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ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO TRATAMENTO DE PACIENTE

PEDIÁTRICO COM HIDROCEFALIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA.

UNIVERSITARIO RAINHA DO SERTÃO

Ana Eryka Cordeiro de Almeida¹; Gleiciane da Silva Martins²; Raul Lima Pinhas³;
Maria Udete Facundo Barbosa

¹Discente do Curso de Fisioterapia da Unicatólica; E-mail:


anaeryka.17@gmail.com
²Discente do Curso de Fisioterapia da Unicatólica; E-mail:
gleicianemartins1996@gmail.com
³Discente do Curso de Fisioterapia da Unicatólica; E-mail:
raullimapinhas@gmail.com
Docente do Curso de Fisioterapia da Unicatólica; E-mail:
udetebarbosa@unicatolicaquixada.edu.br

RESUMO
A hidrocefalia é o acúmulo de líquido cefalorraquidiano, no qual faz a pressão
intracraniana aumentar e consequentemente pode provocar lesões. Causada
normalmente por uma obstrução na circulação liquórica. Tendo origem multifatorial
sendo associada ao ambiente ou genético. O atraso no desenvolvimento psicomotor
também está associado maioria das vezes a patologias neurológicas e congênitas a
hidrocefalia, podendo gerar possíveis dificuldades durante a execução de tarefas diárias.
O objetivo é relatar a abordagem fisioterapêutica no tratamento de paciente pediátrico
com hidrocefalia. O presente é do tipo relato de experiência. Realizado na clínica escola
do Centro Universitário Católica de Quixadá - CE, no período 05/02/2019 à 11/04/2019.
Os atendimentos ocorreram nos dias de terça-feira e quinta-feira, no horário de 08:00 as
09:00 da manhã. Durante os atendimentos fisioterapêuticos é importante criar um
vínculo de confiança, trabalhando as necessidades do paciente de forma lúdica e
humanizada. Conclui-se que o paciente neurológico pediátrico com hidrocefalia requer
toda uma atenção multiprofissional e uma base familiar, pois é notável o
desenvolvimento físico e psíquico da criança, apresentando melhora da postura, maior
controle dos movimentos da mão esquerda, controle de cervical e tronco.

Palavras-chave: Hidrocefalia; Desenvolvimento Motor; Abordagem Fisioterapêutica.


INTRODUÇÃO

O presente relato tem o intuito de discorrer sobre a experiência dos alunos de


fisioterapia do Centro Universitário Católica de Quixadá (UNICATÓLICA)
correspondente aos atendimentos realizados na Clinica Escola de Fisioterapia, no
âmbito do estágio de neurologia infantil II, no qual são realizados atendimentos de
pacientes com patologias neurológicas, com o objetivo de promover qualidade de vida e
independência funcional.

Os atendimentos ocorrem em torno de 60 minutos, sendo 50 minutos para o


atendimento propriamente dito, e os outros 10 minutos para a evolução no prontuário
online, no qual discorremos com detalhes todo o processo de atendimento para
referencias futuras, sendo também uma forma de registro para avaliação didática dos
professores responsáveis.

Para a construção do relato foi escolhido um paciente com o intuito de detalhar


sobre a patologia, conduta e tratamento realizado no estágio, como também será
discorrido sobre relação terapeuta paciente, como dificuldades de comunicação, formas
de interação específicas e a individualidade de cada paciente, como sua forma de se
expressar e lidar com situações específicas.

A hidrocefalia é o acúmulo de líquido cefalorraquidiano, no qual faz a pressão


intracraniana aumentar e consequentemente pode provocar lesões. Causada
normalmente por uma obstrução na circulação liquórica. Sua origem é multifatorial
sendo associada ao ambiente ou genético. O diagnóstico pode ser feito a partir do
segundo trimestre de gestação, e a incidência desta patologia é de 0.3 a 1/1000. O grupo
de hidrocefalia foi classificado em quatro subgrupos, sendo eles hidrocefalia isolada,
hidrocefalia associada a outras infecções congênitas, hidrocefalia associada a síndrome
dismórficas e hidrocefalia associada a outros defeitos congênitos sem diagnostico
clinico-etiológico. (CAVALCANTI, 2003)

O atraso no desenvolvimento neuropsicomotor veem-se tornando cada vez mais


comum entre as doenças congênitas, fazendo com que o portador tenha dificuldade em
executar tarefas que seria normal a outras pessoas. A dificuldade de interação em meios
escolares também se torna evidente, e a execução de tarefas diárias acabam se tornando
dificultosas, associada a maioria das vezes a patologias neurológicas e congênitas
(SANTOS, 2017).
As abordagens fisioterapêuticas tem como um dos principais objetivos a inibição
da atividade reflexa de acordo com a patologia afim de normalizar o tono muscular,
proporcionando e facilitando a realização do movimento normal, tendo como um
resultado positivo a melhora da força muscular, flexibilidade, ADM e capacidades
motoras básicas para a melhora da funcionalidade dando assim independência para o
paciente (BONOMO, et.al, 2007).

METOLOGIA

O presente é do tipo relato de experiência. Realizado na clínica escola do Centro


Universitário Católica de Quixadá - CE, no período 05/02/2019 à 11/04/2019. Foi
realizado uma pesquisa eletrônica utilizando a base de dados da PubMed e SiELO,
utilizando como termo de busca Hidrocefalia e ADNPM e abordagens fisioterapêuticas.
Os critérios de inclusão foram artigos originais publicados entre Janeiro de 2010 e
Março de 2019 e publicados em língua portuguesa e inglesa.

A vivência ocorreu no estágio de fisioterapia em Neurologia Infantil II, os


atendimentos ocorreram nos dias de terça-feira e quinta-feira, no horário de 08:00 as
09:00 da manhã, com um paciente, A.V.R, do sexo masculino, sete anos, residente no
município de Quixadá, com diagnóstico de Hidrocefalia + ADNPM. O paciente foi
encaminhado aos serviços da Clínica Escola de Fisioterapia da Unicatólica. Foi
realizada avaliação neurológica, desde a anamnese ao tratamento fisioterapêutico,
inicialmente foi realizado interação terapeuta/paciente, durante o exame físico
observou-se as capacidades funcionais do paciente, foi perceptível desalinhamento do
tronco e da cabeça, estrabismo leve no olho esquerdo, leve eversão no pé esquerdo.
Marcha com auxilio, ao deambular realiza acentuada flexão plantar. Mão direita com
pressão palmar satisfatória e eficiente, mão esquerda em desuso (uso de órtese), realiza
movimentos voluntários e fracos, através de estímulos.

Foi elaborado um plano de tratamento fisioterapêutico, com objetivos de


melhorar as capacidades funcionais de acordo com os achados durante o exame físico e
com as necessidades do paciente. Durante o tratamento foi trabalhado alongamento de
MMSS e MMII e tronco, fortalecimento de tronco com auxílio da bola terapêutica,
exercícios de sentar e levantar, treino de marcha com auxílio do andador, treino de
motricidade fina com peças de encaixe, estimulo de MSE através da contensão de MSD
e hidroterapia.
DISCUSSÃO

O uso da bola terapêutica vem se mostrando eficaz para o fortalecimento do


tronco, trazendo com isso maior estabilidade, controle e prevenção de lesões. A bola
será usada juntamente com exercícios e alongamentos, para que além de melhorar a dor,
também haja melhora de algumas incapacidades funcionais, e a força extensora do
tronco. (FREITAS, 2008).

TREINO DE MARCHA

A motricidade é a interação de diversas funções motoras (perceptivomotora,


neuromotora, psicomotora, neuropsicomotora), sendo responsável pelos movimentos e
pela destreza manual, a atividade motora é de suma importância no desenvolvimento
global da criança e de grande importância para o contexto escolar, exigindo além de
gestos minuciosos, a habilidade de concentração da criança As atividades de treino de
motricidade fina envolve a coordenação, o nível de aprendizado e a evolução do
desenvolvimento motor. Através de estímulos surge o interesse e curiosidade da criança
de explorar o meio externo, contribuindo para que a criança possa ter independência
para realizar suas atividades. (LLANO, 2011).

O tratamento Fisioterapêutico deve focar nas aquisições que esse paciente não
conseguiu desenvolver no ambiente familiar ou escolar, pois em geral esses ambientes
não estão preparados, como andar, pegar objetos, prevenir deformidades e quebrar
padrões de movimento.

Os exercícios funcionais, estímulos, terapia manual, kabat, bobath, mobilização,


alongamento, podem ser podem ser agregados a outra forma de atendimento, como por
exemplo é a hidroterapia, (MELO, 2012) onde podemos realizar manobras que seriam
quase impossíveis fora da água e que causam dor ao paciente. Na hidroterapia podemos
observar o relaxamento da musculatura da criança, tornando o ambiente aquático mais
divertido. Obtendo assim maior mobilidade dos movimentos dos MMSS e MMII sem
causar dor ou estresse.
CONCLUSÃO

A hidrocefalia é uma patologia onde o quadro clínico depende da faixa etária e


da extensão da perda do tecido neural, podendo haver extenso comprometimento
psicomotor, ou seja, é um grande desafio. Durante o processo de reabilitação foram
empregadas técnicas diversas com base na cinesioterapia, como trabalho de motricidade
fina, alongamentos, fortalecimento do CORE e cervical, terapia manual, e hidroterapia.

É notável o desenvolvimento físico e psíquico da criança, melhora da postura, de


força e mobilidade na mão esquerda, maior controle dos movimentos, maior controle de
cervical e tronco, melhor dissociação de cinturas e maior interação com as pessoas ao
seu redor.

Portanto conclui-se que o paciente neurológico pediátrico com hidrocefalia


requer toda uma atenção multiprofissional e uma base familiar. No âmbito da
Fisioterapia, cabe ao profissional executar um método humanizado e voltado para as
particularidades da criança. É muito importante o envolvimento e incentivo dos pais
durante o tratamento, que estejam orientados para os cuidados diários, ajudando a
potencializar os atendimentos.

REFERÊNCIAS

BONOMO, L. M. M. et al. Hidroterapia na aquisição da funcionalidade de crianças


com Paralisia Cerebral. Rev Neurocienc;15/2:125–130. Vitória-ES. 2007.
CAVALCANTI, D. P; SALOMÃO, M. A. Incidência de hidrocefalia congênita e o
papel do diagnóstico pré-natal. J Pediatr, v. 79, n. 2, p. 135-40, 2003.
LLANO, D. C; BONAMIGO, E. C. B. Evolução da motricidade fina e da
coordenação durante três anos consecutivos em crianças de 4 e 5 anos de idade.
Ijuí, Rio Grande do Sul, 2011.
MELO, Fáviane et al. Benefícios da hidroterapia para espasticidade em uma
criança com hidrocefalia. Revista neurociências. v. 20, n.3, p. 415-421, 2012.
SANTOS, R. J. dos. Processo de inclusão de um aluno com atraso do
desenvolvimento neuropsicomotor: um estudo de caso. 2017.
DE FREITAS, Cíntia Domingues; GREVE, Júlia Maria D.'Andrea. Estudo
comparativo entre exercícios com dinamômetro isocinético e bola terapêutica na
lombalgia crônica de origem mecânica. Fisioterapia e Pesquisa, v. 15, n. 4, p. 380-
386, 2008.

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