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Cristiano Chaves
Carreiras Jurídicas 2016 - Módulo II
Tal teoria foi acolhida pelo Código Civil brasileiro, conforme consta do
texto do art. 1.196 do Código Civil, segundo o qual “Considera-se possuidor
todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes
inerentes à propriedade”.
a) Uso;
b) Gozo (fruição);
c) Livre disposição;
d) Reivindicação.
(...)
(...)
Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o
responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze)
dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu.
Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito
passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena
de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos
decorrentes da falta de indicação.
1.3
Art. 1.208, CC. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância
assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos,
senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
Ex. O esbulhador após ano e dia passa a ter posse justa, o mesmo
ocorrendo se ele comprar a propriedade esbulhada.
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Ano: 2017 Banca: FCC Órgão: DPE-SC Prova: Defensor Público Substituto
A partir do convalescimento passam a incidir os efeitos da posse,
iniciando-se a fluência do prazo de usucapião.
2. Objeto da posse
Uma vez que a posse exige em contato físico com a coisa, conclui-se
que apenas bens corpóreos podem ser objetos da posse. Por sua vez, a
propriedade não exige contato material com a coisa, como no caso dos
direitos autorais.
Uma vez que o objeto da posse são bens materiais, disto decorre que:
a) Descabe tutela possessória de bens imateriais
I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime
de separação absoluta de bens;
Ora, se posse não é direito real, ação possessória não é ação real2.
Assim, ordinariamente não se exige consentimento do outro cônjuge para
ações possessórias. Contudo, o §2º do dispositivo estabelece uma exceção
que diz respeito à situação de composse:
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São exemplos de ações que versam sobre direito real imobiliário: usucapião, negatória, reivindicatória,
confessória etc.
qualidade de cônjuge, mas de compossuidor, caso em que se formará
litisconsórcio passivo necessário. O mesmo procedimento é exigido em
relação à união estável:
1.3
4. A função social da posse
b) Exceção de domínio
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Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, celebrada
por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o
promitente comprador direito real à aquisição do imóvel.
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Art. 674, CPC. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre
bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu
desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição,
possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente
de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença,
a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Art. 1.242, CC. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua
e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.
Enunciado n. 311, da IV Jornada de Direito Civil. Caso não seja pago o preço
fixado para a desapropriação judicial, e ultrapassado o prazo prescricional
para se exigir o crédito correspondente, estará autorizada a expedição de
mandado para registro da propriedade em favor dos possuidores.
5. Classificação da posse
Art. 1.197, CC. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder,
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta,
de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse
contra o indireto.
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Se o imóvel é inferior, não cabe usucapião coletivo, mas apenas individual.
a) O STJ entende que o possuidor indireto pode ceder a terceiro
o seu direito de reclamar a retomada da posse da coisa:
b) Ruína de prédio
Art. 937, CC. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que
resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade
fosse manifesta.
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se
deteriore
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Art. 1.248, CC. A acessão pode dar-se: I - por formação de ilhas; II - por aluvião; III - por avulsão; IV
- por abandono de álveo; V - por plantações ou construções.
de campo, no inverno, é uma benfeitoria voluptuária. A acessão, por outro
lado, não tem finalidade específica em relação ao bem principal.
Outro exemplo: curral em fazenda de gado – tem finalidade específica,
portanto é benfeitoria; curral em fazenda em que não haja criação de gado –
não tem finalidade específica, portanto é construção (acessão).
Assim, tem-se que as benfeitorias:
a) necessárias – são aquelas que garantem a finalidade da coisa (ex.
parede da casa);
b) úteis – geram comodidade ao uso da coisa (ex. ar condicionado em
uma casa);
c) voluptuárias ou suntuárias – geram aformoseamento,
embelezamento (ex. chafariz, adega climatizada em uma casa).
Note-se: o enquadramento de uma benfeitoria depende de sua
finalidade. Esta, por sua vez, só pode ser aferida em cada caso.
Por outro lado, as pertenças e as partes integrantes não são bens
acessórios, não podendo ser submetidas à teoria da gravitação jurídica. Isso
porque as pertenças são bens que possuem finalidade própria, que se
acoplam a outros bens, no qual cumprirão sua finalidade (ex. ar condicionado
da casa, trator da fazenda). Assim também as partes integrantes não são
bens acessórios. Constituem elas porções de um todo que são essenciais à
sua finalidade (ex. pneu do carro, motor da lancha, asa do avião).
Passa-se agora à análise do regime jurídico da benfeitoria. Regra geral:
Benfeitorias Direito de
voluptuárias levantamento Sem qualquer direito
(suntuárias) (retirada)
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O direito de retenção consiste na faculdade de apreender a coisa até que o correspondente valor seja
pago.
Ex. “A” celebrou com “B” um contrato de cessão de bem imóvel. Há
cláusula do contrato que estabelece que o cessionário deve ser notificado com
antecedência de 60 (sessenta) dias para providenciar a restituição do bem
imóvel. “B” foi notificado e agora dispõe de 60 (sessenta) dias para restituir
o imóvel, prazo em que continua a ser possuidor de boa-fé. Se nesse prazo
for realizada alguma benfeitoria, “B” tem direito à indenização e retenção. Se
após a notificação, subsiste somente o direito à indenização.
Sob o prisma processual, a pretensão ao direito de retenção deve
ser exercida:
a) pelo autor – na petição inicial;
b) pelo réu – na contestação.
No mesmo sentido a jurisprudência:
DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. RETENÇÃO POR BENFEITORIAS.
EXERCÍCIO MEDIANTE AÇÃO DIRETA. DIREITO QUE NÃO FORA EXERCIDO
QUANDO DACONTESTAÇÃO, NO PROCESSO DE CONHECIMENTO. SENTENÇAS
COM ACENTUADA CARGA EXECUTIVA. NECESSIDADE. 1. A jurisprudência
desta Corte tem se firmado no sentido de que a pretensão ao exercício do
direito de retenção por benfeitorias tem de ser exercida no momento
da contestação de ação de cunho possessório, sob pena de preclusão.
2. Na hipótese de ação declaratória de invalidade de compromisso de compra
e venda, com pedido de imediata restituição do imóvel, o direito de retenção
deve ser exercido na contestação por força da elevada carga executiva
contida nessa ação. O pedido de restituição somente pode ser objeto de
cumprimento forçado pela forma estabelecida no art. 461-A do CPC, que não
mais prevê a possibilidade de discussão, na fase executiva, do direito de
retenção. 3. Esse entendimento, válido para o fim de impedir a apresentação
de embargos de retenção, deve ser invocado também para impedir a
propositura de uma ação autônoma de retenção, com pedido de antecipação
de tutela. O mesmo resultado não pode ser vedado quando perseguido por
uma via processual, e aceito por outra via. 4. Recurso especial conhecido e
improvido. (STJ - REsp: 1278094 SP 2011/0144764-9, Relator: Ministra
NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 16/08/2012, T3 - TERCEIRA TURMA,
Data de Publicação: DJe 22/08/2012)
O possuidor de má-fé, por sua vez, não faz jus a nenhum direito,
ordinariamente: não tem direito a indenização nem retenção. Somente em
relação às benfeitorias necessárias lhe assistirá direito à indenização, sem
retenção. É que realizando benfeitorias necessárias, o possuidor de má-fé
está garantindo a idoneidade da coisa. Tais benfeitorias são fundamentais
para a integridade física da coisa. Daí porque deve ser indenizado.
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Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do
aderente a direito resultante da natureza do negócio.
b) Comodato
O comodato é o empréstimo gratuito de coisa infungível. Neste caso,
somente as benfeitorias necessárias serão indenizadas, pois as úteis são
realizadas por mera comodidade do possuidor. Em termos simples, causaria
perplexidade o fato de uma pessoa emprestar de graça e ainda ser obrigada
a indenizar o que foi feito por comodidade.
Art. 584, CC. O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as
despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada.
c) Desapropriação
Ao se arbitrar o valor pela indenização, o poder público deve computar
todas as benfeitorias. No entanto, se as benfeitorias são realizadas depois da
publicação do ato expropriatório, mas antes da imissão na posse do poder
público expropriante, tais benfeitorias seguirão regime próprio: se forem
necessárias, serão indenizadas sempre; se úteis, somente serão indenizáveis
com prévia autorização do poder público expropriante; se voluptuárias, não
serão indenizadas.
Art. 26, DL nº 3.365/41. No valor da indenização, que será contemporâneo
da avaliação, não se incluirão os direitos de terceiros contra o
expropriado. (Redação dada pela Lei nº 2.786, de 1956)
(...)
(...)
(...)
Proteção preventiva e
Ações possessórias
reparatória da posse.
Conferir a posse a quem não a
tem faticamente. Não é ação
Imissão na posse
possessória pois lhe falta o
pressuposto elementar: a posse.
Proteção de um imóvel contra
Ação de dano infecto obra ou reforma em prédio
vizinho que pode lhe causar
dano. Pode ser ajuizada pelo
proprietário ou possuidor, quando,
por exemplo, seu vizinho estiver
realizando uma obra ou reforma que
possa lhe causar dano. É uma ação
cominatória: visa cominar uma
sanção.
Proteção de um prédio para
garantir seus direitos de
vizinhança, direitos
condominiais e as posturas
públicas (normas sobre direito
municipal de construir). Ex. o
vizinho está construindo uma janela
a menos de 1,5 metros na zona
Ação de nunciação de obra
urbana, violando direitos de
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vizinhança . Diante desta situação,
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Observação: passou a ser regida pelo procedimento comum, sob a vigência do CPC/15.
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Art. 1.301, CC. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de metro e meio
do terreno vizinho..
de propriedade imobiliária se perfaz com o respectivo registro no fólio real,
medida esta não tomada pelos recorridos que, a despeito de terem adquirido
o bem em momento anterior, não promoveram o respectivo registro,
providência tomada pelos recorrentes. 4. In casu, confrontando o direito das
partes, com relação à imissão na posse, há de prevalecer aquele que esteja
alicerçado no direito real de propriedade, na espécie, o dos recorrentes. 5.
Recurso especial provido. (REsp 1126065/SP, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA,
TERCEIRA TURMA, julgado em 17/09/2009, DJe 07/10/2009)
Art. 562, parágrafo único, NCPC. Contra as pessoas jurídicas de direito público
não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia
audiência dos respectivos representantes judiciais.
Art. 563, NCPC: Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo expedir
mandado de manutenção ou de reintegração.
Seguindo:
Art. 556, NCPC. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido
em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos
prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.
Art. 554, NCPC, § 1º. No caso de ação possessória em que figure no polo
passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos
ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais,
determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver
pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública.
Art. 554, NCPC, § 2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o oficial de
justiça procurará os ocupantes no local por uma vez, citando-se por edital os
que não forem encontrados.
III Jornada de Direito Civil - Enunciado 238. Ainda que a ação possessória seja
intentada além de "ano e dia" da turbação ou esbulho, e, em razão disso,
tenha seu trâmite regido pelo procedimento ordinário (CPC, art. 924), nada
impede que o juiz conceda a tutela possessória liminarmente, mediante
antecipação de tutela, desde que presentes os requisitos autorizadores do art.
273, I ou II, bem como aqueles previstos no art. 461-A e parágrafos, todos
do Código de Processo Civil.
Art. 565, NCPC. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou
a turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia,
o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá
designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que
observará o disposto nos §§ 2º e 4º.