DA EDUCAÇÃO
Introdução
Compreender os processos que envolvem a mente humana, bem como
os caminhos que conduzem e estruturam o conhecimento, a inteligência,
as sensações, a afetividade e diversas outras nuances do sujeito, representa
um desafio histórico da sociedade. Entender, principalmente, as esferas
mentais que nos permitem chegar à aprendizagem sempre foi um sonho
de muitos pesquisadores e estudiosos. Nessa perspectiva, a psicologia
educacional pode ser descrita como uma subárea da psicologia que é
considerada uma área de conhecimento que se entende como corpus
sistemático e organizado de saberes, produzidos de acordo com proce-
dimentos definidos, referentes a determinados fenômenos ou conjunto
de fenômenos constituintes da realidade, fundamentado em questões
ontológicas, epistemológicas, metodológicas e éticas determinadas.
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O que o impulsiona?
O que o entristece?
Como se percebe dentro da escola?
O que o angustia?
Quais são seus medos?
O que o afeta?
As perguntas não param por aí. Ao contrário disto, vão emergindo a cada
novo conhecimento, a cada nova aprendizagem, a cada nova situação. Se o papel
do educador é mediar o ensino-aprendizagem e o do estudante é apropriar-se e
aprender, a psicologia da educação tenta analisar e discutir tudo que interfere
nessa relação, de modo a contribuir como uma ponte para que este processo,
que nós chamamos de ato pedagógico, tenha êxito.
No processo de ensino-aprendizagem, quando o professor diz que ensinou
algo, isso pode parecer simples, mas existe uma imensidão de atravessadores
que fazem parte desse processo e o influenciam. Assim, é importante que o
professor tenha o conhecimento e a sustentação da psicologia para reconhecer
e compreender tais atravessadores, para, a partir disso, entender as diferentes
faces desse processo e poder intervir da melhor maneira possível.
Nesse sentido, os estudos sobre cada um destes aspectos se reafirmam e
se materializam como uma série de estratégias, instrumentos e recursos para
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Percepção
Para a psicologia, a neurociência e as ciências cognitivas, a percepção consiste
na função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais a partir do
histórico de vivências passadas. Por meio da percepção, um indivíduo organiza
e interpreta as suas impressões sensoriais para atribuir significado ao seu meio.
A percepção consiste na aquisição, interpretação, seleção e organização das
informações obtidas pelos sentidos. A percepção pode ser estudada do ponto
de vista estritamente biológico ou fisiológico, envolvendo estímulos elétricos
evocados pelos estímulos nos órgãos dos sentidos. Do ponto de vista psicológico
ou cognitivo, a percepção envolve também os processos mentais, a memória e
outros aspectos que podem influenciar a interpretação dos dados percebidos.
Temas em psicologia da educação: motivação, percepção, inteligência, vida afetiva... 7
O uso dos sentidos (audição, visão, olfato, tato e paladar) permite ao ser
humano conhecer o mundo, e este contato acontece através das sensações.
John Locke, um grande filósofo que viveu na Inglaterra entre 1632 e 1704,
defendeu uma ideia muito importante e respeitada até hoje. Segundo ele,
para que alguém conheça alguma coisa, é necessário que se tenha contato
com os objetos, com a natureza e com as pessoas; esses contatos poderão ser
através do falar, do olhar, do cheirar, do tocar ou do degustar. John Locke
disse, ainda, que nossos conhecimentos mudam constantemente, de acordo
com nossas aprendizagens, de maneira que a cada experiência que vivemos
aprendemos mais coisas. Para o filósofo, além disso, todo conhecimento é,
no primeiro momento, simples e, a partir das experiências, ocorre de maneira
mais aprofundada. Assim, podemos concluir que, segundo Locke, conhecemos
o mundo sentindo.
Inteligência
Uma das concepções de inteligência inclui a qualidade de adaptar-se a situa-
ções novas e aprender com maior facilidade – são muitas as teorias científicas
sobre a inteligência.
Gohara Yegua (1987), em seu livro sobre avaliação da inteligência, descreve
que, ao participar de um evento sobre tal temática, muitos psicólogos expuseram
suas opiniões a respeito da natureza da inteligência. Alguns disseram reconhe-
cer o sujeito como inteligente a partir de sua capacidade pensar abstratamente;
outros disseram que a inteligência era a capacidade de se adaptar ao ambiente
ou a capacidade de se adaptar a situações relativamente novas ou, ainda, a
capacidade de aquisição de novos conhecimentos. Houve inúmeras teorias sobre
a inteligência: as que postulavam a existência de uma inteligência geral, as que
reafirmavam a existência de várias faculdades diferenciadas de inteligência e
as que defendiam a existência de múltiplas aptidões independentes.
De acordo com Elói (2012):
Vida afetiva
A afetividade engloba muitos aspectos que pertencem às situações prazer-
-desprazer. Ao procurar compreender a vida afetiva do sujeito, é necessário
adotar a terminologia adequadas, na medida em que se trata de uma área
de estudo repleta de nuances. Portanto, se até o século XIX eram usados,
indiscriminadamente, termos como emoção e sentimento, hoje, no estudo da
vida afetiva, fazemos a diferenciação destes termos:
Representações sociais
O conceito de representação social se estrutura no limite entre a psicologia e
a sociologia, especialmente entre a psicologia e a sociologia do conhecimento.
Os estudos sobre a representação social tiveram início com Émile Durkheim
(1978), com o conceito da teoria da representação coletiva, com o qual procurava
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Identidade
É a denominação dada às representações e aos sentimentos que o indivíduo
desenvolve a respeito de si próprio, a partir do conjunto de suas vivências,
orientações e experiências. A identidade é a síntese pessoal sobre o si mesmo,
incluindo dados pessoais (cor, sexo, idade), biografia (trajetória pessoal), atri-
butos que os outros lhe conferem, permitindo uma representação a respeito de
si. Nessa concepção de identidade, o sujeito está em transformação constante.
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Motivação
Esse aspecto continua sendo algo que carrega certa obscuridade dentro dos
estudos psicológicos, visto que a motivação carrega as atribuições de ser
responsável tanto pela facilidade quanto pela dificuldade do sujeito em seu
processo de ensino-aprendizagem. Às características motivadoras, atribui-
-se o sucesso ou o fracasso de educadores e educadoras ao tentarem ensinar
algo para seus educandos/as. Nessa perspectiva, são detectadas algumas
variáveis fundamentais:
Ambiente;
Forças internas ao sujeito, como necessidade, desejo, vontade, interesse,
impulso, instinto;
Objeto que atrai o sujeito por ser fonte de satisfação da força interna
que o mobiliza.
O que é desconstrução?
A desconstrução é fundamental, visto que qualquer que seja a análise desconstrutiva
ela não visará destruir o texto ou o aspecto analisado com o intuito de colocar-se contra
ele, de derrotá-lo, de criticá-lo negativamente, como se pretendesse, ao seu final,
descartar tal informação ou traçar um indiscutível mapa da verdade. A desconstrução
busca uma reinterpretação indefinida, sem a intenção de chegar a uma posição ou a
uma significação que seja definitiva ou total.
Assim, desconstrução, em sentido amplo, é qualquer análise que questione ope-
rações ou processos que visam desvendar algo que esteja oculto. A desconstrução
envolve a busca pelas contradições e por novas possibilidades. A desconstrução e
possível reconstrução permitem ao sujeito, além do ato de duvidar de aspectos já
pré-estabelecidos, a oportunidade de quebrar o que se encontra legitimado e intacto
para, assim, possibilitar novas construções ou reconstruções. A desconstrução se
apresenta como uma importante ferramenta de análise dos fatos e, certamente, é
necessária frente às identidades.
Problematizar alguns aspectos instituídos como verdades únicas são produtivos
modos de desconstruir e importantes possibilidades de análises históricas, culturais,
identitárias e/ou políticas das condições que possibilitam tais aspectos.
Leituras recomendadas
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. de L. T. Psicologias: uma introdução ao
estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 2008.
FREUD e a Psicanálise: psicologia da educação. Portal Educação, Campo Grande, 2013.
Disponível em:<https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/iniciacao-
-profissional/freud-e-a-psicanalise-psicologia-da-educacao/37939>. Acesso em: 03
nov. 2017.
REIS, V. Motivação em sala de aula. EDUCAÇÃO - A complexidade de Morin e Freire,
Florianópolis, 2011. Disponível em: <http://pedagogofaed.blogspot.com.br/2011/05/
motivacao-em-sala-de-aula.html>. Acesso em: 03 nov. 2017.
SILVA, A. M. V. et al. Pedagogia: bases psicológicas da educação. Valinhos, 2009.