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Beatriz sutil

Gabriel Barboza

Igor Semitan Aurora

Lucas Brito

Mariana Monteiro

Matheus Phelipe Braga

Mayumi Moriya Silva

DIREITO E ANTROPOLOGIA

CURSO - DIREITO

Disciplina: Sociologia e Antropologia - 1º. Semestre/2019

Docente: Prof. Dr. Luiz Augusto Ventura do Nascimento

Londrina, junho de 2019.

1
SUMARIO

Premissas do Direito-------------------------------------------------------------------- 9

Direito e Moral-----------------------------------------------------------------------------10

Direito e Sociedade----------------------------------------------------------------------11

Antropologia aplicada ao Direito----------------------------------------------------12

Direito e Poder-----------------------------------------------------------------------------14

Conclusão-----------------------------------------------------------------------------------15

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RESUMO

Este trabalho consiste em um artigo, que tem como objetivo apresentar os


âmbitos do Direito e da Antropologia, e como estes sistemas se colidem. Serão
apresentados também exemplos reais que mostram como esses sistemas afetam um
ao outro e a realidade em que se debruçam.

Palavras-chaves: Direito; antropologia e sociedade

3
4
5
Introdução

Existe um estudo realizado por Roberto Kant de Lima e Bárbara Gomes Lupetti
Baptista dizendo como a Antropologia pode contribuir para uma pesquisa jurídica e
por que estes dois saberes, mesmo parecidos, estão distantes um do outro.

Sabe-se que um antropólogo (diferente de um sociólogo) realiza a maior parte


de seus trabalhos em campo. Através deste modo de pesquisa, o antropólogo absorve
para si um conhecimento mais aprofundado sobre determinada sociedade e sua
cultura, podendo falar e escrever com propriedade sobre a sociedade por ele
estudada, deixando de lado seu juízo de valor, e ‘’julgando’’ com os olhos de quem
realmente pertence a determinada sociedade.

Já um jurista usa do poder da lei para condenar ou absolver um indivíduo


através de seus atos, olhando para o fato ocorrido e aplicando-lhe a lei, sem ter, muita
das vezes, o conhecimento aprofundado sobre o contexto em que o fato ocorreu.

Este contraste entre o ‘’fazer antropológico’’ e o ‘’fazer jurídico’’ cria um certo


impasse para que os dois saberes se aproximem. Porém, existe outra maneira de
analisar esta situação.

Se pararmos para analisar, o Direito e a Antropologia têm um papel


extremamente importante para a sociedade. De um lado, temos o ‘’fazer
antropológico’’ expondo a realidade de diversas sociedades e suas culturas através
do trabalho em campo, respondendo perguntas sobre feitos delas, e do outro lado,
temos o ‘’fazer jurídico’’, julgando e resolvendo casos pertencentes à sociedade que
o compete.

Os operadores do direito não podem utilizar apenas teorias para criar conceitos
idealizados e ignorar a parte prática do seu campo de atuação, pois as teorias que
versam o direito são, muitas vezes, apenas a visão de mundo de um legislador
específico. O direito está inserido dentro de uma realidade, e não o contrário. Portanto,
para melhor compreender e lidar com temas a serem tratados, é importante que o
direito olhe para o campo prático e a partir daí formule suas teorias e normas. Dessa
forma, chegará próximo de um conhecimento mais completo e transparente.

Apesar de se conhecer a importância da pesquisa acadêmica de campo para o


direito, isso é desvalorizado no campo jurídico, pois o direito trata de um conhecimento
normativo e, muitas vezes, abstrato, ao invés de lidar com os fatos que ocorrem na
prática. O direito projeta idealizações e rejeita todos os fatos que vão contra elas,
ainda que aconteçam na prática. Dessa forma, o Direito torna-se ideal e, por ignorar
tudo que não corresponda às suas idealizações, os problemas deixam de existir para
ele. Sendo assim, busca ideais que muitas vezes não condizem com a realidade,
sendo apenas ideais e opiniões do legislador. O campo jurídico brasileiro tem uma
enorme dificuldade em aceitar conhecimentos advindos de trabalho em campo, logo,
há um abismo entre o direito legislado e o direito praticado.

O conhecimento jurídico não olha para a realidade, ele tende a ser fundado em
dogmas e seu conteúdo não tende a produzir transformações, apesar de sempre ser
atualizado. Ou seja, deixa as coisas como elas estão e, portanto, não altera a
realidade. Isso é um problema, pois, de acordo com a época, algumas coisas deixam
de ser praticadas e aquilo continua previsto no ordenamento jurídico.

Antropologia

A antropologia, está palavra tem origem no grego “Anthropos” (homem, ser


humano) e “Logos” (conhecimento).

Somente quando Darwin fez suas descobertas evolucionistas do homem é que


a antropologia foi introduzida no campo científico, porém seus estudos advêm de
muito antes. Podemos dizer que ela existe impessoalmente dês de que nos
interessemos pela cultura do outro.

Como no caso de Heródoto que ao longo das viagens realizadas por diversas
regiões, registrou povos diferentes.

O motivo para a antropologia não ser considerada mais cedo como uma ciência
provém do fato de usar o homem como método de estudo. Pois já havia ciências com
essa funcionalidade, como psicologia, medicina e entre outras. Ela por sua vez
buscava nas eras, espaços e tipos.

Escolas antropológicas

0,1 Evolucionismo Social.


Essa escola diz que todas as sociedades iniciam de formas primitivas e com o
passar do tempo ela evolui. Diz também que os indivíduos que as compõem são de
forma não literal animais, que com o passar do tempo ficam mais civilizados.

Esta escola defende as mutações que definem graus de evolução. Sabendo


que se dão de forma lenta porem constantes, contudo, ela ainda é subordinada da
antropologia social. Que considera a seu ver sociedade tudo que a cultura, hábitos,
aspectos etc.

0,2 Funcionalismo.

É uma teoria adaptada para diferentes campos de conhecimento, como a


filosofia, a psicologia e a antropologia. Ele explica a sociedade e as ações em coletivo
ou individuais. Assim o que se observa deste modo de pensar é entendido como um
organismo, onde cada parte exerce sua função.

Émile Durkheim foi seu fundador, seu interesse era compreender o que definem
uma sociedade, o que faz com que ela não seja apenas uma coleção de indivíduos.

Seus teóricos entendem que a sociedade tem suas partes que exercem
funcionalidades diversas porem que a compõem como um todo.

Chegamos através de diversas perspectivas, a um entender que. As partes


deste grande organismo funcionam apenas unidos. Elas foram feitas para um trabalho
em conjunto e quando há um problema com uma destas logo todas em questão
apresentarão avarias. Nenhuma pode ou conseguiria funcionamento sozinhas, todas
as partes dependem entre si. Estas podem ser interpretadas como instituição,
membros com grau de proximidades próxima e autores que originam a sociedade,
como agencias estatais e familiares.

Quando falamos de Durkheim um de seus fundadores muito importantes não


podemos deixar de falar de compreender os fatores que definiam a sociedade em que
vivia, o que fazia com que essas pessoas que viviam em um lugar fossem chamadas
de sociedade.

Um de seus métodos de pesquisa durkheimiano observar e compreender as


estruturas que formam a sociedade e sua função. Segundo o autor para que haja o
funcionamento é necessário que esteja tudo em harmonia coesa tudo depende do seu
bom funcionamento.

Estas e as demais funcionam de forma consensual, essa existência do


consenso entre os setores é uma das formas que Durkheim aponta para que a
sociedade funcione e se torne organizada.

0,3 Culturalismo Norte Americano.

Surge no final do século XX e estabelece o método comparações e criações de


padrões culturais, a partir destas é então possível o funcionamento das leis no
desenvolvimento de culturas.

Franz Boas foi um dos grandes nomes no Culturalismo Norte Americano, uma
de suas paixões que teve grande impacto neste método foram os estudos da teoria
de que raça e língua, igualmente como cultura e raça eram fenômenos independentes.
Nesta época dotas estas eram vistas de um mesmo ponto de vista e estudadas uni
linearmente e universalmente estas eram o desenvolvimento de cada sociedade.

Boas fez diversas críticas partindo muitas vezes de um mesmo ponto


específico. Algumas hipóteses eram de a vida ter uma propensão inata para evoluir
de modo único advindo de alguma força interna ou externa, que já predominava antes
dos pesquisadores antropólogos.

Para complementação deste linear de Franz Boas, comentava sobre as


diversidades de desenvolvimentos histórico que dependia da intromissão de
acontecimentos culturais ou talvez não. Em alguns casos ele apresenta a influência
do meio ambiente e possíveis casos da influência biológicas entre a sociedade.

0,4 Estruturalismo

O estruturalismo é um estudo que permite ter pontos de vistas sobre as formas


possíveis de conhecer as atividades humanas nas ciências.
O antropólogo q mais se destaca nesta escola foi Claude Lévi Strauss, seus
estudos eram pautados em sociedades primitivas ou chamadas também de
sociedades arcaicas.

No livro (Estruturas elementares do parentesco), apresentam intencionalmente


regras estruturais, familiares com o intuito de proibição do incesto. Onde são
aparentes em todas as sociedades humanas conhecidas.

Segundo o autor desta obra, o incesto poderia ser considerado um fenômeno


universal presente nas sociedades. Porem cada qual com suas justificativas para seu
impedimento.

Esse tabu pode ser concebido como um mecanismo social que reflete o
domínio da cultura sobre a natureza. A abordagem dos pensamentos e narrativas
místicas recebeu tratamento semelhante. Em seus estudo comparativo intitulado
Mitológicas. Ele explica que o mito não existe isoladamente, pois está relacionado
com outros mitos. Do mesmo jeito que a linguística estrutural isola.

O mito possui unidades elementares chamadas mitemas, que podem ser


reduzidos a "pares de oposição binária" e que sustentam a estrutura do pensamento
mítico em geral.

Antropologia interpretativa

A antropologia interpretativa ou antropologia hermenêutica é uma vertente que


surgiu na metade do século XX e tem a principal característica que é a interpretação
de um indivíduo que vive em uma determinada sociedade e cultura e que passa a
entende-se que a antropologia interpretativa pode contribuir consubstancialmente
para a retomada do ensino de modo a acreditar que determinadas pessoas possuem
a mesma natureza de outras; portanto, que seja possível se verem entre outras, como
apenas mais uma diante da forma que a vida humana adotou em determinado lugar,
em um mundo entre mundos. Dessa maneira, compreende-se que tudo e todos estão
interligados, estão em busca da interpretação do seu papel particular, num
determinado contexto social.

Clifford Geertz foi um principal fundador da antropologia interpretativa e tem na


sua linha de pensamento que é analisar cultura e definir ela como “as teias de
significados que o homem teceu e nas quais ele enxerga seu mundo”, sempre está
procurando seu real significado e usa a análise de cultura para comparar como fosse
um corpo de objeto que conduz a pesquisa de começar a iniciar as suas interpretações
pretendendo sistematizar como fosse um fato natural.

Antropologia pós-moderna

A antropologia pós moderna surgiu nos anos 60 juntos com movimento pós
moderno e foi o período que os antropólogos que utilizam seu trabalho para investigar,
interpretar e criticar a etnologia clássica, considerando-se de questões como as suas
condições de produção e do papel do autor e apresentar de início uma breve relação
da produção do trabalho antropológico e de que forma o pós-modernismo e seu ideal
tem contribuído para uma concepção dentro da antropologia do objeto até o texto final
e os principais fundadores foi o James Clifford, Paul Rabinow e entre outros
antropólogos pós modernistas teve inspiração teórica pelos pensadores europeus
Pierre Bourdieu, Michel Foucault e etc.

Escolas antropológica Francesa

Essa escola surgiu no final do século XIX e focou seus estudos nas
representações coletivas e na metodologia científicas ela se preocupa com as
questões filosóficas e sociológicas. Após meados dos anos 30 ela começou a evoluir,
fazendo com que aparecesse a etnografia francesa. Sendo assim é caracterizado por
começar a ser estudado questões que representam os seres humanos, como a
mitologia, a religião e seus efeitos históricos sobre os indivíduos, a literatura, o
racionalismo e o idealismo tendo os principais fundadores que são o Lévi-Strauss e
Emile Durkheim.

Claude Lévi-Strauss foi um importante fundador antropólogo francês no século


XX que ficou conhecido pelo antropologia estrutural que surgiu nos anos 40 mais
ganhou força nos anos 60 e 70 é a análise da realidade social baseado na construção
de modelos que expliquem como se dão as relações a partir do que chamam de
estruturas analisa sistemas em grande escala examinando as relações e as funções
dos elementos que constituem tais sistemas, que variam das línguas humanas e das
práticas culturais aos contos folclóricos e aos textos literário. E uma das bases no
estruturalismo de Lévi-Strauss são as sociedades como sociedades como “frias” e
“quentes” e o mito, contos, que era bastante desprezado pela ciência positivistas e
racionalistas pelo século XIX mas para o autor ele entende que o mito é a entrada
para estruturas dos povos em questões linguísticas por que a língua tem um poder de
estrutura no indivíduo, pois este nunca esquece sua língua e age dentro da sociedade
a partir de seus códigos.
1.0 Premissas do direito

O Direito, visto de uma maneira ampla, é um instrumento que implica na busca


da justiça. O próprio símbolo que representa é fundamentado nessa ideologia, pois
como dizia Rudolf von Ihering a justiça necessita da espada e da balança (a balança
é aquela que pesa o Direito, e a espada é aquilo que o defende) ambos precisam estar
em harmonia.

Ainda seguindo a linha de pensamento de Ihering, o surgimento do Direito ou


Direito da época primitiva era enfeitado com atributos de idealização, ou seja, o Direito
possuía por si só características como verdade, sinceridade, lealdade, inocência e fé
piedosa, a historia prova que a piedosa idade primitiva é uma mentira, assim como a
ideia de um direito perfeito.

A essência do Direito está na ação, pois o Direito afeta a sociedade e é afetado


por ela. Parte-se do princípio de que a sociedade precisa do Direito e o Direito surge
a partir da mesma, ou seja, existe uma troca mútua entre ambas as partes, o que vai
além das visões idealizadas nas quais o Direito foi fundado.

O Direito também é influenciado por fatores externos e internos como: contexto


histórico, moralidade, sociedade, poder, funções e finalidades.
2.0 Direito e Moral

O Direito em si, está preocupado em regular as ações externas de uma pessoa,


quando ela prejudica uma segunda pessoa com agressões físicas, agressões verbais,
danos materiais entre outros. Uma das características do direito, é a bilateralidade,
que diz exatamente sobre a ação do indivíduo, e não a intenção sem a ação. Por
exemplo: Suicídio não é considerado crime no Brasil, mas homicídio sim, por que um
danifica apenas a pessoa em si, e o outro amplia o dano a uma outra pessoa

A moral, regula a conduta interna do indivíduo, como se fosse um sensor que


o acusasse e o alertasse, toda vez que fosse cometer um ato que é considerado imoral
perante a sociedade em que esse indivíduo, vive. Nem sempre um indivíduo que
cometer um ato imoral, responderá criminalmente por ele, apenas se houver uma lei
especifica regulando a ação.

O Direito muita das vezes é confrontado com a moral, especialmente quando


se trata de normas que vão na contramão dos costumes de uma determinada
sociedade. As leis de acordo com a teoria tridimensional do direito, podem surgir
através de três fatores: fato, valor e norma. Porém, muitas vezes, a criação da lei pode
ser influenciada através da moral pertencente à sociedade, como por exemplo, um
jovem dar um lugar a um idoso dentro e um transporte público, até a década passada,
não existia uma lei para isso, apenas tinham os assentos reservados para idosos,
gestantes e PCD, mas seria totalmente imoral uma pessoa jovem com a saúde
perfeita, não ceder o lugar ao idoso, gestante ou PCD, através disso, criou-se a lei.

Porém, também existe imoralidade dentro de um ordenamento jurídico. Por


exemplo: Um empresário e seu sócio, fatura um valor x por mês, porém, um dos sócios
trabalha 20 dias do mês, enquanto o outro trabalha apenas 10 dias. No fechamento
do mês, quando forem dividir os lucros, deve dividir em partes iguais para os dois
sócios. Moralmente falando, isso não seria justo e muito menos moral, porém é legal.

Esses dois exemplos citados acima, deixa evidentemente claro que o direito e
a moral são coisas totalmente distintas, que podem ou não se relacionarem,
dependendo apenas do contexto em que se encontram.
3.0 Direito e sociedade

Para a sociologia, o Direito tem a sua origem nos fatos sociais - termo utilizado
pelo sociólogo Émile Durkheim -, ou seja, nos eventos e acontecimentos que ocorrem
na vida em sociedade. Todos os nossos atos, condutas e ideologia acabam refletindo
nos costumes, valores, tradições, sentimentos e cultura. Cada costume distinto gera
fatos sociais também distintos, essa é a razão pela qual cada povo tem sua cultura,
sua história e seus fatos sociais diferentes dos demais. O Direito surge daí, através
de um processo lento da vida social.

Segundo Aristóteles, o homem é um animal político, um ser social, logo, tende


a viver em sociedade, não podendo viver isolado dos demais de sua espécie. Como
o Direito é originado a partir dessa interação e aglomeração de indivíduos vivendo em
sociedade, ele não pode ser alheio aos fatos sociais, pois se origina dos mesmos.

A sociedade necessita de algo que a oriente e crie regras para a vida coletiva,
que discipline os indivíduos que vivem nela, a fim de proporcionar uma boa
convivência social. O Direito tem como objetivo justamente servir de ferramenta para
essa coesão social, uma vez que disciplina sobre regras, normas e condutas para os
indivíduos seguirem dentro daquele meio em que estão inseridos. O Direito surge da
sociedade para a sociedade.

O Direito é, por excelência, o instrumento de organização da sociedade. É um


meio para a própria sobrevivência da sociedade que ele regula. Sem o Direito, a vida
em sociedade seria um tremendo caos, por isso ele é tão importante para a
manutenção da ordem social. O Direito não existe fora da sociedade e não pode surgir
fora dela, pois tem sua origem na sociedade e em suas relações sociais.

Na vida em sociedade, os indivíduos irão se confrontar com regras e condutas


sociais que não foram diretamente criadas por eles, mas que existem e devem ser
seguidas e aceitas por todos. Caso não seja, o Direito utiliza da violência legítima para
punir seus infratores.

A função do Direito, por fim, é trazer harmonia às relações sociais, resolver os


conflitos com o mínimo desgaste e sacrifícios. A busca para a solução de conflitos
deve ser harmoniosa e coordenada, deve se valer de critérios justos de acordo com
os valores da sociedade.
4.0 A Antropologia Aplicada ao Direito

O Brasil teve 6.160 mortes cometidas por policiais na ativa em 2018, contra 5.225
em 2017. Alta vai na contramão da queda de mortes violentas no país, que foi de 13% no
ano passado. Em relação ao número de policiais mortos, a queda foi de 18%.

Com base nos dados apresentados acima, sobre o crescimento do número de


assassinatos cometidos por policiais no Brasil, podemos dizer que falta um certo
preparo em nossos operadores da segurança pública em nosso cotidiano.

Todos sabemos que precisamos de segurança, mas a segurança que nós


precisamos, precisa ter uma boa base de estudo, como na antropologia, pois não é
somente através de manuais que nossos operadores estariam preparados para exercer
sua função.

O que eu quero dizer com isso não é que nossos policiais precisem de um
treinamento em campo melhor, mas sim um treinamento mais centralizado na
capacidade de interpretação, como nos é proporcionado no conhecimento
antropológico, porque é simples treinar um policial só para o cumprimento da lei.

Entretanto, a maioria de nós sabemos que nem todos os policiais são bons
executores da lei, como foi citado acima, o número de mortes cometidas pela polícia
vem aumentando cada vez mais, e isso é devido à má formação de tais operadores,
porque o principal objetivo da polícia é garantir a segurança da população, e com isso
precisaríamos de uma melhor capacidade de interpretação.

Não é só chegar armado em uma “favela” e disparar contra “traficantes”. Quando


um policial é enviado para uma operação em uma comunidade, ele tem que estar ciente
de que lá não tem somente os infratores da lei, e sim pessoas comuns preocupadas em
viver a sua vida de forma normal. Entao ele precisaria analisar o local e os moradores
de uma forma mais micro, e não de uma forma macro, onde ele chegaria e tentaria
cumprir seu papel, que seria neutralizar a situação, podendo ocorrer baixas
inesperadas. E nisso que entraria o estudo antropológico.

A falta de preparo da polícia em nosso cotidiano é algo que precisa mudar


urgentemente, porque a com o alto número de mortes por conta da dedução de quem
seriam os supostos “criminosos” também está muito alta. E eu poderia citar inúmeros
casos, mas eu irei utilizar de um mais recente, que foi cometido contra uma família de
pessoas negras, que estariam em uma viagem há carro.

SÃO PAULO, 8 ABR (ANSA) – Militares do Exército dispararam mais de 80


tiros contra um carro na Estrada de Camboatá, em Guadalupe, no Rio de Janeiro, e
mataram um homem por engano. Os disparos foram feitos dia 7 por nove militares,
por volta das 14h30 locais. Além da vítima, outras duas pessoas ficaram feridas (um
homem que estava dentro do carro e um pedestre). Familiares dizem que eles foram
confundidos com bandidos.

O homem que morreu foi identificado como Evaldo dos Santos Rosa, de 51
anos, músico e segurança. O ferido é seu sogro e se chama Sérgio. Ele foi baleado
no glúteo. Também estavam dentro do carro a mulher e o filho de Evaldo, de 7 anos,
além de uma afilhada do casal, de 13 anos.

Em nota, o Exército afirmou que os dois homens dentro do carro abriram fogo
contra a guarnição, “que revidou a injusta agressão”.

No entanto, o delegado Leonardo Salgado, da Delegacia de Homicídios do Rio


de Janeiro, disse que “tudo indica” que os militares atiraram ao confundirem o carro
com o de assaltantes.

“Neste veículo estava uma família. Não foi encontrada nenhuma arma no carro.
Tudo que foi apurado era que realmente era uma família normal, de bem, que acabou
sendo vítima dos militares”, afirmou o delegado à imprensa. (ANSA).

Como já citado anteriormente, o Direito e a Antropologia devem caminhar


juntos, uma vez que ambos se completam. Ao trabalhar de forma independente,
ignorando o campo prático, o Direito está sujeito a erros e a criar teorias e soluções
que nem sempre se enquadram no que acontece na realidade. Atualmente, podemos
ver um reflexo disso na segurança pública, especificamente na Polícia Militar.

É indubitável que, na maior parte das vezes, quem legisla e cria normas e
conceitos, dentro da esfera do Direito, não vive na prática aquele conteúdo que se
propõe a estudar e a normatizar. O Direito se fecha aos outros campos, projetando
suas idealizações utópicas de acordo com uma base já pré-estabelecida e formada
segundo a concepção de um terceiro.
O legislador que faz as leis que regem a esfera militar as faz segundo uma
teoria, mas não entende como de fato as coisas acontecem na prática. Ao analisar
fatos ocorridos na segurança pública brasileira, vemos com maior clareza como o
Direito e a Antropologia andam separadas. Por exemplo, podemos citar algumas
normas que regem a esfera militar, como a lei que proíbe o policial de atirar antes dos
marginais. Por lei, o policial só pode atirar quando for alvejado, não importando se a
situação coloca sua vida em risco ou não. O agente público não pode usar de seu
discernimento para analisar a situação e julgá-la como uma ameaça crítica ou não,
apenas a ação do marginal pode dizê-la.

O fato é que quem criou essas normas, as fez sem conhecer como de fato as
coisas ocorrem no campo prático. Daí a importância da Antropologia e o Direito
caminharem juntos, para que o Direito tenha uma base empírica do que acontece na
realidade e, a partir daí, possa projetar condutas que irão condizer melhor com o
campo prático.
5.0 Direito e Poder

O poder e o Direito, são conceitos diversos, apesar de terem uma estreita


relação, em especial, é preciso ter em mente que a força é um dos elementos do
poder, mas não é o único, pois ele também envolve a autoridade.

A força é o elemento coativo do poder, pois os sujeitos que têm poder são
capazes de impor sua vontade a terceiros. Porém, o simples uso da força não deve
ser confundido com o exercício do poder. Um assaltante que ameaça sua vítima com
uma arma de fogo e ordena que ela lhe entregue seu relógio pratica um ato coativo,
mediante a utilização de sua força. Porém, esse ato não é um exercício de poder
propriamente dito, pois ele pode gerar obediência e não dever.

E o poder gera obrigação justamente porque ele envolve um elemento além da


mera força, que é a autoridade. A autoridade é um elemento normativo, pois ela
sempre deriva de uma regra que confere a um determinado sujeito a possibilidade de
impor deveres a outras pessoas.

Não há autoridade sem norma, assim como não há poder sem força. Porém,
tanto a força quanto as normas vinculadas a um poder podem ter atributos muito
diferentes. Quando a obediência é conquistada por meio da imposição de sanções
que envolvem violência física, a força envolvida tem a natureza de uma coação
exercida diretamente sobre o corpo ou sobre os bens da pessoa.

Porém, a obtenção da obediência somente é constitui o exercício de poder (e


não uma mera arbitrariedade) quando ela resulta do exercício de uma autoridade
legítima. O poder religioso, por exemplo, é baseado numa autoridade derivada de
alguma espécie de delegação divina e que pode ser atribuída a pessoas e instituições
específicas. Já o poder moral deriva de uma autoridade social que não pode ser
delegada a qualquer órgão específico, pois tem natureza unicamente consuetudinária.
O poder jurídico, por sua vez, liga-se a uma autoridade que pode ser atribuída, pela
autoridade política, a instituições ou pessoas específicas.

Essa distinção entre poder e força mostra-se inclusive na distinção jurídica


entre os vocábulos coação (que é a mera utilização da força física ou simbólica) e
coerção (que é o exercício da força por uma autoridade legítima).
6.0 CONCLUSÃO

Com base em tudo que foi dito, estudo de certas práticas jurídicas, realizados
por um caráter mais antropológico, pode possibilitar uma melhor aproximação com o
campo jurídico, possibilitando uma percepção mais democrática dos fenômenos e dos
institutos jurídicos.

Pela observação dos aspectos analisados, percebe-se que a Antropologia e o


estudo em campo, é extremamente importante para a pesquisa jurídica, podendo
trazer vários benefícios que afetariam diretamente a sociedade de forma geral.

Um desses benefícios, seria a aproximação do Direito em relação à sociedade,


trazendo o estudo de forma empírica, alcançando uma maior eficácia nas decisões
feitas pelos tribunais. Há de fato, um distanciamento quando se trata de direito e
sociedade, fazendo com que o direito se torne inacessível a grande parte da
população.

Se houver um respeito a complexidade social com as diversas realidades


existentes dentro de uma sociedade, haverá uma maior aproximação do direito em
relação a essas realidades, por conseguinte, compreender-se-á de forma mais clara,
todo o contexto em que acontece determinado fato.

Para esse ‘’respeito’’ ser realizado, seria fundamental a inclusão da


Antropologia no direito. Podendo assim obter maior conhecimento através do estudo
em campo, capacitando os legisladores, através deste conhecimento, legislarem
sobre o que realmente acontece dentro da sociedade, tornando a lei mais efetiva, e
por consequência, alcançando a tão sonhada justiça.

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