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OAB 1ª FASE – XIX EXAME DE ORDEM

Direito do Consumidor - Aulas 1 e 2


Cristiano Chaves

1. Código de Defesa do Consumidor. 2. Relação de Consumo


Origem. Diálogo das Fontes
Compulsando o CDC infere-se que ele não
Matriz constitucional de criação: traz o conceito de relação de consumo, mas
enuncia seus elementos: sujeito e objeto.
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, Fala-se em elementos:
a defesa do consumidor;
a) Subjetivo: (sujeito): Necessário que em
Art. 170. A ordem econômica, fundada na um dos pólos esteja o consumidor e em
valorização do trabalho humano e na livre outro pólo esteja o fornecedor.
iniciativa, tem por fim assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da b) Objetivo (objeto): produto ou serviço.
justiça social, observados os seguintes É sobre esses elementos que passamos a
princípio: nos debruçar.
[...]
V – A Defesa do Consumidor O que seria o princípio da harmonia nas
Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de relações de consumo?
cento e vinte dias da promulgação da
Constituição, elaborará código de defesa do 2.1 Elementos Subjetivos
consumidor.
a) Consumidor (conceito)
Advento do CDC: Ao analisar o consumidor, infere-se que há
Art. 1° O presente código estabelece normas presença, no CDC, de um consumidor
de proteção e defesa do consumidor, de padrão e um consumidor por equiparação.
ordem pública e interesse social, nos termos Vamos iniciar com a análise do consumidor
dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da padrão.
Constituição Federal e art. 48 de suas
Disposições Transitórias a.1) Consumidor Padrão
O CDC consiste em uma norma de sobre
direito ou superestrutura jurídica Previsto no art. 2º, caput do CDC:
multidiciplinar. Daí ser possível falar-se em
um Diálogo Sistemático de Subsidiariedade, Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou
bem como em um diálogo das fontes. jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final.
Demais disso, o art. 7º do CDC permite a Há no conceito de consumidor a presença
aplicação de outras normas mais benéficas: de:

Art. 7° Os direitos previstos neste código I) Elemento subjetivo. O que é?


não excluem outros decorrentes de tratados
ou convenções internacionais de que o Possíveis questões de prova:
Brasil seja signatário, da legislação interna
ordinária, de regulamentos expedidos pelas - ENTES DESPERSONALIZADOS.
autoridades administrativas competentes,
bem como dos que derivem dos princípios - NECECIDADE DE DEMONSTRAÇAO DE
gerais do direito, analogia, costumes e VULNERABILIDADE PELAS PESSOAS
eqüidade. JURÍDICAS (STJ)
O que seria a proibição do retrocesso
social? O próprio art 5 da CF/88 ao ordenar um
sistema mais protetivo ao consumidor,
Mas o CDC, como dito, incide nas hipóteses acaba por trazer, implicitamente, a sua
de relação de consumo. O que é uma vulnerabilidade, o qual e reafirmado no art.
relação de consumo? 4º, I, do CDC:

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Art. 4º A Política Nacional das Relações de O que seria o finalismo evoluído ou


Consumo tem por objetivo o atendimento abrandado?
das necessidades dos consumidores, o
respeito à sua dignidade, saúde e a.2) Consumidor por equiparação legal
segurança, a proteção de seus interesses
econômicos, a melhoria da sua qualidade de - A coletividade de pessoas, ainda que
vida, bem como a transparência e harmonia indeterminadas, que haja intervindo pela
das relações de consumo, atendidos os relação de consumo (p.u do art. 2º)
seguintes princípios: (Redação dada pela Parágrafo único. Equipara-se a consumidor
Lei nº 9.008, de 21.3.1995) a coletividade de pessoas, ainda que
I - reconhecimento da vulnerabilidade do indetermináveis, que haja intervindo nas
consumidor no mercado de consumo; relações de consumo
Por conta dessa presunção, há até mesmo
no STJ notícias de cláusulas que são - Todas as vítimas do evento (acidente de
entendidas, previamente, abusivas ou anti- consumo) - (art. 17)
funcionais, como soe demonstra a Sumula
302: Art. 17. Para os efeitos desta Seção,
Súmula 302, STJ: É abusiva a cláusula equiparam-se aos consumidores todas as
contratual de plano de saúde que limita no vítimas do evento.
tempo a internação hospitalar do segurado. - Todas as pessoas, determinadas ou não,
expostas às práticas comerciais previstas no
Tal presunção de vulnerabilidade, porém, CDC (art. 29)
vem sendo aplicada previamente em relação
às pessoas físicas, não às jurídicas (RESP Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do
684 613/SP e RESP 716877 STJ). Fala-se, seguinte, equiparam-se aos consumidores
em relação às jurídicas, em uma todas as pessoas determináveis ou não,
vulnerabilidade funcional, que há de ser expostas às práticas nele previstas.
demonstrada no caso concreto. Artigo extremamente importante, pois
Mas o que é a vulnerabilidade? protege a todos contra o ostensivo
marketing indevido (RESP 341405).
Facetas da vulnerabilidade:
b) Fornecedor (conceito)
a) Econômica
b) Técnica O conceito legal de fornecedor esta no art. 3
c) Fática do CDC:
d) Jurídica Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou
e) Política jurídica, pública ou privada, nacional ou
f) Informativa estrangeira, bem como os entes
II) Elemento anímico. O que é? despersonalizados, que desenvolvem
atividade de produção, montagem, criação,
Possíveis questões de prova: construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização
- VEJA QUE A RELAÇÃO DE CONSUMO de produtos ou prestação de serviços.
NÃO É EXCLUSIVAMENTE DE CARÁTER A doutrina, com base nesse conceito legal,
CONTRATUAL também decompõe em dois elementos, mais
- FALANDO-SE EM DESTINAÇÃO FINAL, uma vez o subjetivo e o anímico.
EXCLUI-SE DE LOGO O INTERMEDIÁRIO.
2.2 Elemento Objetivo
- O QUE SERIA REALMENTE
DESTINAÇÃO FINAL? (STJ - RESP 541 Entende-se como elemento objetivo da
867). relação de consumo o seu objeto, o qual
a) Corrente Maximalista pode ser um produto ou serviço.
b) Corrente Finalista

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a) Produto (conceito) - § 1º do art. 3º do pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e


CDC a reparar os danos causados, na forma
prevista neste código.
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou Há diferenças entre serviços públicos
imóvel, material ou imaterial. próprios e impróprios (uti singuli)?
- Doutrina: bem despido de economicidade
não pode ser produto - Ex: integridade física, II) SERVIÇOS BANCÁRIOS SOFREM
vida, honra e liberdade não pode ser produto INCIDÊNCIA DO CDC OU NÃO?
de consumo.
O §2º do art. 3º do próprio CDC (acima
- A onerosidade da relação jurídica não mencionado) inclui o serviço de natureza
integra o conceito de produto - pode bancária.
decorrer de uma relação gratuita, o que se
exige é que o bem seja apreciável Os bancos entraram com uma ADI contra
economicamente – ex: fornecimento de esse dispositivo, alegando, com base no art.
amostra grátis. 192, CF, que, não sendo o CDC uma LC,
não pode ele reger o Sistema Financeiro
b) Serviço (§ 2 do art. 3º do CDC) Nacional.
Art. 192. O sistema financeiro nacional,
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida estruturado de forma a promover o
no mercado de consumo, mediante desenvolvimento equilibrado do País e a
remuneração, inclusive as de natureza servir aos interesses da coletividade, em
bancária, financeira, de crédito e securitária, todas as partes que o compõem,
salvo as decorrentes das relações de caráter abrangendo as cooperativas de crédito, será
trabalhista. regulado por leis complementares que
É atividade, um comportamento humano. disporão, inclusive,
Sobre o tema, atente-se para as sobre a participação do capital estrangeiro
considerações: nas instituições que o integram. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 40, de
- A onerosidade integra o conceito de 2003)
serviço, mas a contraprestação pode ser Hoje prepondera que o CDC é aplicável às
direta ou indireta. instituições financeiras sem qualquer
limitação. Mas entendeu-se que, no caso da
Temas polêmicos sobre o elemento objetivo: taxa de juros, está só poderá ser atacada no
caso concreto. Nesse sentido, a súmula 297,
I) SERVIÇOS PÚBLICOS PODEM SER do STJ:
CONSIDERADOS COMO SERVIÇOS DE
CONSUMO? Súmula 297, STJ: O Código de Defesa do
O CDC trata sobre o tema nos arts. 6º, X e Consumidor é aplicável às instituições
22: financeiras.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 3. Direitos Básicos do Consumidor


X - a adequada e eficaz prestação dos
serviços públicos em geral. Estão previstos no art. 6 do CDC:
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas
empresas, concessionárias, permissionárias Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
ou sob qualquer outra forma de I - a proteção da vida, saúde e segurança
empreendimento, são obrigados a fornecer contra os riscos provocados por práticas no
serviços adequados, eficientes, seguros e, fornecimento de produtos e serviços
quanto aos essenciais, contínuos. considerados perigosos ou nocivos;
Parágrafo único. Nos casos de II - a educação e divulgação sobre o
descumprimento, total ou parcial, das consumo adequado dos produtos e serviços,
obrigações referidas neste artigo, serão as

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asseguradas a liberdade de escolha e a asseguradas a liberdade de escolha e a


igualdade nas contratações; igualdade nas contratações;
III - a informação adequada e clara sobre os III - a informação adequada e clara sobre os
diferentes produtos e serviços, com diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade, especificação correta de quantidade,
características, composição, qualidade e características, composição, qualidade e
preço, bem como sobre os riscos que preço, bem como sobre os riscos que
apresentem; apresentem;
III - a informação adequada e clara sobre os III - a informação adequada e clara sobre os
diferentes produtos e serviços, com diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade, especificação correta de quantidade,
características, composição, qualidade, características, composição, qualidade,
tributos incidentes e preço, bem como sobre tributos incidentes e preço, bem como sobre
os riscos que apresentem; (Redação dada os riscos que apresentem; (Redação dada
pela Lei nº 12.741, de 2012) Vigência pela Lei nº 12.741, de 2012) Vigência
IV - a proteção contra a publicidade IV - a proteção contra a publicidade
enganosa e abusiva, métodos comerciais enganosa e abusiva, métodos comerciais
coercitivos ou desleais, bem como contra coercitivos ou desleais, bem como contra
práticas e cláusulas abusivas ou impostas práticas e cláusulas abusivas ou impostas
no fornecimento de produtos e serviços; no fornecimento de produtos e serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais Precisa de cláusula expressa no contrato?
que estabeleçam prestações
desproporcionais ou sua revisão em razão Boa-fé:
de fatos supervenientes que as tornem
excessivamente onerosas; Subjetiva – Bona Fides romana.
VI - a efetiva prevenção e reparação de
danos patrimoniais e morais, individuais, Objetiva - treu und glauben - Germânica
coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser
administrativos com vistas à prevenção ou interpretados conforme a boa-fé e os usos
reparação de danos patrimoniais e morais, do lugar de sua celebração.
individuais, coletivos ou difusos, assegurada
a proteção Jurídica, administrativa e técnica Art. 422. Os contratantes são obrigados a
aos necessitados; guardar, assim na conclusão do contrato,
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, como em sua execução, os princípios de
inclusive com a inversão do ônus da prova, probidade e boa-fé.
a seu favor, no processo civil, quando, a Funções da Boa-Fé Objetiva:
critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as - Interpretativa
regras ordinárias de experiências;
IX - (Vetado); En. 27. Art. 422: na interpretação da
X - a adequada e eficaz prestação dos cláusula geral da boa-fé, deve-se levar em
serviços públicos em geral. conta o sistema do Código Civil e as
Como se dá do direito à informação? conexões sistemáticas com outros estatutos
normativos e fatores metajurídicos.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança - Integrativa
contra os riscos provocados por práticas no
fornecimento de produtos e serviços En. 24.: Art. 422.: em virtude do princípio da
considerados perigosos ou nocivos; boa-fé, positivado no art. 422 do novo
II - a educação e divulgação sobre o Código Civil, a violação aos deveres anexos
consumo adequado dos produtos e serviços, constitui espécie de inadimplemento,
independentemente de culpa.

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O descumprimento de tais deveres En. 170 – Art. 422: A boa-fé objetiva deve
denomina-se de violação positiva do ser observada pelas partes na fase de
contrato ou adimplemento fraco, sendo negociações preliminares e após a
reconhecido pelo STJ na hipótese de não execução do contrato, quando tal exigência
observância do dever de informação: decorrer da natureza do contrato.
Recurso especial. Civil. Indenização. Como fica a onerosidade excessiva nas
Aplicação do princípio da boa-fé relações de consumo?
contratual.Deveres anexos ao contrato.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
- O princípio da boa-fé se aplica às relações V - a modificação das cláusulas contratuais
contratuais regidas pelo CDC, impondo, por que estabeleçam prestações
conseguinte, a obediência aos deveres desproporcionais ou sua revisão em razão
anexos ao contrato, que são decorrência de fatos supervenientes que as tornem
lógica deste princípio. excessivamente onerosas;
- O dever anexo de cooperação pressupõe O dispositivo em comento pode ser
ações recíprocas de lealdade dentro da fracionado, sendo verificada duas situações:
relação contratual.
- A violação a qualquer dos deveres anexos > REGULAÇÃO DA ONEROSIDADE
implica em inadimplemento contratual de EXCESSIVA CONCOMITANTE A
quem lhe tenha dado causa. FORMAÇÃO DO CONTRATO (1º parte).
- A alteração dos valores arbitrados a título Aqui o CC denomina de lesão.
de reparação de danos extrapatrimoniais
somente é possível, em sede de Recurso > REGULAÇÃO DA ONEROSIDADE
Especial, nos casos em que o quantum EXCESSIVA SUPERVENIENTE A
determinado revela-se irrisório ou FORMAÇÃO DO CONTRATO (2 parte).
exagerado. Aqui o CC denomina de imprevisão.
Recursos não providos. - A onerosidade excessiva concomitante a
(REsp 595631 / SC. Relatora Ministra Nancy formação do contrato (A Lesão)
Adrighi. 3 Turma. Julgado em:08.06.2004.)
- A alteração dos valores arbitrados a título O próprio contrato já traz o vicio. É a
de reparação de danos extrapatrimoniais chamada Lesão de consumo.
somente é possível, em sede de Recurso
Especial, nos casos em que o quantum - Vicio de apuração objetiva
determinado revela-se irrisório ou - Gera o direito à revisão cogente do
exagerado. negócio ou nulidade do negócio, caso não
Recursos não providos. seja possível sua manutenção – pois não há
(REsp 595631 / SC. Relatora Ministra Nancy no regime jurídico do CDC a nulidade
Adrighi. 3 Turma. Julgado em:08.06.2004.) relativa, pois as normas do CDC, de acordo
com o art. 1º, são normas de ordem pública.
- Restritiva
Art. 1° O presente código estabelece normas
En. 26 Art. 422.: a cláusula geral contida no de proteção e defesa do consumidor, de
art. 422 do novo Código Civil impõe ao juiz ordem pública e interesse social, nos termos
interpretar e, quando necessário, suprir e dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da
corrigir o contrato segundo a boa-fé objetiva, Constituição Federal e art. 48 de suas
entendida como a exigência de Disposições Transitórias.
comportamento leal dos contratantes. - Onerosidade Excessiva Superveniente à
Formação Do Contrato
Aplicação: Do pré-contrato ao pós-contrato? I) É DIREITO BÁSICO DO CONSUMIDOR A
E. 25 - Art. 422: o art. 422 do Código Civil REVISÃO NESTAS SITUAÇÕES
não inviabiliza a aplicação pelo julgador do
princípio da boa-fé nas fases pré-contratual
e pós -contratual.

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II) ADOTOU TEORIA DA QUEBRA DA II - que, embora haja colocado o produto no


BASE OBJETIVA DO NEGÓCIO JURÍDICO mercado, o defeito inexiste;
OU ONEROSIDADE EXCESSIVA.
III) TRAZ COMO CONSEQUÊNCIA A - Acidente de consumo decorrente do fato
REVISÃO, INDEPENDENTEMENTE DA do serviço (art. 14, § 3º, I)
VONTADE DO RÉU OU NULIFICAÇÃO DO
CONTRATO § 3° O fornecedor de serviços só não será
responsabilizado quando provar:
IV) REQUISITOS I - que, tendo prestado o serviço, o defeito
inexiste;
a) Deve se tratar de contrato de execução
continuada ou diferida b) Hipóteses de Inversão OPE IUDICES
b) Que haja onerosidade para uma das (Art. 6º, VIII, CDC)
partes Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos,
A teoria da onerosidade excessiva é inclusive com a inversão do ônus da prova,
OBJETIVA, pois não exige imprevisibilidade a seu favor, no processo civil, quando, a
do fato. critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as
4. O Ônus da Prova nas Relações de regras ordinárias de experiências;
Consumo
- Requisitos alternativos :
Não há uma regra especifica de distribuição b.1)Verossimilhança da alegação –
do ônus probatório. Com isso, a regra prepondera que significa probabildade
aplicada é aplicada no CPC, que consta do (embora não seja a alegação provada).
art. 333, sendo a regra geral que cada um
deve comprovar o fato que alega. Sérgio Cavalieri Filho:
4.1 Hipóteses de Inversão Do Ônus da Trata-se, como se vê, de conceito jurídico
Prova no Direito do Consumidor indeterminado, cujo conteúdo há de ser
fixado pelo juiz, segundo as regras
Inversão do Ônus da Prova difere do custeio ordinárias de experiência, em face do caso
do ônus da prova. A inversão pode ser: concreto. No entender dos autores,
verossímil é fato provavelmente verdadeiro,
a) Inversão OPE LEGIS. quem tem probabilidade de ser verdadeiro,
que parece verdadeiro. (destaques do
b) Inversão OPE IUDICES. original).
b.2) Hipossuficiência do consumidor – aqui
a) Hipóteses de Inversão OPE LEGIS trata-se de hiposuficiência probatória,
vinculada ao direito processual.
- Vítima de publicidade enganosa (art. 38 do
CDC) Humberto Theodoro Jr.:
Art. 38. O ônus da prova da veracidade e É importante, outrossim, aplicar a inversão
correção da informação ou comunicação do ônus da prova no sentido teleológico da
publicitária cabe a quem as patrocina. lei consumerista,
que não teve o propósito de liberar o
- Hipóteses de Acidente de consumo consumidor do encargo probatório prevista
decorrente do fato do produto (Art. 12, § 3º, na lei processual, mas apenas o de superar
inc. I e II) dificuldades técnicas na produção das
provas necessárias à defesa de seus
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou direitos em juízo. Todo consumidor é
importador só não será responsabilizado vulnerável em seu relacionamento com o
quando provar: fornecedor, segundo o direito material. Mas
I - que não colocou o produto no mercado; nem todo consumidor é

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hipossuficiente no sentido processual, ou bem como por informações insuficientes ou


seja, nem sempre estará desprovido de inadequadas sobre sua utilização e riscos.
meios técnico-processuais para promover a Ou seja, quem introduz o produto no
prova do fato constitutivo do seu direito. mercado de consumo nacional.
Logo, se no caso concreto, não ocorre a
referida dificuldade técnica, não pode o juiz Infere-se que ainda que traga o artigo, no
inverter o ônus da prova, apenas diante da seu caput, a responsabilidade civil objetiva,
vulnerabilidade genericamente reconhecida o parágrafo terceiro veicula excludentes de
pelo CDC (grifos aditados). responsabilidade Civil:
4.2 Momento Processual Da Inversão Do
Ônus Da Prova § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou
importador só não será responsabilizado
Duas correntes: quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
a) (1º corrente: Nelson Nery, Kazoo, II - que, embora haja colocado o produto no
Watanabe, Cristiano Chaves) mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de
As regras de distribuição do ônus probatório terceiro.
são regras de julgamento, portanto o juiz só Cuidado: A excludente consiste na culpa
poderá aplicá-la no MOMENTO DA exclusiva do consumidor ou de terceiro. A
SENTENÇA, e por isso, para a inversão do culpa concorrente não exclui, mas pode
ônus da prova isso também ocorrerá. gerar diminuição do quantum indenizatório,
b) (2º corrente: Fredie Didier, Tereza Alvin, na forma do art. 945 do CC e entendimento
Barbosa Moreira). do STJ.

Criticam a corrente anterior por violar Art. 945. Se a vítima tiver concorrido
principio constitucional da ampla defesa, já culposamente para o evento danoso, a sua
que surpreende o fornecedor réu, que não indenização será fixada tendo-se em conta a
terá depois a oportunidade de fazer a prova. gravidade de sua culpa em confronto com a
do autor do dano.
5. A Responsabilidade Civil no CDC
a) Responsabilidade por fato do produto ou Haverá solidariedade entre as figuras
do serviço, também denominada de acidente elencadas na cabeça do artigo 12 do CDC?
de consumo (arts 12 à 17 do CDC). Apenas fala-se de solidariedade nas
b) Responsabilidade por vício do produto ou seguintes hipóteses:
do serviço (art. 18 à 25 do CDC);
a) Havendo mais de um responsável pela
5.1 Responsabilidade Civil por Fato do causação do dano (Art. 25, § 1.)
Produto
Regra Geral: art. 12 diz que por acidente de § 1° Havendo mais de um responsável pela
consumo respondem o fabricante, o causação do dano, todos responderão
construtor, o produtor e o importador, de solidariamente pela reparação prevista nesta
forma objetiva. e nas seções anteriores.

Art. 12. O fabricante, o produtor, o b) Quando o dano de componente ou peça


construtor, nacional ou estrangeiro, e o incorporada ao produto ou serviço:
importador respondem, independentemente solidariedade entre fabricante, construtor e
da existência de culpa, pela reparação dos importador (Art. 25, § 2º)
danos causados aos consumidores por
defeitos decorrentes de projeto, fabricação, § 2° Sendo o dano causado por componente
construção, montagem, fórmulas, ou peça incorporada ao produto ou serviço,
manipulação, apresentação ou são responsáveis solidários seu fabricante,
acondicionamento de seus produtos,

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construtor ou importador e o que realizou a Mas essa responsabilidade do comerciante


incorporação. é subsidiária ou solidária?
Além dos elencados no artigo 12 do CDC,
excepcionalmente podem responder pelo Observa-se que o art. 88 do CDC possibilita
fato do produto: ao comerciante a posterior ação em
regresso, seja nos mesmo autos ou em ação
a) Fornecedor aparente – não é fabricante, autônoma.
construtor, produtor ou importador, mas se
apresenta para o consumidor como se Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo
fosse. único deste código, a ação de regresso
poderá ser ajuizada em processo autônomo,
b) Comerciante – Nas hipóteses elencadas facultada a possibilidade de prosseguir-se
na redação do art. 13 do CDC nos mesmos autos, vedada a denunciação
da lide.
Art. 13. O comerciante é igualmente 5.2 Responsabilidade Civil por Fato do
responsável, nos termos do artigo anterior, Serviço
quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o Quase tudo que vale para o caso de
importador não puderem ser identificados; produto, vale para o caso de serviço, mas há
II - o produto for fornecido sem identificação certas peculiaridades, que são:
clara do seu fabricante, produtor, construtor
ou importador; a) Ônus probatório referente à conduta que
III - não conservar adequadamente os é mais amplo para o consumidor - o
produtos perecíveis. consumidor terá que provar que foi aquele
Parágrafo único. Aquele que efetivar o fornecedor especifico que forneceu o
pagamento ao prejudicado poderá exercer o serviço.
direito de regresso contra os demais
responsáveis, segundo sua participação na b) Todos os prestadores do serviço
causação do evento danoso. vinculados ao dano, por nexo de
causalidade, responderão solidariamente
Assim, afirma a norma que responde o 5.2.1. Responsabilidade Civil Do Profissional
comerciante quando: Liberal

I) QUANDO FABRICANTE, PRODUTOR OU Essa responsabilidade, diferente das


CONSTRUTOR NÃO PUDER SER demais, é subjetiva (art. 14, §4º, CDC).
IDENTIFICADO
II) QUANDO O PRODUTO FOR § 4° A responsabilidade pessoal dos
FORNECIDO SEM A IDENTIFICAÇAO profissionais liberais será apurada mediante
CLARA DO FABRICANTE, PRODUTOR OU a verificação de culpa.
CONSTRUTOR
III) QUANDO O COMERCIANTE NÃO Fundamento é que estes, em regra,
CONSERVA ADEQUADAMENTE assumem obrigação de meio
PRODUTO
Quem é profissional liberal?
A essas hipóteses, soma a doutrina a Apesar da regra da responsabilidade
responsabilidade civil do comerciante subjetiva dos profissionais liberais, há
quando: hipótese em que eles respondem
objetivamente. São hipóteses de prova:
I) COMERCIANTE REPONDE QND DER
CAUSA AO ACIDENTE DE CONSUMO a) Quando a técnica disponível torna certo o
POR FATO PRÓPRIO atingimento de um dado resultado – ex:
engenheiro que faz trabalho de cálculo;

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b) Quando se contrata o resultado ou se cria c) O abatimento proporcional do preço.


a expectativa de que o resultado será
atingido, a exemplo da cirurgia plástica Questões usuais de provas:
estética.(Inf. 382 do STJ) - E se o fornecedor, antes dos 30 dias
devolve o produto como se o vicio tivesse
5.3 Responsabilidade Civil por Vício do sanado, mas sem que o vício tivesse
Produto sanado?
- E se o mesmo vício retorna, é preciso
a) Vicio de Qualidade do Produto: apresentar uma nova reclamação?
- Se não há vício, mas quer trocar o produto,
O art. 18 do CDC fala na responsabilidade é possível trocar o produto?
civil por vicio de qualidade do produto, ou
seja: quando este relaciona-se a sua b) Vicio de Quantidade do Produto:
qualidade ou adequação (art. 18)
Art. 18. Os fornecedores de produtos de Infere-se mais uma vez a solidariedade dos
consumo duráveis ou não duráveis fornecedores.
respondem solidariamente pelos vícios de
qualidade ou quantidade que os tornem Art. 19. Os fornecedores respondem
impróprios ou inadequados ao consumo a solidariamente pelos vícios de quantidade
que se destinam ou lhes diminuam o valor, do produto sempre que, respeitadas as
assim como por aqueles decorrentes da variações decorrentes de sua natureza, seu
disparidade, com a indicações constantes do conteúdo líquido for inferior às indicações
recipiente, da embalagem, constantes do recipiente,
rotulagem ou mensagem publicitária, da embalagem, rotulagem ou de mensagem
respeitadas as variações decorrentes de sua publicitária, podendo o consumidor exigir,
natureza, podendo o consumidor exigir a alternativamente e à sua escolha:
substituição das partes viciadas. Configurado tal vicio, possibilita o art. 19 que
Assim, enuncio o artigo que a vicio quando escolha o consumidor entre:
torna o produto:
I - o abatimento proporcional do preço;
I) IMPRÓPRIO OU INADEQUADO AO FIM II - complementação do peso ou medida;
A QUE SE DESTINA III - a substituição do produto por outro da
mesma espécie, marca ou modelo, sem os
II) REDUZ O VALOR DO PRODUTO aludidos vícios;
IV - a restituição imediata da quantia paga,
III) DISPARIDADE COM A OFERTA. monetariamente atualizada, sem prejuízo de
Tais hipóteses, quando verificadas, eventuais perdas e danos.
possibilitam ao fornecedor o prazo c) Vicio de Qualidade no Serviço:
decadencial de 30 dias para sanar o
acontecido. Caso não o faça, nasce ao Art. 20. O fornecedor de serviços responde
consumidor o direito potestativo de escolher pelos vícios de qualidade que os tornem
entre (parágrafo primeiro do art. 18 do impróprios ao consumo ou lhes diminuam o
CDC): valor, assim como por aqueles decorrentes
da disparidade com as indicações
a) A substituição do produto por outro da constantes da oferta ou mensagem
mesma espécie, em perfeitas condições de publicitária,
uso. podendo o consumidor exigir,
Caso inexista o produto? alternativamente e à sua escolha:

b) A restituição imediata da quantia paga, Diante da sua configuração, poderá pleitear


monetariamente atualizada, sem prejuízo de o consumidor:
eventuais perdas e danos; a) a reexecução dos serviços, sem custo
adicional e quando cabível. Tal reexecução

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pode ser confiada a terceiros capacitados O artigo enuncia, ainda, no seu parágrafo
pela conta e risco do fornecedor (parágrafo segundo hipóteses que obstam a
primeiro); decadência:
§ 2° Obstam a decadência:
b) a restituição imediata da quantia paga, I - a reclamação comprovadamente
monetariamente atualizada, sem prejuízo de formulada pelo consumidor perante o
eventuais perdas e danos; fornecedor de produtos e serviços até a
resposta negativa correspondente, que deve
c) o abatimento proporcional do preço. ser transmitida de forma inequívoca;
II - (Vetado).
Qual é a responsabilidade nos vício? III - a instauração de inquérito civil, até seu
encerramento.
6. A Garantia
O que significa obstar a decadência? São
O tema garantia se subdivide em garantia hipóteses interruptivas ou suspensivas?
legal e convencional.
e) Incondicional
6.1 Garantia Legal
6.2 Garantia contratual ou Estendida (art.
a) É automática 50)

b) Vedação à exoneração da garantia legal Art. 50. A garantia contratual é


(art. 24 e 25) complementar à legal e será conferida
Art. 24. A garantia legal de adequação do mediante termo escrito.
produto ou serviço independe de termo Parágrafo único. O termo de garantia ou
expresso, vedada a exoneração contratual equivalente deve ser padronizado e
do fornecedor. esclarecer, de maneira adequada em que
consiste a mesma garantia,
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de bem como a forma, o prazo e o lugar em
cláusula que impossibilite, exonere ou que pode ser exercitada e os ônus a cargo
atenue a obrigação de indenizar prevista do consumidor, devendo ser-lhe entregue,
nesta e nas seções anteriores. devidamente preenchido pelo fornecedor, no
ato do fornecimento, acompanhado de
Venda de produtos portadores de avarias, manual de instrução, de instalação e uso do
responde-se pela avaria? produto em linguagem didática, com
ilustrações.
c) Autônoma
a) Não é autônoma.
d) Ilimitada:
O Prazo de garantia legal está consignado b) Pode ser limitada.
no art. 26 do CDC, sendo decadencial:
c) Pode ser condicionada.
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios
aparentes ou de fácil constatação caduca O prazo da garantia contratual apenas
em: começa a correr após ultrapassado o prazo
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de da garantia legal, salvo disposição expressa,
serviço e de produtos não duráveis; na forma do art. 446 do CC, aplicado por
II - noventa dias, tratando-se de conta do princípio da norma mais protetiva.
fornecimento de serviço e de produtos
duráveis. Art. 446. Não correrão os prazos do artigo
antecedente na constância de cláusula de
garantia; mas o adquirente deve denunciar o
defeito ao alienante nos trinta dias seguintes

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ao seu descobrimento, sob pena de XII - obriguem o consumidor a ressarcir os


decadência. custos de cobrança de sua obrigação, sem
7. A Revisão dos Contratos de Consumo por que igual direito lhe seja conferido contra o
Cláusulas Abusivas fornecedor;
XIII - autorizem o fornecedor a modificar
Fenômeno da contratualização em massa e unilateralmente o conteúdo ou a qualidade
busca da equivalência contratual das do contrato, após sua celebração;
prestações. XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de
normas ambientais;
Nessa linha de raciocínio, o art. 51 do CDC XV - estejam em desacordo com o sistema
veicula rol de cláusulas abusivas, as quais de proteção ao consumidor;
são nulas de pleno direito e ocasionam XVI - possibilitem a renúncia do direito de
possibilidade de revisão contratual. indenização por benfeitorias necessárias.
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre casos, a vontade que:
outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que: I - ofende os princípios fundamentais do
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a sistema jurídico a que pertence;
responsabilidade do fornecedor por vícios de II - restringe direitos ou obrigações
qualquer natureza dos produtos e serviços fundamentais inerentes à natureza do
ou impliquem renúncia ou disposição de contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto
direitos. ou equilíbrio contratual;
Nas relações de consumo entre o III - se mostra excessivamente onerosa para
fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, o consumidor, considerando-se a natureza e
a indenização poderá ser limitada, em conteúdo do contrato, o interesse das partes
situações justificáveis; e outras circunstâncias peculiares ao caso.
II - subtraiam ao consumidor a opção de § 2° A nulidade de uma cláusula contratual
reembolso da quantia já paga, nos casos abusiva não invalida o contrato, exceto
previstos neste código; quando de sua ausência, apesar dos
III - transfiram responsabilidades a terceiros; esforços de integração, decorrer ônus
IV - estabeleçam obrigações consideradas excessivo a qualquer das partes.
iníquas, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, ou § 3° (Vetado).
sejam incompatíveis com a boa-fé ou a § 4° É facultado a qualquer consumidor ou
eqüidade; entidade que o represente requerer ao
V - (Vetado); Ministério Público que ajuíze a competente
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova ação para ser declarada a nulidade de
em prejuízo do consumidor; cláusula contratual que contrarie o disposto
VII - determinem a utilização compulsória de neste código ou de qualquer forma não
arbitragem; assegure o justo equilíbrio entre direitos e
VIII - imponham representante para concluir obrigações das partes.
ou realizar outro negócio jurídico pelo Rol exemplificativo.
consumidor;
IX - deixem ao fornecedor a opção de 8. Desconsideração da Personalidade
concluir ou não o contrato, embora Jurídica da Pessoa Jurídica
obrigando o consumidor;
X - permitam ao fornecedor, direta ou Aquisição da personalidade Jurídica pela
indiretamente, variação do preço de maneira Pessoa Jurídica. O que é e quando ocorre?
unilateral; Art. 45 – Começa a existência legal das
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o pessoas jurídicas de direito privado com a
contrato unilateralmente, sem que igual inscrição do ato constitutivo no respectivo
direito seja conferido ao consumidor; registro, precedida, quando necessário, de
autorização ou aprovação do poder

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executivo, averbando-se no registro todas as arquivados sobre ele, bem como sobre as
alterações por que passar o ato constitutivo. suas respectivas fontes.

Parágrafo único. Decai em três anos o § 1° Os cadastros e dados de consumidores


direito de anular a constituição das pessoas devem ser objetivos, claros, verdadeiros e
jurídicas de direito privado, por defeito do em linguagem de fácil compreensão, não
ato respectivo, contado o prazo da podendo conter informações negativas
publicação de sua inscrição no registro. referentes a período superior a cinco anos.
O que seria a independência, autonomia ou § 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e
separação? dados pessoais e de consumo deverá ser
comunicada por escrito ao consumidor,
O que é a desconsideração da quando não solicitada por ele.
personalidade jurídica da pessoa jurídica? § 3° O consumidor, sempre que encontrar
inexatidão nos seus dados e cadastros,
Quando acontece para o Código de Defesa poderá exigir sua imediata correção,
do Consumidor? devendo o arquivista, no prazo de cinco dias
úteis, comunicar a alteração aos eventuais
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a destinatários das informações incorretas.
personalidade jurídica da sociedade quando, § 4° Os bancos de dados e cadastros
em detrimento do consumidor, houver abuso relativos a consumidores, os serviços de
de direito, excesso de poder, infração da lei, proteção ao crédito e congêneres são
fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos considerados entidades de caráter público.
ou contrato social. § 5° Consumada a prescrição relativa à
A desconsideração também será efetivada cobrança de débitos do consumidor, não
quando houver falência, estado de serão fornecidas, pelos respectivos
insolvência, encerramento ou inatividade da Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer
pessoa jurídica provocados por má informações que possam impedir ou
administração. dificultar novo acesso ao crédito junto aos
fornecedores.
§ 1° (Vetado). 8 - A nova redação quanto ao critério de
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos avaliação da redação das provas subjetivas:
societários e as sociedades controladas, são
subsidiariamente responsáveis pelas
obrigações decorrentes deste código.
§ 3° As sociedades consorciadas são
solidariamente responsáveis pelas
obrigações decorrentes deste código.
§ 4° As sociedades coligadas só
responderão por culpa.
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a
pessoa jurídica sempre que sua
personalidade for, de alguma forma,
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
causados aos consumidores.

9. Órgãos de Restrições ao Crédito

O que são?

Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do


disposto no art. 86, terá acesso às
informações existentes em cadastros, fichas,
registros e dados pessoais e de consumo

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3.5.10. O texto da peça profissional e as


respostas às questões práticas serão
avaliados quanto a adequação ao problema
apresentado, a domínio do raciocínio
jurídico, a fundamentação e sua
consistência, a capacidade de interpretação
e exposição e a técnica profissional
demonstrada, sendo que a mera transcrição
de dispositivos legais, desprovida do
raciocínio jurídico, não ensejará pontuação.
Essa é uma redação nova no edital, apesar
da regra já ser antiga. Ou seja: a FGV
certamente vai dar mais valor AINDA a
forma como os candidatos redigem suas
peças e questões. A correção da redação é
de suma importância na 2ª fase.

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