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SINOPSE DO DESFILE

Debaixo do céu azul, o sol queima a pele e plantações. A água é escassa, a seca domina tudo,

o sol inclemente castiga fortemente a vida. Os rios secam, as árvores despojam-se de sua

folhagem, os ventos são quentes e secos, e o gado, incluindo as cabras andam a procura da

escassa vegetação.

Porque tamanha judiação do povo e das terras do sertão?

Terra tão seca que arde como o sol, igual às chamas de uma fogueira em época junina, e por

falta da chuva nada nasce e a seca continua assolando a vasta região, obrigando a asa branca

bater asas do sertão.

Mas a ave valente, símbolo de tristeza, atrevimento e crueldade não vai sair, nem morrer de

fome. “Carcará quando vê a roça queimada vai fazer sua caçada. Carcará come até cobra

queimada.“ Carcará tem que matar para sobreviver. “Carcará: Pega, mata e come!”
Foi nesta aridez, junto à caatinga e o cangaço que o amor de Lampião e Maria Bonita floresceu.

As heranças deixadas pelo cangaço são diversas e as histórias são relembradas até hoje. O

casal era unido e temido em todo o sertão. Vários cangaceiros tiveram seus nomes gravados

pela história, mas nenhum deles destacou-se tanto quanto Lampião o “Rei do Cangaço”, o rei

das caatingas e mandacarus.

Os sertanejos são conhecedores do simbolismo e das riquezas do mandacaru. Planta que retrata

bem o sofrimento de um povo de raça, e também de gerações que resistem às adversidades do

sertão nordestino. Valente, resiste imponente, consegue ser verde, onde a cor predominante é a

do chão queimado. Parece querer dizer, que é possível nascer e se desenvolver em meio a tanta

desesperança. Cresce forte e se protege dos predadores, gerando espinhos finos e afiados, e o

mais impressionante é que consegue, num gesto inexplicável, dar uma flor de rara beleza.

Símbolo de resistência, o mandacaru e sua belíssima flor serviram de inspiração para poetas

que cantaram e se encantaram com a força e a riqueza dessa planta da caatinga.

“Mandacaru quando fulora na seca

É o sinal que a chuva chega ao sertão…”

“Quero ser lembrado como sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão, que cantou

as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor.”

Luís Gonzaga do Nascimento, conhecido também como “O Rei do Baião”, foi uma das mais

completas e inventivas figuras da música popular brasileira, levou a alegria das festas juninas e

dos forrós pé-de-serra, bem como a pobreza, as tristezas e as injustiças de sua árida terra, o

sertão nordestino, ao resto do país, numa época em que a maioria das pessoas desconhecia o

baião, o xote e o xaxado.

O calor e a falta d´água ressecam a terra, mas não a alma do sertanejo. Diante de tamanho

sofrimento, ele se dirige ao céu em prece, pedindo forças para superar tantas provações. A seca

parece engolir tudo, menos a fé!

Valei-me Padim Ciço! “Tão milagreiro, sou romeiro do sertão.”

De todos os lugares eles partem, em busca de algo que justifique a existência e a própria

esperança nordestina. Maltrapilhos, sofridos pela luta diária e árdua com a terra, cansados da
longa jornada levam no coração, uma só riqueza: a fé. São os romeiros na eterna travessia dos

sertões, onde a sobrevivência, às vezes, está além de qualquer força.

A fé do sertanejo é grande demais, resiste à fome, à sede, à tristeza e demonstra a continuidade

de gerações, que buscam nas orações, um conforto perante os problemas da vida. É da fé, que

vem a esperança, pedindo a Deus que chova e alimente de vida no sertão.

Nas mãos, os agricultores carregam terços e imagens de santos que têm um significado especial

e faz parte da cultura do povo. Segundo a tradição, caso chova no dia 19 de março, dia de São

José, é sinal de que o ano será de muita chuva, garantido a safra e a mesa farta das pessoas.

Quando ocorrem as primeiras chuvas, a natureza se renova, mostra o poder de mudança da

caatinga, o tom cinza das matas transforma-se em um verde vivo e viscoso. As terras

preparadas, reviradas para o plantio do milho, se sobressaem com o tom marrom. O solo é

cultivado, até que a lavoura o encubra, fazendo com que a sua gente esqueça os intermináveis

meses de secura, intenso calor e, ainda aridez.

O entardecer torna-se mais alegre, com cheiro de terra molhada se espalhando pelo campo e

misturando-se ao aroma das flores nativas. Com verde do campo, a natureza se renova, renasce

a verde esperança!

Se o sol reina de dia, à noite é a lua que se destaca.

“Não há, ó gente ó não,

Luar como esse do sertão…”

Gente, não tem lugar no mundo onde a noite se vista tão bonita. Aquele lindo clarão parece

incendiar a escuridão. É este astro que prateia as noites juninas do sertão.

Anarriê! Os arraiás e as quadrilhas se espalham pelo sertão!

As comemorações homenageiam três santos católicos: Santo Antônio prepara suas bênçãos

casamenteiras regadas a fogos de artifício; São Pedro abre o céu para presentear a celebração;

e São João, que batiza a festividade, recebe as homenagens. O fato é que, com as festas juninas,

o sertão ganha cores, ritmo e sabores. Alegria contagiante!


Além das homenagens, as festas também servem para agradecer as chuvas raras que

costumam acontecer nesta época do ano, que servem para manter a lavoura, já que a região é

marcada pela quase imutável seca.

Contudo, ainda que a seca retorne a região, o mato comece a perder o viço e acinzentar e o sol,

o calor impiedosos tomem conta de tudo novamente, se engana quem imaginar que a fé será

diminuída. Com isso, continuam as promessas para que as chuvas continuem caindo e a

sobrevivência seja garantida, através da terra.

E que neste desfile, a flor da esperança floresça em todos os corações, com a mesma força que

possui a flor do mandacaru, levando para as ruas chuva de alegria, amor, resistência e

esperança, trazendo para o desfile do colégio Walfredo Siqueira Luna, um sertão iluminado.

ALAS

MATERNAL - SERTANEJOS

JARDIM I - LAVADEIRAS E AGRICULTORES

JARDIM II- A FLOR DO MANDACARU

1 ANO- ROMEIROS “ A FÉ”

2 ANO- CANGAÇO

3 ANO- HOJE É DIA DE FETEJO ( QUADRILHA)

4 ANO- CULTURA NORDESTINA

5 ANO – ESPERANÇA DO SERTÃO ( FARTURA)

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