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Confiando, apesar da tempestade

Lucas 8.22-25

Conta-se que certo súdito sempre falava ao rei que Deus é bom. Um dia
saíram para caçar e um animal atacou o rei e ele perdeu o dedo mínimo. Nessa
ocasião seu súdito exclamou: “Deus é bom”! Furioso, o rei mandou prendê-lo.
Passado algum tempo, o rei saiu para outra caçada e foi capturado por índios
canibais. Na hora do sacrifício, o cacique percebeu que o rei era imperfeito, porque
lhe faltava um dedo. Diante disso, o rei foi solto. E assim que voltou para casa
procurou seu súdito na prisão e disse: “Verdadeiramente, Deus é bom! Contudo,
por que permitiu que lhe mandasse para a prisão?”. Seu súdito então respondeu:
“porque se eu estivesse contigo eu seria sacrificado”. A questão é que Deus não
deixa de ser bom quando permite que coisas ruins nos aconteçam; quando permite
enfrentemos as tempestades do mar da vida.
21km comp. X 14km larg.

Ao voltarmos nossos olhos para o Texto Sagrado, percebemos que os


discípulos estavam aterrorizados diante de uma furiosa tempestade que chegou
sem avisar, sem mandar e-mail ou mensagem de texto. Enquanto isso, Jesus
simplesmente dormia. De modo semelhante, as tempestades do mar da vida
chegam a nós sem avisar e nos vemos muitas vezes desesperados frente à sua
fúria. Como seria bom se elas enviassem algum aviso, dizendo a hora e o dia em
que chegariam e o que trariam consigo. Mas, na verdade, elas vêm
inesperadamente e por vezes, chegam com suas malas abarrotadas de problemas
e dizem, viemos para ficar. Neste sentido, Hernandes Dias Lopes, ressalta que “as
tempestades não mandam telegrama. Elas chegam a nossa vida sem mandar
recado e sem pedir licença. As tempestades, algumas vezes, nos colhem de
surpresa e nos deixam profundamente abalados”. E nesses momentos parece que
Deus não está vendo o que estamos passando. Que ele não se importa. E
questionamos incoerentemente: como pode um Deus bom, permitir que passemos
por tantas dificuldades, tantas tribulações? E muitas vezes não sabemos como
explicar a aparente indiferença Divina, frente ao sofrimento do seu povo.
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O que na verdade precisamos entender é que as lutas e dificuldades da vida,
são pedagógicas. Elas são usadas por Deus, para nos ensinar, corrigir e disciplinar.
Este é o caso aqui. Os discípulos precisavam aprender a confiar, apesar das
circunstâncias adversas. Sua fé precisava ser robustecida. Uma coisa importante
a ser aprendida por todo cristão é que as tempestades são inevitáveis, mas são

Humanidade de Jesus
igualmente necessárias. Isso porque, conforme nos ensina o apóstolo Paulo, as
tribulações geram esperança (Romanos 5.3-4 ver). É em meio às intempéries da
vida que aprendemos a confiar em Deus e em sua maravilhosa graça. Foi em meio
ao sofrimento que Jó conheceu a Deus (Jó 42.5-6 ver).

Talvez, os discípulos já estivessem dando tudo como perdido e é nesse


momento que recorrem a Jesus. O fato é que ele esteve ali em todo o tempo, não
os havia deixado, apenas dormia, pois estava cansado. Jesus estava apenas
descansando, ele não estava ausente. Em todo o tempo ele esteve ali. O problema
é que os discípulos recorreram primeiro às suas próprias habilidades antes de
recorrer Àquele que em diversas circunstâncias havia dado provas do seu poder.
Quem sabe tenham pensado: não vamos incomodar o Mestre, vamos resolver nós
mesmos esse problema. Não obstante, sua experiência e técnica não foram
suficientes para lhes prover a solução necessária. De maneira que olhando para
Jesus como o último recurso, dizem: “Mestre, Mestre, estamos perecendo!”. É
como se dissessem: Mestre o Senhor é a nossa única salvação. E nos diz o Texto
Sagrado que “Jesus, repreendeu o vento e a fúria da água. Tudo cessou, e veio a
bonança” (24). Muitas vezes estamos como estes homens, tentando resolver os
problemas a partir de nossas próprias habilidades e esquecemos que Jesus está
conosco, que ele é o capitão do nosso pequeno barco. Soberania x responsabilidade

Precisamos entender que por maiores que sejam nossos problemas, eles
jamais subsistirão ante Àquele que domina sobre tudo e sobre todos. Basta uma
palavra sua e tudo se resolve. Por mais que as ondas bravias do mar da vida nos
açoitem, nos machuquem e nos firam, trazendo dor e sofrimento à nossa alma,
ainda assim, devemos confiar Naquele que tem poder para fazer cessar a
tormenta. Eis a grande lição que precisava ser aprendida pelos discípulos de
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Jesus: confiança, apesar da tempestade. É nesse momento de fé vacilante que
Jesus faz uma pergunta crucial (25 ver). A pergunta de Jesus, não implica em que
os discípulos não possuíssem fé, mas que ela não estava sendo exercitada.
Destarte, concordo com Warren Wiersbe, quando diz que “uma coisa é aprender
uma nova verdade espiritual, outra bem diferente é colocá-la em prática na vida
diária”. Diz ele ainda que “a verdade que permanece na mente é apenas acadêmica
e não chegará ao coração se não for praticada pela volição”. As tempestades são
usadas por Deus para nos ensinar, mas se ficarem apenas no campo teórico jamais
alcançarão nossos corações. Precisamos aplicar à vida prática as verdades
assimiladas em meio às intempéries e vicissitudes da vida.

Aplicação

Caminhando para o fim, precisamos ressaltar alguns pontos, aplicando-os às


nossas vidas para nossa edificação.

 As tempestades chegam para todos. O fato de estarmos trabalhando


para Deus, não nos torna imunes a elas. Elas chegam para o rico, para
o pobre, para jovem, para o idoso... O que nos diferencia é a maneira
como passamos por elas. Duas opções: adoração ou murmuração

 Não devemos desanimar frente às lutas e dificuldades que nos


acometem. Não devemos nos abalar, visto que elas servem para o
fortalecimento da nossa fé, pois são pedagógicas e disciplinadoras.

 Nosso Senhor não está indiferente aos nossos sofrimentos. Embora


Jesus estivesse dormindo, ele não estava ausente quando os
discípulos precisaram.

 Nem sempre a fúria do mar da vida cessará, mas precisamos continuar


confiando, apesar da tempestade, pois o Supremo Capitão está
navegando conosco, guiando-nos para que cheguemos em segurança
no nosso destino final. A Ele seja a honra e a glória para sempre!

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