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Laboratório de V ar iaç ã o da R es is t ênc i a E l é tr ic a

Física Geral III Pontifícia Universidade


c om a T em per a tur a
Profª: Kelly Faêda Católica de Minas Gerais
1 - Introdução

Devido aos efeitos de natureza quântica, os átomos que constituem um fio condutor metálico
não estão em repouso mesmo quando a temperatura T do fio condutor tende ao zero Kelvin. A
oscilação coletiva dos átomos que constituem o fio metálico, em torno de suas posições de
equilíbrio, gera o que se chama em Física do Estado Sólido de ondas da rede cristalina. É um
fenômeno complexo que tende a desviar os elétrons livres que se deslocam no fio condutor
metálico sob a ação do campo elétrico gerado por uma pilha ou bateria. Quanto maior a
temperatura T do fio condutor metálico maior a probabilidade do elétron de condução ser desviado
de sua trajetória pela ação das ondas da rede cristalina.

Nesta atividade experimental iremos investigar como a variação da temperatura pode afetar
a resistência elétrica de um fio metálico. Conforme visto na última aula, a resistência R de um fio de
determinado material (resistividade ), comprimento L e área de secção reta A, pode ser
determinada por

𝐿
𝑅=𝜌 (1)
𝐴

e em termos de grandezas elétricas por

𝑉
𝑅= (2)
𝑖

Numa faixa de variação de temperaturas estreita, como a faixa do presente experimento, de


no máximo 60 ºC, as variações do comprimento 𝐿 do condutor metálico e de sua área de secção
reta 𝐴 são desprezíveis. Portanto, as variações de 𝑅 com a temperatura ocorrem devido às
variações de 𝜌 com a temperatura. Para essa faixa estreita de temperaturas pode-se escrever para
𝜌(𝑇):

𝜌(𝑇) = 𝜌0 + 𝜌0 𝛼∆𝑇 (3)

onde 𝜌0 é a resistividade na temperatura inicial, 𝛼 é o coeficiente de temperatura e ∆𝑇 é a variação


de temperatura.

Portanto, da substituição da equação (3) na equação (1), pode-se obter a dependência da


resistência elétrica 𝑅 com a temperatura 𝑇 do fio condutor metálico para a faixa estreita de
temperaturas:

𝑅(𝑇) = [𝜌0 + 𝜌0 𝛼∆𝑇 ]𝐿/𝐴 = 𝜌0 (1 + 𝛼∆𝑇)𝐿/𝐴

ou

𝑅(𝑇) = 𝑅0 (1 + 𝛼∆𝑇) (4)

onde 𝑅0 é a resistência na temperatura inicial.

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A resistência elétrica 𝑅 do fio condutor metálico pode ser calculada com equação (1)
se a resistividade elétrica  do fio for conhecida. Mede-se o seu comprimento 𝐿 e calcula-se a área
de sua secção reta se o diâmetro for conhecido. Outro procedimento consiste em utilizar uma fonte
de tensão 𝑉 para circular uma corrente elétrica 𝑖 no fio condutor metálico e calcular 𝑅 com a
equação (2). Pode-se, ainda, utilizar um método mais sofisticado chamado de método de ponte de
Wheatstone para medir a resistência elétrica 𝑅. Nesse método, o fio condutor metálico de
resistência elétrica 𝑅 está em série com um resistor padrão de resistência 𝑅𝑃 . Em paralelo a eles,
ligam-se em série dois resistores de resistências 𝑅1 e 𝑅2 . O circuito paralelo é ligado a uma fonte
de tensão, conforme ilustrado na Figura 1. É intuitivo que ao ligarmos o circuito, a corrente
proveniente da fonte ao chegar no ponto C irá se dividir. A análise do circuito permite deduzir que a
corrente elétrica entre os pontos A e B é nula se a seguinte condição for satisfeita:

𝑅1
𝑅 = 𝑅𝑝 ( ) (5)
𝑅2

Como exercício, tente demonstrar essa condição.

Figura 1: Diagrama esquemático da ponte de Wheatstone. A diferença de potencial entre os pontos A e B é


nula se a condição (5) é satisfeita.

Se 𝑅1 e 𝑅2 são as resistências elétricas de fios condutores de comprimento 𝐿1 e 𝐿2


respectivamente, a equação (5) pode ser escrita como

𝐿1
𝑅 = 𝑅𝑝 ( ) (6)
𝐿2

2 - Parte Experimental

Objetivo: Verificar a dependência linear da resistência elétrica com a variação de temperatura e


determinar o coeficiente de temperatura.

Material Utilizado: um enrolamento de fio de cobre de resistência elétrica 𝑅, um termômetro, um


béquer, um aquecedor elétrico, um resistor padrão 𝑅𝑃 , uma ponte de fio, uma fonte de tensão, sete
cabos de ligação e um micro amperímetro de zero central.

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Figura 2: Diagrama esquemático da ponte de Wheatstone utilizada para medir a resistência R do fio de cobre
em banho térmico com água de torneira.

Procedimentos:

 Faça a montagem representada na Figura 2. As resistências 𝑅1 e 𝑅2 são as resistências


elétricas de um fio condutor de comprimento 𝐿1 e 𝐿2 , respectivamente.
 Encha o béquer com água de torneira. Posicione o béquer sobre o aquecedor.
 Mergulhe o enrolamento de fio de cobre dentro do béquer com a água de torneira.
 Mergulhe o termômetro dentro do béquer. O aquecedor não deverá estar ligado. Espere o
equilíbrio térmico e anote a temperatura inicial de equilíbrio.
𝑇0 = ________________

 Equilibre a ponte de Wheatstone movimentando o cursor sobre o resistor de fio. A ponte


estará equilibrada na posição do cursor que indique corrente i=0 no micro amperímetro.
Meça os valores de L1 e L2. O valor da resistência elétrica R do enrolamento de fio de cobre
na temperatura ambiente é obtido da equação (6).
𝑅0 = ________________

 Ligue o aquecedor. Espere até a temperatura no termômetro indicar o valor de 35ºC.


Equilibre a ponte de Wheatstone e anote os valores de 𝐿1 e 𝐿2 na Tabela 1. Deixe a
temperatura da água de torneira continuar a subir. Quando a temperatura atingir os 45 ºC
equilibre a ponte novamente e anote os valores de 𝐿1 e 𝐿2 . Repita o procedimento até que a
Tabela 1 esteja preenchida. Observe que estamos considerando a temperatura 𝑇 do
enrolamento de fio de cobre como sendo igual à temperatura da água. Essa igualdade é
aproximadamente verdadeira devido à grande condutividade térmica do cobre.

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𝑇 (ºC) 35 45 55 60 65 70 75 80 85

∆𝑇 (ºC)

𝐿1 (𝑐𝑚)

𝐿2 (𝑐𝑚)

𝑅 (Ω)

Tabela 1: Resistência 𝑹 de um enrolamento de fio de cobre em função da temperatura 𝑻 e do aumento de


temperatura 𝑻. Os valores de 𝑳𝟏 e 𝑳𝟐 representam os comprimentos de dois fios resistivos, ligados em série,
que equilibram a ponte de Wheatstone

 Com auxílio do programa Scidavis, construa o gráfico 𝑅 𝑥 𝑇 e faça a regressão linear.


 Determine o coeficiente de temperatura 𝛼 para o cobre, comparando a Equação (4) com a
equação empírica obtida por regressão linear.
 Compare o resultado encontrado com os valores da Tabela 2.

Metais típicos 𝜶 (10-3 K-1)

Platina 3,9

Cobre 4,3

Tungstênio 4,5

Ferro 6,5

Tabela 2: Coeficiente de temperatura para alguns metais.

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