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eur gr mpun "tea st eae terest oh ee ao th el 1g “Cnn image ‘Roitecranatenn on JREFACIO A SEGUNDA EDIGAO by ie i in oreo ie Algumas obsereag ies sobre os agrupamentes profisionais ‘Ao reedtarmos esta obra, vedamo-nos modifica sa festrutura original, Um livro possui uma individvalidade ‘que deve conservar, Convém deixar-the a fsionomia sob a qual ele se fez conhecer! ‘Mas hi uma ideia que Bicou na penumbra na primei- 2 edizao e que parece-nos Gil resaltare determinat me thor, pois ela esclarecerd algumas partes do presente ta batho e mesmo dos que publicamos depois! Trata-se do papel que os agrupamentos profisionais esto destin ‘dos a desempenkar na onganizacio social dos povos con: ‘emporineos. Se, pimitvamente, s6 haviamos abordado ‘ese problema por meio de alusbes!, € porque contva- mos tetomi-lo € dedicarhe wm estado especial, Como sobrevieram outas ocupagSes que nos desvirim desse rojeto € como nlo vemos quando poderemos dat the Continuidade, gostslamos de aproveitar esta segunda wt Da princi. Do mana Soca, cedigio para mostear como esse problema se liga 20 tenia ‘ratado ao longo da obra, para indicar em que temas ele se colocae, sobrerudo, para tent diimir os motives que ainda impedem muitos espstos de compreender coreta- * mente sua urgénciae seu aleance, Tal seri 0 objeto deste novo preficio Insistimos viras vezes, a0 longo deste iro, sobre 0 estado de anomia juridicae moral em que se encontra stualmente a vida econémica!. De fat nessa ordem de fungdes, a moral profissional sé existe em estado rudi- ‘mentar. HA uma moral profissional do advogado e do ‘magistrado, do soldado e do. professor, do médico € do padre, etc. Mas se procurissemos estabelecer numa lin- ‘uagem um pouco definida as idéias em curso sobre 0 ‘que devem ser as relagdes entre 0 emprogador € 0 em pregado, ene o operinio © 0 empresicio, entre os indus Trats que concorrem um com 0 outro ou com 0 pablic, ‘que Formulas indecisas obteriamost Algumas generalida- des imprecisas sobre a fidelidade © a devosao que Os as- salasados de toda sone devem aos que os empregim, sobre a moderacio com a qual estes dios devem usar cde sua preponderncia econdmica, uma cera reprovagio de toda concorréncia por demais abertmente desea, de toda exploracio demasiado getante do consumidor, & quase tudo © que contém a consciéncia moral dessas profissdes. Ademais, a maioria desis prescribes 520 esprovidas de qualquer carter juridico, elas sio sancio- rnadas to-somente pela opiniio publica, nio pela lei, € sabemos quanto a opini2o se mostra indulgente para ‘com a maneira como essas vagas obrigagbes sto cumprt prericro A SUNDA EDIGAO vu das. Os alos mais censurivels so com tanta freqdéncia bsolvidos pelo sucesso, que o limite entre © que & per ‘nitido € © que € proibido, o que € justo € 0 que nao é, ‘do tem mais nada de fixo, parecendo poder ser modif- ‘ado quase arbitrariamente pelos individuos. Uma moral {do imprecisa e Wo inconsistente nio seria caps de constituie uma disciplina, Dai resulta que toda essa esfera dla vida coleiva 6, em grande part, subtaida 3 agio mo- seradora da reg, Ea esse estado de anomia que devem ser atibuidos, ‘como mostriemos, 0s conflitos incessantemente renas” centes € as desordens de todo tipo de que o mundo eco rémico nos di 0 iste espeticulo. Porque, como nada ‘contém as forgas em presenca e nao thes atribui limites ‘que sejam obrigadas # espeitar, clas tendem a se descr volver sem termos e acaba se entrechocando, para se reprimirem e se redugirem mutwamente, Sem divi, 2s mais intensas acabam conseguindo esmagar as mais fea ‘as, ou submeté-las. Mas, se 0 vencido pode se resignar por um tempo a uma subordinagio que € obrigido a sv: ‘ports, ele nfo a acetae, por conseguinte, ela se mostra Incapaz de constiuir um equilbrio estivel. As téguas Jmposta pela viléncia sempre sio apenas provisorias € ‘no pacifieam os esprtos. As paixoes humanas s6 se de- tm diante de uma forea moral que elas respeitam. Se qualquer autoridade desse género inexiste, & a lei do sais forte que reina e, latente out agudo, © estado de fuera € necessariamente cio. ‘Que tal anarquia seja um fendmeno mésbido, € mais ‘que evidente, pois ela vai contra © proprio objetivo de toda sociedade, que € suprimir ou, pelo menos, moderat 8 quem entre os homens, subordinando a le fsea do mais fore a una mais alt Em vao, para justficar esse ‘estado de ndo-regulamentagio, salient-se que cle favo- vu Da bivsio Do manauto soca rece 0 desenvolvimento da Hberdade individual, Nada mas fo do que esse anagoniomo que se ulsestabele cer, com excesiva enc, ent 4 autrdade te [give lberdade do indivi, Mato 20 conti, a Herd (entendemos 2 liberdade jst, aquela que 2 5o- ciedade tem 0 dever de fazer respi) & ela propria Pro de uma regulamentigio. $6 posso ser lve nt tedida em que outem & impedido de trar proveito da superirdade fs, econdmica ou outa de que dspe para subjgar minha liberdade, ¢ apents.a rea social pose erquer um obsticulo a eses abusos de poder. Sa- bese agora que repulamentasio complica € necessiria ara gaantir aos individuos 2 independéncia economica Sem qual su liberdade mio € mats que nomial Maso que propocciona,paticularmente nos cs de hoje, excepcional gravidade # esse estado € o desenvel iment, até ento desconhecido, que a8 fingOes econ’ rmicas adgirram nos limos dois séclos, aproximada. ‘mente. Enquanto, outora, desempenhavam apenas wn Papel secundaio, hoje esto em primeiro plano, Estamos Tonge do tempo em que eram desdenhosamente abando- das as classes inferores. Diate dels, eros a fnges rltares, administativas,religiosas ecuarem cada ver tai Somente as fungdescefieas e5d0 em condigio de dips har =e inde asim, xen ta mente 56 tem presto na medida em que pode servis 8 Bri, io 6m grande pute, ay profes econ cas. por isso auc se wie dzer de nosoas sotedes, lo sem alguma riz, que eas ao ou enema set Sencilmente india. Uns forms denice que to trou tl gat na vida social no pode ee ee prermanecer to desteguamentad, erm que dso resul fem as mals profundas pertrbasdes. fem panicular uma fonte de desmoralzago Beta. Ps. precicmente Paesicto A scun sbica0 is porque as fungdes econdimicas absorvem hoje © maior ‘nlimero de cidadaos, hi uma multidio de individvos euia vida transcomre quase toda no meio industrial ¢ comercial, a decortécia disso € que, como tal meio € pouco matea- do pela moralidade, 2 maior parte da sua existéncia transcorre fora de toda © qualger ago mora. Or, para ‘que 0 sentiment do dever se fixe fortemente em ns, & preciso que as propsas crcunstincias em que vivemas 0 ‘mantenham permanentemente despento, Nio somos, por ratureza, propensos a nos incomodar € Nos coagif por ‘tanto, se nao Formos convidads a cada instante a exereer sobre nés essa coergio sem a qual nio hi moral, como ‘nos acostumariamas a ela? Se, nas ocupagoes que Preen- chem quase todo nosso tempo, nao seguirmas outa rege que a do nosso interesse propo, como tomariamos gosto pelo desinteresse, pela renincia de si, pelo scrifieo? AS- ‘im, a auséncia de qualquer disciplina econdmica n20 po- de deixar de extender seus efeitos além do proprio mun do econdenico © acaretar uma diminuigao da moralidade poblica, Mas, constatado 6 mal, qual € sua causa e qual pode ser seu remédio? No corpo desta obra, dedicamo-nos sobretudo a mostrar que a divisio do trabalho nao poder ser res ponsabilzada por ess stuacio, como foi, por vezes in justamente acusada; que ela nao produz necessariamente a dispersto e a incoeréncia, mas que as fungaes, quando ‘estio sficientemente em contato mas com 25 Outta tensdem por si mesmas a se equilibrate ase ajustar. Con- tudo, essa explicacao € incompleta, Porque, se € verdade ‘que as Fangoes sociis procurim de maneita espontinea adaptarse umas 2s outas, coatanto que estejam regular- ‘mente em relagio, por outo lado esse modo de adapt x ‘DA pnsio Do Teawauo soci ‘Glo $6 se tora uma regra de conduta se um grupo 0 onsagrar com su autordade, De fato, uma reg no & fapenas uma maneira habitual de agin, € antes de mais ‘nada, uma maneira de dgir obrigatora, isto &, que esc a, em certa medida, do atbitio individual. Ors, somente luma sociedade consiuida desfruta da supremacia moral © material que € indispensivel para impor a lei aos indi vidos: pois a Gnica personalidade moral que est acim das personalidaces pariculares€ a formada pela coletvi- dade. Alem disso, apenas els tem a continuidade ©, mes mmo, 2 perenidade necessiras para manter a egra além ‘das relagbes efEmeras que a encaram cotidianamente. mais: seu papel nao se limita simplesmente a erigir em preceitos imperativos os resultados mais gerais dos con- tratos pariculares, et intervém de maneiraativa e posi va na formagao de todas as regras, Em primeito lugar, ela 6 0 arbizo naturalmente designado para resolver os inte resses em confito e atribuir a cada um os limites que ‘convém. Em seguida, ela € a primeira nteressada em que 2 orem e a paz reinem: se a anomia & um mal, & antes dde mais nada porqve a sociedade softe dese mal, nio ppodendo dispensar, para vier, a coesio © a regulars Se, Uma regulamentagio moral ou jurdica exprime, pois, essencialmente, necessidades socials que 50 a sociedade pode conhecer ela repousa num estado de opinizo, € 1 ‘ opiniio € coist coletva, produto de uma elaboragzo ‘oleva. Para que a anomia tenia fim, € necessirio, por tanto, que exisia ou que se forme um grupo em que se ‘poss constiuro sistema de regs aualmente inexisente ‘Nem a sociedade politica em seu conjunto, nem 0 Esado, podem, evidentemente, incumbirse dessa fun ‘ho, a vida econémica, por ser muito especial © Por se fspecializar cada da mais, escapa 4 sua competéncia e a Sn agiot A atvidade de’ uma profislo sé pode ser re paasieso A sects soigho xt sgulamentada eficazmente por um grupo préximo © bas ‘ante dessa mesma profisio para conhecer bem seu fur clonamento, para sentir todas as suas secessdades e po- der seguir todas as variagbes desas. O Gnico grupo que corresponde a essas condigoes é o que sera Formado por todos os agentes de uma mesma indstria reunidos © ot sanizados num mesmo corpo. E 0 que se chama de cor orago ou grupo profissioal ‘Ora, na ordem econsmica, © grupo profisional exis {e tanto quanto a moral profisional. Desle que, do sem razao, 0 século passado suprimia as antigas corporacoes, no se fizeram mais que tentativas fragmentirias e in- ‘ompletas para reconsttulas em novas bases. Sem dvs da, 05 indviduos que se consagram a um mesmo oficio festdo em relagoes mituas por caust de suas acupagoes similsres. A propria concottencia ene eles 0s poe em relacio. Mas ess relagdes nada tém de regular eas de ppendem do acaso dos encontos e, na maoria das vezes, ‘ém um casiter totalmente individual, E este industri ‘que se acha em contato com aquele, Ado € 0 corpo ine ‘dustnal de determinada especialidade que se redne para agir em comum. Excepcionalmente, vemos todos os men bros de uma mesma profssio reunirem-se em congsesso para trata de alguma questo de interesse gera mas esses ‘congressos tem sempre dursc20 limitada, na sobrevivem 4s cicunstincas partculares que os susciaram e, depois, vida coletva de que foram ocasio se extingue mais ou ‘menos completamente com eles, (Os snicos agrupamentos dotados de certa perma- péncia so 0s que hoje se chamam sindicatos, set de pa tw6es, seja de operdros, Por certo, temos af um comego de organizacio profissonal, mas ainda bastante informe fe rudiment, Isso porgue, em primeiro lugar, um sini fato € uma associacao privada, sem autoridade legal, xi D4 brsio Do Teanauo soc esprovida, por conseyuinte, de qualquer poder reguls- ‘mentador. O nimero deles €teoricamente iimitado, mes ‘mo no interior de uma categoria industrial e, como cad lum & independente dos outros, se nio se constituem em Federagao e se unificam, nao ha nada neles que expeima 4 unidade da profissio em seu conjunto, Enfim, no $6 (0s sindicatos de patroes € os sindiatos de emipregados Slo distntos uns dos outros, 0 que élgitimo e necessdro, como nio hi entre eles coniatos regulaes. Nao existe oF sganizagio comum que os aproxime sem fazé-los perder sus individualidade e na qual possam elaborar em co- ‘mum uma regulamentagao que, esabelecendo suas rel bes mOtuas, imponha-se a ambas as partes com a mes- ‘ma autoridade; por conseguinte, ¢ sempre a lei do mais forte que resolve os conflfos,e 0 estado de guerra sub ‘iste por ineito. Salvo no caso de seus ates pertencentes 2 esfera da moral comum, pattdes e operiios esto, uns fem relagio os obtros, na mesma situagao de dois Est dos autémomes, mas de forca desigual. Hes podem, co imo fazem os poves por intermédio de seus governos, mar entre si contratos, mas esses contratos exprimem apenas o respectiva estado das forgas econémicas em presenga, do mesmo moda que os tatados que dois be! ‘gerantes fimam exprimem tio-Somente 0 respectivo es- tado de suas forcas militares. Els consagram um estado de fato © no podem fazer deste tm estado de diet. Para que uma moral © um dlreto profissionas pos- ‘sim se estabelecer nas diferentes profisses econémicis, € necessirio, pois, que a coxporagio, em ver de perma rnecer um agregado confuso © xem unicde, se tome, Ot antes, vote a Sef, Um gTUPO defini, ogganizado, numa palavea, uma instuigo pUlics. Mas vale projet esse nero vem se chocar contra cent nimero Ge preconcet tos que cumpre prevenir ou dissipar rerio A secuno soicio xi Em primeiro lugat, a corporagio tem contra si seu passado histrico. De fa, ela € tila como intimamente solidiria de nosso antigo regime politico e, por conse- fuinte, como incapaz de sobreviver a ele. Parece que re- ‘lamar para a indistria e para o comércio uma organiza- {lo corpozativa € querer seule 20 reves 0 curso da ist ria; or, tals represses sio justamentetdas ou como im- possiveis, ou como anortais, ‘© argumento cabera se se propusesse ressuscitar ar lficiamente a velha corporagio, tal como exstia na Ida- de Média, Mas nao & assim que a questio se coloca. Ni se tata de saber se a instiuig20 medieval pode conve tal ‘qual @ nossa sociedades contemporiness, mas se as ne- cessidades a que ela cortespondia mio sio de todos os tempos, conquanto deva, para satisfazé-as, se wansformar segundo os ambiente ‘Ora, 0 que perme considerar as comporagées uma ‘onginizagio temporiia, boa apenas para uma Cpoca e uma eiviizagio determinadas, &, a0 mesmo tempo, sua sande antiguidade e a maneira como se desenvolveram ra historia. Se elas datassem unicamente da Idade Média, poderseia crer, de fato, que, nascidas com um sistema politico, deviam necessariamente desiparecer com ele ‘Mas, na realidade, im uma onigem bem mats antiga, Em feral, clas aparecem desde que as profisdes existe, is- to é, desde que @ atividade deixa de ser puramente agri cola. Se nao parecem ter sido conhecidas na Grécia, pelo menos até a época da conquista romana, € porque 0s of ‘ios, sendo desprezados, eram exercidos exclusivamente por estrangeiros €, por 80 mesmo, achavarn-se exci ‘dos da orginizagi0 Tegal da cidade”. Mas em Roma elas ‘datam pelo menos dos primelros tempos

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