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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Constituição: Direitos Fundamentais���������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Teoria Geral dos Direitos Fundamentais������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Conceito�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Dimensão de Direitos���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Características dos Direitos Fundamentais��������������������������������������������������������������������������������������������������������������3

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
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Constituição: Direitos Fundamentais


Teoria Geral dos Direitos Fundamentais
Conceito
Os direitos e as garantias fundamentais são institutos jurídicos que foram criados no decorrer
do desenvolvimento da humanidade e se constituem de normas protetivas que formam um núcleo
mínimo de prerrogativas inerentes à condição humana.
Possuem como objetivo principal a proteção do indivíduo diante do poder do Estado. Mas não
só do Estado. Os direitos e as garantias fundamentais também constituem normas de proteção do
indivíduo em relação aos outros indivíduos da sociedade.
Título II da Constituição Federal, que estabelece os Direitos e as Garantias Fundamentais, foi
assim dividido (Arts. 5º a 17 CF):
a) Capítulo I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Art. 5º.
b) Capítulo II – Dos Direitos Sociais – Arts. 6º a 11.
c) Capítulo III – Da Nacionalidade – Arts. 12 e 13.
d) Capítulo IV – Dos Direitos Políticos – Arts. 14 a 16.
e) Capítulo V – Dos Partidos Políticos – Art. 17.
Dimensão de Direitos
→→ DIREITOS DE 1ª Dimensão– Foram os primeiros direitos conquistados pela humanidade. São
direitos relacionados à liberdade, em todas as suas formas. Nascem das revoluções liberais ocorri-
das no final do século XVIII, com a burguesia, que exigia a limitação do Poder do Estado, a época
absolutista, e o respeito as liberdades individuais. Possuem um caráter negativo diante do Estado,
tendo em vista ser utilizado como uma verdadeira limitação ao poder estatal, ou seja, o Estado,
diante dos direitos de primeira dimensão, fica impedido de agir ou interferir na sociedade. São
verdadeiros direitos de defesa com caráter individual. Estão entre esses direitos as liberdades
públicas, civis e políticas. São os ligados ao valor LIBERDADE. São os direitos CIVIS E POLÍTI-
COS. NÃO FAZER DO ESTADO.
˃˃ Documentos históricos que marcaram o surgimento desses direitos:
»» Magna Carta de 1215 – João sem Terra;
»» Paz de Westfália (1648);
»» Habeas Corpus Act (1679);
»» Bill of Rights (1688);
»» Declaração Americana – 1776 (Revolução Americana);
»» Declaração Francesa – 1789 (Revolução Francesa).
→→ DIREITOS DE 2ª Dimensão– Diante das péssimas condições de trabalho decorrentes da Revo-
lução Industrial (século XIX) aliadas à Primeira Grande Guerra Mundial, tivemos o surgimento
dos direitos de segunda geração. Por isso são conhecidos como direitos de igualdade. Agora, para
reduzir as diferenças sociais, o Estado precisa interferir na sociedade. Essa interferência reflete
a conduta positiva adotada por meio de prestações sociais. São direitos de segunda dimensão os
DIREITOS SOCIAIS, ECONÔMICOS E CULTURAIS.
Estão ligados ao valor IGUALDADE. Implicam um FAZER DO ESTADO – prestação em favor
dos menos favorecidos e dos setores economicamente mais fracos da sociedade.
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
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˃˃ Documentos históricos que marcaram o surgimento desses direitos:


»» Constituição Mexicana – 1917;
»» Constituição de Weimar – 1919;
»» Tratado de Versalhes – 1919 (criação da OIT);
»» Constituição Brasileira – 1934.
→→ DIREITOS DE 3ª Dimensão – ligados ao valor FRATERNIDADE OU SOLIDARIEDADE.
Direitos da sociedade de massa, que atingem a todos. São direitos difusos: de indivisibilidade a
ausência de individualização.
˃˃ Alguns direitos de 3a geração:
»» Direito ao meio ambiente;
»» Direito à defesa do consumidor.
»» Direito ao desenvolvimento, ao progresso;
»» Direito de comunicação;
»» Direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade;
»» Autodeterminação dos povos;
»» Direito à Paz (Karel Vazak) para alguns doutrinadores é direito de 5ª Geração – divergência!).
→→ DIREITOS DE 4ª Dimensão – de acordo com Paulo Bonavides, são direitos de 4a geração:
»» patrimônio genético; biotecnologia (engenharia genética);
»» decorrentes da globalização dos direitos fundamentais: inerentes à democracia, à informação,
pluralismo político. (globalização política).
→→ DIREITOS DE 5ª Dimensão – Direito à paz, de acordo com Paulo Bonavides.
Características dos Direitos Fundamentais
˃˃ Historicidade – esta característica revela que os Direitos Fundamentais são frutos da evolução his-
tórica da humanidade. Significa que eles surgem e se desenvolvem conforme o momento histórico.
˃˃ Universalidade– os direitos fundamentais pertencem a todas as pessoas, independente da sua
condição. A existência de um núcleo mínimo de proteção à dignidade deve estar presente em
qualquer sociedade.
˃˃ Limitabilidade ou relatividade – não existe direito fundamental absoluto. Os direitos funda-
mentais são relativos, esses direitos podem ser limitados:
»» (i) pela própria Constituição Federal;
»» (ii) por meio de Emenda Constitucional;
»» (iii) por intermédio das leis (Reserva Legal simples e Reserva legal qualificada);
»» (iv) Juiz, mediante um juízo de ponderação, aplicando a regra da máxima observância dos
direitos fundamentais, conjugando com a mínima restrição.
Importa destacar que a limitação dos direitos fundamentais não pode implicar a abolição desses
direitos, uma vez que esses são cláusulas pétreas e, portanto, a limitação/relativização de um direito
fundamental não pode descaracterizar o seu núcleo essencial ao ponto de abolir o direito. Isso porque
em nosso Estado, adotamos a teoria RELATIVA dos direitos fundamentais, e não a teoria absoluta.
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˃˃ TEORIA RELATIVA: pela teoria relativa, a relativização de um direito fundamental seria


possível, sendo que o seu núcleo essencial só poderia ser determinado em um caso concreto,
pois só em um caso específico se poderá verificar se eventual restrição ao direito seria capaz de
violar a essência do direito fundamental, uma vez restringido o seu núcleo.
˃˃ TEORIA ABSOLUTA: de acordo com essa teoria, o núcleo essencial do direito fundamental é
determinado pelo próprio direito, sendo insuscetível de qualquer restrição, independentemente
das peculiaridades que o caso concreto possa fornecer.
»» Inalienabilidade – os direitos fundamentais não podem alienados, não podem ser negocia-
dos, não podem ser transigidos.
»» Irrenunciabilidade – os direitos fundamentais não podem ser renunciados.
»» Imprescritibilidade – os direitos fundamentais não se sujeitam a prazos prescricionais. Não
se perde um direito fundamental pelo decorrer do tempo. Essa é a regra. É possível encontrar
uma exceção a esta regra quando se fala do direito a créditos trabalhistas.
»» Inviolabilidade – não podem ser violados por leis infraconstitucionais, nem por atos admi-
nistrativos de agente do Poder Público, sob pena de responsabilidade civil, penal e adminis-
trativa. Logicamente, não podem ser violados nas relações privadas.
»» Proibição do retrocesso – esta característica proíbe que os direitos já conquistados sejam
perdidos.
»» Máxima efetividade – esta característica é mais uma imposição para o Estado no sentido de
garantir a máxima efetividade dos direitos fundamentais, ou seja, esses direitos não podem ser
ofertados de qualquer forma; é necessário que eles sejam garantidos da melhor forma possível.
»» Concorrência – os direitos podem ser exercidos cumulativamente.
»» Complementariedade – um direito fundamental não pode ser interpretado sozinho. Cada
direito deve ser analisado juntamente com outros direitos fundamentais, bem como com
outros institutos jurídicos.
»» Não-taxatividade – esta característica diz que o rol de direitos fundamentais é apenas exem-
plificativo, tendo em vista a possibilidade de inserção de novos direitos. É o que se extrai do
Art. 5º, § 2º, da CF (cláusula de abertura material):
§ 2º – Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Exercícios
01. Quanto à delimitação do conteúdo essencial dos direitos fundamentais, a doutrina se divide
entre as teorias absoluta e relativa. De acordo com a teoria relativa, o núcleo essencial do direito
fundamental é insuscetível de qualquer medida restritiva, independentemente das peculiari-
dades que o caso concreto possa fornecer.
Certo ( ) Errado ( )
02. Historicamente, os direitos fundamentais de primeira dimensão pressupõem dever de absten-
ção pelo Estado, ao contrário dos direitos fundamentais de segunda dimensão, que exigem,
para sua concretização, prestações estatais positivas.
Certo ( ) Errado ( )
03. Os direitos de segunda geração são direitos de fraternidade ou solidariedade, tendo como
objetivo a proteção da coletividade.
Certo ( ) Errado ( )
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04. Direitos fundamentais de terceira geração possuem um viés mais coletivo e subjetivo, como
direito à paz, a um meio ambiente sadio ou à comunicação.
Certo ( ) Errado ( )
05. É característica marcante o fato de os direitos fundamentais serem absolutos, no sentido de que
eles devem sempre prevalecer, independentemente da existência de outros direitos, segundo a
máxima do “tudo ou nada”.
Certo ( ) Errado ( )
01 - Errado
02 - Certo
03 - Errado
04 - Certo
05 - Errado
Referências Bibliográficas
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.
CANOTILHO, J.J. GOMES e outros. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2014.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. Salvador: JusPodivm, 2016.
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 15 ed. São
Paulo: Método, 2016.
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2006.

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Constituição: Direitos Fundamentais���������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Teoria Geral dos Direitos Fundamentais������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Titulares e Destinatários dos Direitos e Garantias Fundamentais�������������������������������������������������������������������������2
Cláusulas Pétreas e os Direitos Fundamentais����������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Direitos x Garantias������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Tribunal Penal Internacional – TPI����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Força Normativa dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos�������������������������������������������������������������������3

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Constituição: Direitos Fundamentais


Teoria Geral dos Direitos Fundamentais
Titulares e Destinatários dos Direitos e Garantias Fundamentais
Os direitos fundamentais surgiram tendo como titulares os seres humanos, tanto é que a CF no
caput do Art. 5º estabelece como titulares e destinatários dos direitos fundamentais os brasileiros e
estrangeiros residentes no país.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segu-
rança e à propriedade, nos termos seguintes: (…)

Contudo, de acordo com a orientação do STF, esses direitos também devem ser estendidos aos
estrangeiros de passagem, aos turistas que estão no Brasil.
As Constituições mais modernas, como a brasileira, também consagram direitos fundamentais
às pessoas jurídicas, tanto de direito privado quanto de direito público, ou seja, o Estado – entes
estatais, também são titulares e destinatários de direitos fundamentais. Evidentemente que só
poderão exercer aqueles direitos que são compatíveis com a personalidade jurídica desses entes.
Assim, podemos dizer que os titulares e destinatários dos direitos fundamentais são:
˃˃ brasileiros natos ou naturalizados (Art. 5º, caput);
˃˃ estrangeiros residentes no país (Art. 5°, caput);
˃˃ estrangeiros em trânsito no país (STF);
˃˃ pessoas jurídicas, privadas ou públicas, quando o direito for compatível com a sua personalidade.
˃˃ apátridas.

Cláusulas Pétreas e os Direitos Fundamentais


O artigo 60, § 4º, da Constituição Federal traz o rol das chamadas cláusulas pétreas.
§ 4º – Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I – a forma federativa de Estado;
II – voto direto, secreto, universal e periódico;
III – a separação dos Poderes;
IV – OS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS. (grifo nosso)

As cláusulas pétreas são núcleos temáticos formados por institutos jurídicos de grande im-
portância, os quais não podem ser retirados da Constituição. Cumpre frisar que o texto proíbe a
abolição destes direitos e garantias, ou seja, a sua descaracterização, a violação de seu núcleo essen-
cial, contudo não impede que eles sejam modificados, relativizados, para melhor.
É importante notar que o texto constitucional prevê, no inciso IV, como sendo cláusulas pétreas
apenas os direitos e as garantias individuais. Dessa forma, pela literalidade da Constituição, não são todos
os direitos fundamentais que são protegidos por este instituto, mas apenas os de caráter individual.
Contudo, para o STF e para as principais bancas, especialmente a CESPE, todos os direitos fun-
damentais são considerados CLÁUSULAS PÉTREAS.
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Direitos x Garantias
Outro tema relevante para a sua prova é a diferença entre direitos e garantias. Podemos dizer que
DIREITOS são bens, vantagens prescritas na norma constitucional, são normas de conteúdo decla-
ratório (por exemplo: direito à honra, à liberdade de locomoção).
As GARANTIAS, por sua vez, são os instrumentos mediante os quais se assegura o exercício dos
direitos fundamentais. São normas de conteúdo assecuratório, preservando o direito declarado (por
exemplo: indenização por dano à honra, Habeas Corpus para garantir a liberdade de locomoção).
Podemos dizer que os remédios constitucionais são espécies de garantias, isso porque as garan-
tias não se limitam aos remédios constitucionais.
A CF estabelece formas de garantia diferentes dos remédios constitucionais. Vejamos dois
exemplos:
˃˃ Ex. 1: é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
cultos religiosos — Art. 5.º, VI (direito) —, garantindo-se na forma da lei a proteção aos locais
de culto e suas liturgias (garantia);
˃˃ Ex. 2: direito ao juízo natural (direito) — o Art. 5.º, XXXVII, veda a instituição de juízo ou
tribunal de exceção (garantia).
→→ ATENÇÃO: as garantias também são direitos, porém nem todo direito é uma garantia!
Tribunal Penal Internacional – TPI
O § 4º do artigo 5º da Constituição dispõe a respeito do Tribunal Penal Internacional – TPI,
vejamos:
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado
adesão.
O TPI é um tribunal permanente, localizado em Haia, nos países baixos (Holanda), integra o
sistema de proteção da ONU – Organização das Nações Unidas, com competência criminal apenas
para julgamento de indivíduos, e não de Estados em crimes mais graves, como: genocídios, crimes
de guerra, crimes contra a humanidade.
Apesar de ser um tribunal com atribuições jurisdicionais, o TPI não integra o Poder Judiciá-
rio brasileiro. Sua competência é excepcional e complementar à jurisdição nacional, e somente será
exercida no caso de manifesta incapacidade ou falta de disposição do sistema judiciário nacional.
Dessa forma, a submissão brasileira ao TPI não ofende a soberania do Estado brasileiro, pois só
atuará na ineficácia ou omissão do Judiciário brasileiro.
Força Normativa dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos
Uma regra muito importante para sua prova é a que está prevista no parágrafo 3º do artigo 5º:
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equiva-
lentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Este dispositivo constitucional apresenta a chamada Força Normativa dos Tratados Internacio-
nais de Direitos Humanos.
Segundo o texto constitucional, é possível que um tratado internacional de Direitos Humanos
possua força normativa de emenda constitucional, desde que preencha os seguintes requisitos:
˃˃ Deve tratar de Direitos Humanos.
˃˃ Deve ser aprovado nas duas Casas Legislativas do Congresso Nacional, ou seja, na Câmara dos
Deputados e no Senado Federal.
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˃˃ Deve ser aprovado em dois turnos de votação em cada Casa.


˃˃ Deve ser aprovado pelo quórum de 3/5 dos membros em cada turno de votação, em cada Casa.
Preenchidos esses requisitos, o Tratado Internacional terá força normativa de Emenda à Consti-
tuição.
Mas surge a seguinte questão: e se o Tratado Internacional for de Direitos Humanos e não preen-
cher os requisitos constitucionais previstos no § 3º do artigo 5º da Constituição? Qual será sua força
normativa? De acordo com o STF, caso o Tratado Internacional fale de direitos humanos, e for
aprovado no Congresso Nacional, mas não preencha os requisitos do § 3º do Art. 5º da CF, ele terá
força normativa de NORMA SUPRALEGAL, é dizer, é uma norma acima da lei (supra), mas que
ainda está abaixo da Constituição Federal.
Dessa forma, frisa-se que os tratados internacionais de direitos humanos podem ter dois status:
ou de norma constitucional (emenda) ou de norma supralegal.

Apenas para complementar: aqueles tratados que não falem de direitos humanos, se aprovados
pelo Poder Legislativo, terão força normativa de Lei Ordinária.
Exercícios
01. O respeito aos direitos fundamentais deve subordinar tanto o Estado quanto os particulares,
igualmente titulares e destinatários desses direitos.
Certo ( ) Errado ( )
02. Os direitos e as garantias fundamentais constitucionais estendem-se aos estrangeiros em
trânsito no território nacional, mas não às pessoas jurídicas, por falta de previsão constitucio-
nal expressa.
Certo ( ) Errado ( )
03. O gozo da titularidade de direitos fundamentais pelos brasileiros depende da efetiva residên-
cia em território nacional.
Certo ( ) Errado ( )
04. Há direitos fundamentais cuja titularidade é reservada aos estrangeiros.
Certo ( ) Errado ( )
05. A Constituição Federal de 1988 é conhecida como a “Constituição Cidadã” em função de seu
vasto rol de direitos e garantias fundamentais. Nesse sentido, os direitos fundamentais dife-
renciam-se das garantias fundamentais na medida em que os direitos se declaram, enquanto
as garantias têm um conteúdo assecuratório daqueles.
Certo ( ) Errado ( )
06. Os tratados e as convenções internacionais sobre quaisquer temas que forem aprovados, em
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por dois quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Certo ( ) Errado ( )
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07. O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifes-
tado adesão.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito
01 - Certo
02 - Errado
03 - Errado
04 - Certo
05 - Certo
06 - Errado
07 - Certo
Referências Bibliográficas
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.
CANOTILHO, J.J. GOMES e outros. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2014.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. Salvador: JusPodivm, 2016.
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 15 ed. São
Paulo: Método, 2016.
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2006.

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ÍNDICE
Direitos Fundamentais: Teoria Geral dos Direitos Fundamentais����������������������������������������������������������������2
Aplicabilidade das Normas Constitucionais – Eficácia dos Direitos Fundamentais�����������������������������������������������2
Classificação de Maria Helena Diniz�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5
Eficácia Vertical/Horizontal e Diagonal dos Direitos Fundamentais�������������������������������������������������������������������5
Dimensão Objetiva e Subjetiva dos Direitos Fundamentais����������������������������������������������������������������������������������������5

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Direitos Fundamentais: Teoria Geral dos Direitos Fundamentais


Aplicabilidade das Normas Constitucionais – Eficácia dos Direitos
Fundamentais
Antes de analisarmos a eficácia dos direitos fundamentais, temos que analisar a eficácia e a apli-
cabilidade das normas constitucionais como um todo.
Falar em aplicabilidade das normas constitucionais é falar na eficácia delas; para que uma
norma constitucional seja aplicada, é indispensável que ela possua eficácia, ou seja, que ela tenha a
capacidade de produzir efeitos.
Podemos afirmar que todas as normas constitucionais possuem eficácia jurídica, ou aplicabili-
dade jurídica, de forma imediata, direta e vinculante.
A eficácia jurídica também opera um efeito negativo que é a capacidade que todas as normas consti-
tucionais possuem de revogar as normas do sistema jurídico que com ela colidam, que forem contrárias,
além de impedir o ingresso no ordenamento de normas incompatíveis com seus preceitos, ou seja, se uma
lei ou ato forem contrários a uma norma constitucional, eles serão inconstitucionais, não podendo ser
aplicados. Servem desse modo como parâmetro de controle de constitucionalidade.
Por outro lado, quando uma norma constitucional é capaz por si só de produzir efeitos concretos,
reais, fáticos, nós dizemos que essa norma tem eficácia social, ou seja, produz efeitos positivos na
realidade social.
Todas as normas constitucionais possuem eficácia jurídica, mas nem todas têm eficácia social.
Logo, é possível afirmar que todas as normas constitucionais possuem algum tipo de eficácia. O
problema surge quando uma delas não pode ser aplicada na prática, pois depende de outras normas,
ou seja, não possui eficácia social.
Para explicar esse fenômeno, foram desenvolvidas várias classificações acerca do grau de eficácia
de uma norma constitucional. A classificação mais adotada pela doutrina e mais cobrada em prova
é a defendida pelo professor José Afonso da Silva, que classifica as normas constitucionais quanto à
sua eficácia social em:
1) Normas de Eficácia Plena;
2) Normas de Eficácia Contida;
3) Normas de Eficácia Limitada.
As normas constitucionais de eficácia plena são aquelas autoaplicáveis (autoexecutáveis), que
produzem seus efeitos diretamente do texto constitucional, que não dependem de complementação legis-
lativa para produzir efeitos. São normas que possuem aplicabilidade direta, imediata e integral.
˃˃ Exemplos: Art. 1º; Art. 2º; Art. 5º, III; Art. 14, § 2º ; Art. 230, §2°.
As normas de eficácia contida ou prospectiva são também normas autoaplicáveis, produzindo
efeitos sociais diretamente do texto constitucional, independentemente de regulamentação, contudo,
podem ter sua eficácia (seu alcance) restringida. Assim como as normas de eficácia plena, elas têm
aplicabilidade direta e imediata, contudo esta pode não ser integral. Daí a doutrina chamá-la de
norma contível, restringível ou redutível.
São normas restringíveis na medida em que estão sujeitas a limitações, restrições que podem ser
estabelecidas por meio:
a) da própria Constituição – ex.: direito de reunião;
b) de uma lei;
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c) de conceitos ético-jurídicos indeterminados: por exemplo o Art. 5º, inciso XXV, da CF/88 estabelece
que, no caso de “iminente perigo público”, o Estado poderá requisitar propriedade particular. Mas
o que caracteriza uma situação de iminente perigo público? Esse é um conceito ético-jurídico inde-
terminado, que uma vez definido poderá, então, limitar o direito de propriedade.
˃˃ Exemplos: Art. 5º, incisos XIII, XVI, VII1, VIII, XV, XXV; Art. 9 º.
Já as normas de eficácia limitada são desprovidas de eficácia social. Diz-se que essas normas
não são autoaplicáveis, possuem aplicabilidade indireta, mediata (diferida) e reduzida. São
normas que dependem de outra norma para produzirem efeitos. O que as difere das normas de
eficácia contida é a dependência de outra regra para que produza resultados sociais. Enquanto as de
eficácia contida produzem efeitos imediatos, os quais poderão ser restringidos posteriormente, as
de eficácia limitada dependem de outra norma para produzirem efeitos.
Cuidado para não pensar que essas espécies normativas não possuem eficácia; como afirma-
mos anteriormente, elas possuem eficácia jurídica, apenas não têm eficácia social. Por essa razão,
a doutrina afirma que elas contêm eficácia negativa ou paralisante e vinculante. Significa dizer
que, mesmo não possuindo aplicabilidade social imediata, as normas de eficácia limitada possuem
aplicabilidade jurídica imediata, direta e vinculante, por estabelecerem limites para atuação estatal.
O efeito negativo consiste na revogação de disposições anteriores em sentido contrário e na proibi-
ção de leis posteriores que se oponham a seus comandos. Sobre esse último ponto, vale destacar que as
normas de eficácia limitada servem de parâmetro para o controle de constitucionalidade das leis.
O efeito vinculativo, para a norma de eficácia limitada, manifesta-se na obrigação de que o legis-
lador ordinário crie as normas regulamentadoras, sob pena de haver omissão inconstitucional, que
pode ser combatida por meio de mandado de injunção ou Ação Direta de Inconstitucionalidade por
Omissão.
As normas de eficácia limitada são classificadas ainda em:
a) Normas de eficácia limitada de princípio institutivo (organizativo ou organizatório): são
aquelas em que o legislador constituinte traça esquemas gerais de estruturação e atribuições de
órgãos, entidades ou institutos. Ex.: 18, §2°.
• Impositivas: quando impõem ao legislador uma obrigação de elaborar a lei
regulamentadora.2
• Facultativas: quando estabelecem mera faculdade ao legislador.3– Art. 125, § 3º – criação
da Justiça Militar.

1 VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva.
CUIDADO: CESPE já divergiu sobre a eficácia.
(CESPE/2013 – DEPEN) Segundo a Constituição Federal de 1988, é assegurada a prestação de assistência religiosa nas entidades
civis e militares de internação coletiva. Entretanto, tal norma é de eficácia limitada, pois depende de complementação de lei ordiná-
ria ou complementar para ser aplicada. GABARITO: ERRADO.
(CESPE/2014 – PF) A prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva pode ser considerada
exemplo de norma constitucional de eficácia limitada. GABARITO: CERTO.
(CESPE/2016 – TRT) Conforme o inciso VII do artigo 5° da CF, “é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas
entidades civis e militares de internação coletiva”. Considerando-se a aplicabilidade das normas constitucionais e os critérios doutrinários
de classificação, é correto afirmar que o referido dispositivo constitui norma de aplicabilidade imediata. GABARITO: CERTO.
2 Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública.
Art. 32§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros
militar.
Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento da propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e esta-
belecerá os casos que dependerão de autorização do Congresso Nacional.
3 Art. 125. § 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em
primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal
de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes.
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b) Normas de eficácia limitada de princípio programático: são aquelas que apresentam verdadeiros
objetivos a serem perseguidos pelo Estado, programas a serem implementados, comandos-valores.
Têm como destinatário principal o Legislador, mas não único, isso porque as normas de eficácia
limitada programática podem ser implementadas por meio de políticas públicas, da atuação do
Executivo. Em regra, possuem fins sociais. A presença de normas programáticas na Constituição
Federal é o que caracteriza a nossa Constituição como uma Constituição-dirigente.
Exemplos: Art. 6° – direito à alimentação, educação, saúde. Art. 3º; Art. 205; Art. 215; Art. 227;
todos da CF.
A omissão inconstitucional de regulamentação das normas de eficácia limitada pode ser objeto
de Mandado de Injunção ou Ação Declaratória de Inconstitucionalidade por omissão.
Dessa forma, podemos assim esquematizar a eficácia das normas constitucionais:

EFICÁCIA PLENA EFICÁCIA CONTIDA EFICÁCIA LIMITADA


AUTOAPLICÁVEIS AUTOAPLICÁVEIS NÃO SÃO AUTOAPLICÁVEIS
DIRETA, IMEDIATA E DIRETA, IMEDIATA, PODE INDIRETA, MEDIATA/
INTEGRAL NÃO SER INTEGRAL DIFERIDA e REDUZIDA
Sozinhas só produzem efeitos
negativos (capacidade da norma
Sozinhas produzem todos os
Sozinhas produzem todos os seus servir de parâmetro para in-
seus efeitos (positivos e ne-
efeitos (positivos e negativos). validar atos contrários ao seu
gativos).
conteúdo). Eficácia negativa,
paralisante ou impeditiva.
Precisam de normas que as regu-
Autorizam a restrição, diminui- lamente e complete o seu comando
ção, contenção dos seus efeitos. normativo para produzirem efeitos
LEI – RESTRINGE O ALCANCE. positivos.
LEI – AMPLIA O ALCANCE.
Ex.: Ex.: 2 espécies:
III – ninguém será sub- 5º, XIII – é livre o exercício de a) programática;
metido a tortura nem a qualquer trabalho, ofício ou pro-
XX – proteção do mercado
tratamento desumano fissão, atendidas as qualificações
de trabalho da mulher,
ou degradante; profissionais que a lei estabele-
mediante incentivos específi-
cer;
cos, nos termos da lei;
b) princípios institutivos:
Art. 18. § 3º Os Estados podem
incorporar-se entre si, subdivi-
dir-se ou desmembrar-se para se
anexarem a outros, ou formarem
novos Estados ou Territórios
Federais, mediante aprovação da
população diretamente interes-
sada, através de plebiscito, e do
Congresso Nacional, por lei com-
plementar.

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O parágrafo 1º do artigo 5º da Constituição Federal prevê que:


§ 1º – As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
Partindo desse pressuposto, é correto afirmar que os direitos e garantias fundamentais possuem
APLICAÇÃO IMEDIATA. Contudo, quanto à sua APLICABILIDADE, devemos analisar se elas são
de eficácia plena, contida ou limitada, como analisado.
Classificação de Maria Helena Diniz
˃˃ Normas com eficácia absoluta: São as cláusulas pétreas.
˃˃ Normas com eficácia plena: o mesmo sentido da classificação de JAS.
˃˃ Normas com eficácia relativa restringível:
o mesmo sentido das normas de eficácia contida.
˃˃ Normas com eficácia relativa complementável ou dependentes de complementação: são equiva-
lentes às normas de eficácia limitada (José Afonso da Silva).
Normas de eficácia exaurida ou aplicabilidade esgotada: quando os efeitos da norma já se esgota-
ram, por exemplo, alguns dispositivos do ADCT.
Eficácia Vertical/Horizontal e Diagonal dos Direitos Fundamentais
Quanto à eficácia, ainda podemos falar em EFICÁCIA VERTICAL E HORIZONTAL dos
direitos fundamentais.
Os direitos fundamentais surgiram inicialmente para proteger o cidadão do arbítrio do Estado,
de modo que os direitos fundamentais produziam efeitos apenas para o indivíduo em face do Estado.
Essa relação de aplicação dos direitos fundamentais entre o Estado e os indivíduos ficou conhecida
como eficácia ou amplitude vertical dos direitos fundamentais.
Contudo, atualmente, os direitos fundamentais podem ser igualmente exercidos nas relações
entre particulares, sejam pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. Essa relação de aplicação dos
direitos fundamentais entre particulares ficou conhecida como eficácia ou amplitude horizontal ou
efeito externo dos direitos fundamentais.
Temos ainda a eficácia diagonal que trata da aplicação dos direitos fundamentais entre os parti-
culares nas hipóteses em que se configuram desigualdades fáticas (ex.: relações de trabalho).

Dimensão Objetiva e Subjetiva dos Direitos Fundamentais


Os direitos fundamentais podem ser vislumbrados a partir de duas dimensões, perspectivas:
uma subjetiva e uma objetiva.
Sob a perspectiva subjetiva, os direitos fundamentais, sejam eles negativos ou positivos, são
vistos como direitos exigíveis pelo indivíduo em face do Estado, do Poder Público.
Na perspectiva objetiva, os direitos fundamentais são compreendidos como diretrizes para a
atuação dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, orientando suas atividades principais e,
ainda, para as relações entre particulares. Essa dimensão é também denominada de eficácia irra-
diante dos direitos fundamentais.
Exercícois
01. Para que as normas constitucionais de eficácia limitada produzam todos os seus efeitos, é
necessária a atuação do legislador ordinário, não obstante o fato de essas normas possuírem
eficácia jurídica imediata, direta e vinculante.
Certo ( ) Errado ( )
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02. Normas constitucionais de eficácia limitada são normas cuja eficácia jurídica mínima depende
de lei ou ato normativo regulamentador.
Certo ( ) Errado ( )
03. As normas de eficácia relativa complementável têm produção mediata de efeitos, ou seja,
enquanto não for promulgada a legislação regulamentadora, não produzirão efeitos positivos,
além de terem eficácia paralisante de efeitos nas normas anteriores incompatíveis.
Certo ( ) Errado ( )
04. As normas de eficácia relativa restringível ou de eficácia contida têm aplicabilidade imediata,
embora sua eficácia possa ser reduzida conforme estabelecer a lei.
Certo ( ) Errado ( )
05. As normas de eficácia absoluta, assim como as cláusulas pétreas, são normas constitucionais
intangíveis.
Certo ( ) Errado ( )
06. As normas de eficácia plena têm aplicabilidade mediata, porque seus efeitos podem ser postergados.
Certo ( ) Errado ( )
07. O Art. 5.° , inciso XIII, da Constituição Federal de 1988 (CF) assegura ser livre o exercício de
qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei esta-
belecer. Com base nisso, o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil estabelece que, para
exercer a advocacia, é necessária a aprovação no exame de ordem. A norma constitucional
mencionada, portanto, é de eficácia
a) contida.
b) programática.
c) plena.
d) limitada.
e) diferida.
08. A norma constitucional que consagra a liberdade de reunião é norma de eficácia contida, na
medida em que pode sofrer restrição ou suspensão em períodos de estado de defesa ou de sítio,
conforme previsão do próprio texto constitucional.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito
01 - Certo
02 - Errado
03 - Certo
04 - Certo
05 - Certo
06 - Errado
07 - A
08 - Certo
Referências Bibliográficas
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.
CANOTILHO, J.J. GOMES e outros. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2014.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. Salvador: JusPodivm, 2016.
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 15 ed. São
Paulo: Método, 2016.
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2006.
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Direitos e Garantias Individuais e Coletivos����������������������������������������������������������������������������������������������������2
Introdução��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Direito à Vida���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Direito à Igualdade ou Isonomia�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Igualdade Formal x Igualdade Material���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5
Os Destinatários do Dever de Igualdade�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������6
Igualdade nos Concursos���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������6

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Direitos e Garantias Individuais e Coletivos


Introdução
A Constituição Federal, ao disciplinar os direitos individuais, apresenta-os basicamente no
artigo 5°. Logo no caput deste artigo, já aparece uma classificação didática dos direitos ali previstos:
Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segu-
rança e à propriedade, nos termos seguintes: (…)
Para estudarmos os direitos individuais, utilizaremos os cinco grupos de direitos previstos no
caput do artigo 5°:
˃˃ direito à vida;
˃˃ direito à igualdade;
˃˃ direito à liberdade;
˃˃ direito à propriedade;
˃˃ direito à segurança.
Percebe-se que os 78 incisos do artigo 5°, de certa forma, surgem de um desses direitos que
costumo chamar de “direitos raízes”. Utilizando esta divisão que parece didática, vamos trabalhar
os incisos mais importantes deste artigo de forma a prepará-lo para a prova. Logicamente, não con-
seguiremos abordar todos os incisos, o que não tira a sua responsabilidade de lê-los, ainda que não
trabalhados em nossa aula.

Direito à Vida
O direito à vida, previsto de uma forma genérica no Art. 5° assegura tanto o direito de não ser
morto, direito de continuar vivo (acepção negativa), quanto o direito a ter uma vida digna (acepção
positiva).
Apesar de ser um direito essencial ao exercício dos demais direitos, não se pode afirmar que o
direito à vida seja hierarquicamente superior aos demais direitos fundamentais.
A CF protege a vida de forma geral, não só a extrauterina como a intrauterina. Porém, assim
como os demais direitos, o direito à vida não é absoluto.
A CF e outras leis infraconstitucionais estabelecem relativização a esse direito fundamental,
vejamos:
˃˃ Pena de morte: a CF prevê uma hipótese de pena de morte no Brasil no caso de guerra declara-
da, nos termos da alínea a do inciso XLVII do artigo 5° da CF. Ademais, entende a doutrina que
não poderia ser inserida uma nova hipótese de pena de morte – cláusula pétrea:
XLVII – não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
˃˃ Aborto: o aborto é proibido no Brasil, em respeito ao direito à vida, contudo a lei permite a
prática em alguns casos específicos, a saber: (i) necessário ou terapêutico; (ii) sentimental ou
humanitário;
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Vejamos o Art. 128 do Código Penal:


Art. 128 – Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando
incapaz, de seu representante legal.
˃˃ Aborto do feto anencéfalo: (ADPF 541): efeito vinculante e erga omnes.
˃˃ Interrupção voluntária (aborto) no primeiro Trimestre: HC 124.306 – interpretação
conforme a CF dos artigos 124 a 127 do CP (que tipificam o aborto), excluindo da sua incidência
a interrupção voluntária no primeiro trimestre. Defendeu o STF:
»» direitos sexuais e reprodutivos da mulher;
»» autonomia da mulher;
»» integridade física e psíquica da gestante.
Diferentemente da questão do feto anencéfalo, a interrupção no primeiro trimestre não deixou
de ser crime no Brasil, isso porque a decisão não tem caráter vinculante e efeito erga omnes.
˃˃ Células-tronco embrionárias: O STF decidiu, na ADI 3.510, pela legitimidade da pesquisa cien-
tífica com a utilização de células-tronco embrionárias, nos termos do Art. 5° da Lei 11.105/2005:
Art. 5° É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas
de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento,
atendidas as seguintes condições:
I – sejam embriões inviáveis; ou
II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já
congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da
data de congelamento.
A irrenunciabilidade do direito à vida, assim como sua inviolabilidade suscitam temas divergen-
tes na doutrina e jurisprudência, como a questão da eutanásia.
˃˃ Eutanásia é a ação médica intencional de adiantar ou provocar a morte, com finalidade be-
nevolente, de pessoa que se encontra em situação irreversível e incurável, de acordo com os
padrões médicos atuais. (Barroso, 2009). É crime!
˃˃ Distanásia é a tentativa de retardar a morte o máximo possível por meio do emprego de métodos
disponíveis, ainda que isso possa causar dores e padecimento a uma pessoa cuja morte é inevitável, é
o tratamento inútil, (prolongamento artificial da vida) – morte lenta e com sofrimento.
˃˃ Ortotanásia é a morte em seu tempo adequado, não combatida com os métodos extraordi-
nários e desproporcionais usados na distanásia, nem apressada por ação intencional, como na
eutanásia.
Ligado à ortotanásia, podemos destacar o cuidado paliativo, que é o uso de tecnologia para
diminuir o sofrimento, dando conforto ao paciente.

1 ESTADO – LAICIDADE. O Brasil é uma república laica, sendo absolutamente neutro quanto às religiões. Considerações.
FETO ANENCÉFALO – INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ – MULHER – LIBERDADE SEXUAL E REPRODUTIVA – SAÚDE
– DIGNIDADE – AUTODETERMINAÇÃO – DIREITOS FUNDAMENTAIS – CRIME – INEXISTÊNCIA. Mostra-se inconstitu-
cional interpretação de a interrupção da gravidez de feto anencéfalo ser conduta tipificada nos artigos 124, 126 e 128, incisos I e II,
do Código Penal.
(ADPF 54, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 12/04/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-080
DIVULG 29-04-2013 PUBLIC 30-04-2013 RTJ VOL-00226-01 PP-00011)
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Ressalta-se a Res. 1.805/2006 do Conselho Federal de Medicina que permite que o médico
suspenda os procedimentos com autorização da pessoa ou representante legal:
Art. 1º É permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida
do doente em fase terminal, de enfermidade grave e incurável, respeitada a vontade da pessoa ou de seu
representante legal.

˃˃ Suicídio assistido.
Como desdobramento da ideia de vida digna, a CF garante as necessidades vitais básicas do
ser humano e proíbe qualquer tratamento indigno, como a TORTURA, penas de trabalho forçado,
penas de caráter perpétuo etc., nos termos do Art. 5°, III e XLVII:
III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
XLVII – não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

Nesse sentido, em respeito ao princípio da dignidade da pessoa humana, o STF, por meio da
Súmula vinculante 11, restringiu o uso de algemas no país, autorizando o seu uso para 3 situações:
PERIGO, RESISTÊNCIA E FUGA – PRF
Súmula Vinculante 11
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade
física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob
pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou
do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. (grifo nosso)

Ainda em respeito ao direito à vida, sob a perspectiva da dignidade da pessoa humana, temos:
XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L – às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o
período de amamentação;
XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a
idade e o sexo do apenado;

Direito à Igualdade ou Isonomia


O direito ou princípio da igualdade encontra-se previsto de forma genérica no caput do Art. 5° da
CF, mas desse princípio decorrem diversas previsões constitucionais relacionadas à igualdade, como
por exemplo: inciso I, XLII, do Art. 5°, Art. 7º, XXX, dentre diversos outros que estabelecem um tra-
tamento igualitário. Vejamos:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
termos da lei;
XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo
de sexo, idade, cor ou estado civil;
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Igualdade Formal x Igualdade Material


A doutrina classifica o princípio da igualdade em duas modalidades:
→→ IGUALDADE FORMAL:
A igualdade formal, nascida no liberalismo clássico, juntamente com os direitos de primeira
geração, traduz-se no termo todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. É
uma igualdade jurídica, que não se preocupa com a realidade, mas apenas atenta que o Estado ou as
pessoas estabeleçam tratamento diferenciado de forma arbitrária.
→→ IGUALDADE MATERIAL:
Contudo, o princípio da igualdade não impede que se estabeleça tratamento diferenciado entre
pessoas diferentes, quando há razoabilidade para essa discriminação, a fim de estabelecer o que se
chama de igualdade material, substancial ou efetiva. É a igualdade que se preocupa com a realidade,
com origens no modelo de Estado Social. Traduz-se na seguinte expressão:
Tratar os iguais de forma igual, os desiguais de forma desigual, na medida das suas desigualdades.
Este tipo de igualdade confere um tratamento com justiça social para aqueles que não a possuem.
Convém observar que a igualdade formal é a regra utilizada pelo Estado para conferir um tra-
tamento isonômico entre as pessoas. Contudo, por diversas vezes, um tratamento igualitário não
consegue atender a todas as necessidades práticas. Faz-se necessária a utilização da igualdade em seu
aspecto material para que se consiga produzir um verdadeiro tratamento isonômico.
Dessa forma, podemos afirmar que o Estado pode dar tratamento diferenciado aos indivíduos,
seja por meio da lei, seja mediante políticas públicas, com a finalidade de atenuar diferenças sociais.
Como formas de concretização da igualdade material foram desenvolvidas políticas públicas
de compensação dirigidas às minorias sociais ou camadas menos favorecidas por intermédio das
chamadas AÇÕES AFIRMATIVAS OU DISCRIMINAÇÕES POSITIVAS. São verdadeiras ações de
cunho social que visam compensar possíveis perdas que determinados grupos sociais tiveram ao
longo da história de suas vidas.
Podemos destacar como Ações afirmativas:
˃˃ Lei Maria da Penha: Lei 11.340/2006 que estabelece uma proteção especial à mulher, no sentido
de coibir a violência doméstica e familiar e é exemplo de tratamento discriminatório constitu-
cional entre homens e mulheres.
Foro de residência da mulher: o Art. 100 do CPC/1973 estabelecia foro especial para a mulher
nas ações de separação judicial e de conversão da separação judicial em divórcio. De acordo com o
STF, essa disposição não ofende o princípio da isonomia entre homens e mulheres ou da igualdade
entre os cônjuges. [RE 227.114, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 14-12-2011, 2ª T, DJE de 22-11-2012.]
Entretanto, esse artigo não é mais vigente, o NCPC/2015 estabelece a regra de que o foro deve ser
o do filho incapaz. (Art. 53 NCPC).
»» Prouni: é um programa do Ministério da Educação, criado pelo Governo Federal em 2004,
que oferece bolsas de estudo integrais e parciais (50%) em instituições privadas de educação
superior, em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, a, especialmente estu-
dantes egressos do ensino médio da rede pública ou da rede particular na condição de bolsis-
tas integrais da própria escola e de estudantes com deficiência2.
»» Cotas raciais para acesso às Universidades Públicas, consideradas pelo STF como constitucio-
nais, uma vez que se consideraram as disposições do Estatuto da Igualdade Racial3. (ADPF 186)
• Em decorrência dessa decisão foi publicada a Lei 12.990/2014 que reserva 20% das vagas
oferecidas em concursos públicos – no âmbito do Executivo federal para negros.

2 http://siteprouni.mec.gov.br
3 Lei nº 12.288/10
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Por fim, podemos destacar ainda a decisão do STF, na ADIn 4277 e na ADPF 132, que, evitando
tratamento discriminatório sem razoabilidade, reconheceu o direito à União Estável homoafetiva,
entendendo de forma extensiva o conceito constitucional de família, permitindo inclusive a celebra-
ção civil do casamento.
Destacou o Ministro Celso de Mello na decisão mencionada:
É arbitrário e inaceitável qualquer estatuto que puna, exclua, discrimine ou fomente a intolerân-
cia, estimule o desrespeito e a desigualdade e as pessoas em razão de sua orientação sexual.

Os Destinatários do Dever de Igualdade


O tratamento isonômico para o Estado se manifesta por meio de um dever, e que pode ser anali-
sado em dois planos distintos:
˃˃ Igualdade na lei: o princípio da igualdade obriga o legislador na edição das leis a estabelecer
um tratamento igualitário entre as pessoas, evitando tratamento abusivamente diferenciado a
pessoas que estão em situações idênticas.
˃˃ Igualdade perante a Lei: voltada especialmente ao intérprete da norma – Judiciário e aos aplica-
dores da lei (Executivo) que devem aplicar a norma de forma igualitária.
Registra-se o conteúdo da Súmula Vinculante 37, que não autoriza o Poder Judiciário a estender
vantagens concedidas pela lei a um grupo determinado para outro grupo de indivíduos sob o funda-
mento da isonomia, sob pena de violação da separação dos poderes:
Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores
públicos sob o fundamento de isonomia.
Vale ressaltar, ainda, que o princípio da igualdade também se aplica na relação entre particula-
res, nas relações privadas.
Igualdade nos Concursos
O princípio da igualdade não impede tratamento discriminatório, diferenciado, em concursos
públicos, desde que as exigências do cargo justifiquem o tratamento diferenciado.
Dessa forma, seria possível estabelecer limite de idade mínima e máxima ou ainda altura mínima
ou previsão de vaga para apenas um sexo. Contudo, para que possam existir essas discriminações
devem preencher dois requisitos:
˃˃ Deve ser fixado em lei – não basta que os critérios estejam previstos no edital, precisam estar
previstos em Lei, no seu sentido formal;
˃˃ Deve ser necessário ao exercício do cargo – o critério discriminatório deve ser necessá-
rio ao exercício do cargo. A título de exemplo: seria razoável exigir, para um cargo de policial
militar, altura mínima ou mesmo idade máxima, que representam vigor físico, tendo em vista
a natureza do cargo, que exige tal condição. As mesmas condições não poderiam ser exigidas
para um cargo de técnico judiciário, por não serem necessárias ao exercício do cargo.
Nesse sentido, destaca-se a Súmula 683 do STF:
O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Cons-
tituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
Exercícios
01. Acerca do aborto, o Supremo Tribunal Federal, em recente julgado de sua 1ª Turma, afirmou
ser necessário conferir interpretação conforme a Constituição aos Arts. 124 a 126 do Código
Penal (que tipificam o crime de aborto) para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção
voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre do período gestacional.
Certo ( ) Errado ( )
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02. O direito individual fundamental à vida possui duplo aspecto: sob o prisma biológico, traduz
o direito à integridade física e psíquica; em sentido mais amplo, significa o direito a condições
materiais e espirituais mínimas necessárias a uma existência condigna à natureza humana.
Certo ( ) Errado ( )
03. A vida é direito constitucional fundamental garantindo-se sua inviolabilidade. À luz desse
preceito, a eutanásia é admitida pelo ordenamento brasileiro desde que precedida do testa-
mento vital ou procuração de saúde.
Certo ( ) Errado ( )
04. Apesar da proteção à vida intrauterina, é permitido o aborto humanístico.
Certo ( ) Errado ( )
05. A CF consagra que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, contudo
deve-se buscar não apenas a aparente igualdade formal, mas, principalmente, a igualdade material.
Certo ( ) Errado ( )
06. A utilização de critérios distintos para a promoção de integrantes do sexo feminino e do mas-
culino de corpo militar viola o princípio constitucional da isonomia.
Certo ( ) Errado ( )
07. O princípio da isonomia refere-se à igualdade na lei (entendida como a exigência destinada ao
legislador, que, no processo de formação do ato legislativo, nele não poderá incluir fatores de
discriminação responsáveis pela ruptura da ordem isonômica) e também à igualdade perante
a lei (esta pressupõe lei já elaborada e traduz imposição destinada aos demais poderes estatais,
que, na aplicação da norma legal, não poderão subordiná-la a critérios que ensejem tratamento
seletivo ou discriminatório).
Certo ( ) Errado ( )
08. A CF estabelece direitos e garantias fundamentais de todas as pessoas, de tal modo que não
deve haver quaisquer formas de discriminação, reconhecendo os direitos aos homossexuais e
igual valoração jurídica nas relações homoafetivas.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito
01 - Certo
02 - Certo
03 - Errado
04 - Certo
05 - Certo
06 - Errado
07 - Certo
08 - Certo
Referências Bibliográficas
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.
CANOTILHO, J.J. GOMES e outros. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2014.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. Salvador: JusPodivm, 2016.
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 15 ed. São
Paulo: Método, 2016.
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2006.
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Constituição: Direitos Fundamentais���������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Direito à Liberdade������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Liberdade de Ação ou Princípio da Legalidade���������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Liberdade de Manifestação do Pensamento e Expressão�����������������������������������������������������������������������������������������3

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Constituição: Direitos Fundamentais


Direito à Liberdade
O direito à liberdade encontra-se previsto de forma genérica no caput do Art. 5°. A liberdade é a
essência dos direitos de primeira geração, que inclusive são chamados de liberdades públicas.
A ideia de liberdade prevista no caput é bastante ampla e compreende a ideia de liberdade física,
de expressão, pensamento, religiosa.
Diversos direitos previstos no Art. 5° decorrem da ideia de liberdade, os quais serão analisados agora.
Liberdade de Ação ou Princípio da Legalidade
O inciso II do artigo 5° apresenta aquilo que a doutrina chama de liberdade de ação:

II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Esse inciso consagra o princípio da legalidade, em sentido AMPLO, também chamada de liberdade
matriz, base da noção de Estado de Direito. Por intermédio desse princípio os particulares somente serão
obrigados a fazer ou deixar de fazer alguma coisa em virtude de uma lei, de uma norma, que imponha ou
proíba um determinado comportamento. Isso significa que o particular é livre para fazer tudo aquilo que
a lei não proíba ou não determine. A regra é da autonomia da vontade.
Entretanto, essa ideia não é a mesma quando destinada ao Poder Público. Isso porque em um
Estado de Direito, o Poder Público se sujeita às leis, de modo que se aplica ao Estado o princípio da
legalidade estrita, segundo o qual o Estado não pode atuar contrariamente à lei ou, na sua ausência,
esse princípio voltado para a Administração Pública pode ser verificado no caput do Art. 37 da CF.1.
Dessa forma, podemos assim esquematizar o princípio da legalidade a depender do seu destinatário:
˃˃ PARA O PARTICULAR – A legalidade significa liberdade de agir, é dizer “fazer tudo que não
for proibido”. Princípio da AUTONOMIA DA VONTADE.
˃˃ PARA O PODER PÚBLICO – para o agente público legalidade significa “poder fazer tudo o que
for determinado ou permitido pela lei”. Princípio da LEGALIDADE ESTRITA.

A expressão LEI, no Art. 5°, II, refere-se à lei de uma forma ampla, genérica, aqui abordando
outras espécies normativas que não apenas a lei formal (aquela elaborada pelo Poder Legislativo).
Decorre daí a relevante distinção entre o princípio da legalidade e o princípio da reserva legal.
O PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL decorre do princípio da legalidade e ocorre quando
uma norma constitucional atribui determinada matéria exclusivamente à lei formal, ou seja, aquela
aprovada pelo Legislativo, excluídas as Medidas Provisórias e outras normas subordinadas. Ex.:
matérias envolvendo a criação de tipos penais.

1 Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
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Dessa forma, podemos dizer que a legalidade é mais ampla que a reserva legal, pois esta tem
o seu conteúdo mais restrito àquelas hipóteses exigidas pela CF. Contudo, podemos dizer que a
reserva legal tem maior densidade ou conteúdo, pois exige um tratamento exclusivo do Legislati-
vo nas matérias previstas na CF.
˃˃ Reserva legal Simples e qualificada.

Como desdobramento do PRINCÍPIO DA LEGALIDADE, podemos destacar:


˃˃ Atividade de tributação, que determina que os entes não podem aumentar ou exigir tributos
sem lei.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios:
I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
˃˃ Tipificação de crimes, a CF exige a existência de lei formal na definição de tipos penais.
Art. 5° XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;

Liberdade de Manifestação do Pensamento e Expressão


Dentro da ideia de liberdade de expressão, podemos destacar três incisos do Art. 5°: IV, V e IX.
Esse direito está diretamente ligado aos fundamentos da RFB, quais sejam: o Pluralismo Político
e a Dignidade da pessoa humana.
Vejamos o Art. 5°, IV:
Art. 5°, IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
Esta liberdade serve de amparo para uma série de possibilidades no que tange ao pensamento.
A manifestação do pensamento diz respeito à exteriorização de ideias, por escrito ou oralmente,
mas também o direito de ouvir, assistir e ler.
Assim como os demais direitos fundamentais, a manifestação do pensamento não possui caráter
absoluto, sendo restringida pela própria Constituição Federal, que proíbe seu exercício de forma
anônima.
A vedação ao anonimato impede, como regra, DENÚNCIAS ANÔNIMAS, também chamadas
de delações apócrifas, como fundamento único para a instauração de procedimentos criminais.
Contudo, o STF, entende como constitucionais as referidas denúncias (disque-denúncia) como
ferramenta de comunicação do crime, mas não podem servir como amparo para a instauração do
Inquérito Policial, muito menos como fundamento para a condenação de quem quer que seja. Este
posicionamento se aplica à instauração de qualquer tipo de procedimento investigatório, seja admi-
nistrativo, cível ou penal.
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Desse modo, podemos concluir que a denúncia anônima não pode, isoladamente, servir de fun-
damento para instauração de processo formal contra o denunciado, autorizando apenas medidas
informais para a verificação dos fatos denunciados.
A vedação do anonimato não impede que o jornalista guarde o sigilo de suas fontes2, responden-
do ele, porém, caso opte pelo sigilo, por declarações falsas, injuriosas, difamatórias etc.
A vedação ao anonimato, além de ser uma garantia ao exercício da manifestação do pensamento,
possibilita o exercício do DIREITO DE RESPOSTA caso alguém seja ofendido, em matéria divulgada,
publicada ou transmitida por veículo de comunicação social, como prevê o inciso v do Art. 5° da CF:
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material,
moral ou à imagem;
O direito de resposta, que se manifesta como ação de replicar ou de retificar matéria publicada,
é exercitável por parte daquele que se vê ofendido em sua honra e é orientado pela ideia da proporcio-
nalidade, é dizer: a resposta deve ser assegurada no mesmo meio de comunicação em que a agressão
foi realizada, devendo ter o mesmo destaque e duração.
O direito de resposta é amplo e abrange ofensas, mesmo que não tenham caráter penal.
O direito de resposta, inobstante ser norma de eficácia plena e aplicabilidade imediata, é regulamen-
tado pela Lei 13.188/2015 que assegura o exercício desse direito de forma GRATUITA. Vejamos o Art. 2°:
Art. 2° Ao ofendido em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social é
assegurado o direito de resposta ou retificação, gratuito e proporcional ao agravo.
O direito de resposta ou retificação deve ser exercido no prazo decadencial de 60 (sessenta)
dias, contado da data de cada divulgação, publicação ou transmissão da matéria ofensiva, mediante
correspondência com aviso de recebimento encaminhada diretamente ao veículo de comunicação
social ou, inexistindo pessoa jurídica constituída, a quem por ele responda, independentemente de
quem seja o responsável intelectual pelo agravo.
O exercício do direito de resposta não afasta a possibilidade de indenização por dano: material,
moral ou a imagem. Vale destacar ainda que a indenização decorrente desses danos é cumulativa!
A CF ainda assegura o direito à LIBERDADE DE EXPRESSÃO:
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente-
mente de censura 3ou licença;
Dessa forma, no Brasil é assegurada a liberdade de expressão, sendo vedada a censura. Essa
vedação é confirmada pelo Art. 220, § 2°, da CF:
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma,
processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 2° É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.
A liberdade de expressão apresenta duas dimensões:
a) substancial: que consiste no próprio direito de pensar (Pluralismo político);
b) instrumental: que consiste no direito de expor o seu pensamento, de expressar suas ideias (ex.:
direito de reunião).
A liberdade de expressão, assim como a manifestação do pensamento não são absolutas, devendo
ser exercidas com responsabilidade pois encontram limites em outros direitos fundamentais, como,
por exemplo, a privacidade e a intimidade das pessoas.
Ademais, de acordo com a jurisprudência do STF a liberdade de expressão encontra limites nos
chamados discursos de ódio, voltadas ao combate do preconceito e da intolerância contra minorias
estigmatizadas.
2 XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
3 Art. 220, § 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.
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A respeito do exercício da liberdade de expressão e manifestação do pensamento, já decidiu o STF:


Decisão do STF que vale a pena ser mencionada, é a que analisou a constitucionalidade da “marcha
da maconha”. De acordo com o Supremo, no julgamento da ADPF4 187, o movimento foi legítimo
e encontra fundamento na liberdade de manifestação do pensamento. De acordo com o STF, a mera
proposta de descriminalização de determinado ilícito penal não se confunde com o ato de incita-
ção à prática do crime, além disso não poderá ser feito o uso da droga durante a manifestação e não
poderá ter a participação de crianças e adolescentes.
O STF declarou inconstitucional a exigência de diploma de jornalismo para ser jornalista, haja
vista esta profissão ser um canal essencial para divulgação do pensamento e da informação.
Em respeito à liberdade de expressão, entendeu o STF5 não ser exigível autorização prévia6, da
pessoa biografada ou de seus familiares, para a publicação de obras biográficas ou audiovisuais. Des-
taca-se o trecho do referido julgado:
Em decorrência do direito à liberdade de expressão, decidiu o STF7 que é inconstitucional a proibi-
ção de tatuagem a candidato de concurso público, os ministros destacaram que a tatuagem passou
a representar uma autêntica forma de liberdade de manifestação do indivíduo, pela qual não pode
ser punido, sob pena de flagrante violação à CF. Entretanto, em situações excepcionais poderá ocorrer
restrição de pessoas com tatuagens quando o seu conteúdo viole valores constitucionais. (RE 898.450)
Exercícios
01. O princípio da legalidade estabelece que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei. Assim, os particulares podem fazer tudo o que a lei não
proíbe, enquanto a Administração Pública só pode fazer o que a lei permite.
Certo ( ) Errado ( )
02. A reserva de lei é mais restrita que a legalidade no que concerne a densidade e conteúdo; en-
tretanto, a legalidade é mais abrangente que a reserva de lei pelo fato de atingir certas matérias
especificadas no próprio texto constitucional.
Certo ( ) Errado ( )
03. REYNARD ILLARY reuniu várias peças de seu acervo de artes plásticas (telas retratando tra-
balhadores em plena atividade laboral) e produziu um documentário, com imagens e sons, em
relação a elas. É correto afirmar que a divulgação dessa atividade artística é livre e independe
de censura ou licença.
Certo ( ) Errado ( )
04. Herculano, condômino, desgostoso com os atos de arbitrariedade praticados pelo síndico em
exercício do edifício onde reside, resolveu manifestar suas criticas por meio de cartas dirigidas
aos demais condôminos. Com medo de sofrer represálias do síndico, Herculano não se iden-
tificou nas cartas, reservando-se ao anonimato. Nesse caso, segundo a Constituição Federal, é
livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.
Certo ( ) Errado ( )
05. Liberdade de pensamento, direito de resposta e responsabilidade por dano moral ou à imagem
constituem garantias, mas não direitos individuais.
Certo ( ) Errado ( )

4 Ação de descumprimento de preceito fundamental – ADPF


5 ADI 4815 – MIN. CÁRMEN LÚCIA
6 Em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença de pessoa biografada, relativamente a obras biográficas literárias ou audio-
visuais (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas).
7 RE 898450– Rel. Min. Luiz Fux.
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06. O direito de resposta proporcional ao agravo tem abrangência ampla e aplica-se a todas as
ofensas, ainda que elas não sejam de natureza penal.
Certo ( ) Errado ( )
07. Legalmente, ao ofendido em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comuni-
cação social é assegurado o direito de resposta ou retificação, gratuito e proporcional ao agravo.
Certo ( ) Errado ( )
08. A dimensão substancial da liberdade de expressão guarda relação íntima com o pluralismo
político na medida em que abarca, antes, a formação da própria opinião como pressuposto
para sua posterior manifestação.
Certo ( ) Errado ( )
09. A liberdade de expressão é direito fundamental que viabiliza a autodeterminação do indivíduo
e guarda estreita relação com a dignidade da pessoa humana, possuindo, ademais, dimensões
instrumental e substancial, essa última compreendendo o direito aos meios adequados à ex-
pressão e à veiculação do que se pensa e do que se cria.
Certo ( ) Errado ( )
10. De acordo com a jurisprudência do STF, a exigência de diploma de curso superior para a
prática do jornalismo é compatível com a ordem constitucional, pois o direito à liberdade de
profissão e o direito à liberdade de informação não são absolutos.
Certo ( ) Errado ( )
11. Quando um jornalista denuncia fatos de interesse geral, como os relacionados às organiza-
ções criminosas especializadas no desvio de verbas públicas, está juridicamente desobrigado
de revelar a fonte da qual obteve suas informações.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito
01 - Certo
02 - Errado
03 - Certo
04 - Certo
05 - Errado
06 - Certo
07 - Certo
08 - Certo
09 - Errado
10 - Errado
11 - Certo
Referências Bibliográficas
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.
CANOTILHO, J.J. GOMES e outros. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2014.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. Salvador: JusPodivm, 2016.
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 15 ed. São
Paulo: Método, 2016.
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2006.
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
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