de certos credores de divida tado pelo mais ardente patriotismo
antiga na qual se aprazava o dia 19 pugnarei sem medo por manter a In-
do me~mo mez para o de seu paga· dependencia, e Integridade do Impe-
mento, e com effeito assim se verifi. rio , e por obter huma Constituiçaõ
~ou. Com esta novidade os parasitas fundada nos paõs princípios de huma
do antigo regimen , desfeitas as rugas justa liberdade, e quando venha a ser
do seu sombrio rosto, saudaraõ ale- victima de malogradas esperanças ,
gres o inesperado renasçimento dos voltarei ainda meos olhos já languidos
antigos abusos; os rebatedores salta- de morte para este mesmo lmperio
rão de contentes, e em seu reconhe- ou relatalhado ou escravo, e fechal-
-cimento abençoaraõ o ente benefico, Ios-hei para sempre com as memora-
que lhes concedia a continuaçaõ do veis palavras do grande Pill ::::::: oh!
$eu vergonhoso trafico, e sordidos pro- my cowntry ! Oh ! minha Patrla ! - A
veitos: os Cidadãos honrados exdama- Deos Sr. Redactor. Seo Venerador. -
raõ em seu espanto, saõ chegados os Payaguá.
· dias aziagos da administraçaõ do Sr.

RIO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL. l823.


N. g

QUINTA FEIRA 11 DE SETEMBRO DE 1823.

Tu vuis d~ ces tirmis la .fureur despotique ;


lts pensent que pour eux li: Gel jít t' Amerique.
VoLT. ALzrnE .

.tlssembléa Geral Constituinte e L egislati- Dia. O Sr. Secretario Maciel da Cos-


va do .fmperio do Brasil. ta leu o Decreto redigido sobre as
Sociedades Secretas ; o Sr. Andrada
Sessaõ de 4 de Setembro de 1823. Machado pedio adiamento, visto ser
necessario trac.tar-se primeiro da In-
Preszdencia do Sr. Baraõ de Santo .Jlmaro. dicaçaõ do Sr. Francisco Carneiro ,
de cuja decisaõ dependia a Sancçaõ
daquelle Decreto; foi apoiado o adia.. •
FEITA a chamada ás I O horas , mento, fa llara õ pró e contra alguns
acharaõ-se presentes 54 Srs. Deputados. Srs. Deputados , e posto á votaçaõ
O Sr. Presidente declarou aberta foi approvado.
a S.essaõ. O Sr. Secretario Maciel da Costa
O Sr. Secretario D. Nuno Euge- leu a dita Indicaçaõ, que se redusia.
nio leu a Acta da antecedente, que a naõ se pod erern' a d mi ttir emendas ou
foi approvada com algumas breves re- alteraçõe nos Decretos ja approvados
flexõe s. na 3.• discusrnõ, salvo nos dous uni-
Finda a 'leitura já se achavaõ mais cos caso de antinomia , ou absurdo
13 Srs. Deputados. manife-to, declarada assim u deli~
O Sr. Sec retario Maciel da Costa beracaõ tomada na Acta do 1. 0 de
leu um Officio do Ministro e ecre- ...,ete~1bro · falláraõ contra alguns Sr.s~
tario d' Estado dos Negocios d o lm- Deputados . e outro- a fayor.
perio, em que declara ficar . :\I. I. O . . . r. Ri beiro de Andra<la propoz
Sciente das pessoas, de que se com- outra l ndicaçaõ, que ficasse em seLt
poem a actual Mesa. vigor o artigo 96 do Regimento re-
Leu outro com a remessa do Qf. ' ogada a dieta .-\cta , e naõ tendo
ficio da Junta de Fasenda de S. Pau- Iugar se pozesse a votaçaõ a Indica-
lo sobre o requerimento do I rmaõ çaõ do r. Francisco Ca rneiro ; foi
Joaquim, administrador de uma casa lid a aquella, falláraõ algun& ..,rs. De-
<le educaçaõ em ]tu, em que pede put ados . e julgand o-se discutidas suf-
200$ réis annuaes para manutençaõ da ficientemente ambas foi posta a ota-
mesma casa: remetteu-se á Commissaõ çaõ a 1.• parte do do Sr. Ribeiro de
de Educacaõ Publica, e Fasenda. Andrada , e naõ foi approvada; poz-
Leu ~1m Officio do Sr. Deputado se á votaçaõ a <lo Sr. Francisco Car~
Araujo Gondim em que partecipa a neiro, e foi approvada.
continuaçaõ de sua molestia, e pede O Sr. Secretario Maciel da Costl\.
30 dias de licença para medicar-se, leu a d.o Sr. Araujo Vianna , que se
se tanto durar a molestia: foraõ-lhe redusia a naõ poderem ser adimitti-
concedidos. Entrou-:;;e na Ordem do das e.s.s11s mesmas emendas ou altera·
( 36 )

a
ções, se naõ no unico caso de serem houvessemos e publicar com a brevi-
primeiramente apo iadas p or 30 S rs. dad e possível. Examinamos a materia
D e puta dos: fa llaraõ ~lguns Srs. Tiep_u- d e ll es, e conhecendo que uns eraõ
tados; julgo u-se sufüc1entemente dis- tend en tes a prevenir successos que, se
cutida a materia, e posta á votaçaõ h o uv essem d e realis a r-se, seriaõ nimia-
foi approvada. mente fataes a nossa lndependencia ,
Leu-se a Indicacaõ do Sr. H e n- e outros a lavar as nodoas, que in·
rique de Res ende , que c ada um Sr. fam es calumniadores pertendiaõ sem
Deputado só fallaria sobre t aes emen- pejo lança r na reputaça6 de C id adãos
das e alterações um a unica vez, ain- probos, e por tantos respei tos Bene-
da mesmo o author dellas; fa llara õ rneritos da Patna , a ssen tamos em
alguns Srs. D eputados, e julgada a publicar quanto antes uns e outros ,
materia suflicientemente discuticla, pos- persuadidos de que nisso naõ só fa-
ta á votaçaõ, foi approvada. O Sr. Hen- riamõs um dever de justiça, mas taó-
riques de Resende pedio licença para b em um serviço á Naçaõ. E com eíiei-
se retirar por achar-se incommodado, to naõ nos engamos em parte. A sua
foi -lh e concedida. publicaçaõ conlribuio muito para que
O Sr. Presidente pôz á conside- o Minislerio desvanecesse no conceito
racaõ da Assembléa , se á vista das publico algumas suspeitas, se 'naó ver·
re~oluçôes agora tomadas era admis- <ladeiras , ao menos bem fundandas,
sível a emenda que o Sr. Gomide como as que nasciaõ da suppressaõ
offerecera no dia antecedente ao De- da moeda com as Armas do Imperio,
creto -redigido sobre as Sociedades e d a incorporaçaõ das Tropas inimi-
Secretas: deliberou-se que naõ, e foi gas em o nosso Exercito. Estas ulti ..
regeitada. O Sr. Presidente poz a vo- mas sobre tudo traziaõ-nos por extre-
taçaõ se a Assembléa sanccíonava a mo affiictos , e inquietos, pois ne-
deliberaçaõ do dia antecedente de nhum Brasileiro honrado podia ' rer sem
julgar-se cerrada e finda a 3! discus- magoa gue monstro infames, que re-
saõ sobre o d ito Decreto : venceu-se cebidos ha pouco com amor e hos-
que sim. O Sr. Presidente propoz se pitalidade nas praias da Bahia tive-
a Assembléa sanccionava o dito De- raõ a perfidia de profanar o seu ter-
creto, como se achava redigido. O Sr. reno com o sangue de seus habitan-
Duarte Silva pedio votaçaõ nominal , tes, de assolar as suas campinas , e
que foi concedida. Alguns Srs. Depu- de roubar as suas casas, e alé os
tados, que tomaraõ assento depois de proprios Templos , viessem achar gua-
finda a 3.ª discussaõ pt>diraõ Jicen ca rida em nossas praias, e talvez , tal-
para se retirarem da Sala por n~õ vez entrar no honrado Corpo de nos-
poderem votar, como permitte o Re- sos Defensores. Que diriaõ de nós ,
gimento: foi debatida esta materia, e se tal acontecesse, os nossos Irmãos
concedeu-se-lhes; retirando-se os mes- Bahianos? Naõ teriaõ por ventura ra-
mos. zaõ para increpar-nos da mais atroz
Posta á votaçaõ a Sancçaõ d o perfidia , da mais estupida e crimi-
Decreto , foi sanccionado por 7 3 vo- noza indolencia por mettermos nas
tos contra 13. mãos de seus assassinos novamente as
Levantou-se a Sessaõ as 2 horas. armas , com que os sacrificaraõ ? r' E
assim ( dir-nos-iaõ ) que se trataõ pri-
zioneiros de guerra , e de uma guer-
ra taõ justa, e taõ legitima como nun~
Em uma nota ao n. 0 2. 0 do nosso ca se ~·io ? Mas descansai , descen-
Periódico haviamos promettido analy- dentes da bella Paraguaçú , que o
sar a Portaria do Ex.mo Ministro da Pate rnal Coracaõ de S. M. 1. tem.
Guerra com data de 22 de Julho do provido já nos' meios de arredar para..
corrente anno , e estavamos para cum- longe de nós esses abutres esfaimados .,
prir a nossa promessa, quando alguns que na sede insacíavel de vosso san-
dos nossos Correspondentes nos remet- gue e das vossas riquesas parecia&
"teraõ varios escritos pedindo-nos os sobrepujar as feras mais indomitas de
( 37 )

vó ssas matas . N aõ , e1lcs naõ teraõ ,, o Thezoureiro G e ral d as Tropas


t emp o d e pizar nosso terreno , d e ala r- ,, c om a somma necessaria , á vista
d ear e ntre nós os s e us c ru eís assassi- ,, do seu pedido , para cumprimento
n os, os seus insultos fe itos ás vossas ,, d 'aq uella l mperia.1 Determinaçaõ. Pa-
m ulheres, fil has, amigos, e p arentes, ,, ço 22 de Julho de 1823. - J oaõ
·n em taõ p ouco os açoites que a sua ,, Vi ei ra de Carvalho. ,,
insana vaidade vos ti nha preparado. Ora eisaqui nada menos que doas
G r aças sejaõ dadas por esta vez ao erros palmares do Ministro que ha
vigi lan te Ministro de Guerra , que pouco acabamos de louva.r: O l.º, e o
referendou a Portaria de 25 de Agos - mais grave de todos , consiste em sair
t o proximo preterit o. Ella veio dissi- S. Ex.• fora de esfera das suas atiri-
par o nevoeiro es pesso , que abafava buições arrogando a si um poder que
nossos coracões. Ella veio restituir-nos lhe naõ compete , qu al é o de dis-
a paz e sererridade de espírito' que por a seu livre arbítrio dos dinheiros
iaó justos receios tinhaõ perturbado; publicos, que só devem ser emprega-
e agora so nós cumpre derramar im- dos n'aquellas despesas. que estaõ
mensas bençãos so bre o Ente que a determinados por Lei. I st o e uma in-
ditou : conheça e lle, e conheça o fracçaõ evidente dos principias 1.:ons-
publico que naõ é o baixo esp1rito de titucionaes, gue de modo nenhum se
partido quem .guia a nossa pena. Em- pode <lescu1par no Ex .mo Ministro, por
bora linguas viperinas queiraõ derra- que elle sábia muito bem que a rus-
mar sobre as nossas puras intenções poziçaõ de taes dinheiros, e a appli-
o negro fel da sua alma. As paginas caçaõ d'elles para cazos , que a Lei
do nosso Periodi co desmentiraõ sobe- naõ previo, e determinou, pertence
jamente a sua mordacidade, e os ho- privativamente ao Poder Legislativo;
mens sizudos e intelligentes conhece- e tanto assim que a elle recorreu o
raõ por via d"ellas que a nós nada mesmo Ex.mo Ministro pelo Officio de
no3 importa este ou aque1le individuo, 29 de Agosto para o authorisar na
€Sta ou aquella Corporaçaõ, mas sim despesa, que se havia de fazer com
os seus actos ou procedimentos con- o regre;;so das Tropas Lusitanas, que
forme a tendencia que tem para o brevemente se esperaõ neste porto.
fim de nossos trabaU1os. Taõ francos (E porque entaõ naõ teve a mesma
seremos sempre em render a divida cautella no cazo da Portaria a cima
homenagem aos Poderes da N açaõ , referida ? ~ Seria por ventura em ra-
quando trabalharem para firmar o zaõ de ser menor a quantia que se
nascente edificio da nossa Indepen- ma ndou adiantar ? Isso nada importa
dencia, e justa liberdade, quaõ deli- para a natureza do facto; elle será
gentes em aventar as minas que esses qualificado sempre como um abuso
mesmos Poderes surdamente cavarem de jurisdicçaõ, qualquer que seja o seu
-para a sua ruína. E a prova será a objeclo, pois naõ ê a grandeza ou
censura que passamos a fazer da Por- pequenez deste a que legitima ou ju:O-
taria seguinte - " Tendo S. M. o lm- tifica os actos do Poder Executivo,
'' peradorMandando adiantar pela The- mas sim a conformida<le dos mesmos
.,, souraria Geral das Tropas da Cor- com a Lei; da mesma sorte qu e naõ
" te a alguns Officiaes. dos Corpos deixaõ de ser crimes o furto de urna
,, desta Guarniçaõ ~ para arranjos dos cousa insignificante , ou o ferimento
,, novos uniformes, a cada um a quan- leve quando é praticado de propozito.
'' tia de cincoenta mil réis, para lhes E' verdade que o Ex.rn° Ministro de
,, ser ao d epois descontada pela oita- Guerra para corar a infracçaõ que
" va parte dos seus soldos, Manda commettera, nos inculca esquerdamen-
,, pela Secretaria de Estado dos Ne- te na sua Portaria que S. M. J. ha-
,, gocios da Guerra, fazer esta par- via Mandado já adiantar os dinheiros
" ticipaçaõ ao Ministro e Secretario de que n'ella se trata, pela Thezou ra-
,, de Estado dos Negocios da Fazen- ria Geral das Tropas: mas nós já dis-
" da, e Presidente do Thezouro Pu- semos em outra. parte que a Pessoa'
·" blico, a fim de que possa ha bilitar Sagrada do Imperad or naõ pode .ser-
>lli ü
( 38 )

v1r de escudo aos seus Ministros, dos d a nossa Assemb léa se lembre de
alia s tornar-se-ia vã e chimerica a indicar, e d e accusar no se u Augusto
responsab il idade destes. ~ E de mais Recinto es tes, e outros a buzos semelhan-
por quem Mandou S. ~ fazer est_e tes, q ue d eYe raõ faz er o obj ecto d os se us
adiantamento ? Sem duvida pelo 1\11- d~srcllos , e cuida<los. ~A c aso a Na-
nisterio de Guerra: logo S. Ex.• é çaõ lhes confiou a defeza dos seus
que deve responder por esse abuzo direitos para os deixarem atacar im-
de poder. punemente? ~ Naõ teraõ el1 es a cora-
Mas ainda naõ pára aqui o mal ; gem necessaria. para contrastar as
naõ contente S. Ex.• naõ só invadio invazões do poder Ministerial r e oppor
nesta parte as allribui çõ es do Pod e r á sua torrente um dique respeitavel r
Legislativo, mas taõbem o <lireito de Seja como quer que for; o se u silencio
derrogar Leis , que se achaõ em seu neste ponto é m uito desairoso, e tal-
inteiro v·igor. E com effeilo nós naõ vez a ssás prejudicial á cÇLusa da li-
sabemos que outra couza seja man- b erdad e. Um abuzo traz outro, e com
dar descontar nos Soldos dos Officiaes, a frequencia d'elles cresce a affoiteza
a quem se adiantaraõ os dinheiros de do poder, e por fim a divisao dos
que se trata nesta Portaria a oitava Poderes é somente nominal e chime.
parle para pagamentos dos . mesmos rica, e só existe em realidade o mais
dinheiros , senaõ revogar a Lei de 21 horri ~· el despotismo.
de Outubro de 1763 no §. 13, onde
se ordena, debaixo de penas gravíssi-
mas, que taes soldos sejaõ entregues
por inteiro e sem desconto algum, a seus Errata.
donos , eximindo-os até das penhoras ,
e execuções judiciaes. ~ E -s erá isto No Tamoyo n.º 8, de terça fei-
compatível com as attribuiçõcs do Po- ra, na l.ª coluna da 2.ª pagina onde
der Executivo ? Naõ seguramente; é se lê: 2. 0 porque o preço obtido no
pelo contrario um abuzo , uma uzur- mercado de Londres, haverá trez me·
paçaõ de jurisdicçaõ que-, se naõ for zes, andava pelo mesmo; dever-se-ha
atalhada, poderá ter para o futuro con. lêr: 2. porque o preço obtido no merca-
0

·sequencias funestíssimas. do de Londres , haverá lrez mczcs , anda-


O que mais nos admira porém é va por 23 mil e tantos réis.
que nenhum dos lllustres Srs. Deputa-

RIO DE JANEIRO. NA !~PRENSA NACIONAL. 1823.,


N. 10

SABBADO 13 DE SETEMBRO DE 1823.

Ta vais de ces tirans la fureur despotique. ;


lls pense1at qut pour eux te Ciel jit l' Amerique.
Vo'J.T: Aurai::.

.!lssembléa Geral Co~stituinte e L egislati- ' putados. O Sr. Presidente mandou en-
va do _lmperzo do Brasil. trar na Ordem do Dia. O Sr. Secre-
tario Maciel da Costa leu o requeri-
Sessaõ de 5 de Setembro de 1823. mento do Sr. Ribeiro d' Andrada, em
qu e pede licença para chamar á J ui-
Pruzdencia do Sr. Baraõ de Santo .fi.maro. so o author da carta inserida no Cor-
reio do Rio de Janeiro, ou o Redactor,
e vindicar as injurias , que <ili lhe
FEITA a chamada ás 10 horas, eraõ feitas ; durante a discussaõ reti-
acharaõ-se presentes 58 Srs. Deputados. rou-se o dito Sr. Deputado , faláraõ
O Sr. Presidente declarou aberta alguns Srs. Deputados , e declarando-
a Sessaõ. se sufficientemente discutida a mate·
O Sr. .Secretario Fernandes Pi- ria, decidiu-se que naõ era necessaria,
heiro leu a Acta da antecedente e foi porque o Regimento interno naõ to\hia,
approvada com uma breve reflexa& a liberdade da proposiçaõ das ac9ões
feita pelo Sr. Francisco Carneiro. criminaes , de que o Sr. Deputado
Finda a leitl1ra já se achavaõ pre· podia usar.
sentes mais 8 Srs. Deputados. O mesmo Sr. Secretario leu o
O Sr. Secretario Maciel da Costa Projecto sobre o estabelecimento das
declarou 11aõ haver correspondencia, Universidades no Brasil , e as suas
e apenas uma carta do Sr. Deputado emendas; faláraõ muitos Srs. Deputa-
Ribeiro de Resende , em que parte. dos sobre o artigo primeiro, que diz
cipa a continuaçaõ de sua molestia , respeito ao numero e local em que
ficou a Assmbléa inteirada. deviaõ ser fundadas, entre elles o Sr.
O Sr. Araujo Lima appresentou Andrada Machado mostrou como nos
um requerimento da Commissaõ de locaes apontados no artigo se obtinha
Constituicaõ, em que pede se Officie tudo, quanto se devia pretender quan·
ao Gove;no para que convide a D. to á localidades dos estabelecimentos
Lucas José Obes a vir a este Paço para de instrucçaõ ; que n'clles havia ha·
ser ouvido, e informar sobre objectos rateza, salubridade , doçura de tem·
da Província Cisplatina á cerca de peratura, igualmente remota dos ex·
sua representaçaõ; o que foi approvado. tremos de calor e de frio , ausencia
O Sr. Montezuma em nome do de distracções ruinosas ' já pelo ba-
Cida<laõ Tenente Coronel Antonio Mar- rulho, já pela dissoluçaõ, facilidade
tins da Costa, appresentou os exem· de accesso, e equidistancia entre os
plares de sua jusfificaçaõ contra as pontos das regiões de Norte e Sul,
injustiças do Brigadeiro Pedro Labatut em que se dinde o Imperio; desap·
que foraõ distribuídos pelos Srs. De· provou o local proposto na visinhan-
( 40 )

ça da Bahia, por ser n'uma grande F elicissimo José Victorino , e de naõ


Povoaçaõ, que por necessidade é cloa- se lhe havç r concedido Revis ta na
ca de vicios e impurezas , e theatro Mesa do Desembargo do Paço; ficou
de distracções, o que se via a té nesta adiada a decisaõ.
capital. Leu outro sobre o requerimento
O Sr. Ribeiro d'Andrada falou no de certos Individ uos da Provincia de
mesmo theor , e accrescentou mais Minas Geraes, q ue se queixaõ de se-
algumas considerações, como a de a- rem incomodados pelos herdeiros do
cudir á Povoações, que naõ tinhaõ Brigadeiro J oaõ Carlos Xavier <la Sil-
outras fontes de prosperidade ; e por va Ferraõ, que pretendem ou a sua
ser cbegada a hora ficou adiado. expulsaõ de certos terrenos, ou o pa-
O Sr. Araujo Lima Relator da gamento do valor d'cstes; e ficou igual-
Commissaõ de Constituiçaõ leu dous mente adiada a decisaõ.
Pareceres sobre requerimentos de ln- O Sr. Costa Barros Helator da
<lividuos, ' que se achaõ em Lisboa, e Commissaõ de Marinha e Guerra leu
pedem prorogaçaõ do termo marcado um Parecer sobre a extincçaõ <lo Re-
para o seu regresso á este Imperio, gimento dos Estrangeiros, decidiu-se ,
e é de opiniaõ que se proroguem mais que voltasse á mesma Commissaõ pa-
6 .rnezes ; foi approvado. ra redusir o Parecer á Proj ecto de
O Sr. Maia Relator <la Commis· Decreto.
saõ de Legislaçaõ leu um Parecer so- O Sr. Lopes da Gama Relator da
bre requerimentos de Indeviduos , que Commissaõ de Petiçõés leu o Parecei-
pedem dispensa de habelitações para sobre o requerimento de um Soldado
professarem na Ordem de Christo, e que pede baixa, e opina , que naõ
dispensa de lapso de tempo para me- pertence á Assembléa; foi approvado.
dições de Sesmarias , e opina que se O Sr. Secretario .Maciel da Costa
authorise o Governo para estas e si- deu conta, que tinha chegado á Mesa
melhantes dispensas, em quanto o con- um Officio do Ministro da Guerra,
trario se naõ determinar; ficou adia- em que partecip::i. ter S. M. 1. expe-
da a decisaõ. dido as Ordens convenientes para a
O Sr. Ribeiro d'Andraàa Relator remessa da Tropa Lusitana que se
da Commissaõ de Statisca leu o Pa- acha na Bahia e Pernambuco na for-
recer sobre a representaçaõ do Sr. ma da Resoluçaõ da Assembléa; e o
Deputado Ribeiro de Campos, em que leu : ficou inteirada.
pedia a criaçaõ de Villas, Comman- Leu outro do Ministro de J usti-
dante Militar, e Juiz de Fora na Co- ça em que remette certos papeis e
marca Je Pernambuco , e ficou adia- inform_a çaõ sobre o requerimento de
. ela. Como Relator da Commissaõ de Pantaliaõ de tal: remetteu-se tudo á.
Fasenda leu outro Parecer sobre o competente Commissaõ.
previlegio das fabricas do lrnperio de- O Sr. Costa Barros appresentou.
verem ser isentas de Direitos. uma Jndicaçaõ para se·r declarado o
O Sr. Araujo Lima Relator da dia 7 do corrente festa Nacional poI'
Commissaõ <le Constituiçaõ leu um ser o 1. em que S. M. I. deu o pri-
0

Parecer sobre o requerimento de um meiro grito da Independencia do Bra-


que pede licença para continuar um sil na Provincia de S. Paulo , man-
Pleito com o Sr. Deputado Furtado dando-se uma Deputaçaõ composta de
de Mendonça, já negada pela Assem- tantos Membros quantas fossem as
bléa , e opina , que se sustente a de- Províncias ora representadas á S M.
cisaõ , por naõ apresentar motivos no- I. O Sr. Andra<la Machado dice, que-
''OS; foi approvado. º numero devia precisamente ser o
O Sr. Maia Relator àa Commis- de 24 marcado no Regimento, fican•
saõ de Legislaçaõ leu um Parecer so- do ao cuidado do Sr. Presidente na
bre um requerimento, em que se queixa e~co.lha contemplar a todas as Pro-
1
uma parte das <lecisões dadas na Ca- vmcias.
sa da Supplicaçaõ em causa contra O Sr. Araujo Lima dice que pa-
a Viuva e herdeiros do Brigadeiro ra tal ueclaraçaõ seria necessn.ria. ~
( 41 )

.Lei ; e a vista destas reflex ões, a As- dos .!lndradas , nem p or elles propagadaS'
sem biéa deci di o que em q uanto se as doutrinas do Sentinella. O Tamoyo
na õ publi ca r a Lei, ficava inteiramen- nada encontra nestas expressões que
t e d ecla rado o dito dia <le festa Na- tenha sabor de offcnsa ; e muito se
cional , e que ;;e rn ci n<lasse a dita De · admira de que pertenda ser coheren-
putaS' aÕ, ofl'ician<l o-se ao Ministro do te com o p ensar dos outros quem es-
I mperio, para se <l ec larar o lu.Rar e tá em contradicçaõ comsigo mesmo.
hora em que seria. recebi<la a vepu- Quanto á apologia que o Sentinella
taçaõ. passa a fazer depois do seu Periodi-
Levantou-se á Sessaõ ás 2 horas. co , condecorando-os com os mui hon-
rosos, mas naõ sei se bem merecidos
epithetos de injlexivel, incomparavel! ! !
improstituivel, o Tamoyo só tem que
R esenha analytica dos Periodicos da lou var a modesta anticipaçaó • e bem
Corte , da semana passa.da. entendida vigilancia do Sen tinella.
O que o Tamoyo naõ fode ade-
Quando o T amoyo concebco o vinhar he a rasaõ pela qua o Senti-
plano do seu perio<lico, naõ deixou nclla, que tanto blasona de professar
de antever varias castas de maquina- 8entimentos Brasileiros, empenhou com
ções que haviam de pôr cm prati ca nota vel excesso o se u valimento, como
os se us inimigos para enreda i-o na diz cm o N. 0 12 , para com alguns
carreira qu e se propunha trilhar, e lllustres Deputados , a fim de que
desvial-o po r este modo do seu ver- naõ passasse o Projecto do Sr. Moniz
dadeiro fim: ainda que rude, e pou- Tavares, quando qualqu er homem de
co penetrante em suas coIJjecturas , senso, com tanto que despido de pre-
elle previo que uma daquellas maqui- venções, perfei tamente conhece que
nações se ri a a embicadel-a <los mais tal Projecto se encaminhnva a estor-
Periodicos, pois que devendo respon- var que viessem da Europa Porlugue-
der a elles, impossível lhe era conti- zes entrar na fruiçaõ de direitos, e
nuar a mostrar ao Publido os actos empregos só devidos a qu em abroçou,
anti-constitucionaes que fosse obser· sustentou, e defendeo a Cu.usa da nos-
vando nas differentes Authoridades , sa Independencia. O Tamoyo crê que
vindo por tanto os seus adversarios a o Projecto naõ estava bem annuucia-
conseguir o desejado intento. Com ef- <lo, e que devia até passar por al-
feito, o Tamoyo nuõ se enganou: cho- gumas alterações essenciaes: mas re-
vem contra elle as censuras , e para provar inteiramente a forma; e a ma-
que nem pareça com o seu silencio teria ! ...
ren<ler-se ás bntarias que contra elle Ajuntando este facto ao engenhoso
assest a ram, nem se desvie do seu pro- discurso com que o N. 0 13 da Senti-
posi to, irá d~rndo cm um <los N. 0 • de nella pertende indirectamente relevar
cada semana um pequeno artigo de- a opiniaõ das Cortes de Portugal, pin-
baixo do titulo - Reseuha Analytica - , tando-as taõ afeiçoadas á nossa Cau-
em que responda áquellas censuras sa, enumerando os secretos trabalhos
menos importantes , reservando para a que se davam cm beneficio 11osso,
tratar com maior socêgo as que, pela a sua conducta parece, se naõ flexi-
gravidade da materia, merecerem par- 'Vel ao menos inconseguente. Naõ sei co-
ticular analyse. Em consequencia des- mo o Sentinella naõ aconselha man-
te plano, passa o Tamoyo a dizer al- demos buscar os Srs. Moura, Borges
guma coisa sobre o Scntinella da Li- Carneiro, José Li Lera to, Soares Fran-
berdade á heirarnar da Praia Grande. co, e Miranda, de quem faz no.quel-
Em o N. 11 <lo seu Perio<lico les trabalhos especial mençaõ , para
0

parece · ressentir-se o Sentmella das nos virem go' ernar, visto que para-
ingenuas exp ressões do Brasileiro au- ram as obras em Port ugal ! ~ Naõ virá.
thor da carta que se acha em o N. 0 um dia. em que o Tamoyo tenha a
4. 0 do Tarnoyo , onde o dito Brasilei- consolaçaõ <le ver pendurados pelas
ro declara que naü saõ, nem podem ser arvores dessas estradas quantos avan-
* ii
e 42o )
8
taes, compassos, esqua dnas,
. e mais N. 0 4. 0 do Tamoyo só faz contra os novos-
ferram enta ejusdem generis ha no Mun- Ministros accusações vagas: mas se o
d o, abandon ada ao riso d os vi aj an- tal Martello nind a lê o Tamoyo , naõ
t es, e ao açoite d os ventos , e man- terá agora que dizer. Quanto á pro-
d ados os obreiros viaj ar á Nigr-icia , hibiçaõ para naõ sair a nova moeda,
ond e a humanidad e tanto ca rece dos ella t orna-se t anto mais su speitosa ,
seus ph ilant ropicos trabalhos ? quanto maio r empenho h a em escurece r
O T amoyo louva o zêlo com que a qu elle fa cto. Nega o Provedor á pés
o Sentin ella desperta a a ttençaõ d os juntos a existencia do prohibiçaõ, ao.
povos contra as novas <loutri nas d e mesmo tempo que um docu ment o in-
Portugal , que mal intencio nados pe r- cont.rastavel a d enm1cia : j e naõ ha
tend em surd amente introduzir e ntre my ste rio nisto! ..... Credat Judeus .IJ.pel-
e ll es , com tanto q ue esse zelo se na õ la, non ego.
c onverta em hiquisiçaô P olitica de Ve- ·Volve ndo o Tamoyo os olhos ao
neza; o que h e mui tas vezes fac il de Correio de 5 do corrente , ali ve os
açon t~ce r: syllogismos d e um no vo raúormcur en
régie, com os qua.es perten<le provar
ln vit ium ducil cupoe fuga, si caret arte. <l e uma ma neira incontestavel q ue os
.!indradas naõ saõ sabias , que saõ per-
P assando ago ra ao Sy lpho, expres- versos , e que naõ saõ patriotas.' .' .' G ran-
sa-se este a respeito do Tarnoyo d a d e infelicidade foi na.ó viver es ta rai-
maneira -seguinte , logo no principio sonneur por exceli encia no d oirado se-
elo seu N. 0 9. 1,, Quando havia succeder culo de Aristotel es? ~ Como classifi-
que um escriptor se altrevesse a censurar cará o raúon_neur pe la sua Arte Sy l-
actos Ministeriaes ( como agora o Ta- logistica aquelles que negam aos ou-
moyo o tem f eito a benefu:io dessa resur- tros o que lhes he d evido? lnfalli-
gida liberdade ) que naõ fosse logo encar- velmente ha de dizer que saõ ladrõ es:
cerado a titulo de desafecto á Causa do
Brasil ? Podia perguntar ao Sylpho Atqu i. o ra isonn eu r M ga aos Andradas o que lh es ht: d e•ido;
Ergo o ra isonneu r he .. ..
quando vio encarcerar e deportar es-
criptores pelo simples fac to de censu- Perdoe ,o raisonneur se o _Tamoyo
rarem actos do Governo no t empo parece offendel-o; porem o rigor syl-
dos ex-Ministros, contra quem dirige logistico he quem o obrigo u a ti rar-
a s suas pontarias; porem de ixando a conclusaõ. Para desvanecer essa
isso de parte; he galan te o parellelo , alluviaõ de imposturas e invectivas
em que o Sylpho poem o Tamoyo , fo1:jadas contra os Andradas basta rc-
Malaguetas , e Correios ! Só naõ co- flectir gue todas ellas saõ ob ra da-
nhece a differe nça que existe entre estes quelles sobre quem pezou, ainda que
Per iodico.s quem, c omo o Sylpbo, naõ de leve, a vara da j usti ça no tempo
vê .sem luneta um palmo adian te do do seu Ministerio ; naõ lhes compe -
nariz. t indo por consequencia servir de J ui-
A carta do Martcllo Consti tucio- zes nesta causa por amor da susp eiçaõ.
nal que vem no Sy lpho N. 0 10 , he Quanto á carta d o Sr. Simpli cio
obra inegavel de algum aprendiz de que se lê em o N. ·do Correio, he
0

Mathematíca, porqu e até principia por materia melind roza , merece maior
p9r uma linha math ematica. Queixa-se cuidadu , e por isso em outro N.0 se
aquelle correspondente de que o Bra- tratará de lla.
sileiro author da carta iuserta em o

RIO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIO NAL. 1823.


N. 11

TERÇA FEIRA 16 DE SETEMBRO DE 1823.

Tu. vais de ces tirans la Jureur despotique ;


lls penscnt que pour eu.x le Cic:l fit l' Àmerique.
VoLT. ALzI!lE •

.dssembléa Geral Constituinte e Legislati- del os , cujá intuiçaõ concorria mais


va do Ímp erio do Brasil. para instrucçaõ do que simples adou-
trinamcnto. O Sr. Andrada Machado
Sessaü de 6 de Setembro de 1823. combateo o Sr. Cal mon sustentando ,
que as Capitaes eraõ improprias para
Preszdeneia do Sr. Baraõ de Santo ./lmaro; Sédes de Uuiversida<les embora fossem
proprio assento <le Academias; con·
cardou que pára augmento de luzes
FEITA a chamada ás 10 horas contribuia o roçamento das diversas
acharaõ-se preseuleo 56 Srs. Deputa- opiniões , mas para conservar-se e a-
dos faltando '22. prender-se o que ja se sabia era pre-
O Sr. Presid ente d eclarou aber ta cisa atura d a attençaõ e observaçaõ
a Sessaõ. concentrada em um ponto, o que naõ
O Sr. Secretario Carvalho e Mel- podi a haver nas Capitaes, em que as
lo leu a Acta da antecedente , e foi distracções e passa tempos atenuavaó
approvada. a altençaõ , e a rnria<lade de obje-
Nes te acto ja se achavaõ mais 8 ctos impedia a concentraçaõ da ob-
Srs. Deputados. servaçaõ. Confessou que a intuiçaõ
O Sr. Secretario Maciel da Cos- dava facil e clara inslrucçaõ , muito
ta leu um Officio do Ministro do lm- m ais do que a mais exacta expozi-
perio em que partecipa, que S. M. çaõ, mas que is to só diri a respeito
o Imperador recebera a Deputaçaõ da ás Sciencias praticas , e naõ ás theo-
Assembléa no dia 7 á uma hora da rias; e de mais disse que cm toda a
tarde no Paço desta Cidade. Uni1·ersidade devia haver modelos,
Entrou-se na Ordem do dia. que bem que se criassem escolas pri-
O mesmo Sr. Secretario leu o maria:3 nas Capitaes, nada tinha isto
Artigo l.º do Proj cc to so bre á funda- com as Universidades. N'um caso obe-
çaõ das Universidades, e as suas e- decia-se á riecessida<le, no outro naõ
mendas. O Sr. Silva Lisboa appresen- ha\·endo tal necessidade era loucura
tou uma emenda. O S r. Miguel Cal- e co lh er máo loca l. Falaraõ mais al-
mon apprescnlou outra 1 e opinou a guns c;rs. Deput ados, e foi jul~ada a
favor das Capilaes como Sé<les <le materi a su ílicie ntemente discutida. Pas-
Universidades ja por se augmentarem sou-se ao 2.º que fui Jillo pelo Sr. Se-
os co nhecimentos com o roçamento cretario, e teve a mesma sorte. Pas-
d.os litteratos, que n'ellas se cncon- sou-se ao 3.º: o Sr . Vergueiro olfere·
travaõ, já porque n·ellas naõ haviaõ ceu uma emenda, que foi appoiada,
tantas distracções, como se avançára; o Sr. G omide appresentou outra emen-
já porque n"ellas abundavaõ os mo- da , que taó bem foi apoiada ; e eu-
( 44 )
-'

fra ndo o art igo e e mend as em d iscus- r a, fondea ndo e ntr e as fo rt alez as , e·
saõ, foi j ulgada a materia sufficíente- que depois pedira ag ua e outros Pro~
rnente d iscutida. vimentos por 30 d ias fa laraõ sobre es-
Passou-se ao 4. 0 a rtigo : o Sr. Mon- t e successo muitos Srs. Deputados, e
tez ma -Offereceu uma emenda, e ten- julgando-se a ma.teria sufficientemente
do este com todas as emendas entra- discutida , decidia a Assembléa que
do em díscussaõ falaraõ varios Srs. se officiasse ao Governo accusando-se
e por dar uma hora ficou adiado. a recepçaõ do dito Offtcio, e exigin-
Passo u-se ao Parecer da Commis- do-se com u rgencia todas as informa-
saõ de Fazenda sobre os Ordenados ções á cerca da vinda de tal Official
dos Gove rnadores Provisoríos, Secre- para se tomarem as medidas necessa-
tarias e Conselheiros , foi lido pelo rias contra as tenta tivas do Governo
mes mo Sr. Secretario ; fa}áraõ sobre Portuguez, que tiverem por fim ata-
elle varios Srs. Deputados: o Sr. Pe- car a Ind epe n<lencia deste Imperio.
reira da Cunha offereceu huma emen- Entrou-se na Ordem do dia.
da que foi apoiada, e depois de lon- Continuar-se-ha.
ga discussaõ foi adiada.
O Sr. Presidente nomeou 24 Srs.
Deputados tirados de todas as Pro-
vincias para comprimentarem amanhã Rio de Janeiro 16 de Setembro.
a S. M. o Imperador.
Levantou-se a Sessaõ ás 2 horas. Temos á vista o N. 0 31 da Sen..
tinella Je Pernambuco, e muito nos
custa ver que haja um Brasileiro taõ
desnaturalisado que procure a toda a
Sessaõ de 9 de Setembro de 1823. força anarquizar as Provincias, empre-
gando para isto as mai s grosseiras e
Presidencia do Sr. Baraõ de Santo .11.maro, revoltantes calumnias. Diz o Barata
que homens d e juizo e probidade afir..
Feita a chamada ás 10 horas . a- mam que falta toda a liberdade á.
cbaraõ-se presentes 69 Srs. Deputados nossa Assembléa em rasaõ do medo~
·faltand o 9. e de estar sempre ameaçada pelas
O Sr. Secretario D. Nuno Enge- armas do nosso Imperador; e accres-
nio leu a Acta da antecedente, e foi centa que um sujeito de honra do Re-
approvada. cife recebera, carta de certo Illustre
O Sr. Secretario Maciel da Costa Senhor Deputado, na qual este diz
deu conta que na Mesa se achava a que está vendo a hora em que saõ
Oraçaõ que á S. M. I. dirigio o Rela- accommetidos e despedaçados no Con~
tor da Deputaçaõ nomeada para lhe 'g resso. Quanto aos abonos que Barata
agradecer o primeiro brado da Inde- faz ao caracter dos sujeitos que cita,
pendencia do lmperio do Brasil dado lembrados daquelle ditado - Similes
na Província de S. Paulo no dia 7 cum sim ilibus f acilé congregautur - ima-
de Setembro , e leu a dita Oraçaõ. ginamos que pessoas sejam: quanto
Deu parte que se achava na Me- á carta , parece-nos que afoitamente
sa igualmente a resposta. , que deu S. podemos negar a sua existencia. Nós
M. I. 1 a qual tambem foi lida por conhecemos bem o caracter probo e
elle, e recebida pela Assembléa com verdadeiro dos nossos Deputados, e
muito especial agrado. devemos presumir que nenhum se que-
Leu mais um Officio do Ministro reria manchar com taõ sordida men-
e Secretario d' Estado dos Negocios tira. Toda a gente desta Capital sabe
da Marinha, em que partecipa ter a excellente harmonia em que mar-
chegado a este Porto o Brigue Por- cham os supremos Poderes da Naçnõ,
tuguez 13 de Maio , com bandeira o Imperador e a Assembléa , toda.
Parlamentaria, trasendo a seu bordo ella conhece os sentimentos de um.,
o Marechal de Campo Luiz Paulino, e a liberdade com que a outra dis-
que por causa de um temporal. entrá- corre , e delibera; nenhuma sombra
( 45 )

de meoo a. preoccúpa, nem o mais na;; pertendemos clar com ella a cn-
leve indicio rlP. ameaças <Jpparcce, temler que OR nossos Deputados par-
<pura qu~ chama entaõ nguell~ pcr- ticip em das opiniões, e favoreçam os
tida Sentmclla as armas a Naçaõ , ci:;c.ri pios do Bum La. Longe de liÓS
para. que prega a revolta , ti.motina s imilb anle i<l ea ! F:stamos pelo corilra-
as Provincias, e accende o facho da rio bem persuadidos <le que o seu
guê.i:ra civil? ~ Que documentos tem , silencjo nasce Je c onsiderarem taõ
o Ihmtu que comprovem a coacçaõ vis aquelles escritos, que naõ mere-
da Assembléa? cem gastar com elles na Assembléa
Naõ nos admira o desaforado des- nem um minuto sequer: porém seja-nos
caramento com que o Barata mente e permittido obsenar que, se saõ vis
anarqwza os Povos; adm ira-nos sim aquelles escritos na opiniaõ do sabio,
a zna!tcravel paciencza com que o sofre pode o ignorante reputai-os de outra
o Governo de Pernambuco , talvez, sorte, e ser por elles mui facilmente
ignorando se r responsavel á. Naçaõ seduzido: se nos mlÕ illu<lem com as
pelos males que lhe vierem do des- suas asquerosas invectivas , se nos
lex o do mesmo Governo no desempe- rimos das suas trapaças, porque, tes-
nho dos seus deveres. Adoramos a temunhas oculares dos faclos, conhe-
liberdade eh imprensa. e debaixo do cemos o contrario de quanto cllcs
seu sagrado escúdo tem o Tamoyo dizem ; naõ acontece o mesmo pelas
censurado aberrações Miuisteriaes ; Províncias onde os Povos , <listantes
mas aborrecemos e dctestar:nos o pet'- <lo theatro dos acontecimentos, e fa.
nicioso ab:Jso <lella. O Sentinella de ceis em ceder ás primeiras impressões,
Pernambuco naõ clilucida questões po· saõ de ordiuario levados por ellas
líticas , naõ esclarece os Representan- a graves erros.
tes da Naçaõ sobre as necessidades Sentimos naó podermos occupar-
do Estado , naó clirige a opiniaõ pu- nos por mais tempo neste N. 0 com o
blica nem trata de fecundar em os impropriamente appellidado Sentinella
Cidadãos os principias da sociabilida, da Liberdade, sendo anles o Apostolo
de, e da virtude; pelo contrario só da anarquia; porém julgamos ter dito
cuida em communicar aos Povos in- quanto he sufficiente para destruir as
cautos a sua labareda revoluciona- suas escandolosas , perniciosas , e
ria, sem propalar factos, sem produzir intcleraveis invectivas. Os seus N.••,
r asúcs; conYida-os ás escancaras para bem analysados , dariam talvez materia
resistirtm :ís ordens do Supremo Go- pelas galantarias e raridades que en-
vern0: ora se isto naõ he crime ; en- cerram, para um grande in/olio: mas
taô nada ha neste Mundo que o seja. i para que ~astar cera com taõ máo de-
A' vista destas poucas reflexões; ~que functo? Seria buscar arrancar da es-
conceito merece a Junta de Pernam- curidade eterna a que será condem-
buco? nado este bufo e Charlataõ.
Outra circunstancia not3Tel desa·
.fia o nosso reparo: Trataram-5e no
Diario do Governo com a maior mo~
deraçaõ algumas questões ~oliticas: Senho1· Redact<w.
sentio-::>e immediatamente fenda a ni-
mia delicadeza de alguns Srs. Depu- Tenho lido os dois numeras do seu
tados, foram d.:.'nunciados os escrip.- Tamoyo com aquella avidez de quem
tos, otricion-se ao Governo para que ha muito cubiçava vêr fallar livremen-
.man<l.asse proceder contra elles, houve te um nosso patrício .
um reboliço que trouxe toda a gente Quanto ao l.º n. 0 lBgi e perf,,gi
espantada: Barata prega a revoluçaõ maximá cum voluptate ; tanto mais que
as bandeiras despregadas , ninguem o elle era um fiel transumpto do ex-
accusa , naõ se officia ao Governo~ cellentc Manifesto do Imperador ás ou-
naõ ha provid encias nenhumas ( ao tras Nações, obra prima de quem a
menos sabidas ) a ta l respeito. meditou e desenvolvêo; mas quanto
Quando fazemos esta reflexaõ , ao 2.º n.º foi diversa a sensaçaõ que
~ ü
( 46 )

em mim produz .10. Q ue "'. cu.) ,!\ tta- Seja poÍg mais calado, S r. Ta-
cadoo;; al•Tuns Aulicos Jo Imperador, e moyo , lembre-se qu e t em o pec cado
todos os ~cluaes Mini . tros e Secretarias original de se r formado <le ba r ro Ame-
d' Ee.tado. (1) Será jusla a critica? ~c ­ ricano, (J) is to hc na frase E uropea,
rá mesmo opportuna a s ua publicida- naõ se sabe a que c lasse d e brutos
de) Deixará ellé-!. de incut ir 11os povos an imaes V. m. pe rtence. Ace ite o mcll·
p<>rigo zos receios , . saudndcs c_rimino- conselho, que ao menos he maii; sin~
zas , azedume inuttl, <lescontn. nças , cero do que o Conselho da óoa ami-
eternas? Naõ seria acaso mais pruden- =mle, (4) que ha pouco foi impresso.
te que V. m. scg 11is:;c a opiniaõ do -~ Sou seu apaixonado. - Um pe-
velho e expPriente Fonlerw/LP. , o qua l gue-no Tmnoyo .
dizia = que se tivera uma maõ cheia
de ,·erdadcs diflicultosame11tc a abriria Monurchas para me lhor os arrastrarem
toda .) ( 2). ao precipicio. ,: E naõ será, naõ digo
jú um dever ele humanidade , mas de
( 1) Naü lc:n razaõ meu peque- just iça, mostrar ti. innoccncia incauta
no. O Tamoyo, :i inda que saído ha a borra~ca cmminente? Almas frias 9
pouco de incultas brenhas ~ naõ é CiJílJàos egoi!:,tas; se a sorte da vossa
todavia taõ rustico e grosseiro, que Patria rn::; 11aõ importa , importe-vo9
naõ .s~u ba ,.,JUar<lar em ;:;eos escritos as ao menos o ~osso proprib interesse;
Lei s <la cleccncia. Elle atP, o p resente importe-vos o ,·osso socego, o de vos•
naó te m atacado nem Aulicos, nem Se- sas fami lias , o de toda a ,·ossa pos-
cretarias d' Est1}do. Respeitando a uns e teri<l ac..le ; Yigiai em torno do Sagrado
a outros corno Cidadãos, ou Funciona- fogo de Yesta , quero dizer da vo:;sa
rias publicas, só censurou seus erros ou JnJependencia, e <la Yossa Liberdade.
defeitos; o que é )ivre fazer a qualquer Naõ queirae::; que vossos vindouros,
pcs;;oa. Se a sua critica naõ foi justa arras trando as suas pczadas ca<leias,
refutem-na; convença.ó-na de falsa com por cima ele ,·os:;as sep ulwra s , vomi·
razões, porque se o fizerem com chu- tem mil imprecaçõe s contra os a utho-
fas, ou injurias, lremaõ da sua vm. res de seu:i dias, e amaldiçoem o mo-
gança, que clle os converterá cm fa- mento em que lhes destes o ser.
6ulam , resumga.c populi. ( 3) Será peccado o ser formadc>
(2.) O Tamoy•J respeita muito a desta qnalidade de barro; mas o cer-
authoridade do Sab ia Fontenelle; com to é que naõ obstaAte a falta de bons
tudo nnõ é do seu parecer. Averda- oleiros, se tem feito delle exceUentes
de nunca foi pcrigoza; nunca teve , vazos, e até de muita estima no me-
nem póde ter consequencias funestas; lhor da Europa Que importa pois que
e por isso longe de escacear-se , cum- o cego Portugal o naõ soubesse estimar?
pre que se espalhe, e diffunda por E' mui proprio da toupcirn naõ conhe-
toda a parte. O Xalá que a sua voz cer , nem a\'aliar a perspicacia de
magestoza podesse chegar aos ouvi- Lince.
do s de todos os Cidadãos~ Oxalá que ( 4) Ora pois perdoe ao pobre
a sua candida Maõ podesse rasga r o hom em esse cletestavel consel!to da 6oa
tenebroso veo da intriga e da perfi- amizade , a cuja publicaçaó , sea-undo
àia, e apresentar aos olhos do uni- parece, foi arrnstrado por infatne~ per-
verso os seres abjectos que tem per- suações Seria mui justo saber-se quem
turbado muitas vezes a sua face. Ah~ o sed uzio , para ser ei:ise perverso o
nós pasmanamos entaõ de horror , ao objecto do nosso odio , e da nossa
,·er como influe nos rlestinos dos Im- execra~·aõ; e a posteridade conhece·
penos Messalinas, validos intrigantes, na até onde póde chegar o rancot
baixos , e desprezn·e 1s , derramando <le nossos inimigos , que naõ se pou·
todo o fel da column1a sobre os Ci- paraó a meios alguns para algemar·
dadãos mais honrados e benerneritos nos de novo.
da Patna, arredando-os do lado dos O Tamoyo.
RIO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL. 18::!3.
N. 12

QUINTA FEIRA 18 DE SETEMBRO DE 1823.

T u vais de ces tirans ta fureur despotique ;


Its pensent que pour eux !e Ciel fit l' Àmerique.
VoLT. ALZIRE.

"4ssembláa Geral Constituinté e L tJgislati- examinada, e tratar-se entaõ da sua


vo: do lrnperio do Brasil. approvaçao .
O Sr. Presidente mandou distri~
Continuaçaõ da Sessaó começada no N. I J. buir pelos Srs. Deputados o Projecto
de Constituiçaó.
O Sr. S€cretario Maciel da Costa
leu o Patecer da Commissaõ de Fa-
O Sr. Andra<la Machado propoz,
que a discussaõ d'elle naõ podia ser
foita da maneira porque o Hegimento
scnda sobre os Ordenados dos Presi- ordenava a disctissaõ dos mais proje-
dentes , Conselheiros, e Secretarios <las ctos de Leis, e que era necessario
Provincias. O Sr. Duarte Silva appre- que a Assembléa. decidisse como se
scnt ou uma emenda que foi apoiada. <levería fazer a dita discussaõ; e fa~
O Sr. Araujo Lima, outra que tam- la.ndo alguns Srs. Deputados á este
bem o foi , falárs.õ varios Srs. Depu- respeito, orde11ou-se, que a: Commis•
tados. O Sr. Teixeira de Gouvêa ap- saõ ele Constituiçaõ appresentasse o
prcsentou uma emenda, que foi apoia- seu Earrcer á este respeito com ur~
da, e depois de julgada a ma teria gene ia.
sufficientemente discutida , p ô.z-sc o O Sr. Secretario Carvalho e Mel.:
Parecer com todas as emendas á vo- lo leu o Parecer da Mesa sobre o
façaõ em artigos separados , e foi to- requerimento <le 2 Officiaes da Se·
<lo approvado com algumas pequenas cretaria da Assemblfa, que naõ ven•
alteras:.ões; e r esolveu-se, que voltas- ciaõ ordenado , e que pedem um a
se á Commissaõ para se r sua materia gratificaçaõ , falaraõ alguns Srs. De-
inserida no Projeclo de Lei dos Go- putados á cerca d'elle e por isso fi ..
vernos Provisorios. cou adiada a decisaõ na forma do .
O Sr. Andrada Machado appre- Regimento.
scntou, e fou a Proclamaçaõ aos Po- Dando o Sr. Presidente por aca·
,·os, e entrando cm questaC: se se de- bada a Ordem do dia : propoz , se
via imprimir para se discutir, ou se converia alterai-a, no casa de que a.
d evia ficar sobre a mesa para os Srs. Commissaõ apresentasse no dia seguin·
Deputados a lerem , e faserem as suas te o dito parecer: venceu-se que sim.
observações , venceu-se que vista a Levantou-se a Sessaõ ás 2 horas.
necessiclade de publicar-se · quanto an-
tes, por quanto se referia ao Proje-
cto <le Constituiçaõ, que já se acha-
va sobre a. mesa para se destribuiT , Scssaú ele 10 de Setembro áe 1823.
ficasse da mesma sorte a Proclarnaçaõ
uté o dia 13 do corrente para ~cr Feita a chamada ás 10 horas a-
( 48 )

diaraõ-se presentes. iO Sr.s. D eputados querimentos de partes, que ali exis-


fa ltan<lo 8. tem : falaraõ muitos Srs. á este res-
O Sr. Presidente declarou aberta peito , e posta á votaçaõ foi regei-
a Sessaõ. ta<la.
O r. Secretario Fernandes Pi- O Sr. Lopes da Gama, Relator da
nheiro leu a Acta da antecedente , al- Commissaó de Petições fez uma indi-
guns Srs. Deputados mandaraõ á le- caçaõ para ser authorisada a diri gir
sa suas <leclaraçõe <le votos , com o os requerimentos de partes a duas
que foi approva<la. Commi ssões , quando <> objecto fo sse
O Sr. Secretario 1\-faciel <la Costa da competencia de ambas; e falando
l e u um Ollicio <lo Mindro do lmpc- sob re ell::t alguns Srs. Deputados; o
rio, e 1 egoc.ios E strangeiros, com o Sr. Presidente pôz á votaçaó se essa
qual transmittio a corre::;pon<lencia ha- <lircccaõ era da compet.cncia da dita
Yida entre elle e o i\-larec hal de Cam- Comr:iissaõ, e venceu-se que sim.
po Luiz P aulino Pinfo d.a. França, O Sr. Sif vestre Alves da Silva
vindo no Bergan tim 13 de i\laio , e appresentou ~1ma indicaçaõ. sobre pro-
igualmente a Cartas R egias xpecli- videncias contr.a os Indios , que hos-
das pelo Rei d e P ortuga l ao dito Ma- tilisarnõ muitos lugares da Província
rechal , ao Brigadeiro Madeira , ao de Goyaz, sendo lido pelo Sr. Secre-
Chefe de Divi aõ J oaõ Felix, e ao tar io Maciel da Costa, á rogo do ap-
Governo Provi . orio da Bahia ; dous presentante, se declaro u urgeu te, fez-
Officios de .l\liuislros <l e E stado de e 2.a leitura , e mandou-se para a
Portugal ao mesmo Governo: e ao cl i- Commissaõ de Colonisaçaõ, Cirilisaçaõ
to J oaõ Felix , e um Oflicio do dito e Cath equese do lndi os. ~
Go,·erno á S. 1\1. I. : falaraõ muitos O r. Ma ia Relator da Commis-
Srs. Deputados e <lccidio-se gue taes saõ de Policia lnt rna, e Constitui-
papeis fossem á comrnissaõ tle Poli- çaõ leu o Parecer das mesmas á cerca
cia Interna, e á de Constiluiçaõ, c ujos do destino do Brigue 13 de i\laio -
.Membros s~ reunissem ja para <larem Officiaes, e do Marechal de Campo
, com urgenc1a seu parecer. Luiz Paulino, bem como á cerca do
O mesmo Sr. Secretario leu uma destino de varios vasos de. Portugal ,
felicitaçaõ da Camara de Patangui á e dos Commissarios que n'elles se es-
As:::embléa, que foi recebida com par- peraõ, e falando alguns Srs. Dcputa.i.
ticular agrado. dos, ficou ad iada a sua decisaú ; co-
Leu mais um Officio do l\1ini::tro rno porem no mesmo Parecer sa apon-
do Imperio com o qual remette to<las la \·aõ med idas no caso <le verificar-se
as Consu ltas, e papeis r elatirns ás a grav e enfermidaJe, de que se quei-
Mesas de lnspecçaõ, ped idas pela x.ava o dito i\larech al , a A.. cmbléa.
Assem biéa, e d,eliberou-se, que foss m. deliberou prorogar a Scssaõ a pesar de
para a Commissaõ respectiva, em que serem dadas as duas boras , para tra-
se acha o Projecto offerecido pelo Sr. tar-se de remediar ao s u estado , e
Calmoll para a extincçaõ da ela Pro- fal an do alguns Sr.s. Dep11tados, póz-se
yinc.i a da Bahia. á ' 'otaçaõ o artigo respectirn, que foi
Entrou-se na Ordem do dia. approrndo; o qual e red usia a de,·er
Propoz o Sr. Presidente se o Pro- pern:it tir-se-lhe o desem barque para
Jecto de Const ituiçaõ devia ser appre- med1ear-se, precedendo as cautelas ,
sentado por huma Deputaçaõ, ou se e seguranças necessaria.s: ordenando-
pelo o expediente da Secretaria, hou- se finalmente, que ficasse sobre a Me-
ve longa discussaõ á este respeito, e sa o dito Parecer para os Srs. De-
a. final \'enceu-se, que pelo expedien- putados, que quizessem, o examina-
te <la Secretaria. rem , e poderem fola r sobre elle com
O Sr. Ribeiro de Campos fez uma conhecimento de causa,
indicaçaõ , que mandou á Mesa na Levantou-se a Sessaõ depois das
qual pedia que se ordenasse ás Com- duas horas.
missões houvessem de appresentar em
8 dias os seus Pareceres sobre os re-
( 49 )

Senhm· Redaetor. de bem como a conservacaõ ileza de


sua boa reputaçaõ politic~, mormente
Quando apparesseo o meu nome achando-se consti tuído em hum Em-
em o Correio n.º 21 fiquei surprezo por prego publico de tanta monta, pe~­
ver-me involvido em questões publi- mita-me a liberdaàe de o.fferecer-lhe
cas, de que me tinha desviado , por os incluzos documentos justificativos,
estar persuadido que o trabalho de que V. S.• por me obzequiar conser-
com bater o despotismo hera infructi- vará em seu poder por 8 dias a fim
fero, em quanto a Lei naõ marcasse de que sejaõ vistos por quem os qui-
a responsabilidad e, e a fizesse effecti- zer consultar , e me increpa injusta-
va V. S." porem, respondendo ao cu- mente , e lhe rogo mais a especial
riozo correspondente do Correio, pro- graça de pronunciar sobre elles o seu
voca o meu ressentimento , e bem a juizo imparcial, ' assim como de .de-
meu pezar me obriga a lançar maõ clarar ao publico, sua quantidade , e
da penna, o que faço unicamente com qualidade. Continua V. S.• afirmando
o fim de esclarece1· a V. S.• e ao pu- - Que só no fim de 5 mezes requeri Su-
blico, sobre alguns pontos da sua re· mctrio &-. Que naó tinha acudido . ao cha~
putaça-õ que directamente ofendem mi- m.amento 8(. Que estava ria Corte á tem-
nha honra; e tanto de melhor grad~ pos , e nunca apareci ao ex-JJ!linistro -
entro em lite, quanto estou persuadido Tudo isto he inexato : fui intimado
de que V. S.• tendo bastante interes- pela Portaria de 19 de Novembro a
t>e em justificar o ex-Ministro dos Ne- 7 de Dezembro; logo embarquei co-
gocios do Imperio, e inculcando es- mo devia, e cheguei a esta Corte a
tar bem informado deste negocio , 5 de Fevereiro; aprezentei-me a S.
folgará de saber a verdade para co- M. I. a 6; no mesmo dia ao ex-Mi·
nhecer que aquelle ex-Ministro obrou nistro, que me recebeo por Procura..
commigo .de má fé , ou pelo menos çaõ mandando por hum Officml que
com precipitaçaõ vergonhoza. Princi- lhe remetesse os Officios que declarei
pia V. S.•, falando de mim , dizendo trazer, os quaes entreguei; voltei a
- que o meu chamamento . he effeito do procural-o, e no espasso de 76 dias
meu O.fficio , e a reqniziçaõ minha ~ Ex o fiz 12 vezes, tendo tido o .gosto de
aqui o primeiro erro ou engano. O lhe fallar só duas , dando sempre a
meu Officio versava sobre huma deli- mesma resposta ás minhas requizições,
beraçaõ do Governo Provizorio , em isto he de que S. M. I. nada lhe t.inha
que discordei em voto , nelle dava ordenado ainda a meu respeito!!! Con·
conta do motivo da minha desconcor- jecturei entaõ que hera certo o que
dancia: tive logo depois, o gosto de dizia a vós publica de que eu estava in·
ver que S. M. I., prevenindo a cauza trigado, e da ultima vez requeri sé
da deliberaçaõ daquelle G~verno, or- me declarasse o verdadeiro motivo por
denara por Sua Carta Regia o mes- que tinha sido chamado,- porque de
mo que eu opinei. Paresse que tendo facto vim entaõ no conhecimento que
eu previsto com acerto as disposições a figurada commissaõ do serviço, ale-
de S. M. I. naõ tinha de que justifi- gada na Portaria hera hum pretexto
car-me, nem tal couza pedi ou requi- simulado e especiozo ; tive por des-
zitei, aliás aparessa o Officio , e o pacho a 2.• Portaria de 6 de Maio,
publico sençato que dicida. que manda procoder a Sumario con·
Diz mais V. S.' - Se o Emprega- tra mim , por constar na Prezença de
do dezempenhou 011 naó com zello o selt S. M. I. que eu, naõ só era desaíe-
emprego , ouça-se o Rio Grande , e vere- cto, como inimigo da Independencia!
mos que o ditto Bernardes naó fica bem Portanto Sr. Redactor, eu obede-
- Aqui esta huma increpaçaõ gracio- ci logo ao chamamento ; e na boa fé
za da parte de V. S.•, em que dire- procurei se adimplisse ao fim deste;
ctamente me offende , sem justificado quando me constou que era motivado
motivo, pois que eu naõ tive culpa por cauza diversa, procurei sabela ,
de se darem ao prelo as Portarias : e requerí declaraçaõ, e naõ sumario:
e como. nada he taõ caro ao homem mas depois que se mandou proceder
* lJ
( 50 )

a este, naõ incomode~ mais ao ex.Mi- conhece que attestações saõ documen-
nistro, agoardando com tranquilidade tos graciosos, que naõ fazem fé, e
da inocencia o seu rezultado. naõ bastaõ para destruir as accusàções
Exaqui a verdade pelo que me que lhe saõ feitas; por este motivo,
diz respeito. Quanto á questaõ susci- naõ nos podemos <lemorar em declarar
tada sobre os arbítrios do e1t-Minis- o seu numero, e qualidade , devendo
tro, quem levantou a lebre que lhe bastar-lhe que saiba o Publico , que
atire, que eu naõ me cansarei com saõ attestações , e nadá mais , embo-
isso, que he perder o tempo ; por ra sejaõ de pessoas que serviraõ, e
tanto concluirei esta; rogando-lhe o ainda algumas que servem empregos
fovor de a inserir no seu interessante publicas na Província de S. Pedro.
Periodico, pelo que muito obrigará a 3.º Nós naõ duvidamos reconhe-
. quem se preza ser de V. S.•, Leitor cer, que nos podíamos ter enganado
e atento Venerador - .llrztonio Bernar- em parte; é verdade, que pela confissaõ
des Machado. do Sr. Bernardes Machado, vê-se que
Rio de Janeiro 6 de Setembro naõ foi logo que acudio, pois algum
de 1823. intervallo há de 7 de Dezembro á 5
de Fevereiro, em que diz cbe_gou á
Corte. Cremos que se apprese ntasse
Assim Como fomos imparcial inse- logo ao ex-Ministro , mas como lhe .
rindo a Carta do Sr. Bernardes Ma- naõ falou n'aquella occasiaô, era na-
chado, assim se nos naõ estranhará que tural que se naõ recordasse o Minis-
Ih.e annexemos algumas observações. tro da sua vinda á Corte; e como
1.0 Ainda continua,mos no mesmo erro~ nos affirmou um Correspondente no-sso
ou engano, á respeito do chamamen- naõ soubesse da sua chegada senaõ tar-
to do Sr. Bernardes Machado; e cui- de , ou mesmo nu nca antes do seu
a amos que elle se originou do seu requerimento de syndicancia. O Sr.
officio, em que, queixando-se de im- Bernardes Machado naõ ignora que
putações feitas ao seu caracter, dese- um Secretario d' Estado de duas Re-
java lavar-se d'ellas; Para destruir partições tem pouco tempo de seu; e
este nosso er·ro , ou engano ; naô basta é natural lhe escapem muitas circuns·
a negaçaõ do Sr, Bernardes Machado; tancias , que lembraõ ás partes interes-
a elle, que é o interessado, cumpre sadas.· Quanto ao numero de vezes~
mostrar o officio, que desminta o que que diz o Sr. Bernardes Machado pro-
avansarhos na fé da Portaria, a qual curara ao Ex-Ministro, naõ desejamos
allegando um officio seu, como causa embicar com a sua veracidade; que
do chamamento, envolvia á nosso vêr estamos promptos á reconhecer: ao
tal req uisiçaõ. Ex-Ministro, e naõ a nós~ é que i~
2.º Se nos mostramos inclinado á portaria o questionallo. Seja como for,
duvidar <lo bom desempenho das obri- corregindo o nosso engano, nada se
gações de empregado pelo Sr. Ber:. offendem os nossos argumentos , ou
nardes Machado, era abonados por soubesse o Mi-nistro tarde, ou nunca
Direito; existiaõ, e existem accusações antes de Maio, sempre naõ esteve o
contra elle de Authoridades , e naõ Sr. Bernardes Macha<lo cinco mezes
appareceu ainda. justificaçaõ sua; e antes da decisaõ , como afirmou e .!ln~
infelizmente' os papeis, que teve a bon- ti-Tamoyo : pois , apesar de toda a
dade de nos remetter em nada alte- eoncessaõ, saõ 76 dias e naõ 5 me-
raraõ a nossa crença , ou antes du- zes os <lias <la sua demora.
vida. O Sr. Bernardes Machado bem

RIO. DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL. 1823.


N. 13

SABABDO 20 DE SE TEMBRO DE 1823.

Tn ·vais de ces tirnns la .furcvr deJpotique ;


Its pcnscnt que pour eux !e é?d fit l' .IÍ1'f1crique.
Vor.T. Ar.zrnE.

Jlssembléa Geral Constituinte e L egislati- 3.ª, o Sr. .Si lva Lisboa outra emenda, e
va do fmpeno do Brasil. o Sr. Andrada e Siha outra, foraõ to~
das apoiadas, e fallando sobre ellas
Presidencia do Sr. Baraõ de Santo .11.maro. alguns Srs. De putad os , ficou a mate-
ria addiada po r ser dada a hora.
Sessaõ ele 11 de Setembro de 1823. O Sr. Araujo Lima, Relator da
Commi ssa ú J.e Constituicaõ, leu o Pare~
F EITA a chamada ás 10 horas, cer sobre a maneira, co~ que deve ser
acharaõ-se presentes 69 Srs. Deputa- discutido o Projecto de Constituiçaõ; o
dos , faltando 9. Sr. Verguc iro appresentou uma emenda
O Sr. Presidente declarou aberta e querendo alguns Srs. Deputados
a Sessaõ. foliarem contra o mesmo Parecer , ficou
O Sr. Secretario Carvalho e Mel- ad<liado na fórma do Regi mento.
Io leu a Acta da antecedente , e foi O Sr. Andrada e Silva appresen-
approvada. O Sr. Secretario Maciel tou um requerimento pc<lindo 3 mezes
d a Cost::i. deu conta que na Mesa se de licença para em ares Palrios res-
achava um OiJicio <lo Sr. l\farlins Bas- tabelecer-se <l as enfermidades que tem
tos , em que dá parte de doente , e sofrido, e que ora sofre, com decla-
pede J.5 ou 20 dias ae licença; de- raçaõ de que se for sentido aqui mes-
cídio-sc que Geava a Assembléa intei- mo esse restabelecimen to, naõ usará
rada, e conce<leu-se a licença pedi<la. da dila licença; foi manda<lo á Com-
Deu parte que se achava mais missaõ dos Po<leres.
um requerimento de um Cidadaõ, em O Sr. Secretario :Maciel da Costa
que por seus serviços pedia um de leu a indicaçaõ addia<la <lo Sr. Fran-
''arios Empregos, que apontou: remet- cisco Carneiro, em que exige que se
teu-se á Commissaõ de Pitições para officie ao Governo para pedir informa-
dar-lhe a competente direcçaõ. ções ás Províncias , e sobre ellas re-
Entrou-se na ordem do dia. cair a suspensaõ dos tributos, com
O Sr. Secretario Maciel da Costa _que a carne e farinha <le mandioca.
]eu carta uma das addiccões da Tab el- se achaõ gravadas, revertendo taes
la das Leis feitas pel~s Cortes de impostos para outros gcneros, que
Potlugal , que a commi ssa5 havia ap- naõ sejaõ da 1.ª necessidade; fallaraõ
presentado como necessarias, visto muitos Srs. Deputados: o Sr. Monte-
que se naõ oppunhaõ ao systema do zuma apresentou uma emenda, que
Imperio do Brasil, e fallando muitos naõ foi apoiada; e posta a indicaçaõ
Srs. Deputados a cerca d'ellas foraõ a rntos foi approvada, ordenando-se
approvadas as duas primeiras; e offe- que se officie ao Governo para com
recendo o Sr. Rodrigues de Carvalho urgencia exigir as ditas informações.
uma emenda de suppressaõ á parte da Levantou-se a Sessaõ ás 2 horas.
( 52 )

Resenha analgtica dos Periodicos da a praticar, lá para os seus fins parti-


Corte , da semana passada. cul a res, toda a casta de contradiccões
-e d e baixezas~... _,
Tis hard lo say , iJ greater want of s!áll Dep ois daguella tirad a contra os
.llppear in wriling or in judging i/L ; ex-Ministros, porque naõ deixaram 0:5
B ut o/ the two, less darigerou! is tá' njfence L ibcraes á solta , t:omo ~e d]z que an-
To tire our patieuce , th an m1slead our scnse. da o diabo em dia de S. Bartholomeo ,
Pope. Essay on Criticism. leva o Barata mui to a mal que o e:x-
Ministro da F asenda dirigisse ao Go-
Principiaremos desta vez a nossa verno de Pernambuco ordem para que
Resenha pelo celeberrimo Correio do continuasse a remetter para esta Coi'-
Rio de Jmieiro, cujas folha!:> (ja se sa- te os 35 centos de réis mensaes, co-
be) constam em grande parte <le ex- mo antigamente costumava ; e logo
1.ractos do anarchista Barata , e das em seguimento disto acrescenta que
costumadas, e s empre as mesmas, cri- a lyrannia em outro tempo arrancava á
minações contra os ex-Ministros e Se- Provi11cia o ultimo t'intem, a ponto de só
cretarias d'Estado Andradas. Diz o haver miseria em tal e:rlremo , gue muitos
Barata, segundo o extracto que delle S oldados andavam mendigando o paõ para
fez o Correio em o N. 0 32, que o ex- comer, vagavam çujos , rotos , e misera..
Minislro José Bonifacio servia-se dos vús ,- como vis escravos dos .ftfoiros. Nin-
Libuaes para poder fundar o lmperio , e guem ignora onde leva o fito esta si-
depois, usando de manha e ma fé , deo mulada cornpaixaõ, nem .tambem pcr-
cabo de todos , para ficar wi campo, pra- tend e que a honrada e brioza Tropa,
ticando o mais negro artefacto e horroro- e Funccionarios publicos padeçam ho-
sas pcrfidias, a fim de reeclijicar novamen- je as mesmas privações que antiga-
te o Templo do Despotismo . N aõ pode- mente. Quand o o ex-Ministro passou
mos reprimir o riso todas as vezes aquella ordem foj de certo b em in-
que encontramoB com pass3gens desta formado de oue as rendas de Pernam-
natureza, em que os d e nominados L-i- buco chegava~ naõ só para a manu-
beraey, cheios de redi c ulo orgulho, se tençaõ da força armada, e mais des-
attribuern poderosa cooperaçaõ na flm- pezas da Admir.istraçaõ da Provincia ..
daçaõ do Imperio. Muito nos custa mas ficava ainda um acrescimo talvez
ver que a5 Authoridades consintam maior , <lo que a soroma e:x.ig ida : e
mudas a reproducça õ de similhanles sendo incontestavel gue o Rio de Ja-
escritos, que naõ só offendem o deco- neiro , como centro do Imperio, tem
ro do Imperante 1 porem o da Naçaõ, supprido naõ só com dinheiro a al-
dando a entender ao Mundo que o gumas Províncias cujos rendime ntos
grande edificio do lmperio foi obra naõ igualam as d espezas , mas até a,
de uma Sucia. ~Que iníluencia podiam outras com petrechos de guerra para
1.er em objedo de tanta ponderaçaõ sua defeza; rasaõ parece que aquel-
homens cuja escandalosa vida era taõ las , onde ha sobras, as remettam pa-
notoria? Julgue-se da qualidade da ra a Capital, onde se con~er tam em
gente pela grandeza da sua impos- objectos do interesse e necessid ade
tura! geral do Imperio. Se naõ houver esta:..
Diz o Barata que o ex-Ministro reciproca coadjuvaçaõ, .; em qu e con-
deo cabo dos Liberaes: naõ foi assim: s1stirá a uni aõ , essencial á existencia
pelo contrario tratou-os com demasia- do Imperio? Em palavras ôcas, e he
da brandura. ~E que Lióeraes eram isso o que o Barata exactamente quer.
elles? Eram da t€mpera do Barata , ~Quem sabe se o Barata que se olfe-
homens de taõ óoa fé que , tendo con- receo para ser R ei de Portugal por
testado a validade do juramento pre- 12:000$000 réjs annuaes, naó promo-
vío do Brasil á Constituica.ó de Portu- ve, mas debalde, a divisaõ de Per-
gal, 'iuizeram obrigar s.' M. I. a ju- nambuco., para se anorar em rei de
ramento similhante á ConAituiçaõ que copas
.
naqÜella ProYincia? A ex?Jerien-
l
fizesse a nossa Assembiéa ! E blazo- eia tem mostrado que os Liberces do
nam de honra, e de virtudes, esta in- molde do B arata aspiram sempre a
fame escoria da sociedade , prompta -. coisas grandes: na.ó porque os mova,
( 53 )

a ambÍ~'aÕ elo proveito proprio, mas m os ao N.ó I 4 da S entinella á beira mar


sim o bern da humanidade~: da P raia Grande, sobre a qua l só te-
A' vista disto hc ev i<lentc que o mos que notar parece rem-nos exage-
enlace d as Provincias com o Rio <le rados os lo uvo res que seu Redctor al i
Janeiro por meio de relações pecu- faz á Policia. Naõ queremos com isto
niarias naõ he para que aquellas so- dizer que tanto o Comman<lante, co-
fram as injusti~·as deste, como o Rarnta mo o lmmc<li'-l.to <l ::;quellc Corpo, se-
affirma; aguelle en lace tem utilidades j am menos <liguos de toda a honro;;.a
qu e a iná. Je do escrilo r manhosa men- consi<leraçaõ; antes pelo contrario me-
te occulta; e ee m essa, e outras rc- recedores saõ dos elogios de seus
Jac.õ es he de to<lo nulla a uriiaõ das Concidadãos, e dus bons creditos, que
P1~ovinci::i.s cm um ~ó corpo Político do publi co gozaõ, e isso baste : o
com a <lenominaçaõ de Imp erio. Em que affi rm arnos hc que a Polcia está
lugar d e andar o B arata a <lespertar· l1em Jonge da pcrfciçaõ cm que se
d esconfianças 1 e animar povo!; contra deve desejar, naõ pâra vexame dos
a:; Authoridri.<lés legi timas, e o Correio Cidadãos , mas para ;;egurança delles,
a assoalhar as suas infames doutrinas e freio dos mfl 'ivados. Em Lisboa as·
e gratuitas crimínações , fôra melhor sentaram que a Policia era incompa 4

que se declarassem .ia .... Quanto á tivel com o hberalismo do Systema


ag ourada· fall1a do Banco do Rio de Constitucional 1 se as ínstítuil1ões de-
Janeiro, lea o folhelo de J osé .Jlntonio vem se r condcmna<las por causa dos
L isboa, que neste. Corte se imprimio abu cos que dellas se tem feito, ou
em 1822, e naõ se assm;te, porque pode fazer, n:::ida será permittido.
nad a ha de acoIJtecer. O N.0 I5 <lo mesmo P criodico nos
Lemos em o N. 0 34 do mesmo offerece uma carta assinada por cem
P erio<líco uma carta assignada por fi1atronas dei P a rai&a , e <l ir1gid.a ao
um Jvlosq11ito pernilongo, cm riuc se per- Barata, houran<lo-o pelos ú1dubitaveis pro-
tend e refut a r o N. 6 <lo 1 amovo so-
0
vas de patriotismo e líúeraiismo que tem
bre a q uestaõ das d º '·a ssas . Pei·gunta patenteado aqvd!e escn{Jtor á face do uni-
o JV!osq uito - 2 '~ JVus Ji1011ar1J11Ías Cons- i·erso. Naõ sabiamos q_ue houvesse na
titucío11ues naõ ha uma Lei que he o re- ParahiLa tanfas Matronfi.iJ que aiisig 4

sumo de todas as Leis , a salvaçaú do nassem de cruz.


Estado ? ,, - Daqui conc1uc_ e llc : 1• LcmoEi em o N ° II do Sylpho uma.
P ais (oi desta L ú Constltucionat que carta com a assígnatura Je Obscrvado1·
S. Jl1. [ jez ti SO , quando fa VJ'OU O Const ítuci1JT1a!. Pos lo que o A nthor d a.
D ecreto de 16 de J ulho. O lmperio cuta av:rnça <livisar pouco ardor na
estm.;a abalado com o efeito das devassas, empreza <le instruit· a Naçnõ. quando
e as commoções populares pro:dmas a ar· pero contra.rio a nossa Asse mbléa está.
n;be_ntar com a i:io!enúa da oppressaú Ali- trntando desta matc~rí.a com o maiol'
'llÍstcn'al ,, Concedemos gratuitamente de-svelo, naó podt'mos deixar de elo-
tudo isto: ~que maís quer o J,fusqui- giar a sua lembrança, e grande s.eria
fú? Respon<la-nos porem i:lgora: e· quem a no ssa sati.sfaçaõ se, cm lugar de
eram os agente8 promotores dessas que~lócs purnmente abslractas, e de
comnwções populares, que nunca haviam personalidades injuriosas e gratuitas,
de aconte cer, mas todavia se tenta- empregassem os verdadeiros amantes
va agitar) Os implicados nas devas- da Patria a sua penna em assumptos
sas, e os seu s adhcrenles. ~ De que de igual utilidade.
armas se scr\'Íam para i3to? Das mes- Muito estimamos tambem ver que
mas de qu e usa o Barata. Ora assen- a nossa opiní.aõ perfeitflmente coinci-
te o ..l~fosquz'to que, se o ex-M ínrstro do dia com a. do Author de outra carta
lrnpcrio ti\·esse as entranhas que seus que se lt em o N. 0 <lo mesmo Perio-
inimigos. d izem, ja os pcmílongos naõ dico pag-. 53, mas aq_nellP correspon-
zuniriam aos nosso~ ouvidos, sem com dente terá, como nós, o desgosto de
tudo faltar a Lei nenhuma Constitu- saber que, apern:..s os An<lradas dei-
cional. xaram o Ministerio, naõ só se Iernn 4

Deixs ndo agora o Correio , com taram sequestros feito s a sul1dilos de


quem temos perdido muito tempo, va- Porlagal, como acont eceo a Vice nte
,,. 11
e 54 )

de Sá Rocha , antes de se achar li- peculaçaõ commercial em favor do


quida.do o seu procedimento, de ~u,jo Brasil, e1les tra táraõ o paiz com tal
ne<Tocio estava encarregado o i\'lini s- ge ito, que fórma hum singular con-
b p .
tro da Justiça: que por uma ortari~ traslc com os uzos e costumes da
se mand aram pagar das sommas se- adminis trac a õ Fran cc.za que lhes suc-
questradas le tras a favor de um ter- cedeu - E' sem duvida penozo ter·
ceiro~ s3cad.as por s ubdiios Portuguc- d e fazer o elogio dos estrangeiros á
.zeB: que li a um jogo esco.ndaloso d e nossa propri a custa, mas , á parte
Portarias do .Ministro <la F asenua á tod o orgulho nac ional; ~porque m?-
cerca <lo Brigue Victoria , e de ou- tivos tememos nós trazer á memoria
tros, .que ,iá se acha mm sequestra- os ados de sua a dministrnçaõ, se da
dos: qu e finalmente até se duvidou confrontaçaõ d'e lles com os nossos
se deviam contir:uar os sequestros ; o podemos tirar p rove it o ? A ordem , a
que deo motivo a urna co rresponden- eco nomia, e o d esin te resse presidir:iõ
cia, sobre a q ual S. M. I. <lecidio á conducta dos agentes do Gover.no Por·
que se procedesse na Üírma de cretada . tuguez. - Elles animáraõ o Commer...
Ah Doutor Pangloss , Doutor cio por ope rações sempre combinada;;
Paf\gloss! Podesses tu crcàr em mim um com vistas no interesse local , dando
novo Candldo, e pers uadir-me ser este ao mesmo passo ao Commercio es--
o melhor dos Mundos po ss ivei~ ! tra \1ge iro Ioda a protecçaõ necessaria
p ara dil atar as rel ações da Colonia ,.
e seg urar u saida de seus generos -
Chega á nossa maõ um<à brochu- Conservaraõ os impostos que a chara<>
ra intitula<la - Co 11p d; Oeil Sllr estabel ecido s , mas naõ creáraõ nen•
Cayenne - Golpe de vista sobre Cayen- hum novo. Nunca a exacçaõ cle lles
na - por M.r. V~g·nal, habitanJe J'a- foi rigorosa; o cultivador nunca ,·io sua
quella Colonia, impressa em Pariz propriedade ameaçada de ser invadi-
em Abril de 1823. E achando a pagina s da; muito pelo contrario, a mai s ili·
40 e seg uin tes o mais comp! eto, e naõ mitada latitude, as fac; lidades menos
suspeito elogio feito á Administraç2.õ usa<las nas nossas .pratica& fiscaes
que para ali mandou o Governo pas- lh e eraõ concedidas para solver sua
sado, e de que era Chefo, e com imen- <li vida. Se . acas o .hav ia contestaçõc5
sos poderes, um nosso Compatriota, entre o d evedor e os agen tes do Fis-
pareceu-nos muito digno <lo tempo pre- co, eraõ- sempre decididas t!m favo r'
sente , em que he indispensaYc l que do Colono ..
a opiniaõ pub'lica prehencha o impor- O Chefe da A<lministraçaõ pra ...
tante f:>fficio d e censor para joeirar , fes;,ava o principio que era d a cs-
€ acrisolar o merecimento <los C ida- sencia do regime colon ial , que a
dãos, os tras ladar aqui esse elogio ventagcm do Príncipe.. cedesse á dos
d 1 um Estrangeiro , e até para mos- Particulares - Em uma palavra
trai'. que, empregando-se no servi<;o elles tivera.ó a <lisc ri çaõ de a provei-
da Naçaõ homens honrados, e inlelli- tarem tudo o que lhes pareceu bom 1
genles, e1les saõ cn,pazcs .dc corrigir sem aspirar á perigosa honra de
practicarnente os dcfoito.s do sistema desfazer para reconstruir. O estad()
,fo Governo, e <las Leis; e pelo con~ presente das coisas em Cayenna me
trario homens mãos , com o melhor parece demonstrar a preferencia abso-
sistema de Governo , e com as me- luta dos princípios delles sobre nos-
lhores L8is , 13aõ capazes de tuclQ sas teorias, pois é por meio de mu-
paralisar, e mesmo inutilisar. dan_s;as, e inovações destrnidoras umas
das outras, que esta. desgraçada co-
Falla .i1Ir· Vig11al. lonia está no declive de sua ruína. '"
" Quando _os Portuguezes tomárnõ Quanto 'Vale um só homem de juzzo em-
Cayenna que fo1 huma verdadeira es- pregado no Governo!

RIO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL. 1823.


N. 14

TERÇA FEIRA 23 DE SETEMBRO DE 1823.

Tu vois de ces tir01i.s la Jureur despotiqne ;


lts penseut qu e pour eu;i,· /e Cid fit l' A111er?que.
VoLT. ALZlllE.

~M nenhuma época da nogsa dos. mais poderosos estimules que pro.


~pendencia se tornou taõ necessa- duz1raõ a contra-revoluçaõ de Portu-
l'·io o desenv olvimento da mai s fina gal, foraõ as insinuadas esperanças
Politica do Mini st erio, como aquella da nossa uniaõ áquelle Reino. Se isto
em que actualmente estamos. As gran- assim naõ é , expliquem-nos de outra
des Potencias do continente Europeo sorte corno era possível que os necro•
ataçaõ , sem o menos rebuço, as liber- ciantes d'aquelle Reino mandass~m
dad es ele uma N açaõ da PiniP.sula para para aqui taõ depressa as suas em-
a1lerarem a seu bel prnzer- a Consti- barações e gencro:; ; naõ obstante
Úiiçaõ que e1la rn~sma fórmou : Por- saberem da existencia de uma guerra
tugal derruba sacnlegamen te a sua aberta, e de um confisco sobre quan•
Constituiçaõ . e cun·a-se outra vez ao to é propriedade Portugueza. E' in·
tyranico ·Poder absoluto , seduzido crível que os commerciantes se expo-
pelas esperanças traidoramente insinua- zes5em a tanto, naõ dizemos sem
<las de que, mudando para o seu aquellas esperanças, mas até sem uma.
actual sistema, com facilidade se lhe cauçaõ do Governo.
unirá o Bra si l : <'.que de, e pois este
1
O 2.º facto é. vergonhosissima cir-
esperar <l'aquellas Potencias? Inimi- cular do Ministro dos Neo-ocios0
d'a..
sade, e nada mais. quelle Reino ao Governo da Provin.
Qu ando naõ tivesscmos outras ra- ci~ de Pernambuco, a qual se pu-
so es que nos induzissem a pensar plicou em n.º 55 do 2.º vol. do Dia..
deste modo, basta1·a reflectir que, fa- rio do Governo <lesta Corte. E' taõ
zendo aquellas Potencias do Conti- vcnl::i.de existirem as esperanças da nos ..
nente da Europa sanguinolenta guerra sa uniaõ a Portugal, e ter o machia-
aos princípios liberaes, e ~en.do em velico Geverno d'aquelle Reino como
princípios liberaes que se funda a t:i.õ segura e infalível esta uniaõ, que,
nossa Independencia; princípios que abatendo o Brasil da qualidade até de
naõ a"dmiltem direito de conquista, Reino unido, que dantes era, e sem
nem carumchosaS' prceminencias metro- a menor co11templaçaõ com o Regente
poli tanas , niais ou menos tard e se que o Sr. D. J oaõ VI nos deixou,
faria a guerra ao J?rasil: ma.s hoje dirigio o referido cloeumento aos Go-
nc1õ há só meras conjecturas, Já ex1s- vernos das nossas Provincías , como
tem factos, e sobre ellcs passamos a se essas Províncias tives~em em Lis·
chamar a atlençaõ do Ministerio, boa, e naõ em o Rio de Janeiro,
que vemos com0 entorpecido; e de o seu centro Político. Naõ será inutil
todos os nossos Leitores, afim de que reflee;t1r que apezar de dizerem og
cada um concorra C(lm o que estiver Redaclorcs <lo Diario do Governo es-
da sua parte em bcndicio da salva- perar-se que similhante attendado ao
çaõ da Patria ameaça<l~. decoro de S. M. I. e da Naçaõ Bra·
~inguem pod.e <luv1dar que um,. sileira fosse energicamente repellido
e 56 )
pelo nosso Ministeri o , até agora naõ d e P ortugal escrevera ao nosso Impera-
tem respirado coisa p or onde o Pu- dor uma carta promettendo confirmar-
b lico reconheça ter-se vingado , c omo lhe os poderes com que o t inha dei-
cumpria, a dignidade Nacional ultrajada. xado Regente do Brasil , e conceder-
O 3.º Facto tornará ainda mais lhe ainda outros mais amplos , com
palpavel esta verdade. Chega L uiz tanto que abandonasse o Titulo de
Paulino á Bahia, d'ali vem ao Rio Imperado r ; e arnea5ando com a Santa
de J anei ro; ~e para que? Naõ para Alliança a Sua Augusta Pessoa, quau-
reunir-se a pessoas que S. M. F. pa- do assim o naõ fizesse. Logo deve-se
ra aqui mande, com caracter deploma- esperar que as grand es Potencias Con-
tico , a tratar com nosco . e pod eres tineníaes da Europa tomem taõbem uma
de reconhecer a nossa Independencia parte mais ou menos activa contra nós.
e Imperio; mas sim para juntar-se a Nesta conjunctura taõ delicada pa-
pessoas de confiança d'aguelle JJtlonarca, rece-nos que o primeiro cui dado do
as quaes vem em Commissaõ d'elle. nosso amadomado Ministerio devia ser
i Muito temos que rir, se estas pes- enviar seus Agentes ás Nações Es.
soas vem tomar conhecimento da con- trangeiras, principalmente á França e
ducta de S. M. I. e dos defensores Inglaterra ; fazer-lhes hum manifes to
da Causa do Brasil , como é costume da inalteravel resoluçaõ dos BrasHei-
ir uma commissaõ de Desembaga- ros, de naõ descerem da ~ua dignida-
dores devassar de qualquer Autho- de; e solicitar d'ellas uma resposta
ridade ! cathegorica , ou ao menos todas &s cla-
Provada como fica a existencia rezas precisas, sobre o seu comporta-
das esperanças que Portugal nutre mento , no caso de que continuem a
~e ter ainda o Brasil unido a si ; e nosso respeito as iniq uas pertenções
sendo de esperar do brioso caracter de Portugal.
de nossos concidadãos que naõ cedaõ Uma vez que pela resposta das
a taô vergonhosa e humilhante per- Naç_ões se colligisse que a Santa Al-
tençaõ, a consequencia necessaria des- lianca directa ou indirectamente influía
ta oppoziçaõ de sentimentos e de in- na _.contenda de Portugal contra o
teresses é a guerra: i mas esta guerra Brasil, seria preciso lançar immedia-
será só Portugal quem a faça? tamente os olhos sobre a Inglaterra 1
Era mui facil responder a esta e contratar com ella uma aHiança
questaõ, ainda quando para isso naõ contra toda a aggressaõ. A justiça da
tivessemas ma.is do que simples con- nossa. causa , a homogenidade dos prin~
jecuras.- ~O que é R guerra intestina cipios que a Inglaterra e o Brasil
da Hespanha ? Uma guerra e ntre p rofessa, a facilidade com que pode
duas grandes divisõ es diaquella Mo- socorrer-nos , e ao mesmo tempo os
narquia ~O que será a guerra entre justos receios que deve causar-lhe o
Portugal e Brasil no conceito das Po- excessivo augmento da preponde rancia.
tencias que nos naõ tern re conhecido continental , e o grande progresso da.
independentes ?" A mesma co-isa. Ora Marinha da França, h!do parece va·
se a Santa Alliança se crê legalmen- ticinar bom resultado a qualquer ten..
te authorisada para intervir com as tativa desla natureza; e sobre tudo
armas em os negocios da Hespanha , os interesses d ella mesma tanto mer•
é coherente com taes princípios que cantis, como politicos, devem agoural°
intervenha taõbem em os negocios de bom exito á taes negoci ações.
Portugal com o Brasil ~ Naõ tem as Em o negado caso de que a ln·
nossas circunstancias tanta analogia glaterra naõ quizesse annuir ás nossas
com as da Hespanha? ~ Naõ sera a proposições, nem por Í55o desespera·
antiga parte de uma Monarquia que riamos da salvaçaõ da Patria, fazen~
q uer, pode , e de ve ser livre, lutan- do aquelles que tem o leme .do Es.
do com a oppressaõ da outra parte , tado todos os esforços que póde exi-
para conquistar essa liberdade porque gir conjunctura taõ melindrosa. Nós
suspira, e com a qual só pode sei· estamos certos de que naõ seria d if-
feliz ? filcut oso f; rmar entaõ uma liga conti-
Passando porem de conjectura ao nental Americana , que se oppozesse
poútivo, é hoje voz geral que o Rei ao impeto da arn.biçaõ Europea.
( 57 )
Pod e -se objcctar a isto naõ haver Senhor Redactar.
p essoas capazes para similhantes Com- Valha-me Deos , Sr. .Red ::i ctor ,
missões; p ore m nós negamos o pre- onde me abrigarei do s male~ , que
su pposto. ~ Corno se acredita rá que meaçavaõ, e aos mais Cidad~os de Hra-
u ma Naçaõ com tantos Trilmnacs ~u­ s il? Hum Ministerio desvairado. ine-
premos, com tantos Conselheiros, naõ pto, e que á s vezes p are c e corrom-
tenha homens capazes para uma com- pido, rasga-me a alma <lc <lô r ; volto-
missaõ? Porem, quando sirnilba11 tc fal- mc para a Assembléa a ver se com
ta existisse , tirar-se-ia d aqui m esmo o b alsamo da sua sabedoria. cic:itri-
o proveito de crca r Diplom~tico s ; saõ-se-me as feridas, que fez a admi-
sendo este ai nda mais u m motivo pa- nistraç~õ , e tresdobrada he a dor
ra que se façaõ aguelbs enviaturas. ao ouvir os desvar ios d e a lguns. Srs.
Queremos ainda s up po r que ha Deputados. Se um Ministro dá á seo
falta de pessoas que <l esempen hr.m parente, para moru, c asas por p r eço
aquelles ne gocios; a ssim mesmo sernõ trcz vezes meno r, d o q ue aqu clle que
ute is as env iatu ras : se os Agentes fo- offcreciaõ, como fez o da Fasenda a
r em in habcis para aquill o, naõ o seraõ seo affino Gordilho; se outro he tDÕ
de cer to ( salvo se n0m earem hom ens dcscuidauo, qu e se deixa p::lc;sar por noE·
co mpletamente imbeci~) p :ira r eferi- sas Fortalez:is huma cmharcaçr.õ de
r e.m o que a nosso res peito se passa gue rra c om ban<lejra Portuguesa ini·
tielas mars N a ções. ~Por ventura te - mign; deitaõ abarra adian te <le tudo
mos algu ma iclca <li::;so? ~Será t ~õbem os · discursos <le a lguns Srs. D ep uta-
para isso nec essaria a lgu m Talleyrand, dos , nos qu acs com dc::: pre5ado senso
ou ulgum Castlcreagh ? commum , grammatica, logica , e rele-
Porem , ainda que mui nntural giaõ do juramento, s e propu 11ha uada
SPj'.l o plano que acabamos de desen- menos, que destruir a integridad e, uni-
vol ve r, naõ no s li c;ongea mos de que dade, e ir1divisi.bilida<le <lo I mpe r!o ,
lflle tenha o d esejado effei~o sem uma e reduz ir o Brasil á. fraquesa, disso·
comliçaõ esscncialissima , que vem a luçaõ, e anarchi a por confederações
ser a reuniaõ de todos os animos p:i- naõ desejadas. Cu idarnõ algu ns Srg.
ra o. d efesa . E' neeesaario que se des- Deputados que ihes he licito desarrcsoár,
terrem de ent re nós para sempre odio- e solapar o edíficio social , porq ue naõ
s as riv a li dades , mantidas cm grande tem a temer r esponsabiiidade lega l ?
p arte pela confusaõ e má intclligen- Naõ ce rtamente; se desta escapaõ,
cia dos vacabulos : Portug uezc s que aguarda-os a da opiniaõ publica,· que
sincera e nfinc:.idamcnte ado p taraõ o com quanto se possa seduzir por pre-
.Brasil por sua P :llrin no pri ncipio da .i uizos de momen to, em fim fle ccntas
lucta da Indcp endencia, Br:lsilei ros hc rectificnda pe]o padrnõ dH tilidn.-
saõ ; todos po is <levem concorrer, de geral. 1\aõ 10ei se ju1garáõ tC'rne-
quanto, e por todos os moclos que rida<le em mim a sem c erimonia da
lh es fo r posain! l, p:ira a grande causa censura; cu ao m::-nog assim naõ c r ei0 ,
commum , pnrn a sahaçaõ da lndc- e julgo-me com direito ·aeemittir a
pencicncia Nacional , que se acha .minha opiniaõ sobre ades, que tanto
gravemente nmeaçada. Contra elles ne- me tocaõ, e por isso he qu e vou ás
nhum Bri\sileiro deve alvergar o me- Galerias, e aluí·o o sem sabor de
11or &enlimcnlo <le desconfiança; a sal- discussões m.inucios::.is. Sou Seu Vene-
vaçaõ do Brasil é a salvaçâõ delles ; rador - Um das Ga!erias.
elles devem considerar-se como ainrla
mais obnoxios ao ressentimento dos Senhor Reda.ctor.
seus crneis compatriotas , e ficar con- Pelas notici as chegadas àe Por-
vencidos gue sP.raõ as primeiras victimas. tugal consta-me que gràssava ali hu-
Uni-aõ e consifü1çaõ entre os diiferentes ma peste horrivel , e taõ geral ' que
povoadores do Brasil, é a ancora prin- mui poucas pessoas hüviaõ escapndo
cinal da nossa sal>ac<1õ. Ah! Prasa a <le seos e\:ltrn~os. Os effeitos que ella
Deos seja p raticavf'I' este postulado, produzia foraõ diifcrentes, conforme o
de que tanto depende a saude <lo cor· oaracter. e estado n10ral dos indiviàuos
po politico Brasileiro. empestados ; huns ficara ó furio.?.:os, co·
mo hum certo Sili:eira. , a q,ucm primeiro
* ·ii

.
( 58 )

atacou na Provintia de Tras-osMon- rub asse a Constituiçaõ , que ella i_nes-


t~; outros inteiramente muuos , de- ma detfendia, e mantinha, mas am da
maneira que naõ ousaraõ pro!'erir hu- cahisse no mais abjecto servi li smo ,
ma só palana; outros com falia sim, se outro tanto fez el1a aqui em me-
mas desgraçadamente privado s do jui- nos de seis mezcs? Naô se lembra.
zo, de sorte que só diziaõ asn eiras , que ella foi a que obri gou o S r. D.
como por exemplo - viva o R e!J a&- J oaõ V l. :::i. jurar a Constiwiçaõ, tal
soluto! De todos os seos effeilos porem qua l se fizesse, 110 dia 26 de Feve-
·o que mais me horriso u, foi o que ella. reiro, e que logo despois passou a
produsio em alguns Militares, e hum commetter hum- attentado taõ borrozo)
<lelles Fidalgo; os quaes , apenas fo- como o da Praça do Commercio?
raõ tocados do mal , perderaõ intre- Naõ se lembra que dahi a dias, que-
ramente· a figura humana, e conver- r endo levantar a excomunhaõ política,
teraõ-se em bestas, e taõ domesticas, a que se achara reduzida por aquel-
e ensinn.<las , que e llas mesmas se la atrocidade, foi no\'amcnle fazer a
roetteraõ no carro <lo Rei, e sem co- encami sada do dia 5 de Junho , e
cheiro, nem açoite, se pozer:1õ a tiral-o obrar na razaõ inversa d e tudo quanto
po.r longa clisl211cia; acçaõ esta de fizera? Naõ se lembra . tinalrnente dos
que o mesmo povo,·· apezar de enfer- incomrnodos, e d e;;gostos , que nos cau-
mo taõbem, se envergon hou tanto , que sou o infam e Avilez com o bando de
naõ ·quiz essa noute apparecer com salteadores. que e lte commn.ndava l
elles no theatro, aonde foraõ mui Logo naõ ha razaõ de espantar-se ,
ufanos congratular-se do seo novo e e quando a h ouvesse , deveria se~
heroico serviço. Que lastima, disse ante s do que passa por ce~· to agora;
eu comigo mesmo 1 Será possivel que e he , segun<lo corre, a nustura que
huma profissaõ taõ nobre , como a pertendem fazer desta. boa g ente com
das armas., te.Rha decahido assim do a nossa honrada Tropa. Dizem-me
seo primeiro destino? Que diriaõ os que para os nossos Batalhões já man.:.
Castres , e Albuque rqu es, e todos os <laraõ trez Ofticiaes dos Vaodaios,
antil$os Portuguezes, se podessem re- gue estiveraõ na Bahia, e que de-
~usc1tar· , e ver a qu e ponto de bai- sertaraõ do seu Corpo por 60~ r·eis, com
:xeza, e de hurniliac;aõ ha\·iaõ che- qLte se apontou a cada hum d e llcs.
gado seos descendent~s? - Outra vez Ora, prescindindo de ser esta. 0o-ente
de pejo morreriaõ ioim.iga nossa, ao menoi> bá bem pou-
Ao tempo em que eu eslava car~ co tempo, e de naõ devermo:; por
pindo-me des~a desgraç·a , eis que tanto fiar-nos della , ~ que caracter
chega hum amigo meo, homem sizudo ; podemos esperar que tenhaõ siwilban-
e sabendo o motivo da minha cons- tes indivíduos. que se deixaraõ com-
ternaç~õ, disse-me com muito socego, p1~~w, e trahiraõ o seo partido por
e sorrindo-se - Naõ se affiija, Sr. tao pouca cousa ? e He pos:iivel que
Fuaõ : o fim· primitivo da profissaõ hom ens des les tenbaõ patriotismO' e
de Soldado he, como todos sabem br.i~? Ent1eta.nt? ellcs vem preterir
deffender o Estado do s ataqu es exter~ M1~1ta1·e~ B!·asilciros, e honrados, que
!lºs, . e manter a tranquihdade no seu nao de1x ao comprar-se por dinheiro
rntenor, quando para isso he reque- nenhum; e ta_lvcz, talvez algum dia.
rido pelas au thoridades c omp e lentes, e appareça o Diabo, e os couviJc a
na fórma da Ley: para isto só he que to_mar as arm as contra elles, e contra
ella deve ~bed e cer a seos superio- nos. ~h ! meo .Amigo , no p.a iz ain<la
res; .·. para isto só he que a Na9aõ ha muito chum6ismo, e agora mais que
.lhe paga; porém·, quando se doslisaõ nunca: cumpre derretei-o, e do con-
deste dever , e exorbitaõ da esfera traria seremo:5 esmagados por clle.
ile seus destinos-, perdem toda a sua Ora eisaqui , Sr. Redactor, 0 .
alta nobre~a; porque entaõ facilmen- qu~ me <li sse o tal Amigo; se he
ie se prostituem aos caprichos de hum as~1m ou, naõ, julgue-o V. ru.; e se
Desposta. Porque se espanta V. m. b'.
<JUe. a Tropa de Portugal naõ so' der- ~u.1zer, pu. nque esta' no que me fará.
1a\ or. - Seo servo - o Tobayara.

RIO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL. 1823.


1\T. 15

QUINTA FE IRA 25 DE SETEMBRO DE 1823.

Tu voi.'J de ces liro11s la jureur despotique ;


Ils pensent que pour eux le Cidjit l' Amerique.
VoLr. ALzrnE.

,,ils:temb/~o. G ual Constituinte e Legislati· rer.er da Commissaõ de Cor,::;tituiçaõ


·L•a do bnpeno do Brasil. acerca da maueira rorque se discuti-
ria o Projecto de Com•tituiçe.õ: fala-
Sessaõ de. 11 de Setembro de 1823. raó alguns S rs. Dt•puta<los; o Sr. Ro-
drigues de Corvrrlho ofü_·rec('u uma emen-
da, que foi apoiada: falnraõ mais ou-
Presidencia diJ Sr. Earaõ de Santo Amaro. troa , e por ser <la.da a hora , fic ou
adiado.

hora~,
O Sr. Maia, Relator <la Commis-
FEITA a chamada ás 10 saé> de Legislaçaü, leu um Parecer a.
achara.ó-se preseutes 71 Srs. Deputa- cerca do requerimento dos negocian-
dos. faltando 7 . tf)s, em que pedem a revogaçoõ <lo
.O Sr. Prei.;idcnte declarou aberta Decreto <le 11 <le Desembro de 1822,
a Sessaó. na parte relativa ao sequestro <los bens
O Sr. Secretario D. Mmo , leu a dos habitantes do Reino d' Angola,
Acta <la antecedente, que foi nppro- e neste Parecer peué a Commissaõ
Yada com wna pequena aUeráçaõ. O que se t":xijaõ do Gon'!rno certas in-
Sr. Secretario JJ1aciel da Costa, leu um formações: foi approvado.
Officio <lo Ministro dos .Negocios <lo Leu outro sobre o· rcqtJerimc.nto
Imperio e Estrang~iros , em que dá de Joaó Gonçalves Duarte, em que pc-
parte , que tendo-se vcriticadu pelo <lc prorognçaõ de tempo para a ad-
Medico ./Jmarn Baptista Pereira , a ju:.. ministraçAõ <la casa do falecido Jose
fermidade do .Marechal <le Campo Luiz Teixeira de Mello, no qual se lhe
Paulino, e a necessidade Je seu de- concede mnis um nnno-; e por haver
sembarque, ffira este concedido para quem qnizP.sse follar sobre elle ficou
casa de seu cunhado o Desembarga.- adiado , e sobre a Mesa para os Sr1l.
<for .IJ11t011io Garce::, para onde fôra ar Deputa.dos o examinarem uté o d1a 11.
c9n1panha<l-0 por uin O.ilicia.l de Mari- O Sr . .llmujo Lima, Relafór da
nha, e que se officiára ao Ministro Commissaõ de éonstitnicaõ, leu o Pa•
de Guerra, para o fazer-. guardar, e recet sobre o n.º de D~putados, com
evitar toda a C'ommunicaçaõ com ou· que <.h~\liRõ haver Sessões d' Assem·
J ras pessoas fóra das da fatnilia; fi.cou bléa' declar:rnd o·SC a ReRoluçaõ to·
a Assembléa inteirada. mada a tal respeito em diversa épo-
Declar.o u znais , que na 1\!Jega se ca; e por haver quem quizesse falar
achava uma. parte de <loente <lada pe· contra ; ficou adiado.
Jo Sr. Araujo Vianna. Lev~ntou-se a Sess2õ ás 2 horzs.
Fntrou-se na Ordem -do dia.
O mesmo Sr. Secretario~ leu o Pa-
( 60 )

Sessaõ de 13 de Setembro de 182 3. teria urge nte, e propoz á. Assemb léa


se c onvinha , em que se prorogas-
Presidencia do Sr. Baraõ de Santo .!imaro. se a hora para ser lido ; e convin-
d o ella na dita proroga9aõ, o Sr. Se-
Feita a chamada ás 10 horas cretario Maciel da Costa, leu o dito
acharaõ-se presentes 68 Srs. Deputa- Officio, em que pedia á Assembléa.
clos, falt ando l O. providencias sobre a represen taçaõ do
O Sr. Presidente declarou aberta Governo da Província de S. Paulo •
a Sessaõ. que dava parte de üma conjuraçaõ ,
O Sr. Secretario Fernandes Pinheiro , e desobediencia ás Ordens de S. M.
leu a Acta <la antecedente, e foi I.. a qual conjuraçaõ tinha-se supri-
approvada. mido, e que fôra necessario mandar-
O Sr. Secretario Afaciel da Costa, se que a Tropa fizesse -o serviço mu-
declarou naõ haver expediente. niciada, e sobre o que o mesmo Go..
Entrou-se na Ordem do dia. vemo mandára devassar ; e sendo li.-
O mesmo Sr. Secretario, leu o Pa- dos todos os papeis, que acompanha-
recer da Commissaõ de Constituiçaõ raõ o dito Officio., decidia-se , que
sobre a maneira .de discutir-se o Pro- fosse tudo á commissaõ de J ustica
jecto de Constituiçaõ. O Sr. .llraujo Civil e Criminal , para dãr com ti'r-
Lima , offereceu uma emenda, O Sr. gencia o seu parecer , e sobre elle
França outra, e ambas fora·õ apoia- deliberar-se.
àas: falaraõ varias Srs. Deputados , e O mesmo Sr. Secretario, deu par-
julgando-se a materia sufficientemente te, que na Mesa se achava uma par-
àiscutida ; o Sr. Presidente poz á. vo- ticipaçaõ do Sr. Deputado· Francisco
taçaõ o Parecer tal qual estava, naõ Carneiro , de haver falec1do sua mu-
foi approvado ; e pondo á votaçaõ a lher , pedindo licen ça para conservar-
supressaõ da 1."' discussaõ <letermi- se em casa pelos dias de nojo: foi
na.da no Regimento, foi approvada. concedida. Igual parte se achava do
Poz mais á. vota9aõ a emenda do Sr. Carneiro de Campos que teve o
Sr. Rodrigues de Carvalho, foi appro- mesmo destino.
'Vada·; sendo em consequencia o Pro- Levantou-se a Sessaõ ás 2 horas
jecto discutido duas vezes ., e tendo
em cada uma dellas cada Deputado
a liberdade de falar duas vezes em
cada aTtigo. O Sr. .lllencar , e o Sr. Sessaõ de 15 de Setembro de 1823 .
.llndrada Machado, offereceraõ duas in-
dicações, que foraó apoiadas , e de- Presidencia do Sr. Baraõ de Santo .llma.ro.
pois de julgada sua materia sufficien-
temente discutida , póstas á votaçaõ Feita a chamada acharaõ-se pre-
foraõ approvadas, para que as emen- sentes 71 Srs. Deputados, faltando 7.
das offerecidas na V discussaõ do O Sr. Presidente declarou abe rta
Projecto só sejaõ · attendidas , quando a Sessaõ.
apoiadas por 10 Srs. Deputados, e as O Sr. Secretario Carvaliw e Mello,
offerecidas na 2.• devaõ ser apoiadas leu a Acta da antecedente , que foi
por 20 para entrarem em discus-saõ. approvada : alguns Srs. Deputados
O Sr. Secretario Macúl da Costa , mandar~õ á Mesa suas declarações de
leu a Procla_maçaõ feita pela Com- votos.
rnissaõ de Constituiçaõ : falaraõ contra O Sr. Secretario Maciel da Costa
algumas partes della os Srs. Lopes da leu dois Officios do Ministro de Guer~
Gama, Vergueiro, e Montezuma; foraõ ra, com a remessa de Officios dos
combatidos pelos Srs . .llndrada Macha- Governos das Províncias de S. Pedro,
do , e Ribeiro d'.11.ndrada; e por dar 2 e do Rio Grande do Norte,, sobre a
horas , ficou a materia adiada. creaçaõ de um Batalhaõ de, Milícias,
. O Sr. Presidente declarou , que e de um corpo para opposiÇaõ ás in-
tmha chegado á Mesa um Officio do cursões dos selvagens: foraõ remetti-
Ministro da Guerra, que continha ma- dos á commissaõ de Marinha e Guerra
( 61 )

D eu parte , qu e na mesa se a ch a. enganad o no systema q ue seguira:


""·a õ partici paçõ es de molestia dos Srs. mas n em por isso au guram os bem das
Deput ados R odrig ues Vel!oso, e França. -q ualidad es d o e leito. Ed ucado na es-
En lro u-se na Ord em d o dia. cola antiga , e sobret udo na do me-
O mesmo Sr. Sec retario , leu o moravel Ta rgine, de qu em todavia
P a re cer da Commissaõ de Constitui- naõ e ra amigo , e tendo summ a macie-
çaõ sobre o n.º de D ep uta dos , que za para deixar de resistir aos e mba-
dev iaõ fazer casa, a qual opin ou que tes d o .Poder , e da Lizonja , nos pa-
c om o d e 52, sem di stincçaõ de ma. r eceu logo , que elle. fari a r evive r o
teria, revogad a a cl elibe rnço õ com o detestave l reinado das abuzos, e pa-
ele 46' por cessarem as r asões , qu e tron a tos. Esta nossa suspeíta co nfir-
entaõ h ou ve: falaraõ muitos Srs. De. mou-se ainda mais com a fama vul-
putados, oífe reée r a õ-se emendas, e a gar , d e que a sua nomeaçaõ fóra
fi nal foi approv a do o dno P a re cer. s uggerid a, em grande parte, por Gor-
P assou-se á 2.ª pa r te da Ord em di lh o em re torno da escolha, que
à o dia. d ell e fiz e ra pouco antes o Minis tro
Cor.tinuar-se-ha. d e F as enda ~ para Membro d a Commis·
saõ d a G uerra , e d esde entaõ con·
cluimo s , que a sua a dm in istraçaó,
al ém de ser errone a e viciosa, seria
Em o n.• 8 d o nosso peri odico ta õbem conta minad a d o terrível con·
p ubli camos um a carta d e um de nos- tagi o do comp all rcsco , e N e opotismo ,
sos Correspondentes assign ado P ayagua po rq ue era mui na tural que S. E x.•
em q ue se fez a a na ly se d e varias fos se grato ao se u parente e p rotector:
Portarias , De.e retos, e p rocedi mentoS" mas vendo por outra pa r te qu e no
ào Ex.mo Ministro de Fasenda, com De cre to de 17 d e Ju lho deste anno
t anta perspicacia, e ao m esm o tempo se lhe attribuia, naõ equivoca Consti·
delicadeza, que naõ podemos deixar tucionalidade. suspendemos por um pou·
de elogiai-a , como um modelo per- co o nosso . juízo , e suppozemos que
feito neste genero de escritu ra. O seu S. Ex.• á maneira das serpentes, que
author , (quem q uer que ;;eja apre- se dizem largar a pelle quando ve·
senta n ell a. os erros , e aberrações do lhas! finha taõbem mudado dos tra..
Minis tro,. e as. suas vi olacõ es da L ei jes sújos do antigo e sempre detesta·
com t anta· pa r ticu l ar idad~ q ue nada do regímen, e que seria agora um dos
deixa a desejar. Naõ escapou á. sua mais firmes apoios do Imperio , das
penetra9aõ a mais pequena circuns- Leis! e da Liberdade.
tancia, por onde pod esse mostra1· a Enganamo-nos; e aprova é a car·
illegalidade, e perneciosa tendencia ta do nosso correspondente. D'ella se
dos actos .censurados, e isto sem mis- vê como, em taõ pouco tempo, o
tura de personalidades, nem o menor Ministro de Fasenda, commetteu erros
signal de ::i.crimonia. A sua penna, innumeraveis , vio1ou Leis existentes
só parece dirigida pelo zelo do bem em todo o seu vigor, e ressuscitou
publico, pelo amor da sua Patria, alguns a b uzos da passada Administra-
cuja desgraça fu tura enternece , e çaõ. O que mais nos maravilha porém
magôa sobremaneira o seu coraçaõ. foi o modo com que Ee occultou ao
E qual será o Brasileiro honrado, conhecimento publico os Decretos ana·
que naõ partecipe taõbem da sua lysados , nenhum dos quaes foi publi-
dôr, e naõ r epita com elle ; oh ! my C2.do no Diario do GoYerno , nem até
Contry ! j Oh! minha Palria ! o presente tem visto a luz do dia,
Quando chegou a nossa noticia , talvez por suppor-se, com bastante
a nomeaçaõ do actual Ministro de fundamento, que crão menos dignos
Fasenda, folgamos c1e alguma sorte di950 ; mas em fim o genio cla desor-
com ella , por .ser o nomeado Brasi - dem , na linguagem carcundatica, lá
leiro , e desmentir-se por este act o os foi d esen terrar no la.b erinto do The·
uma proclamaçaõ, em q ue se p e rten- sou ro, pa ra- os apresentar em publico,
<lia inculcar a S. M. o Imp erador p or com todas as cores dos seus pernicio·
~ ii
( 62 )

sos effeitos. E' certo, qu~ ~ste aconte- deixar lezar as Rendas Nacionaes ,
cimento naõ abala ao Ministro censu- com desdouro da sua reputaçaõ? Mas
rado; a sua ~lma superior a esse des- esta lezaõ, <lir-se-ha., nada avulta:
prezivel boato, que se chama opiniaõ todn.via clla naõ é taõ peq ucna, que·
publica foz ·mui pouco caso dos nossos naõ passe de 600$000, porque mui-
brados, e clamores ; mas quando o tas pessoas ha , que <la ria õ pe1a casa ,
Thesouro esti\'er exhaurido, quando se fosse a praça mais de 800,$000;
os Militares," e Empregados publicas e esta maioria de preço que no giro
gritarem, que naõ tem que comer, de alguns annos vem a montar em
quando a nascente Marinha taõ neces- alguma coisa ~deve-a por ventura per-
·saria ao Paiz , fôr posta em abando- der o Thesouro? Naõ seguramente.
no, por naõ ter meios para susten- A isto accressc outro mal feito pelo
tar-se , quando o emprestimo projecta- Mini1:tro, e é, que de ve ndo mauclar
<lo se naõ poder realisa r, 2 quantas correr o vencimento do aluguel des-
vezes naõ dirá S. Ex.ª em seu cora- de o te mpo em que Gordilho occupa
çaõ que nós tínhamos ra~aõ? ~Como as ditas casas, mandou pelo contrari <>
nao tremerá entaõ das fataes conse- mui expressa e dczignadamente, que
quencias, qu e· semelhantes males cos• corresse do primeiro de Maio em
tumaõ produzir? Em todos os Esta- dian1e , com que se veio a perder
dos, as con~lsões políticas, nasce raõ a renda <le bastante tempo, que ser-
·sempre da falta de dinheiro: ·e esta da via. para pagar os soldos de um Mi-
má administraçaõ , a qual nunca po. litar honrado , de un1 -Professor pu-
de ser boa, quando naõ tem pôr nor- blico, ou de outro qu::tlquer Empre-
·te o interesse publico, e naõ o par- gado, que tenha feito rnai!:l serviços
ticular. ~ E quem negará este defeito ao Estado, e seja mais pobre que
a do actual Ministro? Sin·a-nos de Gordilho: mais e· corno hacle o .Ministro
.argumento, alem dos actos já analysa- 'f>UStentar-se no .Ministerio , e dizer
.<lcs , a Portaria de 4 d' Agosio , em affoitamente que naõ faz caso das nos·
-que S. Ex.ª com o maior escandalo , sas queixas se naõ grn.ngcar á custa
-e como de propozito , para confirmar da Naçaõ o apoio de um Aulico?
-0 rumor publico, <le que a cima fal- Cidadãos Legisladores gÓ YÓs po-
lamos, manda conservar na casa da deis salvar-nos do terri\'el abismo ,
rua do Ouvidor n.º 137, Francisco em que nos vaõ sepultando taes Fun-
Maria Gordilho V cllozo de Barbuda, ciouarios publicas: os seus abuzos e
Gentil Homem da Camara de S. M. I., aberrações cslaõ assás patentes e pro-
pelo aluguel a nnual de 240$000. Mui- vados ~ E Vós no entanto dormis ?
to tínhamos que ponderar a respeito .De g u·e nascerá este vosso silencio?
desta Portaria , e das relações de §e naõ tendt>s fo rça bastante para
parentesco, que ha entre o Ministro manter a digni<laJc dos yossos Repre.
que a referendou, e o individuo nel- sentados , cnlrrõ naõ nos enganeis:
la contemplado ; mas passando em mas; se a coragem ela vossa alma
silencio esta ci rcunstancia, seja-nos iguala á liberalidade dos vossos prin-
licito perguntar a S. Ex.• se o 2 alu- ci pios, vede que cm vaõ trabalhaes
guel desta casa foi posto em praça , por cstabelecclos, se iiaõ acostumar-
como de\' ia ser? Dir-nos-ha que naõ, des a observancia. dellcs os scl'.ls Exe-
mas que foi avaliado no Juiso dos Feitos cutores. Em politica como em mo-
da Corôa e FasenJa. E, ~quem naõ sabe ral é mister uma eclucacçaõ ; só por
como saõ feitas 1aes avaliacões, e co. ella se grava nos corações <los Ci--
mo era de supôr que o fosse a de
J
dadãos o afferro as maximas Consti-
que se trata? 2 Acaso o poder e influen- tucionacs, e o respeito as Leis; e
cia de um Aulico do Imperador naõ sem estas virtudes, a vossa ohra,
era bastante para offuscar o entendi- por melhor -que seja, cair:í infallivel.
mento de miseraYeis Avaliadores, quan- mente, e nós nnnca teremos mais
do o foi para arrastrar o Ministro a do que uma liberdade nominal.

RIO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL. 1823


N. 16

SABBADO 27 DE SETEMBRO DE 1823.

Tn vais de ces tiran$ la .furcur despotiq11e ;


Its pensent que pour eu;i; le Cid fit l' Amerique.
VoLT. ALZIRE.

Jissembléa Geral Constituinte e Legislati- tario ficou de no dia seguinte appre·


va do lmperzo do Brasil. seutar a copia do dito Oflicio. Apre-
sentou mais o Sr. J~ontezuma outra in-
Contiliuaçaõ da Sessaõ começada no .N. 15. dicaçaõ com a certidaõ das Portarias
do Ministro de Guerra, que determi-

O Mesmo Sr. Secretario, leu o Pre-


~trnb1Üodo Projecto de Constituiçaõ: fal.:.
náraõ a entrada de 3 Officias Lusita-
nos, que na Tropa do General Ma-
deira banharaõ suas mfios no sangue
laraõ sobre clle muitos Srs. Deputados; Bahianno; p edindo que fosse á Com-
otfereceraõ-se emendas, e acl<litamcn- missaõ de Marinha e Guerra, para
tos, e a final foi approvado, regcita- dar o seu parecer á, cerca de taõ ex•
daH todas as emendas e additamentos, traordinaria medida: fallaraõ muitos Srs.
menos o do S1·. Silva Lisboa , que Deputados a tal respeito ; e o Sr.
contem o dever-se pôr antes <lo dito Henrique de Resende declarou que um
Prcambulo - Em numc <la SS. Trin- d'ellcs pertencera á Tropa, que este-
dade - Padre, Filho, e Espirito Santo. ve em Pernambuco, com a qual fôra·
Leu o 1.º Artigo : fallaraõ muitos expulso, e que cm Portu~al se offe-
Srs. Deputados, offereceraõ-se emen- recera para Yir contra a Bahia: man-
das; e por dar a hora ficou ad<liado. dou-se tudo á dita Commissaõ para
O Sr. .11.raujo Lima leu o Pare- dar seu parecer com urgencia.
cer da Commissaõ de Redacçaõ , em O Sr. Fernandes Pinheiro , appre-
que approva a proposta do Redactor sentou um requerimento para se Qf..:
do Diario, qual o de principiar nova ficiar ao Governo , a fim de expeJir
numeragaõ nos Diarios de hoje cm ordem ao Governo Provisorio de Goyaz,
diante, visto que o Pnblico é inte- para providenciar as invasões de ter-
ressado em saber as discussões do renos dos limites da Província cm lu-
Projecto de Constituiçaõ, o qual se gar que confina ·c om os nossos visi-
retardaria muito, se se esperasse pe- nhos do Sul: foi approvado, ordenau-
los Diarios antecedentes , ficando a. do-se que se officiasse.
seu cuidado o acldiantamento daquelles; O Sr. Secretario JWaciel da Costa,
que formaráõ um volume separado até deu parte de achar-se na Mesa um
o <lia antecedente: foi approvado o Otficio do Ministro da Guerra, e o
Parecer. leu: n'elle participa de que o GoYer-
O Sr. .Monte:uma, fez uma indi-· no Militar . de S. Paulo officiára naõ
caçaõ á cerca da rnanei1·a com que haver circunstancia atternliYel n'aquel-
o Sr. Secretaüo officiou ao Ministro la Província, e que por se conhecer.
do Imperio, sobre o desembarque do da devassa principiada, que apenas
Marechal Luiz Paulino; o Sr. Secre- havia rivalidades , se manclára sus-·
( 64 )

pender. O Sr. Jlfa ia, Relator ela. Com- pl icava a sua. vista para descobrir,
rnissaõ de Legislaçaõ , leu o Parece r mortlcr , e J csafinr a a tle nçaõ do Go-
dado sobre o Officio da supposta. con- Yerno sobre essas pre vericaçõcs: lá
juraçaõ, opinando que naõ era objc- estava o p:itronato ao red or do Thro-
cto da Assembléa, porque o Governo 110 ill udido, e c ub ria tudo com o seu
tem todos os meios marcados nas Leis espesso veo , calu mniando ainda po r
existentes para casos taes ; e posto á cima a p ureza L1a ve rdade com os feios
votaçaõ fo i approvado , e que nesta nomes de mentira, de paixões , de
intelligencia se respondesse aó dito inim isades particu lares, fi cando assi m
Ministro. triunfante a p revcricaçaõ , e opprimi-
Levanto u~se a Scssaõ ás 2 horas. <l a e ludi b ri ada a honra, e a virt ude.
Veio o passa do Ministerio , e so ube
aplicar á Heparti çnõ um ba lsamo taõ
a dequado ú. molestia, que quasi. che-
Em o nosso n.º passa<lo invocámos <Yaram a fechar-se os invetarado.:; can-
<>s Illustres Srs. Deputados, para que ~aros que a tinham qtiasi reduzido aos
nos salvassem do terrivel abismo em ultimos paroci~mos: derramou-se por
que estavamos prestes a cair pelos todos os seus membros um vigor vital ,
abuzos e aberracões Ministeriaes ; e qual nunca tinha sentido: os empre-.
o fizemos com ã'Igum vigor, a<lmira- gados craõ mais exado:3 no cumpri-
r ados do silencio com que , a sangue mento e fi<lelicla<le dos seus deveres ,
frio , se deixavaõ passar impunes tan- e os agentes do commercio menos ou-
tas infracçôes dos princípios Constitu- sados em suas opera~ôes e tentativas
cionaes , e outros procedimentos , com sinistras : porem cessou esse Ministe-
tendencia perigora a barulhar-nos rio, e as melhoras desappareceram, .a
n'um cahos de miserias e desgraças : enfermidade augp1enta-se a olhos vistos,
mas hoje só temos de render graças, voltam os mesmos abusos, e a doce
e derramar bençãos sobre o Sr. Mon- Paz, esta ·virgem celeste , unindo Em·
tezuma, que com bastante coragem , pregados e agentes dos commerci an~
energia de animo, tem feito algumas tes em doira<los vinculos, tem condu-
)nd ic;;i.ções contra varios actos anti- zido áquella Repartiçaõ dias serenos
çonstitucionaes do Ex.mo- Ministro da e de contentamento.;
Guerra e outros: tributamo;; portanto Ditosa condiçaú , ditosa geme!
a este valente Campeaõ das nossas Para que se naõ diga que falla-.
liberdades a devida homenagem dos mos á toa , passamos a referir o se-
nossos louvores, e muito estimaria- guinte facto.
mos que o seu exemplo fosse imitado O Sr. Maycr, Escrivaõ da Mesa
pelos outros seus honrados collegRs, a Grande , servia. de Juiz em o dia rn
fim de que o medo do castigo conte- deste mez; e determinou ao Porteiro
nha áquelles á quem já naõ pode que deixasse sair uma porçaõ de vo-
refrear o simples receio da opiniaõ lumes, sem estarem ainda legalisadas
publica. os despachos destes mesmos volumes.
O Porteiro impugnou , como devia ,
obedecer á ordem arbitraria, e talvez
ALFANDEGA. mais alguma coisa ., do Sr. Mayer ,
tanto pela falta da legasiçaõ dos -des-
Esta Repartiçaõ foi sempre até pachos, como porque era passada a
1821 a cloaca das prevericações e a- hora do costume, e ja tinha saido a
busos mais escandalosos , e de todo o maior parte dos Officiaes, inclusive o
calibre. Era em vaõ que um ou outro Administrador. ~ Que expediente cuida
homem de caracter probo , de cujo o Publico que tomou o Sr. Mayer?
I)umero se pode dizer o mesmo que-- Eil-o aqui: manda a um Guarda que
cantou o Epico Latino - .rlparent rari confira os volumes , e que no outro.
n,antes in gurgite vasto - alçava a sua dia se concluísse o despacho ; o que
voz; em vaõ a jus-ta censura afiava o. assim se executou!!! -
dente ,. e a indaga.çaõ perspicaz ap- Nó3 suspendemo!'! o nosso juiza
( 65 )

:mbre ás interpretações que se podem "'/}fartin para uso da Fi·aga!a .!lma:zona •


.dar, e conclusões qu e se pod e m e outra de l O d'.11.bril concedendo iguulmen-
tirar deste fact o : só rogamos á Pro- te , livre de direitos , o despacho e desem-
videncia haja de collocar aquelle Em· barque de cem barricas de .farinha da Fra-
pregado ein Luga r, onde possa dar gata Franceza .flstrea para fab rico do
m aior extensaõ ao ;1;elo ard e nle que o paõ necessario para a Divisaõ do com-
~mima a favor da fazenda Nac i on~1 , mando de Mr Grivel ! Supponhamos que
e inteiro desempenho cJa Lei, e das as Portarias do {'X -Ministro estaõ em
s uas obrigações. O seu nome é taõ i<lentidaLle de circun stancias com as
conheciao e · recommendavel, que só e
do Ex.m Ministro actual: pode jamaia
0

por si dilucida o ponto mais intrin- servir ele juslificaçaõ a quem obra mal
cado em casos similbanles. o dizer que assim praticou tambem o
seu antecessor ?
Alem disto n:J.Õ ha paridade de
Resenha. ana!ytica dos Petiodír.os da motivos, ao menos a respeito das cem
Corte, Ja semana passada. barricas de farinha; eutre o facto de
Abril e o d'Agosto. Naquelle naõ hou-
Tis hard fo say , z/ greater want of slcill ve graça. O Comman<lante da Divisaõ
.!lppear i·n writing or ú1 juJging ili; requereo que, lendo-se quebrn.<lo o
But of the two, lcss dangerous is th' ojj'ence forno da Fragata Aslrea , precisava
To tire ow· patience, thcm mislead our scnse. desembarcar a sua farinha para fabri·
Pope. Essay on Criticism. car em terra o paú do consummo da
Divisaõ; o que se lhe concedeo, naõ
O Correio da semana passada vem sendo justo que pagasse direitos pelo
com a correspondencia do costume : accidente de se lhe quebrar o forno,
. ler um , he ler todos, com pouca dif:. e naõ pod e r fabricar o paó a bordo •
ferença: rec riminações sempre as mes- .Kote por ultimo o Sr. .!Jprendiz
mas, sempre incignificantes , e mise- que dar livre de direitos uma ou ou-
raveis, e sempre exageradas contra os tra coisa por motivos que pareceram
ex-Mi·nistros Andraflas, e a Folha vai plausiveis ao Minit:iterio, (o que intei-
andando. Adm iramos tod avia a habili- ramente reprovamos seja feito por
dade com que o Redactor daquelJe quem for) naõ tem comparaçaõ ne-
digno Periodico descobrio o modo <le nhuma com a latitude em que foi con-
publica r uma folha diaria com taõ cebida a Portaria do actual Ex.mo Mi-
pouco trabalho se u: eis-aqui quando nistro <la Fasenda - e outro sim que
bem se verefica o revelasti ea parvulis. em casos iºdenticos naõ se ponhaã embara-
Principiando pois a folhear a cor- ços - : olhe que esta circunstancia naõ
r espondencia do Correio vemos em o he de desprezar.
N. 0 37 contrariada pelo Sr. -Jlprencliz Passando a ler o N. 38 vemos uma
uma carta a:osignada pelo Sr. Payaguá, carta ao Redactor remettendo-lhe, para
e inserta em o N. 0 8 do Tamoyo. Tra- o · publicar, o manifesto do ex-Depu-
ta esta ultima carta de varios erros, tado a Lisboa Feijó, formando-se quei-
e abusos commettidos pelo Ex.mo Mi- xas nella de que o ex-Miiiistro do Im-
nistro da Fasenda, numerando entre perio careterizara ao dito cx-Deputad()
elles a Portaria que ordena se despa - de Demagogo , Anarquista &c. por
che livre de dfreúos o café , assucar &c. causa desse Manifesto. Logo <lepoi:;
pam o fornecimento da Fragata Franceza da referida carta, encontrámos o elo-
.llstrea; e outro sim que em -cacos i"den- gio que lhe faz o Barata, e desde
ticos naõ se ponham embaraços &e. Ora entaõ previmos que o ex-Ministro na;)
muita galantaria achamos no modo com tinha julgado mal. Com effcito uaõ
que o Sr. ./J.ptendiz desculpa o seu sendo possivel fazermos aqui a analy-
Ministro, apontando para defeza del- se daquelle manifesto, dizemos so-
le a Portaria dos Negocios Extrangeiros mente que as suas doutrinas Políticas
de 19 de Fevereiro concedendo livres de saõ pouco sãs, e o seu Author um
direitos o despacho de 8 tubos de chamimé dos partidistas do .systema de fede~
tindos do Havre na. Galera Franceza S. n1.s:aõ.
* ii
( 66 )

Algumas verdades enc·ontramog tirem ainda em varias Repart.i ções ,


em a primeira carta do N. 0 40 , e por exemplo no Banco, as Armas
algumas falsidades tambem de mistu- de Portugal. Como aqueHa denuncia
ra com ellas. Sr. .llmante da Patria nasce de sentimentos puros, he para
o Rio de Janeiro he o coito dos ve- agradecer.
Uiacos ; nisso estamos conformes, mas Respondendo ao que nos dirige
naõ aprovamos o seu voto a respeito o Redador da Sentinella em o refe-
de Paulo José de Mello. O do Re<la- rido N. 0 1 cumpre-nos observar-lhe que
ctor do Correio he sensato ; e se va• foi um correspondente , e naõ os Re-
lessemos de alguma coisa, pediríamos dactores do Tamoyo, quem declarou
a,..quem compete ,. que praticasse com naõ serem , nem p oderem ser os .llndra-
elle o mesmo que elle aconselha., e das , nem por elles propag adas as doutri-
com rasaõ e justiça , para os mais. nas da Sentin ella. Porque as doutrinas
Deixando as accusações vagas do da Sentinella saõ oppostas aos princi-
Sr. J oaõ · Gomes Xavier passamos á pias dos Andradas ; segue-se por v_e n-
carta que trata do acto do ·J uri. Quer tura que o sejam tambe m ás nossas
por forca o author desta carta que humildes opiniões ? Se e m principios
fosse co~demna<lo o Padre G. P. T. políticos 'alguma co1sa divergimos ; mar·
·pela doutrina de orna que se publi· chamos muitas vezes conformes em es-
cou em o Diario do Governo N. 0 124. pirito de Nacionalidade e Independen-
Qual fosse a sua defeza naquelle cia Brasileira. Quanto á decla,raçaõ de
acto , nós o ignoramos , porque naõ qu.e estimámos, ou fingimos estima r, as
assistimos a elle ; sendo com tudo ferramentas cujusdam generis ; declara-
certo que na carta naõ existe coisa çaõ com que parece reprehender-no~
por onde com justiça se lhe fizesse do que dissemos em a nossa Resenha
culpa. He notavel tam bem que des- do N. 0 1O , esperamos nos diga em
cobrindo o author da carta do Cor- que tempo isso aéonteceo.
réio culpas i1o cartorio ao Tamoyo , Pelo que respeita ao seu N. 0
e Sentinella, nenhumas visse das· que Extraordinario, sentimos bastarüe pra-
tem o Redactor a quem ditigio a sua zer em que victoriamente refutasse
carta ! Quando as paixoes nos ajfectam , as assersões do Correio ; naõ julga-
Sr. Leitor constante , he dijficil ver a mos porém justo que o Sentinella
-verdade. Em os futuros N. º' teremos queira regular pela sua Naçaõ as
lugar de dizer alguma coisa sobre a praticas estabelecidas em Nações es.
nalyse feita ao Projecto da Consti- tranhas, como diz em a primeira Nota.
tuiçaõ. do mesmo N. o : alem de que foi cer-
Lastimando, como pede a huma- tamente enganado pelo sujeito que o
nidade, o caso que refere um dos informou sobre as proprinas que paga
correspondentes do N. 0 16 da Santi- qualquer Diploma de Consul Geral.
llella; coinci<lindo em opiniaõ, e dan- Em resposta ao que nos dirige
do louvores com o .llmigo da Verda- o SJlpbo em o t1eu N. 0 diremos que
de aos bravos Officiaes da Marinha estamos cada vez mais convencidos
Ingleze.s, que abraçaram o nosso ser- de que tem a vista · curta , porque
viço ; estranhamos que o Btasileiro naõ só naõ distingue a differença en-
desconfiado se admire de que a Forta- tre o Tamoyo , Malaguetata , e Cor-
leza naõ fizesse signal de navio es- reio; mas até naõ encontra no mes-
trangeiro, antes de fazer o de navio mo Tamoyo , se naõ a descoberta
Portuguez , porque naõ he este o -O.e que o Correio he gordo: e elle
costume a respeito dos outras Nações; Sylpbo curto da vista.
ao mesmo tempo que naõ repara exis-

RIO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL. 1823


N. 17

TERÇA FEIRA 30 DE SETEMBRO DE 1823.

Tu vois de ces tirans la .fureur despotiqne ;


lts penaent que pou; eux te Cicl jít l' Ámerique.
VoLT. ALZIB.E.

l
'NO Diario tlo Governt> n.º 61 vem
úma carta <lc Philoordinis, que merece
5~que de capitaes e ge·nte, naõ esca·
pa á ninguem; mas; ~ tambem é na...
nlgumus observasõcs do Tamoyo, na da na balança o espírito de hostili·
parte que lhe diz respeito, por ser , dade que os Portugue:zes conserv~õ
tlO menos quanto ao Tamoyo i escrita aos Brasileiros , senaó todos os Portu:-
com a polidez dos litteratos, aos quaes guezes ; ao meno:;; grande parte ? ~E'
taõ somente replicará. o Tarnoyo de n ada a improbabilidade de que interes-
<>ra em diante. Bem que In<lio, e pou- ses hostis contribuaõ á consolidaçaõ da
co acostumado aos àrrebiques da a[.. independencia do Brasil? ~E' nada o re-
fectada civilisaçaõ, trabalha o Tanwyo ceio justo, que nos deve causar o des-
por conservar a natu1•al polidez, filha corítentamento dos Portuguezes obriga~
da. banhornia e benevolencia. Espera dos a reconhecer como Lacedemonios, e
:pois o Tamoyo que Philoordinis se naõ até á ceder o leme dos negocios, aos que
agaste pela diversidade de opinões , outróra olh::!vaõ como Elotes? ? E' na·
e até por um reparn qne vai a fazer da o bem entendido patriotismo, que
sobre o nome, com que a:ssig;na. sempre animou os Poriugue·zes, e que
A um lítterato, como Philiao·rJi... naõ poderá cdnsentir desejos da pros-
iiis, naõ sei como escapou a feia mis- peridade d'um paiz quando elle en-
tura <le duas ling-uas na compozlçaõ volve o abatimenta daquelle em que
oc um nome : ,; naõ é isto restabelecer· nasceraõ? Com todos estes motivo:;
o cahos na liitcratura? ~ Naõ podia <le desligamento, 2 como conseguir a
ser a com1)ozicaõ toda Gre()'a?
J o Creio cohesaõ <le Portuguczes e Brasile.iros?
que Philocosmo, ou Philota.r:eo, ou me- ~Como ao menos conceder em igual
lhor Phileuta:tias, correspondia bem a gráo a mesma confiança a uns e ou-
á Philoordinis , e enxotava a confusaõ. tros? Sr. Philoordinis , desejar a uniaõ
Passemos á doutrina de Phi!iordinis , entre Portuguezcs e Brasileiros , é
cm quanto se oppoem á do Tamo110. d'um philantropo; trabalhar para ella,
Jamai5 o Tamoyo pregou, nem é louvavel; crer na sua practicabili·
}Wegará n cxtermim1çaõ de povo al- dade, e pPrfeita c xecuçaõ , ao menos
gum, e rncllos a dos Portuguezes; mas na actual fcrmentaçaõ, é quimera de
uma cousa f querer exterminallos, e theoristas insensatos.
outrn naõ julgar a propozítaJ.o a sua O Exemplo que trouxe dos Esta-
perfeita igualdade em direitos políti- dos Umclos nada vem ao caso; outro
cos com os Brasileiros; ao menos pa- era o systcma colonial da Inglaterra,
-r a todos os casos, e t1urn11te a crise e outro o de Portugal e Hespanha :
actual. A uniaõ é percisa entre os a Incrlaterra contentava-se com mono-
lrnbitantes de um paiz; apregoalla, é polis~r o commercio das colonias , e
trabalhar para o bem do Brasil: ~mas isto com muita frouxidaõ e cxcepções;
é ella facil? ~Quem o podera crer! Os .mas naõ abarcava a legislaçaõ e
Jnales de expatriaçaõ forçada dos Por- governo; embora fosse reconhecida em
tuguczes saõ visiveis; a fraqueza con- theoria a suprcmazia do Parlamento
flequeute do Brasil, com o continuado .sobre as Assemblcas coloniacs, em pra-
( 68 )
fica quasi nm1ca apparecia; ~ia pois sangue csinmgei1·0. Todos 8abe-m queo
·natural que os Inglezes vindo de no- o crusamento das ,raças me1ho ra-as;
vo ás colonias tomassem o espírito da e naõ as d eteriora ; e se da mistura
sua nova situaçaõ; cada uma das co- de sangue viesse o abastardamento 7
lonias quasi que formava um estado f. que se poderia esperar de Portugue-
separado; os seus habitantes era na.. zes em Cl.ljas veias circula o sangue
tural se penetrassem d 1um espírito pro• dos Celtas, Gallos Berbers . Getutos, .!Vü-
prio á taes circunstancias ; foi pot m.idos, Iberos, Sarracúws, índios e Negros?
isso facil a separaçaõ , foi por isso Naõ é prudente injuriar, bem que co-
faci! a uniaõ entre partes já amalga- bertamente, e iujuriar com crasso er-
madas, e que finhao maior affinidade ro philosophico a J\"açaõ, que se quer
electiva entre si ., do que entre os mais conciliar.
elementos , . que se lhes apprese11tas- Mas an:-umenta
o
Philoor<linis em
"i>em. Toda-via ainda ahi houve a pn1- forma para provar o direito, que tem
dencia de sena-õ empregarem os In- os Lusitanos a pertender empregos no
glezes com a prodigalidade com que Bi·asil. Os Lusitanos , diz elle . que
-entre nós se empregaõ Portuguezes ; de coracaõ abracaraõ a Causa do Bra-
um ou outro apenas , um Lce , um sil, saõ" taõ Br~sileiros , como os que
Gates, figüraÕ nas paginas da histo- nasccraõ no Brasil; e como taes po-
ria d'aquella separaçail; e advirta-se dem pertender os empregos. E' falso
que a nomeaçaõ <lo Poller NaciGnal ·e ste raciocino: os nascidos fóra d'urn
naõ podia ser attribuida á parcialida- paiz naõ saõ os mesmos que os nasci·
de. Eraõ Americanos por nascimento dos n'elle, nem a Divindade pode fa.
-que empregavaõ a poucos Inglezes. Aqui zer este milagre : o que se quiz di-
S. M., bem que amado por nós, bem que zer, e no que concordo com modifi.
por nós escolhido para guiar-nos na cações, é que os Portuguezes que a-
grande obra da lndependencia, a nin- braçaraõ a Causa do Brasil, devem
guem escapa que nascido entre os que ser considerados como Brasileiros
por gosto seu saõ nossos inimio·os 0
, é por nascimento; mas taõ sómente os
muito possível naõ tenha de todo morta que de todo o coraçaõ o fizeraõ. ~E
a incl~naçaõ aos seus patricios antigos; quaes foraõ ellcs? Em trez classes se
e duh1 qualquer testemunho de con- podem dividir os Portuguczes habi-
fiança á elles dado se antoll:ia áos tantes do Brasil ; os que se declara·
Brasileiros prova de aborrecida par- raõ â fuvor d a causa da Independen-
cialidade. Longe de mim querer atar cia, os que se declararaõ contra , e
as mãos a S. M., mas repetir-lhe que os que ficaraõ neutros. A primeira classe
a sabedoria política. Lhe a conselha se subdivi<le em outras trez oraens; a
a economia em tacs promoções, fal-o- 1." dos que convencidos da justiça dét
hei com voz de clari1n, e sem cessar, nossa causa e preferindo a causa <la hu-
segundo o conselho da Escritura - manidnde á da sua justa palria, renun ..
clama, ne cesses; e.wlta, quasi tuba, vo- ciaraõ á ella, e se agg1·egaraõ á nós;
cem tuam - naõ é a exclusaõ que pre- a 2.• dos que , ainda que incapazes de
go, é a prudente dispensacaõ , que sentir a nossa justiça , todavia naõ po·
naõ aliene de todo os já de~confiados <l endo abandonar o pmz cm que ti-
Brasileiros. nhaõ propriedades e interesses , se
Sr. Philoorclinis, se naõ nos apre- viraõ forçados a abraçar a Causa, que
catarmos, os males que tem dilacera- naõ amavaõ; a 3.ª <laquelles que naõ
do a Am?ric~ outr'ora Hespanhola. , amando o Brasil, nem mesmo possuin-
·c staõ-nos 1mmmentes; partilhamos com do aqui bens, olharaõ com tudo para
elles , os mesmos sentimentos e ideas; o novo campo, que se abria a sua
cansou-se entre nós o governo antigo, ambiçaõ, como engodados) e antepu-
como entre elles, em desenvolver o zeraõ o seu hem in<liYidual ao geral
scisma entre as Provincias , e entre de Portugal, que lhes naõ tocava tcin-
as diversas raças de habitantes ; eis to; fixando-se , ao menos temporana...
a origem da alienaçaõ por naõ dizer mente, aonde esperavaõ medrar, e
avers~ü., que ile .tem os Emóoyaclas e renunciando á uma patria , que nada
J!rast~eiros, a qual é a mesma que se podia of!erecer de vantajoso ú sua in-
tmhao os Chapetones e Cri'oulos nas an- significancia. Ora cuido que das trez
tig~s colo~ias Hespa~holas. Naõ é pois primeiras classes de Portugue.zes a
ph1!osoph1co , e mmto menos liberal segunda é por si excluída, e a
e prudente, attrihuir ii;to á mescla do terceira , embora, seja tolerada i e ja~
( 69 )

mais p erseguida, naõ será, nem mes- segundo PhiÍoordinis. exc1uidos d.e can-
mo por Philaordinis considerada como didatos de empregos no Brasil. i Quem
os Brasile iros d e n ascimento. Quanto se fia rá nos que calcaraõ os deveres
á prin1eira élasse ·, creio tam bem que p or servir ao interesse ? ~Quem q ue-
é de necessidade faz er distincções. rerá entregar-se nas mãos ele ambi-
P assemos porem a consequencia q ue ciosos , que p ospozeraõ o amor da
tira Philoordinis do seu principio, q ue patría a o desejo de adiantamento e
os Portugue zes t odos estab elecidos no promoções ? Q uanto ao q ue p or p rin-
Brasil pode m pertender todos os em- cípios d e justi ça se nos uniraõ, outra
pregos. . <lev e ser a decisa õ ; saõ dignos de ser
D e ser Brasileiro , se naõ segue empregados no Brasil ; ele taõ nobres
como cónseau encia nec essaria, que se sentimentos naõ ha que recear trai-
possa pertender, ou que se deva a dmit- ç aõ. ! Mas qu aõ poucos saõ estes !
ti e a igual eligibilidade ou nomeaçaõ Em q uasi todos os h omens o amor
aos em pregos pablicos. Naõ ha Naçaõ <la P at ri a toma o l ugar de todas as
·arguma , que naõ annexasse o gozo mais virtu des : naõ é patranha que
d os direitos políticos á; alguma c on- o c oraçaõ sempre nos inclina á fa-
<liça õ mais ale m d a naturalidade. A vorec er os .interesses do nosso paiz ;
1nglaterr"a, a Fra nça &e. , exigein c er- é antes verdade ant ropologica , é
to ren dimento t irado d e propr iedacle sehtimen lo natural, bem que robo-
pura ser-se cidadaõ perfe ito ; e q uan- rado p elag instituições polí ticas : no
do se naõ poss uc este re q ues ito , ape- mcio d as cleli cias da ilha de Circe
}>ar de ser-se cidadaõ Inglez ou Fran- olhava o he ro e d a Odissea com sau-
cez, se naõ pode occupar ce rtos luga res d ade p ara o fumo , q ue se erguia <la
<.le confianca Nacional. Ora sendo isto p eq ueua e agreste Itacha. R eleva naõ
c om os Ti-iesmos nascidos n o paiz ; te r folheado o coraçaõ hu mano para
i. como naõ seria abs urdo soltar os 1gnorar lima verdade taõ comnrnm ,
nova1nente aggrcgados das peas, que e q ualificalla de patranha. Ainda bem
ligaõ os nativos ? Em Genebra os que naõ é patranha essa caridade
naturalisados, que se dominavaõ ha- q ue nos acarinha a patria ; é esse
.f; i.ta~1tes; e nem mesmo oB seus filhos, sentimento que ennobrece a nossa na-·
q ue tinhaõ o nome de nativos , goza- tureza, foi o que distinguio os Gregos e
v a õ em toda a plcnetude d os d i re~· os Romanos, o que ainda distingue os
tos politicos; e1·a perciso que na se· povos peninsulares, H espanhões e Por-
gundn. geraçaõ ~·tdquirisse o titulo de tuguezes; e que jamais será por mim
har,çuezes, e com elle o iuteiro gozo d'es- censurado, embora difficulte a amalga-
ses° direitos. O mesmo succecle na Ingla- çaõ com nosco dos Portuguezes mais
terra., aonde tanto aos naturalisados, honestos. Existe pois, e para mostrar a
como ainda á seus filhos , é vedado força da sua acçaõ naõ foi mal tra-
o accesso á certos cargos de confian- zido o exemplo de Themú tocles. O
ça, como Representante Nacional , Tamoyo naõ ignorava que o fim de
Conselheiro privado &e. Thernistocles era contestado, como
Em regra para occupat-se etn· muitos outros pontos da Historia anti-
pregos é mister ter-se aptida õ , e ga; mas segui o a opiniaõ mais geral,
güzar-sc da confiança da Naçaõ. Ora apesar do testemunho tle Tucydide!.
os Portuguczes , tanto os neutros , co· Plutarcho, que com quanto seja pouco
mo os hostis, ninguem dirá que go· exacto no que diz respeito a historia.
zaõ da confiança do Brasil; e sendo Romana, é todavia grande authorida-
por ne cessidade excluídos, restaõ taõ de em historia Grega, lhe servio de
sómente os que abraçaraõ de coraçaõ guia. Seguindo pois a opinia0 domi-
a Causa da Independencia. Cuido eu nante, é uma prova irrefragavel da
que é inàubitavel que, os que o fize- força elo sentimento que nos inclina á.
raõ guiados pela simples atnbiçaõ, e; favor da terra em que nascemos , a
naõ por amor da causa , e muito mais resoluçaõ do heroe .!ltheniense ; que
og que forçad os pelos seus interesses prefere a morte a debellar uma pa-
deraõ um consentimento temporario , tria ingrata; embora tivesse sido aco•
e que pode acabar, assim que com lhido ' honrado ' e eilrequecido pelo
segurança possaõ abandonar uma cau· Rei que exigia os _seus serviços co?--
sa, que cntojaõ ; naõ abraçaraõ de tra ella. E' verdade que naõ havia,
coraçaõ a causa do Brasil. E se lhes communidade de origem entre Persas
falta esta c"ündiçaõ , e~taõ mesmo , e Gregos, e que a. ha. entre Lu$ita"'··
t; ii
( 70)

nos e Brasileiros; mas é lambem perio , quando prohibio que o Impe-


certo que as( offensas feitas pelos Per- rador do Brasil podesse possuir outra.
sas aos Gregos eraõ nada em com- qualquer Coroa. i Que necessidade
paraçaõ das que nos tem feito os ~u­ temos nós de intrometter-nos nas tran-
sitanos: e se é verdade, como iun- sações da inquieta Europa? A provi-
guem duvida, que o offensor sempre dencia, que nos separou desse velho·
aborrece o offendido 1 e tanto mais mundo, teve em vista o bem do con-
quanto mais o offondc u, maior deve tinente novo: mas quiz a desgraça
ser para com nosco a aversaõ dos que eile. fosse antes <le tempo desc-o-
Lusitanos , e mais difficil. a nossa in· berto pelos Europeos, e contra a
teira uniaõ. Só a maõ do tempo pode natureza forçado á ligirar n'um torbi~
correr a esponja sobre os ressentimen- Jhaõ estranho. A fraqueza e cegueira.
tos, e tornar practicave1 uma solida nossa conservou até hoje a nociva
Teconciliaçaõ. Demms a identidade direcçaõ; i deverá agora continuar?
de origem naõ impede as dissenções , Advirtamos mais, que um Monarcha.
antes as torna mais asperas , uma de dilfe rentes Nações pode com gc it<>
vez começadas : da mesma origem servir-se das forças d\1ma para escra-
Rellenica eraõ .llthenien ses , Sparlono8 , visar a outra' e assim inversamente:
Th ebanos, e todas as pequenas repu- vontade d esta casta jamais falta aos
blicas Gregas, e naõ estorvou isto Reis; offerecer·lhcs a occasiaõ de a
que se naõ aborrecessem, invejassem, e executar, naõ prova senaõ criminOS()
dilacerassem reciprocamente. O ser .fil- desleixo nos que a propoem.
ha mãe de Roma na'Õ impedio que Resta por fim explicar a .Plâloor.,
fosse por ella destruída. Quanto aos dinis a causa de um phenomeno, que
motivos interessados, com que per- lhe parece assombroso, mas que é.
tendeu desbotar o nobre sacrificio de mui natural uma vez que se aitenda ª°'
Themistocles, saõ taõ pouco prova veis , que o precedeu. 2 Por que outr'ora
que só confirmaõ a nossa tendencia appareciaõ tantos campiõcs <lo Go-
em abater o que sobresahe; nem Ci- verno, e hoje alem da .!ltalaya nenhum
mon;, nem outro algum General Athe- há? Porque l .º todos confiavaô no
niense tinha cntaõ adquerido tal re.,. Governo, e defendendo-o criaõ defen-
nome , que podcssem assustar o ven- der a ordem publica, a. prospericladc
cedor de Salamina. gerá.! , e a sua prnpria segurança in-
Se apesar pois de tudo quanto dividu a l .: hoje pelo contrario ao ca-
amontoou PhikJOrdinis, fica incontras- lor <la confiança succedcraõ os des-
tav"el a inclinaçaõ que temos ao can· maios da suspeita; crê muita gente ,,
tinho, em que vimos pela primeira talvez que sem rasaõ, e Deus queira.
vez a luz, naõ é absurd o o rec.eio, que assim seja, que o Governo mar-
que tem os Brasileiros, de que os cha opposto ás necessidades , ás opi-
Portuguezes aqui residentes desejem niões, aos interesses e aos desejos d o,
a uniaõ com Portugal: prouvera Deus povo Brasileirn ; e seria absurdo , e
que fosse sonho! O contrario porem até se avisinharia á traiçaõ , abonar 1
é o que se deprehende dos raciocí- escudar, e roborar uma administ raçaõ,
nios de Philoorainis; se naõ ousa a- t1ue se acredita, embora s;eja errada-
conselhar-nos a uniaõ , ao menos naõ mente, inimiga do paiz. 2 Qual dev e
é adverso a que ambas as coroas se ser o meio de fazer cessar taõ perí ...
reunaõ n'uma só cabeça, o que justi· -goso estado? 2 Qual remedio heroico,.
fica com o exemplo do. Rei <le Ingla- e unico, contra taõ grave enfennida~
terra e Hannover, que cu1<la ser appro· de? Nenhum outro, a meu ver, senaõ
·vado pelos _políticos Inglezes. Ora pois que o Governo como a mulher de Ce-
o ~vesso d~s.to tem sido opiniaõ <los sar, naõ só seja, mas pareça ser ze-
maiores poht1cos; elles confessaõ que fosamente afferrado aos verdadeiros;
a Inglaterra tem sido a.rrastrada á guer- interesses do paiz, que o escolheu;
!ªs desnecessarias, oppostas aos seus g ue mesmo cond escencla com as fra-
rnteres~ es~ e só favoraveis ás pertenções quesas e prejuízos supportavei.5 da<
do Re1 de Hannover. Assim talvez povo. Sem isto , como fóra do seio
pen?ou a . Cornmis~a~, que redigia o da Igreja Catholíca, naõ ha salvaçaõ
proJecto de Constitu1çaõ para o Im- para elle e para nós.

RIO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL. IB23 . .


N. 18

QUINTA FEIRA 2 DE OUTUBRO DE 1823.

Tu vais de ces ·tirans la Jurew· despotique ;


Its pensent que pour eux le Cid fit l' Á meri1ue.
VoLT. ALzrni::.

L Endo no Correio do Rio n. 0 31


uma carta, na qual com alguma miu-
explicará a origem, e firn de um tal
cmprestimo. Feito isto , lançaremos
deza se descreve o estado desgraçado um rapido golpe de vista sobre o es·
do Banco do Brasil, pela avultada som- tado da Corte e Províncias do Impe·
ma. de mais de 8:000 contos de reis, rio, desde que proclamou, a sua ln·
que a Fasen<la Publica lhe deve; e depend encia até o presente·; sobre os
para atalhar sua i rnminente quebra, se différentes partidos, que a dorninaõ, e
aponta como facil , e pouco prejudicial, sua respectiva influencia; sobre a com··
um emprestimo aberto em algumas das posiçaõ do Governo actual, e princi·
Praças de cornm ercio da Europa, e pios que o encaminhaõ na gerencia
a cri::içaõ de contribui ções directas dos ni:;gocios publicas. Estas conside-
para a amortisaçaõ do referido em- rações geraes , roboradas por outras
prestimo, e outras dividas Nacionaes; especiaes , ou accessorias , com que
observando mais, que n'ella ou se ar- seremos, obrigados a contestar factos
ri;.caõ asserções falsas, ou se designaõ particulares, incidentalmente lembra-
c ertos procedimentos dos ex-Ministros dos na mesma carta, refutaraõ victo-
.11.ndradas , procedimentos em tudo con- riosamente as detestaveis doutrinas do
formes com os genuínos princípios de Sr. Simplici'o , e salvar-nos-haõ do a.
uma sã política, e da sciencia firian- bismo, em que elle pretende sepultar-
ceira, como erros crassos , moeda do nos com o seu projcctádo emprestimo.
tempo, com que homens sem caracter
costurnaõ agradecer a homens sem po- Descripçaú.
der: confissamos que a leitura de si-
milhante carta causou-nos certa sur- Pata , ou pé de sufficiente tama-
preza misturada de horror e indigna- nho, descarnado e chato em toda a
~ aõ, naõ obstante o resivel nome do sua cxtensaõ ; pernas, e coxas inteiri-
seu author, e por isso dissemos em ças, ou fazendo como um todo con-
o nosso 11.º l O - a carta do Sr. Sim- tinuo, muito delgadas, e igualmente finas
ylfrio é materia melindroza , merece em todo o seu comprimento, extraor-
maior cuidado, e por isso em outro dinariamente compridas em compara-
n.º se tratará della - : eis-nos chega- caõ do tronco; tronco cmtissimo em·
dos ao cumprimento da nossa promessa. p ropo rçaõ · com aquellas , magro , e
Temos lembrança de havermos giboso, ou corcovado; braços muito
visto alguns anirnacs de nome Simpli- finos , e seguramente muito mais lon-
cio, e julgamos indispensavel descre- gos que a metacle do corpo inteiro ;
ver um destes, por nos parecer que pescoço comprido , e delgado, repre-
sua descripçaõ quadrará talvez com sentando' a figura de um - C- com a
a do Sr. Simplic:·o uuthor da carta , e convexidade para diante; rosto tirado
( 72 )

ao comprirlo, branco sem côr., o.u qua- por Lei , e reJuzida á um systema
Bi livi<lo, signal de pouca v1tal1da<le , pelas Cortes de Lisboa, appres,;;araõ
e de um phi5ico fr::i.co e dcbil; barba o momento <la nossa emancipaçaõ.
iwntuda ; boca rasgada, on<le nunca Proclamou-se a lndependencia , e o
~~pparecia o ri~o, á naõ ser o ~anl~- Jmpe l'io. A maior parte da Naçaõ ,
1lico; por nariz uma escrecencia afi- ulcerada pela <lolorosa lembrança de.
lada, devida ás excavaç0es lateraes .seus opprobrios , e infortunios passa-
élas faces, que lhe ficavaõ adjacentes; dos, agra<leceu , e abençoou o ente
olhos pequenos e egipcios, noE quaes benefico, que se haYia alllicipado aos
se observava a vivacidade maligua <lo seus <lczejos; seu contentamento , e
tigre , misturada c:om a manha da ra- jubilo naõ teve limites; e este Jia fa-
posa; orelhas grandes , e levantadas , rá cpoca no8 annaes da historia Bra-
como as <lc burro; cabeça pequena, silien se. A penas entrado o Brn9i} no
indicio de poucos miolos, o que in- catalogo <los Esta<lo3 liues, e iI1Cle-
culcava nulli<lade de ideas, e, segun- pell(lC11te.s, naõ escaparaô á pcrspica-
do a theoria de Gal!, uaô implicava cia <lo Governo os 11ovos embaraços,
com o orgaõ da astucia, ou -relliaca- e tropeços , que elle enconttava _e m
ria, ordiuariamente geral , e muito de- s ua marcha; fructo Jn. constante op-
cisivo em similhautes anirnaes; na par- posiçaõ de dillcrentcs partidos, e por
te superior, abobedada cm ar de b~r­ isso lhe foi mister redobrar de ener-
rete chinez; o todo era um esquele- gia para comprirnil-os. Achava-se a
to delgado, e comprido, que, ou se Naçaõ dividida em <lua3 secções; a
movesse , ou se conservasse em re- V, composta tla quasi to1al idnde dos
pouso , nunca podia guanlar a per- habitantes do lmpcrio, queria, e ap-
pendicularidade, que a natureza con- provava a scparaçaõ; a 2.• fraca , e
cedera á animaes da sua especie; e diminuta , era amiga desvelada da
se acaso marchaYa de um lugar para uniaõ com Portugal. O partido separa-
outro, seu movimento E:ra taõ vagoro- tista se subdi;·idia em absolutistas ou
so, e forçado, que as partes, ou mem- corcundas, em constituciorwes, e em exa-
bros, de que. se compunhanha o cor- gerados ou democratas: os primeiros pro-
po, pareciaó desligar-se, ou solta r-se curaraõ a sua segurança , e abrigo
uns dos outros. Tal era um dos Sim- debaixo da sombra dos segundos; uma
plicios . de qnem conservamos ainda parte <los terceiros, verdadeiros <luen-·
vestic;ios: se o author da carta se lhe <les em politíca, augmeniava o n. 0 dos
assemelha, naõ nos admiramos da sua segundos, ou conservava-se unido aos
lembrança de emprestimo; e só sim terceiro~ , segundo a força parecia
<le que taõbem se 11nõ lcmbraEse de passar de nns para outros. Todos que-
impostos pessoaes , ou sobre a vida riaõ a ln<lependencia <lo Bra;;il; po-
humana, como capitações , e de uin rem· os primeiros com a Monarchia
papel moeda Jo Estado, idea mui fe- absoluta; os segundos com llma Cons-
liz, e propriissíma, particulnrmente em títui çaó Monarchíca , fon<lada nos
uma epoca, em que o Thesouro pa- principios de uma liber<la<le j11sta, e
rece ir perdendo todo o seu credito. bem entendida ; e os terc~iros , ou
dividü1do-o em Estados federados ~
Golpe de vista rapido sobre o estado ou dando-lhe uma Constituicnõ , na
da Corte e lmperio. &e. qual o Monarcha fosse um~ postula-
do gratuito e sem forca , um ver-
A virilidade , e o gráo de força dadeiro fanto~ma , com'o o de Por-
e luzes, a que o Brasil havia chega- tugal. O partido da uniaõ ~ denomina-
do; a natureza, que havia separado do ch11mbista , podia em theoria pre-
os dous continentes por longo espaço tender as mesmas subdivisões, que a
<le már, e continuamente exprobrava primeira; mas na applicaçaõ tinha um
aos Brasileiros sua criminosa aquies- fim unico, e '°inha a ser, a desgraça
cencia á uma uniaõ forca<la, artificial, do Brasíl: por que, qnal quer que
e nociva ; e sohre tmlo a oppressaõ seja a forma constitucional , que se
de trez · seculos , e esta consagrada lhe d~, ligado a Portugal nunca po-
( 73 )

oerá medrar' e terá sempre de so- disparatados: ~que podem fazer, os,~
frer , o u pela interve nçaõ do seu p o- ·p oucos constitucionaes" q ue por uma
de r e r iquezas nas questões <l'aquelle contradicçaõ inexpl icavel ficaraõ, ou
c om os dive rsos Estados da Europa , novamente enlraraõ? ~ Que se deve
o u pe los tra tados exclusivos d e com- espetar de dous, ou trez pontos na
mercio, q ue entre si fizerem, semp re imrnens idade de chaos? Que sejaõ
<lamnosos ao Brasil, vasto, rico, e de subvertidos na desordem universal. E
progressaõ c rescente, e scrnprí! fa.vo - com effeito , os envencnaclos presen• :
rave is á Po rtu ga l peque no, pob re, e t es, que a Naçaõ tem colhido das
já decrep ito. Entre os homells, que rcferidas mudanças, saõ alguns perio-
fo rmavaõ ns duas precitadas secções, distas as salariados para perverterem a ·
e s uas respectivas subd ivisões, desco- opiniaõ publica, e encetarem reputa-.
briaõ-se certas a lmns de lodo , para ções estabelecidas; novos funccionarios
ctuem era absolutamente indifícrcntc superfluos, e sem r e presentaçaõ; leis ;
o futuro destino politico <lo Bras il , sem realidade; intençõ es sem effeito; 1
e que só linh aõ em mira a conserva- vontades se m instrum en to; e uma ma-
çaõ das suas . fortunas, ordenados, q uma <le Governo mont ada naõ para
-pensões , ou o acrescimo de novas. reger a sociedade seg undo o voto
Estes formavaõ como uma terceira geral d 'ella, mas para inva<lil-a, e ·
secçaõ unica , que com propriedade precipitai-a em um abismo de males i
se pode chamar partido neutro,, ou e por ultimo o susto, a desconfiança .,
do ventre ; partido sempre inerte , e o estupor pintado em tod os os
menos para o ídolo vil do seu inte- semblantes , e entranhado em todos ·
resse; partido, de que se scrviraõ os o corações.
feroz es Jacobinos nos dias aziagos da Os factos, que resumidamente
revo luçaõ Francesa , para afogar o passamos a ennumerar, serviraõ de con-
terreno <le sua patria. no sangue de firmar estas verdades . Embarcações
seus concidadãos. Portuguezes hoje isentas de seq11estro ,
Em quanto o p artido Constitucio- e amanhaa sequestradas ; ou n'oulro '
nal dominou no M inisterio, e este , dia admittidas por fr a nquia; barcos
fortificado pela maioria <la vonta<le da mesma N açaõ a prezados pela for- ·
Nacional , teve de lutar com os outros ça maritim a do Impe rio, repulados
partidos des unidos; lutou com van- má preza por se nt e nças escandalosas;
tagem forçando-o s ao silencio ;· pros- vasos de guerra inimigos entrados nes-
peraraõ os negocios do Imperio, e o te porto , sem que as nossas forlale-
lmperio mereceu o respeito , e con- sas lhes oppozessem o mener obstaculo,
siderações da Europa admirada ( leaõ- e n'cllc conservados, e os Com man-
se os escriptos do tempo, e ver-se- dantes , que assim obraraõ, nem se .
ha gue nossas asserções naõ saõ ex- quer recolhidos, e cast igados; ver-
tremadas): mas quando, depois da insta- dugo s da Naçaõ transformados em seus
taJaçaõ da Assembléa, os exagerados de- d efen sores; homens, ou ineptos, ou
Taõ o passo errado ele se unirem, e refor- improp r ios, ou carregados do odio ,
çarem com os chumbistas, e neutros, medi- e ma ldi caõ do · seus concidadãos, no-
da sacrilega, que oxala naõ ensanguen- meados' para servirem em Províncias,
te a nossa Patria, e da qual um di a, que talvez os naõ recebaõ; outros,
poré m já tard e , se arrependeraõ os que haviaõ abandonado os empregos,
democratas honrados, e honestos; e um que occupavaõ nesta Corte, por naõ
.anel mui essencial da cadea admi- abraçarem a Causa do Brasil , e por
nistrativa se uni o á elles , fenomeno isso muito perigosos, na sua volta
politico realmente inaudito na his- restituídos immcdiatamcnte ás suas
toria das revoluções do mundo: en - antio-a;; occ upações ; alguns, que ha-
taõ os Constitucionaes, reduzi<los ó. viat entrado no serviço de Portugal,
minoridade , foraõ supplantados ; e no seu rerrresso naõ só reintegrados
compoz-se o Ministerio, e todas a;; nos cargosº, que haviaõ perdido ,
repartições da Corte, do incomp re- mas até reputados , durante a sua au-
h ensiv el amalgama de elementos taõ ~encia , em commissaõ , e por isso
* ii
( 74 )
pagos -<le todos os seus ordenaJos; gressivo na renda pnblica sem appli-
-novos empregados para as differentes caçaõ, que possa h.rp ot hecar-se para
Secretari-es d'Estado, e p ara o The- segurança da sua amorli zaçaõ, e juros.
souro; novas sob.revi vencias, ou ex- Quanto á prim eira parte, naõ pode-
·pectativas com ve ncimentos n' Alfan- mos adivinhar quaes as novas des pe-
<lega e outras Repartições; despesas sas, a que se deve occorrer; por
snped1uas na l.ª; aireitos de expor- quanto .-vemos o lmperio por ora em
'taçaõ , e importaça-0 , per<loa<los con- .p az com todos os E sta<los , á excep-
tra a Lei; prec.lios publicos arrenda- çaõ de Portugal, qu e por sua cadu-
dos por menos <lo seu valor; Yalores cidade, pequenhez, e conhecida fra-
.nacionaes ou deixados no esquecimen- <;JUeza na.da pode contra nós; vemoi
to para pwveitos particulares, · ou ne- as nossas Províncias livres de invaso--
gociauos com quasi certeza ele pre- res, á excepçaõ da Ci splatina ; ora. se
juízo; certas rendas ou supprimidas por- pudemos s0ccorel-as todas, e pol-as
<JUe deve-d ores poderosos deraõ o perne- em estado de defeza, e por ultimo
cioso exemplo de as naõ pagar, ou sacudir os Lusitanos <le Pernambuco
minoradas já porque o povo dcscon- e Bahia , ·sem o referido empreslimo ,
fiado se 'recusa ao seu pagamento, ~como naõ será possível ao Governo,
Jª porque os encarregados da sua uma vez que naõ seja descui_dado no
arrecadaçaõ recêaõ forçar os contri- .i desempenho de seus deveres, e com
buintes -pelos meios da Lei; outras, mingoa.do dí spendio , livrar lambem
cuja lei <le crescimento em certas cpo~ Monte-vídeo do punhado <le Lusita-
cas do anno é sabida e constante , nos, que lá ex ist e, e p or conseguin-
proporcionalmente menoTes pelos de- te acabar uma guerra inteiramente
foitos do antigo regimen hoje reno- alh~a <la que deu origem á federaçaó
v ados; reservas dos cofres particulares da Provincia Cisplatina com -0 lm-
<Io Thesouro reparti<las por certos perio ? ( Queremos suppor com o Sr.
icredores favorecidos com exclusaõ da Si"rrplicio, que similhante guerra fos3e
maior parte, e escandalo de todos; Injusta no 'Começo; mas hoje que
\lm cambio finalmente cada vez mais esses povos se achaõ ligados á nós,
baixo, terrivel presagio de proximas abandonal-os ao seu fado seria faltar
desgraças; e por uma singularidade á boa fé solemnemcnte jurada, . o.br:u-
nuuca v1sta, as nossas producções contra a dignidade e dec0ro da Na-
<Iimínuindo do preço no mercado, ou çaõ Brasileira, expor o lmperio á
naõ achando compradores: eis o que guerras continuas pela perda voluntaria
nos offerece a historia do Governo <los limites rmtmaes, qu e nos submini~­
actual , cxtraida dos Diarios do Go- . trou similhante federaça.õ, e procecl er
l'erno , e outros p apeis publicos do contra todos os dictamcs <la saã politi~
dia. Grande Deus .! j qual será o futu- ca ). Quanto porém á seg und a parte ,
ro destino da nossa Patria ! 2 Sera isto é a uma boa administrnçaõ da renda
possivel que naõ seja dado á sabedoria publica, e ao acrescimo d e algumas, que
humana o salvar-nos, porque mesmos podessem servir de hypoth c:·ca , já mos-
nós somos incapazes de concorrer para trámos, que naõ havia nem hurna, nem
a nossa regeneraçaõ ? Naõ o cremos. <:>utra pela criaçaõ de novas despesas
Tal é -0 quadro bem que funebre , superfluas, pelo renascimento dos an-
porém naõ exagerado, da nossa si- tigos abuzos, e conhecido descuido
tuaçaõ; j e é n'es te es tado que o Sr. na applicaçaõ do emprego dos dinh eí-
Simplicio se lembra <le um empresti- ros Nacionaes; pela suppressaõ de
mo contraido em alguma Praça da certas , re ndas minoraçaõ de algumas, e
Europa! Vejamos se clle é possi\ie} , <liminuiçaõ relatiY!.l no progresso rr ra-
ou ao menos necessario. O recurso dual de outras, amargos fructos t>dos-
dos emprestirnos, hoje adaptado por e rros do Governo actu~al, e oa <les-
muitos ~s ta~os, presuppoem despezas confiança popular : e esta verdade
extraordrnanas e urgentes á fazer , tambem parece reconhecer o Sr. Sim-
uma bo~ admínistraçaõ fiuanceíra, e plicio, 9uando por muitas e solidas rasóe$
consegumtemente um augmento pro· q~e deixa no tinteiro , pede que
( 75 )
quento antes . se lance maõ de contri- das Tropa5 Lusitanas, tcrminaráõ e·m
buições directas &c. ~ mas se a N açaõ breve , se o Governo puzer todo 9
oppoem uma resistencia silenciosa e seu esme ro em ultimar este negocio;
c~nstante ao pagamento de antigos 3.º que foito ist9 11aõ pode haver re-
tributos, como quererá prestar-se de ceio de fallencia, uma vez que se
'bom grado ao pagamento de novos? consigne reoda sufficiente para o
Do que deixamos dito, segue-se que infallivcl pagamento <los competen-
no primeiro caso o emprestirno naõ tes juro::i: é assim que practicaú os
é neces&ario , e no segundo naõ é Estados da Europa bem governados,
possivel; queremos dizer, ficará e m e alguns devedores aos seus Bancos
}déa, ou projecto , como succedeu a d~ enormes somm.as; os juros saõ re-
Portugal, que nunca realisQ u o seu. ligiosamente pagos, nenhum , que sai-
Suppooba.mos com tudo por um bamos, tem quebrado pela falta de
jnstante que o imprestimo se podesse soluçaõ do seu capital; demais se a
realisar: que ganharia com i.sto o estreiteza do nosso periodico o per-
E stado? Mudaria de credor Nacional metissc , talvez nos fosse facil demos-
para credor Estrangeiro; e. como de- trar , que nas circunstancias actuaes
vedores dolosos , e de má fé só po- é a divida do Thesouro, quem escuda
dem negociar com capitalistas usura- o Banco, uma vez que aquella naõ
rios, e por meio de agentes do mes- nugmente , e pague exactamente os
mo estofo , por mais que o Go\'erno juros; 4. 0 e ultimo: Queira a Assein-
jntrigasse, e corrorn pesse , o intc:res!!e bléa consolidar, e firmar quanto an-
da iniquidade individu.a l sairia vence- tes o Imperio nascente por meio de
dor de similhante luta , fazendo pa- uma Constituiçaõ, fundada nos p1·in-
gar centuplicadamente os seus favores; cipios gcnuinos de uma justa liberda-
no fim· de contas achar-se-ia o The- de , e conforme com as vistas e inte-
t5ouro do Imperio gravado de uma resses da gran<le massa Nacional,
oi vida muito maior do que a antio·a' perante cuja imrnensidade e força saõ
Ghrigado á pagar juros tal vez mbais pontos indecifrave.is os poucos indi-
avultados, tendo alem disto engorda- víduos, que se conhecem, de ideas
do com os cambios e premios o vertiginosas , e desorganisadoras; tra-
agente principal, e secundarios , do balhe o Governo por ganhar a con•
.refcri<lo emprestimo, como po_r exem- fiança perdida da Naçaõ; eme~<le,
plo, o Sr. Simplicio, seus parentes, e e corrija as faltas, em que tem cmdo;
arpigos, que de certo qucreriaõ, por supprima toda a despeza superflua;
caridade , · incumbir-se de taõ provei- -ponha termo á todos os abusos ; ad-
tosa tarefa. ministre , e arrecade desvelado a ren-
i Que responderá á tudo isto o da publica; fiscalise o emprego d'ella ,
Sr. Simplz'cio ? Que a divida do The- como proprio; e estamos certos, de
~ouro ao Banco augrnenta annualmentc, que sem maior esforço, e sem alterar
·sobre tudo pe1o :;aque mensal de ·50 o antigo destino da maior parte das
contos ; . e que se esta naõ for paga rendas, poderá applicar para o paga-
·q uanto antes, está no risco <le fozer mento dos juros <la divida do Bancq
uma banca rota; e nos replicamos , toda a importan~ia dos diamant~s,
·que o Ministerio passa<lo, apesar da <le 3 ou 4 mil qurntaes de ráo-bras1l'
·sua 1'.mpericia • naõ só teve o cuidado e da barbatana, que annualmente se
·ele naõ contrair novos imprestirnos com ' 'enderem; todo o producto annual
o BaIJco, mas até o alliviou de an- dos l mpostos esta bellecidos pelo Al-
'tig~s, como da compra do cobre, vará de 20 de Outubro de 1822; e
)13gamento das ferias para o trabalho até duplicar a co11signaçaõ mensal,
das chapas, e de certas pensões que que actualmente lhe paga pelos ren·
elle pagava por conta do Thcsouro; dimentos d' Alfandega: com a som ma
'2 .º que já cessou o saque d~ 50 con- de todos estes valores terá de sobra
tos mensaes, com que suppna, e que para a soluçaõ :inmial dos juros. Era
as-poucas despesas feitas com as Tropas isto, o que havia com~çado á fazer?
Nacionaes, encarregadas da cxpulsaõ Minis te rio passado, e Julgava de fac1l
**
( 7.6 )

execuçaõ , segundo ouvimos a um dos tomada no Alvará das qualidades~ e


ex-Ministros .. lugar, seria uma porta aberta · ~ t~d a
Até aqui julgamos ter mostrado especie de corrupçaõ·, e um 111c1ta-
com ganho de causa, que o sonhado mento á novos, e diversos cxtravíos,
emprestimo , pot· hora, ou naõ é pois que muito vinho estranho havia:.
preciso, ou naõ é possível; vejamos entrado com o nome de portuguez;:
agora , . se o desgraçado Sr. Simplicio e demais des ejando obviar as faltas
otfe recerá rasões mais convincentes , d este , que necessariamente deviaõ.,.
e será mais feliz no que diz contra o seguir-se pela lndependencia do. J?r~ ..
Decreto de 3J de Desembro do ann.o si!, e guerra com Portugal, div1d1<>
passado , pelo qual commetteu, o ex- os · vinhos em duas classes , que naÕ>
J1'linistro de Fascnda e erro crasso de re- podiaõ admittir duvidas; em tintos, e
duzir os direitos de i1nportaçaü sobre os brancos, e impondo nos primeiros o
vinhos estrangeiros ao pár do que paga- maior direito , que paga;ra o viuho
1mü os portugue.zes , quando dcvêra proce- portuguez , duplicou-o para. os segui:-
der em um sentido inverso, com o que te- dos. Pelo Alvará teve-se em vista cxclmr
1·ia, naü só augmcntado os dáeito d' .!ll- <lo mercado o vinho estrangeiro, e fo.
fandegri ~ mas até prejndicado o commercio mentar o consumo do portuguez, re-
dn seu inimigo. Principia logo, estabe- gulando o tributo <le modo que o vi-
lecendo <luas proposições falsas ; 1.ª nho estivesse ao alcance de todas as
suppoem, que todos os vinhos portu- classes laboriosas. Pelo Decreto, alem;
gt!cses pagavaü 12$000 por pipa, e da le i de cores tomada por base
todos os estrange iros 44$000 antes principal, consideraraõ-sc ainda ou.,.
do citado Decreto , quando só o vi- -tras bases naõ menos cssenciaes, Í!i-
nho do Porto feitoria, e o de Madeira to é, rcputaraõ-se os vinhos tintos
eraõ sugeitos ao direito de 12~000; como generos de um consumo guasí
o Porto ramo á 10$000, 03 demais geral, os brancos de consumo super-
vinhos de Portugal, Al~arvcs, e J lhas fluo ; ou d e luxo ; e os licores e a-
á gzrnao; e os estrangeiros á 3&t'OOO; goasardentcs ele fóra naõ só de lu xo.,.
2.• suppocm que pelo Decreto todos mas o seu coi1sumo causador da ebrie-
os vinhos f>'.l ?-/lÕ 12$000 ~ qüan<lo este dade , e d cteriorador <la saude dos
d r.:::ito é st) p:ira os tinto:i , porque os povos. E s ta~ trez divisões deraõ a l ·~ Í
b 1·ancos pag<lõ o dobro. E' pasmoso , de augrnento de direito na rarnõ d~
que o Sr. Simphcio , ousando ataca r J, 2 , 3. Em toda esta classificn.çaõ o
os actos do ex-Ministro de Fase11da, ex-'.\1inistro te\·e por fito, quanto á.
se naõ desse ápcm de ler o Alvará prim_eira, chamar ao mercado dos por:-
<le 25 <le Abril <lc 1818, e nem ainda tos <lo lmpcrio os vinhos de todas as
<> Decreto ele 30 de Desernbro de 1822, Nações , augmcntar a concorrencia do~
ou se os le u, que os naõ entendesse. vendedores , abarutar o preço da mer-
Pelo Alvará os vinhos portugue- cadoria, proporcionállo aos meios da.
ses eraõ tributados segundo suas qua- populaça õ laborio·sa, promover o con-
lidades, e lugares <lo seu fabrico, sumo, e por consequencia o acresci-
mas havia uma lacuna, ou imperfei- mo dos direitos, estimular a activi-
çaõ, e vinh<l a ser, q uc á excepçaõ dade dos consumidores para o traba..
do Porto feitoria, Madeira, e Porto lho, o que vinha á rcdunchr cm au-
ramo todos os dc1ué1 is de Portugal, ~mento de norns proc1ucçõ cs e rcn-
Algarves, e Ilhas sofriaõ igual irnpo- <las, porque ningucrn ignora, que a
siyaõ, sem respeito a lei citada <las abun<lancia, e bom mercado fazem a
qua!i<la<lcs e lugares ; e os vjnhos riqueza, e prosperidade das Nações,
estrangeiros, pagavaõ direito triplica- e <los EstaLlos; quanto á segunda, rc-
do .d~ 36U.OO?, o que equivalia á uma serv:ir o uso <los vinhos brancos para.
pro1b1çaõ md!l'ecta, e esta contraria as classes rica~; e luxuosas; quanto á:.
aos lu111inosos principias <l a lei <le terceira, difEcuitar ou inderectamente
franqueza, e liberdade do nosso com- proibir o consumo de };cores &e. be-
meréio. Pelo Decreto porem o Le- bida mortífera , e es tragadora .dos
gislador reconhecendo, que a base costumes, e da vida humana.
( 77 )
Se o ex-Ministro sujeitasse cada pipas, e 702 <luzias de garrafas; para
pipa de vinho ao pezado tributo de re-exportaçaõ l 520~ pipas, e 3587 <lu-
.44$, como qner o Sr. Sirnpiicio, isto zias de gawafas: em s umma importa-
é, se lhe desse um valor trez vezes raõ os direitos do vinho consumido
maior, que o seu custo, seguir-se-ia em 1820 no valor <le 189:947$764, e
-o seguinte: se o genero fosse d e con- em 1821 no <le 54:418$412.
sumo necessario, o consumi<lor corta- Ora se o Alva rá de 25 de Abril
ria, e deminuiria progressivamente as de 1818 pelo excessivo imposto sobre
suas necessidades, e morreria á min- o vinho es tran geiro produzio taõ crran:..
goa, e de miseria; se pelo contrario de díffere nça para men os , i que t> per-
fosse de consumo supel'fluo, o consu- das naõ sofreria o Brasil , se acaso
midor abandonaria gradualmente_ o seu se commetlessc o erro palmar de ex-
u so. e dar-se-ia ao <le algmna outra tendel-o aos ;·inhos de todas as Na-
bebida talvez mais prejudicial : em ções? ~ Entaõ, Sr. S1.mplicio , para qu e
ambos os casos mingoaria esta renda, se cança em a presentar ao publico
e acabaria por extinguir-se. Demais calculos de taverna ? Perde o seu
o ex-Ministro sabia como Neclrer, cuja tempo , porque naõ engana, nem ain-
authoridade em finança s naõ pode ser da aos incautos; aprenJa porem, q ue
cont es tada, que toda a impoziçaõ ex- a materia em questaõ "Verific a o dito
cessiva é illegitima . porque trans- <lo Doutor Price, e vem a ser , que
pondo ou as -necessidades reaes do nas Sciencias economicas 2t2 naõ
Estado, que a rec e be , ou as posses sommaõ 4 , e sim umas vezes mais ,
do povo, que a p aga, subverte ajus- e outras menos de 4.
tica, deteriora a moral , e destroe a Todavia persiste o Sr. Simplicio
a 'liberdade <lo individuo; é revoltan- em querer, que o ex-Ministro consi-
te por que excita uma guerra entre gnasse para a amortisaçaõ da di vida
o Governo rodeado d e poder, e o do Banco o producto fantastico de
governado inerm e ; é inutil , porque 931:2008000 e se deix asse de mandar
sua. duraçaõ é cp hemera. Portarias de reprehen saõ a0s Depu-
P e las razões á priori , que acaba- tados do m esmo Banco. Nós já mos-
mos de expender, é claro , que o tri~ tremos a ·realidade da perda , e a
buto de 448 por pipa d e vinho com quimera de similhante producto , pas-
.o tempo faria desapparecer esta fonte saremo-;; agora a mostrar a legalidade
de renda ; e os argumentos á posterio- das Portarias , vagamente menciona-
ri, ou- as factos seg uintes confirmará& das. O ex-Ministro, lo vou e recomen-
isto mesmo. O_ Sr. Simplt'ci'o assevera, dou em uma o apropositado passo ,
que no a11no de I 821 e11traraõ neste que a Junta do Banco havia dado <l e
porto 12:500 ·pipas de · vinho Portu- reduzir as notas em circula9aõ, vista
guez, e 2-:250 de estrangeiro, -~ que a grande desproporçaõ entre ellas, e
a Naçaõ perdeu pelos e rros do ex_- o fundo metallico correspondente : é
Ministro 931 :'2008000, e nós responde- engraçado que o Sr. Simplicio reco-
mos, que a Naçaõ naó so f'reu tal per.- nheça esta desproporçaõ, e abocanhe
.da, que elle é um completo ignoran- sim ilhante Portaria. Na segunda naõ
te, e estupido, e tudo 1sto sem con- approvou a nômeaçaõ dos Directores,
testar-lhe similhante entrada, e nem e Membros da Junta, feita pela As-
fazer adm irações. O Sr. Simplicio de- sembléa Geral do Banco , e ordenou ·
via saber , que as mercadorias naõ á esta, que procedesse á nova nomea-
pagaõ direitos, em quanto se naõ çaõ, tendo em vista, que os Ac-
despachaõ, e que se naõ <lespachaó, cionistas nomeados naõ fossem· gran-
em quanto naõ achaõ compradores, d es devedores Jo me smo Banco: usou
ou se naõ re-exportaõ. Por conta exa- do direito de confirmaçaõ, que lhe é
cta, despacharaõ-se em 1820 para o dado pelo § 13 <los Estatutos, que
consumo 4870 pipas de vinho, e 2128 acompanharaó o Alvará de 12 de Ou-
duzias <le garrafas, e para re-expor- tubro de 1808, e pelo mesmo § ex•
taçaõ 1481 pipas, e 474 <luzias de cluio os grandes devedores, por que
garrafas; em 1821 para consumo 1722 estes em sentido- estricto naõ saõ Ac-
** ii
( 78)

cionistas. Na terceira fez vê.r á Junta, saõ no que disse quanto aos àou~ a,.
que uma Acta da Assembléa Geral ctos Legislativos , que fizeraõ o ob-
naõ podia ser alterada , seoaõ pela jecto das nossas observações_; tem. ain-
mesma Asscmbléa na forma do § 15 da menos rasaõ, quando increpa e
<los citados estatutos. Em todas estas argue os .!lndradas de se metterem á
Portarias o ex-Ministro teve em mira Legislar sem approvaçaõ da Assem-
ª conservaçaõ e prosperidade deste biéa; por quanto, naõ estando esta
estabelecimento , e a religiosa obser- ainda installada, o poder Legislativo
vancia <la Lei da sua criaçaõ, sem se achava depositado nas mãos do
atteoder ás intrigas dos Aulicos. Se Monarcha; e a nova situaçaõ politica
estas medidas impediraõ a continuaçaõ do Brasil requeria medidas efficazes,
àe emprestimos insensatos, ou exclui- e que naõ podiaõ admiltir demoras. ,
raõ da Direcçaõ do Banco homens Declaramos finalmente, que, fa-
que anteriormente haviaõ tanto con- , zendo justiça aos acertados prcicedi-
corrido para a sua ruína, e estes eraõ, mentos dos .llndradas, só procuramos
ou amigos., ou parentes· do Sr. Sim· render a homenagem devida ás suas
plicio, tenha pacicmcia, por que a Lei, luzes, e á sua probidade; naõ é ser-
e o bem publico assim o exigiraõ. vilismo, quem nos obriga a tanto,
Continua ainda o Sr. Simplicio a porque nem nós precisamos dos seus
cevar o seu encarniçado odio eontra íavores, e quando precisassem.os, el-
os .llndradas, e a vociferar contra el- les naõ tem riquezas, nem poder:
les , por haverem mandado observar demais elles se mpre recusa raõ elogios,
o ine:cequivel Tratado de Commercio assim como hoje desprezaõ as insul-
com :i l nglaterra; e nós só temos de sas, inepcias, e grosseiras calumnias
lhes render agradecimentos por medi- do Sr. St'mplicio, e outros miseraveis
da taõ assisáda l." porque a Indepen- c.Jusdem pu1furis ; e seguros da sua
dencia do lmperio , ou sua nova si- consciencia, apel)aq para a posteri-
tuaçaõ, naõ o desonerava da obrig·a- dade, que naõ parti cipa das paixões
çaõ de guardar um Tratado, que. ha- corrosivas dos contemporaneos, ou pa-
via abrangido tanto o Brasil , como ra o tribunal dos homens sabias , e
Por.tugal; 2.0 porque seria um erro irnparciaes <las Nações cultas da Eu-
crasso em politica offender., ,e descon- ropa, cuja competencia reconhecem.
tentar pela sua inobservancia a pri- Temos concluido a analize da carta.
meira Naçaõ maritima, o que talvez do Sr. Simplicio, taõ mesquinho em
chamaria sobre nós uma segunda guer- miólos, como mesquinho em ideas.
ra, bem funesta nos começos da nos-
sa emancipaçaõ. Demais os Estados
ligaõ-se, ou separaõ-se, os homens á .11 dver!encia.
testa do Governo desapparecem, ou
morrem; mas op Governos, e o que No Tamoyo de terça feira N. 0 17,
elles fizeraõ , d1:1raõ, e conservaõ-se , de 30 de Setembro, pag. 68, coluna,
porque, á naõ ser assim, ninguem es- 2.• , lin. 40, onde diz: e preferindo a cau-
taria seguro , nem os Estrangeiros , sa da humanidade á da sua .Justa pain;a,
nem os Nacionaes. deve ler-se , e preferindo a caitsa da
Naõ tem pois o Sr. Simplicio ra- humanidade á da sua injusta palria. ·

RIO DE JANEIRO . . NA IMPRENSA NACIONAL. 1823.


N .. IQ ·

SABBADO 4 DE OUTUBRO DE 1823.

Tu vois de ces tirrms la .fureur dcspotiq11e ;


Its pcnsent que pour eu;i· le Ciâ .Jit l' Amerirpic.
VO LT . ALZ! llE.

, Resenha mwlytica dos Periodicos da mos 11Jl!ito alto , e muito sàbio sao as
Corte , da semana passada. Porta~·i~ s J _w; difTc re11tcs Repartições
do M1mslcrio; ne m hav erá quem por
Tis ~1arrl to say , if grw.ter want ó/ skilÍ tanto 011'-1: negar-lhe aquelles epithe-
.flppear in writiug or in jtldging i/L; tos que parecem com11etir-lhe de di-
B<it of the lwo, Less dangerqus is th' ~/fcnce rt:ilo.
To tire our patience , than mislead our sense; Ora pois, salisfeito, como suppo-
Pope. Essay 01i Criticism. mos que deve L :ar o tal censor, pas-
semos a uma ~arta do Doutor De Loy,
que se acha rnse rta e m o N. 0 69 da-
PRincipiamos as nossas ultim<is re- quelle Perio(lico. Mr. De Loy fazendo
senhas pelo Corn~io do Hio <le J aneí- reca pitulaçaõ de varias cartas que tem
ro , em testerilunho da particular at:. escripto, diz estabelecera cm uma
feiçaõ que_ lhe consagramos; hoje po- <lcllas que o. guerra contra a Hcspanlia
rem esüimos resolvidos a seguir nova rwü era aggres:;aõ , mas uma defeza le-
Jiiarcha ~ levantando humilde pensamen- gi lima contra crenças ú1imigas de toda a
to ao muito alto, t muito sabio Dia- Conslituiça.ü racianavel. j Ora quem havia
rio do Governo <les ta Corte. Parece- <le pres umir chegasse um tempo em
nos estarmos prese nciando um destes que se désse a a~gressaõ o modesto
censores do tempo , d es prendendo um nome de defoza, e vice versa! Decerto
sorriso sa t<lonico, perg untar-nos donde naõ foi com os argumentos de Mr.
derivamos similhantes epithetos <laquel- De Loy qu e Mr. Villele fez rosto á
le Diario, q uan<lo elle só offerece aos opposis:aõ. Se a França receava o
seus leitores noticias q11e já tem bi- sys tcma. P?l!tico Peninsular, se julga-
chos. ·Sim, Sr., tu.do isso vemos, e va pr<'Jmhcial aos se us verdadeiros
ainda mais alguma coisa: repare V. m. interesses a intro<lucçaõ <lelle no seu
que todas essas noticins saõ a favor <la interior, que se acautelasse pondo cm
.injusta invasa õ dos Francezes na Hes- pratica todas as medidas que corll'e-
panha: re pare que os Constitucionaes 11i cn tcs lh e pareces:iiem; mas cnlrar
deste Reino (desgraçados!) ainda naõ com maõ annada em uma Naçaõ e~
alcançaraõ uma oÓ victoria: repare trnnh a para dar cabo desses princí-
que rrnnca appereceo ali o Manifesto pios que a Naçaõ professa , será
Je Fernarúlo VII., nem a entrada do sempre uma aggressaü, cm quunto <le
Wilson , e as suas proclamações; fa- todo se naõ ~ubvertercm as i<leas que
cto taõ importante á liberdade Ja P<'- costumamos fixar aos Yocabulos.
ninsnla, como a acquisjçaõ do Lord Quer Mr. De Loy provar que a
Cochrane á .Independencia do Brasil: Hespanha naú hc aferrada ao absurdo
,porem o motivo porque lht> chama-
1 codigo das Cortes, e para isto argumen-
e ªº )
fa com o acolhimento prestado ao e:cerci- bilida<le dos Ministros e liberdade da
to libertador desde o Bidassoa até Cadix, imprensa apezar <lo grito dos Perio-
isto he desde uma á outra extremida- dicos, quantos actos anti-constitucio-
de da Hespanha. Bem se vê que o naes , e quantas inj ostiça s nc1õ te m
argumento he- contraproducente, e cau- praticado , naõ o Monarca porque es-
sa compaixaõ. Se a Hespanha naõ he te lie inpeccavel e como tal inviola-
aferrada, como Mr. De Loy affirma, vel, porem aquelles que parti cipaõ,
á sua Constituiçaõ , 2 para que foi lá e em quem está dele gado a sua élU-
esse exercíto? 2 Naõ podem outros mo- thoridade? Quanto á preci saõ de No-
tivos ter dado causa a esse acolhi- breza, tanto mais nos conformamos.
mento talvez forçado? 2 E como con- com a opir1iaõ daquell e escrítor, quan-
cordar esse universal acolhimento que to mais c01w enci.dos estamos com o
diz ter encontrado o exercito Francez illustre Montesquieu de que faltando
com as novas levas que em França se ás Monarquias a virtude , base d as
estaõ fazendo? Democracias, he naque!Ies Gove rnos
Parece-nos que se engana Mr. De a honra a mola real das accões do
Loy quando cliz que lrn Puhlicistas Cidadaõ. _,
nossos que portenclem transplantar para O Diario N. 0 73 torna-se summa-
o Brasil ou a Constituiçaií lnglc:a , ou o mente importante pela natureza dos
Codíga Publico dos Paizcs BaiJ.:os, ou a documentos que contem; mas nota-
Carta Franceza. Se bem nos lembramos mos em as No tas do nosso Mini ste rio
esses Pu blicistas propozeram que sim dos Nro-ocios
o Estrarwciros
o urna sími-
se adoptassem com as modificações Ihança notavel entre o estilo e i<leas
.
necessarias , attenta a differenca das
..)
ali exaradas, e o estilo e idea s que
c01sas. se e11contraõ efn os pnpcis do passa-
Quanto ao resto desejaremos que do M ini ste rio. O' insigne Pythagoras ,
Mr. De Loy desempenhe bem as mui- tinhas ra.saõ quando prcgaYas á mo-
tas, e mui uteis coisas <pie promette, cidade <le Crotona o <logma da me-
e nos instrua desta sorte com os seus t.hempsicose: sim ja cremos , ja cre-
estimaveis escriptos. mos na transmigraçaõ das almas!
A carta assigna<la por Um Libe- Apezar <lesta similha11ça de estilo
1'al, que se lê em o N. 0 71 do Dia- e de ideas, duas coisas observamos
rio , he a justificaçaõ das doutrinas que nos naõ parecem filha s da Polí-
dos antigos correspondentes delle , e tica que dictou o resto: he uma del-
defeza dos ataques que lhe tem feito ]as o dizer o Mini sterio que todos os
Correios e Sentinellas de Pernambuco. esforços que Portugal fizer para arre-
Na verdade naõ vemos por qual mo- dar este Irnperio dos fins que tem
tivo mereça o Diario o titulo de in- solemnemente proclamado , seraõ in-
fame, como os Redactores e Corres- fructuo sos , muito mais com a superve-
pondentes destes dois ultimes Perio- niente forma de Governo absoluto a que
dicos lhe tem chamado. Se as doutri- voltou, quando a forma do G º'"erno de
nas que elle publica saõ más, com- Portugal , seja e lla qual for, jamais
bata&-se; o contrario he <lescer a ac- pode influir, nem crlh"ar c m conside-
ções inteiramente indignas da gravi- raçaõ no caso presente : h e a outra
dade do Lyceo. Quanto ao pugnar o o naõ querer S . .M. l. acccitar as car-
author da carta pelas mesmas ou ain- tas ele familia que trazia o Conde <lc
da maiores attríbuições, do que goza Rio Maior. Este proce<l i mento he con-
o Reí de Inglaterra , para o Monar- tra a natureza , e c m Portugal úaõ
ca , naõ duvidaríamos conformar-nos deixaraõ <l e tirar daqui por corollario.
com elle, u~a vez que nos indicasse que S. M. I. está coado. quando to-
o meio do Monarca naõ po<ler abusar dos sabem a compTcta libenla c.1c <le
de taõ amplas faculdades. Dar-nos-ha que goza em. todas as suas accõ cs.
3
talvez a responsabilidade dos Minis- A ccresce mais que estas cartas rias
tros, e a liberdade da imprensa em actuaes circunsta11cias dcviaõ conter
penhor da conservaçaõ dos direitos <lo coisas relativas ao estado pt·esente do
Cid~adaõ: mas apezar dessa responsa- lmperio, e nesse caso a lem de con-
( 81 )
.J

vir muito saher o seu conteudo já a esse Proj ecto , traz em o N. 0 45


naõ eraõ só cartas familiares. Cumpria uma j ud icio~a carta sobre a infeliz
pois serem recebidas 1 e até manifes- lembrança das Províncias Federativas;
tar-se a Naçaõ o que lhe dissesse mas em seguimento della naõ deixa
respeito. de vir logo outra de costumadas
Voh·endo agora os olhos ao Syl- invecti\·as aos· passados 1\linistros, e
pho encontnimos a carta do Espreita- ial\'eZ pouco merecidos encomios aos
dor Constiueional, que taõ perseguido presentes. Sim, Sr. quem quer que
se Yio pelos escudos d'armas Lusita- seja , os passados Ministros seguiaõ
nas : pois ainda lhe escapou o que maximas machiavelicas ( se he que
existe no frontespicio <lo Museu como V. m. sabe o que seja machiavelismo ),
-para dizer aos numerosos Mineiros e mas poderaõ reunir o Imperio ao re-
Paulistas que passaõ pelo Campo da dor ele um centro commum e conser-
Acclamaçaõ que nesta Corte ha chnm- val-o; e praza aos Ceos que, apezar
bismo em uns , e omissaõ imperdoa,·el dos elogios que prodiga aos actuaes,.
em outros. ~ E de que vale contra da supensaó das deyassas, e mais ac-
quem naõ tem vergonha, nem pondo- ctos, que se crê de philantropica e
nor nacional o porrete do Satyrico eterna recordaçaõ, pelos quaes tal-
Latino? vez a Patria lhes tomará um dia es-
O Botecudo, correspondente do treitas contas, naõ vá pelos ares tu,•
N. 0 17 da Setinella, queixa-se tambem do quanto elles fizera.ó em beneficio do
<la conservada praga de Escuuos d' Impcrio. O tempo corre, e cada vez
armas Lusitanas, veremos se o mal mais nos aproximamos á epoca deste
se remedea. A carta do D r:scjoso do bem desentre.xo; que naõ está muito re-
do Brasil, sobre a propagaçaõ da vac- mota, segundo pouemos julgar pelas
cina, e as retlexões que lhe ajunta o n0ticias que Yem chegando.
Redactor, mostram em um e outro Estas criminações contra os pas-
sentimento de louYa\'el philantropia. sados l\linistros, juntas aos louvores
Possam aquelles dois pequenos escrip- dados a Saldanha, á quelle períido
tos acordar do adormecimento as Saldanha cuja coopcraçaõ com Ma-
pessoas encarregadas de um estabele- deira he bem sabida, e foi denuncia-
cimento taõ util ao Brasil, e taõ caro da nesta Corte ao Publico por uma
á humanidade. carta impressa; áqnelle infame Salda4
Tem razaõ em factos que aponta nha que proveo o dito J\ladeira com
em a Senlinella N. 0 18 o Brasileiro da tanta abundancia <le carne, que na-
Roça: mas parece-nos que a questaõ quella occasiaõ tinhaõ os Lusitanos na
naõ deve versar sobre empregarem-se Bahia quantidade della para seis me-
ou i:iaõ homens nascidos alem do At- zes ; bastam para mostrar o carecter
laniico; porem sim se esses homens <lo Correspondente, e fazer duvidar
estavaõ no caso que em o N. 0 17 do de tudo o mais que refere, ainda que
nosso Tamoyo ponderamos. O Brasi- verdade seja; o que naõ podemos affir-
leiro da Roça parece querer excluir a mar , nem negar. O mais galante he que,
todos os Portuguezes de aspirarem aos sendo us devassas uma das culpas
empregos do Imp erio; 'nós sentimos taõ aggraYantes na opiniaõ de tan-
d e diverso modo , e desejo.mos que a tos, em que cairaõ os Andradas sem
elles tenhaõ accesso ; ~porem debaixo com tudo terem mandado proceder a
de que requesitos? ... Em o referido uma só por seu line arbítrio, per-
N. 0 do Tamoyo os encontraraõ os nos- tenda o Corresponuente que o actual
sos Leitores, e naõ deixaraõ talvez Ministerio mandasse tnlvcz tirar tam-
concordar com no~co todos aquelles bem devassa do acontecimento do Rio
que se acharem em estado de julgar Grande! A' vista julguem os anin1os
com imparcialidade. jrnparciaes se a culpa. dos. An<lradas
O Correio da semana passada , (quando os Andradas só tivessem parte
depois de ter occupado os dois pri- na bclibcraçaõ) consiste cm se ter pro-
meiros N. delle com o Projecto da
0
• cedido daquella maneira, ou se con-
sua Constituiçaõ, e com algwnas notas siste antes cm se ter por tal modo
.., ii

J
( 8... )

rustrad o todos os planos da revolu- grau no s promotores, e de menor nos


çaõ que se dizia estar traçada, e executores, como se todos fossem êi'es-
proxima a rebentar. tas duas qualidades , e como se os
O que deixamos expendido , res- innocentes podessem ser comprehen-
ponde tambem ao que em o N.• 48 didos nesse 11umero, ainda mesmo de
vomita contra os Andradas uma pro- executores, quando cu indistinctamen-
ducçaõ ledina , que ali se encontra; te os tinha resalvado com particular
mas naõ podemos resistir á atentaçaõ coidado, para evitar a onlinaria ca-
de copiar aqui algumas aegras deila, lumnia, com que o vulgo costuma con ..
que mais estimamos pelo estilo de fundir uma arbitraria imputaçaõ com
que sao animados os pensamentos. o ven.l a dei rn reato.
Trata da dimissaô dos Andrarlas, e Mas o mencionado Sr. Rndactor
<liz o Author aa carta. As Provincias alliigiu-se tanlo com a descoberta de
desassombradas reconvergindo para o uma revolta, ciuanto a <lestincçaõ de
seu centro; as opiniões reu nindo -se pessoas: e procurando modo de com-
todas ao unico ah·o da felicidade ge- bater a minha asserção, não achou
ral; o pensamento livrenrente circu- ootro pretex to, se não este de mos-
Tando sem que o Fanatismo e a ve- trar-se d ese r1temlidb, para confundir os
nalidade lhe corte os necessarios voôs; rros executores com os absolutamente
a foliciá.ade reassomando-se no 01·ison- innocentes, que eu claramente exclui a;
te do Brasil &c. ,, Isto he bonito; e1TQ este, qne eu poderia talvez at-
mas para se descobrir a verdade , tr"ibuir á uma falta de intelligencia
escondida debaixo do ouropel das ex- se as suas duas 11otas seguintes naõ
pressões , he necessario entendel-as ás pantentenssem a rn ani lesta prevençaü,
avecas.
~
com que a primeira foi enunciad·a.
Sim; e do contrario, porque Logica
Senhor Redact01·. infernal diz aquelle Redactor na sua
Tendo o Redactor do Correio segunda nota que he soprar <liscor<lia
Extraordinario inserido no se u Perio- a simples acçaõ do Alte<5tante, qtian-
<lico N. 0 11 uma carta, que lhe enviei (lo aílirrna, que naõ descobriria o hor-
acompanhada de duas attestações, em rível plano, que tinha vi sto, se agora
que se prova terem os Anarchistas de naõ fosse o brado a ~alvnr a innocen•
Pernambuco outra vez querido reprn- eia <le alguns individuos calumniados,
du:zir as scenas de 1817, e tendo de como o de quem foliou a primeira
agradecer ao dilo Redar.to!' as trez Attestaçaõ ? Será isto soprar <li~cor
notas conlradictorias, e inconsequen- dia, ou pelo contrario soccorrer a uma
tes. que felizmente ajuntou, figurando victima?
de struir a minha carta, quando por Al em desta calumnia atíra aquel-
isso mesmo lhe deu maior vigor; 11 aõ Ie RE>dactor a barra mais lon~e, pois
devo deixar <luvidozo o Publico, para dá a entender que este Attestante
quem escrevo , e á quem se devem delig-cnceára por todos os modos pos-
elucidar as materias. si ve1s o entrar em uma sociedade cri-
Na verdade tendo eu na dita mi- minosa com o fim de mudar de der-
nha carta distinguido os innocentes rota, quando. fosse mal succedida. Isto
dos culpados do dito anno de 1817 • he .iulgal-o perfido, e retrahido; he
como uma prova da minha repugnan- suppor que entro u no projecto, sacr\...
cia á invectivas contra os rndevidnos, ficando se11s cornpanhcirns , quando
que as naõ merecem; assentou o dito <las mesmas pAlavras <la attestaçaõ se
Sr. Redactor por sua alta rccreaçao vê o contrario; pois que dellas se
ue misturar todos os que padeceram provu yue elle nunca assentiu, e que
nesse tempo, e de avançar temeraria- se desviou daquelle ajuntamento, logo
mente .na sua primeira nota que todos que vio projectar-se uma rebeliaõ igoal
eram rncursos na mesma couza, e á de 1817.
que só reconhecia difrerença de maior Cuntinuar-Sl!-ha.

RIO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL. 1823


N. 20

TERÇA FEIRA 7 DE O UTUBRO DE 1823.

T n vais de ces ti ran s la .fureur despotique ;


l!s pensent que pour eux /e Cio/ .fit l' Amcriqne.
V 01.T . A1.zrnE.

ALFAN D EGA. estarem muito velhos , e m uito bO'ordos


ou p ejados dos pap eis que se devi a õ

O q ue di ssemos acerca desüt Re-


vartiça õ em nosso n. º 16 tem prod u-
ter lançado e do g ue Já o Sr. Meye r
recebeu bons emol Limentos.

zido d uns utilid:.iJ es 1 uma r e a l , e ou-


fra: apparf'nte, es ta c ons iste em se ter
1nandado a ve ri g ua r sobre a veracidade Continttaçaõ da Corn spondencia começada
do fact o , q ue no dito n ume ro annun- em o N. 19.
ciamos , d e te r o Sr. M eye r ma nd a do
sair um a porçaõ de volu mes , se m es- Que direi to assiste ao Red actol"
tarem a inda legalisados os d espac hos do Correio para a tacar a q ue m na õ
<los mesmo s volumes , e na a uze nc ia conh ece, só pela s ua d iabo lic a, e in-
él.os resp e ctivos Offici acs , e at é do fernal conj ect ura? Se 11 isso pod esse
Administrador; a qu e lla em te r o Sr. entràr cônjectura, essa devia se r pe•
Meyer ab a r a ta do o preço dos te rm os lo contra rio , e era yue o Attes ta nte
d e propri ed a d e Portugue za, c uj os e- naõ podi a se r notado dessa infami a ;
molumentos ja iaõ n' um a prog re ssaó p ois q ue se poclessc incorre r nesse
espantosa , de maneira q ue podi a ch e- ri sco, naõ se anima ria a appresentar,
gar a sor ve r tudo a titulo d e em olu- em publico uma tal attestaçaõ, q ue
mentos. pod eria 5e r noc iva á si mesmo. H e
Cham a mos utilidade apparente a es ta a conj ectura , que deviam faz el"
veri guaçaõ d o facto ; porqu e e sta mos os cidadãos pt'obos, e he, o que o
.certos de que o manto do pntronato Redador <lev ia te r feit o, po is q ue um
cubriri sem duvida quantas preval'Í· Escripto r Publi co naõ está á si ma d o
c a ções hFi_íaõ deste calibre; e mbora o criterio d os .L e itores, para in vadi r a
Cap. 44 do F oral se opponha , e o honra d os cid ad ãos so por meras c on-
bem puLli co c lame altam e nte jus tiça. jecturas. Na õ será is to uma prova b e m
Ajuntamo s mais estas duas regras clara as s uas notas nasc eram d e a ni·
para aug;me nt a r a materia sobre a mo preve nid o ?
qual o Sr. Meyer tem d e espanejar-se Alem di sto co rn o pode, sem ser-
para nos responder, seguhdo basofía, notado d e qu ebra d e civilid ade, o
á s nossas a rguicóes. Nós ingenuamen- Correio E x tr ~w rdi nar i o nota r , ou cen-
te lhe pedimos _, gneí ra, quanto antes, sura r urn a ca r ta, q ue o uf ro Escripto r
a<l iantar a sua d c feza, pois te1 os lbe ped e po r favo r , q ue ira in se ri r no
summo gosto de o ver lavado · de im- seu Pe riocli co? Se a cons id ero u digna
putações , e livre da bocca publica de notas , p odia com qu a lque r leve
se mpre ve ne ndsa quando toma entre pre text o çx cusa r-se , se m olfender a
<le ntes o ma is hones to elos homens ; nin g uem, es pe ra ndo ve l·a inserida e m
m as se mpre lho rogamos que nem por outra parte, pa ra ~ t aô desa bafa r e
isso d e ix e <lc cscrip turar os livros da dar-se a conhec e r qu e e ra ez ellis,
Alfandeg a, qu e é fama es tflõ embran- Em fim apeza r d as su as notave is no·
c o , assim c omo vieraõ da c asa do· tas , (d irígidas aos ag radecidos ) eu
l ivreiro, com a unica differens a de donn iria b em tranqtiilo , se tivesse si-
*
( 04 )
<lo o author da attestacaõ ~ tendo pe. gramados Eu adopfei a. paiavra , por-
]o contrario padecido te~riveis, e crueis que como estas cahem, e se renovaõ
viailias, se por fatalidade se lesse em como as folhas das arvores , pode-se
p:pel meu que a existen~ia ( ci~il. o~ introduzir huma sem que por isso se
natural) do Corp_(} da Magistratura nao tne1 eça rigorosa critica de huma crea-
poderia exceder da duraçaõ de dés tura, cuja Tribu, (ao que me parece,)
mezes. naõ enxotava palavras compostas dos
A terceira: nota naõ merece refú- diferentes dialectos das aldeias , que
taçaõ; pois que 0 mesm.o Redador a circumvizinha\'aÕ. Adoplo pois a cor-
confeça a prevens:a:õ ., dizendo que rcçaõ, a firma desta lho provará. Se
naõ interessa ao Imperador, nem a estas rasões naõ minoraõ o meu erro
Naçaõ, que saiba.,. quaes saõ os re- consolar-me-hei com ver , que todo&
beldes, que revoltam o Brasil, e que erraõ; até o mesmo Homero dormi-
uma tal descoberta mais parece in- tou, e a mais concludente prova des-
triga particular, do que oatra. couza ta fraqueza mnatta deu-ma V. m., pois
He esta justamente a fraze dos que se eu erreí em annl:lir á crisma alhe~a.
dizem qae os crimes de 1817 foram sem dar pezo á: liga de duas lingoas,,
de mera suspeita. A gora he que acor- o que se acha em muitas outras pa-
do que o <lito Sr. Rednctor taõ- lavras, V m. inseri o hum- texto alte-
bem .•..• Deus escreve por finhas rando a colocaçaõ Õas mesmas. Ao-
tortas. A' que por1a fui bater! A' que fazer este occiozo reparo, lcmbrei·me
porta foi eu bater , meu Deus !... Que de que ja buma vez me tinliaõ escri-
conceito 'ficaria eu merecendo, se o pto notando-me a falta da dattn na
Redactor do Correio Extraordinario o çarta contestada 7 vindo a arguidora
Sr. J oaõ Soares Lisboa se confor- firmada em .29 de Fevereiro, naõ sen~
masse commigo ! Ah ! bom he que t.o- do esse anno bissexto.
ào o mundo saiba que o sen mod() Foi o meu fim oaquella carta, e
depensar naõ se ajusta, com o meu s·e rá sempr€ o meu ma.is constante an-
Sim, eu tenho muito que agradecer- helo nas palavras nos escriptos, e nas
lbe pela sua franqueza. Toda a rebe· acções o promover a uniaõ dos indi-
Uaõ chama-se entriga? Perdoe-me o viduo:S componentes do vasto lmperio
Sr. Lisboa que nunca mais o en- Brasilico · naõ conheço meio mais se-
commodarei - José Fernandes Gama. guro, creio mesmo que he o unico,
parn que chegue a salvamento a Náo
do Estado, que arfa ao sahir do por-
Senhor Tamoyo .. to em ond eantes mares , do que a.
confraternidade dos seus habitantes •.
As sinceras reflexões, que V. m. He evidente que com exacti<laõ Ma~
fez á minha carta inserida no Diario thematíca ella he impossível , mns he
do Governo N. 0 61 , vieraõ confirmar- verdade, que se obtem com preciza&
me .n a opiniaõ, em que muito ha eu civil. Ha povos com Governo, ora es-
estava. de que V. m. tinha civi1isaçaõ te, como diz hum livro muito bem
sobrada. e de que nas aulas, em que imitado por V. m., he a subrnissaõ
aprendeu, provalmente se aprezentou voluntaria dos mesmos povos ás leis
com outro nome. Louvo, e agradeço feitas, logo ha uniaõ de sentimentos
a sua polidez, e vou dar-lhe, quanto sem precizaõ Mathematica, mas com
ém mim cabe , huma prova de que a que basta , a Civil. Ainda quando
receberei sempre lições mesmos dadas estivera fora do alcance dos bem in-
por hum Tamoyo verdadeiro. Se o tencionados o seguimento exacto de
tratamento naõ e11cai~ar- a culpa he bum tal objecto , nem por isso , pois
sua, deponha as plumas, e serei ex- que he necessario, seria quimera de
acto; se o meu erro pois for 1mperla- theoristas insensatos o abalançar-se ao
tivo, assim mesmo deve desculpar-me, empenho. Ainda se naõ penetrou a
porque a este respeito nos estamos possibilidade de descobrir a quadra-
hoje na Torre de Babel. tura do circulo, ele achar exactamen-.
Naõ sei, e Deos sabe quanto me te a longituae no mar, e de combi-
peza ,_ a lingoa Grega; apezar disso , nar os simpl es , de que se comppoem
a naõ ter razaõ urgente, naõ me po- alguns corpos, e equelles, que em-
zera nome <le misturada ; fui assim prehen<lem · achar estas incognítas ,
crismado por bum individuo, ao qual merecem elles por i.s so hum in-
por máo fadario cri5maraõ <lespois com sulto ?
termos senaõ mais grammaticos , mais O Sr. Tamo,ro enganou-se termi ..
( 85 )

nantemente na bypotheze de que os gritos dados tanto a tempo no Saiaõ


Portriguezes Brasileiros se arrepiaõ ao de S. Paulo nos fins de 1821 foraé)
ver ao leme dos negocios- .os Brasilei- écos <le hum sussurro levantado nesta
r os Portuguezes, desmente-o a .histo~ Corte , e por quem Sr. Tamoyo ?
ria; he coiza a que estaõ" ha muito Todo o homem tem patria, os
afeitos. N'ella eritre muitos outros es.:. Luzifanos , que abraçaraõ a Causa ,
taõ os n~mes ~, de Alexandre de-. Gus- taõbem tem huma . e esta he o Bra-
maõ, de Joaõ Pereira Ramos~ do sil; e pois que tem obrigaçaõ de su-
Bi.spó Conde, do lnquizitlot Geral 1 portar o.s seus enca rgos, tem direito
e de bastantes que o leraõ, .o.s quaes a gozar nel1a <le tudo o que gozaõ
p ouco ha, regiaõ cadeiras na·Univer- os indígenas ; apczar do direito, e u
dade , e nas Academias , administra· em logar delles , naõ pedia mais do
vaõ establecimentos nota'veis , e goza- que t-enh-o , e bem fará qu em só se
vaó de toda a. cortsideraçaõ .devida lembrar de muito poucos, e esses com
ao seu saber, ao seu caracter, e as- meritos transcendentes , meritos q ue
suas virtudes. N une a os Lusitanos Eu- levem palmas. Pareceu~me superflua
ropeos consideraraó os Brasileiros Lu- a sua distinçaõ entre os direitos ci·
sitanos como os barbaras Lacedemo- viz, e ~ptidaõ legal, bem v~ que he
nios mediaõ aos Elo1as, nem sempre sabidissimo, que nem V. m. entrará
os pe.zárao para }obrigar o cohtheudo na lista dos pertendentes â Bispados,
nas algibeiras; muitos Brasileiro§, sem nem eu na dos Generalatós.
~erem A <lonis, andara.ó nas palminhas Naõ só naõ he prudente injuriar,
das mãos Lisboetas, e naõ ei·aõ só o e.orno V. m. <liz, eu assevero que he
senhor de Engeoho , e o Mineir'o qué hum crime , e por m1-1ito pcccador
se atacavaõ profundamente. S_e V. rri. que me creia, nem mentalmente tive
naó esteve la· na c01-ro·mpida, e mize- ém. vista o sangue de que V. ru. se
rai Ullissea. pergunte-o aos de caza , lembrou , quando attribui á influencia.
ou aos amigos. deste a i-hjusfissima perseguiçaõ feita
Os Estados Unidos fora.ó da ln-· aos He9panhoes nas Provinc1as d'Ame-
glaterra buma Colonia do mesmo mo- rica. He claro, como a luz do di a ,
do como o Brasil o foi àe Portugal; que eu fallei de Estrangeiros Europeos,
o Governo , as leis , menos as muni- e como a importaçaô destes no Peru,
çipaes, a administraçaõ <le Justiça. e no Mexico foi sempre vedadá, no
tudo vinha da Europa, mas nunca lá· primeiro ainda ha hum exercito pe-
gozataõ de foros civiz taõ lata1'n ente ninsular i•ecrntado no paiz, e o ulti-
como os de cá os di~frutaraõ em Pór- 1no fez reiteradas deligencias para ser
tugal. V. m, sahe que hum dos moti- governado por hum descendente dos
vos da separaçaõ foi_ a falta de assen- seus antigos Soberanos. Buenos Aires,
to no Parlamento Britanico dado aos Caraéas , &c. , aonde es.tableceraõ fa-
Qriundos na America . . Naõ succedcu cilmente individuas naõ nasc idos a
assim em Portugal, a Bahia, e o Ma- qüem dos Pirineos, deraõ esse horri-
ranhaõ mandaraõ Deputados as Cortes vel exemplo de pers igui~aõ fraterna ;
da Lisboa. De todas as Nações- Euro- e depois que - luta la cagnalia' - pi-
peas o Portug::il foi aquelle, que mais za o solo Brasilico surgio essa impia,
id!?nlificou civilmente as suas Colonias. e cruel antipathia, e para mais a se u
A paz de W treck forçou-o ao aper- salvo nos bambalearem puzernii-se des-
reamento mercantil , de que pouco. caradamente da sentinclla em caza
antes naõ gozava. alheia. Hum homem, que e m 1817
Na lista dos leaes Americanos , imprimia a sua crensa sobre a qui-
que a Inglaterra ainda hoje· paga , merica pureza do sai:igue Portuguez ,
provavelmente se enum eraõ indivíduos naõ cahio no erro hisiorico gratuita ,
nacidos nas margens do Deltnvare , e impolidamente imputado, e esca r-
bem assim como se houver de que necerá sempre com internos surrizos
fazer huma em Portugal, nelle se ins- pertenções esbranquiçadas, pois que
creveraõ hum Sarmento, hum Deaõ o seu ·espelho lho está a elle, e a
da Bahia, e ou tros que l>ºr ahi estaõ todos mudamente .Pregando.
alapardados quer com bigodes , quer Concordo na rivalidade~ que sem-
sem elles; e se la tiveraõ hum Lee, pre houve entre os povos mesmo de
e hum Gates taõbem nós cá temos origem commum, e d'ahi infiro eu a
centenares de homens similbantes. Se Brazilico Luza he coiza innata • e na·
a historia for escrita por maõ ei;qua- tural, e portanto que naõ produzirá
diu.hadora contará hum dia , que os procedimentos ultrapatrioticos ; e as-
_. ü
( 86 )
sim como Roma 1 e Alba, que lhe zentes . .Mesmo sem admi ssaõ do para-
êlera a origem , fo~·maraõ a podero- lello , porque em política ha mil va~
zissima Na9aõ, a.ssim taõbem o B~-~­ ri edades , amizade indfrid ual <l éve
:iil, e Por~ugal de certo m~do poht1- conlinuar , em huns provará raciocí-
camente liga dos faraõ ~ mVeJª ?o nio , e razaõ, nos outros boa moral ,,
uni ver6o. Nos meus mes quinhos rac10- e generosidade.
éinios prefiro o sistema da 1nglatcrrà , A adminístraçaõ do findo Reino
e Hanuver a qualquer outro , e se Unido conduzio-se de maneira que
diver~i dos .sabios redactores do ~el'.1 os povos ficaraõ sem Governo. A re-
fraçado proJ ecto da nossa <?onst1tm~ volucçaõ, que o derrubou, será o
çaõ , he porque - unusquzsgue .sia preludio de outras muitas se naõ se
sensus abundai - , e toquei na tecla cuidar em reviver as ideias de obe-
na esperança de que almas mais ati- diencio cá , e lá; com esta, com re-
Iadas tratassem de huma questaõ , preze ntações respeitozas ~ com refl e-
que preciza ser debatida, e q ue, sen- xões imparciaes, e com jnergia de
do cônsultados os interesses mutuas, caracter conseguir.-se-ha a pouco e
se concluira. mais facilmente do que pouco o r estabelecim en to da ordem
o debate sobre a_ qual id ad e, e razaõ ci\·il. He nisto que e u quize1•a \·e r
<la morte de Themistocles, a qual , continuar o trabalho dos homens pro ..
se Plutarc o he ma rcada authoridade bos com a mesma perennida<l e, com
para V. m., hc mais racional attri- que alguns malvados a troco de Pezos
buir ao medo de Círnon, que já en- Solares prosseguem no louco, ímpio,
fyõ era homem distint-0 por victorias e baldado empenho de nos atribular ,
brilhantes. e dezorganizar; embora \'arie a Ad-
Como tantas saõ as cabeças qm.m- ministraçaõ. Se naõ devemos viajár ,
tas as sentenças naõ admira de que porque o cocheiro dá ~s vezes fu s-
·~JaÕ Politicos dczaprovadores do - tigadas extemporari as pondo os Bu-
Settenient act - , mas ouçamos os Fa- c.efalos en:: dezinquietaçaõ intemres-
bricantes, e os Mercadores, e ria- bva, cntao entremos no CochP. ::->em
mmi-nos dos filant ropicos sonhadores Governo naõ ha Naçaõ, sem obcdien-
àe guerras clesnecessarias. Os Est!3-- cia 11aõ ha Governo , esta he fructo
dos unidos andaõ de porta em porta da educaçaõ , para ella concorrem os
na Europa a catta de hum buraco escriptos publicos em crises como a
para lhe servir de armazem ! ah! que nossa. Eisaqui propozições simples
naõ dariaõ elles pelos da Junqueira! mas verdadeiras, fora d'ellas, bem
Os lnglezes abraçaraõ-se com Gibral- como do seio da Igreja Catolica naõ
tra, e Malta com tanta ancia, que ha salvaçaõ nem para vos nem para
lhe cravaraõ as unhas , pois olhe meu nos. - Phileuta:rias.
Sr. nada mais saõ do que dois arma-
zens artilhados.
Quando Cabral abraçou ao pri-
meiro Brazileiro cm Porto seguro , Em prova da imparcialidade com
abraçaraõ-se com elles , a modo do que redigimos este periodico , apres-
pecado original , os individuos indí- samo-nos a dár ao publico a carta do
genas do dois paizes, sem que d'ahi Sr. Phileutaxias ~ outr'ora Philoordinis 9
se infira que o Governo de ambos e promette-mos de em um doi n. se- 0

deve ser hum ; naõ sei como se me guintes rebater tudo quanto se opoern
aninharaõ na cabeça Inglaterra, e ao Tamoyo.
Hanover, que sempre os tenho pre-

RIO DE JANEIRO. NA lb'lPRENSA NACIONAL. 1823.


N. 21

QUINTA FEIRA 9 DE OUTUBRO DE 18~3.

Ttt vois de ce.t tirrm.~ la f11 rr.11 t despoÚr;uc ;


lls pensent que pour r.ux /e Ci!I jit !' Amerique.
VOLT. A LZna:.

Carta de Joaó Claro a seo Compadre nos, e abraçar a muita gente que dezcjg-
B raz Escuro. rias afogar. Eis a razaõ por que certos
homens sa bios , e honrados naõ podem ser
liberaes na fraze do tempo • pois ja naó
de perguntas, tneo querido Escu- tem, ou se :J tiveraõ , se diz agora que
ro? Para responder-te naõ basta uma car- perderaõ a /lura popular, apezar de con..
ta , seria precizo um carta pacio. Mas va- tinuarem a ser bons Pays, . bons. Maridos ,
mos por partes; pois de graõ em graõ en- bons Magistrados . e bons Cidadãos. Eiles
che a o·allinha o papa.rraõ, <liz o ditado. sei-aõ sem pre reputados àespotas, por mais
1/' O que he Opiniâú publica? Respon- que amem a Patria, e . as Leis.
do: opiniaõ publ1ca, ou publicada , que 3.ª E qu e he bu'm Despola ? He
entre nós vale o mesmo. he quaJqoer ca- hum homem algum tanto tezo, e imperti-
lurnnia, asneira, ou inepcia má que sahe gado para 03 facciozos e malvados , e
.a luz em letra de fonna, com tanto que mui brando para os outros~ he hum ho~
appareça á face <lo m~nd.o. em certos pe- roem qu e naõ tem opiniaú publica , ou puhli·
riodjcos , por certos rnd1v1d~o.s de se.rta cada, nem a ./Jura papular dos ep)tafios, au-
suc)a. Assim para ter esta opm1aõ publica thografos , pazes pacificas, erciscundos ,
basta beijar cerlos trazeiros altanados ~ e conquistatorios &e. &e. &c. de certo ajunta-
saber gastar alguns c~br~nhos para imp.ri- mento que tu bem conheces: emfim o mi-
rnir os desaforos, e fnoieiras, que te vie- zeravel Despota de nossos dia~ por cumu-·
rem a cabeya , com lanto que digas ma~ Jo de infelicidade he hum pobre naõ de
de muita gente boa, por exemplo dos .lln- esperita, mas de bolsa , e mando , que
dradas. e que faltes muito em despotismo , naõ pode comprar escrivinhadores, nern
"liberdade, Soherania do P ovo, direitus elo lwmem, dar l'ener·as e pensões. lsto parece muito·
Veto absoluto. duas Gamaras &e. lsto he mui claro a J oaõ Claro, Sr. Braz f:scuro.
claro meu Braz Escuro. 4.• Que couza he Patrwtismo? Res.
2.• O que he .!lura popular"! Res pondo: pond ero alguns q.ue saõ grdos de abobora ,
ja me disseste que ouviras dizer que ./lura que servem quando ha falta de lombo de
Aureola ou ./Jurara era tudo o mesmo, e porco, ou de carne de vaca para fazer a
que era uma mixo1·dia composta de azeite cambuquira dos Paulisia.s. com que se
d€ carra pato. e mel de pá:o, qual as pur- enche bem. ou mal a barriga. Isto naõ
gas, que daõ alguns al~e11 .ares as be:ta:i he daro para todos : o que porem he
de alquilé quando tem fasl10. Como isto evidente • he ser o patriotismo do (empo
he t>scuro , falarei mais claro . .Aura popu- aquella nobre virlune, que para con~erva~
lá.r he andar a o-ente a papaguear pelas o qu e se tem adquiridô por. fas ou por
/ojas, e venda3 de a~rchislas , e e hum beiros, nefas, defende com o mesmo ertthuziasmO'
ohupar-lhes ceias, e jantares , escorrptc~ar os Ledas, os Berg uós ~ e ó.s Cordilhos, porein
1

garrafas~ metafisic.u.r a tordo, e a J1r~1to por seos Lurnos , e seguodo as circunslan·


em ideas Platonicas bombmantes tn vacuo , cias. Patrioti.smo he louvar e envernizar a·
lagrimoza imperícia, e nullidade do actual
apertar a maó com trez toques pelo me- ,.
( 88 )

!vfinisterio ~ Patriotismo hc com inn ocencía , q uern em tempo algum al istar-m e deba ixo de
e boa conscie ncia, o u por douta ignoran- E s tuncl::irtes <l e pa pe ld ourado , e len tej oulas
cia p ra tica e politica, mas naõ por fills <l o D espo ti smo Rea l , nem debaixo d as
sinistros espalhar as mãos chei as pelas Bandeiras esfonapadas d a suja, e c h ao tica.
Proviucias as sementes ela anarchia, e D emoc racia . M eo sis tema políti co n unca
desmem!Jraçaõ· do lmpcrio, fazendo liga foi nem sera es te; mas sere i o que q uize rern
Achaica com os Scrnifilo~ofos, e Pseudo com tan to qu e naõ seja o que e llcs rsaó
políticos de agua doce elas Escolas G'at- Corçundas , o u D csctmii::ados.
licana , Hispana, e Lusitana; he favorecer a 5." M as qua l he este sistema pergun-
prepotencia Militar, e a licença Rn bu- ta rás tu? Respondo : o mco sistema era
listica dos .Jlrdiipcrfidos que se chamaõ ditfi c ull ozo de reali za r , mas o un ico q ue
Pays c1a Patri a por excellencia: Patrio- pode ri a fundamentar o l rnpcrio C ons titu -
tismo hc naõ ler o Tamo!Jo , e quar1<lo cional e conserva r a su:i Integridade, For-
<lelle se folie d ize r que hc pape l ince n• ca, e Ui1ia õ . .Se ri a converter home ns ha lon-·
(liario, que SP.O Redactor sa io das pro- ios tempos aviltados'. e sem patria em CiJa-
fon<l ezas do fo ferno , e que pelo rne11- d~os honrados, activos, e valentes: se-
h~ hum elos Avós de algum futuro Anle- r ia criar cutaõ como p'o r rnil;1gre huma.
christo: Patriotismo he naõ <lár real ela Naçaõ nova, grande, e respeilavel : seria
sua bolsa para as precizües do E r,; tado, formar hum pacto social, e uJequado ao
antes esvaziar o que ha para pagar mere- no sei o loca 1, aos uossos U7.0S , e costumes :
cimentos occ ulto s , ou poucas vergon has seria eles truir pouco e pouco por meio ela.
m:rnife;;lns; hc em fim engrossar as ph:i.- inslruy:lÕ e cducaçaõ pul>lica e domestica
)anges dos novos ccntimanos que de cs- hum mon taõ de prcocupnções e ::iuu.zos taõ
craYos vis Em ou outro tempo, hoje já que- antigos corno as nossas Cidades e Vilias:
rem ser nossris Amos, baralhando tudo seria ábat e 1· perante n. Lei o orgulho in-
parn melhor pescarem cm :-igua turva. Isto solente do n:iscimcnto, e dos empregos ;
hc bem claro, mco Amigo Braz Escuro, seria reintegrar 110 uzo <le seus legitinios
e por isso cu , que naõ sou <les ta laia direitos os pofos ha sec ulos tiranizados ,
yatriotica, vou fazer-me Emitaõ da Ham- conservando porem ao -mesmo tempo a gra n-
bua para naõ ver diari::imente os focinhos deza, trnnquilidad c, e e stabilidade <lo lm-
destes animaes clamninlios, des te s mocde:i- pcrio civilizado. seria soprar novo es pírito
ros de falsa liber<lade, destes Ourángou- publico sobre huma mulli<laõ divicli<la, e
tangs de nova esp!'cia, qu e juntaõ a na- subdividida em classes, e cores Jifferc nlcs,
turezà de Tigres n f\iacac0s, e que apre- inimigas o n di sco rde s e!lfre si , rc:uI1i11do
gG~Õ , . € pr ní1caõ <lescnradamen tc os se tte esta ~ legi aõ de interesses clcsva ir:ldos · cm
pecados n\ortaes, que para cllcs saõ os hum só, e unico intere sse m1õ R.1.hiano,
unicos Mand a1nc;iio.s da Lei de Dcos. He ou Pernambucano, mas sóme nte l3rasileirn:
pois tempo de ir enlrochando a fatiota , e seria cm fim dá1· poncas leis, e sobre tu-
catniflhando para o de ·er(o como o bom do novos cr,sturnes, e moralidades a nos "a.
Baplistn, pois Yejo o Ceo ir-se cada vez ~ente r-enerosa.
..:....i o e capaz <le muito por na-
~

mais cobrimlo ele opacas nuvens que amea- tu reza;. mns dc sgraç::idamell tc :llé hoje pela.
çaõ borrasca Jesfcita e furioza. De hum m_aior parle apatica_, ignorante ,ou corrorn-
lado já inchn as bochechas o Carcundismo ptda. Bem vcs Amwo Escuro, que tudo
Despotico, e tle outro vrjo já a Republica i::to seria difücil e d'~morado pon:rn possí-
federal, que se àev~ p'1slar de roubos, e san- vel, e necessario. E ciue gloria imnwrtal
gue criucr a cabeça JV1cdusica, e ir ca<la naõ resultaria aos Obrc iPos e Architéctos,
vez mais d esgren han<lo a rnclcna viperina. que ajuntassem os matcl'iaes precizos . e
Nestes termos meo. honrado Braz Escuro lcv::intasscm taõ magnifico p;:ibcio ? Mas
vamo-nos esca fcdcn<lo pnra o de serto , que parece que o naõ quer a má fortuna. -
he lugar escuso; mas por qunnto cumpre sic /ata tule."e. B as ta: es tou can:,ado ele bor-
ir c.om a consciencia limpa, Jc, o fazer-te r:u pape l, certamente borrndo para muita
a minha confiss ;1õ geral antes da partida. gente que o naõ entende, nem quer en-
Confesso pois peraute o Cco e a terra , tencler. As outras vinte perguntas ficamo
perante os h0mens, e toda a casta de ali- adia.das para melhor tempo como fic:-i mui.
marlas , como Ourang-outangs , Mandrills, ta coiza na nossa Asscmb léa. Teo Amigo
Tigres, Rap ozas que nunca fui nem serei <lo Coraçaõ. - João Claro.
Realista puro, nem Aristocrata puro, ne m
Democrata, e por Ít>so nunca quiz nem
( 89 )
Senlw1· Redactm·. riegar 11ue o ~ grandes e vantajozos succes:
sos <le que o ra somos testemunhas, sau
Parece incrivel , que no conflicto, em fructos .aiu<la da administraçaõ passada: a
vue nos achamos para rep elir os inimigos ella se deve a rnpida crcaçaõ de uma Ma-
Jo Brasil, e consolid:-tr a rcuniaõ dcs Pro- rinha, que era inteiramen te nulla; a chama-
víncias, ain<l::i. haja Brasileiro taõ en<lia- da <le Lord Cochrane para· <lirigir seus mo-
bra<lo, que se lembre desmanchar os nos- Yimentos, a organizaça õ de um Exercito, e
sos trabalhos. Agora, que tiYe noticia de 9 impul so da Iudepe11dencia nas Provincias;
Pernambuco, e Parahiba, sei com certe- .causas ' "tas que influiraõ com toda a ef-
za, que quatro degc:nerados Brasil eiros da- .ficacia na liberdade da Bnhia, e agora na
quellas Províncias, que se achaõ nesta do Maranhaõ. O Ministcrio actual nad!l.
Corte, naõ cessaõ de esc rev e r á se us Pa- conlribuio para isso , nem podia. contribuil,".
trícios com as cores as mais horrendas pela sua modernice; P tanto assim que os
contra o Rio de Janeiro a fim de fazerem agentes d e tae s; successos ainda se naõ
a dissensaõ, e a discordia; que j a vemos <lirigem a ellcs .para lhos participar. Que-
principiadas segun~o _as últimas noticias rer pois os Srs. Redactores pavoneai-os
aqui chegadas; tra1çao esta, 9ue parece com a justa glorio. que clábi resulta , é
tanto mais puniv ~ l, qua11to mais se devem prest<l,r a rasteiras aves o remontado vôo
con.sidernr estes quatro i11cendiarios como das · aguias; ó roubar o louvor a quem o
primeiros interessados , que por sua pro- merece, é qu erer illudir o publico, tarefa
fissaõ, e caracter linhaõ obrigaçaõ de pro- certamente indigna de escriptores impar-
mover a segurança do Impcrio. ciaes, e até de um homem honrado. Mas
Naõ convém por ora declarar seus os Srs. Redactores dcsconheceraõ sem du•
nomes sem pilharmos certo quezito con- lida e:;tas qualidades, e daqui vem tratar
vincente; mas espero; que brevemen te te .. as censuras desse Ministcrio de exagera-
rei o gost inho de os aprezentar ª? publ!c.o ções , de desp1;eziveis invectivas, e ele· im..
nús , e crús; e ntaõ lhe mostrarei o canu- posturas; entretanto melhor fôra que o de ..
nho, q ue iaõ tendo cerlas antccedencias fendesse com razões 1 e naõ com sarcas ...
que até agora offereciaõ apenas meras m~ s : m~s. a em preza é difficil , e os pro.
conjecturas. No em tanto . espero, que V. m. pnos M1mstros naõ tem ouzado fazel-o. O
me faça a honra de ense:ir _no seu exc_el .. que mais admira é supporem os Srs. Re-
lente Periodico este primeiro annunc10, dadores do Diario do Governo que taes
cuja antecipaçaõ naõ he de pouco momen .. censuras sejaü capazes de reduzir a dias
to: - Seu Amigo Leitor. - Burburema. de horror; e de anarchia o'S serenos dias de
ordem e de 1ranquilidade. I sto mostra que
elles saõ da tempera velha, e que nada
conhecem dos Governos Constitucionaes ;
Estando já no prélo esta folha .. veio..i onde o andamento dos negocios nada pa-
nos á maõ o Diario do Governo de 3 do , dece com a critica dos escritores : se es-
corrente, <:: n:elle notamos com bastante ill é ipjusta e parcial, cabe em desprezo~
e spanto um artigo dos Redactor~s '· em que, se é porem as.sisada, e faz o devido 'abalo
mm;trando com toda a razaô numo prazer. na opiniaõ publica, o Mon~rcha muda de
pela reuniaõ da CiJndc <l.e S. Luiz , Ca.. Ministerio, e a maquina política <lo Esta-
pital do .Maranhaõ, ao Imperio , ouzaõ at.. do va_i continuando a sua mar~ha sem o
tribuir este suc<'.esso _e m parte ao acerto da.s menor tropeço. As explozões s6 rebentaéi
medidas do GovP.rno ; e com isso querem tapar ql,lando os Chefos dos Estados , surdos a
a boca de perversos tscriptores , que com exage• voz geral, que naõ he a de infames âe4
raçues odiozas, com desprc=iveis invectivas, e sorganizadores que nada tem que perder ,
imposturas , procuraü a todo o custo fazer cair teimaõ cm sustentar Validos orgulhozos, e
o mesmo G ovçrno ela bem rnerecida opiniaü pu.,, Ministros ineptos , que naõ tem outro
hlica de que goza, para substituir dias de lwr~ prestimo senaõ o <le lizongear suas pai4
ror e de anarchia aos serenoJ dias da ordem e xões. Entaõ sim, entaõ é que o povo onde
da tranquilida{le. Muito tinhamos que dizer isto acontece , ou para melhor dizer a pfo-
a respeito de8te sermaõ, que parece obra ralidade <los homens honrados e de tino ;
de encommenda, naõ pela perfeiçaõ, mas que já hoje naõ estâ. para ser victima de
pelo destiuo; mas para realçar~mos as -l'?uas. caprichos alheios , acorda do letar,~'t) . em
futilidades bastaõ ligeiras reflexões. Só men- que jazia, chama os Delegadós publicas
tecaptos, ou servjs aduladores., .Poderaõ ao seu, Tribunal, e toma~lhes seyeraG con•
ljf: ••
ll
( 90 )

1as do abuzo <la authoridade. Momento " de uma maneÍrl! a mais clara. Estou
terrível. O Ceo permita que elle nunca '' persuadido de que altenderei5 mais as
ch egue para nós. O Tamoyo por certo o " expressões do meu coraçaõ, do que á
naõ dezeja, antes prot esta por quanlo ha " linguagem florida que sahé puramente
de' mais sagrado que seu intenlo é mera- " d os 1i nos.
mente desvial-o. Se alguem ha qu~ o ap- " Está chegado o momento em que
presse , saõ os Ministros pe la repitiçao " devo jurar fidelidade ao Rei constiluc10 -
continua de seus erros e abuzos: é a má " nal de Hespanha , a seu Governo, e á.
fé com que tlles em vez de apl'Oveitar as " Naçaõ Hespanhola, duranle a guerra que
advertencias que lhe fazemos , naõ só as " tens de sustentar contra o Gorerno Fran-
{1e;;prezaõ , mas ainda calumniaõ nbssas " cez , em defeza da sua independencia ,
intenc;ões. Dia virá porem em que elles se H e dos direi.tos de todos os homens livres.
çon·vença.ó do contrario, e conheçaõ talvez " Eis-aqui o motivo porque deixei a minha
que nossos trabalhos naõ tem outro fito " patria , e tudo o qu e me he mais caro;
senaõ o bem da nossa Patria, e do nosso " eis o motivo porque suspendia as minhêis
Augusto Imperador. " funcções d e membro do Parlamento J R-
Dezejamos ver nella um I mperio per- " glez. Sim meus camaradas; viemos para
manente, e capaz de contrastar as injurias " combater ao vosso lado; nos derramare-
do tempo; dezejamos ver a estabilidade e " mos, se for preciso, o nosso sangne em
cot1solidaçaõ da Dinastia actllal , e para " defeza de uma c:i.u5a ta.ô nobre. Expera-
isso temos feito os naõ pequenos serviços 1: mos que o nosso exemplo tenha alguma
l}uc S. M. I. Mó ignora , e clljo alto e " influencia sobre fi1hos dcsearni11liados, in-
· haô suspeito testf'munho invocamos. O pre- ,; Ji gnos Jo nome Hespanhol , que fazem
íente naõ é de menor con~i<leraçaõ , e " uma guerra sacrilega á ~ma mãi patria.
queira Deos que este Augusto Senhor an- " O:; Inglezes participam das vossas espe-
tecipe com sua noloria per~picacia as li- " rao.cas e sentimentos . .Não será a pri-
ções ciue a este respeito pode dar o tem- " meita vez que combaterei ao lado dos
r,o. Ellas saõ sempre fataes, e trazem co m- " bravos Hespanhoes.
sigo males, que tarde ou nunca se reme- " Na ultima guerra da independencia
aeiaõ. E' pois da pru<lencia. humana evitar " tive . em differentes circunstancias, a
-Os seus efleitos. "4 muitos mil debaixo das minhas ordens ,
" e a prendi no campo da honra a pre-
" ciar as raras e brilhantes qu al idade::;
" desta Naçaõ invencivel. Na 0 uerra que
NOTICIAS EXTRANGEIRAS. " se pertcndeo favoravel á independl'ncia
" da F.urora, adquiri os i;ignaes de honra
HP.spanha. " yue co1.·nigo trag(J. Eu naõ os dev o . ao
" favor elos Soberanos; elles naõ saõ a
Eis-aqui um exlraclo do discurso pro- " recompensa de Rcções indignas.
nuncia.do por Sir R oberto Wilson em Vigo " Em o sagra.do nome da minha pa.-
à. 4 de Maio em presença da milicia na- " t.rra, em presença do Ente Supremo, e
cional. " diante <las bandeiras da liberdade, rogo
" Cidadãos , naõ estou acostumado a " a S. Ex.' receba Cle mim e dos meus
u expressar-me em Hepanho1; mas he for- " comp;;ir1heiros o juramento de as defen·
'' çoso que procure fazel-o nesta occasiaõ, " der. ,, - ( Cuitri.er ).
'' a tim de manifestar os meus sentimentos

RlO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL. 1823


N. 22

SABBADO 11 DE OUTUBRO DE 1823.

Tu vais de ces tirnns la jurcur despotique ;


I ts prmsent que pour eux /e Ciel jit l .Amerique.
V o LT. ALZJRE .

t')

E Ntre varios impressos que óra nos


vieruõ a maõ achamos o I nd e penJenle Cons-
<lecidira6 esta t aõ in-c onstituci ona l medi-
da? 2 S erá s puria a Porlari:i) ~Terá o Mi-
titucional d a Bahia de 20 elo mez proximo ni s tro poder para admiLtir inimi g o~ cm as
passado, e naõ podemos deixar de confes- no ssas fileira s , e isto ern mass :i? ~S e rá
sar ingenuamente, que nos causou horror para consolidar a I n<lepend e11c ia, e a li-
e indignaçaõ a leitura da Portaria do lheor berda ele no Brasil, que se ferem os senti-
seguinte, que vem debaixo ele d os <l c lodo o Brasilei ro, e que se acol."-
d ::i.õ os seus b e m fundados receios? Minis-
.llrtigo áe O.ffici_o. t ro prevari cador , naõ está longe o tempo,
Devenoo d a r-se cumprimento á Porta- em que te re ssa e s tr eitas co nta s a Naça.õ
ria de 2 de Agosto elo corrente anno , ex- lra iJa e lullibriaJ ;1. Nnõ rcp o uz es tr a nquil-
pedida pela Secreta1·ia d'Estado do 3 Ne o-o- l o, pur<Jtie incognita morda ~ a tem açuima-
cios da G uerra, cm que S. M. I. M a nda clo os q11 e d c vi a õ p 0r offi c! o la tir a vi sta
a e s te Gov e rno Provisorio, que fa ça r e- do p e ri go <la P a tria , que se nell es con-
metter pa ra a Corte elo Rio de Janeiro fiou: o temp o p assa s itu a~ õ c s forçad as ua.õ
todos os So!Jados , e Offic ia es J nferiores nluraõ , a colcra Nacional arr cb entarâ, e
<los Prisioneiros d a Tropa ele Portugal, os seus orga os natura.es de c. pre neleráõ QS
q ue voluntariamente quizerem servir no lingu:ts, e apos J as li;1guas yoarúo os raio3.
Exercito do lm perio do Brasil pelo praso
de quatro anno s , findo os quaes, S. M. I.
lhe conce dera s uas be1ixas, fica.nelo inteira- R esenha (mal!Jliw dos P eriodicos da
mente isentos do se rviço tanto dá primeir:l Corte , da semw:a passada.
como da .i?egunda Linha. O G o verno Pro- Tis hord to say , if g reater want of skill
visorio ord ena aos Ajud :rnte s Jas Ord e ns .llppea r Út writing or li! judging il!:
<l o Sr. Coronel Salv ndor Pereira da Cos ta, B 1tt of tlu: two, less da ngcrous is th' ~Jfen ce
e o Capita(> Do mingo:; Am c ri c o da Silva, To tite 010- p a tier~ cc , tha11 m is!.~ a d 0 10' sense ,
ciue, passan.Jo a borLlo das Embarcaçõ es , Pope. E ssny on Critici:>m.
em que se achaõ os dilos Prisio ne iros , Trarlucrnü.
formalize uma Rclaçaõ do s ciu e q uizercm Cus toso he decidi1·, se ' rnc'nos sizo
servir no Ex e rcito na conrormi<lade da SO· Tem quem escreve mal, ou quem m c:: l julga;
bredita P o rtaria, para que á vista della Mns antes uns de tedio nos consuma.ó,
hajaó de dar as providencias conc e rnentes Que os outros o jui:zo nos cstragu~m.
á 'intei ra execuçaõ da mesma. Palacio do
Governo da Bahia o 1. 0 de SetemlJro de O Di:irio do nosso Governo torna-se
J 823. ( Assignados os Membros <lo Governo agora muito únporlante pelos extractos que
Provisorio.) dá ao Publico das S essões da nossa As·
Nem falsamente tínhamo-nos queixado sembléa Geral Constituinte e Legi5Jativa
desta mascarada traiçaõ; 2 que re sponde rá He sobre tudo notavel naquelles cxtractos
agora o grande Ministro da Guerra , e os a falta de escrupulo comque se ntt ribue a
seus_.honrados· coliegas que de companhia uns dos Srs. Deputados os dircursos dos
*
( 92 )

outros ·' e muitas Yezeii os faz em .dize. r coi- proposições? Sim o .!lndradas naõ servem
.
sas qu e jamais lhes p assaram pe la 1mag1- para reger o Estad o porque e lles p referiam
nacaõ . Nestas circ ustancias fóra melhor n a- o bem commum ao b em p ar tic ul ar de Ci-
d a~ pub li car, do que p ublicar falsidades , dad ãos <l crran cad os , qu ando o syslcma e
<las quaes podem ter ao longe consequcn- i<l e~.s d o tempo nes ta Corte saõ inteiramen-
.cias incalcula1eis. Naõ pertcndemos com te o a vesso: saõ vingativ os, porque desafron-
isto abater os seus Radac tores, q ue p arece tavam a Pat ria d os insultos d os Lusitanos,
r1ada ierem com os ·ditos extractos - jus e <las occultas tra mas dos Democratas.
swmi cuigue tribue - ; p ore m dese nga- D iz o Sr. l mpcmial. O Tmnoyo deslern-
nar a puerilidade daquelles que para brando-se gue as arbitrariedades e despotismos
si tiveram · ser possivcl dar conta de orelha lhe g rangearam a-perda da opiniaõ na Corte
das falias <los nossos Deputados. ~Q u e fe - e P rovincia , busca lançar na mesma voragem
liz memo ria naõ deve ter o sujei to inc um- os primeiros Empregados. Salta aos olhos que
bido de faze r aque lles extractos pelo que estas express ões saõ d irigidas naõ ao po-
vai ouvir á Assembléa ! bre Tamoyo , q ue desejando só deixarem-
O Diari o ,N. 0 80 traz uma c arta. com no viver p ac ificame nte, j amais fez mal a
a qual nos vamos entrct~ r po r algr: lls. mo- ninguem; po rem aos .Jlndrndas. Nós lhes
mentos. He da nossa obngaçaõ a dd1 cc10nar temos p or vezes respondi do, e desafiamos
arrora á descripçaõ que fizemos do anima- o S r. l mparàal a que nos mostre quem, a
leJo denominado Simplicio cm o N. 0 18 do :naõ sere m os sans-culotes , e os chumbistas,
Tamoyo, mas esta circunstanc ia de que os se regos ij ou CG m a sua demissa õ. Bem sa-
da sua espccie costumam mudar a cas- b emos q ue o S r. Imparcial muito d esejaria.
ca, e por isso app~rçcen~o com ell ~ de Sim- que ernudecessemos inspirando no Tamoyo
plicio em o Corrciõ do Rio de J anc1ro, vem sentimentos de ge nerosidade para que os
ogora com a <le Imparcial em o Diario do primeiros Empregados naõ percam a opi-
Governo. Se possuisscmos o cstro de Ovidio, niaõ publica ( note-se que para a perder
feriamos nesta; e em infüütas outras me.., fôra preciso possuil-a); mas engana-se: o
t hamorphases curiosas materia p ara mm Tamoyo con linu ar6. a censurar despidiàa-
longos e engraçallos Poemas. mente as suas aberrações , e as suas arbí.
Principia o author <.bquella carta pro- trari edades; assim como naõ tem sido·
pondo urn yrobler?a: ~e o espiri'.o de dominar av arn d e louvor es ao merecimento.
será molestw chrowca aas .Jluthoridades, ouga- R ogando ao Sr. Imparcial nos aponte
Jeira geral da nossa espccie : ? e l.le o r resolve os factos q ue úiventamos e desfiguramos em.
decidindo que o maL fie epide1mco. f em ra- d esabono do Governo, preguntar-lhe-hcmos
saõ o .Sr. Imparcial, nem he possivel ajuizar em que tra tamos nós de açular Brasileiros
de outra maneira quando Yemos certas pes- contra Europeos , uma vez que estes sejàm
soas, elevadas por um partido de demi-sa- quaes devem, e etacita ou expressamen~
vants aos cornos da Lua, commetterem as te tem jurado ser. Se o Tamoyo faz guerra
mais <lcscaradas arbitrariedades debaixo a Europeos , naõ he aos Europeos honra-
de um Governo como o nosso que ~e cha- dos, amantes do Brasil ( Patria que abra-
ma constitucional : mas naõ concordumos em çaram ) , defensores dos seus direitos: he
dizer que nem o ladraú por se lhe dar esse sim contra Europeos pedidos, e manhosos;
nome fica punido. O Tamoyo , sincero como que desfructam a nossa hospitalidade, e
he natural nos da sua raça, gosta de cha- vaõ surdamente solapando o edificio do
mar as coisas pdo seu nome , naõ subor- lmperio. i Que! pertende o Sr. Imparcial que
dina, a verdade a respeitos alguns huma- pactuemos com elles ! Ora entre bem no·
nos, e fazendo assim - parece que naõ pode espirito desta desneces.saria declaraçaõ, e
~scandilizar a ninguem. verá que o Tamoyo naõ he contradictorio
O Sr. Imparcial simulando combater o que naõ pratica, o mesmo que censura
Corre.i o, e lernr muito .a mal que nos Pc- no Barata.
riodicos se ataquem pessoas , e dihi~erem Passando á qucstaõ da moeda nova..
reputações, cae sobre os ex-Ministros com mente cunhada, accusa-nos o Sr. Imp arcial
a mais notoria injustiça dizendo que eltes de na.ô termos produzido os documentos
naõ servem para mcmejar .as redeas do Estado, que annuciamos; dando a entender que
e que saü muito vingativos, rEis-aqui o que taes documentos naõ existem. Para tirar
se chama ser consequente ! ~ Ser-nos-ha teimas , Sr. Imparcial , estamos prontos a
permittido perguntar ao Sr. Imparcial as ra• ap_resentar esse documento uma vez que
_ões que tem para avançat aquellas duas seJamQs competentemente obrigados .a isso..
( ·9 3)

Pelo qoe toca á questaõ do páo-Brasil, rc- mos nelie uma carta cujo titulo nos fe z
metternos os nossos Leitores ao Tamoyo recuar de horror -Sobre o espirito anti-cons-
N .º 8, e á carta d0 Sr. Imparcial para tituáonaL, ~e~oLucionarw , e anarquico do Regu-
decidirem. .fador Brasileiro!!!-~ Naõ nos saberaõ di-
Uma coisa achamos nós muito se nsata zer contra que Constituiçaõ e Gov e rno ia
no Sr. Imparcial, e he di spor-nos já. para chocar aquelle Perio<lico? Diz aquella car~
as futura s mazelas do Thesoiro , e tratar ta que a época da chegada dcll e a Per'-
de lançar a culpa <lellas sobre. o ex-Mi- hambuco coincide com a <lese nvoltura do
nistro. Olhe he uma ve rd ade mcontesta- hatalhaõ li ge iro: quando esse batalhaõ te:.
vel que esse ex-Ministro levou o pthi sico ve começo no principio de 18~2, e o Re-
Thesoiro ao ponto que todos nós sabemos, gu laclQl' chegou ali em meio desse anno.
·e nos deo sempre muito boas esperanças Que proiunclo calculista naõ he o authol.'
de progressivo melhoramento : se algum da carta! Quanto ao que se diz de Anto-
.Uesastre acontecer, e se esse melhoramen- nio de Menezes Va:sconcellos de Drumond,
to se naõ realizar , veremos a quem os sujeito que se achava na Provincia, temos
lrn de a Naçaõ pedir contas disso. boas rasões para o desmentir. Menezes
Naõ se ndo possível continuar com o naõ foi perturbador, naõ promoveo bernar-
Sr. ln"Lparcial, por que temos atten<ler a das, naõ concorreo para a depoziçaõ da
.o utros, fica em nossa lembrança para lhe Junta Provi so ria, antes julgou necessario
darmos uma re s posta mais cathegorica, de- -conserva i-a cm quanto S. :M. I. naõ toma-
ven<lo-se contentar por ora com esta miu- va em consideraçaõ aquella Província, e
deza. · re!:>olvia sobre o seu governo: todos os seus
Lemos em o N. 0 -18 do Sylpho umà esforços circunscre,·cram-se unicamente a
galante carta assignaéla pelo Sr. l11imz~·o dos chamar essa Província ao centro do lmpe-
l ntricrantes, a qual versa sob re o processo rio; e achando nella um Povo generoso ,
<lo Redactor d::i. Scnlinella no Tribunal <los uma Otficialidacle nobre e activa que co-
Jurad os; e naõ podemos deixar d e rir quan- nheceo os verda<leiros interesses da Patria,
do vemos que um <l os pontos da accusa- vio realisados os seus dczejos, como be
çaõ fora apontar aquelle Rcdaclor a Ber- patente pelas Actas elo 1. 0 e 2. 0 de Junho;
quó e Gordilho como autliorcs da facçaõ senic;o gue reunido aos prestados p~ra que
que se diz ten ta unir o Brasil a Portu~al. se retir asse de Pernambuco a Esquadra de
c(Em que L ei se fundaria o Sr. Veiga pa- Francisco Maximiliano, e ao quanto con-
ra chamar aos J ura<los um escriptor pelo correo para a vergonlioza fugida do Ge-
que elle avançou contra dois homens ? n eral José Maria de Moira , ha de gran-
~Receberia o !Ilustre Desembargador ins- gear-lhe sempre a estimaçaõ dos seus com-
truções para isso? Mas estas rellcxões naõ patriotas.
occorrernm ao Sr. 1 nimigo dus Intrigantes , Em seu N. 0 50 pergunta o Correio quan ..
que todavia p~s.mou qll~ndo , passan~~ ~ tos saõ os Redactores do Tamoyo, e suas
Re<lactor ú sua defeza disse que a op1111ao gualida(les : ~será por ventura contra o
publica h e quem os apontava como taes. numero <lcllcs, e contra essas qualidades
Causam lastima as contradicções cm que que tem de combater o Correio? Naõ por
necessa riam en te se precipitam os que se certo: lo~o 2 para que taõ ociosa pergun.-
afastam do caminho da justiça: para elles t a? Quanto á maior parte do que no seu
o sonho dessa opiniaõ he o cunho da ver- Artigo se contem , respondemos que a9
dade, quando se trata de criminar os .lln- circunstancias mudaram, e o que hoje mi-
dradas; ella he uma embuste ira indigna de lita para o Ministerio elos Negocios Es-
credito, e desprezivel, se accusa os .!iuticos: tran ge iros redobrar de energia, naõ tinha
.... oh pectora creca ! ainda accorrido no tempo dos ex-Ministros.
O que naõ po<lemos deixar de classi· Quanto ás questões particulares que se nos
ficar em o numero das mais revoltantes fazem, be irnpossivel respon<lermos a ellas
mentiras, he dizer o author da carta (pois por serem negocios propriamente <lo Ga-
<1ue certamente ninguem mais se lembrou binete , e por conseguinte fóra do nosso
oe tal coisa) que foi em l'irtude de reso- alcance.
luçaõ do ex-Jl1inistro que se deo a Gordi- Em o Jª referido N. 0 pergunta-nos
lbo uma casa por menos de seu valor. Leia quem quer que seja, como he possível pe-
e!i'se 1ntrigante Tartufo a Portaria, e verá la simpl<:>s leitura do elogio que fez o ex-
nella a assignatura do Minis tro actual. Deputado Barata ao ex-Deputado Feijó
PassanJo a ler o Correio N .º 40 ve- caracterisar a este de Demagogo. He fa-
* ii
( 94 }

cilfom1. a resposta : Similes cum similibus fa- clelle esquecido , preferindo muitas vezes
cile congregantu r. Pergunta mais con:io pelo diatribes, e personalid ades, só proprias ai
Manifes to do dito Feijó pode designar-se cimentar mesquinhas e <les preziveis rivali-
o se u a uth or por um dos Partidistas do d ad es ' que, pelo contrario, cmnpre ex-
systcma de Federaçaõ. I gnoramos inteira- tinguir , para o perfeito restabelecimento
mente a duvida que existe n isto: que m ler da a rtn0J1ia socia l: por todas estas razões,
o Manifesto, decidirá. t.omo a libe rdad e de le va r á sua conside-
Quan to aos N. 0 • que se seguem, e lles raçaõ o segu inte programa, e de rogar-lhe
c onlcm na maior p a rle assumptos ja muito ao mes mo te mpo, 1ueira in se rir esta no
1
debatidos; e ta nto por essa rasaõ, corno se u periodiéo, para despertar a op ini :::: õ
p or naõ se compadecer com os limites da publi ca so bre hum dos objectos, que mais
Jlossa Folh a dar maior extensaõ a es te es- interessaõ a sociedade.
criplo, re me ltcmo-nos ao s ile ncio sobre o Programa. .
seu contcudo, naõ <luvi cb.n d o tod a vi a di- S e naõ pode c onc e ber-se estavel e
zer alg uma coisa. cm lu gar opportuno, se perman en te huma soc ie dade, d e qüalquer-
nos. parecer nccessario. g e ne ro, ou especie que s eja, sem a exis-
tencia dos meios necessari os á s ua manu-
Senho r Rwactor. t ençaõ : se todos os seus s oc ios devem
Convencido, que as fin a nças d e huma concorrer para as de s pezas sociaes, na
.Naçaõ, isto h e, o seu s is tema de impozi- r azaõ dos se us in teresses , como em hum
ções , arrecadaçaõ , e des tribui çaõ , h e a rateio de avaria grossa mercantil : se a.
pedra fu ndamental do edificio social, que soc ie dade politica do Imp e rio do Brasil
se trata de edific ar , por isso, qu e he a d e ve o u pode considerar-se co mo a socie·
parte da legislaça õ , qu e mais im ediat a- d ade <le dive rs os grupos d e familias, espa-
mente toca o bem ser da universalidade lhaclas por hum imenso e inculto territo rio,
dos Cidadãos, e sem a qual t odos os ou- hu ns ma is b em partilhados, do que ou tros,
tros ramos de publi ca adm inistraç a õ , po r pela nature za e civilizaçaõ, e por isso
mais bem concebidos, e ordenado s que com particulares necessidades , que naõ
sejaõ, jamais po<leraõ afian çar-nos a esta- r espeitaõ direclamente i · comuni d ad e, e
belidade da, nossa regeneraça õ , de que á que por tanto devem p ar ti cu larm ente
depende a de feza interna , e externa dos occ or rc r , como no cazo por analogia apon-
n ossos direitos: convencido ma is, por pro- t ad o: se sa õ verd adeiros estes dados co'."
pria cxpe ri encia, dos desvarios teoricos , mo o creio, determinar na preze n9a delles.
e praticos do antigo sistema das no9sas l.'' As es pecies de co ntribui çaõ, ou
finanças; e 0bservnndo qu e este, por d es- imposto , fJUe m;:i.is convem a-o Brasi l, que
graça da humanidade e injuria da razaõ, se destribua com mais . igualdade pelos·
ainda hoj e domina neste lmperio, com taõ contribuintes, que possa fazer frente ás
manilesta offença do$ ma is elementares <l es pe zas ge raes da sua defeza interna e
tPrincipios de economia publi ca, e da igua l- externa, nnico fim das sociedades , e que
dade de direitos das Províncias que com- seja ixiqui,el com a maior economia pas-
poem o mesmo lmperio, e seus haüitantes: sivei, e acautela r possa os extravios dos
convencido igualmente, que, nestas ma te- colectores; assim como o que mais adap-
rias , pouco aproveitaõ as the·or ias, por tado seja á cada huma de sua~ Provin.
mais brilhantes que sejaõ, quando naõ saõ cias, para cubri r suas particulares, des.
acompanhadas de formulas regulamentares, pezas, atenta a differcnças d e suas loca-
aproprjadas á sua execuçaõ; e que estas lidades, productos, industria, commercio,
mesmas , pela fraqueza <lo entendimento ~ civilisaçê!õ ; aprezentan<lo desde logo
humano , devem ser escripturad as , por seus respectivos regulamcnl9s 2. 0 aprczentar
maneira, que, economizando tempo, e tra- a formula, ou sistema de destr1 buicaõ dessas
balho, facilite os exames necessarios: e receitas pelos diversos ramos <la d~speza pu-
naõ podendo , por hum lado , sufocar os blica, que me 1hor enxa os fins da <lefeza geral,
meus dezejos pela necessaria reforma de á que he destinada; assim como a orga-
objecto taõ importante, nesta minha para nizaçaõ econornica deste s de parlamentos~
sempre adorada Patria; e vendo por outro sua comptabilidade.
lado, que escriptores, aliás muito habeis, De caminho queira ter a bondade de
e que tem tomado a seu cargo ilustrar os aceitar os protestos de es tima e considera-
povos nos seus direitos, e deveres, tem-se craõ com que sou. - Hwm Pernambucano

RIO DE JANEIRO NA IMPRENSA NACIONAL. 1823.


N. 23

ERÇA FEIRA 14 DE OUTUBRO DE. 1823.

Tn vais de ces tirrms la Jureur despotique ;


l ts pensent que pour eux fr Cid .fit l' Amerique.
V oLT . ALZIRE.

Q Uando os Empregados publicos , no


êlesempenho de seus d eve res, se deslisaõ
çaõ no abi smo da pobreza, e da mi scria;
e o de outro fomentar no seu seio a anar-
uma ou outra vez do trilho que lhes tra- chia: e isto para verem se no meio da
ça a Lei ou a Ra:zaõ , e se conh ece que desordem por ellcs occazionada podem plan-
seus erros naõ saõ filhos da vontade, mas tar o antigo, hediondo, e sempre detesta-
sim da falta de attençaõ necessaria, a con- d o despotismo. Mas ou nós nos enganamQS_,
sideraçaõ da fragi lidade humana, os servi- ou suas esperanças seraõ illudidas , se tal
ços ante riores, e de gran de vali a, o pezo pertenderem. Ao menos o Tamoyo , em
<los negocios, a sua ditficuldade, e mil ou· quanto lhe naõ cerrarem a voz, -naõ dei·
fras circunstanc ias que nunca faltaõ, nos xará de bradar a seus concid adãos sobre
for9aõ a desculpai-os; e a luz brilhante da a tendencia perigosa de taes procedimento!.
sua vida preterila se naõ escurece com E porque se naõ taxem de chimericas
este passageiro eclipse. Quando porem e sediciosas as nossas increpações, expo-
esses mesmos Empregados naõ daõ pas- remos agora ao J uizo publiço dois actos
so que naõ tropecem , e muitas vezes daquelles Ministros, que alem dos já no·
reincidem n' aquellas mesmas faltas <le tados, confirmai) a nossa assersaõ. E prin·
que ja foraõ notados , com a sua rein- cipiando pelo da Fasenda, determina este
·cidencia neste caso se naõ pode sup- na Portaria de l G <le Agosto do col'i"ente
por descuido, mas sim obra de um ex- anno que o Juiz d' Alfandega faça dese m-
1raor<linario e repreensivcl despejo, de um barcar e guardar no's armazens da mesma,
perigozo menoscabo da opiniaõ publica, sem pagar direitos, 730 volumes que vie-
ou pelo menos <le uma crassa ignorancia, raõ de Brest na Currcta de Gu erra deno-
cmmu<lece a respeito <lelles a piedade , minada Le Rhone com generos e mantime n-
succc<le-lhc a indignaçaõ, e o voto geral tos destinados para o sustenlo da Tripu-
de to<los os que amaõ a ordem, e fe li c i- laçaõ dos Navios de guerra da Naçaõ Fran-
dade pnblica é a depoziçaõ e castigo de ceza. ~E quem naõ vê os inconvenientes
taes individuos, que realmente saõ contem- desta medida? ~Pode ella attribuir-se a
plados como inimigos da Naçaõ a que ser- jgnorancia? Naõ.
' 'em. Eis o que parece naõ tardará muito Todos sabem que a Alfandega desta
cm acontecer aos dois Ministros d' Estado Cidade, creada em tempo em que era por
<los Negocios da Fazenda e da justiça. Am- extremo rningoado o seu cornmercio , naõ
bos elles tem sido muitas vezes arguidos tem hoje commodos sufficientes para aga•
pelo Tamoyo· de erros , desacertos , viola- salhar os generos, que entraõ e saem pe·
ções de Leis, arbitrariedades nota veis , e lo seu porto; e que pagaõ n'ella direitos
todavi a surdos a suas queixas e clamores de entrada ; ou de saida; ~ e como entaõ
naõ cessaõ de recair em novos erros e a- se mandaõ ainda pej ar os seus poucos ar·
buzos, e até nos rnesmissimos de que já mazens com a introducaõ de volumes de
foraõ censurados. ~Que se deve pois colher que nenlrnm proveito r~sulta ·nem ao com-
d'esta sua funesta pertinacia? Nada mais mercio, nem ás rendas Nacionaes? ~ Igno-
senaõ que o alvo de uni é precipitar a Na- ra-se acaso que 7:30 volumes taes como

( 96 )
(barricas , · barris , caixas, e ·sacos , occupa5 mos p;i.ra manter o nosso commercio , e
tpelo menos dirns casas, e que a occupaõ talvez a nossa Liberdade e lndependencia.
destas naõ pode verificar-se sem exclusaõ E quem nos a.rrastra a està injusta e pe-
,das mercadorias, que lá estiverem ou po- rigosa alternativa? A ignorancia ou fraque·
derem recolher-se? Mas prescindamos. <lis- za do Ministro, naõ; pprque elle sabe mui-
to , e consideremos a materia por outro to bem que o mais firme apoio dos Impe-
lado. ~Quem authoríson a S. Ex.• para em- rios e seus Governos é a reparti9aõ igual
pregar um edi:ficio publico, ou parte d'elle, da justiça ·, e a observancia exacta da Lei :
em differente objecto do que lhe foi des- mas o sistema das preferencias lisonjea o
tinado pela Lei da sua instítuiçaõ? As Al- amor do despotismo.
fandegas só foraõ creadas para servir de Embora dir-nos-baõ, mas n'esse caso
deposito aos generos commerciaes, ou Na- é taõbem culpado o Ministro dos Negocios
cionaes ou Estrangeiros , mediante certos Estrangeiros, pois o de Fazenda naõ fez
direitos que por isso pagaõ. O Ministto de ·máis .do que mandar cumprir a Parlaria
Fasenda naõ tem, nem pode ter sobre. el- deste em data de 24 do corrente. Nós
la outra influencia, senaõ a da inspecçaõ: naõ temos á maõ a integra d'este Portaria;
elle deve somente vigiar na fiscalisaçaõ mas pelo extrato que d'ella se faz na que
desses direitos, e na observancia dos fins analisamos, parece-nos que naõ tem lugar
para que foraõ instituídas taes casas: ar- a desculpa. O Ministro dos Negocios Es-
redai-as para outros é um abuzo de juris- trangeiros só te.ve por fim ordenar que
diçaõ , é uma arbitrariedace notaria , e Hm- os 730 volumes fossem d esembarcados , e
to mo.is escandalosa, quando tende, como guardados sem pagar direitos: mas naõ
·no caso presente, ao desfalque e extravio designou para isso armazens, e muito me-
desses <lireitos. nos os da Alfandega: dado porem caso
Sim nós sabemos, e melhor o deve sa. que o tivesse feito seguir-se-ia que errara
he.r S. Ex.ª, que os Empregados desta Re· taõbem, e que merece a mesma censura
partiçaõ, ou porque naõ tenhaõ sufficien.. que temos feito ao de Fasenda, mas nem poi:
t~s ordenados , ou porque sirvaõ officios isso fica este izento da responsabilidade
de outros, que em santa ociozidade comem em que incorreu pela sua execusaô.
1odo o seu rendimento , ou simplesmente Outra desculpa tem o Ministro, que sem
por efte.ito da velha immoralidade e rela.. embargo de naõ . ser legitima é todavia
:x.açaõ, saõ, com poucas excepções, nimia- mais ·attenclivel , e vem a ser a cl ausula
mente propensos a favorecer as partes com esquerda comque elle remata a sua Por-
prejuiso das rendas Nacionaes: e com taes taria - na -conformidade da pratica estabele-
dispozições ~que muito é que elles deixem cida na mesma .lllfandega a similhante respeito -
sair com os novos volumes alli depositados como se tal pratica houvesse nunca, e mui-
muitos outros que deviaõ pagar dire.itos , .to menos na epoca presente; ou em fim
oü que de ·ajuste façaõ troca de volumes? como se exemplos pod essem juslificar erros,
O caso é muito possivel, e mil meios ha· e a'rbitrariedades: mas o caso é que esta
vetá para illudir a vigilancia dos Officiaes clausula faz recair grande parle da res-
honrados; e dado que aconteça i quem res- ponsábilidade da Portaria sobre o Conse-
ponderá á Na:çaõ po-r esse extravio? lheiro Juiz inteire d'Alfandega, o qual de-
Ainda mais : esta Portaria pode invol- vêra representar que tal pratica nunca
ver-nos em difficuldades de não pequena houve , nem podia aclmittir-se pelos seus
monta nas actuaes circunstancias , excitan- perniciosos effeitos; e uma vez que o nao
do o ciume das Nações Estrangeiras que representou , claro está que foi taõbem
negociaõ com nosco , especialmente a In- culpado pela sua execuçaõ. Este é o espí-
gleza. E senaõ suponhamos que o Consul rito e marcha do sistema representativo,
d'esta vem pedir agora o mesmo favor que ond.e taõ responsaveis saõ as Authoridades
se acaba de fazer a Naçaõ Francesa. ~Que Superiores, como as subalternas· Diraó
·resposta lhe dará o Governo? Concedei-o talvez que este Magistrado o dP.ixou de
é tornar a Alfandega em armazem particu· fazer por ignorancia, e como noviço n'a·
lar., em depozito gratuito do que n'ella se quella Repartiçaõ. Nos pelo contrario se
qmzer metter com encommodo dos Nego- assim aoonteceu, perdua<limo-nos que foi
:ciantes, e damno da Fasenda Publica; é por effeito .d o antigo servilismo, em cujas
obrar :'.lrbitrariamente é ir contra os :fins maximas branquejou; mas quando fosse por
da sua i.nstituiçaõ: negal-o é offender uma jgnorancia dos uzos _e praticas anteriore~
.N,aç:iõ poderosa, e de que tanto preciza- tnaõ. tinha elle Officiaes probos a qu " m
( 97 )
consultai·? ~Decairia c om isso da su a au- desmancha o equilibrio àà machina, p oli-
thoridade e respeito? Va lha-nos Deus com tica, e d e ixa se mpre mais ou menos ves-
ta nta impost ura, e tanta philaucia no que tígios perniciozos . . Os aggraciados lou vaõ-
menos a d eve m ter! D esenganem-se , meus no; o applauzo affoita a outros similhantes
Srs, que hoje naõ pod e m ser estimados abuzos; e se hoje se praticaõ para prote•
senaõ por aqui li o que re almen te valem; ge r a innocencia, aman haã praticar"se-haõ
mormente no conceito d e um Indio, que para opprimil -a. T udo está em corar as vio-'
llaõ é Cor tezaõ , n e m .sabe adular , ou por lações da Lei com arrebiques da clemen-
()Utra P1entir. ciai ~ e qu ando deixa isso de ser possivel?
Mas p assemos agora ao .:Ministro c1a Demais o publi co naõ sabe se no pro-
Negocios de J usliç.a. Nós em outro l ugar, cedimento do Governo com aqnelles prezos
anali sand o o Decreto de 17 d e Julh o re- hou ve ou n a õ injustiça, naõ obstante ter
ferendado por este Min istro , mostrámos , sido aque1le Governo o rediculo procla-
e já com razões com·incentes, que elle m ado r do veto absoluto. O juízo de S. Ex."'
déra um exemplo terrível de arbitrariedade a este respeito naõ é o competente; e
e despotismo annulan<lo com um r asgo de dado caso que elles tivessem alguma cul-
p enna uma devassa, que nem ao menos pa, 2 que inconvenientes se naõ seguem
tinlrn visto , segundo .nos consta ; e uzur- da sua soltura indiscreta e précepitada?
pantlo ass·im as altrihuiçõcs dos Poderes-· 1. 0 o de voltarem triunfantes para o lugar
Legislativo, e Judicia ria. ~E qu em diria que fóra o theatro das suas desordens, e
que poucos dias depois houvesse S. Ex.ª de animarem com isso a outros . taes para
<lc repetir a Jnesma scena? Entre tanto seguire!Il o seu exemplo: 2. 0 o de indispol·
assim aconteceu·, e a prova é a Portaria os contra, Cidadãos que os accusaraõ , . e
d e 25 .de Agosto em q11e elle mandou sol:. contra as authoridades, que legitimamente
ta r 3 prezos do Rio Grande do Sul , no os perseguira õ : 3.0 o de enfraquecer a for..-
di a seguinte ao da sJJa chegada a esta ça moral dessas mesmas authoridades, e
Corte para onde o Governo d'aquella Pro .. àesacorçoal-as no cumprim ento ae seus
'Vincia os havia mandado com seu com- de veres : 4: 0 o de fomentar e promove r
p etente processo. E' verdaJe que destes se anarc hi a no seio das Provindas, o que
11aõ foz mençaõ na mesma Portari a, mas é sem duvida o maior dos males. E se
é taõbem verdade que o houve naõ só naõ veja-se a commoçaõ que foi causar na
porque assim se collige da palavra proceder de S. Paulo essa enxurrada de revoltozos,
d.e que se uza na outra Portaria de 22 do ci.ue S. M. Mandou d'ella sair quando lá
mesmo mez, relativa a; es te negocio; como foi, e que o .Ministro teve a. imprudencia
taõbem porque nol-o-disse um dos mesmos d e restitui!' a mesma, atropelando Leis e
Réos; donde se vê com toda a evidencia todos os principios do sistema adoptado.
que o Ministro commetteu n'esta Porta·ria Antes porem de passar-mos adiante,
a mesma arbitrariedade, que no D ecreto cum pre~nos fazer taõbem algumas reflexões
a cima menciona.do; e o mais é que naõ sobre a Portaria de ·22 do mesmo mez,
por ignorahcia, porque a naõ podia haver expedida igualmente poL· S. Ex.ª ao Gover·
depoís da Aos~~ censura, ne m taõbem pot' no do R io Grande, e n'aqual parecer dár-
desprezo d 'esta porque. entaõ naõ teria se alguma idea dos crimes, em que esta-
a fraquef:la de occultar a circunstancia ag- vaõ . envolvidos os taes prezos. N'ella es.
gravante do acto; foi sim por vontade de tranha o Ministro mui severamente a aquel-
obrar arbitrariamente , e com plena cons-- l<-! Governo o p1·ocedimeato que com elles
c iencia <lo mal que fazia· pois do contrario tivera, ordenando-lhe que o uaõ pratiquem,
n a õ se teria illudi<lo. a pcrtençaõ de um rnais d'entaÕ' em diante por simílhan!es motivos,
dos p1•ezos cm ohter uma Certidaõ do sem primeiro . dar conta e esperar a resoluçoõ ,
iwocess:o para publicamente se lavar das a fim de que naõ aconteça outra vez o serem
imputações falsas, e mostrar a seus conoida.. reputados· meras opiniões políticas como crimes
dãos a sua innocencia opprimida. d' Estado. Ora eisaqui a nosso vêr urna or-
Assim é nos Jiraõ: mas esta arbitrarieda... dem bem àbsurda, e perigo.za: 1. 0 porque
de servio para emmendar a injustiça que a ·vai substítuir a vontade particnlar do Mi-
estes prezosse fizera. Embol'a; o remedi o foi nistro á da Lei, que tem designado os
peíor, do que o mal: este era de pouca dura- crimes, e seus caracteres, cujo exame e
çaõ, e naõ se ex.tendia ~ mais do que a qualificaçaó é de todo independente de
3 ou 4 individuos; aquelle assusta. e faz contas e resoluções Ministeriaes: 2. 0 porque
estremecer a todos os subditos do Imperio, yai .p ear a marcha do Go,·erno e das mais
* ii
( 98 )

· Authorida<lE>s na execuçaõ da mesma Lei mandou processar com a devida bf'f~vfrlade .


sem com tudo tolher o seu abuzo; pois, Os prezas que ae b vieraõ gemem ainda
concedido que o h8Jª, naô é S: Ex.• Juiz nos fe rros, em quanto os outros passeiaõ
para lhe applicar a pena conveniente, nem livres; e o que mais é a l é os quatro des-
.baslaõ para punii-u severas repreensões: graçados Ofliciaes, que depois de passarem
·3, porque dahi podem resultar consequeo-
0 por tormentos e pl'ivações nos <'alabouces
cias mui funestas . Suponha-se que em uma do Mad eira, e recolhidos a esta Corle co-
das Províncias do ImpP.rio havia 3 ou mais bertos de rniserias, receberaõ os carceres
ind.i'vid uos que entendiaõ que o Brasil de- c1e uma Fortaleza para agasalho das suas
via se-r uma Republica federada, ou sol- fadigas, aonde a dese s per:açaõ iuduzio a
dar-se novamente ao antigo Portugal: em. um d'elles a procurar a mort e.
CJUanto estas ideas naõ fizessem mais do A Grabiel Gctu lio de Mendonça, da
que fermentar no cerebro de seus autho- Provin cia de. Matlo Grosso, dispensara ó-se
res, certamente naõ passariaõ dt? meras as hab e litações e exame ne{:essario para
opiniões politicas, e como taes destituídas servir alli um Oíllcio de J ustica: e a Jo sé
de toda a criminalidade, e izentas do po- Antonio Pereira de Castro , ~ pi·orido em
der da Lei: mas se ellas fossem divulga- Guarda Mór da Relacaõ de Pernambuco,
das ou por escri pto, ou de viv1:1. voz, e e que requeria igual Mercê, mandou-se
tivessem merecid_o a approvaçaõ d e espiritos consultar á Mesa do Desembargo do Paço.
incautos, ou mal intencionados, de que em 2 Qual o motivo desta e stranha ditfereuça?
regra se compoem a maioridade de um 2 Será para o Mini s tro um pecc:ido or igi-
povo, d deveria o Governo nesse caso con- n a l o ser Pernambucano? Se as Gracas
tentar-se sómente com dár conta ao iV1 ini s- inJevi<las saõ fuuestas ao bem publi~o ,
tro ~ e e~perar a sua resoluçaõ? Segundo muito mais o é a dezigualdade na sua re-
a Portaria parece que sim, e nesse inter-. partiçaõ . Os homens naturalmente amigos
val -o enaô podem taes opiniões produzir de medrar, naõ cessa.õ de pertencler apre-
uma expolsaõ terrivel? Podem certamente, ferencia; a exclusaõ naõ os agasta muito;
e até mui natural é que assim aconteça; porem ynando naõ é assás ju s tificada os
mormente se os pregadores J'ellas, e seus e sca ncleli sa, il'ritn, e (leses pera so1Jre-ma-
proselitos, aventarem que foraõ denuncia· 11eira: cífeitos eslcs mui perniciosos quando
dos, por que nesse caso alem do fanatis- se desenvolvem llOS b a Litante s <lc uma Pro-
mo político, que ordinariamente os acom- víncia inteira. Mas, 2 deveremos por ven-·
panha, bá Uf1l novo motivo yue os incita fura surpor que é is to o que co nv cm ao
para arriscarem tudo, e é o <lezejo da pro- plano de Ex.', e <lo seu co ll ega Financeiro?
pria salvaçaõ. Eisaqui pois ateado um in- Seja corno for, o Mini~tcrio actual ou
cendio que em seu começo facilmente po- tralrnlh':1 por perd e r-no ..;, ou naõ tem o vi.
dera apagar-se, a Província victima da gor e sr1bcr necessa rio pnra g-uiar a Náo
voracidad e <l'elle, os Cidadãos pacificos Jo Estado no rnPio dos e sc olhos, que o
consternados e cobertos de luto; e o Go- ccrcaõ. O passa do cm mcno~ Je um armo
verno que podera prevenir taõ laslimoza suffocou <liversos partidos que dilaceruvaõ
sce.oa 1 apenas mero espectador da mesma. c:0ta Província, de s!C z o nevoeiro que as-
i E porque? Por cumprir uma or<lem taõ sustava as outr:ts, e as trouxe quasi to<las
perigosa, arbitraria, e impolitica, como a um <'Clllro commlllll; organizou Excrci-
a desta Portaria. tos, fi·z np parcccr como por n ~ ilél~rc, urna
2 Que famozo lihcralismo este! i Que Mr1ri11ha soffrivel; firmou o Eslandarte da
bem entendida clemencia! E ' só pena que nos sa Libcn.la<lc e l11d epcnclencia: e assen-·
alguns maldizentes q ueiraõ asseverar que. tou as l>azcs <le urn Imp<'rio formillavf>l.
ella naõ é igual para com todos, e que Aimla lioje se cstri.õ co lh cn<lo fructos <la.
o coraçaõ do Ministro conserva naü sabe - ~ma act i1.'a e Hcerladrl admi11i s1raçaõ: a cl-
mos que rancor contra os Pernambucanos, la se dr1 e a lib erdade J;:t Bahia, e a rcu·
demaneira que e5tes nunca tem parte na 11iúi do M:1r:-tllli ;1õ. é O pre-;ente porem o
ili~tribui_çaõ das suas graças. Talvez ri:::iõ que t0rn foito ? Aimla 11 :iõ <lcr:orrcra5 3
seja assim, mas o certo é que a imputa- rnezes. e nús ia vemo:>. rn:11es tcmiveis, e
S:ªÕ tem algum fundamento. Annularaõ-sc prcconisa<lorf';;, de outros maiores. Renas·
(levassas de S. Paulo, e taõbem do H.io cem os parti1los , e com dobrado aze<lu··
Grande; perdoaraõ-se reos, e até soltaraõ- me, e csca11dcscC'11ci;:i : erg11em a sua voi;-
f?e os que estavaõ prezos; e naõ se annu- mon~t ros infcrnaes, e e m vez <la Santa li··
·~ou a de Pernambuco, nem ao menos se oen.lade pregaõ a se<liçaõ e a desordem~
( 99 )

as Provincias traba1haõ por desunir-se , ou como portadoras de suas notas, e por con-
pelo menos fervem na mais horrivel anar- seq ucncia da Naçaõ, como o seu agrega-
chia: o Governo, tímido e sem forca mo- do; que a estabelida<le dessas fortunas, de
ral, vê~se obrigado a capitular com' todos que rezulta o bem ser dos Cidadãos, he
os seus desvarios , ou a ábandonal-as á sua a primeira baze do credito Nacional; e
sorte e a grande machina política aprezen- que na consistencia deste, existe a força,
ta todos os sintomas de uma convulsaõ. e segurança dos go ve rnos, tomo a liberda-
~ ~ isto em que tempo? Quando o Gover- de de chamar a sua atterrçaõ, e a do res-
no de Portugal , apertado pelas necessida- peitavel publico o.obre o Ballco desta Ca-
des d'aquelle Povo, e querendo adoçar a pital, a fim de restabelecer-se , com a re-
traiçaõ que lhe fizera, promette e sollicita zoluçaõ dos segnintes programas , e exe-
com effeito, por todos os meios que pode, cuçaõ dos meios indicados , o seu credito,
a sujeiçaõ do Brasil ao seu detestavel ju- para cuja decadencia o mesmo sistema da
go: quando aquelle Governo , perfido e sua organizaçaõ, a arbitrariedade do fina-
inimigo entranhavel deste lmperio , naõ do governo, e os desvarios da antiga ad-
duvida desmembrai-o, ceder parte delle, ministraçaõ desgraçadamente, tanto promo-
e por ventura a mais interessante, a Na- veraõ. Fructo dos beneficios do Senhor D.
ções estranhas, para o auxiliarem no pro- .J oaõ VI., a quem tanto deve o Brasil na
jecto da nossa recolonisaçaõ. ~E será pos- opiniaõ do Sr. Promotor dos Jurados. O
sivel que durmamos descançados? Aborras- Redactor; e cujo restabelecimento nos po-
ca está imminente , espessos novoeiros se de facilitar 05 meios precizos á conserva-
amontoaõ a cima do nosso orisonte, e naõ çaõ da nossa independencia, quando naõ
tarda em desprender-se das nuveus o raio seja bastante o recurso de huma bem en-
estragador; os mares encapelaõ-se a tor- tendida economia na receita e despeza dos
menta cresce, e a Náo fluctua a discriçaõ fundos publico~.
das ondas. Ah! aonde estaõ os Pilotos que
a poderiaõ salvar? Grande Deos, mostrai-os Programas.
ao nosso amado Imperador.
J.º Se o desc redito do Banco des ta
Capital tem por cauzas , como o creio .,
os factos acima indicados , determinar,
Senhor Redact01.. nesse caso , a formula mais apropriada,
para o restabelecimento do seu in~eiro
A officioza brevidade, com que V. m. credito..
inserio na sua Gazeta a minha de 4 do 2.º SP. a divida publica, no estado
corrente, fazendo-m e crer, que V. m. en- prezente do Banco , obsta a continuaçaõ
carava a sua materia como irnportanta , e d,Q_s serviços deste ao Estado, e faz lem-
urgente, anima-me ao mesmo tempo á sua brar ao Ministerio outros recursos , como
continuaçaõ, com o unico meio de di sper- necessarios á segurança da nossa, deter-
tar a attençaõ publica, sobre outros arti- ,minar a formula, que, restabelecendo o
gos do seu maior interesse , para que eu· credito, lhe proporcione os meios d.e po-
deva recear a nota de importuno. der continuar os seus serviços, e que li-
Naõ podendo, por tanto, no meu pa- vre a Naçaô de contrahir emprestimog
triotismo, deixar de me aproveitar da sua com as praças estransgeiras, que ainda.
bondade , mormente , quando se ventilaõ quando, pelo interesses exigido, se apre-
ma terias relativas áo credito nacional; e zentem á primeira vista menos onerozos,
persuadido (com bons fundamentos) que do sempre lhe saõ grandemente prejudiciaes.
mteiro credito do Banco depende a fortu- Entretanto tenho a honra de ser com
na particular de inumeraveis familjas, nel- toda a attençaõ - Hum. Pernambucano.
le interessadas , ou como accionistas , ou ·-

~ RIO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL. 1823."


·fN. 24

QUINTA FEIRA 16 DE OUTUBRO DE 1823.

Tu vois de ces tirnns la furcur despotique ;


lls penscnt que pour eux le Oitl fit l' Amerique.
VOLT. AL'.l:IRE .

e o R R E s p o N D E N e 1 A. pacho, me acho dirigindo todos os Nego·


cios da Naçaõ. Este he um outro motivo
Senhor Redactor. para me dever dirigir a V. Ex.•, porque
convindo sobre modo que se remova1n to-
dos aquelles, que até agora servi.a m de
TEndo recebido uma carta do Conde impedimento á boa intelligencia e harmo·
de Subeserra, Primeiro Ministro de S. M. nia da Monarquia, isto só effic'<lzmente se
F., em que me convidava a desenvolver a poderá obter pela cooperaçaõ e esforço!i
influencia que me suppunha, para promo- de todos aq11e1les que tenham a felicidade
ver a uniaõ com Portugal, assentei ser do de gozar influencia entre os povos. Espero
meu dever communicar ao Publico na.ó só pois que V. Ex.•, que se acha collocado
a dita carta , como a minha respos ta. Rogo em taõ feliz situaçaõ , e que os seus ta•
p.oi:;; a V. m. queira inserir uma e outra lentos lhe asseguram, correspondendo á·
coisa no seu Periodico. So u seu venerador. quella expectativa que pelos seus discur-
- .fi.ntonio Carlos Ribeiro de .fi.ndrada. Jlfacha- sos e filantropices sentimentos todos tem
do e Silva. da sua pessoa, na occasiaõ presente coa-
djuvará o resta belccimento da harmonia
que a passada facçaõ havia perturbado en·
IU.sc e Ex.m Sr.
0 0
tre todos os que pertencem á grande Mo-
narquia Portugueza, e que por isso naõ ha
Por omissaõ da Secretaria naõ escre- nenhum fundamento par.a que continue a
vi a V. Ex·.• pela Corveta Voador que pa- subsistir inquietada com manifesto damno .
râ ahi foi no fim do mez proximo passado. da prosperidade e ventura do Estado , e
As luzes e qualidades de V. Ex.• , que dos indivíduos em particul ar.
quando fui Collega de V. Ex.• no Palacio Confio que V. Ex.• acceite os protes-
das Necessidades, me faziam abrir com tos da minha inteira estimaçaõ, e me pro.
V. Ex .~ sobre a marcha que levavam os porcione muitas occasiões em que desem-
negocios publicos, ·pediam <le certo que a penhe a boa vontade com que me assino.
V. Ex.• significasse agora a continuaçaõ da- - De V. Ex.ª o mais attento e fiel capti-
q uelles mesmos sentimentos que hoje fran- vo. - Ill.1110 e Ex."'º Sr. Antonio Carlos de
camente se podem manifestar, pela com- Andrada e Silva. - Conde de Si1bserra. -
pleta desfeita que afugentou destes Reinos Lisboa 7 de Agosto de 1823.
a facçaõ perturbadora <le todo o s'ocego e
prosperidade Portugi1eza. Eu tive a felici-
dade de ser um dos agentes principaes
p_ara a feliz .restau raçaõ dos direitos do IH.mo e Ex.mo Sr.
Throno, e da lealdade Pottuguew. como
ahi será constante Em consequelll.:1a S. M. Tendo de responder â carta de V Ex.ª
me chamou JUntu de Sua Real Pessoa; e de 7 de Agosto deste anno, cumpre, pri·
na qualidade de Ministro assistente ao des- meiro que tudo, declarar a V Ex.: que,
( 102)

naõ podendo eu contemplar a earta de tos de consideraçaõ e estima , comque


V. Ex.ª como confidencial, em rasaõ do sou. - De V. Ex.ª Muito venerador e cria-
seu contexto, julguei ser-me licito o com- do. - IILm 0 e Ex."'º Sr. Conde de Subserra.
munical-a ao Publico , e a presente res- - Anlom'o Carlos R z'beiro de .llndrado Macha-
posta ; como exigia a delicadeza da mi- do e Silva.
nha situaçaõ, e a relaçaõ em que me
acho para com os meus Constituintes. NOTICIAS NACIONAES.
Passando agora a responder a V. Ex.ª ,
reconheço a conformidade da nossa ma- Rio de Janeiro 16 de Outubro.
neira de pensar a respeito da Jacçaõ exa-
.g erada que'· á força de querer impo:siveis, Vimos uma carta de Carzelones, datada
naõ consolidou nem mesmo o prabcavel, ele 19 do passado, a qual nos parece naõ
e envolveo em commum ruina com o mui- será indifferente para os nossos Leitores ,
.to mal que fez, o pouco bem que acertou de por a·ar c·o nta fiel da frouxidaõ com que be
tambem fazer. A esta facçaõ attribuo naõ a dirigida a campanha do Sul. A pessoa mui ..
separaç.aõ do Brasil , mas a acceleraçaõ to sensata ouvimos uma vez que o General
de uma medida, que altamente reclamada Lecor, de Fabio só tinha as demoras. Deus
naõ só pela natureza, mas até pela Poli- queira. que se naõ possa dizer mais algu•
tica, devia sim effectuar-se, porem talvez ma coisa.
mais tarde. No estado em que ora se " Qqando safo de Monlevideo o Baraé)
acham as coisas, he impossível soldar de da Laguna , nossas forças reunidas eram
novo a brecha decididamente feita , e ap- . diminutas. Retiramo-nos para S. José, onde
provada por todo o Brasil; e se fosse pos- o mesmo Baraõ principiou a chamar as
sivei conseguir-se o que, para quem co- for~as desta~adas no Uragna'!/, mas ist<>
nhece o Brasil , he cunhado com o sello muito paulatinamente; e depois de termo11
da mais completa impossibilidade, · nunca perto de 3:000 homens, regressamos , e
seria eu o instrumento para tal obra : os fomos até Casavalhe , distante duas legoa3
meu5 princípios Politicos , a minha decla- da Praça de Montevideo, onde se achava
rada adhesaõ ao meu Paiz , o juramento parte dos malvados pés de Chumbo desta.
a que estou ligado, Seria de sobra para Provincia. Nesta occasiaõ fomos , pelo qu<J
se naõ esperar de mim, se naõ Of>posiçaõ vi praticar, mostrar nossas forças : ten~:
a quanto ressumbre á uniaõ com Portugal. se conservado o exercito uma , duas, e
Accrescente V. Ex.ª alguma tal qual con- trez legoas distante ào inimigG; e uma.
fiança que o Brasil tem a bondade de mos- pequena força de 300 e tantos homens.
trar-me , e a dignidade do meu caracter , em differentes pontos proximos ao inimigo;
que até hoje c1·eio se naõ tem desmentido, e dá-se a isto o nome de sitio , sendo fran.
e V. Ex.ª virá a confessar que se dirigio co deixar-se sair, oti entrar a quem quer,
mal. com licença do Capitaõ General , ou do
Todavia , como ainda offendendo-me Brigadeiro Marques, de tal sorte que dia-
mostrou-me V. Ex.ª consideraçaõ a sezt riamente entram quarenta, e mais pessoas,
'RWrlo , quero pagar-lhe na mesma moeda , e saem Qutras tantas! A guarda avansad~
e incumbil-o de tarefa que, naõ custàndu á tem sufrido varios choques, e em buscada~:
sua delicadeza , lhe ganhará o amor da e nossas forças se conservam sem tentar
Patria. Consiste o que prol?onho em que nada contra aquelles inimigos do Brasil.
Y. Ex.• , como Ministro assistente a:o des- Tem elles direito de nos offenderem , e
pacho, e da particular confiança de S. M. F. somente se nos faculta defender, e dizer
per~uada-Lhe para remedio do pobre Por- o Brigadeiro Marquez, e outros da mesma
tugal o reconhet quanto antes a lndépen- opiniaõ , que saõ essas as ordens do nosso
àencia do Brasil, e merecer por este mo- amabilíssimo Imperador! Praticar-se, quan•
élo as graças de uma Naçaõ generosa., do pela segunda vez fomos a Casavàlhe,
que muito bem pode fazer a Portugal, e formar-se o exercito em linha , e marchar..
nenhum mal pode temer delle. Este passo , mos a passo para o inimigo , fazermos alto
destruindo as desconfianças dos Brasileiros , ein distancia de tiro de fuzil , fazer-nos 0
e cortanao os braços á rivalidade, melho- inimigo tiros de artilheria empregando ai·
rará a sorte dos Portuguezes residentes no gumas balas no .fieis Brasileiros , e sofrer
Brasil ) e offerecerá vantagens e esperan. o exercito até que nos mandaram retirar
ças a.o:; habitantes desse Reino. sem darmos um tiro! Armarem-se os filhos
Espero que V. Ex." aceite os protes- do Paiz como Melicianos , e paseacem para
( 103 )

o inimigo, depois <li sto ainda se arm a uma saria susten\ar nPm ainda no antigo regí-
partida, commandada por urn celebre Fra- men, os progressos das luzes. e da liber-
gata, que tambem quiz fazer o mesmo, e dade se espalham ern ambos os Mundos;
foi prezo! Salü d~ ~ontevi<leo um I'c~ro e, se fos se possív el d es terrai-as da velha.
Amigo com uma partt<la d e filhos do Pa1z, Europa, ellas estabeleceriam o seu reio\>
.mato1.,1 e roubou a to<lo o negociante Por- em a nova America , cuja8 irnmensas re-
tu<Tuez que encontrou na Campanha, foi giões scra õ por ellas bem ceclo fertili za -
pr~zo, e procura-se d a r-lhe liberd a d e ! Sa- das, e d onde estendcrnõ o se u domi nio ao
ber eu, depois de stes exemplos, trat a-se de Mu11<l_o i11tciro, tribu tar ia das suas antigas
arm a r homens do P a iz , como se está pra- c olomas : porem um a esperança taõ rPmota
ticando e m Sandu ! Os Oiliciacs da partida naõ socega os am igos dn libr r<la<le legal;
d e Pedro A migo , um Leonardo, e outros , quaesqu er que scjaõ as suas alternetivas
andarem no J epartamcnto de M aldonado e as suas vantagens , o poder absoluto
r eunind o gente, tudo co m consen timento naô pode tornar u estabelecer-se na Euro-
<lo Capi laõ Genernl ! Isto faz sus pei tar, e pa, nem o poder thcocratico.
a nnu ncia terce ira revo lu ça ó na Campanha, No seculo em que os homens se acham
e talvez seja mais seria. Ter vin<lo o Ma- taõ e sclarec idos sobre os EPus interesses
rechal .!lbr~u para esta Provincia, que he e direitos, nada va le a fotça que subjuga,
conhecido Brasileiro e bravo General , e sendo destituída <la rasaõ que persuade.
i;cr du\'idado de reunir-se ao exerc ito, sem Saõ os espiritos que he preciso convencer,
outro motivo , pelo que ten h o alca~sado , saõ as consciencias que he preciso redu-
do que tomar o commando do exe rci to do zir , e a me nor biblioteca he um intrin-
Brigadeiro Marques ! ... Ser o Coronel Fl.an- cheiramento, onde nir:guem pode atacal-
giri.i qu em dieta nesta Provincia, um ho- os, e recebem sempre novas forças. O
mem prej u~ icial ne ~ te . Paiz , u~. ~10- homem, cuj a memoria deveriam execrar
mem conhecido por mtngante, e in1m1go os inimigos das liberdades publicas, foi
da Causa do Brasil, um homem que no sem duvida aquelle que inventou a impren-
alegre Dia <la Acclamaçaõ do nosso sempre sa; elle mudou a face do Mundo , he o
prezado lmp('rador naô appareceo, e quan- primeiro e o maior dos revolucionarios.
do lhe levaram a Acta da Acclamaçaõ, lnuteis deligencias ! N aõ se poderia prohi ..
enfurecido a!õsinou, e naõ quiz ler, e cons- bir a arma da impreusa, como uma arma
ta-me nessa Corte disse ser elle o que ti .. occulta; e quando isso se alcancasse, quan·
nha feito essa Acta, scllllo o seu Author do mesmo (o que :5eria mais facil) se dei-
Joaó Pedro de Oliveira! Conhecer eu a avul- xasse o uso dclla excluzivo ás mão:; que
tada despeza que faz a Naçaõ com as tropas a qu e rem quebrar, naõ seria isso se naõ
estacionadas nesta Provincia, e os soldados um ephemero triumpho: seria necessario
recebendo quinze dias de soldo cada. mez, ir quebrai-a em Londres, e em todas as
e os Officiaes um mez de dois em dois Americas. Em quanto houver no Mundo
rnezes, e a tropa mal abrigada, e exposta aos uma só imprensa , e urna só tribuna , o po-
rigores da estaçaõ ! Saber eu o extraorJi- der absoluto naõ pode contar com cousa
nario negncio que se faz com prcJuizo, e nenhuma, e os amigos <la liberdade podem
á custa dos bens N acionaes, principalmen- ter sempre esperanças. Ora, o que he um
te o Sindico desta Proviucia Thomaz Gar· facto verdadeiro, he que as imprensas e as
eia ! ... N aõ se pense em mim o menor mo- tripunas se multiplicam. Um calculo bem
tivo particular, mas sim os desejos que curioso, extrahido do Galignani's - Mes-
tenho de ver prosperar o Brasil, no que scnger apoia as nossas reflexões, e os
acho difficuldade, em quanto forem contem- nossos leitores, se alguns houvesse que ti-
plados pés de chumbo que saõ muito poucos os vessem a franqueza de esmorecer, acha-
que podem vir a ser Brasileiros; porque a riam neste mappa comque reanimarem as
muito maior parte dos que aqui apparentaõ suas esperanças.
adhesaõ á Causa do Brasil , saõ filhos das Em 177 5 , o n.º dos homens livres, isto
circunstancias .... ! he daquelles que viviam debaixo de governos
livres, compunha-se da maneira seguinte.
NOTICIAS ESTRANGEIRAS. Em Inglaterra 12:000,000
França. Em Hollanda 2:300,000
.!lrtigo cxtrahido do Constitucional. Na S uissa • • • • 1:500,000
Em quanto na França Constitucional
.se ouve renovar doutrinas que ninguem ou- Total
·'f ii
... • • • 15:000,00<)
( 104 )

Hoje o numêro hc mui differente: concebemos como fosse ventura para o Bra-
Subditos Britanicos na Europa 16:000,000 sil o seu retrocesso ao systema colonial :
Estados-V nidos d'America 11 :000,000 i e será isto julgar e escrever com maior·
França . • 29,000,000 exactidaõ e justiça , do que as extinctas
13elgica e Paizes Baixos . 3:200,000 Cortes o faziam?
Republicas d'America do Sul. 13:000,000 A segunda reílcxaõ vem a ser que Por·
"Brasil 3:500,000 tugal com a queda das Cortes nem por
H espanha . 9:000,000 isso melhorou o seu caracter, que por el-
Portugal 2:000,000 las se su ppunha estragado. Na verdade
procurar rehaver o Brasil , convidando os
Total em 1823. 86:700,000 homens benerneritos que nelle gozam da
opiniaõ p ub lica por seus talentos e servi-
Continuar-sc-ha. ços prestados ao mesmo Brasil, para que
atraiçoem a Causa da sua Patria, a lnde-
pcndencia ~ o ~onarca que ella acclamou,
he acçaü indigna de um Governo que
REFLEXOENS. se preze de sentimentos nobres. Os homens
tem a rasaõ para conh ecerem os seus di-
A' vista da correspondencia que dei- reitos, e as armas para os sustentarem ;
"Xamos publicada no principio deste N. , 0 deixemos pois ás rapozas essas rni seraveis
naõ haverá Sccptico que duvide, por mais astucias, d~ que se deve envergonhar a
incredulo que seja , da resoluçaô do Go- nossa espec1e.
vérno de Portugal em nos lançar de novo Por ultimo quando vemos o Ministro
os pezados ferros do seu dominio. Nós lhe de Portugal escrever com similhante des-
agradecemos tanta bondade; e mais gene- caramento a um Brasileiro de taõ nobre
rosos, do que elle, naõ lhe pagaremos de caracter, que naõ duvidou ser o primeiro
certo com iguaes dezejos e esforças de o que no sallaõ das Cortes de Li sboa decla-
àominar. Rcconhecemo·s que naõ foi debal- rasse a Independencia elo Brasil , apezar
de que a maõ poderosa do Creador divi- de se ver am eaçado , e por toda a parte
dio por taõ cor.si<leravel extemmõ de mar cercado de figadae&; inimigos, delrernos crer
o Reino de Portugal, do lmperio do Bra- com bastante fundamento que iguaes pro-
sil; e em nosso conceito hc o maior ab- posições vieram para outros que não ti-
surdo pertende r unir aquillo que a Natu- nham mostrado tanta firmeza; nem era pos:.
.reza separou. Sobre esta materia muito se ilvel que o Ministro Portuguez se persua-
tem escripto no Brasil, parecendo-nos por disse que \lm só homem , por maior que
tanto inutil re petir 11aõ só o que os Escri- fosse a sua influencia, e os desejos de ser--
ptores Jisseram , mas o que he geralmente ' 'ir, podesse desempenhar sim ilhante em.
sabido. preza: com tudo até agora ainda nenhum
r . Algumas reflexões porem nos occorrem publicou ess es documentos, que tanto im-
sobre a carta <lo Secretario d'Estado Por- portam á salraçaõ da lndepen dencia e lm-
tuguez, e he que, naõ obstante terem-se perio do Brasil , cujos alicerces nossos
as Cortes dissolrido, e levado comsigo o inimigos procuram surdamente solapar. Es-
odio implacav cl do p::irtiJo que actu:1lmen - ta altendivel circunstancia faz so bre ma-
te domina, vemos subsistir no Ministe rio neira realçar o comportamento leal do no-
as mesmas falsas ide as) até as mesmas ex- bre Deputado gue nos communicou, para
pressoes de que ellas se serviam para nos se <lar ao Publico, taõ importante docu-
reduzirem á ruinosa uniaõ. Diz aquelle Mi- mento; sentimos que a mesquinhez do· nos:.
nistro que o restabelecimento da harmonia so engenho nos impossi bilite de lhe darmos
entre o Brasil e Portugal he nccessario louvor igual ao seu merecimento, mas de
para a prospe ridade e ventura do Estado: certo ellc serii, indemnisaclo da nossa falta
mas por isto dá elle a entender que esse pe-la honrosa lembrança que naõ pode dei-
Estado he só Portugal , que só Portug:1l xar Je consagrar-lhe a Patria agradecida.
he que tem diante dos olhos , pois naõ

RIO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL. 1823.


N. 25

SABBADO l8 DE OUTUBRO DE 1823.

T u vais de ces tirnns ln f11reur despotiq ue ;


lls p ensent que pour eux le Cie! flt l' Amerique.
VOLT . ALZlR. E .

RE S E N HA ANALYTICA. DOS PERJODI COS DA da liberdade, naó poup en~ os se us escrip-


CORTE ' DA SEMANA PA SSA DA. t ores nem a F ernunclo Vll. , nem a Luir
X VIII., ne m ao Ministe ri o aclual da França.
This lwrd to say , if greater want of skill Di rá talvez o Merití ssimo Sr. Promo-
.11ppear in writing or in Judg ing i/L; tor qu e naõ accusou o Sentinella pelo que
B ut o/ lhe tw o, lcss dangerou s is th' ~/fence re speita directamente a EIRei de P ortugal,
To tire our p11tie11cf', than mislead our sense, mas pe lo que toca indirectamente a S. M.
P ope. Essay on Criticism. I. , offendido no tratamento feito pelo Re-
dactor a Seu Augusto Progenito r. Primei-

E I a passada Resenha, publ icada no


Tamoyo N. 22, di sse mos alguma coisa so-
ramente cumpre di stingu ir as relações na-
turaes de Filho para Pae, das relações po-
liticas d e Monarca para M onarca, e des-
bre a acc usaçaõ do Redactor d a Senti.nella, tes para seus Subditos. Feitas estas distinc-
vigila nte defensor da nossa J nd e pe ndencia, ções, veja o Sr. Veiga se póde ser admilti-
por occasiaõ de uma carta que no Sylpho da a sua desculp a. Em segundo lugar naõ
appareceo deba ixo <la assignatura d e Ini- repara o Sr. Veiga que he por illacçaõ que
migo dos l ntrigrmtas; e agora .temos a satis- pertende cu lpai' ao Sentinella? ConcediJo isto,
facaõ de ver em o N .0 19 <la mes ma S entinel- t enha a bondade de nos dizer se a Lei
la 'exten-samenle de du zida a defeza da re- faz res ponsa\'el o esc riptor pelo que elle
ferida accusaçaõ. i Naõ ha na verdade des- publica, ou pelas illac çõ es que o Promo-
propozito de maior marca, do que preten- tor da Justiça quer tirar ? Compadece-se
d e r o Meritissimo Sr. Promotor condcmnar tal procedimento com a letra da Lei que
o Sentine!La pelo que este disse, ou deixou expressamente orden:a. cinjam-se os J uizes
d e dizer, a r es peito de ElRe i de Portu- ao princípios mais lib eraes i' i Parece vir-
gal.' He verdade que nós somos de q_piniaõ tude inn ata d a beca o atr opell a r a especie
que se tratem nos escriptos publicas os humana! Se a côr preta dessa beca he
M onarcas extrangeiros com o devido deco- quem inOu e aos que a trazem, taõ má in-
rn á !'ua dignidade, como rep resentantes clinnçaõ, pediremos á nossa Assembl éa mu-
que saõ p ara comnosco elas suas Nações; d e-a para escarlata, c ô1· alegre, para que
e presumimos que a Sentinella naú offendeo fiquem em soccgo os pobres dos escrip-
de certo neste pa rti cu lar as leis da mode- tores.
raçaõ e da decencia: mas he tambem ver- Quanto ao resto da accusaçaõ, ja em
dade que na lei <la liberdade da impre nsa a prc~itada R esenha dissemos o que nos
naó se acha decretado o modo com que occorna, e da.mos á Sentinel/a os devidos
esses Monarcas devem ser tratados. Se as louvores pelo bem que sustentou a doutri-
coisas vaõ neste andar, pela mesma rasaõ na do s pontos accusados, e denodo com.
que naõ devemos falt ar contra ElRei <le que combatco os que se disfarçam debai-
Portugal, naõ devemos fallar tambem con- xo do mentiroso titulo de Inimigos dos In-
tra E1Rei de Inglaterra; e muito nos admi- trigantes.
ra que, sendo este ultimo o paiz classico O Sylpho de 8 do corrente consta.
«<
( 106 )

quasi todo de artigos do Projecto da Cons- Senso uma carta com data de Lisb oa, em
tituiçaõ, com algumas notas <lo íl.edactor. que se accusa o Ex-Ministro José Bonifaúo ,
Deixando alguns pontos dessas .notas, que por este pertender guc no Conselho dos Procu-
julgamos sujeitos a . controvcrsia, toma re- radores fosse . apresentada uma Magna Carta
moe; sómente as seguinte:; p:tlavras de uma por F.!le for:jada. Nós ignoramos inteiramente
dellas, fallando-se do tratamento de cada o que se passou no Concelho, nem ouvi·
uma das Sallas da Assemuléa : na<Í hu lugar mos nunca foliar em similhante pcrtençaõ;
:por orule naó minem,. e 1wó pert~nd~m ter in- a qnal com tudo de nenhum modo ecli p-
gresso as pertenções anstocratus .. A Y1sta desta saria a honra do Ex-Mi11istro, salvo se essa
reflexaõ do Rcdo.ctor, he evidente que elle .Ma~ua Carta attentasse contra a bem en-
prefere a igualdade ás distincções: mas porque tendida liberdade dos Povos ; o que afoi-
motivo naõ <leixa ellc de trazer dragonas tamente podemos negar. E demais a carta
para naõ haver aristocracia <le graduações? em questaõ he foi:jada em Lisboa, e isto
porque naõ queima os livros, para· naõ basta para mostrar a sua falsidade, e gue
haver arútocaeia de saber &c. &c.? ~Ignora só se destina a separa r aque lles <le quem
por ventura que com o exemplo se per- tremem os llossos inimigos. Quanto á de s-
.suade melhor , <lo que com a palavra? cripsaõ que ali se faz <los successos de
O Publico fica inteirado da importante 30 <le Outubro do nnno passaclo, oppomos-
noticia da remes~a dos ultimas N. 0 ' do .Ih· )he a que na Gazeta daquellc tempo ge
gos, que fez ao Redactor do Sylpho a so• publicou: e pelo que respeita ás outras
ciedadc Literaria de Buenos-.!hrrcs. Quanto accu sações com <]LlC termina o extracto da
aos benemeritos JYobrega, Janua;io , e Ledo, referida carta, muito se tem escripto em o
basta assim chamai-os o 8ylj>lto para nós o Tamoyo , para onde remeltemos os nossos
acreditarmos. : Grande coi sa he ser Genio .1 Leitores.
Passando' ao Correio do Rio de Janeiro
de 6 de Outubro, naõ podemos deixar de eo s o
R R E p N D E N I A. e
louvar a dcducs:aõ tilosoGca da sua primei-
ra carta, sobre n necc s:s ida<lc de se conser· Senho1· Redrtcf01·.
var o espirita provincial (entendemos quan- Como um escriptor naõ he pessoa in-
to seja compatível com o neces::;ario eRpi- <lifferente para o Publico, desejei saber
rito Nacional ) ; assim como seriamos in- porque motivo seria despedido o cx-Reda-
justos , se passassemos ~m si lencio us par· ctor do Diario do Governo. Dirigi-me por
voices rematadas de o•Jtro Correspondente es te motivo a um seu amigo, o gual me
anonymo. Leva este Correspond e nte muito confiou a carta inclusa do mesmo Sr. Rc-
a mal que o Promotor <la Ju stiça seja dactor, a qual me parece digna do seu
omisso em chamar os Escriptorr.s nos J u- Perio<lico. Se V. m. fôr da me sma opiniaõ,
rados, quan<lo elle tem de certo procedido 1·ogo-lhe queira inseril-a nelle. - Sou Um seu
nisto com excessivo zêlo e diligencia , assignante.
<lando-lhes incommodos talvez até contra a
sua intima convicçaõ (o que <le nenhum modo Vejo, meu rico AP1igo, que jâ. te clJe-
ápprovamos), chamando-os áqueUc Tribunal gou a noticia de eu ter sitio despedido
para responderem a mi sera veis so fi smas: da reclacçaõ do Diario do Governo : · po.
mas isto he o menos. Diz o CorrcsponJen- rém de que te ndruiras? 2 Ignoras por \en-
te que o Executivo he obra das m{ios dos tu~a as ~lternativas proprias de te mpos
Reprezentcmles, emanaçaõ elas suas faculdades. tao calam1tosos, como os nossos? Se Yá·
Ainda que houv esse casos em qu e militasse lidas columnas, homen s de singular mere-
aquel1e principio ~ nunca se ria em o que cimento, de bem fundada opi11iaõ, de rc-
110s achamo>i; e se naõ <ligu-no& o Sr Cor- levantes serviços pre~ tad?s á. Patria, quan-
respondcnt e corno he que a coisa emanada do ameaçuda de pen go imrnmente, cairam
pode preceder a que de alguma sorte concor- por terra; i como havia de sustentar-se
reo para a sua existcncia. E como h:i com o peito opposto á torrente da revo-
de o Executivo ser cmanaçaõ dos Repre- luçaõ um hotnem, como eu, sem nome, e
sentantes, se estes só receberam da Na- de prestimo taõ mesquinho,, e para. maior
c;aõ a faculclade legi;;htiva; se a Naçaõ <lesgraça com alguma probidnde? ~Viste­
Já tinha <lelecra<lo no Chefe que acclumou , me por ventura servir de entulho nas sa}.
o outro Poder? _Delega a Naçaõ <lua9 las da audiencia do Imperante, e <los
vezes a mesma coisa? Ministros? 2 vi ste-me adular os ôcos idolos
Em o N." 60 vem extrahida do - Bom ? do tempo? ~ viste-rne prnstitui.r a esp0a,
( 107 )

ou servir do medianeiro de libidinosas in- da Cidade apregoando princ1p1os de abs-


trigas? ~viste curvar-me á trope, á \'il, á lracto e desorgani sa<lor liúerolzsmo, li songe-
JJefanda venalidade? 2viste-me praticar acçaõ ando com termos bombasticos o póbre Po-
alguma menos propria da dignidade do ho- vo, para obter delle urna e1eiçaõ d e Con-
mem? 2E corno quei·ias que com e~ie caracter celheiro ou Deputado : 2 e que po<liu es-
podesse medrar no meio de uma Corle infe- perar de similhante ct>mporta111euto 2 A
·ctada de differentes pestes ? inimisade, o odio irreco11c iliavcl de todos
Passando a rerlectir sobre as causas t!sscs Srs., o que bem pouco rne importa.
da minha despedida, conj ec turas ser uma Ora aqui tens por esta fiel exposiçaõ o-
ileUas as opiniões que publiquei naquelle cht11nóismo e o repuUú:anismo de certo cons-
Diario. Parece-me que te naô enganas. Trans- pinJos contra mim , e uma elas causas
portado em tenros a nnos para o Brasil, ao porque fiqDei tam bem afogado na porca.
:Brasil devedor desse pouco prestimo que enxorra<la <la revolucaõ.
tenho, agasalhado sempre com distinc ça õ Conjecturas t:::imbem que uma das cau-
pelos seus Naturaes, ligado por conso rcio sas da acçaõ comigo praticada, fosse a-
e uma taõ terna, como virtuosa Brasileira, q uelle acto dos Jurados. He tambem na-
<Cercado de doceis e ínnocentes frnctos tural que concorresse para ella, meu bom
desse consorcio, preferindo no tneio delles Amigo. Como os meus sentimentos era1n
;a modesta mediania ao apparalo dos nossos exactamente os que publicou o Auttor da
mandões; eu naõ era homem que capitu- carta, e toma11do eu sobre mim a respon-
lasse com Portugal , que lhe vendesse a sabilidade d ella mostrei firmeza de carac-
111inba penna, e perfiao e ingrato atrai- ter para sustentar aquillo que pensava,
çoasse a minha cara Palria, o Brasil. naõ poJia convir a clwmbeiros, nem a desca-
llepelli , quanto pule, pela imprensa, as mi::ados que me consenasse em lugar, onde
pertenções i justas daquelle Reino, entran- podesse reb ::i ter os seus planos. Triunfa-
do nesle glorioso combate quando o Rio ràm, meu bom Amigo; cedo-lhes o campo,
de Janeiro estava ainda dominado pelas porque naõ de pende só de mim o conser-
baionetas d' A vílez nos <lias da sua raiva ; val-o.
cuidei de inspira r aos Brasi le iros ~entimen - Conjl'cturas mais que o naõ cJefen<lei-
1os nobres, poodonor Nacional, inaltera- eu o actual lV1inislerio das accusações que
-vel uniaõ; e de manter a sua coragem, quasi diariamente se publicam contra elle 7
já inflammando-os com a ,iustiça da nossa concorreria talvez para eu ser despedido.
Causa, já patentean<lo a falta de meios de Neste ponto creio, com algum fundamento,
Portugal para sustentar a sua: e se neste que naõ erraste: 2 mais podia eu fazel- o ?
s entido naô trabalhei mais, e talvez tne- ~Lia eu essas accusaçõrs? Quando entrei
lhor, he porque me naõ davam os meios. para a Redacçúõ do Diario, fiz, e entre-
Se por aquelles motirns , meu rico guei a quem compelia, uns apontamentos
Amigo, havia necessariamente de odear- em que propunha se fizesse troca delle
.me o chumbismo, naõ era por outra parte pelos outros Periodicos que nesta Corte se
mais aceito aos descarnizados. Quaesquer que publicavam: e que da mesma sorte se a-
sejam em um Reino pequ eno as vantagens bris:;ern correspondencias com as Provin-
( por ora meramente imaginarias) das bem cias. Nunca similhante coisa se adoptou,
traçadas, porém inexequiveis Constituições que taõ natural e necessaria parecia: ~
Republicanas da Peninsula, ellas jamais como 400:000 réis nnnuaes , insignificante
se poderaõ consegui r no Brasil, Imperio ordenado que recebia, nem para as des-
·rasto, proporcionado para grandes coisas, pezas indispensaveis chega\·am da minha.
e em cujos habitantes predominam senti- familia, tornava-se-me impossível comprar
mentos elevados, ideas de nobreza. ~Que esses Periodicos, nem a tal me tinha com-
comparaçaõ tem comnosco Lacedemonta ou promettido, ficando por consequencia na
.llthenas , quando mesmo fossem perfeitas i~norancla de quasi tudo quanto eJles con-
as suas Constituições? ~Que mania , ou tinh am. ~E como havia de defend er o Mi-
:antes que fatal cegueira he esta de espirita niste rio? i Tinha-me elle dado a conhecer
republicano em nossos dias? ~ lnabalavel o seu systema? (tinha-me insinuado as ra-
nestes princípios, meu rico Amigo, os scms- sões ou verdadeiras, 011 merame nte osten-
c dotes da nossa Patria acharam-me sempre sivas~ dos procedimentos censurados? ~ co~
pela frente com a maça de Hercules alça- mo havia de tomar esse encargo um Re-
da para lhes quebrar os focinhos: eu naõ dactor que apenas sabia dos negocios aquil-
apparecia, como elles_. pelas ruas e prasal5 lo me5mo que, como ()Utro qualquer, lia
\lt ..
u
( 108 )

no proprio Diario? ~ como sustentar . co isas vens que o enlutam, restitu a-nos ao perd i-
qu e, ta lve z por fal ta d esse conh ec ime nto d o e q ui librio social, e s alve o Brasi l das
p a r ticu la r d ell as , eram tam be m repu g na ntes d esgraças que lhe estaõ imminentes. Oh
ao meu mo d o d e pensa r ? C eos ~ j oh minha P a tria !. .. - .11. J. de P.
T el est moii caractérc : ct jamais .mon visagc G. de A ndrade.
•N"a de mon coeur encare dcmenti le langage. N OTICIAS ESTR ANGEIRAS .
Qui puel se deguiser , P?w;rait trahir sa foi; . Continuaçaó do .llrtig o extrahido do Constih.s·
C'est 1111 art de l'E uro.pe: il n est p as J att p our mm. cionaL, e principiado a p ublicar em o N. 0
D eseja re i q ue o novo R ed ac tor sej'.1 24 deste P eriodico.
n es te a r ti go m a is pontu8:1 , d o qu e e u fm. N aõ pe rtenct e mos dizer q ue as lib er-
Conjecturas por ultim o , e o me~mo d ades cons ti tu cion a es es tej am fu nda d as de
t enho ouv ido a outros , q ue a public aça õ um a m anei ra pe rman ent e em t odos a qu el-
de noti cias em qu e se fallava d e J osé Bo- les p a izes , em cuj o n um e r o o author naõ
Jl ifacio, fo i u ma das ca usas da minh a qu e- com pre h e nd e o ( naõ se sab e p e lo q ue) a
da. Naõ ponho duv ida; po r em, se na õ ti- Gr ecia, que te m re c onqai s tado a sua inde-
n ha ins inuaçaõ para 1=;upprimi r passagens pe ndencia , ne m as P o tenc ias secundar ias
d essa natureza , ~como pod ia e n s upp or d" --\ll eman ha, que gozam do b eneficio de
qu e, pu blicando-as, desagrad av a ;:i P elo con- u ma represe ntaça õ naci on a l : mas em fim
~ rar i o h onroso m e p arec ia ao Bras il ve r p ode-se ao me nos c onv ir e m q ue todos te m
bem ap recia d os por es tranhos os inegaveis p or p rincipio uma C onsti tui çaõ liv r e , bem
e r elevantes serviços de u m filho seu . i E ou ma l afiançada. M u itas pe ss oas s e sor-
c om que justiça seria aquellc sabio e hon- r iem ven do figurar neste mappa a Hespa-
rado Brasi le iro privado do louvor que es- nh a e P ort ugal , o nde ja sa udam o poder
ses estranhos lhe t ributam, qu e S. M. l. absoluto: porem quaes q uer que sejaõ os
po Decreto de demissaõ confirmou, e que successos que na Penins ula aconte ç am ,
só Brasileiros d ege nerados p e rtendcm ne- p e rsist imos ém pensar que o de s potismo a
gar-lhe ? ~Mereceria elle essa r eco mpensa per<l eo pa ra sempre · A H espanha, reduzi-
por ter salvado a Patria das g a rras <l os da ás suas unicas p ossessões continentaes,
Avil e zes e .M adei ras? ~por ter sabido at- precisa de industri a, de c omm ercio , <l e
trahir as Pro vinc ias a um centro ;:J i po r ter ag ric ult ura, e po r consequencia ele instui·
c hamado ao verdade iro caminho op iniõ es ções livres. Naõ he com monges que se
a esvai ra das? 2 por ter prepa rado e d ese n- h aõ d e estabeleber manufacturas; nem he
volvido a lndependencia e o Imperio d o no s subterraneos da inquis iça õ q ue a Hes-
Equador? · por ter le vanta do o edific io <l a p anha h a d e ach a r as mi nas d'oiro que p erdeo.
R e presentaÇaõ Nacional? 2 por ter finalmente Assim. em menos de cincoenta annos,
por vezes suffocado a hyd ra da democraci'a? quize rni ll1ões de h omens livres tem pro-
Eu naõ pe rtendo com is to, me u rico Ami- duzid o mai;; de oitenta e seis mi lhões; as-
go, canonizar os Andrada5 : o homem n aõ sim as semen tes fec undas da lib erd ade se
be impec cav el; mas se us erros naõ podem t ranspo rtam d e um a outr o Mundo, e lan-
d e maneira nenh u ma escurecer a luz sempre çam profu nd a s raizes, qu e todos os h raços
respland ecente d e seus serviços. d o poder absoluto na õ saõ capazes d e ex-
, Depois de tantas conjecturas lasti mas, tirpa r. He da Inglaterra qu e os E stados
ineu bom Amigo, a minha sorte ; e n a ver- Unidos a prenderam a liberd a d e; saõ os
dade ella h e di g na de las tim a : porem o E stados-Unid os quem a ensinou á Fran ça ,
q ue mais me traspas a o coraçaõ he o qua- he a França qu em a tem e nsinado a ou~
dro, que a imaginaçaõ m e apresenta, da tros muitos povos.
futura sorte d a P at ria: a Europa most ra.- Se m d~vida a l uta h e longa .: p oi em
nos um aspecto ameaçado r ; os partidos n enhum paiz , nem a propria ln 0r.r latc rra
chocam-se cada vez mais; ja r e ina entre te 1'n feito esta gloriosa conquista, se naõ
nós uma ana rq uia mansa ; catla um a d as á c us ta dos mais tel'fiveis sacriftcios. Aju -
Provincias do Nort e <li s poem-se p a ra ficar d_aJ as das lu zes d a civilisaça õ e do espi-
com um reta lho do dilacerado Irnperio, rita do secu lo , as libe rd ad es public as, uni-
e o nosso Augu s to !-.fonarca sem um Mini st ro cas potencias d'ora em diant e in ve nsiv e is ,
que por s ua actividaJe e respe ito imponha podem ver r e tard ar por algum tempo o seu
silencio ás paixúe3, um freio aos p arti dos, ~numph o , r:i a,~ esse triumpho n aõ h e pro
desassombre o horisonte das pez aclas nu- isso menos 101allivel.

RIO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL. 1823.


N. 26

TERÇA FEIRA 21 D E O UTUBRO DE 1823.

Tu z•ois de ces t.irans la fw· r:ur despotique ;


Its pcnse:1t q11e pour eux li: Ciel fit Z' Amcrigue.
VOLT. Aumrn.

e oR RE s p o N D E N e I A. OBSERV.liC,OENS.
Senh or R edactor. Em primeiro lugar naõ deixará V. m.
de admirar o esti lo, e lingoagem. desta pe-

R Emetto a V. m. o officio <le celeber..


rimo Intendente Geral Ja Po licia , para
ça~ digna dos BotewJos e Tapuyas, naõ ja
<la doce e rnso a ve l Tribu a que V. m . per-
tence. ~ Naõ he bon ito crear novo .Mirásterio,
que se digne inserir , no seu Period ico, por escolher novo Ministerio, e isto quan-
juntamente com as observações que julgo do naõ hc toao o Ministerio o clemettido,
merece. e esco lhido outro inteiro de novo; mas taõ
O F F I C 1 O. somente saõ os demittidos <lois Ministros?
~Que euphonico, e conforme ás regras da
" A inclusa Proclamaçaõ, Decreto, e :Syntaxe e <la rasaõ , levar qiwnlo de::~ja acer -
Port aria do novo Ministerio que o nosso tar nos meios! i Brav o, Sr. Resende; isto be
Imperador acaba de crenr, levam comsigo que he escrever! i Quaõ bem se lhe pin-
o cunho da sua Constitucionalidade , e tam na cara. os dote s d'alma e do espíri-
quanto deseja acertar nos meios de obter to! Quaõ bem declaraõ as suas palavras
a liberd ade, a folici<lade do Imperio, e a s ua falta de miolos e sobejidaõ de mal.
dos seus s ubditos. dade ! Passemos ao material da Portaria.
" Cercado de trerns, foi obrigado a Diz o Sr. Intendente que a Proclama-
seguir conselhos que fizeram por algum çaõ, D ecre to , e Portarias do Ministcno ,
t empo duvi<lo'So o destino dos Povos do que chama novo , e que he certo velho
Brasil, e se realizariam, ou naõ , os bens naõ só ~m data, como cm crim es! demons-
qu e r esu ltam de um Governo Monarquico- tram a Constitucionalidade de S. M. 1. Em
Cons titucional. Conheceo o Imperador o en- primeiro lu ga r declaro que naõ examino
gano , remediou o mal , a partando de si a os actos de S. M. I., que no sy-stema co11s-
causa delle. titucion a l, como activo he nada, e que naõ
" Tenho a satisfacaõ de annunciar a reconheço outros authores na scena politica,
VV. mm., para procla'mar aos Povos, esta se naõ os Ministros. Naõ me assombra que
medida heroi ca' e de uma vez se conve- o ignorante Intendente naõ conheça esta
cerem de que ternos um Governo Consti- dislincçaõ, ha muita mais gente que tira
cional, e que a reciproca confiança, qu e o carro com elle, he igualmente ignorante.
se vai estabelecer, e 11rmar entre os dois Qu e está muito long·e de ser constitu-
Supremos Corpos d a Naçaõ , formará o cional o Decreto, ja V. m., Sr. Tarnoyo , o
Grande Edificio da Felicidade Brasileira. demonstrou; e emquanto invasaõ descarada
" D eos Guarde a VV. mm. Rio 24 de de poderes naõ for miraculosamente ergui-
Julho de I 823. - Estevaõ Ribeiro de Re- da á cathegoria de constitucionalidade , fi-
sende. - Srs. Juiz de Fora da Cidade da cará o bom Decreto na classe de arbitra-
Bahia J Vereadores , e Procurador d a Ca- rio , e testem unhará taõ somente aos vin-
mara. ,, douros o quanto era constitucional o bom
~
( llO)

Ministro Montenegro , de marmorea e liz~ inimigo? Em verdade quem esboçou este~


testa, e em cuja cavidade parece q~e s~ nao bellos conceitos da Proclamaçaõ, tem in...
aninba.m ideas, senaõ as de constituc1ona- negavel direito de morada na casa doS
lidade desta estofa. orates, ou na hyperborea regiaõ dos absnr
Ora a Proclamaçaõ ~ quem disputará dos ; se he que o naõ foz de cas<>
que he constitucional? Sabe a refi.nado_ chum· pensado, para desbotar a Magestade , a.
hismo: por isso mesmo, Desnac1onahza os quem os imputa.
Brasileiros·, e os confunde com os estran- . As Portarias que restituirao a seu:J
geiros , e até com os inimigos : por isso lares os que delles estavam ausentes, pa•
mesmo. O mal he que o Povo naõ come recem justas: em regra, ninguem deve ser
mais miolo de enxergaô ; ouça-se o pas· removido do lugar que escolheo para vi.-
quim que appareceo ~ e ver-se-ba que naõ venda, sem sentença; mas casos ha em,
encantoa aos Brasileiros esta amostra de que um Governo acisado suspende em par..
constitucionalidade que o Conselho de S. te direitos, que reconhece como santos. A
M. nos exhibio: questaõ he conhecer o quando he isto pre~
ciso, e estar certo da sua competencia: quan-
Tres seculos de cativeiro, do porem o mal está feito, nem sempre he
Dez mezes de Brasileiro, bom remediar de xofre o mal conhecido;
.!lgorà habitantes , ás vezes he o rernedio, quando importu ...
Fóra tunantes. namente applicado , peior que o mesmo
mnl. Eis o que succedeo, a o menos em S.
Os pasquins, sei eu , que saõ muitas· Paulo, com a volta dos removidos que,
vezes producçaõ de calumnia , e quasi apezar das intrigas ; jamais a Provincia re..
sempre da malignidade; mas servem muito putará por innocentes. Descontentaram-se
para conhecer-se as opiniões do tempo. os bons , e naõ se chamaram os máos ã.
Se constitucionatiaade se naõ <lecide por resipicencia; os partidos chocaram~se , e
palavras , mas por ohl·as, he de pasmar aquella Província, assento da paz e leal-
q_ue, ao mesmo tempo que se prometlia que dade , está hoje (graças ao Ministerio ac-
l'1viriam os habitantes do Brasil seguros no tual) convertida em foco de discordias e
seio das suas familias, nos braços das suas !nimisades, e flmeaça prox.imo rompimento..
esposas, e rodeados dos seus caros filhos; . Por fim, se as remoções a que remediaram
nesse mesmo tempo se arrancavam naõ os· as Portarias, eraõ inconstitucionaes, a quem
haóitantes, mas os cidadãos do Brasil, sem se haõ ellas de imputar, aos Ministros que
culpa alguma, no profundo silencio da noi- · se retiraraõ, e que naõ assignaraõ uma só
te; ou antes da madrúga(la , dentre suas: Portaria dessas, ou ao Ve11dor ou Camaris-
mulheres e filhos, como sucçedeo ao Te ... ta que as assinoQ, e deliberou? Naõ he
nente Egc.s .Muniz, a Fuaõ Porto Seguro &e.! calumnia e descaramento imputar as maJ ..
E isto he constitucionalidade ! O.' temporal feitorias de uns a outros que nellas tive.
O mores! O que me horrorisa he o a.finco ram parte? Eis o que chama coustitucianali-
com que Ministros- malvados trabalham por dade o Sr. Resende !
destruir o Poder Imperial no Brasil, acon· Continua o grande Intendente a des.-
selham-lhe, e fazem cobrir com o seu nome, compor homens com quem qwzera Deus
medidas violentas e arbitrarias, para o tor• que elle se assemelhasse; atlribue-lhes con..
nar odioso; e naã contentes com isto, con· selhos que fizeram duvidoso o destino dos Po:.
'\'._encidos que o poaer desprezado he po- vos do Brasa, conselhos que o Imperador
der aniquilado, procuram fazel-o rediculo, foi forçado a seguir por estar cercado de
prestando-lhe frioleiras e lerdices que de-· trevas; por outros termos os Ministros guia-
sacreditam a sua intelligencia. ~Ora quem · ram pela maõ ao cêr;o , e guiavam-no-
JJaõ rirá deste período da Proclamaçaõ : mal. Quem tivesse proJecto de enxovalha~
Embom. incmttos queiram denegrir a mi,nha c011s- a intelligencia de S. M. J., naõ fazia mais.
t,ituciona1idade? i Que apontoado de contra~ O que admira he que sendo as medidas Y
dicsões ! ~ Como se com·p adece o desapre- quaesquer que ella.s fossem, uteis .ou da.m·
catamento com o proposito de denigrir ? nosas, producto do Concelho dos Minis-
( Saõ os incautos os que querem denegrir, nistros, se attribuam so a <loi~ , e cessasse'
ou os que engolem as mentiras coro que o perigo com a mudança da minoridade,
se quer denegrir? Quetn de animo delibe- Cuido porem que o tal Intendente tem ra.1
~ooo quer desaere·d1tar-me, :reputarei por saõ; os que ficaram , e os que de novo
mcauto , ou antes por astuto e decidido entraraõ, saõ páos para toda a culher. haó
( 111 .)

de ser sempre constitucionact na frazc do do Brasil ? Parece que naõ, pois quan-
lntendente , na qual se r constii11cionaf he fa- to se lhes tem objectado, em imparcial re•
zer quanto qu izercm Aul icos corrompi <los , vista era confo1·me á opiniaõ mais geral ,
e inimi ~os mascarados do Brasil; embora e contribuio naõ pouco para conso ti<laçaõ
venha disso qu eb ra á honra, e damno á e prosperidade do Imperio. De-ma~s ~a
Patria. escolha feita de novos Ministros , e a con-
Em fün annunúa o Sr. Jnten<lenle com satis- servaçRõ dos velhos, dav a esperanças de
Jaçaõ á Camara da Bahia, para que mande pro• melho ras? Só prevenidos , ou velh acos , <>
clamar aos Povos, a heroica medida de S. M. l., diraõ. Utn Jesu ita vt>r~ipclle, de cuja ím·
em receber a demissaõ que lh e deram os p robidade, mesquinbez dC' ideas, e nul!i..
dois Min is trns do I mperio e Fasenda; e pa- d ade em admini~traçaõ financeira, ninguem
ra que com isto se conveçam de gue tem um d11vlda; em fim o <\uthor das pareadas, e um
Governo Constitucional, e que se vai cstahelcccr fugitirn agente d e cultos em Portugal no Go 0

e firmar rec1jJroca confiança entre os dois Su- vcrno Franrez, naõ agouravam um feli z
premos Corpos da Naçaü. Ora , Sr. R e<lactor, porvir ao Brasrl, e pouco proprios erara
' eu conhecia por tolo o tal l ntendcnte; para npagar as sauJades gue deixavam
mas naõ cuiJei que chegava a tanto a sua cid adãos 1ntegros , i!lu;;lrados, energicos ,
asneira. 2 Que entenderá esse pateta po r cuja vontade era tao f orte como o destt'tw, e
heroicidade? Se he o esforco contra a::s a concepçaô taô vasta como o Mundo.
paixões em fav or da virtud~; onde está · Qu8 <li remos dos velhos Ministros? i Um.
esforço em receber uma demissaõ que naõ 51-tontenegro, corpo sem atma, incapacidade
se podia recusar? 2 Qual a paixaõ a que pcrsórritkada, a quem deveo Perr.úmbuw e :;
se resistia? 2 Qual a virtude a que se de- male-s que sofreo, e para quem basta olhar-s~
cidio quem acceitou a dernissaõ? Mas olá, a tlentamente para ver-se G1te, debaixo da in 4

talvez o Intendente lesse Hieroclcs nos Com- vernizada frente, e chocho rosto, salpicado d~
mentarios aos versos pythicos, ou a S. Je- sorriso apatetado, demora a regiaó do va•
ronimo no Dialogo cont ra Lucifer; e tomando, cuo, onde em moles coxins se espreguiça
como elles , heroe por Santo, chamasse ~ Deosa taô b ern descripta no Lutrin ! j Um
medida heroica por medida santa. Porém isto Vieira sorrateiro, Ct\jos miolos destilados.
he supposiçaõ temeraria, e injuriosa ao apenas produziriam lambuges de esperteza
Sr. lntendente: i um tal homem abaixnr-sc de tato de gaveta, e fiapos de traiçaó
a ler livros Gregos e Latinos! Naõ he deslavada! i Estes dous lransfugas de Por..
crive! : dado po~·é1~1 que less? os taes es- tugal, estes traidores á Causa do Brasil,
critores, e adm1tt1sse o sentido por elles ajudados pelo patarata da Marinha, nova
adaptado , i onde está a sailti'dade do medi- c ataracta de Paulo Affonso 1 que nos en•
da , que , se cremos a experiencia, ha surdece com a repetiçaõ <le pn.rvoices , e
<le ser a nodoa de quem a aconselhou? meros sons, ainda conluiados com as velha·
O que nnõ concebo he como aceitar a carias de um, e com cmbofia <le olltro dos. no..
<lemi,s saõ de Ministros gcja taõ constitucio- vos Ministros , seraõ capazes de dar á náo
nal por cxcel len t ia, q 11e se a llegue em do Estado a derrota que lh e m1õ poderam da~
prova da constitucionali<latle de S .. ~· I., as possantes mãos <los .llndrndas? Naõ d e
a naõ ser o exemplo dado por M1mstros certo, e os successos o te111 mostrado. O
que preferem a obscuridade a terem par· Governo 1 depois <la retiraJa dos Ministros
te n'um sy stema ruinoso ao Brasil 2 Aban- demittidos, tenl--se de lodo despopub.risaclo,
donarem porém servos da Coroa a amo que e o peior be que o conta?;io km-5e esten4
lhes naõ quadra, naõ he, no meu fraco enten- dido até ao Chefe do Poder Supremo; os
der, mais co11st itucional, <lo que aquillo que descontentes reluctaram-se com os indijferentes ;'
or<linariamentc se faz ;i Vejamos porem se e tendo passado o <lescontentame11to a
a medida foi propria para estabelecer e hostilidaJc, naõ a<lmirará que cedo ou iar•
firmar a harmonia entre o~ dois grandeg <le tie desenvolva em consp1raçaõ. Eis como
Poderes Nacionaes. Renunciar francamente se vcrificaraô as predic<;õcs do Sr. lulen-
o theor de conducta opposta aos desejos, dente: nuncrt houve menos harmonia entre
interesses, e opiniões <la parle illustrada os <lois gran<le:> Poderes Nacionaes, nunca
(h Na~aõ Braslt!Jira, seria se m <luvida act.o a Naçaõ detestou mais o Governo . 2 E co-
<le pru.dencia da parte de S. M. I. , e lhe mo deixaria de assim acontecer? Quanto
ganharia esta jus tiça os corações dos seus rodea o Throno he corrompido, ou corrup-
subditos; <'.mas era o systema do:i dois tor , ou uma e outra coisa juntamente. Sir-
Ministro::i qualiÍlca<lo por opposto á opiniai:i va de exemplo es~e bom Intendente, trai·
"" u..
( 112 )

· êlor a Portut::al em favor dos Francezes, ten- e por elbs vemos que , em consequ e n~i­
oo com dil~ê uldacle escapado da justa vin- de ordem da Secret<uia. d'Estado dos Ne-
,gança do povo <le Palmei/a , achou abrig.o gocios do lmp erio, ia-se proc eder naquella
na se nti na dos crimes, no Go\·e rno do Rw Cidade ú nom eaçaõ <le um Deputado á
de J aneiro . e encontro u um amigo no exe- nossa Assemb li!a Geral, p::tra o que esta·
crando Paulo Fernandes, que, lombrigando vam ja nom eadas as pessoas que deviam
nelle um homem segundo o seu coraçaõ, presidir ás eleições Paroquiaes. Por ou tra
cobrio com o seu palrocinio virtudes ana- parle o zelo d_os nobres Bahianos naõ d .es~
loaas · e naõ coni.ente com int roduzi l-o no cança nos me10s de defeza do Jmp e no:
se~viç'o, chamou-o, assim que pôde, para proinove-se ali com actividade a subscrip-
o seu fado, com o di~no apoio de seu_s ar- caõ mensal de 800 réis para augmento <la
bitrarios procedimentos. Durou o r emad o Marinha. Se esta contribuiçaó corres ponder
da inju sti ça até que cm 2G de Fevereiro (como naõ duvid a mos) ás nossas espern.n·
oe 1821 l:ançon o Povo de si esse cancro; ças, teremos brevemente a s ati~façaõ <le
mas. corno n ~tõ o corto u de todo , tornou ver uma respeitavcl marinha protegendo a
a ap parc ce r com visos de Brasilcirzsmo no seguransa do nosso dilatado lmpei:io.
cornero da nossa luta com Portugal, mas
bem ~edo vollou ao vomito antigo; e des- Extracto de uma caria inseria em o Ináe-
prezado , se naõ punido com merecia , prndente de 3 de Setembro.
intrigou , e manobrou de tal arte , que
supplantou ao digno Intendente Joaõ lgna- O nosso e stado hodierno naõ pe-
. cio da Cunha : entaõ tivemos em vez de um de, se naõ L eis r egulamentares dos Esta-
: M ag istrado intelligente, e circunspecto, um belecimenlos Publicos, e de todos os Ra-
'j>allwço ignorante, e trnidor. Diga-o o offi- mos de industria precisos para segura nça
cio qtu: annly sci; diga-o a carta dirigida ao e manutençaõ das forças deste grande Im-
Éedi c ioso Barata, na qual lhe agradece o perio Bras iliense. Esta sciencia em Politi-
mal que tem feito ao Brasil espa lh ando a ca, promovida por Genios respeitaveis, fez
ana rqui a, e torna suspeito ao Governador a França, quando acabava de surgir da:;;
d;ts Arm:t.s, que S. :M . J. d es pachara para estragadoras guerras civis, tornar al3 redeas
aque!Ja Provincia: e tudo isto foz em nome da sua permanencia, pelos trabalhos inC'an-
de S. M. I. Se naõ he traiçaõ louvar a se- saveis do se u Colly, e do engenhoso Col-
àiçnó, desacreditar injustamente as A uthori- bert ,. que na abbreviatura ·dos tempos fi-
cla<les, e l 'romove r a insubordinaçaõ; se naõ he zeram enriquecer os seus cofres. Nós por
1raiçao 111enoscabar a. Pessoa de S. M. l. trans- fortuna tivemos a mesma ventura. no nas-
rniltindo orde11$ mentirosas, que O c1eshon- cente exern plo na Corte do Rio de J anei-
r am; entaõ naõ sei o que seja tr:-iiç a õ: e ro, que, Geando arrninado o seu Erario,
todavia na õ hc castigado um tal Mi11istro , e mais Es tabelecimentos, depois <la. retira·
pelo contrario cumula. em si cargos repre- da do Sr. D. J oaõ V J. Rei de Portugal ,
senb:itivos, e funcções judiciarias e admi- pelos di svclos de dois hnbeis Ministros de
ni strati vas . ~Que ha que esperar de tal Estado naõ só verificou-se o desempenho ,
desordem? Nada: encommen dnr-n os a Dcos como subio o ramo de finanças, a ben efi-
fjUC só póclc salvar o Brasil na horrível crise cio do Imperio , a um accrescentamento
em que estamos . p:tsmoso; de maneira que em outro tempo
Pcrclo e, Sr. Redador, a longura. chs se ndo-lhe pezado as despezas do fabrico
cbserva5·ões, e queira por bem da Palria de urna Frag;ata , pôde agora deitar uma
desculpar o azedume d e certas verdades: resp e itavel Esquadra <JO mar, para vir blo·
c_u estou costurnaclo a chamar as coisas pelo guear esta . nossa malfadada Cidade, quan·
se u nome : J'appelle un chat un chat, ct Rolet do occupada pelos Barbares da Lusitania; e
'ltn fripon. - Sou Seu venerador. - /izorragne. fazer grandes expedições de tropa e ::u-ma·
o
m12nto, para triunfar nosso vali:roso Exerci.
NOTICIAS NACIONAES. to Pacificador, das Bandeiras Portuguezas ...
Recebemos algumas folhas da Bahia, eonlinuar-se-lia.

RIO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL. 1823.


N. 27

QUINTA FEIRA 2'3 DE OUTUBRO_ DE 1823

Tu vais de ces t!rans la f urcur despotique ;


l ts peniíent que pour eux ü: Cid jit l' A111erique.
V oLT. ALz rnE.

O p romettido é di vic1o. Prome lti no


me u n.º 20, quando pub li que i a carta que
nos c ivil: ora nisto é que V. m. se enga.
na. Pode uma popu laçaõ ser sujeita volu11·
me dirigio Phileulctxias, fazer sobre e lla ob- tari;:uncnte ás mesmas Leis , e naõ ser uni-
servações, repel lindo quan to se ne ll a me da. Alem da su bmissaõ :ís mesmas Lei s ,
possa objec tar, se sem razaõ o foz: é c he- saõ prec isos outros elementos , iden ti<lade
gado o tempo de cumprir a palavra. <l e sc11timentos , Je opiniões sobre o Go-
Lo uvo em Phileuta.r:ias a cond escenden- n~ rno, e dti! interesses. Nem mesmo sub-
cia , com que aclop lou a correcçaõ que rnissaõ vo luntaria pode tresladar-se por
lhe p ropuz; descu lpo o querer esc usar-se; submissaõ, producto de amor; pode mui
é natural aos homens, e eu os recebo taes bem corresponder i submissaõ producto J c
qua~s saõ, e naõ os es pero de encommen- calculo; e com esta pouca dura um Esta-
da de fabrica nova. As razões porem em do: sem amor tlos sub<litos naõ se conser-
que se estriba, parece-me naõ quadrarem vnõ Governos. Se pois a sua propoziçaó
ao fim , que tem. Pouco importa que as é em th ese pouco exacta, muito mais o é,
palavras caiaõ, e se renovem , como as fo- q uan<lo acompanhada da mod ificaçaõ , que
lhas, na fraze do Venusino; sempre relen l lie puz; isto é a actual fermentaçaõ em
que tanto as caldas, como as r enovatlas , que eu fa llei como condicional , e que V. m.
sejaõ sujeitas ás regras d ê a na logia, e thi- dei xou no tinteiro, por lhe naõ convir es-
mo logia, e prosodia, na sua compoziçaõ; e pecillcar. Fica pois certo que a cr ença, ou
por is:3o jamais fugirá. da censura <le bar- antes esper~rnça de uniaõ entre Portuguaes
barismo a construcça õ de palavras tiradas de e B rasileiros, ao menos na presente fermen-
origens dispa ratadas. R econh eço que a fa lta taçaõ, louvavel corno é, naõ honra o jui-
é pequena; que o errar é de nós todos; zo de quem a a l berga; pode sim, como
e por isso me naõ adm iro que , no cita r o sonho da paz perpetua do uom Abba<lc
um texto, alterasse eu a orde m d e ce rtas de S . Pierre, p rovar a sua humanidade ,
palavras : ci to d e memo ria, e naõ me can- mas nunca a força da sua concepçaõ e pe-
so a correr de novo o texto, que escol ho, ne traçaõ. Os exemplos que apontou, naõ
p a ra lhe verificar a exaeta poziçaõ dos servem para a questaõ moral de que ~e
termos : mas naõ admi ttem parallelo as t ra ta; a combinaçaõ de certos simples r1a-
faltas; uma vem de simples defeito de mne-- da tem de, encontro, para seu conscgui-
monica , a outra de <lel iberado erro d e es- mento , se naõ a fraquesa humana, mas
thetica. nunca impossibi lidade; e como a multipli-
Eu nunca critiquei o desejo d a uniao cidade de tentativas vence ás vezes a re-
entre a povoaçaõ heterogenea do Brasil; pugnanc-ia <la natureza , naõ é desYari o o
propuz taõ somente as razões de de..sespe- tentai-o. Quanto á quadratura e exactidaõ
rar do seu bom resultado, e nada se op- <le longit udes no mar, que mais desespe-
p oem em contradicçaõ. Diz V. m., e pa- radas :;e antolhaõ , igual é a minha deci-
rc ce crel-o, que a submis.saõ voluntaria saõ; naõ é impossível a solu~aõ do prti bl e-
d os povos ás mesmas Le1s constitue uniaõ, ma, e · tanto basta para authorisar a tenta-
senaõ com precisaõ mathematica, ao me- ~ tiva; naõ ha a m~sma rasaõ na sua p ei~

( 11 4. )

tençaõ; ella parece-me quasi impossível no agente primeiro; mas cle uma cadêa de
e:stado em que nos achamos; mas nem por agentes sccundarios , e estes eraõ tod os ,
isso censurei o experimento , antes dei-lhe ou quasi todos, de escolho. da mesma Co-
o nome de louvavel. O que qualifiquei de lonia. Os Estatutos do P::i.rlamento eraõ o-
quimera de theoristas insensatos, foi o se:1 brigatorios para as Colonias ; mas na pra..
projecto, se cria de boa fé na s~rn prati- tica quasi nada legislavaõ as Camaras
cabilidade. Eu cuido que para o íuturo se Inglezas para as Colonias; porque as As·
poderáõ amalgamar a~ <luas raças de ori- sembleas Coloniaes a tu<lo olhavaõ e pro-
gem Portugueza, e cre10 mesmo qoe agora viaõ. A administraçaõ de justiça era tam..
se podem conservar netürns ; mas uaõ com bem toda Provincial, embora viesse da Eu-
as suas p retenções de igualdade, que nem ropa mn ou outro . Justice; o j uizo d o Paiz,
o tempo, nem a differença <le forças dos o juízo por Jurados, remediava a 1.udo , e os
<lous partidos, nem o estado dos espíritos. Jurados eraõ .!l.mericanos. Por fim Phileuta:r:ias
permitlern estabelecer por em quanto. desconhece o que saõ Leis JJfunicipaes ou
Phileulaxia1 naõ sabe o que escreve, quan• posturas, quando dá este nome ás Leis Co ..
do quer descobrir enganos terminantes no Loniaes : posturas saõ circunscriptas ao .Jl1:1·
Twnoyo. O facto que apontou o Tamo!Iº, é .nicipio ou Villa, e naõ abrangem Provwcws
circuuscri pto ao Brasil, e naõ á situações ou Estados; e o que dccretavaõ as duas
officiaes em Portugal, com que cuidou Phi- Casas de uma Assembléa Colonial , eraõ
leutaxias convencer o Tamoyo de engano. regras para toda uma Colonia , e regras
l.Qual foi o B rasileiro , que occu passe altos va1iosas , se naü eraõ revogadas pelo Par 4

J!,'mpregos no Brasil? E' d:i. m<'sma estofa lamento Brit(/fflfl1ico ; posturas limitaõ-se á.
o argumento, com que pretende atacar a certos capítulos taõ somente , e as Leis
~sserçaõ do T amoyo, que os L iisitanos olha- Coloniaes corriaõ o circulo de todos os
vaõ aos Brasileiros como Elotes. 2 Que vem negocios internos. O que eu na0 sei , e o
.ao caso, que o bello sexo , e mesmo al- que ningucm, senaõ Ph.ileufaJ:ias, sabe , é
gum homem illustrado , naõ participasse que os Estados Unidos se sepamssem da
dessa miscria ? A q uestaõ é com o Go- lngW.terra por falta <le assento no Parla..
verno, e com a massa do Povo , naõ com rnento Bri.tannico. Nunca os .!l.mericanos pre•
<!Slc ou com aquelle individuo. Demais tra .. tenderaõ essa phantasmago ria politic!l , o
ia-se do modo com q ne eraõ tratados os que os separou foi a pertençaõ da lngla..
Brasileiros em geral , e naõ um ou outro, terra de os impor; direito que clles naó
Mesmo o acanhado numero de Brasileiros , queriaõ reconhecer no Parlamento, naõ só
de que se recorda , prova a assersaõ do porque m.1nca antes tinha sido directamen·
Tamo!JO, e desmente a Plvileuta:r:ias. ~Que te avançado, como porque, para ser exe-
·Eaõ quatro comparados com a immensidade cutado, precisava de cooperaçaõ de repre..
de empregos da administrnçaõ Portw--ueza? sentantes .!l.mericanos no Parlamento Britan ...
Fica. sempre em pe' o que avancou oo ~ .ia- nico: a falta de reprcsentaçaõ naõ foi pois
1rwyo; muito mais advertindo-se "'que nem o motivo da separaçaõ, mas sim a pre~
um só Brasileiro montárn. até hoje a dirigir tençaõ de tributar sem ella.
ps Negocios Portugueze$, ou fóra ou dentro Ignoro se há por cá centenares de
iio Reino. Lees e Gates; o que naõ ignoro é que nes-
O que affirma em triunfo Phileutaxias te paragrafo ha muita falta de logica. O
ilos Estados Unidos, prova que nem enten- que eu disse foi que os Americanos , ape·
deu o Tamoyo , nem estudou bem a histo- ~ar da vantagem da sua situaçaõ politíca,
ria <laquelles E stados; e até dá visos, que tinhaõ sido economicos em empregar lnglezes;
J1aÕ sabe o que saõ Leis Jl:lúnicipaes , id est e quanto Phileutaxias amontoa, nada fere
p_osluras, em li ngu.agem ~e Jurisconsulto. O a minha assersaõ. ~ Que importa que en 4

Tanw,yo o que d1~se foi que a inglaterra, tre os L11sitanos do Brasil haja , ou naó
naõ abarca~·a o Governo e Legislaçaõ nas muitos Gates? 2 Que importa que .!l.merica•
emas Colomas; mas abarcar só quer dizer nos degenerados, que t>lle chama leaes,
~branger exclusivamente , e isto é o que e que eu donomino traidores, ainda hoje
a Inglaterra naõ fazia. No começo dos Es- sejaõ pagos pela Inglaterra, e que i.lm Deaó
}lclecimentos a Carta da Colonia era obra da BaMa, ente desprcsivel por todos os
(]o Rei; e as nomeações dos Governadores, lados porque se olhe, ainda .-enha a rr.e~
~klle ou dos Donatarios das <litas Colonias; recer lugar na li&ta das pensões, com que
e assim foraõ sempre : mas o Governo de Portugal attenda aos traidores Brasilei·ros ?
um Estabelecimento naõ consta ~ó de um ~ Isto prova que se devaõ empregar PorA
( 115 )

tuguezes ~em parcimonia ? Cuido que naõ; lhe· dei. _Attribue V. m. a perseguiç,aõ fra-
mas naõ me enfado. O que me custa atu- terna, feita pelas outr'ora Colonias H es-
rar é o mascarado desejo de decotar as panhollas, á mescla com eslransgeiros Euro-
honrosas palmas <le S. Paulo, e attribuil-as peos; e affirma que por isso se distingu io
aos Lusitan os. Se da maõ de Phileutaxias Bucnos-Jlyres, e Colimibia, oo<le era facil a
nos viesse a historia gloriosa da nossa in- entrada <lesses E strangeiros, ao avesso do
rlependencia, certo a imparcialidade a naõ Perú, e Mexiw. Dislo parece inferir-se que
ornari a ; remetto-o pois ao nosso n.º 5, 0 naõ houve no Pcrú, nem no Mexico , riva-
em que vem a conversa do Doutor da Ro- lidade e perseguiça õ. Ora isto é folso)
ça com o Velho do Rocio; lea- a, e verá sem como se pode convenc e r pela liça õ das
replica demonstrado que o primeiro arrc>meco revoluções d 'aquelles P aizes, nos quacs se
para a lilie r<lade veio· de S. Paulo, q~e dese nvolveu a mesma ri va lid ade, e anti-
as instrucç:ões <lad as aos Deputados d'a- pathia contra os Hespanhúes. E assim de,,:i a
quella Provincia foraõ as que geraraõ o ser; as causas eraô as mesmas, os effPitofY
susu1To lcva 11tauo !lesta Corte; isto confes- de viaõ ser tarnb em os mesmos: estas cau-
sado até por quem podia interessar em sas craõ o ressentimento das injurias , e
negai-o: verá mais, qLie era imp ossivel consciencia da inju stiça de inhabiliclades
que, ao menos em sua explosaõ , fossem de facto , que a razaõ reprova; a Í!lveja
-0s gritos <le S. Paulo, anteriores em epoca das vantagens concedidas aos Chapetones,
aos do Rio. crealuras destes. Vamos adiante. a parcialidade do Governo, e o bem en-
Todo o hom em tem Patria, <liz V. m. tendido desejo de governar-se cada um a
logo os Lusitanos, que abraçaraõ a Causa si como o entender , e naõ ser regido
do Brasil, a tem ; e esta f o Brasil. Nes- por arbitrio <le E strangeiros. O que naõ
te raciocinio tudo é falso pouco mais ou compreendo, é como os esforços dos Peru-
menos. Todo o homem deve ter Palria 1 é viarnos para restabelecer o trono dos Incas,
verdade; mas to<lo o homem a tem , é desde a conquista de Pizzarro até o ulti-
falso. O desnaturalisado por crimes naõ mo desforço de T upa-.!l.rnurú, ou Gabriel
tem Patria, ao menos em qnanto se naõ Co1ulorcanqui, provem a falta de rivalidade
aggrega a uma nova, que o acceite. Nes- contra os He.~panhões.
t e e s ta do podia estar o Lusitano, que Concorda V. m. que a rivalid ade Luso-
abraçasse a causa do Btasil; a antiga o Biasilica é natural , 2 e como espera des-
renegava , e a nova podia na õ acceital-o. truil-a? Eu qu e a julgo filha do tempo ,
E' certo que era is to injustiça, e que os e naõ innata, naó e spero que se aniquile
Brasileiros naô saõ injustos ; mas eu fallo antes que desapareçaõ as causas, que a
só do rigor Jas prem~ss::i.s. A final <le que motivaõ; e por isso aconselho que .se ar~
os Lusitan os devaõ ter Pat1•ia, naõ se se- redem os incidentes que a despertaõ, e
gu e rigorosamente que eela fosse o Btasil; que deix e mos á lenta maõ do tempo o
-qu é o deva ser, concedo. Agora o que é alisar desconfianças, e <lesfazer as causas,
avançar sem prova 1 é dár como certo que que impedem por ora a natural operaçaõ
um C1dadaõ aggregaJo á nova Patria de- <lo.s viuculos de sangue e de commum
va gozar de tu<lo de que gozaõ os indí- ongem.
genas: isto é o que nenhum político admit- Em pensar tu<lo tolero, porque tam-
te; e com razaõ, porque amor <la Patria , bem preciso que me tolerem; veniam damus
e conhecimentos locaes , que habilitem á 9uc petimusque vicissim. Póde pois PhilLtlfa..,
certas funcções de governo, naõ crescem xias gabar o systema de Coroas de Nações
como os pepinos. N cm mesmo os indige- diversas reunidas n' umn. só cabeça. O que
nas de um Paiz , apezar de supportarem naõ é permittido, é naó <lar razaõ do que
t ollos os encargos sociaes, participaõ de se avança, nem os vi.,.·as de fabricantes e
todos os bcn.s; llaÕ é pois s uperflua a dis- mercadores equivalem em pezo ás v:-i.ins
tincçaõ entre direitos civis, e direitos dos políticos practicos. A uniaõ de governo
politicos. · de Nações independentes a nenhuma é van-
Louvo a cscapatoria com que pren- t ajosa; guerras desnecessarias, e perigo
tendeu sanar a sua antiphilosophica dou· de reciproca escravidaõ, saõ males salien-
trina <la mescla das raças. Salvou-lhe o tes e commus á ambas; ascendente de
odioso com a explica .. aõ, que dá; mas corrupçaõ sobJc a mais fraca accresceria
n aõ o absurdo. E o peior é que até o odio- aos males já mencionados: eis o que es-
so de todo se naõ esvaece, pois a 5Ua peraria a Portugal; a morada do Soberano
de.Lesa, como falsa. ratifica o $entido, que no Brasil o . entregaria a wu conselho cor-
~ ii
( 116 )

ruptor ~ e á uma Assembl~a corro~npida. reswnar


n a soffre r as loucas bte gadas de
Saõ d e tal monta estes incon veni entes, cocheiro inhubi! ou máo, já que naõ que.
q ue a Escocia ganhou ainda na pe r<la da r emos, ou poile mos desempenhar-lhe as
indepenàen cia, qu e naõ pode raõ co nservar fu ncc ões ; e i:,;to é aniiconstitucional; adeos
-0s patriotices esforços dos Bdhavens e Flet- d iretto <le cens ura do Go verno e seus ageri-
chers. Ouçamos o impar cial e sis ud o Laing i es , inhere nte a tod o o Cidadaõ; ad e os
n a su a I-!Lstoria da Escocia L ivro 12. Tesponsabilidade ; ade os libe rd ade de opi-
Two nations under dijferent legislatures , ni ões. Po~so mui b em naõ q uere r ser co·
w hcn wü'ted merely by a common allehiance to c h eiro , por na õ me crêr os pre cisos ta lentos
the sarne sove.reig ;;.,, are he!d together b!/. the para g uia r o coche , ou p or qu e a manei·
most slender tLes. 1 he connexwn rnay be dzssol- ra por q ue e ntendo qu e cll e d eve rolar ·,
ved by either , on the sudden resentment of a naõ quad ra com os desejos do dono do
capricious legislalllre , unless the onc has acquired coche ; e com tudo naõ renunciar a o <li-
a conipulsive, or corrupt ascendency over the r cito de a pontar á Naçaõ os erros que
connsels of lhe other , to insure its umfonn commctte o c heiro, a irregulariJade d a.
concurrence in public ajfàirs. The Scottish par- marcha <lo coche , e o fim desastros o da.
Hmnent , therefore , whencve.r it asserted i'st own viagem, ou por outra o abismo quasi cer-
independency , mus have cither bem secured by to a qu~ nos conduzem cocheiros incap::-..-
timmense bribes , annihilated by an un ion, or zes • ou antes scellerados.
reduced by force The first e:cpedient is alivays · Saõ tambem de tendcncin. perigosa <l<;
precarious 1 and 1i11USt have sometimes f ailed. ln ma:ximas que se seguem - sem. Kovemo na()
the event ~( a disputed succession , which · ap- ha JYaçaú , sem. obediencia nao há Governo. As
peared inevitable , nothing less than an tmion propo;ições SGÕ veruadciras ; mas inferir
coulJ have preserved the nation from bccomilw dri.qui , com o parece quer Philwtaúas, que
either an easy congucst , or a jield of fuiu?e a obe<liencia cm todo o caso é dever , é
contention and bloocl:1hed betwecn England and dictame de oppressores; e querer concluir
France ; and lhe loss of a corrupl mul f actious de algum modo que a oppo.ziçaõ no go-
prnltanient , ne:ct to that of its exclusive govcm- l'erno em todo u caso é proibida, é dogma
ment, was the greatest blessing whi'ch Scatlcnd proprio para Constantinopla . O Tam.oyo tem
could obtain. di\'crsos principros, nada general isa; reco-
~Para que é lembrar a administraçaõ nhece que naõ pode haver governo sem
Cl.o finado Reino Unido? Alguem, que naõ obedien cia ; mas tambem reconhece que a
fosse o Tamoyo, por ventura atl ribuiria a obedicncia deve ser racional , e que um
saudade do systema velho, e <lesejo de Governo opposto aos interesses Nacionaes,
Testabelecimento da uniaõ, o artificio com aos desejos de too os, e á opinia·õ publica;
que se appresentaõ unidos Estados hoje naõ é Governo, mas usurpaçaõ, mas o po·
separados' e que nao podem mais deixar p ressaõ; e que a opposiçaõ á oppressaõ
de o ser-? O Tamoyo crê pelo contrario é legal: E' verdade que a prudencia <lei·e
que foi só para encher peúe>dos que se d i rigir a opposiçaõ , e mesmo circunscre~
encaixou a trouxe e mouxe o tal Reino vel-a aos casos desesperados, !;;Ofrendo coni
Unido de aloriosa memoria. paciencia tudo o que é tolera,•el, embora
Por fim obsérva o Tamoyo a ruim seja damnoso á Na.çaõ, com tanto que o
tendencia. de certas proposições de Phileu- rrial naõ seja de morte. Para haver gover..
ta.?:ias, se é que <lizcm o que o Tamoyo no é preciso obedicncia; mas para haver
crê. Se nau devemos viajar, porque o cocheiro obediencia é mister justiça e sabedoria no
dá . ás ~zes fustigadas extemporm·ias , ( cuido Governo : e para que isto exista é bom
qwz dizer extemporancas) pondo os bucepha.:. desmascarar os erros e os c rimes dos que
los em desinquietaça'õ intempestiva , entaü entre- governaõ . Se se enganaõ de boa fé , em·
mos no • coche. Se isto c:1uer dizer alo·uma b
men daõ-se ; se ·de proposito fazem o mal;
cousa ~ que tomemos as redeas <lo Gover- assustnõ-sc com a resist e ncia , que a cen·
no , quando os que as tem naõ as sabem sura faz acordar do letargo.
reger.. Ora isto é se<licioso, seja cocheiro '.J'enho f~ndas as obse rvações, que p ro·
qu e r o dono do coche , ou o . seu metti, e cu1<lo que naõ passei os limites
<lelegado. Mas talvez que ira com . isto dar d u modernçaõ .
Phileutaxias i entender que nos de \•cmos

RIO DE JANEIRO . NA IM~RENSA NACIONAL. 1823.


SABBADO 25 DE OUTUBRO DE 1823.

Tu vais de ces l·irans la fur eur despotig ue ;


lls pensent qu e pour eux lc Ciel jít l' Amerique.
VOLT. ALZIRE.

RESENHA ANALYTICA DOS PEIUODICOS DA . tamos b em longe de sim ilhante idea : p~­
CORTE' DA SEMANA PASSADA. r em, naõ se fazendo taes nomeações , ev1-
tar-se-hiam ioterpetrações sinistras, des-
This hard to say, if greater want o.f skill co nlianças perigosas, que podem ter máo
.fippear in writing ur in j11dgi11g iU; r esultado nas Provincias, e que a.gora,
But of lhe two. less dangerous is th' oJíence mais que nunca, importa naõ despertar.
To tire our patiencc , than. misfead our sense , Quanto ás merces de Habitos de Chris-
Pope. Essay on C riticism. to e ae Aviz, muito mal nos parece que
se façam, e peior ainda que haja, quem
A inda que as nossas R esenhas sejam as solicite e aceite. Esta nossa Indepen-
p articularmente destinadas a combater opi- dencia vai-se to rnand o por Lasla ntes lados
n iões elos escriptores, publicad as em Pe- um entremez digno d e riso. · Pois quand.o
riodicos da Corte, e responder ás Recu- S. M. l . , annunciando fielmente os sentt-
sações feitas contra o Tamayo; hoje nos mentos dos Brasileiros, se expressa em Seu
vemos obrigados a dizer lambem alguma Augusto Nome , e em nome d esses Brasileiros
coisa sobre os numerosos despachos que por estas energicas palavras de-De Portugal
se lem nos Diarios do G ve.rno da semana na.da, nada qu€rem.os - ha homens taõ
passada, visto que a affluencia de origi- contradictorios que aceitem Habitas desses
n aes para o nosso Periodico naõ tem per- mesmo Portugal, e Ministerio taõ desnacio-
rnittido, nem pennittirá taô cedo; tratar- nalisado que os conceda! ~ Onde está o
mos separadamente daqu elle importante caracter Nacional, de que tanto se prezam
objecto, como desejáramos. com justiça os melhores Povos ?
Duas saõ as coisas que mais nos sur- Dir-se-ha que S. M. I. concede aque-
prederam na leitura àaquellas compridas las gracas em virtude dos poderes que S.
relações de despachos: primeira, vermos M. F. lhe delegou. Misoravel evasia ! Esses
n ellas tantos Ofliciaes Militares com em- poderes caducaram de todo ; luuo tem mu-
pregos na Casa Imperial! segunda, que dado de face: uma vez que o Brasil se
ai nda se confet"e no Brasil, Naçaõ Indepen- declarou independente~ e subio á cathego~
dente , lmperio separado· , a Mercê de ria de lmperio, naõ só Portugal considera
Habitos de uma Naçaô estranha , com a cassados taes poderes; porem o mesmo
qual só hoje temos de commúm a lingoa- Brasil por aguelle aclo cs repellio , como
gem , e nada mais. Em verdade, naõ po- indecorosos . á sua dignidade.
demos penetrar os rnolivos porque o Mi- Por ultimo: nos tomaramos que de
nisterio , ao mesmo tempo que na Assem- uma vez se desterrasse esta pratica de
bléa Geral se tt'ata ae naõ occuparem os promoções extraordinarias, tinha amaldi-
Officiaes da Casa Imperial Empregos da çoada que herdamos do antigo systema do
confia nça Nacional , aconselha a S. M. pam Senhor D. J oaó \i I. ; e que se dê ao Cor-
nomear officiaes da Sua Ca-sa tantos Mili- po Militar uma organisaçaõ permante que
tares, e entre estes Commandantes de Cor- ligue, quanto for possivel, o interesse dos
pos. Nós naõ qneremos insinuar com isto indil-·iduos ao bom serviço da Patria, e
que aquelles Empregos os deshonrem; es- extermine por uma vez as queixas , a que
( 118 )

sempre deram molivo s~1lhantes promo- cer a proclamar planos do estabelec iment
ções, que traz com sigo o azedume de um Imperio, que elle la tem gizado na
do descontentamento e da rivalidade, pois sua ima§inaçaõ.
naõ he possivel consid~rar que os ~ossos O N. 62 contem um artigo communi-
0

bravos Officiaes ora vrndos da Bahia co- cado em que se perlende mostrar de-
bertos de gloria , se vejaõ excluídos de senvolvendo a materia tratada em carta
taõ faustosas lista s , sem chocar o seu amor de um dos N .º' do Diario do Governo , quaes
proprio, a s ua lealdade, e a sua honr a. leis da Inglaterra merecem ser adaptadas
Muito nos angustia a leitura da cor- no Brasil, e quaes regeitadas.
re spo ndencia do N. 0 87 do Diario, ent re Sem entrarmos no conhecimento da
os Srs: Monlezuma , e Costa Barros. Em lu- monst ruo si d ade, que o decurso dos annos,
o·ar de desafios de armas, qu e só honram e altera9aõ d as coisas tem produzido na
~quelles qu e as professam, quizeramos Representaçaõ Nacional de l.n.glaterm; sem
antes que os dois l11ustres D e putados se nos importa rmos com decidir se essa base
gladiassem com a penna, di scut indo rna- he, ou naõ , melhor do que a adoptada
~istralmente algum objeclo importante de por nós; fazemos algum reparo sobre estas
f-'olitica. Estes sim saõ os desafios do s ho- proposições· - .11 Soberania hc attributo essen-
mens de letras em materi as da sua profissaõ. cial de todos os que entrwn no Pacto Social. -
Naõ terminaremos o nosso discurso Mais chegados á JYatureza respeitamos as suas
sobre o Diario do Governo , sem agradecer- leis iguaes para todos. Desta segunda propo-
mos ao seu Redactor o sediço art igo de siçaõ colligimos ser o sentido da primeira
Variedades, com qu e nos mimoseou. i Ainda que todos os individuos d e qualquer Na-
mas repetições dos motivos que d eram as çaõ tem parte da saberama della, o que
Cortes de Portugal para a separaçaõ do he completo absurdo , por que em nenhum
Brasil !... He impertinencia imper<loavel. Estado representativo , observamos que te-
~ Quer-nos-ha aquelle Redactor metter nham essa facçaõ de soberania as mulhei;-es,
á cara essas criminações para agora, que os meninos, os imbecis &c. Quanto a s lei$
as Cortes se evaporaram , chamar-nos á da Natureza, se ellas saõ iguaes para to-
uniaõ com Portugal? Pois se tal he; o!euni. dos, i porque m otivo naõ nasctmos todos
et operam perdidisti. igualmente aptos, ou igualmente inhabeis
Vamos a ver que tal vem a corres- para todas as Artes e Sciencias? i Donde
pondencia deste Correio. Principiand o pelo vem o infinito numer-o de patetas.., raça
N. 0 61 vemos a maior parte delle occupa- bastarda da especie humana , que hoje
da com uma Sessaõ da nossa Assembléa, innundam o nosso Planeta ? Desengane-se
materia de certo muito importante , se ao o Sr. ..llgaturama que , o que constitue a
Correio naõ aconte ce o mesmo que ao sem- bondade da base ·da Representaçaõ Nacio-
pre desgovernado Diana do Governo; que- nal , naõ será nunca a generalidade , mas
remos dizer, se o Correio dá exacto res u- sim a boa escolha della: e talvez haja nas
mo do que na Assemb1éa se passa. O res- Instituições lnglezas mais que aproveitar,
to daquelle N. consta de um excellen te
0
do que o Sr. .llgaturama pensa. Fiquemos
artigo extrahido do Conciliador Nacional de aqui, porque temos ainda de fallar sobre
Pernambu.co. He justa , he h1minosa ., como ·OS outros Periodicos.
o Sol , a doutrina do Conciliador ; posto A carta do .llnti-Calumn.iador veio re-
que ·nos ·parece naó devia admittir, antes "''elar-nos segredos importantes: mas se el-
pelo contrario cumpria-lhe combater o prin- Je d eseja arredados do Ministerio os ex-Mi-
cipio, hoje taõ vulgarisado, de que a so- nistros , para andarncnto do liberalismo , j o que
berania reside no Povo ; provando que ella naõ ?irá entaõ dos Ministros actuaes, que
sim reside em a Naçaõ. Feito isto, he evi- dass1ficaram na ordem de rivalidades parh·-
dente que jamais será vontade soberana a culares, os crimes que o .llnti-Calumniador
vontade de um punhado de freneticos, nem em sua carta denuncia á Naçaõ ! De cer-
a de uns poucos de Batalhões, nem a do to a opiniaõ do .llnti-Calumniad.or naõ lhe s
Povo de uma ou duas Provincias; nem os póde ser favoravel. Ora deixemos o preco-
actos , que nascerem de similhante origem , nisador das Bernardas , o insigne Barata, que
p oderaõ jamais t e r o cunho de \'alidade. naõ ficará contente, por mais _ feliz que
ÉntTetanto, muito nos lisongea que ·haja em possa a ser o Brasil, em quanto o naõ
Pernambuco um genio verdadeiramente con- arvorarem ao eminente Lugar , isto he , em
ciliador, que chame os espiritos a um cen- quanto o naõ acclamarem Dictador de Per-
tro de ordem, e deixe o Barata enrouque- nambuco: e perguntaremos ao Sr. Redacto,ç>
( 119 )

do Correio , homem constitucional por ex- sobre aquella materia, que he certamente
cellencia, se he licito á Guarda Civica de de grande ponderaçaõ, e requer brevidade 1
Pernambuco depor, e prender um Governa- em pub lico ou em secreto.
dor das Armas da Provincia sem culpa. Nós nos congratulamos sob re modo com
formada. cComo he que o Redactor <lo Correio a appariçaõ de uma nova E strella no firma-
.que, naõ obstante achar-se convencido de mento Político do Brasil; e se ella, como
~rime de traiçaõ, tanto blasfema dos Minis- promette 1 analysar, ainda que com o ·de-
tros que justamente o sentenciaram; como he, vido respeito, as doutrinas çrroneas da nossa
rep etimos, que faz parede CDm o Barata, e Assembléa, he de esperar · que a façam ir
appro va taes pro.cedimentos ? rutilar tambem no Tribunal <los Jurados,
Quanto á carta do ·Sr . .Jigaturama no cômo a outros tem acontecido. O que nós
Correio N. 66, ficaraõ para outra vez, se
0
naõ vemos he o motiro porque o Reda-
houver lugar, algumas poucas coisag que ctor daquelle Periodico ehama satisfactorias
temos que dizer. as noticias que dá de Portugal, quando
Passando á Sentinella da. beira mar da para. nós saõ de todo indiíferer1tes. Nada
Praia Grande , só temos a dizer que he as- nos importa que Portugal se governe pelo
sás engenhosa a sua Camara Opitica, por s_ystema .do despotismo , ou d o liberali"smo re ..
onde, sem contradicçaõ , foz passar , em publ.ieano; e a fraz e da E sfrella naõ tem da..
bello . estilo, verdades puras que a todos do pouco que pensar a muita gente:
tocaõ. Quanto porem aos outros n.0 5, nada Qua11doque etiqm bqnus dormitai Homerus.
-Oiremos. alem de coufessar: que n'elles se Cira a E strclla urna carlà do Conde de
.-0bservaõ ideias de puro_ Brasileirismo, em Pahnella, d a . crm.l se collige claramente que a
esti llo singe !lo e cla:ro. Corte da Lisboa está .resolvida a reconhecer a
Temos presente o N. 0 21 do Sylpho , ú1dcpendeneia do Brasil. Naõ sabemos quaes
e na descripçaõ que faz do apparato mili- scjaõ os sentimentos .do ·Conde; mas á vis·
tar com que SS. MM. e AA. II., em o ta da carta do Conde de Subserra, qüe. se
.,, memora-rei D~a 12 do C0rrente, foraõ re- publicou em o nosso Periodico; e dos pa;,
cebida:; na. Praça da Acclama9aõ, notamos peis ofüciaes que temos lido no· Diario do
que se fez particular mençaõ do acceio e Guv1;rno, podemos duvidar de que a carta
d.isciplina do l.º Regimento de Cavallaria contenha exactamente o que nos diz a Es·
d.e Milicias da Corte, quando em abono !relia. P?rtu{{al ba ?e reconhecer a. Inôe-
da verdade deve-se confessar que todo.s pendenc1a do Brasil; ·naõ obstante o seu
elles rivalisam naquelles pontos, de manei- sistema co.balistico ; mas naõ por .sua es ..
ra que se naõ pode decidi.r qual he melhor. pontanea vontade, e ainda que lhe faltem
Naõ, Sr. Sylpho; o Tamoyo naõ entra vasos de guerra, e dinheiro, tudo isso po·
em o numero dos que buscam adquerir de haver das Potencias ela Liga Contincn··
gloria por meio da depressaõ dos outros tal. Marche com muita cautela o Míniste.
homens, nem sabe como das boas ou más rio do Brasil, naõ ponha em alheas fraque ..
acções de uns resulte essa gloria aos ou- zas a segurança ·da nossa Causa, e toma
tros. Quandó o Tamo:10 fallou em escripto~ serias medid as para que se naõ ache illu-.
res venaes, naõ teve em vista personalisar dido no fim do seu lhetargo.
ninguem; cada um metta a maõ 9a sua Merecem na verdade louvor as ob.
consciencia, e descance na puresa d'e\la. servaçõ es da Estrella a respeito do Projec ..
Sentimos que o Sylpho se desse por offen- to da nossa Constituiyaõ; o que porem
dido, quando d'elle naõ fizemos expressa mal soff remos he que o Redador se in-
mençaõ , e só faltemos dos venaes. culqu e Cidadaó por adopçaõ deste vastissimo
Sobre a carta que no citado N. 0 vem lmperio; quando he voz publica que elle
inserta, e trata das nomeações de Enviados pertendia retirar-se para França; mas de· ..
ás Nações Estrangeiras, ·reportamo-nos ao xou-se ficar a instancias de certo Figuraõ
que em outro lugar ja dissemos sobre a para escrever o seu Periodico. Ha quem
conducta do ex-Ministro José Bonifacio nes- diga mais alguma coisa: mas deixemos isso
te ponto. Ja boje conhecemos que elle naõ por agora.
deixava ir ao acaso os negocios do Jmpc- Julga a Estrella que S. M. I. obrou
rio; ao mesmo tempo que muito reprova- muito bem em naõ acceitar as cartas da.
mos o desleixo com que elles actualmente Sua Familia, nós julgamos que fez muito
saõ tratados. As circunstancias <la Europa mal, fundados, como já dissemos, em -que ·
tem mudado de face , a nossa Assembléa tudo quanto he contra a natureza, pode
.acha-se em exercicio , cumpre providenciar dar bem fundados . motivas a dizer-se em
' "* ii
( 120 )

Port~gal que S. M. I. existe na m_ais <lur_a magistralmente ' assim aborreço aquellas '
coacçaó. ~Alem disso, que suspeitas ev1- que naõ saõ bazeadas nestes princi pios. He
tan. S. M. J. por aquelle meio? ~ Naõ co- ,·erdade-, que no nosso estimado Patrício
nhece todo o Mundo que S. M. - I. podia o Sr. Tamo.~o ainda se naõ encontrou trans-
mandar buscar de noite as cartas que re~ poziça6 de:ola doutrina em mate ria corren-
geitara de dia? Se ninguem assim. pensa, te, mas só a acho acidentalme nte , na bem
naõ he porque S. M. I. regeitou receber tr~ça da cençura da Porlari.a _de 16 de Agos-
essas cartas; mas sim porque todos confia"" to, p e la qual ma.nela o Ministro da Fasen-
mos na pureza das suas Intenções, em a da pejar os annazens d'Alfandega -com 730
nobre singeleza do sen Augusto caracter' volumes. pertencentes á E~quadra Francesa.
que <lesco!1hece todos os manejos da inlri~ Fazenclo portauto·, como devo, o compe-
ga. Nada tem de commum o Filho Pri1'no- tente e bem merecido elogio da sua ana-
genito do Senhor D. Joaõ VI. Rei de Por- lyse, tenho taõ somente a notar, como já.
tugal, com o Impe rado1· do Brasil. dis se , que o caso acidental que envolve
Vemos a Estrella, em o seu N .º 4, dis- n 'ella. a 1·es peito do Conselheiro Juiz In-
co-rrer sobre a trasladaçaõ do Duque de terino d'Alfandega é menos exacto, pois naõ
Jlngouleme, ele Jlfadrid para Santa Jrfaria; está em uso retorquir as authoridades subal-
sem dizer porem uma só palavra a regp ei- ternas as determinações do Ministerio, sem
to da delib eraçao ao mesmo Duque que encorrer ni sto em um crime ho rren do, pois
deixou a liberdade Ju. imprensa debaixo da pro- naõ estando ainda marcada a reiaçaõ de
tecçaõ dos Commandrmtcs Tffilitares.' .' ! jGrande uns para com os outros ficaõ sempre aq uel-
honraria por certo fez o Duque d'.lln!foule- les es magados. Quanto porem os grntuitos
me á liternturn! ! ! i Os escriptos Pohticos obsequias de sirvilismo em cujas maximas
julgados por homens · de bigode, e de es- branqueijou. V. m. deve ficar convehcido
pada á cj11ta ! ... ~Porque motivo naõ irá que este Magistrado, naõ obstante ter ser-
um Escriptor commandar tambem uma bri, vido a maior· parte da sua vida nos des•
gada, ou assestar uma bataria? Tal deli- graçados tempos da baixa, e· oppressaô
beraçaõ naõ espe ravamos nós do Serenis- profetio sempre o retiro a ter parte nas
Gimo Duque d'.!lngoulcme ~ nem similhante prevaricações do tempo e a curvar-se ao
silencio do sapientíssimo Redactor da Es- idoJo do l\Jando. He mui bem ·sabido nes-
trella Brasileira. ta Cidade o pouco afecto que lhe tinhaõ
.os Aulices e Secretarios. d'Estado da ne~
fanda quadra do Senhor D. Joaõ. 6. 0 , por
e o R R E s p o N D E N e 1 A. i~so mesmo que elle naõ abraçava o seu
systema sujo.
Senhor R edactar. Portanto creio que he dever da sua
bem conhe cida im_parcialidade publicar
A6sim como aprecio 11uito as judicio- esta no se u Periodico para lavar a in~
sas analyses quaodo ass~ntaõ em medidas justa nodoa de quem certamente merece
arbitrarias e previcações das authoridades por sua honra o bom conceito publico.
constituídas , tarefa que V. m. preenche Seu Patricio. - Um antro Tamoyo.

RIO DE JA1'1EIRO. NA ll\1PRENSA NACIONAL. 1823.


N. 2g

TREÇA FEIRA 2B DE OUTUBRO DE. 1823,

Tn vais de ces tirans la Jurem· ii.cspotigue ;


Its pensent q11e pour eU!l.' /e Cicl jit t' Amerique.
VoLT. ALZIRE.

e o R R E 8 p o N D E N e I A s. Que tem os .IJ.ndradas de commnm com


os Palhaços, Robspierres e :'vlarats ? Se-
S enhor Redactor. ra ó elles Palhaços em naõ fa.2ere1n dan-
çar na corda á alguns, que o mereciaõ?
J" AEndo o P e riodi co - Correio do Rio Seraõ Robspierre 1 e .Marats em naõ faze-
Hnciro de 24 do corrente. - vi com rem derram ar o sangue vil dos perturbado ..
horror huma Correspornlencia 1 assignada - res do soccgo publico? Seraõ .... porem~
Hon rado Brasileiro, Sr. R edactor onde me leva o pensamento ?
Q11e blasfomias, Sr. Redc{ctor, que De mais ; quaes saõ os factos comprovato ..
blasfemias ! ! ! rios <las maldades que pertendem impor
Como , Sr. Redactor, ha quE!m se atre~ aos Jlntlradas a,; blasfemias , im properios e
va a sarcasmar Brnálúros, cuja fama de sarcasmos, que contra elles se diógem?
sabio~ a Europa crvilizada reconhece; e Seraõ a cazo, Sr. Redactores , a expulçaô
como taes os respeita; Brasileiros a quem de nossos inimigos do Brnsd: ;.). Convoca-
se deve a felic idade do Brasil.: Brasileiros çaõ de huma ./JssemUéa, Svóeranna, a b1de-
que fizeraõ toda, ou quazi to<la a /11de- pe1ulc11cia do Brasil! a .llcclamaçaõ da f!OSSO
pe11de11cia do Brmil; Brasil~iros elleitos pelos Imperador: e finalmente a e.stabelidade,
Brasileiros para. formarem a Constituiçaõ prosperidade, e segurança do Brasil? Eis
Politica da uova Mona.rchia; Brasileiros o que fizeraõ os .llndradas, e câs os fados-
r evestidos dos Dons do Espirito Srt.nto; Bra- que se provaõ Quem . Sr. Redactor, a naõ
sileiros em fim que fazem honra á JYaçaó ser elle~, faria com que o Brasil preen•
Brasileira?? .1 ! Como , Sr. Redactor, ha quem chesse a mrcJido. de seus dezejos? Res-
se atreva a tal; e para ma-is injuria dos pondaõ os homados Brasileiros: respondaõ
Braileiros, assignar-se Honrado Brasileiro? ! as Provincias; responda finalmente o· Brasil
0' meu Deos , onde estamos nós, em quem o foz lndepencle11te '! E nós ouviremos
que Paiz habitamos, e com que Leis nos dizer: - Pedro , e os .Jlndradas.
re~emos? He esta por ventura a liberdade Tudo o mais, Sr. Redactor ~ saõ as-
da Imprensa? Conciste ella á cazo em neirr-ts, naõ m erecem resposta, nem atten-
calunia r, atacar, e enchuvalhar a. torto, çaó. Dezejarei por tanto que V. m. dê
e a direito? E concente-se hum tnl escrip- lugar na sua Folha á estas linhas, con-
to a.ssignado - Honrndo Brasileiro. te~do a oppiniaõ tle quem naô dezeja ver
Brasileiros, riós somos <lli:tcados; ata- insultado o Nome honrn.<lo de Braúleiro,
caõ-se os Pais de nossa Patria; os mes- de quem se va!lcm aquelles, que querem
mos que nos livraraõ das garras Lusitanas! insultar, e c11chuvalhar ~ mas degraçados !·
E seremos nós indiffercntes ao ouvirmos Quanto mais lnrlrarem mais resplandecerá.
tratar por Palhaço, Robspierrc, e Marat a gloria, e a virtude daquelles , a quem nun·
áquelles que já no Congresso de Lisboa , ca poderaõ immitar. Por agora basta, Sr.
já das Serras Paulistanas , e já nas mar- Redactor, por outra vez serei mais extenço.-
gens do Janeiro dcfenderaõ , e seguraraõ Sou, Senhor Redactor. - O Inimigo dos.
nossa libe1·dade., honra, e vida?? ! ! ' Po.tifes.
( 122 )
Stnhor Redacto't. pot isso lastima que com as melhores in-
tensôes a 1aça correr a passos largGs para
Tendo-me chegado á maõ, por via de o abismo, que lhe tem cavado os inimigps
Lisboa, huma Copia fie.1 da Portaria de B declarados da felicidade do Brasil. Que
de Abril do corren~ anno, em que S. M. consideraçaõ merecem as interpretações ar_,.
Imperial exhorta ao Governo da Província bitrarias, que se deraõ ao contexto do ci-
do Pará a fim de seguir a Causa da ln- tado Déerero, a par das saudàveis conse-
dependencia, e unir-se ás outras Provin·· quencias, que resultaõ da sua observancia?
cias deste lmperio; rebat~ndo com energia Que outro meio se acharia taõ adequ3.do
·os argumentos, de que o mesmo Governo para conhecer oe males das differentes Pro-
s e valeo, para naõ cumprir o Decreto de víncias, e applicar-lhes os remedios mais
16 de Fevereiro do anno passado: e me- conven,entes, segundo as circunstanc ias par·
recendo-me este Copia todo o credito , as~ ti c ulares de cada huma? Encarregado Sua
sim pela pessoa que a enviou ao meu co-- Magestade do g;overno gerid deste vasto
nhecimento' corno por saber que foi exa Paiz ~ como satisfaria á obrigaçaõ sagrada
lfrahida do proprio original ; me resolvi a de acudir, até nos pontos mais distantes,
.fazel-a publicar, p.ara que seja patente a ás necessidades dos Povos, se estes as naõ
todos a attençaõ, que sempre custataõ a representassem pelos orgãas. legitimos por
S. M; l. os desvarios de alguns Governos. elles mesmos elegidos para taõ importantes
Filho daquella illudida Prõ.v incia, nada me fins? Se o Congresso de Lisóoa, no deli-
será mais agradavel agora , do que vêr o rio que lhe custou a desmembraçaõ irre-
Jeliz resultado, que devem ter produzido rnediavel da mais valiosa porçaõ da Mo-
as ~olidas razões, expendi-las naquella Por· narquia P~rtugueza, naô quiz reconhecer
t~t:ía, .e 9,U~ será .naõ . menos devido ao sa- esta.s verdades, e declarou irrita e nulla
.b io e . JUd1.c1.oso m1steno, com que se tem a creay,aõ daquelle Conselho , naõ foi por·
~onservado este negocio . talvez para o considerai-o opposto ao bem geral do Bra-
J>8.i: a. salvo dos envenenados tiros de nos- sil, mas por ver que tendia a consolidar
soer inimigos. a permanente residencia de Sua Magesta-
Queira pois , Sr. Redador, fazer-me de neste lmperio , taõ contraria aos fins
e obsequio de a inserir po sen Periodico, sinistros das cavilosas perte nções do mesmo
ficando certo de que dará por' esse modo Congresso, como benefica a estes Povos ,
-a maior satisfaçaõ a - Hum fiel Pcvraense. e gloriosa ao Príncipe Magnanino que ho-
je felizm e nte os governa.
Pcttaria. Naõ pôde igualmente ler Sua Ma.ges-
tade, sem a mais pungente magoa, a pro-
Manda Sua Magestade o Tmperador teste.çaõ que a Junta faz, de naõ se des-
pela. Secretaria de Estado dos Negocios ligar jámais da obediencia, que jurára as
do :lm perio participar á Junta Provisoria Cortes e Governo de Portugal, por ser es-
do Governo ·civil ·da Provincia do Pará que ta a vontade dos habitantes da Provincia,
Lhe . foi presente o seu .Officio de 11 de e assim o exigirem os seus interesses e
Junho do anno passado , em que expende situaçaõ topografica.
as ,razões' que julga sufficientes para naõ Alem de ser principio de eterna ver-
cumprir ,o Decreto de 16 de Fevereiro do dade que cessa esta ·obrigaçaõ de obedien-
mesmo anno , que creou o Conselho dos cia pelos abusos do obedecido; devendo
Procuradores Geraes das Provincias do por isso, ha muito, a Provincia do Pará
Brrui'l, e em que protesta constante obe- reputar-se desobrigada de sujeiçaõ ao re-
rliencia ás Cortes e Governo de Portugal. ferido Governo, em cujas determinações se
E Ficando o Mesmo Senhor intei rado do manifesta sempre a execravel tensaõ d~
seu conteudo. naõ pode deixar de deplo- reduzir a escravos os briosos filhos deste
l'.a r que, fascinada a Junta pelas theorias Paiz: Declara francamente Sua Magestade
Cio partido dominante do Congress.o de Lis- ·que naõ pode capacitar-se que os habitan-
hõa, considere proficuo e justo o que offen- tes do Pará em quem considera a mesma
de os · Direitos reconhecidos dos Po' os. e nobreza de sentimentos, que tem mostrado
só pode· produzir guerras intestinas, e os os das outras Provincias, estejaõ sincera-
males horrorosos que as acompanhaõ. Sua mente resolvidos a separar-se da Familia,
Ma!!:E>starlc lmperi.al está bem persuadido a que pertencem, e a deixar quem lhes
que a referida Junta fita sempre seus pen- respeita e guarda seus Direitos, para se·
samentos no maior bem da Provincia: e guir a9uelles, que lbe os atropellaõ; e
( 123 )

po1' isso Entende qlle a Junta, illudida parte devida aos meios, que com infatiga-
por apparencias, dá como existente o que~ vel zelo~ e desvelo empregou para e$Se
p sira. honra da Provittciá., nunca tevê nem fim o ex-M1rlistro dos Negocios. do Impe-
ferá realldade.. Mas, quando ho uvesse quem t'io. Quando elle tomou posse do Ministe-
~ssim pensas1;e, a Junta naõ ignora que rió achou o Brasil todo retalhado em dif-
Era seu rigoroso dever mostra r:' aos allu.: ferentes Estados pequenos , e acephalos;;
cinados <j_ue, sendo incoritestavel que qual.. obra das Cortes L14.sifu.rtaJ, que tendo de ..
44uer Naçaõ tem oireito oe a.àoptar a fór.; Clarado pelo Decreto de 18 de Abril Be~
,ma de Governo, que hiáis lhe convém ; nemetitos dá :Patria todos aquêlles : que
expressada a sua vonta~e pela p.türalida~e nas Capitaes, e ai tida na,; Vi lias t>rganisas·
de Votos , e 'tendo quasi todo o Brasil de• se m novos Governos com adherentia ao
d arado altamente 11 stià Jndependencia , e Seu Syst~tna j al:Jr\raõ tom isso portn fral1Cà
Acclamado esponfáneamente Suà Magestade ao espírito de vaid ade~ de ambiçaõ e ta)-
por Seu . Imperador Constitucional; naa vez de vingans;a para pôr E;rh anarchia as
podia o Pdrá separar..Bé impunemente do mesmas . Provfocias 1 e separai-as da qu~
to do~ a que pertence; nem Sua Magestade lhe servia de centro: O mesmo Rib de Ja..;
Consenti-lo, de.pois d e ter jurado a defesa n~iro estava continuamente em convulsa~
e conservaçaô dos Direitos de eeus . fi eis Os Jluillezes e Carretis di:1punhaõ delle à seu
Su"bditos , e á da integridade do territorio ar bítrio ora servindo a~ despbtismo J tomo
OP lmperio. quando c ommetteraó o horrorozo atlenta:do
Persuade-se porem Sua Magestade qt:ie; da Praça. do Comm~rcio, ora erguendo-se
sem repetir os mui,os e invencíveis argu· em defensores àa hberda d ~ pará dépíh"
:met'llos, de que abundaõ Suas Procla:ma~ Ministros sem cul pa formad a ; . fazer jurar'
ções e Manifestos, he sobeja a indica9aõ baies de Constituiçaõ ~ crear Juntas Civis,
~estas verdades' para que a J únta refhcta e Militares &e. de maneira, q.ue S. lv.f. i.
SQbre as desgraças, de que a Prl)vincia dô (entaõ Ptincipe Regente) era nestá Pro'."
Pará s.erá infel \z vi ctima ; se á mesma . vlncia mesma áinda menos' · que utn Capi;.;
Junta continuar na observancia dM prin;; taõ General. Neste estado de coisas appa-
cipios, que 1 em boa fé ~ rrias cegamente, reêetáõ aqui as Ínstrlicções da Junta de
abraçou., e para que seriamenie pond ere S. Paafo Cios seus Deputados ; é o Pov()
'JUt' será responsavel ao Brasil e ao Murt- desHt Cap1tal, que até ahi recebia tooi
do pelas consequencias de seu procedi-. uma ~specie de veneraçao estupida toda
mento: e .E.spêra o Mesmo Augusto Senhor ; qyanto vinha das Cortes de Lisboa; entrou
pela confiança, que tem 1 nas lüztts e pa• a )obrigar entaõ, que aa Érasil tia6 con-
triotismo dos Mernbtós aa Junta, que em vinha o s,rstema.... por ella~ forjado, sem al-
breve se abraçara descobertamente a Cau- gutna modihcaçao a respe1to do Poder E~e­
ea Sagrada do Brasil na Província do Pará~ cutivo; e nesta idea estava quando chega-
por mui~os titulos digna de gozar com as ra ó de Lúboa os Decretos de 29 de Se-
outras dos altos bens ; que lhe a ffián çaô tembro pata à tetiràda de S. M., e a crea-
.a sua lndependencia e Liberdade, defendi<ías çaõ da Junta Protisoria; Poocos fora é> os
e conservadas pelo excelsb Monarca, que Se que applaudiraõ , e festejaraô sim1lhantes
honra e gloria de ser Chefe desta .gene- Decretos , pois a excessaõ daquelles quê
r osa Naçaõ ! e que ne nh um sacrificio re- sonhava.ti com republicas 1 ou com a espe-
pu ta CU'Stoso para a elevar á prosperidad~ ranç~ da eleiçaõ pata à futura Junta, co..
e grandesa 1 a que a thamaõ, com inveja mo disse José Clemente na sua falia de 9
de seus inimigos , a vastidão d.e terrenos , de Janeiro f todos os mais esti'emeceraõ
e a incalculav e l riqueza de suas produc- tom bs males infinitos que entervlaõ ser
s:ões. - Palacio do Rio de Janeiro ern . 8 forçoso resultar da sua execuçaõ 1 e daqui
ce Abril de J 823. - Jos é Bonifacio de An· nascéti um murmur1o quasi. geral entrf! os
drada e Silva. habitantes desta Corte. Mas quem ou;zou
entaó apparecer em campo para resistir á.
REFLEXOENS. Vontade Soberana. das SobQranas Cortes Parfv.o
Quem se animou a descortinar en"'
gu~zas?
Temos summo praz~r em publicar :t taõ a sua perfidi~? (Quem levantou contra
presente Portaria~ naô s6 pelas razõe:; que ellas o brado da iucJignaça~ ? ~Quem se
aponta o nosso Correspondente, como tam- le mbrou em fim de ser aqn~Jle o· momento
bem por mostrar ao Publico que a uniaõ favoravel para sacudir o Brasil os sons pe-
~ as Provincias deste Imperio é em grande zados ferros? Essa gloria sú estava re!ier-
. "' ii
( 124 )
vada aos immortaes Jlndradas ; a sua voz nossos inimigos. Ainda hoje se esta õ colhen-'
troveja lá da P aulicea, e o partido c humbei- do gloriosos fructos desta vigorosa e sabia
r o, ape nas a ou ve, treme, c.lesfallece '· e adminis traçaõ, que naõ se popou a meios
vaticin:.i a proxima queda da suâ antiga a lg uns pa ra c ha ma r a s Pro vínc ias ao s eu
preponclcrancia, de sorte que S. M., ain~ legitimo centro. Diga-o a elo Maranhcro ,
da sem força \lara resis ti r.. lhe , nem conse- onde a sua influencia ge rou o patrio tismo
lho que o dirija , se vê na triste prccisaõ que animou a seus habilantes a sac udir
de proclamar que naõ contassem com e lle p ouco e pouco o ferreo jugo Lusitano. Di-
para a separaçaõ do Brasil. Entretanto o ga-o em tim o Pará, que talve2 naõ tarde
raio se havia desprend ido das nuvens e õ. mui to em sabermos , q ue fez out ro tanto.
matería e lectrica que elle havia d iffundid o ~E have rá a inda quem nege a estes hon-
em torno do nosso horisonte gerou o e n- rados Cid adãos a gloria de haverem sido
thusiasm o , e accelerou o passo do d ia 9 os libertadores da nossa Patria 1 e os fun -
de Janeiro. Dia sempre memoravel tu serás dadores deh te vasto e rico Imperio? Naõ,
marcado com letras d'oiro nos annaes da immortacs .llndradas ; só inimigos nossos ,
nossa historiá; em ti se lançou a l ! pedra só invejdsos <la nossa grandeza, e prospe·
para o editicio da nossa Independencia; e ridade poderaõ negar-vos a devida. home-
tanta conheceraõ isso os .llvi/e;;es e Carre- nagem de seu reco nheciment o e louvores;
tis, que desde entaõ soltaraõ todas as re- mas os homens probos, os verdadeiros Bra·
deas ao seu insano furor, e tentaraõ pór silúros rendera õ sempre a vossos inclitos
em pratica as maiores atrocidades q ue po- feit os a merecida justiça, e a memoria
êem imaginar-se ; mas debalde o tentaraõ, de ll es transmittirá de Seculo a Seculo o
Forçados a retirar.se vergonhosamente pa- vosso nome enrama<lo de viçozos louros.
ra outra banda , ainda d'alli perlendiaõ ~Quantas vezes a fria campa · onde repou-
com fri volos pretextos ganhar tempo, quan- zaL·em as vossas cinzas naõ será vizitad a
o o a Providençia trouxe a esta Capital o com respeito e vene raçaõ ? i Quantas ·re-
Franklin. Brasileiro, a quem S, M. havia zes naõ iraõ lá os desvelados paes apon-
n omeado já Miuistro dos Negocios do lm- tar-vos por modelo a seus filh os, contar-
perio, e E~trangeíros. Apenas entrou elle Jhes a vossa hi storia, e a injust a recom-
no Ministerio declaro u logo que o seu l.º p ensa: que tivcraõ vossos trabalhos? Mas
cuidado seria restabelecer a ordem taõ ne- em fim naõ importa, accressentaraõ elles :
cessaria a conservaçaõ e prosperidade de a sua alma generosa foi superior a todo o
um 'Estado: mas ~ quaõ difficultoza empre- inte resse, exceptoo da gloria, e esse nem o!l
za naõ era esta? O paiz estava entregue b omen9 1 nem o tempo lhe podem já roubar.
a mais completa anarchia; partidos <liffe•
rentes o minavaõ com diíferentes interesses. Estava já no prélo este N.0 qnando
e o Governo tinha perdido a força moral chegou a satisfatoria noticia da reuniaõ da
na opm iaõ do Povo pela i.nconstancia e Província do Pará ao centro do l mperio.,
fraqueza do seu anterior procedimento. E n- o que veio confirmar o que acabava mos d e
tre tan to o saber, a energia , e coragem asseverar nas nos8as reflexões acerca da
do Ministro conseguio suffucar, sern san- P ortaria do ex-Ministro dos Negocios do
gue, esses partidos, r.e stabelecer a lran• lmperio, e f<:5trangeiros, dirigida á Junta
quilidade publico, e conciliar ao Trono a <lo Governo d'aquella Província, destroindo
respeito perdido. Avastidaõ do seu genio os errados princípios em que se fondavaõ
em qua nto se occupava em negociações com para naõ se desligarem de Portugal. Escu-
as Potencias Estrangeiras, onde era a_ssas samos fazer o devido elogio desta excel-
conhecido o seu nome , naõ se descuidava lente pessa, porque a damos por inteiro ,
todavia de consolidar no inte rior o grande agr..a?ecend.o ao nosso Correspondente taõ
_Corpo Social pela reuniaõ de seus mem-: precioso muno.
bros , que a malfa7.eja discordia tinha des-. Congratul a mo-nos por tanto com os
pedaçado. Aj ud a da dos ~randes talentos de nossos Concidadãos por taõ agradavel suc-
e u Irmaõ no ramo de Finanças , pôde cesso e redobramos os nossos encomio;;
pe lo melhora me nto destas formar um Ex- ao Varaõ Sabio e Forte, que soube afu-
e rcito , e uma Marinha respeitavel, a cuja. gentar u encrcia e mostrar que naõ e raõ
tes ta p óz o maior homern do seu teinpo estranhos o valor e o patriotismo nas Pla-
nessa repartiçaõ, e expulsar em fim da jas de Vespucio. A poster.idade o vingará.
P atria dos Cararnurús a maior força. dos das injustiças dos c oevos.

RIO PE JANEIRO. NA IMPRENSA NACI ONAL. 1823.


N«J 30

QUINTA FEIRA 30 DE OUTUBRO DE 1823.

Tu ·cois de ce.Y tírans la .fureur neapotique ;


l ls pensent que pour eux le Cicl jit l' Amerique. ,
VoLT. ALZI!l.E.

M desempenho da promessa , que fi- pa o Sr. Imparcial? ~ P or havermos emitti-


zemos no nosso n.º 22, e em abono tanto <lo nossas opiCliões sobre taes objectos?
da ve rdade , como dos principios de justiça ~ Ser-nos-ha vedado o publicai-as? Cremos
e ordem, que tem sempre dirigido a nossa que naõ , e esta iwssa crença funda-se nas
penna, offerecemos ao Publico com alguma seguintes razões. A nossa revoluçaõ, resul-
miudeza a seguinte analyse da carta par- tado de trcz seculos de oppressões e op-
cial e manhosa do Sr. Imparcial, n'aquella probrios, fructo do progressivo desenvolvi-
parte, que <liz respeito ou a nós, ou a mento da nossa sociedade, fundada sobre
nossos honrados palricios, erradamente sup- princípios moraes, e emprehendida no só
postos Redactores do Tamo!Jº· tilo do bem geral, foi de certo uma luta.
Somos muito conhecidos para preci- do direito contra os privilegios, da liber-
sarmos <le disfarce : inimigos de traições dade legal contra a arbitrnricdade; e esta
ô borninamos a obscuri dade e as trevas; ido- luta nós a terminamos proclamando a ln-
latras da verdade preferi mos a luz, que dependencia , e fundando o lmperio Constitu-
só pode descobril-a. Naõ havendo na pre- cional. Ora uma tal forma de Governo foi
sente epoca nem sofrido injurias, e nem i11slitui<lo para concentrar e manifestar es-
recebido beneficias, segundo a expressaõ tas tendencias sociaes, e seu systema tu-
de Tadto, presamos-nos de imparc iaes, co- telar naõ pode manter-se, e desenvolver-
mo a posteridade; e de superiores tanto á se, senaõ pela luta entre a Força e a Lei,
paixaõ pequena e baixa da vingança~ q uan- de cujo equilibrio nascem a hormonia dos
to ao sordi<lo e baixo servilismo; e é por dous PudPres, a Prosperidade e L1.berdade da
isso que a nossa penna naõ tem sido mo- Naçaõ. Dobuixo deste ponto <le vista é um
lhada nem no fe l da calumnia, nem na dever forcoso de todo o homem illumina-
0

tinta doirada <la adulaçaõ: leaõ-se os nos- do, e ele t odo o CidaJaõ probo, o revelar
sos N. 5, e temos por certo que nelles só se
0
pela imprensa as necessidftdes e interesses
encontra ráô actos, ou procedimentos de Nacionaes; denunciar as prevaricações, as
authorida<les constituídas, attestados por arbitrariedades, e aberrações dos Poderes
,oocumentos authenticos ou já publicados, constituídos. Se o Sr. Imparcial pensa o con-
ou que paraõ em nosso poder para serem trario, naõ é culpa nossa a sua ignoran-
apresentados, quando for mister ; e nunca ci a em taes materias. ~ Pretenderá acaso
factos individuaes de suas vidas particula- que somente gu arde mos profundo silencio
1·es: o elogio, ou a censura destes mes:nos sobre os procedimentos criminosos do . actul
procedimentos , depois de submettidos á Governo? Cança-se <lebalde, por que an-
conpella da critica das Leis, e dos prin- te pomos o amor da nossa Patria á todos
cipias constitncionaes, que felizmente hoje os respeitos humanos , o bem d'ella aos
nos regem. Se assim naõ fizessemos , fai- interesses do baço e acinzado chumbismo,
tariamos á um dos principaes fins á. que do gretad~ e rugoso _carw~dismo; porque .º.s
nos haviamos proposto , quando pela pri- Gove rnos Já naõ sao Trzbunaes de lnqu1S1-
meira vez entramos na vida de escriptor. çaü, e o mal que delles se diz com justi-
( Veja-se o nosso n.º 1.0 ) ca ia naó é uma heresia política. ~ Pre-
A' vista do que havemos expenclido, tenderá ao menos que sejamos indif-
~ <le que nos argue, ou por que nos incre- fcrentcs ? i Ai de nós , e ai do Poder !
'it
( 126 )

Uma tal disposiçaõ sena uma prova . sem :6nitissimo .lffosqnito Pernilongo, grande cheíe
replica, de que a socie<lade e o Governo de outros mosquitinhos de certo charc0> 'f
naõ marchaõ juntos; de que o mesmo san- ou lodoso mangue , á que indevidamente
gue naõ circula em suas veias; de que o chamaõ loja; um Palhaço nas Cortes de
mesmo principio, e o mesmo intert'sse os Lisboa , transformado em nojenta Barata .,
naõ fazem embicar na vereda, em que cujos serviços prestados á. Causa da anar-
ambos devem a cada. passo encontrar-se : chia, e da immoralidade, mereciaõ alguma
e 'todos sabem, que da indiíferença as cons- cousa mais, do que os estereis elogios do
pirações o salto é curto. ~Ou quererá: o Sr. Resende, e sem quebra do Governo po•
que é mais natural , que aceslemos todas diaõ bem ganhar-lh e o Titulo de - Baraú
as nossas batarias contra a administraçaõ das Grelas - e faze l-o assim entrar na lista
passada dos .Jlndradas ? Replicar-lhe-hemos dos celeberrimos despachos do dia 12: um
que naô , 1. 0 porque nascemos ha pouco Aprendiz, que por sua inc::ipacidade, e
tempo; 2. 0 porque qu a ndo uma authori- lerdice para todo o genero de conhecimen-
dad e desce á escuridaô do lumu lo, desce tos humanos, ao depois se transformou as·
tambem com ella a responsabilidade ; 3. 0 sizadamente em Simplicio , synonimo de pa-
porque seria uma impiedade revolver as teta, bocca-aberta , Manoel~coco 8,·c. &-e. e ho-
cinzas de mortos ~ que naõ podem fazer je se acha metamorphoseado em Imparcial,
mal; 4.º porque fallando d'elles, so te ria- no que tambem lhe achamos razaõ, pol.'"
mos de rhes agradecer os serviços , que que o mente-capto, em cuja cabeça nunca
fü:eraõ á causa da lndepen.dencia, do lmpe- se aoinharaõ ideas , é imparcial, ou estra-
rio , e da Liberdade. ~Ou procurará. final- nho para túdo , menos para sandices , ou
mente o Sr. Imparcial tapar-nos a bocca maldades: um lnimir;,o dos Impostores, outra
com a gratuita accusaçaõ, de que somos correspondente do ::ir. Tonel, ainda no pri-
impellidos á. censurar os actos do Governo meiro estado, o qual espera transformar-se
actual, naõ por patriotismo, rnas por amor em Chumbi$ta ou inimigo do Brasil, logo-
de dominio, sede de empregos, e baixa que os nossos negocios tomarem a hed1on·
vingança ? Nós lhe responderemos que <la face , pela qual tanto suspira. A vista.
com isto nos naõ convence da necessidade desta enumeraçaõ é natural que os nosso~
do silcn<:io, porque similhante lepra naõ leitores tenhaõ a curiosidade de saber re
é taõ geral , que chegasse a infectar-nos : causa de tantas metamorphoses : nada há.
nunca fomos injuria<los, logo nos naõ pode mais facil de satisfazer-se: com ellas avul...
taxar de vingati.vos ; nunca nos encontrou taõ o numero dos encarniçados contra os
nos sallões do Poder , demandando altas .!lndradas, e cuidaõ enganar o vulgo ignaro.
Mercês, ou Empregos, logo a cobiça de Julgamos ter respondido satisfatoría-
poderio , e das representações é supposi- ·mente ás arguições geraes do Sr. Impar-
çaõ frivola, e despida de fundaniento; é cial; e cada vez mais firmes em proseguir
barrete que talvez assentará melhor na na tarefa que temos empreendido , analy;..
cabeça do Sr. Imparcial, do q11e na 11ossa. semos miudamente tudo o que na carta.
i. Seraõ por ventura ambiciosos de <lominio <lo Sr. Imparcial diz respeito ou a nós, ou:
<JS dous e:r:-Ministros? Todos isabem que no nos .Jlndradas, visto que nella indístincta ..
começo das nossas desonleu~ foraõ por \'e- mente nos confunde. Principia elle estra- -
zes chamados á Corte, que naõ procuraraõ nha:ndo ao Correio o azedume , com que
o Ministcrio , e que d'elle se demittiraõ indii5cretamente ataca aos .Jlndradas , que
espontaneamente. ~ Seráõ elles vingativos ? lhe naõ souberaõ fazer emmalar o Jactü;
-i_ Quaes saõ os inimigos que experimentaraõ e· reconhece que taes Cidadãos fizera.i>
o furor das suas Yinganças ? Talvez para serviços ao lmperio, e que um delles será.
satisfazer a este quesito recorra o Sr. lrn- lembrado ( naõ sabemos por quem ) peI"
parcia! aos escriptores , que contra ellcs valente. impulso que deu a esta Causa - á
tem escripto. Examinemos pois a qualidade, isto responclcrcmos ., Sr. Simplicio Imparcial;
e numero destes. quem lhe encommendou o sermaõ, que lho
A pparecc em primeiro lugar um boju- pague : os .Jlndradas naó reconhecem a com-
do tonel , metamorphoseado de materia petcncia do seu j uizo, nem nes ta, nem
morta e m materia vi\•a e semi~racional, po- e~ outras materi~s-' porque ca:cus non ju-
1·em grosseira, hoje conhecido pelo nome dzcat de colore. Contmua - todos sabem, que esse!:
de -gordo redactor do Correio do Rio; um Cidadãos nuó servem para manejar as redeas do
seu correspondente denominado o .llnti-Ta- Ministerio - isto é verdade , porque a ex-
moyo, bem fornida e punctuada chrysalide, pulsaõ dos Lusitanos para fóra da Balzia ,.
a qual em virtude de suas forças plasticas, a acquisiçaõ da Província do .Jrlaranhaõ,.
mas per defectum se transformou depois no in- e talvez a esta hora a do Pará, o acc.res-
( 127 )

cimo das rendas tl'Alfandega -pela afluen~ crnnos estaõ fóra da competencía clo Exe-
cia .dos vinhos·, e mais molhados de todas cutivo. Porem o que ha ainda. demais ga-
as Nações , na_õ obstante a renova9aõ lante nesta arguiçaõ_, é que o Sr. lrrvparcú,rl
hodierna dos antigos ab-1.1sos; o acrcss1mo cae no mesmo defeito , aando á entender
gradual de outras renda;; pelo novo sys- que os Jlndradas arbitrariamente deviaõ
tema introduzido na Administraçaõ do con- fazer. emmalat o facto ao gordo Redaetor do
sulado, naõ obstante a baixa dos nossos Correio : j pode haver contradiccaõ mais-
generos, e algum empate na venda dos miseravel ! Continúa - O Tamay; isto é
;mesmos, saõ provas irrefragaveis da impe- os Andradas i esquecidos de que suas ~rbürarie­
ncict ' e .inepcia dos .llndrad.as ' sabedori~ de dades lhss fizeraõ 8ra_ngeat a perda da apiniaõ
concepçaõ, e actividade de execuçaõ .só na parte, e Pravmcta - Especifique 05 des-
~e encontra no actual Ministeno; j quantos pot1srnos, terá re~posta; . mas d'antemaõ
servi9os naõ tem elle já prestado ao lmperio ! lhe rogamos que leia novamente com al-
Um G0vemador da!t Armas expulso de guma reflexa? .º_nosso. N. 0 5. 0 ; e quanto á
Pernambztto, o Bati:t.lhaõ do Imperador amea- perda de oprn1ao pubhca, tendo feito vêr
çado de igual sorte , alem do que tem já antecedentemente que os detractores dos· .!Jn-
sofrido J uma nossa Corveta de guerra fu- draçlas cifr~vaõ-se. em um Tonel, uma Barata,
.g mdo vergonhosaruente para o porto da um Mosguito ..Permfonga, um &mplidio /mpar-
Colonia, nossas embarcações tomadas no eia{, e um Cltumbista, podemos asse!!'nrar
Rio da Prata 1 e a condLicta dualistica do ' que conse1:vaõ a estima e boa opiuiaÕ dos
Baraõ áa Laguna, presagiaõ que o present~ seus Concidadãos, naõ. só na Corte .e Pro...
está mui prenhe do futuro, queremos d1- vincia do Rio , mas em todas as outras,
zer, que a vergonha, a traiçaõ , e o co- porqu~ naõ e de crêr que am tonel ,
meço de anarch1a trarão _coi:nsigo ei:n bre~ ·d~us insetos , _um mente•capto; e am ini-
''e a separaç-aõ das Provmc1as ; deixemos n11go do Brasil possaõ ter voto em simi-
porem os factos, que ~ontradizem as as- Jb.ante mate~ª.' e. influir sobre as opiniãe~
serções do Sr. Pateta Imparcial, e passe- da populaçao mte1ra do lmperio. Continúa
Jn0$ á combatel-o com as suas proprias - husca lançar na mesma voragem os pn'mei-
armas. Elle confessou que os .llndradas ha- ros Empregad.o~. - _lá respondemos a isto:
viaõ com os seus seniços concorrido, para como bons C1dadaos temos examinado e
o .bem do lmperio, e agora piz que naQ continuaremos á nalysar 09 seus proc~di­
servem para regel-o ; . j onde se vio maior mentos publicos, elogiaremos os que forem
contrad.icçaõ ! Se probidade , luzes, e amor conformes com a Lei , e teràadeitos j 0 ..
da Patria, habílitaõ o cidadaõ para bem teresses do Brasil , e denunciaremos os
servil-a, entaõ devemos concluir que a que forem em sentido inverso 1 tal é a.
irnorancia, a corrupçaõ, e o odio a esta ~arefa, á que nos propozemes; pouco nos
~esma Palria saõ. a~ qualidades 1 que elle importa a sorte de taes authoridades; mas
requer para o bom exercicio de taes Em- em todos os casos sobre"-iva a Patria á
pregos. Valha-nos Deos com. o Sr. Boca rui na d "ellas: sejamos como a Dívindade
aberta! Oxalá que a Naçaõ naõ aprenda mantenha-se a especje humana Brasileira iri~
soas detestaveis doutrinas 1 Quanto ao mais dependente e feliz, embora alguns indivi-
naõ se morti.6quem sobre a sorte dos seus duos sofraõ e sejaõ precipitados dos altos
amigos , porque os .llndmdas nunca intri- Empregos , que administraraõ em detri-
garáõ· para arra1:1car-lhe9 a preza f q'?e em• mento d'e1la. Continúa - Que sia-nifita essa
polgaraõ; demais abandonara ó mudo por ardente sede de descobrir em fados ~s a.elos do
seu gosto, e sa.õ Paulista , que naõ rnu- Governo crimes, e fins .simstros , inventai·, ·e
daõ de tencaõ ; querem sómente a pros- desfigttrar factos , a naó ·ser para armar o Pa-
peridade d~ sua Patria • e esta basta á vo contra a ordem pu.htica ? Em todos naõ,
cónt-ental-os, Continúa o Sr. Manoel-coco na maior parte sim; e o <}0€ mais' é 03
que saõ muito ringativos - Agora representa crimes , illegalidades J e abusos revefados
elle o papel da criada de Coi.mbra que, a por nós ou foraõ confirmados pelo silencio·
costumada á abocanhar todos os amos dos defensores do Governo, ou só fueraõ
que h a via servido, começava por elogios, respostas ae Cabo de esquadra. Cite 0 Sr.
e terminava por vituperios; porem isto ~implicio Bocca (lberta um só facto que
naõ basta , ccilurnnias vagas nada pro'V'aõ; ·mventa.ssemos , ou desfigurnssemos ~ e en--
é mister apontar factos , e nomear pessoas taõ ganhará no jogo Se nos houvessemoa
que fossem victimas directas dos .!lndradas; deslizado, e commetido ~1gum abuzo de
porque a sorte do Sr. Tonel, que arteira- imprensa no entender dos seus runigos do
mente recorda, é o resultado de uma de- Ministerio, ha muito que os Jurados noa
vassa t e sentença: é procedime.ntos iudi- .teríaó visto a cara. Demais sempre- estive--
• ii
( 123)

mos persuadidos , e ja demostramos no ra o Sr. Manoel-coco que o Tam.oyo N. • 4.0


começo desta nossa ana1yse , que nenlium calumníara o Ministro de Fasenda em tudo.
Cidadaõ podia dispensar-se da rigorosa o que arriscara contra elle a respeito da.
obrig.açaó de communicar ao publico os moeda, tal\'ez por dois motivos o l.~ p~la
erros dos 1. encarregados da. administra-
0
' dedataçaõ do Provedor da Moeda, e o 2. 0
çaõ, e a marcha por elles seguida, quando por naõ ha'.vermos apresentado os doeu·
contraria aos interesses Na.cionaes ;. e que 'menlos , que páraõ em nosso poder - Re-
com istg servia aos Ministros , ao Monar· plicamos, quanto ao 1.0 que a declaraçaõ
cha, e a Naçaõ; aos l. 05 , fazendo-os en· do Provedor é de nenhum valor, por q ue,
trar na verdadeira vereda, de que se ha· alem de Ser este parente, e protegido do
viaõ affastado, quando susceptiveis ou de Ministro, ninguem ignora que nos paizes
ensino, ou de emenda; ao 2. 0 para de- corrompidos os 5ubordinados saõ ordinaria·
rnittil-os no caso de continuas reinciden- mente páo para toda a obra dos superiores;
cias; á 3.~ para accusal-os por meio de quanto ao 2. 0 que nos chame a juiz:o, e c~n.he­
seus representantes. Destas · trez considera- cerá pela validade dos documentos da rea·
ções resultaõ ou a correcçaõ, ou a queda, lidade da nossa arguiçaõ. Continúa - E gue 1
ou o castigo dos Ministros. i Que tem isto · Se havia misterio, era do tempo do ex-.!lfinistro
de commum com a ordem Publica! Bem o - Isto he que se chama calumníar. iComo
entendemos, Sr. Imparcial; toda a sua ca· podia o ex-Ministro impedir o CUI"SO da
ridade christaã abrange sómente à sua pes- moeda com as armas do Imperio, elle que
.s oa, .e as dos honrados Ministros , e naõ havia tanto cooperado para proclamar-se a
.se extende ao desgraçado Povo, que nun- nossa Jndependencia, e acclamar-se o Se ...
.ca·esteve inscripto no circulo de suas aífei- nhor D. Pedro nosso Primeiro Imperador~
ções. Coutinúa - O Tamoyo trata de açular ~ elle que havia dado as ordens neces;.
Brasileiros contra Europeos, e reciprocamente , sarias para se introduzirem cores Nacionaes
e nisto commette o mesmo erro , gue crimina nos Tribunaes da sua Repartiçaõ, e Casa
r.os outros - Falta á verdade, medite os ·d'Assembléa, e se mudarem os Repostei·
nossos N.0 ª, onde vem desenvolvida esta ros para verdes com as armas do mesmo
questaõ , e convencer-se-ha que dezeja- l.mperio? O que ha de real em tudo isto,
mos a boà. harmonia entre uns e outros , é que o ex-Ministro por ignor(f.nte. ou inepto
·ainda que na presente crise a naõ con- em conhecimentos tanto poliüoos , como
ceituemos poss!vel. monetarios, estava persuadido que em a.
O resto da carta do Sr. Imparcial é nossa nova sit uaçaõ politica devia riscar-
.s6 consagrado á defeza de alguns proce- se da memoria dos eubditos tudo aquillo
dimentos do Ministro de Fazenda, que ana- que podesse fazer lembrar o regimen an-
lysamos em os nossos N. 0 ª 4.0 e 8. 0 , e por tigo; e que por este motivo, e pela sua
incidente á censura de alguns actos do imperfeiçaõ , devia a nossa moeda sofrer
.ex Ministro desta mesma Repartiçaõ, que uma completa reforma; e como tolo queria.
lhe cairaõ a talho de fouce. Antes de aua- dár á moeda de prata e ouro uma forma
lysarmos suas insuffi.cientes razóes , na5 mais elegante , diminuir-lhe as dimensões,
podemos deixar de notar a engraçada con- dár mais espessura ás chapas, para pode-
ducta do Sr. Imparcial, ha pouco taõ cari- rem sofrer a impressaõ do busto de S. M.
tativo para com os Minr~stros, e agora Imperial , abandonar o uso das serrilhas
abandonando desapiedadamente os diffe- para fóra, e introduzir o uso dellas parçi
rentes actos dos mesmos que foraõ objecto dentro, &c. &e.; e de todo e~te trabalho
de nossas observações, e que assignala- foi incumbido um abridor Francez, o qual
mos corno culposos aos olhos da Lei, e já havia apresentado umas moedas de duas
da Naçaõ; e igualmente de dar a nossos patacas por prova, que agradaraõ , e as-
leitores a genuina soluçaõ de similha11- severava estarem quasi promptos os cunhos
te contrariedade. O Sr~ bem que fm· para as de quatro mil réis. Até entaõ se
parcial. nunca tomou a peito a defeza naõ tinha ainda tratado da moeda de co-
de ninguem . salvo a <lo actual Ministro de ·bre , porque uma reforma geral moeda~
Farenda, que foi sempre o seu unico Deos, naõ é obra de momento. Isto sabe S. M.
( riumgue crit ilie mihi sempre Deus) , e a quem Imper.ial, sabem os Ministros, que ficaraõ,
adora . Cotno terceira pessoa da trindade e se 1sto naõ basta , fazemo-nos cargo de
mundana e consubstancial comsigo , e por lhe. mostra~ _uma destas moedas , quando
isso naõ qaiz tomar o trabalho de defender a7s1m o ex1g1r. A lembrança do antigo Mi·
-0 que ha em nossos n. 0 " de particular a nzstro parece acertada a nós, que como
1
cada Minfrtro. elle. somos noviços nestas ma terias , e a-
i Continuemos a nossa analyse. Assegu- 1,,lem disto Brasileira; o novo M·inistro pen·
s ou o contrario, conser vou- a velha moeda ,
( 129' )

L u·hoa em oiM ao·mez


'-
de Ab ril de 1821,,
.
ie ·sob re as a nuas de Portugal impri mio a:;; e ha poucos mezes .. remettidos d'aguelia
d o .Brasil: talvez tenha razaõ ao· menos P raça para a <le L ondres, deviaõ habilita!-
para os · chumbistas, .que esperando por os- () a cortar com rnaõ mtiis larga , e a du-
sos de defunto , e vendo conserva<lus as 11licar , ·ou ·triplicar o reforido prazo , o
mesmas dimensões nas ·chapas, e · c nnhos que redundava · ainda em maior prejuízo
antigos como· modernos , acha ráõ na facili- da Fasen<la Publica: i valha-nos Deus com si-
dade do ·recunho dtt moeda um signal se~ m ilhantes miserias ! mas em fim o The8ouro
guro da.nossa: proxima uniaõ com Portugal. paga tu<lo. O Sr. Imparcial; querendo defon-
Continúa - O Tamoyo N.º 8 calurnnia igual- <ler o JYJ1111·stro de Fasenda, consegue o <'ontra-
•mente o Ministro de .Fasenda no · que ·toca : á rio do que pretende, porque att: a condemna;
'Venda de trez mil quintacs de páo-lmisil' quan- por exemplo diz que a Junta conhecendo
do assegura cum ar de infalibillidade , ·que se haver coriloio ,. officiára perguntando se ha-
havia o.fferecido · o preço de 22:000 por quintal via <le ·arrematar o páo.brasil pelo maior
&e. até o fim - O Tamoyo nunca alal'deou preço que apparecesse, ou remetel-o para
de inialli~'e!, disse somente que lhe consta- os mercados da Europa; i que foz o Minis~
va haver obtido este preço, (lêa-se o N. 0 8) tro ?' Responde que a naõ obter açui certo
e sobre elle assenlott as suas reflexões ; preco, o mandasse · para· Londres ·aos seus
porem . agorn faz n1ais ' remette ao conhe- cor;espondentes: ora· é isto o que o Ta-
cimento do Publico os <locumentos authen- moyo censurou, · por que devia · entaõ dei ..
ticos , · · -0u proposta e carta de Dionizi'o xar ao arbitrio 'da Junta a escolha do Mer-:
Trios/e; _por elles se vê qu~ offereceu 22:000 cad{), ·que · pelas notiCias -recebidas promet•
p~r quintal; que se ' propunha a comprar tesse venda mais · vantajosa. Diz ·mais paràl
os. trez mil quinlaes existentes em Pernam- defen<lcl~o que o ;preço medio do 'Páo-bra..:.
buco debaixo · <las condições, que apresen.:. sil por quintal fõra nos annos de 1818 à
ta'Va ; e demais pedia ser ouvido no caso 1820 . de 22:945; nos de 1821 á -1822 de
de maior offerta, ou C'm razaõ ele sua an- 47:621; e o medio dos cinco :annos 32:916~
tecipaçaõ ser preferido na concurrencia de e ê taõ desgraçado que até erra contra si
íguaes preços: j como agora o Sr. Imparcial em divisões taõ simples., porque o preço
:falta descaradamente á verdade , dizendo medio dos dous primeiros numeros é 35:283~"
q uc Vrioste .só oiferec~ra este preço. por ~a que vem os preços dos annos antece-
600 quintaes ! Eis porq ue nós dissemos , dentes ? ( invali<laõ por ventura o preço
que os · rnente-captos eraõ estranhos a tudo, corrente dó genero . no anno de 1823, que
roenos a sandices e maldades. Se . a Junta do segundo noticias verídicas anda por 23 mil
Banco ou o J'lfinistro , nnõ . esteve pelas con- e tanto réis? i Minoraõ por ventura as sus...
dições do dito Vrioste, e quiz ' arrernata1-o peitas que havia de maiot· b~ixa , por se
em praça publica, impondo aos comprado- áchar um grande carregamento em GióraZ-
·res condições mais onerosas , a culpa nao tar sem valor , e pela nova remessa de 40
é nossa, porem sim do Mú1istro que devia mil quintaes proximamente chegados.._ de.
procurar inteirar-se do verdadeiro preço· Pernambuco, Paraiba, e Rio Grande dr: Norte?
corrente deste geriern . nos mercados da Ora Sr. Imparcial reali~e. o nome q_ue adoptou,
Europa; e certo de que promettia grande e confesse que o Ministro de Fasenda, · ott
baixa, acceitar a otferta. -Dos erros do Mi- curto em tudo, ou julgando super.fio para
nistro apro veitaõ-se os dous negociantes; e o bom desempenho do seu cargo o conhe-
se dessemos credito aos rumores, que hou• cimento dos preços que obtem as produc-
·ve sobre esta transacçaõ, sem duvia acres.. ções do seu Paiz nas differentes Praças
ccntariamos algumas . particularidades de mercantis da Europa, gasta o seu tempo
naõ pequena instrucçaõ e deleite para o sómente em pagar o que deve , e pode ,
P ublico. O Tamoyo naõ disse que o preço e em receber o que lhe daõ. T ermina fi-
medio do páo-brasil vendido em 1815, 16, nalmente o Sr. Patarata dizendo , que o
&e. fora de 20 mil e tantos réis, ·(veja-se Tamoyo declamara contra a ignorancia, e
o N. 0 3) ; e tudo o mais que a este resJ esperdicio do .Ministro actnal - para /a~
peito ex pendeu, fica em seu inteiro vigor, :zer cdi· a necessidade , e absoluta dependencia
porque o Sr. Imparcial em toda esta parte da administraçaú passada , que muita gente su-
aa ~ua carta naõ allegou uma só razaõ perficial acreditou milagrosa , mas que bem triº-
para contestal-o; e só temos de accrescen-- vial se manifestará, quando apparP.cerew, as ma-
tar que o Tamoyo . foi muito moderado .; ::elas do 1'1iesouro - Engana-se Sr. lmpar-
quando aprazou um anno p~ra o comple- ..cial, naõ tivemos em vista inculcar a ad-
Inento total de similhante negociaçaõ; por missaõ elo antigo .Ministro, hoje impossível
que os diamantes mandado~ d'aqui para P elo *~
· que acrma dissemos : tivemol) sim em
(
.
( 1}0)
Jnira mostral' os descuidos com'rhettidos pelo sabedoria resolveu disctmaõ publica e De-
.J11inistro actual, e encaminha1-o melhor, putados da intima. amisa<le do Presidente
quando para o futuro houvesse de tratar requerera'õ que o relataria e mais papeis
casos identicos. Tal é n tarefa a que nos fossem impressos taes, quaes haviaõ sido
)igamos; tenha paçiencia, se lhe naõ agra· apresentados. Concluímos agora perguntan·
<la. Quanto porem ao milagre , ou triviali- do ao Sr. imparcial; ~ quem teme a publi-
dade da a<lminístraçaõ passada , deixamos cidade das mazellas do Thesouro, o Mi-
por ora de ser juizes em tal materia, por nistro actual que requereo Sessaõ secreta,
que adt7uc sub judice lis est; mas podemos ou o passado, entaõ Presidente d' Assem·
affirmar-lhc que o e.<-Ministro teve em um biéa, que ouvio com satisfaçaõ a falia de
auno de fazer despezas extraordinarias, um de seus Irmãos pedindo a impressa.ô
que lhe naõ saõ desconhecidas, como por de tudo, e discu ssaõ publica? Nos deixa·
exemplo com algumas obras publicas i e mos á sua sagacidade a soluçaõ de simi·
reparo de outras , com a Acclamaçaõ e lhante dilemma ( leaõ·se as Actas dos dias
Coroaçaõ de S. M. I., e com o Baptisado 6 e 7 deste mez ).
da Senhora Infanta D. Paula, com o repa- A Deos Sr. Imparcial; receba este ser·
.ro dos aquartelamentos, e Fortalezas da maõ em replica ao seu, e no fim da lei~
Corte, com as fortificações em toda a cos- tura reze trez Ave Marias pelas almas do
ta desta Província ; com os soccorros em Purgatorio, a fim de que estas lhe obtenhaõ
.petrechos de guerra para as outras, com de Deos mais miolos, e entaõ possa reS•
11ma Marinha, com o acressimo de Tropa ponder•nos novamen1e com mais sizo.
de terra e mar, com diflerentes expedições
,para a Bahia e para o Snl, com a compra de Documentos.
J')ovas emb~rcações 1 e de muitas provisões III.mos Srs. - Levo a presença de VV.
de guerra, com os Deputados d'Assem· SS. as conJiçõ es com que me proponho
'bléa, e com os vindos das Cortes de Lü. comprar o páo-brasil ,. que se acha em Per•
1hoa , e para tudo isto achou recursos sem nambuco, cuja veHda he commettida a VV.
esquecer-se de pagar tambem muita divida SS., roganJo-lhes o obsequio de communi·
antiga; podemos assegurar-lhe ainda mais, carem com a possivel brevidade a sua. de..:
que o ex-Minútro nunca torceu o genuino cisaõ, e mesmo de se dignarem ouvir-me
isenti das Leis, ou as violou , e nem mes- caso outro seja o preço que qual quer of:.
mo se valeu da sua .authoridade para ser· ferece para a s ua compra.
''ir, ou empregar parentes e amigos, al- A minha antccipaçaõ neste negociO'
guns dos quaes até foraõ e sbulhados do me lisongca de merecer <le VV. SS. e9ta
gozo. de antigas mercês por que assim o atlen~~aõ , ~ ainda mesmo de preferir em
requeria o cumprimento dà Lei , e o in- concunencia.
1eresse da Naçaõ: de outro tanto naõ po- Sou com todo re speito de VV. SS.
'1erá gabar-se o actual Ministro nem agora, Venerador - Rio 26 de J 11 lh o de I 823
e nem mesmo no regimen velho, por que Dionizio Vrioste. - llJ.mo• Srs. Deputados do
os se us amigos e parentas testemuhaõ o Banco do Brasil.
contrarto. Se ha dividas do tempo da sua Proposta que faz ti Junta do Banco,
administraçaõ, naõ arlmira; naõ sabemos o abaixo assignado.
se houve milagre n'ella 1 mas aliançamos Perte~1de comprar os trez mil quintaes
que ao menos mereceu a cooliança publi· de páo-brasi l , que se achaõ em Pernamb1t·
ca, pois gue achou credores e de bom co, pelo qual offercce 2'2:000 o quintal ,
grado. O Ministro actual faz montar a di. com as seguintes conctiçõc s :
vida a quatro milhões e meio; alguns Que esleju cortado e preparado na
Deputados contestaraõ todo o seu relatorio, forma que se praticava , e que seja de
e_ prometteraõ fazer vêr em tempo a fa]. boa qualiJade; o q uc se reconhecerá por
s1dade delle. O que ha de certo, é que peritos.
o tal relatorio estava prompto no mei de Que será pago nesta Corte, logo que
Setembro, e que o actual Ministro esperou venha certeza <lc ter sido entregue ao En~
GUe o passado fosse nomeado Presidente carregado do preponente , e ter saido
para naõ pod.er fallar; é certo tam bem que barra fóra sem embaraco.
o actual .Mzmstro requereo Sessaõ secreta, Sendo admittidos a~ condiccõe~ acima.
cuidando que de. affogadilho fazia engolir o proponente dará as segurnnç~s necessa ..
. s~ns erros e m~ntrras, e empolg·ava o sus· rias. Rio de Janeiro 25 de Junho de 1823,
.Pirado emprest1mo. A Assembléa em sua Dionizio Vrz'oste.

RIO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL. 1823.


N. 31

SEGUNDA FEIRA 3 DE OUTUBRO DE 1823.

Tu vais de ccs t irm1s ln fwreur de~potique.;


Its pen:;ent que po11r er1x Ir: Cie/ jit { Amuique.
Yo1 : r. ALZIRF..

RESENHA ANALYTICA DOS PERIODICOS DA ~ Quem pois incorreo 110 grosseiro erro de sup-
CORTE, DA SEMANA PASSADA. por gue aristocraci a ho synonimo de distincçaõ,
o T'amoyo ou o Sylpho ? t, Quem quererá recor-
This ha·rd to say , if greater want ~( skill rer a synecdogues, ou melony_mias , para desen-
.llppear in wriling ar in judging ill; redar-se do wgumento ? t P or parte de quem
But of the tw o, lcss dangerous is th' ojfence se poraó agora -les rieurs?
To tire 01tr patience, than. mislead our srnse, Naõ he a gratidaõ, como o e:r-Sylph()
Pope. Essay on Criticism. suppoem, quem move a nossa penna; sin-
c eramente sentimos naõ termos motivos p a~

N ÃÜ nos causou pequena surpreza ver-


mos o norn destino que o Redactor do
ra exerce rmos taõ nobre acçaõ, ainda que
fosse cm ai;ra<lccimc11tos á Sociedade Li-
teraria de Buenos-Jlires pela remessa de al-
Diario do Governo <leo áquelle Periodico , g uns N. 0 ' .do seu Periodico: quem nos con-
fazendo .o can~l para emittir ao Publico duz na escabrosa carreira em que entra.:.
respostas a .questões suscitadas entre o Ta- mos, he o amor da Patria, e mais ninguem.
mo.110 e o Sylpho; sendo que este ultimo Teima o e.r:-Sylplw em ler razaõ para
ainda existe, e p arec ia natural que nelle chamar bcnenieritos a .lanuario, llobrega, e
se publicasse quanto sobre taes questões L edo. A imp a rcialidad e jamais se negará
houvesse que dizer da parte do seu ex- á confissaõ de que clles em rnelhur tempo e
Redactor : porem isso he o menos , vamos melhor sizo prestaram seus seniços á Causa
ao substancial. do Brasil; mas essa mesma imparcialidade
• Explica-nos o e:r:-Sylpho o que entende lhes naõ concede a.quclle titulo , mui su-
por igualladc , e com elle nos conforma- periot~ aos seus merecimentos, e meno:i ain-
mos; ensina-nos depois o que seja aristo- da scntlo estes conlrapezados pelos males
cracia, e sobre este ponto cordealmente a qu e pcrtenderam conduzir-nos por motivos
lhe agradecemos a liçaõ, porque a fallar bem notorios a todos aquelles que entraram
a verJ.a<l.e naô sabíamos o que aquillo fos- no conhecimento dos negocios <lo Estado.
se. O Tu.moyo, Sr. e:r-Sylpho , naõ ignora o .;.. Lemos o N. 0 67 do Corí'eio, e nelle o
que por aquelle vocabulo se entende; quem éx tracto de uma carta em que se perten-
mostrou ignorancia da sua significaçaõ foi de prevenir o juízo da Mesa <la Conscien-
V m., quando em uma nota ao artigo do cia em consulta que ha de fazer sobre (lj,
Projecto da Constituiçaõ , no qual se de- versos Ecclesiasticos que aspiram a um
signa o tratamento que deve competir -a Beneficio; sendo naquelle extracto bem no-
cada uma das Sallas Ja Assembléa, faltan~ ta veis as seguintes expressões : os Deputa-
do-lhe talvez coisa melhor que dizer, ex- dos da .Mesa encontraraõ no integerrimo Minis-
pressou-se nestes termos: naõ ha lugar por tro da Justiça a repulsa contra qual9uer illega-
onde naõ minem , e naõ pertendam ter ingresso lidade que apparcça na Consulta, pozs elle como
as .pertençóes aristocratas : irri so ria ref-lexaõ i'liimigo declarado que he das arbitrariedades ..•
c5ta, a que o Tamoyo com ironia respondeo basta, e para mostrarmos que o author da
o que se lê em a Resenha do seu .N.º 25. carta tem rasaõ , diremos somente que es;.
*
( 132 )

se M úws dos nossos dias, justiça personi- lu b ili dade malogrou uma importantíssima.
ficada , chega. a dar Igreja s por Decretos, negociaçaõ com uma Corte estrangeira. E x-
sem fãzer caso de opposiçóes &e. plique-se o Sr. Simplicio a ver se lhe po ...
Passando ao N. 69 vemos uma carta demos dar resposta : por ora naõ sabemos
do Sr. Simp licio sobre o noeso N ·. 1 ~- ~rin­ a que passaro ati ra.
cipia aquella carta po r desprez1Ve1s ~nve­ Diz o S r. Sim.plicio que naõ he somente
divas em que.., para nos tornar od10sos .(;Orti o dizer gue engordou o ptysico Th esouro •
aos olhos do Publico, l a n~ o seu authoºr sobre que aprorzt·ou esquadras , e e:rereitos , 9ue o P.u-
nós , ou a ntes sobre os .11.ndradas a que ólzco ha de ficar convencido de 9ue o Sr . .Mar...
verdadeiramente s·e dirige, suspeitas de ·que tim F_rancisco f oi bom Milnistro de Finanças..
saíram da nossa penna os sarcrasmos que Convimos nisso, e daqui se segue que essa.
se publii:;avam no çujo Espelho, e precediam convics'aõ geral , que só o Sr. Simplicía
ao horroroso massacré do Redactor da .llfq- <lesconhece e conte5ta , nasce, naõ dos
laguef?-, Persuadidos de qure. -0 Sr. SimpliciG ditos do ex~Ministro , mas da s s uas obras:
perfeitamente sa.be quem io1 .º author des- sendo por consequencia- innegavel que elle
ses sarcrasmos, e quem praticou esse mas- tinha form ado pltrno de finanças .
sacre, arteiramente lembrado naquelle lu- Contesta o Sr. Simphcio a quantidade
ga(, -naõ achamos termos com qw' possa· de vinho que o T amoyo affi rma ter entra.-
mos responder a tanla má fé ; e rasaõ ti- do em 1821, e diz que aq_ueHa quantida
vemos para aflirmar que, segundo a -theo- de subio a 14:500 pjpas, fundando-se pa..
ria de Gall , a pequenhez do craneo do ra isto em uma Certida õ d a Estiva. Se
.Sr. Siniplicio naõ implicava com ú orgam esta Certidaõ he verdadeira, se rv iria para
da ast ucia ou velhacaria. Que se debatam enforcar os que a passaram, pois a entra-
<>piniões, que se cont~stem ~actos, que a~é cla naõ confere com a saida , por onde se
no escrever se perm1tta mais alguma coi- regulou o Tamoyo. 2 O que he feito <lo res.-
sa, do que liberdade '· em rnaterias que to desse vinho que entrou? 2 O Sr. Minis'"'
naõ arriscam a segurança · publica, he de tro das Financas dorme a somno solto so
homens; porem attribuir a innocentes aqui}. bre taõ enorm~s roubos commettidos cont~&.
10 que o próprio accosador sabe que elles a Fasend a Publica? ... Quanto ao cambio.,
naõ praticaram , he de pre\'ersos, he de o Thesoiro pode testemunhar · se ha ver.:.
h omeris indignos , e desmoralisados , c uja dade no que aftirma. Os saques sobre· elle
vista roal sofrendo o resplendor da virtu- mostram que o carn bio ~esceo a mais de
de, pertendem eclipsal-o com o opprobrio 46: e todos sabem que, te ndo depois
que e11es ·sos merecem.. . . subido, vai gradualmente baixándo. Dei-
Eng.a na-se o Sr. Simplt!:W quando as- xemos o resto . para outra vez, e será cn-
~eve ra que o Twnoyo mostrara excessiva taõ tratada a rnateria mais amplamente.
d or ao apontar-se-lhe o qlle chama erro A carta ·<lo N . 71 , debaixo da assig-
do ex-Mi nistro da Fazenda no Decreto de tara de Honrado Bras~lciro , he taõ pouc<>
30 d e Deze mbro do anno passado. i Sem- Brasileira, q ue naõ m e rece anal ysc; só cus-
pre falsidades ! ... O Decreto de 30 de taria a crêr a teima com que querem devar
Dezembro só pode ser erro na cabeça do o Tamoyo a mais do que e lle pertende, e
Sr. Simplicio: para quem sab e Economia faria corar <le . pejo a todo o .Brasileiro qú~
Politica , he outra coisa: e lendo-se esse se preza de o ser, o pensar que h O'U ve sse
N.0 do Tamoyo ver-se-ha que nada mais gente no Brasi[ taõ petulante e ignorante~
fizemos, do q ue d esenvolver a questaõ. Quan~ que insultasse aos-Literatos seus naturaes,
to ás criminações que o Sr. Simplicio faz quando a Eiirapa sabia os -apregoa com.
r eviver contra os ex-Ministros, infinitas bonra nossa , e os tem associado á maio~
vezes se tem exuberantemente Tespo nd i<lo parte dos seus Institutos S-cientificos.
a ellas neste P e rio<lico, e aos nossos Lei- Passemos a ver o que nos diz o Sy{..
tores recommendamos com especialidade a pho em seu N. 2:3. Ahi uma carta do Sr'..
liçaõ do N. 5. 0 sobre este ponto , assim Cararnurú atlirma que as doutrinas emittidas
como a do Diario- do Governo .sobre as em umas carta s publicadas n.a S entinella N ..
chamadas nullidâdcs da devassa a que nes- 14 , e mesmo no corpo deste Periodico ~
ta Corte se procedeo , e previa censura pass~ram ·para o 1'<.1m~yo, e que, foguete
da pre nsa. daguz , Jerrotoada dacola , foram malhar com
Affirma o Sr. Simplicio que os Ministros sigo na S enh°'nella. N a6 temos presente o
foram sempre voluveis ( i quem tal d iria! ) citado N. daquelle Pcriodico; porem , ver..,
no seu modo de obrar, e que esta vo- sundo essas cartas, como o Sr. Ca.ramwrú
( 133 )

.dá · a entender, sobre chumhismo, naõ sa- tornal-os cada vez mais .rivaes hum do ou:~
bemos com que fundamento affirma termos, tro. Est8: verdade ~e ~e simples infoiçaõ,
a poder de foguetes, e ferrotoadas , mudado e as paginas da Historia a attestaõ a cada
de opiniaõ; quando pelo contrano ma!-cha- passo. Dei~~do pois sitações , que naõ
)Dos no mesmo terreno, e por ora ainda cabem nos limites d'huma caria, basta ehca-
naõ vencidos. rar para os rezultaàos da innocenc1a reco-
o N. 24 do Sylpho contem uma carta nhecida , e - para o restabelecimênlo dos
em que o e x-Ministro da Fasenda he ac- Bernardistas de S. Paulo! para conhecer as
cusadô de ter feito sofrer preterições a va.. funest~s consequencias de taes medidas.
J"ios Officiaes daquella Repn.rtiçaõ; sendo Ufanos estes malvados, que já se con-
para notar que em um só ponto funda o tentavaõ com o perdaõ de seus crimes ,
acéusa<lor na Lei n. sua criminacaõ. Como que altamettte c onlessavaõ, empregando as
naô temos cohhecimento dos m~tivos que ultimas baixezas para escaparem á espadq
dirigiram o ex-Ministo, naõ podemos r es- da J ustiç~, suspensa sobre suas cabeças;
ponde r ás arguições ·do Sr. Cornb.inador, mas ·ufa rios, d1go, com o caracter d'innocencia,
:reparamos que este Sr. se doe das Porta- que em vaõ se lhes quer li beralizar, tem
rias que o mesmo u-Ministro mand ava a posto esta pacifica Cidade e Provincia
Affa.ndega, e com que se atalhavam ·gran• n'huma convulsaõ terrivel, continuando seus
.des roubos; o que nos <lá mui favoravel antigos projectos de tudo confundir para .... ,
idea da sua pessoa. ~uanto á ~em_.?çaõ. de r- e de mais á ~1ais procurando Yingar odios
Empregados desta ult:ma Repartiçao, sa1ba - cada vez mais exaltados. Apenas começa-
que pe1o Foral he permitti do até ao Juiz raõ a recolher-se, appareceo no Correio do
o fazei-a; e sobre a suspensaõ delles 1 naõ Rio N. 0 16 de 19 d e Agosto o extraclo de
temos. nóticia de nenhuma. ~alvez torn~~ huma carta de ~· Paulo,. onde o subscrip·
tnos amda a e5te ponto, depois de adqm· tor J. S. T. (Jaime da Stlva Telles) avan~a
rirmos informayoes exactas sobre elle. falsidades imperdoaveis; e que bem de-
Pelo que respeita a nota do Redac- pressa appareceraõ ao publico por meio
"tot do Sylpho, respondemos com o que da imprensa, e pelos meios que a Ley
:fica dito riesta Resenha sobre um dos N.0 s offerece aos. nella comprehendidos. Suppo-
do Corre?o, e com quanto em nossos N°•. nhamos, muito de graça, que existia a l'eali-
antecedentes se tem dito. dade desse facto ; pergunto, Srs. Rcdaéto-
Va a S entinella fazendo pass!\t' p ela. res, quando he qu e n'htlm Estado Cons-
.sua Gamara aplica os inimigos do Imperio, titucional se inhibio o direito de petiçaõ e
e merecerá os a.braços de um Tamuyo. reprezentaçaõ? Quando naõ fosse publico
que os sabíos, e honrados Ahdradas se di-
mittiraõ elles mesmos do servico Ministe-
rial, o que lhe,s cumpria faú'r todas as
e o R R E s p o N D E N e I A. vezes que julgassem sua reputaçaõ com-
promeüida, ou naõ quizessem ma-is servir~
Senhor Redactor. o que unicamente se poderia dizer he que,
aquelles que pedirem sua reintearaçaõ no
Cheio do mais completo prazer li o Ministerio, reconhecendo seus ~balisados
!leU N.t> 20 do TamO!JO , e saõ taõ fortes Serviços · naq uelf e importante lugar, esq ue-
1!mas razões, taõ especiosos seus argqmen- ciaõ pequenas faltas em prezen~a de seus
1os nelle, que <leixaõ o espirito no mesmo grandes feitos, e da prec1z:lô que o BraS'l l
estado de quietu~e , e satisfaçaõ, ~ue se tem de suas luze:i, e da sua rnteireza no
experimenta· depois de ter aprehendrdo hu· exercicio da administraçaô publica. Mas
ma certeza apodictica. naõ : elles lança v aõ a barra in<l a mais. lon-
Ganhando sempre no coraçaõ do ho- ge: elles trama vaõ novos laços para com-
mem augmento de intensidade o fogo das. prometter a honra d os amantes, naú disse
paixões sopito pela Lei, e ateado de novo bem, dos idolatras do Brasil, e de seu
por huma dispensa, ou derogaçaõ intem- Augusto Imperador. O espirito verriginozo,
pestiva d'ella ; todo a acto, que lhe dá a que os anima, liies suggel'io hum meio ,
existencia, he sempre bum verdadeiro mal. que á seu ver era o maJg apto pnra per-
Desde que dous partidos se chocaõ com d:r na opiniaõ publica os verdadei~os pa-
opiniões diametralmente · oppostas , querer t11.otas; e por consequenc1a seus JUrados
.conciliai-os impondo silencio á ambos, e inimigos sonharaõ a ex.istencia do proje-
JJivelando seus direitos he excital-os , e cto· de huma Re·p ubliea levantada em. S.
~ 111< ii
( 134 )

Paulo ( ó infeliz aslutia ! ) Huma Repu- NOTICIAS NACIONAES.


blica em S. Paulo!!! Com que elementos ?
Em que bases dcscançava este edificio ? Contitinuaçaõ da carta da Bah ia, começuda
Que he <las disposições anteriores; que he a publicar em o JV: 26 deste Periodico.
d.as combinações _entre as Villas, e col!l
as outras Provincrns , que podessem auxi- Esta b rilhante consequencia do patrio--
liar a esta , fa lta d e numeraria, e de força tismo foi obra da uniaõ firmissima das vonta-
armada para resistir aos ataques de todo des que se ligaram para conseguirmos a nossa
o lmperio com quem entrava na maig atu- felicidade; e naõ da estragadora discordia.
rada lucta; p ois esta idea he subversiva Talvez qpe., se naõ fosse o <lesenvolvi-
da opiniaõ geral , e dos mais sagrados m~nto da sabia Política do Illustre Sr. De-
juramen1.os prestados á face do C eo, e putado J osé Bonifacio d'.flndrada, na quali-
<las Nações. Mizeraveis cabeças , que tal dade de honrado patricio, q-ue promoveo
monstro conceheraõ ! Hum semelhante pro- pelo bem d a Patria commum , naõ tom <1.s-
jecto só podia ter lugar na infame caballa , sem os negoci0s do Brasil o pe de fortu~
ennunçiada por hum celebre Madeira, que na a que se acham élevad os. A este gran-
quer cobrir seus crimes com serviços in- de homem respeitav el pois devemos erigir
tempestivos: e só podia ser acreditado padrões <la nossa eterna gratidaõ , que_,
pelos cerebros hebetados d e bons, e since- qual outro Fra:nclclin, arrebatou o sceptro
ros anciões , que ora ge mem com o pezo á tirannia do demagogo
.
Congresso
.
PortuP-uez
. o
Õesta Província , sobremaueira superior a que nos queria escrav1sar por me10 de
~eu s fracos ombros. mortiferas baionetas .... Os nossos Deputa-
Saiba pois o Brasil inteiro, cuja at- dos em uma Assemblea no nosso mesmo
tcnçaõ chamamos sobre os bons, e hon- Imperio promettem a interessante prospe-
rados Paulistanos, que aquelles qu ~ forem ridade dos nossos negocios, que se haõ de
'Pronunciados nn. Devassa a que sobre este dirigir por Leis mais brandas, que rege:-
oelirio se mandou proceder, caso esses raõ a 'I'erra, que naõ traraõ grilhões pe-
malvados levem á, vante sua negra impos• zados em troco da casta Liberdade. Te-
tura, naõ te mem vãos perigos, e peque- mos grandes genios, de ideas muito libe-
nas privações, q_ue só acobardaõ almas vis, raes , que se acham reunidos em Cortes;
e criminozas : tremaõ os malvados da res~ onde naõ sabemos por que principio se naõ
ponsabilidade , que deve pezar hum dia acham. os illustres Srs. Deputados Barata,
sobre suas cabeças: e convença-se o Muq- e Framcisco .!Jgostinho Gomes , hesitados em
<lo inteiro que os verdadeiros Paulistanos, Pernambuco, _abusando das nomeaç-Oes que
5eguros no testem unho <le suas conscien- lhes fizemos no nosso brioso Reconcavo
cias, Tribunal imparcial, que só applaude ~ommu~1can . d. o-nos em Periodicos aquellas'
aos virl uozos , e cujos Miúistros naõ se 1deas hteranas que só em Cortes deviam
corrompem, desde já protestaõ que clles debater-se: ·mas temos noticia que já en-
naõ exigem perdões, nem se conter:.taõ traram em seus deveres, pois pediram soc-
com o reconhecimento de innocencia por corros ao nosso Governo , cujas ordens ha.
meios illegaes , e improprias de hum Es- m ui to foram dirigidas ao de Pernamb uco;
tado Constitucional. e naõ esperamos queiram <livei,gir-ee <le
Queiraõ pois , Srs. Redadores , inse- trabalharem com os nossos Irmãos a bene-
rir no seu excellente Periodico estas ex- ficio da Pat_ria, por ser esta a obrigaçaõ
p ressões de hum Selvagem Brasileiro , que dos bons Ctdad ãos, quanto mais tomando
nada inveja aos Brancos do caduco Por- ~11.es o cargo da nobre representaÇaõ po·
tugal , e cujo coraçaõ ainda naõ corrom~ htica em nossa Assembléa Brasiliense: da
pi<lo com as nojentas maximas de vil adu- qual naõ. só esperamos Leis taõ puras,
l~çaõ, e da intriga , reconhece toda a dig- . ~on~er_nentes á nossa .dignidade , como
nidade <lo homem; e naõ deixando nunca JU stice1ras, e favoraveis; que naõ cauzerq
perder alguma coisa de seus direitos, se pêzo_ na sua execuçaõ ao Immortal Defonsor
m ostrará sempre á face do mundo como. - Perpetuo do Imperio.
Hwn impavido Guayaná. - S. Paulo 4 de
Setembro de 1823.

RIO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL. 1823.


_N. 32

TERÇA FEIR~ 4 DE NOVEMBRO DE 1823.

Tn vais de ces tirans la .ftireut despotiqut! ;


Its pensent que pc;ut eúx lt Cie l fit l' À?t1eriquc.
Vo L T; ALZIRP! •

. .. .. Ridiwlwn acri que os vinhos entrados neste Porto em


;Forliús et mctiús ma.g~zas plcrum que secat res: Agosto e Setembro de 1821 montavam a
Horacio. 5:831 pipas. Pede uma elas Authoridades

S R . Reclactor; por naô sei' extenso de mais ,


ilei:i:o de mencionar o :i;urrilho ; -0u enxurrada de
da Repartiçaõ Certi<laõ dos despachos das
mencionadas pipas naquella Meza 1 he e!>-
te .despacho a presentado ao Escritraõ da
Portarias despoticas e arbitrarias; gue o e:c-.l'r.li- Estiva ; ~ e que . eip~d:iente tomaria el-
'llistro e:i:pedio á Alfandega, pelas quaes suspen- le'? o que ningnem . adiv.inha: dá-se po
deo a alguns .Empregados , 1nudou a outros des..__ suspeito; Se he verdadeiro o ditado quen-.
:te para aquellc Emprego com descredito dos in- se pica, alhos c~17U'. , este s~mples procedi
dividuas , e tudo úto sem lhes fomwlizar pro- mcnto do Escnvaõ da Estiva bastara pa-
cessos , pelos quaes se conhecesse se elles eraõ, ou ra dar justo motivo de suspeitas. ~ Que
naú má(ls Emprel{ados 1 porem felizmente tudo rasaõ pode ter qualquer Empregado que $
isto está remediaclo , pois se acham todos resti- faça : repugnar a passar uma certidaõ da-
tuídos aos seus antigos Lugares. Assim termi- quillo que está confiado ao seu cuidado?
nava a carta do Sr. Cumbinadot , insetta no Como naõ era de maneira álgumà pos . .
Sylpho N. 24, e sobre a qual ja levemente sivel que o Juiz admittissc similhante sus-
tocamos em a no5sa ultima Resenha : agora peiçaõ ( í Deus sabe a dor que por isso
porem que temos, como esperavamos, in- ficou no coraçaõ daquelle honraclissimo To ..
formações mais exactas sobre o facto , e gado!) i_que havia de fazer o bom Escri-
em nossa maõ documentos authenticos que vaõ da f.:stiva a fim de ver se deitava cin-
a s abonam, foramos de certo injustos se za nos olhos de quem vê cem Yezes mais
naõ desembainhassemos a espada da j usti- do que elle ? esperteza de camundongo
ça, e n·aõ nos pozessemos em campo· para ( i que nem de rato se podem chamar!) :
defendermos a enodoada honra daquelles pedio-se uma Certidaõ unicamente das pi-
Empregados , isto hc dos Srs, Offidaes da pas de vinho que se tinhaõ despachado·
Estiva a quem teve em vista: 9 author da e elle junta-lhes tambem as de vinagre :
carta , cujo paragrafo deixamos transcripto. as de agoardente, e as de azeite , vindo
J a dissemos na precitada Resenha naõ todavia especificados estes generos: pedio-
nos constava que o ex-Ministro de Fasen- se uma Ccrtidaõ dessas pipas de vinho
da tiressc suspendido Official algum da Al:- precisamente despachadas nos mezes de
fandega; e que, quanto á remoçaõ o Fo- Agosto e Setembro de 1821 ; e elle prin-
ul d~ mesma Alfandega para isso auttlori- cipia a Certidaõ desde Maio e segue até
sava atf: o Juiz della, parecendo-nos que 17 de Outubro do mesmo anno. A isto di-
o ex-Ministro assim obrara simplesmente rá alguem ~ eis ahi wn Empreuado capaz, um
cm virtude da faculdade do mesmo Foral; Empr~f{aclo deligentc , um ho~em que merece
mas agora estamos convencidos do contra- com. justiça. o ordenado que recebe : pedem-lhe
rio: e eis-aqui o que tem chee:ado ao nos- Certidaõ dos despachos do vinho , elLe a dá tam-
so conhecimento. ~ ·bem do viuagre; pedem-lha desses despachos so-
Por um documento authentico consta mente no espaço de dois 1ne2es , elle a dá dé
~
( 136 )

~mco me::es ; te hauera, mnda pel'vcrsos que ou- d a sua representaçaõ na ordem social,
.sem maeular a sua inteira rrputaçnv '! D ern g:tr reune um c1 edito proporc ionado , naõ acho
com a reza, Sr. , quem quer que V. m. out ro meio de just.lficar-me para com o
sej a; tenha paciencia,. e escute o rest_o sem PubJ;co, perante ct~o Tribunal C') pende
boquej ar: naõ 11enha rntei'fomper o lio da j~t a .mi nha accusaç<l.õ, <lo gue da r á luz
uossa hi;:;toria. as peças juntas, para que por e!las de-
Dissemo<; flile por um documento au - cida se foi coliunnz'osa ª~suiçaõ a i11formaçaô
thentico' constava que a ent rada d o vinho dada a S. .~. I. , e m Junho d es te anno ,
em os dois mezes de Agosto e Setembro sobre o de sgos to com que os Povos da
montava a .'i:8:~ 1 pipas , e he bem natural C ampa nha d e JllonLCT:we.o supportam os
que todo o mundo espere suba a muito aúoletarnentos de tropa, e se ha rasaõ para
:mais daqu elle o numero total das pipas naõ chamar ar;;·uiçües ás illformas;ões <lc urn
só de vinho, mas tl e ;-inagrc , agoar<l en tc Procurador, quando estas só tem por ob-
e azeite; naõ só ele dois mczes, pó rem jecto al1viar os PuYos de um onus insup-
de cinco , constante <la Certidaõ do Sr. portav el, sem queixa <la Aut.horidadc que
Escrivaõ da E stiva : pois enganam-se, por- o dispoz ou o tolera.
que toda a sua CertiJaõ apenas sommou He çsta uma qucstaõ promovida pel<;>
em 4: 15-1 pipas de todos aquclles dilTcrcn-
1 J. e E. Sr. Baraõ da Laguna para dar
tes liq ui dos , vindo por conseq uencia a fal- principio a outras l1e um caracter mais
tar ainda para preencher o numero d e pi- delicado e tran sce ndente. Se V., Sr. Edi-
pas de um só delles, attestado pelo outro t or , quizer dar-lhe um lugar nas paginas
<locumento, 1:3í7 pipas , que passaram por do seu estimavel P e riodico , seja pondo-
ftlto com gravissirno prej ui:zo da Fasenda lbc á frente a Portaria de 22 de Junho,
Publica!!! p ara que da suavi dad e do se u conte udo
A E stiva do: Rio d~ Janeiro goza de se deduza quaes seriam os termos da in..
taõ boa reputaçaõ, que a Fama occupa formaçaõ a que o Baraó <la Laguna chama
todas as cem boccas em apregoai-a até !las arguições cahtnwiusas, e 'JllÚ:ca sem Jiindamntoe.
.Praças da Europa; e em prova desta ver- -L. o.
dade aqui trarn;crevemos o seguinte para- Instrucções.
grafo ele uma carta de um commerciantc
de Lisboa, a um lngle::: ele inteiro credito Que ao Ili. S.~. D. L ucas J osé Obes adminis-
• e stabelecido nesta Praça. H Fechado nesta tra o Cc.óido da mui /!lustre Cidade da Co·
" pedimos licença de lh es envia r conheci- lonia , para que por ellus se sirva ter a bon·
" rnento de sessenta pipas de vinho branco dade de elei;ar uo conhecimento de S. M. [.
" de Lisboa, que lh es rngamo!> queiram as necessidades em que se acham os Povos
" vender ao melhor preço possível por nos- deste D espa rlélmenlo , promova alcançar-si!
" sa conta. Recommen<lamos que a venda o que 'Se pede , e e.1po11ha quanto julgar ·1t1il4

" deste vinlto se faça antes de o despachar, pCTra o que se lhe concede cm data destas "
" como nos dizem que os compradores sa- poder geral bastante.
~' bem melhor como arranjam respe ito <los G
H direitos, que saõ dobrados nos Yiuhos Pedirá que os visinhos naõ seJnm gra·
" brancos , e por esta rasaõ a qualidade do vados com a loj amen to s.
" nosso naõ se declara no conheciinento. ,, Es- Ultimamente promoverá com o seu
tas, e talvez outra~ façanhas da Estiva fo- conhecülo talento e zelo pelo bem pu-
ram de certo as que decidiram o ex-Mi- blico qnanto ju lgar conveniente ao oncrran..
nistro a remover os Empregados dclla, po- decimento desta Cidade, e Povos <lob De ..
rem ( !Sraças ao actual Ministro , e ao pro- portamento. Sala Capitular ela Colonia,
bo Magistrado que o aconselhou!) tudo es- Agosto 9 de 1823 Francisco Ro<lrigues Landi-
Lâ felizmente remediado , pois se acham todos var, ./Jlcarle de l.º votto -Manoel Escallo, .fllca-
restituídos aos seus cmtz~·os Lugares. de de 2. 0 i:otto - Estev:.Lõ ~in, Regú~01: De-
cano - M 1guel Y ncs , Juiz de PollCla -
Miguel Merino ~ Sindieo Procurador elo De-
e o R R E s p o N D E N e I A s. partamento - Por mandado de S. Sra. ,
Antonio de Azcven<lano e Leon, Fiel de
Senhor Editor. Fechos.

Atacado em o mais sensível da minha (*) Diario do Governo N. 78, Outu1


honra por um Chefe que , ao con~picuo bro 2 de 1823.
( 137)
Copia ela Portaria de 22 de Junho. se para sustentai-a naõ v1sse armar-se
o braço do Pod€r Soberano, a quem t oca,
Sendo presente a Sua Magestade o o castigo dos .seus excessos.
lmperador que o uso dos a boletamentos Excesso de ·intriga, e naó pequena ,
por casas particulares tem moti \· ado des- he o que desfigurando os factos tem log ra-
contentamento nos Pov os da Campanha do p ers uadir a S. M. I. q ue ha muit<>
do Estado Cisplati"r10 ? convindo por isso pre- tempo se tomaram providencias para sus ..
venir quanto for possível sem prejuizo do p en der o apozentamento qu e peza sobre
Bem Geral os perneciosos effeitos que os Povos do Estado Cisplatino , e que asolici-
poderaõ resultar <le simi lbante desconten- tu de elevada a S. M. I. em sentido contrario,
tamento: Manda o Mesmo Augusto Senhor era uma gueixa sem fundamento.
p ela Secretaria d ,Estado <los Negocios do Podera eu c once<ler o l.º, se as pro-
]mperio rccommendar ao Bara õ da. Laguna, 11idenc ias de que faz rnerito o Baraõ · da
Commandarite em Chefe do Exercito do Laguna cm officio do l.º d' Agosto , e
s~tl' que procure levantar os ditos abole- V. Ex.ª na Portaria de 18 de Setembro ,
tamentos das casas particulares , fazendo-os fossem algumas das que se decretaram es ..
subs.tituir por outra medida menos od10sa tando eu em Canelones em Março do cor•
e r ep ugnante ; para que esses Povos fi. rente anno; pois que, sen.d o ellas o res ul..
quem inteirados de uma vez da Paternal Sol i· tado das minhas questões em favor daquel·
citude do Meamo Senhor para tudo qnanto les habitantes queixosos, ninguem sabe,
tende á prosperidade individu al e publica como eu' que se propozeram' e naõ se
dos seus fieis subditos. Palacio do Rio de Ja- adaptaram; que eram efficazes, e fiçaram
11ciro 22 de Junho de 1823 - José Boni.. sem. effeito: o mais Ex.mo Sr., be um preS•
f acio à' .llndrada e Silva. tigio dos muitos que se forjam ao longe
para illudir a vigilancía dos Gabinetes.
Portaria de 18 àe Setembro em resposta ao· Os alojamentos existem depois de mil
Baraõ da Laguna. promessas estereis, diz o Cabildo da Villa
de Guadalipe, e me ordena que o diga a
Foi presente a S. M. o Imperador o S. M. 1. em 12 de Julho proximo passa..
officio do 1. 0 · de Agosto proximo passado, do: ... he precizo que os Povos sejam de.;
em que o Baraõ da Laguna, accusando a sonerados do alojamento, repete o Cabildo da.
Portaria de 22 de Junho ultimo , relativa Colonia em uma instrucçaõ de 19 d' Agos .. ·
ao descontentamento que 0::1 Povos da to; e em outra dos inte ressados a quem
Campanha manifestavam pelos aboletamen- affiige este peza<lo tributo, observo que
tos d e Trop.a, mostra ser calumniosa esta até igual data continuavam a ser occupadas
arguiçaõ pelas providencias que havia ha as casas de D. Francisco Sennorares, e D.
muito dado a este r espeito : e inteirado o .llnna .Fernandes , á qual naõ : valeram os
Mesmo Senhor, <lo co.nteudo do dito offi- pririlegios de viuva e miseravel para alte-
cio, Manda pela Secretaria d'Estado dos ra r a inalteravel politica com que !:e douram
Negocios do Imperio c er ti fica r ao sobre tamanhas injusti ças.
<lito Baraõ que mnilo estima qn e a queixa Se isto he evidente, ~como pode tam~
fosse ~em fundamento, pois naõ he da sun. bem sel-o que, pelas prov1dencias tomadas
Imperial Litençaõ que os Povos sejam ve- muito antes de 22 de Junho, mostre 0:
)'.ados. Palacio do Rio de Janeiro em 18· Baraõ da Laguna que ·he calumntosa a ar..
de Setembro de 18.23. -José Joaquiltz, Car.. guiçaõ que motivou a Portaria da quella.
neiro de Campos. <lata?
O Cabildo de Guadalupe , cuja repre•
O.fficio ao 111. e Ex .•Ministro e S-ecrctm'io de sentaçaõ existe já na Secretaria <le V. Ex.•,
Estado em conse<;uencia da Portaria supra. falla em Julho. O da Colonia , cujas ins..
trucções vaõ juntas, escreve em Agosto ,
III.mo e Ex. 00 Sr. -
Satisfeito com o um 20, e outro 49 dias depois 1 e naõ
testemunho da minha. consciencia, e com· antes de feita a Portaria ; ~ como pois~
a publicidade de alguns factos que naõ repito , pod e ser uma calumnia o que
perrnittem pôr em duvida os principias re('" aqui devia representar-se em l\laio, para
gulares da minha conducta no manejo dos que lá se soubesse em Junho ?
··l)~gocios concernentes ao Estado Cisplatino, A solucaõ deste enigma naõ he difficil,
jamais houvera concedido a honra de uma mas he repugnante á minha penna Ella
iseria opposi~aõ aos ataques da vil .intriga, naõ empregou jamaia a. calumnia; nem a.
* ii
( 138 )

denuncia pelo menos, qae outras se per- cade interino de 2. o· voto - Andres Feleci-
mittcm com frequencia, lhe pareceo des- anno Vidal, .!lgente J11ayor - Julian Genez,
culpavel, quando para sei· ho1;es~a e:a de Terceiro R egedor _,_ Jorge :Perez R egedor
sobra que fos5e conducente a. telec1dade Defensor Geral - Sirilo Santurio , Regedor
do Estado. e ao melhor serviço de S. M. f. ,Juiz de Policia - Felicianno C'tirrea, Sindico
Que outra coisa presuma o- Baraõ , naõ o Proc1Írador Geral.
estranho; porem que supponha arguições e
9uei:ras onde apenas ha ii:isinuaçõ.es ~ode:
radas de um Agente publico, cup m1ssao
nisto consiste, e a isto precisamente se Senhor Redactor.
reduz, he para mim tanto· mais se nsível ,
quanto na confusaõ de taes ideas só des- Naõ obstante' haver cu nesta mesma
cobre o animo resoluto a romp~r as hos- occasiaõ cornettido aos outros · Periodicos a
Widadcs com os Povos, em cujo beneficio Declaraçaõ, que aco;np~nhaõ estas barba-
se creria delicto pensar, se fosse cn.lumnia ras linhas, tomo a liberdade de pedir lam-
e,xpor o que sofrem, e pedir o que dese- bem a VV. SS. o espec ia l obzequio de
j,am, pelas vias que a Lei tem marcado, a estaparcm no seu proximo N. com aquel-
com o justo fim, entre outros, de evitar la imparcialidade, que destingue o seu Ta-
erros desla natureza. mo.110. Sou &e. - Carlos Gustavo Hedberg~
Eu espero que eslas observaçoes che- Sueco. (*)
guem á mui Augusla Pl'esença de. S. M. I., Dcclaraçaõ.
e conhecimento do Publieo, para que nin-
guem ignore as molas que se cmpregan1 Filho da Patria de Oxenstierna , von-
em hwnilhar a representa9aõ ( unica que Linnée, e outros varões iguaeo, naõ pude
aqui existe) do Estado C1sp1.ati110, só por- ler á sangue frio , e olhos enxutos , hwn
que esta se occLTpa com disvéio em sus- escri plo sem data, impresso na Typogra-
tentar a dignidade <lesse Povo, em venti~ phia Nacional cl'cste Imperio com a assi-
lar seus primili\'0.3 direitos, e em cercear gnatura T. F. G., em que o actual Rei da
uma parte da enorme sómma de males que Suecia, e Norvcga o Sr. Carlos ·de-cimo
padece. Deos Goarde a V. Ex.' Corte do qu:irlo (:H:) hc com a injustiça mais dur~
Rio de Janeiro 6 de Outubro de 1 c;23. - taxado Salteador, e Usurpador de hnm.
III.mo e Ex.mo Sr. José Joaquim Carneiro Reino alheio. Attenc~endo por tanto á gra-
de Campos , 'i'r'Iinistro e Secretario d' Estado vidade, e fatacs consequencias deste erro
elos Jv'egocios do lmperio. - Lucas José Obes. manifesto , 1mõ me posso eximir de o com·
hatcr.
Copia do § da Representaçaõ J'o.- Cabildo de Co11t1'm1ar-se-ha.
Gnadalupe, a gue se refere o ojjicio supra.

Os Povos observam que depois de mil (*) Com muita satisfaçaõ inserimos
promessas estereis contirn1arn a sofrer o em o nosso Pcriodico a Declaraçaü do Sr.
pezo dos alojamentos desJe o anno de Hedóerg, cujo Patriotismo naõ podemos <lei-
1820 , obriganllo alguns dos habitantes xar de louvar, como merece. J a cm nosso
proprietarios a viver em urna choca, no N. 25 annunciamos qual era a nossa opi ...
deserto, para . deixarem . as suas casas em niaõ sobre o modo com que convem tra-
alojamento, e que as desfrutem os Officiacs tar os Monarcas estrangeiros ; e se acaso
com suas mulh eres, ou com suas concubi- nada dissemos sobre a carta de T. F. G.,
nas. Deos Goarde a V. E-x.ª muitos annos que graluilamente se distribuio nesta corte
Villa de Guadalupe de C~n elones 12 de Julho com o Diario do Governo, foi porgue si-
àe 1823. - UI.IDO e Ex.mo Sr. - Justo Diogo milhante escrito he um apontoado de ~o .
Gonzales, .lllcad.e 1. 0 voto. Presidente - Il- surdos, que nenhuma casta de censura
defonso Champagne, R egedor Decano e .lll- merece.

RIO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL. 1823.


N. 33

QUINTA FEIRA 6 DE NOVEMBRO DE 1823.

T u vois de ces tirm1 s la fllK cur de.vpotique ;


lls pcnsc11t que pour eux le Cid jii l' Á Kiaiqur.
V o L'l- . A u rn i::.

Pau lista~·. Viva qu e m protesta estes sentimen tos

O veo, lJ.Ue encobria a vcr'll:l<ll', ra s-


gou-se; e os que ge miaõ i1tjusta111ente rcs-
Viva - Vi m.
REFLEXOENS.

p iraú. l11Jicrnos
:-:i
sectarios do:; infarnc::i Boni- Foi-nos communica da, para se pu blicar-
fucios jaze m por terra. O nos::.o r111oravel cm o nosso P e riodi co , a procl amaça õ aci ma
Priric1jJe , reconh ecendo a innocenci::l , con- t ra nscripta co m n uo ta <l a pess oa , q ue a
àemmr os malevolos ; e , quae:3 c ::. trellas enviou c..la Provincia de S. Pa ulo, onde se
brilharlle s sobre o firmamenlo, apparccemos d escreve a entrada nclla d o8 foccioso s pe r•
~obre a face <lo solo Brasi le iro. He che- d oad os pelo Decret o de 16 el e J ulho; os
.ga<lo o feliz momento c m ci ue , de baixo do seus c:rim es , e desaforos , e a i11Jolenc'a
mais, solido ·apoio d evem os fa z<! r sobre-sa hir · do G ove rno cl'aq uc lla Prov ínc ia em supor-
o no.;;so merito, e exting uir para se m pre ta i-os , Lcm como a in <lispoziçaô con tra
os traidores. Ao nosso rc,9aço chega o ille• ell es el a pa rt e s3 a d o Poro. Tu do isto
zo, o incomparavel Br :1~ 11 e iro, e o magna- encheo-nus de horro r , e deseja ríamos saber
nímo Patricío nosso, con.1mos á s ua voz, pc-rfeit[i e in<li\'iJu alme nte qu em fo i o aulhor
e e ntre vivas de gloria torne Paulicea ao de similh ante procbmaçaú , prir::i lhe irmos
seu antíuo e xplen dor. he hoje morrendo arranca r as e11tra11has , be be r-llic o sa 11 guc ,
o Conn~~rcio, e o giro me rca11til pelos e lam;::i r aos co rrns o irn mu11do cac..l a ve l.'
<l es vario:3 de viz sectarios <los infam es , aind(\ pa lpitant e. Entre Lrnt o fa rem os al-
que só que riaó a l ndependcncia do Brasil gumas rclle xêics sobre a t.11 pap elctri, qu~
para c evar e u orgulho , sa tisfaze r seu serv ira ô para descngan::ir ao P ublic o <le
capricho! agora que tudo mu~ou Je face, como nos ach a rnos tr aldos.
reviverá este mesmo Commerc1a, e tornará l .• O vco que cobria a ve rda de , rasg ou•
S. Pnulo ao seu apice <le grandez a , quan- se. Naõ ha <lu viJa: os mons tros apparece-
<lo unindo o laço , que faõ v e r~crnhoza­ raõ em sccna taes q uí.les c m.ó. Trai uores
mcnle foj rompido COfll IlO SS OS ir m;-f OS , fa . . ao Imp e rad or , t rllidorcs á 1\ açllõ , ouza õ
camos outra vez J c dou s emi s pli c rio ::; um, os malv ados insu lt ar o \'O to ge ral J'e lla
de dous . interesses um, e naõ seK uindo com os c: pi tet os J e loucos projectos B onifacia-
louc o~ proj cetos Bonifacia<los , a<lopte mo8 dos , ouzaõ ::i pregoa r cl c3car:i. tl a mcnt e a uni aõ
o antigo, e proveitoso rec llr::!O de h um só com P ortu gal , prii ::i r a S. l\'1. I. do Titu-
R eino, de hum só inte re8se Jesta ProvinJ lo qu e lh e confe rimo"!, e, o qu e mais é, as-
eia, e <lo Brasil ; e nos súrura o nosso /i.njo soci a i-os aos seu-; de s ~· ririos. Infames ia
J:utelar, o nosso immorlal P edro. Ell e j :í se q ue é que 1·os segura o no so Anjo T ute-
rlcslio-ou dos infam es , que o i llucl iaú, e lar, o nosso l111m 0rf ::d Pe dro? i E' o cr ime
:::>
que o rodeavaõ; ac a bemos nós tambem horre nd o e fe.i.o, q ue ;:icabac~ d e annunc iar
com os seus satrlites 1 e se veja e ntre nós ne. ta p;ip cl eta? ~E se rá possive l que se
:-:ó estes vivas - Vi va S. M. o Senhor D. profan asse assi m o Sagra do d o Th ron o, e
Jo:>ió Vf. - Viva a uniaõ dos dous emis- q nc ne m se q ucr se manda s.?e d e vassar dos
pherios - Viva o Augusto do Brasil - p erve rso:;?
~
( 140 )

) Que tristes reflexões nos naõ sugge!em Camarifas de envolta, é verdade, com
taes procedimentos , quando os combma- Brasileiros; mas que Brasileiros! Todos
mos com a historia do tempo , d e quatro da mesma cafila de prevaricadores, e Lu-
mezes para cá. Ministros \'er dad eira~ente sitanos n'alma: os Commandantes dos Cor-
c onslitucionaes , inimigos jmplacaveis do pos, Brasileiros, e Portuguezes ( coiza inau-
despotico Port~<l'lll, e os unicos authores, diJa ! ) saõ angariados com a· isca da far-
os unicos defensores da nossa Santa lnd e- da de criados da Casa Imperial ; e o Mi-
pendencia, deixaõ espon~aneamente o_ Mi- nistro d os Negocios do Imperio, censurado
nisterio,. porque os nea-oc1os marc ha va.o ao d e empregar Lusitanos, pergunta a quem
avesso dos inte resses 113rasileiros, e apezar Ih 'o estranha, se ha de em_pregar Bote.cudos,
dos lou1·ores, com que .S. M. l. lhes ac- e JV"egros. Ora ~que illaçaõ devemos tirai.-
ceita a sua <lem issaõ, os Gordilhos e os Ber- de tudo isto? Que estamos, sem duvida,
quós saõ os primeiros que appareccm cada perdidos; que a nossa Santa Causa é .sup-
um com a sua proclamaçaõ contra elles : plantada pela intluencia Portugueza, e que
a Tropa é conservada por alguns dias em . os Mini stros Brasil eiros, querendo a todo
quarteis: Cid adãos innocentes saõ arranca- custo manter-se no Ministerio , e naõ p~
dos de sem; lares no silencio da noite , e <lendo obtel-o pelos meios legítimos, tra-
mettidos <Zm prizaõ, só pela mera suspeita taõ de curvar-se ao plano da facçaõ Por-
<le .solticitarem assignaturas , para a rein- tu gueza. Senhor, é abso1utamente necessa·
tegraçaõ dos Ministros: um a corja Je sevan- rio mudar o actual Ministerio , que sola-
dijas infames, açulada pelos monstros, ladra padamente nos vai perdendo , e a V. M.
contra os honrados Cidadãos, e com a su- tambem: o Mi nistro de Guerra tem atraiçoa•
ja poeira, que levanta, perlende (mas em .do claramente a Naçaõ; o da J ustiÇa só é
vaõ) escurecer a brilhante lu z do Sol: o liberal com os Lusitanos, ou seus adherentes,
1gnobil Correio, vehiculo outr·ora de ras~ adoça O!::i seus crimes com a alcunha de de-
teiros demagogos, passa a sel-o ü1stanta.nea- zafeiçaõ á nossa cansa, naõ os quer longe
mente dos latidos destes c':!rberos ~ e en. pe si para naõ serem victimas do odio
gastando diamantes preciozos em peça de Nacionãl, autoriza pela Portaria de 20 de
chumbo rraõ cessa <le profan ar na sua fo- Dutubro de 1823 ao Intendente actual , o
lha o nome dos .lindradas : s~duzem-se es- homem mais fofo e intrigante que temos
criptores estrangeiros para apalpar a opi- conhecido, Q t raidor á causa Portugueza
niaõ do Povo sobre a uniaõ com Portugal: quando · servio em Palmela, o cunhado, em
espalhaõ-se boatos de mudança a._ Bandei- fim , do· infame Francisco lgnacio, a co.
ras: mandaõ-se convidar inimigos nossos , rnetter todos os <lespolismos, de qae sua
:prizioneiros de guerra , ain.Ja gotejando o alma o torna capaz. i E que diremos dos
sangue Brasileiro, para 2ntrar em nossa!t Ministros Brasileiros? O dos Negócios do
.fileiras: continua sim o G .:i·verno das Ar- Jmperio e Estrangeiros , <lepois de haver
mas uas mãos de um Brasileiro , mas sido uma vez apostata religioso, e outra po ...
~fTl. realidade Gordilhos, Va!~ntes, e Berquós lítico, quando servio aos Francezes como Se ...
saõ os que regem a Tropa: o Commanqo cretario do Ministro dos Cultos, ~que muito
dos Corpos Militares é todo de Portugue- é que apostate terceira da c a usa que ju~
zes, e no dia I 2 de Outubro assol\lha-se rára?. ~E se é verdadeira a resposta, que
~ idea de que vai-se acclainar a S, l'vL nos çonsta ter dado a quem lhe estranhá..
absoluto. Nesse mesmq dia. publicaõ em S. ra o emprego indiscreto <l e Portuguezes,
Paulo os facciosos, qu~ <l'n.qui se retiraõ , ~que du vida nos pode restar? O da Fa·
que vai umr-se o laço qut; taõ vergonhosamen- senda, abjecto instrumento do Hlho despo·
te /ai rornpido com nossos irmãos , fa::er-se ou- tismo , na ordem dos homens Tartufo, e
tra vez de d-Ois emi~ferios um, de dois 'interes- na dos ànimaes Ropoza, alem dos erros ,
~es um, e com tudo naõ nos consta que o e a rbi trariedades de que, por muilas vezes
Go verno d'aquella Provincia procedesse e temos arguido , e sem replica , é taõ
contra os malvados, ou qt,1e o Ministerio o servil' que IDB.nda pagar a Placido ~ cria.-
re preendesse por isso, e mandasse dar as do de V. M., uma divida naõ legalisada,.
devidas providencias. Ainda mais, o Mi- e sem ser isso da sua competencia, Por-
nistro da Guerra, accuzado no dia 11 pe- taria. <le 5 de Agosto; e taõ pouco affecto
rante a nossa Assemblea da mais horrenda a Sagrada Causa do Brasil , que manda.
das traições, é premiado no dia 12 com a restituir a Vicente . de Sá Rocha os bens se-
Commenda da Imperial Ordem do Cruzei- questrados, naõ obstante constar. por um.
ro: o despresivcl Oyenausen , inimigo . acer~ summario de Policia, em que juraraõ tes•
rimo da Causa , o Verres de Matto Grosso, temunhas autorisadas, que elle fóra o mais
entra tambem nesse dia na enchurrada dos ( acerr1mo inimigo desta mesma Causa. O
""
( 141 )

da Ma rinha, em fim, rnrra nu llicfade po l i- sri lauó Conse lh e iros nh orrc-cidos : o Bra s1r
tica, !:'Ó sen-c pnra i r com ns outros , e Vo-lo <lcpreca. Naõ é prcc;su que r eco r-
engrossar a turba dos Farizeos . ·Ora com r11i s á Nr-gros e B otuuaos, para achardes
ta1 Mini;,iterio corno pode o Gove~no mere- em quem c onfia r. Se a pruder1cia e.la As-
cer a confia nça pub lica? A expcrienci.a o s'e mbléa Vos tolhe o escolher de se u seio
mostra 11;:l <l csuniaõ, que reina nas Provin· nov os r\ t lan tcs, vat:to i::. o Bra'-:1 , rico é
cias <lo Norte, e que vai lavrando cm to~ de talentos, para qu~ tcmaes nnõ acerta r_
da!3 as mai c;, naõ exceptuan<lo mesmo esta Se quiz vossa mufina, guc arred:isseis Je
Cap ita l , aonde ferve o ciesconte11tamento. Y6s os melhores <1mi gos Jo l3i·asil, e Vos-
2 E haYcr~ ainda e::icriptorec; vcnaes que sos; ~e nriõ é decoro:::o, nem rne~m0 pos-
pcrten<la.õ 111censar similhanle aamiuitraçuõ? s iv e l. a ,-ista <la Lei, e dos sc·us caracte-
O T~moyo, Senhor, seguirá dilli.>rcnl c ru - res inclividu::n2s, que Yoltcm <le nuvo os
mo: 111capaz <lól bnix;, lisonja, quanto Je que expontaneamente, e com conhecimento
fa ltnr ao respeito d ev ido a V. l\ l. L, a Quem de causa ahandonaram os negocios, esco-
afincadament e ama, occultando-Lhe a ver·- lhei outros cuja s almas riaõ sejaõ avidas,
<lad e, cbmcirá sem r ebuco e affoitarnen- como as d os vo s,..os l\Jini5tros; cujos espí-
te que as coisas naõ vaü ~bem: que o i\li- rit os e s trjaõ cicl iar~ tados cm assumplos po-
nisterio de V. l\J., filem de in rrte, e igno ... líticos, ao ~vcsso d os '' ossos bi sonl1os Con-
rante, parece favorecer solapadamente a selheiroc;; e cm quem o fogo da activida·
causa d e no-; sos inimigos. ou ao menos naõ de case com 3 m adureza da prudencia. A
m arc l1a st'gunJ o a opin i:lõ gemi, e irresis· estes cho.mai , e livrai-n os, por guem S o is ,
tivd do lmp c rio Br.1 s ilciro; ;_e se m esta da maior pes te, que t em o Brasil soffrido;
como p or.lerá obte!·-s e a :; uc>. conso li<laçaõ livrai-nos do vo<; so actua l "\Jinislcrio; mais
e prospcrit.!ade _) Em li ora, Senhor, Vos di- naõ o po<lcmo:; aturar.
gaõ qu e a s forças da s bayonetas acumu la-
das ne:;la Capital está sempre ú Vossn dis-
poziçaõ, e promp ta a obrnr ao rnsso menor
aceno: os malvados fjllC islo Jizem, podcráõ e o R R E s r o N D E N e I A.
1irender a YOZ do Fluminenses degenerados;
mas naõ so ldar as mais Provincias justa- Senhor Rcdactor.
mente assustadas. O Brasil n;,õ qu er nada
do que ressumbrc a P ortuga l; e nem mes~ Fui ao Paco da n ossa Soberana As-
}TIO Brasileiros eqt.:rrocos, ou capazes de sem bléa ver a 'sessa õ da me:::ma no dia
seder a se<luçaõ. No animo d os seus habi- 30 de Outubro proximo passado ; e che-
tantes reina hoje a maior desconfiança, e gando a horn dos pareceres <las C omrnis-
Q Ministcrio actual é c aus a d 'e lln, pois sões, leo o Sr. Secretario l\Jaciel o ela
ninguem quer os mesmos esteios do edilicio Commi ss nü ue farinha e Guerra á r espei-
Yelho, que calo por terra c om todos os sc-us to do Oiilcio com que o Ministro da Guer-·
crimes e prevaricações. ~E quererá V. M. ra faz ver á mesma Assembléa os moti ...
1., nosso Defensor Perpetuo, arrastar-se a -ros, que ti vera o GoYerno para admittir
Si e a toJo.:i nós ao maiQr dos -abi8mos no nosso Exercito certos OJticiaes, que·
pelo apoyn , e conservaçaõ Je similhante deze1 taraõ do Exercito Luzitano.
Minislerio? Ah! Senhor, nem tuJo o que Vi, Se11hor Redactor, o Illustre Sr.
nos agrada é capaz de curar os nossos rna- Montczuma combater aq11elle parecer com
1es ; e tem era rio é ru-riscar por uni c:-1pri- razões taõ solidas , e com principios taõ
cho a sa ll';oiçaõ da Náo , e dos que n'elb. verdadeiros, que ( &-m fazer ollellsa a to-
uavegaõ. O -Tam oyo ~abe mui perfe itame n- dos os outros nobres Deputados) ninguem
te que estes meu:> Srs. naõ podem sofre r o foria melhor, nem apontaria mais ,·i-
os seus bra<los; e que um <l'elles até já o siveis os e rros do sobrcdito Ministro; e i
ameaçou com u1na yjzita á Jlfal,ogueta : mas porporçaõ qu e 110 seu discurso bia apon-
por isso mesmo 11nõ ccs arú de bradar con- tando rr futiliuaue <..las r::izúe s allegnclas
tra se us cri111es, e perfü.lias. Se o ataca- pelo Ministro, já. quando e:;tc no cita<lo
rem, def~nder-se-lia quanto poder: e se Officio se estriba uo Decreto de 16 de
por desa-raça sucumbir, se rá mais uma vi- Dezembro <le l 806; jít qu a 11tl o se refere
"' .
clima da traiçélú, e de spt?l:smo, e o seu á Proclcimaçaõ do General Lima; e já
sar1gue clamará perpetua Yingança contra finalmente qunndo diz gue <lc similhantes
os seu:; 8.lgozcs , e contra os algozes da indi viduos muitas vnes se tem tirado
sua Patria. Senhor, Lançai em fim de Vos- partido vantajozo, tratam o lllustre Sr.
~ ii
( 142 )

Montezuma ao mehcionado Ministro tom zuma as suas lições : aprenda o Sr. Pre-
o epitheto <le que he merecedor; isto ~e; zidente o ideado Artigo do Regimenw: e
dizia que o Ministro ou hc tollo, nesc10, aprenda toda a Soberana Assembléa ,
e ign orante , ou obra de má ft:, e. ~orno quando hum Ministro de Estado for Jadraõ,
tal he traid o r, e naõ serve para Mm15tro. nenhum Deputado se atreva á dizelo na
Sr. Red ac tor, a pezar de que eu Assembléa: quando hum Ministro d' Esta-
.p enso da mes ma maneira , co~ tudo _n~õ do for falso ao Imperador e á •Naçaõ,
entro n.u qu es taõ se com ~ !feito_ o M1ms• quando hum Ministro d'Estado quize r en-·
.t ro . h e ,. .o u na õ tollo , nesc10 ,. e ignorante; tregar o Impe rador e a N aç aõ, nenhum
.úbra ou na õ de má fe ; he, ou naõ trai- D eputado o chame de p e rjuro, <le fal s o~
.dor. Naõ he este o m otiv o , que m e diri- e d e enganador na Assemb!éa, porque o
EC á V. m.' Sr. Re dactor; eu me dirijo Ministro d'Estado faz huma parte do P o-
â V. . m. taõ. some nt e para dizer-lh e que der Executivo!! ! !. 'Brava a lemb ra nça t
houv e na Asse mbléa hum D e putado, .que brava a doutrina! bravo o Mestre , que
13e lembrou de p edir a p a lavra para ~ c­ a p rega !!!
orehende r ao Sr. Montezuma , da maneira Ora Sr. Redactor, o lllustre Deputa-
·i nj urioz a co m q~1 e tractav a ao Mini stro <la do certamente ( a meu ver) se naõ fez .
G nerra; e depo is d e a rengar por algum perte ndc , 011 re ce ia faz e r alguma Simpli-
t em po , e <l e se faz e r verm e lho, (o que cidade no Ministerio; e para. que nenhum
na verdade a dem irou a todos os espeta- dos seu s Nobres Collegas da Asse mbléa
d o res , p ois he raro no tal individuo o. se .amme á levantar a vóz e tratalo da
c orar) c oncl.uio o se u p a lavria <lo e m tom maneira que entaõ merecer, quer desd e
admirativo notando a o Sr. Prezid ente por j á e stabellecer a ordem, d e que n e nhum
naõ ter clrn.mad o o Sr. Montezuma á Qpkm Deputado póde attribuir a M inistro de Es-
dep ois deste ataca r, e enchu valb a r no M inis- ta d o alg um o epitheto , que por seus er-
tro d a Gu erra , que faz. huma p a rte do ros me rec er. A' o r<l em , á orde m , S enhor
Poder Execu t ivo ! Ainda a qui naõ parou N. <la G., qu em naõ qui ze r ser lobo, naõ
a h is tor ia , Sr. Redac tor; o O rador a lu- Jh e vista a pell e. O R egimen to, qu e V. E x.a.
c inou-se de tal m aneira , que di ce ao Sr. citou, ord e na ( segund o elice o S r. Prezi-
Prez idente, que até o Regim e nt o intern o d entc naqu e lla occ azi aõ para s ua adver-
de. termi nav a q nc n enhu m D eputado p o- t e nci a ) que os Srs. Deputados naõ se
dcsse t ratar com termos , ou epithe tos si- posgaõ atacar de pala vra &e. &c. , e nada
:rnilhan tes á indi vid uo al g um ; e q ue se d. iz do que V. Ex.ª d ice ; e de mais V. E x.ª,
isto se en t ~ n d ia co m hum simples pa r ti- segund o me p a rece, d e ve te r esse Regi-
cular , ·o qn e se naõ dev r ri R entend e r R mento , e µ or con seq ue ncia deYe t arnbem
r espeito d e huma Autho riJadc, e li um a e s lu <la.l o 1.º · pa ra sabe r o q ue ell e ordena;
An tho ri<l ade ta l como o Mini s tro <la G ue rrn, ( po r g ue h e foio , e m nito fe io hum me m-
que em h um me mbro do P o<l cr Exec u- bro <le hu ma Assembl éa ig no rar o seu Re-
tivo ! ! !,, gime nt o.) 2.º para por este mo tivo al1i via r
Pen'3ei , Sr. RcLlactor, <] llC o Deputa- ao Sr. Prezid e ntc do trabalho <le lê lo ,
do repre he ndedor, quando p c clio a pa la- qu and o V . E.x• se torna r á engana r , c itan-
v ra, q ueria apoiar o a rgu me nto in c.o ntcsta- do nell e a rt igos imnrngi nari os.
vel d o Sr. Montcz uma ; 1m1s qua l 11aõ fo i H.e . para ~ca rm o s na certe7.a d e que
a mi nha nd rn iraçaõ qu a nd o vi o ta l De..: aos Mini stros d E s tad o se na õ deve accu-
pulado , cuj o sem bla nte ( ú. primei ra vis ta) sar qu a n~o · me recerem, S r. Redactor , qae
r ep rezcnta a p rop ria p r ud c: ncia , salii r fo ra cu v~1u m co 1~m o ~aJo , rognndo-lhe queirn.
das estr1bciras , rc prcli e ndcr h um D t> p 11 la.- c11se nr es ta h1ston nha no seu a ma b ilissirno
do, notar ·o P rcz id c nt c , e nota lo faba- P e rj. odi c o : e no c azo que a lcru m curioz <>
b
!1:on tc, visto naõ ex is tir tal a r tig o no H.e- (jU e1ra saber quem so u e u , responda-lhe;
g1mPnto ? ! ! q ue sou o me smo, qu e na sua Fol ha d e
Mil grnçaf> ao Sr. D e putiu1o N. d a G. 28 do mez p assado se assignou. - lr1imigo
pela s ua do utrina : aprenda o ~ r. Monte·- dos P atifes.

RIO DE JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL. 1823.


N. 34

SABBADO 8 DE NOVEMBRO DE 1823.

Tu vois de ccs tirm1s ia f11treur despotiquc ;


lts pcrisent que pour eux le Ciel fit l' Àmerique.
VoLT• Atzrni::.

RESENHA ANALY1'ICA DO~ PERIODICOS DA a no~sa se tem mostrado. ~Quem ao lel-o


CORTE' DA SEMANA PASSADA. deixará de reconhéceI' que volvem os mal
assorubrados dias do lintigo Despotismo ?
11Lis hard to say , if greater want of sldll TenJo porem de tratar de outros objectos,
.IJppear in writing or in judging iU; e nllõ sendo possível exceder os limites da
But o( the two, less dangerous is th' q/fence folha 1 promettcmos to rnar, mais seriamen·
To tire our patience , than mislead our sense , te, ~o bre esta materia, entre tanto que
Pope, Essay on Crilicism. bradamos a todos os escri ptores publicos,
para que attenda6 com circ unspecçaõ so·

L Ell(lo o Diario do Góverno N1 101, en-


contramos um compridíssimo Projecto de
bre similhante ptojecto, do qual depende a
mai s preciosa das garantias Constitucionaes,
a Santa .Liberdade de Imprensa 1 pois sem ella
Lei, que abrange duas columnas inteiras; tudo he oppressaõ e tyrannia.
e d e pois <lc termos passado os olhos por Lemos em o N. 103 do megmo Diario
elle , naú poJemos deixar de exclamar: um Artigo de Variedades, que talvez des·
adeos , presadissima Senhora Liberdade de lm- perte em muita gente graves desconfiança~.
,PTensa; ad.cos .' ... i Q.uem presumiria que es- Parece qu~ o Redactor do Diurio, cobrin ..
ta filha prirnogcnita e muito àmadà <lo Li- <lo~sc de alg um modo com a authori<lade
beralismo havia de receber o primeiro golpe de um dos nossos Ministros ; pertende des•
das mãos Jos !Ilustre s Membros <lc uma viar o Governo de que mande bloquear
Commissaõ do se io da nossa Assembléa , Montevideo, como a Estrella aconselha, in·
()n<le ta.11to se pugnou a faror dessa Li:. clicando serem nece~sari as para <lccedirem
berdwle, hoje prnxiina a expirar se á sa• nqueJie negocio grandes forças marítimas e
b edoria <la m e~ ina As5embléa lhe naõ a- terre~tres. Nós naô duvidamos que .o ponto
cod e com o elllcáz rcmedio da sua repro- seja mais difficil, do que a Estrella o diz;
vaçaõ? ~Quem presumiria que aquP-lle no· mas nem tanto, como o Redactor do Dia•
vo a stro do nosso firmamento Político, as• rio pertende; e se aquillo ainda se naõ con·
tro qu e d evia <liffundir as suas luzes sobre cluio, naõ he por falta de força, nem de
as p revericaçúes dos máos Servidores do meios, mas sim pelo máo fado que nos
Es ta<lo, se vi:'.!se taõ brC\'ementt: ameaçado persegue, e patece naõ nos <leixará taõ
de entrar 11a cscuridaó dos cahos; e dei• cedo. Neste momento temos debaixo dos
xar sobre nós o iinperio das trevas só pro• olhos uma carta, de S. José, dat~da de 4
picias á perversidade desses máos Servido· do mez passado , ·a qual concorda com o
res? Sic vulvere Parcas. que em outra de differente pessoa se pu•
Deixando porerü as cnrpidellas sobre blicou em um dos nossos N. 0 •, e olferece
o prox-imo fun e ral <la Senhora Liberdade da alem disso circunstanciada noticia da~ nos•
Imprensa, tomemos um taõ serio, e confes- sas força~· , e do inimigo; not\cia que con·
se mos que tal Projccto dillicultosamcnte se firma o que acabamos de a~segurar. Segun·
crer.o\ na~cido de Membros de uma Assem-- <lo aquclla noticia, montavam as nossas for-
biéa taü liberal e taõ illuminada , como ças a 5:030 homern:i; a.o mesmo íempo que
*
( 144 )

'os Lusitanôs apenas cot:..tam 1:810 homens: attentado ameaça a propria Inuependeneia
temos 1 Corvete , 2 Be rgantins excelle ntes, da vossa Patria. Naõ sejaes indiílerentes a.
2 E scunas , e a fl otilha do Uruguay; ao enormidade do crime, ~Que orgulho naõ
mesmo tempo qu e os Lusita nos acham-se será o destes monstros se a sua atrocidade,
só com a Corve ta General L ecer ,. que era e perfülia ficar hnpune? Nas Provincias,
uma embarcacaõ me rcante ,~ e a Escuna espancaõ-se os marotos , e mariheiros por
Maria Tlieráa: Ora parece que á vista do qualquer leve insulto, ou arrogancia. Na
exposto naõ pode ter o Redactor <lo Diario Corte elles saõ os que nos espancaõ a nós,
rasa ô de queixa. elles saõ os que pro\·ocaõ a Cidadãos Ín·
Con túmar-se-ha". noccntcs , cm seus lares , elles saõ os que
espalhaõ o susto, e o terror cm toda esta
Provir1cia. j Que dªesgraça ! j que infomia
Rw de Janeiro 8 de .Novembro. para seus filhos ! Ah! Patricios meus , se
isto fica assim, direi abertamente que ~oig.
Temos de apresentaT aos nossos Lei- íncapazes de lil>cr<lade, que sois a escoria
tores o mais atroz, o mais escandaloso at- da Naçnõ Brasileira, que sois escravos, e
tentado, que pode imaginar-se. O Cidadaõ coberto <le pejo e <le vergonha retirar-me--
David Pamplana, morador no largo da Ca- hei para as brenhas a \'iver, outra vez, com
rioca, onde vive da arte de Botirario, cos· as feras menos insensivcis do que vos.
tumavu te r a noite em ·sua casa alguns ami ..
gos Brasjlei.ros , que iaõ alli conversar so .. e o RR E sp oND ENe I A s.
bre . <liife rentes objectos, e tahez sobre o Senhor Redactor.
estado p olítico do . Imperio, o que naõ" po .. O heroico e decidido patriotismo com
de jama is ser vedado a pessoa alguma. O que V. m. tem toma<lo o Arco, e as Fie ..
seu caracter, naturalmente p acifico, a sua xas para defender a Cau sa Sagrada <la
vida pa rt icula r o naõ constituiaõ Reo de Independencia de nossa Patria, me decide
outra <lelicto senaõ de mostrar affcrro aos a roga r-lhe o obz cquio de admitir na sua
inte resses , e prospe ridade da sua Patria. patriotica folha estas linhas •.
Tochvia bastou isto para irritar a fac çaõ Naõ pod e ser in<liiferente Sr. Redac.
Portugueza, por extre mo preponderante nes- tor, a peitos Brasileiros, o assassino perpe..-
ta Provincia, e pf,lra vingai-a, eis que- se trado no dia 5 do corrente as 8 horas
apresentaõ em campo os dois famozos . Cam. da. noite , pelos Major Lapa, e Capitam Mo ..
·peões d 'e lla o 1'1ajor Lapa, e o Capitaõ Mo· reira ambos das Brigadas de Artilharia.
:reira, ambos d'artilharia montada. Armados, <lesta Corte, (e Portuguezes) contra o Ci.
e bem armados, na noite de 5 do co rrente dadaõ , Bra sileiro , e honrado Patriota
e ntraraó na casa <lo miseravel - Brasileiro, David Pamplcna. Sr. Redactor: hum Cida·
am ass ara õ-lhe o corpo com pancadas, que. daõ Brasile iro atacado, e espancado no
braraõ-lhe a cabeça e o deixaraõ quazi mor· centro de sua casa por dois militares Por.
to. Monstros! ~que mal vos foz esse infe- tuguezes ao serviço do Brasil ! ! ! Que·
liz , que assim assassinaes ? Um Cidadaõ desg raça ! ~ E porque motivo ? Sem duvi.-
Bra sile iro cruelmente atacado, e maltrata. da por ser Brasileiro, inimigo dos Portu•
oo e m s ua casa por dQis Van<lalos , por guczes, e zeloso da liberdade <le nossa.
<loís pcrfi<los assassinos, que até por obri- Patria: e ninguem pode ficar em duvida,.
.gaçaõ d c vi a õ prnf.eger a nossa segurança; que seja este o motivo, avista do que
~ e isto qu a ndo? Quando o Brasil Indepen. diceraõ esses dois militares ao dito Cida·
<lente tr:-i ta de a sse g~1rar a cada um de daõ' quando o atacaraõ - vê agora rati·
Ecu s Filh os as suas gara ntias indi viduaes. fe se és Brasileiro Resoluto. - Custa a
~ Assi·m se illudc rn as Leis? ~ A s s im se man. crer que similhantes attentados se prati-
t eii.1 a tra nquilidade publica? Cidadãos Mi- quem entre nós com tanto e scandalo e
lita res , mostrai , e qu an to antes , o vosso dezaforo. Hum Brasileiro oifendido to<los
}10rror a taõ. nefaiido crime. n?s, Sr. Redactor, <leremos gritar, viugança,
Flumine nses a verdadeira Liberdade vrngança ...
:n a õ consiste em vans disc nss õcs políticas: Até quando Brasileiros ! Até quando
cons iste no extremado affinco, e vi gilancia curvaremos a servir ao orgulho portuguez?
c om que se mantem os direit os in<lividuaes Basta, basta de ~oífr e ~: h oje mais que
de crid a um dos C i<laclãos : clles foraõ atros. nunca a Cara Patna exige uniaõ e ..... e
mente atropellad os , ná p essoa de vosso ~e assim o naõ fizermos que será Je nos~
•: 'ltriota ; a sua injuria é a vossa, e seu Alerta Brasileiros! Alerta o· <lo Tamoyo !
( 145 )

-que aborrasca está imrninente. Hum petente: se ella naõ existisse, ou naõ en-
Brasileiro Encarnisado (*). traria a Curveta Voador, ou seriaõ castiga-
dos os Governadores <las Fortalezas , os
Senhor Redactor. quaes nem ao menos foraõ arguidos. Fez
A imparcialidade, q11e até hoje tem bem o Ministro da Guerra, em qualquer
acompanhado o se11 Pcri odico, me anitnaõ inquiriçaõ á este respeito saltariaõ aos olhos
a djri gi r-1he algumas perg untas , e breves as suas rnazehs, e crimes. Quanto ao ou-
observações, sobre successos, cuja ten<len- tro facto, a Portaria de 2 de Agosto pocm
cia parece-me suspeita. fora de toda a duvida; e as repostas do
Pergnnto: he licito n'hum systema cons- Ministro <la Guerra dadas ás requisições
titucional furtar-s e hum Ministro á toda a d'Assemblea saõ a sua sentença de con-
responsabilidade pelos, actos da sua adm i- élemnaçnõ, e o appresentariaõ em qualquer
nistraçaõ, senaõ directa ao menos in<lire .. outro paiz, que llaÕ fosse o amadornado
elamente? Brnsil, como digno <la pena ultima reser-
Se me responde que naõ; entaõ torno vada aos parricidas politicos.
a perguntar, porque o Ivlinistro da J usliça Observações.
rouba ao conhecimento do publico o tex- A molestia naõ viciou só a hum mem
to das suas Portarias, que devem formar bro do Conselho do Gabinete, de ve de ter
o corpo de delicto das suas arbitrari eda- empolgado a todo9, como se mo~tra pelo
des, e malversações, e satiafaz a avidez seu silencio , continuaçaõ no serviço, e ap ..
natural do Povo apenas com a magra lista provaçaõ do que ha de mais damnoso a o
d'ellas, e simples nomes dos requerentes , lmperio ; o remedio deve ser tambem ge..
e das authoridades a que ''ªÓ remettidas ral , póda geral, e naõ decotaçaõ parcial
0

as Supp,licas ? de hum ou outro ramo do Ministerio. Hum


Observações. Go yerno, que rni de encontto a opiniaõ
He de notar , que quanto apparece e <lezejos de huma Naçaõ , he mister ser
desse charco empestado de iniquidade, no derribado quanto antes; e o Chefe da Na-
meio de farelorios de liberalismo traz mais çaõ cotnmette a maior imprudencia em de.
ou menos o cunho de arbitrarie<lade. Sirva morar providencias, que naô pode negar.
de exemplo a Portaria de 20 de Outubro, O que hoje he recebido como favor, ama-
que bem rnerece ser por V. m. analysada. nhã naõ satisfaz nem como justiça. Naõ
Pergunto: he ou naõ traiçaõ abrir as permitta Deus que a historia. de Carlos l
p ortas <lo Irnperio aqs seus encarniçados de /n7laterra seja perdida para es reinan4.
inimigos? tes. He ar riscado desesperar ao Povo , ·e
Pergunto mais: he ou naõ suspeita de forçal-o a buscar por violencia aquillo, que
occulta traiçaõ, e indi cio de vistas hostis ainda exige por meios cotistitucionae~.
ao Brasil a medida d e r cclutar as nossas Pergunto: porque vem todas as impu-
tropas com inimigos, que a pouco experi- rezas , todos os crimes contra o l mperio,
mentaraõ os fios das nossas espadas? depozitar-se nesta Corte, como em seguro
He impossivel que se negue aos actos remanso?
indicados o nome de traiçaõ; pode ser po- Observações.
rem, que se duvide dos factos. Cumpre- Cuido, que naõ he o loucal, nem o
mc por isso segurarJlhe a existeucia Jelles. solo ·, que consti tue o Rio asilo de inimigos
A ordem para que as nossas Fortalezas <lo Brasil; mas taõ somente a certeza de
deixassem e ntrar .as Em harcações Portu- encontrarem protecçaõ n'hum Ministerio
gu ezas mercantis, e de guerra foi manda- ch umbado ; V. m. po rem talvez dê outra.
da ao General das Armas, e por este ex- solucaó. O que me parece porem innega..
pedida ás Fortalezas, e até cuido que foi el ,"' he que nós mesmos damos azos a1>
'\1

lavrada pelo Sargent0 Mor Francisco a'Or- apinhatnento de quanto abutre, vem aqui
nellas, e deve estar registrada no livro com- ceva r-se em nossas estranhas; ou ao menos
para isso se prepara. Se adoptassemos a.
(*) Estm•a já composta apresente fo- nobre conducta do l\farechal Brant que en-
lha, quando recebemos esta carta, e com xotou da sua casa os illtromettid os Garce~
ella fomos inteirados da carneficina dos dois e Vieira, e com franqueza loüvavel · lhes
PortuO'uezes; e por isso foi mister destruir declarou, que janrnis trataria com inimigos
o que::i estava feito

para <lar Jogar ao res- àe sua Patria, seria muito menor o nume-
sentimen to , que nos casou similhunte pro- ro do9 insidiosos Portuguezes, que acodem
ce<limculo. - O 1'amoyo. aqui sacodidos pelo justo ressentimento das
" *' ii
( 146 )

· ll'rovíncias. ·He certo , -.que nos Bt1cceder{a. Nor.vcgn. Nàõ me Jevo persuadix· de que...
'O mesmo, que ao mencionado Marechal, o S upremo Governo Brasilico deixe impu~
rque ora me consta he ja detestado p~l~g ne este insu1to cruelíssimo e que sem ne-
ichumbistas ; mas Sr. Redactor ha Brasile1·· cessidade -9 e contra a boa política, queira
iro, que dezeje amor de chumbistas?. creàr inimigos, que lhe naõ convcm: quan-
Aborreçaõ muito embora, mas temaõ· do po.ce rn queira, e lhe convenha, deporei
mos, e naõ esperem ·superhende r-nos; deve. a ailliçaõ, que me tem causado esta irn~
1Ber o sentimento dos Brasi leiros. postura, como inclinado ao Brasil, que ha·
Basta por em quanto de perguntas , bito, e que me nutre.
cutra vez serei mais extenso . ~ O P ergun- Dignem-se os amantes da tranquillida-
tador. de, e socego publico , attender se tenho
rasaõ de romper por esta cauza o meo
costumado silencio. - Carlos,Gustavo Hedberg.
C.ont2~nuaçaú da Correspondencia começada tm u Sueco.
N. 32 deste P eriodico.
O Monarcha, que o Sr. T. F. G. cha- Despota'smo atroz.
~a Salteador, e Usurpador <l'hum Rei i10
cnlheio, (oi eleito na Cidade <lc Orebro no Acaba de chegar a nossà noticia ;i
a nno· de 1810 pelos Deputados do Paiz nu• neste momento mesmo , um dos mais hor-
íl'a Successor do Rei idoso o Senhor Cm~lo s rorosos d espotismo, que pode imagi nar-se. Eis1
decim() terceiro (:13:) que , por naõ ter o ca:tio. Achava-se no dia 18 do mez pas·
lfjl hos ~ adoptou ao Senhor Carlos J oaõ , sado no Campo <los Cajueiros, o Alferes dei
[pt.Ototyp() de· vjrtudes, com quem n'esta8 Cavallaria .11.mador de Lemos J)nmimond ele~
isó deve s.e r comparado o celebcrrimo Can- .fllenezes , com todos os Officiaes do se:.ui
ltling. Esté Sen,hor Carlos J oaõ, an tes d 'este Corpo para fazer exercicio , e entrando
~contecimento , nunca. viu a Suecia i e es- em conversaçaõ sobre os despachos d&
~e Reino, desde que no anno de ) 520 os dia 12 àe O utu bro proximo passado~' e:i
~ous . mil F .rancezes debaixo do commando promoçaõ dos Commandantes a: criados,
fie Gasto11 de Breze foraõ · auxiliar a C hris- da Casa Imperial, disse um dos taes Oili~
~jano .segun40 , Rei de .Dinamarca , jamais ciaes, q ue lhe naõ parecia b em o àespa~
ti.avia: sido pizado por Tropa Franceza. A cho, naõ só por ser incompativel com o:
.Assembléa Geral ~ já composta de qua tro setviço <la N açaõ , que é q uein os paga'·
Estados antes da descube rta do B rasi l , como tambcm por julgal-o de menor -gra•.
1envjou à Fra nça o conhecido Geuernl Sue- düaçaõ e honra. Oppoz-se a isto um;, del"
.co Conde R obert Rosen pa ra ctfoito de les bastantemente servil)' e com o sé. en;;v
participar :ao grande Berna<loHc, entaõ P rín- trasse a espraiar sobre as honras e pree~
cipe d e Coute Cor\/o, q ue E Ha , d 'nccor- minencias inhêrentes ao titulo de CriaàQ'A
_ii o com _os :mblimes sc n tim,~nt o s <lo Rei de § . M. I. as ~ entou .Jlmador de· Letnos; que-;
O l1avia eleito futuro Defensor d a Scandi"' podia tambem dar o seu parecer, e, teve;
navia, obra que o te1üpo tem mostrado a fra nquez a de dizer, que se o Impera-
se~ acertádissima e nisto fo~ , o q ue üd vcz dor o fizess e seu Carnarista , elle o naõ ·
ainda naõ haja µraticaclo Naçaõ alguma. acceitava. i D esg rnça<lo moço. Apenas disto
A vista (}lestas ve rdad es , con!frmadns so ube o seu b a rbara Commandante J oaó
p ela Historia da Suecia, o e pi thc to - Us m·- E g idfo Calrnon o mancl ou 1mmcdiatamente'
pB dor - pode ainda convÍL' ao írnmortal Be r- pr-e ndc r, e vai por 16 dias que o con-·
·n adotte? Na õ por certo. D e ve ria por tan"' se rva cm p rizaõ sem ao menos declaraJ.".
1o o Sr. T. F . G. , se houve usurpaçaõ , a sua culpa. ,; Dá-ae d espotismo maior do
cl~amar usi1rpador ao Corvo S ueco , que que este? ~E' c rí vel, que isto aconteça
foi quem usurpou á França hum dos maio. em uma Corte, e em tempos que ~e <li-.
a-es homens dos nossos dia;i. zem Cor1stitucionaes por ~xcçllenci&l? ~ E
O " cpitbeto - Salteador - , ephite to bar.. naõ sepunem verdugos desta natureza ?
!baro Brasiiico, apenas applicavel aos Bo· Ah! nem sempre a es pada da justiça es·
íthecrnfos , he a caiumnia , e injuria. mais tará sns pensa ella caira sobre a cabeça·
atroz'. que se póde imaginàr contra a sa· des Despostaa. Tremaõ os. tyrannos da
ibedona, e grandeza do Rei da Suecia , e vingança inexoravel.

RIO DE -JANEIRO. NA IMPRENSA NACIONAL 1823.


N. 35

TERÇA FEIRA 11 DE NOVEMBRO DE 1823.

T u vais de ces tirans la Jurcur despotiq11e ;


lts pensent que pout eux le Ciel jit l' Àmerique.
.
VOLT. ALZIRE •

Cantinuaçdõ da Resenha começa.da em d N. bandeiras da demagogia , todos esses hon-


34 deste Periodlco. rados e ve'rdadeirns Bràsileiros saõ carcl1n-
das; e a Naçaõ illudiua reconlracerá um

E Ntrando a ler a Correio vemo;; um


Artigo c ommunicado , <lcbaixo da. ass1gna-
dia que a justa e santa liberdade a que
aspiram entre aqueHe·s dois extremos , era
o untco meio que a podia tornar ditoza.
tura de .ll1tgal11rama Cemimotara , onde se Passando á carta assinada - Honrado
pocni por terrra o dogma <la Legitimidade, Brasileiro - ingenuamente confessamos que
e se considera como moute negro que co- a sua leitura nos assombrou, nem pode-
hre e defende o absoluti:mio , a tyrannia , e o mos decidir o que nella sobrepuja se o
servilismo graduado por classes . . despejo, se a ousadia. Calumniador infame,
i Grande esquadrinhaJor, e grande Po- mostrar-se-ha que he , quando declarar
lítico he de certo o Sr. Pitia que <lesco- qual <los .!lndradas abusou da fra:nqueza e
brio ser remettido <lesta Corte o Projecto confidencia dos seus amigos em Saúto8 ,
oe Constituiçaõ publicado pelo Correio Bra- parn commetter attentados. Nessa Villa ape·~
siliense! Tahcz o induza a essa crença o nas servio um .fludrada, qu'c foi exemplar
encontrar-se aquelle Projccto com o pensar em limpeza <le mãos e intei reza; porem nun-
de al~umas pessoas aqui residentes; mas ca se lhe imputou quebra de confiança de
4:lc.v e lembrar-se que e:;tas naõ saó singu- seus amigos. Poucos amigos tem os .!lndrn-
Jnres cm suas opiniões, e que nos proprios das , mas os poucos q üe tem nunca ti reraô
Estados Unidos ha d 11as Camaras , e a cons- de queixar-se delic-s. Se o cscriptor da car ...
titu içaõ de Buenos-;/1.1;rcs concede ao Gover- ta declarasse a que amigo ::eu coloteasse.
no iniciativa d e Leis. Dizer que publicar um .ilndrada, se lhe mostraria, que se á
o Carreio Brasilie11se aq uelle Projecto foi pa- algum amigo deve algum cl'ellcs, esse ami ...
ra dirigir a nossa Assemblea, he puerili- go he d evedor á familia à eilcs de somma
eade; porque, com quanto credito mereça muito mais avultaJa. ,; Que .1nárada pe<lio
nquelle cscriptor, será sempre o pezo <la emprestimos a titula de 'cazar-se, e a quem?
sua opinia& infC·rio-r ao de umas poucas de O uuico que àe norn asou naõ pocha al-
Nações, toJas as mais illustradas d'a Euro- legar que sirnilhantc ra.saõ para cmprestimos,
pa; e se P-stas :;e achavam em parte co11s- porque casou rico. é Pre isar d e algum di.
tit uidas da maneira que o mesmo Correio nheiro, e pedil-o, qua.nJo se tem muito com
projectava parn a Brasil, se existia o ex- que pagar, oppoçrn-:-e por Ycnt ura á in-
emplo dessas Nações para a nossa Assem- teire;;;a <le Yida? é Qual tlos .llndmrlas fez
b lea, 2 o que vinha cá fazer a autl1oriJade aforarn<'nt os? 2 ..\. g11cm inculcou protPcções,
do Cõrrcio? Orn, Sr. Pitia cuide de se en- e incutio tl"rrorcs ? Dccbrf' , e ver-sc-ha
commcntlar a Deus, e vender cant>cas. que Ílc um calunrniaclor. Ü~ .flndrmfas CPtlern
PcrtcuJc . Pitia afear 0:3 .llndradus, Me- qualquer aforamento , que tenhaêí, aincla
nezes e Rocha com o labeo de carwndas. Se ao vil author <la carta. ,; Qual tlos .lln-
be ser carcnnda odear qualquer ao despo- dradas he nullo , como Piiin tambem as-
tismo, sem c om tudo se a listar <lebaixo das serern. ? N ullos os .llndradas .1 t-isum -tmea·
'!>
( 148)

zis '.' ~ Q,uaes as atr_ocidades de 3:1gum .!ln- ·embora com isto promoveS6e os seus irrte...
Jracla ? i Qual o .11.ndraila sal,picado de resses; era com a Lei. O que offende ao·
~angue irmocente ? Um delles foi accu- escritor da carta, bem se vê que he a.
sado ·de mandante ·de uma morte, mas censura dos ·d esacertos do actual Ministe-
tambem consta dos Autos que foi victo-- ,rio : ora pois isto he -direito de Cidada()
riosamente absolvido dessa. a!roz calumnia; 't enha paciencia = ·essa censura. naõ promove
e isto apezar dos esforços que fez o Go- 'ª separaçaõ das Províncias, antes fortifica
''erno para perdei-o., até nomeand-0 contra :a sua uniaõ n~ c_erteza. de que ha qu_e~l ve~e·
a Lei 'commissões extraerdinarias para pelos seus rlfreitos. Quando o Mrn1steno-
julgal-o; e isto apezar_ da inimisade q:ie he justamente censurado, o remedia he
lhe tinham os Desembargadore3 , CUJOS c-0rrígir-se, 'ºª mudar-se, e qualquer das
crimes naõ poupava. Os autos existem , e a 'C oisas he util para a uniaõ. concebemosi
sua !içaõ faria emudecer a quem. quei· que ·q ue esta -censura incomoda aos Minis!ros ,,
na.ó fosse o infame author da -carta, os<lefoi--e á seus vís aduladores, mas naõ mco ...
tos que imputa a um .Andro.Ja., ·sa-0 taõ falsos, moda a Naçaõ. O que nos parece calu...
<!Ue naõ merecem ,re.sposta ·; e ·só cumpre ad- mnãa sem par he que algum -.lbzdmda ostente.
vertir-1he ·que, ·se chama revoluciona.rio desprezo pela Pessoa d.e S. .M. 1 , quando
-desejar as reformas do seu Paiz, e para ·elle.s todos tem tido o cuidado de exprimir-se.
:o conseguir exp0r a \ ida. e bens , dis-
1 ·sem reíolhos a esterespeito, e demonstrado
_to honr-~-se muito um dos .11.ndradas naõ ·que em um Governo Constitucional a Pessoa
.duvida continuar na mesma caneira; re- do Monarca he sagrada, e acima da Huma-
:conhece porem que naõ be pa1:a o author, nidade: 'eil~s uaõ saõ contraditorios, e sua
e os mais da sua grey , qualidade muito eonducta he e tem sempre sido conforme·
-agradavel, a que poem em questaõ a con- -aos seus princípios. 2 Que civilades nega•
:tinuaçaó de abusos, com que engordavaõ. raõ os Jlndradas ao Imperador? Continua<J,
'D eíxemos as calumnias "\·agas, passemos ao .a fazer-Lhe as que sempre Lhe fizera ó, e
.t}Ue . parece positivo. F'lorianno Delgado Per- rlaõ as demonstraç<:íes do mais profündG res•
·dtgaõ foi acolhido pelos .Andro.das. e corri tpeito , quando por accidente o encontraõ~
rrasaõ : naõ foi <:rimin:oso nas .111.agoas ., o -O que naõ fazem, e o que nunca fizera(}.
•Seu ,crime foi somente '.O ulo pelo. bem do rsaõ adorações asiaticas, e indignas, que se
1.5erviço: foi taõ criminoso; que ainda hoje 1n aõ practicaõ nns Cortes ela Europa, e s<')
~he ~ l.º ·Supplente da <Sua Provincia. 'S e, foraõ aqui introdusidas nos 1ternpos do mais.
1foi sobreposto a Officiaes mais antigos, hei irevoltantc despotismo , por almas <le bma ,,
1porque a Lei no caso <lelle naõ admittia1 ocomo a do author da carta. He irrisivei a
a antigu1dade, como requesito, bastando a culpa, que se argue 1á ·um .Jlndroda por ter'
·classe: foi _porque he tahe~ o segundo Offi- ;sahi<lo na manh:i <lo dia 12 de Outubro de
cial em habilidade , e de reconhecida pro- ~alças, e chapéo de_,palha! ~Onde .esta·va
bidade; o que naõ he1 taõ- geral no The- marcado o vcstuario d'aquelle dia á um
soiro. Quanto a Egas Moniz, Official do Cidadaõ, que naõ comparecco no beijamaõ?.
·Cruzeiro, foi 8. M. I. quem lhe deo essa
1
~Qual he a Lei, que ·o obrigava á com-
.c oncideraçaõ, Jnerecida pelo que o dito 1parecer? ~Quem sabe as rasões domesti...
Egas obrou na ~xpulsaõ de .Avilezes. Um cas, que o podiaõ inhibir, ainda queren..
Lup« provido em Lugar inutil, e por isso do? Basta de enxovalhar-nos neste immun..
naõ foi para esse Lugar; 2 mas quem foi do lameiro. O Tamvyo descobre erros~ cen-
o patrono desse Lupe? certo naõ foram sura medidas Ministeriaes , di~cu tc doutri..
Õs .!lndradas 2 Que emprego teve Porto Se- nas; mas punir desaforos cl'.>mpcte a outr0>
guro? Um José Bonifacio foi accommodado tnbunal.
em bom oflicio, i e por quem? pelo Ministro .Muito nos custava ainda a accomodar-
da J ustica, e com rasaõ o merecia em con- nos com a <livisaõ dos trez Poderes Politi...
·templaç~õ aos longos serviços de seu pai cos, por que o Jv.diciario se pode de alº
Escrivaõ Deputado dos -Diamantes; sendo guma sorte considerar como um ramo d°'
porem digno de notar-se, que pela Repar- Executivo; mas apparece a nossa Estrel!a
tiçaõ da Fasenda, de que estava á testa um e 3:Poiado ':ºs seus Publicistas que, po;.
.Jlndrada ; foi indifferído , _ como se pode mmto respeito que mereram , nem por is..
:ver no livro da porta. i Que tem Luiz de so seraõ considerados i~fallíveis <'m sua~
..llenezes com os .llndradas? Elles naõ o des- opiniões , e apresenta-nos cinco Poderesr
pacharam: 2 que lhe fizeram pois? Tratal-o Naõ sabemos como ao Redactor da Estrel.-
bem por ser zelador da Fi'.l5cnda Publica, la escapou out~o poder que tambem ha na ;
s;ociedade, disti ncto de todos os mais , e acompanhar-mos deste fun ebre elogio o Te·
he o d o m~ri~o governar a mulher! O peior quiescat in pace q ue a piedade chri$tã nos
he as att n hmções que a Estrella com maõ obriga· a i mplorar para o defunto Gwio,
liberal reparte ao Monarca; bem se vê que que ta õ importantes serviços fez, e em .coi-
naõ dá do que he seu. A permissaã de si- sa taõ melindrosa, a Causa do Brasit !
m ilha ntes att ribuições seria a ultima des-
pedida á li berdade social, e a porta aber-
ta ao mais ou menos proximo regresso d o
a bsol utismo. Naõ obstante ser u Estrclla d e T eo<l o lido no D iario do Governo de
c piniaõ que ha na Socie<la<lc cinco Pode- 30 do mcz passado, uma Portaria do Mi.:
r es, esperamos que o seu 3. 0 1im inculca- nislro de Guerra , em d ata de 15 d'aquel-
do em o N.º 8.º se limite unicamente a le rnez, . foraõ tantas as reflexões, que nos
<lefcndcr aquellcs que a flOSila COllStituiçaõ occorreraõ depois <la sua leitura, que naó
marcar. podemos deixar de comunicai-as a nossos
O Sglpho expirou: i que desgraça naõ Leitores, para a vista dellas formarem o
he para o BrusiL a perda <leste bom Genio ! seu juízo, e decidirem, qual foi o prin-
Lastimando successo taõ li igno de pranto cipio que a dictou , p or que nós ainda
aqui torn<i.mos á vacca fria , e vamos ainda naõ podemos conjectural-o. Por clla Man•
malhar sobre o seu correspondente Combi- da aquelle Ministro ao Governador das
nador, que miseraYais combinações fez, e Armas desta Província: 1.0 que p onha no
ileo á luz cm o N. 0 24 daquelle Periodico ! Banco efiectivamente desde o momento em
Longe de mrrecer censura a promoçaõ do que se princ1piao a trocar Notas até o
Sr. José de Resende Costa a Escrivaõ da Me- fim, um Olficial <le Policia, para \·igiar,
sa <lo Thcsouro, nós a julgamos justa pe- e dar parte, dos Officiaes Militares , que
los documentos que temos presentes. A- lá forem a fozer o referido troco : 2. 0 e
qudle digno Official de Fazenda tem mos- que faça publico a esses mesmos Officiaes,
trado 110 <lecurso da sua vida publica mui- que recebendo ellcs parle dos seus sol-
ta probi<la<le, expc<lieHte e eífoctivadc no dos em prata , torna-se cscuzada a sua con•
trabalho: por Decreto de S. M. 1., no Mi- correncia n'aquclle Estabelecimento. Ora eis-
nistcrio do Conde da Louzã , foi nomeado aqui por or<lem <le S. Ex.• privados os Offi·
Ajudante do Thcsouro; e por Portaria de ciaes Militares de uma coiza que é
.28 de Junho de 1822 Jo Sr. Caetano Pin- livre a todo, e qualquer Ciclaclaõ. Naõ
to foi encarregado do exercicio interino ·ha Simplicio, que naõ tenha a faculdade
de Escrivaõ , e por isso passou por De- de ir ao Banco, com o seu bilhete, e
creto do tempo do ex-Ministro á efFectivi- trocai-o, e todavia nega-se isso aos bravos
~ade do dito Emprego, na forma da pra• defensores da Nacaõ, aos membros mais
tica estabelecida. E se naõ ha Lei que hom:ados <la Soci~da<le. ~Qual seria o mo-
mande seja aquelle acesso regulado pelas tivo da proiLiçaõ ? Nós o naõ sabemos;
.antiguidades, ~como chama por isso o Com- mas seja qual fosse; dia é impolitica,
binador clcspota e arbitrario a esse ex-Minis- porque suscita logo a primeira vista as
tro? ~ Por ventura . deo n antiguidade al- seguintes ideias: 1 .ª que os taes Officiaes
gurn dia merecim ento a quem o naõ pos- se cncarrcgavaõ por negocio do troco de·
sue? ~ Quando se devia proscrever em tu- Notas alheias: 2.~ que exigiaõ esse troco·
d o , se possível fosse , essa antiguidade , a com tumulto e violcr1cia , e taõ grande que
cuja sombra innumeravcis Empregados oc- o Banco naõ podia contei-os na ordem: 3.ª
cupam os Lugares pela unica rasaõ tisica que a affiuencia dcllcs ameaçava a queda.
àa ~ ravidade <los seus corpos , e mantem do mesmo Banco, <le maneira tal que o
em 111 alteravel descanço a sua estupidez, obrigou a representar a S. Ex.•, para ob·
e in aptidaõ, hc que a querem fazer valer ter algum reme<lio. Tudo isto saõ conse·
a té nos casos cm que a Lei a naô e:xige, quencias mui naturaes, e mui obvias do theor
e con tra a mesma pratica seguida? j For- da Portaria, de sorte que n'ella o Mjnistro
tes constitucionaes ha por este Mundo! nada menos fez do que, desacreditar por
S obre a carta do Fenda vanitatis, re- urna parte aos olhos do publico, um Esta.
(luzida a uma coisa, a que elle chama di- b elecirnento <le tanta importancia, como é
lcmna, diremos unicamente que o seu au- o Banco Nacional, e por outra, enxovalbal'."
thor sabe tanto de dilemnas , corno os que uma classe inteira de ho\nens, cujo ali-
va õ aprender ás argolas de Coi'mbra: sen· mento é a honra , pelos excesso talvez de
tindo muito Yermos em a necessidade de 2 ou 3 individues degenerados dessa mes-
~ ii
( 150 )

)JH\ cl:rn;e. eE se ra i~ lo p rud en te· ? eSe rá. Ba nc ó, por q u ~ é , como jú tlisse i:nos , a
j usto~ Naci segu rame nte: l.º porque <lo mo eda que ao presen te co rre i e po r que
Banco d1:pc 11dem as fo rtu nas de todos os rasaõ !!C US legitimas d o nos a naõ podcraõ
habitante:;; deste Imperio , e mormente dos c on ve rte r em me ta l, qu a nd o b em lhes pa-
<lesta l'rov Íllcia: assoalhar pois a sua <lc- recer, o u lhes for necessario? Dir-n os-haõ
caclenci:1 , 01 1 fazer de a lgum modo s us- que para esses naõ reg ula a proibiçaõ !
peita a sua estabili<ladc é pôr em s usto e assim se rá; mas a P ortaria naó ex cep tu a:
constcrnaçnõ aos que tem ali os seus fun- e o Mil itar sizudo q ue naõ q uizer entrar
~os, e a qua!qucr possui<lor <la mais insig- no rol do Ojficial <la Policia , e nas s u speita~
11ificantc Nota, e fazer um mal incalcula· do General, oll do Ministro prÍ\'a-se de ir ao
~1cl: 2." po rque dado caso que alguns l\li- Banco u cmillir as suas Notas, e de prover
lit:trcs, esquecidos <la sua dignidade, e por consequencia em suas necessi<la<lcs,
~ó mo\·idos do vil inlerm;se compareçaõ o u reaes ou ficticias , ou entaõ Yê-sc na
n1<Ü'S v.-:-2es n'aqucllc Estabelec i1ne11to a precizaõ <le mend igar esse favor, de quem
cmillir Nota<; alhern.s, vigiem-Eic, e saiba-se lh'o queira lazer. Dura condiçaõ !
.quem saõ, pois sobre eflcs só deve recair
a infamia, e castigo de tal proce<limento,
·~ naõ sobre a classe, como uecessariarnen·
te se entende da gcneraliJacJe com que e o R R E s p o N D E N e I A.
se exprimo a Portaria, o entaõ Ycrá. S.
t:x..' yuc a Oificialii<ladc l3rnsileira é mui· Senhor Redactor.
to nobre para se sujar com um procedi-
mento, que a ter tido lugar naõ espaca Tenho presente o Correio <le 17 do
Lle éerto de ser por algu1n cabo de Es- prezentc mez e N. 65, e nelle vejo huma
0

q ua<lra, e este naõ Brasileiro. analyse, dictada por o Sr. que se assigna
O que porem admira mais saõ os re- o Inimigo dos impostores, o qual lendo-a, e
)nc<liJs que na Porlal'ia se claó a esses examinando os factos em que se funda ,
excessos. O 1.º alem de ociozo e i11fructi- para sahir a campo, attacando pessoas que
frro '· é tamhem oppressor, e coativo, da merecem a opiniaõ publica, affirmo que o
liberdade natural Ociozo porque S. Ex.• dito Sr. naõ pode ser inimigo da sue raça
se naõ dignou de dizer-nos, para que pois da impostura se serve para publicar
era eqse rol, que ma11da fazer ao Offi- coizas <le que naõ tem certa noticia e es-
cial <la Policia: para castigo, cremos sas as pinta com as denegridas cores da
que naõ, por que naõ ha parte alguma sua pestifera bilJS : Respondo aos artigos
<lo Regl1larnento, que o mande i111pôr aos <la flua a:'lalyse, e a todos os deste gener0
.Militares, simplesmente por ir trocar Notas que se atrever a publicar que naõ sejaó
ao Banco. Oppressor porque tolhe a esta como os descreve. Prometo-lhe ser since·
Corporaçaõ o uzo de um direito absolu· ro, e sem procurar palavras sublimes, sa-
tamente necessario em um .Paíz, aonde ~ira, ou <lito picante narrar-lhe-hei o que
naõ corre cm geral outra moeda senaõ Jgnora.
Notas do Banco. Mas os \füiiarcs (diz o . Principia a sua analyse por censurar
Mini stro) recebem parte elos seus Sol<los o ex-Ministro da Fazenda M. F. a quem
em prata. Embora: e a outra parle ~ que apcllida JVeker. por uma Portaria expedida
liaõ de fazer <l'ella? ~ Taõ avantajados ao Banco em 24 de Dezembro prox irnó
..l:iUÕ es.ses sol<los, que só parte delles che- passado que diz mandava sequestrar a9
guem para as necessidades rneusaes dos Acções e divivendos dos Accionistas sub-
·~uc os recebem? Demé1is ~ qua11tos Mi li ta- <litos de Portugal : Ccrtameute, 011.-io s o-
res há, que alem do soldo tem muitos 1ne11 te fallar da Portar ia expedida ao Ban-
outros rendimentos, já de pl'edios urbanos, co e ig11ora o seu conte3to, e atrevesse a
já <lc ruraes? Cre o Tamoyo que disso escrever para o p ublico as!e.verando huma
nrtõ duviclará o Ministro, assim como naõ falc idade.
poJe duvidar, de que este:i rend imentos Continuar-se-ha.
~aõ geralmente realiz ados em No tas do

RIO DE J.AJ.'{EIRO. NA IMPRENSA NAClONAL. 1823.


·ENTO
AO N. 35 0

DE TERÇA FEIRA II DE :NDYEMBRO DE IS2'3.

JJiscursos que na .JJ.ssernblea Geral Constituinte diviciu-os aggressores.,. -0u foi por ser Bra-
Legislativa do lrnperio pronunciaram , em a sileiro , e ter aferro e afinco á Independen ..
.Sessaü de 1 O do corrente , os dois lllustres eia do seu Paiz, e naõ amar o bando de
,Srs. Deputados Andrada Machado, e Ri- inimigos que, por descuido nosso, ·se tem
beiro d'Andra<la, por occasiaü dos horrendos apoderado das nossas forças? 015 cabelloS'
t:tttentados commettidos contra os Cidadãos Da- se me erriçam , o sangue ferve-me em bor-
'.Yid Pamplona. e Francisco Antonio Soa; betões á vista .do infando attentado , e
\l"€8. ·q uasi maquinalmente grito: vingança! Se
naõ podemos salvar a. honra Brasileira; se
1h e a incapacidade, ·e naõ traiçaõ do Go-
Sr. .Jlndrada Jliachaclo. --- Sr. Presiden". Yerno quem acoroçoa os scelerados assas-
te. Assaz desagradavel me he ter de ,djze.r sinos , digamos ao illu<lido Pol'O que em
IJioje coisas que naõ sejam muito em decoro cnós rse fia : Brasileiros , nós awo vos poderno~
<la Assemblea. Na ultima · Sessaõ casos .se l{J.Ssegurar a honra e vida ; tomai vós mesmos ct;
.Passaram que me -0brigaraõ a perguntar a defeza da vossa· honrCC' e direitos ojfendidos. ~ MaSf
;mim me.3mo: ubinam gentium sumus? ~He no <Será isto proprio de homens que estaõ em
-..Brasil , he. no .seio da Assemblea Geral ia nossa situaçaõ? Naõ por certo; ao me"'
Constituinte do Brasil q ne eu ergo· 'ª minha nos eu trabalharei, em quanto ·tiv.er vidac,,i
iVoz? Como, Sr. .Presidente, le-se um ul- por correspo11der á confiança que em mim
iraje feito ao nome Brasileiro na pessoa do pôz ·o brioso Povo Brasileiro. Poderei
Cidadaõ David Pamplona, e nenhum sinal ser assassinado: naõ he novo que os de.
de 1marcatla · d esapprovaçaõ apparece no fensores <l'O Povo sejüm victimas do selli
seio do ajuntamento <los Representantes· patriotismo; mas meu sangue gritará vingan..,
Nacionaes? i Diz atú,um Representante Na- ça, ,e . eu passarei á posteridade, como o
cional que elle mesmo se naõ acha ...segu ... 'Y ingador da dignidade d_o Brasil. i E que
ro, e nenhuma mostra de iudignJ.çaõ daõ mais pode desejar ainda o mais ambicioso:
os Illustrf's Deputad'o s? Morno silencio 'd.a dos homens·? Ainda he tempo, Sr. Presi--
morte, filho da coacçaõ , pea as lingoas •., .dente , de prevenirmos o mal , em q uantQ
.<>u o sorriso, ainda mais crjminoso, .d a in- o volcaõ naõ arrebenta; desapprove-se o
àiíferença salpica os semblantes . .Justo Ceo, parecer da Commissaõ , reconheça-se a na..
.e somos nós Hepresentantes? 2Ue .q uem? .turcza publica e aggravaute do-ataque foi ..
Da Naçaõ Brasileira naõ pode ser: quan- ito ao Povo do Brasil, punam-se os teme•
do se perde .a dignidade, <lesapparece .tam- rarios que ousaram ultrajal-o abusando dai
bem a nacionalidade. Naõ, naõ somos na- sua bondade, naõ polluam mais com a sua.
da, se estupidos vemos sem remediar os impura presença o sagrado solo da liber..
.u ltrnjes que fazem ao nobre .Povo do Bra- dade, da honra, e do brio ; renegue-os o
~il e3trangciros qLie adoptamos Na~ionaes, I m perio , e os expulse ·de seu seio. lstc.
e que assalariamos para nos cobnrem de insta, Sr. Presidente: os assasinios repe•
baldõcs. ~ Como disse .pois 'ª Commissaõ tem-se; ainda antehontem foi atacado por
que o caso devia remetter-se ao Poder J u- impios irufiões um Brasilet·o de PernambucCJ
diciario, e que naõ era ela nossa compe- Francisco Antonio Soares : se a espada da:.
íencia? i Foi clle simples violaçaõ de ui:n justiça se naõ desembainha, se toda a.
tlireito inJividual, ou antes um ataque fei- força Nacional naõ esmaga Oâo !Encelado!;
to a toda a Naçaõ? ~Foi o Cíd~daõ nlt:a- que querem fazer-nos guerra por traiçõeg,
jado e espancado por ter offend1do aos m- nocturnas, somos a zombaria do Mundo,,
.~ cumpre-nos- abandonar OEi Lucrar es que Disse-se que similhante attentado estava no
ie:i.ova lhamôs com a nossa gestaõ. Eu mando caso dos crimes ord inarios, e era filho do9 abu~
á ·Meza a minha emenda. sos da I mp1'cnsa : examine mo-lo. Na noite
Diga-se .ao Governo que, aimJa que d o dia ta l saõ 7 para as 8 horas foi a ta-
<> c aso -do ·insulto feito ao Cida<laõ David cado em sua botica n-0 largo , e ao pé da
Pamplona pa reça viclaçaõ de l.1m Direito guarda da Carioca , 'O boticario David Pam-
indiYidual ., com o p or sua natureza e c ir- p lona , pelos Sarg ento ~fór L apa , e Capitaõ
cu nstancias seja uma inju ria publica ao .1l!foreira, e horri vélmcnte e spanc ado; ie por
'Brasil faça inq ui rir delles; e veri ficados os que? por ser Bras ileiro resolu to -: ~por quem ?
au tho rcs , a Assembléa o a uthorisa p;ira por perj uros, que meno scabando a Rele ..
() S cxpu1sarcm do territ~ni o do lmpcrio , giaõ do ju.ramento, q ue cobe rtos com o
que polluem. manto postiço , e emprestado de Brasilei-
s ismo , pagaõ o b"eneticio de os haver-mo;;
O Sr. Ribeiro de .!indrada. - Legislado- e ncorporado á nossa N aç·aõ , c om repetidas
res ! Trata-se de um dos maiores attentados, traições , e persuadid.os )àlvez de impuni-
d e um at.tentado, que ataca a segurança , dade , cevaõ seu odio contra nós , derra-
e dignidade Nacional, e. indi~ectamente o mando o nosso sangue , e sollapando indi.,
~ystema. politieo por nós adopta<lo, e ju- rectamente as bases <la nossa Independen-
rado. Quaqdo se fez a leitura de simiJhan~ cia : infames assim agradecem o ar 9 que
te atrocidade , nm silencio de gelo foi · respiraõ, o alimento, que os nutre, a casa,
tiossa unica resposta, e o justo receio de que os abriga , e o honorifico encargo _d e
igua,es insultos á nossa Representaçaõ nem nossos defensores , á que indiscretamente
-~e quer fez asf:)omar eq1 nossos rostos os os. elevamos! Que fatalid11de .Brasileiros .1,
naturnes sentimentos de horror, e indigna .. ~Vivem entre nós estes monstros, e· vivem
ç.aõ. ~ Dar-se-ha caso, que submergidos na para nos devorarem? Note-se, que a g1Jar.c
escuridaõ .das trevas tememos encatar a da naõ acudio estando proxima , devemos
luz? ~que amamentados com o leite im-. crêr ~ 1ue teve ordem para isto: que naõ
puro do despotismo . amamos nin<la seos houve abuso de imprensa, houve sim
ferroe;. e suas cadeas? ~Ou que vergados culpa de ser Brasileiro, e resoluto ; G ran-.
sob o peso. de- novas <;>ppressões , emmu- de Deus ! é crime amar o Brai;il , ser n'el~
:decemos. de. susto, ~ naõ sabemos deitar ]~ nascido e pugnar pela sua lndependen-
muõ çla. trombeta da verdade , e com elia cia, e pelas suas Leis ! Ainda vivem , ainda
ibradár aos Povos·, sois traídos ? Todavia. supportamos em o nosso seio similhantes
naõ anticipemos juizos· , naõ tiremos inda feras!
~onsequencias , ,c onsideremos o facto por Aqui foi o Orador interrompido por'
todas as suas faces, com todas as circuns- C'ontinuados Rpoiados dos espectadores das
tancias~ e accessorios, que o a companha- Galarias , e o Sr. Presidente levantou a.
11'.aõ, e agg ravaraõ entaõ poderemos c lassificar Sessaõ.
a natureza do crime, ou crimes cornmettidos.

R IO DE. JAN E IRO NA IMPRENSA NACIONAL_..


e.
O TAMOYO BJOR
RIO DE JANFJRO
7ELIO VALVERDE
1944
t2,oo
COLECAO FAC-SIMILAR DE JORNAIS AN-
TIGOS• 1
TAMOY
07 730906 019
TAMOY
TAMOY
ENCADERNADORA E TIPOGRAFIA GB LTDA.

Você também pode gostar