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JS Godinho

TERAPÊUTICA MEDIANÍMICA

Curso Básico
(Apometria na prática)

PSIQUIATRIA

Espiritualidade e Saúde Mental

Agência USP

Por iniciativa do Instituto e Departamento de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas


da Faculdade de Medicina (HCFM) da USP, sob coordenação de Wagner Farid Gattaz,
professor titular de Psiquiatria da FM, foi publicada uma edição especial da Revista de
Psiquiatria Clínica (volume 34/suplemento 1/2007), tendo como enfoque o tema
"Espiritualidade e Saúde Mental". Foi a primeira revista médica em português a destinar um
fascículo inteiro à questão, cada vez mais investigada à luz da ciência.
Mais informações pelo site www.hcnet.usp.br/ipq/revista, ou pelos telefones (11) 3069-7801
ou 9966-9427 (assessoria do IPq)

Agradecimento

Depois de 20 anos de trabalho prático na mesa mediúnica, aplicando a terapêutica


medianímica com as técnicas apométrica e do desdobramento múltiplo, pudemos avaliar com
segurança, a necessidade de um curso sintético e bem fundamentado, isento de teorizações e
comentários desnecessários ao interessado apenas em praticar a técnica no serviço da
fraternidade, na mesa mediúnica.
O nosso agradecimento é dirigido aos colegas que referendaram e confirmaram nossas
experiências e teses, e continuam firmes e decididos, ostentando a bandeira do “aprender
servindo e do servir aprendendo”.
Agradecemos também aos pacientes que nos procuraram em busca de auxilio e nos
deram a oportunidade de ajudar aprendendo e a servir fraternalmente. Sem o auxilio desses
colaboradores indiretos não poderíamos ter realizado o nosso aprendizado na prática.
Agradecemos ainda nossos orientadores espirituais que, amorosamente estiveram ao nosso
lado, amparando-nos, incentivando-nos, e suprindo nossas falhas.

Muito obrigado a todos e que Jesus nos ilumine e ampare,.

Curso Básico de Apometria – ABEAP - Associação Brasileira para Estudos de Apometria


e Psiquismo.

O curso

Um curso destinado a formação de grupos terapêuticos medianímicos ou terapeutas do


psiquismo (Apometria e Desdobramento Múltiplo), deve seguir um roteiro lógico e simples.
Deve também estar contextualmente instrumentado, frente à necessidade que os candidatos à

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terapêutica fraternista apresentam, devido as dificuldades que encontrarão na tarefa em virtude
das complexas necessidade daqueles que buscam auxilio fraterno junto a esses grupos.
A mediunidade é um fenômeno natural no ser humano e está amplamente aflorada na
maioria das pessoas, no atual momento evolutivo.
Motivado por compromissos e comprometimentos com o passado inconseqüente, e
pela necessidade urgente de atualização consciencial, grande quantidade de espíritos
desesperados e pessoas em desarmonia buscam ajuda e assediam as pessoas portadoras da
mediunidade ou de recursos energéticos. Como isso, ocorre uma grande dissociação
consciencial nas pessoas, gerada pela pressão psicológica desses necessitados, e também
devido a mudança vibracional do próprio Planeta, que transita para estagio evolutivo mais
elevado. Então, como forma de aliviar essa pressão, precisamos preparar grupos de trabalho
eficientes, para socorrer e orientar essas pessoas.
O curso visa instrumentar instrutores, proporcionando-lhes um conjunto de
ferramentas que lhes dê boas condições de trabalho, capacitando-os a formar terapeutas
fraternistas, para que se tornem apômetras confiáveis, conscientes, preparados e eficientes.
A partir do inicio do curso deve-se começar a prática mediúnica, que exige amplo
treinamento para que se desenvolva adequadamente, e para que o candidato a incorporador ou
doutrinador dilua os receios, adquira confiança e experiência, sem as quais o conhecimento
teórico de nada adiantaria. A observação da ocorrência do conjunto de fenômenos é
fundamental nesse tipo de treinamento. Mas para isso, torna-se necessário ligeiras noções
sobre Ocultismo, Exoterismo, Esoterismo, noções mais profundas sobre Mediunismo,
Espiritualismo, Animismo, Espiritismo e terapêutica desobsessiva.
Devemos estudar os corpos, níveis e subníveis, suas propriedades, atributos e a
forma de desdobrá-los, sintonizá-los e tratá-los cromoterapicamente.
Necessário estudar também, na prática, a mediunidade, para que o candidato
aprenda a identificar e a trabalhar com a incorporação e a doutrinação em si, e suas diversas
características.
Aprender noções sobre os distúrbios dissociativos da consciência e da personalidade
(desdobramentos), e a gênese das personalidades múltiplas e subpersonalidades, suas
propriedades, natureza, características, e as leis que regem esses fenômenos. Além,
naturalmente, das leis da Apometria e do desdobramento de personalidades.
Ter conhecimentos sobre as propriedades e natureza das incorporações e das
sintonias de espíritos, incorporação de personalidades múltiplas e incorporação de
subpersonalidades, e procedimentos terapêuticos.
Memorizar noções sobre prováveis patologias de origem reencarnatória, anímicas,
personímicas, obsessivas, auto-obsessivas, cármicas, mediúnicas, comportamentais, etc, e sua
terapêutica.
Só depois do candidato ter uma noção geral sobre teoria e prática mediúnica e
terapêutica, é que partiria para estudos mais aprofundados. Nessa altura, já estaria trabalhando
normalmente e conseguindo observar com proveito as diferenças entre os diversos fenômenos,
características e propriedades dos elementos incorporados e de sua correlação com o
comportamento e sintomas das pessoas tratadas.
Enfim, para que um grupo possa realizar um bom trabalho apométrico/terapêutico é
necessário aprofundar estudos sobre a mediunidade, os processos obsessivos e auto-
obsessivos, os fenômenos de incorporação espiritual e anímicos, as personalidades e suas
propriedades, os corpos e seus atributos, as formas de comunicação com os elementos
anímicos e espirituais, as técnicas de tratamento terapêutico e de encaminhamento dos
elementos tratados, o Evangelho e demais temas ligados a terapêutica medianímica, para ter

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argumentos sólidos e recursos técnicos na hora do diálogo com as entidades. Deve-se, a partir
do primeiro dia de estudos, treinar a parte prática, e só depois do grupo ter uma boa noção
desses assuntos e, devidamente disciplinado, preparado, treinado e seguro, é que deve abrir
espaço para o atendimento ao público.
Ao final do curso, os associados de casas filiadas a esta entidade, em dia com suas
obrigações estatutárias e regimentais, receberão certificados, desde que tenham assistido, pelo
menos, 80% das aulas, com aproveitamento.
Sugerimos que este curso seja ministrado por pessoas experientes no trabalho de
desobsessão, preferencialmente doutrinadores ou médiuns que tenham conhecimentos e
facilidade para exemplificar e esclarecer os conceitos que as técnicas encerram, de forma clara
e simples.
Os resultados de um tratamento apométrico não dependem somente de amor
fraterno e da boa vontade, dependem muito de conhecimentos e estudo sobre o assunto, do
interesse e esforço do próprio atendido.
O curso de Apometria que ora entregamos aos leitores, é um trabalho enxuto e
adequado à formação básica dos interessados em aprender esta técnica de socorro fraterno,
maravilhosa, descoberta por Dr. José Lacerda de Azevedo.
Procurou-se elaborar um curso realmente sintético para que os interessados tenham
uma noção clara das potencialidades e possibilidades terapêuticas da Apometria. No entanto,
aqueles que desejam tornar-se realmente terapeutas apométricos, não devem esquecer da
necessidade de estudo constante das obras do Dr. Lacerda, de outros companheiros apômetras
e assuntos ligados ao psiquismo.
Sugerimos aos amigos que, devido às várias tendências diferentes na aplicação da
técnica, façam pelo menos esse curso básico para ter uma noção clara do que lhes espera e
também para que aprendam a forma correta de se trabalhar com Apometria, evitando-se os
entusiasmos fantasiosos e os tecnicismos esdrúxulos e destituídos de significado. A técnica
apométrica é simples ferramenta para o socorro de encarnados com problemas de ordem
anímica, personímica e espiritual, nada além disso. Porém, é uma técnica que pode ser bem
fundamentada pelos conhecimentos da psicologia e da Doutrina dos Espíritos, e que, encontra
respaldo substancioso também nos estudos e pesquisas de psiquiatras americanos. Por isso,
não deve ser enxertada por elementos estranhos, sem fundamento lógico, o que dificultaria a
sua aceitação pelas pessoas racionais, sensatas e afeitas a leitura.
Apesar de simples, a técnica apresenta resultados animadores, quando bem aplicada.
E está ai a disposição para ser utilizada pelas pessoas de boa vontade que desejam auxiliar no
alivio das dores e sofrimentos dos semelhantes.
As dificuldades de aceitação da Apometria têm ocorrido mais por descuido de
alguns apômetras apressados que empregam técnicas excêntricas e falam sem base lógica, do
que por outra razão, já que ela funciona muito bem, e tem fundamentos sólidos e
incontestáveis, que não podem mais ser ignorados pelos apômetras sérios. A Apometria pode
ser utilizada nos centros espíritas, centros espiritualistas, consultórios terapêuticos e, também,
por segmentos religiosos. Mas não deve fugir da ética cósmica (prática do amor fraterno),
essência das Leis Maiores.
Os ministrantes deste curso devem estar informados sobre os aspectos anímicos,
personímicos e espiríticos, e ter conhecimentos práticos sobre o trabalho desobsessivo e
terapêutico, realizado na mesa mediúnica. Caso contrário, terão dificuldades para ministrar o
curso com profundidade, embora possam colocar as questões e dúvidas como pesquisa para os
alunos.

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A listagem de casas autorizadas é disponibilizada na Internet no site da
Holuseditora, como também os livros que a editora publica: http://www.holuseditora.com.br .

Importante:

Trecho do discurso pronunciado por Léon Denis na sessão de 11 de setembro de


1888, no Congresso Espírita de Paris, respondendo ao Sr. Fauvety:

"Não vos viemos dizer que devamos ficar confinados no círculo, por mais vasto
que seja, do Espiritismo kardequiano. Não; o próprio mestre nos convida a avançar nas
vias novas, a alargar a sua obra. Estendemos as mãos a todos os inovadores, a todos os de
boa-vontade, a todos os que têm no coração o amor da Humanidade"

Consciência de responsabilidade sobre o como deve ser um pretendente a


apômetra e sobre o estudo e trabalho que vai assumir.
Vigilância mental e sua importância para o terapeuta
medianímico.
Estudos neurocientíficos comprovam que pensamentos, recordações e
acontecimentos se equivalem nos efeitos que provocam. Se forem da mesma natureza, ambos
provocam o mesmo tipo de reações no sistema nervoso, endócrino e emocional. Por exemplo,
um mau pensamento equivale a uma má recordação ou a uma vivência traumática. Os sistemas
emocionais, endócrino e nervoso reagirão da mesma forma. Por isso a importância de se fazer
o bem e de se pensar positivamente, para que só ocorram vibrações e reações positivas em
nosso ser. Portando, devemos nos orientar e orientar nossos pacientes sobre essa realidade.

Orientação básica aos candidatos a apômetra:


Com o objetivo de tornar o treinamento dos interessados mais didático e mais
prático, este curso pode ser dividido em tópicos diferentes para turmas diferentes ou
para finalidades diferentes.
Tópicos marcados com a letra A são os tópicos recomendados aos candidatos a
orientadores e dirigentes de grupos.
Os tópicos marcados com a letra B são os tópicos básicos que devem ser
ministrados aos candidatos a médiuns de incorporação e doutrinação.
Tópicos marcados com a letra C são os tópicos destinados ao curso de passistas
apométricos.
Quanto aos candidatos a evangelizador e palestrantes, estes devem ser afeitos
aos estudos da Doutrina Espírita, da Apometria e do psiquismo e da terapêutica
medianímica em geral, e do Evangelho em particular.
Um mesmo tópico pode estar marcado com duas ou mais letras, dependendo do
assunto.

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ÍNDICE

1º Módulo

O Exoterismo
O Esoterismo
O Ocultismo
O Mediunismo
O Espiritualismo
O Espiritismo
A Umbanda
O Candomblé

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O Exoterismo

Filosoficamente, Exoterismo é a doutrina que apregoa a transmissão dos


ensinamentos a um público irrestrito. Significa a percepção do que é externo, daquilo que a
pessoa comum conhece, que torna-se público, exterior. O Exoterismo é a verdade esotérica
exteriorizada da maneira mais simplista ou "superficial". É a aparência das coisas, à parte
externa de qualquer objeto, de qualquer fenômeno existente na natureza ou no universo. É a
fachada de apresentação dos seres em geral, inclusive o homem. Fachada essa que é percebida
através dos nossos cinco sentidos e da nossa capacidade de observação. É tudo aquilo que
pode ser tocado, observado, medido, experimentado e conhecido através de nossos recursos
sensoriais.
Podemos dizer que ao Exoterismo pertence o conjunto de conhecimento (científico
ou não) que vai desde o microcosmos até o macrocosmos. É tudo o que é passível de
desenvolvimento, de transformação, de mudança.

Exercícios para fixação:

a) Filosoficamente o que é Exoterismo com “x”?


b) O que significa Exoterismo?
c) Como é apresentada a verdade exotérica?
d) A que conjunto de conhecimentos pertence o Exoterismo?

O Esoterismo

Ao contrário do Exoterismo, o Esoterismo é a doutrina que prega a transmissão dos


ensinamentos apenas a um número restrito de iniciados como o ocultismo, por exemplo. A
palavra esoterismo deriva do grego e significa "interno" ou "escondido". Portanto, significa
estudo que se oculta às pessoas, revelando-se no tempo certo aos iniciados, não em escolas. É
o conjunto de conhecimento que não é adquirido através dos nossos cinco sentidos. É tudo
aquilo que constitui a essência das coisas e de todos os seres; é a natureza interior, a razão de
ser e de existir. Está além do mundo da matéria, do mundo físico e das aparências. É assunto
que diz respeito à Metafísica. O prefixo “meta” quer dizer “além”, logo, metafísica significa
“além da física”, aquilo que transcende, aquilo que corresponde à essência Divina que reside
no interior de toda criação. E se é “essência”, não pode mudar. É aquilo que é permanente e
não visível. Então, além da grafia, há uma diferença fundamental entre os conceitos exotérico
e esotérico. O primeiro, grafado com “x”, diz respeito ao que é “impermanente”, isto é,
mutável e transitório, o segundo, grafado com “s”, refere-se ao que é permanente, imutável.
Assim como nas coisas, também no ser humano, do nascimento à idade adulta,
opera-se uma grande transformação no corpo físico, no emocional, no mental e no espiritual.
Só uma coisa não se transforma: a sua essência espiritual.
Nós só conhecemos o nosso lado exotérico, o que sofre mudanças. Pouco
conhecemos do nosso lado esotérico, o que é permanente.
Nos lembramos de como éramos quando crianças, quando adolescentes, quando
jovens e sabemos dizer como somos quando adultos. Facilmente nos lembramos de tristezas,
de amarguras, de dificuldades, de dores físicas e emocionais, como também dos grandes
momentos de alegria, de felicidade, das coisas boas que nos aconteceram em cada fase da vida.
Pouco ou nada lembramos daquilo que é mais importante e que diz respeito àquela nossa parte

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que é permanente, imutável. Nos esquecemos completamente de perguntar e ir em busca de
respostas para as questões fundamentais da vida:“quem sou?”; “de onde venho?”; “para onde
vou?”; “por que e para que estou aqui no planeta Terra?”; “quais lições devo aprender?”;
“quais os meus objetivos como espírito?”
O Esoterismo tem a ver com essas coisas que não mudam, que continuam sendo
sempre as mesmas, embora o tempo continue passando. Tem a ver com as respostas para a
razão de ser e de existir. E o único caminho para encontrar essas respostas que preenchem o
vazio da alma é o AUTOCONHECIMENTO. É ele que nos leva até a nossa essência. Não
importa qual o método nem quais as técnicas a serem usadas, mas o autoconhecimento é, sem
dúvida, o único caminho. E isso é ESOTERISMO, que se relaciona intimamente com as
técnicas apométricas.

Exercícios para fixação:

a) Como doutrina filosófica o Esoterismo prega o quê?


b) Como é adquirida a verdade Esotérica?
c) Em que se constitui a verdade Esotérica?
d) Qual a diferença entre os conceitos Exotérico e Esotérico?
e) Exemplifique, na figura do ser humano, o conceito Exotérico e o conceito Esotérico?

Ocultismo

O Ocultismo é a ciência que estuda e utiliza conhecimentos sobre os mistérios da


Natureza. O Ocultismo engloba todos os tipos de fenômenos psicológicos, cósmicos,
fisiológicos, físicos e espirituais. A palavra Ocultismo deriva do latim “occultus” (oculto e
secreto). Com esse conhecimento, podemos desenvolver os nossos poderes psíquicos. A base
ocultista reside no estudo das coisas que estão fora do alcance da percepção da pessoa comum,
materialista.
As ciências ocultas não são fantasias nem conhecimentos destinados ao mal, muito
pelo contrário. O Ocultismo é uma espécie de "ramificação" da filosofia, mas se utilizado pelo
homem inferior, ganancioso e egoísta, pode ser perigoso.
O ocultista pratica os ensinamentos baseado no conhecimento exato de tudo que
concerne à natureza, sem prejudicá-la. Devemos tomar cuidado, portanto, com o fanatismo,
que pode "cegar" o iniciado despreparado. Da mesma forma, devemos tomar cuidado com o
conhecimento sobre Apometria, que, por ser um conhecimento ocultista, não partilhado com a
grande maioria, se mal utilizado, atendendo interesses subalternos, pode ser perigoso.

Exercícios para fixação:

a) O que é o Ocultismo?
b) Quais os fenômenos estudados pelo Ocultismo?
c) O que se pode fazer com o conhecimento Ocultista?
d) Onde reside a base do estudo Ocultista?
e) A ciência Ocultista pode ser considerada uma fantasia ou considerada perigosa?

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O Mediunismo

Mediunismo é a prática mediúnica de um modo geral. Sempre esteve presente na história da


Humanidade, quer antes, quer depois da codificação da Doutrina Espírita por Allan Kardec. A
mediunidade, como processo de comunicação espiritual entre encarnados e desencarnados,
ocorre desde os primórdios da Humanidade, tendo sido sempre um canal natural, porque ele se
efetua através de meios naturais de comunicação, ou sejam os veículos de manifestação do
espírito.
A palavra "mediunidade" surgiu pouco antes da codificação da doutrina espírita,
quando da manifestação de Espíritos nos Estados Unidos, em casa da família Fox, na
localidade de Hydesville (California, Estados Unidos). Nessa ocasião, alguém percebeu que
somente na presença das meninas Fox os fenômenos ocorriam e as chamou de "médiuns" (a
palavra médium, em Inglês, significa "meio" ou "intermediário"). A mediunidade então passou
a ser entendida como sendo a faculdade (ou conjunto de faculdades) característica de quem é
"médium". Contudo, verificou-se mais tarde que a mediunidade é uma faculdade relativamente
comum entre as pessoas. Allan Kardec afirmou serem médiuns todas as pessoas, porém, umas
são mais e outras são menos médiuns, isto é, em umas a mediunidade se manifesta de modo
bem evidente, enquanto que em outras ela quase não se manifesta (pelo menos não
ostensivamente).
Nas tribos humanas primitivas, as manifestações mágicas quase sempre denotavam
a presença de Espíritos ("almas" ou "sombras" dos mortos). Dentro das atividades religiosas
das civilizações antigas (Índia, China, Egito), a comunicação com "deuses" e "forças
espirituais" eram comuns, ainda que não se falasse em médiuns e mediunidade. A faculdade de
se comunicar com Espíritos ou forças correspondentes era exclusividade de sacerdotes, magos,
feiticeiros, pagés, santos, profetas, etc, o que, entretanto, não impedia que a mediunidade
estivesse presente ainda que potencialmente em todas as pessoas.
A expressão mediunismo, criada por Emmanuel, designa as formas primitivas de
mediunidade que fundamentam as crenças e a religião primitiva, com adoração, inclusive, de
objetos inanimados, broches, talismãs, amuletos, etc, o fetichismo nas crenças indignas e
religiões africanas. A diferença entre Mediunismo e Mediunidade está na conscientização do
problema mediúnico. A mediunidade é o mediunismo desenvolvido, racionalizado e submetido
à disciplina religiosa, filosófica e às pesquisas científicas necessárias ao esclarecimento dos
fenômenos, sua natureza e suas leis.

Exercícios para fixação:

a) Defina o que é mediunismo?


b) Desde quando surgiu a prática do mediunismo e da mediunidade?
c) Quando surgiu a palavra mediunidade?
d) Qual a diferença entre mediunidade e mediunismo?
e) O que significa ser médium?
f) A mediunidade é faculdade comum a todas as pessoas?

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O Espiritualismo

O Espiritualismo é a Doutrina filosófica que admite a existência de Deus e da alma.


Contrapõe-se ao Materialismo, que só admite a matéria.
Segundo o Materialismo, no ser humano só haveria o corpo físico. Até as funções
superiores como a memória, o raciocínio, as emoções, os sentimentos poderiam ser reduzidos
como simples reações físico-químicas do sistema nervoso, do sangue, das glândulas internas.
O Universo seria formado por acaso e seria explicado dentro das leis das ciências exatas
(Matemática, Física, Química Astronomia etc). Essa é a tese do Materialismo Filosófico, que
não deve ser confundido com o Materialismo Pragmático e Hedonista ( 1) adotado por aquele
que, embora se diga até mesmo religioso, só quer mesmo é gozar os prazeres da vida terrena,
nem que seja sobre a miséria alheia.
Apesar do aspecto comum, do caráter espiritualista, a Umbanda não se configura no
corpo da Doutrina Espírita nem o Espiritismo se conforma à organização religiosa da
Umbanda. À parte o fenômeno, que é ponto pacífico, devemos considerar os dois movimentos
em seus campos adequados, sem confusão nem rivalidade: Umbanda deve ser compreendida
como Umbanda e Espiritismo deve ser compreendido como Espiritismo.
Por Doutrina Espiritualista entende-se toda a doutrina que em seus pressupostos
adota a imortalidade da alma. Assim, poder-se-ia arrolar a Teosofia, o Esoterismo, a Escola
Rosacruciana, a Umbanda, o Catolicismo, etc. Porém, entre elas existem pontos de
divergência. Tomemos a palavra reencarnação. O catolicismo não aceita a tese da
reencarnação, mas há muitos grupos orientais que além de aceitá-la, reduzem-na à
metempsicose, ou seja, à transmigração da alma em corpo de animal.
A doutrina Rosacruz, por exemplo, tem os seus símbolos, as suas cerimônias, os
seus conceitos, a sua maneira de explicar o infinito imanifesto, os sete planos da consciência,
a alma do mundo. Sua forma simbólica de explicar a reencarnação, o que não acontece com o
Espiritismo. Os ensinamentos advogados pela Fraternidade Rosacruz sustentam que todas as
formas viventes têm origem divina, e que o propósito da vida é a aquisição de experiências a
fim de expandir a consciência, através das sucessivas encarnações. Desta forma, o homem
teria tido a consciência de um mineral no início do desenvolvimento, e no futuro adquirirá as
potencialidades de um deus
Todos os religiosos que aceitam a Alma e Deus, são, por isto mesmo, espiritualistas,
mas não espíritas. Assim, a palavra espiritualista tem significado muito vasto, abrangendo o
católico, o protestante, o umbandista, o candomblecista, o israelita ou judeu, o islâmico ou
maometano etc.

Exercícios para fixação:

a) O que é o Espiritualismo?
b) Exemplifique algumas doutrinas espiritualistas.
c) Exemplifique alguns conceitos contraditórios entre algumas doutrinas espiritualistas.
d) Os religiosos que aceitam a alma e Deus são espíritas ou espiritualistas?

O Espiritismo

1 Hedonismo: Tendência a buscar o prazer imediato, individual, como única e possível forma de vida moral, evitando tudo o
que possa ser desagradável.

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No item I – Espiritismo e Espiritualismo, da Introdução ao Estudo da Doutrina
Espírita, constante de “O Livro dos Espíritos”, Kardec esclarece:
"Para as coisas novas necessitamos de palavras novas, pois assim o exige a clareza
de linguagem, para evitarmos a confusão inerente aos múltiplos sentidos dos próprios
vocábulos. As palavras espiritual, espiritualista e espiritualismo, têm significação bem
definida; dar-lhes outra, para aplicá-las à Doutrina dos Espíritos, seria multiplicar as causas
já tão numerosas de anfibologia (2). Com efeito, o espiritualismo é o oposto do materialismo;
quem quer que acredite haver em si mesmo alguma coisa além da matéria é espiritualista;
mas não se segue daí que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o
mundo visível.
Em lugar das palavras espiritual e espiritualismo empregaremos, para designar
esta última crença, as palavras espírita e Espiritismo, nas quais a forma lembra a origem e o
sentido radical e que por isso mesmo tem a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis,
deixando para espiritualismo a sua significação própria. Diremos, portanto, que a Doutrina
Espírita ou Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou
seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se o quiserem, os
espiritistas.
Como especialidade “O Livro dos Espíritos” contém a Doutrina Espírita; como
generalidade liga-se ao Espiritualismo, do qual representa uma das fases. Essa a razão
porque traz sobre o título as palavras: Filosofia Espiritualista."

O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina


filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os
Espíritos; como filosofia, ele compreende todas as conseqüências morais que decorrem dessas
relações.

Pode-se defini-lo assim:

O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos


Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal.

Como doutrina filosófica, diferencia-se das outras correntes filosóficas por ter
características bem definidas, a saber:
a – concepção tríplice do homem: Espírito, Perispírito, Corpo Físico;
b – sobrevivência do Espírito como individualidade;
c – continuidade da responsabilidade individual;
d – progressividade do Espírito dentro do processo evolutivo em todos os níveis da natureza;
e – comunicação mediúnica disciplinada voltada para o esclarecimento e a consolação de
encarnados e desencarnados;
f – volta do Espírito à matéria (reencarnação) tantas vezes quantas necessárias para alcançar a
perfeição relativa a que se destina, não admitindo, no entanto, a metempsicose, ou seja, a
volta do Espírito no corpo de animal para pagar dívidas, como aceita o Hinduísmo.
Conforme o Espiritismo, o Espírito não retrograda, embora a forma se degrade;
g – ausência total de hierarquia sacerdotal;
h – abnegação na prática do bem, ou seja, não se cobra nada por esta ou aquela atividade
espírita;

2 Anfibologia: ambigüidade, duplo sentido, imprecisão, incerteza.


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i – terminologia própria;
j – total ausência de culto material (imagens, altares, roupas especiais, oferendas, velas, etc.);
l – na prática espírita não há batismo nem culto ou cerimônia para oficializar casamento;
m – respeito a todas as demais religiões, embora não incorpore a seu corpo doutrinário os
princípios e rituais delas;
n – a moral espírita é a moral cristã: "fazer ao próximo aquilo que dele se deseje".
o) surgiu no mundo em 1857, com Allan Kardec.
É uma doutrina de base científica, propensa ao método experimental, de cogitações
filosóficas muito elevadas, porque trata do destino da alma humana, preparando o homem para
a prática do Bem, única estrada que conduz a Deus.
Não existe espiritismo de mesa, alto espiritismo, baixo espiritismo, espiritismo de
mesa branca, e outras expressões similares. Existe somente Espiritismo.
Fica também esclarecido que a expressão Kardecismo não corresponde à realidade,
pois a doutrina não é de Kardec. Allan Kardec organizou, codificou a Doutrina Espírita ou
Espiritismo, que lhe foi passada pelos Espíritos encarregados de concretizar entre nós o
“Consolador” prometido por Jesus.
Sob o ponto de vista fenomenológico ou experimental, o Espiritismo tem relações
com o Moderno Espiritualismo ocidental, uma vez que o elemento primordial desse
movimento foi o fato mediúnico. Do mesmo modo, o Espiritismo tem vínculos com as
correntes espiritualistas do Oriente, sob o ponto de vista filosófico da reencarnação; sob o
ponto de vista histórico, entretanto, nem mesmo com as escolas e doutrinas reencarnacionistas
a codificação do Espiritismo tem liames diretos. As doutrinas orientais, aquelas que têm mais
afinidade com o Espiritismo, em virtude da velha crença na reencarnação, já existiam desde
milênios. Assim, pode-se dizer que todo espírita é espiritualista, mas nem todo espiritualista é
espírita, porque tanto um quanto o outro acredita na existência de Espíritos, mas não quer dizer
que os dois acreditam em suas manifestações. Da mesma forma, não se pode confundir
mediunidade com Doutrina Espírita.

Exercícios para fixação:

a) O que é o Espiritismo?
b) Quando surgiu a Doutrina Espírita?
c) Quem foi o codificador do Espiritismo?
d) Filosoficamente, quais as características que diferenciam a Doutrina Espírita das
demais?
e) O Espiritismo é uma doutrina exotérica ou esotérica?
f) Os Espíritas são também Espiritualistas?
g) Qual o principal livro da codificação Kardequiana?

A Umbanda.

UMBANDA (AUM-BHAN-DAN)

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A Umbanda é uma religião brasileira em sua origem. É derivada da palavra AUM-
BHAN-DAN que, segundo os estudiosos, significa o Conjunto das Leis Divinas.

O Movimento Umbandista surgiu no Brasil por intermédio de uma entidade


chamada Caboclo Curugussú. Em 15 de novembro de 1908, um rapaz de 17 anos, chamado
Zélio Fernandino de Moraes, natural de Niterói RJ, foi incorporado por um espírito, chamado
“Caboclo das 7 Encruzilhadas”, o qual declarou fundado o primeiro Templo de Umbanda.
Disse que a nova religião teria como base os Evangelhos e que as sete casas que orientariam a
fundação teriam o nome de santos católicos (Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora da
Guia, Santa Bárbara, São Jorge, São Jerônimo, etc.)
Alguns seguidores denominam a umbanda como religião, outros como um sistema
de comunicação entre o mundo psíquico ou espiritual e o mundo físico ou material. Nesse
sistema estão incluídos todos os seres. Com relação aos Espíritos eles estão divididos em dois
grandes grupos, a saber: Orixás e Eguns.
Orixás são espíritos de freqüência altíssima que nunca tiveram qualquer espécie de
vida material. Já os Eguns: Espíritos evolutivos, de freqüência baixa, que evoluem através de
reencarnações neste e em outros Orbes.
Todos os conhecidos Guias da Umbanda, são Eguns, evoluídos, que trabalham na
Seara Divina, em prol do aprendizado dos irmãos aprisionados na matéria evolutiva, sob a
égide dos Orixás.
A Umbanda prática, em cada uma das suas sete Nações, tem sete Linhas, cada Linha
sete Falanges, cada Falange sete legiões, cada Legião sete Peões, cada Peão comanda sete
Elementares e cada Elementar tem a seu serviço, sete avissais.
De outra forma, podemos dizer que as sete linhas da Umbanda correspondem a sete
padrões de vibrações diferentes.
O que chamamos de orixás são os nomes das energias. Não existe um espírito
Xangô, mas um grupo de espíritos trabalhando com uma determinada faixa energética que
chamamos de Xangô. Da mesma forma, Yemanjá não é um espírito. A imagem dela em um
centro é um reservatório de energia.
Os espíritos da Umbanda são os Pretos-velhos, os exus, as crianças, os
índios etc, mas eles não podem ser confundidos com os Orixás, com as
energias.
Oxalá é uma energia e não Deus ou Jesus. Oxalá é uma faixa de energia e existe
uma falange de espíritos que trabalha com essa determinada faixa de energia. Essa é a energia
mais pura dentro da Umbanda. É a energia para a ligação com Deus através da Fé.
Quando a sua Fé está abalada, um dos espíritos dessa falange age para reforçar a sua
Fé, a sua ligação com Deus.
Yemanjá é uma energia de purificação do seu
sofrimento, faz a limpeza "fina".
Oxossi é uma energia para trazer Coragem.
Oxum é uma energia sentimental. Para você não sofrer com os filhos, com as
amizades, para cuidar da ligação sentimental com os seres humanos, utiliza-se essa energia.
Yansâ é a energia é usada para ajudar durante as tempestades da vida. Xangô é a
energia da Lei do carma. Quando você se revolta com o que está acontecendo, quando não
aceita o que está escrito no seu "livro da vida",precisa dessa energia.
Ogum é a energia do amor, ou seja, o cumprimento da lei de Deus.

12
Os espíritos da Umbanda trabalham com uma dessas sete energias. Como preto-
velho, por exemplo, posso trabalhar com as sete mas não estou ligado a nenhuma delas. O
Preto-Velho é uma das posturas que o espírito toma para o trabalho mediúnico.
Assim, posso estar conversando com um consulente e com ele uso a energia de
Yemanjá. Com um outro consulente eu "chamo Oxossi", ou seja, não chamo um espírito
chamado Oxossi, mas uso essa determinada energia que se chama Oxossi. Uma coisa é a faixa
energética e outra a postura do espírito. Eu me aproximo do médium e trabalho usando
determinada postura. Sendo um espírito da falange umbandista, eu posso vir como Índio, como
Preto-Velho ou como Exu.
Na realidade, os espíritos da Umbanda são espíritos socorristas que trabalham com
uma determinada faixa energética, definida pela espiritualidade superior. Essa é a essência da
Umbanda. No novo tempo, na terra regenerada, as religiões terrestres vão desaparecer. No
astral, a umbanda continuará a trabalhar com a mesma faixa, mas de uma forma diferente que
na terra. A mesma coisa acontecerá com as demais religiões. A Umbanda é uma religião
espiritual, mas que tem seus reflexos no mundo físico tais como postura e objetos materiais.
1 – um médium de Umbanda deve adotar uma postura adequada, digna e correta.
2 – a música cantada ou com atabaque revela ou deixa conhecer o ritmo da energia que está
sendo trabalhada naquele momento, não chama a entidade, apenas mostra para os espíritos
a faixa de onda em que devem trabalhar, mostra o padrão vibracional que está existindo
agora.
3 – a roupa branca se usa no trabalho de Umbanda para separar o médium do consulente. A cor
da roupa não vai influenciar notrabalho.
4 – as imagens funcionam apenas como condensadores ou reservatórios de energia.
5 – as guias servem para colocar o espírito em sintonia com umadeterminada energia.

Nota: Para alguns, esses materiais não são imprescindíveis no trabalho de Umbanda.
6 – sobre as oferendas aos orixás e as entidades existem receitas muito inteligentes e sensatas
como esta, por exemplo:
a) um pacote de amor, em pó, para que qualquer brisa possa espalhar para as pessoas que
estiverem perto ou longe de você;
b) um pedaço (generoso) de fé, em estado rochoso, para que ela seja inabalável;
c) algumas páginas de estudo doutrinário, para que você possa entender as intuições que
recebe;
d) um pacote de desejo de fazer caridade desinteressada em retribuição, para não
"desandar" a massa de teus propósitos;
e) Junte tudo isto num alguidar feito com o barro da resignação, determine-se e venha para
o terreiro;
f) coloque em frente ao Congá e reze a seguinte prece: "Pai, recebe esta humilde oferenda
dada com a totalidade da minha alma e revigora o meu físico para que eu possa ser um
perfeito veículo dos teus enviados. Amém."

Pronto! Você acabou de fazer a maior oferenda que qualquer Orixá, Guia ou Entidade pode
desejar ou precisar...
Alguns segmentos defendem a tese de que a Umbanda é a fusão de 04 raízes
esotéricas, sendo elas a Raiz Ameríndia (contendo conceitos religiosos da primeira raça
humana, preservados pelos antigos Tupi-Guaranis e seus sofridos descendentes), a Raiz
Melanida (contendo conceitos da antiga raça negra, preservados principalmente pelos
iorubanos), a Raiz Ariana (contendo conceitos esotéricos da antiga raça branca, preservados

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especialmente pelos Ases Arianos) e a Raiz Heleno-Semita (contendo conceito esotérico do
Universo compreendido com um organismo vivente (a Astronomia), que nos foi legado pelos
nosso antepassados egípcios-helênicos; ao conceito esotérico do poder criador da palavra (a
Cabala), que nos legaram nossos antepassados semitas; ao conceito esotérico da transmutação
da essência-matéria e do próprio indivíduo (a Alquimia), que nos foi legado pela escola do
Califado de Córdoba e ao conceito esotérico do poder do amor fraternal e da misericórdia (o
Cristianismo Essênico), que nos legaram nossos antepassados essênios-cristãos).
O estudo do movimento umbandista revela uma mistura de conceitos esotéricos de
outras religiões, como que embutidos em sua elástica doutrina ainda não codificada. São
conceitos esotéricos Egípcios, Sumerianos, Caldeus, Brahmânicos, Védicos, Hebreus,
Cristãos, Católicos, Tupi-Guaranis e Africanos, consubstanciados na Astrologia,
Reencarnação, Karma, Chackram, Prâna, Cabala, Jesus, Anjos, Arcanjos, Santos, Diabo,
Defumação, Ervas, Fumo, Caboclos, Orixás, Axés, Guias e Pretos-Velhos. Todos estes
conceitos esotéricos se fundem em uma imensa "salada religiosa", praticada por mais de
50.000.000 de brasileiros, de uma forma ou de outra.
O Círculo de Estudos Umbandísticos "ORDEM DO CÍRCULO CRUZADO", sob a
responsabilidade de Mestre Itaoman, conforme consta no livro "Pemba, a Grafia Sagrada dos
Orixás", da Editora Thesaurus, exprime o AUM-BHAN-DAN sob a forma de dez conceitos:
1º Conceito Básico: DEUS.
2º Conceito Básico: O ESPÍRITO - A ENERGIA - O ESPAÇO CÓSMICO.
3º Conceito Básico: O PLANO ESPIRITUAL.
4º Conceito Básico: O LIVRE ARBÍTRIO E A LEI DE CAUSA E EFEITO.
5º Conceito Básico: O CAOS E A CRIAÇÃO DO UNIVERSO ASTRAL.
6º Conceito Básico: O AUMBHANDAN É A VIA DE REASCENSÃO REGIDA
PELOS MÉDIUNS DIVINOS: OS ARASHAS (ORIXÁS).
7º Conceito Básico: A VIDA É PURIFICAÇÃO E A MORTE UM INTERVALO.
8º Conceito Básico: A SOMA DE AÇÕES INDIVIDUAIS.
9º Conceito Básico: AS REENCARNAÇÕES.
10º Conceito Básico: A LEI REVELADA: A CORRENTE ASTRAL DE AUMBHANDAN.

Nota: Para maiores detalhes sugerimos livros tais como: UMBANDA DE TODOS NÓS, W.W.
da Matta e Silva, Editora Ícone; AUMBHANDAN - A PROTO-SÍNTESE CÓSMICA, F.
Rivas Neto, Editora Ícone; PEMBA - A GRAFIA SAGRADA DOS ORIXÁS, Mestre Itaoman,
Editora Thesaurus.

Exercícios para fixação:

a) O que é a Umbanda?
b) Onde e quando surgiu a Umbanda?
c) Quem foi o precursor do movimento umbandista no Brasil?
d) Qual deveria ser a base do movimento umbandista surgido no Brasil?
e) Ao que corresponde as sete linhas da Umbanda?
f) O que significa Orixá?
O Candomblé

O Candomblé é uma religião africana trazida pelos escravos negros para o Brasil, no
final do século XVI (aproximadamente de 1700 à 1850), quando chegaram os primeiros navios
negreiros. Segundo alguns estudiosos, a religião ao chegar aqui foi cultuada com total

14
diferença de seu habitat natural, há onde ocorriam manifestações que eram específicas de cada
região, que resultavam até em diferenças de culto, onde os mesmos Mikisi (Orixás) possuíam
nomes absolutamente diferentes que variavam de região para região. E desenvolveu-se aqui de
maneira própria.
Pesquisadores afirmam ter havido na África mais de 600 deuses, chegando aqui
aproximadamente 50, e embora não seja de concordância de muitos, 16 são os mais
conhecidos.
Essa discordância se dá devido a não existência de registros oficiais, porque dentro
desta cultura tradicionalista sempre foi, e é até hoje, passado oralmente de geração para
geração, preservando os segredos do culto especialmente para os seus Sacerdotes e
Sacerdotisas.
Não sendo encontrado obra sobre os mitos nigerianos, angolanos, entre outros
africanos, os estudiosos europeus e americanos escreveram tudo que pesquisaram junto aos
sacerdotes, de acordo com aquilo que eles foram lhes revelando, dentre várias viagens feitas
por estes pesquisadores, entre Nigéria e Angola e, no Brasil, mais especificamente
Salvador/Bahia, onde muitos descendentes negros africanos permaneceram fiéis as crenças de
seus antepassados, comemorando durante as maravilhosas cerimônias os seus sagrados rituais.
O Candomblé é uma religião dinâmica, pela sua variedade de deuses, é
essencialmente politeísta, porém, crê em um único Deus criador, Olorún (olo = dono, senhor;
orun = céu, espaço celeste sagrado), que criou o céu e a terra, os orixás e o homem. O Orún
sua moradia e dos Araorún, todos os ancestres e elementais divinizados; o Aiyé, moradia dos
Araiyé, os seres humanos, os animais, vegetais, minerais e toda forma da natureza; os orixás,
elementais da natureza por excelência, guardiões e fiscais da mesma, energia indispensável
para toda sobrevivência, com função dupla: reger e cuidar da natureza em si e da natureza
humana; o homem, objeto maior da sua criação, para de tudo usufruir dentro dos critérios do
seu Criador.
A teologia iorubana, só faz referência ao Orún e Aiyé , em momento algum, em
qualquer circunstância fala sobre as palavras - inferno e pecado. As leis, a lógica, o bom senso
e os ensinamentos permeiam a conduta das pessoas, e, mesmo porque são termos posteriores à
criação do homem pela teologia iorubana. No Candomblé nada se inventa, tudo se aprende. O
saber e o conhecimento só vem com o tempo, ensinamento, humildade, axé, merecimento e
compreensão; a sua prática tende a se adaptar, pelo crescimento e modernidade do mundo,
professando a sua religião através dos seus ritos, cada vez mais, confinados no seu Ilê Axé
(casa de candomblé).
Seus Orixás são: Exú, Lógunnède, Nanã, Obá, Obaluayiê, Ogun, Òrúnmmìlà,
Ossain, Oxalá e Oxóssi.

Exercícios para fixação:

a) O que é o Candomblé?
b) Onde e quando surgiu?
c) Cite algumas das 16 divindades mais cultuadas no Brasil?

2º Módulo

O Agregado Humano ou Periespiritual

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O Ternário Superior e o Quaternário Inferior
O “Agregado Humano” - conceitos
O que está em cima é análogo ao que está em baixo
Espírito ou Monada Quântica.
Corpo Átmico
Corpo Búdico
Corpo Mental Superior
Corpo Mental Inferior
Corpo Astral ou Emocional
Duplo Etérico
Corpo Físico
A Consciência
Desdobramento e tratamento dos Corpos, Níveis e Subníveis

O “Agregado Humano” ou “Agregado Periespiritual”

O “Agregado Humano” é o conjunto de estruturas que serve ao ser espiritual


(“mônada quântica”), composto pelos corpos Atmico, Búdico, Mental (Superior e Inferior),

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Corpo Emocional (Astral), corpo Energético (Duplo Etérico) e Corpo Físico. Estas estruturas
servem de veículos decodificadores das vibrações do Espírito de um lado, e de instrumentos de
manifestação da consciência com suas personalidades de outro, e proporcionam a sua
possibilidade de manifestação e evolução nos vários planos em que atua. É o suporte do
espírito e de sua consciência, composto dos seguintes elementos (principais): sete corpos; sete
níveis para cada corpo; sete subníveis para cada nível (os “níveis” e “subníveis” nada mais são
do que camadas e subcamadas vibracionais dos corpos, para que possa haver a conexão e
interação entre um e outro corpo). A vibração de um corpo imediatamente inferior é centenas
de vezes menor que a vibração do corpo imediatamente superior, na escala hierárquica, por
isso, a necessidade de níveis ou moduladores vibracionais entre eles, possibilitando as
conexões e ligações. O agregado é composto também de sete chacras principais; vinte e um
chacras secundários; três nadis principais (Sushumna: do chacra da coroa ao chacra da base;
Ida: do cóccix à narina esquerda; Pingala: do cóccix até à narina direita); e catorze meridianos
principais.
No plano manifestado, o agregado é composto pela consciência e seus vários
elementos, incorporáveis, constituídos pela “personalidade encarnada”, a qual pode desdobrar-
se em “subpersonalidades”, e também pelas personalidades antigas ou “personalidades
múltiplas”. No conjunto, esses elementos representam uma verdadeira “hierarquia
entrelaçada”, manifestando seus contextos e criando infinitas “ondas de possibilidades” para
facilitar e promover a evolução do espírito.

O Ternário Superior e o Quaternário Inferior.

Constituindo o Ternário Superior, o “eu”, a Tríade Divina do Agregado, temos o


Corpo Átmico, o Corpo Búdico e o Corpo Mental Superior ou Abstrato.
Formando o Quaternário Inferior, o “ego”, temos os corpos Mental Inferior, Astral,
Duplo Etérico e Corpo Físico.
Esta terminologia foi adotada pela Teosofia, pelo Esoterismo, por algumas escolas
ocultistas e também por algumas religiões orientais. Já o Espiritismo considera o homem como
uma trilogia: corpo somático ou físico, perispírito e espírito. Para Kardec alma é espírito
encarnado e espírito é o ser liberto da carne. Para Lacerda, alma e perispírito deveriam ser
sinônimos, pois estes termos envolvem diversos corpos sutis. Todos os pensadores da Igreja
primitiva faziam distinção entre esses elementos. Paulo de Tarso definia espírito (pneuma),
alma intermediária (psique) e corpo físico (soma). De qualquer forma, algumas noções sobre
isso são importantes para nós, dado que teremos trabalhar com alguns desses corpos.

O “Agregado Humano” - conceitos

Utilizei a nomenclatura “Agregado Humano” para designar o conjunto de estruturas


que dá suporte às manifestações do espírito, a partir do qual ele pode produzir uma ampla
gama de fenômenos nos diversos planos vibratórios em que se manifesta. Se isso ocorre em
nosso plano físico, não há porque duvidar que o mesmo deva ocorrer nos outros vários planos
de vida, conhecidos ou desconhecidos de todos nós.
Esse conjunto de estruturas de suporte de manifestação do espírito recebeu dos
diversos estudiosos de diferentes escolas que o estudaram mais detalhadamente, as mesmas
nomenclaturas e designações, aparentemente semelhantes. Vejamos os seguintes conceitos:

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Stanislaus de Guaita e Charles Lancelin

Para o ocultista rosacruz Stanislaus de Guaita (1861 -1897) e também para o


pesquisador Charles Lancelin (1852 – 0000), o “Agregado Humano” é composto dos seguintes
elementos (principais):
- 1º - Corpo Átmico: primeiro envoltório do espírito e elemento de ligação com a energia mais
grosseira;
2º - Corpo Búdico: sede das três almas (Moral, Intuitiva e Consciencial), tendo por atributos a
função de ser o banco de dados da consciência e impulsionador do constante progredir;
3º - Corpo Mental Superior: decodificador da vontade e da imaginação do espírito;
4º - Corpo Mental Inferior: sede da intelectualidade e decodificador dos cinco sentidos;
5º - Corpo Astral (emocional): decodificador das emoções e organiza e administra o modelo
biológico (molde) para a formação dos corpos físicos em cada existência;
6º - Duplo Etérico: sede dos Chacras, usina captadora, geradora, transmutadora e distribuidora
dos mais variados tipos de energias para os demais corpos e veículo da mediunidade;
7º - Corpo Físico: ferramenta operatriz para manifestação do espírito na na matéria densa.

W.W. da Matta e Silva

Apesar das diferenças encontradas pelas escolas ou segmentos filosóficos, com suas
diferentes classificações e nomenclaturas, não há, em verdade, grandes alterações em sua
essência e descrição morfológica. Na obra “A Umbanda Esotérica”(3), do mestre Da Matta e
Silva, no capítulo Lições de Umbanda e Quimbanda na Palavra de um Preto Velho”, 2ª parte,
páginas 53 a 73, onde trata dos sete veículos do Espírito, diz que, ao tomar contacto com a
natureza da matéria ou energia massa, o Espírito precisou construir sete veículos, porque ele,
espírito, está por fora de qualquer transformação de energia natural em “estados”, por mais
sutis que esses sejam, descrevendo da seguinte forma sua nomenclatura e constituição:
1º - Corpo-psíquico-somático: cármico de ligação indireta ao ser, quer encarnado ou
desencarnado. É o corpo da aferição de causas e efeitos;
2º - Corpo ou alma do Espírito: verdadeiro Corpo Causal. Consciência real. É o primeiro
plasmador ou condensador das vibrações diretas do espírito;
3º - Corpo Mental: aspecto de Alma-pensamento. Sede do raciocínio, plasmador de
Personalidades;
4º - Corpo Astral puro: sede das sensações, perispírito. Sempre obliquo à esquerda de 7 a 49
cm do centro físico quando em sono, transe e desdobramento;
5º - Corpo ou Elemento vital: coesão vital manifesta. Fluído nervoso;
6º - Condensador Etérico ou Duplo Etérico: nele se processam os fenômenos
físicos da mediunidade;
7º - Corpo Denso ou Físico.

Ainda, segundo da Matta e Silva, esses 7 veículos são as expressões vitais


constituídas de 3 organismos: Organismo Mental, Organismo Astral e Organismo Físico.

Alice Bailey

Segundo Alice Bailey, da escola teosófica, em sua obra “Tratado do Fogo Cósmico”,
a descrição e nomenclatura dos corpos está assim constituída:

3 “A Umbanda Esotérica”, W.W. da Matta e Silva, Livraria Freitas Bastos, 1961.

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1º - Corpo Átmico: substância da Vontade Divina. Este corpo envolve a Mônada ou fragmento
da Mente Universal;
2º - Corpo Búdico: veículo da expressão do Amor Divino, da consciência de Cristo;
3º - Mental Superior, mente abstrata ou plano da alma, conhecida também como o anjo solar.
Em torno desse ser de luz forma-se o Corpo Causal (Alma espiritual, Buddhi Manas);
4º - Mente concreta: o aspecto mais elevado da personalidade ou eu inferior;
5º - Corpo das emoções;
6º - Corpo Etérico: reage, como é de seu desígnio, a todos os estímulos oriundos dos veículos
mais sutis. Ele é essencialmente um transmissor e não um gerador. É o compensador de
todas as forças que chegam ao corpo físico;
7º - Corpo Físico: é um reflexo de certas estruturas espirituais abstratas.

Allan Kardec

Por fim, temos a nomenclatura espírita simplificando esses conceitos mais


complexos e englobando-os na designação “perispírito” e corpo físico.
Não devemos incluir o espírito (individualidade) no contexto e estruturação do
agregado, dado que ele apenas serve-se desse agregado para operar e se manifestar nos planos
de vida em que atua. Continuando com o “Agregado Humano”, direi que são sete corpos, que
se desdobram em sete níveis que, por sua vez, também tem suas sete camadas, por nós
denominadas de subníveis. Além disso, o agregado é composto de sete chacras principais,
vinte e um chacras secundários, três nadis principais e um conjunto de meridianos. Como já
referi anteriormente, essa é a estrutura de suporte do Espírito, que lhe dá condições de se
manifestar nos diversos planos de vida. No plano físico, objetivamente, manifesta-se através
da personalidade física ou “eu pessoal”; e, subjetivamente, através das personalidades
múltiplas e subpersonalidades, relacionadas e descritas em capítulo próprio neste trabalho.
Onde o assunto será aprofundado, visando-se facilitar a sua compreensão. Será utilizada a
designação “Personalidade” para definir o “Eu Pessoal” ou consciência física;
“Subpersonalidades” para designar os desdobramentos da consciência ou do “Eu Pessoal”; e
“Personalidades Múltiplas” para designar os antigos “Eus Pessoais”, consciências físicas ou
“Personalidades” vividas em outras existências, “ressuscitadas” de certa forma, no momento
atual.
Utilizarei, ainda, as nomenclaturas ou os termos “incorporação” e “sintonia” para
designar o estabelecimento da comunicação onde o comunicante se liga ou se conecta ao
médium através de uma ligação energética, fluídica ou mental, estabelecendo a interlocução
com um doutrinador ou pessoa qualquer. Por último, utilizarei a nomenclatura “acesso mental”
para designar a leitura que uma pessoa ou médium pode fazer, ao acessar as informações
contidas na mente da outra pessoa ou espírito, à distância, sem elo de ligação fluídica ou
energética.

“O que está em cima é análogo ao que está embaixo” *(4)

4“O que está em cima é análogo ao que está em baixo”: este texto é um principio hermético e faz parte do livro “O
Caibalion. Editora” de Hermes Trismegistus. Editora “O Pensamento”.

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Não é estranha para a grande maioria das pessoas a idéia inata, que trazemos, de que
somos centelhas criadas por Deus, projetadas ou arrojadas dele, numa forma de
“desdobramento múltiplo”, com potencial criador segundo sua imagem e semelhança, em
busca da consciência do si. E que, nessa longa “caminhada” evolutiva, pela liberdade que
gradativamente vai sendo dada a essas “centelhas”, ou que elas vão conquistando (livre-
arbítrio) podem, em algum momento dessa trajetória, por tempo curto ou dilatado, ignorar
totalmente o seu Criador e até voltar-se contra ele. Podem desenvolver obediência ou rebeldia
às suas leis. Mas um dia, quando iluminadas pelo amor e o conhecimento (consciência do si),
retornarão ao Criador, acoplando-se ou integrando-se totalmente a ele, pela obediência e
harmonização com suas leis.
No estudo do Desdobramento Múltiplo de Personalidades e subpersonalidades,
percebemos os mesmos atributos e as mesmas propriedades, multiplicadas em grau
semelhante, o que nos leva a certeza do que estamos observando. Por isso, podemos dizer com
toda a segurança que, quanto mais estudamos os potenciais da consciência humana, sua
grandeza e suas possibilidades, mais nos parece que as centelhas “espíritos” se assemelham às
gigantescas centelhas brilhantes que rodopiam no espaço infinito.
O Universo é composto por aglomerados de galáxias diferentes; cada galáxia tem
seus sistemas diferentes; cada sistema contém estrelas que diferem umas das outras; cada
estrela é orbitada por planetas diferentes, com composição física, química e atmosférica
diferentes; cada planeta tem habitantes, topografia e revestimentos diferentes, mas todos são
influenciados pelo mesmo centro galaxial, que, por sua vez, é orientado pela mesma vontade e
leis divinas, embora existam enormes diferenças entre cada elemento citado.
Assim ocorre também com os povos, com os corpos do agregado, com os níveis,
com as personalidades, com as personalidades múltiplas e com as subpersonalidades. “Assim
na Terra como nos Céus”.

O Espírito, os Sete Corpos e a Consciência

00 - Espírito ou Mônada Quântica.


Espírito ou Mônada Quântica é “Princípio”, é a Centelha Divina, a Semente
Pulsante de Vida, é o Princípio fundamental e coordenador, inexplicável, indescritível,
imanente, transcendente(5) e eterno.

01 - Corpo Átmico
O Corpo Átmico é primeiro corpo do Espírito Essência. Corpo da “idiogênese
6
diretriz( ) e formativa”. Esfera multifacetada, verdadeiro sol irisado de luzes policrômicas. O
veículo mais sutil(7) que reveste o espírito, feito de algum tipo de substância hiperfísica( 8).
Talvez seja o corpo que agrega todas as experiências sublimadas, a essência do que foi
experimentado por cada ser criado.

5 Transcendente: elevado, superior.

6 Idiogênese diretriz: filosoficamente podemos traduzir idiogênese diretriz como “modelo eterno e perfeito do que existe”. Fonte
delineadora, inventiva. Núcleo de engenhosidade, de arte, de imaginação, de concepção primária que dá origem e desenvolvimento as
realizações e ações do espírito. Força de realização. Idéia-mãe: aquela que dá origem a outras idéias.

20
02 - Corpo Búdico
O Corpo Búdico é um corpo atemporal. É o grande banco de memórias do espírito.
Acessado revela o passado da criatura. Assim, consegue-se detectar situações anômalas e
vivências dolorosas, sedimentadas no Tempo, tênues extratos de memória de um passado
escondido, porque muito remoto, quando não remotíssimo. Por ser o grande núcleo de
potenciação da consciência, é dele que partem as notas de harmonia ou desarmonia ali
impressas, em direção a consciência física. As experiências positivas que estão ali arquivadas
são patrimônio do espírito. As experiências negativa ou mal resolvidas também estão ali
arquivadas mas, são, periodicamente, remetidas à personalidade encarnada para novas e
melhores ressignificações. As pulsões daí procedentes terão seus efeitos somatizados no Corpo
Físico ou repercutirão no psiquismo da personalidade encarnada.
Tudo o que é inferior tende ao movimento descendente, assim, o corpo físico passa a
ser o grande fio terra por onde escorre o material inferior, mais pesado, gerando desarmonia.
Quando trabalhamos terapeuticamente os cordões energéticos que ligam os corpos,
observamos que, ao se desbloquear esses cordões, intensa e luminosa torrente de luz multicor
jorra até os corpos mais inferiores, recurso que pode ser utilizado no tratamento terapêutico.
Pouco se sabe sobre a forma e estrutura vibratória do Corpo Búdico, o segundo mais
próximo do espírito, já que o primeiro é o Corpo Átmico. Tão distante está dos nossos padrões
e dos nossos meios de expressão que não há como descrevê-lo ou compará-lo.
Observado pela visão psíquica (vidência), os corpos Búdico e Átmico formam
maravilhoso e indescritível conjunto de cristal e luz, girando e flutuando no espaço.
O Corpo Búdico é composto pelas três “Almas” ou estruturas executoras ou
registradoras: Alma Moral, Alma Intuitiva e Alma Consciencial.
Alma Moral: Discernimento do bem e do mal sob o ponto de vista individual. Tem a forma de
um sol em chamas. É o veículo que impulsiona à personalidade a obediência às leis de onde o
espírito está encarnado.

Alma Intuitiva: Intuição, inspiração do gênio científico, literário e artístico. Iluminismo. Tem
a forma de ponta de lança triangular, irradiando em torno chamas ramificadas, animada de
movimento rotatório lento. Antena que capta e registra as informações que vibram no cosmo.
Instrumento da inspiração.

Alma Consciencial – Tem a forma de pequeno sol muito brilhante, radiações retilíneas, centro
da individualidade espiritual. Consciência coordenadora e diretora da vida, elo de ligação com
a Centelha Divina.

03 - Corpo Mental Superior ou Mental Abstrato


O Corpo Mental Superior ou Mental Abstrato é a sede da memória criativa e pode
ser percebido pela vidência. É o corpo decodificador da vontade. Este corpo é o segundo
grande banco de dados de que dispõe o ser. Ele elabora e estrutura princípios e idéias abstratas,
buscando sínteses ou conclusões que, por sua vez, são geradoras de novas idéias e assim por
diante, infinitamente. Ocupa-se de estudos e pesquisas, visando o aprimoramento do ser.

7 Sutil: quintaessência, substância etérea e sutil, considerada pelos alquimistas como um quinto elemento, além da
água, da terra, do fogo e do ar, e obtida após cinco destilações sucessivas.

8 Hiperfísica: que está acima da natureza material.


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Por ser o equipo do raciocínio criativo, é nele que acontece a elaboração do processo
responsável pelo avanço científico e tecnológico, além de todo nosso embasamento filosófico.
É o corpo que faz avaliações, formula teorias, relaciona símbolos e leis. É também conhecido
como corpo causal. É sede das virtudes e de graves defeitos.
Considerando-se que o corpo mental superior vibra em altíssima freqüência, pode-se
deduzir a sua importância, dado que a força da mente provém dele, e pode ser direcionada para
o bem ou para o mal.
Diz um aforismo anônimo que “todo pensamento bom é uma oração, e todo o
pensamento mau é um feitiço”. Portanto, se vibrarmos amor, construiremos ao nosso redor, um
campo energético protetor contra a ação de mentes negativas e, se vibrarmos negativamente,
atrairemos e sitonizaremos as forças e energias inferiores.
É necessário informar ainda que o Corpo Mental Superior só é considerado superior
por possuir vibração maior, ou acima, do Corpo Mental Inferior, nada além disso.

04 - Corpo Mental Inferior ou Mental Concreto


Este é o veículo que utiliza o “eu cósmico” para se manifestar como intelecto
concreto e abstrato. Nele a vontade se transforma em ação depois da escolha subjacente ao ato
volitivo do Corpo Mental Superior. É o campo do raciocínio elaborado e seletivo. Dele brotam
os poderes da mente, os fenômenos da cognição, memória e de avaliação de nossos atos por
ser a sede da consciência ativa, manifestada. É sede das percepções simples e objetivas,
através dos cinco sentidos comuns, avaliando o mundo através do peso, cheiro, cor, tamanho,
gosto, som, etc. É o repositório do cognitivo e importante veículo de ligação e harmonização
do binômio razão-emoção. Alma inteligente, mentalidade, associação de idéias.
Seu “campo” ovalado envolve todo o corpo e pode ser registrado por fotografias ou
percebida pela vidência. É o primeiro grande banco de dados onde a mente física busca as
informações que precisa. Ele registra aquilo que, exterior à nossa pele, impressiona o nosso
sistema nervoso. Está mais relacionado com o Ego inferior ou Personalidade encarnada.
Esse corpo aparece geralmente como luz amarela brilhante que se irradia nas
proximidades da cabeça e dos ombros e se estende à volta do corpo. Expande-se e torna-se
mais brilhante quando a pessoa se concentra em processos mentais.
Estende-se visivelmente a uma distância de 75 cm a 2m do corpo.
Pensamentos habituais (repetidos) tornam-se forças poderosas que exercem
influência negativa ou positiva sobre a vida. Por isso, as viciações, de um modo geral, podem
atingir, fixar-se e danificar este corpo.
Quando em desequilíbrio, esse corpo gera sérias dificuldades tais como comodismo,
busca desenfreada de prazeres mundanos, vícios etc.

05 - Corpo Astral
O Corpo Astral ou Emocional tem a forma humana. É o invólucro espiritual sutil
mais próximo da matéria e pode ser visto pelos médiuns clarividentes. Esse corpo é para os
espíritos das faixas evolutivas ainda primárias, o que o corpo físico é para os encarnados. O

22
Corpo Astral varia de densidade(9) e de massa(10) conforme o grau evolutivo da criatura, de tal
modo que o homem desencarnado possui também peso(11) específico.
A forma do Corpo Astral pode ser modificada pela vontade, pelas conseqüências de
uma conduta inadequada ou pelo acúmulo de energias negativas agregadas pelas próprias
ações. O Corpo Astral reflete e agrega moléstias vividas no corpo físico e sofre deformações
decorrentes de viciações, sexo desregrado, prática persistente do mal e outras ações
"negativas". Separa-se (desdobra-se), facilmente, durante o sono natural ou induzido, pela ação
de traumatismos ou fortes comoções, bem como pela vontade treinada como nos trabalhos de
viagem astral, ou nos atendimentos com desdobramento induzido, na prática apométrica.
O Corpo Astral tem luminosidade variável e tende a cor branca argêntea e azulada.
É o organizador do Modelo Biológico, modelando a forma e a estrutura do corpo físico.
Observável por fotografias, vidência, moldagens, impressões digitais, tácteis e aparições
fantasmagóricas.
Todos os espíritos que incorporam em médiuns possuem esta estrutura corpórea
sutil, necessária a sua manutenção no mundo astral. Já os espíritos que não possuem este
corpo, em virtude de sua evolução, comunicam-se com médiuns via intuição mental.
O Corpo Astral tem ainda a função da sensibilidade, registra dor ou prazer, emoções
sob vontade, sentimentos, paixões, etc, que nele são impressos pela força do psiquismo.
Este corpo é utilizado no mundo espiritual para incorporar espíritos já desprovidos
dele, tal como nossas incorporações mediúnicas através do afastamento do Duplo Etérico.

06 - Corpo Etérico
O Duplo Etérico envolve o Corpo Físico, tem estrutura extremamente tênue,
invisível ao olho humano, de natureza eletromagnética e comprimento de onda superior ao
ultravioleta, razão porque é dissociado por esta. Quando exsudado de sensitivos (médiuns),
proporciona os fenômenos espirituais que envolvem manifestações de ordem física como
"materializações", teletransporte, dissolução de objetos e outros. O material exsudado é
conhecido por ectoplasma(12). Fragmentos desse material foram analisados em laboratórios e

9 Em Física, “densidade” é a relação do peso de um corpo ao peso do mesmo volume de outro corpo
(em geral a água à temperatura de 4ºC).

10 Em Física, “massa” é a quantidade de matéria que forma um corpo ou a medida quantitativa da


inércia de um corpo, ou seja, sua resistência à aceleração.

11 Em Física, “peso” é o resultado da ação da força da gravidade sobre as diversas partes de um corpo.
É ainda a pressão exercida por um corpo sobre o obstáculo que se opõe diretamente a sua queda. “Peso
atômico” é, em Química, o peso correspondente ao átomo de qualquer corpo simples, comparado ao
átomo de hidrogênio tomado como unidade. Peso molecular é, em Química, a soma dos pesos
atômicos de todos os átomos que compõem a molécula.

12 Ectoplasma: "O ectoplasma está constituído de matéria albuminóide, acompanhado de gordura e de


células tipicamente orgânicas. Não foram encontrados amiláceos e açúcares". (Dr.V. Dombrowsky,
Varsóvia).
"Substância constituída de inúmeras células epiteliais, leucócitos e glóbulos de gordura". Dr. Francês,
Munich).
"O ectoplasma está constituído por restos de tecido epitelial e gorduras". (Dr. Albert Scherenk-Notzing
citado por Charles Richet)
"O ectoplasma é Substância formada com recursos da natureza originando-se dos tecidos vegetais
(ectofiloplasma) e de origem animal (ectozooplasma) e de origem mineral (ectomineroplasma)". (Dr.
23
mostraram-se, predominantemente, constituídos por elementos protéicos diversos. Tal
substância dissocia-se rapidamente pela ação da luz porque a energia radiante da luz é mais
forte do que a energia da coesão molecular que liga suas moléculas.
O Duplo Etérico tem a função de estabelecer a saúde, automaticamente, sem a
interferência da consciência. Funciona como mediador plástico entre o Corpo Astral e o Corpo
Físico. Possui automatismo próprio. Promove a ação de atos volitivos, desejo, emoções, etc,
nascidos na "Consciência Superior", sobre o Corpo Físico ou cérebro carnal.
O Duplo Etérico pode ser exteriorizado ou afastado do Corpo Físico através de
passes magnéticos. Pode ser observado por sensitivos treinados. Dissocia-se do Corpo Físico
logo após a morte e, a seguir, dissolve-se em poucas horas.
O Corpo Etérico consiste numa estrutura definida, de linhas de força, ou matriz de
energia, sobre a qual se modela e firma a matéria física dos tecidos do corpo. Os tecidos do
corpo só existem como tais por causa do campo vital que os sustenta. O Corpo Etérico
estende-se de um quarto de polegada (6,34mm) a duas polegadas (50,78mm) além do Corpo
Físico. Pulsa num ritmo de cerca de 15-20 ciclos por segundo. Maiores detalhes, veja o livro
“ESPÍRITO/MATÉRIA = Novos Horizontes para a Medicina”, de autoria do Dr.José Lacerda
de Azevedo
A maioria das manifestações mediúnicas, ditas de incorporação, processam-se
através dos chacras sediados no Duplo Etérico.

07 - Corpo Físico
O corpo físico é o único instrumento de manifestação do espírito, na matéria,
estudado pelas ciências biológicas. Em relação a leveza dos corpos sutis, o corpo físico ou
carcaça de carne é algo semelhante a um escafandro, pesado e quase incômodo. É constituído
de compostos químicos, originários do próprio planeta, habilmente manipulados pelo
fenômeno chamado vida. Instrumento de suporte passivo, dirigido pela ação dos elementos
anímico-espirituais. São milhares de vidas organizadas e administradas pela vida e comando
do espírito. Nele, somatizam-se os impulsos desarmônicos oriundos dos demais corpos, níveis
e subníveis e, também, os distúrbios e influências causadas pelos elementos desdobrados da
consciência (personalidades múltiplas e subpersonalidades), em forma de doenças, desajustes
ou desarmonias, que são simples efeitos e não causa.

00 – A Consciência
Por consciência devemos entender a capacidade que o ser humano tem de perceber,
progressivamente, o meio onde se manifesta e também os demais planos vibracionais
circundantes. É a capacidade de interagir e estabelecer relações com esses planos ou meios e
seus habitantes, além de, simultaneamente, perceber a si próprio. É, também, a experiência
propriamente dita, é o estado de estar ciente. A Consciência é um atributo do Espírito ou uma
qualidade psíquica.

Desdobramento e tratamento dos Corpos, Níveis e Subníveis

O desdobramento dos corpos é um desdobramento estrutural, diferente do


desdobramento de consciência, do qual decorrem as subpersonalidades e as personalidades
múltiplas. O que é denominado “Desdobramento de Corpos” é o afrouxamento da coesão entre
os corpos do agregado, através da aplicação de energia magnética e força mental acionada pela

Hernani G. Andrade).
24
vontade. Através desse desdobramento, consegue-se visualizar, explorar e estudar de forma
mais direta e detalhada cada um dos quatro primeiros corpos da escala ascendente: duplo
etérico, corpo astral, mental inferior e mental superior, e tratá-los cromoterapicamente,
dissolvendo energias negativas neles sedimentadas, através da projeção das cores amarelo-
limão e violeta, principalmente. O processo é simples. Basta “abrir a freqüência( 13)” do
paciente, desdobrando-o, e, após, proceder ao tratamento.
Evidentemente, a equipe mediúnica que se propõem a fazer isso necessita estar
perfeitamente sincrônica, ter conhecimento do que está fazendo e porque está fazendo. Deve
ser estudiosa e interessada, ter mente aberta e livre de conceitos ou preconceitos, ser
observadora e isenta de críticas ou prevenções, responsável e esforçada na busca da vivência
fraterna. Sem isso, o procedimento fica muito difícil e pode nem acontecer.
Espíritos atrasados têm corpos com aparência e colorido rudimentar. Mais
adiantados e mais conscientes, têm corpos mais aprimorados e mais luminosos. Porém, na
medida em que a consciência se desenvolve, aumenta o grau de responsabilidade para com
seus atos. É a partir daí que os corpos começam a agregar as marcas das ações do espírito, e
quando esses registros são negativos, as energias geradas pelos comportamentos e
pensamentos inadequados, viciações e atitudes inferiores, vão sendo sedimentadas e começam
a gerar doenças, e também aparecem as personalidades múltiplas patológicas, dissociadas da
consciência.
É ai que surge a técnica apométrica, trazendo a possibilidade de se tratar os corpos,
níveis, subníveis, através da cromoterapia mental e manipulação de energias diversas e,
também, os elementos anímicos (personalidades múltiplas) e os elementos personímicos
(subpersonalidades desdobradas da consciência física ou personalidade).
Durante o atendimento cromoterápico dos corpos, níveis e subníveis, por sintonia e
vidência, ocorrem as incorporações dos elementos que se apresentarem (espíritos,
personalidades múltiplas e subpersonalidades). Os elementos incorporados devem ser tratados
com atenção e cortesia, ouvindo-se suas queixas, aplicando-se cromoterapia, doutrinação,
regressão ou progressão, e o devido encaminhamento para as instituições do astral. Pouco
adiantaria, por exemplo, o tratamento de uma pessoa portadora de câncer, que tem
personalidades múltiplas odientas e rebeladas que precisam de incorporação, se não fosse
tratado também os corpos e níveis afetados pelo acúmulo de energia negativa, sedimentada em
sua estrutura (recomendação do Dr. Lacerda). É preciso remover essas energias para que não
continuem a escoar para o corpo físico, embora a personalidade causadora tenha sido
conscientizada e encaminhada, e a mágoa ou a carga emocional removida. Se assim não for
feito, o câncer perdurará.
O desdobramento e a dissociação facultam uma visão muito mais clara e objetiva
dos problemas, proporcionando uma compreensão maior dos processos perturbadores do
comportamento e da saúde dos encarnados, bem como seu tratamento.
A influência recíproca entre os elementos do agregado e os atributos e propriedades
de cada elemento (corpos, níveis, subníveis, personalidades múltiplas e subpersonalidades)
ficam aí bem evidenciados, da mesma forma que os desvios e problemas relacionados com
cada um.
O desdobramento múltiplo faculta a possibilidade de se trabalhar com cada um
deles, separadamente, de forma bastante segura e eficiente, criando as condições para a
harmonização da pessoa, a eliminação dos conflitos e a desejada cura.

13 Abrir freqüência: declarar permitido o acesso ao campo vibracional do paciente e a conseqüente


ação terapêutica por parte dos médiuns socorristas.
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Num atendimento desse tipo a espiritualidade traz à incorporação o elemento ou os
elementos mais necessitados e, assim, as imantações e simbioses se rompem com muito mais
facilidade.
O Espírito Miramez, na sua obra “Francisco de Assis”, informa que ao se
reencarnar, o espírito herda de seus pais suas incoerências, vícios e dificuldades
comportamentais, transmitidas pelos genes. Os cromossomos gravam, nas suas delicadas
linhas de força, essas desarmonias, e fazem com que essas informações se revelem no devido
tempo. Porém, as virtudes já conquistadas pelo espírito podem anular esses aspectos negativos
predisponentes, herdados dos ancestrais.
Nas incorporações, se os componentes da mesa não detiverem conhecimentos sobre
o assunto e estiverem desatentos às sutilezas do trabalho, poderão confundir o elemento
incorporado com um espírito qualquer, embora uma incorporação entre elementos diferentes,
possa apresentar muitas características diferentes, e até completa e total oposição
comportamental. Por outro lado, elementos associados numa mesma freqüência, em simbiose
ou apegados numa mesma encarnação ou vício, onde um pode ser dominante, dificultarão as
incorporações. Nesses casos, devemos desfazer a simbiose desimantando-os, tratando-os
separadamente e até isolando-os se for o caso. Por isso, o trabalho apométrico exige muita
atenção e cuidado.

Módulo III

A Mediunidade e os Mecanismos dos Fenômenos Mediúnicos


Conceito
Sobre a Mediunidade

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Alguns mecanismos da Mediunidade
Sintonia Mental e Incorporação
Sintonia e incorporação de espíritos
Eu Sou Médium! O que eu faço?
Sintomas do despertar da mediunidade de “incorporação”
Qual a conduta adequada a um médium?
Hábitos perniciosos a serem evitados por quem trabalha mediunicamente
Para o bom desempenho do mandato mediúnico
Animismo descontrolado
Mediunidade descontrolada
Os cooperadores que não incorporam
Efeito de araste do espírito desdobrado
Questões diversas

Conceito
Segundo Emmanuel, “mediunidade é talento do céu para serviço de renovação
do mundo. É lâmpada que nos cabe acender, aproveitando o óleo da humildade e o
combustível da boa vontade; é indispensável nutrir com ela a sublime lua do amor
fraterno, a irradiar-se em caridade e compreensão para com todos os que nos cercam”.

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A mediunidade não é uma arte, nem um talento pessoal, pelo que não pode tornar-se
uma profissão. Ela não existe sem o concurso dos Espíritos; faltando estes, já não há
mediunidade. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, página 311. FEB, 48ª edição.
Ao tempo do Cristo, a mediunidade curadora disseminou-se por entre os discípulos,
que produziam curas, algumas, pela imposição das próprias mãos, outras, através de objetos
magnetizados, embora, nessa época, a faculdade mediúnica não era denominada de
mediunidade. Em Atos, 19:11 e 12, encontramos o relato de que lenços e aventais pertencentes
a Paulo eram aplicados aos doentes e possessos, e, graças a ação magnética desses objetos,
ficavam curados.
As curas à distância também foram realizadas. O criado do Centurião de Cafarnaum
e o filho de um régulo (pequeno rei) foram curados (Mateus, 8:5,13; e João, 4:47, 54). Jesus
recomendara, quando esteve entre nós, que curássemos. Dizia ele:
"Curai os enfermos, expulsai os maus Espíritos, dai de graça o que de graça
recebestes." (Mateus, 10:8, Lucas 9,2 e 10:9).
É em cumprimento desse preceito que o Espiritismo, além de ser uma obra de
educação, procura dar atendimento aos enfermos do corpo e da alma, com a ajuda dos
abnegados irmãos espirituais, que se servem dos médiuns passistas, receitistas, doutrinadores e
de todos os que, de boa vontade, trabalham em prol da construção de um mundo melhor.

Exercícios para fixação.


a) O que é a mediunidade?
b) Para que serve?
c) A mediunidade pode ser cobrada ou tornada profissão?
d) Como devemos nos conduzir para bem desenvolver a tarefa mediúnica?

Sobre a Mediunidade

Ensina Dr. Lacerda que a Mediunidade é a faculdade psíquica que permite a


investigação de planos onde vivem os espíritos, pela possibilidade de sintonizar o universo
dimensional deles. E médium é o intermediário ou mediador entre o mundo físico e o mundo
espiritual. É médium todo aquele que percebe a vida e a atividade do mundo espiritual, ou
quem lá penetra, conscientemente ou inconscientemente, desdobrado ou não de seu corpo.
Médium é intermediário, é meio, é instrumento do bem ou do mal. Se não tomar
conta dessa “porta aberta” para o mundo oculto, alguém tomará, e se esse alguém for um
espírito inferior e de má índole, o médium imprevidente estará metido em complicações e não
se eximirá das responsabilidades pela sua falta de atenção e cuidado.
Ramatis nos orienta que: “com a aproximação do final dos tempos, foi arbitrada
pelo Alto uma providência que pudesse ainda sanar o mal acumulado por séculos de atividade
desordenada, em virtude da busca dos interesses imediatistas da vida. Decidiu-se então que às
almas que se predispusessem a um esforço intenso de recuperação, fosse lançado mão de um
recurso extremo, que consistia em intensificar a sensibilidade perispiritual dessas almas, de
tal forma que se vissem constrangidas a procurar solução inadiável para seus problemas
aflitivos. Solução esta que só seria obtida através da própria doação ao Bem e renúncia
completa às conveniências pessoais, para entregar-se à atividade em benefício do próximo”.
Deve ser praticada em determinados momentos e sob determinadas circunstâncias.
Os desencarnados e os encarnados em desdobramento podem utilizar, “por empréstimo”, os

28
recursos de um médium, para fins ignóbeis ou dignos. A permissão para uns ou para outros
depende do próprio médium.
Designamos “incorporação” o ato de ligação momentânea do espírito ou
personalidade com o duplo etérico do médium, através dos seus chacras.
O médium é um instrumento apenas, uma máquina a serviço da Bondade Divina.
Pode ser uma máquina boa ou má, displicente ou atenta, responsável ou irresponsável,
defeituosa ou afinada, viciada ou correta, e refletirá tão somente o que ele der e fizer de si
mesmo.
Deve estar sempre pronto a descer as escadas e profundezas dos abismos onde
gemem os infelizes que lá se precipitaram, oferecendo-lhes socorro.
Emmanuel explica que: “a missão mediúnica, mesmo tendo os seus percalços e as
suas lutas dolorosas, é uma das mais belas oportunidades de progresso e de redenção
concedidas por Deus aos seus filhos misérrimos”. (“O CONSOLADOR”, Emmanuel, questão
382)
“A mediunidade por si só não basta. Precisamos cultivar a educação mediúnica nos
aprimorando a cada dia, moral e intelectualmente, buscando conhecer através de estudos
sobre o trabalho que estamos prestando. Somente a boa vontade não é suficiente”.
E que: “O maior inimigo do médium reside dentro dele mesmo. Freqüentemente é o
personalismo, a ambição, a ignorância ou a rebeldia no voluntário desconhecimento de seus
deveres à luz do Evangelho, fatores de inferioridade moral, que não raro o conduzem à
invigilância, à leviandade e a confusão dos campos improdutivos.” (“O CONSOLADOR”,
Emmanuel, questão 410)
Assim, sempre que se pensar em mediunidade, deve-se imaginar um sexto sentido
especial, múltiplo, que se manifesta de maneira muito específica – pela visão, audição, olfato,
ou por qualquer forma (externa ou interna) de percepção. Seja qual for o modo com que se
apresente, é, em essência, um sentido do espírito, ainda pouco conhecido e estudado em suas
propriedades reais. Esse sentido especial pode receber e registrar mensagens do mundo dos
espíritos, do mesmo modo que uma ponte estabelece ligação entre margens distantes.
Ainda com relação às faculdades extra-sensoriais existem os “médiuns anímicos”,
de que nos fala Kardec, que com a sua alma entram em contado com a espiritualidade, e
transmitem a mensagem que conversaram ou ouviram dos espíritos comunicantes. Essa
maravilhosa faculdade fez dos homens rudes, entre os judeus bíblicos, os profetas imortais do
Antigo Testamento.
Em alguns casos, a mediunidade representa uma evolução espiritual anterior, isto é,
por esforço próprio, o médium desenvolveu suas faculdades psíquicas em cultos religiosos do
passado.
Tal desenvolvimento acarreta responsabilidades elevadas sob o ponto de vista
espiritual, inerente a própria consciência do que é a vida superior. Se, na presente existência o
possuidor dessa faculdade especial, por orgulho, vaidade ou egoísmo, abastardá-la pelo mau
uso, há de se tornar responsável perante os poderes que governam a evolução do planeta, com
graves conseqüências para o seu progresso espiritual.

Exercícios para fixação.


a) Existe mediunidade sem o concurso de espíritos?
b) O que orienta Ramatis sobre a mediunidade?
c) O que é um médium?
d) O que pode ocorrer com um médium que negligencia sua mediunidade?
e) Qual o maior inimigo do médium?

29
Alguns mecanismos da Mediunidade
Com relação aos mecanismos da mediunidade, Alexander Aksacof nos informa que
temos fenômenos mediúnicos de três espécies: personímicos(14), anímicos(15) e espiríticos(16).
Os fenômenos mediúnicos-personímicos ocorrem quando são feitas consultas ao
córtex, ou seja, ao arquivo da existência presente. Nesta ocasião são trazidos até à mesa
mediúnica as subpersonalidades e os fatos que apresentam pertencentes à atual encarnação do
atendido. Estas incorporações são vigorosas e apresentam características semelhantes às
apresentadas pela pessoa no seu dia-a-dia, nos hábitos, nas expressões verbais, nos gestos, etc.
Ou seja, o médium reflete o comportamento da pessoa quando incorporado, isso porque a
personalidade sintonizada pertence ao bloco chamado “ego” ou consciência física da pessoa.
Os fenômenos mediúnico-anímicos ocorrem quando a parte consultada é o
subcórtex, o que equivale a dizer, o arquivo das existências pretéritas com a manifestação das
personalidades múltiplas. Os acontecimentos que, desta feita, são relembrados, pertencem,
ainda, ao Espírito da pessoa atendida. Apenas aconteceram em vidas anteriores.
Os fenômenos mediúnico-espiríticos ocorrem, somente, quando existe uma causa
extramediúnica, ou seja, alheia ao atendido. Nesse caso, há, além da consulta aos arquivos do
próprio espírito do atendido, a participação, direta ou indireta de outros Espíritos.
Nesse ponto, vale lembrar orientações básicas dentro do Espiritismo. Os fenômenos
espiríticos não ocorrem isoladamente. Há sempre uma maior ou menor interferência do próprio
sujeito no fenômeno, o que equivale a dizer, ocorrem, concomitantemente, fenômenos
mediúnicos personímicos e anímicos. As vantagens e inconvenientes desse fato estão
examinados e explicados nas obras de Aksacof.

Exercícios para fixação:


a) Com relação aos mecanismos da mediunidade o que nos informa Alexander Aksacof?
b) Uma incorporação muito vigorosa indica a presença de qual tipo de elemento?
c) Que características pode refletir um médium quando incorporado?
d) Quando ocorre um fenômeno mediúnico-anímico?
e) Quando ocorre um fenômeno mediúnico-espirítico?

Sintonia Mental e Incorporação

Sintonia e Incorporação são dois fenômenos distintos. Cada um tem propriedades


particulares, geram efeitos diferentes, apresentam complexidades próprias, embora
semelhantes na aparência.

Sintonia é o estado ou condição de sintônico, igualdade de freqüência entre dois


sistemas de vibrações, reciprocidade de freqüências, estado onde dois sistemas são suscetíveis
de emitir e receber oscilações elétricas ou mentais da mesma freqüência.
No caso de Sintonia Mental, é o estado que dá condições de uma mente interpretar o que está
registrado na outra.

14 Personímico: referente a personalidade, ego ou consciência física.

15 Anímico: referente a alma.

16 Espirítico: referente aos espíritos.


30
Em termos de manifestações psíquicas e medianímicas, entendemos por fenômeno
de sintonia mental o acesso e a leitura de uma mente em relação aos conteúdos e registros da
outra.

Incorporação

Incorporação é o fenômeno de acoplamento ou ligação áurica ou fluídica entre duas


consciências, uma receptora, passiva, que se permite ser utilizada, e outra, emissora, ativa,
impositiva, que subjuga ou influencia a primeira e a utiliza. É ainda o estado onde dois
sistemas mentais são suscetíveis de se acoplar vibratoriamente e, um dos sistemas se anula ou
se reduz em sua freqüência, para que o outro se destaque e se faça ouvir. Podemos dizer, ainda,
que incorporação é uma sintonia acrescida de uma ligação através de um canal energético ou
fluídico.

Sintonia e incorporação de espíritos

O fenômeno de manifestação, influenciação(17), sintonia e incorporação por parte de


espíritos desencarnados ocorre sobre as pessoas em geral, independentemente de idade, sexo,
cor, grau de sensibilidade, crença ou cultura.
Em alguns casos, devido ao grau de mediunidade mais acentuado, essa
influenciação pode ser mais intensa e, por isso, ser considerada uma sintonia ou uma
incorporação. Conseqüentemente, mais danosa ou mais proveitosa para a pessoa afetada.
Dependendo do grau de inteligência utilizado por uma pessoa ela pode dar uma boa
ou uma má condução a sua vida, no que tange ao aspecto espiritual. Dará uma condução mais
proveitosa quando aplica seus recursos medianímicos com maior inteligência e proveito,
significando que tem maior consciência e maior grau de espiritualização. Nesse caso,
procurará saber o que é a mediunidade e para que serve. E, quando descobre que a
mediunidade é um valioso recurso que pode trazer-lhe harmonia, saúde, felicidade, progresso e
crescimento espiritual, aplica-a de forma inteligente e proveitosa.
Será uma condução mais danosa quando a pessoa tem menor consciência de suas
possibilidades, quando é rebelde, acomodada, ignorante, irresponsável, temerária, imprudente,
incrédula ou falaciosa, e desperdiça esse dom precioso que a Bondade Divina colocou-lhe nas
mãos.
De qualquer forma, o fenômeno de manifestação, acesso e incorporação de espíritos
desencarnados ocorre com médiuns treinados, nos trabalhos mediúnicos, em horários e locais
predeterminados. Mas ocorre também com médiuns não treinados, de forma não orientada,
fora dos trabalhos mediúnicos, extemporaneamente, em qualquer lugar. Por isso a importância
da orientação e da educação da mediunidade.
Quanto as diferenças que as incorporações apresentam tudo depende da
características particulares de cada ocorrência, mas aparecem ao se observar atentamente as
particularidades de cada uma.
De um modo geral podemos dividir as incorporações de espíritos em dois grupos
bem distintos:
a) Incorporação de espírito presente, manifestando-se em sintonia ou ligação fluídica direta,
visível ou perceptível junto ao médium.

17 Allan Kardec, em, “O Livro dos Espíritos”, pergunta 459 – Sobre a influência dos Espíritos em nossos
31
b) Incorporação de espírito ausente, quando é o médium quem se desdobra e vai até onde o
espírito se encontra, incorporando-o.
Esta última forma de incorporação é semelhante à sintonia dos elementos anímicos,
os quais descrevemos com as denominações de “personalidades múltiplas” e
“subpersonalidades”, desdobrados do bloco de “ego( 18)” da consciência de encarnados. Nos
trabalhos com a técnica apométrica, ocorre grande quantidade desse tipo de incorporação.
Um espírito desencarnado, ao se incorporar, apresenta-se completamente
independente, livre de ligações ou amaras fluídicas com um corpo físico.
O mesmo não acontece com um elemento desdobrado que sempre está preso a um
corpo físico por um cordão chamado “cordão prateado”.
Quando um médium treinado estabelece uma incorporação e temos dúvida se a
mesma é de um espírito presente, de um espírito distante, ou de um elemento desdobrado,
basta focar a mente no espaço onde deve estar localizado o cordão prateado (região da nuca)
(19), e tracioná-lo. Isto pode ser feito através da força mental ou de “pulsos” vibracionais. Se
estiver ligado, o médium acusará imediato desconforto nessa região. Se não houver esta reação
de desconforto na incorporação, a mesma será de um espírito presente ao local físico do
trabalho.
Havendo a reação de desconforto por parte do médium a esse método de
verificação, se a incorporação for de um espírito livre, teremos uma incorporação à distância,
concretizada pelo médium desdobrado.
Precisamos deixar bem claro que incorporações de elementos anímicos, junto ao
médium, por parte de personalidades e subpersonalidades de terceiros, desdobrados, também
podem ser constatadas pelo mesmo método, pois ambas produzem o mesmo tipo de reação ao
se tracionar o cordão prateado.
Portanto, é necessário estudo, muita prática e observação cuidadosa, para se
constatar e se perceber com clareza qual o tipo de fenômeno que estamos presenciando. O
comportamento de um espírito em desequilíbrio, tentado prejudicar uma pessoa, não é
diferente do comportamento de um elemento anímico em desarmonia, ou mesmo de um
elemento personímico, dissociado do bloco de ego ou da proposta encarnatória, por uma
rebeldia qualquer. Portanto, o tratamento é semelhante também.

Eu Sou Médium!!! ...o que eu faço?

Os textos abaixo foram baseados nos estudos do confrade Francisco de Carvalho,


sobre mediunidade de incorporação.

Sintomas do despertar da mediunidade de “incorporação”


Os sintomas do despertar da mediunidade são vários. A ação do espírito ‘no médium
ocorre pelo sistema nervoso neurovegetativo, extensa rede de neurônios interconectados e

18 Ego. Em psicanálise ego é a parte da pessoa em contato direto com a realidade, e cujas funções são a
comprovação e a aceitação dessa realidade.

19 Nuca. Anatomicamente, a nuca situa-se na parte póstero-inferior do encéfalo, acima da ponte de Varólio e do quarto ventrículo.
Consiste em um lobo médio e dois laterais. É ligado com as outras porções do encéfalo por três pares de pedúnculos: o superior, ligando-
o com o cérebro; o médio, com a ponte de Varólio; e o inferior, com a medula. Sua função consiste em coordenar os músculos e manter o
equilíbrio do corpo.

32
amplamente distribuídos nas cavidades do organismo. Atua sobre as glândulas, músculos lisos
e músculo do miocárdio. No sistema nervoso vegetativo as sinapses distais se encontram em
gânglios fora do sistema nervoso central, ao inverso do que ocorre no sistema nervoso motor,
onde as sinapses se encontram dentro do sistema nervoso central. Portanto se bloquearmos um
nervo motor teremos uma atrofia do órgão e se bloquearmos um nervo do sistema vegetativo
provocaremos um automatismo do órgão. As funções neurovegetativas são normalmente
executadas de forma automática, sem controle voluntário, mas são funções altamente
coordenadas. De modo diferente do sistema motor somático, as ações do SNV são múltiplas,
distribuídas e relativamente lentas.
Também é nesse sistema nervoso que imediatamente repercutem as nossas emoções
de medo, aflição, preocupação, etc.
Portanto, considerando esses dois fatos conhecidos, podemos concluir que os
sintomas clássicos do despertar da mediunidade de “incorporação” são: súbitas alterações no
funcionamento do nosso sistema nervoso neurovegetativo, por exemplo, respiração ofegante,
palpitação, suor frio ou quente, angústias, ansiedades, tristezas, etc. Quando e enquanto a
pessoa (médium) toma passes magnéticos e principalmente mediúnicos, tem momentos de
semiconsciência e/ou a sua cabeça e/ou todo o seu corpo físico fica balançando. Sintomas estes
que, após a mediunidade de “incorporação” ter se desenvolvido satisfatoriamente,
desaparecem.

Qual a conduta adequada a um médium?

Este importante assunto, por ser muito amplo e profundo, deveria ser mais
detalhadamente estudado, mas se fosse, não caberia em nossa apostila. De qualquer forma,
todos os nossos pensamentos, palavras, sentimentos, emoções e ações, produzem, alimentam e
temperam as nossas energias físicas e extrafísicas, formando o nosso campo magnético. Isto
influencia poderosamente a qualidade do nosso trabalho mediúnico.
Numa primeira hipótese (excelente): se, na maioria das vezes, os pensamentos
palavras, sentimentos, emoções e ações do médium são positivos e potentes (calma, alegria,
bom humor, simpatia, fraternidade, solidariedade, honestidade, lealdade, etc.),
conseqüentemente o seu campo magnético será positivo e potente, facilitará a incorporação ou
a sintonia do seu guia e também dos socorridos.
Na segunda hipótese (péssima): se, na maioria das vezes, os pensamentos do
médium, palavras, sentimentos, emoções e ações são negativos, mas igualmente potentes
(raiva, ódio, tristeza, mau-humor, antipatia, mágoa, ciúme, rancor, cólera, desonestidade, etc.),
conseqüentemente o seu campo magnético será muito negativo e potente, e prejudicará a
incorporação ou a sintonia do seu guia e também dos socorridos. Espíritos, para se
“incorporar” em médiuns, precisarão entrar em contato direto com as energias do seus campos
magnéticos, as duas hipóteses anteriores implicam no seguinte:
Se o campo magnético do médium estiver positivo e potente, além de auxiliar a
incorporação, as energias positivas e potentes do seu campo magnético facilitarão ao guia a
bem executar seu trabalho, auxiliando o médium, enquanto ele estiver “incorporado”.
Por outro lado, se o campo magnético do médium estiver negativo e potente,
dificultará e até impossibilitará o auxilio do guia mediúnico. Além disso, enquanto o guia
estiver “incorporado”, as energias negativas e potentes do campo magnético do médium,
dificultarão o seu trabalho.
Assim sendo, um bom médium de “incorporação” deve ter as seguintes metas, nas
24 horas do seu dia-a-dia:

33
Empenho máximo em gerar a menor quantidade possível de energias negativas,
principalmente as potentes (raiva, ódio, tristeza, mau-humor, antipatia, mágoa, ciúme, rancor,
cólera, desonestidade, etc.).
Empenho máximo em gerar a maior quantidade possível de energias positivas e
potentes. Por exemplo, energia de calma, alegria, bom humor, simpatia, fraternidade,
solidariedade, honestidade, lealdade, etc.

Hábitos perniciosos a serem eliminados por quem trabalha mediunicamente

Alcoolismo, tabagismo, sexolatria, como também o vício de visitas a motéis, porno-


filmes, defesa ardorosa e irritada do seu time de futebol, manifestação ou defesa agressiva de
sua própria opinião pessoal, invocações de espíritos em brincadeiras tais como as do copo ou
do pêndulo devem ser evitadas. Esses hábitos podem atrair espíritos viciados, maldosos ou
mesmo brincalhões a princípio, mas que podem sintonizar-se com os participantes e
permanecer com eles por longo tempo, prejudicando-os. Nesses casos, o encarnado é sempre o
maior prejudicado, por culpa da sua própria invigilância. O "orai e vigiai", e o agir consciente
e com prudência, são as chaves para manter-se livre disso. A influência exercida pelos
desencarnados em todas as esferas da atividade humana, quase sempre é sutil e imperceptível.
Por exemplo, a sugestão de uma única palavra escrita ou falada, que deturpe o significado de
uma mensagem, pode colocar o encarnado em situação delicada ou prejudicar terceiros.
A indução espiritual, embora aparente certa simplicidade, pode evoluir de maneira
drástica, ocasionando repercussões mentais graves, até mesmo uma subjugação espiritual,
quando há um desejo de vingança.
Durante um estado de indução espiritual, existe a transferência da energia
desarmônica do desencarnado para o encarnado. Este fato poderá despertar memórias antigas
de sofrimento e agravar fatos precedentes, estabelecendo a ressonância vibratória( 20). Em
outras palavras: um fato qualquer na vida de uma pessoa poderá ativar uma faixa angustiosa de
vida passada. Tal vibração, geraria um sinal que permitiria a aproximação e sintonia de um
espírito desencarnado em desarmonia. Esses dois fatos, juntos, poderiam gerar situações de
esquizofrenia na vida atual do paciente.
A terapêutica consiste na conscientização do encarnado visando o abandono dos
vícios, a correção de rumos, a vigilâncias nas ações, nos pensamentos e sentimentos a reforma
pessoal, e o tratamento dos elementos negativos (espirituais, anímicos ou personímicos)
envolvidos no processo.

Exercícios para fixação:


a) O que um médium consciente deve evitar para manter-se em equilíbrio?
b) O que acontece quando um médium deixa-se envolver por vícios e comportamentos
negativos?
c) Como age um espírito para influenciar ou induzir um encarnado?
d) Quais outras agravantes uma indução pode causar?
e) Quais perigos estamos expostos quando nos fixamos em pensamentos ou sentimentos
angustiosos, ou quando nos permitimos a prática de vícios, pensamentos ou
sentimentos negativo?
f) Como se procede o tratamento para esses casos?
20 Ressonância vibratória: Repercussão, com o passado angustioso, ou com um trauma de passado, por sintonia
equivalente. trazendo a desarmonia para a vida presente. Isso pode ocorrer através de "flashes" ideoplásticos (ideo, do
grego idéa = "aparência"; princípio, idéia. + plast (icos), do grego plásso ou platto = "modelar"; moldar, ou, ainda "plasmar",
no conceito espírita) ou um motivo deflagrador qualquer.

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Para o bom desempenho do mandato mediúnico

Para o bom desempenho do mandato mediúnico é necessário considerar alguns


pontos e momentos diferentes no dia-a-dia da prática mediúnica: o dia da prática da
mediunidade, os demais dias, os momentos imediatamente anteriores à prática da
mediunidade, e durante a prática da mediunidade:
1) No dia da prática da mediunidade o médium deve empenhar-se sinceramente em manter-se
equilibrado.
2) Nos demais dias, dentro do possível, além do empenho para manter o equilíbrio, deve o
médium estudar a mediunidade e assuntos correlatos, e também assistir palestras e
participar de cursos e seminários sobre o assunto.
3) Nos momentos anteriores à prática da mediunidade o médium deve concentrar-se, orar e
pedir a Jesus auxílio, a fim de bem exercer a mediunidade de “incorporação”.
4) Durante o exercício da mediunidade deve o médium interferir o mínimo possível e
permanecer focado no trabalho, orando. Assim fornecerá as energias positivas para o
trabalho.
A dedicação à mediunidade deverá correr em paralelo com as obrigações materiais,
sem prejuízo do necessário cumprimento dos deveres profissionais, familiares, sociais, etc.
O médium, dentro de um trabalho de Apometria, quando incorporando um espírito
obsessor ou uma personalidade do paciente, tendo condições e domínio da incorporação, pode
auxiliar relatando ao operador/doutrinador o que está ocorrendo.

Animismo descontrolado (mistificação)

Por animismo devemos entender aquilo que vem da alma.


Nos fenômenos mediúnicos, às vezes, encontramos interferência negativa, do
psiquismo do sensitivo nas comunicações espirituais, que também é chamado indevidamente
de animismo, mas que, na realidade, é pura mistificação, consciente ou inconsciente. Pessoas
impressionáveis, sensíveis ou mal intencionadas simulam contatos com espíritos
desencarnados, mensagens e orientações de pretensas entidades sublimes, revelando desajustes
e ânsias de afirmação pessoal. Vêem nesse procedimento uma forma de valorizar, no meio
mediúnico onde situam-se, seus próprios e poucos conhecimentos, e exaltar a sua
personalidade, através das opiniões que defendem e das coisas banais que dizem.
O processo anímico descontrolado, normalmente desemboca em franca obsessão
parasitária, se o pretenso médium não for atendido a tempo. Logo se aproximam espíritos
inferiores procurando estabelecer simbioses com o médium imprudente e desprevenido. E este,
muitas vezes os acolhe. Esse comportamento descontrolado pode chegar a tal ponto que o
sensitivo acaba em claro desequilíbrio mental, seja pela ação mediúnica parasitária
improdutiva, anômala e possessiva, ou pelo esgotamento psíquico que sobrevém.
O tratamento dos descontroles anímicos apresenta melhor resultado quando
ministrado logo que a doença dá seus primeiros sinais.
A seguir, sugerimos providências terapêuticas sobre a mediunidade descontrolada.

Mediunidade descontrolada

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Se no animismo descontrolado a pessoa se compraz em manifestar suas próprias
engendrações, fingindo receber mensagens de espíritos desencarnados, na mediunidade
descontrolada ela não tem condições de controlar os impulsos psicomotores, por vezes
agressivos, que recebe do mundo astral. Seja por educação mediúnica inadequada, seja por
desequilíbrio em seu psiquismo, o sensitivo não consegue equacionar com justeza as
manifestações e entrega-se inteiramente aos espíritos inferiores, que dele se apossam e
abusam.
As manifestações descontroladas apresentadas por esses médiuns revelam a
presença de obsessores poderosos e odientos, perseguindo o médium e aproveitando toda
oportunidade para dele se apossar, na tentativa de destruí-lo. Esse fenômeno pode levar o
médium ao total descontrole e desequilíbrio psíquico, com sério comprometimento da
personalidade.
Disso, bem se pode depreender, que a prática da mediunidade exige atenção
especial.
O desenvolvimento da mediunidade deve envolver cuidados especiais, pois o
médium, normalmente, contata espíritos de grau evolutivo inferior, porém, muitos deles
desenvolveram grandes poderes mentais. E, ao se verem contidos em suas pretensões na mesa
mediúnica, e sem poder agredir seus desafetos, tentam se voltar contra o médium, envolvendo-
o em campos magnéticos adversos.
O médium, portanto, deve vigiar constantemente seus comunicantes, procurando
sentir-lhes as vibrações, contendo-os em seus arroubos agressivos e cedendo seus recursos na
exata medida, apenas o suficiente para a manifestação do espírito comunicante. Tudo que vem
do mundo invisível deve ser avaliado e filtrado pelo médium, que deve manter o compromisso
com a verdade e autenticidade.
O tratamento da mediunidade descontrolada resume-se nestas providências:
Primeira – suspender temporariamente o contato com o mundo espiritual e reduzir o mais
possível à atividade dos chacras, sobretudo o frontal, o cardíaco e o esplênico.
Segunda – sendo possível o aproveitamento do médium em tarefas futuras, colocá-lo numa
escola para médiuns para que estude, sistematicamente, as bases da doutrina espírita
e inicie a prática dos contatos progressivos e controlados com os espíritos.
Terceira – uma vez educado o médium, colocá-lo em trabalhos regulares de socorro
mediúnico, para encarnados e desencarnados.

Os cooperadores que não incorporam.

Os cooperadores que desejam cooperar na mesa mediúnica, mas que não


incorporam e ainda não tem vidência, podem ser eficientes e ativos colaboradores na
terapêutica cromoterápica, gerando energias pela manutenção da prece, ou, principalmente,
tornando-se doutrinadores, sdirigentes, preparando-se para formar novos grupos de trabalho,
ou mesmo para substituir o "dirigente chefe", quando este ausentar-se. Encontrar e preparar
médiuns de incorporação é bem mais fácil do que encontrar pessoas interessadas em aprender
a doutrinar.

Efeito de araste do espírito desdobrado

O médium desdobrado pode sentir uma espécie de atração e acompanhar o espírito


que lhe estava incorporado, não respondendo aos comandos, comportando-se como se
estivesse alheio ao ambiente. Para trazê-lo de volta, pode ser necessária a projeção de um

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campo de força. O fato não apresenta gravidade, mas, se não for conhecido, poderá causar
temores.
Esse fenômeno tem duas causas distintas que são: a) ação, influência ou atração do
espírito comunicante, negativo ou positivo. b) leviandade do médium, que por curiosidade,
voluntariamente, deseja saber onde o comunicante habita ou é levado, acompanhando-o. Essa
atitude por parte dos médiuns revela certa imaturidade e indisciplina, que não se coaduna com
a natureza do trabalho.
Somente a ordem, a disciplina e a responsabilidade conseguem conduzir a bom
termo qualquer trabalho, principalmente, os trabalhos espirituais que, por sua própria natureza,
exigem constante atenção e vigilância do dirigente ou operador, e, também – em especial – por
parte dos médiuns, dos quais dependem por completo as tarefas a serem executadas.
Daí a importância do estudo que mantém o trabalhador informado, eliminando
curiosidades vazias e aventuras imprudentes no astral. Normas de segurança e disciplina, se
violadas, podem comprometer as tarefas, invalidando planos de trabalho penosamente
elaborados.

Questões diversas

A Mediunidade.

A mediunidade é uma capacidade do espírito, portanto, simultaneamente é uma


capacidade física e extrafísica. Porém, para que ela possa se manifestar no encarnado há que
existir uma certa predisposição orgânica. Todas as pessoas são potencialmente médiuns, mas
somente alguns possuem a mediunidade de incorporação. Esses aceitaram, antes da
encarnação, nascer médiuns de incorporação como forma de resgatar mais facilmente dívidas
contraídas em outras existências. E, conseqüentemente, se comprometeram à bem cumprir o
seu Mandato Mediúnico. Porque seria uma forma de trocar dores maiores por dores menores,
praticando o amor fraterno no auxilio aos seus semelhantes.
Os débitos cármicos, que poderiam causar longos sofrimentos, poderão ser
dissolvidos pela prática fraterna da mediunidade. Porém, pelo nosso livre arbítrio, temos três
possibilidades ou opções para fazer esse resgate.
A primeira e melhor opção seria o médium bem cumprir o seu Mandato Mediúnico
exercendo sua mediunidade de “incorporação” com boa vontade, amor, fraternidade,
solidariedade, dedicação, responsabilidade e alegria. Além, naturalmente, da profunda
satisfação pessoal que isso trará, por bem servir aos seus semelhantes. O médium será
beneficiado com o resgate de uma significativa parcela dos seus débitos cármicos, de maneira
proporcional ao bem que tiver praticado.
A segunda opção seria o médium cumprir o seu Mandato Mediúnico ou exercer a
sua mediunidade de “incorporação” de má vontade, sem amor, de forma anti-fraterna, sem
solidariedade, sem dedicação, sem responsabilidade e sem alegria. Em primeiro lugar, não terá
a satisfação íntima do dever cumprido, e, em segundo lugar, apenas uma pequenina parcela dos
seus débitos cármicos serão resgatados, e em terceiro lugar, o médium contrairá novos débitos
cármicos, conseqüentes do mau exercício da bendita mediunidade de incorporação.
A terceira opção (péssima) seria o médium não cumprir o seu Mandato Mediúnico.
A recusa teimosa em não exercer a sua mediunidade de incorporação, além de não trazer
nenhuma satisfação íntima, não resgatar seus débitos passados, o médium aumentará em muito
os seus débitos cármicos.

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Existem, ainda, outras conseqüências resultantes do mau exercício do Mandato
Mediúnico, e, mais ainda, da recusa do médium exercer a sua mediunidade. Cada Mandato
Mediúnico é o elo de uma corrente de trabalho espiritual que compreende as correntes de guias
mediúnicos e também de outros médiuns que reencarnaram fazendo parte dessa equipe e
programa, e que dependem da colaboração do trabalhador rebelde. Em outras palavras, a má
condução ou recusa da mediunidade implica em graves e sérios prejuízos ao trabalho do bem
aqui na Terra. Então, o Mandato Mediúnico deve ser exercido com boa vontade, amor,
fraternidade, solidariedade, dedicação, responsabilidade e alegria.
Compromissos materiais e obrigações com família são inerentes a todos aqueles que
nascem no planeta, sejam médiuns ou não. Somente os espíritos superiores, que baixaram ao
planeta em condições especiais, missionárias, podem definir com mais clareza se desejam
assumir outras obrigações familiares como casar e ter filhos, ou se desejam dedicar suas vidas
ao exercício da mediunidade. Os demais, portadores da mediunidade, mas que não estão em
missão mediúnica, mas que desejam assumir e bem cumprir o seu Mandato Mediúnico, devem
fazer dentro do possível, nas suas horas vagas, ou nos momentos permitidos pelas obrigações
profissionais e familiares, já que obrigações sociais podem ser substituídas de todo ou em
parte, vantajosamente, pela dedicação ao trabalho fraterno. No entanto, o bom médium sempre
se empenhará em organizar sua vida de modo à reservar um tempo para seu trabalho espiritual.

O desenvolvimento da mediunidade.

Desenvolver a mediunidade não é acelerá-la à força. Mas agora, conscientes de que


a mediunidade é uma faculdade inerente a todo o ser humano e que seu desenvolvimento é um
processo natural, tendo seu próprio tempo de afloração, crescimento e maturação, e que cada
caso deve ser estudado em particular, nos basta verificar o caso e a melhor maneira de orientar
o interessado. Assim sendo, em algumas pessoas a mediunidade pode manifestar-se
subitamente, e em outras pode demorar dias, semanas, meses ou anos. E a melhor maneira de
desenvolver uma mediunidade é através do estudo e da freqüência a um grupo ou casa espírita
ou espiritualista bem orientada.
Com em qualquer atividade humana, somente aqueles que adquirem os necessários
e suficientes conhecimentos teóricos e práticos podem ser competentes. Além disto, após
adquirir os conhecimentos iniciais, sempre é indispensável o constante aprimoramento.
Infelizmente, existem médiuns descuidados, relapsos e irresponsáveis, que exercem suas
mediunidades sem a menor preocupação em estudá-la e desenvolvê-la adequadamente, e, por
ignorância total aos deveres que a mediunidade impõe, cultivam e mantém vícios que anulam
completamente o trabalho que pensam realizar.
Os conhecimentos teóricos sobre a mediunidade são facilmente encontráveis nas
obras Espíritas e Espiritualistas, como também em palestras, cursos, seminários, etc.
O desabrochar da mediunidade, salvo raríssimas exceções, é quase sempre uma fase
crítica que pode apresentar vários sintomas desagradáveis no corpo físico. Perturbações
diversas, pensamentos, sentimentos, vontades e desejos estranhos. Assim, é preciso
conhecimentos e informações sobre o assunto. Mas todos os reencarnantes candidatos a
médiuns de incorporação já são treinados antes de se encarnar. Por isso, são encaminhados
para as Escolas de Médiuns, no astral. Às vezes, são treinados durante anos a fio, para o bom
exercício psicofônico. Conscientemente não lembram desse aprendizado, por causa das
limitações do corpo físico. Mas, na medida em que estudam e aprimoram a mediunidade,
aqueles conhecimentos vão, naturalmente, aflorando.

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Mesmo assim, como recurso auxiliar, visando minorar as dificuldades iniciais dos
interessados, além da orientação adequada, os candidatos devem receber passes magnéticos ou
mediúnicos pelo menos duas vezes por semana, que facilitam, ajudam e estimulam o sadio
desenvolvimento da mediunidade.
Através da mediunidade pode um médium interagir não só com espíritos
benfeitores, mas também com espíritos perturbadores, espíritos perturbados, espíritos
sofredores, e também os elementos anímicos denominados “personalidades múltiplas“ e os
elementos personímicos denominados “subpersonalidades”, ambos desdobrados da
consciência. Podemos sintonizar ainda, como se fosse uma incorporação, corpos, níveis e
subníveis, que são elementos desdobrados do Agregado Periespiritual.
A título de alerta, lembramos que, para ocorrer uma incorporação ou sintonia de
“guias espirituais” (mentores) que se apresentam, depende de vários fatores, tais como
afinidade entre o médium e os guias, preparo do médium e necessidade específica de trabalho.
E normalmente essas incorporações servem para nos auxiliar e nos orientar em momentos de
necessidade.

Módulo IV

A dissociação da Consciência ou Desdobramento Múltiplo


O conceito de Personalidades Múltiplas
Gênese das Personalidades Múltiplas
Propriedades das Personalidades Múltiplas
Funções das Personalidades Múltiplas

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Comportamentos prováveis das Personalidades Múltiplas
Sintomas que geram
O conceito de Subpersonalidades
Gênese das Subpersonalidades
Propriedades das Subpersonalidades
Funções das Subpersonalidades
Comportamentos prováveis das Subpersonalidades
Sintomas que geram
Os “eus” (personalidades múltiplas e subpersonalidades) e suas leis
Ainda sobre os desdobramentos e dissociações
O comportamento inconseqüente
A Terapêutica goética

A dissociação da Consciência (Desdobramento Múltiplo)

Tudo indica que a dissociação da consciência que dá gênese as “personalidades


múltiplas” e as “subpersonalidades é um fenômenos natural em espíritos tanto encarnados
quanto desencarnados.
Os atores gregos, para dar a aparência que o papel exigia, utilizavam-se de
máscaras, as quais denominavam de Persona. Psicologicamente, ou espiritualmente, podemos

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dizer que Persona é a “casca” de apresentação que construímos para nos apresentar em cada
existência terrena.
O homem é um espírito corporificado que comanda uma estrutura orgânica capaz de
possibilitar-lhe a manifestação na dimensão física. O espírito é a essência imaterial e, para
manifestar-se aqui no plano físico, precisa construir um envoltório que lhe permita agir sobre a
matéria. A experiência terrena com suas infinitas possibilidades, lhe é necessária. Somente no
mundo da matéria densa pode viver experiências e desenvolver percepções únicas que não lhe
seriam possíveis no mundo espiritual. Pode também desenvolver níveis de entendimento
e mecanismos que lhe permitem alcançar patamares mais altos na escala evolutiva.
Em nosso entendimento, atributos como a paciência, a generosidade e a
complacência seriam difíceis de desenvolver fora da matéria, dada a sutileza dessas
dimensões. Assim, vamos construindo nossa persona de acordo com as circunstancias e
interesses imediatos, reforçando ou aperfeiçoando nossos aspectos negativos e positivos, até
que o ser acorde para a luminosa sabedoria angelical.
Jesus, o maior conhecedor da alma humana, nos alertou que “onde estivesse nosso
tesouro lá estaria o nosso coração”. Então, nossos apegos fazem com que as personagem que
animamos tenham uma grande sobrevida após o desencarne, podendo permanecer, alcançar e
influenciar as futuras encarnações. Essas personalidades costuma permanecer aferradas aos
hábitos e posses do passado, embora em cada encarnação o espírito refaça seus projetos de
aprimoramento. Assim, mesmo estando submetidos a Lei da Evolução, nossas personas,
focadas em seus interesses passados, ficam contrariadas e reagem aos projetos e condições da
vida atual.
Um espírito que existiu em determinada época histórica e conquistou grande poder e
domínio, pode ter dificuldades de aceitar uma existência mais simples, na qual conhecerá a
obediência e a subalternidade. Então, a personalidade acostumada ao domínio de outra época,
pode aflorar e se insurgir, tentando modificar o seu estado e driblar as leis maiores que regem
os destinos dos homens, podendo até inviabilizar a presente encarnação, na esperança de
conseguir o seu intento.
Nos capítulos referentes ao estudo sobre essas personalidades, enfocaremos o
assunto de diversas formas, sob vários pontos de vista, visando o mais completo entendimento,
dada a grande necessidade que os terapeutas do psiquismo têm de entender o assunto.
No filme “As Três Faces de Eva” é apresentado um caso onde uma mulher
costumeiramente submissa (Eva), deixa aflorar uma outra personalidade extrovertida e
volúvel. Depois de um tratamento através de hipnose, desaparecem as duas primeiras
personalidades, e aparece uma terceira que estava eclipsada e que era a sua verdadeira
personalidade. Deixando claro que Eva, nem sequer Eva era.
Os profissionais da saúde nas áreas do psiquismo, ainda se debatem tentando
entender a gênese das personalidades múltiplas e as suas propriedades. Para alguns
profissionais, o fenômeno é um mecanismo de defesa da consciência que cria ou acorda as
personalidades alternativas, para enfrentar situações que normalmente não seriam suportadas.
Para outros, as personalidades são criadas pelos próprios terapeutas.
Evidentemente, nós entendemos que é muito difícil para um psiquiatra, psicólogo,
médico ou terapeuta materialista que, por convicção religiosa, filosófica ou ceticismo, que não
aceita a realidade das existências sucessivas, conceber a dissociação de personalidades. No seu
modo de entender e de pensar, só pode haver uma dissociação de identidade, dado que um
individuo não nasce com mais que uma personalidade. Então, para atender esta classe de
profissionais, criou-se o “Distúrbio Dissociativo de Identidade”, com a sigla DDI. Já para os
terapeutas, psiquiatras, médicos e psicólogos reencarnacionistas, a formação ou o surgimento

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das personalidades múltiplas, anômalas ou periféricas, é perfeitamente concebível, possível e
normal, porque o paradigma que lhes orienta a visão e a pesquisa, vai além das acanhadas
fronteiras da materialidade. De qualquer forma, tanto em um grupo quanto em outro, existem
estudos de casos de pessoas com duas e até dezenas de personalidades ou de identidades
diferentes. Porém, a quantidade de elementos dissociados não é o fator determinante do
diagnóstico da Dissociação Múltipla de Personalidade, mas sim a desconexão de certos
aspectos da identidade da pessoa, que a coloca em condição patológica. Por esta razão, o nome
do distúrbio das personalidades múltiplas passou a ser classificado com “distúrbio dissociativo
da identidade” (DDI). Conceituado pela Associação Psiquiátrica Americana em 1980 como “A
existência dentro de um indivíduo de duas ou mais personalidade distintas, cada qual
dominante por período de tempo não determinado. A personalidade dominante é a que
determina o comportamento do indivíduo. Cada personalidade individual é complexa e
integrada a seu padrão de relações sociais. (...) Geralmente a personalidade original não tem
conhecimento da existência das outras personalidades.”
William James (1842-1910) e mais tarde Jung as observaram em seus estudos e
pesquisas. Cada personalidade é completa, com suas próprias memórias, comportamento e
gostos, diferem de forma bastante elaborada e complexa. São independentes umas das outras,
têm, freqüentemente, comportamentos e até polaridades sexuais opostas. Em alguns casos, há
completo bloqueio de memória entre as personalidades. Noutros, há conhecimento e até
interação entre umas e outras. Por isso, surgem as rivalidades, as fraternidades, e até um
dominador entre elas, formando as linhas de desarmonia com comandada por uma ou mais
personalidades principais. O observador externo que desconheça essa realidade, não notará
nada de anormal com pessoas dissociadas.
Além dos estudos e observações de nossas equipes mediúnicas sobre os elementos
anímicos e personímicos, também o “Centro de Apometria Amor e Caridade” e o “Grupo de
Apometria Fellermon”, da cidade de Campinas, São Paulo, juntamente com seus mentores,
vêm observando e tratando os contextos psíquicos dos atendidos com resultados positivos,
embora as diferenças na forma de interpretá-los e tratá-los. Porém, ao nosso ver, não diferem
as propriedades e nem os significados.
Segundo eles, o que denominamos de “personalidades múltiplas” e
“subpersonalidades” negativas, são interpretados por eles como projeções oriundas de vidas
passadas ou presente, provenientes de informações (dados, registros ou memórias) da
experiência particular de cada ser, com tendência a se inserir na realidade que vivencia.
Esses dados, registros ou memórias, podem se agrupar, interagir ou se unir, criando
e projetando novas realidades não suspeitadas que os insere em determinados contextos, ou
que são acessadas por sua consciência de vigília. Enquanto não são incorporados no “eu”,
esses registros e realidades criadas flutuam perturbadoramente em sua "volta", como que
atraídos ou imantadas pela "carga" de um magnetismo central.
Tais conjuntos flutuantes são denominados de projeções ou “memórias decorrentes”,
por não se encontrarem ainda integradas ao "eu". Quando estabilizados e integrados, tornam-se
“memória presente”, disponível na constituição da personalidade real.
Com relação ao tratamento empregado para essas memórias perturbadas, pelos
grupos referidos, busca-se dispersar as projeções (“memórias decorrentes”), focalizando-se a
atenção nas “memórias presentes”, de onde surgem os males mais comuns que afetam a todos
nós.
De qualquer forma, ao se dispersar as “memórias decorrentes”, está sendo dada
atenção e tratamento ao que chamamos personalidades periféricas, que se forem deixadas de

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lado sem tratamento adequado, podem nos surpreender galgando posições anteriormente
ocupadas pelas personalidades dominantes.

O conceito de Personalidades Múltiplas.

Personalidades Múltiplas são as personalidades construídas e vividas em outras


existências. Podem permanecer ativas desde a desencarnação ou despertar de um momento
para outro. Têm identidade própria, aparência, hábitos, idade e até polaridade sexual distintas
da personalidade atual. Despertadas podem permanecer existindo por dias, meses, anos ou
séculos. Pertencem a categoria dos fenômenos anímicos, ou da alma. Foram observadas e
estudadas pelo psicólogo americano William James (1842 – 1910), um dos pioneiros na sua
identificação. Jung, em “Fundamentos de Psicologia Analítica”, ao escrever sobre os
complexos, também abordou o mesmo assunto, ampliando-lhe a compreensão. Mais tarde, os
estudos dos espíritos André Luiz, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, e
Joanna de Angelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, vieram esclarecer e complementar
mais ainda a compreensão do tema.
Assim, podemos dizer que uma personalidade múltipla, em muitos aspectos, é uma
“pessoa” ou uma “entidade” que manifesta e exterioriza um conjunto de qualidades ou um
caráter essencial e exclusivo que a distingue de outra, com sua estrutura de hábitos adquiridos,
interesses, complexos, traumas, sentimentos, aspirações e uma organização integrada e
dinâmica de atributos.
Uma personalidade múltipla é um elemento com poder de decisão, autonomia de
ação, conhecimentos diversos e força mental bem desenvolvida. Em muitos casos, quando age
sobre a parte encarnada, passa a dominar a vontade da pessoa afetada.
É comum também, no atendimento mediúnico, essas personalidades anômalas,
quando incorporadas, subjugar a vontade do próprio doutrinador que tenta tratá-las. Muitas, ao
serem acessadas, nos ameaçam e até nos atingem com seus recursos psíquicos, agressividade,
conhecimentos de hipnose ou outras técnicas de manipulação de energia, quando interferimos
em suas ações. Geralmente, agem de forma oculta.
Os efeitos de suas ações são bem conhecidos e visíveis, dependendo do grau de
periculosidade que possuam. Se não soubermos lidar adequadamente com elas e neutralizá-las,
da mesma forma como se lida com espíritos libertos da carne, podem até nos prejudicar
seriamente.

Gênese das Personalidades Múltiplas.

As Personalidades Múltiplas surgem ou acordam quando ativadas por algum


estímulo desencadeador qualquer, no plano da consciência física ou espiritual. O deflagrador
pode ser um vício, uma vibração, uma imagem, um cheiro, um olhar, um tom de voz, um som,
uma provocação, um ataque, um descontentamento, uma humilhação, um medo, um trauma,
etc.
Ao desencarnar a pessoa, está formada e concluída uma nova personalidade. Esta
permanece ativa dominando ou envolvendo a consciência ou bloco de ego com suas idéias,
sentimentos e emoções, até a nova encarnação, por ser a última experiência vivida pelo
espírito.

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Em nova encarnação, poderá “acordar” vigorosa e influenciar a personalidade em
construção, tornando-se mais uma Personalidade Múltipla. Mas, essa personalidade pode,
também, permanecer “hibernada” “dentro” do bloco de consciência, conforme a necessidade
de evolução ou a capacidade de resolução que tenha o espírito, até que algo a desperte.
Quando desperta, pode tornar-se mais ou menos ativa, reativa, cooperadora, omissa
ou antagônica, dificultando ou facilitando a construção da individualidade.
Um dia, num prazo indeterminado, pois que isso depende de diversas circunstâncias
que podem depender ou não do interessado, pode se integrar totalmente à personalidade
cósmica ou individualidade eterna, abrindo mão dos individualismos gerados pela existência
vivida, com seus vícios, equívocos, traumas e apegos.
É impossível determinar o seu número, dado as inúmeras possibilidades de eclosão,
e também porque não sabemos quantas existências tivemos e em quais tivemos eventos que
devem ser revistos e reinterpretados.
Podem se integrar por orientação (doutrinação) de um encarnado; por orientação de
um espírito; por influência de outras personalidades do mesmo agregado; quando se dão conta
do equívoco em que vivem; ou quando entram em colapso por falta da energia que as alimenta.
Na realidade, a verdadeira integração ocorrerá quando adquirirem consciência de
sua realidade psíquica e de sua destinação espiritual, daí sim, fundir-se-ão na personalidade
atual, e depois, na individualidade eterna.
Em alguns distúrbios do psiquismo como no caso das depressões, antes da fase mais
aguda da doença, a gênese das personalidades múltiplas pode ser detectada. O doente
apresenta insatisfação com a vida, desencanto em relação ao viver, insatisfação em relação ao
si, descontentamento com a aparência, dificuldade de memorização, dificuldade de
concentração, impulsos agressivos, revolta surda (raiva, ódio ou rancor recalcado), irritação,
silenciar dos anseios, desprezo propositado pela realidade e ao mundo que considera hostil.
As causas prováveis de sua eclosão provém, quase sempre, de existências passadas:
na repressão dos desejos, na insatisfação ou desmandos na área sexual, nas perdas de afetos
não digeridas, nas perdas de patrimônios, nas perdas de objetos de estimação ou valores
monetários, na autopunição, na frustração, na rejeição dos familiares, nos preconceitos, no
suicídio, nas fugas de responsabilidades ou nos vícios, etc, provocando a degeneração do
intercâmbio entre ego e “self” (auto-obsessão), facilitando as obsessões, as parasitoses e
doenças em geral.

Propriedades das Personalidades Múltiplas.

As “Personalidades Múltiplas”, mesmo tendo suas existências há muito descoberta


pelos espiritualistas e mestres da psicologia, são pouco conhecidas em suas propriedades e
possibilidades. Freqüentemente são confundidas com as “subpersonalidades”, com os
elementos que compõe o “agregado humano” (veículo de sustentação do espírito, formado por
corpos, níveis, subníveis, chacras, meridianos, nadis, etc.) e também com os espíritos.
São doutrinadas nos centros apométricos através do desdobramento e da
incorporação, e no tratamento de seus “egos”, em psicoterapia, nos consultórios psicológicos,
ou ainda nos trabalhos de evangelização, nas casas espíritas.
Podem se desdobrar do bloco de ego, dissociar-se e se afastar. Podem também se
associar a outras personalidades ou espíritos. Freqüentemente antagonizam-se com espíritos,

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com outras personalidades, com encarnados. Rejeitam a sua nova personalidade encarnada, a
nova família, ou as novas condições de vida.
Podem gerar problemas das mais variadas ordens porque extraem energia do próprio
corpo físico e também do agregado periespiritual.
O processo de associação com outras “personalidades” semelhantes pode torná-las
mais vigorosas, positiva ou negativamente.
As “personalidades múltiplas” podem ter muita ou pouca noção de si mesmas e de
suas possibilidades, e podem agir com relativa ou total independência.
Vivem “dentro” ou “fora” de nós, como se fossem outras pessoas ou parte delas.
Podem potencializar-se ao apegar-se em aspectos negativos de outras encarnações
ou alimentar-se de pensamentos, sentimentos, vícios ou emoções negativas geradas em
momentos traumáticos vividos durante a atual encarnação.
Muitas vezes são mais inteligentes do que a própria personalidade encarnada, ou até
mesmo do que os doutrinadores e os terapeutas que tentam neutralizá-los. Daí a dificuldade
com a terapêutica psicológica, medicamentosa e mesmo a medianímica ou espiritual.
Ainda que por óticas diferentes, foram observadas e estudadas por pesquisadores
como Pierre Janet em 1898, quando, inclusive chegou a propor um modelo dissociativo da
psique, defendendo a idéia de que “a consciência pode dividir-se em partes autônomas, de
sofisticação e abrangência variadas”.
Jung ampliou este estudo, ao tratar o que ele denominou de complexos. Entendia ele
que: “os vários grupos de conteúdos psíquicos ao desvincular-se da consciência, passam para
o inconsciente, onde continuam, numa existência relativamente autônoma, a influir sobre a
conduta".
“A psiquê, tal como se manifesta, é menos um continente do que um arquipélago,
onde cada ilha representa uma possibilidade autônoma de organização da experiência
psíquica”.
As personalidades múltiplas, quando possuem conhecimentos iniciáticos, têm ainda
a propriedade de agir ocultamente, de forma a dificultar sua identificação e não serem
percebidas pela consciência de vigília ou pelos terapeutas que procuram identificá-las.
Quando são negativas, denominamo-as de pseudo-obsessores, de personalidades
parasitas, de personalidades omissas, de personalidades vingativas, de personalidades ociosas,
de personalidades doentias, de “lado ruim”, e resíduo de personalidade, de extrato de memória,
etc. Procuram distorcer os propósitos dignos e éticos, tentando levar a pessoa aos vícios e aos
comportamentos desequilibrados.
Quando positivas chamamos de personalidades alimentadoras, personalidades de
base, personalidades guias, personalidades mentoras, etc. Procuram guiar a consciência
encarnada, “ego”, para os aprendizados produtivos, para a moral e os bons costumes, para a
ética e a religiosidade, para a fraternidade, o amor e as grandes realizações. Representam a
conhecida “voz da consciência”.

Funções das Personalidades Múltiplas.

Suas prováveis funções, mesmo que isso pareça uma anomalia, são: agir, reagir ou
interagir, individualmente ou em grupos, de forma integradora ou desintegradora, entre seus
pares, dentro e fora do campo vibracional dos corpos, níveis e subníveis, provocando reações

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positivas ou negativas em todo o cosmo consciencial (pensamentos, idéias, emoções,
sentimentos, etc), visando seu constante aprimoramento, e conseqüentemente o aprimoramento
do espírito.
Juntas formam, aparentemente, o bloco de consciência física ou “ego”, conservando
os atributos que lhes são inerentes juntamente com o aprendizado de suas experiências.
Agrupam-se por afinidade ou interesse.

Comportamentos prováveis das personalidades múltiplas.

Esses elementos apresentam-se com várias formas, atitudes, aparências e


comportamentos. Quando vigorosas, são formas altamente potencializadas pelas memórias
totais de uma vida passada ou pelas memórias parciais de diversas existências. Ligadas ao
agregado humano e ao espírito através de um cordão (elo energético, vibracional ou fluídico
que liga a personalidade ao conjunto de corpos na altura da nuca do corpo físico), sempre
estarão influenciadas mais fortemente em suas atitudes pelo atributo de um dos três corpos que
as gerenciam (corpo mental superior, corpo mental inferior e corpo astral).
Por outro lado, também estarão influenciadas em seus comportamentos pelos
aprendizados e experiências vividas em seu passado, nas suas várias existências, como
também por espíritos ou mesmo outras pessoas encarnadas.
No entanto, é importante lembrar que os corpos além de seus atributos, têm um
papel gerenciador ou impulsionador das experiências do espírito, visando à reciclagem e
melhoramento das experiências registradas. Já as experiências vividas, os aprendizados e os
conhecimentos armazenados, servem de lastro para que a personalidade manifestada possa
utilizar, conforme seu grau de evolução, necessidade e sabedoria, com maior ou menor
aproveitamento.
Assim, o comportamento de uma personalidade múltipla poderá refletir uma ou
várias possibilidades, tais como o extrato ou o fruto de uma experiência encarnatória vivida,
ou de várias; poderá refletir também o conjunto das suas experiências no processo evolutivo;
poderá estar impulsionada mais vigorosamente pelas influências provocadas pelos atributos e
impulsos de um dos corpos do agregado humano; pode ainda refletir o impulso perturbador
dos apegos, dos recalques e dos medos de que seja portadora, e também das provocações e
apelos do meio onde o ser estiver reencarnado.
As raízes impulsionadoras das tendências que alberga guiarão a conduta da
personalidade múltipla. Estas poderão ter as mais diversas origens, inclusive em épocas
diferentes, mas dificilmente representam a totalidade das experiências do espírito, isto porque,
nos parece claro que dentro desse processo evolutivo o ser forma diversas linhas de conduta,
dependendo dos compromissos, polaridade sexual e proposta encarnatória. Uma pessoa pode
se apresentar correta e boa na aparência e incorreta e má na essência, formando duas faces
distintas e antagônicas. Da mesma forma, pode ter uma linha encarnatória com um tipo de
conduta, e outra, ou outras, com diversas formas de conduta bem diferentes da primeira.
Às vezes, uma conduta ou um tipo de comportamento negativo, albergado no
psiquismo, não se revela até certa idade ou mesmo em uma determinada encarnação, mas,
pode revelar-se a partir dessa idade ou em encarnação futura. Apenas, permaneceu ocultada
por certo tempo, porque não houve um deflagrador que a revelasse. Muitas lembranças e
memórias permanecem adormecidas (esquecidas temporariamente) em uma encarnação, mas,
poderão ser despertadas em outras, dependendo da necessidade evolutiva do espírito. Poderão
também, ao despertar, serem rechaçadas e reprimidas pela própria consciência física. Ou ainda,

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permanecerem ocultadas por razões de programação encarnatória, de rebeldia, de covardia, de
incapacidade administrativa ou de ignorância.
Mas a reativação dessas memórias sempre ocorre em momento propício, oportuno,
quando a consciência vibra em freqüência evolutiva mais alta, quando já tem mais facilidade
de compreensão e de entendimento, quando o enfrentamento das dificuldades que essas
memórias trarão, pode ser feito de forma orientada, proveitosa e inteligente.
A compreensão de tudo isso vai depender da nossa capacidade de perceber essa
realidade e de aceitá-la, mas, o nosso entendimento e nossas reações sobre o assunto, podem
variar, infinitamente, dependendo da nossa índole psicológica, dos nossos conceitos ou
preconceitos, do nosso enfoque e das nossas idiossincrasias.
Os corpos com seus níveis e subníveis não são as experiências nem as informações.
São decodificadores dos impulsos do espírito, gerenciam as experiências e aprendizados, retém
as informações do passado e também as do presente.
Então, quando uma personalidade múltipla se desdobra, se dissocia e se projeta à
distância, comporta-se como se fosse uma outra pessoa, apegada em algum trauma, doença,
vício, hábito, título, bem, propósito, conceito ou preconceito.
Quando apegada em um aspecto negativo sob o impulso de uma determinada
experiência, de experiências de uma ou mais existências, acordadas por eventos traumáticos
ocorridos durante a atual encarnação, podem gerar distúrbios de variada ordem. Quando
cindidas do bloco de ego, comportam-se como se estivessem esquecidas da desencarnação
sofrida no passado. Discutem, defendem supostos patrimônios, teses e postulados. Fazem
planos, agem e não se dão conta de que não têm um corpo físico totalmente ao seu dispor,
como é o caso da personalidade encarnada, mas, apenas, estão ligadas a um, e também, a uma
personalidade encarnada.
Muitas vezes, apresentam-se angustiadas, agressivas, vingativas, arredias e não
entendem porque têm de permanecer ligadas a uma pessoa diferente (nova personalidade
física). Por isso, atacam-na, ironizam-na e a rejeitam.
Existem também as que se apresentam plenamente conscientes de sua condição,
como também as plenamente inconscientes. Umas tantas são simplórias, viciosas, confusas e
perturbadas, outras são arrogantes, ignorantes, orgulhosas, soberbas e maldosas. Não se
integram a atual personalidade por que não querem ou não sabem o que está acontecendo.
Opõem-se à polaridade sexual da nova personalidade encarnada, rejeitando e criando sérias
dificuldades. Dificultam a infância, a maturidade, a velhice, a aparência, a família ou a
condição social. Boicotam profissões, criam dificuldades de toda a ordem, chegando a levar o
encarnado a comprometer o empreendimento encarnatório, etc.
Muitas permanecem adormecidas por séculos até que algo as ative, ou então, a
própria necessidade evolutiva da pessoa as despertará para que ressignifiquem seus
conhecimentos e conteúdos conscienciais.
Através de orientação podem se redirecionar ou se integrar ao bloco de “ego”. Ou
então, diante de atitudes positivas da consciência física entram em colapso, anulando-se ou se
integrando as atividades progressivas da consciência física ou da consciência espiritual.

Sintomas que as personalidades múltiplas geram.

As personalidades múltiplas, dissociadas, quando negativas, podem criar confusões


de toda a espécie pela sua constante alternância, destruir relações afetivas, dificultar

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aprendizados, provocar desentendimentos, estimular comportamentos e viciações. Muitas,
rebelam-se, frustram-se, reagem, interferem, afastam-se ou associam-se a outras
personalidades ou a espíritos negativos em prejuízo da saúde física ou psicológica, drenando a
economia energética dos encarnados. Prejudicam a proposta encarnatória, atacam familiares,
colegas de trabalho, vizinhos, conhecidos ou desconhecidos.
As personalidades múltiplas viciadas, podem impulsionar a personalidade física a
ligar-se a um vício, visando à satisfação de suas necessidades. Muitas vezes ocorre, também,
de elas se ligam a terceiros, encarnados, em processo de simbiose, quando esses atendem suas
necessidades. Assim, o encarnado viciado, pela sua imprudência e incúria, passa a pagar a
conta de outro encarnado, ao manter o seu vício, juntamente com a manutenção do próprio,
tendo sua necessidade de satisfação do vício, duplamente aumentada. Age inconscientemente,
atendendo o domínio oculto do outro.
Terapeuticamente, interessam-nos os seus defeitos, comportamentos, distúrbios e
sintomas, que se apresentam em forma de traumas, melindres (recalques), medos, postulados,
apegos (hábitos), etc.

O conceito de Subpersonalidades.

As Subpersonalidades são os desdobramentos e projeções da consciência física ou


da personalidade atual da pessoa encarnada.
Comportam-se como se fosse a própria pessoa ou parte dela. Apresentam a mesma
aparência e são alimentadas por algum desejo, frustração, ódio, raiva ou recalque. Pertencem à
categoria dos fenômenos personímicos ou psicológicos.
Foram observadas e estudadas por Pierre Janet em 1898, quando, inclusive, chegou
a propor um modelo dissociativo da “psique”, defendendo a idéia de que “a consciência pode
dividir-se em partes autônomas, de sofisticação e abrangência variadas”.
Jung abordou o mesmo assunto em “Fundamentos de Psicologia Analítica”, ao
estudar os complexos, como também os espíritos André Luiz, através da psicografia de
Francisco Cândido Xavier, e Joanna de Angelis, através da psicografia de Divaldo Pereira
Franco, o que veio a esclarecer muitos pontos obscuros sobre o instigante tema.
Jung entendia que “os vários grupos de conteúdos psíquicos ao desvincular-se da
consciência, passam para o inconsciente, onde continuam, numa existência relativamente
autônoma, a influir sobre a conduta".
“A psiquê, tal como se manifesta, é menos um continente do que um arquipélago,
onde cada ilha representa uma possibilidade autônoma de organização da experiência
psíquica”.
Da mesma forma que uma personalidade múltipla, uma subpersonalidade é um
elemento com poder de decisão, autonomia de ação independente da consciência física, mas
com conhecimentos e força mental conforme a da própria personalidade da pessoa. Em muitos
casos, quando age contra a parte encarnada, passa a perturbar a vontade da pessoa afetada,
provocando-lhe irritação e inquietude. Podem, também, incorporar-se em outras pessoas,
geralmente familiares, e agredir a sua própria consciência (personalidade) física, quando esta
não toma a atitude que atenda os anseios da subpersonalidade desdobrada.
Ao serem percebidas e acessadas, ou quando interferimos em suas ações, resistem,
ameaçam-nos e até nos atingem com seus recursos psíquicos, agressividade, conhecimentos de
hipnose ou outras técnicas de manipulação de energia. São hábeis em justificar as suas ações, e
geralmente, agem de forma oculta.

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Os efeitos de suas ações são bem conhecidos e visíveis, dependendo do grau de
periculosidade que possuam. Se não soubermos lidar adequadamente com elas e neutralizá-las,
da mesma forma como se fossem espíritos libertos da carne, podem até nos prejudicar
seriamente.

Gênese das Subpersonalidades.

As Subpersonalidades têm sua gênese deflagrada por algum evento ou estímulo


desencadeador qualquer, geralmente no plano da consciência e da existência física. O
desencadeamento pode ocorrer por uma provocação, uma contrariedade, uma frustração ou um
desejo não satisfeito. Pode ocorrer ainda por um ataque, um descontentamento, uma
humilhação ou um medo. Quando um desejo não é satisfeito, um problema ou uma
dificuldade não é enfrentada e resolvida satisfatoriamente, gera uma carga emocional que
repercute em todo o cosmo consciencial, provocando uma necessidade de reação, daí aparecem
as subpersonalidades como resposta ao bloqueio e a contenção imposta pela personalidade e
consciência física.
O deflagrador pode ainda ser a contenção de um vício, quando a pessoa percebeu
que precisa abrir mão dele, mas no fundo continua desejando mantê-lo. Então, a personalidade
desdobra-se e vai encontrar um hospedeiro inconsciente (médium), que lhe dê guarida, que não
o repila, que atenda a sua necessidade reprimida, e aí forma-se uma simbiose em que o
primeiro, por desdobramento inconsciente, satisfaz-se à custa do segundo, que mantém no
campo físico o mesmo vício.
É comum um aparente viciado, que comporta-se de forma complicadora, agressiva,
doentia, ser somente hospedeiro do verdadeiro doente, que mantém-se “ocultado” e reprimido,
por medo do julgamento público, pelo freio dos conceitos morais, pelos bloqueios gerados
pelos preconceitos, pelos conceitos religiosos, éticos, familiares ou por uma necessidade
qualquer.
Pelo que temos observado, as subpersonalidades, após surgidas, têm um tempo de
existência que poder ser de dias, meses e até anos, dependendo da capacidade da consciência
(personalidade) física em se reequilibrar ou buscar equilíbrio através de tratamento adequado.
Quando estas subpersonalidades não são tratadas adequadamente, mas a
personalidade física busca equilíbrio e adota uma conduta reta, elas entram em colapso por
falta da energia que as alimentava, tal como as personalidades múltiplas.
O número de subpersonalidade que poderão surgir não pode ser determinado, pois
que, o seu surgimento, depende do grau de harmonia, do nível de consciência, e do controle e
da vigilância da personalidade física. Depende ainda da forma com que a pessoa encara e
trabalha as dificuldades e os desafios que a vida lhe oferece.
Observa-se que uma pessoa raramente tem, em seu campo psicológico,
subpersonalidades múltiplas. Ocorre o contrário com as personalidades do passado, as
personalidades múltiplas. Essas podem surgir e ter existência simultânea com as demais, e que
surgem independentemente do equilíbrio psicológico e emocional da pessoa, já que
representam antigos equívocos, recalques e apegos a serem reformulados.
A necessidade de reformulação ocorre, exatamente, quando a consciência adquire
suporte para enfrentar suas próprias mazelas e está pronta para fazer seu autoconhecimento e
seu autodescobrimento. A reformulação inicia quando está apta a compreender, aceitar e
redirecionar sua própria conduta, orientando sua própria ascensão.
Isso só ocorre quando o ser já compreendeu que os erros do passado, os equívocos,
as dificuldades, as dores e os sofrimentos, funcionaram como despertadores de suas

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potencialidades, conduzindo-o ao patamar em que se encontra. Então, consciente e iluminado,
não mais necessita da dor e nem da autopunição para dar satisfações a si mesmo ou a
consciência cósmica, porque já compreendeu que só o amor em forma trabalho fraterno, e nas
demais formas, é que lhe proporcionarão a felicidade buscada. Nesse estágio, compreende que
a vida com seus desafios é esquema divino destinado a despertar em seus filhos as suas
consciências adormecidas, e tirá-los da ignorância em que estagiam.
Assim, as subpersonalidades despertas precisam de tratamento adequado, mas isso
depende de diversas circunstâncias, que também dependem do interessado, para que possam
ser reintegradas.

Propriedades das Subpersonalidades.

As subpersonalidades são pouco conhecidas em suas propriedades e possibilidades.


São confundidas com as “múltiplas personalidades”, com os corpos, com os “níveis” dos
corpos, com os “subníveis” e também com os espíritos. Possuem avançado grau de
independência e extraem energia do corpo físico. Podem agir com total consciência de si
mesmas, embora essa ação raramente seja percebida pela consciência física, mesmo as
subpersonalidades sendo um produto do desdobramento desta. Ao se projetarem à distância,
comportam-se como se fosse a própria pessoa, ou parte dela, apegadas em algum desejo e
alimentadas por algum estado afetivo ou emocional.
Observa-se que pessoas com bom controle emocional e equilíbrio psicológico
normal, raramente dão gênese a subpersonalidades. Já pessoas emotivas, temperamentais,
autoritárias, ciumentas, controladoras, raivosas, melindradas ou odientas, facilmente provocam
o aparecimento de subpersonalidades.
Quando as subpersonalidades são muito apegadas aos aspectos negativos que
defendem, podem receber o impulso de uma personalidade de passadas encarnações
(personalidade múltipla), ou reforçar seu conteúdo pelo despertar de memórias de existências
passadas ou por despertar lembranças de momentos traumáticos vividos na atual encarnação.
Suas ações podem gerar distúrbios diversos na própria pessoa ou nas outras.
O processo de associação com outras personalidades semelhantes, pode torná-las
mais vigorosas, positiva ou negativamente. A integração com o ego ocorrerá quando
adquirirem consciência de sua realidade.
Importante lembrar que, quando você se desdobra para ir realizar um atendimento à
distância, você está produzindo o mesmo fenômeno personímico das subpersonalidades. Só
que, neste caso, o fenômeno é consciente, sob o seu controle, e a subpersonalidade se
reacoplará imediatamente, assim que cesse o impulso da vontade que o produziu e o acionou.
Portanto, bem diferente do desdobramento inconsciente e negativo, gerado pelas
contrariedades que a vida apresenta.
Já no caso das personalidades múltiplas, o elemento desdobrado pode ser doutrinado
e mesmo assim permanecer desdobrado e, ao invés de continuar dissociado dos propósitos da
linha evolutiva, associar-se a ele, contribuindo com seus conhecimentos, e atuando
independentemente da vontade consciente.
No meu caso pessoal, sinto e percebo a ação de pelo menos quatro personalidades
múltiplas, com aspectos, conhecimento e ações positivas bem diferentes, que colaboram,
associadas ao meu trabalho.
Mas também, pela minha vontade consciente, desdobro-me em subpersonalidades, e
atuo a distância. E, de forma inconsciente, quando me contrario com alguma coisa que não
consigo esclarecer ou resolver de imediato, produzo subpersonalidades negativas que agem à

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revelia de meus propósitos e vontade, e que as doutrino e as reacoplo quando percebo os sinais
de suas ações.
No meu trabalho medianímico, e também profissional com TVP (Terapia de Vida
Passada), observo-as constantemente. É comum quando estou no consultório atendendo a um
paciente, ocorrer a aparição de subpersonalidades de familiares do mesmo, desdobradas e
preocupadas com o que ele está fazendo ali. Às vezes, essas subpersonalidades mostram-se
contrariadas com o trabalho terapêutico que seu familiar está fazendo. E, por preconceito
religioso ou descrença, tentam criar perturbações, fazendo com que o terapeuta tenha que
neutralizá-las.
O tratamento das subpersonalidades negativas geralmente ocorre no trabalho de
doutrinação nos núcleos de trabalho medianímico através da incorporação, no tratamento de
seus “egos” nos consultórios psicológicos, ou no trabalho de evangelização nas casas espíritas,
igrejas ou templos religiosos.

Funções das Subpersonalidades.

As prováveis funções das subpersonalidades, pelo que observamos, são:


a) evitar que a consciência e o campo emocional fiquem sobrecarregados com cargas
inúteis e fazer com que essas cargas se escoem de alguma forma, mesmo que através de
fenômenos e modos que nos parecem negativos e prejudiciais;
b) provocar ou forçar a necessidade de uma compreensão mais profunda sobre o
psiquismo humano ou sobre os potenciais do espírito, removendo-o de sua milenar inércia;
c) abrir campo para o despertar de novos sentidos e reações positivas em todo o
cosmo consciencial, em busca de seu constante aprimoramento, ampliando-lhe as
possibilidades de percepção e aprendizado, em várias faixas vibracionais.

Comportamentos prováveis das Subpersonalidades.

As subpersonalidades são elementos personímicos ou psicológicos e apresentam-se


com os mesmos comportamentos da personalidade ou consciência física, só que sem os freios
da auto-repressão determinada pela consciência de vigília e pelos ditames das conveniências.
Quando incorporada em outra pessoa, geralmente familiar ou pessoa íntima
(parceiro ou parceira conjugal), a subpersonalidade faz com que a pessoa sofra uma série de
transformações. Provoca um brilho diferente no olhar, um odor diferente na pele, um gosto ou
hálito diferente (perceptível no caso do beijo), um tom de cor diferente, uma expressão
diferente (irônica ou contrariada), um comportamento, estado de espírito ou humor diferente,
tais como irritação, agressividade, exigência além do normal, etc. A pessoa afetada sofre um
verdadeiro transtorno de humor, embora, somente esteja sintonizando, sendo influenciada ou
incorporando uma subpersonalidade de outro familiar reprimido. Temos, como exemplo disso,
alguém que não conseguiu expressar o que pensava ou sentia, ou que reprimiu sua vontade e
sentimentos, para agradar aos outros e continuar com o título de “bonzinho”; por medo, por
covardia, ou por estar cansado de tentar corrigir as teimosias, desrespeitos e falta de
cooperação dos demais familiares, ou porque não teve a permissão de se expressar com
liberdade.
As subpersonalidades ou elementos personímicos têm a mesma aparência da
personalidade física, da qual se desdobraram, são alimentados pela força da vontade ou dos
impulsos oriundos dos desejos, medos, culpas, etc. São ligadas à personalidade física por um

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elo fluídico, energético, cordão ou fluxo de energia, da mesma forma que as personalidades
múltiplas ou elementos anímicos.
Comportam-se sob o influxo das mesmas influências que gerenciam a personalidade
física, reforçada pela energia oriunda da reação gerada pela contrariedade que lhe deu origem.
Uma personalidade física atenta, esclarecida e inteligente, promoverá uma condução
proveitosa, visando a reciclagem e o melhoramento das experiências registradas no dia-a-dia.
Dará um significado positivo a cada uma dessas experiências e aceitará com tranqüilidade as
contrariedades, as afrontas e as frustrações a que for submetida. Controlará os desejos mais
vigorosos modulando suas vontades para evitar comprometer-se negativamente. Assim, evitará
a gênese e a manutenção desses elementos (personalidades múltiplas e subpersonalidades), por
estar consciente de seu papel de gerenciadora dos “programas da vida” e impulsionadora dos
aprendizados no campo físico.
Já uma personalidade física ardilosa, calculista e cruel, poderá formar
subpersonalidades extremamente perigosas, sem que ninguém se dê conta, já que essas pessoas
conseguem ocultar suas qualidades negativas, pelo domínio pleno das emoções, e pelo forte
poder de vontade. Uma pessoa com esse perfil, pode mascarar uma aparência correta, gentil e
afável, se isso lhe interessa, mas, simultaneamente, pode estar agindo com um sentimento de
agressividade, crueldade, ironia e incorreção na essência.
Pessoas com essência negativa albergada no psiquismo, podem não revelar nem
deixar transparecer essa essência no campo externo, porque desejam permanecer ocultadas e
passar despercebidas, parecendo inofensivas, calculadamente. Ou ainda, porque essa essência
foi reprimida e rechaçada pela vontade disciplinada e poderosa, enquanto não houver um
deflagrador que a revele. Mas, podem revelar-se ante uma provocação mais intensa ou
contundente, e mostrar toda a sua crueldade, através de atos concretos e objetivos, ou através
de ações subjetivas, como a produção de subpersonalidades vigorosas, cruéis e vingativas ou
de emanações mentais destruidoras. Lembremos os inúmeros esclarecimentos dessa ordem,
grafados na obra “Entre a Terra e o Céu”, do Espírito André Luiz, psicografada por Francisco
Cândido Xavier.
A correção e o desaparecimento desses elementos desdobrados dar-se-á no
momento em que o ser, começa a tornar-se consciente, quando começa a evangelizar-se, a
vibrar em freqüência evolutiva mais alta, enfrentando com o amor-compaixão o “si mesmo”,
os seus defeitos, orientando-se, proveitosa e inteligentemente.
Da mesma forma que nas personalidades múltiplas, essa correção dependerá da
índole psicológica de cada um, das suas idiossincrasias, conceitos e preconceitos. Dependerá,
ainda, da aquisição de conhecimentos suficientes para perceber essa realidade, de capacidade
de aceitá-la com humildade, da sua capacidade de ação auto-enfrentamento, para encará-la
com determinação e disciplina.
Assim, quando uma subpersonalidade se desdobra e se projeta à distância, movida
por um trauma qualquer, comporta-se como se fosse outra pessoa, apegada em algum
postulado, idéia, vício, propósito, conceito ou preconceito, podendo gerar distúrbios de variada
ordem. Discute defendendo posições, teses e postulados. Planeja e age, às vezes, sem se dar
conta de que faz parte de uma consciência encarnada.
Muitas vezes, apresenta-se angustiada, agressiva, vingativa, arredia e não entende
porque a pessoa física, sua própria parte encarnada, não tomou determinada atitude. Por isso, a
ataca, a ironiza e a rejeita, desqualificando-a.

Sintomas que geram.

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As subpersonalidades, dissociadas, podem criar confusões de toda a espécie,
dificultar ou destruir relações afetivas, dificultar aprendizados, provocar desentendimentos,
estimular comportamentos e viciações, rebelar-se, frustrar-se, reagir afastando-se ou interferido
prejudicialmente na vida da pessoa ou de outras pessoas. Dificultam a concentração,
atrapalham o sossego, perturbam o sono, provocam dores, desconfortos e angústias.
Confundem as idéias, deturpam os pensamentos, geram desejos inferiores, desalinham
sentimentos, debilitam a vontade, enfraquecem o poder de decisão, produzem comportamentos
inadequados, modificam a aparência, tornam incoerentes as atitudes, etc.
Prejudicam a proposta encarnatória, atacam familiares, colegas de trabalho,
vizinhos, conhecidos ou desconhecidos.
Podem também se ligar a terceiros, em processo de simbiose, quando o terceiro
atende suas necessidades. Nesse caso, tanto a própria personalidade hospedeira quanto a
personalidade do dissociado que gerou o hóspede podem ser influenciadas e perturbadas por
essas subpersonalidades dissociadas.
Em certos distúrbios do psiquismo, como é o caso das depressões, esses sintomas
são bem visíveis e aparecem muito tempo antes da fase mais aguda da doença. A gênese das
subpersonalidades pode ser percebida na insatisfação em relação ao si, nos impulsos
agressivos, na revolta surda (raiva, ódio ou rancor recalcado), na irritação, no silenciar dos
anseios e no desprezo propositado pela realidade e ao mundo que considera hostil.
As causas prováveis podem provir, ainda, de insatisfação na área sexual, perdas
inevitáveis de afetos, perdas de objetos de estimação ou valores monetários, autopunição,
frustração, rejeição dos familiares, etc.

Os “eus” e suas leis.

Os elementos conscienciais denominados “eus”, que são as “personalidades


múltiplas” e as “subpersonalidades”, como os leitores já puderam observar, são produtos
resultantes da vontade e das possibilidades do espírito, quando em estado de ação.
Sua ocorrência independe de registro do sistema de percepções da consciência de
vigília. Tanto o estado de vigília pode estar consciente quanto inconsciente no momento em
que isso ocorre.
Os leitores também sabem que todos os fenômenos da Natureza, catalogados, são
regidos por leis bem definidas. Da mesma forma, os fenômenos da consciência também o são.
Assim, depois de estudar e pesquisar as personalidades múltiplas e
subpersonalidades, depois de submetê-las a exaustiva experimentação, pudemos esboçar as leis
que regem esses fenômenos. Para isso, tivemos o auxilio dos espíritos Dr. Lacerda e de seu
mentor enquanto encarnado, o Espírito Dr. Lourenço, que nos ajudaram a enunciá-las.

Primeira lei

Lei da Formação e Dissociação das Personalidades Múltiplas e das


Subpersonalidades (21)

21 Primeira Lei - Essa lei, como as demais, deve ser melhor estudada, pesquisada e desenvolvida, pois encerra potencial que nem
imaginamos.

53
Essa Lei é dividida em duas partes:

a) Lei da Formação e Dissociação das Personalidades Múltiplas, sucessivas, vividas


em outras existências.

b) Lei da Dissociação da Personalidade Física (atual) em Subpersonalidades.

Parte a - Lei da Formação e Dissociação das Personalidades Múltiplas,


sucessivas, vividas em outras existências.

Enunciado: Ao reencarnar para nova experiência evolutiva o espírito necessita


formar, além de um novo corpo físico, uma nova personalidade. Essa nova personalidade irá
sobreviver à morte do corpo físico e, pela sua consistência e hábitos adquiridos durante a
existência carnal, desenvolverá certo grau de individualismo. Depois do desencarne, poderá
demorar-se nesta condição por tempo indeterminado, influenciando futuras personalidades até
que compreenda sua situação diante do seu próprio agregado espiritual com o qual deve
cooperar. Só depois de consciente de sua realidade é que conseguira “despersonalizar-se”
totalmente, é aceitará integrar-se à Individualidade Eterna, reacoplar-se por completo.
As personalidades sucessivas também podem se desdobrar em subpersonalidades
com conteúdos e comportamentos específicos e distintos.

Parte b - Lei da Dissociação da Personalidade Física (atual) em


Subpersonalidades.

Enunciado: Toda a vez que a Personalidade Física (atual) conflitar-se, viciar-se,


entrar em desarmonia, reprimir o conflito, vício ou a desarmonia sem solucioná-los
adequadamente, poderá reagir negativamente. Por conseguinte, proporcionará o fenômeno de
desdobramento da personalidade em subpersonalidades de periculosidade e sofisticação
variada, podendo causar a desestabilização da saúde por gerar distúrbios e reações patológicas
altamente lesivas e prejudiciais no campo psíquico, psicológico, comportamental e físico.

Utilidade das leis


a) Dar conhecimento que, ao longo do processo evolutivo, em cada existência
vivida, o espírito constrói personalidades distintas, sucessivas, que podem, após o desencarne,
integrar-se à individualidade ou permanecer dissociadas em processo desarmônico até que se
integrem totalmente, por compreensão de sua situação ou por tratamento através da
doutrinação ou conscientização, integrando-se ao bloco de consciência.
b) Dar conhecimento que, ao longo da existência física, dependendo das atitudes
adotadas e da forma com que trabalha os desafios que a vida apresenta, a personalidade pode
dar gênese a subpersonalidades distintas, que precisam de tratamento através de terapia
adequada e reintegração ao bloco de ego.
c) Entender, explicar, sintonizar ou incorporar as personalidades múltiplas
sucessivas desarmônicas e tratá-las, reintegrando-as junto ao agregado.
d) Tratar as subpersonalidades dissociadas, conscientizando-as e reintegrando-as da
mesma forma.
e) Dissociar as personalidades múltiplas rebeldes em subpersonalidades, quando
necessário, incorporá-las em médiuns treinados, e tratá-las. Aqui o Dr. Lacerda pediu especial

54
atenção para os danos causados pelos processos de dissociação desarmônica de personalidades
e subpersonalidades. Elas necessitam estar acopladas, associadas e coesas.

Segunda Lei

Lei da reintegração das personalidades múltiplas e subpersonalidades.

Enunciado: As personalidades múltiplas e subpersonalidades, dissociadas ou


associadas desarmonicamente, devem, após tratadas, ser devidamente reintegradas ou
acopladas ao seu próprio agregado espiritual com o qual devem cooperar, despersonalizando-
se totalmente, integrando-se à Individualidade Eterna.

Esta lei não precisa de maiores explicações, pois, como sabemos, tudo o que se
“desdobra” desarmonicamente, deve retornar a condição de “dobrado”, harmonizado. E tudo o
que se “dissocia” desarmonicamente, deve retornar a posição harmoniosa de “associado”. E,
tudo o que se associa ou se agrupa de forma desarmônica, indevida, deve retornar a posição
anterior, de harmonia e equilíbrio.

Terceira Lei 22

Lei das Propriedades dos Elementos do “Agregado Humano”, personalidades


múltiplas e subpersonalidades.

Enunciado: O espírito, enquanto na carne, manifestando uma nova personalidade,


pode dar gênese e arrojar de si mesmo não só personalidades antigas reativadas, como também
subpersonalidades desdobradas da atual personalidade física.
Estes elementos, “personalidades múltiplas” e “subpersonalidades” têm um grau
elevado de livre-arbítrio, forte capacidade de ação e interação com o meio físico, anímico e
espiritual onde atuem. Têm possibilidades de interagir com os habitantes de qualquer um
desses meios, podendo causar-lhes dificuldades ou auxiliar, conforme a intenção que tenham
ou a natureza da força mental que as arrojou. Da mesma forma, em sentido inverso,
personalidades múltiplas ou subpersonalidades desequilibradas, próprias ou de outros
indivíduos, podem estabelecer sintonias, incorporações ou simbioses, e permanecer conectadas
a qualquer um de nós, gerando desarmonias e perturbações de diversas ordens.
Utilidade: O conhecimento dessa Lei faculta-nos a possibilidade da descoberta,
despertar e desenvolvimento de inúmeras potencialidades ainda adormecidas no homem atual e
a identificação e tratamento terapêutico de, praticamente, todas as desarmonias e distúrbios
relacionados com a reencarnação, formação dos corpos, comportamento humano, e doenças de
origem anímica.

Ainda sobre os desdobramentos e dissociações.

As dissociações positivas ou negativas de corpos, níveis, subníveis e personalidades


múltiplas ocorrem, normalmente, quando o ser precisa trabalhar ou agir em diversas frentes de
trabalho, lidar com diversos pensamentos ou idéias simultâneas, ou utilizar memórias e

22 Terceira Lei - Esta Lei deve ser a última deste ciclo de conhecimento. É extremamente complexa e ampla. Traz grandes revelações.
E vai transcorrer muito tempo até que ela seja totalmente compreendida e aproveitada em toda a sua potencialidade.

55
experiências ocultadas da consciência física. Conforme Irmã Teresa, as dissociações
traumáticas ocorrem em algumas circunstâncias, como nos desencarnes por acidente aéreo ou
mesmo automobilístico, onde a pessoa percebe antecipadamente o que vai acontecer. O pânico
em relação ao momento da tragédia e o medo da morte ou da dor, o desespero durante a rápida
vivência desse momento angustiante, gera uma espécie de fuga dos níveis e das
personalidades, como se pudessem desligar-se do corpo físico que é, na realidade, quem
sofrerá o impacto mais forte e doloroso. Então, em tese, primeiro ocorreria o desdobramento
da criatura (corpos) e depois a dissociação dos níveis, subníveis e personalidades, provocando,
muitas vezes, o desmaio da consciência física, ou da consciência (personalidades) que estava
ligada ao corpo físico antes do desencarne, por tempo prolongado.
Ainda, segundo Irmã Teresa, isso mostra claramente que os corpos com seus níveis
fazem parte do agregado e estarão sempre ligados entre si e, temporariamente, ao corpo físico.
Podemos imaginar isso da mesma forma que imaginamos uma pessoa colocando a mão em
uma armadilha perigosa, mas que ela ainda desconhece. Ao sentir o perigo ou que algo ruim
pode acontecer, por automatismo, instinto e medo da dor, tende a um imediato recuo da mão,
tentando escapar e afastar-se da armadilha. No caso, o braço e a mão não podem ser
dissociados ou desdobrados das demais partes do corpo, como os corpos e níveis, dado que a
mão e o braço vibram em igual freqüência que a armadilha, e no mesmo comprimento de onda,
emboscados pela mesma coesão molecular. Já entre os corpos e níveis existem grandes
diferenças vibratórias com comprimentos de onda diversos, o que faculta essa dissociação,
como se fosse algo elástico, mas com a propriedade de se tornar mais elástico, na medida em
que aumenta a freqüência. Mas corpos, níveis e subníveis agem por automatismo e por
controle da consciência. Já a consciência se compõe de personalidade física, lúcida, que dirige
grosseiramente o corpo físico e personalidades múltiplas e subpersonalidades que influenciam
vigorosa, porém, sutilmente a personalidade física, ditando comportamentos e fazendo surgir
sintomas, doenças, desarmonias e impulsos de toda a ordem.
Conforme os estudos do Espírito André Luiz, através da psicografia de Chico
Xavier, o espírito ainda é um grande desconhecido, repleto de novas potencialidades a serem
descobertas e desenvolvidas, como é o caso das que estamos estudando. Vejamos o que ele
disse:
“Cada Espírito gera em si mesmo, inimaginável potencial de forças
mentoeletromagnéticas, exteriorizando nessa corrente psíquica os recursos e valores que
acumula em si próprio. Ao gerar essa força, assimila, espontaneamente, as correntes mentais
que se harmoniza com o tipo de onda emitido, impondo às mentes simpáticas o fruto de suas
elucubrações e delas recolhendo o que lhes seja característico, independentemente da
distância espacial.”
(...)
Conquistada a razão, com a prerrogativa de escolha de nossos objetivos, todo o
alvo de nossa atenção se converte em fator indutivo, compelindo-nos a emitir valores de
pensamento contínuos na direção em que se nos fixe a idéia. Direção essa na qual
encontramos os princípios combináveis com os nossos, razão por que, automaticamente,
estamos ligados em espírito com todos os encarnados ou desencarnados que pensam como
pensamos”. ("Mecanismos da Mediunidade”, psicografia de Francisco Cândido Xavier, pelo
espírito André Luiz)
Assim, não há nada de absurdo em imaginarmos ou aceitarmos que o “eu pessoal”
(consciência física) e os demais elementos do agregado, antagônicos ou favoráveis, que
“habitam” em nós, em nossa consciência, possam ser uma realidade. Da mesma forma, não é
difícil de aceitar, que um cidadão, membro de uma família ou comunidade, pode criar

56
perturbações para o meio onde vive ou contribuir para a harmonia, o progresso e o bem estar
dessa família ou comunidade. A esse cidadão poderíamos chamar de dissociador, desagregador
ou perturbador do meio onde vive ou, associador, agregador e cooperador desse meio. A isso
chamamos de comportamento antifraterno ou fraterno.
Já está mais que claro e comprovado de que corpos, níveis, subníveis e chacras
desarmonizados no agregado humano geram problemas físicos sérios. E que, personalidades
múltiplas e subpersonalidades rebeladas e dissociadas da consciência, desarmonizam o
agregado humano que é o suporte das manifestações do espírito, por sua autonomia de ação
(mesmo que relativa), grau de inteligência, conhecimentos diversos e capacidade de
manipulação, criam confusões, desespero, angústia, conflitos e doenças de toda a espécie.
Justo seria que cada corpo, nível, subnível e chacra, estivesse harmônico, que cada
personalidade múltipla, subpersonalidade ou pessoa, fizesse as coisas certas. Se cada unidade
trabalhasse de forma cooperativa e harmonizadora, o equilíbrio do sistema seria preservado e a
proposta evolutiva não seria prejudicada.
Outro aspecto que devemos comentar é o seguinte: mesmo não aceitando esses
estudos e nem tendo consciência de que somos mais do que imaginamos, em termos de
complexidade e possibilidades, não precisamos combater, negar, nem nos atemorizar com isso.
Vamos estudar e buscar entender essa gama de novas possibilidades, empregando-as
proveitosamente em nosso benefício e em benefício dos outros, no socorro e tratamento dos
problemas de ordem anímica, personímica e espiritual.
Se, através destes conhecimentos, podemos descobrir a causa de alguns de nossos
problemas e removê-las, então, não vamos nos assustar com estas informações e sim estudá-las
e aplicá-las inteligentemente, nos orientando, curando e consolando.

O comportamento inconseqüente.

Qualquer pessoa com alguma informação sabe que vícios como o tabagismo, a
drogadição ou a dipsomania causam envelhecimento precoce, morte súbita, câncer e outros
males. E pior que isso, vemos nos atendimentos apométricos nas entidades fraternistas e nos
atendimentos profissionais nos consultórios, que filhos e netos de viciados são os que mais
apresentam as doenças de etiologia obscura tais como as auto-imunes, as doenças
cromossômicas, as desarmonias psíquicas, as deficiências físicas e os retardos mentais, etc.
Nem por isso as pessoas param de alimentar os seus vícios e não se afligem ou se aterrorizam
com as ameaçadoras possibilidades que pesam sobre os seus futuros filhos ou netos, que dizem
amar muito, mas que na realidade não se importam com o que vai lhes acontecer no futuro. Por
outro lado, pessoas portadoras de faculdades mediúnicas não dão a devida atenção a essas
faculdades e nem dão importância aos avisos mais prudentes nem aos alertas que não trabalhar
a mediunidade acarreta sérios problemas. Mas isso não lhes incomoda e nem lhes deixa
preocupadas.
Minhas pesquisas e estudos destinam-se, principalmente, àquelas pessoas que
procuram algumas soluções para seus problemas aflitivos. Para as pessoas que já cansaram de
sofrer à toa e desejam solucionar os seus problemas, que já estão dispostas a tomar
consciência, descobrir, enfrentar e corrigir seus erros, visando benefício próprio, dos seus
familiares, presentes e futuros, e também o benefício da comunidade onde vivem. Destinam-se
também àqueles que, mesmo gostando dos vícios aos quais estão apegados, já estão prontos
para alijá-los.
Diz um preceito hermético que “o que está em cima é análogo ao que está
embaixo”. Assim, o que ocorre no mundo da consciência, reflete-se também de forma

57
semelhante no “eu pessoal” ou consciência física. As tendências e os traços de caráter
negativos ou positivos aparecem, vibram de forma perceptível na consciência física, desde
quando somos crianças, revelando nossas potencialidades negativas ou positivas. Ante isso,
temos que nos esforçar para ter uma vida equilibrada e procurar resgatar nossos erros do
passado, mesmo sabendo que foram outras personalidades que os praticaram, porque nós
somos a síntese daquelas personalidades que se forma. Hoje, vestidos com roupagens
diferentes, carregamos as mesmas dívidas, culpas, e também os mesmos acertos e apredizados.
Devemos aceitar o passado e nos reciclar a cada dia.
Para que possamos entender com clareza o sentido das leis cósmicas, precisamos
estudar o espiritismo, o espiritualismo e o psiquismo, com dedicação e boa vontade. Só assim
poderemos apanhar o sentido oculto das leis cósmicas que nos regulam os movimentos, o
sentido superior da vida, as vantagens da condução inteligente do nosso processo evolutivo, a
importância do conhecimento sobre o carma e a forma de transformá-lo.
Em cada existência a consciência física é a diretora da vida, pode impedir as ações
negativas das personalidades anômalas, quando consciente dessa realidade por ser uma questão
de escolha. Mesmo isso não acontecendo, se a pessoa estiver consciente dessa realidade, essas
ações terão peso diferente no computo geral, porque ante novas orientações e o conhecimento
de novas leis, a conquista da felicidade que é responsabilidade, fica grandemente facilitada.
Esses elementos anímicos dissociados, ainda estão apegados no que possuíram ou
viveram em outra época. Patrimônios, posições sociais, usos, costumes, traumas, mágoas,
doenças, ódios, vícios, etc. Por causa desses apegos, por não aceitarem a morte física ou por
não compreenderem a sua situação, não se desligaram das preocupações do passado. Com isso,
não drenaram as cargas mórbidas de energias negativas acumuladas em seu psiquismo e
transferem para o corpo físico atual esse morbo ( 23) pestilento. Consequentemente, essas
energias deletérias e cargas negativas produzem sintomas e doenças graves de difícil
diagnóstico e tratamento, destruindo o equilíbrio emocional e o corpo físico.
A atual civilização materialista, descrente da realidade das vidas sucessivas e da
herança ontogenética, não se preocupa com o autoconhecimento e não tratar seu psiquismo. E
por isso, sofre os mais variados tipos de problemas, dificuldades e enfermidades. As
depressões, os fracassos de toda a ordem, a rebeldia e a miséria poderiam ser facilmente
resolvidas através das terapias do autoconhecimento e autocura, como a TVP*, Regressão de
Memória, Apometria e a Terapêutica das Personalidades Múltiplas.
Diante da gravidade do assunto, precisamos estudar com cuidado e interesse os
elementos do psiquismo e seus fenômenos, para diferenciá-los de espíritos e de outros
elementos com características diferentes ou semelhantes. Necessário também, tratamento
adequado às consciências dissociadas.
O grau de dificuldade que ainda existe atualmente em se tratar esses elementos,
deve-se ao nível de desenvolvimento espiritual e de conhecimento de cada um. O ceticismo
que não considera científico o estudo desse aspecto é responsável pelo atraso na disseminação
das terapêuticas existentes.
Os estudos sobre de William James, Pierre Janet, Jung e outros confirmam a ação
das personalidades anômalas e trouxeram luz ao que hoje é conhecido como Distúrbio
Dissociativo de Personalidade. Diz Joanna de Angelis( 24) que: “William James, o psicólogo
pragmatista americano, foi dos primeiros a registrar a ocorrência desses elementos, conforme

23 Morbo. Estado patológico; doença, enfermidade.

24 Joanna de Angelis. O despertar do Espírito. Este espírito orienta o médium Divaldo Pereira Franco,
e é autora de inúmeros livros sobre o assunto.
58
se deu com o fisiologista francês Pierre Janet ao apresentar a tese das ‘personalidades
múltiplas ou secundárias’.”
(...)
“O Prof. Pierre Janet, quando da identificação do subconsciente, nas experiências
hipnológicas, realizadas pelo célebre Prof. Jean Martin Charcot, em La Bicêtre –
Universidade de La Salpetrièrre, em Paris- propôs a existência de personalidades múltiplas
ou anômalas, que se encontram adormecidas neste depósito de memórias, e que podem
assumir a corporificação quando o paciente se encontra em estado de transe natural ou
provocado.”
(...)
“Essas personalidades secundárias assomam com freqüência, conforme os estados
emocionais, dando origem a transtornos de comportamento e mesmo a alucinações
psicológicas de natureza psicótica e esquizóide”.
Certamente, muitos fenômenos ocorrem nessa área, decorrentes das frustrações e
conflitos, favorecendo o surgimento de personificações parasitárias que, não raro, tentam
assumir o comando da consciência, estabelecendo controle sobre a personalidade, e que são
muito bem estudadas pela Psicologia Espírita, no capítulo referente ao Animismo e suas
múltiplas formas de transes.” (Joanna de Angelis em “O Despertar do Espírito”, páginas 38,
39 e 40, psicografia de Divaldo Pereira Franco,2.000, Leal)

Jung25, descreve com outras palavras o que ele observou e que nos parece ser o
mesmo conjunto de fenômenos por nós observados:
“...Senhoras e senhores, isto nos conduz a alguma coisa realmente importante. O
complexo, por ser dotado de tensão ou energia própria, tem a tendência de formar, também
por conta própria, uma pequena personalidade. Apresenta uma espécie de corpo e uma
determinada quantidade de fisiologia própria, podendo perturbar o coração, o estômago, a
pele. Comporta-se enfim, como uma personalidade parcial.
...há subitamente uma interrupção, e a melhor das intenções acaba por ser
perturbada, como se tivéssemos sofrido a interferência de um ser humano ou de uma
circunstância exterior. Sob essas condições somos mesmo forçados a falar da tendência dos
complexos agirem como se fossem movidos por uma parcela de vontade própria.
...e assim, quase não há diferença ao falarmos de complexos ou do ego. Pois os
complexos tem um certo poder, uma espécie de ego; na condição esquizofrênica eles se
emancipam em relação ao controle consciente, a ponto de tornarem-se visíveis e audíveis.
Aparecem em visões, falam através de vozes ...
A personificação de complexos não é em si mesma, condição necessariamente
patológica.”
(...)
"Tudo isso se explica pelo fato de a chamada unidade da consciência ser mera
ilusão. É realmente um sonho de desejo. Gostamos de pensar que somos unificados; mas isso
não acontece nem nunca aconteceu. Realmente não somos senhores dentro de nossa própria
casa. É agradável pensar no poder de nossa vontade, em nossa energia e no que podemos
fazer. Mas na hora H descobrimos que podemos fazê-lo até certo ponto, porque somos
atrapalhados por esses pequenos demônios, os nossos complexos. Eles são grupos autônomos
de associações, com tendência de movimento próprio, de viverem sua vida independentemente

25 - Jung, Carl Gustav, Fundamentos de Psicologia Analítica. Editora Vozes, 4ºed.pp. 66,67 e 68.

59
de nossa intenção. Continuo afirmando que o nosso inconsciente pessoal e o inconsciente
coletivo constituem um indefinido, porque desconhecido, número de complexos ou de
personalidades fragmentárias."

DSM-IV e CID -10

Neste ponto de nosso livro estamos inserindo algumas informações oriundas da


ciência oficial sobre as patologias e os distúrbios que pesquisamos. Cremos sejam importantes
essas informações dado que teremos que lidar com pacientes que trarão diagnóstico médico
definido e, também, estarão em tratamento medicamentoso. Assim, poderemos nos orientar e
orientar os pacientes de forma mais acertada.
Em primeiro lugar vamos colocar alguns conceitos sobre ciência e espiritualidade,
os quais julgamos pertinentes e necessários.
A Organização Mundial de Saúde diz que “a qualidade de vida depende de estados
biológicos, psicológicos, sociais e espirituais”, com isso insere o aspecto espiritual na
terapêutica geral, informação que nós, apômetras, não devemos ingnorar.
O “Manual de Estatística de Desordens Mentais” da Associação Americana de
Psiquiatria, num dos seus importantes capítulos sobre questões étnicas e culturais diz o
seguinte: “O médico deve tomar cuidado para não diagnosticar erradamente como
alucinação ou psicose, casos de pessoas que dizem ver ou ouvir espíritos de pessoas já
falecidas, porque isso pode não significar alucinações ou psicoses”.
Essas afirmativas também abrem espaço dentro do Código Internacional de Doenças
- CID-10, para o tratamento espiritual. Assim, o código passa a reconhecer o estado de transe e
possessão por espíritos como diagnóstico médico, salvaguardado a seguinte questão: “é
doença o estado de transe fora do controle da pessoa, mas não é doença quando esse estado
de transe ocorre num contexto cultural e religioso da pessoa”.
No CID 10 (Código Internacional de Doenças), item F44.3, está grafado o seguinte:
“Estado de transe e possessão: Transtorno caracterizado por uma perda transitória da
consciência de sua própria identidade, associada a uma conservação perfeita da consciência
de meio ambiente.” Ex: Crises de descontrole ou agressividade sem perda de consciência do si
(tipo incorporação consciente).
Embora a medicina já reconheça a obsessão espiritual e os distúrbios da consciência
e também os distúrbios da mediunidade como patologias de origem espiritual, ainda os trata
com medicamentos, quando devia tratá-los com recursos espirituais e medianímicos.
O “Código Internacional de Doenças”, o “Tratado de
Psiquiatria de Kaplan e Sadock, da Universidade de Nova York, no capitulo sobre
Teorias da Personalidade”, como também Jung em sua primeira obra, fazem menção ao
assunto ou reconhecem os estados de transe e de possessão por espíritos. Mesmo o termo
possessão por espíritos sendo usado pela Associação Americana de Psiquiatria, a maioria dos
profissionais ainda busca tratar esses distúrbios da maneira “clássica”, com psicotrópicos. A
medicação química é válida e importante para que o paciente possa ter um “fôlego”, mas, na
maioria dos casos, só o tratamento das personalidades dissociadas, via incorporação, resolve o
problema, mesmo que administrado concomitantemente com o remédio. Assim, o cliente
afetado por distúrbios dessa natureza, deve ser orientado a buscar o tratamento espiritual
adequado. Indicação que deve ser oferecida com clareza e fraternidade, se pretendemos ser
honestos e corretos em nossos propósitos, e se estamos empenhados em ajudar realmente.

60
Os apômetras que se orientam pelos postulados do Evangelho de Jesus e da Doutrina
Espírita devem lembrar das orientações e pesquisas dos espíritos, visando auxiliar aos
estudiosos do assunto a melhorar a sua capacidade e eficiência terapêutica, como em nosso
próprio caso. Conforme o Espírito André Luiz, “na retaguarda dos desequilíbrios mentais,
sejam da ideação ou da afetividade, da atenção e da memória. Por trás das enfermidades
psíquicas clássicas como as esquizofrenias, parafrenias, oligofrenias, paranóias, psicoses e
neuroses, permanecem as perturbações da individualidade transviada do caminho que as leis
Divinas lhe assinalam para evolução moral”. É, importante lembrar que uma influência
espiritual ou anímica necessita, para se instalar, da permissão da pessoa, através da
identificação vibratória dos pensamentos ou hábitos.
(Mecanismos da Mediunidade cap.XXIV - Obsessão - sub-item: Problemas morais -
p.170 - Ed. FEB - 1997 André Luiz - psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira).
Portanto, em casos como esses, um tratamento somente a base de remédios seria pouco
produtivo, embora o paciente possa apresentar melhoras temporárias. Por informação dos
pesquisadores e médicos espíritas, sabemos que medicamentos com a Carbamazepina
(Tegretard, Tegretol) retira o paciente do transe, desconectando-o da influência
desarmonizadora, seja espiritual ou anímica. Todavia esses medicamentos podem causar,
também, e frequentemente causam, outras dificuldades como tontura, dor de cabeça, falta de
coordenação dos movimentos, sonolência, cansaço, visão dupla, náusea, vômitos, reações
alérgicas na pele, secura da boca, inchaço e aumento de peso dependência e outros efeitos
colaterais.
De qualquer forma, terapeutas do psiquismo como nós, sem formação médica, não
podem receitar medicamentos como esses. Porém, é importante que tenhamos uma noção de
quais medicamentos são empregados em tratamentos dessa ordem. São substâncias utilizadas
para a manutenção da estabilidade do humor, não sendo essencialmente antidepressivas nem
sedativas. Internacionalmente, reconhecem-se três substâncias capazes de desempenhar tal
papel: o Carbonato de Lítio (Carbolim, Carbolitium, Litiocar, Neurolithiun), a Carbamazepina
(Tegretol, Tegretard) e o Ácido Valpróico (Depakene, Valpakine), mais recentemente o
Divalproato de Sódio (Depakote), Lamotrigina (Lamictal, Neurim) e Gabapentina
(Neurotontin, Progresse).
Nos “Transtorno das Personalidades Múltipla ou das Múltiplas Personalidades”, que
corresponde ao “Transtorno Dissociativo de Identidade”, dependendo da classificação que
receba ( Classificação das Doenças Mentais DSM – IV( 26) ou CID – 10 (27)), encontramos a
componente espiritual (obsessão ou possessão) e a componente anímica e personímica
(personalidades múltiplas e subpersonalidades próprias ou de terceiros). Assim, quando o
paciente nos falar que seu problema foi diagnosticado como “Transtorno Afetivo Bipolar”,
“Episódios de Mania (Euforia)” ou de “Hipomania”, “Epilepsia”, “Distúrbio maníaco-
depressivo”, Dipsomania” ou “Síndrome de abstinência alcoólica”, “Transtorno Obsessivo
Compulsivo” e outros, podemos tratá-los tranquilamente com a técnica apométrica. Porém,
precisamos verificar em profundidade, com toda a atenção e cuidado, cada sintoma revelado

26 O DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4ª Edição, revisado) é o


manual de classificação das doenças mentais elaborado pelos psiquiatras da Associação de Psiquiatria
Norte-americana, independentemente da classificação elaborada pela Organização Mundial de Saúde
(OMS), CID.

27
61
pelo paciente, e também as informações trazidas por cada elemento que vier a incorporação.
Nesses distúrbios, quase sempre existe a obsessão, a obsessão compartilhada, e a auto-
obsessão, que exigem verificação acurada e tratamento cuidadoso para cada um desses
aspectos, trabalho que deve ser realizado por equipe estudiosa, segura e bem preparada.

Dissociação de Consciência ou de Personalidade.

O DDI tornou-se diagnóstico oficial da Associação Psiquiátrica Americana em 1980.


No entanto, nos parece que existe ainda uma dificuldade de entendimento entre os estudiosos
da saúde mental, psicólogos, psiquiatras e terapeutas espíritas, religiosos ou não, sobre os
distúrbios dissociativos. Além de pouco conhecidos, ainda se utilizam dos mesmos termos para
designar coisas diferentes e termos diferentes, para se designar as mesmas coisas. Há
profissionais que entendem a dissociação como um mecanismo de defesa normal que atinge as
pessoas em diferentes graus. Para esses, a dissociação é entendida como uma habilidade, uma
capacidade e não como uma deficiência ou manifestação patológica. Para outros, essas
manifestações, mesmo que leves, já sinalizam a existência de algum sintoma patológico. O
DSM-IV define assim as dissociações: "A característica essencial dos Transtornos
Dissociativos é uma perturbação nas funções habitualmente integradas de consciência,
memória, identidade ou percepção do ambiente. O distúrbio pode ser súbito ou gradual,
transitório ou crônico”.
A OMS define que: "os transtornos dissociativos ou conversivos, constituem-se na
perda parcial ou completa da integração normal entre memória, consciência de identidade,
sensação imediata e controle dos movimentos corporais”. Temos aqui a classificação da OMS
para os transtornos dissociativos que mais atendemos com a técnica apométrica:
O Transtorno de Personalidade Múltipla (Transtorno Dissociativo de Identidade
segundo DSM-IV): caracterizado pela presença de duas ou mais identidades ou estados de
personalidade distintos, que assumem recorrentemente o controle do comportamento do
indivíduo, pode estar acompanhado por uma incapacidade de recordar importantes
informações pessoais, demasiadamente extensa para ser explicada pelo esquecimento normal.
No Transtorno de Transe ou Possessão: onde a perda temporária do senso de
identidade pessoal sendo preservada a consciência do ambiente, a pessoa age como se tomada
por uma força, espírito ou outra personalidade. O diagnóstico não deve ser dado no âmbito
religioso. Porém, podemos tratar com a técnica apométrica independentemente de religião, até
mesmo porque, segundo Kardec, a Doutrina Espírita é uma ciência que trata da natureza,
origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.
Esses transtornos, na realidade, são generalizados e dificilmente uma pessoa não
apresente dissociação de consciência ou de personalidade discreta ou acentuada. O que
caracteriza a condição patológica é o grau de intensidade e de freqüência.
Nesses estados alterados de consciência cada elemento dissociado possui uma
história pessoal distinta, auto-imagem e identidade próprias, nome diferente, etc. A identidade
primária (personalidade), portadora do nome correto do indivíduo, nesses casos vai se tornando
ou já se tornou passiva, dependente, culpada e depressiva. Vai, aos poucos, cedendo espaço às
identidades alternativas, que apresentam características diferentes, que contrastam com as
características da identidade primária. Podem surgir ou emergir em circunstâncias específicas;
diferem também em termos de idade e gênero, vocabulário, conhecimentos e até afeto
predominante. Por exemplo, é comum e considerado normal uma pessoa se apaixonar por
outra, casar-se e construir um lar, planejar ou até ter filhos, e, de um momento para outro,
desencantar-se com tudo, deixar de sentir o intenso amor que dizia sentir antes, e separar-se.

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Pelo que temos observado nos trabalhos com a terapêutica apométrica e regressiva,
onde se trata os processos de dissociação de consciência, a grande maioria dessas pessoas sofre
essa transformação devido a ocorrência desse fenômeno dissociativo. O problema aparece
quando surge ou emerge uma nova personalidade antiga, um desafeto do cônjuge ou de um
filho, e que ainda conserva e alimenta o sentimento antagônico. Assim que emerge ou
“acorda”, começa a agir em alternância com a atual identidade, e aos poucos, vai se
incorporando a ela e ocupando o seu espaço. E por trazer suas memórias e sentimentos
intactos, produz uma confusão no campo emocional e mental da pessoa, que começa a não
entender o que está acontecendo. E, na medida em que o elemento estranho vai se apossando
do campo de ação da pessoa, também vai ajustando suas idéias, sentimentos e hábitos,
podendo causar uma transformação total na sua vida. É por essa razão que ocorrem muitas
atitudes inesperadas, muitas decisões e comportamentos inexplicáveis e estranhos, e muito
arrependimento tardio, praticado por pessoas antes consideradas normais. Isso nos leva a
pensar no preceito socrático “conhece-te a ti mesmo”.
Tal como nós, terapeutas medianímicos, esses profissionais da saúde também
concordam que essas personalidades ou identidades dissociadas podem agir alternadamente,
assumindo o controle em seqüência, ou umas disputando espaço com as outras, podendo negar
que se conhecem, criticar ou hostilizar umas às outras, ou mostrar-se em franco conflito. Às
vezes, uma ou mais identidades poderosas concedem algum tempo às mais fracas, também
perturbadas ou perturbadoras, para que se manifestem. Identidades hostis ou agressivas podem,
por vezes, interromper qualquer atividade da pessoa ou colocá-la em situação incômoda, como
também fazer isso com as demais. É comum nos atendimentos apométricos, encontrarmos
personalidades hipnotizadas, amarradas, aprisionadas, massacradas ou feridas pelas mais
fortes. Isso é verificável também nas sessões de TVP.
Muitos pacientes queixam-se de sensação de aprisionamento, de frio anormal, de
amarrações, de dores nos punhos, nos braços, nas pernas, na coluna, na cabeça, sensação de
que tem algo espetado na coluna, tonturas, etc. Nos episódios de pânico é comum a pessoa
sentir medo de ser agredida, de ser morta, de ser violentada. E muitas vezes, é apenas a
presença ameaçadora de um elemento psíquico anômalo, maldoso, debochado ou sofredor
quem produz isso (personalidades múltiplas, subpersonalidades e formas pensamentos).
Além disso, os indivíduos afetados por esta modalidade de transtorno, experimentam
freqüentes lacunas de memória para a história pessoal, tanto remota quanto recente. As
identidades mais passivas tendem a ter recordações mais limitadas, enquanto as identidades
mais hostis, controladoras ou "protetoras" têm recordações mais completas. Uma identidade
que não está no controle pode, contudo, obter acesso à consciência, produzindo alucinações
auditivas ou visuais (por ex., uma voz oferecendo instruções).
A alternância de uma para outra identidade pode ser de segundos, mas, também,
pode ser mais espaçada, demorada, eventual. O número de identidades relatadas, que temos
constatado nos trabalhos de Apometria e TVP, varia de uma, até dezenas. Contudo, a maioria
dos casos atendidos, apresentam em torno de sete a dez identidades diferentes.
As pessoas com Transtorno Dissociativo de Identidade freqüentemente relatam
experiências traumáticas de severo abuso físico e sexual, especialmente durante a infância, mas
também em outras existências em qualquer fase de idade. Os maus tratos, as torturas, os
castigos, a repressões, as condenações, a escravidão, o ódio, a raiva e as mágoas reprimidas, as
frustrações, a injúria e a impotência diante da truculência dos poderosos, a desconsideração, a
ignorância e o desrespeito aos direitos básico do ser humano, na sua trajetória evolutiva, ao
longo de suas muitas existências, tem sido a causa da maioria das doenças não diagnosticadas,
e de etiologia obscura. Tudo o que fica guardado na memória e não resolvido, passa de uma

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existência para outra, da mesma forma que na gestação e infância, onde o ser desequipado de
discernimento e forças para reagir, arquiva no subconsciente as memórias dos maus tratos, e
mais tarde isso aparece em forma de um sintoma. Exemplo desses sintomas que refletem
traumas arquivados no subconsciente são o lúpus eritematoso, a fibromialgia, as mialgias em
geral, a esclerose lateral, a depressão, os cânceres, mal de crom, a doenças ginecológicas
renitentes, os distúrbios da sexualidade, e uma infinidade de outros sintomas que resistem aos
tratamentos convencionais.
Embora os relatos possam ser considerados controversos, porque as recordações da
infância e do passado remoto podem estar sujeitas a distorções, e geralmente as pessoas mais
sugestionáveis é que estão mais sujeitas a esses transtornos, é inegável que esses processos
deflagram em muito maior número nos momentos de atritos com determinadas pessoas, em
casa, no trabalho, nos relacionamentos sociais ou afetivos. Onde existir uma dificuldade de
relacionamento ou onde surgir uma divergência acentuada, quando não uma agressão, ai
aflorará uma memória de passado. Portanto, o sintoma começa a ser deflagrado a partir do
momento do encontro (proximidade) físico ou espiritual com a pessoa causadora do trauma
passado. Todavia, quando o desafeto está na condição de pai, irmão, cônjuge ou chefe, cujo
comportamento atual é irrepreensível, o surgimento do sintoma pode demorar-se um pouco
mais, e então, nesses casos, torna-se mais difícil ao terapeuta descobrir a causa da desarmonia.
Por outro lado, nesse casos, tanto o paciente quanto os envolvidos tem dificuldade de aceitar
seu envolvimento e sua participação subjetiva no contexto do problema. Além do mais, uma
imagem, uma notícia na TV ou no Jornal, ou um acontecimento ou fato qualquer, pode acordar
uma memória traumática e deflagrar uma sintomatologia obscura e complicada.
Nos últimos anos, vêm ocorrendo um aumento agudo nos casos relatados de
Transtorno Dissociativo de Identidade nos Estados Unidos. O Transtorno Dissociativo de
Identidade é encontrado mais freqüentemente em mulheres adultas do que em homens adultos.
Na infância, a razão masculino/feminino pode ser mais uniforme, mas os dados são limitados.
As mulheres tendem a ter maior número de identidades do que os homens, em média 15 ou
mais, enquanto a média para os homens é de aproximadamente 8 identidades.
Por outro lado, em virtude do pouco conhecimento sobre o assunto, existem outros
sintomas controversos dificultando e envolvendo o diagnóstico diferencial entre o Transtorno
Dissociativo de Identidade e uma variedade de outros transtornos mentais, incluindo
Esquizofrenia e outros Transtornos Psicóticos como é o caso do Transtorno Bipolar com
ciclagem rápida, o Transtornos de Ansiedade, os Transtornos de Somatização e os Transtornos
da Personalidade. Mas o certo é que, com a técnica apométrica, poderemos tratar todos eles,
em maior ou menor grau, com resultados importantes e animadores. Porém, uma coisa é
absolutamente certa: mesmo que o paciente manifeste a doença em razão de um problema
físico, sempre poderemos tratá-lo apometricamente, com proveito, em razão de que o paciente
pode, juntamente com o problema físico, estar sofrendo de dissociação da consciência ou
obsessão, por parte de desafetos anímicos ou espirituais.

Causas

Antes de se falar das causas, precisamos relembrar e comentar as definições


existentes sobre o que é “consciência”, o que é “mente” o que é “indivíduo” e o que é
“personalidade”. Precisamos definir, ou tentar definir, o que é e o que significa cada um desses
atributos. Evidentemente, tanto para uma palavra quanto para outra, existem várias definições,
e muitas vezes esses atributos são confundidos. Neste caso, porém, nos interessa a definição

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que nos conduza a uma compreensão sobre seu sentido psicológico, psíquico e espiritual.
Assim, a palavra “consciência”, para nós, define a capacidade que o homem tem de conhecer
valores e mandamentos morais e aplicá-los nas diferentes situações. É o julgamento secreto da
alma, aprovando ou reprovando os atos da personalidade atual, transitória. É a percepção
imediata da própria experiência. É a capacidade de percepção em geral. Resumindo, é o
atributo que avalia e valora tudo o que procede do próprio ser e também o que ocorre em torno
dele.
Já a palavra “mente”, significa a faculdade de conhecer, inteligência, poder
intelectual do espírito, entendimento, alma, espírito, disposição e capacidade para gerar idéias,
concepções, imaginações, intenções, intuitos, planos, intenções. Difere da consciência porque é
o atributo da ideação, do entendimento das idéias elaboradas por outros seres. Então, assim
sendo, é a “mente” que faculta ao indivíduo ou a personalidade o poder de escolha e decisão,
determinando o agir.
O “Individuo”, tal como é entendido vulgarmente, não representa a individualidade
espírito com sua complexidade, ou o eu superior, representa apenas a personalidade em
transição. É a pessoa considerada isoladamente em relação a uma coletividade, é o ser
biológico, é um membro do organismo social humano. Tanto é verdadeiro isso que, se uma
pessoa comete um crime, incorporado e sob a ação de uma personalidade múltipla ou de um
espírito, ainda é julgado e punido da mesma forma que o outro que agiu por conta própria. Não
se leva em consideração a individualidade espírito com seu conjunto de personalidades
heterogêneas, nem uma possível influência espiritual, apenas o individuo como pessoa, ou
como personalidade atual, simplesmente.
Por “personalidade” entende-se a qualidade pessoal, ou o conjunto de qualidades de
uma pessoa. O seu caráter essencial e exclusivo que a distingue de outra, por sua estrutura de
hábitos adquiridos na vida social, e por sua organização integrada e dinâmica dos atributos
físicos, mentais e morais. Compreendendo-se tanto os impulsos naturais como os adquiridos e,
portanto, hábitos, interesses, complexos, sentimentos e aspirações. As personalidades podem,
por exemplo, ser definidas como extrovertidas: aquelas nas quais as atenções e interesses se
dirigem, preferentemente, aos fenômenos externos e socialmente perceptíveis. Introvertidas:
aquelas nas quais as atenções e interesses se dirigem ao próprio eu, ou à vida psíquica.
Quando é confrontados com situações traumáticas, extremas, das quais não existe
escapatória, o indivíduo ou a personalidade, literalmente fragmenta-se, separa uma parte da
personalidade, e esta “abandona” sua mente, a fim de preservá-la intacta. Crianças geralmente
utilizam esta habilidade de defesa extremamente efetiva contra a dor física e emocional.
Através desse processo dissociativo, pensamentos, sentimentos, memórias e
percepção de experiências traumáticas podem ser psicologicamente separados, permitindo ao
paciente, pessoa física, acreditar que os traumas nunca ocorreram.
Entretanto, uma experiência traumática pode dar inicio ou transformar-se em um
distúrbio dissociativo de porte. Por exemplo, para uma criança que foi abusada física e
sexualmente, ou agredida, a dissociação defensiva torna-se um refúgio e, ante qualquer
ameaça ou algo que a faça lembrar a violência sofrida, automaticamente reagira, buscando esse
refúgio. Mesmo após a experiência traumática estar num passado distante, o padrão de
dissociação defensiva continuará armado, pronto para deflagrar um sintoma qualquer. A
dissociação defensiva crônica pode levar a sérias disfunções no trabalho, social e mesmo nas
atividades diárias. A repetida dissociação pode resultar numa série de diferentes “entidades” ou
“estados alterados de consciência”, os quais normalmente assumem identidades próprias. Estas
entidades podem se tornar os “estados de personalidade” do DDI.

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Outra possível conclusão da correlação entre um trauma e o DDI pode ser analisada
do ponto de vista biológico: o stress traumático afeta a química do cérebro, seja por ansiedade,
culpa, medo, frustração, mágoa ou raiva. O aflorar consciente ou inconsciente de uma
lembrança traumática pode ser comparado a um trauma, como agressão física ou emocional,
produzindo os mesmos efeitos.
Nem todas as pessoas que desenvolvem os distúrbios dissociativos possuem um
histórico de traumas de infância, inúmeros fatores físicos, emocionais, visuais, sexuais,
políticos, sociais, médicos, profissionais, familiares, naturais ou artificiais, também podem
provocar reações e desenvolver distúrbios dissociativos. Mas sem dúvida, uma das principais
causa do DDI é a repressão de memórias sobre traumas durante a infância, tais como,
rejeições, agressões e abusos sexuais.
As desordens psíquicas ou mentais da grande maioria das pessoas tais como a
epilepsia, desordens genéticas, desequilíbrios neuroquímicos ou problemas de comportamento
são pouco entendidas e, frequentemente, se apela para a idéia de possessão demoníaca ou
obsessões espirituais, mas a grande maioria dos casos tem por raiz as dissociações de
consciência ou de identidade.
A maior dificuldade que existe ainda para um entendimento mais aprofundado sobre
o assunto está no atual modelo médico e psicológico materialista, que dificulta e limita uma
compreensão mais ampla do psiquismo humano.

Diagnóstico

As pessoas portadoras de distúrbios dissociativos, pela ignorância existente sobre o


problema, freqüentemente, tem que conviver anos a fio com diagnósticos errados ou
imprecisos. Apesar das mudanças de médicos e psicólogos, tratamentos e medicações,
progressos não surgem, e as pessoas podem levar anos para receber algum diagnóstico correto.
A sobreposição de sintomas (espirituais, anímicos e personanímicos), em comparação com
outros distúrbios mentais, é um dos motivos desta demora. Felizmente, o interesse fraterno e
mesmo profissional nesta área cresce continuamente. Com isto, o desenvolvimento de técnicas
mais eficientes e sofisticadas estão acelerando o processo de reconhecimento do DDI.
O foco do diagnóstico atualmente é a busca de características e sinais que uma
pessoa sofrendo deste distúrbio eventualmente pode apresentar, tais como distorção do tempo,
lapsos de memória, referências a si próprios por outros nomes ou em 3ª pessoa (“nós”) nas
conversações, dores de cabeça severas acompanhadas de ataques convulsivos, alucinação
sonora (ordens de uma voz “interna”), distorção no comportamento, etc.
O DDI reflete uma falha de integração dos vários aspectos de identidade, ou de
personalidade, de memória e consciência. Cada elemento dissociado possui uma distinta
história pessoal, imagem e identidade, incluindo até mesmo um nome próprio. Assim, a
identidade primária, que carrega o nome do indivíduo, torna-se passiva, dependente e
depressiva. A identidade ou as identidades alternativas, freqüentemente, tem características que
contrastam com a identidade primária, podem ser hostis, controladoras ou autodestrutivas.
Podem emergir em circunstâncias específicas e se diferenciar pela idade, sexo, vocabulário e
conhecimento, entre outros fatores. Identidades agressivas ou hostis podem até mesmo
interromper atividades ou deixar as outras identidades em situações desagradáveis.
Indivíduos com este distúrbio vivenciam freqüentes lapsos de memória na história
pessoal, tanto remota como recente. A amnésia é na maioria das vezes assimétrica: as
identidades passivas tendem a ter memórias fragmentadas, enquanto que as identidades hostis
possuem memórias mais completas devido ao maior controle exercido sobre as demais. Uma

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identidade que não está no controle pode ter acesso à consciência produzindo alucinações
audiovisuais (ex: uma voz dando instruções).
Os terapeutas que se utilizam sensitivos com incorporação tem a vantagem de poder
observar, de imediato, os próprios relatos dos elementos dissociados e fazer um diagnóstico
preciso, devido a possibilidade de testemunhar e analisar o comportamento de cada
personalidade alternante, e de verificar a diferenciação existente entre as trocas.

O Tratamento
O tratamento terapêutico a ser dado aos elementos que vibram nas faixas inferiores
compõem-se de cromoterapia mental, diálogo fraterno, acolhida, reconstituição perispiritual,
hipnose, despolarização, conscientização, doutrinação, encaminhamento, etc.

O DDI (distúrbio das “personalidades múltiplas”) pode ser tratado com psicoterapia
(ou “terapia de conversa”), terapia medianímica, TVP, assim como uma gama de outras
modalidades incluindo medicações, hipnose e outras terapias. O curso do tratamento pode ser
de longo prazo, dependendo da modalidade terapêutica, intensivo e possivelmente doloroso, já
que envolve a lembrança e confronto das experiências traumáticas dissociadas. Porém,
dependendo também da modalidade terapêutica empregada, o DDI pode ser considerado uma
das condições patológicas que carrega melhores prognósticos.

Existe ou não o distúrbio das múltiplas personalidades?

As dúvidas sobre a existência ou não do distúrbio das múltiplas personalidades, ou


do distúrbio dissociativo de identidade, está no conceito de que o termo “múltiplas
personalidades” evoca conceitos espiritualistas e reencarnatórios, desconsiderados
considerados pelos materialistas. E para piorar, até nos tribunais tem surgido algumas
controvérsias a respeito deste distúrbio, devido a terapeutas ou pessoas terem tentado se isentar
de responsabilidades justificando a existência em si de distúrbio das personalidades múltiplas.

Aos interessados em aprofundar o assunto dentro de parâmetros mais


acadêmicos, sugerimos algumas referências bibliográficas consideradas importantes:

1. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV), 4ª edição.


American Psychiatric Association, Washington DC, 1994.
2. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-III), 3ª edição.
American Psychiatric Association, Washington DC, 1980.
3. Crabtree, A.: Multiple: an exploration in possession and multiple personality. New
York, NY. Praeger Publishers, 1985.
4. Glass, J.M.: Shattered selves: multiple personality in a postmodern world. Ithaca,
NY: Cornell University Press, 1993.
5. Spanos, N.J.: Multiple identity enactments and multiple personality disorder: a
sociocognitive perspective. Psychological Bulletin, 116(1), 143-165, 1994.
6. Hacking, I.: Rewriting the soul: multiple personality and the sources of memory.
Princeton, NJ: Princeton University Press, 1995.

67
7. Sidran Institute, http://www.sidran.org 8. Bliss, E.L.: Multiple personality, allied
disorders, & hypnosis. New York, NY: Oxford University Press, 1986.
9. Cohen, B. M. & Giller, S.: Multiple personality disorder from the inside out.
Baltimore, MD: The Sidran Press, 1991.
10. R. B. Allison, M. McKenzie: Definition of MPD: http://www.dissociation.com

Nós, os apômetras

Seria importante que nós, os apômetras, refletíssemos profundamente sobre as


palavras do mestre Jung e verificássemos que, independentemente de sua opção filosófica ou
religiosa, quanto suas afirmações se assemelham com os elementos que sintonizam e
incorporam em nossas mesas mediúnicas, retratados nos comportamentos alternantes
observados em nosso cotidiano.
Temos ainda os estudos e observações de André Luiz, que não fogem a regra e
ampliam os esclarecimentos sobre o assunto, dentro da mesma visão. Em “Mecanismos da
Mediunidade”, no capítulo sobre “Obsessão e Animismo”, página 165, André Luiz afirma,:
“Frequentemente, pessoas encarnadas, exprimem a si mesmas, a emergirem das
subconsciências nos trajes mentais em que se externavam noutras épocas,...”
Eu penso que na instância denominada subconsciente estão gravadas e adormecidas
as memórias que ainda não foram trabalhadas, que necessitam ser recicladas ou
ressignificadas. E isso só ocorre depois de uma memória ser despertada e ativada por um
motivo deflagrador qualquer. Após esse instante, deflagrada a memória, dá-se a gênese e a
formação das personalidades múltiplas, já que são elas que se apresentam “nos trajes mentais
em que se externavam noutras épocas,...”. Portanto esse fenômeno tem origem endógena, ao
passo que a gênese das subpersonalidades tem origem exógena.
Assim, o que designamos de “Subpersonalidades” são os desdobramentos da própria
personalidade atual ou consciência, (ego ou eu pessoal). É um fenômeno personímico,
conforme ensina Aksacof, porque é referente à consciência, à personalidade e aos fatos atuais,
que apresentam aparência e características da personalidade atual. Estes elementos anômalos
são alimentados por descontentamentos, contrariedades, frustrações, recalques, desejos
inconfessáveis e reprimidos nesta existência, mas que podem ter como “pano de fundo”
impulsionador, velhos recalques provindos de outras existências. Essa designação nos parece
bastante adequada, de fácil memorização e compreensão, e visa facilitar o trabalho terapêutico
na equipe mediúnica, pela compreensão mais clara do elemento em estudo e tratamento.
Afirmo isso, porque a faculdade da vidência é ferramenta que significa auxilio considerável
num trabalho medianímico como esse, na identificação desses elementos, facilitando sua
identificação, compreensão e grau de periculosidade.
André Luiz, na obra “Libertação”, descreve uma visita fraterna ao lar de Anézia e
Jovino, em que ele participava como aprendiz, onde a manifestação de uma subpersonalidade
ocorria. Apresentava-se à visão deles um desdobramento do “eu pessoal” de uma moça
inescrupulosa, interessada em namorar o marido de Anézia. Informa André Luiz que:
“Áulus, Hilário e Teonília, em caravana, deslocaram-se à residência do casal para
prestar assistência fraterna. Chegaram, ao anoitecer, no momento do jantar.
Naquele instante, contudo, surpreendente imagem de mulher surgiu-lhe à frente dos
olhos, qual se fora projetada sobre ele (Jovino) à distância, aparecendo e desaparecendo com
intermitências.
(...)

68
A esposa (Anézia) triste não via com os olhos a estranha e indesejável visita, no
entanto, percebera-lhe a presença sob a forma de tribulação mental. E, inesperadamente,
passou a emitir pensamentos tempestuosos.”
Portanto, aí não havia um desdobramento com características e apegos de passado,
mas sim um desdobramento da personalidade presente, cópia fiel da personalidade atual da
moça, inconseqüente e atrevida, interessada no Jovino (casado), visitando-o dentro de seu
próprio lar, afrontando a esposa Anézia. Portanto, um fenômeno psicológico ou personímico,
conforme Aksakof.
Continuando nossa fundamentação, utilizaremos um pouco mais os estudos e
observações de Joana de Ângelis, registrados em seu livro, “O Despertar do Espírito”, ao se
referir às “subpersonalidades”, designação que adaptamos e adotamos para diferenciar das
“personalidades múltiplas”, que apresentam propriedades e aparências diferentes.
As descrições de Joanna de Ângelis parecem confundir-se, às vezes, ao referir-se a
“personalidades múltiplas” e “subpersonalidades”, mas a distinção fica clara, quando ela se
refere “à existência desses diferentes ‘eus’, que são responsáveis por distintas condutas”.
E para nós ou outros pesquisadores que observaram seus comportamentos,
aparências, atitudes, procedimentos, propósitos e reações aos estímulos, não temos dúvidas
sobre sua existência e possibilidades. As tendências que apresentam e as influências que
produzem ou sofrem, até mesmo de outros elementos semelhantes, de espíritos ou ainda de
pessoas encarnadas, deixam bem claras as diferenças entre essas duas categorias de elementos
desdobráveis. Percebe-se, claramente, que possuem acentuado grau de coerência no
comportamento e nas reações com referência a certos estímulos ou objetos.
Em razão dos meus 14 anos de experiência, observando essas personalidades e
subpersonalidades, através da vidência no consultório terapêutico, ou no trabalho espiritual,
incorporando-as e doutrinando-as nas sessões mediúnicas, tenho segurança para fazer algumas
afirmações sobre sua natureza, morfologia e propriedades.
Ao observar com atenção esses elementos, pode-se distinguir claramente as duas
categorias em que se enquadram.
As “subpersonalidades, devido a serem desdobramentos do “eu pessoal”,
“personalidade ou consciência física”, apresentam a propriedade de, quando colocadas em
regressão, poderem transitar por várias encarnações passadas. Porém, apesar desta propriedade,
seu apego e indignação se referem somente a uma situação da vida atual, mas para que possam
compreender o erro em que laboram, e que não existe colheita sem semeadura, é preciso
regredi-las até o pretérito remoto, para que percebam as causas que geraram a dificuldade
atual.
Em sentido inverso, uma “personalidade múltipla” tem seu apego focado em
memórias e eventos de existências passadas. E da mesma forma que as subpersonalidades,
podem ser colocadas em regressão ou progressão sem nenhuma dificuldade.
Em determinados trechos e livros, parece-nos que Joanna de Angelis confunde
subpersonalidades com personalidades múltiplas. Mesmo assim, muito esclarece sobre a
gênese desses elementos anômalos. A autora espiritual informa que é nos momentos de
conflitos que eles aparecem: “ressurgirão, nessa ocasião (conflitos) as subpersonalidades que
se encontram mergulhadas no imo e têm ascendência em determinadas situações emocionais
sobre a personalidade predominante, sempre que o conflito reponta ameaçador.
O trabalho de integração das subpersonalidades é de magna importância para o
estabelecimento do comportamento saudável, já que, face à existência desses diferentes ‘eus’,
que são responsáveis por distintas condutas, como aquela quando a pessoa se encontra a sós e
que assume quando no meio social, e aí mesmo, a depender da companhia, se de destaque ou

69
sem importância no conjunto dos interesses econômicos ou políticos, mantendo radicais
transformações. O mesmo ocorre, quando no lar ou no escritório, com amigos ou
desconhecidos, oportunidades nas quais as atitudes fazem-se muito diferenciadas,
demonstrando que vários ‘eus’ se sucedem, cada qual assumindo um papel de importância
conforme a necessidade do momento.” (pp. 31/32).
(...)
“A própria personalidade, não poucas vezes, apresentando-se fragilizada,
fragmenta-se e dá surgimento a vários ‘eus’ que ora se sobrepõe ao ego, ora se caracterizam
com identidade dominante.” (pág. 37)
No capítulo referente às “Subpersonalidades (O problema dos “eus”), Joanna faz
preciosas constatações sobre o assunto:
“A psicossíntese refere-se à existência de um ‘eu pessoal’ e de um ‘Eu superior’, em
constante luta pelo domínio da personalidade. O ‘eu pessoal’ é, muitas vezes, confundido com
a personalidade, sendo, ele mesmo, o ponto de ‘auto-consciência pura’, conforme o define
Roberto Assagioli. Corresponde ao ego, ao centro da consciência individual, diferindo
expressivamente dos conteúdos da própria consciência, tais as sensações, os pensamentos, as
emoções e sentimentos. O ‘Eu superior’ corresponde ao Espírito, ao Self, também podendo ser
denominado como ‘Superconsciente’.
O ‘eu pessoal’ é consciente, não obstante, deixa de ter lucidez quando se adormece,
quando se é vítima de um traumatismo craniano e se desfalece, quando se está em transe
natural ou sob ação hipnótica ou medicamentosa, reaparecendo quando do retorno à
consciência lúcida, que decorre naturalmente de um outro Eu, certamente superior, que rege a
organização e a atividade da consciência.
Em realidade, não são dois eus independentes, separados, mas uma só realidade em
dois aspectos distintos de apresentação, conforme já houvera identificado o psicólogo
americano William James, ao cuidar da análise das subpersonalidades.” (p. 38).
“Na imensa área do ego, surgem as fragmentações das subpersonalidades, que são
comportamentos diferentes a se expressar conforme as circunstâncias, apresentando-se com
freqüência incomum. Todos os indivíduos, raras as exceções, experimentam este tipo de
conduta, mediante a qual, quando no trabalho se deixam conhecer pelo temperamento
explosivo, marcante, dominador e, em particular, são tímidos, mansos e receosos. As variações
são muitas nesse campo das subpersonalidades.” (págs. 39/40).
(...)
“O ser humano, mediante o Eu Superior, transita por inúmeras experiências
carnais, entrando e saindo do corpo, na busca da individuação, da plenitude a que se destina,
conduzindo os tecidos sutis da realidade que é, todas as realizações e vivências que se
acumulam e constroem o inconsciente profundo, de onde emergem também as personalidades
que foram vividas e cujas memórias não se encontram diluídas, permanecendo dominadoras,
face às ocorrências que, de alguma forma, geraram culpa, harmonia, júbilo, glória e
assomam, exigindo atenção.”
(...)
“Nesse imenso oceano – o inconsciente – movem-se os “eus” que emergem ou
submergem, necessitando de anulação e desaparecimento através das luzes do discernimento
da consciência do Si.
Na sua imensa complexidade, a individualidade que se expressa através desse Eu
superior, enfrenta as experiências das personalidades presentes no eu individual.”
(...)

70
“Os dias atuais, portadores de pressões tormentosas, são desencadeadores de
distúrbios que preponderam com vigor na conduta dos indivíduos, contribuindo decisivamente
para a fragmentação da personalidade em expressões de ‘eus’ conflitantes.
Nessa aparente dicotomia dois ‘eus’, a ocorrência se dá, porque um não toma
conhecimento do outro de forma consciente, podendo mesmo negar-se ao outro. O Eu, porém,
é único, indivisível, manifestando-se, isto sim, em expressões diferentes de consciência e de
auto-realização.
Para o trabalho saudável para a integração dessas vertentes do Eu são necessários
o transito por alguns estágios terapêuticos, quais o conhecimento de si mesmo, da própria
personalidade; administração dos vários elementos que constituem esta personalidade; a
busca de um centro unificador, para que se dê a realização do verdadeiro Eu mediante a
reconstrução da personalidade em volta do recém formado fulcro psicológico.
Como medidas auxiliares e recursos valiosos devem ser utilizados a meditação, a
visualização terapêutica, a oração – que canaliza forças e energias superiores para o Self -,
que contribuirão para a unificação dos eus, a harmonização do indivíduo” (pp. 41/42).

A Terapêutica goética (não confundir goécia com magia negra).

Equivocadamente a palavra goécia(28[1]) foi entendida como sinônimo de “magia


negra” (arte de realizar malefícios). A palavra em seu sentido original denominava, apenas, um
aspecto experimental da magia ou do conhecimento. Referia-se aos poderes que o homem
trazia e poderia desenvolver em si, uma das etapas mais importantes do desenvolvimento do
ser humano. Tão importante que parece mágico, porém, é ainda um aspecto pouco
compreendido. O trabalho goético (goécia: palavra que significa uivo feroz e inarticulado) é a
invocação dos “demônios” internos, os conhecidos elementos desarmônicos habitantes do lado
sombrio da consciência, a “sombra” de Jung, personalidades múltiplas e subpersonalidades dos
psicólogos William James, de Pierre Janet, Joanna de Ângelis e também da Apometria).
Foi, sobretudo, graças à ignorância sobre o que era o trabalho goético, e ao
preconceito com a palavra magia, que a goécia adquiriu uma reputação tão sinistra no ocidente.
Especialmente em uma sociedade como a medieval, em que a palavra demônio evocava a
noção de criaturas infernais, dotadas de chifres e rabo pontiagudo, sempre com um tridente na
mão e envoltas em exalações sulfurosas.
Essa idéia era compartilhada tanto pelos religiosos quanto pelos pseudomagos que
se aproximavam do trabalho goético apenas ávidos por fama e poder, esquecidos da ética, da
fraternidade, e das reais finalidades da goécia, o que deu origem à lenda popular do pacto com
o Diabo, ou da venda da alma ao Diabo.
Foi só a partir das pesquisas de McGregor Mathers, um dos fundadores da Golden
Dawn (Aurora Dourada), que a Goécia começou a recuperar seu sentido original. Foi ele quem
descobriu, traduziu e publicou a obra mais importante da tradição goética, a “Clavícula de
Salomão”, cujas instruções serviram de base para a composição do “Livro da Serpente Negra”,
o qual registra a versão Golden Dawn da Goécia. Na interpretação moderna, adotada por
Mathers e seus colegas, os demônios, com os quais a goécia trabalha, são vistos como
personificações das forças sombrias que agem nas profundezas da psique do próprio mago, ou
das pessoas em desarmonia. Esses elementos ou forças tornam-se demoníacos na medida em

28[1] Goécia: palavra que em grego significa “uivo feroz e inarticulado”. O trabalho goético,
no sentido positivo, é a identificação, a abordagem, o tratamento e a integração dos
elementos anímicos e personímicos. No sentido negativo (magia negra), é a identificação, o
fortalecimento, a utilização negativa e a não integração desses elementos.
71
que são apartados da consciência e, conseqüentemente, voltam-se contra essa mesma
consciência de que são parte, o que não deixa de antecipar as teorias freudianas sobre o
recalque e o retorno do recalcado.
O objetivo do trabalho goético é recuperar essas forças e integrá-las à totalidade da
psique, transformando-as em energias positivas que contribuem para a evolução interior do ser.
Crowley, na célebre introdução que escreveu para a tradução de Mathers da
Clavícula de Salomão, assim referiu-se sobre o assunto: "os espíritos da Goécia são parcelas
do cérebro humano”.
Mais prudente que Crowley, Israel Regardie evita atribuir uma base cerebral para os
demônios goéticos, mas não deixa de insistir sobre o paralelo entre eles e os complexos
inconscientes estudados pela psicanálise. Conforme a denominação Junguiana, o complexo,
enquanto for um impulso subconsciente oculto, destituído de configuração ou forma, ainda que
tenha força para romper a unidade do consciente, não pode ser adequadamente confrontado,
antes, é necessário ser entendido e decifrado. Enquanto permanecer como impulso oculto no
subconsciente, destituído de qualquer configuração ou forma, sem entendimento ou
racionalização, gera distorções no comportamento e pode chegar a romper a unidade do
consciente com sua força. Mas, na medida em que toma uma forma ou configuração, mesmo
sendo subjetiva, como realmente é, já pode ser adequadamente percebido, abordado
mentalmente e tratado, através da sua incorporação em sensitivos treinados. Da mesma forma
que se faz a evocação, incorporação e tratamento de espíritos.
Freqüentemente, voltam-se contra a própria pessoa ou contra terceiros, pelo
desconhecimento sobre o assunto. Por isso, são difíceis de serem enfrentados adequadamente
pela terapêutica materialista, mas não pela técnica apométrica e do desdobramento múltiplo. Aí
eles podem ser examinados, tratados e integrados ao campo total da consciência. Mesmo que
as palavras utilizadas por Regardie não se coadunem com o vocabulário atual dos psicólogos
contemporâneos, sua descrição da goécia é clara o suficiente para reconhecermos que o
trabalho goético não é outra coisa senão o que os junguianos denominam de confronto com a
sombra, ou com os complexos.
Assim, torna-se necessário dar a esse estudo uma interpretação mais condizente com
a realidade e com os atuais conhecimentos, quando já sabemos que, o “demônio” ou os
demônios mais perigosos para nossa integridade e saúde, podem estar dentro de nosso próprio
psiquismo. Não são os espíritos, mas as personificação das forças sombrias que agem nas
profundezas da nossa psique, em forma de personalidades múltiplas e subpersonalidades,
patológicas.
Da mesma forma que o trabalho goético, o objetivo do trabalho apométrico é
recuperar essas forças e integrá-las à totalidade da psique, transformando-as em elementos
positivos que contribuam para a evolução do ser humano (mago29).
O aproveitamento desses poderes subconscientes exige um programa de observação
e estudo. Eles podem ser “convocados” e retirados das profundezas do psiquismo, tratados,
orientados e controlados por meio da vontade espiritualizada e consciente. Depois disso,
reintegrados proveitosamente ao campo da consciência.
Esses elementos são forças que precisam ser compreendidas para que possam ser
utilizadas em todas às suas potencialidades (são “deuses”). E somente uma pessoa experiente,
portadora de conhecimentos sobre o assunto, poderá constatar e diagnosticar a existência
desses elementos desarmônicos no psiquismo de uma pessoa.
Classicamente, a psicologia junguiana define a “sombra” como os aspectos da
personalidade que o ego se recusa a reconhecer e que, dessa forma, são banidos para o

29 Mago: Aquele que sabe como desenvolver e empregar conscientemente determinados poderes.
72
inconsciente. Os motivos dessa recusa são vários, mas de um modo geral têm uma base
sociocultural: o indivíduo reprime aqueles traços que não são valorizados pela sociedade ou
que, durante a infância, os pais o ensinaram a encarar como feios, maus ou indesejáveis.
Alguns desses elementos são simplesmente expulsos do campo da consciência. Outros nunca
chegam a fazer parte dela e são barrados antes mesmo que tenham condições de se
desenvolver. Formam a base do que Jung descreveu como o “inconsciente pessoal”, e que
coincide mais ou menos com o conceito de “inconsciente”, que Freud desenvolveu no início da
psicanálise, antes que formulasse a célebre distinção entre ego, superego e id. Para nós,
praticantes da Apometria, representam o aspecto anímico e personímico (“personalidades
múltiplas” e “subpersonalidades”).
Nos sonhos e fantasias das pessoas, os componentes da “sombra” costumam
aparecer sob a forma de figuras perturbadoras, más ou demoníacas. A interpretação junguiana
tradicional (compara ou rivaliza) os demônios da religião aos complexos que constituem a
sombra.
Para dar um exemplo, durante boa parte da história, a sociedade patriarcal
classificou os sentimentos como um atributo feminino e inferior. A expressão dos sentimentos
pelos homens era vista como sinal de fraqueza, o que ainda persiste em ditados como o de que
"homem não chora". Para onde vão os sentimentos que os homens são proibidos de exprimir?
Para a “sombra”, claro. Uma vez lá, tornam-se complexos inconscientes, em constante pé-de-
guerra com o ego, e que exercem uma influência perturbadora sobre a consciência, apossando-
se dela em determinadas circunstâncias, como, por exemplo, quando o homem explode em um
ataque de raiva incontrolável. Essa raiva é um demônio porque possui a consciência, escapa ao
seu controle e causa efeitos destrutivos para o próprio indivíduo e para os que o rodeiam. Mas
essa força não é essencialmente má. É uma força positiva (o sentimento), que só se tornou
destrutiva devido à repressão a qual a impediu de ser canalizada de uma forma construtiva. A
mesma coisa vale para todos os elementos que constituem a sombra.
Então, imaginemos um espírito com forte tendência ou com influência de
personalidade múltipla masculina, reencarnado num corpo feminino, reprimindo os impulsos
masculinos de que é portador, ou tendo esses impulsos em confronto com sua atual polaridade
feminina, reprimidos no inconsciente. Reagirá agressivamente ou perturbar-se-á de alguma
forma. E, se a atual personalidade não tiver um forte controle mental, consciência dessa
realidade, orientação e tratamento adequado, desequilibrar-se-á mental, emocional ou
fisicamente, desenvolvendo distúrbios ou patologias diversas, que podem ser fatal. O mesmo
pode ocorrer com o espírito de índole feminina reencarnado na polaridade masculina.
Imaginemos também um espírito feminino vaidoso, apegado a beleza física,
reencarnado em um corpo feio ou disforme. Certamente não aceitará esse corpo, e reagirá
procurando encontrar uma forma de livrar-se dele, até porque o espírito sabe muito bem que
pode perder um corpo e ganhar outro mais além, mesmo que a pessoa não saiba ou não
acredite nisso no campo consciente. Da mesma forma, podemos imaginar as reações de um
espírito de índole masculina muito viril, preconceituoso e presumido, reencarnado em um
corpo de configuração frágil, de baixa estatura ou muito feia, ou ainda num corpo cuja cor da
pele lhe seja indesejável. As reações podem ser muito negativas, e essa tem sido a causa de
inúmeros problemas até hoje não identificados pela medicina convencional, mas que nós,
terapeutas, temos constatado em nossos tratamentos, com resultados altamente positivos.
Assim, a sombra não é uma entidade única como pensam alguns junguianos, é uma
instância múltipla, composta por diferentes forças (personalidades e subpersonalidades
dissociadas). Em comum, só têm o fato de terem sido reprimidas pelo ego, e que muitas vezes,

73
além de estarem em conflito com a consciência, com o corpo, com a família e com a sua
situação social ou cultural, também se opõem entre si.
Imagine uma multidão de elementos antagônicos, pequenos e grandes, fortes e
fracos, vítimas e algozes, em constante luta uns com os outros ou com o meio onde habitam, e
você vai ter uma boa idéia do que se passa no território da sombra. É esse quadro que está na
origem do termo goécia.
O desenrolar do processo de individuação é nada mais, nada menos, do que a
iniciação de que falam os esoteristas e que leva a consciência a se identificar cada vez menos
com o ego, alargando seu campo para integrar os conteúdos do inconsciente, pessoal e
coletivo. É inevitável, portanto, que em determinada altura do caminho, ela se defronte com o
problema de recuperar a “sombra”, trazendo seus demônios para a superfície, exorcizando o
caráter destrutivo dessas forças e integrando-as a seu próprio campo.
No âmbito da psicologia junguiana, esse trabalho é feito com a ajuda do terapeuta.
Mas antes que a psicologia fosse inventada, as religiões e escolas esotéricas desenvolveram
uma série de rituais com o propósito de alcançar esse objetivo. A magia goética, tal como
descrita pela “Clavícula de Salomão”(30), é um desses procedimentos. A Apometria e a Terapia
de Vida Passada, mais recentes, têm a mesma finalidade.
Antes de continuar, consideremos a questão da “sombra” à luz do conceito gnóstico.
Sístase( )é o nome que os gnósticos(32)davam para o sistema de dominação que aprisiona o ser
31

humano, limitando seu potencial. Esse sistema tem ramificações que se estendem por todos os
níveis, do cósmico ao psicológico, mas suas principais manifestações são:
a) no campo social, um conjunto de valores que determina o que é ou não aceitável,
e inclusive o que deve ser considerado como real ou irreal. É o que o marxismo descreve sob a
rubrica de ideologia;
b) no campo psicológico, padrões estereotipados de cognição e comportamento, que
filtram as percepções das pessoas e moldam suas ações e interações. A psicanálise se refere a
esses padrões como o superego;
c) no campo fisiológico, um sistema de tensões físicas, sobretudo musculares, mas
não só, que impedem a energia de circular livremente pelo organismo.
Reich batizou, esse sistema de tensões, de “couraça caracteriológica” ou “couraça
muscular”.

30 “Clavícula de Salomão” (Irene Líber - Editora Pallas). A “Clavícula de Salomão” é um tratado de magia
medieval, considerado o primeiro manual de magia cerimonial escrito no Ocidente. O livro apareceu originalmente no
Império Bizantino, no século XII da Era Cristã e herdou boa parte do conhecimento clássico e helenístico, inclusive no que
se refere ao esoterismo. Logo se tornou conhecido em toda a Europa. No século XIX, grandes magos da França e da
Inglaterra resgataram a obra, utilizando, para isso, edições do século XV, preservadas nas Bibliotecas de Londres e de
Paris. Dentre os magos mais conhecidos citamos alguns: John Dee (1527-1608) e seu discípulo Edward Kelley; Nicholas
Flamel (1330-1418), Michel de Notredame (1503-1566), Pietro de Abano e o "Lemegeton", suposta obra do próprio Rei
Salomão. No século XIX surge a chamada Alta Magia, a partir dos trabalhos de Papus, Eliphas Levi, Stanilas De Guaita,
Josephin Péladan e Saint-Yves D'Alveydre). Um passo importante para a compreensão e desmistificação do que se
conhecia por magia surgiu no Renascimento, quando surgiu a denominada “magia hermética” com Marsilio Ficino,
Giordano Bruno e Pico della Mirandola, entre outros. Estes “magos” compreenderam que a capacidade mental e de
visualização bem-desenvolvida poderia substituir com proveito a “tralha” toda que era usada nos processos de “magia”. A
Ordem da Aurora Dourada (Golden Dawn), segunda sociedade ocultista mais importante da segunda metade do século
XVIII, fundada três anos antes da morte de Helena Blavatsky, aprofundou ainda mais a trilha do uso “mágico” da
imaginação, utilizando os recursos da esfera psíquica.
31
[2] Sístase: conceito amplo que engloba “automatismo psíquico”, “rigidez corporal”, “couraça
muscular”, “couraça de caráter”, “contração dolorosa dos músculos”, “nós energéticos”, “bloqueios
energéticos, etc.
32[3] Gnose é o conhecimento do que fomos (vidas passadas), do que somos (ontologia), de onde viemos (cosmologia),
de onde estamos (conhecimento científico) e para onde iremos (escatologia)”.

74
Esses três níveis estão, obviamente, inter-relacionados. É a internalização da
ideologia que está na origem do superego, e é o superego que se ancora no corpo sob a forma
de um encouraçamento do organismo. Uma vez constituídos, superego, couraça e ideologia
reforçam-se mutuamente em um circuito de retroalimentação (feedback)( 33). O circuito age
como um filtro que deixa passar algumas vibrações ou pulsões que compelem a pessoa a
manifestar certas percepções, emoções e atitudes, com os quais a nossa realidade consensual (a
visão que temos de nós mesmos e do mundo) é construída, enquanto outros, que não são
considerados compatíveis com a realidade consensual, são sumariamente excluídos. O que
mantém esse circuito funcionando é a energia dos próprios impulsos reprimidos, desviada e
canalizada para alimentar o sistema.
Ao nosso ver, a descrição gnóstica e a teoria junguiana da sombra descrevem a
mesma coisa sob dois pontos-de-vista ligeiramente diferentes. A partir dessas duas visões, não
é difícil perceber também que as relações entre o ego e a sombra são mais complexas, mais
dialéticas, do que uma leitura superficial permitira supor. O mundo do ego rejeita a sombra
mas, ao mesmo tempo, precisa da energia dela para existir, por isso, quando há uma grande
dissociação de personalidades, a pessoa fica enfraquecida e vulnerável. Nossa realidade
consensual só se mantém à custa da força que extrai daquilo mesmo que ela exclui. Os
impulsos reprimidos são transformados em demônios (personalidades múltiplas e
subpersonalidades negativas). Mas são esses demônios que sustentam a estrutura que os
reprime.
Conseqüentemente, é impossível superar a sístase enquanto ela for constantemente
energizada pelo que é reprimido ou alimentado em nós. Daí que a integração da sombra, ou o
ato de trazer os demônios (elementos) do inconsciente à luz da consciência e, numa palavra,
redimi-los, é uma condição sine qua non para a dissolução do estado de sístase. Isso concede
toda uma nova perspectiva ao trabalho goético, A chamada reforma íntima, ou mudança
positiva de rumo, pela própria vontade e decisão do interessado, não pode mais ser protelada.
A couraça do caráter é ao mesmo tempo o principal sintoma e o instrumento por
meio do qual um sistema social e familiar alienante, que drena a energia do indivíduo,
reduzindo-o a uma espécie de autômato, condena-o a viver de acordo com uma série de rotinas
e comportamentos pré-programados. Há quase dois mil anos, os gnósticos já se debruçavam
sobre essa questão, elevando-a a uma dimensão ontológica ( 34) (Será que eles falavam de
existências sucessivas?). Na concepção gnóstica, a sístase é um filtro que nos impede de
perceber a verdadeira realidade, isolando-nos em um mundo ilusório.
Como vemos, a busca da identificação dos “demônios pessoais” (personalidades
múltiplas e subpersonalidades) já vem de longe, e hoje, alguns segmentos que praticam a
terapêutica medianímica continuam com esse estudo.
Levando-se em conta a atual abertura dos “portais iniciáticos” com o advento da
Terapia de Vidas Passadas e da Apometria, o caráter simbólico dos elementos do antigo ritual
goético pode e deve ser simplificado, entendido e dignificado, tornando sua prática voltada
para a identificação, abordagem, tratamento e integração desses elementos, visando a saúde e o
equilíbrio do ser humano. Devemos dispensar totalmente os rituais e os procedimentos
esdrúxulos que não possam ser fundamentados, e construir nossos procedimentos em bases
psicológica, espírita e espiritualista modernas, mais claras e sensatas.

33 Feedback (fíd-béc): Palavra de origem inglesa que significa realimentação ou retroalimentação.

34 Ontologia: ciência do ser em geral. Parte da metafísica que estuda o ser em geral e suas
propriedades transcendentais.
75
O primeiro passo para um terapêutica apométrica eficiente é a identificação
adequada desses conteúdos anímicos e personímicos desarmônicos, que, em última análise, são
personificações das tendências sombrias da psique. São montagens altamente individualizadas
por impulsos reprimidos na vida presente (subpersonalidades), e pelo despertar de antigas
personalizações construídas em outras existências (personalidades múltiplas), pela influência
de antigos traços negativos ou por traumas arquivados no inconsciente, ainda não resolvidos
nem racionalizados. Cada pessoa tem sua própria sombra, mas a sombra é diferente em cada
pessoa. Por esse motivo, se faz necessário encontrar a forma de acessar e tratar os demônios
pessoais de cada pessoa, que se revelam sob uma forma igualmente pessoal, em vez de tentar
exorcizá-los ou expulsá-los através de rituais padronizados.
Normalmente, as partes da “sombra” podem ser identificadas através de suas
manifestações emocionais. Aparecem sob a forma de emoções personalizadas que se apoderam
subitamente da consciência sem causa aparente ou com uma intensidade desproporcional a sua
pretensa causa. Por exemplo, mudança de expressão, olhar estranho, cheiro diferente, ataques
de raiva cega ou destrutiva, sentimentos de opressão ou depressão não motivados (pelo menos,
não inteiramente) pelas circunstâncias externas, inveja ou ciúme patológicos, etc.
Antes de proceder ao trabalho goético (terapêutica regressiva, apométrica ou
medianímica) propriamente dito, é preciso mapear esses sentimentos, de forma simples,
fazendo um registro escrito no qual se anota escrupulosamente todos os sentimentos que se
quer trabalhar. Se preferir, você pode dar um nome a esses sentimentos (por exemplo, o
Demônio da Raiva ou o Espírito da Depressão, etc).
Personalizar os conteúdos da sombra facilita a etapa seguinte, que é evocar esses
demônios, com o objetivo de exorcizá-los.
Exorcizar os demônios, ao contrário do que o filme de William Friedkin e séculos de
tradição católica dão a entender, não significa expulsá-los. Isso seria o equivalente teológico da
repressão e eles já estão mais do que reprimidos e, por isso, se tornaram destrutivos.
A palavra exorcismo vem do grego exos, exterior, e significa simplesmente trazer
para fora o que estava oculto. Exorcizar um demônio significa apenas expor à luz da
consciência um conteúdo que se encontrava reprimido no inconsciente.
Na Terapia de Vidas Passadas o passo terapêutico constitui-se em vivenciar a
emoção que vai ser trabalhada. O momento ideal para isso seria quando ela surge
espontaneamente. Mas, na maior parte das vezes, isso é muito difícil, beirando o impossível.
Na Apometria o passo terapêutico constitui-se em incorporar o elemento ou os
elementos causadores do distúrbio.
Um dos traços mais marcantes das emoções da sombra no paciente perturbado é seu
caráter compulsivo, e, no calor da emoção, não se pode censurá-lo por não conseguir parar
para visualizar as suas causas.
A invocação dos Demônios Pessoais pode ser realizada de diversas formas através
de variadas técnicas terapêuticas, mas esse trabalho é mais facilmente realizado,
preferencialmente, numa sessão apométrica ou na Terapia de Vida Passada, sem complicações
ou rituais. Apenas, informando-se sobre os sintomas e ocasiões em que a pessoa os
experimenta a emoção. Para o tratamento, se for através da técnica apométrica, deve-se abrir o
campo de freqüência do paciente, mentalizar os elementos fluindo do paciente para o médium
de incorporação, onde eles se manifestarão assumindo forma e posição bastante concreta. Que
pode ser a forma de uma pessoa ou até de um animal. Devemos deixar que o processo seja
espontâneo.
Na TVP, pode-se tratá-los através das percepções do próprio paciente.

76
Antes de sair evocando os elementos goéticos, sem saber o que procura, é melhor
aguardar ou atender somente quando os sinais já apareceram. Aí, sim, você estará
escancarando os porões do inconsciente para dar passagem aos “demônios” que já tomaram
forma (despertaram). Agora eles estão prontos, diante de você, para serem entrevistados,
doutrinados e tratados.
Os magos medievais e renascentistas que trabalhavam com a goécia não tinham
grandes problemas com isso. Porém, a maioria não se interessava pelo aspecto terapêutico nem
com a integração desses elementos e forças. A finalidade era a busca do conhecimento, do
poder ou da diversão.
Quando os elementos goéticos surgiam, eles os colocavam para trabalhar a seu
serviço (daí sim era a prática da “magia negra”), deixando-os que permanecessem não
integrados. Porém, esses elementos, tornados negativos, invadem o campo da consciência e se
apossam da alma, fenômeno conhecido na psicologia junguiana como possessão do ego por um
conteúdo do inconsciente.
Portanto, não é surpresa que a goécia tenha adquirido uma reputação tão ruim, não
só entre os leigos, mas entre os próprios adeptos.
Sempre que questionados sobre as operações goéticas, os membros da Golden Dawn
saíam pela tangente, e davam a mesma resposta do Jesus de South Park: "meu filho, eu não
tocaria nisso nem com uma vara de dois metros." E isso a despeito de ter sido McGregor
Mathers quem traduziu a Clavícula de Salomão para o inglês.
No entanto, é preciso tocar nisso, com ou sem uma vara de dois metros, pois
precisamos decifrar urgentemente esses demônios, dado ao caro preço que estamos pagando
pelo desconhecimento de nosso universo interior.
Usar nossos demônios para atender desejos pessoais é colocar essas forças a serviço
do ego, fato este que pode ser denominado como “magia negra” ou “magia negativa”.
Já que não se pode drenar ou expulsar do inconsciente esses elementos goéticos,
vamos incorporá-los à consciência, para criar um ego forte, capaz de se submeter os
"caprichos" da vontade. E, enquanto essa distinção não for compreendida, não importa o rótulo
que se empregue, estaremos dando margem a prática de magia negra da pior espécie.
O que fazer então?
A perguntaria é pertinente e necessária.
É preciso acessá-los, tratá-los, esclarecê-los, tirá-los da “inconsciência” e integrá-los
à consciência. Desnecessário dizer que, se o orientador não estiver estabelecido, ele próprio,
em sólida formação e consciência, o trabalho goético não passará de palavrório vazio, porque
ninguém pode se apoiar em um poder que não possui. Foi só porque teve o bom-senso de se
amarrar ao mastro do navio, que Ulisses pôde resistir ao canto das sereias. É por esse motivo
que o trato com os espíritos ou com os elementos goéticos deve vir depois de sólida preparação
do evocador (terapeuta ou doutrinador).

77
Módulo V

Obsessão (conceito)
Obsessões simples e complexas.
Indução Espiritual
A Obsessão (espiritual e de encarnado por desdobramento de personalidades múltiplas e
subpersonalidades).
Pseudo-Obsessão
Simbiose
Parasitismo..

Tipos de ação obsessiva (Vampirismo, Síndrome dos Aparelhos Parasitas no Corpo Astral,
Arquepadias [magia originada em passado remoto], Magia negra ou magia negativa).

Auto-obsessão (Síndrome da ressonância vibratória com o passado. Correntes mentais


parasitas auto-induzidas. Recordação tormentosa e fragmentária, de encarnação anterior.
Estigmas cármicos)

Terapêutica desobsessiva (A auto-obsessão e seu tratamento com o desdobramento. Modo


simplificado de tratamento dos corpos, níveis e subníveis. Modo simplificado de atendimento e

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tratamento da personalidades múltiplas. Modo simplificado de atendimento e tratamento das
subpersonalidades. Outros tipos de atendimentos. Atendimento coletivo.)

A Obsessão (Conceito)

Obsessão é a ação persistente que um indivíduo equivocado (encarnado ou


desencarnado) exerce sobre outro.
Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples influência moral sem
perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades
mentais."
Conforme (Dr. José Lacerda), "obsessão é a ação nefasta e continuada de um
espírito sobre outro, independentemente do estado de encarnado ou desencarnado em que se
encontrem".

Obsessões simples e complexas

a) Obsessões Simples. As obsessões simples podem ser divididas em mono-


obsessão, quando só um espírito atua sobre o obsedado, e poli-obsessão, quando atuam dois ou
mais espíritos sobre a vítima.

01 - Mono-obsessão
A Mono-obsessão pertence ainda a categoria das obsessões simples e caracterizam-
se por ações maléficas, porém superficiais. O algoz atua através de simples sugestão, não

79
empregando campos-de-força ou instrumentos mais sofisticados. Trata-se, quase sempre, de
espontâneo fruto do ódio; o agente visa prejudicar a vítima sugestionando-a através de idéias
ou imagens. Não usa de maiores recursos para que isso se cristalize; a ação é limitada em seus
efeitos, porque a força mental da indução é também limitada pela ignorância do indutor.
Esses obsessores agem com os meios de que dispõem, sem maiores conhecimentos
das leis do mundo espiritual. Procuram destruir o desafeto com paus, chicotes, cordas e
instrumentos semelhantes, envolvem-no em amarras, laços, peias, sudários, etc. As
conseqüências destas agressões têm importância muito relativa já que depende das defesas
naturais do obsedado, da intensidade das energias empregadas pelos perseguidores, e do tempo
de atuação.

02 - Poli-obsessão
Na poli-obsessão, a ação produzida por vários obsessores (que agem quase sempre
sincronicamente), é mais perigosa, pois há multiplicações de energias maléficas. Caso, no
entanto, não se constate a implantação de aparelhos eletrônicos parasitas no sistema nervoso da
vítima ou o emprego de meios sofisticados que podem causar danos irremediáveis a poli-
obsessão deve ser catalogada entre as do tipo simples.

Exercícios para fixação:


a) Quais os tipos de obsessão simples que conhecemos?
b) O que é uma mono-obsessão?
c) Quais os instrumentos ou recursos utilizados na mono-obsessão?
d) O que é uma poli-obsessão?
e) Quando uma poli-obsessão deixa de ser simples?

b) Obsessão complexa
Obsessões complexas são os casos em que há ação de “magia negra”; implantação
de “aparelhos parasitas”; uso de “campos-de-força dissociativos” ou magnéticos de ação
contínua, provocadores de desarmonias tissulares que dão origem a processos cancerosos.
Campos-de-força permanentes podem, também, inibir toda a criatividade das vítimas ou
desfazer projetos acalentados com o maior desvelo, principalmente os que geram dinheiro
(levando as vítimas ao total empobrecimento). Complexos são, igualmente, os casos em que
técnicos das sombras imantam no obsedado espíritos em sofrimento atroz, visando parasitá-lo
ou vampirizá-lo em suas energias destruindo-lhe a imunidade.
É comum nos depararmos com pessoas aprisionadas em campos magnéticos que as
envolvem em vibrações de baixíssima freqüência. Esses pacientes se queixam de profundo
mal-estar e sensação de opressão que, aumentando rápida e progressivamente, levam ao
paciente a idéia de autodestruição, tão grande é o desespero que os aflige.
A técnica de cercar a vítima com vários tipos de obsessão configura outra
característica da obsessão complexa. O enfermo vê-se encurralado, indefeso, à mercê de
inimigos e predadores desencarnados. Através de planejamento minucioso, realmente
diabólico, de “estado maior”, executado com rigor militar, os técnicos do Mal investigam toda
a vida da vítima, descobrem e “convocam” seus inimigos desencarnados (desde o passado mais
remoto) para convidá-los à vingança e a destruição de seu desafeto.

Exercícios para fixação:


a) O que é uma obsessão complexa?
b) O que é um campo de força permanente e o que causa?

80
c) Qual a finalidade de imantação de espírito sofredores em obsedados?

Indução Espiritual
A indução espiritual de desencarnado para encarnado se faz espontaneamente, na
maioria das vezes de modo casual, sem premeditação ou maldade alguma. O espírito vê o
paciente, experimenta-lhe a benéfica aura vital, que lhe dá sensação de bem estar e calor, que
lhe provoca alívio, e sente-se atraído por ela. Encontrando-se enfermo ou em sofrimento,
transmite ao encarnado suas angústias e dores, a ponto de desarmonizá-lo. A desarmonia vai
acontecendo na medida da intensidade da energia negativa de que o espírito está carregado e
do tempo de atuação sobre o encarnado. O processo de transferência de energia do espírito
para o encarnado ocorre por ressonância vibratória entre os dois. Esses sintomas são comuns
em sensitivos sem educação mediúnica. Por desconhecimento de causa, sentem-se esgotados,
angustiados, com profundo mal-estar.

Exercícios para fixação:


a) O que uma indução?
b) Exemplifique um resultado negativo causado por uma indução espiritual?
c) Como ocorre o processo de transferência de energia entre dois seres?
d) Qual a razão de um encarnado não se livrar da indução negativa de um espírito?

A Obsessão (espiritual e de encarnado por desdobramento de personalidades


múltiplas e subpersonalidades).
A obsessão implica sempre em ação consciente e volitiva, com objetivos e efeitos
bem definidos pelo obsessor, que sabe muito bem o que está fazendo. Esta ação premeditada,
planejada e posta em execução, por vezes com esmero e sofisticação, constitui a grande causa
das enfermidades psíquicas.
Quando a obsessão se processa por imantação mental, a causa está, sempre, em
alguma imperfeição moral da vítima (na encarnação presente ou nas anteriores), que permite a
ação influenciadora de espíritos malfazejos.
A obsessão é a enfermidade do século. Tão grande é o número de casos rotulados
como disfunção cerebral ou psíquica (nos quais, na verdade, ela está presente) que podemos
afirmar: fora às doenças causadas por distúrbios de natureza orgânica, como traumatismo
craniano, infecção, arteriosclerose e alguns raros casos de ressonância com o Passado (desta
vida), que TODAS as enfermidades mentais são de natureza anímica e espiritual.
Boa parte dos casos é de desencarnados atuando sobre mortais, o resto é causado
pelos conflitos gerados pela dissociação de personalidades. A etiologia das obsessões, todavia,
é tão complexa quanto profunda, vinculando-se às dolorosas conseqüências dos desvios
morais, em que encarnado e desencarnado, trilharam os caminhos da criminalidade franca ou
dissimulada; ambos, portanto, devendo contas mais ou menos pesadas. Por transgressões à
grande Lei da Harmonia Cósmica, passam a se encontrar, na condição de obsedado e obsessor,
desarmonizados, antagônicos, sofrendo mutuamente os campos vibratórios adversos que eles
próprios criaram e alimentam.
A maioria das ações perniciosas de espíritos sobre encarnados implica todo um
extenso processo a se desenrolar no Tempo e no Espaço, em que a atuação odiosa e pertinaz
(causa da doença) nada mais é do que um contínuo fluxo de cobrança de mútuas dívidas,
perpetuando o sofrimento de ambos os envolvidos. Os perseguidores de ontem são as vítimas

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de hoje, atrasados na evolução, em ajuste de contas interminável, mais trevoso do que
dramático.
Tendo transgredido a Lei da Harmonia Cósmica e não compreendendo os desígnios
da Justiça Divina, avocam a si, nos atos de vingança, poder e responsabilidade que são de
Deus.
Os tipos de ação obsessiva podem acontecer em desencarnado atuando sobre
desencarnado, desencarnado sobre encarnado, encarnado sobre desencarnado, encarnado sobre
encarnado ou ainda obsessão recíproca, esses dois últimos, estudados sob o título de Pseudo-
Obsessão.

Exercícios para fixação:


a) Na ação obsessiva há consciência e planejamento por parte do obsessor?
b) Quando pode ocorrer uma imantação mental?
c) Os distúrbios mentais tem alguma relação com as obsessões e com o aspecto espiritual?
d) Quais os comportamentos que podem atrair e vincular espíritos desequilibrados ou
enfermos?
e) Quem seriam os obsedados de hoje?
f) Quais os tipos de ação obsessiva você conhece ou estudou?

Pseudo-Obsessão
Pseudo-Obsessão é a atuação do encarnado sobre o encarnado ou a obsessão
recíproca. Todos nós conhecemos criaturas dominadoras, prepotentes e egoístas, que
comandam toda uma família, obrigando todos a fazerem exclusivamente o que elas querem.
Tão pertinaz (e ao mesmo tempo descabida) pode se tornar esta ação, que, sucedendo a morte
do déspota, todas as vítimas de sua convivência às vezes chegam a respirar, aliviadas. No
entanto, o processo obsessivo há de continuar, pois a perda do corpo físico não transforma o
obsessor.
Este tipo de ação nefasta é mais comum entre encarnados, embora possa haver
pseudo-obsessão entre desencarnados e encarnados. Trata-se de ação perturbadora em que o
espírito agente não deseja deliberadamente, prejudicar o ser visado, ao contrário, deseja
protegê-lo. É conseqüência da ação egoísta de uma criatura que faz de outra o objeto dos seus
cuidados e a deseja ardentemente para si própria como propriedade sua.
Exige que a outra obedeça, cegamente, às suas ordens desejando protegê-la, guiá-la
e, com tais coerções, impede-a de se relacionar saudável e normalmente com seus semelhantes.
O agente não tem intuito de prejudicar o paciente. Acontece que, embora os motivos
possam até ser nobres, a atuação resulta prejudicial; com o tempo, poderá transformar-se em
verdadeira obsessão.
A pseudo-obsessão é muito comum em pessoas de personalidade forte, egoístas,
dominadoras, que muitas vezes, sujeitam a família à sua vontade tirânica, porém, muitas vezes
dissimulada. Ela aparece nas relações de casais, quando um dos cônjuges tenta exercer
domínio absoluto sobre o outro. Caso clássico, por exemplo, é o do ciumento que cerceia de tal
modo a liberdade do ser amado que, cego a tudo, termina por prejudicá-lo seriamente. Nesses
casos, conforme a intensidade e continuidade do processo, pode se instalar a obsessão simples
(obsessão de encarnado sobre encarnado).
O que dizer do filho mimado que chora, bate o pé, joga-se ao chão, até que consegue
que o pai ou a mãe lhe dê o que quer ou lhe irrite até o ponto de agressão. Qualquer das duas
reações faz com que o pequeno e "inocente" vampiro, absorva as energias do oponente.
O que pensar do chefe déspota, no escritório?

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E dos desaforos: "eu faço a comida, mas eu cuspo dentro".
E que tal a mulher dengosa que consegue tudo o que quer?
E a mãe que controla e envolve “amorosa” e ciumentamente o filho ou a filha
querendo livrá-lo (a) de “dificuldades”, “sofrimentos”, ou querendo-o (a) para si mesma?
Enquanto o relacionamento entre esses encarnados aparenta ter momentos de trégua
enquanto dormem, o elemento dominador pode desprender-se do corpo e sugar as energias
vitais do corpo físico do outro. Após o desencarne, o elemento dominador poderá continuar a
"proteger" as suas relações, a agravante agora é que o assédio torna-se maior ainda, pois o
desencarnado não necessita cuidar das obrigações básicas que tem como encarnado, tais como:
comer, dormir, trabalhar, higienizar-se, tendo mais tempo para estar na companhia do outro,
obsedando-o.
O obsedado poderá reagir às ações do obsessor criando condições para a obsessão
recíproca. Quando a vítima tem condições mentais e esboça defesa ativa, procura refutar as
ações do obsessor ou revidar o agressor na mesma proporção em que é agredida. Estabelece-se,
assim, círculo vicioso de imantação por ódio mútuo, difícil de ser anulado.
Em menor ou maior intensidade, essas agressões recíprocas aparecem em quase
todos os tipos de obsessão; geralmente são eventuais (mas podem tornar-se de longo prazo ou
perenes), surgindo conforme circunstâncias e fases existenciais, podendo ser concomitantes a
determinados acontecimentos. Apesar de apresentarem, às vezes, intensa imantação negativa,
esses processos de mútua influência constituem obsessão simples, tendo um único obsessor.
Quando a obsessão recíproca acontece entre desencarnado e encarnado é porque o
encarnado tem personalidade muito forte, grande força mental e muita coragem, pois enfrenta
o espírito em condições de igualdade. No estado de vigília, a pessoa viva normalmente e não
sabe o drama que esta vivendo. É durante o sono – e desdobrada – que passa a ter condições de
enfrentar e agredir o opositor.
Esse tipo de relacionamentos, interpessoais, nos induz a pensar que o ser humano,
em seu erro, deixou de absorver as energias cósmicas, por sua própria conta, desligando-se do
Divino, buscando então, exercer o "poder" sobre os seus semelhantes, para, assim, vampirizar
e absorver as suas energias vitais.
Podemos nos "religar" e absorver as energias divinas a qualquer momento, mesmo
depois de tantas vidas procedendo erroneamente, buscando o equilíbrio das ações, dos
pensamentos e, também, a plena consciência dos nossos atos. Talvez se possa dizer que o
maior culpado desse processo de obsessão seja quem se deixa dominar, vampirizar ou
chantagear por esses espíritos.
A terapêutica consiste na conscientização, incorporação, doutrinação, tratamento e
encaminhamento das partes envolvidas (elementos espirituais, anímicos, personímicos e
encarnado (s).

Exercícios para fixação:


a) O que é uma pseudo-obsessão?
b) Quando e como isso acontece?
c) Qual é o intuito da pseudo-obsessão?
d) Uma pseudo-obsessão pode tornar-se uma obsessão?
e) Quando isso acontece como denomina-se esse tipo de obsessão?
f) Quem é o maior culpado pelos processos obsessivos?
g) Cite um exemplo de pseudo-obsessão?
h) Quais os tratamentos que devemos utilizar para esses casos?

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Simbiose
Por simbiose entende-se a duradoura associação biológica de seres vivos, harmônica
e às vezes necessária, com benefícios recíprocos.
A simbiose espiritual, negativa, desarmônica, e desnecessária, obedece ao mesmo
princípio.
Na Biologia, o caráter harmônico e indispensável deriva das necessidades
complementares que possuem as espécies de realizar tais associações que primitivamente foi
parasitismo. Com o tempo, a relação evoluiu e se disciplinou biologicamente: o parasitado,
também começou a tirar proveito da relação. Existe simbiose entre espíritos como entre
encarnados e desencarnados. É comum a simbiose cooperativa entre espíritos e médiuns, onde
os espíritos atendem aos seus menores chamados. Em troca, porém recebem do médium as
energias vitais de que carecem. Às vezes esses médiuns nem suspeitam que seus "associados"
espirituais são espíritos inferiores ou mal intencionados, que se juntam a eles para parasitá-los
ou fazer simbiose com eles.
A Terapêutica consiste na separação dos elementos imantados, na sua orientação e
no seu encaminhamento. Para este tipo de tratamento devemos empregar cromoterapia mental
(amarelo-limão e violeta) para separar os elementos em simbiose; incorporação, se possível em
médiuns diferentes para quebrar as idéias fixas (monoidéia) e dissolver as energias negativas
que os imantam; doutrinação; encaminhamento dos elementos imantados (espírito e
personalidade múltipla) e orientação ao encarnado.

Questões e exercícios para fixação:


a) O que é uma simbiose?
b)