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DIREITO CIVIL RESUMIDO

para P1
OBRIGAÇÕES EM GERAL
Conceito
Obrigação é definida como relação jurídica de direito
privado, de caráter pessoal, na qual o titular de direito
(credor) pode exigir o cumprimento do dever correlato de
prestar, respondendo o sujeito do dever (devedor) com seu
patrimônio.
As obrigações encontram-se facilmente no dia-a-dia. Compra
e venda, aluguel, etc.; todas situações onde alguém exige a
prestação de outrem com seu patrimônio em detrimento de
titularidade de direito.
Sua principal função é fornecer meios para que o credor exija
do devedor o cumprimento da prestação.

Posição do Direito das Obrigações no Direito Civil


No direito, há grandes duas espécies: não patrimoniais
(inerentes à pessoa humana; personalidade) e patrimoniais
(reais e obrigacionais)

• Reais pertencem ao direito das coisas;


• Obrigacionais, ou pessoais, compreendem a relação entre
pessoas; chamados também de direito de crédito.

Características
É restrito ao credor e devedor, ou seja, vinculam apenas
pessoas determinadas e, em regra, não alcança terceiros.
(Direito relativo).
É puramente econômico, não abrangendo obrigações alheias,
como fidelidade recíproca dos cônjuges, dever de obediência
do filho ao pai, etc.

Figuras híbridas
Apesar do direito das obrigações e das coisas (reais) não se
confundirem, são relacionáveis. Assim, temos as seguintes
espécies de figuras híbridas:
• Obrigações propter rem (por causa da coisa), são
obrigações que recaem sobre certo indivíduo em razão da
coisa, por determinação do direito real. Tais
obrigações se transmitem por disposição legal, não pela
vontade das partes.
Ex: pagar a taxa de condomínio mensal; ao adquirir um
apartamento a taxa torna-se uma obrigação.

• Obrigações com ônus reais, são obrigações que limitam


o uso e gozo da propriedade.
Ex: João doa uma fazenda para Maria, obrigando esta a
destinar 50% da safra colhida, todo ano, para Caio.

• Obrigações com eficácia real, são aqueles oponíveis a


terceiros que adquiram direito sobre determinado bem.
Ex: imóvel que possui inquilinos, ao ser vendido a terceiro,
passa o direito de receber o aluguel para o novo
proprietário.

Não se confunde Obrigação com:

• Dever jurídico: todos os indivíduos são obrigados a


cumprirem determinações do ordenamento jurídico, sob
pena de sofrer punição.
• Direito potestativo: direito de um indivíduo de influir
na esfera jurídica de outro, por meio de vontade
unilateral; como divórcio. (dá-se o nome de estado de
sujeição ao indivíduo afetado pelo exercício de direito
potestativo por outrem)

Elementos
São elementos constitutivos da obrigação: sujeitos, objeto
e vínculo jurídico.
Sujeitos

• O credor, que cobra a prestação, é chamado de Sujeito


Ativo.
• O devedor, que é cobrado pela prestação, é chamado de
Sujeito Passivo.
• Qualquer pessoa natural ou jurídica pode ser sujeito
ativo ou passivo. Incapaz pode, caso assistido ou
representado. Nascituro apenas como sujeito ativo
(alimentos gravídicos). Sociedade de fato pode.
• Os sujeitos devem ser determinados, indivíduo
específico, ou determináveis, indivíduo que ganhar um
concurso específico, por exemplo.

Objeto, ou prestação

• Conduta humana de dar, fazer ou não fazer.


• A prestação em si (dar, fazer ou não fazer) é o objeto
imediato da obrigação.
• A coisa dada, ou objeto da prestação, é o objeto mediato
da obrigação.
• Requisitos:
o Lícito;
o Possível;
o Determinado ou determinável (venda de coisa
incerta, indicada por gênero e quantidade; soja,
milho, etc.);
o Economicamente apreciável (o credor tinha
interesse apatrimonial, ex. sua imagem foi ferida,
mas a prestação deve ser suscetível de
quantificação em dinheiro).
(A obrigação que vincula os sujeitos não se confunde com a
coisa material sobre a qual esse ato incide.)

Vínculo
Aquilo que liga o credor ao devedor, pode surgir:

• Contratos (atos bilaterais);


• Declarações unilaterais (promessa de recompensa);
• Atos ilícitos (acidente de trânsito).
O vínculo possui dois elementos:

• Débito, dever de satisfazer a obrigação;


• Responsabilidade, dá ao credor o direito de exigir
judicialmente o cumprimento da obrigação.

Origens das Obrigações


Quando é por vontade do Estado, como obrigação alimentar, a
lei é a fonte imediata e direta da obrigação.
Quando por vontade das partes, como contrato, declaração
unilateral de vontade e ato ilícito, a lei é a fonte mediata
e indireta da obrigação. Indireta pois, por mais que a
vontade particular seja a originadora da obrigação, é a lei
que determina que os vínculos geram obrigações.
A obrigação é o que resulta da lei ou da vontade humana e
deve ser cumprida espontânea e voluntariamente. Quando não
ocorre, surge a responsabilidade, que é a consequência
jurídica do descumprimento da relação obrigacional.

OBRIGAÇÃO DE DAR, FAZER OU NÃO FAZER


Os sujeitos são ao mesmo tempo credores e devedores entre
si; bilaterais. Sinalagma.
Classificações:

• Positiva, quando tiver como conteúdo uma ação ou


comissão; dar, fazer;
• Negativa, quando conteúdo uma omissão; não fazer.

Obrigação de dar
Aquela em que o sujeito passivo se compromete a entregar
alguma coisa certa ou incerta. Há transmissão de propriedade
móvel ou imóvel.

• Certa, específica: coisa individualizada;


• Incerta, genérica.

Dar coisa certa

• Art. 233, CC: A obrigação de dar coisa certa abrange os


acessórios dela embora não mencionados, salvo se o
contrário resultar do título ou das circunstâncias do
caso;
Acessório segue o principal (princípio da gravitação
jurídica). Sendo acessórios: frutos, produtos, benfeitorias
e as pertenças.

• Art. 234, CC: Se, no caso do artigo antecedente, a coisa


se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou
pendente a condição suspensiva, fica resolvida a
obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de
culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e
mais perdas e danos;
Resolver significa que as partes voltam à situação anterior
à celebração, sem outras consequências jurídicas.
Sem a culpa do devedor, não há perdas e danos. Com culpa,
responde pelo valor equivalente ao bem mais perdas e danos
(indenização) - Art. 239, CC, visto mais adiante.
Há dois casos onde a culpa cairá sobre o devedor em
caso fortuito ou força maior: art. 393, onde o devedor
pode se responsabilizar previamente por meio de
convenção contratual entre as partes, e o art. 399,
onde o devedor que não paga (devedor em mora) é
responsável; sendo contrário apenas comprovando que não
teve culpa no atraso ou que o dano teria ocorrido ainda
que a obrigação tivesse sido desempenhada
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de
caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por
eles responsabilizado.

Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da


prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou
de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se
provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a
obrigação fosse oportunamente desempenhada.

• Art. 235, CC: Deteriorada a coisa, não sendo o devedor


culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou
aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que
perdeu.
Sem culpa do devedor, resolve-se sem indenização ou abater
o preço total o que foi perdido.

• Art. 236, CC: Sendo culpado o devedor, poderá o credor


exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em
que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro
caso, indenização das perdas e danos.
Com culpa do devedor, exige-se o valor equivalente da coisa
mais indenização, ou aceitar a coisa mais perdas e danos.

• Art. 237, CC: Até a tradição pertence ao devedor a


coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos
quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não
anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor,
cabendo ao credor os pendentes.
Como de um lado a lei impõe ao devedor responsabilidade pela
perda ou deterioração do bem, por outro confere-lhe vantagem
de beneficiar-se de melhoramentos e acréscimos que adicione
a coisa. Assim, faculta-se ao devedor a elevação do preço,
em proporção ao valor do beneficiamento. Caso o credor
recuse-se a arcar com a alteração, o devedor pode resolver
(extinguir) a obrigação.
Até o ato da tradição, os eventuais frutos da coisa
percebidos (já separados da coisa) são do devedor. Após a
tradição, os frutos pendentes (presos ao principal por
precisar da união) são do credor.
Ex: mangueira e seus frutos.

• Art. 238, CC: Se a obrigação for de restituir coisa


certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da
tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se
resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da
perda.
Ou seja, se a coisa se perde sem a culpa do devedor, o único
direito do credor será, por exemplo, os aluguéis vencidos e
não pagos até o evento danoso. Se tiver culpa, art. 239:
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá
este pelo equivalente, mais perdas e danos.

• Art. 240, CC: Se a coisa restituível se deteriorar sem


culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se
ache, sem direito a indenização; se por culpa do
devedor, observar-se-á o disposto no art. 239.
• Art. 241, CC: Se, no caso do art. 238, sobrevier
melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou
trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de
indenização.
• Art. 242, CC: Se para o melhoramento, ou aumento,
empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se
regulará pelas normas deste Código atinentes às
benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de
má-fé.
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos,
observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código,
acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé.
Devedor será indenizado apenas pelas benfeitorias úteis e
necessárias (que conservem o bem ou que facilitem seu uso).
Benfeitorias voluptuárias (estéticas ou agradáveis) podem
ser retiradas desde que diminua o valor da coisa principal.
Devedor que possua boa-fé terá direito aos frutos; de má-fé
não.
Dar coisa incerta
A obrigação tem por objeto coisa indeterminada, pelo menos
inicialmente, sendo ela somente indicada pelo gênero e pela
quantidade. A indicação posterior quanto à sua qualidade, em
regra, cabe ao devedor.

• Art. 244, CC: Nas coisas determinadas pelo gênero e


pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o
contrário não resultar do título da obrigação; mas não
poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a
melhor.
• Art. 245, CC: Cientificado da escolha o credor, vigorará
o disposto na Seção antecedente.
Seção antecedente: dar coisa certa. Ou seja, escolhido a
coisa incerta, ela será tratada como coisa certa.

• Art. 246, CC: Antes da escolha, não poderá o devedor


alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por
força maior ou caso fortuito.

Obrigação de fazer
Obrigação positiva em que a prestação consiste no cumprimento
de uma tarefa ou atribuição por parte do devedor.
Classificações:

• Fungível, pode ser cumprida por outra pessoa, à custa


do devedor originário; ex.: pintar uma parede;
• Infungível, tem natureza personalíssima; ex.: show de
uma banda.

• Art. 247, CC: Incorre na obrigação de indenizar perdas


e danos o devedor que recusar a prestação a ele só
imposta, ou só por ele exequível.
Ou seja, refere-se a obrigações de fazer infungíveis; onde
trata-se de personalidade.

• Art. 248, CC: Se a prestação do fato se tornar


impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a
obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e
danos.
Ex.: o atraso na entrega de uma obra faz com que o dono dela
tenha que continuar pagando aluguel de outro imóvel.

• Art. 249, CC: Se o fato puder ser executado por


terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa
do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo
da indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor,
independentemente de autorização judicial, executar ou
mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
Funciona para obrigações de fazer fungíveis. Parágrafo único
tem a ver com autotutela civil.

Obrigação de não fazer


É a única obrigação negativa do ordenamento jurídico. É a
abstenção de uma conduta.

• Art. 390, CC: Nas obrigações negativas o devedor é


havido por inadimplente desde o dia em que executou o
ato de que se devia abster.
• Art. 250, CC: Extingue-se a obrigação de não fazer,
desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível
abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.
Ocorre mesmo em caso fortuito e força maior. Possui dois
tipos:
Legal, proprietário de imóvel que tem o dever de não
construir até certa distância do imóvel vizinho;
Convencional, ex-empregado que celebra com a empresa
ex-empregadora um contrato de sigilo industrial por ter
sido contratado pelo concorrente.

• Art. 251, CC: Praticado pelo devedor o ato, a cuja


abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o
desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa,
ressarcindo o culpado perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor
desfazer ou mandar desfazer, independentemente de
autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento
devido.
Eventualmente, a pedido do credor e havendo culpa do devedor,
a obrigação de não fazer pode ser convertida em obrigação de
dar coisa certa.
OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA
Obrigação alternativa é uma obrigação jurídica complexa com
pluralidade de objetos, na qual o devedor cumpre a obrigação
quando presta apenas um deles. Nas obrigações alternativas,
a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
Tipos:

• Simples: singularidade de objetos;


• Composta: multiplicidade de objetos
1. Obrigação cumulativa/conjuntiva:
Há pluralidade de prestações e todas devem ser solvidas, sob
pena de inadimplemento total ou parcial
Ex: obrigação de entregar um veículo e um animal.
2. Obrigação alternativa/disjuntiva:
Tem-se dois ou mais objetos e extingue-se com a prestação de
apenas um. Essa obrigação pode estabelecer-se entre coisas,
fatos, coisas e fatos.
Ex: obrigação assumida pela seguradora de, em caso de
sinistro, dar outro carro ao segurado ou mandar reparar o
veículo danificado, como este preferir.

• Art. 253, CC: Se uma das duas prestações não puder ser
objeto de obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá
o débito quanto à outra.
Diferenças Obrigação Alternativa e de Dar Coisa Incerta
ALTERNATIVA DAR COISA INCERTA
Vários objetos, escolha Objeto é um só, apenas
recai em apenas um indeterminado quanto à
qualidade
A escolha recai sobre um A escolha recai sobre a
dos objetos in obligatione qualidade do único objeto
existente
As partes consideram os As partes observam apenas o
objetos em sua gênero
individualidade própria

• Art. 252, CC: Nas obrigações alternativas, a escolha cabe


ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
Primeiro, é respeitado a vontade das partes.
Em falta de estipulação, a escolha caberá ao devedor.
Para que a escolha caiba ao credor, é necessário que o
contrato determine expressamente.
§ 1° Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte
em uma prestação e parte em outra.
Direito de escolha não é irrestrito.
§ 2° Quando a obrigação for de prestações periódicas,
a faculdade de opção poderá ser exercida em cada
período.
Ex: Poderá o primeiro ano entregar somente sacas de café e
no outro somente sacas de arroz, e assim sucessivamente. Não
poderá dividir o objeto da prestação.
§ 3° No caso de pluralidade de optantes, não havendo
acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o
prazo por este assinado para a deliberação.
§ 4° Se o título deferir a opção a terceiro, e este não
quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha
se não houver acordo entre as partes.

Existe possibilidade de ser escolhida por sorteio.


Concentração: comunicada a escolha, a obrigação concentra no
objeto determinado. Torna-se definitiva e irrevogável.

Impossibilidade das prestações


• Material (253 CC): não mais se fabricar uma das coisas
que o devedor se obrigou a entregar ou de uma delas ser
imóvel que foi desapropriado;
• Jurídica: se em decorrência de ilícito um dos objetos,
toda obrigação fica contaminada de nulidade;
• Superveniente: nesse caso inexiste culpa do devedor.
Ex: caso alguém se obrigue a entregar um veículo e um animal
e este último vem a morrer depois de ser atingido por um
raio. O débito será concentrado no veículo.

• Art. 254, CC: Se, por culpa do devedor, não se puder


cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor
a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que
por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que
o caso determinar.
• Art. 256, CC: Se todas as prestações se tornarem
impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a
obrigação.

Obrigações facultativas
Não há escolha pelo credor, só pode exigir a prestação
devida.
• Essa faculdade pode derivar de convenção especial ou
disposição em lei;
• É aquela que tem por objeto uma só prestação, concede
a faculdade de substituí-la por outra.
• Ex:
Art. 157, §2, CC: Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob
premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a
prestação manifestamente desproporcional ao valor da
prestação oposta.
§ 2° Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido
suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar
com a redução do proveito.
Art. 1.382, CC: Quando a obrigação incumbir ao dono do prédio
serviente, este poderá exonerar-se, abandonando, total ou
parcialmente, a propriedade ao dono do dominante.
Parágrafo único. Se o proprietário do prédio dominante se
recusar a receber a propriedade do serviente, ou parte dela,
caber-lhe-á custear as obras.

OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS


Única/Simples: quando concorre um só credor e um só devedor;
é irrelevante se a obrigação é indivisível ou divisível
Art. 314, CC: Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação
divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor
a pagar, por partes, se assim não se ajustou.

Compostas (Divisíveis - bem divisível, indivisíveis - bem


indivisível):

• Multiplicidade de sujeitos (257 CC)


Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação
divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e
distintas, quantos os credores ou devedores.

• Indivisível: art. 258 CC


Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto
uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza,
por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio
jurídico

Ex. obrigação divisível: dois devedores prometem entregar


duas sacas de café, a obrigação é divisível, devendo cada
qual uma saca.
Ex. obrigação indivisível: dois devedores prometem entregar
um cavalo ou um relógio, não é possível fraciona-los.

Espécies de Indivisibilidade:

• Natural, resulta da natureza do objeto da prestação;


animais, relógio, documento, obra literária;
• Legal, quando decorre da lei; dívidas de alimentos,
direitos reais, lotes urbanos;
• Convencional, convenção das partes. Fracionável, mas as
partes convencionam o contrário;
• Judicial, obrigação de indenizar nos acidentes de
trabalho cuja indenização deve ser paga por inteiro à
mãe, embora o pai a pleiteie.

Efeitos:

• Art. 257: cada devedor só deve a sua quota-parte, a


insolvência de um não aumenta a quota dos demais;
• Pluralidade de devedores:
o Art. 259 CC, a prestação é distribuída
rateadamente entre as partes;
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação
não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda.
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se
no direito do credor em relação aos outros coobrigados.
Exceções:
a) indivisibilidade
O devedor demandado por obrigação indivisível não pode exigir
que o credor acione conjuntamente todos os codevedores.
Qualquer dele à escolha do autor, pode ser demandado
isoladamente pela dívida inteira.
b) solidariedade
Nesses casos haverá sub-rogação; ação regresiva

• Pluralidade de credores
Art. 260, CC: Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes
exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão,
pagando:

I - a todos conjuntamente;
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.

Art. 261, CC: Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a


cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a
parte que lhe caiba no total.

Se só um dos credores receber sozinho um cavalo, por exemplo,


poderá cada um dos demais exigir desse credor a parte que
lhe competir, em dinheiro.

• Remissão da dívida por um dos credores


Se um dos credores remitir, não ocorrerá a extinção dos
demais

• Perda da Indivisibilidade
Art. 263, CC: Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se
resolver em perdas e danos.

Em caso de perecimento com culpa do devedor, haverá perdas


e danos (divisível)
§ 1° Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os
devedores, responderão todos por partes iguais.

§ 2° Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo


só esse pelas perdas e danos.

Serão exonerados das perdas e danos, mas não das suas cotas.

OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS

• Pluralidade de credores e devedores (265, CC)


Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da
vontade das partes.

• Não é presumida, decorre da lei ou contrato (265 e 896,


CC)
Art. 896. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da
vontade das partes.

Parágrafo único. Há solidariedade quando na mesma obrigação


concorre mais de um devedor, mais de um credor, cada um com
direito, ou obrigado à dívida toda.

Importante: fiador e devedor principal não são devedores


solidários, pois fiador tem benefício de ordem (827)
Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito
a exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro executados
os bens do devedor.

Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que


se refere este artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo
município, livres e desembargados, quantos bastem para solver o
débito.

• Art 266, CC: A obrigação solidária pode ser pura e


simples para um dos co-credores ou co-devedores, e
condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente,
para o outro.
1. Pura e simples - não contém condição, termo ou encargo;
2. Solidária condicional - efeitos estão subordinados a
evento futuro e incerto
3. Solidária a termo - efeitos subordinado a evento futuro
e certo

ATIVA

• Pode ser legal;


• Maria Helena: prevenção judicial - satisfação da
obrigação somente em relação àquele que propôs a ação;
• Art. 269, CC: O pagamento feito a um dos credores
solidários extingue a dívida até o montante do que foi
pago.
Para qualquer credor que houver o pagamento, a dívida será
extinta.

• Art. 270, CC: Se um dos credores solidários falecer


deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a
exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao
seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for
indivisível.
Herdeiro não pode exigir a dívida toda. Regra não deve ser
aplicada se a obrigação for naturalmente indivisível.

• Art. 271, CC: Convertendo-se a prestação em perdas e


danos, subsiste, para todos os efeitos, a
solidariedade.
Ex: devedor bate o carro e se resolve em perdas e danos +
valor da coisa.

• Art. 272, CC: O credor que tiver remitido a dívida ou


recebido o pagamento responderá aos outros pela parte
que lhes caiba.
Ação de regresso.

• Art. 273, CC: A um dos credores solidários não pode o


devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros.
Ex: devedor é coagido por um dos credores solidários.

• Art. 274, CC: O julgamento contrário a um dos credores


solidários não atinge os demais, mas o julgamento
favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção
pessoal que o devedor tenha direito de invocar em
relação a qualquer deles.
• Art. 201, CC: Suspensa a prescrição em favor de um dos
credores solidários, só aproveitam os outros se a
obrigação for indivisível.
• Art. 204, CC: A interrupção da prescrição por um credor
não aproveita aos outros; semelhantemente, a
interrupção operada contra o co-devedor, ou seu
herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.
§ 1° A interrupção por um dos credores solidários
aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada
contra o devedor solidário envolve os demais e seus
herdeiros.
§ 2° A interrupção operada contra um dos herdeiros do
devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou
devedores, senão quando se trate de obrigações e
direitos indivisíveis.
§ 3° A interrupção produzida contra o principal devedor
prejudica o fiador.

PASSIVA
• Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um
ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a
dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos
os demais devedores continuam obrigados solidariamente
pelo resto.
Parágrafo único. Não importará renúncia da
solidariedade a propositura de ação pelo credor contra
um ou alguns dos devedores.
• Se o pagamento ocorrer de forma parcial, todos os demais
devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto
do valor devido;
• Há a opção de um credor cobrar um, vários ou todos os
devedores, de acordo com sua vontade;
• Obrigação solidária passiva não se confunde com
obrigação indivisível
• O credor pode incluir no polo passivo da demanda todos,
alguns, ou um específico devedor. A sentença somente
terá eficácia em relação aos demandados, NÃO alcançando
aqueles que não participam da relação jurídica
processual;

• Art. 276, CC: Se um dos devedores solidários falecer


deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar
senão a quota que corresponder ao seu quinhão
hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas
todos reunidos serão considerados como um devedor
solidário em relação aos demais devedores
A regra não se aplica se a obrigação for indivisível.
Ex: dívida de 30 mil e D (um dos 3 devedores solidários)
falece, deixando 2 herdeiros (E e F), cada um destes somente
poderá ser cobrado 5 mil. Pois com a morte cessa a
solidariedade em relação aos herdeiros.

• Art. 277, CC: O pagamento parcial feito por um dos


devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam
aos outros devedores, senão até à concorrência da
quantia paga ou relevada.
No máximo, caso ocorra pagamento direto ou indireto, os
demais devedores serão beneficiados de forma reflexa,
havendo desconto em relação à quota paga ou perdoada.

• Art. 278, CC: Qualquer cláusula, condição ou obrigação


adicional, estipulada entre um dos devedores solidários
e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem
consentimento destes.
Princípio da relatividade dos efeitos contratuais. O que for
pactuada entre credor e um dos devedores solidários não
poderá agravar a situação dos demais, seja por clausula
contratual, seja por condição inserida na obrigação ou por
aditivo negocial.

• Art. 279, CC: Impossibilitando-se a prestação por culpa


de um dos devedores solidários, subsiste para todos o
encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos
só responde o culpado.
Culpa estrita (imprudência, negligência, imperícia) ou dolo
(intenção de descumprimento)
Ex: caso um imóvel seja locado a dois devedores e tenha um
débito em aberto no valor de 10 mil reais, o locador poderá
cobrar qualquer um, de acordo com a sua vontade. Mas se um
dos locatários causar um incêndio no imóvel, gerando prejuízo
de 30 mil reais, apenas este responderá perante o sujeito
ativo, além do valor da dívida.

• Art. 280, CC: Todos os devedores respondem pelos juros


da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente
contra um; mas o culpado responde aos outros pela
obrigação acrescida.
Obrigação acrescida.

• Art. 281, CC: O devedor demandado pode opor ao credor


as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos;
não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-
devedor.
Só não pode opor as exceções pessoais, tendo em vista que
são personalíssimas (vícios da vontade ou capacidade)

• Art. 282, CC: O credor pode renunciar à solidariedade


em favor de um, de alguns ou de todos os devedores.
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade
um ou mais devedores, subsistirá a dos demais.
Renúncia sinônimo de exoneração; abatimento do preço.
OBS: O que foi exonerado da responsabilidade, não caberá o
chamamento ao processo.

• Art. 283, CC: O devedor que satisfez a dívida por


inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores
a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do
insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no
débito, as partes de todos os co-devedores.
Possibilita a ação de regresso.
Ex: A é credor de B, C e D, devedores solidários, por uma
dívida de 30 mil. Se B paga a mesma integralmente, poderá
cobrar de C e D somente 10 mil de cada um, valor
correspondente às suas quotas.
Havendo insolvência de um dos devedores, sua quota é divida
proporcionalmente entre os devedores restantes (presunção
relativa - iuris tantum)

• Art. 284, CC: No caso de rateio entre os co-devedores,


contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo
credor, pela parte que na obrigação incumbia ao
insolvente.
Exonerado também responde pela parte do insolvente.
• Art. 285, CC: Se a dívida solidária interessar
exclusivamente a um dos devedores, responderá este por
toda ela para com aquele que pagar
Ex: fiador que paga a dívida de um locatário, devedor
principal, poderá cobrar dele todo o montante da obrigação.
OBS: se o fiador paga a dívida de outro fiador da mesma
obrigação, poderá exigir somente o valor da sua quota.

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