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Aula 00

Português p/ Transpetro - Auditor Júnior (Com videoaulas)


Professores: Janaína Efísio, Rafaela Freitas

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Língua Portuguesa p/ TRANSPETRO
Auditor Júnior
Teoria e Questões Comentadas
Profª Rafaela Freitas Aula 00

AULA 00
Compreensão e interpretação de texto.
Mecanismos linguísticos de conexão e sequência lógica entre as
partes do texto.

SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO......................................................................................2
CRONOGRAMA E OBJETIVO DO CURSO......................................................3
1. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL....................................................................5
2. TEXTO LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO.....................................................8
3. INFERÊNCIAS E INFORMAÇÕES EXPLÍCITAS..........................................12
4. LINGUAGEM VERBAL E NÃO-VERBAL....................................................14
5. COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL.........................................................15
6. TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS..............................................................25
RESUMO..............................................................................................47
QUESTÕES COMENTADAS.......................................................................52
LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA......................................81
GABARITO..........................................................................................101

Observação importante: este curso é protegido por direitos autorais


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(copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a


legislação sobre direitos autorais e dá outras providências.
Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os
professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe
adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos ;-)

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APRESENTAÇÃO

Olá, estudiosos alunos e futuros funcionários públicos! É com imensa


alegria que começaremos com esta aula o curso que irá prepará-lo para o
concurso da Petrobrás Transporte S.A. (TRANSPETRO), cargo de Auditor
Júnior. Já estamos com o edital em curso! Nada de perder tempo, vamos
começar com um material bem legal, focado 100% no edital, aulas em PDF e
em vídeo!

Algumas informações muito importantes:

 São 100 vagas 147 vagas (sendo 140 para cadastro de reserva);
 Banca: Cesgranrio;
 Comentarei muitas questões da banca (a maioria) e outras da FCC,
banca tradicional em concursos e com abordagem parecida;
 Material 100% focado naquilo que está previsto no edital;
 Custo-benefício: seu investimento dará a tranquilidade de ter aulas em
PDF e em vídeo com tudo aquilo de que você precisa! Isso dá segurança! Além
do fórum de dúvidas, que é uma ferramenta de extrema importância para a
relação professor/aluno;
 Até a prova, você terá tempo suficiente para estudar todos os tópicos do
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edital.

Isso tudo quer dizer que não podemos mais perder tempo e que eu
estarei aqui para dar o suporte necessário para que cada aluno alcance seu
objetivo!!

Gosto do contato bem direto com meus alunos! Minha função aqui é
ajudá-lo da melhor maneira possível a alcançar o seu objetivo que é ser
aprovado neste concurso. Esteja certo de que farei de tudo para que isso
aconteça, pois o seu sucesso é também o meu!

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Para que me conheça, falarei brevemente sobre mim: meu nome é


Rafaela Freitas, sou graduada em Letras pela Universidade Federal de
Juiz de Fora, onde resido, e pós-graduada em Ensino de Língua
Portuguesa, pela mesma instituição (UFJF). Desde que me formei, em 2008,
tenho trabalhado com a preparação dos alunos para os mais diversos
concursos públicos, em cursos presenciais, no que tenho colocado ênfase em
minha carreira, embora também trabalhe com turmas preparatórias para
vestibulares. Sou uma apaixonada pela nossa língua mãe e por ensiná-la!
Tenham a certeza de que o português, já neste curso, não será um problema,
mas sim a solução! Você sabe muito mais dessa língua do que imagina! Confie
em mim e principalmente em seu potencial!

OBJETIVO E CRONOGRAMA DO CURSO

Este curso tem por objetivo trazer para os alunos todo o conteúdo
teórico e auxiliá-los na resolução do maior número de questões possível da
CESGRANRIO, baseado no edital aberto para a TRANSPETRO. Sendo assim,
as aulas contarão com várias questões da CESGRANRIO, comentadas e
gabaritadas, bem como de outras bancas (especialmente FCC) com cobrança
semelhante, a fim de que todo conteúdo teórico seja abordado nas questões
atendendo 100% ao que o edital exige.
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Os alunos que estão começando a se preparar encontrarão aqui todos os


“macetes” e dicas de que precisam para um estudo objetivo. Os concurseiros
já experientes terão com o curso uma fonte de revisão para se aprimorarem e
se atualizarem bastante na Língua Portuguesa. Todos sairão ganhando!
Para que seja completo e satisfatório, proponho que o curso seja dividido
da seguinte maneira:

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CRONOGRAMA

AULA MATÉRIA LIBERAÇÃO

Compreensão e interpretação de texto.


0 Mecanismos linguísticos de conexão e sequência 11/05/2016
lógica entre as partes do texto.
Significação das palavras
(Denotação, conotação, polissemia e
1 17/05/2016
ambiguidade)
Emprego e colocação dos pronomes.

Sintaxe: estudo do período simples (termos da


2 19/05/2016
oração) e do período composto (orações).

Ortografia oficial
3 Acentuação gráfica 23/05/2016
Pontuação

4 Concordância nominal e verbal 25/05/2016

Regência nominal e verbal. Emprego do acento


5 31/05/2016
indicativo da crase.
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6 Revisão Final - Cesgranrio 02/06/2016

Desde já, coloco-me à disposição para qualquer dúvida ou esclarecimento,


pelo e-mail: professorarafaelafreitas@gmail.com ou ainda pelo fórum de
dúvidas.

Será um prazer tê-lo como aluno! Bons estudos!

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1. INTELECÇÃO (INTERPRETAÇÃO) TEXTUAL

“Evidentemente, tudo pode ser visto nos textos, lá é que todo tipo de
fenômeno acontece.” (ANTUNES, 2007, p. 139)
Ler o mundo através dos mais diversos textos com os quais nos
deparamos em nosso cotidiano é uma tarefa, no mínimo, reveladora!

Caros alunos, o conteúdo desta aula é de suma importância para o


desenvolvimento de toda a prova do certame do qual vocês irão participar.
Digo toda a prova, pois a interpretação não está presente apenas na prova de
Língua Portuguesa, é preciso interpretar em todas as outras disciplinas! São
textos e enunciados que trazem informações implícitas e explícitas que
precisam ser compreendidas para que você, concurseiro, atinja o seu objetivo
maior, que é a aprovação.
Diante disso, devo dizer aquilo que talvez você já saiba: a leitura é o
meio mais eficaz para chegarmos ao conhecimento, portanto precisamos
aprender a ler! Ela precisa se tornar um hábito na vida de um concurseiro.
Um candidato “antenado” com os acontecimentos atuais, conhecedor de textos
literários, entendedor de charges e textos de humor chegará ao sucesso com
mais facilidade (ou menos dificuldade, rsrs) do que aquele que lê pouco ou
nada. E digo ler de verdade! Não passar os olhos! Ler é dar sentido à vida e ao
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mundo, é dominar a riqueza de qualquer texto, seja literário, narrativo,


instrucional, jornalístico, persuasivo, possibilidades que se misturam e se
tornam infinitas.

A dificuldade na compreensão e interpretação de textos deve-se à


falta do hábito da leitura. Sim! Então, desenvolva o hábito da leitura. Que tal
estabelecer agora uma meta de ler, pelo menos, um livro por mês? Leia o que

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você mais gosta! Não importa o gênero. Crie o hábito da leitura e o gosto por
ela. Quando passamos a gostar de algo, compreendemos melhor seu
funcionamento. Nesse caso, as palavras tornam-se familiares a nós. Não se
deixe levar pela falsa impressão de que ler não faz diferença.

Estudar interpretação textual para fazer uma prova de concurso público


é extremamente importante! Boa parte da prova de português, com certeza,
será com questões de interpretação. Qual é a melhor maneira de estudar
interpretação textual? Fazendo muitas questões, de provas anteriores, da
banca examinadora do concurso escolhido! Assim você irá conhecer e ficar
“fera” na maneira como ela cobra o conhecimento dos textos em questões.
Vamos praticar bastante nesta aula!
A maioria dos alunos acha interpretar muito difícil, então vou organizar
esta parte da matéria em DICAS para ajudar no seu estudo! Não quero que
você perca pontinhos preciosos!!

Algumas dicas para a interpretação:

1) Não se assuste com o tamanho do texto. JAMAIS! Você irá vencê-


lo.
2) Leia todo o texto pelo menos DUAS vezes, procurando ter uma
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visão geral do assunto principal. A primeira leitura será para você


reconhecer o assunto. Podemos chamá-la de leitura informativa. Grife
palavras chaves, a ideia principal de cada parágrafo.

3) Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura,


vá até o fim, ininterruptamente.
4) Ler o texto pelo menos duas vezes é importante também porque a
primeira impressão pode ser falsa. Já na segunda leitura, do tipo
interpretativa, você deverá compreender, analisar e sintetizar as informações
do texto.

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5) Antes de responder as questões, retorne ao texto para sanar as


dúvidas. Na verdade, retorne ao texto SEMPRE que precisar. Isso pode
parecer perda de tempo, mas não é, garante uma interpretação sem falhas!
6) Leia o texto com perspicácia (observando os detalhes), sutileza,
malícia nas entrelinhas, para evitar pegadinhas. Atenção ao que se pede.

7) Às vezes, a interpretação está voltada para


uma linha do texto e por isso você deve voltar ao parágrafo para localizar
o trecho, pois uma frase fora do contexto pode mudar completamente de
sentido!
8) Quando for resolver as questões que estarão aqui no material, no
momento de estudo, seja curioso, utilize um dicionário e encontre o significado
das palavras que você não conhece.
9) Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as do autor.
10) Dividir o texto em parágrafos ou partes pode melhorar a
compreensão.
11) Sinalizar cada questão no parágrafo ou parte do texto
correspondente facilita muito visualmente.

12) Cuidado com os vocábulos: destoa, não,


correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras palavras
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que aparecem nos enunciados e que, às vezes, dificultam o entendimento do


que está sendo solicitado. Elas te induzem ao erro!

13) Quando duas alternativas lhe parecem corretas


(isso SEMPRE acontece, não é mesmo?!?!), as duas realmente estarão
adequadas para a resposta! Então, procure a mais exata ou a mais completa. É
comum acontecer isso! Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela
resposta, mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto e que
responda ao enunciado.

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14) Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo autor,


definindo o tema e a mensagem. O autor defende ideias e você deve percebê-
las.
15) Aumente seu vocabulário e sua cultura. Além da leitura de textos,
um bom exercício para ampliar seu conhecimento léxico é fazer palavras
cruzadas. Faça também exercícios de palavras sinônimas e antônimas.
16) Seja leitor assíduo de jornais e revistas! Seja um concurseiro
atualizado!
17) Antes de começar a leitura, procure a fonte daquele texto. Então
você já terá uma dica para saber se é um texto literário ou não literário, um
texto jornalístico ou não. Assim, poderá saber o que esperar dele.
18) Após a leitura, pense sobre a que Gênero textual o texto pertence
(veremos isso mais adiante, ainda nesta aula). Se for uma notícia, por
exemplo, vai saber que o texto deve conter um fato a ser narrado, onde ele
aconteceu, quando e com quem, mas não deverá ter opinião do autor, por se
tratar de uma fonte jornalística imparcial (pelo menos deveria ser, rs).

2. TEXTO LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO.

Para que você desenvolva em sua prova uma interpretação satisfatória, é


muito importante que saiba diferenciar um texto literário de um texto não
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literário e suas características.

O que é um texto?

A palavra texto vem do latim “textum”, que significa tecido. Podemos


dizer que ele é uma unidade básica de organização e transmissão de ideias,
conceitos e informações de modo geral. Pensando assim e mais amplamente,
uma pintura, uma escultura, um símbolo, um sinal de trânsito, uma foto, uma
propaganda, um filme, uma novela de televisão também são formas textuais.

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Para facilitar, analisamos os textos em dois grandes grupos:


TEXTOS LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS.
Vamos ver a diferença?

TEXTO LITERÁRIO: é aquele que apresenta uma linguagem


conotativa, subjetiva ou figurada, e explora os sentimentos.
TEXTO NÃO LITERÁRIO: é aquele que possui uma linguagem
denotativa, objetiva e real, e visa à informação.

Os textos literários são aqueles que possuem função estética, destinam-


se ao entretenimento, ao belo, à arte, à ficção. Mesmo que o assunto seja
sério, será tratado com leveza em um texto desse tipo. No texto literário, o
mais importante é a expressividade das palavras. O conteúdo, nesse caso, fica
em segundo plano. O vocabulário bem selecionado transmite sensibilidade ao
leitor. O texto é rico de simbologia e de beleza artística. Podemos citar como
exemplo o conto, o poema, o romance, peças de teatro, novelas e crônicas.

Os textos não literários possuem função utilitária, pois servem para


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informar, convencer, explicar, ordenar. São textos objetivos que não têm o
interesse de despertar sentimentos. Quanto à linguagem, o texto não
literário é objetivo, claro, conciso e pretende informar o leitor sobre
determinado assunto. Para isso, quanto mais simples for o vocabulário e mais
objetiva for a informação, mais fácil se dará a compreensão do conteúdo.
Como exemplo temos as notícias, os artigos jornalísticos, os textos didáticos,
os verbetes de dicionários e enciclopédias, as propagandas publicitárias, os
textos científicos, as receitas culinárias, os manuais etc.

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Veja os dois textos a seguir:

TEXTO I
Descuidar do lixo é sujeira

Diariamente, duas horas antes da chegada do caminhão da prefeitura, a


gerência de uma das filiais do McDonald’s deposita na calçada dezenas de
sacos plásticos recheados de papelão, isopor, restos de sanduíches. Isso acaba
propiciando um lamentável banquete de mendigos. Dezenas deles vão ali
revirar o material e acabam deixando os restos espalhados pelo calçadão.
(Veja São Paulo, 23-29/12/92)

O TEXTO I, "Descuidar do lixo é sujeira", traz uma informação sobre o lixo


despejado nas calçadas e o que acontece com ele antes de o caminhão do lixo
passar para recolhê-lo. É um texto informativo e, portanto, não literário.

TEXTO II
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
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Não examinava nem cheirava:


Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(Manuel Bandeira. Em Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro: J. Olympio/MEC, 1971,
p.145)

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O TEXTO II, “O bicho”, é um poema, basta observarmos a sua forma para


sabermos disso, pois é construído em versos e estrofes e apresenta uma
linguagem cheia de significados, o que chamamos de plurissignificação.
Cada palavra pode apresentar um sentido diferente daquele que lhe é comum.
Trata-se, portanto, de um texto literário.

O esquema a seguir irá ajudá-lo a ter uma visão melhor do que foi
explanado até aqui sobre texto literário e não literário.

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3. INFERÊNCIA E INFORMAÇÕES EXPLÍCITAS.

Todo texto é constituído por informações explícitas e implícitas. As


informações explícitas são aquelas que estão claras no texto. As
informações implícitas não são manifestadas pelo autor no texto, não estão
claras, mas podem ser subentendidas. Neste caso, precisamos ler as
“entrelinhas”, ler aquilo que não está escrito.

Por exemplo, observe este enunciado:

- Marcos parou de fumar.

A informação explícita é “Marcos parou de fumar”. A informação implícita


é “Marcos fumava antes”.

Agora, veja este outro exemplo:

- Felizmente, Marcos parou de fumar.


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A informação explícita é “Marcos parou de fumar”. A palavra “felizmente”


indica que o falante tem uma opinião positiva sobre o fato – essa é a
informação implícita.

É exatamente dessa forma que podemos inferir informações a partir de


um texto. Fazer uma inferência significa concluir alguma coisa a partir de
outra já conhecida. Trata-se de uma habilidade de um leitor atento para uma
interpretação eficiente.

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Para ilustrar inferência, vamos a um exemplo. Leia a tirinha abaixo:

Muitos estudantes parariam na superfície do texto, ao lerem essa tirinha.


Diriam: “Mafalda estava em sua casa, quando seu amigo chegou. Ela pediu
que ele não fizesse barulho, porque tinha alguém doente. O amigo pensou que
fosse um familiar, mas deparou-se com o mundo.” Qual sentido tem essa
descrição? Nenhum, não é verdade?
Para dar essência ao texto da personagem Mafalda, é preciso ir além do
que está escrito, é preciso inferir, ir além. Vejamos, o fato apresentado na tira
é que o mundo está doente, certo? Por isso precisa de cuidados. Isso é
possível? Literalmente, não. Entretanto, se usarmos a linguagem conotativa, é
possível inferir, ou seja, interpretar, deduzir, que o objetivo da tira era
chamar a atenção das pessoas para a “doença” do mundo. Em que aspectos?
Os mais diversos: desigualdade social, fome, guerras, violência, poluição,
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preconceito, falta de amor etc. E agora, faz sentido? Então, só agora houve
entendimento.

É importante destacar falar de interpretação é falar de inferência, de


conclusão, de dedução. Então, ao ler um texto, busque sempre sua essência.

4. LINGUAGEM VERBAL E NÃO-VERBAL

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Durante o processo de comunicação, ocorre uma troca entre o emissor e o


receptor. Tal troca deve ser harmônica e precisa para que a comunicação de
fato se estabeleça.
Pensando dessa maneira, é necessário escolher o tipo de linguagem e o
suporte a ser usado. Pense na situação seguinte:
Se, ao invés do sinal de trânsito ou semáforo, ficasse alguém parado no
cruzamento gritando PARE! VAI FECHAR! PODE IR! Imagine a loucura! Mesmo
se não fosse uma pessoa, mas uma gravação, suponha a altura que teria que
ser para que as pessoas dentro dos carros ou andando pudessem ouvir,
competindo com todo o barulho natural da rua! A melhor opção foi o recurso
visual das cores, a linguagem não verbal no lugar da verbal.

Linguagem verbal é uso da escrita ou da fala como meio de


comunicação.
Exemplo: bula de remédio, um editorial, um texto expositivo, mensagem
de celular, claro que esses textos sem estarem acompanhados de imagem.

Linguagem não-verbal é o uso de imagens, figuras, desenhos,


símbolos, dança, tom de voz, postura corporal, pintura, música, mímica,
escultura e gestos como meio de comunicação. A linguagem não-verbal pode
ser até percebida nos animais, quando um cachorro balança a cauda quer dizer
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que está feliz ou coloca a cauda entre as pernas medo, tristeza.


Exemplos: sinalização de trânsito, semáforo, logotipos, bandeiras, uso de
cores para chamar a atenção ou exprimir uma mensagem.

A união dessas duas linguagens forma a linguagem mista!!

Linguagem mista é o uso simultâneo da linguagem verbal e da


linguagem não-verbal, usando palavras escritas e figuras ao mesmo tempo.
Posso dizer que a linguagem mista é a mais importante nas provas de
concurso. Questões que envolvem tirinhas, histórias em quadrinhos, charges,

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que são representações da linguagem mista, são muito comuns. Espera-se que
o candidato saiba ler também as imagens, que ele consiga mesclar imagem e
texto, compreendendo a relação entre eles.

5. COERÊNCIA E COESÃO TEXTUAL

O que é para você algo incoerente? Imagine uma pessoa que se diz contra
o uso de bebidas alcoólicas, mas é vista bebendo todas em um bar? Atitude
incoerente não é? Agora imagine quem diz gostar muito de animais e é visto
batendo em um cachorro... incoerente!! Podemos levar esse raciocínio para o
estudo da linguagem, um texto incoerente é aquele que não faz sentido, que
perdeu o nexo por algum problema interno de remissão, uso dos conectivos ou
até mesmo semântico.
A coesão diz respeito ao modo como ligamos os elementos textuais numa
sequência; a coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito aos
conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos elementos
textuais.
É fácil perceber que um texto não é coerente, isso ocorre quando ele não
faz sentido! Ou quando começa falando sobre um assunto ou aspecto e muda
completamente sem aviso prévio. Já a falta de coesão nem sempre é percebida
pelo falante, pode ser um problema de regência ou de concordância, por
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exemplo.

Vejam:
Os menino chegou, vamo começar!

Essa é uma fala comum na variante social da língua. Tenho certeza de


que, em algum momento, você já ouviu algo parecido. O fato é que essa fala
está cheia de problemas de coesão (concordância, formação de palavra), mas
está gramatical, está coerente, mesmo fora do padrão normativo da Língua
Portuguesa.

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Agora veja outro exemplo:

A Joana não estuda nesta escola.


Ela não sabe qual é a escola mais antiga da cidade.
Esta escola tem um jardim.
A escola não tem laboratório de línguas.

O termo “escola” é comum a todas as frases, e o nome “Joana” foi


substituído por pronome, contudo, tais não são suficientes para formar um
texto, uma vez que não possuímos as relações de sentido que unificam a
sequência, apesar da coesão individual das frases encadeadas (mas
divorciadas semanticamente).
A coerência não é independente do contexto no qual o texto está inscrito,
isto é, não podemos ignorar fatores como o autor, o leitor, o espaço, a
história, o tempo etc. O exemplo seguinte:

O velho abutre alisa as suas penas.

É um verso de Sophia de Mello Breyner Andresen que só pode ser


compreendido uma vez contextualizado (pertence ao conjunto “As Grades”, in
Livro Sexto, 1962): o “velho abutre” é uma metáfora sutil para designar o
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ditador fascista Salazar. Não é o conhecimento da língua que nos permite


saber isto, mas o conhecimento da cultura portuguesa.
Agora, alunos, nem sempre a relação entre coesão e coerência segue um
padrão, por exemplo, leia o texto a seguir:

Circuito Fechado

Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental,


água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina,

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sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo; pente. Cueca,
camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis,
documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maços de cigarros, caixa de
fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres,
guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira,
cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas,
espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros,
papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis,
telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes,
telefone, papéis.
Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos,
cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz,
lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi.
Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara.
Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e
poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone
interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel,
pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone,
papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de
cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros.
Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e
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fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo.


Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água.
Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.
(Ricardo Ramos)

Inicialmente, o texto lido parece ser apenas um amontoado de palavras


soltas, mas, ao lermos mais atentamente, percebemos que não é. Embora fuja
do padrão da língua, com uso de verbos, substantivos, adjetivos, enfim, de
todas as classes gramaticais conjugadas, o texto Circuito Fechado é uma

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história que representa o dia de um homem, ainda que sua estrutura seja
composta apenas por substantivos.

O texto em questão é um exemplo de uso dos


SUBSTANTIVOS como recurso de coerência textual, pois, se observar
bem, o texto “circuito fechado” é inteiro formado por substantivos (nomeia as
coisas). Quando falamos o nome de alguma coisa, isso nos remete a alguma
ação que possa ser realizada com o objeto, por exemplo, com os substantivos
“Cigarro e fósforo”, que aparecem diversas vezes do texto, entendemos que o
personagem fez uma pausa para fumar um cigarro, entendemos ainda, pela
repetição da ação proposta pelos substantivos, que isso é um vício, que ele
fuma bastante! Viram só como os substantivos podem ser recursos para
estabelecer coerência textual?

É possível haver um texto sem coesão, mas coerente?


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Sim!! Vejam o exemplo do texto a seguir:

Menino venha pra dentro, olhe o sereno! Vá lavar essa mão. Já escovou
os dentes? Tome a bênção a seu pai. Já pra cama!
Onde é que aprendeu isso, menino? Coisa mais feia. Tome modos. Hoje
você fica sem sobremesa. Onde é que você estava? Agora chega, menino,
tenha santa paciência.
De quem você gosta mais, do papai ou da mamãe? Isso, assim que eu
gosto: menino educado, obediente. Está vendo? É só a gente falar. Desça daí,

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menino! Me prega cada susto... Pare com isso! Jogue isso fora. Uma boa surra
dava jeito nisso. Que é que você andou arranjando? Quem lhe ensinou esses
modos? Passe pra dentro. Isso não é gente para ficar andando com você.
Avise a seu pai que o jantar está na mesa. Você prometeu, tem de
cumprir. Que é que você vai ser quando crescer? Não, chega: você já repetiu
duas vezes. Por que você está quieto aí? Alguma você está tramando... Não
ande descalço, já disse! Vá calçar o sapato. Já tomou o remédio? Tem de
comer tudo: você acaba virando um palito. Quantas vezes já lhe disse para
não mexer aqui? Esse barulho, menino! Seu pai está dormindo. Pare com essa
correria dentro de casa, vá brincar lá fora. Você vai acabar caindo daí. Peça
licença a seu pai primeiro. Isso é maneira de responder a sua irmã? Se não
fizer, fica de castigo. Segure o garfo direito. Ponha a camisa pra dentro da
calça. Fica perguntando, tudo você quer saber! Isso é conversa de gente
grande. Depois eu dou. Depois eu deixo. Depois eu levo. Depois eu conto.
Agora deixa seu pai descansar - ele está cansado, trabalhou o dia todo.
Você precisa ser muito bonzinho com ele, meu filho. Ele gosta tanto de você.
Tudo que ele faz é para o seu bem. Olhe aí, vestiu essa roupa agorinha
mesmo, já está toda suja. Fez seus deveres? Você vai chegar atrasado. Chora
não, filhinho, mamãe está aqui com você. Nosso Senhor não vai deixar doer
mais.
Quando você for grande, você também vai poder. Já disse que não, e não,
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e não! Ah, é assim? Pois você vai ver só quando seu pai chegar. Não fale de
boca cheia. Junte a comida no meio do prato. Por causa disso é preciso gritar?
Seja homem. Você ainda é muito pequeno para saber essas coisas. Mamãe
tem muito orgulho de você. Cale essa boca! Você precisa cortar esse cabelo.
Sorvete não pode, você está resfriado. Não sei como você tem coragem
de fazer assim com sua mãe. Se você comer agora, depois não janta. Assim
você se machuca. Deixa de fita. Um menino desse tamanho, que é que os
outros hão de dizer? Você queria que fizessem o mesmo com você? Continua
assim que eu lhe dou umas palmadas. Pensa que a gente tem dinheiro para
jogar fora? Tome juízo, menino.

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Ganhou agora mesmo e já acabou de quebrar. Que é que você vai querer
no dia de seus anos? Agora não, que eu tenho o que fazer. Não fique triste
não, depois mamãe dá outro. Você teve saudades de mim? Vou contar só mais
uma, que está na hora de dormir. Agora dorme, filhinho. Dê um beijo aqui -
Papai do Céu lhe abençoe. Este menino, meu Deus...
Menino, de Fernando Sabino.

O texto de Fernando Sabino é perfeitamente compreensível, mas nele


encontramos diversas frases soltas, sem os conectivos necessários que
garantiriam a coesão textual. O texto é coerente, mas não é coeso.
De maneira bem simples, podemos dizer que coerência e coesão é o que
faz a diferença entre um texto e um amontoado de palavras sem nexo.

Coerência é a ligação dos elementos que formam um texto.


Coesão é a associação consistente desses elementos.

A REMISSÃO 00000000000

Uma das modalidades de coesão, e a mais importante para desenvolver


uma prova de múltipla escolha, é a remissão. Ela se dá de duas maneiras:
referenciação anafórica ou catafórica, formando-se cadeias coesivas mais ou
menos longas.

A remissão anafórica (para trás) realiza-se por meio de pronomes


pessoais de 3ª pessoa (retos e oblíquos) e os demais pronomes; também por
numerais, advérbios e artigos.

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Exemplo: André e Pedro são fanáticos torcedores de futebol. Apesar


disso, são diferentes. Este não briga com quem torce para outro time; aquele
o faz.

Explicação: O termo isso retoma o predicado são fanáticos torcedores


de futebol; este recupera a palavra Pedro; aquele, o termo André; o faz, o
predicado briga com quem torce para o outro time - são anafóricos.

A remissão catafórica (para a frente) realiza-se normalmente através


de pronomes demonstrativos ou indefinidos neutros, ou de nomes genéricos,
mas pode ocorrer também com os outros pronomes, advérbios e numerais.

Exemplo: Qualquer que tivesse sido seu trabalho anterior, ele o


abandonara, mudara de profissão e passara pesadamente a ensinar no curso
primário: era tudo o que sabíamos dele, o professor, gordo e silencioso, de
ombros contraídos.
Explicação: O pronome possessivo seu e o pronome pessoal reto ele
antecipam a expressão o professor - são catafóricos.

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De que trata a coerência textual? Da relação que se estabelece entre as


diversas partes do texto, criando uma unidade de sentido. Está, portanto,
ligada ao entendimento, à possibilidade de interpretação daquilo que se ouve
ou lê.

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A remissão é feita através de diversos conectivos, além do uso dos


pronomes, que garantem a unidade semântica do texto. A ligação das
orações também precisa ser feita de maneira coesa. A seguir, analise
um quadro demonstrativo dos principais conectivos:

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Seria coerente dizer:


Lavei todo o quintal, mas continua mal cheiroso.
O conectivo MAS cumpre a função de promover ideia de oposição. Agora,
se tal conectivo for substituído por de tal forma que, a coesão se perde e o
sentido da frase também:
Lavei todo o quintal, de tal forma que continua mal cheiroso.

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QUANDO NÃO HÁ COERÊNCIA TEXTUAL: AMBIGUIDADE

Quando falamos de linguagem escrita ou falada, a primeira coisa sobre a


qual se pensa é a clareza textual. Toda e qualquer interlocução, seja no plano
da fala, seja no da escrita, somente se torna materializada se estiver clara,
objetiva e precisa.
E quando tal clareza não ocorre? Caso ela não ocorra, podemos dizer que
alguns entraves desempenharam sua cota de participação na hora da
comunicação, e acredite: são vários os que se manifestam nesse sentido. Um
deles, representando literalmente tal aspecto, é expresso pela ambiguidade
que é ocasionada pelo emprego inadequado de alguns pronomes, mais
especificamente, os possessivos. Assim sendo, como fator resultante dessa (a
ambiguidade) temos tão somente uma dupla interpretação daquilo que ora é
proferido, dificultando, pois, o entendimento da mensagem.

Ambiguidade: dupla interpretação daquilo que foi falado ou


escrito, dificultando o entendimento da mensagem.

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Para ilustrar, um exemplo:

Tão logo se encontrou com Marcela, Paulo fez comentários acerca de


seus excelentes resultados nas provas finais.

A falta de clareza na mensagem tem origem no uso do pronome


possessivo “seus”, pois os comentários feitos por Paulo podem estar se
referindo aos resultados de Marcela, aos resultados dele ou até mesmo aos

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resultados de ambos. De quem foram os excelentes resultados? Como então


decifrar do que se trata? Parece um pouco confuso, não?
Nesse sentido, a língua portuguesa oferece-nos vários recursos para que
possamos construir nosso discurso com eficácia e precisão, evitando
manifestações como essa, permitindo assim que a interlocução seja
materializada de forma plausível. Para tanto, em vez de empregarmos o
referido pronome, podemos utilizar outros, que também são possessivos,
representados por dele(s) e dela(s). Dessa forma, só nos resta fazer as
devidas alterações nos enunciados que nos serviram de exemplos, uma vez
manifestadas por:

Tão logo se encontrou com Marcela, Paulo fez comentários acerca


dos excelentes resultados dele nas provas finais.
Tão logo se encontrou com Marcela, Paulo fez comentários acerca
dos excelentes resultados dela nas provas finais.
Tão logo se encontrou com Marcela, Paulo fez comentários acerca
dos excelentes resultados deles nas provas finais.

6. TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS

O texto faz parte do nosso cotidiano, não é mesmo? Recorremos a eles


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para pedir um favor, enviar um e-mail importante, para comentar uma foto de
um amigo nas redes sociais, para pedir um café, para solicitar ao banco o
cancelamento do cartão de crédito, para reivindicar melhorias no transporte
público, enfim! Para essas e para outras tantas situações, usamos o quê? O
texto!! O gênero textual, oral ou escrito é escolhido a partir da finalidade do
texto, por isso os exemplos são ilimitados. Se eu vou convidar um amigo
próximo para uma viagem, posso fazer isso oralmente, pelo telefone ou
pessoalmente, posso escrever um bilhete ou mandar uma mensagem informal
via internet, mas não há necessidade de se fazer um ofício, um e-mail formal!

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Escolher o gênero textual depende de quê?

1) Finalidade do texto – qual é o objetivo do texto, o que se


pretende com ele.
2) Os interlocutores – leva-se em consideração para quem o texto
se destina, qual é a função do destinatário ou interlocutor,
existe uma hierarquia.
3) A situação – normalmente observa-se se a situação é formal ou
informal. Se a comunicação deve ser rápida ou não.

É impossível quantificar os gêneros textuais! Por que isso acontece? Pela sua
natureza, pois depende do objetivo pelo qual eles foram criados, para satisfazer a
determinadas necessidades de comunicação. Assim sendo, podem aparecer ou
desaparecer de acordo com a época ou as necessidades dos que temos. Por isso,
podemos afirmar que gênero textual é uma questão de uso.

Os textos, embora diferentes entre si, possuem pontos em comum, pois


podem se repetir no conteúdo, no tipo de linguagem, na estrutura. Quando
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eles apresentam um conjunto de características semelhantes, seja na


estrutura, conteúdo ou tipo de linguagem, são agrupados em tipos textuais.

Os textos são divididos didaticamente em TIPOS TEXTUAIS e cada TIPO


dividido em vários GÊNEROS TEXTUAIS.

A maneira tradicional de se organizar os textos é da seguinte forma:

TIPOS TEXTUAIS GÊNEROS TEXTUAIS

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Conto maravilhoso;

Conto de fadas;

Fábula;

Lenda;

Narrativo Narrativa de ficção científica;

Romance;

Conto;

Piada

e outros.

Relato de viagem;

Diário;

Autobiografia;

Curriculum vitae;
Relato
Notícia;

Biografia;

Relato histórico

e outros.

Texto de opinião;

Carta de leitor;
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Carta de solicitação;

Argumentativo Editorial;

Ensaio;

Resenhas críticas

e outros.

Texto expositivo;

Expositivo Seminário;

Conferência;

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Palestra;

Entrevista de especialista;

Texto explicativo;

Relatório científico

e outros.

Receita;

Instruções de uso;

Instrucional Regulamento;

Textos prescritivos

e outros.

Mas, baseada em quê é feita a divisão dos gêneros em tipos


textuais? Pergunta muito importante!

As características dominantes de cada gênero os colocam em um grupo de


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textos (tipo) e não em outro. Por exemplo:


- TIPO narrativo: todos os textos que estão neste grupo possuem os
chamados elementos essenciais da narrativa: tempo, lugar, personagens, fato
(enredo) e narrador em sua estrutura.
- TIPO relato: também possuem os elementos da narrativa, mas relatam
algo real, não fictício.
- TIPO argumentativo: os textos deste grupo se dedicam a convencer o
interlocutor. Possuem, portanto, TESE (opinião) e ARGUMENTOS.

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- TIPO expositivo: os textos aqui têm por objetivo falar sobre um


determinado assunto, explicar, expor sobre algo.
- TIPO instrutivo: os textos deste tipo dedicam-se a levar o interlocutor a
desenvolver uma dada atividade sozinho. São passadas instruções para que
isso ocorra.

Vimos que cada gênero possui sua característica. Ok! Mas é importante
destacar que não existe um texto que seja, por exemplo, exclusivamente
argumentativo. Ao afirmar que a carta de leitor é argumentativa, as
características dominantes são levadas em consideração. A bula de um
remédio é dominantemente instrucional, mas tem uma parte dela que é
expositiva. Para facilitar a aprendizagem, entenda que o gênero textual é a
parte concreta, prática, enquanto a tipologia textual integra um campo mais
teórico, mais formal.

“O gênero textual é uma noção propositalmente vaga para refletir os


textos encontrados em nossa vida diária e que apresentam características
sociocomunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e
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composição característica” (MARCUSCHI, 2002, P. 40).

Como o estudo dos tipos textuais é parte integrante da


interpretação dos textos da prova de um concurso, precisamos
conhecer mais a fundo alguns deles. Ainda que a questão não pergunte
especificamente a característica de um texto, tais informações serão
importantíssimas para enriquecer e facilitar a interpretação.

TIPO ARGUMENTATIVO

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(O mais importante dos Tipos! Aquele que mais cai!!!)

Objetivo comunicativo: fazer crer


Todos os dias, estamos emitindo opiniões, defendendo ideias. Opinamos
em casa, na escola, no trabalho, na rua... Opinar, argumentar, persuadir o
outro ou ser persuadido faz parte da vida, é uma forma também de construir a
cidadania e participar mais criticamente da vida em sociedade.
A argumentação constitui uma das partes mais significativas do discurso
dissertativo. São os argumentos que definem o potencial de convencimento
de que uma tese está correta.
O que é tese? É a opinião do autor do texto. É aquilo do qual ele
pretende convencer, fazer crer o leitor.
O que é argumento? É qualquer recurso linguístico capaz de convencer
o interlocutor, o leitor.
Apesar de serem inúmeros os recursos argumentativos, na escrita, alguns
se sobressaem, tais como:

- Argumento de autoridade: recurso em que usamos a fala de um


especialista no assunto de que estamos falando.
Ex.: Entende-se que programas de apoio seriam mais eficazes se
acompanhados de trabalho, visando mudar as relações entre usuários
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dependentes, sua família e comunidade. Sá (1994) alerta para o fato de que os


principais problemas enfrentados pelos usuários não são decorrentes do uso da
substância, mas aqueles frutos da marginalização.
(fonte: Cad. Saúde Pública vol.14 n.1 Rio de Janeiro Jan./Mar. 1998)

- Argumento de prova concreta: recurso linguístico que toma como


base resultados de pesquisas, percentuais numéricos etc.
Ex.: “O evento (violento) envolveu o uso de drogas?”, os dados
permitiram vislumbrar que: dos 2.736 atendimentos por todas as causas
externas realizados em maio de 1996 no Miguel Couto, 343 (13%) envolveram

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o uso de drogas. No Salgado Filho, de 2.192 atendimentos ocorridos em junho


de 1996, 295 (12,6%) tiveram alguma droga relacionada à sua ocorrência.
(fonte: Cad. Saúde Pública vol.14 n.1 Rio de Janeiro Jan./Mar. 1998)

- Argumento histórico: como o próprio nome assinala, este argumento


apoia-se na história documental para dar fé à tese que se defende.
Ex.: Os primeiros dados históricos sobre Bangladesh narram a sucessão de
diversos impérios hindus, diversas lutas internas e conflitos entre hindus e
budistas por dominar a zona. Tudo isto foi o prelúdio para o posterior
levantamento do Islã que dominou o norte da Índia no fim do século XII.
Mohammed Bakhtiar, de Turquia, capturou a zona em 1199 com apenas 20
homens, graças a uma “inexplicável estratégia”.

- Argumento de consenso: recurso de defesa que recorre a informações


que tendem a certa objetividade por se basearem em conceitos culturalmente
aceitos pela opinião pública.
Ex.: o abuso de poder por parte das autoridades, principalmente as da
área da segurança, ocorre constantemente neste país.

Os discursos argumentativos, persuasivos podem se organizar em


diferentes gêneros, nas mais variadas linguagens. Vamos ver alguns deles.
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Editorial

Os editoriais são textos publicados em jornais ou revistas cujo conteúdo


expressa a opinião da empresa, da direção ou da equipe de redação,
sem a obrigação de se ater a nenhuma imparcialidade ou objetividade. É
comum grandes jornais reservarem um espaço para os editoriais em duas ou
mais colunas, sempre nas primeiras páginas internas. Os boxes (quadros) dos
editoriais são normalmente demarcados com uma borda ou tipologia diferente
para ressaltar claramente que aquele texto é opinativo e não informativo.

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Editoriais maiores e mais analíticos são chamados de artigos de fundo.


Normalmente os editorialistas assinam o edital, mas, na chamada
"grande imprensa", os editoriais são apócrifos, isto é, nunca são assinados por
ninguém em particular.

A opinião de um jornal ou uma revista não é expressada exclusivamente


nos editoriais, é expressa também na forma como os assuntos são
organizados para serem publicados, pela qualidade e quantidade que atribui a
cada um (no processo de edição jornalística). Em casos em que as próprias
matérias do jornal são cheias de uma carga opinativa forte, mas não chegam
a ser separados como editoriais, diz-se que é Jornalismo de Opinião, algo
bem comum nos dias de hoje, não é?!?!

A seguir, exemplos de editorial.

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No caso a seguir, o editorial está em uma página dedicada a opiniões,


observe:

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Artigo de opinião

É comum encontrarmos circulando no rádio, na TV, nas revistas, nos


jornais, temas polêmicos que exigem urna posição por parte dos ouvintes,
espectadores e leitores, por isso o autor geralmente apresenta seu ponto de vista
sobre o tema em questão através do artigo de opinião.
Nos gêneros argumentativos em geral, o autor tem a intenção de convencer
seus interlocutores e, para isso, precisa apresentar bons argumentos, que
consistem em verdades e opiniões.
O artigo de opinião é fundamentado em impressões pessoais do autor do
texto e, por isso, são fáceis de contestar.
Veja exemplos:

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A charge

A charge é um tipo de texto que apresenta, normalmente, linguagem


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mista (palavras e imagens), além de um discurso humorístico. Está presente


em revistas e principalmente jornais. São desenhos elaborados por cartunistas
que captam de maneira perspicaz as diversas situações do cotidiano,
transpondo para o desenho algum tipo de crítica, opinião, geralmente
permeada por fina ironia.
Mas a charge é um texto de opinião? Sim! Não é por acaso que elas são
normalmente publicadas em meio a artigos de opinião, editoriais e cartas de
leitores. Também não é por acaso que cada vez mais as charges estejam
presentes nos diversos certames como objeto de análise.

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Ao analisarmos uma charge, podemos perceber que nela estão inscritas


diversas informações construídas a partir de um interessante processo
intertextual com o cotidiano, que obriga o interlocutor a fazer inferências e a
construir analogias, elementos sem os quais a compreensão textual ficaria
comprometida. Observe alguns exemplos de charges:

Esta charge faz uma crítica tanto à desigualdade social quanto à crise na
família. Observe o plano não verbal e veja como as pessoas estão vestidas,
onde estão, os cartazes na parede. A figura da mãe está sendo comparada à
do Papai Noel e Coelhinho da Páscoa como seres que não existem!
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Na charge em questão, percebemos que a bandeira do Brasil está sendo


“explorada” pelo progresso! O verde está sendo desmatado, a estrada de ferro

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veio tirar o nosso ouro (parte amarela da bandeira) e os rios (parte azul) estão
acabando. Isso é sinônimo de progresso? Tal situação é atual, recente ou vem
de longa data? É sobre isso que o chargista nos leva a refletir.
O leitor pode até achar, em um primeiro contato, que a charge é apenas
um texto engraçado e inocente, mas não é bem assim! Basta uma leitura mais
cuidadosa para perceber que estamos diante de um gênero textual riquíssimo,
que critica personalidades, política, sociedade, entre outros temas relevantes.
Seu principal objetivo é estabelecer uma opinião crítica e, através dos
elementos visuais e verbais, persuadir o leitor, influenciando-o
ideologicamente.

TIPO NARRATIVO

Os textos narrativos caracterizam-se pelo relato de fatos em uma


sequência temporal, relacionados a um determinado acontecimento, podendo
ser real ou fictício.
Para que esse relato seja algo dotado de sentido, o mesmo dispõe de
alguns elementos que desempenham funções primordiais. São os chamados
elementos da narrativa: personagens (peças fundamentais para a
composição da história), narrador, espaço, tempo e o enredo
propriamente dito, ou seja, o assunto sobre o qual se narra.
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Dentre os textos que possuem tais elementos, destacam-se os contos,


novelas, romances, algumas crônicas, poemas narrativos, histórias em
quadrinhos, piadas, letras musicais, entre outros.

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Vamos analisar a função de cada elemento de uma narrativa:

- Personagens

São os seres que participam da narrativa. Alguns ocupam lugar de


destaque, também chamados de protagonistas, outros se opõem a eles,
denominados de antagonistas. Os demais caracterizam-se como secundárias.

- Tempo

Marcado cronologicamente, ou seja, determinado por horas e datas,


revelado por acontecimentos dispostos numa ordem sequencial e linear -
início, meio e fim; ou psicológico, aquele ligado às emoções e sentimentos,
caracterizado pelas lembranças dos personagens, que são reveladas por
momentos imprecisos, fundindo-se em presente, passado e futuro, o tempo
retrata o momento em que ocorrem os fatos (manhã, tarde, noite, na
primavera, em dia chuvoso, em um dia feliz ou triste, uma manhã de domingo
etc).
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- Espaço

É o lugar onde os fatos acontecem. Algumas vezes é apenas sugerido no


intuito de aguçar a mente do leitor, outras é perfeitamente definido para
caracterizar os personagens de forma contundente. Dependendo do enredo, a
caracterização do mesmo torna-se de fundamental importância como, por
exemplo, nos romances regionalistas.

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- Narrador

Tecnicamente, podemos dizer que se pode narrar um mesmo fato de


maneiras diferentes. O ponto de vista de quem narra pode mudar a narrativa.
Geralmente, se resumem em três as possibilidades:

a) Narrador observador:

* Ele revela ao leitor somente os fatos que consegue observar.


* Usa a 3ª pessoa.
* Não é personagem, não participa da história.
* Sua visão é limitada àquilo que consegue observar.

b) Narrador onisciente:

* O narrador não apenas observa, mas conhece TUDO sobre a história,


até o pensamento dos personagens.
* Usa a 3ª pessoa.
* Não é personagem, não participa da história.
* Sua visão é multilateral, conhece todos os lados da história.
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* Algumas vezes, limita-se a observar os fatos de forma objetiva, em


outras, emite opiniões e julgamento de valor acerca do assunto.

c) Narrador personagem:

* O narrador é também personagem (principal ou secundário) da história


narrada.
* Usa a 1ª pessoa.
* Possui uma visão limitada dos fatos, pois está vendo sob o seu ponto de
vista.

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- Enredo

É o conjunto de fatos que constituem a ação da narrativa.


Todo enredo é composto por um conflito vivido por um ou mais
personagens cujo foco principal é prender a atenção do leitor por meio de um
clima de tensão que se organiza em torno dos fatos e os faz avançar.
Geralmente, o conflito determina as partes do enredo, representadas por:

* Introdução – É o começo da história no qual se apresentam os fatos


iniciais, os personagens, e, às vezes, o tempo e o espaço.

* Complicação – É a parte em que se desenvolve o conflito.

* Clímax – Figura-se como o ponto culminante de toda a trama, revelado


pelo momento de maior tensão. É a parte em que o conflito atinge seu ápice.

* Conclusão ou desfecho – É a solução do conflito instaurado, podendo


apresentar final trágico, cômico, triste ou até mesmo surpreendente. Tudo irá
depender da decisão imposta pelo narrador.

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- Discurso

É o procedimento do narrador ao reproduzir as falas ou o pensamento


das personagens. Há três tipos de discurso:
a) direto: neste caso, o narrador, após introduzir os personagens, faz
com que eles reproduzam a fala e o pensamento por si mesmos, de modo
direto, utilizando o diálogo. Exemplo:

Baiano velho perguntou para o rapaz:


—O jornal não dá nada sobre a sucessão presidencial?

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b) indireto: neste tipo de discurso, não há diálogo; o narrador não põe as


personagens a falar e a pensar diretamente, mas ele faz-se o intérprete delas,
transmitindo o que disseram ou pensaram, sem reproduzir o discurso que elas
teriam empregado. Exemplo:
Baiano velho perguntou para o rapaz se o jornal não tinha dado nada
sobre a sucessão presidencial.

c) indireto livre: consiste na fusão entre narrador e personagem, isto é, a


fala do personagem insere-se no discurso do narrador, sem o emprego dos
verbos de elocução (como dizer, afirmar, perguntar, responder, pedir e
exclamar). Exemplo:
Agora (Fabiano) queria entender-se com Sinhá Vitória a respeito da
educação dos pequenos. E eles estavam perguntadores, insuportáveis.
Fabiano dava-se bem com a ignorância. Tinha o direito de saber?
Tinha? Não tinha.

- Linguagem e estilo

É a vestimenta com que o autor reveste seu discurso, nas falas, nas
descrições, nas narrações, nos diálogos, nas dissertações ou nos monólogos.
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Narração objetiva X Narração subjetiva

Objetiva - apenas informa os fatos, sem se deixar envolver


emocionalmente com o que está noticiado. É de cunho impessoal e direto.
Subjetiva - leva-se em conta as emoções, os sentimentos envolvidos na
história. São ressaltados os efeitos psicológicos que os acontecimentos
desencadeiam nos personagens.

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Observação - o fato de um narrador de 1ª pessoa envolver-se


emocionalmente com mais facilidade na história não significa que a narração
subjetiva requeira sempre um narrador em 1ª pessoa ou vice-versa.

Nos comentários dos exercícios, irei falar um pouco de cada gênero


textual que for aparecendo nas questões.

TIPO DESCRIÇÃO

Podemos descrever uma pessoa, um lugar, um objeto, mas isso requer


uma cuidadosa observação a fim de tornar sua descrição o retrato fiel do
elemento descrito. Não se trata de enumerar uma série de características, mas
transmitir sensações, sentimento, aromas.
Existem duas possibilidades de descrição:

a) Descrição objetiva: quando o objeto, o ser, a cena são apresentados


no seu sentido real. Exemplo: "Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70kg. Aparência
atlética, ombros largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos negros
e lisos".
b) Descrição subjetiva: quando há maior participação da emoção, ou
seja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem são apresentados em sentido
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figurado. Exemplo: "Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pulso ao


homem. Não só as condecorações gritavam-lhe no peito como uma couraça de
grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um anúncio; os gestos, calmos,
soberanos, calmos, eram de um rei..."
("O Ateneu", Raul Pompéia)

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Características da descrição:

a) Presença de substantivos e adjetivos.


O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre do sol.
b) Frases curtas dão um tom de rapidez ao texto.
Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O pessoal, muito crente.
c) Sensibilidade para combinar e transmitir sensações físicas (cores,
formas, sons, gestos, odores) e psicológicas (impressões subjetivas,
comportamentos).
d) Verbos de estado (ser, estar)
e) Linguagem metafórica (linguagem usada em sentido figurado)

Exemplos de textos descritivos:

Darcy Ribeiro (fragmento)

Um dos mais brilhantes cidadãos brasileiros, Darcy Ribeiro provou ao


mundo que um homem de nada mais precisa além da coragem e da força de
vontade para modificar aquilo que, por covardia, simplesmente ignoramos.
Ouvi-lo, mesmo que por alguns instantes, nos levava a conhecer sua sabedoria
e simplicidade, era um verdadeiro intelectual cuja convivência com os índios o
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fez adquirir invejável formação humanística.


Darcy tinha a pele clara, olhos negros e curiosos, lábios finos e trazia em
seu rosto marcas de quem já deixou sua marca na história, as quais
harmoniosamente faziam-lhe inspirar profunda confiança. Apesar de diabético
e lutar contra dois cânceres, não fez disso desculpa para o comodismo ante os
seus ideais maiores, ele sabia o que queria, e não mediu esforço para
conseguir.

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Clarinete (fragmento)

Um elemento clássico e imprescindível num concerto, o clarinete, com seu


timbre aveludado, é o instrumento de sopro de maior extensão sonora, pelo
que ocupa na banda de música o lugar do violino na orquestra.
O clarinete que possuo foi obtido após o meu nascimento, doado como
presente de aniversário por meu bisavô, um velho músico, do qual carrego o
nome sem tê-lo conhecido. O clarinete é feito de madeira, possui um tubo
predominantemente cilíndrico formado por cinco partes dependentes entre si,
em cujo encaixe prevalece a cortiça, além das chaves e anéis de junção das
partes, de meta. Sua embocadura é de marfim com dois parafusos de
regulagem, os quais fixam a palheta bucal.
Sua cor é confundivelmente marrom, havendo partes em que se encontra
urna sensível passagem entre o castanho-claro e o escuro. Possuindo cerca de
oitenta centímetros e pesando aproximadamente quatrocentos gramas, é
facilmente desmontável, o que lhe confere a propriedade de caber numa
caixinha de quarenta e cinco centímetros de comprimento e dez de largura...

Descrição x Narração:
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Esses dois tipos textuais misturam-se muito comumente em vários textos.


Em um dado momento da narração de uma história, é preciso parar e
descrever o ambiente, os personagens, as sensações para que a história possa
ser visualizada na mente do leitor. Na leitura de um romance, não temos
contato com a cena representada, como temos ao assistir a um filme ou a uma
novela televisiva, o que temos na leitura é apenas a descrição que o autor faz
do entorno do enredo, assim podemos visualizá-lo mentalmente. Quanto mais
rica a descrição dentro de uma narração, mais rico será o texto! O grande

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Machado de Assis era mestre nisso, em sua prosa:

Chegando à rua, arrependi-me de ter saído. A baronesa era uma das


pessoas que mais desconfiavam de nós. Cinquenta e cinco anos, que pareciam
quarenta, macia, risonha, vestígios de beleza, porte elegante e maneiras finas.
Não falava muito nem sempre; possuía a grande arte de escutar os outros,
espiando-os; reclinava-se então na cadeira, desembainhava um olhar afiado e
comprido, e deixava-se estar. Os outros, não sabendo o que era, falavam,
olhavam, gesticulavam, ao tempo em que ela olhava só, ora fixa, ora móbil,
levando a astúcia ao ponto de olhar às vezes para dentro de si, porque deixava
cair as pálpebras; mas, como as pestanas eram rótulas, o olhar continuava o
seu ofício, remexendo a alma e a vida dos outros.

O autor parou a sua narrativa para nos dar de presente essa descrição
mais minuciosa do personagem. Como no exemplo dado, Machado nos chama
a conhecer traços psicológicos descritos por ele sobre a baronesa.
A descrição também costuma aparecer em textos narrativos jornalísticos,
como em notícias.

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A maior diferença entre descrição e narração é o TEMPO. Na narração,


temos o tempo como elemento da narrativa, podendo ser cronológico ou
psicológico. Já na descrição, não existe passagem de tempo, descreve-se o
elemento apenas em um determinado momento.

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Na aula de hoje, vimos como é importante a leitura no seu dia-a-dia para


que sua interpretação textual em uma prova seja eficaz! Não basta decodificar
letras, é importante compreender o contexto de uso, o tipo de linguagem
usado, o tipo de texto e, ainda, conhecer as informações implícitas!

Vamos organizar o pensamento:

TIPOS DE LINGUAGEM:

- Verbal: exclusivamente com palavras;


Exemplo:

“O aviso luminoso será aceso assim que a peça acabar”.

- Não verbal: exclusivamente com imagens;

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Exemplo:

- Mista: junção da verbal com a não verbal.

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TEXTO LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO:

- Não literário: privilegia uma linguagem mais objetiva, clara e concisa,


como, por exemplo, em jornais, textos didáticos, dicionários, artigos,
enciclopédias, receitas e manuais.
- Literário: é o texto das prosas, das narrativas de ficção, das crônicas,
dos contos e dos poemas, por exemplo. É uma expressão artística sem
compromisso com a objetividade e com a clareza!

INFERÊNCIA:

Precisamos compreender aquilo que NÃO está escrito claramente no texto,


mas que está subentendido! As bancas de concursos adoram questões que
pedem para inferir algo do texto, querem um exemplo? Vejam a questão a
seguir, é da prova que aconteceu em 15/11/2015, do concurso APPGG-SP,
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organizado por nossa querida Vunesp!!

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01. A fala da mulher permite inferir que, ao treinar o cão, ela pretendeu
(A) reproduzir as ordens do marido.
(B) mostrar-se preocupada com o marido.
(C) contestar a autoridade do marido.
(D) tornar-se superior ao marido.
(E) manter-se submissa ao marido.

Comentário: a opção correta aqui é a letra C, o que pode ser confirmado


no último quadrinho da tira, quando a esposa declara que ensinou o cão a
00000000000

questionar o marido, dando a ideia de que ela deseja contestar a autoridade


dele. Algum candidato poderia ficar com dúvida com relação à letra D, mas ela
está contida na C, uma vez que contestar a autoridade do marido ensinando
isso ao cachorro, faz com que a mulher se coloque como superior a ele. As
demais alternativas não condizem com o contexto.
Gabarito: C

COESÃO E COERÊNCIA

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Vimos ainda que todo texto precisa ser coerente para ser compreendido e
que, para isso, alguns elementos podem contrubuir pra que o sentido não se
perca. O que lemos precisa fazer sentido, utilizamos de algumas estratégias
para que isso ocorra.

Qual são tais estratégias?

1. Uso de conjunção como conectores:

Exemplo: a exurrada passou, contudo, a rua ficou suja.

Percebam que a frase não está clara, pois, se houve uma enxurrada, é
claro que a rua está suja. A conjunção “contudo” não está adequada ao
contexto. O ideal seria o seguinte: a exurrada passou e a rua ficou suja,
por exemplo, ou a exurrada passou, por isso a rua ficou suja.

Existem outras formas de manter a coerência em uma frase, como o uso


de elementos de coesão, os pronomes, por exemplo! Usamos essa classe
gramatical para substituir palavras ao longo do texto evitando repetições
desnecessárias. A remissão precisa ser eficaz, caso contrário, o enunciado
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perde o sentido. Veja:

Corterei seu cabelo hoje, mais tarde. >> remissão perfeita. O pronome
“seu” refere-se ao interlocutor e concorda no masculino com “cabelo”.

Não faria sentido a formação: cortarei sua cabelo hoje, mais tarde,
certo?

A remissão pode ser anafórica ou catafórica:

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Fiz essa lista: açucar, café, leite, pão... (essa: remissão catafóca,
antecede algo que ainda será falado, no caso, os elementos da lista).
Açucar, café, leite, pão... esta é a lista. (esta: remissão anafórica,
retoma algo que já foi falado, no caso, os elementos da lista).

Vimos ainda que até outras classes gramaticais, quando bem articuladas,
podem ser importantes elementos para garantir a coerência de um texto:

SUBSTANTIVO: classe que nomeia todas as coisas que existem, concretas


ou não, que trazem em si toda uma significação e que pode, inclusive, gerar
uma história. Vejam outro exemplo de um texto cheio de significado e que é
formado tão somente por substantivos:

Abolição da Escravatura

Porto, navios, mar. Costa africana, procura, captura, negros. Porto,


navios, mar, porões, sujeira, doenças, tempestades, morte, porto. Transporte,
carroça, estrada, lavoura, senzala, lavoura café, colheita, senzala, dia, noite.
Tempo. Abolicionistas, Castro Alves, poemas, leis, tráfico negreiro, Ventre
Livre. Defesa, Joaquim Nabuco, militantes, José do Patrocínio, debates, leis,
Sexagenário. Documento, Princesa Isabel, pressão, aprovação, Lei Áurea.
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Liberdade. Escravos livres, dificuldades, êxodo, cidades, morros, favelas,


crescimento, desordem, dias atuais.

ARTIGO: classe de palavras que pode especificar (artigos definidos – o, a,


os, as) ou generalizar (artigos indefinidos – um, uma, uns, umas). A falta do
artigo também indefine a palavra a seguir:

Exemplos:

Chamem a moça de verde (alguém específico)

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Chamem uma moça de verde (qualquer uma que esteja de verde)

TIPOLOGIA TEXTUAL

Para cada objetivo comunicativo, escolhemos um tipo textual para nos


representar! Para contar um caso, escolhemos o tipo narrativo, para defender
uma opinião, escolhemos o argumentativo. Se for para passar uma receita
bem gostosa, escolhemos o tipo injuntivo, agora, se queremos apenas falar
sobre determinado assunto, como estou fazendo agora, escolhemos o tipo
expositivo! É assim que “brincamos” com a linguagem! Vimos que cada tipo
textual possui suas características específicas e os gêneros que deles fazem
parte!

Agora vamos praticar tudo aquilo que aprendemos!!

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01. (Petrobras – 2015 – Profissional Júnior – CESGRANRIO)


Conforme a leitura integral da crônica de Rubem Braga, seu ideal seria
escrever uma história que
a) conduzisse o leitor a uma reflexão crítica sobre a situação política do
país.
b) desvelasse a incapacidade humana de lidar com questões mais
subjetivas.
c) evidenciasse em sua estrutura o próprio processo de produção que a
originou.
d) oferecesse alento àqueles que vivenciam experiências desagradáveis.
e) inflamasse no leitor o desejo de romper com discursos prontos sobre a
vida.

Comentário: uma boa leitura do texto nos permite perceber que a


intenção do autor ao escrevê-lo foi de levar às pessoas um sentimento bom,
um riso, uma leveza diante dos problemas que as acompanha. O ideal era
trazer alento para aqueles que vivenciam situações ruins, assim como
demonstra a alternativa D. Vou marcar em vermelho o erro das outras:
a) conduzisse o leitor a uma reflexão crítica sobre a situação política do
país.
b) desvelasse a incapacidade humana de lidar com questões mais
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subjetivas.
c) evidenciasse em sua estrutura o próprio processo de produção que a
originou. (o autor não chegou a escrever a história)
e) inflamasse no leitor o desejo de romper com discursos prontos sobre a
vida.
GABARITO: D

Texto base para as três próximas questões:

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02. (Petrobras – 2014 – Nível superior – CESGRANRIO) Verifica-se


como recurso fundamental à tese advogada pelo autor o uso da conotação,
favorecida pelo emprego de elementos simbólicos.
Constitui exemplo dessa afirmativa o seguinte período:
a) “Aí ele propôs uma troca: ofereceu moradia para quem se dispusesse a
fazer os serviços de limpeza.” (l15-17)
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b) “A jovem fazia medicina ocidental com a cabeça, mas o seu coração


estava na música da sua terra” (l 19-21)
c) “E foi assim que se iniciou uma estória de amor atravessado: ele, por
causa do seu amor pela jovem, aprendendo a amar uma música de que nunca
gostara, e a jovem, por causa do seu amor pela música africana, aprendendo a
amar o pianista que não amara.” (l 36-41)
d) “Ela fazia o seguinte: sentava-se numa cadeira bem no meio da sala,
num lugar onde todos a viam — acho que fazia de propósito, por maldade —,
desabotoava a blusa até o estômago, enfiava a mão dentro dela e puxava para
fora um seio lindo, liso, branco” (l 47-52)
e) “carrega a pasta e come ‘mata-fome...’” (l 83-84)

Comentário: conotação é o uso figurado da linguagem, o sentido que não


era esperado, irreal. Quando se diz: vai chover canivete, o verbo “chover”
não está sendo usado no sentido real, mas sim no sentido figurado. A
metonímia é uma figura linguagem e exemplo, no próprio texto, de conotação.
Trata-se da substituição de uma palavra pela outra. Quando alguém diz: quero
apenas um teto para morar! Não é apenas do teto que ela precisa, é de uma
casa, de um lar. Foi usada uma parte da casa para se referir a ela. Observe o
final do texto: “A dona Clotilde (...) por metonímia: carrega a pasta e come
‘mata-fome...’”. O próprio texto traz a resposta da questão! O termo “mata-
fome” é o nome do doce que o menino comia pensando no seio de Clotilde,
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substituindo uma coisa pela outra, essa é a metonímia que o autor nos revela.
As outras alternativas não trazem linguagem figurada ou conotativa.
GABARITO: E

03. (Petrobras – 2014 – Nível superior – CESGRANRIO) Por meio da


leitura integral do texto, é possível inferir que o gosto pelo conhecimento
a) é inerente a todos os indivíduos.
b) se constitui num processo de afetividade.
c) tem o desinteresse por consequência

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d) se vincula ao desejo efêmero de ensinar.


e) se forma a partir da autonomia do sujeito.

Comentário: no título do texto temos a resposta para essa questão:


aprendo porque amo, ou seja, aprendo porque tenho AFETO. Amo a pessoa
que gosta de alguma coisa, então aprendo a gostar também.
a) é inerente a todos os indivíduos. – Não, só aos que amam...
c) tem o desinteresse por consequência – Não, existe o interesse em
agradar o outro.
d) se vincula ao desejo efêmero de ensinar. – Não, é vinculado ao desejo
de agradar.
e) se forma a partir da autonomia do sujeito – Não, há uma dependência
do outro.
GABARITO: B

04. (Petrobras – 2014 – Nível superior – CESGRANRIO) O período


“Terminada a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, pedindo para
carregar sua pasta.” (l.58-59) pode ser reescrito, mantendo-se o sentido
original e respeitando-se os aspectos de coesão e coerência, da seguinte
forma:
a) Quando terminava a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde
00000000000

e pediam para carregar sua pasta.


b) Porque terminava a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde,
além de pedir para carregar sua pasta
c) Ao terminar a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, apesar
de pedirem para carregar sua pasta.
d) Terminando a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, que
pedia para carregar sua pasta.
e) Embora terminada a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde,
cujos pediam para carregar sua pasta.

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Comentário: a reescrita do trecho original deve manter o aspecto


temporal da oração reduzida de particípio “terminada a aula”, ou seja,
QUANDO a aula terminava. Deve também ser mantida a ideia de adição entre
os alunos fazerem fila e pedirem para carregar a pasta. Vamos analisar as
alternativas:
a) Quando terminava a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde
e pediam para carregar sua pasta. – CORRETO. Marca temporal no uso da
conjunção “quando”. Ideia de adição mantida pela conjunção “e”.
b) Porque terminava a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde,
além de pedir para carregar sua pasta. ERRADO. Ideia de causa pelo uso da
conjunção “porque”. A conjunção “além de” mantém ideia de adição.
c) Ao terminar a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, apesar
de pedirem para carregar sua pasta. – ERRADO. O “ao terminar” mantém ideia
de tempo, mas o “apesar de” expressa oposição, o que torna a alternativa
errada.
d) Terminando a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, que
pedia para carregar sua pasta. – ERRADO. O gerúndio em “terminando”
expressa processo demorado, o que não está presente no trecho original. “Que
pedia para carregar sua pasta” refere-se equivocadamente à Clotilde, como se
ela pedisse para carregarem a pasta dela.
e) Embora terminada a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde,
cujos pediam para carregar sua pasta. ERRADO. “Embora” expressa ideia de
00000000000

concessão. O uso do relativo “cujos” está completamente errado e sem sentido


no contexto.
GABARITO: A

EU
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

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Sombra de névoa tênue e esvaecida,


E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...


Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,


Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!

ESPANCA, Florbela. Livro de Mágoas. Lisboa: Editorial Estampa, s/d.

05. (FINEP – 2014 – Assistente – CESGRANRIO) O uso frequente das


reticências no texto reafirma o perfil do eu do poema como uma pessoa
a) “perdida".
b) “crucificada”.
c) “dolorida”
d) “triste”.
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e) “forte”.

Comentário: podemos confirmar como gabarito a alternativa A logo no


primeiro verso do poema: “Eu sou a que no mundo anda perdida” e depois no
último: “E que nunca na vida me encontrou!”. A ideia está reforçada pelo uso
das reticências.
GABARITO: A

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TEXTO I
Um pouco distraído

Ando um pouco distraído, ultimamente. Alguns amigos mais velhos


sorriem, complacentes, e dizem que é isso mesmo, costuma acontecer com a
idade, não é distração: é memória fraca mesmo, insuficiência de fosfato.
O diabo é que me lembro cada vez mais de coisas que deveria esquecer:
dados inúteis, nomes sem significado, frases idiotas, circunstâncias ridículas,
detalhes sem importância. Em compensação, troco o nome das pessoas,
confundo fisionomias, ignoro conhecidos, cumprimento desafetos. Nunca sei
onde largo objetos de uso e cada saída minha de casa representa meia hora de
atraso em aflitiva procura: quede minhas chaves? meus cigarros? meu
isqueiro? minha caneta?
Estou convencido de que tais objetos, embora inanimados, têm um pacto
secreto com o demônio, para me atormentar: eles se escondem.
Recentemente, descobri a maneira infalível de derrotá-los. Ainda há pouco
quis acender um cigarro, dei por falta do isqueiro. Em vez de procurá-lo
freneticamente, como já fiz tantas vezes, abrindo e fechando gavetas,
revirando a casa feito doido, para acabar plantado no meio da sala apalpando
os bolsos vazios como um tarado, levantei-me com naturalidade sem olhar
para lugar nenhum e fui olimpicamente à cozinha apanhar uma caixa de
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fósforos.
Ao voltar — eu sabia! — dei com o bichinho ali mesmo, na ponta da mesa,
bem diante do meu nariz, a olhar-me desapontado. Tenho a certeza de que ele
saiu de seu esconderijo para me espiar.
Até agora estou vencendo: quando eles se escondem, saio de casa sem
chaves e bato na porta ao voltar; compro outro maço de cigarros na esquina,
uma nova caneta, mais um par de óculos escuros; e não telefono para
ninguém até que minha caderneta resolva aparecer. É uma guerra sem
tréguas, mas hei de sair vitorioso. [...]

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Alarmado, confidenciei a um amigo este e outros pequenos lapsos que me


têm ocorrido, mas ele me consolou de pronto, contando as distrações de um
tio seu, perto do qual não passo de um mero principiante.
Trata-se de um desses que põem o guarda-chuva na cama e se
dependuram no cabide, como manda a anedota. Já saiu à rua com o chapéu da
esposa na cabeça. Já cumprimentou o trocador do ônibus quando este lhe
estendeu a mão para cobrar a passagem. Já deu parabéns à viúva na hora do
velório do marido. Certa noite, recebendo em sua casa uma visita de
cerimônia, despertou de um rápido cochilo e se ergueu logo, dizendo para sua
mulher: “Vamos, meu bem, que já está ficando tarde.” [...]
Contou-me ainda o sobrinho do monstro que sair com um sapato diferente
em cada pé, tomar ônibus errado, esquecer dinheiro em casa, são coisas que
ele faz quase todos os dias. Já lhe aconteceu tanto se esquecer de almoçar
como almoçar duas vezes. Outro dia arranjou para o sobrinho um emprego
num escritório de advocacia, para que fosse praticando, enquanto estudante.
— Você sabe — me conta o sobrinho: — O que eu estudo é medicina...
Não, eu não sabia: para dizer a verdade, só agora o estava identificando.
Mas não passei recibo — faz parte da minha nova estratégia, para não acabar
como o tio dele: dar o dito por não dito, não falar mais no assunto, acender
um cigarro. É o que farei agora. Isto é, se achar o cigarro.
SABINO, F. Deixa o Alfredo Falar. Rio de Janeiro: Record, 1976.
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Texto II

Ando meio desligado

Ando meio desligado


Eu nem sinto meus pés no chão
Olho e não vejo nada
Eu só penso se você me quer
Eu nem vejo a hora de lhe dizer

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Aquilo tudo que eu decorei


E depois o beijo que eu já sonhei
Você vai sentir, mas...
Por favor, não leve a mal
Eu só quero que você me queira
Não leve a mal

BAPTISTA, A.; LEE, R.; DIAS, S. Ando meio desligado. Intérprete: Os Mutantes. In:
MUTANTES. A divina comédia ou Ando meio desligado. Rio de Janeiro: Polydor/Polyfar.
p1970. 1 disco sonoro, Lado 1, faixa 1 (3 min 2s).

06. (BB – 2014 - Auxiliar de Enfermagem do Trabalho –


CESGRANRIO) A semelhança de sentido entre o distraído do título do Texto
I e o desligado do Texto II está presente no par de trechos, retirados de
cada texto, respectivamente:
a) “costuma acontecer com a idade” / “Eu nem sinto meus pés no chão”
b) “é memória fraca mesmo, insuficiência de fosfato.” / “Eu só quero que
você me queira”
c) “Nunca sei onde largo objetos de uso” / “Olho e não vejo nada”
d) “Vamos, meu bem, que já está ficando tarde.” / “Não leve a mal”
e) “Isto é, se achar o cigarro.” / “Aquilo tudo que eu decorei”
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Comentário: a questão exige conhecimento semântico (sentido das


palavras) e intertextual (relação entre os textos). Atente para o fato de que
“estar desligado” é um uso figurado da linguagem e quer dizer estar distraído,
não estar atento. Daí a relação entre os dois textos. A semelhança entre os
termos está observada na alternativa C, pois “Nunca sei onde largo objetos de
uso” denota desatenção assim como o trecho “Olho e não vejo nada”.
GABARITO: C

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Releia o texto I, da questão anterior, “Um pouco distraído”, para


responder às questões o7, 08 e 09.

07. (BB – 2014 - Auxiliar de Enfermagem do Trabalho –


CESGRANRIO) - No texto, o narrador afirma que os objetos que desaparecem
são inanimados.
Que trecho contradiz essa afirmação?
a) “em aflitiva procura”.
b) “fui olimpicamente à cozinha”.
c) “a olhar-me desapontado”.
d) “hei de sair vitorioso”.
e) “não falar mais no assunto”.

Comentário: um ser inanimado é aquele que não tem vida, que não é
capaz de praticar uma ação. No terceiro parágrafo, o autor afirma que os
objetos que desaparecem são inanimados. Se o isqueiro é um ser inanimado,
ele não pode praticar a ação de olhar... Logo, o trecho “a olhar-me
desapontado” contradiz a informação do autor. Sendo assim, o gabarito é a
alternativa C. As demais alternativas não contradizem a afirmação do autor,
pois não descrevem ações de seres inanimados.
GABARITO: C
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08. (BB – 2014 - Auxiliar de Enfermagem do Trabalho –


CESGRANRIO) No texto, o tio mencionado é qualificado de monstro porque
ele é
a) uma pessoa má
b) absurdamente rigoroso
c) extremamente desatento
d) muito agressivo
e) demasiado preguiçoso

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Comentário: precisamos pensar: o tio é qualificado de monstro por qual


motivo? Vamos analisar as possíveis respostas:
a) uma pessoa má – NÃO... em nenhum momento do texto o autor falou
em maldade como característica do tio.
b) absurdamente rigoroso – NÃO... em momento algum o tio é tido como
rigoroso.
c) extremamente desatento – SIM! O texto aborda justamente a extrema
desatenção do tio, veja: Contou-me ainda o sobrinho do monstro que sair com
um sapato diferente em cada pé, tomar ônibus errado, esquecer dinheiro em
casa, são coisas que ele faz quase todos os dias...”. Observe que o tio é
chamado de monstro e depois são citados os esquecimentos que o
caracterizam assim.
d) muito agressivo - NÃO... em momento algum o tio apresenta
agressividade.
e) demasiado preguiçoso - NÃO... em nenhum momento é dada a
característica de preguiçoso ao tio.
GABARITO: C

09. (BB – 2014 - Auxiliar de Enfermagem do Trabalho –


CESGRANRIO) O trecho “Certa noite [...] ‘já está ficando tarde’” indica, no
texto, que o tio era distraído porque ele
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a) não deveria ter dormido durante a visita.


b) estava na própria casa, e não teria por que sair.
c) tinha que demonstrar respeito em relação ao visitante.
d) deixou de pedir a opinião da mulher sobre a hora de voltar para casa.
e) precisava esperar algum tempo, depois de acordar do cochilo, para ir
embora.

Comentário: podemos observar no trecho “Certa noite, recebendo em sua


casa uma visita de cerimônia, despertou de um rápido cochilo e se ergueu
logo, dizendo para sua mulher: ‘Vamos, meu bem, que já está ficando tarde’”,

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que o tio estava em sua própria casa, quando cochilou e, ao acordar, chamou
a mulher para ir embora! Fica clara, então, a sua distração ao não perceber
que estava em casa, após breve cochilo.
GABARITO: B

Para responder a questão a seguir, releia o texto II, da questão


06.
10. (BB – 2014 - Auxiliar de Enfermagem do Trabalho –
CESGRANRIO) No texto, em sua autodescrição, o eu do poema caracteriza-se
como alguém
a) autodestrutivo
b) melancólico
c) apaixonado
d) distraído
e) leve

Comentário: no texto, em sua autodescrição, o eu do poema caracteriza-


se como alguém distraído, como fica claro logo no início do poema: “Ando meio
desligado / Eu nem sinto meus pés no chão”. Em sentido figurado, estar
desligado e com os pés fora do chão é o mesmo que estar distraído!
GABARITO: D
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O texto a seguir é base para as duas próximas questões

Cartilha orienta consumidor

Lançada pelo SindilojasRio e pelo CDL-Rio,


em parceria com o Procon-RJ, guia destaca os principais
pontos do Código de Defesa do Consumidor (CDC),
selecionados a partir das dúvidas e reclamações mais
comuns recebidas pelas duas entidades

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O Sindicato de Lojistas do Comércio do Rio de Janeiro (SindilojasRio) e o


Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL-Rio) lançaram ontem uma
cartilha para orientar lojistas e consumidores sobre seus direitos e deveres.
Com o objetivo de dar mais transparência e melhorar as relações de consumo,
a cartilha tem apoio também da Secretaria Estadual de Proteção e Defesa do
Consumidor (Seprocon)/ Procon-RJ.
Batizada de Boas Vendas, Boas Compras! – Guia prático de direitos e
deveres para lojistas e consumidores, a publicação destaca os principais
pontos do Código de Defesa do Consumidor (CDC), selecionados a partir das
dúvidas e reclamações mais comuns recebidas, tanto pelo SindilojasRio e CDL-
Rio, como pelo Procon-RJ.
“A partir da conscientização de consumidores e lojistas sobre seus direitos
e deveres, queremos contribuir para o crescimento sustentável das empresas,
tendo como base a ética, a qualidade dos produtos e a boa prestação de
serviços ao consumidor”, explicou o presidente do SindilojasRio e do CDL-Rio,
Aldo Gonçalves.
Gonçalves destacou que as duas entidades estão comprometidas em
promover mudanças que propiciem o avanço das relações de consumo, além
do desenvolvimento do varejo carioca.
“O consumidor é o nosso foco. É importante informá-lo dos seus direitos”,
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disse o empresário, ressaltando que conhecer bem o CDC é vital não só para
os lojistas, mas também para seus fornecedores.
Jornal do Commercio. Rio de Janeiro. 08 abr. 2014, A-9. Adaptado.

11. (BB – 2015 – Escriturário – CESGRANRIO) A comparação do título


da reportagem com o texto integral permite afirmar que o
a) texto pode provocar dúvidas nos leitores porque contém muitas siglas
desconhecidas.
b) texto contradiz o título, pois desqualifica a orientação aos
consumidores.

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c) título é inteiramente fiel ao conteúdo do texto, cujo foco é


especificamente a defesa dos consumidores.
d) texto e o título focalizam os consumidores como o público-alvo da
cartilha.
e) título destaca apenas parcialmente o conteúdo da cartilha de
orientação.

Comentário: vamos analisar cada alternativa:


a) texto pode provocar dúvidas nos leitores porque contém muitas siglas
desconhecidas.
ERRADA. As siglas que aparecem no texto são explicadas e isso não seria
motivo de dúvidas, muito menos comparação entre título e texto.
b) texto contradiz o título, pois desqualifica a orientação aos
consumidores.
ERRADA. O texto não contradiz o título, ao contrário, explica que
orientações são essas citadas.
c) título é inteiramente fiel ao conteúdo do texto, cujo foco é
especificamente a defesa dos consumidores.
ERRADA. O texto afirma que a cartilha é destinada a consumidores e
lojistas.
d) texto e o título focalizam os consumidores como o público-alvo da
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cartilha.
ERRADA. O título focaliza apenas os consumidores, mas o texto é
direcionado para os lojistas também.
e) título destaca apenas parcialmente o conteúdo da cartilha de
orientação.
CORRETA. O texto destaca apenas as orientações para os consumidores,
as que são destinadas aos lojistas não estão no texto. Isso quer dizer que ele
destacou apenas parte do conteúdo da cartilha.
GABARITO: E

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12. (BB – 2015 – Escriturário – CESGRANRIO) A matéria informa que


as orientações contidas na cartilha levaram em consideração alguns dados
objetivos.
Que dados são esses?
a) As queixas dos consumidores diante da má qualidade de atendimento
dos lojistas
b) As desculpas dos lojistas diante da grande quantidade de reclamações
dos consumidores
c) As queixas e as dificuldades declaradas tanto por compradores como
por vendedores
d) O índice elevado de prejuízos dos varejistas diante da falta de
pagamento dos consumidores
e) As pesquisas feitas por especialistas em técnicas de consumo e vendas

Comentário: observe o seguinte trecho do texto “Batizada de Boas


Vendas, Boas Compras! – Guia prático de direitos e deveres para lojistas e
consumidores, a publicação destaca os principais pontos do Código de Defesa
do Consumidor (CDC), selecionados a partir das dúvidas e reclamações mais
comuns recebidas, tanto pelo SindilojasRio e CDL-Rio, como pelo Procon-
RJ.” Reparem que as dúvidas que nortearam a produção da cartilha são dos
lojistas (SindilojasRio e CDL-Rio) e dos consumidores (Procon-RJ). Sendo
00000000000

assim, a alternativa C está correta.


GABARITO: C

O texto a seguir é base para as duas próximas questões

TINGA, DO CRUZEIRO, É ALVO DE RACISMO NA LIBERTADORES


Jogador entrou no segundo tempo da derrota para o Real
Garcilaso, do Peru. A cada vez que tocava na bola, gritos da torcida
local imitavam o som de macacos

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O Cruzeiro estreou com derrota na Libertadores. Atuando em Huancayo,


no Peru, o atual campeão brasileiro perdeu para o Real Garcilaso por 2 a 1 na
noite desta quarta-feira, em uma partida considerada difícil pelos jogadores
celestes. Os atletas apontaram a altitude, o gramado ruim e as péssimas
condições do estádio como fatores que os prejudicaram. Mas nenhum dos
adversários dentro ou fora do gramado chateou mais os cruzeirenses do que
uma demonstração de racismo por parte da torcida peruana, que teve como
alvo o meio-campista Tinga.
O jogador entrou na segunda etapa e, a cada vez que recebia a bola e a
dominava, uma sonora vaia formada por gritos que imitavam o som de
macacos vinha das arquibancadas, cessando em seguida, assim que outro
jogador pegava na bola. “A gente fica muito chateado, a gente tenta competir,
mas fica chateado de acontecer isso em 2014, próximo da gente. Infelizmente
aconteceu. Já joguei alguns anos da minha vida na Alemanha e nunca
aconteceu isso lá. Aqui, em um país tão próximo, tão cheio de mistura,
acontece (isso)”, lamentou o jogador em entrevista após a partida.
Hostilizado, Tinga foi além. O meio-campista declarou que preferia não ter
conquistado nenhum título em sua carreira se pudesse viver sem o
preconceito. “Eu queria, se pudesse, não ganhar nada e ganhar esse título
contra o preconceito. Trocava todos os meus títulos pela igualdade em todas
as áreas”.
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O episódio despertou a solidariedade até do presidente do arquirrival


Atlético-MG. “Racismo na Libertadores? Me tiraram o prazer da derrota do
Cruzeiro. Lamentável!”, postou o dirigente Alexandre Kalil no Twitter.
Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/esporte/tinga-do-cruzeiro-e-alvo-de-
racismo-na-libertadores>. Acesso em: 25 fev. 2014.

13. (BB – 2014 - Auxiliar de Enfermagem do Trabalho –


CESGRANRIO) No texto, o subtítulo cumpre a função de
a) apontar a visão crítica do autor sobre a temática.
b) resumir a ideia central contida na notícia.

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c) destacar a derrota do Cruzeiro para o Real Garcilaso.


d) deslocar a atenção do leitor para o resultado da partida.
e) desconstruir a ideia de que há preconceito no futebol.

Comentário: em uma notícia, o subtítulo, também chamado de Lead, é


usado para resumir aquilo que será narrado no corpo do texto, ou seja,
resumir a ideia central da notícia, alternativa B correta.
a) apontar a visão crítica do autor sobre a temática. – Não! O texto
jornalístico deve primar pela impessoalidade.
c) destacar a derrota do Cruzeiro para o Real Garcilaso. – Não apenas
isso, não destaca a derrota, mas usa o fato para situar as atitudes de racismo
sofridas por Tinga.
d) deslocar a atenção do leitor para o resultado da partida. – Não! O
resultado da partida não é assunto principal do texto.
e) desconstruir a ideia de que há preconceito no futebol. – Não! O texto
mostra o contrário.
GABARITO: B

Diante do futuro

Que me importa o presente? No futuro é que está a existência dos


verdadeiros homens. Guyau*, a quem não me canso de citar, disse em uma de
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suas obras estas palavras: “Porventura sei eu se viverei amanhã, se viverei


mais uma hora, se a minha mão poderá terminar esta linha que começo? A
vida está por todos os lados cercada pelo Desconhecido. Todavia executo,
trabalho, empreendo; e em todos os meus atos, em todos os meus
pensamentos, eu pressuponho esse futuro com o qual nada me autoriza a
contar. A minha atividade excede em cada minuto o instante presente,
estende-se ao futuro. Eu consumo a minha energia sem recear que esse
consumo seja uma perda estéril, imponho-me privações, contando que o
futuro as resgatará − e sigo o meu caminho. Essa incerteza que me comprime

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de todos os lados equivale para mim a uma certeza e torna possível a minha
liberdade − é o fundamento da moral especulativa com todos os riscos. O meu
pensamento vai adiante dela, com a minha atividade; ele prepara o mundo,
dispõe do futuro. Parece-me que sou senhor do infinito, porque o meu poder
não é equivalente a nenhuma quantidade determinada; quanto mais trabalho,
mais espero.”
* Jean-Marie Guyau (1854-1888), filósofo e poeta francês. (PRADO, Antonio Arnoni
(org.). Lima Barreto: uma autobiografia literária. São Paulo: Editora 34, 2012. p. 164)

14. (TRT-2ª – 2014 - ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA


ADMINISTRATIVA – FCC) Lima Barreto vale-se do texto de Guyau para
defender a tese de que
(A) as projeções do futuro só importam quando estiverem visceralmente
ligadas às experiências do presente.
(B) o futuro ganha plena importância quando temos a convicção de que
todas as nossas ações são duradouras.
(C) as ações do presente têm sua importância determinada pelo valor
intrínseco de que se revestem.
(D) as ações do presente ganham sentido quando projetadas e
executadas com vistas ao futuro.
(E) o futuro só é do nosso domínio quando nossas ações no tempo
presente logram antevê-lo e iluminá-lo. 00000000000

Comentário: esta questão quer saber a tese do autor. Em um texto


argumentativa, a tese é a opinião de quem o escreve sobre determinado
assunto. No texto em questão o autor usa a citação de Guyau sobre o futuro
concordando com ele. Esta é a tese: viver o presente projetando e executando
ações para o futuro.
GABARITO: D

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15. (TRT-2ª – 2014 - ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA


ADMINISTRATIVA – FCC) O fato de nossa vida estar cercada pelo
Desconhecido não deve implicar uma restrição aos empreendimentos
humanos, já que, para Guyau,
(A) a incerteza do futuro não elimina a possibilidade de tomá-lo como
parâmetro dos nossos empreendimentos.
(B) os nossos atos tendem a se tornar estéreis quando pautados por uma
visão otimista do futuro.
(C) a brevidade do tempo que temos para viver autoriza-nos a viver o
presente com o máximo de intensidade.
(D) o fundamento da moral especulativa está em planejar o futuro sem
atentar para as circunstâncias presentes.
(E) o trabalho estéril executado no presente acumula energias que serão
desfrutadas no futuro.

Comentário: O autor citado tem um otimismo latente no que se refere ao


futuro. Ainda que não seja certo, o autor vive pensando nele. Vive o presente
voltado para o futuro, sem pensar que a energia perdida hoje seja estéril. O
fundamento especulativo é viver com a certeza do futuro, mesmo que, na
verdade, seja incerto.
GABARITO: A
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Questão de gosto

A expressão parece ter sido criada para encerrar uma discussão. Quando
alguém apela para a tal da “questão de gosto”, é como se dissesse: “chega de
conversa, inútil discutir”.
A partir daí nenhuma polêmica parece necessária, ou mesmo possível.
“Você gosta de Beethoven? Eu prefiro ouvir fanfarra de colégio.” Questão de
gosto.

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Levada a sério, radicalizada, a “questão de gosto” dispensa razões e


argumentos, estanca o discurso crítico, desiste da reflexão, afirmando
despoticamente a instância definitiva da mais rasa subjetividade. Gosto disso,
e pronto, estamos conversados.
Ao interlocutor, para sempre desarmado, resta engolir em seco o gosto
próprio, impedido de argumentar. Afinal, gosto não se discute. Mas se tudo é
questão de gosto, a vida vale a morte, o silêncio vale a palavra, a ausência
vale a presença − tudo se relativiza ao infinito. Num mundo sem valores a
definir, em que tudo dependa do gosto, não há lugar para uma razão ética,
uma definição de princípios, uma preocupação moral, um empenho numa
análise estética. O autoritarismo do gosto, tomado em sentido absoluto, apaga
as diferenças reais e proclama a servidão ao capricho. Mas há quem goste das
fórmulas ditatoriais, em vez de enfrentar o desafio de ponderar as nossas
contradições.
(Emiliano Barreira, inédito)

16. (TRT-2ª – 2014 - ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA


ADMINISTRATIVA – FCC) Definida como instância definitiva da mais rasa
subjetividade, a questão de gosto opõe-se, terminantemente,
(A) à atribuição de mérito à naturalidade de uma primeira impressão.
(B) ao primado do capricho pessoal, ao qual tantas vezes se apela.
(C) à dinâmica de argumentos criteriosos na condução de uma polêmica.
00000000000

(D) ao subterfúgio de que nos valemos para evitar um princípio de


discussão.
(E) ao princípio da recusa a qualquer fundamentação racional numa
discussão.

Comentário: A instância definitiva da mais rasa subjetividade é a tal


questão de gosto, citada no texto, é quando as discussão deixam de acontecer,
porque gosto não se discute. Dessa forma, não adianta argumentar, discutir,
gosto é gosto. Isso se opões então à dinâmica de argumentação e polêmica.

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GABARITO: C

17. (TRT-2ª – 2014 - ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA


ADMINISTRATIVA – FCC) Atente para as seguintes afirmações:

I. No 1º parágrafo, a menção a Beethoven e a fanfarra de colégio ilustra


bem a disposição do autor em colocar lado a lado manifestações artísticas de
valor equivalente.
II. No 2º parágrafo, o termo despoticamente qualifica o modo pelo qual
alguns interlocutores dispõem-se a desenvolver uma polêmica.
III. No 3º parágrafo, a expressão servidão ao capricho realça a
acomodação de quem não se dispõe a enfrentar a argumentação crítica.

Em relação ao texto está correto o que se afirma APENAS em


(A) I.
(B) I e II.
(C) II.
(D) II e III.
(E) III.

Comentário: a única alternativa correta é a III, pois, ao estarem


00000000000

acomodados nas suas próprias opiniões, a argumentação não faz sentido.


Vamos ver o que há de errado nas outras:
I. No 1º parágrafo, a menção a Beethoven e a fanfarra de colégio ilustra
bem a disposição do autor em colocar lado a lado manifestações artísticas de
valor equivalente. – tais manifestações artísticas são de valor opostos.
II. No 2º parágrafo, o termo despoticamente qualifica o modo pelo qual
alguns interlocutores dispõem-se a desenvolver uma polêmica. – Não se
desenvolve polêmica despoticamente, pois dessa maneira as opiniões não
seriam levadas em conta.
GABARITO: E

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18. (TRT-2ª – 2014 - ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA


ADMINISTRATIVA – FCC) Ao longo do texto o autor se vale de expressões
de sentido antagônico, para bem marcar a oposição entre uma razão crítica e
uma mera manifestação do gosto. É o que se constata quando emprega
(A) encerrar uma discussão e nenhuma polêmica.
(B) engolir em seco e impedido de argumentar.
(C) desafio de ponderar e estanca o discurso crítico.
(D) tudo é questão de gosto e tudo se relativiza.
(E) servidão ao capricho e fórmulas ditatoriais.

Comentário: esta questão busca uma alternativa que tenha antagonismo


entre as partes, ou seja, uma oposição. É o que temos na alternativa C. Nas
outras, uma expressão está em conformidade com a outra.
GABARITO: C

Sobre a publicação de livros

Muito se tem discutido, recentemente, sobre direitos e restrições na


publicação de livros. Veja-se o que dizia o filósofo Voltaire, em 1777: “Não vos
parece, senhores, que em se tratando de livros, só se deve recorrer aos
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tribunais e soberanos do Estado quando o Estado estiver sendo comprometido


nesses livros? Quem quiser falar com todos os seus compatriotas só poderá
fazê-lo por meio de livros: que os imprima, então, mas que responda por sua
obra. Se ela for ruim, será desprezada; se for provocadora, terá sua réplica; se
for criminosa, o autor será punido; se for boa, será aproveitada, mais cedo ou
mais tarde.”
(Voltaire, O preço da justiça. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins
Fontes, 2001. p. 56)

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19. (TRT-2ª – 2014 - ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA


ADMINISTRATIVA – FCC) A posição de Voltaire está corretamente
resumida na seguinte frase:
(A) A publicação de livros é uma questão de Estado e somente na
instância do Estado deve ser administrada. (B) Os autores de livros, soberanos
para emitir suas opiniões, devem permanecer à margem das sanções dos
tribunais.
(C) A única consequência admissível da publicação de um livro é a reação
do público leitor, a quem cabe o juízo definitivo.
(D) Afora alguma razão de Estado, não se deve incriminar um autor pela
divulgação de suas ideias.
(E) O Estado só deve ser invocado para julgar um livro quando isso
constituir manifesta exigência do público.

Comentário: a opinião de Valtaire está resumida na alternativa D.


Vejamos as outras:
(A) A publicação de livros é uma questão de Estado e somente na
instância do Estado deve ser administrada. – A publicação de livros NÃO é
uma questão de Estado.
(B) Os autores de livros, soberanos para emitir suas opiniões, devem
permanecer à margem das sanções dos tribunais. – Voltaire descorda disso,
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ele acha que, se os autores são soberanos para emitir suas opiniões,
devem responder por elas, não ficarem às margens dos tribunais.
(C) A única consequência admissível da publicação de um livro é a reação
do público leitor, a quem cabe o juízo definitivo. – Voltaire não afirmou isso.
(E) O Estado só deve ser invocado para julgar um livro quando isso
constituir manifesta exigência do público. – Voltaire não falou sobre isso.
GABARITO: D

Pobres palavras

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Lendo um romance, tropecei na palavra inexorável. É uma das que


mantenho desconhecidas, desde rapazola, quando peguei gosto de ler.
Desconhecida porque, mesmo já tendo lido inexorável muitas vezes, nunca
quis saber o sentido. Parece uma palavra em desuso, dessas que ficam lá nos
velhos armazéns da língua, coberta de poeira, até que alguém pega e coloca
numa frase como uma roupa no varal. O leitor é quem recolhe essas roupas,
uma por uma, menos as que, como inexorável, a gente não sabe o que é,
deixa lá, para que volte sozinha ao armazém e fique lá mofando até que...
Bem, desta vez fiquei com pena da pobre inexorável e fui ao dicionário. E
inexorável é implacável. Eu já desconfiava disso, tantas vezes li que o destino
é inexorável, e fiquei feliz porque o significado justifica a pompa da palavra.
Porque a primeira vez que fui ao dicionário desvendar uma palavra, foi uma
inenarrável (olha outra pomposa aí) decepção. Era a palavra inconsútil. Em
prosa e poesia, volta e meia lá vinha a inconsútil. Um dia, já na casa dos
quarenta, a barba começando a grisalhar, não aguentei mais as décadas de
ignorância e fui ao dicionário. E inconsútil é apenas “sem costura”.
Tantos mantos inconsúteis e eu não conseguia ver algo em comum entre
eles para achar o sentido da palavra, e eram apenas mantos sem costura.
Fiquei acabrunhado (esta nem pomposa, é atrapalhada mesmo).
(PELLEGRINI, Domingos. Lições de gramática para quem gosta de literatura. São Paulo:
Panda Books, 2007, p. 40-41)
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20. (TCE/PI - 2014 - Médico – FCC) Depreende-se corretamente da


leitura do texto que, para o autor,
(A) o aspecto sonoro das palavras não permite que se façam suposições
acerca de seu sentido.
(B) o dicionário é um armazém de decepções, tal como lhe pareceu no
caso do termo inexorável.
(C) palavras como inconsútil apenas confirmam, no dicionário, a
significação que já era previsível.

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(D) o dicionário pode frustrar a quem atribuía a uma palavra a


grandiosidade que o sentido não confirma.
(E) palavras como acabrunhado podem atrair um leitor pela mesma razão
que ocorre com inexorável

Comentário:
(A) o aspecto sonoro das palavras não permite que se façam suposições
acerca de seu sentido. – Aos contrário, foi assim que ele passou anos
sem saber exatamente o que era inexorável, mas imaginando.
(B) o dicionário é um armazém de decepções, tal como lhe pareceu no
caso do termo inexorável. – Não, o autor não afirmou que o dicionário é
um armazém de decepções, a frustação pode acontecer, mas não é
regra.
(C) palavras como inconsútil apenas confirmam, no dicionário, a
significação que já era previsível. – Não, a palavra inconsútil, para o autor,
não era previsível.
(D) o dicionário pode frustrar a quem atribuía a uma palavra a
grandiosidade que o sentido não confirma. – ok!
(E) palavras como acabrunhado podem atrair um leitor pela mesma razão
que ocorre com inexorável. – o texto não trouxe essa afirmação.
GABARITO: D
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LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA

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01. (Petrobras – 2015 – Profissional Júnior – CESGRANRIO)


Conforme a leitura integral da crônica de Rubem Braga, seu ideal seria
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escrever uma história que


a) conduzisse o leitor a uma reflexão crítica sobre a situação política do
país.
b) desvelasse a incapacidade humana de lidar com questões mais
subjetivas.
c) evidenciasse em sua estrutura o próprio processo de produção que a
originou.
d) oferecesse alento àqueles que vivenciam experiências desagradáveis.

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e) inflamasse no leitor o desejo de romper com discursos prontos sobre a


vida.

Texto base para as três próximas questões:

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02. (Petrobras – 2014 – Nível superior – CESGRANRIO) Verifica-se


como recurso fundamental à tese advogada pelo autor o uso da conotação,
favorecida pelo emprego de elementos simbólicos.
Constitui exemplo dessa afirmativa o seguinte período:

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a) “Aí ele propôs uma troca: ofereceu moradia para quem se dispusesse a
fazer os serviços de limpeza.” (l15-17)
b) “A jovem fazia medicina ocidental com a cabeça, mas o seu coração
estava na música da sua terra” (l 19-21)
c) “E foi assim que se iniciou uma estória de amor atravessado: ele, por
causa do seu amor pela jovem, aprendendo a amar uma música de que nunca
gostara, e a jovem, por causa do seu amor pela música africana, aprendendo a
amar o pianista que não amara.” (l 36-41)
d) “Ela fazia o seguinte: sentava-se numa cadeira bem no meio da sala,
num lugar onde todos a viam — acho que fazia de propósito, por maldade —,
desabotoava a blusa até o estômago, enfiava a mão dentro dela e puxava para
fora um seio lindo, liso, branco” (l 47-52)
e) “carrega a pasta e come ‘mata-fome...’” (l 83-84)

03. (Petrobras – 2014 – Nível superior – CESGRANRIO) Por meio da


leitura integral do texto, é possível inferir que o gosto pelo conhecimento
a) é inerente a todos os indivíduos.
b) se constitui num processo de afetividade.
c) tem o desinteresse por consequência
d) se vincula ao desejo efêmero de ensinar.
e) se forma a partir da autonomia do sujeito.
00000000000

04. (Petrobras – 2014 – Nível superior – CESGRANRIO) O período


“Terminada a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, pedindo para
carregar sua pasta.” (l.58-59) pode ser reescrito, mantendo-se o sentido
original e respeitando-se os aspectos de coesão e coerência, da seguinte
forma:
a) Quando terminava a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde
e pediam para carregar sua pasta.
b) Porque terminava a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde,
além de pedir para carregar sua pasta

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c) Ao terminar a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, apesar


de pedirem para carregar sua pasta.
d) Terminando a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, que
pedia para carregar sua pasta.
e) Embora terminada a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde,
cujos pediam para carregar sua pasta.

EU
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,


E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...


Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...
00000000000

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,


Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!

ESPANCA, Florbela. Livro de Mágoas. Lisboa: Editorial Estampa, s/d.

05. (FINEP – 2014 – Assistente – CESGRANRIO) O uso frequente das


reticências no texto reafirma o perfil do eu do poema como uma pessoa
a) “perdida".

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b) “crucificada”.
c) “dolorida”
d) “triste”.
e) “forte”.

TEXTO I
Um pouco distraído

Ando um pouco distraído, ultimamente. Alguns amigos mais velhos


sorriem, complacentes, e dizem que é isso mesmo, costuma acontecer com a
idade, não é distração: é memória fraca mesmo, insuficiência de fosfato.
O diabo é que me lembro cada vez mais de coisas que deveria esquecer:
dados inúteis, nomes sem significado, frases idiotas, circunstâncias ridículas,
detalhes sem importância. Em compensação, troco o nome das pessoas,
confundo fisionomias, ignoro conhecidos, cumprimento desafetos. Nunca sei
onde largo objetos de uso e cada saída minha de casa representa meia hora de
atraso em aflitiva procura: quede minhas chaves? meus cigarros? meu
isqueiro? minha caneta?
Estou convencido de que tais objetos, embora inanimados, têm um pacto
secreto com o demônio, para me atormentar: eles se escondem.
Recentemente, descobri a maneira infalível de derrotá-los. Ainda há pouco
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quis acender um cigarro, dei por falta do isqueiro. Em vez de procurá-lo


freneticamente, como já fiz tantas vezes, abrindo e fechando gavetas,
revirando a casa feito doido, para acabar plantado no meio da sala apalpando
os bolsos vazios como um tarado, levantei-me com naturalidade sem olhar
para lugar nenhum e fui olimpicamente à cozinha apanhar uma caixa de
fósforos.
Ao voltar — eu sabia! — dei com o bichinho ali mesmo, na ponta da mesa,
bem diante do meu nariz, a olhar-me desapontado. Tenho a certeza de que ele
saiu de seu esconderijo para me espiar.

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Até agora estou vencendo: quando eles se escondem, saio de casa sem
chaves e bato na porta ao voltar; compro outro maço de cigarros na esquina,
uma nova caneta, mais um par de óculos escuros; e não telefono para
ninguém até que minha caderneta resolva aparecer. É uma guerra sem
tréguas, mas hei de sair vitorioso. [...]
Alarmado, confidenciei a um amigo este e outros pequenos lapsos que me
têm ocorrido, mas ele me consolou de pronto, contando as distrações de um
tio seu, perto do qual não passo de um mero principiante.
Trata-se de um desses que põem o guarda-chuva na cama e se
dependuram no cabide, como manda a anedota. Já saiu à rua com o chapéu da
esposa na cabeça. Já cumprimentou o trocador do ônibus quando este lhe
estendeu a mão para cobrar a passagem. Já deu parabéns à viúva na hora do
velório do marido. Certa noite, recebendo em sua casa uma visita de
cerimônia, despertou de um rápido cochilo e se ergueu logo, dizendo para sua
mulher: “Vamos, meu bem, que já está ficando tarde.” [...]
Contou-me ainda o sobrinho do monstro que sair com um sapato diferente
em cada pé, tomar ônibus errado, esquecer dinheiro em casa, são coisas que
ele faz quase todos os dias. Já lhe aconteceu tanto se esquecer de almoçar
como almoçar duas vezes. Outro dia arranjou para o sobrinho um emprego
num escritório de advocacia, para que fosse praticando, enquanto estudante.
— Você sabe — me conta o sobrinho: — O que eu estudo é medicina...
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Não, eu não sabia: para dizer a verdade, só agora o estava identificando.


Mas não passei recibo — faz parte da minha nova estratégia, para não acabar
como o tio dele: dar o dito por não dito, não falar mais no assunto, acender
um cigarro. É o que farei agora. Isto é, se achar o cigarro.
SABINO, F. Deixa o Alfredo Falar. Rio de Janeiro: Record, 1976.

Texto II

Ando meio desligado

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Ando meio desligado


Eu nem sinto meus pés no chão
Olho e não vejo nada
Eu só penso se você me quer
Eu nem vejo a hora de lhe dizer
Aquilo tudo que eu decorei
E depois o beijo que eu já sonhei
Você vai sentir, mas...
Por favor, não leve a mal
Eu só quero que você me queira
Não leve a mal

BAPTISTA, A.; LEE, R.; DIAS, S. Ando meio desligado. Intérprete: Os Mutantes. In:
MUTANTES. A divina comédia ou Ando meio desligado. Rio de Janeiro: Polydor/Polyfar.
p1970. 1 disco sonoro, Lado 1, faixa 1 (3 min 2s).

06. (BB – 2014 - Auxiliar de Enfermagem do Trabalho –


CESGRANRIO) A semelhança de sentido entre o distraído do título do Texto
I e o desligado do Texto II está presente no par de trechos, retirados de
cada texto, respectivamente:
a) “costuma acontecer com a idade” / “Eu nem sinto meus pés no chão”
00000000000

b) “é memória fraca mesmo, insuficiência de fosfato.” / “Eu só quero que


você me queira”
c) “Nunca sei onde largo objetos de uso” / “Olho e não vejo nada”
d) “Vamos, meu bem, que já está ficando tarde.” / “Não leve a mal”
e) “Isto é, se achar o cigarro.” / “Aquilo tudo que eu decorei”

Releia o texto I, da questão anterior, “Um pouco distraído”, para


responder às questões o7, 08 e 09.

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07. (BB – 2014 - Auxiliar de Enfermagem do Trabalho –


CESGRANRIO) - No texto, o narrador afirma que os objetos que desaparecem
são inanimados.
Que trecho contradiz essa afirmação?
a) “em aflitiva procura”.
b) “fui olimpicamente à cozinha”.
c) “a olhar-me desapontado”.
d) “hei de sair vitorioso”.
e) “não falar mais no assunto”.

08. (BB – 2014 - Auxiliar de Enfermagem do Trabalho –


CESGRANRIO) No texto, o tio mencionado é qualificado de monstro porque
ele é
a) uma pessoa má
b) absurdamente rigoroso
c) extremamente desatento
d) muito agressivo
e) demasiado preguiçoso

09. (BB – 2014 - Auxiliar de Enfermagem do Trabalho –


CESGRANRIO) O trecho “Certa noite [...] ‘já está ficando tarde’” indica, no
00000000000

texto, que o tio era distraído porque ele


a) não deveria ter dormido durante a visita.
b) estava na própria casa, e não teria por que sair.
c) tinha que demonstrar respeito em relação ao visitante.
d) deixou de pedir a opinião da mulher sobre a hora de voltar para casa.
e) precisava esperar algum tempo, depois de acordar do cochilo, para ir
embora.

Para responder a questão a seguir, releia o texto II, da questão


06.

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10. (BB – 2014 - Auxiliar de Enfermagem do Trabalho –


CESGRANRIO) No texto, em sua autodescrição, o eu do poema caracteriza-se
como alguém
a) autodestrutivo
b) melancólico
c) apaixonado
d) distraído
e) leve

O texto a seguir é base para as duas próximas questões

Cartilha orienta consumidor

Lançada pelo SindilojasRio e pelo CDL-Rio,


em parceria com o Procon-RJ, guia destaca os principais
pontos do Código de Defesa do Consumidor (CDC),
selecionados a partir das dúvidas e reclamações mais
comuns recebidas pelas duas entidades

O Sindicato de Lojistas do Comércio do Rio de Janeiro (SindilojasRio) e o


Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL-Rio) lançaram ontem uma
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cartilha para orientar lojistas e consumidores sobre seus direitos e deveres.


Com o objetivo de dar mais transparência e melhorar as relações de consumo,
a cartilha tem apoio também da Secretaria Estadual de Proteção e Defesa do
Consumidor (Seprocon)/ Procon-RJ.
Batizada de Boas Vendas, Boas Compras! – Guia prático de direitos e
deveres para lojistas e consumidores, a publicação destaca os principais
pontos do Código de Defesa do Consumidor (CDC), selecionados a partir das
dúvidas e reclamações mais comuns recebidas, tanto pelo SindilojasRio e CDL-
Rio, como pelo Procon-RJ.

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“A partir da conscientização de consumidores e lojistas sobre seus direitos


e deveres, queremos contribuir para o crescimento sustentável das empresas,
tendo como base a ética, a qualidade dos produtos e a boa prestação de
serviços ao consumidor”, explicou o presidente do SindilojasRio e do CDL-Rio,
Aldo Gonçalves.
Gonçalves destacou que as duas entidades estão comprometidas em
promover mudanças que propiciem o avanço das relações de consumo, além
do desenvolvimento do varejo carioca.
“O consumidor é o nosso foco. É importante informá-lo dos seus direitos”,
disse o empresário, ressaltando que conhecer bem o CDC é vital não só para
os lojistas, mas também para seus fornecedores.
Jornal do Commercio. Rio de Janeiro. 08 abr. 2014, A-9. Adaptado.

11. (BB – 2015 – Escriturário – CESGRANRIO) A comparação do título


da reportagem com o texto integral permite afirmar que o
a) texto pode provocar dúvidas nos leitores porque contém muitas siglas
desconhecidas.
b) texto contradiz o título, pois desqualifica a orientação aos
consumidores.
c) título é inteiramente fiel ao conteúdo do texto, cujo foco é
especificamente a defesa dos consumidores.
d) texto e o título focalizam os consumidores como o público-alvo da
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cartilha.
e) título destaca apenas parcialmente o conteúdo da cartilha de
orientação.

12. (BB – 2015 – Escriturário – CESGRANRIO) A matéria informa que


as orientações contidas na cartilha levaram em consideração alguns dados
objetivos.
Que dados são esses?

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a) As queixas dos consumidores diante da má qualidade de atendimento


dos lojistas
b) As desculpas dos lojistas diante da grande quantidade de reclamações
dos consumidores
c) As queixas e as dificuldades declaradas tanto por compradores como
por vendedores
d) O índice elevado de prejuízos dos varejistas diante da falta de
pagamento dos consumidores
e) As pesquisas feitas por especialistas em técnicas de consumo e vendas

O texto a seguir é base para as duas próximas questões

TINGA, DO CRUZEIRO, É ALVO DE RACISMO NA LIBERTADORES


Jogador entrou no segundo tempo da derrota para o Real
Garcilaso, do Peru. A cada vez que tocava na bola, gritos da torcida
local imitavam o som de macacos
O Cruzeiro estreou com derrota na Libertadores. Atuando em Huancayo,
no Peru, o atual campeão brasileiro perdeu para o Real Garcilaso por 2 a 1 na
noite desta quarta-feira, em uma partida considerada difícil pelos jogadores
celestes. Os atletas apontaram a altitude, o gramado ruim e as péssimas
condições do estádio como fatores que os prejudicaram. Mas nenhum dos
00000000000

adversários dentro ou fora do gramado chateou mais os cruzeirenses do que


uma demonstração de racismo por parte da torcida peruana, que teve como
alvo o meio-campista Tinga.
O jogador entrou na segunda etapa e, a cada vez que recebia a bola e a
dominava, uma sonora vaia formada por gritos que imitavam o som de
macacos vinha das arquibancadas, cessando em seguida, assim que outro
jogador pegava na bola. “A gente fica muito chateado, a gente tenta competir,
mas fica chateado de acontecer isso em 2014, próximo da gente. Infelizmente
aconteceu. Já joguei alguns anos da minha vida na Alemanha e nunca

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aconteceu isso lá. Aqui, em um país tão próximo, tão cheio de mistura,
acontece (isso)”, lamentou o jogador em entrevista após a partida.
Hostilizado, Tinga foi além. O meio-campista declarou que preferia não ter
conquistado nenhum título em sua carreira se pudesse viver sem o
preconceito. “Eu queria, se pudesse, não ganhar nada e ganhar esse título
contra o preconceito. Trocava todos os meus títulos pela igualdade em todas
as áreas”.
O episódio despertou a solidariedade até do presidente do arquirrival
Atlético-MG. “Racismo na Libertadores? Me tiraram o prazer da derrota do
Cruzeiro. Lamentável!”, postou o dirigente Alexandre Kalil no Twitter.
Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/esporte/tinga-do-cruzeiro-e-alvo-de-
racismo-na-libertadores>. Acesso em: 25 fev. 2014.

13. (BB – 2014 - Auxiliar de Enfermagem do Trabalho –


CESGRANRIO) No texto, o subtítulo cumpre a função de
a) apontar a visão crítica do autor sobre a temática.
b) resumir a ideia central contida na notícia.
c) destacar a derrota do Cruzeiro para o Real Garcilaso.
d) deslocar a atenção do leitor para o resultado da partida.
e) desconstruir a ideia de que há preconceito no futebol.

Diante do futuro 00000000000

Que me importa o presente? No futuro é que está a existência dos


verdadeiros homens. Guyau*, a quem não me canso de citar, disse em uma de
suas obras estas palavras: “Porventura sei eu se viverei amanhã, se viverei
mais uma hora, se a minha mão poderá terminar esta linha que começo? A
vida está por todos os lados cercada pelo Desconhecido. Todavia executo,
trabalho, empreendo; e em todos os meus atos, em todos os meus
pensamentos, eu pressuponho esse futuro com o qual nada me autoriza a
contar. A minha atividade excede em cada minuto o instante presente,

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estende-se ao futuro. Eu consumo a minha energia sem recear que esse


consumo seja uma perda estéril, imponho-me privações, contando que o
futuro as resgatará − e sigo o meu caminho. Essa incerteza que me comprime
de todos os lados equivale para mim a uma certeza e torna possível a minha
liberdade − é o fundamento da moral especulativa com todos os riscos. O meu
pensamento vai adiante dela, com a minha atividade; ele prepara o mundo,
dispõe do futuro. Parece-me que sou senhor do infinito, porque o meu poder
não é equivalente a nenhuma quantidade determinada; quanto mais trabalho,
mais espero.”
* Jean-Marie Guyau (1854-1888), filósofo e poeta francês. (PRADO, Antonio Arnoni
(org.). Lima Barreto: uma autobiografia literária. São Paulo: Editora 34, 2012. p. 164)

14. (TRT-2ª – 2014 - ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA


ADMINISTRATIVA – FCC) Lima Barreto vale-se do texto de Guyau para
defender a tese de que
(A) as projeções do futuro só importam quando estiverem visceralmente
ligadas às experiências do presente.
(B) o futuro ganha plena importância quando temos a convicção de que
todas as nossas ações são duradouras.
(C) as ações do presente têm sua importância determinada pelo valor
intrínseco de que se revestem.
(D) as ações do presente ganham
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sentido quando projetadas e


executadas com vistas ao futuro.
(E) o futuro só é do nosso domínio quando nossas ações no tempo
presente logram antevê-lo e iluminá-lo.

15. (TRT-2ª – 2014 - ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA


ADMINISTRATIVA – FCC) O fato de nossa vida estar cercada pelo
Desconhecido não deve implicar uma restrição aos empreendimentos
humanos, já que, para Guyau,

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(A) a incerteza do futuro não elimina a possibilidade de tomá-lo como


parâmetro dos nossos empreendimentos.
(B) os nossos atos tendem a se tornar estéreis quando pautados por uma
visão otimista do futuro.
(C) a brevidade do tempo que temos para viver autoriza-nos a viver o
presente com o máximo de intensidade.
(D) o fundamento da moral especulativa está em planejar o futuro sem
atentar para as circunstâncias presentes.
(E) o trabalho estéril executado no presente acumula energias que serão
desfrutadas no futuro.

Questão de gosto

A expressão parece ter sido criada para encerrar uma discussão. Quando
alguém apela para a tal da “questão de gosto”, é como se dissesse: “chega de
conversa, inútil discutir”.
A partir daí nenhuma polêmica parece necessária, ou mesmo possível.
“Você gosta de Beethoven? Eu prefiro ouvir fanfarra de colégio.” Questão de
gosto.
Levada a sério, radicalizada, a “questão de gosto” dispensa razões e
argumentos, estanca o discurso crítico, desiste da reflexão, afirmando
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despoticamente a instância definitiva da mais rasa subjetividade. Gosto disso,


e pronto, estamos conversados.
Ao interlocutor, para sempre desarmado, resta engolir em seco o gosto
próprio, impedido de argumentar. Afinal, gosto não se discute. Mas se tudo é
questão de gosto, a vida vale a morte, o silêncio vale a palavra, a ausência
vale a presença − tudo se relativiza ao infinito. Num mundo sem valores a
definir, em que tudo dependa do gosto, não há lugar para uma razão ética,
uma definição de princípios, uma preocupação moral, um empenho numa
análise estética. O autoritarismo do gosto, tomado em sentido absoluto, apaga
as diferenças reais e proclama a servidão ao capricho. Mas há quem goste das

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fórmulas ditatoriais, em vez de enfrentar o desafio de ponderar as nossas


contradições.
(Emiliano Barreira, inédito)

16. (TRT-2ª – 2014 - ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA


ADMINISTRATIVA – FCC) Definida como instância definitiva da mais rasa
subjetividade, a questão de gosto opõe-se, terminantemente,
(A) à atribuição de mérito à naturalidade de uma primeira impressão.
(B) ao primado do capricho pessoal, ao qual tantas vezes se apela.
(C) à dinâmica de argumentos criteriosos na condução de uma polêmica.
(D) ao subterfúgio de que nos valemos para evitar um princípio de
discussão.
(E) ao princípio da recusa a qualquer fundamentação racional numa
discussão.

17. (TRT-2ª – 2014 - ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA


ADMINISTRATIVA – FCC) Atente para as seguintes afirmações:

I. No 1º parágrafo, a menção a Beethoven e a fanfarra de colégio ilustra


bem a disposição do autor em colocar lado a lado manifestações artísticas de
valor equivalente.
II. No 2º parágrafo, o termo despoticamente qualifica o modo pelo qual
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alguns interlocutores dispõem-se a desenvolver uma polêmica.


III. No 3º parágrafo, a expressão servidão ao capricho realça a
acomodação de quem não se dispõe a enfrentar a argumentação crítica.

Em relação ao texto está correto o que se afirma APENAS em


(A) I.
(B) I e II.
(C) II.
(D) II e III.

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(E) III.

18. (TRT-2ª – 2014 - ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA


ADMINISTRATIVA – FCC) Ao longo do texto o autor se vale de expressões
de sentido antagônico, para bem marcar a oposição entre uma razão crítica e
uma mera manifestação do gosto. É o que se constata quando emprega
(A) encerrar uma discussão e nenhuma polêmica.
(B) engolir em seco e impedido de argumentar.
(C) desafio de ponderar e estanca o discurso crítico.
(D) tudo é questão de gosto e tudo se relativiza.
(E) servidão ao capricho e fórmulas ditatoriais.

Sobre a publicação de livros

Muito se tem discutido, recentemente, sobre direitos e restrições na


publicação de livros. Veja-se o que dizia o filósofo Voltaire, em 1777: “Não vos
parece, senhores, que em se tratando de livros, só se deve recorrer aos
tribunais e soberanos do Estado quando o Estado estiver sendo comprometido
nesses livros? Quem quiser falar com todos os seus compatriotas só poderá
fazê-lo por meio de livros: que os imprima, então, mas que responda por sua
obra. Se ela for ruim, será desprezada; se for provocadora, terá sua réplica; se
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for criminosa, o autor será punido; se for boa, será aproveitada, mais cedo ou
mais tarde.”
(Voltaire, O preço da justiça. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins
Fontes, 2001. p. 56)

19. (TRT-2ª – 2014 - ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA


ADMINISTRATIVA – FCC) A posição de Voltaire está corretamente
resumida na seguinte frase:
(A) A publicação de livros é uma questão de Estado e somente na
instância do Estado deve ser administrada. (B) Os autores de livros, soberanos

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para emitir suas opiniões, devem permanecer à margem das sanções dos
tribunais.
(C) A única consequência admissível da publicação de um livro é a reação
do público leitor, a quem cabe o juízo definitivo.
(D) Afora alguma razão de Estado, não se deve incriminar um autor pela
divulgação de suas ideias.
(E) O Estado só deve ser invocado para julgar um livro quando isso
constituir manifesta exigência do público.

Pobres palavras

Lendo um romance, tropecei na palavra inexorável. É uma das que


mantenho desconhecidas, desde rapazola, quando peguei gosto de ler.
Desconhecida porque, mesmo já tendo lido inexorável muitas vezes, nunca
quis saber o sentido. Parece uma palavra em desuso, dessas que ficam lá nos
velhos armazéns da língua, coberta de poeira, até que alguém pega e coloca
numa frase como uma roupa no varal. O leitor é quem recolhe essas roupas,
uma por uma, menos as que, como inexorável, a gente não sabe o que é,
deixa lá, para que volte sozinha ao armazém e fique lá mofando até que...
Bem, desta vez fiquei com pena da pobre inexorável e fui ao dicionário. E
inexorável é implacável. Eu já desconfiava disso, tantas vezes li que o destino
é inexorável, e fiquei feliz porque o significado justifica a pompa da palavra.
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Porque a primeira vez que fui ao dicionário desvendar uma palavra, foi uma
inenarrável (olha outra pomposa aí) decepção. Era a palavra inconsútil. Em
prosa e poesia, volta e meia lá vinha a inconsútil. Um dia, já na casa dos
quarenta, a barba começando a grisalhar, não aguentei mais as décadas de
ignorância e fui ao dicionário. E inconsútil é apenas “sem costura”.
Tantos mantos inconsúteis e eu não conseguia ver algo em comum entre
eles para achar o sentido da palavra, e eram apenas mantos sem costura.
Fiquei acabrunhado (esta nem pomposa, é atrapalhada mesmo).

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(PELLEGRINI, Domingos. Lições de gramática para quem gosta de literatura. São Paulo:
Panda Books, 2007, p. 40-41)

20. (TCE/PI - 2014 - Médico – FCC) Depreende-se corretamente da


leitura do texto que, para o autor,
(A) o aspecto sonoro das palavras não permite que se façam suposições
acerca de seu sentido.
(B) o dicionário é um armazém de decepções, tal como lhe pareceu no
caso do termo inexorável.
(C) palavras como inconsútil apenas confirmam, no dicionário, a
significação que já era previsível.
(D) o dicionário pode frustrar a quem atribuía a uma palavra a
grandiosidade que o sentido não confirma.
(E) palavras como acabrunhado podem atrair um leitor pela mesma razão
que ocorre com inexorável

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1. D 11. E
2. E 12. B
3. B 13. B
4. A 14. D
5. A 15. A
6. C 16. C
7. C 17. E
8. C 18. C
9. B 19. D
10. D 20. D

Chegamos ao final da nossa primeira aula! Espero que tenham gostado!


No caso de qualquer dúvida, esclarecimentos, sugestões, não percam
tempo, entrem em contato comigo por meio do fórum de dúvidas ou pelo e-
mail professorarafaelafreitas@gmail.com
Ah! Estou no facebook! Podem adicionar o meu perfil (Rafaela Freitas -
professorarafaelafreitas@gmail.com) e curtir a minha página (Prof. Rafaela
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Freitas). Mandem um “alô” lá para mim!!

Questões 2015 “quentinhas” da CESGRANRIO na próxima aula!!!


Bons estudos! Grande abraço, até breve!

Rafaela Freitas

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