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Aula de Processo Penal I

• Ação Penal Privada 5 PARTE


• Prof. Gerardo Andrade
Ação Penal Privada
O interesse do Ofendido se sobrepõe ao
interesse público
Os delitos atingem a esfera da intimidade
da vítima
Ex.: calúnia (art.138 do CP)
Difamação (art. 139 do CP)
Injúria (art. 140)
Se processam mediante QUEIXA CRIME
Ação Penal Privada
• Legitimação extraordinária
• A vítima, em nome próprio, postula direito
alheio (direito do Estado de punir).
Classificação das Ações Penais
Privadas

Ação Penal
Ação Penal
Privada Subsidiária da
Privada Exclusiva
Pública

Ação Penal
Privada Personalíssima
Ação Penal
Privada Exclusiva
• Pode ser intentada pelo ofendido,
representante legal e sucessores
• Art. 31 do CPP
Ação Penal Privada Personalíssima
• Ajuizada exclusivamente pela vítima
• Induzimento a erro essencial ou ocultação de
impedimento para casamento
• Art. 236 do CPP
Prazo
• AP exclusiva e personalíssima → 06 meses do
conhecimento da autoria do crime
• BO com nome do autor e com a presença da
vítima na lavratura – inicia a contagem do
prazo decadencial
• Querelante perde o prazo de 06 meses tem o
ônus de provar que soube da autoria após o
crime
Ação Penal Privada Subsidiária da
Pública
• MP não oferece a denúncia dentro do prazo
legal
• Ofendido, representante legal e sucessores →
queixa subsidiária
• Art. 29 do CPP
Ação Penal Privada Subsidiária da
Pública
• Absoluta inércia e desídia do MP
• Legitimação ativa concorrente da vítima e do
MP
• Só poderá haver se houver uma vítima
determinada (homicídio, extorsão,
sequestro..)
• Em delitos de perigo (crime da lei das drogas,
porte ilegal de armas) não se admite queixa
subsidiária
Ação Penal Privada Subsidiária da
Pública
• Prazo decadencial de 06 meses
• Inicia-se no dia em que acabar o prazo para o
MP oferecer a denúncia
• Prazo – art. 10 CP
Ação Penal Secundária
• A lei estabelece que a apuração do crime será
feita por meio de uma determinada
modalidade de ação penal, prevendo,
contudo, secundariamente, diante o
surgimento de circunstancias especiais, uma
nova espécie de ação penal para aquela
mesma infração penal (Norberto Avena,
Processo Penal Esquematizado, p. 227).
Exercício arbitrário das próprias
razões (art. 345 do CP)

Com violência Sem violência

Ação Penal Ação Penal


Pública Privada
Crimes contra a dignidade sexual
• Art. 225 do CP
• Ação penal pública condicionada à
representação.
• Se for praticado contra menor de 18 anos ou
vulnerável, a ação passa a ser ação penal
pública incondicionada.
Ações Penais Privadas e o MP
• Ação Penal Privada Exclusiva e Personalíssima
o MP é custos legis
• Ação Penal Subsidiária da Pública - MP
litisconsorcial
Ação Penal Subsidiária da Pública
• MP litisconsórcio
• Intervenção adesiva obrigatória
• Manifestação sobre a rejeição da queixa
• Aditar a acusação
• Intervir no processo a qualquer momento
• Repudiar a queixa crime. Nesse caso é
obrigado o MP a oferecer denuncia
substitutiva
Analise de uma Ação Penal Privada

“somente se procede mediante queixa”


Titularidade do direito de queixa

Art. 31 do CPP

Art. 32 do CPP

Art. 33 do CPP
Art. 31 do CPP
No caso de morte do ofendido ou quando
declarado ausente por decisão judicial, o
direito de oferecer queixa ou prosseguir na
ação passará ao cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão.
Art. 32 CPP
• Nos crimes de ação privada, o juiz, a
requerimento da parte que comprovar a sua
pobreza, nomeará advogado para promover a
ação penal.
• § 1º Considerar-se-á pobre a pessoa que não
puder prover às despesas do processo, sem
privar-se dos recursos indispensáveis ao próprio
sustento ou da família.
• § 2º Será prova suficiente de pobreza o atestado
da autoridade policial em cuja circunscrição
residir o ofendido.
Art. 33 do CPP
• Se o ofendido for menor de 18 (dezoito) anos,
ou mentalmente enfermo, ou retardado
mental, e não tiver representante legal, ou
colidirem os interesses deste com os daquele,
o direito de queixa poderá ser exercido por
curador especial, nomeado, de ofício ou a
requerimento do Ministério Público, pelo juiz
competente para o processo penal.
NA AÇÃO PENAL
PERSONALÍSSIMA A
QUEIXA SÓ PODE
SER OFERECIDA
PELA VÍTIMA
Queixa
• Petição inicial oferecida por advogado, em
nome da vítima, representante legal ou
sucessores
• Narrativa do fato criminoso, imputando a
alguém
• Formular pretensão
Oferecimento da queixa
• APP Personalíssima
• Fim do IC ou IP
• Autos remetidos ao cartório judicial, para
aguardar a iniciativa do ofendido
• Prazo de 06 meses do conhecimento da
autoria
Art. 19 do CPP
• Nos crimes em que não couber ação pública,
os autos do inquérito serão remetidos ao juízo
competente, onde aguardarão a iniciativa do
ofendido ou de seu representante legal, ou
serão entregues ao requerente, se o pedir,
mediante traslado.
Art. 39, § 5º do CPP
• ....
• § 5º O órgão do Ministério Público dispensará
o inquérito, se com a representação forem
oferecidos elementos que o habilitem a
promover a ação penal, e, neste caso,
oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias.
Requisitos da Queixa
• Art. 41 do CPP
• Art. 44 do CPP
Art. 41 do CPP
• A denúncia ou queixa conterá a exposição do
fato criminoso, com todas as suas
circunstâncias, a qualificação do acusado ou
esclarecimentos pelos quais se possa
identificá-lo, a classificação do crime e,
quando necessário, o rol das testemunhas.
Art. 44 DO CPP
• A queixa poderá ser dada por procurador com
poderes especiais, devendo constar do
instrumento do mandato o nome do
querelante e a menção do fato criminoso,
salvo quando tais esclarecimentos
dependerem de diligências que devem ser
previamente requeridas no juízo criminal.
Procuração
• Basta a menção à norma penal violada pelo
querelado para que a formalidade do art. 44
do CPP seja cumprida (entendimento do STJ).
• Tipo penal e narrativa do fato criminoso
• O STF já decidiu que a procuração pode ser
sanada antes do prazo decadencial
STJ decidiu a necessidade do reconhecimento
de firma da procuração

Na queixa – crime, o pagamento das custas é


obrigatório
Art. 806 do CPP
Salvo o caso do art. 32, nas ações intentadas
mediante queixa, nenhum ato ou diligência se
realizará, sem que seja depositada em cartório a
importância das custas.
§ 1º Igualmente, nenhum ato requerido no
interesse da defesa será realizado, sem o prévio
pagamento das custas, salvo se o acusado for
pobre.
Art. 806 do CPP
§ 2º A falta do pagamento das custas, nos prazos
fixados em lei, ou marcados pelo juiz, importará
renúncia à diligência requerida ou deserção do
recurso interposto.
§ 3º A falta de qualquer prova ou diligência que
deixe de realizar-se em virtude do não-
pagamento de custas não implicará a nulidade
do processo, se a prova de pobreza do acusado
só posteriormente foi feita.
Art. 807 do CPP
O disposto no artigo anterior não obstará à
faculdade atribuída ao juiz de determinar de
ofício inquirição de testemunhas ou outras
diligências.
Honorários advocatícios
• Querelante vencido paga ao advogado do
querelado
Norberto Avena
“ se, durante as investigações do inquérito
policial se apura a autoria de um crime de ação
penal privada, autoria essa que, até então, era
ignorada, o prazo decadencial contará a partir
da intimação do ofendido do esclarecimento da
autoria delitiva, e não da data em que a
autoridade policial elucidou o crime”.
Queixa–crime no prazo legal em Juiz
incompetente, absoluto ou relativamente,
não há que se falar em decadência
(julgado do STJ)
Art. 529 do CPP
Nos crimes de ação privativa do ofendido, não
será admitida queixa com fundamento em
apreensão e em perícia, se decorrido o prazo de
30 dias, após a homologação do laudo.
Parágrafo único. Será dada vista ao Ministério
Público dos autos de busca e apreensão
requeridas pelo ofendido, se o crime for de ação
pública e não tiver sido oferecida queixa no
prazo fixado neste artigo.
Recebimento da Queixa
• Não qualifica ato decisório
• Não cabe recurso
• HC é cabível para trancar a AÇÃO PENAL
Aditamento
• Ação penal privada personalíssima – é
permitida ao MP e querelante, quando for
ADITAMENTO IMPRÓPRIO (local da infração,
data do delito)
• Vedado ao MP o aditamento próprio (acusado
novo, fato novo).
Observação
• Só é possível acrescentar um fato novo ou um
querelado novo, dentro do prazo decadencial
de 06 meses, contados do conhecimento da
autoria.
Aditamento
• No final da instrução deve ser negada
• EXCEÇÃO: conexão ou continência entre os
fatos é recebida
• Se o querelante já tinha conhecimento da
autoria antes da queixa deve ser entendida
como renúncia tácita
Art. 29 do CPP
Será admitida ação privada nos crimes de ação
pública, se esta não for intentada no prazo legal,
cabendo ao Ministério Público aditar a queixa,
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva,
intervir em todos os termos do processo,
fornecer elementos de prova, interpor recurso e,
a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte
principal.
Art. 46, § 2º do CPP
O prazo para oferecimento da denúncia, estando
o réu preso, será de 5 dias, contado da data em
que o órgão do Ministério Público receber os
autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu
estiver solto ou afiançado. No último caso, se
houver devolução do inquérito à autoridade
policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em
que o órgão do Ministério Público receber
novamente os autos.
Art. 46, § 2º do CPP
• § 2º O prazo para o aditamento da queixa será
de 3 dias, contado da data em que o órgão do
Ministério Público receber os autos, e, se este
não se pronunciar dentro do tríduo, entender-
se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-
se nos demais termos do processo.
Rejeição da Queixa – 395 do CPP
A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
I - for manifestamente inepta;
II - faltar pressuposto processual ou condição
para o exercício da ação penal; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação
penal.
Princípios das Ações Penais Privadas
① da oportunidade ou da conveniência
② da disponibilidade
③ da indivisibilidade
Princípio da Oportunidade
• Vítima (ofendido) tem liberdade de processar
o autor da infração.
• Razões para deixar de propor a ação penal
① decadência – deixar o prazo escoar
② renúncia
Renúncia
Manifestação da vontade do ofendido
ou representante legal

Antes oferecimento da queixa

Extinção de Punibilidade
Na subsidiária da pública não produz efeito
nenhum
Tipos de Renúncia

Ofendido
Representante legal
Expressa → Escrita Procurador
E assinada Art. 50 do CPP
Art. 50 do CPP
A renúncia expressa constará de declaração
assinada pelo ofendido, por seu representante
legal ou procurador com poderes especiais.
Parágrafo único. A renúncia do representante
legal do menor que houver completado 18
(dezoito) anos não privará este do direito de
queixa, nem a renúncia do último excluirá o
direito do primeiro.
Renúncia Tácita
• Ato incompatível com a vontade de processar
o autor
• Art. 104 do CPP
• Art. 57 do CPP
Art. 104 do CP
O direito de queixa não pode ser exercido
quando renunciado expressa ou tacitamente.
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao
direito de queixa a prática de ato incompatível
com a vontade de exercê-lo; não a implica,
todavia, o fato de receber o ofendido a
indenização do dano causado pelo crime.
Art. 57 do CPP
A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão
todos os meios de prova.
Renúncia e Indenização
• o recebimento de indenização pelo ofendido
não caracteriza renúncia tácita (art. 104, §
único do CPP).
• Nos juizados especiais criminais, havendo
homologação da composição civil entre as
partes, caracterizará renúncia ao direito de
queixa ou de representação. (art. 74, § único
do lei 9.9099/95.
Renúncia é indivisível
• Renuncia em relação a um dos autores se
entende aos demais
• Renúncia de uma vítima não se estende a
outra vítima do mesmo crime
Princípio da Indisponibilidade

Depois de oferecida a queixa, o ofendido


poderá dispor

Desistência
Perempção
Perdão
Desistência
• Querelante manifesta sua vontade de desistir
em dar andamento
• A lei não expressa a desistência como causa
extintiva de punibilidade
• Estende-se a todos os querelados
• Poderá haver desistência como causa de
extinção da punibilidade (somente
personalíssima e exclusiva)
Perdão
• Do recebimento da queixa ao trânsito em
julgado da sentença condenatória (106,§2º
CP)
• É bilateral
• Extingue punibilidade (107,V CP)
• Exclusiva e personalíssima
Perdão
• É indivisível (art.51 do CPP)
• Art. 106, II CP
Art. 51 do CPP
• O perdão concedido a um dos querelados
aproveitará a todos, sem que produza,
todavia, efeito em relação ao que o recusar.
Art. 106, II CP
O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou
tácito:
I - se concedido a qualquer dos querelados, a
todos aproveita;
II - se concedido por um dos ofendidos, não
prejudica o direito dos outros
Atenção
• O Perdão pode ser concedido ou aceito por
procurador com poderes especiais
• O ofendido maior de 18 anos tem o poder
exclusivo do perdão
• Querelado mentalmente enfermo ou
retardado mental e não tiver representante
legal , ou colidir interesses, será nomeado um
curador especial (art.53 do CPP)
Art. 53 do CPP
• Se o querelado for mentalmente enfermo ou
retardado mental e não tiver representante
legal, ou colidirem os interesses deste com os
do querelado, a aceitação do perdão caberá
ao curador que o juiz lhe nomear.
Tipos de Perdão

Processual Extraprocessual Extraprocessual


expresso Expresso tácito
Perdão processual expresso
• Concedido nos autos
• Declaração escrita do querelante
• Intimação do querelado para se manifestar em
03 dias
• Aceitação expressa implica extinção de
punibilidade
• Silencio – aceitação tácita - implica extinção
de punibilidade
Perdão processual expresso
• Recusa expressa por parte do querelado →
continuidade do processo
• Art. 58 do CPP
Art. 58 do CPP
• Concedido o perdão, mediante declaração
expressa nos autos, o querelado será intimado
a dizer, dentro de três dias, se o aceita,
devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado
de que o seu silêncio importará aceitação.
• Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará
extinta a punibilidade.
Perdão extraprocessual expresso
• Fora do processo (art. 56 do CPP)
• Aceitação do querelado (art. 59 do CPP)
• Declarações de perdão e aceitação deverão
ser anexadas aos autos do processo para que
surtam seus efeitos
Perdão extraprocessual tácito
• Querelante prática ato incompatível com a
vontade de continuar no processo
• Aceita-se qualquer meio de prova
• Art. 59 do CPP
Art. 59 do CPP
• A aceitação do perdão fora do processo
constará de declaração assinada pelo
querelado, por seu representante legal ou
procurador com poderes especiais.
Perempção
• Sanção de ordem processual imposta ao
querelante que negligenciar o andamento da
ação penal
• Na ação penal privada exclusiva ou
personalíssima o efeito é a extinção de
punibilidade (art. 107, IV do CP)
• No litisconsórcio ativo a perempção causada
por um, não prejudica o outro
Perempção
• Na ação penal privada subsidiária da pública
não ocorre a perempção, porque o MP retoma
a ação (art. 29 do CPP).
Art. 29 CPP
• Será admitida ação privada nos crimes de
ação pública, se esta não for intentada no
prazo legal, cabendo ao Ministério Público
aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia
substitutiva, intervir em todos os termos do
processo, fornecer elementos de prova,
interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
negligência do querelante, retomar a ação
como parte principal.
Art. 60 do CPP
Nos casos em que somente se procede mediante
queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de
promover o andamento do processo durante 30
dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou
sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em
juízo, para prosseguir no processo, dentro do
prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas
a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no
art. 36;
Art. 60 do CPP
III - quando o querelante deixar de comparecer,
sem motivo justificado, a qualquer ato do
processo a que deva estar presente, ou deixar
de formular o pedido de condenação nas
alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica,
esta se extinguir sem deixar sucessor.
Princípio da indivisibilidade
Art. 48 do CPP
A queixa contra qualquer dos autores do crime
obrigará ao processo de todos, e o Ministério
Público velará pela sua indivisibilidade.
Princípio da indivisibilidade

Crime de ação penal privada


praticado em concurso de agentes
identificados

Ofendido não poderá excluir


algum para processar
Importante

Ofendido oferecer queixa contra um autor tendo


conhecimento da existência de outros

Considera-se renúncia tácita quantos aos


não acusados e os querelados na queixa

Extinção de punibilidade – art. 49 do CPP

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