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Callie Hart
Mr North
Livro Único
Data: 08/2019
~2~
SINOPSE
Captor.
Curador.
Amante.
Enigma.
~3~
Capítulo Um
Beth
~4~
— Conheço muitas jogadoras de xadrez excelentes que são loiras.
— Digo, afastando sua mão. — Isso é um estereótipo horrível.
— Não. Quero dizer, o cara que procura alguém para jogar tem algo
contra as loiras. Não estou dizendo que as loiras são estúpidas demais
para jog... — Ela revira os olhos. — Deixa pra lá. Apenas escute. — Ela
toca o envelope habilmente com um dedo indicador com a unha pintada.
— Faz pouco tempo que tenho um negocinho paralelo. Expandindo toda
a coisa Blizzard Buddy. — Estou prestes a perguntar-lhe que merda é
Blizzard Buddy, mas ela deve ver a pergunta se formando nos meus
lábios. Ergue uma mão, me cortando. — Blizzard Buddies são pessoas
que fazem companhia a outras durante as tempestades. Elas vão até a
casa da pessoa, comem pizza e bebem cerveja enquanto uma tempestade
de neve cobre a cidade, e depois voltam para casa. Sem problemas. Nada
ilícito. E nada desonesto. — ela insiste.
— As pessoas pagam outras para ficar com elas em Nova York? Isso
parece perigoso, Thalia. Não diga que você tem feito isso?
— São algumas horas à tarde, três vezes por semana, Bee. E por
seis mil acho que você pode arrumar espaço na sua agenda.
Quase cuspo meu café em toda a mesa. — Seis mil? — Como assim
não há nada desonesto se alguém está disposto a pagar seis mil para
uma garota ir à sua casa. Eu tenho que suprimir meu desejo de esticar o
braço e acertar Thalia no topo da cabeça. Ela não pode ser tão estúpida.
Ela não pode. — Você tem muito dinheiro. Por que diabos está presa
nesse tipo de merda?
~5~
Thalia não pisca. — Olha, só porque tenho dinheiro não significa
que não posso ter um emprego. Você está começando a parecer a minha
mãe. Presto um serviço legítimo aos investidores solitários que trabalham
demais para ter uma vida social. Tenho que ir em apartamentos
agradáveis, beber vinho fino, comer refeições gourmet, e sou paga para
fazer isso. Não tem nada de errado.
Thalia solta um gemido frustrado quando não jogo seu jogo. Você
pensaria que ela estaria acostumada com meu desinteresse total em
caras até agora. Mas nunca contei a ela sobre aquele dia na fazenda,
então ela não percebe que está desperdiçando seu fôlego. Ela tem um
sorriso satisfeito enquanto me envia um olhar malicioso.
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Capítulo Dois
Beth
— Ele é um filantropo.
— Ele é um mulherengo.
— Ele é o solteirão mais cobiçado deste ano, de acordo com New City
Style Magazine.
~8~
— Ele perdeu sua visão quando tinha dezesseis anos. Agora tem
implantes de retina robótica para que possa enxergar.
E aí está.
~9~
Eu me pergunto o quanto a People Magazine pagaria por esse
envelope? O National Enquirer me daria pelo menos uma centena de
milhares e isso é baixo. Eu poderia vender o conteúdo desse envelope por
uma pequena fortuna e pagar minha dívida estudantil inteira de uma só
vez. A sensação que corre através de mim quando considero isso é
vertiginosa. Ficar sem nenhuma dívida? Mesmo se eu passar no exame
da Ordem, e mesmo se algum dia me tornar sócia em algum escritório
poderoso, ainda vai demorar uma década até eu ganhar o suficiente para
extinguir essa dívida sobre minha cabeça. É quase demais para suportar.
Quase pego meu celular para começar a procurar no Google números de
contatos, mas depois me lembro das palavras de Thalia, quando se
despediu de mim: — Estou confiando em você com isso, Beth. Por favor...
não faça nada estúpido.
Esta é uma foto nova. Ele está olhando diretamente para a câmera
e parece, estranhamente, como se tivesse a mão em volta da minha
garganta. Seus olhos... Levo um momento, colocando a foto na madeira
arranhada na minha frente. Seus olhos são tão atraentes. Não apenas
verdes. Eles são os mais pálidos, mais brilhantes. A cor da primavera e
das algas marinhas, a encarnação visual de como imagino o cheiro de
grama cortada fresca. Eles são tão brilhantes, quase parecem
desumanos. Seus cabelos grossos, negros, são ondulados, mais longos
do que o corte que ele sempre costumava usar quando era
frequentemente visto em público. Boca carnuda, com arco de cupido
perfeito. Nariz estreito e reto. Maçãs do rosto altas. Maxilar ligeiramente
torto. Hã. Nunca percebi isso antes. O lado esquerdo é um pouco menos
quadrado do que o direito. Nem vale a pena comentar, mas isso dá ao
~ 10 ~
rosto uma característica única que não existiria se seus traços fossem
perfeitamente simétricos.
Quando finalmente olho para o resto dos papéis, acho que a maior
parte é o questionário sobre o qual Thalia falou. A folha de fundo é uma
verificação de antecedentes criminais, que afirma que Raphael North,
05/05/1983, não possui condenações registradas vigentes ou mandados
de prisão pendentes. Coloco isso de lado e então começo a ler. Os
primeiros itens do questionário são bastante diretos.
~ 11 ~
Maior nível de educação? Supletivo
Religião? Cientologia
Já teve que tomar uma decisão difícil que afetou você e àqueles
que estavam ao seu redor? Não é da porra da sua conta.
Diga-me três coisas que você gosta sobre você? Não é da porra
da sua conta.
Assim como Thalia disse, então. Por alguma razão, ele realmente
tem uma forte aversão a loiras. Deixo minhas mãos em cima dos papéis,
e penso. Obviamente ele não queria preencher o questionário. Pelo jeito,
também não se sentiu muito confortável com a foto.
~ 12 ~
Olha. Só quero jogar xadrez com um ser humano real. Nada
estranho. Nada forçado. Nada intenso ou desagradável para nenhum
de nós.
A última linha da página grita para mim. Não sei por que, mas isso
soa dentro da minha cabeça como um sino. Ele quer alguém real. Como
deve ser para alguém como ele constantemente sob tão imensa pressão?
Evitando constantemente o olhar do público? Imagino que deve ser
bastante solitário ser ele, a realeza do Park Avenue, preso em sua torre,
olhando para a cidade, tão perto e ainda tão longe de tudo acontecendo
lá embaixo. Ele deve ter jogado xadrez contra seu notebook por tanto
tempo que só quer alguém que se envolva em conversas educadas
enquanto ele acaba com eles.
Não sei por que, mas as respostas grosseiras e bruscas que ele
escreveu para as perguntas francamente rotineiras de Thalia me fizeram
de alguma forma gostar dele. A pequena mensagem que ele escreveu na
parte de trás do documento já fez mais do que isso. De uma forma
desajeitada e estranha, me fez querer entendê-lo.
Eu: Ok. Estou intrigada. Acho que posso dar uma chance.
E então...
Thalia: Ainda bem que eu já lhe disse sim ;) Ele está esperando
você às 4 amanhã. Enviei as instruções por e-mail. Não chegue
atrasada. E não se esqueça de deixá-lo ganhar!
~ 13 ~
Capítulo Três
Beth
Não posso fazer isso. Eu não posso fazer isso, porra. Não sei o que
estava pensando. Isso não é apenas encontrar com qualquer cara velho
para conversar e jogar um jogo amigável de xadrez. Esse é Raphael North,
pelo amor de Deus! Não estou pronta para um encontro como esse.
Preciso de mais tempo para me preparar mentalmente, acalmar meus
malditos nervos. Quero ligar para minha mãe, mas já sei o que ela vai
dizer: — Elizabeth, homens como Raphael North tiveram tudo de mão
beijada suas vidas inteiras. Você acha mesmo que algum dia ele já ouviu
a palavra não? Você acha que ele vai ouvi-la se você estiver gritando para
os quatro ventos enquanto ele está apalpando seu corpo? — Raphael North
poderia ser um santo e não faria diferença para minha mãe; ainda iria
supor que em algum momento ele iria me forçar.
~ 14 ~
muito quando está ansiosa por alguma coisa. Eu, por outro lado? Eu fico
com fome. Desde ontem à tarde, já comi uma omelete no café da manhã,
um sanduíche de queijo grelhado, uma salada Caesar de frango, e os
restos de alguma comida chinesa que estavam em minha geladeira há
três dias.
Digo a mim mesma que como as sobras porque seria uma pena
desperdiçar, mas a verdade é que estou terrivelmente preocupada. Eu
posso ser tímida e nunca me encontrei sentada na frente de um
impressionantemente atraente, misterioso, reservado
inventor/filantropo/celebridade antes. Não tenho ideia de como vou
reagir nessa configuração. Eu posso ficar bem, mas de novo... Deus, nem
sequer quero pensar. Eu posso ser uma completa tragédia.
À uma e meia meu celular toca. Penso que seja Thalia, já que
ignorei suas duas últimas chamadas (ela já me ligou três vezes esta
manhã, e sua energia nervosa não faz nada para ajudar meus próprios
nervos), mas não é ela. É meu irmão, David.
— E aí, Vira-lata. — diz ele quando atendo. Vira-lata uma ova. Ele
me liga durante todo o tempo desde que me lembro. Passamos semanas
e, às vezes, até meses em que se esquece de me torturar com o ridículo
apelido, mas, sem falta, ele se lembrará e ressurgirá com uma vingança.
— O que há, Cara de cu? — Nada original, eu sei, mas tenho que
dar meus golpes onde posso com ele.
Ele ri. — Mamãe disse que você perguntou se poderia vir morar
comigo. — ele diz.
— Meu Deus. Não fiz isso. Ela que me disse que eu deveria
perguntar.
— O que você acha que eu disse? Falei a ela que preferiria ser uma
sem-teto.
~ 15 ~
— Você ligou por algum motivo ou estava apenas checando para
ter certeza de que eu não iria aparecer na sua porta amanhã com todas
as minhas coisas em sacos de lixo?
— Ei, sei que você… prefere sacrificar toda a sua faculdade e voltar
para o Kansas antes de deixar... que seu orgulho bata na minha porta. —
Ele engole tudo o que estava mastigando. — E sim, liguei por um motivo.
A banda vai tocar no The Gallery na sexta-feira à noite. Você quer ir?
Fingir que conhece as letras? Fazer de conta que gosta da gente e de toda
essa merda?
— Hmm. — David pensa sobre isso. — Vou falar com Mal. Ele
terminou com sua namorada na semana passada. Sei que você tem uma
queda por ele.
— Ei, o que vai fazer mais tarde? — Esse tipo de tática de distração
é típico de David. Ele não quer me devolver o gravador. Eu venho pedindo
há meses, ele diz que irá trazer e nunca traz. Não é nem mesmo um bom
aparelho. Ele simplesmente odeia devolver as coisas. Típico.
— Vou jogar xadrez com Raphael North. — digo no meu tom mais
calmo. — E você?
— Hilário. Você tem vinte e oito anos e ainda não descobriu como
mentir adequadamente. Sei o número de garotas que querem o pau do
cara nas suas bocas.
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— Não cite Superbad1 comigo, David. Estou ocupada. E asseguro-
lhe que não estou fantasiando com Raphael North.
*****
Não usei roupas sociais por cerca de cinco anos. Não desde que
meu pai morreu e coloquei meu único vestido preto formal para o funeral.
Assim que chegamos a casa, joguei o vestido no lixo e solucei na minha
cama por cinco horas. Uma semana depois, o vestido reapareceu no meu
armário, envolto em um saco de roupa de limpeza a seco, então fui ao
quintal e o queimei em uma lata de metal como nos filmes. Ao contrário
dos filmes, a lata virou e o fogo imediatamente pegou na longa grama,
quase reivindicando a casa junto. Minha mãe nem sequer falou sobre
isso. Ela ficou de pé na varanda, observando-me bater nas chamas com
uma toalha molhada, os braços cruzados, e então ela voltou para dentro,
como se renunciasse a seu destino. Se a casa fosse consumida pelo fogo,
então seria assim. Seria engolida pelo inferno junto com ela. A morte do
meu pai veio do nada. Nenhum de nós estava esperando. O ataque
cardíaco foi grave e repentino. De jeito nenhum ele poderia ter
sobrevivido, disseram os médicos, mas é claro que minha mãe estava com
ele no momento. Ela falhou ao tentar salvá-lo. Penso que por um bom
momento, a ideia de morrer foi atraente para ela. A culpa pendia ao redor
de seu pescoço como um jugo, imerecida. Demorou um longo tempo para
ela superar.
1 Série de TV.
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deveria colocar dentro e o quanto deveria deixar fora. Este é um pesadelo.
Já estou tão desconfortável, sinto que estou prestes a desmaiar.
Ele ergue a mão, me cortando. — Minha vida vale muito para deixá-
la abrir sua própria porta, Senhorita Dreymon. Por favor. — ele diz,
abrindo a porta e afastando para que eu possa subir no banco de trás.
Minha pulsação ainda lateja em minhas têmporas e em meus ouvidos.
Minha saia parece que está tentando me esticar como um tubo de pasta
de dente. Eu tenho que sentar-me direito, minhas costas arqueadas longe
do assento, a fim de sentir que não vou sair da estúpida coisa. O cara
fecha a porta, corre ao redor do carro e sobe de volta. Uma vez dentro, se
vira e sorri para mim. — Oi. Eu sou Nathan. Raphael me chama de Nate.
Você também pode.
Olho para ele, suas roupas casuais, o boné de baseball virado para
trás, as tatuagens que consigo ver nos pulsos através de sua camiseta de
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manga comprida, ao redor da gola; o cara deve ser coberto de tatuagens.
Nate sorri. Ele é um cara bonito em sua própria maneira, a ponte do nariz
salpicada com um punhado de sardas. — Mas você não está vestido
formalmente. — digo.
~ 19 ~
som de um parafuso deslizando para trás e Nate abre a porta como se
fosse totalmente normal passar por uma verificação de segurança.
— Vou ter que lhe pedir para tirar esses adoráveis sapatos. — diz
ele. — Este elevador não abre em um corredor. Ele abre na própria
cobertura.
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um serial killer e quer suas vítimas com os pés descalços, assim elas não
conseguem correr e escapar dele.
Ele não vai estar olhando seus pés, Beth. Ele vai dizer olá, você vai
se sentar, vencê-lo no xadrez, e então ele vai lhe dizer para dar o fora. Ele
é um cara ocupado. Ele tem coisas seriamente importantes em sua cabeça.
Ele não vai dar a mínima para o esmalte de suas unhas. Provavelmente
nem vai olhar para você adequadamente para recordar como se parece
cinco segundos depois de você ter ido. Você é um meio para um fim. Isso é
tudo.
Pelo amor de Deus, Beth, recomponha-se! Vai ficar tudo bem. Tudo
vai ficar bem! Tiro meus sapatos pelas tiras do tornozelo, seguindo Nate
do elevador. O tapete é ridiculamente suave debaixo das solas dos meus
pés. Quase gemo, mas consigo me conter. Com o sorriso alargando, Nate
estica as mãos e pega meus sapatos. — Estou acostumado com as
estranhas idiossincrasias2 de Raphael. Tenho certeza de que ele parece
ser um idiota completo para outras pessoas na maioria das vezes.
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que está se espalhando pelos meus dedos e a parte de trás das pernas.
Uma vez fiquei tão ansiosa em conhecer alguém que na verdade desmaiei.
Não posso permitir que aconteça hoje. Isso arruinaria tudo, então me
concentro em inspirar o ar através do nariz e soltar pela minha boca.
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— Não se preocupe. O vidro é todo temperado. Uma manada de
elefantes poderiam se encostar nessas janelas e mesmo assim não
causariam nada mais que um gemido.
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sobre quem se sussurra e se fofoca por uma cidade inteira. Que se foda,
uma nação inteira. Estou em uma posição invejável no momento, mas
agradeceria alegremente ao universo se o chão se abrisse e me engolisse
inteira.
— Obrigado, Nate. Você pode ir. Mando uma mensagem quando for
a hora de levar Senhorita Dreymon para casa.
— Está certo. Te vejo logo. — ele me diz, sorrindo quando volta para
o elevador. — E boa sorte.
— Sorte?
Ele concorda. — Sim. Para o jogo. Eu espero que você acabe com
ele.
*****
~ 24 ~
Eu fixo meus olhos nas costas de Raphael, bem entre seus ombros,
enquanto ele me conduz por um longo e bastante largo corredor. Há
capas de revista emolduradas nas paredes aqui. Isso faria sentido se
todas de alguma forma o destacassem - ele já esteve em capas de revista
suficientes para provavelmente pintar toda a cobertura com elas se ele
assim quisesse - mas não há uma única imagem dele à vista. Demoro um
segundo para juntar o tema que liga as capas emolduradas. American
Scientist. National Geographic. The New England Journal of Medicine.
Giving USA. Non-Profit Times. Todos os seus logotipos contêm chavões
como avanço, revolucionário, descoberta, pioneiro e inovador.
Ele é pelo menos uma cabeça mais alto que eu, uma presença
iminente. Ele não diz uma palavra enquanto lidera o caminho, levando-
me Deus sabe onde, e sou grata por isso. Preciso desses momentos
preciosos para me recompor. Passamos por várias portas internas, todas
firmemente fechadas. No final do longo corredor, Raphael toma a direita
e fico sem palavras pelo que vejo. Se pensei que a antessala de onde
saímos era grande e espaçosa, a sala, se pode ser chamada assim, é
simplesmente absurda. Mais uma vez, apenas um lado da sala é feita de
tijolos. Os outros três lados do espaço são de paredes de vidro e parecem
continuar para sempre. Por cima, não há nada além de céu. Céu azul
brilhante, tanto quanto os olhos possam ver. É um dia sem nuvens, e
através do telhado de vidro inclinado acima de nós, um avião, pouco mais
que um lampejo de prata perdido em uma imensidão azul, está fazendo
uma lenta progressão no horizonte, deixando para trás uma trilha
estreita branca.
química) sustenta que os rastros de fumaça deixados por alguns aviões são na verdade
agentes químicos ou biológicos, deliberadamente pulverizados a grandes altitudes, com
propósitos desconhecidos do público, causando danos à saúde da população
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fiquei boquiaberta durante os últimos trinta segundos, quase incapaz de
ver o que acontece. Mal conseguindo respirar.
— Nós vamos jogar aqui. — ele diz com rigidez, guiando-me até o
canto da sala, onde uma pequena mesa foi arrumada com duas cadeiras
colocadas uma de frente para a outra. Na mesa, um conjunto de xadrez
já foi preparado. As peças são obras de arte, o lado negro esculpido com
o que parece pedra polida, e no lugar do osso ou da pedra branca, as
peças do lado oposto foram moldadas a partir do que parece cobre sólido.
Doeu. Seu tom é o mesmo, sua voz calma, mas suas palavras são
cortantes como navalhas. Sinto que acabei de ser julgada de alguma
forma, e não dei exatamente uma boa impressão. Raphael senta-se à
esquerda, atrás das peças de cobre. — Vou deixar você começar com a
obsidiana. Quando foi a última vez que você jogou? — Suas perguntas
são atropeladas, quase superficiais.
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— Já faz alguns anos. — admito. — Não tive muito tempo para o
xadrez recentemente.
~ 27 ~
— Bom. Então, vamos começar?
— Quero saber por que você viria aqui. — diz ele. — Ir para a casa
de um estranho sozinha ainda é considerado perigoso?
~ 28 ~
— Sim. E ele parece o tipo de cara que você esperaria estar dirigindo
um Tesla? Ele usa seu boné de baseball para trás como um universitário,
pelo amor de Deus.
~ 29 ~
estudando Direito, muitas vezes me dou conta que tudo que faço é
discutir casos marcantes dos anos oitenta e noventa, discutir sobre
legislação e regulamentos governamentais. Quando chega a hora de me
divertir, de ter uma conversa com alguém fora do meu círculo jurídico,
há momentos em que não consigo pensar em nada para dizer.
Uau.
Por um segundo acho que ele está falando sobre o jogo. — Nenhum
de nós ganhou nada ainda. Nenhum de nós perdeu nada. Seria um
desperdício começar do zero. — Os cantos de sua boca contraem, quase
se transformando em um sorriso. Quase, mas não completamente. Então
percebo o meu erro. — Ah, você quer dizer... sim, claro. Desculpa. Você
pode me perguntar qualquer coisa.
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— Não, eu tenho um irmão, David. Ele é um ano mais velho que
eu. Mora em Nova York, também.
— Então, o quê? — Ele move seu próprio rei a D5. — O que seus
pais fazem?
— Girassóis.
— Girassóis?
— Em uma fazenda?
— Sim.
~ 31 ~
— Meus estudos não me deixaram muito tempo para um
relacionamento. Trabalho em tempo parcial também.
— Você não quer ter filhos. — diz ele. Não uma pergunta. Um fato.
— Eu não estou.
~ 32 ~
Não quero lhe dar a satisfação de saber que ele está certo. Que ele
acertou em cheio. Ao longo dos anos, vi pelas redes sociais amigos do
ensino médio se casarem, comprarem casas e começarem famílias. Eu
assisti a suas vidas evoluírem para algo completamente irreconhecível da
minha e não vi essa evolução com ciúme. Testemunhei isso com medo. O
medo de que isso aconteça comigo também, antes de eu atingir todos os
meus objetivos, antes de realizar meus sonhos, antes de ter a chance de
viajar pelo mundo, conhecer novos países, experimentar novas culturas.
Eu temi isso, porque as pessoas nas fotos no Facebook pareciam tão
delirantemente felizes. Contentes com a sua sorte. As coisas que
amavam, as metas pelas quais se esforçaram para tanto e por tanto
tempo, agora são estão em segundo lugar por outra coisa, por homens e
mulheres que amam, por seus filhos e seus cães. Não sei quem eu sou
sem meus objetivos. Se abandoná-los, abandono a origem e a essência
de mim mesma.
Raphael suspira pelo nariz. Captura meu peão com o seu segundo
cavalo. Capturo seu cavalo, e então começa. Vamos à guerra. O tabuleiro
é nosso campo de batalha e ambos estamos lutando pela supremacia.
Não mais sentindo um ao outro. Sem enrolação, esperando que o outro
ataque. As duas rainhas caem. Meu bispo. Capturo seu cavalo. Sua
rainha leva meu bispo. Minha rainha então pega a rainha dele. Este é um
jogo implacável e sangrento e nenhum de nós recua. Torre captura torre.
Raphael protege seu rei ferozmente, assim como eu.
— O quê?
~ 33 ~
— Quando perdi minha virgindade não é um pequeno detalhe para
mim. É particular. Pessoal.
Meu rosto começa a queimar. Que. Porra. Ele. Acabou de. Dizer? Ele
ainda está falando, vejo seus lábios se movendo, mas tudo que consigo
ouvir são aquelas palavras se repetindo. Ele sabe sobre o ataque de
minha mãe? Como? Meu pai nunca sequer soube o que aconteceu
naquele dia. Meu irmão. Mamãe me fez prometer que nunca iria contar a
ninguém e eu cumpri essa promessa. Então... como diabos Raphael
North sabe sobre isso? Meus olhos devem estar vidrados. Rafael parou
de falar e voltou a estalar os dedos.
— Eu sinto muito. Talvez fosse essa minha falta de tato. — diz ele.
— Faz um longo tempo que não tenho uma boa conversa com um
ser humano normal, Elizabeth. Receio que minhas habilidades sociais
ficaram muito a desejar. Sinto muito se ofendi você. Apenas... não fique
com raiva. Por favor.
~ 34 ~
Raphael se inclina para trás em sua cadeira, muito quieto por um
momento. No entanto, seu corpo está relaxado, à vontade. Sua respiração
é constante, ao contrário da minha. Estou segurando a minha respiração.
— Pelo quê?
Olho para as peças restantes e vejo que ele está certo. Meu bispo
no seu rei. Eu sempre, sempre jogo três ou quatro movimentos à frente
se puder, tentando analisar e antecipar onde o meu adversário irá em
seguida. Desta vez, porém, estive na defensiva, elaborando estratégias ao
às pressas. Seus movimentos têm sido imprevisíveis, seu jogo é forte. E,
vamos confessar, fiquei muito distraída. Raphael se levanta e oferece a
mão.
~ 35 ~
mar de lágrimas? — Não sou tão fácil de intimidar. Não é meu hábito
deixar idiotas me irritarem.
Não consigo, por mais que tente, dizer quem realmente ganhou.
~ 36 ~
Capítulo Quatro
Beth
Quero dizer, sua atitude era definitivamente glacial. Mas não falo
isso a Thalia. Não quero que ela se preocupe. Em vez disso, eu digo. —
Tipo... estranho. Ele me fez um monte de perguntas muito pessoais.
— E?
— E acho que ele não gostou que não me inclinei para trás para
lhe dar as respostas que ele queria.
— Caramba. Por favor, me fale pelo menos que ele venceu o jogo?
— Foi mal! O que você quer que eu faça, voltar no tempo e revelar
meus segredos mais sombrios como uma boa garotinha? É tarde demais
agora. Eu fodi tudo. Pelo menos ele vai pagar por esta sessão. Você pode
ficar com o dinheiro. Não me importo. De qualquer jeito tenho algumas
entrevistas amanhã.
~ 37 ~
— Do que você está falando? — Pergunta Thalia. — Você não pode
ir a essas entrevistas de emprego. Você não precisa. O assistente de
Raphael enviou um e-mail e disse que quer que você volte na segunda-
feira.
— O quê? — Não consigo pensar em mais nada para dizer. Ele quer
que eu volte? Isso não faz sentido. Eu estava fora e irritada e ele foi
agressivo e estúpido. O arrepio ártico que estava vindo dele noventa por
cento do tempo que fiquei sentada na sua frente quase me fez ficar
batendo os dentes.
~ 38 ~
trauma que presenciei quando criança. Odeio. Thalia é a única pessoa a
quem mencionei e vejo o jeito como às vezes ela me olha, como se sentisse
pena de mim. Como se, de alguma maneira, eu estivesse despedaçada
por causa disso. Se Raphael North me olhar desse jeito, não sei que
merda vou fazer. Mas minha reação não vai ser bonita. E em cima disso
tudo, os olhares de Raphael são tão perturbadores, sua casa é tão
imponente. Ficar perto dele confundiu minha cabeça, aliado que ao fato
de que ele realmente foi hostil por uma hora incômoda. Mas. Deus, odeio
quando há um mas...
— Tudo bem. Pelo o dinheiro. Mas isso não pode continuar para
sempre, Thalia. Eu vou ter que começar mesmo a estudar para os exames
em breve. Assim que chegar a hora, vou ter que parar isso.
*****
~ 39 ~
amanhã de manhã. Por que Raphael me enviaria uma mensagem,
especialmente se fosse apenas comentar alguma coisa fugaz que
mencionamos de passagem?
Como ele conseguiu meu número? Thalia deve ter lhe passado. Ou
talvez ele procurou sozinho. Ele tem recursos para fazer esse tipo de
coisa, tenho certeza.
Espera aí.
Espera aí.
Oh Deus…
O cocô emoji.
~ 40 ~
— Merda. Merda, merda, merda! — Literalmente. Merda. Jogo meu
celular no sofá ao meu lado e cubro meu rosto com as duas mãos. Como?
Como diabos eu consegui enviar um emoji de cocô sem razão aparente
para Raphael North? Isto não é bom. Thalia vai me assassinar.
Eu: Ha! Vou ter certeza de contar aos meus amigos da teoria
da conspiração que os chemtrails são 100% seguros.
~ 41 ~
Ele não responde. Olho meu telefone, aguardo por quinze minutos,
joelhos no meu queixo, mas nada acontece. Depois de um tempo, volto
aos meus livros didáticos. Uma hora depois, enquanto estou fazendo café,
uma nova mensagem aparece na tela. Já salvei seu número agora, então
imediatamente sei que é ele.
~ 42 ~
Capítulo Cinco
Beth
Muitas aulas hoje, todas de manhã. Thalia passa por mim para
escorregar um pedaço de papel como se estivéssemos de volta ao ensino
médio. É difícil concentrar-me em uma aula como esta, mas com seu
constante interrogatório, é um milagre que consigo fazer alguma
anotação. Durante o almoço, ela me pergunta se vou para casa me trocar
antes de ir me encontrar com Raphael.
~ 43 ~
— Não sei o que dizer, Thalia. Ele estava muito casual no outro dia.
Muito casual. Ele praticamente riu de mim quando contei que você me
obrigou a vestir roupas de negócios. Eu vou a nossa reunião esta tarde
vestindo isso ou não vou. Simples assim.
— Sim, desta vez vou ter certeza de que estou prestando atenção.
Se ele não me ofender no momento em que atravessar a porta, deverá
ficar tudo bem. — Mesmo que eu diga isso, sei que as chances de que
isso aconteça são escassas. O homem não parece ser capaz de abrir a
boca sem dizer nada para me irritar.
— Cheguei?
~ 44 ~
— Sim. Quinze minutos mais cedo.
— Não. Tudo bem. — ele diz com força. — Entre. Nós vamos jogar
no lounge outra vez, perto da janela.
Dez.
~ 45 ~
Então, quinze.
— Desculpe, o quê?
— Não, eu não.
~ 46 ~
estranho, ou se a sua outra vida era o sonho o tempo todo, e onde ele se
encontra agora é real.
Ele pisca para mim, como se esta é a pergunta mais bizarra que eu
poderia ter feito neste momento. — Porque é uma obra de ficção. — diz
ele. — Eu gosto de ler ficção. Não é real. Você pode fechar o livro e
terminar a história sempre que quiser. Gostaria de ir até o telhado comigo
agora, Senhorita Dreymon?
— O telhado? Não acho que seja uma boa ideia. Está... frio. — Frio
é a primeira palavra que vem à mente. O que quero dizer é que é muito
louco. Tenho medo de cair por cima do parapeito e para a minha morte.
Thalia teria uma piada sobre seu pau na ponta da língua agora.
Ela definitivamente teria algum comentário grosseiro para disparar de
volta para ele. Se a imprensa for confiável, muitas mulheres viram o pau
de Raphael, mas ela daria um jeito. Em vez disso, eu digo: — Ok. Desde
que não envolva alturas.
Minha mão se sente pequena na dele. Faz muito tempo que fiquei
de mãos dadas e é uma sensação estranha. A emoção de... algo dispara
através de mim. Sua pele está quente, quase queima. Seus dedos se
entrelaçam com os meus e não consigo esconder minha surpresa. Não é
como alguém levaria a mão de outra pessoa se estivessem mostrando o
caminho. É a mão de amantes, pessoas que se importam profundamente
umas com as outras. Raphael não parece notar o olhar assustado no meu
rosto enquanto me guia em direção à porta em que ele desapareceu no
final de nosso último encontro. Nem soltou minha mão. Ele é um homem
determinado quando me puxa pela porta e para um curto corredor. Dessa
vez, não há portas em ambos os lados, apenas uma ampla escadaria de
mármore que flui para o outro extremo do corredor. No entanto, há
~ 47 ~
suportes nas paredes. Ganchos de ouro perfurados na alvenaria
desencapada, onde fotos obviamente costumavam ficar. Mas todas foram
removidas agora.
— Não.
— Bom. Esta sala de testes tem que ser completamente escura para
que a tecnologia funcione.
— Não se tranque com pessoas que você não conhece. Nunca esteja
sozinha com pessoas, especialmente homens, Elizabeth. Não é seguro.
Nunca é seguro. — As palavras de minha mãe ecoam dentro de minha
mente como um número dos horrores. Eu deveria ser mais cuidadosa.
Deveria ter pedido para deixar a porta aberta ou algo assim. Se ele tiver
trancado ...
~ 48 ~
Então ele se vira para mim. — Você está se sentindo corajosa
Senhorita Dreymon?
— Definitivamente, não.
— Você pode sentir uma leve sensação pulsante. — diz ele. — Não
há nada com o que se preocupar.
— Estou bem.
~ 49 ~
— As suas também.
Cinco…
Seis…
Sete…
Oito…
Coloco minhas mãos nos bolsos do meu jeans. Não quero que ele
perceba que estão tremendo ou que estou apertando-as em punhos. A
pulsação, antes apenas uma batida maçante, aumenta até que seja mais
como uma bateria sólida nos dois lados da minha cabeça. Ainda não dói,
mas a sensação é um pouco perturbadora.
— Bom. Você pode notar uma série de flashes. Diga-me o que você
vê.
~ 50 ~
— Nada? — Raphael pergunta.
— Certo, e agora?
— Uau. Não consigo ver meu corpo. — digo, olhando para baixo. —
Tudo é só... azul.
— Vermelho. — respondo.
— E... e agora?
— Roxo.
Deus. A cor dos seus olhos? O que diabos está errado comigo? Eu
queria que não tivesse escapado. As palavras saíram da minha boca antes
que eu pudesse parar. Eu. Estou. Fodida.
~ 51 ~
e brilhantes, não posso deixar de me sentir um pouco enganada. Como é
que ele acha que isso foi profundo?
Então…
Olho para os óculos que ele está segurando em suas duas mãos, e
então olho para ele. — Você fez isso? Você descobriu como fazê-lo?
~ 53 ~
engenheiros se debruçou nisso nos últimos três anos. Eles são
trabalhadores milagrosos.
Não sei o que dizer. Não consigo pensar em uma única coisa que
chega perto de ser suficiente. Em vez disso, alcanço e pego os óculos VR
de Raphael, virando-os, memorizando suas linhas e sua forma.
— Oh. Claro.
— Sim, eu consigo.
~ 54 ~
seu peito. — Jesus, você me assustou. Que... quem é você? — Ele olha
meus pés descalços, sobrancelha levantada.
~ 55 ~
Pela primeira vez, ela é aquela que não atende.
~ 56 ~
Capítulo Seis
Beth
Thalia não está na aula na manhã seguinte. Tentei ligar para ela
seis ou sete vezes e ela não atendeu. Até fui ao apartamento dela esta
manhã para perguntar-lhe sobre Pax, mas ela não atendeu sua
campainha. Estou começando a me preocupar. Ela pode estar atrasada
o tempo todo, mas nunca perde uma aula. E nunca se esquiva de mim
também. Passo por minhas aulas desfocada, meu corpo vai através dos
movimentos, tomando notas, marcando casos importantes para voltar
mais tarde, mas minha cabeça está em outro lugar. Está no escuro, o
som da voz de Raphael North deslizando sobre minha pele como seda.
Está presa em um círculo vicioso, tentando descobrir por que meu
encontro com Paxton Ross me deu uma sensação tão tensa e doentia na
boca do meu estômago. Está se perguntando onde diabos Thalia está, e
se eu deveria começar a ligar para hospitais.
~ 57 ~
atrapalhar um relacionamento para mim, até mesmo uma amizade. Eu
atendo no final, mas não me sinto bem com isso.
— Ei.
— Abra para mim. Seu interfone não está funcionando. — diz ela.
Então ela está lá fora. É raro Thalia vir até mim. Normalmente nos
encontramos na Columbia, já que andar pela cidade pode ser um
pesadelo. A sua vinda aqui significa que, sem dúvida, algo está
acontecendo. Eu desligo e arrasto-me do sofá, caminhando até o
interfone. Aperto o botão de entrada, aguardando o burburinho e clique
no alto-falante da porta que está sendo aberta e fechada no térreo, mas
o alto-falante permanece quieto. Vou ter que informar isso ao Ray, o cara
da manutenção. Três minutos passam e espero na porta, mastigando
nervosamente o canto da minha unha. Não tenho motivos para me sentir
nervosa, mas tenho essa sensação no meu âmago... uma irritação que
não consigo satisfazer.
Thalia bate uma vez na porta, então a abre e entra. Ela está toda
maquiada, o que é estranho para ela, e um vestido de lantejoulas preto e
saltos assassinos. Ela parece fantástica. E preocupada.
~ 58 ~
frustrante. Eu parei de contar às pessoas. Parei de contar às pessoas
sobre tudo isso. Meus pais e seu dinheiro. Minha educação ridícula. As
viagens no exterior no verão e os novos SUV. Isso deixava as pessoas
desconfortáveis e também me deixava desconfortável. Dessa forma,
quando conhecia alguém e fazia amizade, sabia que queriam sair e passar
algum tempo comigo porque gostavam de mim não por causa do que
tenho ou o que poderia fazer por eles.
~ 59 ~
ainda é o festeiro. Ele nunca mudaria. — Um piscar de dor passa por seu
rosto, um segundo, muito rápido.
— Sinto muito, Thalia. Parece que você está melhor sem o cara.
Isso, de alguma forma, faz sentido para mim. Thalia fala sobre ele
com a experiência de anos passando tempo ao lado dele, sem dúvida
viajando, explorando o mundo, aproveitando as oportunidades
disponíveis para um grupo de crianças com contas bancárias ilimitadas
à sua disposição. Contudo, sei a verdade em suas palavras. Há algo
profundamente preocupante com Raphael. Algo escuro e atormentado,
algo corroendo de dentro para fora.
~ 60 ~
— Ele sabe que estou aqui agora. — diz-me Thalia. — E me fez
prometer te pedir para continuar a jogar com ele. Sei que é um pouco
estranho agora que você conhece a verdade, mas, honestamente, você é
a primeira pessoa que ele aceitou em seu apartamento além de alguns
colegas de trabalho e Pax por muito tempo. Jogar com ele é progresso,
Beth. Progresso que nunca pensei que faríamos com ele. Vou entender se
você está brava comigo por esconder as coisas. Sei que pode não parecer
muito para você, essas poucas horas que está passando com ele todas as
semanas, mas significa muito para mim e para Pax. Então, por favor...
não pare de ir para me punir.
— Ele viu isso. — diz Thalia. — Perguntou de você. Quem você era.
Quanto tempo eu te conhecia. Eu disse a ele e depois não pensei mais
nada sobre isso. Na semana passada, ele me enviou um e-mail e me pediu
para arrumar para você ir jogar xadrez com ele. Ideia dele, não minha.
Fiquei chocada, mas concordei. Faz tanto tempo que ele mostrou
interesse em conhecer alguém que ele não sabia que apenas concordei
imediatamente. Ainda não sei por que ele me pediu para fazer isso. Tudo
o que sei é que ele é um bom rapaz, Beth. Ele é uma pessoa séria e boa.
Nunca faria nada indecoroso para fazer você se sentir desconfortável e
ele nunca faria nada para machucá-la. Além disso, faz 18 meses desde
que o vi cara a cara e, mesmo assim, foi através de uma porta de vidro.
Eu também estava sendo egoísta. Queria ouvir como ele está de alguém
que o viu recente e pessoalmente.
— Dezoito meses? Deus, Thalia. Ele está bravo com você ou algo
assim?
~ 61 ~
Tristeza flui dela em ondas. — Não. Talvez. Ainda falamos ao
telefone. E-mail o tempo todo. Ele é... ele é apenas Raphael. Não há outra
maneira de explicar. Se você continuar jogando com ele, tenho certeza
que vai descobrir isso por si mesma. — ela diz calmamente. Ela morde o
lábio inferior. — Você ainda vai?
Thalia fecha a cara. — Isso não vai acontecer. — diz ela. — Lugares
públicos são impossíveis para Raph. Ele é reconhecido em todos os
lugares que vai.
~ 62 ~
— Não há mais dinheiro.
— Beth!
Levanto minhas mãos. — Estou falando sério. Ele é seu amigo. Ele
é um dos seus amigos mais próximos pelo que acabei de ouvir, mesmo se
recusando a se encontrarem pessoalmente. Que tipo de idiota eu seria se
tirasse dinheiro dele agora?
— Você sabe que ele não está me pagando, certo? Essa coisa toda
era apenas para fazer parecer mais plausível.
~ 63 ~
Capítulo Sete
Beth
~ 64 ~
farmacêutica para depressão. Cinquenta por cento de desconto nos
colchões Kingston & Bradshaw.
Não olhei meu celular depois da aula, então não li sua mensagem.
Ele obviamente esperava que eu concordasse e deixasse Nate me pegar.
Isso significa que Nate foi e me esperou no meu apartamento? Realmente
espero que não. A segunda mensagem era:
Não sei se o tom dele está irritado ou não. É tão difícil saber em
uma mensagem. Merda. Ah, bem. O que está feito, está feito. Não tem
mais nada a fazer. Agora que não estou sendo paga por isso, sinto-me
um pouco menos preocupada com a coisa toda. Sigo para dentro, direto
para a recepção, e estou prestes a perguntar por Oliver quando percebo
que o cara de pé na minha frente está usando um crachá com esse
mesmo nome. Ele sorri educadamente. — Posso ajudá-la, senhora?
— Estou aqui para ver o Sr. North, — digo a ele. E então, — eu sou
esperada. — Sempre quis dizer isso. Parece muito profissional. O sorriso
de Oliver aumenta até mil watts.
~ 65 ~
— Você sabe subir, Beth? — Oliver pergunta. — Sr. North prefere
que permaneçamos aqui no lobby.
— Surreal, não é?
~ 66 ~
Ele olha para mim, seu olhar brevemente cintila por cima do meu
ombro, para fora da janela, antes de voltar para mim. — Depende.
— De quê?
— E hoje? — Pergunto.
Acho que ele vai me levar de volta ao salão, mas não é isso que ele
faz. Em vez disso, abre uma porta ao longo do corredor, a terceira à
direita, que leva a outro corredor. Uma única porta fica no final e está
aberta. O cômodo é magnífico. Outro teto de vidro e outro panorama
impressionante da cidade. A sala está voltada para o oeste e o sol está
finalmente se pondo no horizonte, laranjas, amarelos e vermelhos
brilhantes. No centro da sala, há uma longa mesa de jantar estilo
banquete, com quase cinco metros de comprimento. Em uma
extremidade, dois lugares foram colocados, e um vaso cheio de lírios
brancos puros está diante deles. Um simples decantador de vinho de
vidro também está à espera no local. Raphael se aproxima e serve duas
taças, depois entrega um para mim. — Seu vestido é... — Seus olhos
viajam pelo meu corpo, e não posso negar como sua atenção me faz
sentir: nervosa, um pouco ansiosa, vulnerável e exposta. Eu deveria ter
usado algo mais elegante. A camisa que ele está vestindo é uma coisa
linda. Parece que custa mais do que o meu aluguel mensal. Tenho um
desejo irresistível de colocar a mão no seu peito e sentir o tecido. Para
~ 67 ~
sentir a carne sólida e esculpida embaixo. Deus, o que diabos está errado
comigo? Eu olho para cima, piscando nervosa.
— Parece algo que você deveria ter guardado para uma ocasião
especial.
— Está correto. Também disse a ela para pedir que você não se
dirigir tão formalmente a mim.
~ 68 ~
Dreymon não significa que você não deveria dizer meu nome. Você deve...
você deve me chamar de Beth.
— Eu... espero que sim. Sei que você não pode simplesmente
chamar alguém de amigo apenas por uma noite, leva tempo, mas algum
dia...
Ele se vira para olhar para a sua esquerda , longe de mim. É tão
difícil lê-lo quando ele olha para longe assim. Talvez seja por isso que ele
faz isso - então não consigo saber o que ele está pensando. Ele está... ele
está com raiva?
~ 69 ~
sua direita ele enfia a mão no bolso e tira uma moeda. Não qualquer
moeda. Um dólar de prata.
— Cara.
~ 70 ~
— Igualmente. — Ele parece tão feliz; é impossível não devolver sua
saudação entusiasmada.
— Sim, obrigada.
— Eu não estou.
— Por que você pediu a Thalia para que eu viesse aqui? — Eu deixo
escapar. A pergunta está queimando em minha cabeça desde que ela me
contou a verdade. Mil razões potenciais vieram à mente, desde Raphael
de alguma forma ter descoberto que sou realmente boa no xadrez até a
possibilidade de eu lembrar a Raphael algum parente morto há muito
tempo ou algo assim. Em nenhum momento me permiti considerar que
~ 71 ~
ele me pediu para vir aqui porque ele me viu naquela foto e decidiu que
ele estava atraído por mim. Mas com movimentos como o que ele acabou
de fazer com o guardanapo...
Raphael pega sua colher e aponta para mim. — Por que você acha
que fiz isso? — Ele não perde o ritmo, não parece nem um pouco surpreso
que eu esteja disposta a falar sobre isso, agora que toda a charada do
anúncio do Craigslist acabou.
Que coisa estranha para dizer. Uma coisa estranha para sentir,
também. Olho para a minha tigela de sopa, pensando por um segundo.
— Se você está tão preocupado com Thalia, sobre alguém substituindo-o
em seu círculo de amigos, por que simplesmente não passa tempo com
ela?
— Você está apaixonado por ela. — Digo isso porque estou tão certa
disso agora. Não tem como ele sentir qualquer outra coisa por ela, dada
a maneira como ele está falando. Porém, a expressão dolorida de Raphael
se torna uma surpresa. Ele explode em gargalhadas.
— Então, por quê? Sério, ela sente muito sua falta. Posso dizer pelo
jeito que ela fala de você.
~ 72 ~
Raphael franze o cenho profundamente enquanto estuda suas
mãos. — Me envolvi em um acidente. Algo terrível aconteceu e depois...
tudo ficou diferente. Nunca mais consegui ser o mesmo. Então, não. Não
posso mais fazer parte da vida de Thalia. Não da maneira que costumava
fazer. Mas isso não significa que não posso ficar curioso sobre o que está
acontecendo com ela.
Bem. Pelo visto, ele não vai prolongar a conversa. Gostaria de fazer
mais perguntas, tentar recolher mais informações, mas já o conheço bem.
Ele não vai me dizer mais nada. Ele não vai me dar o que quero, bastardo
teimoso. Mas não o impede de me interrogar.
~ 73 ~
— Os anúncios? — Sua voz sobe no final.
— Não, eu disse a você. Nate é incrível. Não tem nada a ver com
ele. E, além disso, não vou comprar um carro em breve.
— Por que você não pode pagar um ou por que não quer um?
— Porque eu tenho carros que você pode pegar, Beth. Não é grande
coisa.
Olho para ele por um momento e então limpo minha boca com o
meu guardanapo, empurrando minha tigela de sopa também. — Por
favor... não faça isso.
— Fazer o quê?
~ 74 ~
— Sinto muito. Não queria ofender você. Sou um solucionador de
problemas, Beth. Emprestar a você um carro simplesmente parecia uma
boa solução para um problema.
Denny escolhe esse exato momento para retornar. Ele anda na sala
de jantar como se não tivesse nenhuma preocupação. — Vocês estão
prontos para que eu recolha os pratos e traga suas refeições? — Ele
pergunta.
— Sim, obrigado, Denny. — diz Raphael, sua voz calma. Ele não
olha para Denny. Seu olhar permanece fixo unicamente em mim,
queimando em minha pele. Meu rosto fica mais e mais quente a cada
segundo que passa. Sem dúvida Denny pode sentir a tensão no ar. Você
poderia cortá-la com uma faca. No entanto, ele não pergunta se está tudo
bem. Simplesmente recolhe nossas tigelas, cantarolando suavemente em
voz baixa, pegando nossas colheres e nos livrando dos guardanapos. O
olhar de Raphael não vacila. Nunca me senti tão deslocada antes - ter
alguém tão descaradamente olhando para mim na frente de outra pessoa
e, obviamente, não dando a mínima se isso me faz sentir desconfortável.
~ 75 ~
— Já volto. — Denny diz com intensidade. Seus olhos se encontram
com os meus quando ele sai e pisca. Assim que ele sai, Raphael esfrega
a mão em sua nuca e diz: — Não estou satisfeito, Beth, porque agora eu
quero mais.
~ 76 ~
minha frente - um desafio. Um peão derrubado. — Milhões de dólares em
dívidas. Milhões, — continua ele. — Eles viveram em excesso por tanto
tempo que acho que não admitiram sua situação nem mesmo para eles
mesmos. Decidi que não iria deixar suas imprudências com dinheiro ser
o meu fim. Prometi reembolsar o dinheiro que devia logo depois. E foi o
que fiz. Demorou três anos. Apenas três anos. Investi o dinheiro que eu
mesmo tinha. Criei patentes de tecnologias que ainda estavam esperando
para atingir todo o seu potencial. Eu me matei para recuperar o que
estava perdido e acabei ganhando mais dinheiro do que meus pais
poderiam ter sonhado em ganhar. — Outro gole de seu vinho. Outra
pausa. — Você acha que eu conseguiria isso sem minha persistência,
Beth? Eu sei bastante sobre você. Você nunca me perguntou como eu
sabia sobre o que aconteceu com sua mãe quando você era criança.
Parece que uma faca está torcendo no fundo do meu estômago. Não
sabia que mamãe tinha ido ao hospital. Ela nunca me disse. Mas,
novamente, por que ela deveria? Há anos ela esteve me ensinando sobre
passar um tempo significativo com os homens, mas nunca mencionou o
que aconteceu com ela. Está entre nós como uma névoa negra que desce
sobre nós sempre que ela se sente como se eu estivesse sendo
imprudente, mas nunca falado diretamente. E eu era apenas uma criança
naquela época. Ela provavelmente não queria me assustar mais do que
já tinha ficado.
Quase nem percebi que Denny voltou mais uma vez com os nossos
pratos principais: um bife com o cheiro mais perfeito que já senti em toda
minha vida. Denny coloca uma faca afiada ao lado do meu prato, e me
~ 77 ~
vejo olhando para ela. Na minha cabeça, imagino pegando-a e
mergulhando diretamente no joelho de Raphael. Não posso acreditar que
ele fez isso. Simplesmente não posso acreditar. — Então. Você...
pesquisou por mim? Por minha família inteira? — Exijo.
~ 78 ~
talvez estudou o olhar de horror em meu rosto enquanto bebia seu café
da manhã. Não é verdade?
Ah. Merda. Olhei para baixo, para o bife no meu prato. Meu apetite
evaporou no ar, deixando atrás uma sensação de vazio, vazio na boca do
estômago. — Sim. Isso é verdade.
~ 79 ~
refeição, Raph tira meu prato do caminho e se inclina para mim do outro
lado da mesa.
— Bem, sempre tive uma coisa pelos britânicos. Acho que Londres
seria bastante surpreendente.
— Como assim?
— Para Londres.
— O quê?
— Agora mesmo.
— E o nosso jogo?
~ 80 ~
Olho para o tablet e já sei que ele está dizendo a verdade. Permito
que um pequeno sorriso presunçoso forme no meu rosto. Isso mesmo, eu
ganhei. E desta vez eu pretendia ganhar.
*****
Auricular emparelhado
— Eu sei. Você pensou que ficou cega. Prometo que não vai
acontecer desta vez.
~ 81 ~
Raph para o que está fazendo e se vira para mim, inclinando a
cabeça para um lado, mordendo o lábio inferior suavemente entre os
dentes. — O que é isso? Atitude? Que animador.
INÍCIO DO PROGRAMA
PONTE DE LONDRES
14%
E depois…
Há luz.
~ 82 ~
— Sim. Você não é... Achei que você ia ser uma espécie de avatar
ou algo assim. Mas... é como se eu estivesse olhando diretamente para
você. Apenas você. Não alguma imagem gerada por computador.
~ 83 ~
Raphael olha para o chão, sorrindo com tristeza. — A comunidade
de gamers vai a loucura, sim. Mas não é por isso que criamos o programa.
Nós criamos originalmente para ajudar a treinar os cirurgiões. Horas
registradas em centros cirúrgicos são de vital importância para os
residentes. De vital importância para o processo de aprendizagem. Mas a
coisa sobre a aprendizagem é que os acidentes acontecem. Erros são
cometidos e vidas são perdidas. Com este programa, um cirurgião pode
passar horas ilimitadas treinando em um ambiente muito real. Eles
podem completar cirurgias ilimitadas, com milhares de resultados
possíveis. Eles podem cometer os erros que precisam para aprender, mas
ninguém se machuca.
— Não foi criado como uma fonte de renda. — diz Raphael. — Tem
sido concebido como uma ferramenta de ensino e um refúgio.
~ 84 ~
Então ... ele entrou nisso, sabendo que provavelmente nunca
ganharia seu dinheiro de volta? Que porra é essa? Não sou especialista
em desenvolvimento de tecnologia, mas sei que isso deve ter custado
milhões e milhões de dólares para criar, desenvolver e colocar em
produção. Dezenas de milhões de dólares. A quantidade de dinheiro que
Raphael estava disposto a dar adeus nesse projeto é inimaginável para
mim.
~ 85 ~
vinagre atinge meu nariz, carregado pela brisa. É uma loucura a precisão
deste programa. Loucura. Não consigo nem começar a compreender como
tudo funciona.
— Mas não acho que já estive aqui. Esta visão é nova para mim. —
diz ele. Seus olhos, normalmente tão brilhantes e nítidos, estão de
alguma forma ligeiramente fora de foco, e pela primeira vez ele parece
menos como uma arma afiada, fixado em seu alvo. Ele simplesmente se
parece com um homem, vagando, perdido em suas memórias.
~ 86 ~
Raphael balança a cabeça lentamente. — Não. Não como ele. Nunca
como ele. Nunca vou tirar de você sem o seu consentimento. Você sempre
terá o direito de dizer não para mim. Se você não quiser isso, se não
quiser que eu te beije, diga agora e vou te deixar em paz.
— Você não está me pedindo para parar — ele sussurra. Sua boca
abaixa, quase um centímetro de distância da minha.
Como ele pode... quem ele pensa que é... o próprio atrevimento do...
cara... Simplesmente não consigo...
Fico olhando seus olhos, meu corpo travado, minha coluna reta,
meus lábios formigando. Eu deveria afastá-lo. Deveria dar um tapa em
seu rosto. Gritar com ele. Não consigo fazer nada disso, apenas me inclino
para ele. Ele vem em minha direção, suas ações prolongadas, quase
lentas. Sei que ele está me dando todo o tempo do mundo que preciso
para rejeitá-lo, para lhe dizer que isto não é o que quero, mas minha voz
sumiu. Minhas mãos se recusam a afastá-lo. Meu corpo inteiro está
magnetizado, atraído para o dele na mais poderosa forma, inegável. Mais
perto, mais perto, mais perto... tão perto que seus lábios tocam nos meus,
o contato quase um sussurro. Raphael me estuda, seu hálito quente
contra a minha boca.
— Você não tinha o direito. Você é... Você é tão cheio de si.
~ 88 ~
— Eu sou. — ele concorda. — Eu tenho motivos para ser. Não sou
apenas um cara da rua, Beth. Sou diferente, da mesma forma que você é
diferente,
Olho para ele, odiando o fato de que está fazendo muito sentido
agora. Definitivamente existe uma conexão entre nós, não importa o
quanto eu queira contestar isso neste momento específico. Sou uma
pessoa forte. Uma pessoa feroz. Uma pessoa independente. Eu tomo
minhas próprias decisões e a arrogância de Raphael agora está tentando
tirar isso de mim. Não importa quem seja a pessoa, não tem o direito de
fazer isso. É assustador me sentir desta forma por um homem que mal
conheço. Mais do que intimidante. É o suficiente para paralisar-me com
a dúvida. Levei anos para construir a minha coragem depois do que
aconteceu com a minha mãe. Anos. Eu era uma pessoa tímida, assustada
por muito tempo. Cada ato de coragem que realizei e cada momento de
bravura que me forcei a atravessar foi uma batalha duramente
conquistada. Raphael me dizendo em termos inequívocos que sou
inegavelmente destinada para ele me faz sentir como se ele estivesse
tomando o meu livre arbítrio de alguma forma... não importa se acredito
que pode ser verdade. — É melhor pensar em uma maldita boa maneira
de provar isso para mim, North. — Respondo para ele. Tirando minha
mão da sua, removo os óculos de realidade virtual. Raphael fica com o
seu, claramente ainda capaz de ver uma versão minha dentro da
simulação. No entanto, Londres desapareceu para mim agora. Tudo o que
resta é o cinza das paredes do estúdio e o revestimento preto
emborrachado do chão sob meus pés.
~ 89 ~
Raphael levanta a mão, me cortando. — Nossos mundos são a
mesma coisa. Nós somos apenas pessoas, Beth. Quem disse que nós não
podemos ficar juntos? Quem disse que não podemos fazer isso funcionar?
— Senso comum.
— Acho que eu deveria ir para casa. É tarde e nós dois temos muito
em que pensar. — Com certeza eu tenho. Vou ficar pensando sobre isso
a noite toda. Por dias. Não serei capaz de pensar em mais nada. Raphael
balança a cabeça, estreitando os olhos. Ele atravessa a sala, é como um
pacote de músculos se desloca sobre os ossos, veias orgulhosas em seus
braços e o modo como seus olhos piscam faz meu estômago retorcer e
girar. Porra. Ele é assim tão sexy. Sexy não é a palavra certa, porém. A
energia que transborda dele é primitiva. Básica. Profunda e penetrante.
Ele pode estar usando uma camisa Armani, a fivela do cinto pode ter um
discreto logotipo Tom Ford e os sapatos nos pés poderiam ter sido feitos
à mão na Itália, mas em sua essência, todos os paramentos e acessórios
de ser rico não significam nada, porque ele é bruto. Ele é selvagem. Ele é
selvagem e está andando em minha direção com um olhar em seu rosto
que diz que quer me comer. Raphael flexiona as mãos, transformando-as
em punhos, e sorri, piscando-me, dentes brancos perfeitamente retos.
~ 90 ~
menores, diminuindo, sua importância evaporando. Nunca fiz isso antes.
Nunca propositadamente tentei abandonar as advertências de mãe.
Quando as fiz, nunca me senti segura, mas as interações que tive com os
outros homens no meu passado eram muito diferentes desta. Olhei em
seus olhos e não consegui romper suas paredes. Não fui capaz de decifrar
os verdadeiros significados por trás de suas palavras bonitas. Nunca
encontrei ninguém tão honesto e direto como Raphael North. Quando
olho para Raph, não me sinto assim. Vejo muita mágoa, sim. Muita dor.
Posso ver tudo refletido para dentro de si mesmo como um espelho, no
entanto, não projetado para fora, para as pessoas ao seu redor. Ele é
diferente de qualquer outro homem que já conheci. Sei que ele não vai
me machucar. Sei que ele não vai me arrastar no chão e me obrigar a
fazer o que não quero. Sei que ele nunca vai tirar nada de mim, seja
minhas emoções ou meu corpo. Ele apenas prometeu que não faria. E eu
acredito nele.
~ 91 ~
enormes realizações, e mesmo assim acordo algumas noites cobertas de
suor, imaginando-me no lugar de minha mãe, imobilizada e incapaz de
me mover enquanto um estranho sem rosto afasta minhas pernas e
rouba minha dignidade. Como seria a vida sem essa semente escura da
podridão retorcida na própria raiz do meu ser? Qual seria a sensação de
realmente estar livre daquele terrível dia?
~ 92 ~
cadeira. — Há muitas maneiras de usar essa cadeira para te foder, Beth.
Assim que você se sentar nela, e se entregar a mim. Você estará fazendo
uma declaração muito clara. Você vai me dizer que tenho sua permissão
para usar seu corpo como eu achar melhor. Você vai me dizer que estará
pronta para superar a coisa que mais lhe assusta. Você estará assinando
um tipo de contrato. Você se torna minha submissa e eu me torno seu
mestre. Você entende o que estou dizendo?
~ 93 ~
fusões realmente importantes para me concentrar, Beth. Sério, você que
foi grosseira, distraindo-me assim. E está me distraindo de novo agora.
Raphael assente com a cabeça. — Claro que não. Você nunca tem
que participar se não quiser.
— Tenho certeza que você vai encontrar alguém para se sentar nela.
Ele está certo, é claro. Qual seria a razão para ele amarrar alguém
na cadeira, quando provavelmente essa pessoa iria apreciar a
experiência? Nem se desafiaria por ele. Não estaria ganhando a atenção
e carinho dele, que é claramente o que ele quer. A ideia de ficar sentada
na cadeira, permitindo que as argolas de metal fechem apertadas em
torno de meus pulsos, permitindo ser amarrada no tornozelo e na
cintura, está me fazendo sentir muito claustrofóbica.
— Você está procurando motivos para sair dessa. Posso ver isso em
seus olhos. — Raph me diz.
Não faço ideia do porquê provar que ele está errado é tão
importante para mim. Fui chamada de covarde, fui vaiada e assediada
por pessoas que tentaram me colocar em posições que não têm nenhum
~ 94 ~
sentido estar, e nunca importou antes. Nunca tive problema em dizer não
a algo ou alguém. Na verdade, dizer não tem sido a coisa mais fácil do
mundo para mim. Menos agora, olhando nos olhos de Raph, vendo o
desafio lá. Quero mais do que tudo aceitar seu desafio, para dizer que ele
está errado, mas sinceramente não sei como.
Caras normais levam uma garota para ver um filme em seu terceiro
encontro. Caras normais levam uma garota para assistir a um jogo ou
vão cozinhar algo delicioso em casa para dar uma boa impressão. Caras
normais não têm uma cadeira de tortura/sexo feita com suas
especificações muito precisas. Eles não lhe pedem para se sentar em seu
colo para ver se você é capaz de se submeter. E Raph e eu não estamos
nem namorando. Nós não tivemos um encontro ainda, muito menos três.
Isso tudo é realmente, realmente fodido.
~ 95 ~
lembrando deste momento. Você vai gozar com os dedos ou com um
pedaço de merda de plástico, e você vai se sentir enganada. Você saberá
que perdeu algo notável.
O ciúme surge em mim quando ele diz isso. Ele deve ter tido muito
sexo para ser tão arrogante e confiante. Exatamente quantas garotas ele
fez gozar? Quantas delas encontraram-se orando ao deus da North
Industries? Se eu perguntar, ele provavelmente dirá exatamente quantas.
Me dou conta quase instantaneamente que não quero saber essa
informação. Largo minha bolsa, permitindo que ela caia no chão.
Atravesso a sala, olhando para Raphael e a enorme protuberância que ele
está ostentando entre suas pernas. Seu pau realmente deve ser glorioso
para deixar o tecido de suas calças assim. Desvio o olhar, não querendo
dar a satisfação de me ver olhando para ele, mas quando olho para cima
para encontrar seu olhar, os olhos de Rafael estão repletos de diversão
de qualquer maneira.
Este momento é crucial para mim. Sei disso dentro de mim, dentro
dos meus ossos. Se eu me sentar no colo dele, estou dizendo que quero
isso, e por sua vez que eu o quero. Deveria estar demorando mais tempo
para considerar minhas opções. Eu certamente não deveria estar
caminhando lentamente em direção a ele, meu corpo atraído por ele, não
respondendo a minha própria vontade. Tenho fogo líquido viajando
através das minhas veias. Tenho luz sob minha pele. Tenho um inferno
feroz para um coração. Não consigo me impedir de estender a mão para
tocar meus dedos em seu rosto.
~ 96 ~
Os olhos verdes pálidos de Rafael parecem brilhar um pouco mais.
— Mas mais do que isso... — diz ele, um fantasma de um sorriso
contraindo nos cantos de sua boca. — Você me quer. — Ele coloca suas
mãos na minha cintura, me levantando um pouco. Ele me gira ao redor,
me virando, me puxando para baixo sobre ele para que eu esteja sentada
de lado em seu colo. Quando me coloca para baixo, Raphael me planta
diretamente em cima de sua ereção rígida. Eu suspiro e a sensação é
quase demais para suportar. Três milímetros de tecido separam minha
boceta de seu pau. Três míseras camadas de roupas que poderiam muito
bem serem feitas de papel de seda neste momento. Eu posso sentir tudo,
e estou apostando que Raphael também pode.
— Não vou te amarrar e te foder você hoje. — diz ele em voz baixa.
— Mas eu vou colocá-la sobre o meu joelho e bater em você.
— Me bater?
— Se você acha que não pode lidar com isso... — Raphael aponta
para a porta. — Ainda está aberta. Não vou pensar menos de você. — Ele
diz isso de uma maneira tão provocante, desafiadora. É uma farpa
cuidadosamente trabalhada. Seus olhos brilham intensamente e posso
ver a antecipação ali. Não consigo decidir o que ele quer que eu faça mais:
me levantar e ir embora, portanto me acovardar diante de seu desafio
descarado, ou ficar e aceitar o desafio.
Cada parte de mim está queimando agora. Porra, não sei como
deveria agir. Como é que vou apenas me entregar a ele assim? Como se
minha liberdade emocional não valesse nada para mim. Na verdade, isso
é a coisa mais importante no mundo para mim. Raphael quer isso de mim
e é a coisa mais difícil para eu dar. Talvez seja exatamente por isso que
ele está pedindo. Se eu valorizasse mais alguma coisa, sem dúvida ele iria
querer isso de mim. Que loucura. É um jogo de poder claro e óbvio, e é
difícil considerar todas as minhas opções sem perder a paciência. A
solução mais simples nesta situação é a frieza, e calmamente sair com
meu orgulho e minha dignidade intactos, mas simplesmente não posso
fazê-lo. Minha cabeça está cheia dele. Sempre . Sinto o seu cheiro
provocando no fundo do meu nariz toda vez que ando pela rua. Ouço sua
~ 97 ~
voz sempre que estou em sala de aula ou no metrô. O homem está me
assombrando como um fantasma misterioso, enigmático que, para todos
os efeitos, é, e isso está me deixando louca. — Por que não amarro sua
bunda na cadeira? — Eu pergunto com uma voz dura, cortada. — Por
que não lhe dou uma boa surra?
— Por quê? Por que você é um idiota arrogante que quer tudo do
seu jeito?
— Como?
~ 98 ~
— Pela maneira que você respira. Pela forma como seu corpo se
contorce por cima do meu joelho. Pela maneira que salta cada vez que
coloco minha mão em sua pele nua.
Fecho meus olhos. Não sei o que dizer a isso. Como responder. Não
tenho palavras para expressar minha confusão agora, mas meu corpo
tem uma linguagem própria e está gritando que quer o escuro deleite que
Raphael está oferecendo. Tudo, cada maldita coisa. Num segundo, Rafael
está parado, e no próximo, está se movendo, agarrando-me, me virando,
curvando meu corpo sobre o joelho, incrivelmente rápido. Seu pau está
pressionando-se entre os meus seios agora, rocha sólida e latejante. Ele
toma conta do meu vestido e levanta o tecido, expondo minha bunda. Ele
exala um som profundo, celestial que faz meus dedos curvarem. Não há
tempo para constrangimento. Não há tempo para olhar para trás e
verificar qual calcinha estou usando. A mão nua de Raphael desce,
conectando-se com a minha bunda nua, e uma onda de choque e dor
canta através de mim, exigindo atenção.
— Ahh, porra!
— Você fica tão linda com a cor rosa, Beth. A curva da sua bunda
é incrível pra caralho. Eu sabia que seria. Porra, eu sabia isso. — Sua
mão desce outra vez. Eu grito, e o rosnado de Rafael se transforma em
um grunhido. Ele esfrega de novo lentamente, sua palma aplicando uma
pressão ponderada que de alguma forma faz com que reduza a
queimadura. Um momento depois, sua mão está descendo mais uma vez,
e meu grito ecoa nas paredes do quarto mal iluminado.
~ 100 ~
Capítulo Oito
Beth
— Ele te beijou. E então você foi embora. — Thalia diz isso devagar,
como se estivesse lutando para processar a informação. — Ele beijou
você? — Eu não contei a ela o que aconteceu naquela pequena sala após
o beijo. Não expliquei por que estou me esforçando para me sentar
confortavelmente hoje e não consigo parar de me mexer.
— Ele tem meu número. Ele sabe como usá-lo. Diga-lhe se ele
quiser saber, pode me ligar e descobrir por si mesmo.
~ 101 ~
— Independentemente do que você esperava ou do que estava
preparada, ainda estaria tudo bem se você estivesse excitada, Beth. —
diz Thalia. — Quero dizer, vamos lá. Conheço cada linha do rosto daquele
homem. Ele é incrivelmente bonito. Como um deus grego lindo. Não vai
me dizer que não está atraída por ele.
Não sei por que é tão importante para ela que eu me envolva com
Raphael. Sua insistente necessidade de saber o que está acontecendo
com ele e como ele está se saindo parece estranho. Normalmente
assumiria que ela sente algo por ele, mas conheço minha amiga. Há algo
mais. Outra razão pela qual ela está tão desesperada por saber todos os
pequenos detalhes da vida de Raphael, e é meio preocupante que não
consiga descobrir o que é.
~ 102 ~
— Ahh, eu não sei. Acho que não consigo lidar com mais conversas
sobre Raphael North.
— Nem vou mencionar seu nome, juro. — ela me diz. — Juro pela
minha vida.
*****
~ 104 ~
— É engraçado que cruzamos um com o outro novamente. — diz
Paxton sem problemas. — Você está no seu horário de almoço? Gostaria
de se juntar a mim na minha mesa do outro lado da rua?
— Oh, não, está tudo bem. Não quero incomodar. Tenho certeza de
que você está ocupado. Eu ia pegar uma salada para comer quando tiver
a chance esta tarde.
~ 105 ~
surpresa com as palavras de Paxton, mas não devo fazer um bom
trabalho. Paxton sorri, inclinando a cabeça educadamente. — Conheço
Raphael há muito tempo. Tenho certeza de que Thalia explicou nossa
pequena história. Como nós fomos juntos à escola, nós quatro amigos,
inseparáveis.
Quando ele diz isso, o garçom retorna com duas saladas verdes
frescas e um prato de carnes grelhadas. O cheiro é divino, o suficiente
para fazer meu estômago resmungar audivelmente.
— Sim. Suas razões por trás de passar tempo com Raphael. Elas
são... — Um olhar estranho aparece no rosto dele. — Raphael é um
homem muito rico. Mais rico que o resto da elite de Nova York. Os últimos
anos foram difíceis para ele. Parecia prudente que eu devesse descobrir
qual é o seu interesse antes que ele acabe se machucando.
~ 106 ~
O sorriso de Paxton permanece firmemente fixado no lugar, mas
algo sobre ele muda. Uma nota amarga rastejando nas linhas ao redor de
seus olhos. — Você é uma estudante falida que reconheceu uma boa
oportunidade. Eu não a culpo. Tenho certeza de que a maioria das
pessoas em sua situação faria o mesmo. Você está completamente
endividada, tem aluguel e despesas para pagar. Um convite para passar
um tempo com o homem mais rico em Nova York foi provavelmente um
presente dos céus. Ele é um meio para um fim. Você acha que ele irá
pagar suas mensalidades. Talvez lhe compre um pequeno e agradável loft
em algum lugar em que você possa morar sem pagar aluguel. — Ele acena
com a cabeça enquanto diz isso, não há uma pitada de raiva em sua voz.
— Eu entendo, realmente entendo. Tive namoricos com mulheres e fiz a
mesma coisa. Cobri seus custos, ajudei-as financeiramente quando
precisaram. Dei-lhes um carro para usar de vez em quando. Para homens
em posições de poder, é bastante normal. Mas Raphael é diferente. Ele
não se relacionou com uma mulher há muito tempo. Ele pode parecer
distante. Reservado. Frio mesmo. Mas lhe asseguro que ele é bem o
contrário. Ele é... frágil. Acho que é melhor para ele forjar um
relacionamento com alguém de igual posição social, que não exija muito
dele tão rápido.
— Sim. — diz Paxton. — Eu sei sobre o seu arranjo. Seis mil dólares
por mês? Isso é muito dinheiro para alguns jogos de xadrez, Elizabeth.
~ 107 ~
— Vai se foder. Você está me acusando de ser uma acompanhante.
— eu respondo.
— O quê?
— Você poderia me pagar cem mil dólares e eu não faria isso. Você
é um pedaço desagradável de...
~ 108 ~
sobre o braço, e Paxton começa a esfregar loucamente sua camisa e seu
paletó. O garçom me dá um olhar de lado impressionante e o a meio
sorriso, mas estou muito chateada para me juntar a ele em sua diversão.
O exterior frio e calmo de Paxton já desapareceu quando ele me prende
sob um olhar odioso.
*****
— Eu não tinha planejado isso. Mas surgiu algo. Você pode avisar
Raphael que estou aqui? Preciso falar com ele.
~ 109 ~
Oliver aperta o código do elevador e se afasta para que eu possa
entrar na sala de acesso privado. Ele me dá um aceno profissional de
cabeça, e depois vai embora sem outra palavra.
Sem camisa.
— Beth. — ele diz suavemente. Não consigo ouvir meu nome pela
porta, mas posso ver a forma em seus lábios. Enfio a mão no bolso de
trás e desdobro o papel amassado que guardo lá desde o almoço. Bato
contra o vidro para ele ver. Ele se inclina para a frente para ler e franze
as sobrancelhas. — Por que Paxton lhe deu um cheque de cem mil
dólares? — Ele pergunta. Sua voz é muito mais alta agora. Consigo ouvi-
la perfeitamente.
Sua carranca se aprofunda. — Não sei nada sobre isso, Beth. Nada.
~ 110 ~
O rosto de Raph é aço forjado e pedra esculpida. Duro. Sem
expressão. — Você acha que eu faria isso?
— Sim! Quero dizer, por que mais você estaria me pagando tanto
para vir jogar xadrez com você? Por que mais você teria feito aquela
maldita cadeira? Não posso acreditar que fui tão idiota. Você é um
homem de negócios. Você é inteligente com dinheiro. Você poderia ter
jogado xadrez com alguém na internet gratuitamente. Droga, sou tão
idiota.
Eu me viro e vou embora. Não dou nem três passos antes que a
porta de vidro esteja aberta e Raph esteja me agarrando pelo ombro. Ele
me vira, me dominando, seu rosto pairando sobre o meu. — Você está
certa, eu poderia ter jogado com alguém na internet de graça. Mas não
teriam seus olhos. — ele diz, sua voz penetrantemente profunda e cheia
de alguma emoção desconhecida. — Não teriam seu sorriso. Seus cabelos
não seriam tão escuros, quase negros, destacado com tons quentes de
marrom e vermelho. Suas bochechas não ficariam coradas cada vez que
me olhasse por baixo de seus cílios tão negros. — Ele bate com o punho
contra o peito nu, batendo contra as costelas, sobre o coração, me
assustando. — E meu coração não se sentiria como se estivesse prestes
a explodir no meu peito toda vez que ouço seu maldito nome, Beth. Então,
sim. Eu a escolhi entre mais de sete bilhões de pessoas. Vi aquela sua
fotografia e sabia que tinha que ser você. Não pedi a Paxton que tentasse
dar-lhe esse dinheiro. Nunca teria autorizado isso. Se eu pensasse que
você quisesse meu dinheiro, eu te daria rios dele. Não porque quero
comprá-la ou pagar suas dívidas. Mas porque quero ter certeza de que
você fique confortável. Quero ter certeza de ter dinheiro suficiente em sua
conta para pagar suas contas, e sua faculdade, e seu aluguel, então
quando você vem me ver e atravessar as portas do elevador, você estará
despreocupada e leve. Sem uma preocupação nesse maldito mundo. Se
você quer se irritar comigo por causa disso, então está bem. Sou um
idiota egoísta. Sou um idiota ganancioso. Mas você sabe que eu não
estava tentando comprar o seu afeto.
~ 111 ~
Em todos os nossos encontros até hoje, Raph apenas disse três
frases ao mesmo tempo. Essa manifestação de palavras e emoções é tão
surpreendente e tão real que me fez ofegar por ar. Posso ver a verdade
em seus olhos. Ele deixa lá para eu ver, dolorosamente óbvio, cru e
inegável. Ele realmente não queria nada de mim. Paxton estava errado.
Paxton é um pedaço de merda.
~ 112 ~
Suas mãos seguram meu rosto, emoldurando-me enquanto olha
para mim. Seu rosto é divino, tão perfeitamente construído, seu maxilar
quadrado, maçãs do rosto pronunciadas e altas, coradas com uma
pequena emoção própria. Seus lábios estão apertados, sua preocupação
claramente visível lá.
~ 113 ~
Raphael toca a ponta do polegar sobre meu lábio inferior, um
pequeno sorriso surgindo no canto dos lábios. Ele puxa meu lábio para
baixo, revelando meus dentes, e geme um pouco. — Diga. Diga as
palavras. Diga-me que você me quer. Eu não farei nada até você dizer
isso.
— Eu... não posso... — Sua boca está quase na minha. Tão perto.
Sua respiração está quente no meu rosto, cheirando a hortelã fresca. Ele
devia estar mascando chiclete enquanto corria. — Eu vou fazer você gozar
tão forte. — ele respira. — Vou fazer você gritar a porra do meu nome até
sua garganta ficar em carne viva. Eu prometo, Beth... Vou te foder tão
forte que você não poderá andar por uma semana.
Nunca estive tão excitada em toda a minha vida. Nunca. Nem tinha
ideia de que estaria de volta aqui tão cedo, sentindo-me tão excitada
~ 114 ~
depois da noite passada. A sensação de seu polegar mergulhando
lentamente em minha boca é suficiente para fazer meus olhos rolarem.
Como se obedecendo a alguma ordem silenciosa, lambo a ponta de seu
polegar, respirando forte pelo meu nariz quando ele faz um som baixo,
frustrado, altamente sexual, em algum lugar entre um gemido e um
grunhido. Raph inclina a cabeça, baixando a boca na minha, e
cuidadosamente lambe enquanto chupo o dedo inteiro em minha boca.
Ele segura meu cabelo, puxando minha cabeça para trás, deixando
meu pescoço exposto, e em seguida, sua língua e seus dentes estão em
minha pele, seus incisivos afundando em minha carne com tanta força
que deixa marcas. Eu grito, meu coração trovejando em meu peito.
Preciso do seu corpo no meu. Preciso mais dele, mais do que ele já me
deu. Choramingo, um som que nunca fiz antes, e Raph ri, apenas uma
vez, áspero e afiado, cheio de luxúria no riso, e depois volta para o meu
pescoço.
~ 115 ~
sentir algo, além de intimidada e assustada. Este homem, no entanto, é
capaz de me destruir e me poupar no mesmo fôlego. Ele é capaz de me
construir e ao mesmo tempo me esmagar com suas mãos fortes.
— Porra. — ele sibila. — Você está tão molhada. Puta que pariu,
Beth, você está encharcada. Vou ter que te lamber até você ficar limpa.
— As palavras que ele usa são tão animalescas e sugestivas que um
arrepio percorre a partir do topo da minha cabeça até os dedos dos pés.
Minha pele irrompe em arrepios. Se Raphael percebe o efeito extremo que
tem em mim, não me deixa saber. Ele abre minha calça, baixando-a sobre
meus quadris.
~ 116 ~
— Você gosta disso? Você gosta de andar no limite entre prazer e
dor? — Pergunta Raphael.
Eu não sei. Não sei o que quero. Cinco minutos atrás, eu queria
matá-lo. Mas muita coisa mudou desde que vim furiosa do elevador até
aqui. Raphael se expôs para eu o ver. Sem segredos. Sem jogos. Não há
nenhum mistério ou intriga. Apenas honestidade. Ele me quer e sabe que
também o quero. Qualquer outro cara não se abriria assim ou teria
arriscado a probabilidade de rejeição que vem acompanhada com a
honestidade sobre o que se quer. Sua confissão foi sem vergonha e sem
medo, e isso fez meu coração inchar três vezes o seu tamanho normal.
Frio.
~ 117 ~
…Entre minhas pernas…
…dentro de mim…
— Você está pronta para gozar para mim agora, Beth? — Ele
sussurra em meu ouvido. — Você está pronta para me dar o que estive
esperando desde que vi aquela foto?
Vai ser…
Vai ser…
~ 118 ~
Vai...
Ser…
Então, eu gozo.
~ 119 ~
Capítulo Nove
Beth
~ 120 ~
Eu fecho meus olhos, deixo minha cabeça encostar-se contra a
parede do vagão, e preciso me esforçar para não sair correndo em vez
disso. Essas memórias serão melhores guardadas quando eu estiver
sozinha e não quando tiver pelo menos dez pessoas olhando para mim,
perguntando-se por que estou tão vermelha e não consigo parar de me
mexer.
Uma hora passa e depois outra. Pouco antes das onze, um barulho
forte soa no meu apartamento, e a voz do meu irmão atravessa a porta,
me assustando.
~ 121 ~
— Notícias? Do que você está falando?
~ 122 ~
A âncora da notícia está falando, uma sobrancelha arqueou
faceiramente, um sorriso nos cantos da boca, mas não ouço uma palavra
do que ela diz. Meus ouvidos estão cheios de um som agudo que parece
continuar e continuar sempre, aumentando a frequência, até que soa
como se estivesse gritando. Não consigo entender ...
David diz algo. Ri. Ele rapidamente muda de canal, desta vez algum
tipo de show de entretenimento de merda sensacionalista sobre
absolutamente tudo, e cara, eles estão empolgados. Quatro pessoas
sentam-se em mesas, duas de cada lado de uma tela grande. Eles
continuam pausando o vídeo em intervalos, ampliando tanto Raphael
quanto eu. Felizmente, eles parecem mais interessados em Raphael,
embora apontem minha marca de nascença na clavícula, e dizem algo
hostil sobre minha bunda quando Raphael me empurra contra o vidro,
então minhas nádegas ficam esmagadas contra a janela.
~ 123 ~
— ...apenas estranho. Muito estranho. Nunca vi uma marca de
nascença tão pouco atraente em um ser humano antes. Parece um
enorme ponto de tinta.
O cara com o apontador laser ri. — Por isso você tem clareado seus
cabelos durante todos esses anos, Melissa? Você está querendo causar
uma boa impressão?
~ 124 ~
*****
— Que ofertas?
— Por sua história. É assim que ter um caso com alguém famoso
funciona, Beth. Porra, você não sabe nada sobre a imprensa? É
exatamente por isso que você precisa de mim como seu agente.
— Se você acha que quero vender minha história, ter meu rosto
estampado por toda internet e televisão mais ainda do que está agora,
então você pode dar o fora do meu apartamento neste momento.
~ 125 ~
década. E agora, isso? Ele trepando com uma mulher contra uma janela?
Eles vão ter um dia cheio, sem dúvida.
No começo: nada.
~ 126 ~
coração gaguejar e lentamente despertar dentro do seu peito. Vai
perceber que esteve adormecida ao volante por tanto tempo que não
sabe mais em que direção está dirigindo. Quando chegar a esse
ponto, perceberá que nada e ninguém pode ficar entre nós. Ninguém
pode nos impedir de sermos magníficos se nos recusarmos a deixá-
los. Confie em mim. Acredite em mim. Me dê uma chance.
Meia hora mais tarde, ele obviamente viu o vídeo de nós na internet
ou na tela plana gigante na sala de estar de sua cobertura e começou a
surtar.
Raphael: Você está bem? Vou enviar Nate para você. Vá lá fora.
Ele estará esperando por você.
— Se ele está tão perturbado, se precisa me ver tanto, por que não
veio aqui para me encontrar?
Olho para o Tesla, franzindo a testa. Ele está certo, claro. As janelas
são todas escuras, tão escuras que é impossível ver o interior. Mas ainda
assim ... Eles saberão. Conseguirão tirar uma foto minha de alguma
forma. Não suporto a ideia de meu rosto estampado nos jornais da manhã
como está. Junto com o resto do meu corpo. A ideia de novas fotos
minhas, envergonhada, tentando entrar no Edifício Osíris sem ser pega,
~ 128 ~
só serve para me fazer sentir ainda pior. Isso é um pesadelo. Um pesadelo
sério.
— Sinto muito, Nate. Espero que ele não fique bravo com você. Não
posso ir.
*****
~ 129 ~
Como um monte de suricatas assustadas, todas as equipes de
reportagem se voltam em uníssono para olhar para mim, os olhos cheios
de fome. Fodidos animais. Não tenho vergonha de admitir: eu corro.
Ela já ligou sem parar desde a noite passada, mas não ouvi suas
mensagens nem retornei as ligações. Tenho muito medo do que ela
poderia me dizer. Não sabia o que dizer a ela. Vai me esmagar ouvir
decepções ou desaprovação em seu tom. Pior ainda, se ela estiver com
raiva por eu ter dormido com um homem que mal conheço, de uma
maneira dolorosamente visível, ela vai começar a me dar sermão sobre
ser sexualmente irresponsável e provocar um ataque contra mim mesma.
No entanto, preciso falar com ela. Não posso evitá-la para sempre. Pego
meu telefone e disco seu número. As portas do vagão do metrô começam
a se fechar e quase fico. Hesitando, permitindo que o trem me leve para
outro lugar, em vez de sair e encarar o mundo. Isso seria tolice, no
~ 131 ~
entanto. Não posso me atrasar para a aula. Já é ruim o suficiente que eu
vou ter que enfrentar a ira do professor Dalziel sem estar atrasada em
cima disso.
— Pelo amor de Deus, Beth, fiquei preocupada com você. Por que
não estava atendendo seu celular? — Raiva reflete sua voz, mas também
posso ouvir a dor. Ela está ferida e sou a única que causou a dor. Meu
estômago retorce, náuseas me atingem com força.
— Que tal: “Eu estou bem, mãe. Estou bem. Estou viva. Não estou
com problemas ou em perigo”?
Cortei-a antes que ela possa dizer o nome dele. Antes que ela possa
começar a alertar sobre os perigos de dormir com um homem. Qualquer
homem. Preciso ficar focada aqui. — Esta não é uma coluna de fofocas,
mãe. — Olho para o jornal que dobrei e estou levando para a faculdade
comigo. — Este é o New York Times, pelo amor de Deus. Eles não
inventam as coisas. Eles checam as fontes. E isso está na primeira
página!
Ela está quieta por um segundo. Então outro segundo mais longo.
~ 132 ~
foi isso. Não consegui encontrar outra empresa para suprir o déficit e o
negócio vem sofrendo desde então. Eu hipotequei a terra há dezoito
meses para conseguir saldar algumas das dívidas, mas depois tornou-se
cada vez mais difícil fazer os pagamentos na propriedade e a terra... e é
onde estamos agora.
Não sei o que dizer. Minha garganta parece seca, como se fosse
uma lixa. — Anos, mãe. Você está lutando com isso por anos e nunca
disse nada. Por quê?
— Você não precisa se sentir mal por querer sua própria vida,
querida. — diz mamãe, calmamente. — Levou muito tempo para eu
perceber isso também. Sempre amei fazer isso porque fazia seu pai tão
feliz, mas agora... é quase um alívio que não vou fazer mais. Tenho uma
vida que preciso viver, também, garotinha. Estou animada para ir e ver o
que tem lá fora para mim.
~ 133 ~
— Então, o que isso significa? Para o negócio? Para a casa?
— Nem sei por onde começar. Não tenho a menor ideia por onde
começar.
*****
~ 134 ~
se apagam, as pessoas param de tagarelar e a tela na frente da sala ganha
vida.
Deus, isso vai ser difícil. — Sim. Bom dia, professor Dalziel. Eu vim
falar com você por que...
— Eu sei por que veio falar comigo. Você achou melhor resolver de
vez isso agora em vez de esperar que eu a convocasse ao meu escritório.
Eu admiro isso. — Ele acena com a cabeça brevemente, me avaliando da
cabeça aos pés. Não há nenhuma fome em seu olhar, no entanto. Ele não
olha para mim com a mesma impropriedade que todo mundo tem feito
esta manhã. Ele respira fundo e depois expele pelo seu nariz. — Você não
tem nada com que se preocupar comigo. — diz ele com naturalidade. —
Não ligo para o que você faz em seu tempo livre.
~ 135 ~
— Oh. — Nós tivemos uma enorme conversa quando fomos
admitidos no curso de Direito aqui na Columbia. Foi-nos dito para não
manchar o bom nome da instituição. Fomos avisados que o
comportamento impróprio iria levar-nos a ser sumariamente expulsos do
programa, sem segunda chance. — Eu pensei...
— Então... não vou ser expulsa porque sou uma boa aluna?
~ 136 ~
Capítulo Dez
Beth
Oliver nunca parece ir para casa. Seus olhos quase saem da cabeça
quando me vê correndo em direção a ele pelo lobby. Ele sai de trás da
recepção e coloca o braço em volta de mim, conduzindo-me para o
elevador privado sem dizer uma palavra.
~ 137 ~
— Senhorita Dreymon! Dreymon! Elizabeth! — Uma mão pousa no
meu ombro, tentando me virar. — Qual é a natureza de seu
relacionamento com o Sr. North, Elizabeth? Há quanto tempo você está
envolvida sexualmente com ele?
~ 138 ~
os preços das ações da North Industries, mas um escândalo público como
este só pode gerar desconfiança. Deve prejudicá-lo financeiramente, e ele
é do tipo inteligente e pragmático quando se trata de negócios e dinheiro.
Certamente, ele não permitiria que algo assim afetasse seus lucros.
— O que você está fazendo, Thalia? Por que você não foi na aula
esta manhã?
— Eu tinha que ter certeza de que ele estava bem. — ela diz, suas
palavras se esbarrando uma na outra. — Você não respondeu minhas
mensagens. Você não veio aqui, então... eu precisei.
Violado. É uma boa palavra para isso. Eu realmente sinto que fui
violada. — Eu não estou brava com ele, Thalia. Estou com raiva da
situação. — Seria fácil confundir a culpa, dizer que Raphael foi
descuidado e deveria ter sabido que foder contra aquele vidro levaria a
consequências terríveis, mas não é o caso. Setenta e três andares: a
natureza isolada da cobertura deveria ter sido suficiente para manter
aquele momento frenético, urgente e cheio de luxúria entre nós, sagrado.
— Quem é Chloe?
— Thalia, pare.
~ 140 ~
ele quer desaparecer de volta dentro da cobertura e fechar a porta atrás
dele. Ele não quer ver Thalia. Ele mantém as mãos nos bolsos de suas
calças enquanto ela corre pela antessala e joga os braços ao redor de seu
pescoço. Ele tolera seu abraço, ficando rígido como uma tábua enquanto
ela o abraça, seus olhos fixos em mim por cima do ombro.
Ele não respira, nem uma palavra. Thalia se inclina para trás, suas
mãos viajando sobre o rosto de Raph, colocando seu cabelo para trás,
seus movimentos frenéticos, como se estivesse checando-o por
ferimentos ou algo assim. Um soluço sufocado atravessa o silêncio. —
Raphael. Raphael, Deus, você está bem? Não acredito que você esteja
aqui agora. Deus, não posso acreditar. Eu não posso acreditar. — Ela
chora de novo, sua voz cheia de dor e tristeza. — Ela não queria isso para
você. — ela sussurra. — Ela não queria ver você assim.
— Isso não seria uma boa ideia. — diz Raphael. — Amanhã vou
instalar novas medidas de segurança. Você não será autorizada a entrar
no elevador. Vá para casa e descanse. Você pode me enviar um e-mail se
precisar.
~ 141 ~
— Eu sei. — concorda Raphael. — Mas não é assim que as coisas
são. Desculpe Thalia, de verdade, me desculpe. — Posso ouvir o quanto
ele está triste, o quanto ele quer dizer. Ele fecha os olhos e beija sua testa,
depois olha para o elevador, balançando a cabeça. Fiquei tão distraída
com o que está acontecendo que não notei os dois homens em blazers
marrons escuros entrando na antessala. Seguranças. Ambos têm as
cabeças raspadas e fones de ouvido, e parecem provavelmente ex-
militares.
— Ele não está bem, Beth. Não acredite nele se disser que está. Ele
está doente. Ele tem medo de que tenha perdido você. Não desista dele.
Por favor. — Ouço desespero em sua voz. Suas unhas apertam a minha
pele enquanto ela me agarra, e mais uma vez me vejo cair no buraco do
coelho, tão confusa por sua atitude. Ela tem tanta certeza de que serei o
Band-Aid para curar o sofrimento que Raphael está sofrendo. A coisa
sobre Band-Aids é que eles são temporários. Eles apenas mascaram o
problema. O corpo cura, ou não. Um Band-Aid apenas esconde a
situação.
~ 142 ~
*****
~ 143 ~
Meu coração é um punho no oco da minha garganta. A seus pés,
vejo isso - os destroços. Peças quebradas de plástico e vidro. Peças de
metal retorcido. Também ouvi o som de hélices no outro dia. Assumi o
mesmo que Raphael - que era apenas outro helicóptero. Sempre me
diverti com a ideia de drones. A perspectiva de ter bens entregues por
eles, em qualquer lugar, a qualquer momento, sempre pareceu uma ideia
tão incrível. Agora, eu os odeio além da medida. Eles devem ser proibidos,
proibidos em todo o país. Malditos pervertidos, usando-os para espionar
pessoas contra a vontade e de forma inconsciente. Suponho que a
tecnologia já tenha sido usada para espionar pessoas contra a vontade
há anos, mas os drones tornam isso muito fácil.
~ 144 ~
estou triste ou aliviada. Tudo o que sei é que estou tão feliz por estar em
seus braços agora, não importa as circunstâncias. Raphael passa a mão
sobre meus cabelos, sussurrando coisas suaves na minha orelha. — Está
tudo bem. Está tudo bem, Beth. Eu sinto muito. Eu sinto muito. Isso é
tudo minha culpa. Não vou deixar isso acontecer de novo, eu juro. Nunca
mais os deixarei atacar você. Shhh. Shhh. Está tudo bem.
~ 145 ~
difícil liberar o aperto de aço que tenho na minha própria dor. Agora que
estou cedendo, parece que está me pondo de joelhos.
Eu não deveria aceitar sua palavra. Não porque não acredito que
ele quer dizer isso, mas porque será praticamente impossível para ele
conseguir o que está falando. A liberdade de imprensa é tratada na
Primeira Emenda. A lei não se dobra ou se quebra pela vontade de
Raphael North, não importa quantas casas decimais seu saldo bancário
tem. Ele não pode forçá-los a deixar-me em paz simplesmente porque ele
quer que eles façam isso. Não é assim que o mundo funciona.
Seu corpo fica tenso, o tom duro em sua voz quando ele fala. —
Você perdeu seu emprego por minha causa. A culpa é minha.
~ 146 ~
— Não posso acreditar que você pensaria mesmo nisso agora. Não
depois de todas as coisas odiosas que estão falando sobre mim nos
jornais. Eu me recuso a continuar essa conversa.
Olho para ele por um momento. Ele não vai deixar o assunto do
dinheiro de lado, sei disso. Entendo por que ele sente que precisa me dar
dinheiro para cobrir meu salário perdido, mas também não vou desistir
disso. Me sentirei como uma fraude se eu fizer. Preciso mudar o assunto.
Preciso mudar e rápido.
— Thalia mencionou antes. Ela disse que Chloe a fez prometer que
cuidaria de você.
— Ela parecia bastante clara para mim. E não acho que ela apenas
tenha dito um nome qualquer desse jeito. Então, quem é Chloe, Raphael?
E por que você não quer falar sobre ela?
~ 147 ~
*****
~ 148 ~
um momento que ela tecnicamente causou, e triste por ela não parecer
conseguir lidar com a dor que também está sofrendo.
— Pegar de mim é tudo o que vocês têm feito nos últimos quatro
dias. — Digo de volta. — Tenho o direito de saber o que estão falando
sobre mim. Não se preocupe. Vou devolvê-lo em um segundo.
“... irmão de Beth, David Dreymon, diz que as coisas estão tensas
entre Beth e sua mãe há anos. Quando Margo Dreymon, de Hopestanton,
Kansas, viu a evidência das palhaçadas de sua filha em todos os
noticiários, supostamente entrou em colapso por causa do choque.
Elizabeth e Margo brigaram ao telefone por mais de uma hora na noite em
que a notícia do relacionamento sexual de Elizabeth com Raphael North foi
divulgada. As duas mulheres não se falaram mais desde então, com Margo
Dreymon bloqueando as chamadas e mensagens de sua filha. Quando
perguntado sobre a divisão que agora separa a casa Dreymon, David disse
que sua mãe estava passando por ansiedade e um "grande estresse" por
~ 149 ~
causa do assunto, e que ele não sabia se Elizabeth e Margo seriam capazes
de repararem seu relacionamento novamente.”
Na rua, ligo para David, horror batendo através de mim com cada
respiração. Ele atende quase imediatamente, como se estivesse olhando
para seu telefone, esperando alguém ligar. — Antes de ficar louca, quero
que saiba que distorceram tudo o que eu disse.
~ 150 ~
fofocar sobre você no momento em que fosse oferecido um pagamento?
Hmm? Você acha que um de seus amigos da Columbia não daria a eles
cada detalhe que conhecem sobre você em troca de uma merda de
pagamento? Era melhor nos beneficiarem com as informações fazendo a
nossa maneira. A nossa família é a única sofrendo agora, afinal de contas.
Ninguém deve lucrar com esse sofrimento, além de nós.
Davi grunhe. Ele faz isso sempre que sabe que fez algo errado, e
ainda assim não quer voltar atrás. — Você é aquela que foi filmada por
um drone fodendo um cara contra uma janela, Beth. O país inteiro viu
sua boceta, mas nenhum deles sabe uma única coisa sobre você. Me
processe se eu contei que você era um gênio na escola, pelo amor de
Deus. Me processe se eu contei a porra do seu sabor favorito de sorvete
e seu chocolate favorito, ok?
~ 151 ~
— Cacete, ela não quer ficar na casa, David! Ela quer ir embora,
porra!
— Besteira. Nós crescemos lá. É lá que ela construiu uma vida com
papai.
— Besteira.
— Ele bateu no lado direito de sua face, Beth. Você nem sequer
sabe, porra! Você era só um bebê.
~ 152 ~
— Não me ligue de novo, David. — digo. — Apague meu número.
Não venha bater na minha porta mais, está bem? Você simplesmente
morreu e perdeu uma irmã.
~ 153 ~
Capítulo Onze
Beth
~ 154 ~
Estou cansada de discutir com as pessoas. Parece que é só isso que faço
há dias. Gesticulo para o assento em frente a mim e Nate se senta,
resmungando pesadamente.
— Então…?
— Não. Não estou aqui para tentar fazer você fazer qualquer coisa.
Estou aqui para lhe contar uma coisa. E então, se você me deixar, eu
também vou mostrar outra coisa.
Nate não diz nada. Quando seu silêncio continua, olho para ele.
Ele obviamente está esperando por toda a minha atenção, suas mãos
cruzadas uma sobre a outra em seu peito. Assim que encontro seu olhar,
ele começa a falar. — Cinco anos atrás, Raphael e seus amigos saíram
uma noite. Eles estavam comemorando qualquer prêmio de merda que
Raphael havia ganhado. O melhor solteirão mais bem vestido do ano ou
algo assim. Eles saíram e jantaram. Na semana anterior, eu quebrei o
meu pulso andando de esqui em Aspen, então não pude dirigir. Falei para
Paxton que me mandasse uma mensagem quando eles estivessem
prontos para deixar o restaurante e eu pediria um carro para eles. Ele
disse com certeza. Claro. Qualquer coisa assim. Passam algumas horas.
Três. Então quatro. Então cinco. Ligo para Raph à uma da manhã para
ver se eles estão bem e se eles precisam de alguém para dirigir, mas ele
parece bem. Ele diz que estão se divertindo, que eu preciso parar de me
preocupar, que devo ir para a cama. Eles são adultos, poderão encontrar
~ 155 ~
um próprio táxi quando estiverem prontos para voltar para casa. Então
é o que eu faço. Vou para a cama.
— E?
— E nem todos saíram ilesos, Beth. Não havia apenas três deles no
carro. Havia quatro.
~ 156 ~
usando cinto de segurança. — Sua expressão é grave enquanto ele
percorre o resto da história. Os advogados de Raphael intervieram no
momento em que o CEO da North Industries descobriu o que aconteceu.
Eles enterraram a morte de Chloe de forma tão eficaz e eficiente que todo
o registro de Raphael, até mesmo o tempo que passou com a mulher, foi
apagado da internet. Pessoas foram subornadas. O chefe de polícia de
Nova York recebeu uma nova casa de férias nos Hamptons. — A voz de
Nate mergulha cada vez mais baixo quando ele revela as medidas que
foram tomadas para garantir que Raphael não fosse enviado à prisão por
homicídio culposo.
~ 157 ~
— E?
Ele acena com a cabeça, apenas uma vez, e depois olha para os
sapatos. — Os cabos de freio foram cortadas. O relatório do veículo disse
que aconteceu durante o acidente, mas não.
— Vamos lá, Beth. Você conhece o cara agora. — diz Nate. — Não
importa se foi um acidente ou se o carro foi adulterado. Tudo que importa
é que ele estava atrás do volante... e alguém com quem ele se importava
morreu.
~ 158 ~
Capítulo Doze
Beth
~ 159 ~
Pego meu celular, procurando seu contato. Lentamente, escrevo
uma resposta à sua mensagem, segurando minha respiração enquanto
faço isso.
Eu: Nunca disse que queria ganhar de você. Falei que queria
honestidade.
Merda.
Tantos dias para ter um sinal no maldito metrô, tinha que ser hoje.
A mensagem faz um ruído de shoop e uma pequena palavra aparece
abaixo do texto: entregue. Merda. Merda, merda, merda.
Não quero deixar Nate em apuros, mas não aguento mais isso.
Preciso de clareza. Preciso mais que meias verdades e silêncios
desconfortáveis. Preciso que ele seja real comigo.
Eu: Teria sido fácil. Tudo o que você precisava fazer era falar
comigo.
Raph: Você acha que seria fácil contar a alguém que gosta
que você matou alguém?.
~ 160 ~
Eu: Não foi culpa sua, Raph. E nós desperdiçamos todo esse
tempo porque você se sente culpado por algo que não teve nada a
ver com você.
Eu respondo imediatamente.
Raph: Ele quer acreditar nisso. Por favor venha aqui. Deixe-
me falar com você cara a cara.
Eu: Por que você não vem aqui, Raph? Se você quer tanto falar
comigo, pode atravessar a cidade. Ou você está preocupado em se
rebaixar vindo aqui no Brooklyn?
~ 161 ~
Eu: Quando foi a última vez que você saiu de seu
apartamento, Raphael?
E depois:
Raph: Faz muito tempo. Faz 5 anos que não saio da cobertura.
*****
— Faz cinco anos que você não sai dessa cobertura. Você está
tentando me dizer que é por isso que a imprensa não tira fotos mais de
você? Por que ninguém viu você nas reuniões? Por que você ficou
escondido aqui por cinco anos?
Meu Deus. Isso não pode ser... não pode ser real. — E a antessala?
É por isso que você sempre encontra pessoas naquela maldita porta?
Você raramente entra na antessala. Somente quando Thalia estava aqui,
e quando nós... — Eu paro desconfortavelmente.
~ 162 ~
— Raphael? — Estou de pé diretamente na frente dele agora, mas
seu olhar ainda está fixo na garrafa de água em suas mãos. — Raph. Você
não é culpado pelo que aconteceu com Chloe. Se Nate diz que os cabos
de freio foram adulterados, então eu acredito mais nele do que na sua
autodúvida ridícula.
Ele olha para mim devagar. Seus olhos são duros e penetrantes,
rápidos e avaliadores, apesar da expressão cansada e abatida que ele
tem.
— Ficar aqui é seguro, Beth. Ficar aqui significa que ninguém pode
foder comigo e não posso foder com eles. E sim. Olhar para você é difícil
para mim agora. Deveria te ter contado desde o início sobre o que
aconteceu naquela noite. Me mata pensar que vou ver o julgamento nos
seus olhos quando olho para você. Ou ódio. Ou mesmo pena. É
simplesmente insuportável.
~ 163 ~
apartamento. Eu poderia ser quem eu quisesse para você! Mas esta é a
verdade. Essa verdade feia, horrível pesadelo. Eu matei alguém. Ela era
minha namorada. Ela confiou em mim para cuidar dela, para levá-la para
casa com segurança, e em vez disso ela acabou morta. Então sim. Esse é
quem eu sou. Eu queria manter as coisas leves com você. Queria que
você viesse aqui e jogasse xadrez comigo, e ia ser assim. Mas eu fodi isso
também. Comecei a ter sentimentos por você. Fui muito egoísta. Eu
deveria ter dito a você que não viesse mais aqui e, em vez disso, deixei as
coisas muito piores. Eu te beijei. Eu te pressionei. Eu fodi você contra
essas janelas e o mundo todo viu. E agora sua vida foi virada de cabeça
para baixo. Você perdeu seu emprego. Você não pode pisar fora da sua
própria porta. Eu deveria ser um homem melhor agora. Dizer-lhe para
não vir aqui de novo. Dizer-lhe para ir embora e nunca voltar, mas
consigo. Agora que sabe a verdade, talvez você seja mais forte do que eu.
Talvez você vá embora e nunca volte. Não vou culpar você, Beth. Eu não
vou parar você.
Sua dor é uma coisa tangível. Não tive muito tempo para processar
a informação que acabei de receber. Estou também sofrendo por causa
disso. Me mata pensar em Raph naquela situação, saber que a mulher
por quem estava apaixonado está morta. Acreditando que foi sua culpa.
Sim, o fato de Chloe ter morrido é terrível. Sim, o que aconteceu foi
horrível. Me dei conta no meu caminho até aqui que, enquanto Nate
estava balbuciando incessantemente sobre a inocência de Raphael e a
conduta santa desde aquele dia, não estou com raiva de Raphael. Eu
acredito em Nate. Não acho que Raph foi responsável pelo que aconteceu,
e quero fazer tudo e qualquer coisa que puder para inocentá-lo. Ele ficou
preso aqui nesta cobertura por muito tempo. Entendo como sua mente
funciona. Ele vê seu exílio no topo do Edifício Osíris como justiça, e
enquanto ele sentir culpa pelo que aconteceu com Chloe, nunca mais
sairá. Ele nunca será capaz de se perdoar.
~ 164 ~
— Então o que você quer?
~ 165 ~
quiser. — Ele estende a mão, o comprimento da fita verde em volta do fim
do dedo indicador, a velha chave girando no final. Eu a pego.
— Continue. Abra.
~ 166 ~
— Abra a gaveta, Beth. Eu quero que você veja o que tem dentro.
Paro de respirar.
Algemas.
~ 167 ~
vontade. — Tenho uma pergunta para você. — ele murmura. — Se a sua
resposta for sim, podemos tentar . Podemos ver como nós dois somos
justos e proceder com cautela a partir daí. Você está preparada para
responder honestamente?
— Sim. Eu estou.
— Eu... eu não tive experiência. Mas sei o que isso significa. Você
é dominante. Você está no comando durante o sexo.
~ 168 ~
lugar imediatamente e ir direto para o meu apartamento. Eu nem deveria
me dar a chance de pensar sobre isso. Se o fizer, encontrarei uma
maneira de justificá-lo. Me convencer de que entregar minha livre
vontade a este homem é uma coisa inteligente a ser feita.
Raphael acabou de me dizer que eu era feroz. Mal sabe ele, minha
determinação supera a mera ferocidade. Eu sou trovão e relâmpago. Sou
explosiva. Posso ser uma força da natureza quando sinto que estou sendo
oprimida ou retida de alguma forma. Ser submissa ao domínio de
Raphael com certeza vai contra minha natureza, mas posso fazê-lo. Posso
obedecê-lo em todos os sentidos, se isso significa que sentirei sua boca
na minha pele e suas mãos no meu corpo. — Eu posso surpreendê-lo. —
digo calmamente.
~ 169 ~
importa com Raphael. Eu me importo com o que ele pensa, e saber que
ele está excitado por mim... isso me faz sentir incrível. Afasto meu olhar,
tentando esconder meu rosto, mas Raph coloca sua mão no meu queixo,
obrigando-me a fazer contato visual com ele.
— Vá para a cama, Beth. Abra suas pernas para mim, bem abertas
o quanto puder.
Eu faço isso rapidamente. Não quero que ele pense que estou
hesitando. Raph escolhe algo da gaveta de brinquedos e vem até a cama.
Ele levanta o item para mim ver: um par de algemas brilhantes e
prateadas. — Se quiser sair a qualquer momento, Beth, diga a palavra e
libero você.
— Qual palavra?
— Sim senhor.
~ 171 ~
além de intrigada, no entanto. Não há uma palavra no nosso idioma para
descrever o quanto esse homem me excita.
— Posso ver o quão feliz você está agora. — respira Raph. — Você
vai ficar ainda mais satisfeita quando eu começar a fodê-la com essa
coisa. Eu sei como foder com ele. Eu sei como fazer uma mulher gozar
com ele. Eu sei como usá-lo para fazer você se sentir bem. Sei como ser
um menino sujo com isso. Quando você sair deste apartamento, não vai
conseguir andar direito. — Ele pega seu pau ereto e lentamente passa a
mão para cima e para baixo, seus dentes ligeiramente abertos. Ele é uma
força da natureza, tão cru e selvagem. É como nenhum homem que já vi
antes.
— Sim.
Quando Raphael toca meu corpo pela primeira vez, está entre
minhas pernas. Ele sobe para que esteja ajoelhado na beira da cama,
entre minhas pernas, e olha para baixo na minha boceta com uma
espécie de apetite voraz que envia calafrios nervosos dançando sobre
minha pele. Ele se move com o maior cuidado quando coloca sua mão
~ 172 ~
sobre mim, tocando minha boceta, aplicando uma pressão vertiginosa e
satisfatória que me faz inclinar meus quadris para cima, esfregando-me
na mão dele.
— Tão ávida já. — ele diz. — Sua boceta está tão quente. Molhada.
Já sei que isso vai ter um gosto incrível na minha língua. — Lentamente,
ele desliza a mão, usando a ponta dos dedos para provocar pequenos
círculos contra meu clitóris. De alguma forma ele sabe como me tocar.
Como meu corpo irá responder a ele se me tocar do modo certo. Não
demora muito para ele me fazer ofegar, balançando-me contra a mão dele.
Esta não sou eu. Não é assim que normalmente me comporto. Mas, há
algo em Raphael North que me faz sair do meu próprio corpo. Não importa
quem eu me tornei quando estou com ele. Tudo o que sei é que gosto da
transformação.
Quando ele baixa todo o seu corpo sobre o meu e leva meu mamilo
em sua boca, parece que fogos de artifício estão saindo da minha cabeça.
E quando ele entra em mim, estocando, balançando os quadris sem
piedade, os gritos que estive lutando para reprimir são arrancados de
minha garganta. Eu grito seu nome. Eu arfo e luto por cada sopro de
oxigênio que entra no meu corpo. Raphael me fode até que eu esticar as
algemas, lutando contra elas, tentando me libertar. Não porque estou
apavorada e me sinto ameaçada por seu domínio, mas porque quero tocá-
lo. Quero sentir os planos, duros e compactos de seu músculo sob as
palmas das mãos, enquanto o guio para mim uma e outra vez. No
entanto, estou travada na posição e sou incapaz de me mover. Raphael
fecha as mãos ao redor da minha garganta enquanto ele se bate em mim.
Seu aperto não é forte, mas um choque de pânico surge através de mim.
Quanta pressão ele precisaria aplicar para estalar meu pescoço agora?
Cortar completamente meu suprimento de ar? A perspectiva de ser
sufocada nunca me excitou antes, mas a maneira como os dedos de
Raphael acariciam a lateral do meu pescoço enquanto aperta e libera me
inunda de desejo. A maneira como ele está me prendendo com aqueles
pálidos olhos verdes, empurrando-me na cama, me faz querer que ele
aperte um pouco mais. Ele deve saber o quanto estou ficando frenética.
Raph ri sem fôlego enquanto me fode ainda mais forte.
~ 173 ~
— Você pode gozar agora, Beth. Você tem minha permissão. Molhe
meu pau com o seu gozo. Faça-me escorrer com ele. Eu gozarei para você,
também. Prometo.
— Sim, Senhor.
~ 174 ~
— Excelente. — Raphael parece estar vibrando com satisfação
quando ele tira as algemas. — Você entende que peguei leve com você,
né? — Diz ele em voz baixa. — Você entende que na próxima vez que eu
estiver dentro de você, as coisas serão muito diferentes.
— Sim, Senhor.
— Você não é uma pessoa má, Raphael. Você realmente não fez
nada de errado. Chloe...
— Chega! Não quero ouvir isso. Não quero ouvir o nome dela em
seus lábios. Se vamos ficar juntos, nunca vamos voltar nesse assunto,
está bem? Não posso fazer isso. Porra, não vou fazer isso.
~ 175 ~
— Por que não? — Sussurro. Eu deveria manter a minha boca
fechada, mas não vou ser o seu capacho. Não me será dito quais
observações posso e não posso fazer, especialmente quando me afetam.
~ 176 ~
Capítulo Treze
Beth
Ele que se foda. Que se foda ele e seu estúpido maxilar quadrado,
suas lindas maçãs do rosto, seus estúpidos e perfeitos cabelos. Raphael
North pode levar essa culpa direto para o inferno. Mas então... esse é o
problema. Ele vai levar essa culpa direto para o inferno. Ele vai levar a
culpa da morte de Chloe pelo resto de sua vida, e não importa o que ele
pense, isso é da porra da minha conta. Já vai ser difícil o suficiente
tentando construir uma vida com ele. Nunca vamos dar certo se o
acidente do Waldorf Hotel ficar entre nós pelo resto do tempo. Sempre
haverá uma nota amarga distorcendo os momentos felizes de nossas
vidas e me recuso a aceitar isso. Não vou tolerar.
~ 177 ~
— Mais ou menos. — As palavras mal têm espaço para escorregar
entre meus dentes cerrados.
~ 178 ~
surpreendente de dinheiro todos os anos para justificar uma exibição tão
grande de riqueza. E se Paxton Ross é um dos sócios, deve estar
recebendo um salário obsceno todos os meses. Estamos falando
facilmente de seis dígitos acima.
— São só duas da tarde. — diz Nate. — Ele pode chegar mais tarde
e trabalhar até a noite. Esses caras fazem isso às vezes.
~ 179 ~
— Você tem seu número de celular?
— Oh, eu notei.
— Thalia deve ter o contato dele. Talvez você possa lhe pedir.
Enquanto você faz isso, eu arrombo essa fechadura.
— Eu não sei. Não parece ser o tipo de coisa que Paxton manteria
em casa. Muito facilmente perdido. Ou roubado. — Ele pisca para mim e
não posso deixar de rir nervosamente. Eu disse a ele no andar de baixo
que parecia que estávamos invadindo. E agora estamos arrombando e
invadindo. Para roubar relatórios policiais. Esta situação pode acabar de
forma terrível. Se Paxton optar por ficar com raiva de nós por invadir seu
escritório e levar o relatório, ele poderia facilmente mandar nos prender.
Apresentar queixa. As minhas esperanças de me tornar uma advogada
somem como fumaça, assim. Poof!
— Oi, Beth.
~ 180 ~
— Importante? O que está acontecendo? Está tudo bem?
— Sim?
Meu celular vibra na minha mão. Verifico e vejo que Thalia fez o
que disse que faria. Os detalhes do contato de Paxton me olham da tela
iluminada. — Acho que, — digo devagar. — Não precisamos mais entrar
em contato com Paxton.
~ 181 ~
Capítulo Quatorze
Beth
~ 182 ~
cabos de freio cortados. Há poucas observações forenses sobre o impacto
do carro no hotel. Parece mais preocupado com o fato de que a culpa pelo
incidente deve ser do motorista. Contei a palavra “incompetência” pelo
menos quatro vezes. Não é responsabilidade do investigador do acidente
colocar a culpa, apenas registrar os fatos de um acidente.
Laceração no braço.
Laceração no pescoço.
~ 183 ~
Dedo indicador da mão direita quebrado.
Laceração no maxilar.
Laceração no ombro.
Clavícula fraturada.
Costelas quebradas.
Cortes na testa.
Concussão leve.
Costelas machucadas.
Porra.
~ 185 ~
Capítulo Quinze
Beth
~ 186 ~
talvez ela precisasse de tempo para se recuperar de seu transtorno e sua
ressaca subsequente.
~ 187 ~
amargo de suor velho corta o cheiro limpo e almiscarado de sua loção pós
barba. Ele se aproxima e coloca um fio de cabelo atrás da minha orelha.
Seu toque é muito familiar e muito íntimo. De alguma forma, parece que
o gesto gentil é uma ameaça.
~ 188 ~
acabaria se ferindo seriamente ou mesmo morrendo. Era o chamariz
perfeito. Era a melhor maneira de convencer a polícia e os investigadores
do acidente de sua inocência. Era o perfeito...
~ 189 ~
na porta do seu infeliz apartamento infestado de ratos, e você ficará na
prisão por muito tempo. Você me entende? — Ele bate a folha de papel
dobrada contra meu peito. Pego isso sem pensar, cegamente, olhando
para ela na minha mão.
— O quê? Você não pode fazer isso! Ninguém vai acreditar que ele
está mentalmente incapaz.
~ 190 ~
Ela engole pesadamente, os músculos de sua garganta se movendo.
— Eu não sei mais o que fazer. — ela sussurra. — Eu continuo... Eu
continuo tomando a decisão errada.
— Feche a boca. — ele bate, sua voz cheia de fúria. — Siga o plano.
Não interfira. Tenho tudo sob controle. Ninguém jamais saberá... — Ele
trava, sua frase para bruscamente. Mas eu já sabia o que ele ia dizer.
Está tudo tão óbvio agora.
— Ninguém jamais saberá que Thalia era a única que estava atrás
do volante naquela noite e não Raphael. — eu termino por ele.
— Você não sabe que merda está falando. — diz Paxton zombando.
— Eu não sei como diabos você chegou a essa conclusão, mas ninguém
nunca vai acreditar em você. Raphael...
Estreito meus olhos para Thalia. — Raphael levou a culpa por você.
Ele mudou de lugar com você antes que a polícia ou qualquer um na rua
pudesse ver qualquer coisa. Não é? — Tudo faz muito sentido agora. É
por isso que ele não quer lutar contra uma condenação. É por isso que
ele permitiu que os juízes e os policiais fossem subornados em seu nome.
É por isso que ele disse a Nate que não investigasse os cabos cortados do
freio. Porque se tivessem levado a investigação mais adiante, tudo viria à
tona. Eles teriam descoberto que Thalia era quem estava dirigindo e ela
teria ido para a prisão.
~ 191 ~
posse de substância ilegal. Se eu fosse acusada de dirigir bêbada, eles
também teriam aplicado as três penas comutadas dessas acusações na
minha sentença por dirigir embriagada. Eu teria ido para a cadeia por
mais de vinte anos. Raphael ...
~ 192 ~
Thalia se afasta de nós e caminha devagar, cansada para as portas
francesas que levam à sacada. Ela pega um maço de cigarros e coloca um
em sua boca, acendendo-o, em seguida, sai para a sacada para fumar. —
Ele estava. — ela diz sobre o ombro. — Nós nunca conversamos sobre
isso ou reconhecemos, mas todos nós sabemos, Pax.
~ 193 ~
— Não consolar minha amiga? Não culpar você pelo que aconteceu?
Não falar a verdade? O que não devo fazer, Paxton?
~ 194 ~
falida. E dois anos presos dentro de seu apartamento, para pensar sobre
o que ele havia feito? Raphael ganhou essa penitência. Quando fui visitá-
lo, ele me fez sentir melhor. Eu o vi mudar. Achei que ele acabaria
percebendo que deveríamos ficar juntos no final. Ele excluiu você. Ele
nem sequer a deixou entrar na cobertura. Ele nunca acreditou que você
fosse responsável pela morte de Chloe, sempre disse que foi um acidente,
mas olhar para você lembrava todos os dias o que aconteceu. Eu me
tornei aquele em quem ele se apoiou. Eu me tornei quem ele procurou
quando estava chateado ou sofrendo. Eu sabia que, se ele estivesse
dentro da sua cobertura e não saísse, um dia ele abriria os olhos e veria
o que estava ali na frente dele. E então você apareceu e estragou tudo. —
diz ele, colocando um dedo no meu peito. — Eu pensei que você pegaria
o dinheiro. Você não pegou. Filmei e soltei a filmagem para a imprensa.
Pensei que fugiria para longe. Você não fugiu. Você é uma praga,
Elizabeth Dreymon. Você continua a aparecer. Não vou permitir isso de
novo. Eu não...
Um grito, então.
~ 195 ~
Capítulo Dezesseis
Raph
Cinquenta e sete
Cinquenta e oito
Cinquenta e nove
Sessenta…
~ 196 ~
fazê-la se acalmar e enfrentar detalhe por detalhe todo o acidente, mas
meu orgulho não me deixou.
— Porque você roubou algo dele. E agora você acha que Beth está
em algum perigo?
— Ela foi encontrá-lo sozinha. Eu pedi para não fazer isso, mas
você pode apostar sua bunda que ela fez. Estou lhe dizendo que você
precisa encontrá-la. E rápido, cara. Estou falando sério.
~ 197 ~
O elevador chega, as portas se abrindo, e meus pés estão
enraizados no chão. Não consigo me mexer. É apenas um passo adiante.
Um passo, e então irei para o mundo. Desde que a prisão domiciliar
terminou, o conhecimento de que sou livre para deixar o Edifício Osíris
foi bastante confortável para mim. O fato de que eu poderia entrar neste
elevador se quisesse, apertar um botão e sair para a rua, tornou o ato de
fazê-lo desnecessário. Durante semanas após o término da minha
sentença, eu ficava deitado na cama à noite, suando, pirando, pensando
em como o mundo poderia ter mudado desde a última vez que estive nele.
E pensava sobre Chloe. Eu imaginava caminhar por uma rua
movimentada na cidade e ver seu rosto em todos os lugares que olhava,
e a culpa era demais para suportar. Sei que não era eu quem estava atrás
do volante naquela noite. Sei disso com cada fibra do meu ser, mesmo
assim, se eu não tivesse voltado com ela, se não tivesse pedido que fosse
conosco naquela noite, ela nem teria estado no maldito carro...
Era tudo demais para lidar, então decidi que nunca mais iria sair.
Simples. E é assim que a vida tem sido desde então. Muito simples. Até
agora.
~ 198 ~
Seus cabelos negros. Seus olhos escuros. Suas bochechas coradas
e delicadamente cor-de-rosa. A maneira como ela ri. A maneira como ela
dá gargalhadas. Eu me apaixonei pela mulher. Eu a amo mais do que
pensei que meu coração fosse capaz e agora vou literalmente fazer
qualquer coisa para salvá-la. Nenhum preço é muito alto. Nenhum custo
é alto demais.
Sair do hall é como sair de uma nave espacial sem uma roupa para
me proteger. O ar está abafado e sufocante enquanto me dirijo para onde
estão os carros no fundo do estacionamento, já examinando a área em
busca de possíveis perigos. Pressiono meu polegar contra a fechadura de
impressão digital que tinha instalado no Tesla vermelho. Instalei
scanners em todos os meus veículos, então todos estavam preparados
para me reconhecerem. Honestamente, nunca imaginei usar nenhum
deles. A perspectiva de dirigir outro carro depois do que aconteceu com
Chloe sempre foi o suficiente para me encher de urticárias. Mas é incrível
o quanto o corpo se lembra. Quão estranhamente normal me sinto ao
deslizar no banco do motorista, colocar o veículo em movimento e sair do
espaço.
~ 199 ~
homem que transformou a North Industries? O homem que salvou
trezentos empregos em um dia. O homem que ganhou mais dinheiro
enquanto dormia do que a maioria dos homens ganhavam em suas vidas
inteiras. Eu pensei que era invencível.
— Meu Deus!
— Puta merda!
~ 200 ~
As pessoas na rua começam a gritar. Giro, e...
Não consigo...
Não consigo.
Meu corpo é feito de chumbo. Minha pele está picado, mil formigas
me mordendo.
O Tesla...
Uma mulher.
Thalia.
Thalia.
Minha amiga…
…morta.
~ 201 ~
Capítulo Dezessete
Beth
— Você fez isso. Esta é sua fodida culpa, sua vaca estúpida! — O
rosto de Paxton é um rito de raiva. Ele anda de um lado para o outro na
frente da sacada, puxando seu cabelo com as duas mãos. Suas
bochechas estão quase roxas. Mas não me importa. Na verdade, nem me
dou conta disso. Não registro nada fora o fato de que Thalia, que estava
de pé na sacada há dois segundos, agora se foi. Ela estava ali. Estava
parada ali, encarando seu cigarro, expressão de dor em todo o rosto e no
próximo segundo... a sacada estava vazia. Não a vi decidir. Não
testemunhei o momento em que decidiu que morrer seria melhor do que
viver. Eu a teria parado. Eu poderia ter tentado. Apesar da coisa cruel e
terrível que ela fez com Raphael, eu teria...
~ 202 ~
mente se apoderando, todos os pensamentos coerentes e capacidades de
resolução de problemas voando pela janela. Essa é a diferença entre viver
e morrer. Este é o momento que define todos os outros e você se sente
impotente para fazer algo a respeito.
Eu estava errado sobre Paxton. Eu pensei que ele não era o tipo de
cara que mata com as próprias mãos. Parece que ele vai me matar. Algo
quebra atrás de mim, o som de vidro quebrado enche a sala, e por um
breve segundo, um simples batimento cardíaco, a tensão no fio em volta
do meu pescoço afrouxa. Eu reajo sem pensar. Parece que ainda tenho
um bom senso. O suficiente para dar uma volta. As costas de Paxton
estão contra a parede, a parte de trás de sua cabeça encostando contra
uma moldura pendurada. O vidro está esmagado e pequenos fragmentos
estão caindo sobre seus ombros, polvilhados como minúsculos
diamantes. Paxton rosna, abrindo os dentes, segurando uma mão,
tentando recuperar o aperto do fio que ele tem ao redor do meu pescoço.
Não é um fio. É um cabo, um cabo de energia, grosso e forte. Nossos
rostos estão próximos. Ele faz uma careta enquanto gira o cordão,
segurando-o por trás da minha cabeça e puxando. Porém, a ação tem
pouco poder agora. Ele só consegue me fazer tropeçar para trás, fora de
seu alcance, e caio no chão.
— Você acha que ele a ama? Você acha que ele realmente se
importa com você? Ele mal conhece você. — Paxton joga o cabelo para
trás de seu rosto. Seu penteado geralmente perfeito e liso está em
completa desordem. Sua mão deixa uma mancha de sangue no rosto,
~ 203 ~
fresca e brilhante e surpreendente. Ele parece um louco. — Você também
não sabe nada sobre ele. Você não estava lá no primeiro dia do ensino
médio. Você não o visitou no hospital quando seu apêndice quase
explodiu. Você não viajou por toda a Ásia com ele quando tinha vinte e
um anos. Você não o consolou por semanas depois que seus pais
morreram. Você não estava lá em nenhum desses momentos. Eu estava.
Thalia estava. Você estava rolando na sujeira de uma pequena fazenda
desagradável, provavelmente fodendo algum primo. Você é como ela. Você
é como Chloe. Você não tem o direito de viver como nós. Somos seus
superiores! — Há um olhar enlouquecido em seus olhos quando Paxton
estende a mão, à procura de algo em cima do balcão.
Eu me levanto.
~ 204 ~
calçada. O porteiro vai identificá-la. Os policiais vão subir aqui e eles vão
encontrar... o quê? Eu, morta no chão? Você calmamente sobre mim,
meu sangue em você e nesse abridor de cartas em sua mão?
— Não importa o que eles acharem. — diz Paxton. Seu tom já não
é venenoso, mas bastante plano, com um pouco de tédio. Ele parece
terrivelmente calmo. — Você esquece... Eu sou um homem de negócios
bem respeitado. Eu tenho dinheiro. Os membros da minha família são
empresários e filantropos nessa cidade há gerações. Nós doamos milhões
de dólares para caridade ao longo dos anos. Somos a elite social. Você é
uma classe trabalhadora, ninguém com aspirações de grandeza. Uma
prostituta que tira dinheiro com estrelas nos olhos. Quando eles me
sentarem e interrogarem, vou contar-lhes com grande detalhe o que
aconteceu aqui esta noite. Recebi uma ligação urgente de uma querida
amiga. Ela disse que estava sendo mantida refém por uma mulher louca
em seu apartamento e estava presa em sua sacada. Eu corri para ajudar
e achei você a empurrando pelo parapeito. Quando eu a confrontei, uma
briga se seguiu, e na luta você infelizmente foi ferida. Só digo infelizmente,
porque você não estará viva para responder pela confusão que causou.
Você estará morta. Receberei uma advertência, talvez. Eu sou um dos
investidores bancários mais respeitados em toda esta cidade. Tenho
recursos infinitos e dinheiro suficiente para comprar o melhor advogado
de defesa que existe. Não vou passar uma única noite em uma cela. No
final de todo este desastre, provavelmente vou ser saudado como herói
por pegar você, Elizabeth. Eu serei um maldito herói, e você... você e toda
a sua família ficarão envergonhados.
~ 205 ~
décimo sétimo andar - mas não olhei pelo parapeito e vi por mim mesma.
Certamente me mata que Raphael tenha visto isso acontecer com seus
próprios olhos. Ele me enoja, me esvazia e me deixa sem ar. Raphael
envia um olhar de avaliação em minha direção, seus olhos rapidamente
pulando sobre meu corpo. Ele parece preocupado. Franze a testa.
Quando olha para Paxton, sua expressão é assassina. — Nate me disse
que ele estava preocupado com Beth. Falou que eu precisava vir aqui
imediatamente... que ele achava que você ia machucar a mulher que eu
amo. Não acreditei nele. Não pensei por um segundo...
— Você não sabe o que é bom para você agora. — diz Paxton com
firmeza. — Você esteve longe do mundo por tanto tempo que não pode
mais ler as pessoas. Ela não é boa para você. Ela é inútil, Raphael. Ela...
— Você não está ouvindo. Você está delirando. Não sinto nada por
você. Estou apaixonado por Beth. Eu sabia disso desde o momento em
que a vi. Eu disse a você que estava apaixonado por ela semanas atrás.
— Você matou Chloe. Você deixou Thalia pensar que ela foi
responsável, quando você fez isso. Você quebrou o coração dela e ela está
morta. Em algum mundo estranho e distorcido, em mil anos, eu poderia
ter perdoado você por isso. Mas isso? Tentar matar Beth? Eu vou
desprezá-lo pelo resto da minha vida. Nunca poderei perdoar isso. Você
é um homem morto, Paxton. Um homem morto, porra. — Raph agarra o
abridor de cartas na mão de Paxton. Ele quase consegue arrancá-lo dele.
Não há dúvida em minha mente o que acontecerá se ele conseguir. Ele
vai mergulhar no peito de Paxton. Ele vai matá-lo, e não haverá como
impedi-lo. Outra onda de pânico me apanha. Acabei de encontrar esse
~ 207 ~
homem incrível. Ele acabou de se tornar parte da minha vida. Não posso
perdê-lo. Agora não. Não quando finalmente deixei alguém entrar,
quebrar todas as minhas paredes, me amar e cuidar de mim ... para me
mostrar o que realmente significa ser feliz. Eu reajo sem pensar. Não
posso deixar isso acontecer. Simplesmente não posso.
É como se Paxton soubesse o que está por vir e ele não pode
suportar isso. Sua mão se move rapidamente, antes que qualquer um de
nós possa chegar até ele. A lâmina do abridor de cartas se ergue
novamente. Ele rapidamente recua e então avança pouco a pouco ... em
seu próprio pescoço.
Eu congelo.
~ 208 ~
Capítulo Dezoito
Beth
~ 209 ~
quero contar-lhes a verdade. O preto e o branco, do início ao fim. Mas de
que adiantaria? Thalia está morta. Paxton está morto. Chegará um
momento em que a poeira irá abaixar e a história completa virá à tona.
Mas agora? A vida ainda é louca demais para contemplar tal coisa. Não
seria fácil. Seria confuso e doloroso, e os pais de Thalia já estão sofrendo
bastante. Eles são pessoas reservadas e já estão lidando com a vergonha
de uma filha que terminou com sua vida de forma tão pública.
Eles eram da alta sociedade de Nova York. Thalia foi criada desde
que nasceu por uma babá e um tutor. Ela passou muito pouco tempo
com seus pais excêntricos. Eles pareciam muito mais ocupados com suas
reuniões de negócios e suas viagens internacionais para se preocupar
com a educação de sua filha, mas, apesar de tudo isso, eles agora
parecem genuinamente angustiados e esvaziados em sua perda.
~ 210 ~
Eu olho para cima, e há um homem diante de mim. Um homem
bonito com olhos verdes penetrantes. Ele está usando um terno preto
formal com uma camisa preta e gravata preta. Seu cabelo escuro está
penteado para trás, um corte hispter moderno, caindo nos lados. Ele é
um homem da meia-noite, uma criatura das sombras. Ele sorri para mim,
sua boca curvando um pouco nos cantos, e meu coração quase sai do
meu peito.
Não tenho ideia de como ele pode falar assim. Ele levou a culpa por
causa dela por tanto tempo. Ele ficou preso dentro de seu próprio
apartamento por dois anos por causa dela. Ele fez isso de bom grado, no
entanto, para salvá-la de sofrer um destino muito pior. Ele a amava de
todo o coração, tanto quanto qualquer amigo pode amar o outro. Eu só…
não sei se poderia ter feito isso. Sento por um longo tempo, me
perguntando como ele conseguiu chegar a esse ponto no processo de cura
tão rapidamente. No final, não aguento mais. Eu tenho que dizer alguma
coisa.
— O acidente foi ruim, Beth. Eu fiquei tão irritado com Thalia por
me colocar naquela posição. Porém, não queria cortá-la da minha vida.
~ 211 ~
Mas vê-la... vê-la trazia tudo de volta. Tudo. Eu esperava que um dia
pudesse perdoá-la o suficiente para vê-la novamente.
Ele sorri com tristeza. — Ela saiu comigo naquela noite. Ela estava
naquele carro por minha causa. Se ela não tivesse concordado em sair
comigo, ela estaria em um encontro com outra pessoa naquela noite. Ela
teria ido jantar e se divertido muito. Ela teria ido para casa e transado
com um cara, fácil, feliz e seguro. Ela poderia ter se apaixonado por ele.
Talvez casado. Tido filhos com ele. Em vez disso, ela estava comigo. Em
vez disso, ela acabou morta. Isso é tudo. — Ele parece tão honesto
dizendo isso que eu não quero discutir com ele. Não é tão simples assim.
Ainda não é culpa dele. Agora não é hora de discutir isso. Ainda temos
muito sobre o que precisamos conversar, mas estou confiante de que
chegaremos lá um dia. Por enquanto, é o suficiente que ele esteja do lado
de fora, sentado ao meu lado em um banco do parque, aproveitando a
sensação do sol em sua pele. Não muito tempo atrás, isso teria sido
impossível. Raphael fecha os olhos, cantarolando, um pequeno sorriso
ainda tocando seu rosto.
— Estou com raiva de Thalia por tirar a própria vida. Se ela tivesse
falado comigo, as coisas teriam sido tão diferentes. — Ele reflete. — Além
disso, qualquer raiva que eu nutria por ela morreu há algum tempo. E no
final, fiquei eternamente grato a ela.
Raphael vira a cabeça, de modo que ele está de frente para mim.
Ele abre os olhos e seu sorriso, um pouco triste, amplia-se.
~ 212 ~
— Desculpe interromper, mas... você é Raphael North, não é? —
Pergunta uma voz feminina. Eu e Raphael estamos tão envolvidos um
com o outro que não notamos a mulher se aproximando de nós. Ela é
alta e loira, com um olhar horrível em seu rosto. Em outras palavras, ela
parece má. Reconheço a fome feroz em seus olhos e já sei que ela é uma
jornalista. Se não bastasse, sua calça social feia a denuncia. Raphael
deve ver quem e o que ela é imediatamente também, mas ele não cai na
dela. Ele sorri com benevolência.
A mulher sorri, mas o gesto não chega aos olhos dela. Ela dá um
passo adiante, alcançando o bolso, puxando um bloco de notas e uma
caneta. — Eu sou Tracey Wick, do Enquirer. Estava pensando se você
poderia ter algo a dizer sobre o recente escândalo do vídeo que aconteceu
com... — Seus olhos se aproximam de mim. — Com a Senhorita Dreymon
aqui?
Ele não diz nada. Apenas sorri enquanto ela se afasta. Ele se reclina
contra o banco e revira a cabeça novamente, voltando à sua pose
tranquila. — O quê? — Ele diz, rindo suavemente em voz baixa.
Raph sorri largamente. Sua risada não é mais em voz baixa, mas
alta e contagiante. — Oh. Sim. Bem. — ele diz baixinho: — Eu estava
querendo falar com você sobre isso.
~ 213 ~
Epílogo
Minhas mãos estão amarradas nas minhas costas. Um relógio está
marcando os segundos que passam em algum lugar - um suave, sutil
tique-taque, tique-taque, tique-taque que captura e chama minha atenção.
É estranho que haja um relógio analógico neste apartamento, tão cheio
de tecnologia de ponta a ponta. Parece fora de lugar. Parece-me que
Raphael provavelmente colocou aqui, nesta sala, de propósito. Tudo o
que ele diz e faz tem um propósito específico, afinal. Por que deveria ser
surpreendente que os objetos que ele escolheu para decorar este local
muito privado e muito pessoal sejam diferentes? Ele quer que eu saiba
quanto tempo me manteve aqui, esperando por ele. Ele quer ver meu
coração tropeçar toda vez que ouço a segundo ponteiro avance em torno
desse relógio. Ele quer que meus níveis de antecipação cresçam e
cresçam, até que me consuma. Ele é muito inteligente para seu próprio
bem.
~ 214 ~
Um tremor profundo corre através de mim, penetrando no meu
coração. Minha garganta está seca, minha língua como lixa contra o céu
da minha boca. Como não consigo ver nada, meus nervos se
intensificaram em todos os outros sentidos que eu tenho, fazendo com
que o leve cheiro de frutas cítricas e do oceano seja esmagador. Meu corpo
está em chamas, minhas terminações nervosas hiperestimuladas e
enviando ondas de calor dançando através da minha pele nua. Cada
parte minha tem uma sensação tão boa. Incrivelmente boa. Nunca me
senti assim na minha vida. Não estou no controle dessa situação. Nem
mesmo perto. Entreguei as rédeas a Raphael e ele as pegou com prazer,
sorrindo da maneira mais selvagem imaginável, enquanto colocava a
faixa de tecido preto e sedoso sobre meus olhos. Agora, estou tentando
adivinhar onde ele está na sala, para que eu possa me preparar para o
que está por vir.
Eu pulo quando algo faz contato com meu ombro - um toque leve
de penas que me faz instantaneamente explodir em arrepios. Respiro
profundamente, mordendo a minha língua. Ele não me disse para não
falar, mas falar neste momento de alguma forma parece que eu estou
quebrando algum tipo de aliança entre nós. Raphael se move
silenciosamente, furtivo como um gato. Penso nisso sempre que olho para
ele. Ele se move com a graça predadora de uma pantera, rápida e mortal.
Com a minha visão agora restringida, fico imaginando a sutil inclinação
dos ombros dele enquanto ele me espreita. A maneira como a camisa se
estica enquanto os músculos das costas se movem e se flexionam. Minha
mente evoca facilmente a expressão em seu rosto. Conheço a luxúria
divertida e afiada que ele usa nos brilhantes olhos verdes dele. Decorei a
elevação suave no canto direito da boca que sinaliza que está satisfeito
há muito tempo. A covinha solitária na bochecha direita, profunda e
pronunciada, faria outro homem parecer fofo, e ainda assim faz Raphael
North parecer sedutor. Só aparece quando ele está extremamente
sorridente, afinal de contas, e isso geralmente só acontece quando ele
está pensando em todas coisas ruim que ele quer fazer comigo.
~ 215 ~
entre meus ombros, arrastando algo macio e delicado pela minha nuca.
— Você está com o rosto vermelho, Senhorita Dreymon. Você parece estar
com um pouco de dificuldade para respirar.
~ 216 ~
Por quanto tempo vou ter que esperar? Em que tipo de monstro ele terá
me transformado quando me der mesmo o que eu preciso?
Até que Raphael diz: — O tipo de jogo que você terá que gritar meu
nome. O tipo em que toco você com as mãos, a língua ou o meu pau e
quase faço você gozar. E então... eu paro. Você acha que pode aguentar
isso?
~ 217 ~
— Hmm. E onde... — Raphael trilha algo no topo da minha coxa
direita, fazendo-me torcer... — eu gozo? — Ele termina. — Você gostaria
na sua boca? Em todo o seu seio? — Estremeço com a imagem que se
cria na minha cabeça: Raphael, segurando seu pau, sua mão
ritmicamente bombeando para cima e para baixo em sua carne sólida, a
ponta de seu pênis escorregadia e molhada, os tendões em seus braços e
seu pescoço esticado como corda embaixo da carne. — Ou talvez em sua
boceta? Ou... sua bunda?
— Você acha que eu deveria recompensá-la por ser tão boa? — Ele
diz suavemente. Se inclina para baixo, de modo que sua boca quase toca
minha pele, paira sobre a concha da minha orelha. Sua proximidade é
suficiente para fazer minha pulsação bater forte, fora de controle.
~ 218 ~
Raphael me excita como ninguém. Nunca me senti tão cheia de
desejo antes. E mesmo que minhas pernas estejam abertas, sei que ele
está dizendo a verdade. Estou tão excitada por ele que meu corpo entrou
em ação, trabalhando em duzentos por cento, pronto e disposto a aceitar
qualquer atenção que ele possa dar a mim. Inspiro profundamente e o
doce cheiro de sexo e desejo enche meu nariz. Ele falou disso muitas
vezes antes. Com mais alguém, isso seria vergonhoso. Embaraçoso.
Humilhante. Eu sei o quanto ele gosta, porém, então não me traz nada
além de prazer agora.
Eu não estou fazendo nada além de deixar que ele me olhe e toque
onde quer que deseje. Sei como sua mente funciona. Sou um espetáculo.
Uma vista para ser apreciada. Ele me chamou de sua pequena borboleta
agora, e de uma maneira que eu realmente sou. Eu me sinto como uma
criatura exótica, presa no lugar e que ficou atrás do vidro para ele
pendurar na parede e desfrutar sempre que quiser. Ele gosta de observar
seus tesouros em seu lazer e basicamente estou dando-lhe as rédeas para
fazer isso agora mesmo. — Bom. — eu balanço. — Eu quero fazer você
feliz. Quero ser uma boa garota para você.
— Se você realmente quer ser uma boa garota para mim, Beth, pode
fazer algo por mim. Abra sua boca e jogue sua cabeça para trás. O
máximo que conseguir.
Nem sequer penso duas vezes. Estou tão ansiosa para agradá-lo
que acho que ele poderia pedir qualquer coisa de mim agora e eu faria
isso. Eu ouço o som de tecido removido ou ajustado, não sei dizer qual,
e então há um laço em volta do meu pescoço, e Raphael está apertando-
o. — Não se preocupe, pequena. Não se preocupe. Eu tenho você. Você
está segura aqui. Você confia em mim?
~ 219 ~
— Bom. — O laço em volta do meu pescoço está apertado, e um
flash de pânico explode em minha cabeça. É uma resposta natural;
qualquer pessoa em sua mente normal sentiria assim com um pedaço de
tecido preso ao redor de sua garganta. O pânico morre quase que
imediatamente. Ele não vai me machucar. Ele nunca irá me machucar.
Acredito nisso.
Raphael morde meu lábio inferior, puxando minha boca. Ele recua
quando eu suspiro, rindo em voz baixa novamente. — Você pertence a
mim. — ele declara. — Você é minha possessão. Se eu disser a você para
abrir a boca, faça isso. Se eu disser a você para me chupar, você fará
isso. Se eu disser a você para me lamber, você fará também. Se eu disser
para você abrir as pernas para mim, fará isso. Entendeu?
— Então, abra a boca para mim, Beth. Faça isso agora. Vou enfiar
no fundo da sua garganta.
Só porque não tive namorado há anos, não significa que não tive
nenhum desejo sexual. Eu via pornografia de vez em quando. Sempre
abaixava o som, incapaz de superar as falas que saem da boca dos atores.
As coisas que eles dizem um ao outro no calor do momento como animais
sempre me envergonhava. Eu acabava me encolhendo em vez de ficar
excitada. Quando Raphael me diz isso agora, porém, uma onda de
adrenalina e excitação me atinge. Obedeço-lhe, sem nenhuma dúvida.
Raphael já deve ter tirado a calça. Ele cobre minha nuca com a mão,
segurando-me no lugar, e então a ponta do seu pau está esfregando
contra os meus lábios, dura e quente. Consigo sentir seu sabor. Quando
fiz boquetes antes, o sabor do sêmen era algo que evitei a todo custo.
Salgado. Almiscarado. O suficiente para quase desistir de um cara
completamente. O pau de Raphael não tem gosto de nada. Seu cheiro é
~ 220 ~
limpo, como sabonete e sabão em pó. Ao colocá-lo na minha boca, posso
sentir o quanto estou insanamente molhada entre as minhas pernas.
Estou cada vez mais excitada a cada segundo que passa.
~ 221 ~
arrasta em toda a superfície da minha pele. Estou fraca e sem forças,
como se meu corpo não pudesse mais suportar seu próprio peso. Eu me
contorço, meu peito subindo e descendo rapidamente, minhas
terminações nervosas em chamas.
Estou mais do que pronta. A ideia dele tocando seu próprio pau
enquanto assisto é loucamente quente. Mas não consigo lhe contar o
quanto a ideia me excita. Não consigo falar uma única palavra. Eu aceno
em vez disso e Raphael age de forma rápida, retirando minha venda.
~ 222 ~
cabeça de seu pau está orgulhosamente em exibição, escorregadia de pré-
gozo enquanto ele toma sua ereção em sua mão e lentamente movimenta
seu punho para cima e para baixo.
— Sim.
— Sim.
Ele movimenta o punho mais rápido para cima e para baixo sobre
o comprimento de seu pau com os olhos vidrados de luxúria. — Você quer
que eu te faça gritar?
— Porra. Sim!
— Sim.
— Sim.
Mais rápido. Mais rápido. Ele acelera, sua mão bombeando para
cima e para baixo. Sua boca se abre, os músculos em seus ombros e
pescoço ficam tensos. — Você quer provar minha porra em sua língua,
Beth?
~ 223 ~
— Sua coisa favorita? — Um choque de nervos dispara através de
mim. Fiquei bastante intimidada pela mera visão da cadeira. Sentar-me
nisso foi bastante desgastante. Mas agora isto faz algo mais do que
restringir e desnudar cada parte de mim? Raphael sorri enquanto anda
na minha direção. Ele estende a mão e a coloca sobre o pequeno braço à
minha direita, procurando debaixo dela, em seguida, clicando algo para
o lado. De repente, estou caindo para frente, toda a cadeira girando em
um eixo abaixo de mim. Caio para a frente óbvios trinta centímetros e
não consigo evitar um grito de surpresa. Antes de cair no chão, no
entanto, um mecanismo abaixo da cadeira me segura, me fazendo parar.
Minhas costas estão agora em um ângulo de noventa graus, meu rosto
em linha com o chão, minha bunda e minha boceta no ar, quase como se
eu estivesse de quatro.
~ 224 ~
esfregando a umidade de minha boceta para cima de modo que está
perfeitamente me cobrindo, é um pouco assustador. Eu não estava
esperando que fosse bom. Eu cerro os dentes, esperando a dor e
desconforto, mas Raph não empurra seus dedos dentro de mim
imediatamente. Ele acaricia e toca, até que eu me encontro sem ar e
excitada, movendo-me contra sua mão.
— Você é uma menina safada, Beth. Você quer meus dedos na sua
bunda, né?
Eu não posso responder a isso. Parece errado, sujo, lhe dizer que
quero. Fecho meus olhos, abrindo minha boca enquanto ele empurra
para baixo, aplicando uma intensa pressão contra mim. Uma parede
quente de calor se espalha sobre mim e Raphael geme.
— Você não tem ideia do quão bonita você está para mim agora.
Sua bunda é como um pêssego. Eu vou devorar. Vou fazer isso. — Ele
me informa. Eu estremeço de novo, e Raphael leva seu pau e começa a
esfregá-lo contra a minha boceta. Ele se concentra em meu clitóris,
esfregando a cabeça do seu pau para frente e para trás sobre o pequeno
e firme feixe de nervos até que eu esteja tremendo. Quando ele se
empurra na minha boceta, é como se eu tivesse sido atingida por
eletricidade. A sensação, sendo esticada, sendo cheia dele, é tão intensa
que minha visão realmente pisca, meus olhos embaçados por um
segundo.
— Está tudo bem, está tudo bem. Eu não vou te machucar. — diz
ele. — Eu vou fazer você gozar, prometo.
~ 225 ~
Ele me fode brutalmente e perco o controle de tudo. Ele está dentro
de mim; seus dedos estão dentro de mim; sua boca está nas minhas
costas; ele está se aproximando ao redor e apertando meus seios,
enquanto balança seus quadris contra os meus.
— Ok, acho que você já ganhou. — Nunca pensei que ele estava se
segurando, mas Raphael aumenta seus movimentos uma centena de
vezes, fazendo meu pulso disparar. Não aguento mais. Não posso fazer
isso, porra. Eu salto e balanço contra ele o máximo que posso, e Raphael
me fode ainda mais forte. O orgasmo sai de mim, me esmagando, fazendo-
me gritar alto e forte. Raphael desliza os dedos mais fundo na minha
bunda quando eu gozo, e ele faz um som gutural, estrangulado.
— Sim... Meu Deus... sim. — Ele deve saber que sim; ele me ouviu
implorando para me foder. Ele faz um som satisfeito, então pega um
punhado do meu cabelo e força minha cabeça para trás. A expressão em
seu rosto é feroz. — Eu juro para você, Beth. Meu trabalho. Meu dinheiro.
Minha vida aqui em Nova York. Nada disso significa nada para mim. De
agora em diante, minha única prioridade é fazer você gozar. O mundo
pode queimar e todos nele podem perecer. Desde que você esteja ao meu
lado, Elizabeth Dreymon, vou ter certeza de fazer você se gozar todos os
dias pelo resto de sua vida. Você pode contar com isso.
~ 226 ~