Universidade Federal do Ceará

Departamento de Geografia
Bases Naturais do Brasil
Tem sua origem enquanto conhecimento
científico entre os naturalistas (sec. XVIII
e XIX)

Era uma Geografia Geral

Tratava unicamente da Natureza – boa

parte daqueles trabalhos eram
desenvolvidos a partir de regiões
praticamente virgens
 Produziram uma geografia
excepcionalmente
descritiva e narrativa dos
lugares e deixaram
importantes documentos
Immanuel que foram as primeiras
Kant bases para a formação da
Geografia como ciência
Alexander
Von
Humboldt
Carl
Ritter
Após as primeiras manifestações entre os naturalistas
surgiram duas linhas (escolas) de pensamento que
marcaram o séc. XIX.
DETERMINISMO

-Perdurou o enfoque Houve sensível exaltação

generalizante e descritivo;
-Não havia separação
entre os processos físicos e
humanos;
-Influência determinante
dos aspectos humanos
(fruto da influência do
Humanismo) em
detrimento dos físicos
(Vidal de La Blache)

POSSIBILISMO
do meio físico sobre o
homem.
• Aqui surgem as verdadeiras raízes da Geografia Física –
ruptura entre os dois ramos da Geografia.
• A Geografia Física não era tratada dentro de um enfoque
analítico, era uma mera descrição do quadro natural
regional.
• Muito influenciada pelo espírito cartesiano, a GF
lablachiana colocou em vigor os trabalhos de campo,
promovendo as descrições, classificações, comparações e
correlações das partes integrantes do conjunto regional,
mas tudo tratado sem grande ênfase.
Sequencialmente à Escola Possibilista, houve
a separação dos vários ramos da Geografia
Física, baseado em outras ciências.
 • O primeiro ramo foi com a influência da
Geologia estrutural. - Destaca-se Davis
GEOMORFOLOGIA
(Teoria do Ciclo Geográfico) e Cholley
(Teoria do Sistema de Erosão).

• Oriunda da Meteorologia – marcada pelas

estatísticas na análise dos elementos do
clima. Com uma característica estática os
estudos caracterizam bem os climas zonais
e regionais.
CLIMATOLOGIA Posteriormente surgiu a preocupação em
explicar a gênese do clima, surgindo a
Climatologia Dinâmica. Sorre e Strahler já
nas décadas de 50 e 60 difundiram essa
nova abordagem na climatologia.
 • Influência de engenheiros e agrônomos
tratando do escoamento superficial e o
HIDROLOGIA processo erosivo deu nascimento à
hidrologia continental e à geomorfologia
fluvial.

• Biólogos, Botânicos e Zoólogos –

BIOGEOGRAFIA vão dar origem à Biogeografia.
 Emmanuel de Martonne:
Uma obra de destaque no
conhecimento analítico dos diferentes
ramos da geografia física é a de
Emanuel De Martonne (1909) –
Tratado de Geografia Física –
completamente dissociada dos
aspectos humanos. Reuniu em alguns
capítulos, os quatro ramos principais
da Geografia Física. A Geomorfologia
teve o maior destaque.
 Os estudos eram marcados por uma
caracterização preponderantemente
positivista e descritiva dos
componentes do meio físico.
 Osanos
Os estudos eram marcados
50 do séc. XX configuraram-se por deuma
como uma década
caracterização
reconstruções gerais do mundopreponderantemente
(pós-guerra).
Muitas
positivista e
transformações marcaram descritiva
o pensamento da dos
humanidade e por suado
componentes vez da ciência.físico
meio
Os avanços da meteorologia impulsionaram o conhecimento da
atmosfera e influenciaram a climatologia.

 Os trabalhos de Geomorfologia e Biogeografia detalharam-se

bem mais.

 A década de 50 mostrou o apogeu da aplicação da teoria Geral

de Sistemas à Ciência em Geral.
 Dentro da Geografia Física a teoria de sistemas passou a ser o
enfoque norteador nos diferentes ramos do conhecimento e
também a servir de base para a construção de novas
metodologias científicas, por meio da integração dos diferentes
ramos do conhecimento.

 Alterações dos componentes bióticos e abióticos, ou seja, dos

elementos naturais da paisagem ocorreram em função da
explosão demográfica e do uso indiscriminado dos recursos
naturais e assim, o surgimento dos movimentos ambientalistas,
principalmente na década de 60 que denunciavam o abuso à
natureza e as políticas que favoreciam a exploração dos recursos
naturais e a poluição ambiental.
A Ecologia passou a ser então a ciência do
momento e em virtude da proximidade com a
Geografia Física, houve um jogo de influência
que marcaram as concepções e os trabalhos dos
geógrafos físicos na década de 1970 e
contemporaneamente. Os trabalhas de Tricart,
Bertrand podem ser citados como os mais
característicos e surgem daí os modelos do
ecossistema e do geossistema, onde o homem é
incorporado nos estudos como um elemento
transformador do quadro natural, influenciando
e sendo influenciado por ele.
 Aparece em 1962, com Sotchava, incitado
pela política de reconhecimento e valorização
de terras virgens na Ex-URSS.
 A noção de Geossistema associa-se a uma
concepção geográfica da natureza. Para
Sotchava (1978), os geossistemas são
fenômenos naturais, embora todos os fatores
econômicos e sociais afetem a sua estrutura e
peculiaridades espaciais.
Estabelece duas categorias de geossistemas: os
geômeros e os geócoros.

Geômeros Níveis taxonômicos:

• Quando definem unidades

territoriais homogêneas Planetário

Geócoros Regional
• Quando definem espaços
territoriais heterogêneos.
Topológico
Bertrand utilizou os princípios sistêmicos e a noção de
paisagem e apresentou a seguinte conceituação:
Geossistema é a expressão dos fenômenos naturais, ou
seja, o potencial ecológico de determinado espaço no
qual há uma exploração biológica, podendo influir
fatores sociais e econômicos na estrutura e expressão
espacial, porém sem haver necessariamente, face aos
processos dinâmicos, uma homogeneidade interna.
- As unidades superiores
-
1. Zona – definidos principalmente pelo seu clima e
seu bioma e/ou também por megaestruturas. Ex:
Zona Temperada, Zona Tropical, Escudos Cristalinos
das áreas tropicais

2. Domínio – por exemplo o domínio mediterrâneo

é um exemplo desse tipo de paisagem
individualizada.

3. Região Natural – paisagem individualizada dentro

do Domínio.
 As unidades Inferiores:

1. Geossistema
Para o estado do Ceará, por exemplo- Planície Litorânea

2. Geofácies
Para o estado do Ceará – Campo de Dunas Fixas,
Campo de Dunas móveis, Planície Flúvio-marinha

3. Geótopo
Campo de Dunas fixas com vegetação natural; campo
de dunas fixas ocupadas por cultura permanentes
(Côco, por exemplo); Campo de Dunas Fixas ocupadas
pela urbanização, etc...
No Brasil, em 1977, com a obra Ecodinâmica, de Tricart,
publicada pelo IBGE, tomou-se conhecimento de um novo
modo de ver a natureza e a sociedade.

Assim define Tricart: o conceito de unidades Ecodinâmicas

é integrado ao conceito de ecossistema. Baseia-se no
instrumento lógico do sistema e enfoca as relações mútuas
entre os diversos componentes da dinâmica e os fluxos de
energia e matéria no meio ambiente.

O autor defende a importância de se adotar tal concepção

na questão do trato com os recursos naturais.
As unidades ecodinâmicas foram classificadas em três
categorias – a partir da relação pedogênese
morfogênese.

1. Unidades ecodinâmicas estáveis – ambientes onde

predomina a pedogênese.

2. Unidades ecodinâmicas intergradas – morfogênese-

pedogênese, concorrem em um mesmo espaço.

3. Unidades Ecodinâmicas fortemente instáveis –

predomina a morfogênese.
Os sistemas de terras e as unidades de terras são
inicialmente parte de um trabalho introduzido no campo da
pesquisa científica a partir de uma preocupação prática do
governo australiano.

- o método das pesquisas de terras é fisionômico, com o

objetivo de delimitar “ tipos de paisagens”.
1. Sistemas de terras – constituem o nível maior. São
unidades corográficas que correspondem às regiões
naturais. Determinadas por elementos de caráter
geomorfológico e geográficos associados, formam
um determinado agrupamento ou conjunto de
terras. Os limites desses padrões de terras
coincidem com alguma feição ou processo
discernível no âmbito da geologia ou
geomorfologia.
 2. Unidades de Terras

Correspondem à divisão ou partes menores dos sistemas de

terras. Para o identificação utiliza-se principalmente as
formas de relevo.

3. Sítio, lugar, facetas de terras

Representa o mais baixo nível da hierarquia. Esse nível não é

claramente definido, mas são partes de uma feição única de
terras. Apresenta variações sutis nos solos, na vegetação, na
configuração da rede de drenagem, por exemplo.

A delimitação e a classificação passam obrigatoriamente

pelo uso da fotointerpretação.
A abordagem socioambiental fortalece a
interação entre a natureza e a
sociedade, desse modo, essa relação
“não pode ser concebida como derivada
de uma realidade na qual seus dois
componentes sejam enfocados de maneira
estanque e como independente, pois a
relação dialética entre eles é que dá
sustentação ao objeto” (MENDONÇA,
2001,p.128)
De acordo com Mendonça (2002,p.34)
“a abordagem socioambiental é um
referencial de cunho sistêmico,
holístico e complexo, de modo que o
meio ambiente se encontra em
constante processo de transformação,
resultado da dinâmica socioambiental
construída”. A manutenção
equilibrada dessa relação é
imprescindível para a conservação do
meio ambiente, onde sociedade e
natureza não estão dissociados.
- Os estudo dos riscos e vulnerabilidades
ganha grande destaque nas pesquisas em
Geografia Física dentro desta abordagem.
- Estudada geralmente a partir de
indicadores ambientais e sociais.