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Fado Triplicado

Passeio à Mouraria

Maria Manuel Cid / José Marques

Caminhando sem destino


A passear o Menino
Saíu a Virgem Maria
E por ditoso condão
Levando Jesus pela mão
Foi até à Mouraria

Uma guitarra trinava


Quando Maria passava / Nesse doce entardecer
Nossa Senhora parou
E tristemente escutou / Tão amargo padecer

E Jesus amargurado
Por ver assim torturado / O rosto que tanto amava
Perguntou, em voz dorida
Á guitarra comovida / A razão porque chorava

Não sabe a guitarra dar


A razão do seu penar / E Jesus fica zangado
E diz então a Maria
Não gosto da Mouraria / Chorar assim é pecado

E por castigo divino


Nosso Senhor pequenino / Diz à guitarra vencida
Magoaste minha mãe
Pois hás-de chorar também / O resto da tua vida

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Jornal de Letras
FADO TRIPLICADO
BLOGUE TRIPLICADO 10.03.2010 às 19h33
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O nome que um fado tem
não convém

que vá além

daquilo que o fado diz,

seja menor ou corrido

o sentido

pretendido

deve mostrar-lhe a raiz

A verdade é que este fado

é chamado

triplicado

por rimar mais de uma vez,

o poeta vê-se à nora

e agora

quase chora

pra rimar as outras três

É sempre a mesma canseira

quase à beira

da terceira

o poeta perde a veia

mas não assume a derrota

faz batota

e se alguém nota
diz uma palavra feia

Como aqui se exemplifica

quem triplica

justifica

o que o compositor quis

sem a rima triplicada

não me agrada

quase nada

do que este fado nos diz

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