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Processos de Fabricação

Seção 1 – Tempo de corte

Seção 2 – Potência de corte


Tempo e Potência de Corte
SEÇÃO 1
Tempo de corte
O tempo de corte é um parâme- Exemplo
tro indispensável para podermos
efetuar o levantamento do custo Para a usinagem da peça abaixo, deve-se trabalhar com velocidade de
de fabricação de uma peça. Tam- corte (Vc) de 200 m/min, avanço (f) de 0,2 mm/rot e profundidade de
bém é em função dele que pode- corte (ap) de 3 mm. As dimensões do material bruto são diâmetros de
remos realizar o planejamento e 100 mm e comprimento de 200 mm. Qual é o tempo de corte necessário
a programação da produção em para fabricar essa peça?
função do número de peças que
precisam ser fabricadas e do nú-
mero de máquinas disponíveis.
É claro que além do tempo de
corte, é necessário incluir para
estes fins os tempos de colocar
e tirar a peça da máquina, ligar a
máquina, os deslocamentos em
vazio, as trocas de ferramentas,
entre outras operações que são
necessárias para a fabricação de
uma peça.
Aqui trabalharemos apenas com a
determinação do tempo de corte
no torneamento, na furação e na
fresagem. Dados:
Para determinação do tempo de TC = é o que queremos calcular;
l = 150 mm;
corte no torneamento, emprega-
i = 4 passadas (a ferramenta retira 3 mm no raio da peça em cada
se a seguinte fórmula: passada);
f = 0,2 mm/rot;

Vc x 1000 200 x1000


l i n= = 630rpm
TC = x p x D = p x 100
nx f

Substituindo essas informações na fórmula de tempo de corte temos:


Sendo:
▪ TC = tempo de corte (min);
lx i 150 x 4
▪ l = comprimento a ser usinado TC = = 4,762min
(mm); nxf 630 x 0,2

▪ i = número de passadas;
▪ n = rotação da peça (rpm);
Dessa forma, o tempo que a ferramenta ficará em contato com o mate-
▪ f = avanço (mm/rot). rial é de 4,762min.

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É importante ressaltar que esse
tempo não inclui os tempos de fixa- Dados:
ção da peça, troca de ferramentas, TC = é o que queremos calcular;
deslocamentos em vazio, etc. f = 0,15mm/rot;
Vc x 1000 40 x 1000
n= = = 1270rpm
pxD 10
Quando precisamos determinar o l = 53 mm, considerando a espessura da peça que precisa ser furada e
tempo de corte para uma furação, o comprimento da ponta da broca, conforme desenho a seguir:
podemos empregar a seguinte
fórmula:
Substituindo essas informações
na fórmula de tempo de corte te-
TC =
l mos:
nxf

l 53
TC = = = 0,278min
Sendo: nxf 1270 x 0,15
▪ TC = tempo de corte (min);
▪ l = comprimento a ser usinado
(mm); Assim, o tempo que a broca essa
▪ n = rotação da broca (rpm); rá em contato com o material é de
0,278min.
▪ f = avanço (mm/rot).
Para determinação do tempo de
Exemplo corte na fresagem, emprega-se a
seguinte fórmula:
Precisamos fazer um furo passan-
te em uma peça de 50 mm de es-
pessura com uma broca de 10 mm
de diâmetro. A broca tem ângulo A dimensão da peça é 50 mm. O lx i
TC =
de ponta de 118°, a velocidade de comprimento da ponta da broca n x fz x z
corte recomendada é de 40 m/ foi determinado por:
min e o avanço de 0,15 mm/rot.
Qual é o tempo de corte para a
realização desse furo?
CO
tg =
CA
5
tg59º =
CA
5
CA = = 3mm
tg59º

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Sendo: O comprimento “l” a ser considera-
do para o cálculo do tempo de cor-
▪ TC = tempo de corte (min);
te na fresagem é sempre a distância
▪ l = comprimento a ser usinado (mm); que o centro da fresa irá percorrer.
▪ i = número de passadas;
▪ n = rotação da fresa (rpm); Depois de entender como calcular
▪ fz = avanço por aresta de corte (mm/aresta); o tempo de corte, você vai apren-
▪ z = número de arestas de corte da fresa. der como calcular a potência de
corte, assim saberá se a máquina
Exemplo está apta para fazer determinada
operação.
Precisa-se fresar uma face de uma peça que tem 100 mm de comprimen-
to por 50 mm de largura. É necessário retirar 5 mm de material dessa
face. Empregaremos uma fresa com diâmetro 63 mm que possui 5 ares-
tas de corte. A velocidade de corte (Vc) recomendada é de 140 m/min, o
SEÇÃO 2
avanço por aresta (fz) de 0,08 mm/aresta e a profundidade de corte (ap) Potência de corte
de 2 mm. Qual é o tempo de corte necessário para fabricar essa peça?
Nesta seção você vai estudar por
meio de fórmulas e tabelas como
Dados: achar a potência da máquina.
TC = é o que queremos calcular; A determinação da potência para
i = 3 passadas (a ferramenta retira 2 mm de profundidade em cada uma operação de usinagem serve
passada); para identificar se determinada
fz = 0,08mm/aresta; máquina é capaz de realizar uma
z = 5 arestas de corte; operação. Da mesma forma que
Vc x 1000 140 x 1000
n= 710rpm para o cálculo do tempo, você
pxD p x 63 encontrará aqui como determinar
l = 163 mm. a potência de corte para o torne-
amento, para a furação e para a
fresagem.
Aqui deve ser considerado o deslocamento do centro da fresa, conforme Para determinar a potência de
figura a seguir: corte em uma operação de tor-
neamento, pode ser empregada a
seguinte fórmula:

f ap x ks x Vc
PC = x
60000

Sendo:
▪ PC = potência de corte (kW);
Substituindo essas informações na fórmula de tempo de corte temos: ▪ f = avanço (mm/rot);
▪ Vc = velocidade de corte (m/
min);
lx i 163 x 3 ▪ ap = profundidade de corte
TC = = = 1,722min
n x fz x z 710 x 0,08 x 5 (mm);
▪ ks = pressão específica de
corte (N/mm²). É um dado
tabelado, obtido por meio de
Desta forma, o tempo que a fresa ficará em contato com o material é
experimentos, conforme tabela a
de 1,722min.
seguir.

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Tabela 1 - Alguns valores de pressão específica de corte (ks) para o torneamento N/mm²)
Espessura do Cavaco
Material da
0,1 0,125 0,16 0,2 0,25 0,315 0,4 0,5 0,63 0,8 1,25 1,6
Peça
Aço SAE
2.550 2.460 2.360 2.290 2.210 2.130 2.040 1.970 1.900 1.830 1.700 1.640
1020
Aço SAE
2.700 2.560 2.400 2.280 2.150 2.030 1.910 1.800 1.710 1.610 1.440 1.350
1045

Alumínio
640 620 590 570 550 530 510 490 470 460 420 410
DIN Al99.5

Ferro
Fundido 1.800 1.700 1.600 1.510 1.430 1.340 1.280 1.200 1.140 1.070 950 900
DIN GG-20
Fonte: adaptado de Franzner (2004, p. 121).

A espessura do cavaco é calculada


da seguinte forma:

h = f x senx r

Sendo:
▪ h = espessura do cavaco
(mm);
▪ f = avanço (mm/rot);
▪ kr = ângulo de posição
Dados:
(graus).
▪ PC = é o que queremos calcular;
Exemplo
▪ f = 0,2 mm/rot;
Para a usinagem de desbaste da
peça abaixo, que é de aço ABNT
▪ ap = 3mm;
1020, deve-se trabalhar com velo- ▪ Vc = 200 m/min;
cidade de corte (Vc) de 200 m/ ▪ kr = 95°.
min, avanço (f) de 0,2 mm/rot e
profundidade de corte (ap) de 3 Primeiro determinamos o valor da espessura do cavaco:
mm. As dimensões do material
bruto são diâmetros de 100 mm e
comprimento de 200 mm. A fer-
ramenta tem o ângulo de posição h = f x senK r 0,2x sen95º =0,199
(kr) de 95° .Qual será a potência
de corte nessas condições?

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Agora, com o valor da espessura Ou seja, a máquina precisaria ter um motor de 6,54 kW para realizar essa
do cavaco e o material da peça, usinagem.
encontramos o valor da pressão Quando precisamos determinar a potência de corte para uma furação,
específica de corte, ks = 2290 N/ podemos empregar a seguinte fórmula:
mm².
Então, substituindo essas infor-
mações na fórmula da potência 0,29
de corte temos:
(
Dc.f .k C0,4 .
0,4
fz .sen r
) .Vc
PC =
240000
f .ap.ks.Vc
PC =
60000
0,2.3.2290.200 Sendo:
PC =
60000
▪ PC = potência de corte (kW);
PC = 4,58kW
▪ Dc = diâmetro de corte da broca (mm);
▪ f = avanço (mm/rot);
Por meio desse cálculo, pode- ▪ fz = avanço por aresta de corte da broca (mm/aresta);
se dizer que a potência de corte ▪ kr = ângulo de posição (graus) = metade do ângulo de ponta da
necessária para essa operação de broca;
desbaste é de 4,58 kW. Mas essa é
a potência que precisa essa r dis-
▪ Vc = velocidade de corte;
ponível para a usinagem, não le- ▪ KC 0,4 = pressão específica de corte para uma espessura de cavaco =
vando em consideração as perdas 0,4 mm.
da máquina.
Para determinarmos a potência Da mesma forma que ks (do torneamento) é tabelado e obtido por meio
de acionamento podemos fazer o de testes.
seguinte:
Tabela 2 - Alguns valores de pressão específica de corte (kC 0,4) para furação em N/
mm², com espessura do cavaco de 0,4 mm
Material da peça KC 0,4 (N/mm²)
Pa = Pc
n
Aço SAE 1020 2100
Aço SAE 1045 2250
Alumínio DIN Al99.5 500
Sendo: Ferro fundido DIN GG-20 1100
Fonte: adaptado de Sandvik do Brasil ([2005], p. E83).
▪ Pa = potência de acionamento
(kW); Exemplo
▪ PC = potência de corte (kW);
Precisamos fazer um furo passante em uma peça de 50 mm de espessura
▪ = rendimento, que atribuire- com uma broca de 10 mm de diâmetro. A broca tem duas arestas de
mos o valor de 0,7; corte, que formam um ângulo de ponta de 118°. A velocidade de corte
recomendada é de 40 m/min e o avanço de 0,15 mm/rot. A peça a ser
furada é de ferro fundido DIN GG-20. Qual é a potência de corte que
4,58 será consumida para a realização desse furo?
Pa = = 6,54kW
0,7

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Dados:

0,29
Dc.f .k C0,4 . (
0,4
fz .sen r
) .Vc
PC =
240000

▪ PC = é o que queremos calcular;


▪ Dc = 10 mm;
▪ f = 0,15mm/rot;
▪ kC 0,4 = 1.100 N/mm²;
▪ fz = 0,075mm/aresta;
▪ kr = 59°;
▪ Vc = 40m/min.

Substituindo essas informações na fórmula da potência de corte temos:

0,29
0,4
Dc.f .k C0,4 . ( fz .sen r) .Vc
PC =
240000
0,29
0,4
10.0,15.1100. ( 0,075.sen59º ) .40
PC =
240000
PC = 0,467kW

Assim, a potência necessária para a broca fazer este furo é de 0,467 kW.
A potência de acionamento é:

Pa 0,467
Pa = 0,667kW
n = 0,7 =

No caso da fresagem, precisamos de várias informações para a determi-


nação da potência de corte. São elas:

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ap.ae.n.fz .z.kC
PC =
60000000

mc
k C = k C1 .hm

ae
hm = fz . Quando ae/Dc < 0,1
Dc

sen r.180.ae.fz
hm = Quando ae/Dc > 0,1
ae
p .Dc.arcsen Dc( )

Sendo:
▪ PC = potência de corte (kW);
▪ ap = profundidade de corte (mm);
▪ ae = largura de corte (mm);
▪ n = rotação (rpm);
▪ fz = avanço por aresta de corte (mm/aresta);
▪ z = número de arestas de corte;
▪ kC = pressão específica de corte (N/mm²);
▪ hm = espessura média do cavaco (mm);
▪ mc = aumento da pressão específica de corte em função do aumen-
to da espessura do cavaco;
▪ Dc = diâmetro de corte da fresa (mm);
▪ kr = ângulo de posição da fresa (graus);
▪ kC1 = pressão específica de corte (N/mm²) para uma espessura de
cavaco de 1mm. Da mesma forma que ks (no torneamento) é tabelado
e obtido por meio de testes.

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Tabela 3 - Alguns valores de pressão específica de corte (kC1) para fresagem em N/
mm², com espessura do cavaco de 1 mm
Material da Peça KC1 (N/mm²) mc
Aço SAE 1020 1500 0,25
Aço SAE 1045 1600 0,25
Alumínio DIN Al99.5 600 0,25
Ferro fundido DIN GG-20 900 0,28
Fonte: adaptado de Sandvik do Brasil ([2005], p. D170).

Exemplo
Precisa-se fresar a face de uma peça de aço SAE 1045. As dimensões
dessa face são 100 mm de comprimento por 50 mm de largura. É ne-
cessário retirar 5 mm de material da face. Empregaremos uma fresa com
diâmetro 63 mm que possui 5 arestas de corte, com ângulo de posição
(kr) de 45°. A velocidade de corte (Vc) recomendada é de 140 m/min, o
avanço por aresta (fz) de 0,08 mm/aresta e a profundidade de corte (ap)
de 2 mm. Qual é a potência de corte necessário para fabricar essa peça?
Dados:
▪ PC = é o que queremos calcular;
▪ ap = 2 mm;
▪ ae = 50 mm;
▪ fz = 0,08mm/aresta;
▪ z = 5 arestas de corte;
▪ kC1 = 1.600 N/mm²;
▪ mc = 0,25;
▪ Dc = 63 mm;
▪ kr = 45°.

Precisamos saber a rotação adequada para a fresa:

Vc.1000 140.1000
n= = = 710rpm
p .D p . 63

22
Determinamos a espessura média do cavaco, considerando ae/Dc > 0,1:

sen r.180.ae.fz
hm =
ae
.Dc.arcsen
Dc
sen45º. 180. 50.0,08
hm =
50
p .63.arcsen 63 ( )
hm = 0,049mm

Determinamos a pressão específica de corte para essa situação:

k C = k C1 .hm (mc)
k C = 1600.0,049 (25)
k C = 3401,15N/mm²

E por fim determinamos a potência de corte:

ap.ae.n.fz .z.kC
PC =
60000000
2.50.710.0,08.5.3401,15
PC =
60000000
PC = 1,61kW

Depois de aprender a calcular o tempo e a potência de corte, na Unidade


2 você irá conhecer as características e a utilização de aparelhos divisores
e conhecerá alguns dados construtivos das engrenagens.

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Seção 1 – Generalidades
Seção 2 – Rebolos
Seção 3 – Retificadoras
Seção 4 Operação

Retificação
SEÇÃO 1
Generalidades
Nesta seção você verá o que é re- as irregularidades de uma ou mais Os rebolos têm cinco elementos
tificação e em que processos ela superfícies de uma peça. Normal- que devem ser considerados: o
é usada. mente aplicamos os processos de abrasivo, a granulação, o aglome-
A retificação é um processo de retificação quando precisamos: rante, o grau de dureza e a estru-
usinagem executado por ferra- tura.
▪ melhorar o acabamento super-
mentas chamadas de esmeratri- Os grãos abrasivos podem ser
ficial de uma peça que passou por
zes, que são pedras fabricadas constituídos de diversos materiais,
processos como torneamento,
com materiais abrasivos, usado entre eles o óxido de alumínio, o
fresamento ou furação;
constantemente no setor metal carbeto de silício, CBN ou dia-
mecânico, como acabamento e ▪ melhorar a precisão dimensio- mante. São esses grãos que efe-
precisão de peças que exigem esse nal de uma peça, quando não é tivamente irão retirar material da
processo. É considerado como a possível com outros processos de peça, por isso precisam ter dureza
última operação entre várias que fabricação; elevada.
a peça sofre no decorrer de sua ▪ usinar peças que tenham Os rebolos de óxido de alumínio
transformação, possibilitando a sofrido deformação durante um são obtidos a partir da bauxita.
obtenção de tolerâncias justas, de tratamento térmico ou termoquí- Podem ser encontrados na varia-
baixa rugosidade e com a mínima mico; ção de óxido de alumínio comum,
remoção de cavaco. ▪ usinar peças de materiais com 97% de pureza, e óxido de
Logo, podemos dizer que a reti- endurecidos, em que outros alumínio branco, com 99% de pu-
ficação é um processo de fabri- processos de usinagem não são reza. Também pode haver outras
cação com remoção de cavacos e viáveis. variações, mas menos empregadas
é um processo abrasivo, ou seja, na indústria.
que emprega ferramentas de cor- Já os rebolos de carbeto de silício
te abrasivas. Tais ferramentas são SEÇÃO 2 são obtidos pela reação química
chamadas de rebolos, que são fer- Rebolos de sílica pura com carvão coque
ramentas de corte com geometria em fornos elétricos. Têm maior
indefinida, pois não conseguimos Nesta seção você será apresenta- dureza que o óxido de alumínio.
identificar quais são os ângulos ou do às definições, aos elementos, Podem ser encontrados nas varia-
as superfícies dos grãos abrasivos formas e aplicações dos rebolos. ções cinza, verde ou combinado,
que entrarão em contato com o sendo o verde o mais refinado.
material. A ferramenta de corte emprega-
da nos processos de retificação é Os rebolos com abrasivos de
Na usinagem com ferramentas chamada de rebolo. O rebolo é, CBN são os que têm aplicação
com gumes geometricamente in- basicamente, constituído de um mais recente na indústria. CBN
definidos, cujos formatos podem aglomerado de partículas duras é a sigla para Nitreto Cúbico de
ser cilíndricos, ovalizados ou es- (abrasivas), unidas por um aglo- Boro, um material sintético ex-
féricos, a remoção de material se merante ou ligante. A superfície tremamente duro, sendo um dos
dá pela ação de grãos abrasivos de do rebolo é repleta de pequenos materiais mais duros que existem.
alta dureza que atuam soltos ou grãos abrasivos, que, quando en- Tem a vantagem de poder tra-
unidos por um ligante, formando tram em contato com a peça, cada balhar com velocidades de corte
os rebolos. pequeno grão retira uma pequena bastante altas, se comparado aos
Podemos dizer que a retificação é quantidade de material da superfí- demais abrasivos.
um processo destinado a corrigir cie da peça.

41
Por fim, os rebolos de diamante ▪ resinóides – de baixa porosi- entre os grãos tem a importante
são normalmente peças metálicas dade, dão excelente acabamento finalidade de conduzir o fluido re-
recobertas com pó de diamante. superficial, sendo indicados para frigerante para a peça e dar espaço
Como todos já devem saber, o operações de acabamento. Têm para os cavacos.
diamante é o material mais duro elevada sensibilidade nas altas Para cada tipo de serviço deve
encontrado na natureza. temperaturas, exigindo refrigera- ser encontrada a combinação
A granulação do rebolo diz res- ção intensa e constante; ideal entre os tipos de abrasivos,
peito ao tamanho dos grãos abra- ▪ borracha – usado em discos o ligante e a granulométrica dos
sivos, que podem ser grossos ou de corte refrigerados. Boa quali- abrasivos, que define o tamanho
até mesmo em pó. É representada dade superficial; dos poros. Associado a essas in-
por número que indica a classifi- ▪ metálicos – são os mais uti- formações, é importante que pa-
cação de peneiras correspondente lizados com abrasivos de CBN e râmetros de usinagem, como a
ao tamanho, conforme tabela de diamante. velocidade do rebolo e o avanço
classificação internacional de pe- correspondente, sejam adequados
neiras. A medida é feita em mesh/ ao trabalho. Esses dados, em ge-
polegada, variando de 8 (grossei- O grau de dureza de rebolo é a ral, podem ser encontrados nos
ra) até 1.200 mesh (ultrafina). sua resistência ao arrancamento manuais e catálogos dos fabrican-
das partículas abrasivas, ou seja, tes de rebolos.
Para retificação de aços em geral, a resistência à tração do aglome-
o tamanho dos grãos varia de 24 rante. Portanto, o grau de dureza A eficiência do rebolo está dire-
até 100 mesh. As classes mais gros- do rebolo se refere à capacidade tamente relacionada com o tipo
seiras são utilizadas para taxas de que o rebolo tem de reter mais ou do abrasivo empregado, o aglo-
remoção de materiais mais eleva- menos os grãos abrasivos durante merante e a porosidade existen-
das, particularmente na retifica- o processo de usinagem. te. Durante o processo, os grãos
ção de peças de grande porte, ma- abrasivos vão perdendo as suas
teriais moles (aços recozidos, por características geométricas (vão se
exemplo) ou mesmo quando a su- É importante não confundir o grau desgastando) e vão sendo elimina-
perfície de contato entre o rebolo de dureza do rebolo com a dureza dos do rebolo.
e a peça é grande. As granulações do abrasivo. Comercialmente, podemos en-
mais finas são utilizadas quando se contrar diversos tipos de rebolos
deseja elevada qualidade de acaba- no que diz respeito ao formato,
A quantidade de ligante é dire-
mento superficial, materiais duros dimensões e combinação entre
tamente proporcional à dureza
(aços temperados, por exemplo) e abrasivo, granulometria, aglome-
do rebolo. Quanto mais ligante,
pequena área de contato (retífica rante, estrutura e dureza. Existe
menos poros, maior superfície li-
de perfil, por exemplo). uma codificação para identificar-
gada, e maior resistência ao arran-
O aglomerante é o material que camento das partículas abrasivas. mos as informações do rebolo.
faz com que o rebolo tenha a Elas são apresentadas no selo do
A estrutura do rebolo se refere ao
forma e as dimensões desejadas, rebolo conforme figura abaixo.
seu grau de compactação, isto é,
e também elimina os grãos que
quanto espaço vazio existe dentro
já perderam as características de
do rebolo. É a porosidade do re-
corte. É este material que limita-
bolo. Esses espaços vazios é que
rá a rotação máxima que o rebolo
formarão os ângulos de corte do
poderá trabalhar. Pode ser vitrifi-
rebolo. Também servirão para
cado, resinóide, borracha, goma-
alojar os cavacos gerados durante
laca, oxicloreto, silicioso ou metá-
o processo de retificação.
lico. Os mais utilizados são:
O grão abrasivo é responsável
▪ vitrificados – são os mais pelo corte da peça que está sen-
comuns, muito utilizados em do retificada. O aglomerante
retífica de precisão, tendo baixa tem como função manter o grão
sensibilidade a altas temperaturas abrasivo no lugar. E a porosidade
devido à sua estrutura porosa; corresponde aos espaços vazios

42
Figura 22 - Características do rebolo
Fonte: Munhato (1996, p. 116).

Quadro 1 - Formas e aplicações dos rebolos


Forma Aplicação Forma Aplicação
Disco reto Copo reto

Afiação de fresas frontais,


Afiação de brocas e fresas de topo, fresas
ferramentas diversas cilíndricas, machos, cabeçotes
porta-bits

Perfilado Copo cônico

Afiação de fresas angulares,


rebaixadores, broca de 3 e
Peças perfiladas
4 arestas cortantes, fresas
frontais, fresas de topo

Disco Segmentos

Retificação plana de ataque


Afiação de machos,
frontal no faceamento de
brocas
superfícies

Prato Pontas montadas

Afiação de fresas
de forma, fresas
Ferramentas de corte e
detalonadas, fresas
estampos em geral
cilíndricas, fresas
frontais, fresas de disco

Fonte: Munhato (1996, p. 113).

43
É importante salientar que cada Também é possível identificá-las pelas operações que realizam. Temos
fabricante pode construir rebolos retificadoras planas, que produzem superfícies: planas, planas parale-
e identificar de forma particular, las, planas perpendiculares, planas inclinadas, de perfis lineares diver-
não seguindo todas essas orienta- sos. Existem as retificadoras cilíndricas que reproduzem basicamente
ções. as mesmas operações que são executadas no torno, como superfícies:
Na próxima seção você irá estu- cilíndricas internas ou externas, cônicas internas ou externas, planas
dar as definições, os tipos e com- (faceamento). Além dessas, também existem as retificadoras especiais,
posições das retificadoras. específicas para uma operação.

SEÇÃO 3
Retificadoras
Nesta seção você irá aprender
as definições, os elementos e as
composições de uma retificadora.
Retificadoras são máquinas que
estão preparadas para a usina-
gem por abrasão (retificação) de
materiais ou peças que se encon- Figura 23 - Retificadora plana de eixo vertical
tram no estado natural ou trata- Fonte: Adaptado de Solimaq Indústria (2009).
das termicamente, por meio de
uma ferramenta chamada rebolo.
O fato de que essa ferramenta de
trabalho seja de cortes múltiplos,
e que se pode montar no eixo cor-
respondente rebolos de distintos
tipos e formas, dá à retificadora
características especiais e uma
vantagem sobre outras máquinas-
ferramentas (plaina, torno, fresa-
dora), como a de poder dar às su-
perfícies já trabalhadas por essas Figura 24 - Retificadora plana tangencial
uma usinagem mais precisa e um Fonte: Adaptado de Deb’Maq (2009).
acabamento fino.
Podemos identificar diferentes
retificadoras no que diz respeito
ao sistema de movimentação da
peça e do cabeçote da máquina.
Existem retificadoras com mo-
vimentos manuais, retificadoras
com movimento semiautomático
e retificadoras com movimento
automático.

Figura 25 - Retificadora cilíndrica universal


Fonte: Adaptado de CIMM (2009).

44
▪ mesa de trabalho ou porta- Na retificadora plana, a peça pode
peça – serve de apoio a peças ser presa diretamente sobre a mesa
que vão ser trabalhadas, direta- da retificadora. Ou pode ser presa
mente montadas sobre ela ou com o auxílio de uma placa mag-
através de acessórios de fixação. nética fixada à mesa da retificado-
É construída de ferro fundido, ra. Durante a usinagem, a mesa
possui nervuras e uma superfície se desloca em um movimento re-
plana finamente acabada com tilíneo da direita para a esquerda
Figura 26 - Retificação cilíndrica
ranhuras para a colocação dos e vice-versa, fazendo com que a
“Center Less” parafusos de fixação; peça ultrapasse o contato com o
Fonte: Aviation metals (2009). rebolo em aproximadamente 10
▪ cabeçote porta rebolo – é
uma das partes mais importan- mm. Há também o deslocamento
tes da máquina, pois serve de transversal da mesa.
suporte do eixo porta-rebolo o A combinação dos movimentos
qual recebe movimento através transversal e longitudinal permite
do motor. É fabricado de ferro uma varredura de toda a superfí-
fundido, o assentamento do eixo cie a ser usinada. O valor do des-
pode ser sobre buchas de bronze locamento transversal depende da
ou rolamentos; largura do rebolo.
▪ sistema de movimento – Na retificadora cilíndrica uni-
pode ser manual, pois os movi- versal, a peça pode ser fixada
mentos das mesas e o cabeçote por meio de uma placa universal
porta-rebolo se efetuam por como a utilizada no torno, que é
meio de parafusos e porcas e/ dotada de um movimento de rota-
ou engrenagem e cremalheira, ção. Também é possível realizar a
semi-automático, os movimentos fixação da peça entre placa e pon-
são comandados unicamente por ta, ou entre pontas, dependendo
Figura 27 - Retificadora afiadora sistema hidráulico, mecânico e do formato e da operação que
Fonte: Adaptado de Cuoghi Affilatrici manual combinado, e automáti- precisa ser realizada.
(2009). co, em que os movimentos são A retificadora sem centros (Center
comandados unicamente por Less), é muito usada na produção
sistema hidráulico, elétrico e me- em série. A peça é conduzida pelo
As retificadoras, em geral, são cânico ou todos combinados. rebolo e pelo disco de arraste. O
compostas pelas seguintes partes:
disco de arraste gira devagar e
▪ base – é fundida, sólida e serve para imprimir movimento
bem proporcionada com grande à peça e para produzir o avanço
superfície de apoio. É a parte longitudinal. Por essa razão, o dis-
por meio da qual a máquina se co de arraste possui uma inclina-
apoia no piso, e que serve de ção de 3 a 5 graus, que é respon-
sustentação aos demais órgãos da sável pelo avanço da peça.
máquina; Na seção seguinte você verá quais
cuidados que se deve ter ao traba-
lhar com usinagem.

45
Por isso, é importante seguir algu-
SEÇÃO 4 Para efetuar uma operação de re-
tificação, é necessário selecionar mas medidas preventivas:
Operação o rebolo adequado ao trabalho a
▪ antes de qualquer operação,
realizar. Depois, é preciso montar,
Nesta seção você irá estudar os verifique se o rebolo está em
balancear e dressar o rebolo. As-
bom estado e se ele é adequado
cuidados a serem tomados ao tra- sim, ele fica bem equilibrado, evita
balhar com usinagem. ao serviço a ser feito;
vibrações na retificadora e permi-
Sabendo que a retificadora é uma te a obtenção de superfícies com ▪ limpe bem o rebolo e evite
máquina idealizada para realizar o acabamento desejado. choques e pressões excessivas
trabalhos de grande precisão, sua sobre sua superfície para ele não
▪ Balancear: fazer com que a estourar;
fabricação é feita com muitos cui- distribuição da massa do con-
dados, o qual motiva um elevado junto do rebolo (rebolo+flange) ▪ ao iniciar a rotação, fique ao
custo. Dessa forma, é extrema- esteja uniforme, evitando vibra- lado e não à frente do rebolo;
mente importante conservá-la em ções. ▪ use sempre óculos de prote-
condições ótimas de uso. Pode- ção;
mos fazer isso da seguinte forma: ▪ Dressar: retificar o rebolo,
ou seja, fazer com que ele esteja ▪ em caso de usinagem a seco,
▪ mantenha seus mecanismos concêntrico com o movimento ajuste um coletor de aspiração de
de movimentação sempre bem de rotação do eixo porta-rebolos pó junto ao protetor e use másca-
ajustados e sem folga; e com o perfil desejado. ra contra pó para evitar inalação
▪ lubrifique as superfícies de de poeira, prejudicial ao aparelho
rotação e deslizamento; Os cuidados com segurança de- respiratório;
▪ revise periodicamente o filtro vem ser constantes quando se ▪ use sempre luvas durante tra-
e o sistema hidráulico; trabalha com usinagem. No caso balhos em que a peça for guiada
das operações de usinagem por manualmente. O atrito do rebolo
▪ faça a manutenção do fluído produz aquecimento da peça que
abrasão, esses cuidados devem ser
de corte adequadamente;
redobrados. pode queimar a mão;
▪ realize as trocas de óleo con- Os acidentes em geral são causa- ▪ não use roupas soltas;
forme plano de lubrificação da dos pelo quebra dos rebolos. Tal
máquina. ▪ não empilhe rebolos, pois
fato se deve a várias causas: ocor- eles podem empenar ou quebrar.
rência de trincas durante o trans- Além disso, o armazenamento
porte ou armazenamento dos deve ser em local apropriado.
rebolos, montagens defeituosas,
excesso de velocidade no traba-
lho, pressão demasiada em rebolo
de pouca espessura, contato mui-
to brusco do rebolo com a peça
a retificar, uso do rebolo muito
duro, entre outras.

46
Devemos também tomar cuidado com os limites de rotação do rebolo.
Normalmente ele vem especificado no rótulo do mesmo. Os rebolos
não devem ultrapassar a velocidade periférica máxima indicada, pois
com o aumento da velocidade, ocorre o aumento da força centrífuga
que poderá romper o rebolo.
Abaixo temos as velocidades máximas recomendadas para cada tipo de
aglomerante.

Tabela 6 - Velocidades de corte para rebolos de acordo com o aglomerante


AGLOMERANTE VELOCIDADE DE CORTE
Vitrificado Até 33 m/s
Resina Até 45 m/s
Borracha Até 35 m/s
Metálico Até 35 m/s
Fonte: Munhato (1996, p. 122).

Na unidade seguinte você irá conhecer quais são os processos de usina-


gem por eletroerosão. Verá como começou como funciona e são aplica-
dos, quais são as categorias, os materiais, os fluídos, o que é um gerador
e quais são os parâmetros a serem usados nesse processo.

47
Seção 1 – Histórico
Seção 2 – Processo de eletroerosão
Seção 3 – Aplicações do processo de
eletroerosão
Seção 4 – Categorias de eletroerosão
Seção 5 – Materiais para eletrodos
Seção 6 – Fluído dielétrico
Seção 7 – Gerador
Seção 8 – Parâmetros a serem utilizados
Processo de Usinagem por
Eletroerosão

SEÇÃO 1 SEÇÃO 2
Histórico Processo de eletroerosão
Nesta seção você conhecerá a his- Nesta seção você será apresentado às definições e o funcionamento do
tória da eletroerosão. Em seguida, processo de eletroerosão.
estudará o funcionamento dos O processo de eletroerosão é um processo de usinagem não conven-
processos de eletroerosão. cional, baseado na remoção de material através de sucessivas descargas
Em virtude dos desgastes elétri- elétricas separadas por intervalos de tempo.
cos decorrentes da erosão elétrica, Neste processo, tanto a peça como o eletrodo são imersos num tanque
surgiu a necessidade de se procu- contendo fluido isolante, também chamado de líquido dielétrico, em que
rar materiais cada vez mais resis- ambos (peça e eletrodo) são ligados a uma fonte de corrente contínua
tentes a esse tipo de erosão, e com por emio de cabos, sendo que na maioria das vezes o eletrodo se encon-
isso iniciaram os estudos sobre a tra ligado com polaridade positiva e a peça a ser usinada com polaridade
capacidade destruidora de uma negativa. Obviamente, um dos cabos está conectado a um interruptor
descarga elétrica. Desde o início que aciona o fornecimento de energia para o sistema. A Figura 28 ilustra
do século XX despertou interesse o esquema básico que representa o processo de eletroerosão, com os
acerca da verificação dos fenôme- seus elementos principais:
nos físico-químicos que ocorrem
quando uma corrente elétrica sur-
ge entre duas superfícies metálicas
separadas por uma determinada
distância, porém imersas em um
recipiente contendo um determi-
nado líquido ou até mesmo ao ar
livre. Dentre tais fenômenos o
mais enfático é a ocorrência da
remoção de partículas de ambas
as superfícies metálicas.
Num primeiro momento, o pro-
cesso de eletroerosão foi desen-
volvido para solucionar alguns Figura 28 - Esquema básico do processo de eletroerosão
problemas críticos de fabricação,
1 – Fonte geradora de corrente contínua
como a extração de brocas e ma-
chos quebrados no interior das 2 – Cabo de polaridade +
peças mecânicas, até a plenitude 3 – Cabo de polaridade –
do seu desenvolvimento, sendo 4 – Interruptor de corrente
que atualmente se obtém a usi-
5 – Eletrodo
nagem de perfis complexos, com
excelente precisão e acabamento 6 – Peça
superficial. 7 – Mesa de trabalho
8 – Dielétrico
9 – Bandeja de trabalho

49
Quando o interruptor é aciona- O processo de erosão ocorre simultaneamente entre peça e eletrodo.
do, verifica-se uma tensão elétrica Além do material do eletrodo visando um menor desgaste do mesmo,
(voltagem) entre um eletrodo (su- podem ser efetuados ajustes convenientes da máquina obtendo até em
posta “ferramenta” que permite a torno de 99% de erosão na peça e apenas 1% no eletrodo. O compri-
passagem de corrente elétrica) e a mento da centelha caracterizado pela distância entre a peça e o eletrodo
peça. No início do processo não é denominado entreferro, porém conhecido também como GAP e de-
há passagem de corrente, uma vez pende da intensidade da corrente.
que o fluido dielétrico atua como
▪ GAP frontal: folga provocada pela centelha, porém determinada
um isolante. Quando o espaço en-
pelo sistema eletrônico da máquina de eletroerosão.
tre a peça e o eletrodo é diminuí-
do até uma distância determinada, ▪ GAP lateral: folga lateral relacionada diretamente com a duração do
o dielétrico deixa de ser isolante e tempo de descarga (Ton) e tempo de pausa (Toff).
passa a atuar como condutor de
cargas elétricas, permitindo a mi-
gração de íons entre o eletrodo e
a peça. Nesse momento é produ-
zida uma centelha (faísca) que su-
peraquece a superfície do material
na área diretamente abaixo da su-
perfície do eletrodo onde ocorre
a fusão do material da peça, tendo
em vista que se estima que, depen-
dendo da intensidade da corrente
aplicada, a temperatura na região
da centelha possa variar entre
8.000 e 30.000 °C (muito acima
do ponto de fusão dos materiais
tanto da peça como do eletrodo). Figura 29 - Gap frontal e lateral
Como consequência da descarga
elétrica, temos o efeito indesejado
da fusão também do material do
eletrodo. O que se busca sempre DICA
é um material para o eletrodo que
Deve-se observar uma relação interessante existente entre o tempo
possibilite um menor desgaste e de usinagem e a rugosidade superficial em função do GAP. Utilizando
que seja capaz de transmitir a des- GAP alto, a usinagem é mais rápida, porém a rugosidade também.
carga causando a usinagem (ero- Se o GAP for baixo, a usinagem é mais demorada, porém obtém-
são) da peça com relativa precisão se uma rugosidade mais baixa, caracterizando um bom acabamento
e acabamento superficial. superficial.

Como consequência do processo de eletroerosão, temos uma quanti-


dade relativamente alta de partículas fundidas, cujo formato unitário é
aproximadamente o de minúsculas esferas. Essas esferas precisam ser
removidas da região, pois, caso contrário, influenciarão negativamente
o processo impedindo que as novas descargas elétricas continuem inci-
dindo sobre a superfície que está sendo usinada. Para expulsá-las dessa
região existe o sistema de limpeza (injeção ou aspiração de líquido du-
rante duas descargas sucessivas) por meio do qual ejeta-se a partícula
formando uma pequena cratera.

50
o reinício do ciclo, pois uma nova
descarga é produzida, afinal, o
conjunto de descargas sucessivas,
ao longo de toda a superfície do
eletrodo, reflete na usinagem da
peça efetivamente. Obviamente,
muitas descargas devem ser pro-
duzidas, sendo que tal frequência
pode atingir cerca de 200 mil ci-
clos por segundo. O resultado ob-
tido é uma cavidade com formato
equivalente ao inverso da superfí-
Figura 30 - Limpeza da zona de erosão por aspiração através da peça cie do eletrodo.
Depois de conhecer o processo
de eletroerosão, você verá onde
elas se aplicam.

SEÇÃO 3
Aplicações do processo
de eletroerosão
Nesta seção você será apresenta-
do à aplicação do processo e na
seção seguinte você conhecerá os
tipos de eletroerosão.
Figura 31 - Limpeza da zona de erosão por aspiração através do eletrodo O processo de usinagem por ele-
troerosão possibilita a usinagem
de ligas duras resistentes sem a re-
moção de cavacos, caracterizando
uma vantagem muito grande em
relação aos processos convencio-
nais.
Outra vantagem é a de reprodu-
zir o perfil exato do eletrodo para
a peça (na forma inversa obvia-
mente), uma vez que não existe
movimento relativo entre ambos.
Enfatizando o processo de ele-
troerosão por penetração, há a
necessidade de que a forma a ser
Figura 32 - Limpeza da zona de erosão por injeção de fluído dielétrico reproduzida seja “desmoldável”,
ou seja, que a forma da peça e
consequentemente do eletrodo
O fluido dielétrico, além de atuar como isolante, participa do processo possibilitem o movimento vertical
de limpeza e ainda possui a função de refrigerar a superfície da peça que de subida e descida sem interrup-
está sendo usinada. Quando o eletrodo se afasta, ocorre a interrupção ção, conforme Figura 33.
de energia e consequentemente o fim da descarga elétrica. Quando o
eletrodo se aproxima novamente até a distância definida pelo GAP, há

51
No processo de eletroerosão a
fio, o eletrodo nada mais é do
que um fio de cobre ou latão io-
nizado (eletricamente carregado),
que atravessa uma peça imersa em
água deionizada, em movimentos
constantes, provocando descargas
elétricas entre o fio e a peça, pro-
duzindo o corte do material. O fio
é adaptado a um sistema de car-
retéis cuja função é enrolar con-
tinuamente mantendo o fio esti-
cado entre duas bobinas. O perfil
Figura 35 - Processo de eletroerosão a ser produzido é regido por um
por penetração de furos não passantes programa CNC. O cobre e o latão
(cavidades) são indicados como material do
Figura 33 - Movimento livre do eletro- fio quando o seu diâmetro for da
do no sentido vertical (forma desmol- ordem de 0,1 a 0,3 mm. Para ou-
dável) Existe ainda a retificação por ele- tras faixas de diâmetros, pode-se
troerosão, na qual o eletrodo é gi- utilizar outros materiais alternati-
ratório, obtendo como vantagem vos tais como molibdênio, tungs-
uma rugosidade muito menor e o tênio, níquel, cromo e outros.
SEÇÃO 4 corte por eletroerosão, conhecido Enquanto na eletroerosão por
Categorias de como processo de usinagem por penetração uma cavidade inicial-
eletroerosão a fio.
eletroerosão mente é produzida caracterizan-
do um volume de material a ser
Nesta seção você verá os tipos do removido por unidade de tempo,
processo de eletroerosão. na eletroerosão a fio o material re-
O processo de eletroerosão que movido é medido em função da
está sendo explanado, onde um área usinada em função do tempo
eletrodo com o perfil inverso ao de usinagem.
da cavidade a ser produzida é res- Depois de estudar as categorias
ponsável por permitir a passagem do processo você será apresenta-
da corrente elétrica possibilitan- do aos materiais usados para ele-
do a erosão sobre a superfície da trodos.
peça, é denominado eletroerosão Figura 36 - Retificação por eletroero-
por penetração e é capaz de pro- são
duzir furos passantes ou não pas- SEÇÃO 5
santes (cavidades). Materiais para
eletrodos
Nesta seção você irá estudar quais
são os tipos de materiais e na pró-
xima seção, os fluidos usados para
eletrodos.

Figura 34 - Processo de eletroerosão


por penetração de furos passantes

Figura 37 - Corte por eletroerosão


(eletroerosão a fio)

52
Os materiais devem apresentar
baixo custo, boa condutividade
SEÇÃO 6
elétrica, alto ponto de fusão e re- Fluído dielétrico
sistividade baixa para que os ele-
trodos sejam eficientes. Os mais Nesta seção você será apresentado aos tipos de fluídos usados no mer-
utilizados são o cobre eletrolítico gulho das peças e eletrodos no processo de eletroerosão, em seguida,
e o grafite, porém em casos espe- você verá o que é e como funciona o gerador nesse seguimento.
ciais, pode-se utilizar latão, cobre É o fluido em que tanto a peça como o eletrodo se encontram imersos
ao cromo, cobre ao tungstênio, durante o processo de eletroerosão. As propriedades mais importantes
tungstênio-prata e ligas de alumí- relacionadas aos dielétricos são sua viscosidade e seu ponto de inflama-
nio. ção.
De modo geral, para erosão de O óleo mineral é o que apresenta melhores resultados, pois não contém
peças de aço se utiliza o cobre ele- aditivos e praticamente também não contém aromatizantes. Alta visco-
trolítico por apresentar um bom sidade não é ideal para acabamento, pois nessas condições os GAPs são
rendimento em função de eleva- pequenos e haverá dificuldade de circulação do dielétrico com conse-
dos padrões de taxa de remoção quente deficiência em retirar as partículas liberadas da zona de erosão.
de material e, quando necessário, Os óleos espessos apresentam bons desempenhos em operações de des-
bom acabamento superficial alia- baste. Se o ponto de inflamação é baixo, haverá fácil formação de vapo-
do a uma baixa relação custo-be- res na zona de erosão, sendo que prejudicam o rendimento do processo.
nefício. Para acabamento, o querosene é recomendado por sua baixa viscosi-
Quando a precisão dimensional dade, contudo, recomenda-se que seja desodorizado e desaromatizado.
desejada é relativamente alta e a
rugosidade superficial muito pe-
quena, recomenda-se erosão com SEÇÃO 7
cobre ao tungstênio, pois é de fácil
usinagem, possui boa estabilidade
Gerador
mecânica, não se deforma com a
Nesta seção você irá conhecer a definição e o funcionamento do gera-
usinagem. Sua desvantagem está
dor.
relacionada com o seu custo, que
é superior ao cobre eletrolítico. Trata-se de um componente importante da máquina de eletroerosão,
dado que o mesmo é responsável pela transformação da corrente alter-
Os eletrodos de grafite são reco-
nada (em formato de ondas senoidais) que chega ao equipamento em
mendados quando o desgaste do
corrente contínua. É indispensável o uso de corrente contínua durante o
eletrodo é alto com relação aos
processo de eletroerosão em virtude da facilidade que se tem em utilizá-
outros materiais, pois são insen-
la e controlá-la.
síveis aos choques térmicos, con-
servam suas qualidades mecânicas
a altas temperaturas, praticamente
não apresentam deformações, são
facilmente usinados e são leves
comparados aos demais mate-
riais, caracterizando ganho con-
siderável no peso do eletrodo.
Os eletrodos de grafite são ideais
quando se erosiona superfícies
que contêm arestas críticas (fa-
cilmente deformadas quando se
utiliza eletrodos de outros mate-
riais). Sua desvantagem é a abrasi-
vidade, requerendo proteger guias
Figura 38 - Fase de transformação da corrente alternada recebida da rede indus-
e barramentos das máquinas e
trial em corrente contínua ideal para ser utilizada no processo de eletroerosão
fragilidade, requerendo cuidados
Fonte: Franzner (2004, p. 253).
especiais.

53
Amplitude de pulso
Este parâmetro representa a corrente de descarga necessária para que
efetivamente ocorra o processo de centelhamento, sendo que este in-
fluencia diretamente na qualidade e no rendimento do processo. Quan-
do a corrente passa constantemente pelo eletrodo, ao longo do processo
ocorre modificação do GAP, implicando em condições distintas de equi-
líbrio térmico. A corrente a ser escolhida depende:
▪ da rugosidade a ser atingida;
▪ do desgaste máximo permitido sobre o eletrodo;
▪ da velocidade desejada de erosão;
▪ das características térmicas do eletrodo;
▪ do GAP;
▪ da área de contato entre peça e eletrodo.

Obs.: dada uma área de erosão constante, temos que a taxa de erosão
(mm3/min) é diretamente proporcional à corrente.

Figura 39 - Gráfico da taxa de erosão em função do tempo para 2 valores de cor-


rente contínua distintos
Fonte: Franzner (2004, p. 254).

Na seção seguinte você irá estudar como calcular os parâmetros a serem


utilizados.

SEÇÃO 8
Parâmetros a serem utilizados
Nesta seção você aprenderá a calcular o tempo de usinagem, analisar
uma tabela de parâmetros, calcular a medida do eletrodo, o dimensio-
namento do eletrodo, o tempo de desgaste e o ciclo ativo por operação.
▪ Comprimento de onda (Ton) – é a duração do tempo de descarga,
apresentando como unidade o microssegundo (µs).
▪ Intervalo (Toff) – é o tempo de pausa entre 2 descargas consecuti-
vas, sendo observada a interrupção da corrente. Também é dado em
µs.

54
Figura 40 - Parâmetros inerentes ao processo de eletroerosão
Fonte: Franzner (2004, p. 255).
Em função de Ton e Toff se define o ciclo ativo do processo em (%).

Ton
Ciclo Ativo =
Ton + T off

Tempo de usinagem:

V
T=
Vw

Sendo:
▪ T = tempo de erosão (min);
▪ V = volume de material a sofrer erosão (mm³);
▪ Vw = taxa de remoção de material da peça (mm³/min).

Os valores de Ton e Toff são empíricos (obtidos em laboratórios), cujos


valores constam na tabela abaixo.

55
Tabela 7 - Parâmetros para eletroerosão

TS Ton Toff Vw 2 Gsmáx


Rmáx (µm) Vv (%) 2 Gs (mm)
(quant) (µs) (posição) (mm3 /min) (mm)

1 5 2 7 1,6 10 0,071 0,045


1 50 2 14 6,8 1,5 0,141 0,082
2 5 2 8 4,8 30 0,082 0,052
2 50 2 17 27 1,6 0,168 0,094
3 5 2 8 9,6 40 0,09 0,057
3 50 1 21 36 3 0,192 0,105
4 5 1 9 12 45 0,095 0,059
4 150 1 35 62 0,8 0,279 0,145
5 5 1 10 13 45 0,102 0,062
5 150 1 38 87 1,8 0,305 0,153
6 5 1 10 15 45 0,109 0,065
6 150 1 40 112 2,8 0,331 0,161
7 5 1 11 20 45 0,117 0,069
7 200 1 48 132 1,8 0,392 0,18
8 5 2 11 25 45 0,124 0,072
8 300 1 56 152 1,2 0,444 0,202
9 5 3 11 28 45 0,127 0,073
9 300 1 60 184 1,6 0,489 0,211
10 5 3 11 32 45 0,129 0,074
10 300 1 63 216 2 0,493 0,22
11 5 3 12 38 45 0,133 0,076
11 300 1 65 224 2,4 0,506 0,224
12 5 3 13 46 45 0,137 0,077
12 300 1 67 232 2,8 0,518 0,228
13 5 3 14 49 45 0,141 0,079
13 300 1 69 272 3,4 0,531 0,233
14 5 3 15 52 45 0,144 0,08
14 300 1 71 312 3,9 0,543 0,238
15 10 3 20 124 38 0,191 0,101
15 200 1 64 333 7,5 0,513 0,222
16 10 3 21 136 38 0,195 0,102
16 200 1 66 356 8 0,532 0,228

56
TS Ton Toff Vw 2 Gsmáx
Rmáx (µm) Vv (%) 2 Gs (mm)
(quant) (µs) (posição) (mm3 /min) (mm)

17 10 3 22 148 38 0,201 0,105


17 200 1 68 376 8 0,542 0,231
18 10 3 22 160 38 0,206 0,107
18 150 1 62 408 11 0,487 0,217
19 20 2 30 260 31 0,267 0,133
19 200 1 72 428 8 0,566 0,237
20 20 3 31 268 30 0,272 0,136
20 200 1 73 453 8 0,58 0,24
21 20 3 32 276 30 0,274 0,137
21 200 1 71 480 8,5 0,585 0,243
22 50 3 47 410 26 0,378 0,174
22 200 1 68 508 9 0,589 0,245
23 20 4 33 294 30 0,279 0,138
23 200 1 73 533 9 0,599 0,249
24 20 4 33 304 31 0,291 0,138
24 200 1 77 560 9 0,609 0,252
Fonte: adaptado de Franzner (1995, p. 10-15).
Os valores foram baseados no
catálogo da máquina Engemaq
Sendo:
ED 60 S. Foram relacionados na
▪ TS = número de transistores habilitados; tabela acima dois conjuntos de
▪ Ton = tempo de descarga (µs); parâmetros para cada valor de
TS previamente calculado, sendo
▪ Toff = tempo de pausa (posição); um conjunto de parâmetros para
▪ Rmax = rugosidade máxima (µm); condições de desbaste onde se
▪ Vw = taxa de remoção de material (mm³/min); deseja remoção máxima de ma-
terial “Vw” e outro conjunto para
▪ Vv = taxa de desgaste do eletrodo (%);
condições de acabamento onde
▪ 2 Gsmax = tamanho de 2 gap máximo; se deseja rugosidade mínima em
▪ 2 Gs = tamanho de 2 gap. Ra. Os valores em % referen-
tes ao desgaste do eletrodo “Vv”
Observação: valores obtidos empiricamente do fabricante Engemaq, também sofrem alterações. Caso
utilizando tensão 100 V, material da peça = aço e material do eletrodo = optarmos por uma situação de
cobre eletrolítico. desgaste de eletrodo menor que
o apresentado, a tabela de parâ-
metros que acompanha o manu-
al da máquina ED 60 S deve ser
consultada. Se uma máquina dife-
rente for utilizada, favor consultar
catálogo próprio da mesma para
encontrar os parâmetros relativos
a cada TS calculado.

57
Desgaste do eletrodo Sendo:

O desgaste do eletrodo ocorre ▪ mf = medida do eletrodo;


efetivamente devido à natureza ▪ mn = medida nominal do eletrodo com a mesma da cavidade a ser
do processo, em função das des- produzida;
cargas e consequentemente da ▪ GAP = o comprimento da centelha;
microfusão das partículas tanto
▪ r = rugosidade desejada na superfície da peça (Ra em mm);
da peça como do eletrodo. Toda-
via o desgaste pode ser mais ou ▪ cs = coeficiente de segurança.
menos acentuado dependendo da
intensidade de corrente e da rela-
ção entre Ton e Toff. Determinação do número de transistores a serem habilita-
Quanto maior a intensidade da dos
corrente, maior a quantidade de
material removido, no entanto a Tabela 8 - Corrente por unidade de área para eletrodos de cobre eletrolítico e
rugosidade superficial também é grafite
maior para Ton e Toff constantes, Operação Cobre eletrolítico (A/ cm2). Grafite (A/ cm2).
devido ao aumento do GAP com
a corrente. Desbaste 4a7 10 a 16
Se Ton for aumentado e Toff junta- Acabamento 1a3 5a8
mente com a corrente permane- Fonte: Franzner (199[?], p. 32).
cerem constantes, aumenta-se a
quantidade de material removida
Sendo que um transistor libera 3,37 ampères, temos então:
e também o GAP e a rugosidade
superficial, no entanto o desgaste
do eletrodo é menor.
Já se mantermos Ton constante e A.I
TS =
diminuirmos Toff, tem-se uma ve- 3,37
locidade de arranque de material
maior para um desgaste menor do
eletrodo.
Sendo:
▪ TS = número de transistores a serem habilitados;
De uma forma geral, quanto ▪ A = área de contato entre o eletrodo e a peça (cm²);
maior a corrente, maior será
a rugosidade superficial e o ▪ I = corrente recomendada para o material do eletrodo (A/cm²).
GAP também aumenta. En-
quanto isso, quanto maior Siga os passos para a obtenção dos parâmetros necessários para a erosão:
for o tempo de descarga (Ton),
maior a rugosidade e tam- 1. verificar o material do eletrodo a ser utilizado;
bém o GAP.
2. verificar o material da peça a ser erosionada;

Determinação da medida do 3. entrar na tabela correspondente aos materiais de peça e eletrodo e


eletrodo polaridade do eletrodo;

4. medir a área de contato eletrodo/peça;


mf = mn - ( 2GAP + 2r +cs ) 5. verificar se os cabos de polaridade (+) e (-) da máquina estão conec-
tados corretamente;

6. procurar na tabela os valores que mais se aproximam dos arbitrados


e desejados.

58
Exemplo Medido em relação ao ponto mais alto do perfil de rugosidade:
Se o requisito importante é a ru-
gosidade superficial, o operador
(C A)
procura a linha que tenha tal ru- Gs max =
gosidade (desejada) juntamente 2
com a área de contato eletrodo/
peça medida e encontra os demais
parâmetros a serem utilizados
Medido em relação ao ponto mais profundo do perfil de rugosidade:
como (Ton, Toff, TS, pressão de
limpeza por injeção ou aspiração,
etc.), direcionando sempre para Sendo:
uma condição de menor desgaste
▪ Gs = gap size.
do eletrodo e maior taxa de remo-
ção de material.
Determinação das dimensões do eletrodo para desbaste e
Dimensionamento do
acabamento
eletrodo
Tabela 9 - Dimensões do eletrodo
Para fazer o dimensionamento
DIMENSÃO DESBASTE ACABAMENTO
do eletrodo, temos que levar em
consideração a rugosidade gerada Interna A = Dn - 2Gsmax - M A = Dn - 2Gs
pelo processo. Também é neces-
sário observar se faremos uma
Externa B = Dn + 2Gsmax + M B = Dn + 2Gs
operação de desbaste ou de aca-
bamento.
Sendo:
▪ A = dimensão interna da peça (conforme figura abaixo);
▪ B = dimensão externa da peça (conforme figura abaixo);
▪ Dn = dimensão nominal da peça;
▪ Gs = comprimento da centelha (gap size);
▪ Gsmax = comprimento máximo da centelha;
▪ M = margem de segurança (varia entre 25 e 30% de 2xGs máx).

Tempo de desbaste
Passo 1 – Calcula-se o volume de material a ser removido.
Figura 41 - Gs e Gsmax Passo 2 – Recorrer ao parâmetro Vw (tabelado juntamente com ton e toff
em função dos materiais da peça e eletrodo para um menor desgaste de
eletrodo).
(B A)
Gs
2
V
T
Vw

59
Sendo:
▪ T = tempo de usinagem (min);
▪ V = volume a ser removido (m3);
▪ Vw = taxa de remoção (mm3/min).

Cálculo de eletrodo
Passo 3 – Determinar as dimensões do eletrodo para erosionar a cavi-
dade abaixo:

▪ Profundidade da cavidade: 10 mm.


▪ Material da peça: aço SAE 1020.
▪ Rmáx: 16 µm
▪ Material do eletrodo: cobre eletrolítico.

Passo 4 – Calcular a área da cavidade

S = (A.B) - [(A - D).C]


S = 40.20 - [(40 - 20)10]
S = 600mm 2 = 6cm2

Passo 5 – Calcular TS
Observar: tabela de amperagem por unidade de área.

A.I
TS =
3,37

Conforme a tabela de amperagem para desbaste, podemos utilizar 4 A/


cm² e para acabamento 1 A/cm².

60
A.I 6.4
TSDESBASTE = = = 7,12 7
3,37 3,37
A.I 6.1
TS ACABAMENTO = = = 1,78 2
3,37 3,37
=

Agora podemos consultar na tabela os demais parâmetros, sendo que


para desbastes devemos procurar na tabela valores em função do TS,
calcular e obter o valor máximo de remoção de material por unidade de
tempo para acelerar o processo.
Já para acabamento procuramos na tabela valores em função do TS cal-
culado e da rugosidade máxima admissível indicada no desenho.

Assim temos os seguintes regimes de trabalho:

Desbaste Acabamento
TS = 7 (calculado) TS = 2 (calculado)
Vw = 132 mm³/min Vw = 4,8 mm³/min
Ton = 200 µs Ton = 2 µs
Toff = Posição 1 Toff = Posição 2
Rmáx = 48 µm Rmáx = 8 µm
2 Gsmáx = 0,392 mm 2 Gsmax = 0,082 mm
2 Gs = 0,180 mm 2 Gs = 0,052 mm

Desbaste
Medida A (40 mm)

A = Dn - 2Gs max - M
30.0,392
A = 40 - 0,392 -
100
A = 39,49mm

Medida B (20 mm)

B = Dn - 2Gs max - M
30.0,392
B = 20 - 0,392 -
100
B = 19,49mm

61
Medida C (20 mm) Acabamento Cálculo do tempo para desbaste

Medida A (40 mm) Calcular o volume da cavidade:


C Dn 2Gs max M
30.0,392
C 20 0,392
100 A Dn 2Gs V=S.h
C 19,49mm A 40 0,392
A 39,608mm

Sendo:
Medida D (10 mm)
Medida B (20 mm) ▪ V = volume a ser removido;
▪ h = profundidade da cavidade;
D Dn 2Gsmax M ▪ S = área da cavidade.
B Dn 2Gs
B 20 0,392
B 19,608mm V S.h
Nesse caso, somamos, pois a me- V 600.10
dida correspondente no eletrodo V 6000mm 3
deve ser maior que a da cavidade.

Medida C (20 mm) Tempo (T)


30.0,392
D 10 0,392
100
C Dn 2Gs max M V
D 10,51mm T
30.0,392 Vw
C 20 0,392
100 6000
TDESB
C 19,49mm 132
TDESB 45,454min

Medida D (10 mm)

D Dn 2Gs
D 10 0,392
D 10,392mm

62
Cálculo do ciclo ativo por operação
Para conseguir determinar o percentual ativo do ciclo de erosão, é ne-
cessário termos a informação do valor do tempo Toff, pois o número
que temos identifica apenas uma posição da chave seletora. Para isso,
consulte a tabela abaixo.

Tabela 10 - Toff (µs)

Ton (µs)
(posição)
Toff

2 5 10 20 50 75 100 150 200 300 500 750

1 4 4 4 4 8,6 12 12 18 18 18 18 18
2 5 5,5 5,5 6 10,4 14 14 20 21 21 21 21
3 5,8 6,2 6,2 7 12 17 17 23 24 24 24 24
4 6,7 7,2 7,2 8 14,5 21 21 28 29 29 29 29
5 7,4 8 8,3 10 17,2 25 25 33 34 34 34 34
6 8,2 9 9,3 11 20 28 28 39 40 40 40 40
7 8,8 9,8 10,4 13 23 32 32 44 45 45 45 45
8 9,4 10 11,6 14 26 37 37 50 51 51 51 51
9 10 11 12,4 16 29 44 44 56 58 58 58 58
10 10,3 12 13,3 18 31,5 46 46 62 65 65 65 65
11 11,2 13 14,2 20 35 51 51 68 72 72 72 72
12 12 14 15,6 22 39 60 60 78 83 83 83 83
13 12,4 14 16,8 24 43 67 67 88 94 94 94 94
14 13,2 16 18,4 29 52 82 82 108 116 116 116 116
15 14 17 20,5 34 62 100 100 130 142 142 142 142
16 14,5 18 22 37 70 116 116 150 166 166 166 166
17 15 19 23 40 75 132 132 168 184 184 184 184
18 15,4 19 24 43 80 144 144 184 210 210 210 210
19 16 20 24,5 45 86 160 160 200 230 230 230 230
20 16,5 21 25 47 90 168 168 205 250 250 250 250
21 17 21 25,5 49 92 180 180 230 270 270 270 270
22 17,5 22 26 51 97 192 192 240 290 290 290 290
23 18 22 27 52 100 200 200 250 300 300 300 300
Fonte: Franzner ([199-?], p. 17).

Ciclo ativo no desbaste Ciclo ativo no acabamento

Ton Ton
Ciclo Ativo = Ciclo Ativo =
Ton +T off Ton + T off
200 2
Ciclo Ativo = Ciclo Ativo =
200+18 2+5
Ciclo Ativo 0,917 91,7% Ciclo Ativo 0,286 28,6%

Na unidade seguinte, você estuda-


rá soldagem.

63
Seção 1 – Histórico
Seção 2 – Definição de soldagem e solda
Seção 3 – Classificação dos processos de
soldagem
Seção 4 – Soldabilidade dos materiais
metálicos
Seção 5 – Fontes de energia para
soldagem
Seção 6 – Vantagens e desvantagens da
soldagem
Seção 7 – Riscos e segurança em soldagem
Seção 8 – Eletricidade aplicada à soldagem
Seção 9 – Arco elétrico
Seção 10 – Polaridades
Seção 11 – Juntas básicas de soldagem
Seção 12 – Posições de soldagem
Seção 13 – Preparação para soldagem
Introdução à Soldagem
SEÇÃO 1
Histórico
Nesta seção você irá estudar um material que se decompunha
como começou a soldagem, em sob o calor do arco para formar
SEÇÃO 2
seguida, sua definição. uma proteção gasosa pareceu ser Definição de soldagem
Após muitas experiências com a o melhor método para atingir esse e solda
novidade tecnológica da época, objetivo. Como resultado, vários
um inglês chamado Wilde obteve métodos de revestir os eletrodos, Nesta seção você irá conhecer o
a primeira patente de soldagem tais como acondicionamento e que é soldagem e na próxima se-
por arco elétrico em 1865. Ele imersão, foram tentados. ção você será apresentado à clas-
uniu com sucesso duas peque- Em 1904, Oscar Kjellberg, um sificação desse processo.
nas peças de ferro passando uma engenheiro sueco, inventou o Embora muito estudada, a solda-
corrente elétrica através de ambas primeiro eletrodo revestido, o gem ainda não foi precisamente
as peças e produzindo uma sol- revestimento era constituído, ori- definida. Também se faz impor-
da por fusão. Aproximadamente ginalmente, de uma camada de tante enfatizar a dificuldade em
vinte anos depois, na Inglaterra, material argiloso (cal), cuja função se definir um processo tão amplo,
Nikolas Bernardos e Stanislav era facilitar a abertura do arco e com tantas variações, com uma
Olszewsky registraram a primeira aumentar sua estabilidade. Logo classificação tão vasta.
patente de um processo de solda- após, em 1907, Oscar Kjellberg
gem, baseado em um arco elétrico Entretanto, a Associação Ameri-
patenteou o processo de solda-
estabelecido entre um eletrodo cana de Soldagem (American Wel-
gem a arco com eletrodo revesti-
de carvão e a peça a ser soldada, ding Society - AWS), adota a defini-
do.
fundindo os metais à medida que ção a seguir:
Em 1933 Hobart e Denver desen-
o arco era manualmente passado volvem o processo TIG.
sobre a junta a ser soldada. “Soldagem é o processo de
Aproximadamente em 1936, ba- união de materiais usado para
Em 1890, N. G. Slavianoff (Rús- seado no mesmo sistema de pro- obter a união localizada de me-
sia) e Charles Coffin (EUA) teção gasosa utilizado no proces- tais e não metais, produzida por
desenvolveram, independente- so TIG, aparece o processo MIG aquecimento até uma tempe-
mente, a soldagem com eletrodo que no início era limitado aos ma- ratura adequada, com ou sem
metálico nu. Dessa forma, duran- teriais não ferrosos. a utilização de pressão e/ou
te os anos seguintes, a soldagem material de adição.” (Sebrae-sc
por arco foi realizada com eletro- Já por volta de 1939, como va- (2009).
dos nus, que eram consumidos na riação do processo MIG para ser
poça de fusão e se tornavam parte utilizado para a soldagem de ma-
do metal de solda. As soldas eram teriais ferrosos, aparece o proces-
de baixa qualidade devido ao ni- so MAG. Embora não raramente ob-
trogênio e ao oxigênio na atmos- Após esses, já estamos próximos servamos a utilização confusa
fera, formando óxidos e nitretos aos tempos modernos e, princi- e errônea dos termos solda-
prejudiciais no metal de solda. No palmente após a Segunda Guerra, gem e solda, esta tem uma
diversos processos foram sendo definição bem particular: sol-
início do século XX, a importân-
da é o produto da soldagem.
cia da proteção ao arco contra descobertos como, por exemplo:
os agentes atmosféricos foi per- eletroescória, ultrassom, eletro-
cebida. Revestir o eletrodo com gás, fricção, feixe de elétrons,
plasma, laser, etc.

65
SEÇÃO 3
Classificação dos processos de soldagem
Nesta seção você verá a classificação dos processos de soldagem.
Os processos de soldagem e afins podem ser classificados de diferentes
formas alternativas. A figura abaixo mostra uma classificação segundo
a AWS, juntamente com as abreviações adotadas por essa associação
para designar cada processo. Essa classificação e abreviações são muito
utilizadas em diversos países do mundo. Na figura abaixo, a classificação
dos processos de soldagem (Figura 42).

Figura 42 - Classificação dos processos de soldagem


Fonte: Demet (1999).

Em seguida, você estudará quais são os materiais que podem ser solda-
dos.

66
A soldagem a arco utiliza uma
SEÇÃO 4 fonte de energia (ou máquina de
Soldabilidade dos materiais metálicos soldagem) projetada especifica-
mente para essa aplicação. Sua
Nesta seção você irá conhecer o que é soldabilidade e quais são os ele- função básica é receber a energia
mentos metálicos que podem ser soldados. Em seguida, serão apresen- elétrica da rede 110/220 V ou
tadas as fontes de energia usadas nesse processo. 380/440 V, monofásica ou trifá-
Soldabilidade é a facilidade que os materiais têm de se unirem por meio sica, respectivamente e adequá-la
de soldagem e de formarem uma série contínua de soluções sólidas co- ao processo de soldagem a ser
esas, mantendo as propriedades mecânicas dos materiais originais. O utilizado, entre 60 e 70 V (tensão
principal fator que afeta a soldabilidade dos materiais é a sua composi- em vazio da fonte de energia). Em
ção química. Outro fator importante é a capacidade de formar a série regime de trabalho, os valores de
contínua de soluções sólidas entre um metal e outro. A soldabilidade tensão são ainda mais reduzidos.
deve ser entendida como uma propriedade dos materiais, podendo um O gerador pode fornecer uma
material ter maior soldabilidade que outro. No quadro abaixo, segue um corrente alternada ou contínua.
demonstrativo de alguns materiais metálicos e sua soldabilidade. São constituídos de um motor
que gera energia mecânica a qual
Quadro 2 - Soldabilidade dos materiais é transmitida por meio de um eixo
ou por um sistema de correia e
Soldabilidade polias ao gerador de energia elé-
Ótima Boa Regular Difícil
Material trica. O motor pode ser elétrico
ou de combustão interna, tendo
Aço baixo carbono X como combustível: gasolina óleo
diesel, gás natural etc. este tipo de
Aço médio carbono X X
equipamento é mais comumente
utilizado em locais onde o acesso
à rede elétrica é complicado. No
Aço alto carbono X
entanto, são pesados, barulhentos
e de difícil manutenção.
Aço inox X X No inversor a corrente alternada
da rede é retificada diretamente
Aços-liga X e a corrente contínua de tensão
elevada é convertida em corren-
Ferro fundido cinzento X te alternada de alta frequência (5
a 50 kHz, ante aos 50 ou 60 Hz
Ferro fundido maleável e característicos da rede de distri-
X
nodular buição) pelo inversor. Devido à
alta frequência, a tensão pode ser
Ferro fundido branco X
reduzida eficientemente com um
transformador de pequenas di-
Ligas de alumínio X mensões, além de permitir uma
significativa redução do consumo
Ligas de cobre X de energia elétrica.
O transformador ou transfor-
Fonte: Soldagem (2009).
mador-retificador, também é cha-
mado fonte convencional estática.
SEÇÃO 5 Essas fontes dependem de siste-
mas mecânicos ou elétricos para
Fontes de energia para soldagem o controle e ajuste de sua saída.
A fonte de calor necessária para
Nesta seção você irá estudar quais são as fontes de energia para solda- a soldagem é permitida graças à
gem. corrente alternada.

67
O retificador pode ser tiristorizado (SRC – retificador controlado de
silício) quando utiliza o tiristor como condutor da corrente elétrica ou
SEÇÃO 7
transistorizado quando utiliza transistores para a mesma função. Essas Riscos e segurança em
fontes de energia podem fornecer corrente contínua ou alternada, maior soldagem
controle dos parâmetros de soldagem, e podem ser utilizadas com os
principais processos de soldagem. Como diversas outras operações
Na próxima seção você verá quais são as vantagens e desvantagens da industriais, a soldagem e o corte
soldagem. de materiais apresentam uma série
de riscos para as pessoas envolvi-
das.
SEÇÃO 6 As operações de soldagem e corte
Vantagens e desvantagens da soldagem envolvem a manipulação de ma-
teriais a temperaturas elevadas, a
Nesta seção será apresentado um quadro com os ganhos e perdas desse exposição a uma quantidade con-
processo. siderável de luz e o contato com
partículas metálicas incandescen-
tes projetadas em alta velocidade
Quadro 3 - Vantagens e desvantagens
(respingos ou salpicos).
Vantagens Desvantagens Acidente por choque elétrico é um
1. Juntas de integridade e eficiência 1. A união é permanente risco sério e constante nas ope-
elevadas rações de soldagem baseadas no
2. Apresentam formulações uso da energia elétrica. A gravida-
2. Grande variedade de processos numerosas e variadas de do choque elétrico está relacio-
3. Exigem controle, montagem e nada com a corrente elétrica e não
3. Aplicável a diversos materiais
testes complexos com a tensão do equipamento ou
4. Operação manual ou automática de trabalho. Uma corrente acima
4. A utilização de energia térmica de 80 mA, passando pela região
5. Pode ser altamente portátil e mecânica o que tende a causar torácica da vítima, pode ser fatal,
efeitos mecânicos indesejáveis provocando um fenômeno cha-
6. Juntas totalmente estanques (ao
contrário da rebitagem) mado “fibrilação do coração” e a
5. Exigem mão de obra altamente
capacitada consequente perda de sua capaci-
7. Custo, em geral, razoável dade de bombear o sangue.
6. Às vezes são necessários As radiações infravermelha e a
8. Junta não apresenta problemas processos de cura (forno)
de perda de aperto ultravioleta são geradas pelo arco
7. Exigem limpeza minuciosa elétrico do processo de soldagem.
9. Montagens de um único Chamas e metal quente também
lado de acesso (ao contrário do 8. Exigem preparação das superfícies emitem radiação, mas de menor
aparafusamento) a serem unidas intensidade. A radiação infraver-
melha pode causar irritação dos
10. Suporta esforços no próprio 9. O ambiente onde se pratica a
olhos e até a queima da retina e
plano (ao contrário da rebitagem) soldagem é altamente insalubre
catarata. A radiação ultravioleta é
Fonte: Soldagem (2009).
responsável por causar queimadu-
ras de pele, fadiga visual e dor de
Depois de conhecer as vantagens e desvantagens da soldagem, você vai cabeça.
estudar os riscos e quais cuidados com a segurança que você deve ter.

68
Fumos e gases da soldagem po-
dem ser muito prejudiciais à saú-
de por diversos motivos. Vapores
de zinco podem causar dor de
cabeça e febre, vapores de cád-
mio podem ser fatais. Já os gases
utilizados em alguns processos de
soldagem (argônio, CO²) não são
tóxicos, mas por serem mais pesa-
dos que o ar, o deslocam, poden-
do causar asfixia e morte se forem
utilizados em ambientes fechados. Figura 43 - Equipamentos de proteção individual
Logo, ambientes arejados ou sis- Fonte: Oxibras (2009).
temas de exaustão devem ser bus-
cados.

SEÇÃO 8
Incêndios e explosões podem ocor-
rer no ambiente da soldagem, por
Eletricidade aplicada à soldagem
encontrarmos nele os três elemen-
Você será apresentado, nesta seção, ao que é uma corrente contínua,
tos atuando conjuntamente: uma uma corrente alternada, tensão elétrica e resistência elétrica.
fonte de calor, um combustível e
Assim como a energia hidráulica pode acionar a roda de uma turbina, a
oxigênio.
energia elétrica também tem a capacidade de ser transformada em traba-
lho. A energia elétrica tem seu “potencial elétrico” (tensão). Na energia
Na soldagem de manutenção de elétrica também é importante saber além da tensão qual é a quantidade
tanques ou recipientes combustí- de cargas elétricas que passa na seção do condutor a cada segundo.
veis ou inflamáveis, por exemplo,
há a necessidade de se efetuar
Corrente elétrica é o movimento ordenado de cargas elétricas.
uma rigorosa limpeza ou lavação
antes de se iniciar o processo.
Outros riscos comuns em áreas A corrente elétrica pode apresentar duas diferentes modalidades: cor-
de soldagem e operações são que- rente contínua e corrente alternada. Ambas são medidas em Ampère,
das de objetos e ferramentas, que- representado pela letra A.
da de pessoas trabalhando sobre Denomina-se corrente contínua aquela que sempre passa nos condu-
andaimes e plataformas. Cuidados tores num único sentido.
especiais devem ser tomados com
os cilindros de gás, pois são sub-
metidos a uma elevada pressão e
por isso não devem estar vulne-
ráveis a altas temperaturas e que-
das. Na figura abaixo a imagem de
alguns equipamentos de proteção
individual.

Figura 44 - Corrente contínua ao longo do tempo


Fonte: Só Física (2009).

69
Já a corrente alternada tem como característica o fato dos elétrons A passagem de corrente elétrica
passarem ora num sentido, ora no outro. A quantidade de vezes que ela entre dois condutores só é possí-
se alterna é determinada pelo que chamamos de frequência. vel com a utilização de gases ioni-
zados, pois ao se tornar ionizado,
o gás se torna condutor.
Por ionização é possível definir
o gás passar a ter íons e elétrons
livres (que facilitarão o transpor-
te de cargas elétricas). Quando se
encontra nesse estado, o gás rece-
be o nome de plasma.
O processo mais simples para se
obter um arco elétrico para sol-
dagem consiste em aquecer o gás
existente entre o eletrodo e a peça
e sujeitá-lo a um bombardeio ele-
trônico. Isso é conseguido de um
modo muito simples e prático,
basta que se disponha de uma di-
ferença de potencial elétrico entre
a peça e o eletrodo.
Ao tocar o eletrodo na peça a ten-
são cai rapidamente, só não atin-
gindo o valor zero devido à resis-
tência de contato, e a corrente vai
Figura 45 - Corrente contínua alternada ao longo do tempo a valores muito próximos da cor-
Fonte: Só Física (2009). rente de curto-circuito. Com isso,
devido ao Efeito Joule, a região
de contato se aquece até a incan-
A tensão elétrica representa a força atuante sobre as cargas elétricas descência e a quantidade de calor
(corrente elétrica), fazendo-as circular pelos condutores. Sua unidade de liberada tornará fácil o arranca-
medida é o Volt, representado pela letra V, U ou E. mento dos elétrons dos átomos
A resistência elétrica é a dificuldade oferecida por um material para do ambiente gasoso.
ser atravessado pela corrente elétrica. Cada material apresenta um valor Com o gás ionizado, geram-se va-
diferente e uma pequena adição de um elemento de liga em um material pores metálicos que também se
causará sensíveis alterações na resistência. ionizarão prosseguindo o ciclo.
Outro fator que altera a resistência são as dimensões dos materiais. A Após se obter o arco elétrico,
passagem da corrente elétrica pelos materiais gera calor por um proces- pode-se afastar os eletrodos, pois
so conhecido como Efeito Joule. com a ionização do ambiente ao
redor do arco, este existirá entre
distâncias maiores.
SEÇÃO 9
Arco elétrico
SEÇÃO 10
Nesta seção você verá como é o processo da passagem de uma corrente Polaridades
elétrica através de um gás, chamado arco elétrico. Na próxima seção
você irá conhecer o que é polaridade. Nesta seção você irá estudar o que
Denominamos arco elétrico ou arco voltaico a passagem de uma corren- é polaridade negativa e positiva.
te elétrica através de um gás. Porém, nas condições normais de pressão e Em seguida, irá conhecer como
temperatura, todos os gases são ótimos isolantes elétricos. fazer uma junta simples de solda-
gem.

70
No processo de soldagem, quando a máquina de solda está operando, a
corrente elétrica sai pelo borne “A”, desloca-se pelo cabo até a peça que
SEÇÃO 11
está sendo soldada, provoca a fusão do material da peça com o material Juntas básicas de
do eletrodo através do arco elétrico, passa pelo eletrodo e retorna ao soldagem
borne “B”. Através do cabo, entra novamente na máquina e, pelo circui-
to interno, torna a sair pelo borne “A”. Abaixo uma representação dos Nesta seção você irá aprender o
cabos conectados aos bornes da fonte de energia. que é uma junta básica de solda-
gem.
Junta é a região na qual duas ou
mais peças serão unidas por um
processo de soldagem.
São diversas as formas que se
apresentam nas uniões das peças e
estão estreitamente ligadas à pre-
paração das mesmas.
Essas formas de união são realiza-
das nas montagens de estruturas
e outras tarefas executadas pelo
soldador.

Junta de topo em
bordas retas
Quando as bordas das chapas não
requerem preparação mecâni-
ca recebem o nome de juntas de
topo em bordas retas.
Usam-se esses tipos de junta na
união de chapas até 6 mm de es-
pessura, que não sofrerão grandes
esforços.

Figura 46 - Fonte retificadora e indicação dos bornes positivo e negativo


Fonte: Secco (2002 apud ESAB SOLDAGEM E CORTE, 2005)

Por isso é comum dizer que quando o cabo porta-eletrodo está ligado
ao polo negativo da máquina, temos uma polaridade negativa ou direta,
e quando o cabo porta-eletrodo está ligado ao polo positivo da máquina,
temos uma polaridade positiva ou indireta.
Figura 47 - Junta de topo
Fonte: Cardoso (2004, p. 50).
A polaridade poderá ser trocada por uma chave de soldagem, ou
pela inversão dos cabos no borne de saída da máquina. É importan-
te saber que o no polo positivo sempre haverá maior aquecimento.

71
Juntas sobrepostas
Quando as bordas das chapas não
requerem preparação mecânica,
uma vez que, como o nome mes-
mo diz, as juntas são sobrepostas.
A largura da sobreposição depen-
derá da espessura da chapa.

Figura 50 - Juntas em quina


Fonte: Cardoso (2004, p. 50).

Depois de saber como fazer uma soldagem simples, você irá aprender na
seção seguinte a soldar em outras posições.

Figura 48 - Juntas sobrepostas


Fonte: Cardoso (2004, p. 50). SEÇÃO 12
Posições de soldagem
Juntas em ângulo em T Nesta seção você irá estudar como soldar em diversas formas. Na pró-
xima seção você irá aprender como é a preparação para esse processo.
São aquelas em que as peças, de-
vido à sua configuração, formam As posições de soldagem se referem exclusivamente ao posicionamento
ângulos interiores e exteriores no do eixo de soldagem nos diferentes planos a soldar.
ponto de soldar. Na execução do cordão de solda elétrica aparecem peças que nem sem-
pre podem ser colocadas em posição cômoda. Segundo o plano de refe-
rências, foram estabelecidas as quatro posições seguintes.

Posição plana ou de nível

O procedimento ocorre em posição denominada plana ou de nível.


O material adicional vem do eletrodo que está com a ponta para baixo.

Posição horizontal
Figura 49 - Juntas em ângulo em T Quando as arestas ou face das peças a soldar estão colocadas em posição
Fonte: Cardoso (2004, p. 50). horizontal.
O eixo da soldagem se estende horizontalmente.
Juntas em quina
Posição vertical
Quando os dois componentes es-
tão próximos e em ângulo. Posição vertical é aquela em que a aresta ou eixo da zona a soldar recebe
solda em posição vertical. Nesta posição de soldagem, o cordão de solda
pode ser aplicado da forma descendente (de cima para baixo) ou da for-
ma ascendente (de baixo para cima).

72
Posição sobre cabeça Enchimento por passes triangulares
A peça colocada a uma altura su- Este último método é uma derivação do anterior. Nele, o ciclo do mo-
perior à da cabeça do soldador, vimento é alterado, assumindo a forma triangular. Com isso, temos uma
recebe a solda por sua parte infe- velocidade de deposição ainda maior.
rior. O eletrodo se posiciona com É importante destacar que neste método ocorrerá uma diminuição da
o extremo apontado para cima, resistência mecânica da junta. O método está identificado na posição 3
verticalmente. Esta posição é a in- da figura a seguir.
versa à posição plana ou de nível.

Enchimento por filetes


Este método é o que introduz a
maior tensão transversal, e uma
maior probabilidade de inclusão
de escória quando comparado
com os demais métodos. Por ou-
tro lado, é o método que permite
uma melhoria das características
mecânicas, devido à sua menor
introdução de calor, evitando des-
sa forma o crescimento dos grãos.
Por crescimento de grão podemos
Figura 51 - Tipos de enchimentos por filetes
entender o aspecto metalúrgico
Fonte: Infosolda (2010).
que introduz fragilidade na junta.

Este método permite a soldagem execução da soldagem e regulada


em todas as posições de soldagem SEÇÃO 13 corretamente em função do diâ-
e está representado na posição 1 Preparação para metro de eletrodo, da espessura e
da figura. soldagem do tipo do metal base.

Echimento por passes Nesta seção você irá conhecer


Quanto ao eletrodo
qual é a preparação que deve ser
largos
tomada antes de fazer uma solda- Deve ser selecionado de acordo
Este método é recomendado gem. com o tipo e as dimensões do ma-
para eletrodos de grande fluidez, terial a ser soldado.
Sendo torna-se difícil o controle
da poça de fusão. Pode ser apli- Quanto à peça
cado em todas as posições com Quanto ao local de sol-
Não pode conter óxido, gordu-
exceção da horizontal. A técnica ra, tinta ou qualquer outro tipo dagem
de trabalho consiste em imprimir de impureza, portanto, deve estar Deve atender as normas de segu-
uma oscilação lateral ao eletrodo, limpa. Em soldagens de maior rança.
normalmente limitada em no má- responsabilidade, deve-se fazer
ximo cinco vezes o seu diâmetro. uso de processos auxiliares, tais
como pré-aquecimento, pós- Você irá conhecer, na próxima
Este método é representado na aquecimento, uso de dispositivos, unidade, soldagem por eletrodos
posição 2 da figura a seguir. chanfros, etc. revestidos. Você verá como come-
çou esse tipo de soldagem, quais
são os equipamentos utilizados,
Quanto à máquina o que são eletrodos revestidos e
irá saber quais são as vantagens e
Deve ser equipada como todos
desvantagens desse processo.
os acessórios necessários para a

73
Seção 1 – Histórico
Seção 2 – Equipamentos e utensílios
Seção 3 – Eletrodos revestidos
Seção 4 – Vantagens e desvantagens do
processo
Soldagem por Eletrodos Revestidos

SEÇÃO 1
Histórico
Nesta seção você irá conhecer a A escória líquida flutua em dire-
história da soldagem por arco elé-
Porta-eletrodo
ção à superfície da poça de fusão,
trico. Em seguida, você será apre- protegendo o metal de solda da Os porta-eletrodos conectam o
sentado aos equipamentos usados atmosfera durante a solidificação. cabo de solda e conduzem a cor-
nesse processo. Outras funções do revestimento rente de soldagem até o eletrodo.
Em 1904, Oscar Kjellberg, um são proporcionar estabilidade ao O punho isolado é usado para
engenheiro sueco precisava me- arco e controlar a forma do cor- guiar o eletrodo sobre a junta de
lhorar a qualidade dos trabalhos dão de solda. solda e alimentá-lo até a poça de
de reparo em navios e caldeiras fusão à medida que ele é consu-
em Gothenburg, o que resultou mido. Porta-eletrodos estão dis-
na invenção do primeiro eletro- poníveis em diferentes tamanhos
do revestido. O revestimento era e seus preços dependem de sua
constituído, originalmente, de capacidade de suportar a corrente
uma camada de material argiloso de soldagem.
(cal), cuja função era facilitar a
abertura do arco e aumentar sua
essa bilidade. Em 1907, Oscar Por questões de segurança,
Kjellberg patenteou o processo os porta-eletrodos podem ser
de soldagem a arco com eletrodo segurados com qualquer uma
revestido. Esses esforços culmi- das mãos, mas sempre de for-
naram no eletrodo revestido, em ma que o dedo polegar fique
Figura 52 - Soldagem com eletrodo sobre a alavanca de abertura
meados dos anos 1920, propor-
revestido do utensílio.
cionando aquilo que muitos con-
Fonte: Adaptado de Cablefreebr
sideram o mais significativo avan-
(2009).
ço na soldagem por arco elétrico.
SEÇÃO 2
Definimos a soldagem a arco
elétrico com eletrodo revestido
Equipamentos e
(shielded metal arc welding – SMAW) utensílios
como a soldagem realizada com
o calor de um arco elétrico man- Nesta seção você estudará quais
tido entre a extremidade de um são os elementos simples que são Figura 53 - Porta-eletrodos
eletrodo metálico revestido e a usados nesse processo de solda- Fonte: Soldaseg (2009).
peça de trabalho. O calor produ- gem.
zido pelo arco funde o metal de Uma das razões para a grande
base, a alma do eletrodo e o re- aceitação do processo de solda- Terminal terra
vestimento. Quando as gotas de gem com eletrodos revestidos é a O terminal terra é utilizado para
metal fundido são transferidas simplicidade do equipamento ne- conectar o cabo terra à peça.
através do arco para a poça de fu- cessário. O equipamento de sol-
são, são protegidas da atmosfera Pode ser conectado diretamente à
dagem consiste na fonte de ener-
pelos gases produzidos durante a peça ou à bancada ou dispositivo
gia, no porta-eletrodo, nos cabos
decomposição do revestimento. ao qual a peça está posicionada.
e conexões, além dos martelos
picadores.

75
Fazendo parte do circuito de soldagem, o terminal terra deve ser capaz
de suportar correntes de soldagem sem superaquecer devido à resistên-
cia elétrica.

Figura 54 - Cabos de solda


Fonte: Cimm (2009).

O cabo do eletrodo e o cabo terra são partes importantes do circuito


de soldagem. Eles devem ser muito flexíveis e ter um bom isolamento
resistente ao calor. As conexões no porta-eletrodo, o terminal terra e
os terminais da fonte de energia devem ser soldados ou bem prensados
para assegurar baixa resistência elétrica. O diâmetro do cabo deve ser
suficiente para conduzir a corrente elétrica com um mínimo de queda
de tensão. O aumento no comprimento do cabo torna necessário o au-
mento em seu diâmetro para diminuir a resistência elétrica e a queda de
tensão, conforme se observa as recomendações na tabela abaixo.

Tabela 11 - Queda de tensão nos cabos de solda em função das correntes de soldagem e dos comprimentos dos cabos

Comprimento total do cabo (m)

Queda
Faixa de ≤ 15 ≤ 30 ≤ 75 ≤ 150 de
corrente de
tensão
soldagem (A)
Queda Queda Queda Queda para
Cabo de Cabo de Cabo de Cabo de
tensão tensão tensão tensão

20 a 180 #3 1,8 #2 2,9 #1 5,7 #0 9,1 180 A

30 a 250 #2 1,8 #1 2,5 #0 5,0 #0 9,9 200 A

60 a 375 #0 1,7 #0 3,0 # 00 5,9 # 000 9,3 300 A

80 a 500 # 00 1,8 # 000 2,5 # 0000 5,0 # 0000 9,9 400 A

100 a 600 # 00 2,0 # 0000 2,5 - - - 500 A

Quedas de tensão não incluem quedas causadas por conexões, porta-eletrodos ou peça de trabalho deficientes.

Fonte: ESAB Soldagem e Corte (2005, p. 50).

76
Martelos picadores e Os ingredientes do revestimento,
dos quais existem literalmente
escovas centenas para escolher, são cuida-
São considerados utensílios de dosamente pesados, misturados.
limpeza O revestimento é extrudado so-
bre as varetas metálicas que são
alimentadas através da prensa ex-
trusora a uma velocidade muito
alta. Os eletrodos são então iden-
tificados com a marca comercial e
a sua classificação antes de entrar
FIGURA 57 - Fonte transformador Esab no forno de secagem.
Fonte: Royal Máquinas (2009).
Funções do
Agora que você já conheceu os revestimento
equipamentos e utensílios utiliza- Os revestimentos apresentam di-
dos na soldagem, você irá estudar versas funções, que podem ser
Figura 55 - Martelo picador
os eletrodos revestidos, suas fun- classificadas nos grupos seguintes.
Fonte: Loja do Lar (2009).
ções, tipos, classificações e cuida-
dos que a serem tomados. ▪ Função metalúrgica: o
revestimento cria uma atmosfera
gasosa que protege a fusão da
SEÇÃO 3 alma do eletrodo contra o oxigê-
nio e o nitrogênio do ar. Também
Eletrodos revestidos depositará a “escória” ou “care-
pa”, que é mais leve que o metal
Nesta seção você será apresenta-
fundido e que protegerá o banho
do aos eletrodos revestidos, quais
de fusão não somente contra
são suas funções, categorias, clas-
oxidação, mas também contra um
sificações e a preocupação que
resfriamento rápido.
você deve ter no armazenamento
dos eletrodos. ▪ Função elétrica: torna o ar
Figura 56 - Escova em aço entre o eletrodo e a peça melhor
Eletrodos revestidos para aços-
Fonte: Adptado de Alf ferramentas condutor, facilitando a passagem
carbono consistem de apenas dois
(2009). da corrente elétrica, o que per-
elementos principais: a alma me-
mite estabelecer e manter o arco
tálica ou núcleo, normalmente de
elétrico estável.
aço de baixo carbono, e o reves-
Fontes de energia timento. A alma metálica tem as ▪ Função operatória: durante
funções principais de conduzir a a fusão dos eletrodos ocorre em
A soldagem com eletrodos reves-
corrente elétrica e fornecer metal sua extremidade uma depressão
tidos pode empregar tanto cor-
de adição para a junta. que chamamos de cratera. A
rente alternada (CA) quanto cor-
profundidade dessa cratera tem
rente contínua (CC), porém em
influência direta sobre as dimen-
qualquer caso a fonte selecionada
sões das gotas, viscosidade da
deve ser do tipo corrente constan-
escória, além de a cratera servir
te. Esse tipo de fonte fornecerá
também para guiar as gotas do
uma corrente de soldagem relati-
metal fundido.
vamente constante independen-
temente das variações do com-
primento do arco causadas pelas
oscilações da mão do soldador.
Abaixo, imagem de uma fonte Figura 57 - Eletrodo revestidos
tipo transformador. Fonte: Cimm (2009).

77
▪ Características da posição Estes eletrodos se caracterizam por serem de fácil manipulação e por
de soldagem: é a adição de cer- poderem ser utilizados em qualquer posição, exceto nos casos em que
tos ingredientes no revestimento, contenham um grande teor de pó de ferro. Utilizados em corrente con-
principalmente compostos de tínua ou alternada, produzirão um cordão de bom aspecto, porém com
titânio, que tornam possível a sol- penetração média ou baixa.
dagem fora de posição (posições ▪ Revestimento básico: este revestimento contém grandes quantida-
vertical e sobrecabeça). des de carbonatos (de cálcio ou outro material) e fluorita.
▪ Isolamento da alma de Sua escória exerce uma ação benéfica sobre a solda dessulfurando-a e
aço: o revestimento atua como reduzindo o risco de trincas de solidificação. Este revestimento desde
um isolante de tal modo que a que armazenado e manuseado corretamente (fora da embalagem origi-
alma não causará curto-circuito nal, devem ser mantidos em estufas a temperatura entre 100 °C e 150
durante a soldagem de chanfros °C) produzirá soldas com baixos teores de hidrogênio minimizando
profundos ou de aberturas estrei- com isso os problemas de fissuração e fragilização induzidos por este
tas; o revestimento também serve elemento. A penetração é média e o cordão apresenta boas proprieda-
como proteção para o operador des mecânicas, particularmente em relação à tenacidade. Os eletrodos
quando os eletrodos são troca- com este revestimento são indicados para aplicações de alta respon-
dos. sabilidade, para soldagens de grandes espessuras e de elevado grau de
travamento. Para, além disto, é recomendado para soldagem de aços de
pior soldabilidade como, por exemplo, os aços de alto teor de carbono
Tipos de revestimento
e/ou Enxofre ou aços de composição química desconhecida.
▪ Revestimento oxidante: ▪ Revestimento celulósico: este revestimento contém grandes
este revestimento é constituído quantidades de material orgânico (como, por exemplo, celulose), cuja
principalmente de óxido de ferro decomposição pelo arco gera grandes quantidades de gases que pro-
e manganês. tegem o metal líquido. A quantidade de escória produzida é pequena,
Produz uma escória oxidante, o arco é muito violento causando grande volume de respingos e alta
abundante e de fácil destacabi- penetração. O aspecto do cordão produzido pelos eletrodos com este
lidade. Este eletrodo pode ser tipo de revestimento não é dos melhores. As características mecânicas
utilizado nas correntes contínua da solda são consideradas boas, com exceção da possibilidade de fragi-
ou alternada, e apresentam uma lização pelo hidrogênio. Estes eletrodos são particularmente recomen-
baixa penetração. dados para soldagens fora da posição plana, tendo grande aplicação na
▪ Revestimento ácido: este soldagem da circunferência de tubulações e na execução de passes de
revestimento é constituído raiz em geral devido à sua elevada penetração.
principalmente de óxido de ferro,
manganês e sílica. No próximo tópico você conhecerá a classificação dos eletrodos.
Produz uma escória de fácil
remoção. Este eletrodo pode Classificação dos eletrodos
ser utilizado nos dois tipos de
corrente, apresenta penetração A Sociedade Americana de Soldagem (AWS) criou um padrão para a
média e alta taxa de fusão, as pro- identificação dos eletrodos revestidos que devido à simplicidade, e talvez
priedades da solda são considera- o pioneirismo, é a especificação mais utilizada no mundo atualmente
das boas, embora sua resistência para identificar eletrodos revestidos. Abaixo, norma AWS 5.1 que é des-
à formação de trincas de solidi- tinada para seleção de eletrodos para aços ao carbono.
ficação seja baixa. Apresentam
também uma muito boa aparên-
cia do cordão.
▪ Revestimento rutílico: este
revestimento contém grandes
quantidades de rutilo (TiO² -
óxido de Titânio) e produz uma
escória abundante, densa e de
fácil destacabilidade.

78
Figura 58 - Classificação dos eletrodos revestidos
Fonte: Joaquim (2009).

Para converter lbf/pol² ou Pa em kgf/mm², deve-se multiplicar o valor


pela constante 0,00007031.
Para outros materiais, a AWS criou outras normas, conforme indicado
na tabela abaixo:

Quadro 4 - Especificação das normas de classificação dos eletrodos revestidos


QUADRO ESPECIFICAÇÕES AWS ELETRODOS REVESTIDOS
REF. AWS Eletrodos para:
A 5.1 Aços ao carbono
A 5.3 Alumínio e suas ligas
A 5.4 Aços inoxidáveis
A 5.5 Aços baixa liga
A 5.6 Cobre e suas ligas
A 5.11 Níquel e suas ligas
A 5.13 Revestimento (alma sólida)
A 5.15 Ferros fundidos
Revestimento (alma tubular com carbonetos de
A 5.21
Tungstênio).
Fonte: Joaquim (2009).

Algumas aplicações recomendadas aos principais eletrodos revestidos


podem ser vistas na tabela abaixo.

79
Tabela 12 - Desempenho de alguns eletrodos em diferentes aplicações

APLICAÇÕES 6010 6011 6013 7016 7018 7024

Aço com enxofre alto ou sem analise química na na 3 10 9 5


Alta ductilidade 6 7 5 10 10 5
Alta penetração 10 9 5 7 7 4
Alta resistência ao impacto 8 8 5 10 10 9
Alta taxa deposição 4 4 5 4 6 10
Espessura fina, probabilidade de distorção 5 7 9 2 2 7
Espessura grossa, alta restrição 8 8 8 10 9 7
Facilidade remoção de escória 9 8 8 4 7 9
Facilidade 1G/2G alta produtividade 2 3 7 5 9 10
Filete todas as posições 10 9 7 8 6 na
Pouca perda por respingos 1 2 7 6 8 9

Topo posição plana e < 6,0 mm 4 5 8 7 9 9

Topo todas pos. e < 6,0 mm 10 9 8 7 6 na


Os valores estão correspondidos entre 10 (aplicação fortemente indicada) a 1 (aplicação não recomendada).
A sigla “na” significa “não aplicável”.

Tabela 13 - Desempenho de alguns eletrodos em diferentes aplicações


Aplicações 6010 6011 6013 7016 7018 7024
Aço com enxofre alto ou sem análise química na na 3 10 9 5
Alta ductilidade 6 7 5 10 10 5
Alta penetração 10 9 5 7 7 4
Alta resistência ao impacto 8 8 5 10 10 9
Alta taxa deposição 4 4 5 4 6 10
Espessura fina, probabilidade de distorção 5 7 9 2 2 7
Espessura grossa, alta restrição 8 8 8 10 9 7
Facilidade em remoção de escoria 9 8 8 4 7 9
Filete 1G/ 2G alta produtividade 2 3 7 5 9 10
Filete todas as posições 10 9 7 8 6 na
Pouca perda por respingos 1 2 7 6 8 9
Topo posição plana e < 6.0 mm 4 5 8 7 9 9
Topo todas pos. e < 6.0 mm 10 9 8 7 6 na
Fonte: Joaquim (2009).

80
Cuidados com os Verificação do som produzido pelo choque de dois ou
eletrodos revestidos mais eletrodos
Caso não sejam tomados os ade- Dois eletrodos úmidos ao se tocarem geraram um som mais abafado e
quados cuidados no armazena- grave do que eletrodos secos, que por sua vez produzem um som mais
mento e manuseio, os eletrodos re- agudo e metálico.
vestidos podem se danificar. Parte
ou todo o revestimento pode se
Devido aos citados problemas causados pela umidade, os eletrodos
danificar principalmente nos casos
devem de preferência ser adquiridos em embalagens hermeticamente
de dobra ou choque do eletrodo.
fechadas e armazenados em ambientes controlados, de modo a serem
Sempre que se observar qualquer
evitados danos e contatos com a umidade do ar.
alteração no estado do eletrodo,
este não deve ser utilizado em As embalagens dos eletrodos são consideradas totalmente estanques en-
operações de responsabilidade. quanto fechadas. Após abertas, perdem a capacidade de executar uma
adequada armazenagem, e os eletrodos devem ser mantidos em estufas.
A umidade em excesso no reves-
timento dos eletrodos (principal-
mente os básicos) é, de uma for-
ma geral, prejudicial à soldagem.
Ela pode levar a instabilidade do
arco, formação de respingos e
porosidades, principalmente no
início do cordão, e pode ocorrer
a fragilização e fissuração pelo hi-
drogênio.

Os eletrodos úmidos, em ge-


ral, geram um som explosivo e,
quando a umidade for excessiva,
haverá no início da soldagem des-
prendimento de vapor d’água do
eletrodo. Além disso, ocorrendo a Figura 59 - Estufa para eletrodo – Milane
interrupção da soldagem com um Fonte: Adaptado de Hotfrog (2008).
eletrodo úmido, o revestimento
tende a trincar longitudinalmente.

81
Os cochichos são estufas portáteis para armazenamento dos eletrodos Parâmetros de solda-
revestidos. São conectadas às fontes de energia.
gem com eletrodos reves-
tidos
Embora esta apostila apresente
tabelas com recomendações de
manutenção, ressecagem dos ele-
trodos, tantos esses parâmetros
quanto os parâmetros de solda-
gem (corrente) devem ser verifi-
cados junto ao fabricante do ele-
trodo que será utilizado.
Figura 60 - Cochicho
Na seção seguinte você irá estu-
dar as vantagens e desvantagens
Fonte: Dutra máquinas (2009).
do processo de soldagem.

O período máximo que se recomenda para que um eletrodo permaneça


fora da estufa são duas horas. Após esse tempo, há o risco de ocorrer ab-
sorção excessiva de umidade. Caso isso venha a acontecer, os eletrodos
básicos devem ser recondicionados por um tratamento de ressecagem,
em seguida devem retornar para as estufas. Abaixo, recomendações de
temperaturas e tempo de ressecagem para os eletrodos revestidos:

Tabela 14 - Recomendações de ressecagem de eletrodos revestidos


Temperatura efetiva no Tempo real a
Tipo de eletrodo
pacote de eletrodos temperatura efetiva
(°C) (h)

Básico 325 ± 25 1,5 ± 0,5

Altíssimo rendimento 275 ±25 1,5 ± 0,5

Rutílicos 80 ± 10 1,5 ± 0,5


Ferro fundido 80 ± 10 1,5 ± 0,5

Inoxidáveis rutílicos 275 ± 25 1,5 ± 0,5


Inoxidáveis básicos 225 ± 25 1,5 ± 0,5
Fonte: ESAB Soldagem e Corte (2009).

82
SEÇÃO 4
Vantagens e desvantagens do processo
Nesta seção você irá conhecer os ganhos e as perdas desse processo de
soldagem.

São várias as vantagens do processo de soldagem por eletrodos reves-


tidos:
▪ baixo custo de aquisição dos equipamentos;
▪ não há necessidade de consumíveis externos;
▪ ideal para soldagens em locais de acesso restrito graças à geometria
do eletrodo;
▪ permite a soldagem dos principais metais empregados na indústria,
desde com o eletrodo correto;
▪ permite a soldagem em todas as posições, desde com o eletrodo
devidamente selecionado.

Em contra partida, há algumas desvantagens:


▪ é um dos processos com menor taxa de deposição de material;
▪ requer boa habilidade manual de soldadores;
▪ dificuldade em empregar o processo para soldagem de chapas muito
finas.

Na próxima unidade você irá estudar soldagem MIG e MAG, suas defi-
nições, quais são os equipamentos utilizados, eletrodos, gases de prote-
ção, transferência do metal de adição e vantagens e desvantagens desse
processo.

83
Seção 1 – Definição
Seção 2 – Equipamentos
Seção 3 – Eletrodos
Seção 4 – Gases de proteção
Seção 5 – Transferência do metal de adição
Seção 6 – Vantagens e desvantagens
Soldagem MIG/MAG
SEÇÃO 1
Definição
Nesta seção você verá a definição da soldagem de arco com proteção
gasosa. Em seguida, você irá conhecer quais são os equipamentos utili-
Fonte de energia
zados nesse processo. O processo utiliza corrente do
A soldagem a arco com proteção gasosa (Gás Metal Arc Welding – tipo contínua que pode ser for-
GMAW) é um processo em que a união de peças metálicas é produzida necida por um conjunto trans-
pelo aquecimento destas com um arco elétrico estabelecido entre um formador-retificador ou por um
eletrodo metálico nu, consumível, e a peça de trabalho (metal base). conversor.
No Brasil, o processo é conhecido como MIG (Metal Inert Gás) ou MAG A forma da característica estática
(Metal Active Gas), quando a proteção do arco elétrico é feita por um gás da fonte pode ser do tipo corren-
inerte ou um gás ativo, respectivamente. te constante ou tensão constante,
conforme o sistema de controle
do equipamento.
Quando se utiliza uma fonte do
tipo tensão constante, a veloci-
dade de alimentação do arame-
eletrodo se mantém constante du-
rante a soldagem. Este sistema é
mais simples e mais barato.
Com a fonte de energia do tipo
corrente constante o comprimen-
to do arco é controlado pelo ajus-
te automático da velocidade de
alimentação do arame.

Figura 61 - Soldagem MIG/MAG


Fonte: Toda oferta (2009).

SEÇÃO 2
Equipamentos
Nesta seção você irá estudar os equipamentos básicos para soldagem
MIG/MAG que são compostos de uma fonte de energia, um alimenta-
dor de arame, uma tocha de soldagem e uma fonte de gás protetor, além
de cabos e mangueiras.

85
soldagem, além de acionar o ali- de arame, ajusta-se a corrente de
mentador de arame e uma válvula soldagem fornecida pela máquina
solenóide, que comanda o fluxo devido às características da fonte
de gás protetor para a tocha. e do processo.
O arame é passado entre um con-
junto de roletes chamados de ro-
letes de alimentação que possuem
sulcos, pelos quais os arames são
conduzidos. Em função desses
sulcos sobre os roletes, mudando-
se o diâmetro do arame de traba-
lho, devem ser mudados também
os roletes.

Figura 62 - Fonte retificadora MIG Figura 63 - Tocha MIG MAG montada


MAG Sumig Figura 64 - Tocha MIG MAG desmon-
Fonte: Nei (2009). tada

Tocha, bicos de conta- As tochas para soldagem MIG Figura 65 - Cabos elétricos e garras de
to e bocais MAG podem ser refrigeradas fixação
a água ou pelo próprio gás de Fonte: Labsolda (2009).
A tocha de soldagem consiste proteção, dependendo de sua
basicamente de um bico de con- capacidade, dos valores de
tato, que faz a energização do corrente utilizados e do fator
O processo necessitará, como no
arame-eletrodo de um bocal que de trabalho.
caso da soldagem com eletrodos
orienta o fluxo de gás protetor e
revestidos, de cabos para trans-
de um gatilho de acionamento do
porte da eletricidade.
sistema.
Quanto ao formato, as tochas po- As garras de fixação servem para
O bico de contato é um peque- dem ser retas ou curvas, sendo as prender o cabo de retorno da ele-
no tubo à base de cobre, cujo mais utilizadas as do tipo “pesco- tricidade.
diâmetro interno é ligeiramente ço de cisne” que são as que ofere-
superior ao diâmetro do arame- Deve ser verificado se prendem
cem maior maneabilidade.
eletrodo e serve de contato elétri- a peça com boa fixação e se a fi-
co deslizante. xação do cabo de soldagem nelas
Alimentador de arame está feito de maneira adequada.
O bocal é feito de cobre ou ma-
terial cerâmico e deve ter um diâ- O alimentador de arame normal-
metro compatível com a corrente mente utilizado é acionado por Fonte de gás
de soldagem e o fluxo de gás a ser um motor de corrente contínua e
utilizado numa dada aplicação. Os diversos gases de proteção,
fornece arame a uma velocidade
que serão vistos mais adiante,
O gatilho de acionamento ou constante ajustável numa ampla
estão normalmente contidos em
interruptor movimenta um con- faixa. Não existe qualquer ligação
garrafas ou cilindros de aço de
tador que está ligado ao primário entre o alimentador e a fonte de
alta resistência. A garrafa é colo-
do transformador da máquina de energia, entretanto, ajustando-
cada na instalação na proximidade
solda, energizando o circuito de se a velocidade de alimentação
do posto de trabalho e é equipada

86
de um conjunto redutor-manô- ca ou permanente sem se romper
metro, que baixa a pressão do gás (carregamentos estáticos).
a um valor conveniente para a ali- Arames de aço-carbono geral-
mentação da tocha de soldagem e mente recebem uma camada su-
que permite a regulagem da vazão perficial de cobre com o objetivo
expressa em litros por minuto. de melhorar seu acabamento su-
No caso de várias instalações perficial, seu contato elétrico com
funcionarem na mesma oficina, o bico de cobre e uma superior
a fonte de gás pode ser substitu- resistência à corrosão.
ída de um cilindro único por uma
central de vários cilindros conec-
tados entre si num sistema único.
Essa central deve ter um conjunto
redutor único e o gás ser distri-
buído por canalização à pressão
desejada, a vazão é regulada por
cada operador por meio de um Figura 66 - Cilindros de gás
manômetro local e individual. Fonte: Adaptado de Alibaba (2009).

No caso de consumos muito ele-


vados, pode-se adquirir o gás em Na próxima seção você verá os
sua forma líquida, ficando este eletrodos, que são arames para
também em uma instalação cen- soldagem. Figura 67 - Carretel de arame MIG
tralizada. MAG
Essas duas últimas formas citadas Fonte: Solo Stocks (2009).
são investimentos inicialmente SEÇÃO 3
maiores, porém proporcionam Eletrodos
numerosas vantagens, das quais Os arames de aço usados com
algumas são citadas a seguir: proteção de CO2 contêm maiores
Nesta seção você estudará o que teores de silício e manganês em
▪ eliminação de garrafas no é e como é feito o eletrodo. Na sua composição devido à sua ação
interior das oficinas; próxima seção você conhecerá as desoxidante. A seleção do arame
▪ ganho de espaço; funções e os dois tipos de gases a ser utilizado em uma dada ope-
de proteção. ração é feita em termos da com-
▪ melhor aproveitamento do
Os eletrodos ou também chama- posição química do metal de base,
conteúdo das garrafas;
dos arames para soldagem são do gás de proteção a ser usado e
▪ funcionamento contínuo sem constituídos de metais ou ligas da composição química e proprie-
risco de interrupção da alimenta- metálicas dúcteis que possuem dades mecânicas desejadas para a
ção de gás durante a soldagem; composição química, dureza, con- solda. A tabela abaixo relaciona
▪ ganhos de tempo (trocas de dições superficiais e dimensões as especificações AWS de arames
garrafas); bem controladas. para soldagem MIG MAG que
▪ aumento da segurança. Ductilidade é a capacidade de um são fornecidos em carretéis de 15
material sofrer deformação plásti- kg ou 20 kg.

87
Tabela 15 - Norma classificação de arames MIG MAG Os gases de proteção utilizados
Especificação Materiais em soldagem MIG MAG podem
AWS – A 5.10 Alumínio e suas ligas ser inertes, ativos ou a mistura
AWS – A 5.7 Cobre e suas ligas desses dois tipos. O tipo de gás
AWS – A 5.9 Aço inox, aços com alto Cr
AWS – A 5.14 Níquel e suas ligas
influencia: características do arco,
AWS – A 5.16 Titânio e suas ligas transferência do metal, penetra-
AWS – A 5.18 Aço-carbono e baia liga ção largura e formato do cordão
AWS – A 5.19 Magnésio e suas ligas de solda, velocidade de soldagem,
Fonte: Gimenes (2004, p. 09). tendência a aparecimento de de-
feitos e custo final do cordão de
solda.
SEÇÃO 4
Gases de proteção
DICA
Nesta seção você irá conhecer como funcionam e quais são os tipos de
Com o processo MIG, os ga-
gases de proteção.
ses inertes puros são utiliza-
O ar atmosférico na região de soldagem é expulso por um gás de pro- dos principalmente na solda-
teção com o objetivo de evitar a contaminação da poça de fusão. A gem de metais não ferrosos,
contaminação é causada principalmente pelo nitrogênio (N2), oxigênio principalmente os mais reati-
(O2) e vapor d’água (H2O) presentes na atmosfera. Abaixo, a Figura 68 vos como titânio e magnésio.
representa um sistema de soldagem MIG/MAG.

Gases inertes são aqueles que não


se combinam com outros elemen-
tos e não participam da poça de
fusão.

Com o processo MAG, os ga-


ses ativos (especialmente CO2)
são utilizados para soldagem dos
aços-carbono e baixa liga. Os ga-
ses ativos têm custo reduzido se
comparados aos gases inertes.

Gases ativos são aqueles que


produzem efeito oxidante e
participam da poça de fusão.

As misturas de gases inertes ou


inertes com ativos, em diferentes
proporções, permitem a solda-
gem com melhor estabilidade de
arco e transferência de metal em
certas aplicações.

Figura 68 - Esquema soldagem MIG/MAG


Fonte: Gimenes (2004, p. 01).

88
Tabela 16 - Identificação das misturas dos gases

Gás ou mistura Comportamento químico Aplicações


Argônio (Ar) inerte Quase todos metais (- aço)
Hélio (He) inerte Al, Mg, Cu e suas ligas
Ar + 20 a 50 % He inerte Idem He (melhor que 100% He)
Ar + 1 a 2 % O2 ligeiram, oxidante Aços inox e alg. Ligas Cu
Ar + 3 a 5% O2 oxidante Aços-carb. e alguns b, liga
CO2 oxidante Aços-carb. e alguns b, liga
Ar + 20 a 50% CO2 oxidante Div. aços – trans. c. circ
Ar + CO2 + O2 oxidante Diversos aços
Fonte: Gimenes (2004, p. 01).

A figura abaixo mostra o perfil do cordão de solda característico para


diversos gases e misturas. Entretanto, deve-se lembrar que o perfil do
cordão de solda também pode ser modificado por alterações nos parâ-
metros de soldagem (intensidade da corrente e tensão, avanço e taxa de
alimentação do arame).

Ar Ar + O2 CO 2 Ar + CO2 He Ar + He

Figura 69 - Perfil Cordão Solda Conforme Mistura de Gases


Fonte: Figueiredo (2005 p. 22).

Algumas recomendações de ajustes nos parâmetros e nas técnicas de


soldagem estão relacionadas na tabela abaixo.

Tabela 17 - Ajuste parâmetros MIG/MAG

Modificações desejadas
Variáveis de soldagem para Taxa de Tamanho do Largura do
Penetração
modificar deposição cordão cordão
↑ ↓ ↑ ↓ ↑ ↓ ↑ ↓
Corrente e vel. alim. arame ↑ ↓ ↑ ↓ ↑ ↓ * *
Tensão + + * * * * ↑ ↓
Velocidade de soldagem + + * * ↑ ↓ ↑ ↓
Extensão do eletrodo ↓ ↑ ↑ ↓ ↑ ↓ ↓ ↑
Diâmetro do arame ↓ ↑ ↓ ↑ * * * *
Gás de proteção % CO₂ ↑ ↓ * * * * ↑ ↓
puxando a 25°

empurrando

empurrando

puxando

Ângulo da tocha * * * *

* sem efeito + pequeno efeito ↑ aumento ↓ diminuição


Fonte: ESAB Soldagem e Corte (2005, p. 81).

89
Para regulagem da vazão do gás A soldagem por curto-circuito é a muito grande, o que pode ser mi-
de proteção, deve-se seguir a característica mais importante de nimizado com a utilização de um
equação abaixo. utilização das misturas de gases arco muito curto.
A vazão de gás é determinada pela ativas (CO2 puro ou misturas com Em metais ferrosos, a transferên-
seguinte equação: teor deste gás superior a 25%). cia por spray é limitada à posição
Vazão do gás = 10 x e plana, em virtude
e = espessura do arame. da grande quantidade de material
A vazão do gás é dada em litros A transferência globular é co- transferido e da fluidez da poça de
por minuto (l/min). mumente conhecida como na fusão. Também devido à grande
qual o metal se transfere atra-
Na próxima seção você verá cur- penetração nesses mesmos mate-
vés do arco.
to-circuito, globular e aerossol, riais, não é o tipo de transferência
que são as três formas de transfe- adequado para chapas finas. Em
rência de metal. metais não ferrosos, pode ser uti-
Este tipo de transferência é carac- lizada com maior liberdade.
terizado pela formação de gotas Na tabela abaixo, as correntes mí-
SEÇÃO 5 maiores do que o diâmetro do nimas para soldagem por transfe-
eletrodo. rência tipo spray.
Transferência do metal A gota cresce de uma forma de-
de adição sordenada, oscilando na ponta do
arame, levando consigo o arco
Esta seção apresentará as três téc- elétrico. A gota é finalmente des-
nicas de passagem de metal. tacada, quer por excesso de peso
Basicamente, o processo MIG/ (forças gravitacionais) ou por cur-
MAG inclui três técnicas distintas to-circuito com a peça.
de modo de transferência de me- A transferência globular é axial-
tal: curto-circuito (short arc), glo- mente dirigida, pode ser obtida
bular (globular) e aerossol (spray em uma atmosfera gasosa subs-
arc). Essas técnicas descrevem a tancialmente inerte (teores de
maneira pela qual o metal é trans- CO2 menores que 5%).
ferido do arame para a poça de
fusão.
Na transferência spray ou ae-
rossol pequenas gotas são ar-
A transferência por curto- rancadas do arame-eletrodo
circuito acontece quando o e ejetadas em direção ao me-
metal fundido na ponta do tal de base.
arame toca a poça de fusão.

Com uma proteção gasosa de pelo


Na soldagem com transferência menos 80% de argônio ou hélio,
por curto-circuito são utilizados a transferência do metal de adi-
arames de diâmetro na faixa de ção muda de globular para spray
0,8 mm a 1,2 mm, e aplicados a partir de um determinado nível
pequenos comprimentos de arco de corrente conhecido como cor-
(baixas tensões) e baixas corren- rente de transição para um dado
tes de soldagem. É obtida uma diâmetro de eletrodo.
pequena poça de fusão de rápida Sob proteção de CO2 não há tran-
solidificação. sição de globular para spray. Com
A soldagem por curto-circuito o aumento da corrente, as gotas
também deve ser empregada diminuem de tamanho, mas não
quando se tem como requisito são axialmente dirigidas. Com
uma distorção mínima da peça. isso, a quantidade de salpicos será

90
Tabela 16 - Corrente para soldagem por spray

Diâmetro do arame Corrente mínima de


Tipo de arame Gás de proteção
aerossol (A)
pol (“) mm
0,030 0,76 150
0,035 0,89 165
Aço-carbono 0,045 1,10 98% Ar / 2% O₂ 220
0,052 1,30 240
0,062 1,60 275
0,035 0,89 170
Aço inoxidável 0,045 1,10 98% Ar / 1% O₂ 225
0,062 1,60 285
0,030 0,76 95
Alumínio 0,046 1,19 Argônio 135
0,062 1,60 180
0,035 0,89 180
Cobre desoxidado 0,045 1,10 Argônio 210
0,062 1,60 310
0,035 0,89 165
Bronze ao silício 0,045 1,10 Argônio 205
0,062 1,60 270

A transferência controlada pulsada tem como objetivo obter uma


transferência controlada de metal de adição com as características de-
sejáveis da transferência por spray, mas a níveis de corrente média
bem mais baixa, de forma a permitir sua utilização na soldagem de
chapas finas ou fora da posição plana.

Este tipo de transferência é mais estável e uniforme quando obtido pela


pulsação da corrente de soldagem em dois patamares, um inferior à cor-
rente de transição e outro superior a esta, de modo que durante o perío-
do de tempo que a corrente é baixa, uma gota se forma e cresce na ponta
do arame e é transferida quando o valor da corrente é elevado.
Para se obter este modo de transferência, deve-se utilizar fontes de ener-
gia especiais, capazes de fornecer corrente pulsada, com parâmetros de
pulso controláveis.
Um problema acarretado pela adoção deste tipo de transferência é a
introdução de quatro novas variáveis no processo de soldagem MIG/
MAG (tempo de pico, corrente de pico, tempo de pulso e corrente de
pulso). Isso dificultará um pouco mais a seleção e otimização dos parâ-
metros de soldagem.
A seguir, a Figura 70 ilustra as formas de transferência metálica.

91
Figura 70 - Geometria da Gota do Arame Fundido
Fonte: ESAB Soldagem e Corte (2005).

Na seção seguinte você aprenderá os proveitos e os prejuízos do proces-


so de soldagem.

SEÇÃO 6
Vantagens e desvantagens
Nesta seção você verá por meio de tópicos as vantagens e desvantagens
do processo de soldagem.

O processo de soldagem MIG/MAG proporciona muitas vantagens na


soldagem manual e automática dos metais para aplicações de alta e baixa
produção:
▪ a soldagem pode ser executada em todas as posições;
▪ não há necessidade de remoção de escória;
▪ alta taxa de deposição do metal de solda;
▪ tempo total de execução de soldas de cerca da metade do tempo
para o eletrodo revestido;
▪ altas velocidades de soldagem, menos distorção das peças;
▪ largas aberturas preenchidas, tornando certos tipos de soldagem de
reparo mais eficientes;
▪ não há perdas de pontas como no eletrodo revestido;
▪ permite a execução de longos cordões, sem a necessidade de paradas
intermediárias;
▪ é um processo de fácil automatização ou robotização;
▪ requer menor habilidade manual dos soldadores, se comparado ao
processo de soldagem por eletrodos revestidos, por exemplo.

92
Como desvantagens do processo MIG/MAG, podemos citar:
▪ elevado custo para aquisição dos equipamentos;
▪ processo menos portátil que o processo de soldagem por eletrodos
revestidos;
▪ a geometria do bocal restringe a utilização do processo quando os
espaços e acessos são mais restritos;
▪ cabos muito longos podem comprometer a proteção gasosa da poça
de fusão;
▪ elevada fadiga do soldador em trabalhos altamente produtivos;
▪ a poça de fusão pode sofrer os efeitos de uma proteção gasosa inefi-
ciente em soldagens efetuadas ao ar livre devido às correntes de ar que
podem expulsar o gás de proteção.

Depois de estudar soldagem MIG/MAG, você irá aprender na próxi-


ma unidade soldagem TIG: as definições, os equipamentos utilizados,
os gases de proteção, eletrodos, metal de adição e as suas vantagens e
desvantagens.

93
Seção 1 – Definição
Seção 2 – Equipamentos e utensílios
Seção 3 – Gases de proteção
Seção 4 – Eletrodos
Seção 5 – Metal de adição
Seção 6 – Vantagens e desvantagens
Soldagem TIG
SEÇÃO 1
Definição
Nesta seção você verá a definição do processo de soldagem TIG. Em
seguida, você conhecerá quais são os equipamentos utilizados nesse pro-
Fonte de energia
cesso. A fonte de corrente elétrica ne-
O processo de soldagem TIG (Tungsten Inert Gas) ou GTAW (Gas Tungs- cessária é do tipo retificadora de
ten Arc Welding) é um processo de soldagem a arco elétrico que utiliza um corrente constante (Figura 72),
arco entre um eletrodo não consumível de tungstênio e a poça de solda- com valo de saída ajustável para
gem. O eletrodo e a parte do cordão são protegidos por um gás de pro- cada operação e pode ser contí-
teção inerte, que é soprado pelo bocal da tocha. No processo, pode-se nua, alternada ou pulsada. As fon-
utilizar adição ou não (solda autógena), e seu grande desenvolvimento se tes podem ser convencionais ou
deve à necessidade de disponibilidade de processos eficientes de solda- eletrônicas, sendo que essas per-
gem para materiais difíceis, como o alumínio e magnésio, notadamente mitem operação com os três tipos
na indústria da aviação no começo da Segunda Grande Guerra Mundial. de corrente.
Na figura abaixo, veja o processo TIG em operação. Essas fontes de energia têm ajus-
tes mais preciso e menores valo-
res de corrente mínima, além de
poderem ser equipadas com dis-
positivos para abertura de arco,
temporizadores e válvulas desti-
nados à controle do fluxo de gás,
sistemas para refrigeração da to-
cha de soldagem, pedais de con-
trole da corrente, dentre outros
acessórios específicos.
Muitas vezes, as fontes adequadas
para um desses processos podem
também ser usadas para outro.
As fontes para soldagem TIG for-
necem uma corrente mínima em
torno de 5 a 10 A e corrente máxi-
ma na faixa de 200 a 500 A.
Figura 71 - Tig
Fonte: Adaptado de Linde-Gas (2009).

SEÇÃO 2
Equipamentos e utensílios
Nesta seção você será apresentado às composições usadas no processo
de soldagem TIG.
O equipamento básico usado na soldagem TIG consiste de uma fonte
de energia elétrica, uma tocha de soldagem apropriada, uma fonte de gás
protetor, um dispositivo para abertura do arco, pinças, bocais, cabos e
mangueiras.

95
Pinças
Eletrodos de vários tamanhos
são fixados apropriadamente na
pinça. Um bom contato entre o
eletrodo e a parte interna da pinça
é essencial para uma transmissão
correta da corrente e refrigeração
do eletrodo. Por isso, o diâme-
tro do orifício da pinça deve ser
condizente com o diâmetro do
eletrodo.

Bocais
Figura 72 - Equipamento TIG
O gás de proteção é dirigido para
Fonte: Vega Máquinas (2009).
a zona de soldagem por bocais
(Figura 74) fixados na extremida-
Tochas de das tochas. O objetivo da uti-
lização dos bocais é produzir um
As tochas que suportam o eletrodo e conduzem o gás de proteção até o fluxo laminar do gás de proteção.
arco podem ser refrigeradas a gás, quando forem mantidas na tempera- Os bocais podem ser fabricados
tura adequada pelo efeito de resfriamento causado pelo próprio gás de de materiais cerâmicos (os mais
proteção. Essas tochas estão limitadas a uma corrente máxima de cerca populares), metais, metais revesti-
de 200 A. Também podem ser refrigeradas a água, pois promovem a dos com cerâmicos, quartzo fun-
circulação de água, normalmente em circuito fechado, para refrigera- dido ou outros materiais. Bocais
ção. Dessa forma, pode-se dispor de tochas que suportam correntes de metálicos têm vida útil mais lon-
superiores a 500 A, tipo de tocha mais empregado em soldagens TIG ga e são usados principalmente
automatizadas. em processos automatizados que
operam com correntes acima de
250 A.
Os aspectos mais importantes
nos bocais são suas dimensões e
perfis. Os bocais devem ser largos
o suficiente para prover cobertu-
ra da área de soldagem pelo gás
e devem estar de acordo com o
volume e a densidade necessária
do gás no processo. Se a vazão do
gás for excessiva para um deter-
minado diâmetro, a eficiência da
proteção é afetada devido à tur-
bulência. Vazões mais altas, sem
esse efeito de turbulência, reque-
Figura 73 - Tocha TIG rem maiores diâmetros de bocais,
Fonte: Adaptado de Tbi-Brasil (2009). condições estas, essenciais para
altas correntes.

Fonte de gás
A fonte de gás protetor consiste de um ou mais cilindros de gás inerte e
reguladores de pressão e vazão de gases.

96
Os gases de proteção são direcio-
nados pela tocha para o arco e a
poça de fusão para proteger o ele-
trodo e o material metálico fundi-
do da contaminação atmosférica.
Eles também podem ser utiliza-
dos como back-up para proteção
do lado contrário da solda da oxi-
dação durante a soldagem.
O processo de soldagem TIG
inicialmente foi chamado de He-
liarc devido à utilização do gás
hélio (He) como gás de proteção.
Atualmente, além do hélio, o gás
argônio (Ar) é utilizado com algu-
Figura 74 - Bocais mas vantagens:
▪ possibilita arco mais suave;
Dispositivos para ignição do arco ▪ penetração reduzida;
▪ ação de limpeza quando da
Arco-piloto necessita de eletrodos e fonte de corrente secundários e é soldagem de alumínio ou mag-
pouco usado. nésio;
A rampa de corrente é usada apenas em fontes eletrônicas e permite a
▪ baixo custo e alta disponibili-
abertura com um toque do eletrodo na peça, mas com uma corrente
dade;
inicial bastante reduzida, insuficiente para permitir sua fusão e só poste-
riormente a corrente atinge o valor de operação selecionado. ▪ boa proteção com baixos
fluxos;
O ignitor de alta frequência é um aparelho que gera um sinal de alta
tensão e de alta frequência, com valores em torno de 3 kV e 5 kHz, que ▪ maior resistência a ventos
produz a ionização da coluna de gás entre o eletrodo e as peça, permi- cruzados;
tindo a abertura do arco com baixas tensões na fonte de soldagem (entre ▪ melhor partida do arco.
60 e 80 V).
Com a utilização do hélio como
Cabos gás de proteção, pode-se listar as
seguintes características:
Os cabos são usados para conduzir a corrente de soldagem; o diâmetro
desses cabos deve ser compatível com a corrente de soldagem usada. ▪ transmite maior calor para
uma mesma corrente e tensão
que o argônio;
Mangueiras ▪ ideal para soldagem de peças
As mangueiras são usadas para conduzir o gás ou a mistura e, se for o espessas ou materiais com alta
caso, água para refrigeração até a tocha de soldagem. condutividade térmica como o
cobre;
A próxima seção mostrará os proveitos e as características dos gases de
proteção. ▪ o hélio é cerca de dez vezes
mais leve que o argônio, elevando
o nível do seu consumo. Por isso,
SEÇÃO 3 sua vazão deve ser de 2 a 3 vezes
superior.
Gases de proteção
Nesta seção você irá estudar as vantagens e características dos gases de
proteção.

97
SEÇÃO 4 Os eletrodos de tungstênio
puro (EWP) possuem no mí-
DICA Eletrodos nimo, 99,5 % de W e têm uma
A soldagem com misturas de capacidade de corrente inferior
gases de proteção apresenta A seção apresentará a classifica- aos eletrodos de liga de tungstê-
características intermediá- ção dos eletrodos. nio. Entretanto, são muito utiliza-
rias, dependendo da propor- No processo TIG os eletrodos são dos em soldagem com CA, pois
ção. Misturas de 80% de ar- mantêm uma extremidade limpa
de tungstênio, não são consumí-
gônio e 20% de hélio reúnem e arredondada, que provê boa es-
as melhores características
veis e têm o papel de servir como
um dos terminais do arco que irá tabilidade ao arco nesse processo.
da soldagem com cada um
desses gases isoladamente. gerar o calor para o processo. Ao São indicados para soldagem dos
se aproximar da sua temperatura alumínios e suas ligas e são identi-
de fusão (3410 °C), o tungstênio ficados pela tarja de cor verde.
se torna termiônico, como uma
fonte disponível de elétrons. Os eletrodos com óxido de
Gás de back-up e purga
tório possuem 1% ou 2% desse
Quando na realização de passes de material, sendo classificados res-
raiz, a solda pode ser contaminada pectivamente como EWTh-1 e
pela atmosfera do lado contrário à EWTh-2. A tória incrementa a
solda. Para evitar esse problema, o emissividade termiônica do tun-
ar deve ser purgado dessa região. gstênio, permitindo a operação
O nitrogênio pode ser utilizado em correntes mais elevadas (apro-
satisfatoriamente para esse fim ximadamente 20 % de acréscimo).
na soldagem de aços inoxidáveis Os eletrodos toriados mantêm
austeníticos, cobre e ligas de co- um fino perfil da ponta durante
bre. Uma atmosfera relativamente a soldagem, o que é desejável na
inerte pode ser obtida pela injeção soldagem de aços. Por outro lado,
de cerca de quatro vezes o volume na soldagem CA, tornam-se defi-
a ser purgado. Uma vez efetivada Figura 75 - Eletrodo de tungstênio cientes, pois têm dificuldades de
a purga, a vazão desse gás deve ser Fonte: Adaptado de Engesolda (2009). manter a extremidade arredonda-
mantida apenas para manter uma da.
ligeira pressão positiva. A área de Os eletrodos com óxido de cé-
escape do gás deve ser no mínimo rio (EWCe-2 ), a céria, possuem
As capacidades de corrente dos
igual à área de entrada e especial características muito semelhantes
eletrodos devem ser respeitadas
cuidado deve ser tomado para não aos toriados com a vantagem de
e a sua utilização acima de seu li-
haver excessos de pressão, princi- não trabalhar com um elemento
mite causará erosão ou fundição
palmente nos últimos cinco cen- radioativo.
do eletrodo. Com correntes mui-
tímetros do passe de raiz, preve-
to baixas haverá instabilidade no Essas mesmas características são
nindo-se a sopragem da poça ou
arco. mantidas nos eletrodos com óxi-
concavidade da raiz.
do de lantânio.
Na seção seguinte você verá a
Os eletrodos são classificados Já os eletrodos com óxido de
classificação dos eletrodos, que é
com base em sua composição quí- zircônio (EWZr) têm caracte-
feita pela sua composição quími-
mica, como na tabela abaixo. rísticas intermediárias para solda-
ca.
gem entre os eletrodos puros e os
toriados.
Os eletrodos EWG são todos os
que não se classificam nas desig-
nações acima.

98
Configuração da extremidade do eletrodo SEÇÃO 5
A extremidade do eletrodo normalmente é preparada pelo arredonda- Metal de adição
mento, esmerilamento ou afiação química. Assim, uma ponta cônica é
preparada, mesmo que a extremidade vá ser arredondada para um pro- Nesta seção você conhecerá a di-
cesso em CA. ferença do metal de adição entre
soldagem manual ou mecânica e
como escolher o melhor metal
Arredondamento para esse processo. Em seguida,
Utilizado em processo CA, o arredondamento é realizado pela abertura você conhecerá as suas vantagens
de um arco em um bloco de cobre refrigerado a água, utilizando CA ou e desvantagens.
DCEP. A corrente é aumentada até que a extremidade se torne branca O metal de adição para soldagem
com o calor e o tungstênio começa a se fundir, formando uma pequena manual é fornecido na forma de
bola em sua extremidade. A dimensão da extremidade não poderá ser varetas com comprimento em
excessiva sob pena de cair essa pequena quando amolecida. torno de 1 m. Para a soldagem
mecanizada, o metal é fornecido
na forma de um fio enrolado em
Esmerilamento bobinas com diferentes capacida-
Para permitir uma maior estabilidade do arco, as pontas cônicas dos des, dependendo do equipamento
eletrodos devem ser obtidas a partir do esmerilamento com o eletrodo usado. Os diâmetros dos fios e
perpendicular ao eixo do rebolo. O rebolo deve ser exclusivo para essa varetas são padronizados e variam
operação para eliminar a possibilidade de contaminação do eletrodo. entre 0,5 e 5 mm aproximada-
mente.
A escolha do metal de adição
Afiação química para uma determinada aplicação
A afiação química consiste em mergulhar a ponta do tungstênio em ru- é feita em função da composição
bro em um recipiente contendo nitrato de sódio. A reação causa uma química e das propriedades mecâ-
erosão uniforme em torno da circunferência e da extremidade do ele- nicas desejadas para a solda. Em
trodo. Repetindo seguidamente tal operação, forma-se a ponta cônica geral, é utilizado metal de adição
desejada. de composição similar à do metal
de base, mas não necessariamente
idêntica. Fatores como compati-
Contaminação do eletrodo bilidade metalúrgica, adequando
a operação e o custo também de-
Normalmente, a contaminação do eletrodo ocorre quando o soldador
vem ser considerados.
acidentalmente mergulha o eletrodo na poça ou toca o eletrodo com o
metal de adição. Uma proteção imprópria também pode causar oxidação O diâmetro do fio ou vareta é es-
do eletrodo e consequente contaminação da solda. colhido em função da espessura
das peças a unir, da quantidade
Outras fontes de contaminação podem ser: vaporização de metais no
de material a ser depositado e dos
arco, erupções ou respingos da poça causados por aprisionamento de
parâmetros de soldagem. Os catá-
gás e evaporação de impurezas superficiais. A contaminação pode afetar
logos dos fabricantes geralmente
as características do arco e causar inclusões no metal de solda. Caso isso
apresentam informações úteis na
ocorra, a operação deve ser interrompida e a porção contaminada do
escolha de metal de adição. Abai-
eletrodo deve ser removida, com nova afiação de acordo com as carac-
xo, a figura ilustra o processo de
terísticas necessárias na ponta.
soldagem TIG em operação, com
Na próxima seção você estudará como escolher o metal mais prudente a vareta de adição de material à
para uma soldagem manual ou mecânica. direita.

99
Figura 76 - Material de adição
Fonte: Adaptado de Linde-Gas (2009).

SEÇÃO 6
Vantagens e desvantagens
Nesta seção serão apresentadas as qualidades e os prejuízos nesse tipo
de processo de soldagem.

Vantagens do processo:
▪ produz soldas de qualidade superior, geralmente livres de defeitos;
▪ está livre dos respingos que ocorrem em outros processos a arco;
▪ pode ser utilizado com ou sem adição;
▪ permite excelente controle na penetração de passes de raiz;
▪ pode produzir excelentes soldagens autógenas (sem adição) a altas
velocidades;
▪ utiliza-se de fontes de energia de baixo custo;
▪ permite um controle preciso das variáveis da soldagem;
▪ pode ser usado em quase todos os metais, inclusive metais dissimila-
res;
▪ permite um controle independente da fonte de calor e do material
de adição;
▪ soldagem de precisão;
▪ soldagem de peças de pequena espessura e tubulações de pequeno
diâmetro;
▪ execução de passes de raiz.

100
Desvantagens do processo:
▪ taxas de deposição inferiores com processos de eletrodos consumí-
veis;
▪ há necessidade de maior destreza e coordenação do operador em
relação à soldagem por eletrodos revestidos MIG/MAG;
▪ há dificuldade de manter a proteção em ambientes turbulentos;
▪ pode haver inclusões de tungstênio, no caso de haver contato do
mesmo com a poça de soldagem;
▪ pode haver contaminação da solda se o metal de adição não for
adequadamente protegido;
há baixa tolerância contra contaminantes no material de base ou adição;
▪ vazamento no sistema de refrigeração pode causar contaminação ou
porosidade sopro ou deflexão do arco, como em outros processos.

Depois de entender soldagem TIG, você aprenderá sobre soldagem


oxiacetilênica na próxima unidade.

101
Seção 1 – Definição
Seção 2 – Gases
Seção 3 – Equipamentos e utensílios
Seção 4 – Materiais de adição
Seção 5 – Fluxos
Seção 6 – Tipos de chama
Seção 7 – Acendendo e apagando o maçarico
Seção 8 – Práticas de segurança
Seção 9 – Técnica operatória
Seção 10 – Vantagens e limitações
Soldagem Oxiacetilênica
SEÇÃO 1
Definição
Esta seção irá explicar o que é sol- O gás geralmente empregado é primido a pressões entre 15 e 20
dagem oxiacetilênica. Em seguida, o acetileno, outros gases além do bar1 pode detonar por uma sim-
você conhecerá os dois tipos de acetileno podem ser empregados ples centelha elétrica, 1 1 bar = 10
gases. embora forneçam menos intensi- N/cm2 = 0,1 MPa.
A soldagem oxiacetilênica é um dade de calor e consequentemen- O acetileno em contato com o co-
dos processos de soldagem a gás te uma menor temperatura. Esses bre, o mercúrio ou a prata pode,
oxicombustível, oxigás (Oxy-Fuel gases podem utilizar tanto o oxi- sob certas condições, formar
Gas Welding). Processo no qual a gênio e como o ar para manter a compostos explosivos, que po-
coalescência ou união dos metais combustão. dem ser detonados por simples
é obtida pelo aquecimento destes choques ou aplicação de calor.
até a fusão com uma chama de Por essa razão, as canalizações
um gás combustível e oxigênio. O Gás acetileno
usadas para o acetileno são fei-
metal de adição, se usado, também O acetileno industrial é um gás in- tas, geralmente, de ferro ou aço.
é fundido durante a operação. color que tem um picante e nau- Entretanto, utensílios como os
seante odor (cheiro característico bicos de cobre dos maçaricos,
de alho) em razão da presença de por exemplo, não oferecem peri-
Uma importante característi- impurezas. Pode ser gerado dire-
ca desse processo é o excelen- go, pois o acetileno, nesse caso,
tamente por carbonato de cálcio não apresenta pressão e tempo de
te controle que se pode exer-
cer sobre a entrada de calor e
e água ou acondicionado em cilin- contato suficientes para a reação.
a temperatura das peças que dros.
O acetileno foi escolhido como
estão sendo soldadas, devido O acetileno é autoexplosivo a gás de combustão pela sua alta
ao controle independente da pressões abaixo de 2 bar, por- intensidade de combustão, o que
fonte de calor e da alimenta- tanto, não pode ser comprimido permite maiores temperaturas da
ção do mental de adição. diretamente dentro de simples ci- chama.
lindros.
O equipamento usado é bastante O acetileno (C²H²), para ser arma-
simples, tem baixo custo e tam- zenado e utilizado com segurança Gás oxigênio
bém pode ser destinado a peque- a pressões acima de 1kgf/cm², É um gás incolor, inodoro, insípi-
nas variações em outras operações deve ser acondicionado em cilin- do e ligeiramente mais pesado que
como dobramento e desempeno dros preenchidos com uma massa o ar. Não é combustível ou explo-
de peças metálicas, pré e pós- porosa a base de carvão, cimento sivo, mas sob pressão pode reagir
aquecida em soldagem, em ope- especial e asbestos, e embebida violentamente com óleo ou graxa.
rações de brasagem e corte a gás. em acetona, na qual o acetileno
pode ser dissolvido na proporção
de até 25 litros de acetileno para Um metro cúbico de oxigênio a
20 °C e a uma pressão atmosfé-
SEÇÃO 2 cada litro de acetona.
rica pesa 1,33 Kg. Sobre pressão
Gases A pressão do acetileno dissolvido
normal se liquefaz a uma tempe-
em um cilindro totalmente cheio
ratura de -182,9 °C, formando um
Nesta seção você verá a definição não deve exceder 1.9 MPa a 20 °C.
líquido claro e azulado. Um litro
dos dois tipos de gases, o gás ace- O gás acetileno a baixas pressões de oxigênio líquido pesa 1,14 Kg e
tileno e gás oxigênio. Na próxima se torna muito instável, apresenta produz 860 litros de oxigênio ga-
seção será apresentado aos com- perigo de explosão; quando com- soso na evaporação.
ponentes de uma solda oxiacetilê-
nica.
103
O oxigênio comercial é produzido Cilindros ▪ Os cilindros de acetileno
também por eletrólise da água ou são constituídos de uma massa
mais usualmente pela liquefação Existe uma variação muito grande porosa de fibras de amianto, par-
do ar atmosférico. O princípio dos cilindros de gás comprimido tículas de carvão vegetal e areia.
básico do processo de liquefação em capacidade, modelo e cor. Na As pressões máximas a que estão
é que todos os gases vaporizam maioria dos países, no entanto, sujeitos esses cilindros são em
a diferentes temperaturas. Então, o tamanho desses cilindros varia torno de 17,5 kgf/cm².
nesse processo o ar será primeira- entre 6 e 7 m3 e tem cor preta ou
mente forçado a passar pela soda verde para oxigênio e marrom ou
vermelha para acetileno.
Reguladores de pres-
cáustica e com a temperatura bai-
xa de até -194 °C na qual se lique- são
faz todos os componentes do ar. Reguladores de pressão de gases
Quando o ar é liquefeito e colo- são necessários para reduzir a
cado para evaporar lentamente, o pressão do gás em um cilindro ou
nitrogênio e o argônio vaporizam controlar a pressão usada na tocha
mais rapidamente deixando para de solda. O princípio de constru-
trás oxigênio quase puro que é en- ção de reguladores para diferentes
tão evaporado e comprimido den- gases é o mesmo. Entretanto, um
tro de um cilindro de aço a uma regulador de gás é usado apenas
pressão de aproximadamente 15 para o gás para o qual ele é de-
MPa em um recipiente a tempe- signado.
ratura de 200 °C. O oxigênio está Para evitar confusões e perigos, as
pronto para ser transportado para conexões para gases combustíveis
uso em soldagem ou corte por e tubos de oxigênio têm roscas
oxiacetileno. diferentes e correspondentes aos
Oxigênio comprimido estando filetes das válvulas; um tem rosca
em contato com gordura ou óleo, direita o outro,rosca esquerda.
oxida-se em uma taxa extrema- Existem dois tipos de regulado-
mente rápida, então ocorre a au- res, com um e dois estágios. Um
toignição e pode explodir. Portan- regulador de um único estágio re-
to, os cilindros contendo oxigênio duz a pressão do gás no cilindro
devem ser protegidos do contato para a pressão de trabalho em um
com lubrificantes. único passo.
Em reguladores de dois estágios
Figura 77 - Cilindros de gás
a pressão do cilindro é reduzida
SEÇÃO 3 Fonte: Alf Ferramentas (2009). para a pressão de trabalho em
Equipamentos e dois passos. No primeiro passo o
utensílios gás do cilindro é reduzido a um
▪ Os cilindros de oxigênio valor intermediário e no segundo
Nesta seção serão mostrados os são feitos de tubos de aço sem passo a pressão intermediária é
elementos da soldagem oxiaceti- costura, cuidadosamente trata- reduzida à pressão de trabalho na
lênica. dos termicamente e testados a tocha de solda.
altíssimas pressões para garantir Reguladores de dois estágios ga-
O equipamento básico para a sol-
resistência e robustez. Suportam rantem um exato controle de
dagem oxigás, em geral, consiste
até 200 kgf/mm². Devem ser pressão e evitam a necessidade de
basicamente de cilindros, regu-
sempre identificados testados a reajustar o regulador com o cai-
ladores de pressão, mangueiras,
cada cinco anos pelos fornecedo- mento da pressão no cilindro.
maçarico.
res de gás.

104
Os reguladores necessitam de ca- O maior dano causado a válvulas Bico
libração de tempo em tempo para pode ocorrer durante o transpor-
garantir a redução de pressão do te dos cilindros. Uma capa prote- Os bicos, também chamados de
gás de trabalho. tora ou capacete deve ser coloca- extensões, são fixos aos maçari-
do sobre a válvula para garantir cos, intercambiáveis que possibili-
proteção contra a possibilidade tam o soldador guiar e direcionar
de dano à mesma e consequente- a chama para o trabalho com faci-
mente vazar gás para a atmosfera. lidade e eficiência.
Caso ocorra um acidente com o Os bicos de solda são geralmente
cilindro de oxigênio, o veículo de feitos de ligas a base de cobre de
transporte pode se tornar uma alta condutividade térmica sufi-
bomba destruindo qualquer coisa ciente para reduzir o risco de su-
em seu caminho. peraquecimento.
Os bicos de solda são feitos de
Mangueiras diferentes tamanhos e podem ser
inteiriço, isto é, de apenas uma
Figura 78 - Reguladores de pressão O acetileno e oxigênio são le- peça ou duas. O tamanho e o tipo
Fonte: Adaptado de Cobequi (2009). vados do cilindro para tocha de do bico de solda são determina-
solda por meio de mangueiras dos pelo diâmetro de seu orifício.
feitas de borracha reforçada com O tipo de bico de solda feito para
as cores vermelho, preto ou ver- realizar um dado trabalho é deter-
Válvulas de, capaz de conduzir os gases em minado pelo metal a ser soldado
Todas as válvulas são constituídas linhas com altas pressões a uma e pela sua espessura. A vantagem
e operadas no mesmo princípio. temperatura moderada. do bico de solda de duas peças
A função delas é fechar o ar com- Mangueiras de cor verde são des- é que ao invés de trocar o bico
primido ou liquefeito no cilindro. tinadas para o oxigênio. completo é preciso trocar apenas
Cada válvula consiste de uma has- Mangueiras vermelhas são usadas a cabeça do bico ou encaixar uma
te que pode ser movida para cima para levar gás combustível com pequena parte no seu final.
ou para baixo pela rotação de um porca diferenciada com rosca à
disco que girado pode levantar ou esquerda para conectar na saída
abaixar a placa da válvula abrindo do regulador de pressão e na co- Maçaricos
ou fechando o cilindro. nexão com a tocha. Os maçaricos são dispositivos que
Válvulas para cilindros de oxigê- Essas mangueiras são especifi- recebem o oxigênio e o acetileno
nio são feitas de latão porque não cadas pelo diâmetro interno. Os puros e fazem sua mistura na pro-
são corroídas quando expostas ao diâmetros nominais internos mais porção, na velocidade e no volu-
oxigênio. Reguladores de pressão comuns são 3.2; 4.8; 6.4; 7.9; 9.5 me adequados para a produção da
do oxigênio são conectados às e 12.7 mm e são comercializadas chama desejada.
válvulas dos cilindros. em comprimentos de 4,5 até 20 Basicamente, os maçaricos podem
Válvulas para cilindros de acetile- metros. ter dois tipos: os de baixa pressão
no são feitas de aço porque ligas Devem tomar as devidas precau- (tipo injetor) e os de media pres-
contendo mais de 70% de cobre ções de não colocar ou deixar as são (tipos misturadores).
quando expostas ao acetileno por mangueiras em cima de metais No maçarico tipo misturador, os
longo tempo reagem com ele para quentes e em temperaturas abaixo gases passam através de suas res-
formar acetileno de cobre e for- de -35 °C, é necessário que a mes- pectivas válvulas, que permitem o
mam, ainda, um gel dentro que ma seja constituída de borracha controle da proporção da mistura
pode dissociar violentamente ou resistente para suportar baixas e continuam através de tubos in-
explodir até quando for apenas temperaturas. dependentes, até o ponto de en-
ligeiramente lacrado ou tapado. contro dos gases, sem sofrer alte-
Reguladores de pressão são co- rações significativas de volume e
nectados às válvulas de cilindro pressão.
de acetileno por clipes.

105
Nos maçaricos injetores, o oxi- na forma de varetas, com compri- O fluxo funde no ponto de fu-
gênio passa a grande velocidade mentos e diâmetros variados, es- são do metal de base e promove
através de um pequeno orifício, colhidos em função da espessura uma camada protetora (escória)
criando um vácuo parcial que ar- do metal base e da quantidade de contra reações com os gases at-
rasta o acetileno. Os gases passam metal a ser depositada na junta. mosféricos. O fluxo normalmente
então por um tubo divergente, A AWS classifica os metais de adi- penetra abaixo do filme de óxido
onde se misturam, perdem velo- ção para soldagem dos mais va- (de ponto de fusão maior que o
cidade e ocorre um aumento de riados materiais, sendo que para próprio metal base, muitas vezes)
pressão. Em seguida, os gases se soldagem dos aços, as varetas são e separa e, ainda, muitas vezes o
encontram na câmara de mistura normalmente especificadas em dissolve. Fluxos são comercializa-
e depois até o bico. três classes, RG 45, RG 60 e RG dos na forma de pó seco, pasta ou
O maçarico injetor apresenta a 65, tendo uma resistência à tração soluções espessas.
característica de não sofrer varia- mínima de 315, 420 e 470 MPa, Fluxos na forma de pó são fre-
ção na proporção de mistura pro- Para soldagem dos ferros fundi- quentemente usados para mergu-
vocada por flutuações na pressão dos, as varetas são normalmente lhar a vareta de adição. Na forma
de oxigênio, pois a quantidade de especificadas pelas leras RCI. de pasta são normalmente pince-
acetileno arrastada é proporcional lados sobre a vareta ou sobre as
Para soldagem dos aços inoxidá-
a essa pressão. peças a serem soldadas. Varetas
veis, as varetas são normalmente
comercialmente pré-revestidas
especificadas pelas letras ER, se-
também estão disponíveis para
guidas pelos números que nor-
alguns metais. Fluxos são normal-
malmente correspondem à desig-
mente empregadas para soldagem
nação AISI do aço a ser soldado.
de alumínio, aço inoxidável, ferro
Ex.: ASW ER 316.
fundido e latão.
Para soldagem de alumínio e suas
ligas e outros metais, os metais de
adição podem ser do tipo R (va- SEÇÃO 6
reta para soldagem a gás ou outro
processo), ou do tipo ER (vareta Tipos de chama
para soldagem a gás ou eletrodo).
Nesta seção você vai aprender os
Para o cobre e suas ligas, a de-
Figura 79 - Maçarico três tipos básicos de chama: cha-
signação baseada na composição
Fonte: Adaptado de JDS Ferramentas ma redutora ou carburante, cha-
química do metal (ex.: material de
(2009). ma neutra ou balanceada e chama
adição a base de cobre e níquel), a
oxidante. Além da natureza quí-
vareta, é classificada com RCuNi.
mica, essas chamas também dife-
Depois de conhecer os equipa- A solda feita sem material de adi- rem na estrutura e forma.
mentos usados desse processo, ção deve ser usada para espessu-
ras de metais abaixo de 3 mm. ▪ A chama redutora ou carbu-
você irá estudar como é feita a es-
rante tem excesso de acetileno.
colha dos materiais de adição.
Como uma chama redutora
SEÇÃO 5 contém carbono não queimado,
sua temperatura é mais baixa que
SEÇÃO 4 Fluxos numa chama neutra ou oxidante.
Materiais de adição Tal chama é recomendada para
Nesta seção você irá estudar quais soldar aços de alto carbono e
Esta seção irá mostrar como são são os tipos de fluxo e para o que ferro fundido.
escolhidos os materiais de adição ele é usado. Na próxima seção
você verá os três tipos de chama. ▪ A chama neutra tem, aproxi-
para soldagem oxiacetilênica. Em madamente, uma mesma propor-
seguida você conhecerá a função Um fluxo ou pasta de solda é ne-
ção de volume de acetileno para
dos fluxos. cessário para remover o filme de
um volume de oxigênio. Estrutu-
Os metais de adição usados na óxido e manter uma superfície
ralmente ela consiste de duas par-
soldagem oxigás são fornecidos limpa.
tes chamadas de cone interior e

106
cobertura exterior. Ela apresenta um cone interior claro, bem definido 5. Afrouxar as válvulas, agulha
e luminoso indicando que a combustão é completa. Ela normalmente do maçarico aliviando as man-
não afeta a composição química metal soldado e normalmente produz gueiras.
uma solda de boa aparência, tendo propriedades comparáveis ao metal
base. É muito usada para soldar aços estruturais de baixo carbono e 6. Fechar os registros.
alumínio.
▪ A chama oxidante apresenta um excesso de oxigênio. Ela consiste
de um cone interior branco muito curto e uma cobertura exterior mais SEÇÃO 8
curta. Essa chama tem um som característico, tipo um ronco ruidoso. Práticas de segurança
A redução do cone interior é um sinal do excesso de oxigênio. Ela é
a chama mais quente produzida por uma fonte de gás combustível e Nesta seção você verá quais cui-
oxigênio. Tal chama pode oxidar o metal na poça de solda produzindo dados tomar ao mexer com o pro-
um cordão de solda com aparência suja. A chama oxidante é usada para cesso de soldagem a gás, são eles:
soldar liga a base de cobre, liga a base de zinco e alguns metais ferrosos
como aço manganês e alguns ferros fundidos. ▪ nunca trabalhar com pressões
Após conhecer os tipos de chamas você irá conhecer como acender e acima de 1,5kgf/cm²;
apagar o maçarico. ▪ nunca deitar o cilindro: ângulo
mínimo de 45° com a horizontal;
▪ nunca abrir a válvula mais que
SEÇÃO 7 ¼ de volta;
Acendendo e apagando o maçarico ▪ nunca submeter os cilindros a
impactos;
Você verá nesta seção, por meio de tópicos, como acender e apagar o
maçarico. Em seguida irá conhecer alguns cuidados com a segurança ao
▪ nunca permitir o contato do
gás acetileno com prata ou cobre
usar soldagem a gás.
(risco de explosão);
▪ nunca permitir o contato dos
Para acender cilindros do oxigeno com óleos e
graxa (risco de explosão).
1. Aliviar o regulador de pressão.
Na seção seguinte você será apre-
2. Regular a pressão de trabalho em função do número do bico utiliza-
sentado às técnicas operacionais
do.
na soldagem a gás.
3. Abrir a válvula de acetileno, acionar o acendedor e acender o maçari-
co (usar sempre a chama piloto ou isqueiro específico).
SEÇÃO 9
4. Abrir lentamente a válvula de oxigênio do maçarico até obter a chama Técnica operatória
desejada.
Nesta seção você irá estudar ope-
racionalmente as etapas da solda-
Para apagar gem a gás. Acompanhe.

1. Abrir a válvula de oxigênio até obter uma chama oxidante.


▪ Abertura dos cilindros de
2. Fechar a válvula do acetileno (apagando a chama). gases e regulagem das pressões
de trabalho em função do tipo
3. Fechar a válvula do oxigênio. de maçarico e tamanho de bico
usado.
4. Aliviar o regulador de pressão.

107
▪ O acendimento da chama é feito com isqueiro ou gerador de fagulha
após a abertura do registro de acetileno do maçarico. A chama assim
obtida tem uma cor amarelo-brilhante e é bastante fuliginosa, até que
se abra o registro de oxigênio do maçarico.
▪ Para formação da poça de fusão, a ponta do cone interno é colocada
a até 3 mm da superfície da peça e mantida nessa posição até a fusão
do metal de chama (manter leves movimentos circulares entre as partes
que compõem o metal base).
▪ Para execução da soldagem, pode-se soldar a ré para produzir um
cordão estreito e com maior penetração, de forma mais rápida.
▪ Também é possível soldar a frente, resulta num cordão raso, sendo
adequada para soldagem de chapas finas, de até 3 mm de espessura.

A seguir, as vantagens e desvantagens do processo de soldagem a gás.

108
SEÇÃO 10
Vantagens e limitações
Nesta seção você conhecerá os proveitos e os prejuízos do processo de
soldagem.

Vantagens
▪ É um processo versátil e simples.
▪ É um processo portátil.
▪ Usado na soldagem de chapas finas e tubos de pequenos diâmetros.
▪ O equipamento utilizado tem baixo custo.

Desvantagem
▪ Tem uso restrito na indústria devido à baixa produtividade.

Após estudar soldagem a gás, você verá na unidade seguinte soldagem


de plasma.

109
Seção 1 - Definição
Seção 2 - Equipamentos
Seção 3 - Eletrodos
Seção 4 - Consumíveis
Seção 5 - Técnica operatória
Seção 6 - Vantagens e desvantagem
Soldagem Plasma
SEÇÃO 1
Definição
Nesta seção você irá aprender o que é processo de soldagem a arco Usualmente, a definição de plas-
plasma. ma é tida como sendo o quarto
O processo de soldagem a arco plasma (Plasma Arc Welding – PAW) é um estado da matéria. Costuma-se
processo que produz a aglutinação dos metais pelo aquecimento de um pensar normalmente em três esta-
arco constrito entre o eletrodo e a peça de trabalho ou entre o eletrodo e dos da matéria, sendo eles: o sóli-
o bocal constrito da tocha. Esse gás é usualmente suprido por uma fonte do, o líquido e o gasoso.
auxiliar de gás de proteção. O gás de proteção deve ser um gás inerte Considerando o elemento mais
ou uma mistura de gases inertes. O material de adição pode ou não ser conhecido, a água, existem três
utilizado. estados: o gelo, a água e o vapor.
A diferença básica entre esses
três estados é o nível de energia
em que eles se encontram. Se adi-
cionarmos energia sob forma de
calor ao gelo, este se transformará
em água, que sendo submetida a
mais calor, vaporizará.
Porém se adicionarmos mais ener-
gia, algumas de suas propriedades
são modificadas substancialmente
tais como a temperatura e as ca-
racterísticas elétricas. Este pro-
cesso é chamado de ionização, ou
seja, a criação de elétrons livres e
íons entre os átomos do gás.
Quando isso acontece, o gás se
torna um “plasma”, sendo eletri-
camente condutor, pelo fato de os
elétrons livres transmitirem a cor-
rente elétrica.
Alguns dos princípios aplicados à
condução da corrente através de
um condutor metálico também
são aplicados ao plasma.
Por exemplo, quando a seção de
um condutor metálico submetido
a uma corrente elétrica é reduzida,
a resistência aumenta tornando
Figura 80 - Soldagem Plasma necessário aumentar a tensão para
Fonte: Labsolda (2006). se obter o mesmo número de elé-
trons atravessando essa seção e,
consequentemente a temperatura
do metal aumenta.

111
O mesmo fato pode ser observado no gás plasma; quanto mais reduzida Fonte de energia
for a seção tanto maior será a temperatura.
A fonte de energia utilizada é de
corrente constante, podendo ser
Arco plasma um retificador, gerador ou inver-
Aquecido dentro do bocal, o plasma sofre uma enorme expansão e, por sores, sendo de corrente contínua
ter que sair através de um pequeno orifício, adquire altas velocidades (na com polaridade direta ou corrente
ordem de 6 Km/s) acentuando o fenômeno de dissociação. alternada (pulsada).
Quando fora do bocal, os íons se recombinam para voltar ao estado As fontes para soldagem plas-
gasoso, liberando uma energia tal que os leva a temperaturas acima de ma diferem das de corte, porque
25.000 °C. no corte a tensão em vazio do
equipamento deve ser superior a
Essa energia é, então, utilizada para fundir o metal de base e o metal de
200 V.
adição. Na figura abaixo, o arco plasma.
As fontes convencionais podem
fornecer correntes de 100 a 500 A
e as fontes utilizadas em micros-
soldagens fornecem correntes a
partir de 0,1 A.
Fontes com tensão em vazio entre
65 V e 80 V podem ser adaptadas
para soldagem com a colocação
de sistemas de abertura de arco-
piloto, pré e pós-vazão.

Figura 81 - Arco Plasma


Fonte: ESAB Soldagem e Corte (2006).

Depois de entender a definição do processo de soldagem plasma, você


vai conhecer na próxima seção os equipamentos utilizados.

SEÇÃO 2
Equipamentos
Nesta seção você será apresentado aos elementos que compõem o pro-
cesso de soldagem plasma. Em seguida você conhecerá qual é o eletrodo
usado.

Figura 82 - Equipamento de Soldagem-


Plasma
Fonte: Star Weld (2010).

112
Ignitor de alta frequência SEÇÃO 3
A abertura do arco pode ser feita por um ignitor de alta frequência ou Eletrodos
através de um arco-piloto. Para tal, a fonte de energia deve contar com
uma fonte de energia auxiliar de baixa capacidade. Nesta seção você verá que o ele-
trodo utilizado é o mesmo utili-
zado no processo TIG, de tun-
Tochas gstênio comercialmente puro
As tochas são providas de um punho para o manuseio do soldador, um (99,5%), ou tungstênio dopado
conjunto de pinças para a fixação do eletrodo, condutos para passagem com tório ou zircônio, não sendo
de gás e água de refrigeração, um bico de cobre com orifício para a cons- consumível.
trução do arco elétrico e um bocal de cerâmica para isolação e proteção Para cortes em alta velocidade,
do operador. tem-se utilizado um eletrodo de
Algumas tochas têm somente um orifício central para a passagem do gás tungstênio dopado com óxido de
e arco, outras possuem mais orifícios para a passagem do gás auxiliar, lantânio, de vida mais longa que
permitindo maiores velocidades de soldagem. Na figura a seguir, é pos- os anteriores.
sível visualizar uma tocha e seus componentes. Os eletrodos são normalmente
A tocha plasma geralmente é refrigerada a água. apontados com ângulo que pode
variar de 20 a 60°. Essa ponta po-
derá ser feita por esmirilagem ou
por agentes químicos.
Na seção seguinte você estuda-
rá os combustíveis utilizados no
processo de soldagem.

Figura 83 -Tocha Plasma


Fonte: Adaptado SoldaMaq... (2008).

113
SEÇÃO 4 SEÇÃO 5
Consumíveis Técnica operatória
Nesta seção você conhecerá os combustíveis usados nesse processo de Nesta seção você irá estudar as
solda. Na próxima seção você verá as técnicas operacionais. duas técnicas operacionais no
processo de soldagem. Logo,
você conhecerá os seus proveitos
Gases e os prejuízos.
Em soldagem plasma, pode-se utilizar o mesmo tipo de gás tanto para a A soldagem a aço plasma pode
formação do plasma quanto para a proteção adicional da poça de fusão. ser feita com a utilização de duas
Na soldagem com baixa corrente, o gás de proteção pode ser diferen- técnicas: por fusão, semelhan-
te, sendo que o CO² é muito usado com essa finalidade devido ao seu te aos outros processos a arco; e
menor custo. O argônio também tem sido utilizado na soldagem com “keyhole” ou furo.
baixas correntes em função do seu maior potencial de ionização. A técnica da fusão é normalmente
Pode-se aplicar em outros gases inertes como o hélio puro ou misturado usada em soldagem manual e com
com argônio, porém requerem tensões mais altas para abertura do arco. fluxo de gás de plasma e correntes
de soldagem mais baixos.
A utilização do hélio desenvolve maior energia no plasma, portanto, a
refrigeração do bocal do orifício tem que ser muito mais eficiente. A técnica “keyhole” é usada por
certa faixa de espessura de metal
Em certos casos, o hidrogênio pode ser adicionado a esses gases para fa-
de base, com combinações espe-
cilitar a abertura do arco. A adição de hidrogênio pode ser interrompida
ciais de fluxo de gás de plasma,
depois de iniciado o arco.
corrente e velocidade de solda-
Na soldagem com alta corrente, geralmente se usa o mesmo gás para gem, produzindo uma poça de
plasma e para proteção. fusão pequena e que penetra to-
A seleção do gás de proteção depende do tipo e da espessura do metal talmente no metal e base.
de base a ser soldado. Nesse caso, o jato de plasma pro-
duz um pequeno furo na região
Metal de adição da junta, que é levado adiante com
o movimento da tocha de solda-
A maioria das soldagens por este processo não requer metal de adição gem. Durante o deslocamento, o
devido à sua concentração de calor e facilidade de fusão das partes, po- metal fundido pelo arco é forçado
rém, caso haja necessidade, o metal de adição se apresenta na forma de a se deslocar em torno do jato de
vareta ou arame enrolado em bobinas. plasma, formando atrás deste a
Os metais de adição usados na soldagem a plasma são os mesmos usa- poça de fusão, que fecha o furo
dos na soldagem TIG e MIG/MAG. nesta região e se solidifica, conso-
Na soldagem manual, a técnica de deposição é por gotejamento, sendo lidando a junta. Não é usado me-
adicionado por uma das mãos enquanto a outra controla o banho de tal de adição na maioria das vezes.
fusão. Essa técnica permite a soldagem
com penetração total, em passe
Na soldagem automática, uma bobina de arame é colocada em um ali- único.
mentador automático com velocidade constante.
Esse sistema é utilizado quando a corrente de soldagem ultrapassa 100 A
e pode ainda ser aplicado com pré-aquecimento do arame por Efeito
Joule, passando uma corrente elétrica através deste antes de atingir poça
de fusão.

114
SEÇÃO 6
Vantagens e desvantagens

Nesta seção você verá os ganhos e as perdas da soldagem a plasma.

Vantagens
As vantagens do processo de soldagem a arco plasma em relação ao
processo TIG ou outros processos de soldagem convencional são apre-
sentadas abaixo.
▪ Maior concentração de energia e densidade de corrente, conse-
quentemente, menores distorções, maiores velocidades de soldagem e
maiores penetrações.
▪ Maior estabilidade do arco em baixos níveis de corrente, permitindo
a soldagem de finas espessuras (a partir de 0.05 mm).
▪ O arco é mais “homogêneo” e de maior extensão, permitindo
melhor visibilidade operacional, maior constância da poça de fusão e
menor sensibilidade a variações no comprimento do arco.
▪ Menor probabilidade de contaminação do cordão por inclusões de
tungstênio e de contaminação do eletrodo pelo material de adição uma
vez que o mesmo se encontra dentro do bocal.

Desvantagens
▪ Alto custo do equipamento (2 a 5 vezes mais que o TIG).
▪ Manutenção da pistola mais frequente (orifício calibrado) e cara.
▪ Maior consumo de gases.
▪ Exigência de maior qualificação da mão de obra.

Depois de estudar soldagem plasma você conhecerá as definições, os


princípios, os equipamentos e as vantagens e desvantagens do processo
de soldagem por pontos.

115
Seção 1 - Definição
Seção 2 - Princípios da soldagem
Seção 3 - Equipamentos
Seção 4 - Vantagens e desvantagens
Soldagem por Pontos
SEÇÃO 1
Definição
Nesta seção você irá conhecer o através da resistência à passagem
que é soldagem por pontos. Em de uma corrente elétrica (Efeito
seguida, verá os três princípios Joule) e pela aplicação de pressão,
desse processo. podendo ocorrer certa quantida-
Na soldagem por pontos (Resisten- de de fusão na interface.
ce Spot Welding – RSW) a corrente Como exemplo de outros proces-
passa diretamente por um único sos de soldagem por resistência,
botão de solda sendo formado. temos:
Não existe qualquer outro cami-
nho que permita desvio ou cria- ▪ soldagem por costura (Resisten- Figura 85 - Aquecimento
ção de corrente parasita. ce Seam Welding – RSEW); Fonte: Bracarense (2000, p. 2).

Para efetuar uma boa solda é ne- ▪ soldagem por projeção (Resis-
cessário que as peças façam um tence Projection Welding – RPW); Tempo
bom contato metal-metal. Todos ▪ soldagem de topo por resis-
os elementos (peças e eletrodos) tência (Upset Welding – UW); É o tempo necessário para a cor-
devem ser concebidos de tal ma- rente fluir e fazer a solda. Basi-
▪ soldagem de topo por cente- camente, usamos o tempo para
neira que permitam a corrente lhamento (Flash Welding – FW);
chegar ao ponto desejado pelo ca- desenvolver o botão de solda re-
minho mais curto. ▪ soldagem por resistência a querido a fim de obter a resistên-
alta frequência (High Frenquency cia mecânica ideal para o conjun-
Resistence Welding – HFRW). to soldado.
Quanto mais tempo a corrente
fluir, maior será o botão de solda,
SEÇÃO 2 até o limite do diâmetro do eletro-
Princípios da soldagem do usado.

Nesta seção você irá conhecer os


três princípios da soldagem por Pressão
pontos, que são: aquecimento, É a compressão sofrida pelas cha-
tempo e pressão. pas através dos eletrodos e essa é
Figura 84 - Solda por Pontos de vital importância para o con-
Fonte: Nei (2008). Aquecimento trole de qualidade da solda, por-
que ela afeta a resistência na face
É a temperatura a que devem se de contato dos materiais e como
A soldagem por pontos é apenas
submeter as chapas a serem solda- consequência o calor gerado. Se
um dos diversos tipos de solda-
das. Essa temperatura deve atingir decrescermos a pressão ou a força
gem por resistência.
1.300 °C no núcleo da solda para dos eletrodos, o aquecimento na
A soldagem por resistência com- que a fusão seja adequada e não face dos eletrodos aumenta, po-
preende um grupo de processos deve exceder a temperatura de dendo resultar no desgaste exces-
no qual a união de peças metáli- 900 °C na superfície diretamente sivo dos mesmos. Por outro lado,
cas é produzida em superfícies em contato com o eletrodo. Caso se aumentarmos excessivamente
sobrepostas, ou em contato topo contrário, a estrutura granular do a pressão, resultará deformação
a topo, pelo calor gerado na junta material será enfraquecida. mecânica dos mesmos. Deve-se

117
descobrir um meio termo adequa- Na seção seguinte você estudará os eletrodos.
do para a pressão.
Após estudar os princípios da
soldagem você será apresentado SEÇÃO 4
aos elementos que compõem esse Eletrodos
processo.
Nesta seção você conhecerá a função, o material usado, o tipo, como é
feito esse resfriamento e os problemas mais comuns com os eletrodos.
SEÇÃO 3 Os eletrodos têm a função de conduzir a corrente elétrica, transmitir
Equipamentos força mecânica, manter o alinhamento das peças de trabalho, além de
dissipar parte do calor gerado durante a soldagem.
Nesta seção você estudará os
equipamentos para soldagem, eles
devem apresentar dois sistemas Material dos eletrodos
básicos: elétrico e mecânico. Os eletrodos são feitos de ligas que têm elevada condutividade térmica
e elétrica, geralmente a base de cobre, além de serem resistentes à defor-
mação e ao desgaste.
Sistema elétrico
São fabricados a base de cobre, podendo ser classificados de diversas
O sistema elétrico é composto formas. Há eletrodos fabricados em liga de cobre com cádmio, cromo,
por fonte de energia de corrente berílio e cobalto, tungstênio (por sinterização).
contínua ou alternada, mais ele-
trodos e conexões.
Tipos de eletrodos
▪ As fontes de corrente alter-
nada são do tipo energia direta, Há também tipos distintos de eletrodos (veja a figura a seguir), cada um
sendo que a corrente de solda- com aplicação específica, tanto no que se refere ao metal a ser soldado
gem é fornecida diretamente por como na posição em que será feita a solda ou geometria da peça a ser
um transformador monofásico. soldada.
Caracteriza-se por ter capacidade A fixação dos eletrodos é feita por rosca ou cone morse.
limitada.
▪ As fontes de corrente contí-
nua, do tipo energia direta, con-
sistem-se de um transformador e
um circuito retificador trifásicos.
Tais máquinas demandam um
consumo bem menor em kVA da
rede de distribuição, podendo ter
capacidades muito elevadas.

Sistema mecânico
O sistema mecânico consiste de
um chassi, que suporta o trans-
formador de soldagem e outros Figura 86 - Eletrodos
componentes do sistema elétrico Fonte: Bracarense (2000, p. 9).
e de controle, e de um dispositivo
para fixação das peças e aplicação
de pressão. Esses dispositivos têm Resfriamento do eletrodo
acionamento manual, por motor
O resfriamento correto dos eletrodos tem grande importância na exe-
elétrico, pneumático ou hidráuli-
cução das soldas e no tempo de vida útil dos mesmos. A água deve ser
co.
levada tão perto quanto possível da ponta dos eletrodos.

118
Problemas comuns com os eletro-
dos são:
SEÇÃO 5
Vantagens e desvantagens
▪ eletrodos com área de contato
muito grande devem ser substitu- Nesta seção você verá que antes da soldagem por resistência, peças eram
ídos ou afiados; fixadas por parafusos e rebites. No entanto, a soldagem por resistência
▪ eletrodos com partículas oferece algumas vantagens:
metálicas encravadas devem ser
limpos ou substituídos; ▪ as peças soldadas por esse processo têm maior resistência à vibra-
ção;
▪ eletrodos com depressões no
centro indicando fim de vida, ▪ o processo não produz respingos e escória, o que facilita a obtenção
devem ser substituídos; de superfícies com bom aspecto visual, dispensando acabamento final;

▪ eletrodos excêntricos, assimé- ▪ permite a soldagem dos aços, ligas inoxidáveis, cobre, bronze, zinco,
tricos virados, truncados devem magnésio;
ser corridos, pois podem causar ▪ permite economia de material, já permite a dispensa de elementos
mau aquecimento, deforma- de fixação como parafusos, porcas, arruelas, rebites, etc.;
ção do material no ponto, mau ▪ baixo custo para aquisição dos equipamentos e de mão de obra.
aspecto;
▪ eletrodos inclinados podem Desvantagens:
causar mau contato, acarretando
em ponto ovalado, superaque- ▪ o processo tem a limitação de poder ser empregado apenas com
cimento do material, ponto de chapas finas (até 3 mm);
baixa resistência mecânica. ▪ só podem ser soldados entre si materiais de natureza diferentes,
quando suscetíveis a formar uma liga, ou quando se introduz entre eles
Em seguida, as vantagens e des- um material intermediário que pode se ligar aos metais base.
vantagens do processo de solda-
gem por pontos. Depois de estudar vários tipos de soldagem. A unidade seguinte irá re-
alizar as considerações finais, mostrando a simbologia, os problemas, as
causas e soluções da soldagem e por último como fixar o mental na base
quando houver folga, você também irá conhecer como o ponteamento
permite uma fácil, correta e econômica fixação das peças soldadas.

119
Seção 1 - Simbologia de soldagem
Seção 2 - Problemas, causas e soluções em soldagem
Seção 3 - Execução de raiz e ponteamento
Considerações Finais em Soldagem
SEÇÃO 1
Simbologia de
soldagem
Nesta seção você aprenderá a sim-
bologia da soldagem, que consiste
de uma série de símbolos, sinais e
números dispostos de uma forma
particular que fornecem informa-
ções sobre uma determinada sol-
da e/ou operação de soldagem.
Dentre as várias normas que são
utilizadas na simbologia de sol-
dagem, podemos citar as que
correspondem aos processos de
trabalho de indústrias europeias,
Figura 87 - Símbolos de Soldagem
americanas e asiáticas, tais como
AWS (diversas vezes citada neste Fonte: Modesini (2008, p. 6).
material); Euronorm, norma eu-
ropeia; International Standard Or-
Linha de referência
ganization (ISO); Japanese Industrial
Standards (JIS). As normas mais A linha de referência é um traço horizontal que serve de suporte para as
utilizadas no Brasil são da AWS e informações a respeito da soldagem. Conforme sua localização, acima
da Associação Brasileira de Nor- ou abaixo da linha da referência, os símbolos utilizados indicam ações
mas Técnicas (ABNT). diferentes.
Apesar dos vários sistemas de Um símbolo colocado abaixo da linha de referência determina que o
simbologia de soldagem desen- procedimento de soldagem deve ser feito no lado indicado pela linha de
volvidos com normas de dife- seta; se o símbolo estiver acima da linha, a soldagem deverá ser feita no
rentes países, esses símbolos são lado oposto da linha de seta.
similares aos desenvolvidos pela
AWS por meio da sua norma
AWS A2.4 – Symbols for Welding
and Nondestructive Testing (Símbo-
los para Soldagem e Testes Não
Destrutivos).
Abaixo, o símbolo de soldagem
completo e seus elementos que
podem ou não ser usados numa
situação particular, segundo a
norma AWS A2.4.

Figura 88 - Linha de Referência


Fonte: Embratecno (2009).

121
Linha de seta Cauda
Parte de uma das extremidades da linha de referência da linha de sete Este símbolo é chamado cauda
indica a região em que deverá ser realizada a soldagem. A linha da seta e traz informações a respeito de
pode ser colocada tanto na extremidade esquerda quanto na direita da procedimentos, especificação e
linha de referência, devendo ser observada a estética do desenho. normas estabelecidas por associa-
ções de soldagem. Essas indica-
ções são compostas de algarismos
e letras representativos do proce-
dimento. Se não for necessária ne-
nhuma especificação, o desenho
da cauda pode ser dispensado.

Figura 89 - Linha de Seta


Fonte: Santos (2009, p. 3).
Figura 91 - Cauda
Fonte: Santos (2009, p. 3).

A linha de seta pode ser contínua ou não. Quando a linha de seta é


contínua, indica que qualquer um dos lados da junta pode apresen- Símbolos básicos
tar chanfro. A linha de seta não contínua indica o lado da junta que
deverá ser chanfrado.
Os símbolos básicos de solda-
gem transmitem as informações
elementares do processo, como
o tipo de solda e o chanfro utili-
zado.
▪ O símbolo de solda em
ângulo com cordão tipo filete é
representado por um triângulo
retângulo posto acima ou abaixo
da linha de referência, conforme
figura abaixo.
Figura 90 - Linha de Seta Contínua
Fonte: Santos (2009, p. 5).

Figura 92 - Solda em Ângulo


Fonte: Santos (2009, p. 3).

122
▪ O símbolo da solda de junta sem chanfro é representado por duas
linhas verticais, em um dos lados ou nos dois lados da linha de referên-
cia, como verificado na figura abaixo.

Figura 93 - Junta sem Chanfro


Fonte: Santos (2009, p. 4).

▪ Para simbolizar a solda por


ponto, utiliza-se um círculo colo-
cado no meio da linha de referên-
cia, como verificamos na abaixo.

Figura 94 - Linha de Seta


Fonte: Santos (2009, p. 4).

▪ O símbolo de solda por pro-


jeção é representado como um
círculo colocado tangencialmente
à linha de referência, acima ou
abaixo dela, conforme a figura Figura 96 - Duas Faces
abaixo. Fonte: Santos (2009, p. 6).

▪ Os símbolos das juntas com chanfro são: “V” ou “X”, meio “V” ou
“K”, “U” ou duplo “U”, “J” ou duplo “J”. O chanfro de uma junta é
indicado por meio desses símbolos colocados na linha de referência.
Figura 95 - Solda por Projeção
Fonte: Santos (2009, p. 4). ▪ Os variados tipos de juntas com chanfro, seus respectivos símbolos
e as representações deles nas juntas podem ser vistos na figura abaixo.
▪ Se as duas faces forem
convexas, o símbolo será de
dois desenhos de um quarto de
circunferência colocados acima,
abaixo ou em ambos os lados da
linha de referência.

123
Símbolos suplementa-
res
A simbologia de soldagem utiliza
também símbolos suplementares
para fornecer informações mais
detalhadas a respeito do tipo de
trabalho a ser feito.
▪ As linhas múltiplas de refe-
rência, representadas na figura
abaixo, são utilizadas para conter
as informações a respeito das
operações sucessivas de solda-
gem. A primeira operação será
aquela indicada pela linha mais
próxima e assim sucessivamente.

Figura 98 - Linha Múltipla


Fonte: Santos (2009, p. 8).

▪ O símbolo de solda no campo


é representado por um triângulo
cheio, ligado a um traço verti-
cal e indica que a junta deve ser
soldada no final da montagem do
conjunto. Isso acontece no caso
Figura 97 - Linha de Seta
de soldagem de conjuntos forma-
Fonte: Santos (2009, p. 5). dos por peças muito grandes que
só podem ser montadas na obra.
A ponta do triângulo ou bandeira
deve estar sempre em posição
oposta à linha de seta.

Figura 99 - Símbolo de Solda no Campo


Fonte: Santos (2009, p. 8).

124
▪ O símbolo de solda em todo ▪ O símbolo de perfil de solda nivelado é representado por um traço
contorno é representado por um horizontal colocado no símbolo de chanfro e diz respeito ao acaba-
círculo colocado na intersecção mento exigido para a solda, conforme a figura abaixo. Quando o perfil
da linha de referência com a linha nivelado é requerido, o cordão de solda deve ficar no nível da peça.
de seta e indica que todo o local
ao redor da junta (perímetro)
deve ser soldado; este tipo de
soldagem geralmente acontece
com junta em T.

Figura 101 - Linha de Seta


Fonte: Santos (2009, p. 8).

Figura 100 - Solda em Todo o Contorno


▪ O símbolo de perfil de solda convexo é representado por um arco
colocado no símbolo de chanfro e significa que o cordão deve apresen-
Fonte: Santos (2009, p. 8).
tar um excesso de material, como na figura abaixo.

Figura 102 - Linha de Seta


Fonte: Santos (2009, p. 10).

▪ O símbolo de solda côncava é representado por um arco colocado


no símbolo de chanfro e indica que o cordão de solda deve apresentar
uma concavidade ou depressão em relação à superfície da peça, confor-
me a figura abaixo.

Figura 103 - Linha de Seta


Fonte: Santos (2009, p. 10).

125
Dimensões do cordão ▪ No caso de solda de pernas desiguais (Figura 104), as cotas devem
indicar primeiro a altura da perna e depois o seu comprimento.
de solda
As dimensões da solda são repre-
sentadas por números colocados
ao lado do símbolo ou dentro
dele e indicam: a altura da per-
na da solda, a profundidade ou
o ângulo do chanfro a ser feito,
a abertura da raiz, a penetração
de solda ou garganta efetiva, o Figura 104 - Linha de Seta
comprimento e o espaçamento Fonte: Santos (2009, p. 11).
do cordão de solda.

▪ A medida do ângulo é colocada dentro do símbolo do chanfro. A


medida da profundidade do chanfro a ser feito é colocada do lado
esquerdo do símbolo, como na figura abaixo.

Figura 105 - Medida do Ângulo


Fonte: Santos (2009, p. 11).

▪ Abertura de raiz é a distância, na raiz da junta, entre as duas peças a


serem soldadas. A medida é colocada dentro do símbolo que represen-
ta a junta, como na figura abaixo.

Figura 106 - Abertura de Raiz


Fonte: Santos (2009, p. 11).

126
▪ A medida de penetração ou garganta efetiva é colocada à esquerda
do símbolo de solda, entre parênteses, como representado na figura
SEÇÃO 2
abaixo. Problemas, causas e
soluções em soldagem
Nesta seção você irá conhecer
alguns problemas, causas e solu-
ções, assim aprenderá como evitá-
los.
Apesar de todo o trabalho do
Figura 107 - Penetração soldador ser voltado para a não
Fonte: Santos (2009, p. 11). execução de defeitos, estes even-
tualmente vêm a ocorrer. Alguns
deles são característicos do pro-
▪ O espaçamento de uma solda descontínua também é indicado à cesso em virtude de sua própria
direita do símbolo; no caso de solda descontínua coincidente, o sím- natureza. Os defeitos e as dificul-
bolo é colocado acima e abaixo da linha de referência. A dimensão do dades mais característicos da sol-
espaçamento de uma solda descontínua intercalada também é indicada dagem com eletrodos revestidos
à direita do símbolo, seguida pela dimensão do comprimento, confor- são comentados no quadro a se-
me a figura abaixo. guir:

Figura 108 - Solda Descontínua


Fonte: Santos (2009, p. 12).

A seguir, conheça alguns dos problemas, causas e soluções do processo


de solda.

127
Quadro 5 - Problemas causas e soluções

Problemas Causas Defeitos

▪ Tensão em vazio fornecida pela ▪ Alterar o valor da tensão (para um valor


Arco elétrico
fonte de soldagem inferior à neces- maior) ou utilizar um eletrodo adequado para
instável
sária para a fusão do eletrodo a tensão

▪ Regular a intensidade de corrente ou utilizar


eletrodo de diâmetro maior
▪ Fazer a adequada secagem e conservação
▪ Corrente muito elevada dos eletrodos
Salpicos ▪ Eletrodo úmido ▪ Para este problema, muito comum de
ocorrer em corrente contínua, as soluções são:
▪ Má ligação do cabo terra mudar o local de fixação do cabo terra, soldar
sempre em direção oposta a este (ou seja,
afastando-se do cabo terra), e se isto não for
possível, utilizar corrente alternada
▪ Eletrodos úmidos ▪ Secar e conservar os eletrodos
Má aparência do ▪ Má preparação da junta ▪ Modificar a preparação da junta
cordão ▪ Metal de base com elevado teor ▪ Trocar o eletrodo para um do tipo básico
de carbono (preferencialmente) ou rutílico

▪ Fazer a secagem e limpeza adequada antes


da operação de soldagem ·
▪ Chapa com umidade, verniz, tinta, ▪ Mudar o metal de base. Caso não seja pos-
graxa ou outra sujeira qualquer sível, mudar o eletrodo para um do tipo básico
▪ Metal de base com teores de car- ou aumentar a temperatura de preaquecimen-
bono e/ou de silício muito elevado to
Porosidade
▪ Eletrodos úmidos ▪ O mesmo que o item “a” especialmente no
caso de eletrodos básico
▪ Arco muito longo
▪ A mesma solução dada para o item “c”,
▪ Intensidade muito elevada diminuir ligeiramente o valor da corrente de
soldagem principalmente se o eletrodo utiliza-
do é do tipo rutílico

Mordeduras
Sulcos regularmente ▪ Intensidade de corrente muito
repartidos ao elevada
▪ Utilizar intensidade de corrente adequada
lado do cordão de ▪ Chapas muito oxidadas ▪ Executar limpeza e preparação adequadas
solda, diminuem a ▪ Balanceamento do eletrodo
espessura da ligação ▪ Executar o balanço adequado
inadequado, permanecendo tempo
e criam pontos de demais nos cantos
ruptura

128
▪ Má preparação de junta (afas-
tamento insuficiente ou ângulo do
Falta de penetração chanfro insuficiente) ▪ Utilizar uma preparação de junta adequada
A soldagem não é ▪ Eletrodo de diâmetro muito ▪ Utilizar um eletrodo de diâmetro menor
contínua na raiz grande ▪ Utilizar intensidade de corrente adequada
▪ Intensidade de corrente muito
baixa
▪ Chapas oxidadas ▪ Executar limpeza e preparação adequadas
Inclusão de escória ▪ Intensidade de corrente muito ▪ Utilizar intensidade de corrente adequada
A escória fica baixa ▪ Planejar uma sequência adequada para
aprisionada entre os ▪ Má repartição dos cordões dividir os cordões
cordões da solda
▪ Falta ou inadequada limpeza ▪ Fazer uma adequada limpeza entre os cor-
entre os cordões dões de solda
▪ Preaquecer caso isto não tenha sido feito
Trincas no metal de ▪ Má soldabilidade do aço
base ▪ Aumentar a temperatura de preaquecimento
Trincas longitudinais ▪ Presença de elementos indese- ▪ Dar preferência para eletrodos do tipo
à solda ou jáveis na composição do aço como,
básico
propagando-se pela por exemplo, carbono, fósforo ou
enxofre ▪ Modificar a sequência de soldagem para
chapa
diminuir o efeito das contrações
Fonte: Joaquim (2009).

Em seguida você irá estudar como prender um metal em um apoio


quando houver folga.

129
SEÇÃO 3
Execução de raiz e
ponteamento
Nesta seção você conhecerá como
fixar o metal na base quando hou-
ver folga.
A folga na montagem é fator de-
terminante para a boa penetração
do primeiro passe. Ela é direta-
mente ligada ao diâmetro do ele- Figura 109 - Dispositivo de pré-fixação – cachorro
tro utilizado. Fonte: Gimenes (2004, p. 19).

Para além desse fator, é importan-


te verificar também a influência
da polaridade, sendo que para o
primeiro passe, em especial em
fundo de chanfro, é recomendado
utilizar polaridade direta, ou seja,
o eletrodo no polo negativo, pois
nesse caso, além de termos uma
temperatura menor na peça, te-
mos ainda uma convergência do
arco elétrico, que do ponto de vis-
ta da penetração é bastante bene- Figura 110 - Recurso utilizado para fixação de peças
ficiada. Ao lado, as figuras 109 e Fonte: Gimenes (2004, p. 19).
110 mostram exemplos de dispo-
sitivos para se fixar o metal base.

130
A finalidade do ponteamento é O comprimento do ponto é determinado em função da experiência do
permitir uma fácil, correta e eco- soldador e deverá ser tal que garanta possíveis manobras na peça, e ao
nômica fixação das peças a soldar. mesmo tempo resista aos esforços de contração causados pela operação
Ele consiste em executar cordões de soldagem. Uma regra prática utilizada para peças com muitas vincu-
curtos e distribuídos ao longo da lações é utilizar entre 1,5 a 3 vezes a espessura da chapa.
junta, sendo sua função básica Nos casos onde não é possível a remoção da raiz, ou em casos onde se
manter a posição relativa entre as pretende juntar perfeitamente penetrada sem remoção, pode-se usar de
peças, garantindo a manutenção alguns artifícios para manter o chanfro limpo e a abertura adequada para
de uma folga adequada. O ponte- a operação de soldagem.
amento pode ser aplicado direta-
mente na junta, nos casos em que
é prevista a remoção da raiz.
A geometria da peça e a sequência
de pontos devem ser estudadas
de forma a evitar, ou minimizar
as distorções ou fechamento das
bordas. Se isso não for evitado,
virá a prejudicar a penetração e
será preciso uma remoção ex-
cessiva de raiz, sob risco de vir
a causar inclusão de escória, por
exemplo.

Para evitar tais inconvenien- Figura 111 - Ponteamento


tes, a técnica recomendável é Fonte: Santos (2009, p. 13).
partir do centro para as extre-
midades.

131
Finalizando
Durante o período de estudo você pôde conhecer processos de fabricação diferenciados
dos estudados na unidade curricular I. Pôde conhecer suas características e aplicações
sob o ponto de vista técnico. Desenvolveu competências para os processos de usinagem
mais complexos e conheceu cálculos relacionados para as exigências mínimas que uma
máquina-ferramenta necessita, bem como os processos de soldagem, suas respectivas
normalizações, processos de execução e aplicação nos mais diversificados contextos que
a indústria moderna procura.
Você analisou que estes conteúdos são atualizados e estão relacionados ao dia a dia dos
profissionais que atuam com processos de fabricação. Ressaltamos que os conteúdos aqui
tratados são apenas uma pequena parte do grande universo dos processos de fabricação
e suas peculiaridades.
Agora é com você! Aplique os conhecimentos adquiridos neste período, execute na sua
prática diária e não pare de se aperfeiçoar.

133
Referências
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