Você está na página 1de 42

Capı́tulo 1

Revisão da Mecânica Clássica

O quı́mico tem como objetivo de aproveitar compostos quı́micos e suas mu-


danças (reações). Esses compostos são representados por um conjunto de
átomos formando moléculas. O quı́mico trata os átomos como as peças de
um quebra-cabeça na montagem das moléculas.
Do ponto de vista fı́sico (e excluindo a área da radioquı́mica), é suficiente
de tratar na quı́mica os átomos sendo constituı́dos por um núcleo com massa
M e carga Ze (Z: número de carga do átomo, e: carga elementar, carga do
próton) e um número n de elétrons com massa me (me = 9, 1094 · 10−31 kg)
e carga −e (e = 1, 6202 · 10−19 C). Da fı́sica, também conhece-se muito bem
as leis descrevendo partı́culas desse tipo: a lei gravitacional,
m1 m2
V (r) = −G , (1.1)
r
para a interação entre duas massas m1 e m2 separadas por uma distância r
(G = 6, 6726 · 10−11 m3 kg−1 s−2 , constante gravitacional), e a lei de Coulomb,
q1 q2
V (r) = , (1.2)
4πε0 r
para a interação entre duas cargas q1 e q2 separadas por r no vacúo (4πε0 =
1, 1126 · 10−10 C2 J−1 m−1 , permitividade dielétrica do vacúo).
Avalia-se brevemente a magnitude dessas interações. Para dois núcleos
possuindo massas em torno de 10−26 kg e separados por uma distância em
torno de 10−10 m, a lei gravitacional (1.1) fornece uma energia de interação
de −6, 6726 · 10−53 J, enquanto a lei de Coulomb (1.2) produz 2, 3594 · 10−18 J
para duas cargas elementares em uma distânica de um Å (1 Å= 10−10 m).

1
2 CAPÍTULO 1. REVISÃO DA MECÂNICA CLÁSSICA

Comparando os valores numéricos dessas interações, pode-se concluir que a


interação gravitacional não possui relevância para o quı́mico. Em seguida,
considera-se apenas a interação eletrostática descrita pela lei de Coulomb
(1.2). Cabe mencionar que existem também interações magnéticas entre
partı́culas, também neglicenciáveis para a grande maioria de moléculas.
Tendo reveladas as leis fı́sicas descrevendo as partı́culas controladas pelos
quı́micos, pode-se tentar aplicar essas leis com o objetivo de elucidar teori-
camente as propriedades de átomos, moléculas, reações quı́micas, e outros
sistemas quı́micos de laboratório, de processos vitais, etc. Essa tarefa está
sendo desenvolvida dentro da área de quı́mica teórica composta por sub-áreas
como mecânica clássica, mecânica quântica, mecânica estatı́stica, espectros-
copia, e quı́mica computacional.
A quı́mica teórica recebeu um grande impulso através da evolução tec-
nológica na área da microeletrônica e informática. Hoje em dia, ferra-
mentas desenvolvidas pela quı́mica teórica são aplicadas em laboratórios de
sı́ntese orgânica e inorgânica (obtenção de geometrias moleculares, estados de
transição, reatividades, propriedades espectroscópicas, etc.), de catálise (de-
senvolvimento de catalisadores, obtenção de intermediários, perfile energético
de reações), de farmácia (desenho de drogas), de bioquı́mica (estrutura de
proteı́nas, DNA, membranas, e suas interações com drogas), de ciências em
materiais, entre outros. A comunidade cientı́fica relacionada com a quı́mica
prática reconheceu a ampla aplicabilidade de ferramentas teóricas e, não ape-
nas por isso, condecorou em 1998 o fı́sico W. Kohm e o matemático J.A. Pople
(faleceu no dia 15 de maro de 2004) com o Prêmio Nobel de Quı́mica para
o desenvolvimento de metodologias teóricas permitindo a obtenção de pro-
priedades moleculares através dos primeiros princı́pios, ou seja, a partir de
constantes da natureza.
Nesse manuscrito, apresenta-se uma introdução à quı́mica teórica com
o objetivo de introduzir os conceitos necessários para descrever átomos e
moléculas. Essa parte da quı́mica teórica faz uso amplo da mecânica quânti-
ca, ou seja, uma caracterização melhor desse manuscrito seria introdução
à quı́mica quântica. Antes de levar essa introdução para frente, precisa-se,
nesse primeiro capı́tulo, combinar umas definições matemáticas. Posterior-
mente, resume-se brevemente as fundamentações da mecânica clássica como
desenvolvida séculos atrás por Newton, Lagrange, e Hamilton. Especial-
mente a descrição Hamiltoniana da mecânica clássica torna-se importante
no desenvolvimento das equações básicas na mecânica quântica. Finalmente,
incluiu-se nesse primeiro capı́tulo uma revisão curta de ondas.
1.1. COORDENADAS E GRAUS DE LIBERDADE 3

y
6 ̂1

z
ı̂
x

Figura 1.1: Vetores unitários e ortogonais ı̂, ̂, e k̂ criando os eixos x, y, e z


do sistema Cartesiano.

1.1 Coordenadas e Graus de Liberdade


Considera-se o espaço Cartesiano de três dimensões. O sistema de coorde-
nadas correspondente é criado por três vetores unitários ı̂, ̂, e k̂. Esses
três vetores são ortogonais, ou seja, descrevem ângulos de 90o entre si. As
extensões desses três vetores de base são referidas como eixos x, y, e z do
sistema Cartesiano, como mostra fig. 1.1. Cada ponto no sistema Cartesiano
espaço pode ser perfeitamente definido através do seu vetor de posição r
contendo três coordenadas rx , ry , e rz ,
 
rx
r =  ry  , (1.3)
 

rz
o qual deve ser entendido como,
r = rx ı̂ + ry ̂ + rz k̂ . (1.4)
O vetor r com os seus componentes (coordenadas) rx , ry , e rz é ilustrado em
fig. 1.2.
O comprimento de um vetor, r = |r|, representa uma grandeza escalar
obtenı́vel através do teorema de Phythagoras,
 1/2
r = |r| = rx2 + ry2 + rz2 . (1.5)
4 CAPÍTULO 1. REVISÃO DA MECÂNICA CLÁSSICA

y :r
rz

rx ry
x

Figura 1.2: Vetores r da eq. (1.3) com seus componentes no sistema de coor-
denadas Cartesiana da fig. 1.1.

Essa equação mostra que o conhecimento do comprimento r de um vetor


dispensa o conhecimento de uma das coordenadas. Escrevendo a eq. (1.5)
como,
 1/2
rz = r 2 − rx2 − ry2 ,

demonstra que as três informações r, rx , e ry caracterizam também perfeita-


mente o vetor r. Nesse manuscrito, define-se as informações necessárias para
criar perfeitamente o vetor de posição de um ponto como graus de liberdade.
Assim, no sistema de coordenadas de três dimensões, cada ponto possui três
graus de liberdade.
Divindo os componentes de um vetor por seu comprimento, obtém-se o
vetor unitário r̂ correspondente,
   
r̂x rx /r
r
r̂ =  r̂y  =  ry /r  = . (1.6)
   
r
r̂z rz /r

Observa-se que a definição de um vetor unitário (⇒ r = 1), precisa ape-


nas dois dos três cosenos de direção rr /r, ry /r, e rz /r. Esses dois cosenos
de direção descrevem a orientação do vetor r no espaço. Alternativamente,
pode-se definir dois ângulos caracterı́sticos para orientar um vetor com com-
primento r no espaço.
1.1. COORDENADAS E GRAUS DE LIBERDADE 5

y :r
rz θ
: 0
rx φ ry r
x

Figura 1.3: Definição dos ângulos esféricos θ e φ para o vetor r da fig. 1.2. r 0
representa a projeção de r para o plano xy.

Definindo dois ângulos θ e φ para a orientação espacial do vetor r e


utilizando o seu comprimento r, os três graus de liberdade para criar r podem
ser descritos por coordenadas diferentes. Uma alternativa importante para a
representação do sistema Cartesiano é fornecida pelo sistema de coordenadas
esféricas. Nessa referência, utiliza-se θ, como ângulo entre r e o eixo z do
sistema Cartesiano, e φ, como ângulo azimutal entre o eixo x do sistema
Cartesiano e a projeção de r para dentro do plano xy, como coordenadas
angulares definindo a orientação do vetor r no espaço. A fig. 1.3 demonstra
a definição das duas coordenadas esféricas angulares.
Desenvolve-se as relações entre coordenadas Cartesianas e coordenadas
esféricas. Da fig. 1.3, reconhece-se que as grandezas rz , r, e r0 representam
lados de um triângulo retângulo. Desse triângulo, pode-se definir cos θ = rz /r
e sin θ = r 0 /r. Além disso, pode-se construir o triângulo retângulo com os
lados rx , ry , e r0 definindo cos φ = rx /r 0 e sin φ = ry /r 0 . Utilizando r 0
das definições para cos φ e sin φ em sin θ fornece rx e ry , respectivamente,
enquanto a equação para cos θ produz rz . Assim, define-se as coordenadas
Cartesianas através dos coordenadas esféricas r, θ, e φ conforme,

rx = r sin θ cos φ ,
ry = r sin θ sin φ , (1.7)
rz = r cos θ ,
6 CAPÍTULO 1. REVISÃO DA MECÂNICA CLÁSSICA

com a região de definição dada por,

0 ≤ φ ≤ 2π , 0 ≤ θ ≤ π, 0 ≤ r < ∞. (1.8)

Recorda-se ainda (sem prova) que o elemento de volume Cartesiano dxdydz


transforma conforme,

dx dy dz = dφ sin θ dθ r 2 dr . (1.9)

A escolha do tipo de coordenadas para descrever um sistema fı́sico de-


pende do sistema. Por exemplo, discutindo um ponto viajando pelo espaço
(movimento translacional) muda as três coordenadas rx , ry , e rz . Para esse
tipo de movimentação, a escolha do sistema Cartesiano aparece natural.
Porém, outras formas de movimentação, como por exemplo a rotação com
r = const, aparecem facilitadas no sistema esférico. Descrevendo esse movi-
mento rotacional através de coordenadas Cartesianas pode ser reduzido à
movimento do vetor unitário r̂ (r = const) da eq. (1.6) ainda dependendo de
três coordenadas rx , ry , e rz , com redução de graus de liberdade para dois
utilizando a eq. (1.5). No sistema esférico, r representa uma das três coor-
denadas. Com r = const, o movimento rotacional pode ser naturalmente
reduzido à dependência apenas das duas coordenadas angulares φ e θ.

1.2 Equação de Movimento


O objetivo principal da mecânica clássica consiste na previsão do fúturo do
sistema descrito, ou seja, na obtenção da posição r em função do tempo t. A
dependência temporal é introduzida através da velocidade v,

d
v = r(t) . (1.10)
dt
Essa equação pode ser rearranjada,

dr(t) = v dt , (1.11)

ou,
Z r(t) Z t
dr(t) = v dt .
r0 0
1.2. EQUAÇÃO DE MOVIMENTO 7

A integração entre um tempo inicial, t = 0 (=⇒ r(t = 0) = r0 ), e final,


t, pode ser desenvolvida assumindo a velocidade v como independente do
tempo com o valor inicial v0 ,

r(t) = v0 t + r0 . (1.12)

Para sistemas accelerados, v0 não é independente do tempo e a integração


desenvolvida é proı́bida. Define-se a acceleração a como derivada temporal
da velocidade,
d
a = v. (1.13)
dt
Rearranjando fornece,
Z v(t) Z t
dv(t) = a dt ,
v0 0

com solução possı́vel para accelerações constantes (a = const),

v(t) = at + v0 .

Substituindo na definição da velocidade (1.11),

dr(t) = at dt + v0 dt , (1.14)

e integrando entre t = 0 e t fornece,


1 2
r(t) = at + v0 t + r0 . (1.15)
2
As eqs. (1.12) e (1.15) representam equações de movimento fornecendo
r(t). A eq. (1.12) vale para a movimentação com velocidade constante, en-
quanto a eq. (1.15) também incluı́ sistemas constantemente accelerados. Po-
de-se continuar a incluir sistemas com accelerações variando no tempo através
de definir a derivada temporal de a,
d
b = a,
dt
ou, em forma integrada (b como constante),

a(t) = bt + a0 .
8 CAPÍTULO 1. REVISÃO DA MECÂNICA CLÁSSICA

Substituição na eq. (1.14) e integrando repete o esquema apresentado para


chegar à eq. (1.15) envolvendo um termo proporcional a t3 . Porém, esse
formalismo puramente matemático não é necessário para o sistema fı́sico,
como é demonstrado em seguida. Os sistemas fı́sicos obedecem equações de
movimento do tipo (1.15) precisando como condições iniciais as velocidades
v0 e posições r0 .

1.3 Mecânica Newtoniana


Para aplicar as equações de movimento ao sistema fı́sico, define-se a partı́cula
possuindo massa m representada por um ponto (melhor: a partı́cula possui
um volume próprio neglenciável contra o volume acessı́vel) com posição inicial
r0 e velocidade inicial v0 . Coordenando a massa e a velocidade, o primeiro
teorema de Newton fornece o momento linear p para a partı́cula,

p = mv . (1.16)

O momento linear representa uma grandeza que muito bem distingue o im-
pacto de massas diferentes viajando com a mesmo velocidade.
Efeitos de acceleração mudam v e, conseqüentemente, o momento linear
(1.16). O segundo teorema de Newton define essas mudanças como força F,
d
F = p. (1.17)
dt
Assume-se que essa força desloca a partı́cula no intervalo dt por dr entre
dois pontos 1 e 2. Define-se o trabalho aplicado na partı́cula ao longo desse
deslocamento,
Z 2
W12 = F · dr . (1.18)
1

O produto · representa o produto escalar entre os dois vetores. Considerando


dois vetores a e b, o produto escalar é definido por,

a · b = a x bx + a y by + a z bz . (1.19)

Com a força (1.17) e a definição (1.10) da velocidade linear, W12 torna-se,


Z 2 d
W12 = p · v dt .
1 dt
1.3. MECÂNICA NEWTONIANA 9

A definição do momento (1.16) fornece v = p/m. Cortando dt na integral,


obtém-se,
Z 2 p
W12 = dp · ,
1 m
Tirando a massa da integral, pode-se integrar. A função superior de p · dp é
p2 /2 = p · p/2, ou seja,
1 p · p 2

W12 = ,
m 2 1
p2 (2) p2 (1)
= − ,
2m 2m
com p2 representando o produto escalar de p consigo mesmo. Esse resul-
tado mostra que o trabalho aplicado depende da diferença de termos p2 /2m,
definidos como energia cinétia,
W12 = T2 − T1 . (1.20)
Escreve-se a definição da energia cinética T ,
p2
T = . (1.21)
2m
Introduzindo a definição do momento linear (1.16), a energia cinética torna-
se,
1 2 1
T = mv = mv · v . (1.22)
2 2
Observa-se que a derivada de T com respeito a v fornece o momento linear
(1.16),
d
T = mv = p . (1.23)
dv
Para forças conservadoras (descritas através de leis que não exı́bem ex-
plicitamente dependência temporal), o trabalho W12 é independente do ca-
minho escolhido entre os pontos 1 e 2. Da análise vetorial, sabe-se que essa
propriedade de W12 apenas aparece quando a força F representa um gradi-
ente negativo de uma função escalar das coordenadas. Chamando essa função
V (r) (energia potencial), a força tem que ser representada por,
F = −∇V (r) , (1.24)
10 CAPÍTULO 1. REVISÃO DA MECÂNICA CLÁSSICA

com o gradiente ∇ definido como,


 
∂/∂x
d
∇ =  ∂/∂y  = . (1.25)
 
dr
∂/∂z
Substituindo a força (1.24) no trabalho (1.18), obtém-se
2 d
Z
W12 = − V (r) · dr ,
1 dr
e, após corte de dr,
Z 2
W12 = − dV (r) .
1
A integral produz V (r) como função superior, ou seja,
W12 = V1 − V2 , (1.26)
descrevendo o trabalho aplicado como diferença nos potenciais entre os pon-
tos. Essa equação também mostra que os valores absolutos para V1 e V2
não são importantes para definir W12 , mas sim a diferença. Esse fato abre a
possibilidade de definir abritrariamente o ponto zero da energia (potencial).
A comparação das duas expressões para W12 (1.20) e (1.26) mostra que a
diferença na energia cinética é compensada pela diferença na energia poten-
cial,
T2 − T 1 = V 1 − V 2 .
Comparando os pontos 1 e 2,
T2 + V 2 = V 1 + T 1 , (1.27)
mostra que a soma das duas energias fica conservada ao longo da trajetória
do sistema.
A equação de movimento de Newton pode ser construı́da através de com-
parar as forças (1.17) e (1.24),
d
p = −∇V (r) .
dt
Utilizando a eq. (1.23) e transferindo o gradiente no potencial para o lado
esquerdo, obtém-se,
d d
T + ∇V (r) = 0 . (1.28)
dt dv
Essas equações de movimento são formulados para o sistema Cartesiano.
1.3. MECÂNICA NEWTONIANA 11

1.3.1 Oscilador Harmônico Tridimensional


Como exemplo de aplicação, utiliza-se o oscilador harmônico (pêndulo) de
três dimensões. O oscilador possui massa m e constante de força k. Facilita-
se o tratamento através de postular a mesma constante de força para as três
dimensões (oscilador isotrôpico). O potencial desse oscilador é o potencial
harmônico (potencial de mola ou potencial de Hook),
1 2
V (r) = kr , (1.29)
2
com r 2 = r·r. A energia cinética T do oscilador é representada pela eq. (1.22).
Escreve-se a equação de movimento (1.28) para o sistema,
d d 1 d 1
mv · v + kr · r = 0 .
dt dv 2 dr 2
Aplicando os operadores diferenciais d/dv e d/dr, obtém-se,
d
mv + kr = 0 .
dt
Tratando a massa como independente do tempo, substituindo v por sua
definição (1.10) e colocando o segundo termo para o lado direito, a equação
de movimento para o oscilador torna-se,
d2
m r(t) = −kr(t) . (1.30)
dt2
Introduz-se a freqüência própria (em termos da freqüência angular) do os-
cilador,
s
k
ω0 = , (1.31)
m
e rearranja-se a eq. (1.31) através de dividir pela massa m,

d2
2
r(t) = −ω02 r(t) . (1.32)
dt
Nessa forma, a equação de movimento representa uma equação diferencial de
segunda ordem mostrando a segunda derivada da função r(t) como propor-
cional a função r(t).
12 CAPÍTULO 1. REVISÃO DA MECÂNICA CLÁSSICA

Funções como essa propriedade são conhecidas. Cita-se como exemplos o


seno, o coseno, e exponenciais. Aqui, tenta-se o seno, ou seja,

r(t) = A sin [at + b] , (1.33)

com A, a, e b representando constantes (parâmetros) a serem determinados


(aqui, assumiu-se que esses parâmetros sejam iguais para as três direções
e economizou-se a anotação vetorial para A e b). A proposta (1.33) é uma
solução para a equação de movimento quando a sua segunda derivada tempo-
ral produzir a eq. (1.32). Calcula-se a segunda derivada da proposta (1.33).
Derivando o seno fornece o coseno multiplicado pela derivada temporal do
argumento no seno, ou seja,
d
r(t) = Aa cos [at + b] .
dt
Derivando de novo com respeito a t considerando que a derivada do coseno
fornece o negativo do seno, obtém-se,
d2
r(t) = −Aa2 sin [at + b] .
dt2
Comparando com a proposta (1.33) fornece,

d2
r(t) = −a2 r(t) , (1.34)
dt2
ou seja, a proposta (1.33) reproduz a equação de movimento (1.32) quando,

a2 = ω02 . (1.35)

Resume-se: O oscilador harmônico de três dimensões possui a solução


(1.33). Precisa-se ainda preencher os parâmetros A, a, e b com sentido fı́sico.
A eq. (1.35) foi obtida especificando o parâmetro a, ou seja, a solução (1.33)
pode ser formulado como,

r(t) = A sin [ω0 t + b] . (1.36)

Sabe-se que o oscilador harmônico possui a posição inicial r0 e a velocidade


inicial v0 . Para t = 0, a eq. (1.36) fornece,

r0 = A sin [b] . (1.37)


1.3. MECÂNICA NEWTONIANA 13

Calculando a velocidade v(t) do oscilador através da definição (1.10), obtém-


se da eq. (1.36),
d
v(t) = r(t) = Aω0 cos [ω0 t + b] ,
dt
produzindo para t = 0,
v0 = Aω0 cos [b] . (1.38)
As duas equações (1.37) e (1.38) representam um sistema de equações (duas
equações contendo as duas grandezas não especificadas A e b) permitindo
a obtenção de A e b em termos das condições iniciais r0 e v0 do oscilador
harmônico. O cálculo é um pouco trabalhoso e não é desenvolvido aqui.
Refere-se o leitor interessado a livros-texto da mecânica clássica.

1.3.2 Partı́cula no Potencial Geral


Como um segundo exemplo, discute-se a partı́cula em um potencial geral
V (r). Localizando esse potencial no origim do sistema Cartesiana, o potencial
depende apenas do comprimento (1.5) do vetor de posição r da partı́cula.
Assim, o potencial pode ser anotado como V (r). Na equação de movimento
(1.28), precisa-se o gradiente no potencial. Anota-se o gradiente através da
eq. (1.25), ou seja,
d
∇V (r) = V (r) .
dr
Tendo em vista que o potencial V (r) não envolve explicitamente os compo-
nentes do vetor r, mas apenas o seu comprimento, desloca-se a derivada d/dr
para d/dr. Multiplicando o lado direito da última equação por dr/dr = 1 e
trocando a ordem da diferenciação, obtém-se,
dr dV (r) dV (r) dr
∇V (r) = = .
dr dr dr dr
Comparando o comprimento
√ r (1.5) com a definição do produto escalar

(1.19), acha-se r = r · r. Derivando com respeito a r produz r/ r · r.
Aqui, o denominador pode ser identificado por r fornecendo a derivada de r
com respeito a r através de r/r, ou seja, como o vetor unitário r̂ da eq. (1.6).
Com essas considerações, o gradiente em V (r) torna-se,
dV (r)
∇V (r) = r̂ . (1.39)
dr
14 CAPÍTULO 1. REVISÃO DA MECÂNICA CLÁSSICA

Utiliza-se esse resultado na equação de movimento (1.28) com a energia


cinética (1.22),

d d 1 dV (r)
mv · v + r̂ = 0 ,
dt dv 2 dr
Criando a derivada com respeito a v no termo cinético e substituindo v
por sua definição (1.10) fornece a equação de movimento em coordenadas
Cartesianas,

d2 dV (r(t))
m 2 r(t) + r̂(t) = 0 . (1.40)
dt dr
Para um potencial qualquer, essa equação de movimento representa uma
construção complicadı́ssima. Através do potencial e do vetor unitário, os três
coordenadas Cartesianas são acoplados. Existem poucos casos permitindo o
desacoplamento de coordenadas Cartesianas na eq. (1.40). O exemplo na
seção 1.3.1 representa um desses casos raros.

1.4 Coordenadas Generalizadas


A escolha de sistemas Cartesianas para montar uma equação de movimento
não representa sempre a melhor opção. Existe um formalismo permitindo
a transformação da mecânica clássica Newtoniana do sistema Cartesiano
para um sistema de coordenadas generalizadas. Essa transformação parte
da relação entre o novo conjunto de coordenadas generalizadas q1 , q2 , e q3
e as coordenadas Cartesianas rx , ry , e rz , as quais podem ser escritas em
função das coordenadas generalizadas,

rx = f (q1 , q2 , q3 ) ,
ry = g(q1 , q2 , q3 ) , (1.41)
rz = h(q1 , q2 , q3 ) .

As eqs. (1.7) definindo as coordenadas esféricas representam um exemplo para


esse tipo de relações (q1 =r,
ˆ q2 =θ,
ˆ q3 =φ).
ˆ Como as coordenadas Cartesianas,
as coordenadas generalizadas precisam representar um conjunto de variáveis
independentes.
A receita para chegar às equações de movimento consiste da substituição
das coordenadas Cartesianas pelas coordenadas generalizadas utilizando as
1.4. COORDENADAS GENERALIZADAS 15

eqs. (1.41). Porém, precisa-se também substituir as velocidades Cartesianas


vx , vy , e vz . Tendo a coordenada rx como função das qi , pode-se deslocar
a derivada temporal definindo vx conforme eq. (1.10) para as coordenadas
generalizadas. Utilizando vx como exemplo, parte-se da sua definição (1.10),

d
vx = rx .
dt
Através da primeira relação das eqs. (1.41), sabe-se que a dependência tem-
poral em rx é uma conseqüência das dependências temporais nas qi . Assim,
desloca-se a derivada temporal agindo em rx ,

∂rx ∂rx ∂rz


vx = q̇1 + q̇2 + q̇3 , (1.42)
∂q1 ∂q2 ∂q3

e, em analogia para vy e vz . Em anotação vetorial, essa equação torna-se,

∂r ∂r ∂r
v = q̇1 + q̇2 + q̇3 . (1.42)
∂q1 ∂q2 ∂q3

Nas eqs. (1.42), abreviou-se,

∂qi
q̇i = , (1.43)
∂t
ou seja, escrevendo as velocidades generalizadas como q̇i ,
Em analogia com a eq. (1.24) pode-se definir uma força generalizada. Es-
crevendo um componente da força (1.24), como por exemplo,


Fx = − V (r) ,
∂rx

utiliza-se a derivada parcial do potencial V (r) com respeito a uma coordenada


geral para obter uma força geral Qi ,

∂V ∂V (r) ∂rx ∂V (r) ∂ry ∂V (r) ∂rz


Qi = − = − − − , (1.44)
∂qi ∂rx ∂qi ∂ry ∂qi ∂rz ∂qi

onde a segunda parte foi obtida através de deslocar a derivada em qi ex-


plicitamente para as coordenadas Cartesianas definidas nesse sentido pelas
eqs. (1.41).
16 CAPÍTULO 1. REVISÃO DA MECÂNICA CLÁSSICA

O mesmo procedimento pode ser aplicado para obter o momento gene-


ralizado. A eq. (1.23) mostra o momento linear como derivada da energia
cinética Cartesiana com respeito à velocidade, como por exemplo, para o
componente x do momento,

px = T (v) .
∂vx
O momento generalizado segue essa definição (pelo menos para os potenciais
conservadoros tratados aqui). Assim, o momento correspondendo à coorde-
nada qi pode ser calculado através de,
∂T ∂T (v) ∂vx ∂T (v) ∂vy ∂T (v) ∂vz
p qi = = + + , (1.45)
∂ q̇i ∂vx ∂ q̇i ∂vy ∂ q̇i ∂vz ∂ q̇i

com a segunda parte da equação respeitando que as velocidades Cartesianas


envolvem as velocidades gerais conforme eq. (1.42).
Em seguida, aplica-se esses resultados à transformação para coordenadas
esféricas definida na eq. (1.7),

rx = r sin θ cos φ ,
ry = r sin θ sin φ ,
rz = r cos θ .

Na definição das velocidades Cartesianas (1.42), aparecem as derivadas para


coordenadas Cartesianas com respeito às coordenadas generalizadas. Uti-
lizando as eqs. (1.7), essas derivadas podem ser calculadas,
∂rx
= sin θ cos φ ,
∂r
∂ry
= sin θ sin φ ,
∂r
∂rz
= cos θ ,
∂r
∂rx
= r cos θ cos φ ,
∂θ
∂ry
= r cos θ sin φ , (1.46)
∂θ
∂rz
= −r sin θ ,
∂θ
1.4. COORDENADAS GENERALIZADAS 17

∂rx
= −r sin θ sin φ ,
∂φ
∂ry
= r sin θ cos φ ,
∂φ
∂rz
= 0.
∂φ
Introduzindo na eq. (1.42) produz as velocidades Cartesianas,
∂rx ∂rx ∂rx
vx = ṙ + θ̇ + φ̇
∂r ∂θ ∂φ
= ṙ sin θ cos φ + θ̇r cos θ cos φ − φ̇r sin θ sin φ , (1.47)
∂ry ∂ry ∂ry
vy = ṙ + θ̇ + φ̇
∂r ∂θ ∂φ
= ṙ sin θ sin φ + θ̇r cos θ sin φ + φ̇r sin θ cos φ , (1.48)
∂rz ∂rz ∂rz
vz = ṙ + θ̇ + φ̇
∂r ∂θ ∂φ
= ṙ cos θ − θ̇r sin θ + 0 . (1.49)

Através das eqs. (1.47)-(1.49), pode-se formular a energia cinética (1.22). Es-
crevendo explicitamente o produto escalar v·v utilizando a eq. (1.19), obtém-
se,
1  2 
T = m vx + vy2 + vz2 .
2
Substituindo as velocidades Cartesianas pelas eqs. (1.47)-(1.49), a energia
cinética transforma para velocidades generalizadas. A algebra fica um pouco
trabalhoso inicialmente,
1  2 2
T = m ṙ sin θ cos2 φ + 2ṙθ̇ sin θ cos θ cos2 φ − 2ṙ φ̇ sin2 θ sin φ cos φ
2
+ θ̇ 2 r 2 cos2 θ cos2 φ − 2θ̇ φ̇r 2 sin θ cos θ sin φ cos φ + φ̇2 r 2 sin2 θ sin2 φ
+ ṙ 2 sin2 θ sin2 φ + 2ṙ θ̇ sin θ cos θ sin2 φ + 2ṙφ̇ sin2 θ sin φ cos φ
+ θ̇ 2 r 2 cos2 θ sin2 φ + 2θ̇ φ̇r 2 sin θ cos θ sinφ cos φ + φ̇2 r 2 sin2 θ cos2 φ
+ ṙ 2 cos2 θ − 2ṙθ̇ sin θ cos θ + θ̇ 2 r 2 sin2 θ .

Nessa equação, as primeiras duas linhas representam vx2 , as linhas três e


quatro vy2 , e a última linha vz2 . Simplifica-se: O último termo da primeira
18 CAPÍTULO 1. REVISÃO DA MECÂNICA CLÁSSICA

linha cancela o último termo na terceira linha. Também os termos no meio


das linhas 2 e 4 cancelam. O primeiro termo da primeira linha pode ser
juntado com o primeiro termo da terceira linha produzindo ṙ 2 sin2 θ (cos2 φ +
sin2 φ = 1). Com o mesmo argumento junta-se: o segundo termo da primeira
linha com o segundo termo da terceira linha produzindo 2ṙ θ̇ sin θ cos θ, os
primeiros termos das linhas 2 e 4 fornecendo θ̇ 2 r 2 cos2 θ, e os últimos termos
das linhas 2 e 4 dando φ̇2 r 2 sin2 θ. O resultado dessas manipulações é,
1  2 2
T = m ṙ sin θ + 2ṙθ̇ sin θ cos θ + θ̇ 2 r 2 cos2 θ
2 
+ φ̇2 r 2 sin2 θ + ṙ 2 cos2 θ − 2ṙ θ̇ sin θ cos θ + θ̇ 2 r 2 sin2 θ .
Continua-se simplificando: O segundo termo cancela o penúltimo. O primeiro
termo pode ser juntado com o quinto dando ṙ 2 , bem como o terceiro com o
último termo produzindo θ̇ 2 r 2 . O resultado final para a energia cinética só
dependendo de coordenadas esféricas é,
1  2 
T = m ṙ + θ̇ 2 r 2 + φ̇2 r 2 sin2 θ . (1.50)
2
Tendo a energia cinética, a eq. (1.45) fornece os momentos generalizadas
através da derivada parcial de T com respeito à velocidade geral. Utilizando
a eq. (1.50), os momentos do sistema esférico são calculados,
∂T
pr = = mṙ , (1.51)
∂ ṙ
∂T
pθ = = mθ̇r 2 , (1.52)
∂ θ̇
∂T
pφ = = mφ̇r 2 sin θ . (1.53)
∂ φ̇
Observa-se que a transformação da energia cinética e do momento para coor-
denadas esféricas produziu expressões que envolvem não apenas velocidades
generalizadas, mas também coordenadas generalizadas. Na energia cinética
(1.50), as coordenadas r e θ aparecem. Essas duas coordenadas também
entram no momentos angulares pθ (1.52) e pφ (1.53).

1.5 Mecânica Clássica Lagrangiana


Tendo introduzidas as coordenadas e velocidades generalizadas, pode-se ten-
tar levar a equação de movimento (1.28) do sistema Cartesiano para coor-
1.5. MECÂNICA CLÁSSICA LAGRANGIANA 19

denadas gerais. Com esse objetivo e considerando representativamente a


i-ésima coordenada generlaizada qi , multiplica-se a eq. (1.28) por ∂r/∂qi com
i para obter,
∂r d ∂T ∂r ∂V
+ = 0, (1.54)
∂qi dt ∂v ∂qi ∂r
com o gradiente ∇ da eq. (1.28) representado pelo diferencial ∂/∂r conforme
eq. (1.25). Observa-se que o lado direito da eq. (1.28) é zero, ou seja, não
afetado pelo multiplicação por ∂r/∂qi .
Para reformular a primeira parte da eq. (1.54), analisa-se o termo,
d ∂T ∂r
.
dt ∂v ∂qi
Aplicando a regra do produto da diferenciação, esse termo produz,
d ∂T ∂r ∂r d ∂T ∂T d ∂r
= + .
dt ∂v ∂qi ∂qi dt ∂v ∂v dt ∂qi
Rearranja-se para isolar o termo cinético da eq. (1.54),
∂r d ∂T d ∂T ∂r ∂T d ∂r
= − .
∂qi dt ∂v dt ∂v ∂qi ∂v dt ∂qi
O lado direito pode ser simplificado. Da definição das velocidades generali-
zadas (1.42), acha-se a derivada ∂v/∂ q̇1 = ∂r/∂q1 permitindo a substituição
de ∂r/∂qi no primeiro termo do lado direito por ∂v/∂ q̇i . Trocando a ordem
da diferenciação no segundo termo, obtém-se,
∂r d ∂T d ∂T ∂v ∂T ∂ dr
= − .
∂qi dt ∂v dt ∂v ∂ q̇i ∂v ∂qi dt
A última derivada nessa equação, dr/dt, define a velocidade v da eq. (1.10),
ou seja,
∂r d ∂T d ∂T ∂v ∂T ∂v
= − .
∂qi dt ∂v dt ∂v ∂ q̇i ∂v ∂qi
Com esse resultado, entra-se na eq. (1.54) obtendo,
d ∂T ∂v ∂T ∂v ∂r ∂V
− + = 0.
dt ∂v ∂ q̇i ∂v ∂qi ∂qi ∂r
20 CAPÍTULO 1. REVISÃO DA MECÂNICA CLÁSSICA

Trocando a ordem de diferenciação em todos os termos e cortando dife-


renciais, chega-se à equação de movimento generalizada para a coordenada
qi ,

d ∂T ∂T ∂V
− + = 0, (1.55)
dt ∂ q̇i ∂qi ∂qi

como obtido séculos atrás por d’Alembert. Menciona-se que existe uma
equação desse tipo para cada coordenada generalizada.
Define-se a função de Lagrange como diferença entre as energias cinética
e potencial,

L(q̇, q) = T − V . (1.56)

Anotou-se explicitamente a dependência de L(q̇, q) para indicar que a função


de Lagrange precisa as energias cinética e potencial expressadas através das
variáveis generalizadas. A eq. (1.56) fornece T = L + V e V = T − L.
Substituindo T e V na eq. (1.55), a equação de movimento torna-se,

d ∂ (L + V ) ∂T ∂ (T − L)
− + = 0.
dt ∂ q̇i ∂qi ∂qi

Os potenciais V não dependem de velocidades, ou seja, a derivada ∂V /∂ q̇i


é zero. Considerando também que as duas derivadas parciais envolvendo
T cancelam, obtém-se a equação de movimento para a i-ésima coordenada
generalizada,

d ∂ ∂
L− L = 0. (1.57)
dt ∂ q̇i ∂qi

A eq. (1.57) representa a equação de movimento de Lagrange.


Para demonstrar que a equação de movimento de Lagrange é equivalente
a equação de movimento de Newton, utiliza-se o sistema de uma partı́cula
movimentando-se em uma dimensão, diga-se x, sob potencial V (rx ). Para
esse sistema simplês, rx representa a única possibilidade de definir o grau de
liberdade, ou seja, rx e vx são também coordenada e velocidade generalizada
respectivamente. Esse sistema possui a energia cinética (1.22),

1 2
T = mv , (1.58)
2 x
1.5. MECÂNICA CLÁSSICA LAGRANGIANA 21

produzindo a Lagrangiana (1.56),


1 2
L = mv − V (rx ) . (1.59)
2 x
Escreve-se a equação de movimento Newtoniana (1.28),

d d 1 2 dV (rx )
mvx + = 0,
dt dvx 2 drx
e aplica-se o operador diferencial d/dvx ,

d dV (rx )
mvx + = 0.
dt drx
Com vx = drx /dt, a derivada temporal produz a equação de movimento,

d2 dV (rx )
m 2
rx (t) + = 0, (1.60)
dt drx
a partir do formalismo Newtoniano.
Substituindo a Lagrangiana (1.59) na eq. (1.57) estabelece a equação de
movimento de Lagrange (com qi = rx e q̇i = vx ),
d ∂ 1 2 ∂ 1 2
   
mvx − V (rx ) − mv − V (rx ) = 0.
dt ∂vx 2 ∂rx 2 x
Com V (rx ) independente de vx e mvx2 não envolvendo rx , aplica-se d/dvx e
d/drx produzindo,
!
d dV (rx )
(mvx − 0) − 0− = 0.
dt drx

Com a definição da velocidade (1.10), a aplicação da derivada temporal


fornece,

d2 dV (rx )
m 2
rx (t) + = 0, (1.61)
dt drx
em concordância perfeita com a eq. (1.60). Demonstrou-se que o formalismo
de Lagrange e o formalismo de Newton são equivalentes na descrição do
sistema fı́sico.
22 CAPÍTULO 1. REVISÃO DA MECÂNICA CLÁSSICA

Para ilustrar um exemplo de aplicação das equações de movimento de


Lagrange, utiliza-se o sistema contendo uma partı́cula sob potencial V (r).
O formalismo Cartesiano para esse exemplo foi brevemente discutido na
seção 1.3.2 produzindo equações de movimento altamente acoplados. Aqui,
descreve-se esse exemplo utilizando coordenadas esféricas. A transformação
da energia cinética para o sistema de coordenadas esféricas foi desenvolvida
na seção (1.4). Obteve-se como resultado a eq. (1.50),
1  2 
T = m ṙ + θ̇ 2 r 2 + φ̇2 r 2 sin2 θ .
2
O potencial geral é V (r), ou seja, já contém r como coordenada esférica e
pode ser utilizado sem mudanças no formalismo Lagrangiano.
Monta-se a Lagrangiana (1.56) através de T e V ,
1  2 
L(ṙ, θ̇, φ̇, r, θ, φ) = m ṙ + θ̇ 2 r 2 + φ̇2 r 2 sin2 θ − V (r) . (1.62)
2
Escreve-se as equações de movimento (1.57) correspondentes. Obtém-se para
r,
d ∂ ∂
L− L = 0,
dt ∂ ṙ ∂r
produzindo com a Lagrangiana (1.62),

d dV (r)
mṙ − mθ̇ 2 r − mφ̇2 r sin2 θ + = 0. (1.63)
dt dr
Para θ, a equação de movimento (1.57) é,
d ∂ ∂
L− L = 0.
dt ∂ θ̇ ∂θ
Com a Lagrangiana (1.62), obtém-se,
d
mθ̇r 2 − mφ̇2 r 2 sin θ cos θ = 0 . (1.64)
dt
E, finalmente, a equação de movimento (1.57) para φ,
d ∂ ∂
L− L = 0,
dt ∂ φ̇ ∂φ
1.6. MECÂNICA CLÁSSICA HAMILTONIANA 23

que produz com a Lagrangiana (1.62),


d
mφ̇r 2 sin2 θ = 0 . (1.65)
dt
As três equações de movimento (1.63)-(1.65) não são triviais. Porém,
elas apresentam vantagens quando comparadas com as equações Newtonianas
(1.40). Por exemplo, o potencial aparece apenas na equação de movimento
para r (1.63), mas não nas equações para θ e φ. Assim, no formalismo
de coordenadas esféricas, não aparecem equações de movimento acopladas
através de V (r). Isso facilita bastante a busca de soluções. A outra grande
vantagem das equações de movimento em coordenadas esféricas pode ser vista
na eq. (1.65). O termo mφ̇r 2 sin2 θ é conhecido da eq. (1.53) como momento
angular pφ . Esse representa em geral uma grandeza conservada e pode ser
utilizado como constante nas outras duas equações de movimento. Para
ilustrar melhor esse aspecto, introduz-se ainda o formalismo Hamiltoniano
da mecânica clássica.

1.6 Mecânica Clássica Hamiltoniana


O terceiro formalismo importante da mecânica clássica foi introduzido por
Hamilton que utilizou coordenadas generalizadas e os momentos generaliza-
dos correspondentes como variáveis. Hamilton definiu a função de Hamilton
através de,
H(p, q) = pq̇ − L(q̇, q) . (1.66)
Para o sistema fı́sico com n graus de liberdades, soma-se sobre todos os
produtos pq̇. Para a partı́cula no espaço tridimensional, precisa-se três graus
de liberdade, ou seja,
H(p1 , p2 , p3 , q̇1 , q̇2 , q̇3 ) = p1 q̇1 + p2 q̇2 + p3 q̇3 − L(q̇1 , q̇2 , q̇3 , q1 , q2 , q3 )
3
X
= p1 q̇i − L(q̇1 , q̇2 , q̇3 , q1 , q2 , q3 ) . (1.67)
i=1

Construindo o diferencial total para H considerando as variáveis p, q, e q̇


como sugerida pela eq. (1.66). Considera-se o caso de uma dimensão, ou
seja, a eq. (1.66),
! ! !
∂H ∂H ∂H
dH = dp + dq̇ + . (1.68)
∂p q,q̇
∂ q̇ p,q̇
∂q p,q̇
24 CAPÍTULO 1. REVISÃO DA MECÂNICA CLÁSSICA

Os subscritos nos difernciais indicam que essas grandezas são mantidas con-
stantes em criar a derivada parcial considerada.
Trata-se os diferenciais na eq. (1.68) através de introduzir a Hamiltoniana
(1.66). Assim, o primeiro diferencial torna-se
∂H ∂
= (pq̇ − L)
∂p ∂p
= q̇ , (1.69)
onde foi reconhecido que a Lagrangiana L não envolve o momento p, ou seja,
∂L/∂p = 0. Introduzindo a Hamiltoniana (1.66) no segundo diferencial da
eq. (1.68), obtém-se,
∂H ∂
= (pq̇ − L)
∂ q̇ ∂ q̇
∂L
= p− = p − p = 0, (1.70)
∂ q̇
onde foi reconhecido que a Lagrangiana é L = T − V , que o potencial V
não envolve velocidades q̇ (∂V /∂ q̇ = 0), e que a derivada parcial da energia
cinética com respeito a q̇ fornece o momento conforme eq. (1.45). Com a
Hamiltoniana (1.66), o terceiro diferencial da eq. (1.68) torna-se,
∂H ∂
= (pq̇ − L)
∂q ∂q
∂L
= 0− .
∂q
Esse termo precisa um pouco mais atenção. A equação de movimento de
Lagrange (1.57) pode ser rearranjada produzindo,
∂L d ∂L
= .
∂q dt ∂ q̇
Substituindo no diferencial ∂H/∂q,
∂H d ∂L
= − .
∂q dt ∂ q̇
Como argumentado na obtenção da eq. (1.70), ∂L/∂ q̇ = p, ou seja,
∂H d
= − p = −ṗ , (1.71)
∂q dt
1.6. MECÂNICA CLÁSSICA HAMILTONIANA 25

com ṗ representando a derivada temporal do momento.


Substituı́-se as diferenciais (1.69)-(1.71) no diferencial total dH (1.68).
Obtém-se,
dH = q̇dp − 0dq̇ − ṗdq = q̇dp − ṗdq . (1.72)
Em outras palavras, o diferencial dH (1.72) não envolve um termo contendo
o diferencial dq̇, mas apenas dp e dq. Assim, conseguiu-se mostrar que a
Hamiltoniana representa apenas uma função de momentos e coordenadas
generalizadas, mas não das velocidades. Reconhecendo essa argumentação,
identifica-se as eqs. (1.69) e (1.71) como equações de movimento. Resume-se
essas duas equações de movimento de Hamilton para uma coordenada (1.69),
d ∂H
qi = q̇i = , (1.73)
dt ∂pi
e para o momento correspondente (1.71),
d ∂H
pi = ṗi = − . (1.74)
dt ∂qi
Obteve-se duas equações diferenciais como equações de movimento no for-
malismo de Hamilton para cada grau de liberdade. Em comparação, os
formalismos de Newton (1.28) e de Lagrange (1.57) produzem apenas uma
equação de movimento por grau de liberdades. Porém, as equações de movi-
mento (1.28) e (1.57) representam equações diferenciais da segunda ordem
(envolvendo d2 /dt2 ), enquanto o formalismo Hamiltoniano produz equações
diferenciais de primeira ordem.
Para aplicar o formalismo de Hamilton, precisa-se formular a Hamiltoni-
ana H dependente de momentos e coordenadas generalizadas. Isso é facili-
tado reconhecer o significativo fı́sico da função de Hamilton em termos das
energias cinética e potencial. Com a Lagrangiana L = T −V , a Hamiltoniana
(1.66) pode ser escrita,
H = pq̇ − T + V .
Para sistemas com potenciais independentes de p, como aqueles utilizados
aqui, a eq. (1.45) mostra que o momento pode ser substituı́do pela derivada
de T como respeito à velocidade, ou seja,
∂T
H = q̇ − T + V .
∂ q̇
26 CAPÍTULO 1. REVISÃO DA MECÂNICA CLÁSSICA

A energia cinética sempre envolve o quadrado de velocidades. Como exemplos


cita-se as eqs. (1.22) e (1.50). Assim, derivando T com respeito a q̇ produz
um termo linear em q̇ e um fator de dois, mas mantendo outras constantes
e variáveis. Multiplicando por q̇ recupera o termo quadrático em q̇, ou seja,
q̇∂T /∂ q̇ produz 2T ,
H = 2T − T + V = T + V . (1.75)
Concluı́-se que a Hamiltoniana representa a energia total do sistema, uma
grandeza que já foi comprovada pela eq. (1.27) como propriedades conservada
do sistema ao longo da sua trajetória, ou seja,
d
H = 0. (1.76)
dt
Utiliza-se em seguida o exemplo da partı́cula no potencial geral para ilustrar
como as equações de movimento de Hamiltom podem ser obtidos no sistema
Cartesiana e no sistema esférico.

1.6.1 Sistema Cartesiano


As equações de movimento de Hamiltonian (1.73) e (1.74) precisam da Hamil-
toniana expressada dependente de momentos e coordenadas. Utilizando a
Hamiltoniana (1.75) e aplicando o formalismo Cartesiano definindo px , py ,
pz , rx , ry , e rz como variáveis, a energia cinética em termos de momentos foi
obtido na eq. (1.21) como T = p2 /2m e p2 representando o produto escalar
(1.19) do momento consigo mesmo,
1  2 
T = px + p2y + p2z . (1.77)
2m
O potencial representa uma função das coordenadas, V (r) = V (rx , ry , rz ).
Assim, a Hamiltoniana (1.75) torna-se
1  2 
H = px + p2y + p2z + V (rx , ry , rz ) . (1.78)
2m
para o sistema Cartesiano.
Conforme eq. (1.73), derivando com respeito a um momento produz a
velocidade correspondende, ou seja,
d ∂H px
rx = = ,
dt ∂px m
1.6. MECÂNICA CLÁSSICA HAMILTONIANA 27

d ∂H py
ry = = , (1.79)
dt ∂pz m
d ∂H pz
rz = = .
dt ∂pz m
A eq. (1.16) mostra que os as frações px /m, py /m, e pz /m representam as
velocidades vx , vy , e vz , ou seja, as eqs. (1.79) representam equações de movi-
mento simples do tipo (1.10).
A eq. (1.74) produz derivadas temporais para os momentos através das
derivadas parciais da Hamiltoniana com respeito às coordenadas. Com a
Hamiltoniana (1.78), calcula-se,
d ∂H ∂V (rx , ry , rz )
px = − = − ,
dt ∂rx ∂rx
d ∂H ∂V (rx , ry , rz )
py = − = − , (1.80)
dt ∂ry ∂ry
d ∂H ∂V (rx , ry , rz )
pz = − = − .
dt ∂rz ∂rz
Essas equações de movimento contém no lado direito as forças Fx , Fy , e Fz
da eq. (1.24). As eqs. (1.79) e (1.80) representam um conjunto de equações
de movimento acoplados e precisam ser resolvidas simultaneamente. Para
detalhes, refere-se o leitor interessado para livros-texto da mecânica clássica.

1.6.2 Sistema Esférico


No sistema esférico, precisa-se a Hamiltoniana transformada para momentos
e coordenadas esféricos. A transformação da energia cinética Cartesiana para
o sistema esférico foi desenvolvida na seção 1.4 produzindo a eq. (1.50),
1  2 
T = m ṙ + θ̇ 2 r 2 + φ̇2 r 2 sin2 θ . (1.50)
2
Precisa-se ainda substituir as velocidades generalizadas e introduzir os mo-
mentos correspondentes, ou seja, introduzir pr , pθ , e pφ ao lugar de ṙ, θ̇, e φ̇.
Os momentos já foram obtidos nas eqs. (1.51)-(1.53),

pr = mṙ , (1.51)
pθ = mθ̇r 2 , (1.52)
pφ = mφ̇r 2 sin θ . (1.53)
28 CAPÍTULO 1. REVISÃO DA MECÂNICA CLÁSSICA

Utiliza-se essas equações para eliminar as velocidades na energia cinética. A


eq. (1.51) fornece ṙ = pr /m, a eq. (1.52) produz θ̇ = pθ /mr 2 , e a eq. (1.53)
define φ̇ = pφ /mr 2 sin2 θ. Introduzindo esses resultados na eq. (1.50) fornece
a energia cinética em termos de momentos e coordenadas gerais,
p2 p2φ
!
1
T = p2r + 2θ + 2 2 . (1.81)
2m r r sin θ
O potencial geral, V (r), já envolve a coordenada esférica. Assim, a Hamilto-
niana (1.78) torna-se,

p2 p2
!
1
H = p2r + 2θ + 2 φ 2 + V (r) , (1.82)
2m r r sin θ
no sistema esférico.
Monta-se as equações de movimento de Hamilton com a Hamiltoniana
(1.82). Para as coordenadas, obtém-se através da eq. (1.73),
d ∂H pr
r = = ,
dt ∂pr m
d ∂H pθ
θ = = , (1.83)
dt ∂pθ mr 2
d ∂H pφ
φ = = .
dt ∂pφ mr sin2 θ
2

A Hamiltoniana (1.82) inserida na eq. (1.73) fornece as equações de movi-


mento para os momentos,
1 p2θ p2φ
!
d ∂H dV (r)
pr = − = + − ,
dt ∂r m r3 r 3 sin2 θ dr
d ∂H p2 cos θ
pθ = − = φ 3 , (1.84)
dt ∂θ m sin θ
d ∂H
pφ = − = 0.
dt ∂φ
Observa-se aqui que o momento pφ não envolve dependência temporal. No
sistema esférico (veja fig. 1.3), o ângulo φ é definido dentro do plano xy do
sistema Cartesiano, ou seja, o ângulo φ muda girando o eixo z. Assim,
conseguiu-se mostrar que o componente z do momento angular no sistema
esférico representa uma propriedade conservada.
1.7. GRAUS DE LIBERDADE DE DIATÔMICOS 29

1.7 Graus de Liberdade de Diatômicos


A transformação de um sistema de coordenadas Cartesianas para o sis-
tema de coordenadas esféricas é muito útil na discussão de propriedades
de moléculas. Em geral, separa-se a forma de movimentação de moléculas
em três categórias: i) translação, ii) rotação, e iii) vibração. Nessa seção,
descreve-se essa separação utilizando os conceitos da transformação de coor-
denadas aplicados a moléculas diatómicas.
Considera-se a molécula diatómica como um sistema composto por dois
pontos de massa, m1 e m2 , separados por um vetor r. Para descrever o
sistema de duas partı́culas, precisa-se os seus vetores de posição r1 e r2 , cada
um composto por coordenadas Cartesianas no sentido da eq. (1.3),
   
rx,1 rx,2
r1 =  ry,1  e r2 =  ry,2  . (1.85)
   

rz,1 rz,2
A eq. (1.85) mostra que seis coordenadas são necessárias para especificar a
molécula diatómica. Essa seis coordenadas representam os seis graus de
liberdade da molécula. A fig. 1.4 mostra a definição dos vetores de posição
das duas partı́culas formando a molécula diatómica.
O vetor de separação r entre as duas massas é obtenı́vel através da
diferença dos dois vetores de posição, ou seja,
r = r 2 − r1 , (1.86)
e possui os componentes,
 
rx = rx,2 − rx,1
r =  ry = ry,2 − ry,1  . (1.87)
 

rz = rz,2 − rz,1
O módulo de r representa a distância r entre as duas massas, como definida
pela eq. (1.5). Para a molécula em um estado equilibrado, pode-se interpretar
a distâncias r como comprimento de ligação. A definição de r também é
ilustrada na fig. 1.4.
A energia cinética T do sistema pode ser obtida somando as energias
cinéticas para os seis graus de liberdade envolvidos. No sentido da eq. (1.22),
obtém-se,
1 1
T = m1 v1 · v 1 + + m2 v2 · v 2 , (1.88)
2 2
30 CAPÍTULO 1. REVISÃO DA MECÂNICA CLÁSSICA
y

m1


r
r1 >•
R
~
1 m2
r2

x
Figura 1.4: Modelo para a molécula diatómica contendo os dois átomos com
massas m1 e m2 com seus vetores de posição r1 e r2 . O vetor r representa o
vetor de separação entre os dois átomos da eq. (1.86). O centro de massa da
molécula (indicado pelo sı́mbolo •) possui o vetor de posição R da eq. (1.91).

onde vi representa o vetor de velocidade da i-ésima partı́cula, definida através


da derivada temporal do vetor de posição ri correspondente.
Nesse ponto, oferece-se uma transformação dos graus de liberdade. Utili-
za-se o teorema do centro de massa,

M R = m 1 r1 + m 2 r2 , (1.89)

para determinar o vetor posição R (com componentes Cartesianos RX , RY ,


e RZ ) do centro de massa da molécula. Na eq. (1.89), M representa a massa
molecular obtenı́vel através de somar as massas particulares,

M = m 1 + m2 . (1.90)

Assim, a posição do centro de massa fica em,


m1 r 1 + m 2 r 2
R = . (1.91)
M
O vetor R foi incluı́do na fig. 1.4.
1.7. GRAUS DE LIBERDADE DE DIATÔMICOS 31

Pode-se entender o centro de massa do sistema como o ponto carregando


a massa inteira M do sistema. O movimento deste ponto pode ser descrito
como um movimento translacional (para um ponto de massa, a translação
é a única forma de movimento) do sistema inteiro. Utilizando a eq. (1.22),
pode-se definir a energia cinética translacional,

1
Ttrans = MV · V , (1.92)
2
onde V representa a velocidade do centro de massa definida como derivada
temporal de R no sentido da eq. (1.10),

d
V = R. (1.93)
dt
Relaciona-se agora os vetores de posição r1 e r2 com o centro de massa.
Pode-se calcular r1 através do teorema do centro de massa da eq. (1.89) como,

m1 r 1 = M R − m 2 r 2 . (1.94)

O vetor de posição r2 pode ser eliminado através do vetor de separação


definido na eq. (1.86),

r2 = r + r 1 . (1.95)

Substituindo na eq. (1.94),

m1 r 1 = M R − m 2 r − m 2 r 1 ,

isola-se termos contendo r1 ,

m1 r 1 + m 2 r 1 = M R − m 2 r ,

e, finalmente, após divisão por M = m1 + m2 ,


m2
r1 = R − r. (1.96)
M
Observa-se que o vetor de posição r1 da eq. (1.96) agora depende das coor-
denadas do centro de massa (em R) e do vetor de separação r.
32 CAPÍTULO 1. REVISÃO DA MECÂNICA CLÁSSICA

O vetor posição r2 pode ser relacionado com as mesmas grandezas através


de substituir r1 na eq. (1.95) pelo resultado (1.96). Obtém-se,
m2
r2 = r + R − r
M
M m2
= R+ r− r
M M
m1 + m 2 m2
= R+ r− r
M M
m1
= R+ r, (1.97)
M
onde a eq. (1.90) foi utilizada na terceira linha. As duas eqs. (1.96) e (1.97)
descrevem as posições r1 e r2 através da posição do centro de massa R e o
vetor de separação r. O sistema de coordenadas para R e r nessas equações
é aquele sistema Cartesiano da fig. 1.4.
Define-se um sistema novo de coordenadas com origim no centro de massa
da molécula através de subtrair R das relações para r1 e r2 . Chama-se r01
esse vetor descrevendo r1 relativo ao centro de massa,
m2
r01 = r1 − R = − r, (1.98)
M
e r02 o vetor representando r2 relativo ao centro de massa,
m1
r02 = r2 − R = r. (1.99)
M
A fig. 1.5 mostra os vetores r01 e r02 para a molécula diatómica da fig. 1.4.
Observa-se que as eqs. (1.98) e (1.99) não mudaram a orientação espacial e o
comprimento do vetor de separação r (1.86) entre as duas massas. Porém, o
ponto inicial do vetor r foi deslocado para o centro de massa do diatómico.
Usa-se coordenadas esféricas (1.7) nesse sistema novo de coordenadas para
transformar o vetor r,

rx = r sin θ cos φ ,
ry = r sin θ sin φ , (1.100)
rz = r cos θ ,

com os ângulos do sistema esférico definidos pela fig. 1.3. Assim, cada mu-
dança nos componentes de r pode ser relacionada com mudanças em θ e φ
1.7. GRAUS DE LIBERDADE DE DIATÔMICOS 33

m1
I
r01

• x
r02
~ m2

Figura 1.5: A molécula diatómica da fig. 1.4 relativo ao centro de massa como
descrito pelos vetores r01 (1.98) e r02 (1.99).

(orientação do vetor) descrevendo a rotação da molécula diatómica e com


mudanças em r (comprimento do vetor) descrevendo um aumento ou uma
diminuição da ligação quı́mica do diatómica (vibração). Reconhece-se que
essas mudanças não interferem na posição do centro de massa, ou seja, não
mudam o movimento translacional da molécula.
Tenta-se agora separar os três tipos de movimentação da molécula diató-
mica. As seis coordenadas novas permitindo a separação são as três coor-
denadas do centro de massa RX , RY , e RZ representando os três graus de
liberdade translacionais, os dois ângulos θ e φ representando os dois graus de
liberdade rotacionais, e a distância r representando a vibração como sexto
grau de liberdade do diatómico. Tendo definidas essas coordenadas, precisa-
se transformar as equações de movimento para essa nova referência. Como
visto nas seções anteriores, a energia cinética assume a parte essencial dessa
transformação. Para o diatómico inteiro, a energia cinética foi formulada na
eq. (1.88). Utilizando a definição vi = dri /dt para a velocidade Cartesiana
dos átomos, a energia cinética (1.88) torna-se
1 d d 1 d d
T = m1 r 1 · r 1 + m2 r 2 · r 2 .
2 dt dt 2 dt dt
Os vetores de posição ri foram obtidos nas eqs. (1.96) e (1.97). Substituindo
34 CAPÍTULO 1. REVISÃO DA MECÂNICA CLÁSSICA

na energia cinética produz,

1 d m2 d m2
   
T = m1 R− r · R− r
2 dt M dt M
1 d m1 d m1
   
+ m2 R+ r · R+ r .
2 dt M dt M
Aplica-se a derivada temporal. dR/dt fornece a velocidade V (1.93) do centro
de massa. Assim, obtém-se,
! !
1 m2 d m2 d
T = m1 V − r · V − r
2 M dt M dt
! !
1 m1 d m1 d
+ m2 V + r · V + r .
2 M dt M dt

Resolve-se parêntesis,

1 m1 m2 d m1 m2 d m1 m22 d d
T = m1 V · V − V· r − r·V + 2
r· r
2 2M dt 2M dt 2M dt dt
1 m1 m2 d m1 m2 d m2 m2 d d
+ m2 V · V + V· r + r·V + 1 2 r· r.
2 2M dt 2M dt 2M dt dt
Observa-se que os produtos escalares cruzando V e drdt se cancelam. Jun-
tando termos, chega-se a,

1 1 m1 m2 d d
T = (m1 + m2 ) V · V + 2
(m2 + m1 ) r · r .
2 2 M dt dt
Juntando as massas conforme eq. (1.90), pode-se cortar M/M no segundo
termo. Define-se a massa reduzida µ para o diatómico,
m1 m2
µ = , (1.101)
M
para escrever,

1 1 d d
T = MV · V + µ r · r .
2 2 dt dt
O primeiro termo foi definido como energia cinética para o movimento trans-
lacional na eq. (1.92). O segundo termo envolve apenas mudanças temporais
1.7. GRAUS DE LIBERDADE DE DIATÔMICOS 35

em r, ou seja, como foi argumentado em cima, no movimento roto-vibracional


da molécula. Assim, separa-se a energia cinética,

T = Ttrans + Trot,vib , (1.102)

onde,
1 d d
Trot,vib = µ r· r,
2 dt dt
1
= µv · v ,
2
1  2 
= µ ṙ + θ̇ 2 r 2 + φ̇2 r 2 sin2 θ , (1.103)
2
com v na segunda linha representando a velocidade do vetor de separação
e a terceira linha aproveitando a eq. (1.50) para expressar a energia cinética
Cartesiana em termos de coordenadas esféricas.
Considera-se a molécula diatómica isolada. Sem potencial externo, não
existem forças interferindo nas coordenadas do centro de massa ou nos ângu-
los. Existe apenas um potencial interno, V (r), agindo entre os dois átomos
ao longo de r causando o movimento vibracional. Para esse sistema, a La-
grangiana (1.56) torna-se,

L(V, θ̇, φ̇, R, θ, φ) = Ttrans + Trot,vib − V (r) . (1.104)

Substituindo as energias cinéticas (1.92) e (1.103), a Lagrangiana torna-se,


1 1  
L = M V · V + µ ṙ 2 + θ̇ 2 r 2 + φ̇2 r 2 sin2 θ − V (r) , (1.105)
2 2
e fornece as equações de movimento (1.57) para o centro de massa,
d ∂ ∂ d
L− L = MV = 0 , (1.106)
dt ∂V ∂R dt
para o ângulo φ,
d ∂ ∂ d
L− L = µφ̇r 2 sin2 θ = 0 , (1.107)
dt ∂ φ̇ ∂φ dt
para o ângulo θ,
d ∂ ∂ d
L− L = µθ̇r 2 − µφ̇2 r 2 sin θ cos θ = 0 , (1.108)
dt ∂ θ̇ ∂θ dt
36 CAPÍTULO 1. REVISÃO DA MECÂNICA CLÁSSICA

e, para r,

d ∂ ∂ d d
L− L = µṙ − µθ̇ 2 r − µφ̇2 r sin2 θ + V (r) = 0 . (1.109)
dt ∂ ṙ ∂r dt dr
Essas equações de movimento mostram que o movimento de translação pode
ser descacoplado do movimento roto-vibracional. A eq. (1.106) representando
a equação de movimento translacional não envolve coordenadas angulares e
r. No outro lado, as equações de movimento para as coordenadas esféricas
φ, θ, e r demonstram que o movimento rotacional (θ e φ) é acoplado ao
movimento vibracional (r).
A Lagrangiana roto-vibracional,

Lrot,vit (φ̇, θ̇, ṙ, φ, θ, r) = Trot,vib − V (r) ,

ou, após introdução da energia cinética (1.103),

1  2 
Lrot,vib = µ ṙ + θ̇ 2 r 2 + φ̇2 r 2 sin2 θ − V (r) , (1.110)
2
possui dois limites interessantes. Não permitindo o movimento rotacional (as
velocidades φ̇ e θ̇ são zero), a Lagrangiana (1.110) envolve apenas coorde-
nadas e velocidades relacionadas com o movimento vibracional,
1 2
Lvib (ṙ, r) = µṙ − V (r) , (1.111)
2
e pode ser utilizada para a descrição do movimento vibracional. No outro
limite, não permitindo mudanças em r (=⇒ ṙ = 0), a Lagrangiana (1.110)
torna-se,
1 2 2 
L(φ̇, θ̇, φ, θ, r) = µr θ̇ + φ̇2 sin2 θ − V (r) .
2
Com r = const, a função V (r) assume um valor constante. Como concluı́do
através da eq. (1.26), pode-se escolher um ponto zero na energia potencial.
Escolhe-se esse ponto zero através de V (r) = 0. Para r = const, o fator
µr 2 fica constante. O produto de uma massa com uma distância quadrática
define o momento de inércia I,

I = µr 2 . (1.112)
1.8. MECÂNICA DE ONDAS 37

Utilizando essas considerações, pode-se formular uma Lagrangiana para o


movimento de rotação,
1  
Lrot (φ̇, θ̇, φ, θ) = I θ̇ 2 + φ̇2 sin2 θ . (1.113)
2
Essa Lagrangiana descreve o movimento rotacional do diatómica com mo-
mento de inércia I através do movimento de uma massa reduzida µ girando
na distância r em volta do origim do sistema de coordenadas.

1.8 Mecânica de Ondas


Antes de iniciar a apresentação de conceitos mecânico-quânticos, resume-se
brevemente aspectos fundamentais relacionados com ondas. Nas primeiras
seções desse capı́tulo discutiu um ponto de massa, ou seja, um ponto no
sistema de coordenadas. Uma onda representa muitos pontos descritos por
uma função Ψ(r, t) cujas variáveis são coordenadas e tempo.
Considera-se inicialmente uma onda unidimensional propaganda em dire-
ção x sem incluir explicitamente a dependência temporal. A função de
onda correspondende, ψ(x), possui uma periodicidade ao longo da coorde-
nada. Matematicamente, pode-se descrever essa função através de funções
periódicas como seno ou coseno. Escolhe-se aqui o seno para formular uma
função de onda simples,

 
ψ(x) = A sin x . (1.114)
λ
Nessa equação, utilizou-se um fator de 2π em frente da coordenada x para
trabalhar com as unidades naturais do seno. Tendo em vista que o seno
na forma sin [2πx] possui uma periodicidade natural de 2π e um máximo de
um, precisa-se manipular a periodicidade e amplitude através de incluir os
parâmetros λ e A. Esses dois parâmetros são caracterı́sticos para a onda
(1.114). O fator de amplitude A representa o valor máximo em ψ(x) e o
comprimento de onda λ a distânica de um perı́odo da onda. Na fig. 1.6
apresenta-se a onda definida pela eq. (1.114) com A = 1 e λ = 2π.
Para incluir também a dependência temporal, precisa-se definir uma ve-
locidade de propagação v da onda. Mantendo v como constante, pode-se
argumentar que a onda é deslocado em uma unidade de tempo por vt. In-
cluindo essa coordenada adicional, obtém-se a onda dependente do tempo,

 
Ψ(x, t) = A sin (x − vx t) , (1.115)
λ
38 CAPÍTULO 1. REVISÃO DA MECÂNICA CLÁSSICA
ψ(x)  -
λ
1
6

0.6
A

0.2
?

-0.2

-0.6

-1
0 π/2 π 3π/2 2π 5π/2 3π 7π/2 4π 9π/2
x

Figura 1.6: Função de onda (1.114) independtente do tempo com A = 1 e


λ = 2π.

com o sinal negativo no argumento do seno indicando o deslocamento vx t


para a direita. Um termo adicional de +vx T desloca a função Ψ(x, t) para a
esquerda. Resolvendo parêntesis dentro do argumento do seno produz,
2π 2π
 
Ψ(x, t) = A sin x − vx t .
λ λ
Definindo o número de onda k,

k = , (1.116)
λ
a freqüência ν,
vx
ν = , (1.117)
λ
e freqüência angular ω,
ω = 2πν , (1.118)
a função de onda torna-se,
Ψ(x, t) = A sin [kx − ωt] . (1.119)
1.8. MECÂNICA DE ONDAS 39

Observa-se que o número de onda k (1.116) se distingue do número de onda


ν̃, muitas vezes utilizado para representar o eixo da freqüência em espectos,
pelo fator de 2π.
A eq. (1.119) representa apenas um exemplo para uma onda utilizando
apenas uma descrição matemática para uma função periódica envolvendo
duas variáveis x e t relacionadas entre si pela velocidade de propagação.
Mecânica clássica pretende a previsão do fúturo do sistema fı́sico sob con-
sideração. Nas seções 1.1 e 1.2, observou-se que o sistema fı́sico é descrito
perfeitamente através das duas equações de movimento (1.10) e (1.28) re-
presentando equações diferenciais de primeira e segunda ordem, respectiva-
mente, para a coordenada r(t) em função do tempo. Em analogia, sistemas
descritos por ondas, são perfeitamente caracterizados através de soluções
para equações diferenciais da primeira e segunda ordem para a função de
onda Ψ(x, t).
Define-se a fase ϕ como variável nova,

ϕ = kx − ωt , (1.120)

para abrevia a função de onda (1.119),

Ψ(ϕ) = Ψ(x, t) . (1.121)

Em analogia com a mecânica clássica de um ponto de massa, descreve-se


a evolução temporal através de uma equação diferencial inicialmente de
primeira ordem em t. Assim, o análogo da eq. (1.10) para uma partı́cula
é representado por,
! !
∂Ψ(ϕ) ∂Ψ(ϕ) ∂ϕ
= , (1.122)
∂t x
∂ϕ ∂t x

no caso de ondas. Essa equação desloca a derivada em t para a variável


ϕ. O subscrito x nas derivadas temporais indica que x = const durante a
diferenciação com respeito a t. Utilizando a definição para ϕ (1.122),
!
∂ϕ
= −ω , (1.123)
∂t x

produz para a eq. (1.122),


!
∂Ψ(ϕ) ∂Ψ(ϕ)
= −ω . (1.124)
∂t x
∂ϕ
40 CAPÍTULO 1. REVISÃO DA MECÂNICA CLÁSSICA

A segunda derivada de Ψ(ϕ) com respeito a t segue o esquema apresentado.


Deslocando a diferenciação em t para ϕ, obtém-se,
∂ 2 Ψ(ϕ)
! ! !
∂ϕ ∂ ∂Ψ(ϕ)
= ,
∂t2 x
∂t x
∂ϕ ∂t x

fornecendo com os resultados (1.123) e (1.124),


∂ 2 Ψ(ϕ) ∂ 2 Ψ(ϕ)
!
= ω2 . (1.125)
∂t2 x
∂ϕ2

Essa equação sugere que a segunda derivada da função de onda Ψ(ϕ) com
respeito a ϕ é proporcional à sua segunda derivada temporal.
Na segunda derivada de Ψ(ϕ) do lado direito da eq. (1.125), a coordenada
x é envolvida. Por isso, discute-se também as derivadas de Ψ(ϕ) com respeito
à coordenada. Deslocando a diferenciação para ϕ, obtém-se,
! !
∂Ψ(ϕ) ∂Ψ(ϕ) ∂ϕ ∂Ψ(ϕ)
= = k , (1.126)
∂x t
∂ϕ ∂x t
∂ϕ
com a derivada,
!
∂ϕ
= k, (1.127)
∂x t

da eq. (1.122). Derivando de novo com respeito a x produz no mesmo es-


quema,
∂ 2 Ψ(ϕ) ∂ 2 Ψ(ϕ)
! !
∂ϕ ∂ ∂Ψ(ϕ)
= = k2 , (1.128)
∂x2 t
∂x t
∂ϕ ∂ϕ ∂ϕ2

onde os resultados (1.126) e (1.127) foram utilizados. A eq. (1.128) tem a


mesma estrutura da eq. (1.125). Combina-se essas duas equações,
∂ 2 Ψ(ϕ) ∂ 2 Ψ(ϕ)
! !
1 1
= 2 ,
ω2 ∂t2 x
k ∂x2 t

ou, levando os parâmetros da onda para o lado esquerdo e substituindo a


definição (1.121),
k2 ∂ 2 Ψ(x, t) ∂ 2 Ψ(x, t)
! !
= . (1.129)
ω2 ∂t2 x
∂x2 t
1.8. MECÂNICA DE ONDAS 41

A eq. (1.129) representa uma equação de movimento para uma onda. A


equação mostra que funções cujas segundas derivadas temporais são propor-
cionais a suas segundas derivadas com respeito às coordenadas representam
candidatos para Ψ(x, t).
Tenta-se resolver a eq. (1.129) para uma onda do tipo (1.119). Inicia-se
com o lado direito da eq. (1.129). A primeira derivada da eq. (1.119) com
respeito a x produz,

∂Ψ(x, t)
= Ak cos [kx − ωt] ,
∂x
e derivando de novo com respeito a x recupera o seno,

∂ 2 Ψ(x, t)
2
= −Ak 2 sin [kx − ωt] .
∂x
Compara-se com a eq. (1.119) e acha-se,

∂ 2 Ψ(x, t)
= −k 2 Ψ(x, t) . (1.130)
∂x2
Considera-se agora o lado esquerdo da eq. (1.129). Derivando a função
(1.119) com respeito a t produz,

∂Ψ(x, t)
= −Aω cos [kx − ωt] ,
∂t
e a segunda derivada temporal torna-se,

∂ 2 Ψ(x, t)
= −Aω 2 sin [kx − ωt] .
∂t2
Comparando com a função (1.119) fornece,

∂ 2 Ψ(x, t)
= −ω 2 Ψ(x, t) . (1.131)
∂t2
Resolve-se para Ψ(x, t) e substituı́-se o resultado no lado direito da eq. (1.130)
para recuperar a equação de movimento formulado através da eq. (1.129), ou
seja, o seno em kx e ωt formulado na eq. (1.119) representa uma solução para
a equação de movimento (1.129).
42 CAPÍTULO 1. REVISÃO DA MECÂNICA CLÁSSICA

Antes de fechar essa parte introdutória, apresenta-se ainda a equação de


movimento para uma onda de três dimensões. Considerando que coorde-
nadas Cartesianas representam variáveis independentes, precisa-se escrever
uma equação do tipo (1.129) para cada direção. Utilizando o gradiente (1.25)
para representar em uma maneira compacta a derivada espacial, obtém-se,

k 2 ∂ 2 Ψ(r, t)
∇2 Ψ(r, t) = , (1.132)
ω 2 ∂t2
onde o operador ∇2 representando o produto escalar do gradiente consigo
mesmo,

∇2 = ∇ · ∇ , (1.133)

é chamado o operador de Laplace.

Você também pode gostar