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201823
1
Organização e sistematização: Setor de Material Ciclos (Por Bruna Daronch, Beatriz Brito e Aryane Domingos).
2
Obs1. Todas as informações foram extraídas do site Dizer o Direito (#SomosTodosMarcinho #AjudaMarcinho), contendo
apenas algumas marcações (#importante #atenção) de nossa autoria. Obs2. Todos os julgados foram devidamente
adicionados nas FUCs (para achar no material as novas inserções basta procurar o * asterisco).
3
ATENÇÃO: STJ: Informativos 616-632. STF: Informativos 888-921.
Sejamos intolerantes com aquilo que destrói a capacidade do homem e da mulher de se afirmarem
como sujeitos de direitos. Corrupção, tráfico de drogas, violência doméstica, intolerância com as minorias… É
preciso dar um basta! O Sistema de justiça é uma fábula sem sentido a partir do momento que seus
integrantes passam a priorizar seus próprios interesses em detrimento da proteção daquele que sofre.
Reiteradas vezes o pensamento de fracasso chega a nossa mente com uma força arrebatadora, causando
desânimo e medo. Não deixem que um sentimento passageiro e mentirosa demova aquilo que te levou a
escolher esse caminho: justiça. Seu objetivo é muito maior!
Afirma-nos Santa Tereza D’Ávila: “É justo que muito custe o que muito vale”. No final, eu garanto a
vocês, tudo vai valer a pena. Que a bondade e força do arquiteto do universo e da vida os abençoe sempre!
1 – CONSTITUCIONAL
ADVOCACIA PÚBLICA
A Constituição do Estado do Ceará previa que o Governador deveria encaminhar à ALE projetos de lei
dispondo sobre a organização e o funcionamento da Procuradoria-Geral do Estado e das procuradorias
autárquicas. O STF decidiu que essa regra é inconstitucional. Isso porque a CF/88 determina que a
representação judicial e a consultoria jurídica do Estado, incluídas suas autarquias e fundações, deve ser feita
pela PGE, nos termos do art. 132 da CF/88. O art. 132 da CF/88 consagra o chamado “princípio” da unicidade
da representação judicial e da consultoria jurídica dos Estados e do Distrito Federal e, dessa forma, estabelece
competência funcional exclusiva da Procuradoria-Geral do Estado. A exceção prevista no art. 69 do ADCT da CF
deixou evidente que, a partir da Constituição de 1988, não se permite mais a criação de órgãos jurídicos
distintos da Procuradoria-Geral do Estado, admite-se apenas a manutenção daquelas consultorias jurídicas já
existentes quando da promulgação da Carta. Trata-se de exceção direcionada a situações concretas e do
passado e, por essa razão, deve ser interpretada restritivamente, inclusive com atenção à diferenciação entre
os termos “consultoria jurídica” e “procuradoria jurídica”, uma vez que esta última pode englobar as
atividades de consultoria e representação judicial. STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
20/6/2018 (Info 907). #IMPORTANTE
A atuação da Procuradoria da Assembleia Legislativa deve ficar limitada à defesa das prerrogativas
inerentes ao Poder Legislativo. Em outras palavras, é possível a existência de Procuradoria da Assembleia
Legislativa, mas este órgão ficará responsável apenas pela defesa das prerrogativas do Poder Legislativo. A
representação estadual como um todo, independentemente do Poder, compete à Procuradoria-Geral do
Estado (PGE), tendo em conta o princípio da unicidade institucional da representação judicial e da consultoria
jurídica para Estados e Distrito Federal. No entanto, às vezes, há conflito entre os Poderes. Ex: o Poder
Legislativo cobra do Poder Executivo o repasse de um valor que ele entende devido e que não foi feito. Nestes
casos, é possível, em tese, a propositura de ação judicial pela Assembleia Legislativa e quem irá representar
judicialmente o órgão será a Procuradoria da ALE. STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 25/10/2018 (Info 921).
É inconstitucional norma de Constituição Estadual que preveja que compete ao Governador nomear
e exonerar o “Procurador da Fazenda Estadual”. Isso porque o art. 132 da CF/88 determina que a
representação judicial e a consultoria jurídica do Estado, incluídas suas autarquias e fundações, deve ser feita
pelos “Procuradores dos Estados e do Distrito Federal”. Essa previsão do art. 132 da CF/88 é chamada de
princípio da unicidade da representação judicial e da consultoria jurídica dos Estados e do Distrito Federal. Em
outras palavras, só um órgão pode desempenhar esta função e se trata da Procuradoria-Geral do Estado, que
detém essa competência funcional exclusiva. O modelo constitucional da atividade de representação judicial e
consultoria jurídica dos Estados exige a unicidade orgânica da advocacia pública estadual, incompatível com a
criação de órgãos jurídicos paralelos para o desempenho das mesmas atribuições no âmbito da Administração
Pública Direta ou Indireta. STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/10/2018
(Info 921).
CNJ:
O CNJ não pode fazer controle de constitucionalidade de lei ou ato normativo de forma a substituir a
competência do STF. Contudo, o CNJ pode determinar a correção de ato do Tribunal local que, embora
respaldado por legislação estadual, se distancie do entendimento do STF. Assim, o CNJ pode afirmar que
determinada lei ou ato normativo é inconstitucional se esse entendimento já estiver pacificado no STF. Isso
porque, neste caso, o CNJ estará apenas aplicando uma jurisprudência, um entendimento já pacífico. As leis
estaduais que preveem abono de férias aos magistrados em percentual superior a 1/3 são inconstitucionais.
Isso porque essa majoração do percentual de férias não encontra respaldo na LOMAN, que prevê, de forma
taxativa, as vantagens conferidas aos magistrados, sendo essa a Lei que deve tratar do regime jurídico da
magistratura, por força do art. 93 da CF/88. Logo, o CNJ agiu corretamente ao determinar aos Tribunais de
Justiça que pagam adicional de férias superior a 1/3 que eles enviem projetos de lei para as Assembleias
Legislativas reduzindo esse percentual. STF. 2ª Turma. MS 31667 AgR/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
11/9/2018 (Info 915).
O CNJ não pode substituir a banca examinadora do concurso na escolha das questões, na correção de
provas e nas atribuições de notas. Assim, ao Conselho é defeso (proibido) substituir o critério valorativo para
escolha e correção das questões pela Banca Examinadora nos concursos públicos. O CNJ pode, no entanto,
substituir, anular ou reformar decisões da banca do concurso que firam os princípios da razoabilidade, da
igualdade, da legalidade, da impessoalidade, da moralidade e da publicidade. Isso porque a discricionariedade
da banca de concurso não se confunde com arbitrariedade. Se houver desrespeito aos princípios
constitucionais da administração pública, será possível a plena revisão da decisão pelo Conselho. STF. 1ª
Turma.MS 33527/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em
20/3/2018 (Info 895).
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE:
A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) é meio processual inadequado para o controle de decreto
regulamentar de lei estadual. Seria possível a propositura de ADI se fosse um decreto autônomo. Mas sendo
um decreto que apenas regulamenta a lei, não é hipótese de cabimento de ADI. STF. Plenário. ADI 4409/SP,
Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/6/2018 (Info 905).
O advogado que assina a petição inicial da ação direta de inconstitucionalidade precisa de procuração
com poderes específicos. A procuração deve mencionar a lei ou ato normativo que será impugnado na ação.
Repetindo: não basta que a procuração autorize o ajuizamento de ADI, devendo indicar, de forma específica, o
ato contra o qual se insurge. Caso esse requisito não seja cumprido, a ADI não será conhecida. Vale ressaltar,
contudo, que essa exigência constitui vício sanável e que é possível a sua regularização antes que seja
reconhecida a carência da ação. STF. Plenário. ADI 4409/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
6/6/2018 (Info 905). #IMPORTANTE
A alteração do parâmetro constitucional, quando o processo ainda está em curso, não prejudica o
conhecimento da ADI. Isso para evitar situações em que uma lei que nasceu claramente inconstitucional volte
a produzir, em tese, seus efeitos. STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info
907). #IMPORTANTE
O Estado-membro não possui legitimidade para recorrer contra decisões proferidas em sede de
controle concentrado de constitucionalidade, ainda que a ADI tenha sido ajuizada pelo respectivo Governador.
A legitimidade para recorrer, nestes casos, é do próprio Governador (previsto como legitimado pelo art. 103
da CF/88). Os Estados-membros não se incluem no rol dos legitimados a agir como sujeitos processuais em
sede de controle concentrado de constitucionalidade. STF. Plenário. ADI 4420 ED-AgR, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 05/04/2018.
O art. 25, § 1º, da Lei nº 8.987/95 prevê o seguinte: “(...) a concessionária poderá contratar com
terceiros o desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou complementares ao serviço concedido,
bem como a implementação de projetos associados.” Se o órgão fracionário de um Tribunal (ex.: uma das
Turmas do TRT) julga ilegal a terceirização contratada por uma concessionária do serviço público, afastando a
aplicação do art. 25, § 1º, da Lei nº 8.987/95, esta decisão viola a súmula vinculante 10? • SIM O art. 25, § 1º,
da Lei nº 8.987/95 permite a terceirização da atividade-fim das empresas concessionárias do serviço público.
Logo, se um órgão fracionário do TRT afasta a aplicação deste dispositivo, haverá afronta à súmula vinculante
10 por violação à cláusula da reserva de plenário. STF. 1ª Turma. Rcl 27068/MG, rel. orig. Min. Rosa Weber,
red. p/ o ac. Min. Luís Roberto, julgado em 5/3/2018 (Info 896). • NÃO O ato reclamado, ao considerar ilegal a
contratação de empregado, por empresa interposta, para prestar serviços essenciais à atividade fim da
tomadora, nos termos da Súmula 331, I, do TST, não declarou expressamente, nem implicitamente, a
inconstitucionalidade de qualquer norma especial de regência aplicável ao caso. É firme a jurisprudência do
STF no sentido de que não se exige reserva de plenário para a mera interpretação e aplicação das normas
jurídicas que emerge do próprio exercício da jurisdição, sendo necessário, para caracterizar violação à cláusula
de reserva de plenário, que a decisão de órgão fracionário fundamente-se na incompatibilidade entre a norma
legal e o Texto Constitucional. STF. 1ª Turma. Rcl 24284/SP, rel. Min. Edson Fachin, julgado em 22/11/2016
(Info 848). STF. 2ª Turma. Rcl 26408 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 07/11/2017.
A Resolução do CNMP consiste em ato normativo de caráter geral e abstrato, editado pelo Conselho
no exercício de sua competência constitucional, razão pela qual constitui ato normativo primário, sujeito a
controle de constitucionalidade, por ação direta, no Supremo Tribunal Federal. STF. Plenário. ADI 4263/DF,
Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/4/2018 (Info 899).
É cabível ADI contra Resolução do TSE que tenha, em seu conteúdo material, “norma de decisão” de
caráter abstrato, geral e autônomo, apta a ser apreciada pelo STF em sede de controle abstrato de
constitucionalidade. STF. Plenário. ADI 5122, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/5/2018 (Info 900)
O que acontece se a lei impugnada por meio de ADI é alterada antes do julgamento da ação? Neste
caso, o autor da ADI deverá aditar a petição inicial demonstrando que a nova redação do dispositivo
impugnado apresenta o mesmo vício de inconstitucionalidade que existia na redação original. A revogação, ou
substancial alteração, do complexo normativo impõe ao autor o ônus de apresentar eventual pedido de
aditamento, caso considere subsistir a inconstitucionalidade na norma que promoveu a alteração ou
revogação. Se o autor não fizer isso, o STF não irá conhecer da ADI, julgando prejudicado o pedido em razão da
perda superveniente do objeto. STF. Plenário. ADI 1931/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 7/2/2018
(Info 890). #IMPORTANTE
É possível que seja celebrado um acordo no bojo de uma arguição de descumprimento de preceito
fundamental (ADPF)? SIM. É possível a celebração de acordo num processo de índole objetiva, como a ADPF,
desde que fique demonstrado que há no feito um conflito intersubjetivo subjacente (implícito), que comporta
solução por meio de autocomposição. Vale ressaltar que, na homologação deste acordo, o STF não irá
chancelar ou legitimar nenhuma das teses jurídicas defendidas pelas partes no processo. O STF irá apenas
homologar as disposições patrimoniais que forem combinadas e que estiverem dentro do âmbito da
disponibilidade das partes. A homologação estará apenas resolvendo um incidente processual, com vistas a
conferir maior efetividade à prestação jurisdicional. STF. Plenário. ADPF 165/DF, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 1º/3/2018 (Info 892). #IMPORTANTE
Caso o STF, ao julgar uma ADI, ADC ou ADPF, declare a lei ou ato normativo inconstitucional, ele
poderá, de ofício, fazer a modulação dos efeitos dessa decisão. Ex: no julgamento de uma ADI, o STF decidiu
que determinado artigo de lei é inconstitucional. Um dos legitimados do art. 103 da CF/88 opôs embargos de
declaração pedindo a modulação dos efeitos. Ocorre que o STF considerou que esses embargos eram
intempestivos. O STF, mesmo não conhecendo dos embargos, poderá decretar a modulação dos efeitos da
decisão. STF. Plenário. ADI 5617 ED/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 2/10/2018 (Info 918).
Cabe ADI contra recomendação conjunta de Tribunal de Justiça e de Tribunal Regional do Trabalho
recomendando aos juízes que considerem como sendo da Justiça do Trabalho a competência para autorizar o
trabalho de crianças e adolescentes em eventos de natureza artística. Esta recomendação deve ser
considerada como ato de caráter primário, autônomo e cogente, inovando no ordenamento jurídico, razão
pela qual pode ser impugnada por meio de ADI. STF. Plenário. ADI 5326/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado
em 27/9/2018 (Info 917). #IMPORTANTE
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) possui legitimidade para propor
ADI contra ato normativo que previa que a competência para autorizar o pedido de trabalho de crianças e
adolescentes em espetáculos artísticos seria da Justiça do Trabalho. A ABERT enquadra-se no conceito de
entidade de classe de âmbito nacional (art. 103, IX, da CF/88) e possui pertinência temática para questionar
ato normativo que versa sobre esse tema, considerando a participação de crianças e adolescentes nos
programas de suas associadas. STF. Plenário. ADI 5326/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 27/9/2018
(Info 917).
É nula a decisão de órgão fracionário que se recusa a aplicar o art. 94, II, da Lei nº 9.472/97, sem
observar a cláusula de reserva de plenário (art. 97, da CF/88), observado o art. 949 do CPC/2015. STF. Plenário.
ARE 791932/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 10 e 11/10/2018 (repercussão geral) (Info 919).
É irrecorrível a decisão denegatória de ingresso no feito como amicus curiae. Assim, tanto a decisão
do Relator que ADMITE como a que INADMITE o ingresso do amicus curiae é irrecorrível. STF. Plenário. RE
602584 AgR/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 17/10/2018 (repercussão
geral) (Info 920).
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
As disposições legais sobre a forma de cobrança do Imposto sobre Transmissão “Causa Mortis” e
Doação de quaisquer Bens ou Direitos (ITCMD) pela Procuradoria Geral do Estado e de sua intervenção em
processos de inventário, arrolamento e outros de interesse da Fazenda Pública são regras de procedimento
que não violam o Código de Processo Civil. Neste caso, são normas eminentemente procedimentais,
autorizadas pelo art. 24 da CF/88, que prevê a competência concorrente da União e dos Estados. A
possibilidade de a Procuradoria-Geral do Estado intervir e ser ouvida nos inventários, arrolamentos e outros
feitos em nada atrapalha o processo. STF. Plenário. ADI 4409/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
6/6/2018 (Info 905).
É constitucional lei estadual que obrigue os planos de saúde a fornecerem aos consumidores
informações e documentos justificando as razões pelas quais houve recusa de algum procedimento,
tratamento ou internação. O Mato Grosso do Sul editou uma lei estadual prevendo que, se o plano de saúde
recusar algum procedimento, tratamento ou internação, ele deverá fornecer, por escrito, ao usuário, um
comprovante fundamentado expondo as razões da negativa. O STF entendeu que essa norma não viola
competência privativa da União, considerando que ela trata sobre proteção ao consumidor, matéria inserida
na competência concorrente (art. 24, V, da CF/88). STF. Plenário. ADI 4512/MS, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 7/2/2018 (Info 890).
A competência para editar lei fixando o piso salarial das categorias profissionais (art. 7º, V, da CF/88)
é privativa da União por se tratar de direito do trabalho (art. 22, I). A União editou a LC federal 103/2000
autorizando que os Estados-membros e o DF editem leis fixando o piso salarial dos profissionais de acordo
com suas realidades regionais. Ocorre que a União exigiu, dentre outros requisitos, que essa lei seja de
iniciativa do chefe do Poder Executivo estadual (Governador). Se uma lei estadual/distrital de iniciativa
parlamentar fixa o piso salarial, essa lei ultrapassa os limites impostos pela LC federal 103/2000 e, em última
análise, viola diretamente o art. 22, I e parágrafo único, da CF/88, sendo considerada inconstitucional. Assim, a
extrapolação dos limites da competência legislativa delegada pela União aos Estados e ao Distrito Federal
representa a usurpação de competência legislativa da União para legislar sobre direito do trabalho (art. 22, I e
parágrafo único) e, consequentemente, a inconstitucionalidade formal da lei delegada. STF. Plenário. ADI 5344
MC/PI, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11/10/2018 (Info 919).
Viola a Constituição Federal lei municipal que proíbe o trânsito de veículos, sejam eles motorizados
ou não, transportando cargas vivas nas áreas urbanas e de expansão urbana do Município. Essa lei municipal
invade a competência da União. O Município, ao inviabilizar o transporte de gado vivo na área urbana e de
expansão urbana de seu território, transgrediu a competência da União, que já estabeleceu, à exaustão,
diretrizes para a política agropecuária, o que inclui o transporte de animais vivos e sua fiscalização. Além disso,
sob a justificativa de criar mecanismo legislativo de proteção aos animais, o legislador municipal impôs
restrição desproporcional. Esta desproporcionalidade fica evidente quando se verifica que a legislação federal
já prevê uma série de instrumentos para garantir, de um lado, a qualidade dos produtos destinados ao
consumo pela população e, de outro, a existência digna e a ausência de sofrimento dos animais, tanto no
transporte quanto no seu abate. STF. Plenário. ADPF 514 e ADPF 516 MC-REF/SP, Rel. Min. Edson Fachin,
julgados em 11/10/2018 (Info 919).
É inconstitucional lei municipal que cria concurso de prognósticos de múltiplas chances (loteria) em
âmbito local. A competência para tratar sobre esse assunto (sistemas de sorteios) é privativa da União,
conforme determina o art. 22, XX, da CF/88. Sobre o tema, vale a pena lembrar a SV 2: é inconstitucional a lei
ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e
loterias. STF. Plenário. ADPF 337/MA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/10/2018 (Info 920).
DIREITO À SAÚDE. A concessão dos medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS exige
a presença cumulativa dos seguintes requisitos: (I) comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e
circunstanciado expedido por médico que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do
medicamento, assim como da ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS; (II)
incapacidade financeira de arcar com o custo do medicamento prescrito; e (III) existência de registro na
ANVISA do medicamento. STJ. 1ª Seção. REsp 1.657.156-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
25/04/2018 (recurso repetitivo) (Info 625).
QUILOMBOLAS. O art. 68 do ADCT estabelece que “aos remanescentes das comunidades dos
quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado
emitir-lhes os títulos respectivos.” Em 2003, foi editado o Decreto nº 4.887, com o objetivo de regulamentar o
procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas
por remanescentes das comunidades dos quilombos. O STF entendeu que este Decreto não invadiu esfera
reservada à lei. O objetivo do Decreto foi tão somente o de regular o comportamento do Estado na
implementação do comando constitucional previsto no art. 68 do ADCT. Houve o mero exercício do poder
regulamentar da Administração, nos limites estabelecidos pelo art. 84, VI, da Constituição. O art. 2º, caput e §
1º do Decreto nº 4.887/2003 prevê como deve ser o critério utilizado pelo Poder Público para a identificação
dos quilombolas. O critério escolhido foi o da autoatribuição (autodefinição). O STF entendeu que a escolha do
critério desse critério não foi arbitrária, não sendo contrária à Constituição. O art. 2º, §§ 2º e 3º, do Decreto
preconiza que, na identificação, medição e demarcação das terras dos quilombolas devem ser levados em
consideração critérios de territorialidade indicados pelos remanescentes das comunidades dos quilombos. O
STF afirmou que essa previsão é constitucional. Isso porque o que o Decreto está garantindo é apenas que as
comunidades envolvidas sejam ouvidas, não significando que a demarcação será feita exclusivamente com
base nos critérios indicados pelos quilombolas. O art. 13 do Decreto, por sua vez, estabelece que o INCRA
poderá realizar a desapropriação de determinadas áreas caso os territórios ocupados por remanescentes das
comunidades dos quilombos estejam situados em locais pertencentes a particulares. O STF reputou válida essa
previsão tendo em vista que, em nenhum momento a Constituição afirma que são nulos ou extintos os títulos
eventualmente incidentes sobre as terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos.
Assim, o art. 68 do ADCT, apesar de reconhecer um direito aos quilombolas, não invalida os títulos de
propriedade eventualmente existentes, de modo que, para que haja a regularização do registro em favor das
comunidades quilombolas, exige-se a realização do procedimento de desapropriação. Por fim, o STF não
acolheu a tese de que somente poderiam ser consideradas terras de quilombolas aqueles que estivessem
sendo ocupadas por essas comunidades na data da promulgação da CF/88 (05/10/1988). Em outras palavras,
mesmo que, na data da promulgação da CF/88, a terra não mais estivesse sendo ocupada pelas comunidades
quilombolas, é possível, em tese, que seja garantido o direito previsto no art. 68 do ADCT. STF. Plenário. ADI
3239/DF, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red.p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgado em 8/2/2018 (Info 890).
#IMPORTANTE
O STF tem sido mais flexível na admissão de reclamação em matéria de liberdade de expressão, em
razão da persistente vulneração desse direito na cultura brasileira, inclusive por via judicial. No julgamento da
ADPF 130, o STF proibiu enfaticamente a censura de publicações jornalísticas, bem como tornou excepcional
qualquer tipo de intervenção estatal na divulgação de notícias e de opiniões. A liberdade de expressão
desfruta de uma posição preferencial no Estado democrático brasileiro, por ser uma pré-condição para o
exercício esclarecido dos demais direitos e liberdades. A retirada de matéria de circulação configura censura
em qualquer hipótese, o que se admite apenas em situações extremas. Assim, em regra, a colisão da liberdade
de expressão com os direitos da personalidade deve ser resolvida pela retificação, pelo direito de resposta ou
pela reparação civil. Diante disso, se uma decisão judicial determina que se retire do site de uma revista
determinada matéria jornalística, esta decisão viola a orientação do STF, cabendo reclamação. STF. 1ª Turma.
Rcl 22328/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 6/3/2018 (Info 893). #IMPORTANTE
A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus seguidores não está
protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão. STF. 2ª Turma. RHC 146303/RJ,
rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/3/2018 (Info 893). Atenção. Compare com
RHC 134682/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/11/2016 (Info 849). #IMPORTANTE
DIREITO À EDUCAÇÃO. São constitucionais a exigência de idade mínima de quatro e seis anos para
ingresso, respectivamente, na educação infantil e no ensino fundamental, bem como a fixação da data limite
de 31 de março para que referidas idades estejam completas. STF. Plenário. ADPF 292/DF, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 1º/8/2018 (Info 909). É constitucional a exigência de 6 (seis) anos de idade para o ingresso no
ensino fundamental, cabendo ao Ministério da Educação a definição do momento em que o aluno deverá
preencher o critério etário. STF. Plenário. ADC 17/DF, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso, jugado em 1º/8/2018 (Info 909). As Resoluções nº 01/2010 e nº 06/2010, ambas emanadas da
Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE/CEB), ao estabelecerem corte etário para
ingresso de crianças na primeira série do ensino fundamental (6 anos completos até 31 de março do
correspondente ano letivo), não incorreram em contexto de ilegalidade (não violaram a lei). Ao contrário, tais
Resoluções encotram respaldo na interpretação conjunta dos arts. 29 e 32 da Lei nº 9.394/96 (LDB). O Poder
Judiciário não pode substituir-se às autoridades públicas de educação para fixar ou suprimir requisitos para o
ingresso de crianças no ensino fundamental, quando os atos normativos de regência não revelem traços de
ilegalidade, abusividade ou ilegitimidade. STJ. 1ª Turma. REsp 1412704/PE, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
16/12/2014.
DIREITO SOCIAIS. A incidência da estabilidade prevista no art. 10, II, do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias (ADCT) somente exige a anterioridade da gravidez à dispensa sem justa causa. Art.
10. (...) II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: (...) da empregada gestante, desde a
confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. O único requisito exigido é de natureza biológica. Exige-
se apenas a comprovação de que a gravidez tenha ocorrido antes da dispensa arbitrária, não sendo
necessários quaisquer outros requisitos, como o prévio conhecimento do empregador ou da própria gestante.
Assim, é possível assegurar a estabilidade à gestante mesmo que no momento em que ela tenha sido demitida
pelo empregador ele não soubesse de sua gravidez. STF. Plenário. RE 629053/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, red.
p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 10/10/2018 (repercussão geral) (Info 919). #IMPORTANTE
DIREITO À EDUCAÇÃO. É constitucional lei estadual que: • assegure, nos estabelecimentos de ensino
superior estadual e municipal, a livre organização dos Centros Acadêmicos, Diretórios Acadêmicos e Diretórios
Centrais dos Estudantes. • estabeleça que é de competência exclusiva dos estudantes a definição das formas,
dos critérios, dos estatutos e demais questões referentes à organização dos Centros Acadêmicos, Diretórios
Acadêmicos e Diretórios Centrais dos Estudantes. • determine que os estabelecimentos de ensino deverão
garantir espaços, em suas dependências, para a divulgação e instalações para os Centros Acadêmicos,
Diretórios Acadêmicos e Diretórios Centrais Estudantis. Vale ressaltar, no entanto, que esta lei não se aplica
para as instituições federais e particulares de ensino superior considerando que elas integram o “sistema
federal”, de competência da União. Deve-se acrescentar, por fim, que é inconstitucional que essa lei estadual
preveja multa para as entidades particulares de ensino em caso de descumprimento das medidas acima
listadas. STF. Plenário. ADI 3757/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/10/2018 (Info 920).
DIREITO À EDUCAÇÃO. Não viola a Constituição Federal a cobrança de contribuição obrigatória dos
alunos matriculados nos Colégios Militares do Exército Brasileiro. Os Colégios Militares apresentam
peculiaridades que fazem com que eles sejam instituições diferentes dos estabelecimentos oficiais de ensino,
por razões éticas, fiscais, legais e institucionais. Podem, assim, ser qualificados como instituições educacionais
sui generis. A quota mensal escolar exigida nos Colégios Militares não representa ofensa à regra constitucional
de gratuidade do ensino público, uma vez que não há violação ao núcleo de intangibilidade do direito
fundamental à educação. Por fim, deve-se esclarecer que esse valor cobrado dos alunos para o custeio das
atividades do Sistema Colégio Militar do Brasil não possui natureza tributária (não é tributo). Logo, é válida a
sua instituição por meio de atos infralegais. Portanto, são válidos os arts. 82 e 83, da Portaria 42/2008 do
Comandante do Exército, que disciplinam essa cobrança. STF. Plenário. ADI 5082/DF, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 24/10/2018 (Info 921). #IMPORTANTE
DEFENSORIA PÚBLICA
É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que concede aos Defensores Públicos a
aplicação do regime de garantias, vencimentos, vantagens e impedimentos do Ministério Público e da
Procuradoria-Geral do Estado. Os estatutos jurídicos das carreiras do Ministério Público e da Defensoria
Pública foram tratados de forma diversa pelo texto constitucional originário. Ademais, a equivalência
remuneratória entre as carreiras encontra óbice no art. 37, XIII, da CF/88, que veda a equiparação ou
vinculação remuneratória. STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907).
Obs.: o tema foi analisado tendo como parâmetro a redação originária da Constituição Federal de 1988, ou
seja, antes das Emendas Constitucionais 45/2004 e 80/2014.
Os Defensores Públicos NÃO precisam de inscrição na OAB para exerceram suas atribuições. O art. 3º,
§ 1º, da Lei 8.906/94 deve receber interpretação conforme à Constituição de modo a se concluir que não se
pode exigir inscrição na OAB dos membros das carreiras da Defensoria Pública. O art. 4º, § 6º, da LC 80/94
afirma que a capacidade postulatória dos Defensores Públicos decorre exclusivamente de sua nomeação e
posse no cargo público, devendo esse dispositivo prevalecer em relação ao Estatuto da OAB por se tratar de
previsão posterior e específica. Vale ressaltar que é válida a exigência de inscrição na OAB para os candidatos
ao concurso da Defensoria Pública porque tal previsão ainda permanece na Lei. STJ. 2ª Turma. REsp 1.710.155-
CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 01/03/2018 (Info 630). #IMPORTANTE
MANDADO DE SEGURANÇA
Em regra, é indispensável a intimação do Ministério Público para opinar nos processos de mandado de
segurança, conforme previsto no art. 12 da Lei nº 12.016/2009. No entanto, a oitiva do Ministério Público é
desnecessária quando se tratar de controvérsia acerca da qual o tribunal já tenha firmado jurisprudência.
Assim, não há qualquer vício na ausência de remessa dos autos ao Parquet que enseje nulidade processual se
já houver posicionamento sólido do Tribunal. Nesses casos, é legítima a apreciação de pronto pelo relator. STF.
2ª Turma. RMS 32.482/DF, rel. orig. Min. Teori Zavaski, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 21/8/2018
(Info 912).
O mandado de segurança não é o instrumento processual adequado para o controle abstrato de
constitucionalidade de leis e atos normativos. STF. 2ª Turma. RMS 32.482/DF, rel. orig. Min. Teori Zavaski, red.
p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 21/8/2018 (Info 912).
MINISTÉRIO PÚBLICO
A Constituição do Estado do Ceará previa que os Delegados de Polícia de classe inicial deveriam
receber idêntica remuneração a dos Promotores de Justiça de primeira entrância, prosseguindo na
equivalência entre as demais classes pelo escalonamento das entrâncias judiciárias. O STF decidiu que essa
regra é inconstitucional por violar o art. 37, XIII, da CF/88, que proíbe a vinculação ou equiparação de
quaisquer espécies remuneratórias de pessoal do serviço público. STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907)
O Ministério Público Federal é parte ilegítima para ajuizar ação civil pública que visa à anulação da
tramitação de Projeto de Lei do Plano Diretor de município, ao argumento da falta de participação popular nos
respectivos trabalhos legislativos. No caso concreto, o MPF ajuizou ACP contra o Município de Florianópolis e a
União argumentando que o Poder Executivo Municipal teria encaminhado à Câmara de Vereadores o projeto
de Lei do Plano Diretor da cidade sem a realização das necessárias audiências públicas, o que violaria o
Estatuto da Cidade. O STJ entendeu que a legitimidade para essa demanda seria do Ministério Público estadual
(e não do MPF). STJ. 1ª Turma. REsp 1.687.821-SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 07/11/2017 (Info 616)
#IMPORTANTE #MP
O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública que vise anular ato
administrativo de aposentadoria que importe em lesão ao patrimônio público. STF. Plenário. RE 409356/RO,
Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/10/2018 (repercussão geral) (Info 921).
ORDEM ECONÔMICA
É constitucional lei estadual que concede o desconto de 50% no valor dos ingressos em casas
de diversões, praças desportivas e similares aos jovens de até 21 anos de idade. STF. Plenário. ADI 2163/RJ, rel.
orig. Min. Eros Grau, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 12/4/2018 (Info 897)
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
PODER EXECUTIVO
A imunidade formal prevista no art. 51, I, e no art. 86, caput, da CF/88 não se estende para os
codenunciados que não se encontrem investidos nos cargos de Presidente da República, Vice-Presidente da
República e Ministro de Estado. A finalidade dessa imunidade é proteger o exercício regular desses cargos,
razão pela qual não é extensível a codenunciados que não se encontrem ocupando tais funções. STF. Plenário.
Inq 4483 AgR-segundo/DF e Inq 4327 AgR-segundo/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgados em 14 e 19/12/2017
(Info 888). #IMPORTANTE
A CE/AP trouxe regra dizendo que se o Prefeito ou o Vice-Prefeito for viajar ao exterior, “por qualquer
tempo”, ele deverá pedir uma licença prévia da Câmara Municipal para a viagem. O STF considerou
inconstitucional a expressão “por qualquer tempo”. Essa regra de “por qualquer tempo” está em desacordo
com o princípio da simetria. Isso porque a CF/88 somente exige autorização do Congresso Nacional se a
ausência do Presidente da República for superior a 15 dias (art. 49, III). De igual modo, a Constituição do
Estado do Amapá também só exige autorização da Assembleia Legislativa se a ausência do Governador (ou do
Vice) for superior a 15 dias (art. 118, § 1º). Logo, a exigência de autorização da Câmara Municipal para que o
Prefeito possa se ausentar por períodos menores que 15 dias quebra a simetria existente em relação ao
Governador. STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/10/2018 (Info 921).
PODER LEGISLATIVO
O parlamentar, na condição de cidadão, pode exercer plenamente seu direito fundamental de acesso
a informações de interesse pessoal ou coletivo, nos termos do art. 5º, inciso XXXIII, da Constituição Federal e
das normas de regência desse direito. O parlamentar, na qualidade de cidadão, não pode ter cerceado o
exercício do seu direito de acesso, via requerimento administrativo ou judicial, a documentos e informações
sobre a gestão pública, desde que não estejam, excepcionalmente, sob regime de sigilo ou sujeitos à
aprovação de CPI. O fato de as casas legislativas, em determinadas situações, agirem de forma colegiada, por
intermédio de seus órgãos, não afasta, tampouco restringe, os direitos inerentes ao parlamentar como
indivíduo. STF. Plenário. RE 865401/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 25/4/2018 (repercussão geral) (Info
899)
PODER JUDICIÁRIO
A Constituição do Estado do Ceará previa que os escrivães de entrância especial teriam seus
vencimentos fixados de modo a não exceder a 80% do que fosse atribuído aos juízes da entrância inferior,
aplicando-se o mesmo limite percentual para os escrivães das demais entrâncias. O STF decidiu que essa regra
é inconstitucional por violar o art. 37, XIII, da CF/88, que proíbe a vinculação ou equiparação de quaisquer
espécies remuneratórias de pessoal do serviço público e também por violar a iniciativa legislativa do Poder
Judiciário (art. 96, II, “b”, da CF/88). STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018
(Info 907).
A Resolução 146/2012 do CNJ dispõe sobre o instituto da redistribuição de cargos efetivos dos
quadros de pessoal dos órgãos do Poder Judiciário da União. O STF entendeu que é constitucional o art. 6º, I,
da referida Resolução, que prevê o seguinte: “Art. 6º O cargo ocupado somente poderá ser redistribuído se o
servidor preencher cumulativamente os seguintes requisitos: I – tempo mínimo de 36 meses de exercício no
cargo a ser redistribuído;” O instituto da redistribuição de cargos efetivos tem função de resguardar o
interesse da Administração Pública e não visa a atender às necessidades do servidor. O prazo de 36 meses
previsto no referido dispositivo coincide com o prazo estabelecido no art. 41 da CF/88 relativo à estabilidade
do servidor público, de modo a evidenciar a razoabilidade e a proporcionalidade da resolução. STF. Plenário.
ADI 4938/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 26/4/2018 (Info 899).
Foi instituído, no Tribunal de Justiça de São Paulo, o pagamento de uma verba pela atuação em 2ª
instância de magistrados de 1ª instância. Em outras palavras, o juiz era convocado para atuar nos processos do
Tribunal e, em razão disso, recebia uma verba que ficou conhecida como “auxílio-voto”. O CNJ, em
procedimento de controle administrativo (PCA), considerou a verba irregular, por suposta ofensa ao teto
constitucional, e determinou a devolução dos valores recebidos pelos juízes. O STF cassou a decisão do CNJ.
Argumentos: 1) A decisão do CNJ violou o devido processo legal administrativo e os princípios do contraditório
e da ampla defesa. Isso porque os magistrados não foram notificados para apresentação de defesa escrita,
além de não terem participado da instrução processual. A decisão proferida pelo Conselho surpreendeu a
todos os envolvidos. Além disso, o PCA no qual o CNJ decidiu pela irregularidade da verba foi instaurado para
tratar sobre assunto completamente diverso. 2) A verba paga aos magistrados de 1ª instância que atuaram
nos processos do Tribunal de Justiça foi regular, considerando que baseada no art. 124 da LC 35/79 (LOMAN).
Essa convocação de juízes para atuar no Tribunal é válida e não viola a CF/88. Como essa convocação de juízes
é válida (compatível com a CF/88), é natural que seja devido o pagamento de um valor como forma de
“recomposição patrimonial dos magistrados, dado o exercício extraordinário de atribuições transitórias
desempenhadas acumuladamente com a jurisdição ordinária”. De igual modo, como se trata de uma verba
prevista em lei, fica afastada qualquer alegação de má-fé. Como a verba em questão servia para pagar os
magistrados por um serviço extraordinário, elas não estavam abrangidas pelo subsídio. STF. 2ª Turma. MS
29002/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 7/8/2018 (Info 910).
PROCESSO LEGISLATIVO
MEDIDA PROVISÓRIA. Determinada medida provisória foi editada criando a possibilidade de que
empresas instalassem Centros Logísticos e Industriais Aduaneiros (CLIA), desde que autorizados pela Receita
Federal. Diversas empresas fizeram o requerimento pedindo a instalação desses Centros. Ocorre que, antes
que a Receita examinasse todos os pedidos, a MP foi rejeitada pelo Senado. O Congresso Nacional não editou
decreto legislativo disciplinando as situações ocorridas durante o período em que a MP vigorou (§ 3º do art. 62
da CF/88). Diante disso, as empresas defendiam a tese de que os requerimentos formulados deveriam ser
apreciados pela Receita Federal com base no § 11 do art. 62: “§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se
refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas
constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.” O STF não
concordou e afirmou que os pedidos formulados pelos interessados durante a vigência da MP 320/2006 não
foram sequer examinados. Logo, não se pode dizer que havia ato jurídico perfeito. O simples fato de ter sido
feito o requerimento não significa “relação jurídica constituída”, de sorte que não se pode invocar o § 11 para
justificar a aplicação da medida provisória rejeitada. O mero protocolo do pedido não constitui uma “relação
jurídica constituída” de que trata o § 11. STF. Plenário. ADPF 216/DF, Rel. Min. Cámen Lúcia, julgado em
14/3/2018 (Info 894).
MEDIDA PROVISÓRIA. É possível a edição de medidas provisórias tratando sobre matéria ambiental,
mas sempre veiculando normas favoráveis ao meio ambiente Normas que importem diminuição da proteção
ao meio ambiente equilibrado só podem ser editadas por meio de lei formal, com amplo debate parlamentar e
participação da sociedade civil e dos órgão e instituições de proteção ambiental, como forma de assegurar o
direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Dessa forma, é inconstitucional a edição de
MP que importe em diminuição da proteção ao meio ambiente equilibrado, especialmente em se tratando de
diminuição ou supressão de unidades de conservação, com consequências potencialmente danosas e graves
ao ecossistema protegido A proteção ao meio ambiente é um limite material implícito à edição de medida
provisória, ainda que não conste expressamente do elenco das limitações previstas no art. 62, § 1º, da CF/88.
STF. Plenário.ADI 4717/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 5/4/2018 (Info 896).
É inconstitucional, por violar o princípio da separação dos poderes, lei estadual que exige autorização
prévia do Poder Legislativo estadual (Assembleia Legislativa) para que sejam firmados instrumentos de
cooperação pelos órgãos componentes do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. Também é
inconstitucional lei estadual que afirme que Fundação estadual de proteção do meio ambiente só poderá
transferir responsabilidades ou atribuições para outros órgãos componentes do SISNAMA se houver aprovação
prévia da Assembleia Legislativa. STF. Plenário. ADI 4348/RR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
10/10/2018 (Info 919).
RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL:
Em 2010, no julgamento da ADC 16, o STF decidiu que o art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 é
constitucional. Várias decisões da Justiça do Trabalho continuaram entendendo de forma diferente do art. 71,
§ 1º. Contra essas decisões, o Poder Público ajuizava diretamente reclamações no STF, que era obrigado a
recebê-las, considerando que de uma decisão, até mesmo de 1ª instância, que viola o que o STF deliberou em
sede de ADI, ADC ou ADPF, cabe reclamação. Em 2017, o STF reafirmou o entendimento de que o art. 71, § 1º,
da Lei nº 8.666/93 é constitucional e deve ser aplicado. Isso foi no julgamento do RE 760931/DF, submetido à
sistemática da repercussão geral. O STF afirmou que a sua decisão no RE 760931/DF “substituiu” a eficácia da
tese fixada na ADC 16. Isso significa que agora o Poder Público, se quiser ajuizar reclamação discutindo o tema,
deverá fazê-lo alegando violação ao RE 760931/DF (e não mais à ADC 16). Qual a desvantagem disso para o
Poder Público: • Em caso de descumprimento de decisão do STF proferida em ADI, ADC, ADPF: cabe
reclamação mesmo que a decisão “rebelde” seja de 1ª instância. Não se exige o esgotamento de instâncias. •
Em caso de descumprimento de decisão do STF proferida em recurso extraordinário sob a sistemática da
repercussão geral: cabe reclamação, mas exige-se o esgotamento das instâncias ordinárias (art. 988, § 5º, II, do
CPC/2015). Assim, agora, a Fazenda Pública terá que esgotar as instâncias ordinárias para ajuizar reclamação
discutindo esse tema. É inviável reclamação com fundamento em afronta ao julgado da ADC 16. STF. 1ª Turma.
Rcl 27789 AgR/BA, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/10/2017 (Info 882). STF. 1ª Turma. Rcl 28623
AgR/BA, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12/12/2017 (Info 888). #IMPORTANTE #PROCURADORIAS
#AGU
O STF tem sido mais flexível na admissão de reclamação em matéria de liberdade de expressão, em
razão da persistente vulneração desse direito na cultura brasileira, inclusive por via judicial. No julgamento da
ADPF 130, o STF proibiu enfaticamente a censura de publicações jornalísticas, bem como tornou excepcional
qualquer tipo de intervenção estatal na divulgação de notícias e de opiniões. A liberdade de expressão
desfruta de uma posição preferencial no Estado democrático brasileiro, por ser uma pré-condição para o
exercício esclarecido dos demais direitos e liberdades. A retirada de matéria de circulação configura censura
em qualquer hipótese, o que se admite apenas em situações extremas. Assim, em regra, a colisão da liberdade
de expressão com os direitos da personalidade deve ser resolvida pela retificação, pelo direito de resposta ou
pela reparação civil. Diante disso, se uma decisão judicial determina que se retire do site de uma revista
determinada matéria jornalística, esta decisão viola a orientação do STF, cabendo reclamação. STF. 1ª Turma.
Rcl 22328/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 6/3/2018 (Info 893). #IMPORTANTE
SIGILO BANCÁRIO
Os dados obtidos por meio da quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal devem ser mantidos sob
reserva. Assim, a página do Senado Federal na internet não pode divulgar os dados obtidos por meio da
quebra de sigilo determinada por comissão parlamentar de inquérito (CPI). STF. Plenário. MS 25940, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 26/4/2018 (Info 899).
TRIBUNAL DE CONTAS
Não compete ao TCU adotar procedimento de fiscalização que alcance a Fundação Banco do
Brasil quanto aos recursos próprios, de natureza eminentemente privada, repassados por aquela entidade a
terceiros, eis que a FBB não integra o rol de entidades obrigadas a prestar contas àquela Corte de Contas, nos
termos do art. 71, II, da CF. A FBB é uma pessoa jurídica de direito privado não integrante da Administração
Pública. Assim, a FBB não necessita se submeter aos ditames da gestão pública quando repassar recursos
próprios a terceiros por meio de convênios. Por outro lado, quando a FBB recebe recursos provenientes do
Banco do Brasil — sociedade de economia mista que sofre a incidência dos princípios da Administração Pública
previstos no art. 37, caput, da Constituição Federal, — ficará sujeita à fiscalização do TCU. Isso porque, neste
caso, tais recursos, como são provenientes do BB, têm caráter público. STF. 2ª Turma. MS 32703/DF, Rel. Min.
Dias Tóffoli, julgado em 10/4/2018 (Info 897).
O ICMS é um imposto de competência estadual. Apesar disso, a CF/88 determina que o Estado deverá
repassar 25% da receita do ICMS aos Municípios. Esse repasse será realizado após cálculos que são feitos para
definir o valor da cota-parte que caberá a cada Município, segundo critérios definidos pelo art. 158, parágrafo
único, da CF/88 e pela lei estadual. A Constituição do Estado do Amapá previu que seria competência do TCE
homologar os cálculos das cotas do ICMS devidas aos Municípios. Este dispositivo é inconstitucional. Sujeitar o
ato de repasse de recursos públicos à homologação do TCE representa ofensa ao princípio da separação e da
independência dos Poderes. STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
25/10/2018 (Info 921)
2- ADMINISTRATIVO
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Os agentes políticos, com exceção do Presidente da República, encontram-se sujeitos a duplo regime
sancionatório, de modo que se submetem tanto à responsabilização civil pelos atos de improbidade
administrativa quanto à responsabilização político-administrativa por crimes de responsabilidade. O foro
especial por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal em relação às infrações penais comuns
não é extensível às ações de improbidade administrativa. STF. Plenário. Pet 3240 AgR/DF, rel. Min. Teori
Zavascki, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 10/5/2018 (Info 891).
São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado na
Lei de Improbidade Administrativa. STF. Plenário. RE 852475/SP, Rel. orig. Min. Alexandre de Moraes, Rel. para
acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 08/08/2018 (repercussão geral) (Info 910).
A nomeação do cônjuge de prefeito para o cargo de Secretário Municipal por se tratar de cargo
público de natureza política por si só não caracteriza ato de improbidade administrativa. STF. 2ª Turma. Rcl
22339 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/9/2018 (Info 914). Em
regra, a proibição da SV 13 não se aplica para cargos públicos de natureza política como por exemplo,
Secretário Municipal. Assim, a jurisprudência do STF, em regra, tem excepcionado a regra sumulada e
garantido a permanência de parentes de autoridades públicas em cargos políticos, sob o fundamento de que
tal prática não configura nepotismo. Exceção: poderá ficar caracterizado o nepotismo mesmo em se tratando
de cargo político caso fique demonstrada a inequívoca falta de razoabilidade na nomeação por manifesta
ausência de qualificação técnica ou inidoneidade moral do nomeado. STF. 1ª Turma. Rcl 28024 AgR, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 29/05/2018.
DESAPROPRIAÇÃO. O DL 3.365/41 dispõe sobre desapropriações por utilidade pública. Veja o que diz
o art. 15-A, que foi incluído pela MP 2.183-56/2001: “Art. 15-A No caso de imissão prévia na posse, na
desapropriação por necessidade ou utilidade pública e interesse social, inclusive para fins de reforma agrária,
havendo divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor do bem, fixado na sentença, expressos em
termos reais, incidirão juros compensatórios de até seis por cento ao ano sobre o valor da diferença
eventualmente apurada, a contar da imissão na posse, vedado o cálculo de juros compostos. § 1º Os juros
compensatórios destinam-se, apenas, a compensar a perda de renda comprovadamente sofrida pelo
proprietário. § 2º Não serão devidos juros compensatórios quando o imóvel possuir graus de utilização da
terra e de eficiência na exploração iguais a zero. § 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se também às
ações ordinárias de indenização por apossamento administrativo ou desapropriação indireta, bem assim às
ações que visem a indenização por restrições decorrentes de atos do Poder Público, em especial aqueles
destinados à proteção ambiental, incidindo os juros sobre o valor fixado na sentença. § 4º Nas ações referidas
no § 3º, não será o Poder Público onerado por juros compensatórios relativos a período anterior à aquisição da
propriedade ou posse titulada pelo autor da ação.” O STF analisou a constitucionalidade do art. 15-A do DL
3.365/41 e chegou às seguintes conclusões: 1) em relação ao “caput” do art. 15-A do Decreto-Lei 3.365/41:
reconheceu a constitucionalidade do percentual de juros compensatórios de 6% ao ano para remuneração do
proprietário pela imissão provisória do ente público na posse de seu bem; 1.a) declarou a
inconstitucionalidade do vocábulo “até”; 1.b) deu interpretação conforme a Constituição ao “caput” do art.
15-A, de maneira a incidir juros compensatórios sobre a diferença entre 80% (oitenta por cento) do preço
ofertado em juízo pelo ente público e o valor do bem fixado na sentença; 2) declarou a constitucionalidade dos
§§ 1º e 2º do art. 15-A do DL 3.365/41; 3) declarou a constitucionalidade do § 3º do art. 15-A do DL 3.365/41;
4) declarou a inconstitucionalidade do § 4º do art. 15-A do DL 3.365/41; 5) declarou a constitucionalidade da
estipulação de parâmetros mínimo e máximo para a concessão de honorários advocatícios e a
inconstitucionalidade da expressão “não podendo os honorários ultrapassar R$ 151.000,00 (cento e cinquenta
e um mil reais)” prevista no § 1º do art. 27 do DL 3.365/41. STF. Plenário. ADI 2332/DF, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 17/5/2018 (Info 902).
DESAPROPRIAÇÃO. Nas ações de desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária
descabe a restituição, pelo expropriado sucumbente, de honorários periciais aos assistentes técnicos do INCRA
e do MPF. STJ. 1ª Turma. REsp 1.306.051-MA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 08/05/2018
(Info 626).
CONCURSO PÚBLICO
NOMEAÇÃO TARDIA. O STF, em sede de repercussão geral, fixou a seguinte tese: Na hipótese de
posse em cargo público determinada por decisão judicial, o servidor não faz jus à indenização, sob fundamento
de que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante. STF.
Plenário. RE 724347/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em
26/2/2015 (repercussão geral) (Info 775). Esse entendimento do STF aplica-se mesmo que o erro tenha sido
reconhecido administrativamente pelo Poder Público (e não por decisão judicial). Assim, a nomeação tardia de
candidatos aprovados em concurso público não gera direito à indenização, ainda que a demora tenha origem
em erro reconhecido pela própria Administração Pública. STJ. 1ª Turma. REsp 1.238.344-MG, Rel. Min. Sérgio
Kukina, julgado em 30/11/2017 (Info 617). #IMPORTANTE
REMOÇÃO. Pedro e Soraia, casados entre si, são servidores públicos federais lotados em Recife. É
aberta uma vaga em Salvador para o cargo de Pedro. Este concorre no concurso de remoção e consegue ser
removido para a capital baiana. Soraia terá direito de ser removida junto com Pedro, com fulcro no art. 36,
parágrafo único, III, “a”? O servidor que é transferido de localidade a pedido, após concorrer em concurso de
remoção, gera para seu cônjuge o direito subjetivo de também ser transferido para acompanhá-lo,
independentemente do interesse da Administração? NÃO. O servidor público federal somente tem direito à
remoção prevista no art. 36, parágrafo único, III, "a", da Lei nº 8.112/90, na hipótese em que o
cônjuge/companheiro, também servidor, tenha sido deslocado de ofício, para atender ao interesse da
Administração (nos moldes do inciso I do mesmo dispositivo legal). STJ. 1ª Seção. EREsp 1.247.360-RJ, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, julgado em 22/11/2017 (Info 617). #IMPORTANTE #TEMAPACIFICADO
Em 2001, foi editada uma lei estadual criando cargos e organizando a Polícia Civil do Estado do
Amazonas. Nesta Lei foi previsto que, na estrutura da Polícia Civil, haveria cargos de Delegado de Polícia e de
Comissário de Polícia. Ainda em 2001, foi realizado um concurso público, com provas específicas para cada um
desses cargos, e os aprovados nomeados e empossados. Contudo, em 2004, houve duas leis modificando o
cargo de Comissário de Polícia. • A primeira delas afirmou que Comissário de Polícia seria autoridade policial,
juntamente com o Delegado de Polícia, equiparando a remuneração dos dois cargos. • A segunda lei,
transformando o cargo de "Comissário de Polícia" em "Delegado de Polícia". Essas duas leis foram impugnadas
por meio de ADI. Em 2015, o STF decidiu que elas são INCONSTITUCIONAIS porque representaram burla à
exigência do concurso público. As referidas leis fizeram uma espécie de ASCENSÃO FUNCIONAL dos
Comissários de Polícia porque transformaram os ocupantes desses cargos em Delegados de Polícia sem que
eles tivessem feito concurso público para tanto. No caso concreto os Ministros entenderam que, quando o
cargo de Comissário de Polícia foi criado, ele possuía diferenças substanciais em relação ao de Delegado de
Polícia, o que impediria a transformação, mesmo sob o argumento de ser medida de racionalização
administrativa. Foram opostos embargos de declaração contra a decisão. Em 2018, o STF acolheu os embargos
e aceitou modular os efeitos da decisão proferida na ADI 3415. Além disso, o Tribunal determinou ao Estado
do Amazonas que promova, no prazo máximo de 18 meses a contar da publicação da ata de julgamento
(07/08/2018 a abertura de concurso público para o cargo de Delegado de Polícia. O Ministro Relator Alexandre
de Moraes afirmou que mais de 70 delegacias de polícia ficariam sem delegados e que a população
amazonense é que sofreria as consequências. Além disso, na decisão dos embargos os Ministros esclareceram
que são plenamente válidos os atos praticados nos cargos de Delegado de Polícia que serão afastados STF.
Plenário. ADI 3415 ED-segundos/AM, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 1º/8/2018 (Info 909).
O candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas tem direito subjetivo à
nomeação caso surjam novas vagas durante o prazo de validade do certame, haja manifestação inequívoca da
administração sobre a necessidade de seu provimento e não tenha restrição orçamentária. STJ. 1ª Seção. MS
22.813-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 13/06/2018 (Info 630).
PODER DE POLÍCIA
O art. 2º, § 6º, inc. VIII, do Decreto nº 3.179/1999 (redação original), quando permite a liberação de
veículos e embarcações mediante pagamento de multa, não é compatível com o que dispõe o art. 25, § 4º, da
Lei n. 9.605/1998; entretanto, não há ilegalidade quando o referido dispositivo regulamentar admite a
instituição do depositário fiel na figura do proprietário do bem apreendido por ocasião de infração nos casos
em que é apresentada defesa administrativa - anote-se que não se está defendendo a simplória liberação do
veículo, mas a devolução com a instituição de depósito (e os consectários legais que daí advêm), observado,
entretanto, que a liberação só poderá ocorrer caso o veículo ou a embarcação estejam regulares na forma das
legislações de regência (Código de Trânsito Brasileiro, p. ex.). STJ. 1ª Seção. REsp 1.133.965-BA, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, julgado em 25/04/2018 (recurso repetitivo) (Info 625).
É obrigatória a prévia fiscalização do camarão in natura, ainda que na condição de matéria-prima,
antes do beneficiamento em outros Estados da Federação, podendo tal atividade ser realizada no próprio
estabelecimento rural onde se desenvolve a carcinicultura. STJ. 1ª Turma. REsp 1.536.399-PI, Rel. Min. Sérgio
Kukina, julgado em 08/02/2018 (Info 620).
PROCESSO ADMINISTRATIVO
É possível o compartilhamento, para outros órgãos e autoridades públicas, das provas obtidas no
acordo de leniência, desde que sejam respeitados os limites estabelecidos no acordo em relação aos
aderentes. Assim, por exemplo, se uma empresa celebra acordo de leniência com o MPF aceitando fornecer
provas contra si, estas provas somente poderão ser utilizadas para as sanções que foram ajustadas no acordo.
No entanto, nada impede que tais provas sejam fornecidas (compartilhadas) para os órgãos de apuração para
que sejam propostas medidas contra as outras pessoas envolvidas nos ilícitos e que fizeram parte do acordo.
STF. 2ª Turma. Inq 4420/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/8/2018 (Info 913).
LICITAÇÕES:
As regras gerais previstas na Lei nº 8.666/93 podem ser flexibilizadas no Programa Minha Casa Minha
Vida, por força do art. 4º, parágrafo único, da Lei nº 10.188/2001, desde que se observem os princípios gerais
da administração pública. STJ. 2ª Turma. REsp 1687381-DF, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 17/04/2018
(Info 624).
Não comete o crime do art. 89 da Lei nº 8.666/93 Secretária de Educação que faz contratação direta,
com base em inexigibilidade de licitação (art. 25, I), de livros didáticos para a rede pública de ensino, livros
esses que foram escolhidos por equipe técnica formada por pedagogos, sem a sua interferência. Vale ressaltar
que havia comprovação, por meio de carta de exclusividade emitida por entidade do setor, de que a empresa
contratada era a única fornecedora dos livros na região. Além disso, não houve demonstração de sobrepreço.
Diante dessas circunstâncias, o STF absolveu a ré por ausência de “dolo específico” (elemento subjetivo
especial). STF. Plenário. AP 946/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 30/8/2018 (Info 913).
Sociedade empresária em recuperação judicial pode participar de licitação, desde que demonstre, na
fase de habilitação, a sua viabilidade econômica. STJ. 1ª Turma. AREsp 309.867-ES, Rel. Min. Gurgel de Faria,
julgado em 26/06/2018 (Info 631). #IMPORTANTE
RESPONSABILIDADE CIVIL
A pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público possui responsabilidade civil em
razão de dano decorrente de crime de furto praticado em suas dependências, nos termos do art. 37, § 6º, da
CF/88. Caso concreto: o caminhão de uma empresa transportadora foi parado na balança de pesagem na
Rodovia Anhanguera (SP), quando se constatou excesso de peso. Os agentes da concessionária determinaram
que o condutor estacionasse o veículo no pátio da concessionária e, em seguida, conduziram-no até o
escritório para ser autuado. Aproximadamente 10 minutos depois, ao retornar da autuação para o caminhão,
o condutor observou que o veículo havia sido furtado. O STF condenou a Dersa – Desenvolvimento Rodoviário
S/A, empresa concessionária responsável pela rodovia a indenizar a transportadora. O Supremo reconheceu a
responsabilidade civil da prestadora de serviço público, ao considerar que houve omissão no dever de
vigilância e falha na prestação e organização do serviço. STF. 1ª Turma. RE 598356/SP, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 8/5/2018 (Info 901).
O direito à percepção de VPNI não impede a sua eventual absorção pelo subsídio e do mesmo modo,
não inviabiliza a aplicação do teto constitucional, que inclui a vantagem de caráter pessoal no cômputo da
remuneração do servidor para observância do teto. STJ. 1ª Turma. RMS 33744-DF, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 05/04/2018 (Info 624).
O termo inicial do adicional de insalubridade a que faz jus o servidor público é a data do laudo pericial.
STJ. 1ª Seção. PUIL 413-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 11/04/2018 (Info 624).
O Auditor Fiscal do Trabalho, com especialidade em medicina do trabalho, não pode cumular o
exercício do seu cargo com outro da área de saúde. STJ. 1ª Turma. REsp 1.460.331-CE, Rel. Min. Napoleão
Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/04/2018 (Info 625).
O Governador da Bahia editou um decreto prevendo que, em caso de greve, deverão ser adotas as
seguintes providências: a) convocação dos grevistas a reassumirem seus cargos; b) instauração de processo
administrativo disciplinar; c) desconto em folha de pagamento dos dias de greve; d) contratação temporária
de servidores; e) exoneração dos ocupantes de cargo de provimento temporário e de função gratificada que
participarem da greve. O STF decidiu que este Decreto é constitucional. Trata-se de decreto autônomo que
disciplina as consequências — estritamente administrativas — do ato de greve dos servidores públicos e as
providências a serem adotadas pelos agentes públicos no sentido de dar continuidade aos serviços públicos. A
norma impugnada apenas prevê a instauração de processo administrativo para se apurar a participação do
servidor na greve e as condições em que ela se deu, bem como o não pagamento dos dias de paralisação, o
que está em consonância com a orientação fixada pelo STF no julgamento do MI 708. É possível a contratação
temporária excepcional (art. 37, IX, da CF/88) prevista no decreto porque o Poder Público tem o dever
constitucional de prestar serviços essenciais que não podem ser interrompidos, e que a contratação, no caso,
é limitada ao período de duração da greve e apenas para garantir a continuidade dos serviços. STF. Plenário.
ADI 1306/BA, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 13/6/2017 (Info 906).
A Constituição do Estado do Ceará previa que deveria ser assegurado “aos servidores da administração
pública direta, das autarquias e das fundações, isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou
assemelhadas do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, ressalvadas
as vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.” O STF decidiu que é
inconstitucional a expressão “das autarquias e das fundações”. Isso porque a equiparação remuneratória entre
servidores, a teor da redação originária do art. 39, § 1º, da CF/88, restringiu-se aos servidores da
administração direta, não mencionando os entes da administração indireta, como o faz a norma impugnada.
Além disso, o dispositivo estadual não foi recepcionado, em sua integralidade, pela redação atual do art. 39 da
Constituição Federal, na forma EC 19/1998. STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
20/6/2018 (Info 907).
A Constituição do Estado do Ceará prevê que deverá ser assegurada isonomia salarial para docentes
em exercício, com titulação idêntica, respeitando-se o grau de ensino em que estiverem atuando. O STF
decidiu que essa regra é constitucional e que não ofende o art. 37, XIII, da CF/88. Isso porque não há, no caso,
equiparação salarial de carreiras distintas, considerando que se trata especificamente da carreira de
magistério público e de docentes com titulação idêntica. STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 20/6/2018 (Info 907).
Aposentadoria especial é aquela cujos requisitos e critérios exigidos do beneficiário são mais
favoráveis que os estabelecidos normalmente para as demais pessoas. A CF/88 prevê que os servidores que
exerçam atividades de risco têm direito à aposentadoria especial, segundo requisitos e condições previstas em
lei complementar (art. 40, § 4º, II, “b”). Diante da ausência de legislação específica, não cabe ao Poder
Judiciário garantir aposentadoria especial (art. 40, § 4º, II, da CF/88) às guardas municipais. A aposentadoria
especial não pode ser estendida aos guardas civis, uma vez que suas atividades precípuas não são
inequivocamente perigosas e, ainda, pelo fato de não integrarem o conjunto de órgãos de segurança pública
relacionados no art. 144, I a V, da CF/88. STF. Plenário. MI 6515/DF, MI 6770/DF, MI 6773/DF, MI 6780/DF, MI
6874/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 20/6/2018 (Info 907). #IMPORTANTE
São inconstitucionais os arts. 154, § 2º; 167, XII e XIII, §§ 1º e 2º; e 174, da Constituição do Estado do
Ceará, e os arts. 27 e 28 do seu ADCT. Tais dispositivos tratam de remuneração e direitos de servidores
públicos, que, por não encontrarem similares na CF/88, somente poderiam ser veiculados por meio de lei de
iniciativa do Chefe do Poder Executivo. São previsões específicas que não tratam da organização e
estruturação do Estado-membro ou de seus órgãos, mas que versam sobre o regime jurídico de servidores
públicos. STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907).
A Constituição do Estado do Ceará previa que o servidor, ao se aposentar, deveria receber, como
proventos, o valor pecuniário correspondente ao padrão de vencimento imediatamente superior ao da sua
classe funcional, e, se já ocupasse o último escalão, faria jus a uma gratificação adicional de 20% sobre a sua
remuneração. O STF decidiu que essa previsão não era considerada materialmente inconstitucional à época da
edição da Carta, uma vez que a superação da remuneração em atividade era tolerada na redação original da
CF. Porém, essa regra não foi recepcionada pela EC 20/98 que proibiu a superação do patamar remuneratório
da atividade e a impossibilidade de incorporação da remuneração do cargo em comissão para fins de
aposentadoria (art. 40, §§ 2º e 3º, da CF/88). STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
20/6/2018 (Info 907).
O art. 3º, § 7º, da Lei nº 12.618/2012 e o art. 92 da Lei nº 13.328/2016 previram que os servidores
titulares de cargos efetivos da União (inclusive magistrados, membro do MP e do TCU) poderiam aderir, até o
dia 29/07/2018, aos planos de benefícios administrados por entidades fechadas de previdência complementar.
Duas associações de magistrados ingressaram com ação requerendo a prorrogação deste prazo. O STF,
contudo, negou o pedido. O deferimento do pleito representaria indevida manipulação de opção político-
normativa do Parlamento. Ao STF, à semelhança do que ocorre com as demais Cortes Constitucionais, cabe
exercer o papel de legislador negativo. É sua a relevante função de extirpar do ordenamento jurídico normas
incompatíveis com a Lei Maior, devendo, exatamente por esse motivo, atuar com parcimônia. Não há, sob o
ângulo material ou formal, qualquer traço de incompatibilidade direta com a Constituição Federal. STF.
Plenário. ADI 4885 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 27/6/2018 (Info 908).
O acordo de partilha de pensão por morte, homologado judicialmente, não altera a ordem legal do
pensionamento, podendo, todavia, impor ao órgão de previdência a obrigação de depositar parcela do
benefício em favor do acordante que não figura como beneficiário perante a autarquia previdenciária. STJ. 2ª
Turma. RMS 45.817-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, Rel. Acd. Min. Og Fernandes, julgado em 26/09/2017
(Info 618).
As Leis nº 8.112/90 e 10.820/2003 preveem que, se o servidor público civil fizer um empréstimo
consignado, o limite máximo de descontos que ele poderá autorizar que sejam feitos em sua remuneração é
de 30% (mais 5% se forem despesas com cartão de crédito). Esse limite não se aplica para os militares. Isso
porque os militares estão submetidos a um regramento específico previsto na MP 2.215-10/2001, que permite
que seja descontado até 70% da remuneração dos militares para pagamento de empréstimos consignados.
Desse modo, os descontos em folha, juntamente com os descontos obrigatórios, podem alcançar o percentual
de 70% das remunerações ou dos proventos brutos dos servidores militares. STJ. 1ª Seção. EAREsp 272.665-PE,
Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 13/12/2017 (Info 618). #CONCURSOSFEDERAIS
TETO CONSTITUCIONAL. Foi instituído, no Tribunal de Justiça de São Paulo, o pagamento de uma
verba pela atuação em 2ª instância de magistrados de 1ª instância. Em outras palavras, o juiz era convocado
para atuar nos processos do Tribunal e, em razão disso, recebia uma verba que ficou conhecida como “auxílio-
voto”. O CNJ, em procedimento de controle administrativo (PCA), considerou a verba irregular, por suposta
ofensa ao teto constitucional, e determinou a devolução dos valores recebidos pelos juízes. O STF cassou a
decisão do CNJ. Argumentos: 1) A decisão do CNJ violou o devido processo legal administrativo e os princípios
do contraditório e da ampla defesa. Isso porque os magistrados não foram notificados para apresentação de
defesa escrita, além de não terem participado da instrução processual. A decisão proferida pelo Conselho
surpreendeu a todos os envolvidos. Além disso, o PCA no qual o CNJ decidiu pela irregularidade da verba foi
instaurado para tratar sobre assunto completamente diverso. 2) A verba paga aos magistrados de 1ª instância
que atuaram nos processos do Tribunal de Justiça foi regular, considerando que baseada no art. 124 da LC
35/79 (LOMAN). Essa convocação de juízes para atuar no Tribunal é válida e não viola a CF/88. Como essa
convocação de juízes é válida (compatível com a CF/88), é natural que seja devido o pagamento de um valor
como forma de “recomposição patrimonial dos magistrados, dado o exercício extraordinário de atribuições
transitórias desempenhadas acumuladamente com a jurisdição ordinária”. De igual modo, como se trata de
uma verba prevista em lei, fica afastada qualquer alegação de má-fé. Como a verba em questão servia para
pagar os magistrados por um serviço extraordinário, elas não estavam abrangidas pelo subsídio. STF. 2ª
Turma. MS 29002/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 7/8/2018 (Info 910).
Em regra, não produzem fato consumado a posse e o exercício em cargo público decorrentes de
decisão judicial tomada à base de cognição não-exauriente. Em outras palavras, não se aplica a teoria do fato
consumado para candidatos que assumiram o cargo público por força de decisão judicial provisória
posteriormente revista. Trata-se do entendimento firmado no RE 608482/RN (Tema 476). A situação é
diferente, contudo, se a pessoa, após permanecer vários anos no cargo, conseguiu a concessão de
aposentadoria. Neste caso, em razão do elevado grau de estabilidade da situação jurídica, o princípio da
proteção da confiança legítima incide com maior intensidade. Trata-se de uma excepcionalidade que autoriza
a distinção (distinguish) quanto ao leading case do RE 608482/RN (Tema 476). STF. 1ª Turma. RE 740029
AgR/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 14/8/2018 (Info 911). Quando o exercício do cargo foi
amparado por decisões judiciais precárias e o servidor se aposentou, antes do julgamento final do mandado de
segurança, por tempo de contribuição durante esse exercício e após legítima contribuição ao sistema, a
denegação posterior da segurança que inicialmente permitira ao servidor prosseguir no certame não pode
ocasionar a cassação da aposentadoria. STJ. 1ª Seção. MS 20.558-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
22/2/2017 (Info 600).
O reajuste geral de 28,86%, concedido pelas Leis nº 8.622/93 e 8.627/93, não pode ser compensado
pelas novas gratificações criadas pela Lei nº 9.654/98. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.577.881-DF, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 27/06/2018 (Info 631). #CONCURSOSFEDERAIS
PREVIDÊNCIA SOCIAL. Não incide contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos
proventos de aposentadoria do servidor público, tais como terço de férias, serviços extraordinários, adicional
noturno e adicional de insalubridade. STF. Plenário. RE 593068/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
11/10/2018 (repercussão geral) (Info 919).
A acumulação de cargos públicos de profissionais da área de saúde, prevista no art. 37, XVI, da CF/88,
não se sujeita ao limite de 60 horas semanais previsto em norma infraconstitucional, pois inexiste tal requisito
na Constituição Federal. O único requisito estabelecido para a acumulação é a compatibilidade de horários no
exercício das funções, cujo cumprimento deverá ser aferido pela administração pública. STF. 1ª Turma. RE
1.094.802 AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/5/2018. STF. 2ª Turma. RMS 34257 AgR, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 29/06/2018. STJ. 2ª Turma. REsp 1.746.784-PE, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 23/08/2018 (Info 632). #POLÊMICA
SERVIÇOS PÚBLICOS
A concessionária de fornecimento de energia elétrica não pode exigir de órgão público, usuário do
serviço, multa por inadimplemento no pagamento de fatura, fundamentada no parágrafo único do art. 4º do
Decreto-Lei nº 2.432/88. A multa prevista no parágrafo único do art. 4º do DL 2.432/88 refere-se aos contratos
de compra e venda de energia elétrica entre concessionárias de serviço público de energia elétrica, não sendo
aplicada para as relações entre a concessionária e os usuários do seu serviço, ou seja, não é uma multa a ser
cobrada dos clientes (usuários finais). STJ. 1ª Turma. REsp 1.396.808-AM, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
14/08/2018 (Info 632).
Município tem legitimidade ad causam para ajuizar ação civil pública em defesa de direitos
consumeristas questionando a cobrança de tarifas bancárias. Em relação ao Ministério Público e aos entes
políticos, que têm como finalidades institucionais a proteção de valores fundamentais, como a defesa coletiva
dos consumidores, não se exige pertinência temática e representatividade adequada. STJ. 3ª Turma. REsp
1.509.586-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2018 (Info 626). #IMPORTANTE
Os conselhos de fiscalização profissional não possuem autorização para registrar os veículos de sua
propriedade como oficiais. STJ. 1ª Turma. AREsp 1.029.385-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
05/12/2017 (Info 619).
As empresas públicas e sociedades de economia mista não têm direito à prerrogativa de execução via
precatório. STF. 1ª Turma. RE 851711 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/12/2017 (Info 888). Em
regra, as empresas estatais estão submetidas ao regime das pessoas jurídicas de direito privado (execução
comum). No entanto, é possível sim aplicar o regime de precatórios para empresas públicas e sociedades de
economia mista que prestem serviços públicos e que não concorram com a iniciativa privada. Assim, é
aplicável o regime dos precatórios às empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de
serviço público próprio do Estado e de natureza não concorrencial. STF. 1ª Turma. RE 627242 AgR, Rel. Min.
Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 02/05/2017. STF. Plenário. ADPF 387/PI, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/3/2017 (Info 858)
Os contratos das Agências de Correios Franqueadas em vigor em 27 de novembro de 2007 que não
sejam precedidos de licitação possuem eficácia até que as novas avenças sejam firmadas, ainda que
descumprido o prazo estabelecido pelo art. 7º, parágrafo único, da Lei nº 11.668/2008. STJ. 1ª Turma. AREsp
613.239-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 07/11/2017 (Info 616).
É constitucional o art. 7º, III e XV, da Lei nº 9.782/99, que preveem que compete à ANVISA: III -
estabelecer normas, propor, acompanhar e executar as políticas, as diretrizes e as ações de vigilância sanitária;
XV - proibir a fabricação, a importação, o armazenamento, a distribuição e a comercialização de produtos e
insumos, em caso de violação da legislação pertinente ou de risco iminente à saúde; Entendeu-se que tais
normas consagram o poder normativo desta agência reguladora, sendo importante instrumento para a
implementação das diretrizes, finalidades, objetivos e princípios expressos na Constituição e na legislação
setorial. Além disso, o STF, após empate na votação, manteve a validade da Resolução RDC 14/2012- ANVISA,
que proíbe a comercialização no Brasil de cigarros com sabor e aroma. Esta parte do dispositivo não possui
eficácia erga omnes e efeito vinculante. Significa dizer que, provavelmente, as empresas continuarão
ingressando com ações judiciais, em 1ª instância, alegando que a Resolução é inconstitucional e pedindo a
liberação da comercialização dos cigarros com aroma. Os juízes e Tribunais estarão livres para, se assim
entenderem, declararem inconstitucional a Resolução e autorizar a venda. Existem, inclusive, algumas
decisões nesse sentido e que continuam valendo. STF. Plenário. ADI 4874/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado
em 1º/2/2018 (Info 889).
O IBGE está legalmente impedido de fornecer a quem quer que seja as informações individualizadas
que coleta, no desempenho de suas atribuições, para que sirvam de prova em quaisquer outros
procedimentos administrativos. STJ. 1ª Turma. REsp 1.353.602-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,
julgado em 30/11/2017 (Info 617).
3- PENAL
APLICAÇÃO DA PENA
João, reincidente, foi condenado a uma pena de 1 ano e 4 meses de reclusão, em regime inicial
fechado, pela prática do crime de furto simples (art. 155, caput, do CP). A defesa postulou a aplicação do
regime aberto com base no princípio da insignificância, considerado o objeto furtado ter sido apenas uma
garrafa de licor. O STF decidiu impor o regime semiaberto. Entendeu-se que, de um lado, o regime fechado
deve ser afastado. Por outro, não se pode conferir o regime aberto para um condenado reincidente, uma vez
que isso poderia se tornar um incentivo à criminalidade, ainda mais em cidades menores, onde o furto é, via
de regra, perpetrado no mesmo estabelecimento. A reincidência delitiva do paciente, que praticou o quinto
furto em pequeno município, eleva a gravidade subjetiva de sua conduta. STF. 1ª Turma. HC 136385/SC, Rel.
Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 7/8/2018 (Info 910).
CRIMES AMBIENTAIS
O delito previsto na primeira parte do art. 54 da Lei nº 9.605/98 possui natureza formal, sendo
suficiente a potencialidade de dano à saúde humana para configuração da conduta delitiva, não se exigindo,
portanto, a realização de perícia. Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou
possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição
significativa da flora. Pena — reclusão, de um a quatro anos, e multa. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.417.279-SC, Rel.
Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 11/04/2018 (Info 624).
A assinatura do termo de ajustamento de conduta com órgão ambiental não impede a instauração de
ação penal. Isso porque vigora em nosso ordenamento jurídico o princípio da independência das instâncias
penal e administrativa. STJ. Corte Especial. APn 888-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/05/2018 (Info
625).
Para o início da ação penal, basta a prova da constituição definitiva do crédito tributário (Súmula
Vinculante 24), sendo desnecessária a juntada integral do Procedimento Administrativo Fiscal correspondente.
STJ. 5ª Turma. RHC 94.288-RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 22/05/2018 (Info 627).
CRIMES EM ESPÉCIE
DESCAMINHO. O descaminho é crime tributário FORMAL. Logo, para que seja proposta ação penal por
descaminho não é necessária a prévia constituição definitiva do crédito tributário. Não se aplica a Súmula
Vinculante 24 do STF. O crime se consuma com a simples conduta de iludir o Estado quanto ao pagamento dos
tributos devidos quando da importação ou exportação de mercadorias. STJ. 6ª Turma. REsp 1.343.463-BA, Rel.
para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/3/2014 (Info 548). STF. 2ª Turma. HC 122325, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 27/05/2014. É dispensada a existência de procedimento administrativo fiscal com
a posterior constituição do crédito tributário para a configuração do crime de descaminho (art. 334 do CP),
tendo em conta sua natureza formal. STF. 1ª Turma. HC 121798/BA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
29/5/2018 (Info 904).
HOMICÍDIO. Verifica-se a existência de dolo eventual no ato de dirigir veículo automotor sob a
influência de álcool, além de fazê-lo na contramão. Esse é, portanto, um caso específico que evidencia a
diferença entre a culpa consciente e o dolo eventual. O condutor assumiu o risco ou, no mínimo, não se
preocupou com o risco de, eventualmente, causar lesões ou mesmo a morte de outrem. STF. 1ª Turma. HC
124687/MS, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/5/2018 (Info 904).
HOMICÍDIO. O simples fato do condutor do veículo estar embriagado não gera a presunção de que
tenha havido dolo eventual: A embriaguez do agente condutor do automóvel, por si só, não pode servir de
premissa bastante para a afirmação do dolo eventual em acidente de trânsito com resultado morte. A
embriaguez do agente condutor do automóvel, sem o acréscimo de outras peculiaridades, não pode servir
como presunção de que houve dolo eventual. Juiz da 1ª fase do Júri deve examinar se o agente que conduzia o
veículo embriagado praticou homicídio doloso ou culposo: na primeira fase do Tribunal do Júri, ao juiz togado
cabe apreciar a existência de dolo eventual ou culpa consciente do condutor do veículo que, após a ingestão
de bebida alcoólica, ocasiona acidente de trânsito com resultado morte. STJ. 6ª Turma. REsp 1.689.173-SC, Rel.
Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 21/11/2017 (Info 623).
LAVAGEM DE DINHEIRO. Simples fato de ter recebido a propina em espécie não configura lavagem de
dinheiro: O mero recebimento de valores em dinheiro não tipifica o delito de lavagem, seja quando recebido
pelo próprio agente público, seja quando recebido por interposta pessoa. STF. 2ª Turma. AP 996/DF, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 29/5/2018 (Info 904). Recebimento de propina em depósitos bancários fracionados
pode configurar lavagem: Pratica lavagem de dinheiro o sujeito que recebe propina por meio de depósitos
bancários fracionados, em valores que não atingem os limites estabelecidos pelas autoridades monetárias à
comunicação compulsória dessas operações. Ex: suponhamos que, na época, a autoridade bancária dizia que
todo depósito acima de R$ 20 mil deveria ser comunicado ao COAF; diante disso, um Deputado recebia
depósitos periódicos de R$ 19 mil para burlar essa regra. Para o STF, isso configura o crime de lavagem. Trata-
se de uma forma de ocultação da origem e da localização da vantagem pecuniária recebida pela prática do
crime antecedente. STF. 2ª Turma. AP 996/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/5/2018 (Info 904).
PECULATO. O depositário judicial que vende os bens sob sua guarda não comete o crime de peculato
(art. 312 do CP). O crime de peculato exige, para a sua consumação, que o funcionário público se aproprie de
dinheiro, valor ou outro bem móvel em virtude do “cargo”. Depositário judicial não é funcionário público
para fins penais, porque não ocupa cargo público, mas a ele é atribuído um munus, pelo juízo, em razão do
fato de que determinados bens ficam sob sua guarda e zelo. STJ. 6ª Turma.HC 402.949-SP, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em 13/03/2018 (Info 623).
ROUBO. O emprego de arma branca deixou de ser majorante do crime de roubo com a modificação
operada pela Lei nº 13.654/2018, que revogou o inciso I do § 2º do art. 157 do Código Penal. Diante disso,
constata-se que houve abolitio criminis, devendo a Lei nº 13.654/2018 ser aplicada retroativamente para
excluir a referida causa de aumento da pena imposta aos réus condenados por roubo majorado pelo emprego
de arma branca. Trata-se da aplicação da novatio legis in mellius, prevista no art. 5º, XL, da Constituição
Federal. STJ. 5ª Turma. REsp 1519860/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 17/05/2018 (Info 626). STJ. 6ª
Turma. AgRg no AREsp 1.249.427/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 19/06/2018.
#IMPORTANTE
FEMINICÍDIO. Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de
feminicídio no crime de homicídio praticado contra mulher em situação de violência doméstica e familiar. Isso
se dá porque o feminicídio é uma qualificadora de ordem OBJETIVA - vai incidir sempre que o crime estiver
atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita, enquanto que a torpeza é de cunho subjetivo, ou
seja, continuará adstrita aos motivos (razões) que levaram um indivíduo a praticar o delito. STJ. 6ª Turma. HC
433.898-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/04/2018 (Info 625).
ESTUPRO. A Súmula 608 do STF prevê que “no crime de estupro, praticado mediante violência real, a
ação penal é pública incondicionada.” O entendimento dessa súmula pode ser aplicado independentemente
da existência da ocorrência de lesões corporais nas vítimas de estupro. A violência real se caracteriza não
apenas nas situações em que se verificam lesões corporais, mas sempre que é empregada força física contra a
vítima, cerceando-lhe a liberdade de agir segundo a sua vontade. Assim, se os atos foram praticados sob grave
ameaça, com imobilização de vítimas, uso de força física e, em alguns casos, com mulheres sedadas, trata-se
de crime de estupro que se enquadra na Súmula 608 do STF e que, portanto, a ação é pública incondicionada.
STF. 2ª Turma. RHC 117978, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 05/06/2018 (Info 905). A Súmula 608 do STF
permanece válida mesmo após o advento da Lei nº 12.015/2009. Assim, em caso de estupro praticado
mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada mesmo após a Lei nº 12.015/2009. STF. 1ª
Turma. HC 125360/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/2/2018
(Info 892). #IMPORTANTE
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. A Súmula 608 do STF permanece válida mesmo após o
advento da Lei nº 12.015/2009. Assim, em caso de estupro praticado mediante violência real, a ação penal é
pública incondicionada mesmo após a Lei nº 12.015/2009. STF. 1ª Turma. HC 125360/RJ, rel. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/2/2018 (Info 892).
RACISMO. A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus seguidores
não está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão. Assim, é possível, a
depender do caso concreto, que um líder religioso seja condenado pelo crime de racismo (art. 20, §2º, da Lei
nº 7.716/81) por ter proferido discursos de ódio público contra outras denominações religiosas e seus
seguidores. STF. 2ª Turma. RHC 146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em
6/3/2018 (Info 893). Atenção. Compare com RHC 134682/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/11/2016
(Info 849). #IMPORTANTE
CRIMES DA LEI 8.666/93. Elemento subjetivo Para a configuração da tipicidade subjetiva do crime
previsto no art. 89 da Lei 8.666/93, exigese o especial fim de agir, consistente na intenção específica de lesar o
erário ou obter vantagem indevida. Exige-se descumprimento de formalidades mais violação aos princípios da
Administração Pública O tipo penal previsto no art. 89 não criminaliza o mero fato de o administrador público
ter descumprido formalidades. Para que haja o crime, é necessário que, além do descumprimento das
formalidades, também se verifique que ocorreu, no caso concreto, a violação de princípios cardeais
(fundamentais) da Administração Pública. Se houve apenas irregularidades pontuais relacionadas com a
burocracia estatal, isso não deve, por si só, gerar a criminalização da conduta. Assim, para que ocorra o crime,
é necessária uma ofensa ao bem jurídico tutelado, que é o procedimento licitatório. Sem isso, não há
tipicidade material. Decisão amparada em pareceres técnicos e jurídicos Não haverá crime se a decisão do
administrador de deixar de instaurar licitação para a contratação de determinado serviço foi amparada por
argumentos previstos em pareceres (técnicos e jurídicos) que atenderam aos requisitos legais, fornecendo
justificativas plausíveis sobre a escolha do executante e do preço cobrado e não houver indícios de conluio
entre o gestor e os pareceristas com o objetivo de fraudar o procedimento de contratação direta. STF. 1ª
Turma. Inq 3962/DF, Rel. Min Rosa Weber, julgado em 20/2/2018 (Info 891) #IMPORTANTE
DESACATO. O crime de desacato é compatível com a Constituição Federal e com o Pacto de São José
da Costa Rica. A figura penal do desacato não tolhe o direito à liberdade de expressão, não retirando da
cidadania o direito à livre manifestação, desde que exercida nos limites de marcos civilizatórios bem definidos,
punindo-se os excessos. STF. 2ª Turma. HC 141949/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/3/2018 (Info
894). #IMPORTANTE
FURTO. O pagamento do débito oriundo de furto de energia elétrica (art. 155, § 3º do CP) antes do
oferecimento da denúncia é causa de extinção da punibilidade, nos termos do art. 9º da Lei nº 10.684/2003?
6ª Turma do STJ: SIM O valor fixado como contraprestação de serviços públicos essenciais como a energia
elétrica e a água, conquanto não seja tributo, possui natureza jurídica de preço público, aplicando-se, por
analogia, as causas extintivas da punibilidade previstas para os crimes tributários. STJ. 6ª Turma. AgRg no
AREsp 796.250/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 26/09/2017. 5ª Turma do STJ: NÃO O furto de energia
elétrica não pode receber o mesmo tratamento dado aos crimes tributários, considerando serem diversos os
bens jurídicos tutelados e, ainda, tendo em vista que a natureza jurídica da remuneração pela prestação de
serviço público, no caso de fornecimento de energia elétrica, é de tarifa ou preço público, não possui caráter
tributário, em relação ao qual a legislação é expressa e taxativa. Nos crimes patrimoniais existe previsão legal
específica de causa de diminuição da pena, qual seja, o instituto do arrependimento posterior, previsto no art.
16 do CP. STJ. 5ª Turma. HC 412.208-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 20/03/2018 (Info 622).
FURTO. A existência de sistema de vigilância em estabelecimento comercial não constitui óbice para a
tipificação do crime de furto. STF. 1ª Turma. HC 111278/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Luiz Roberto Barroso, julgado em 10/4/2018 (Info 897).
CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. O que acontece se o réu de um crime contra a ordem tributária
aderir ao parcelamento da dívida? Haverá a suspensão do processo penal. Nos crimes contra a ordem
tributária, quando o agente ingressa no regime de parcelamento dos débitos tributários, fica suspensa a
pretensão punitiva penal do Estado (o processo criminal fica suspenso). Durante o parcelamento o que ocorre
com o prazo prescricional? Também fica suspenso. O prazo prescricional não corre enquanto estiverem sendo
cumpridas as condições do parcelamento do débito fiscal. É o que prevê o art. 9º, § 1º da Lei nº 10.684/2003.
Se, ao final, o réu pagar integralmente os débitos, haverá a extinção da punibilidade. STF. 2ª Turma. ARE
1037087 AgR/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/8/2018 (Info 911).
CRIMES FUNCIONAIS. O diretor de organização social pode ser considerado funcionário público por
equiparação para fins penais (art. 327, § 1º do CP). Isso porque as organizações sociais que celebram contratos
de gestão com o Poder Público devem ser consideradas “entidades paraestatais”, nos termos do art. 327, § 1º
do CP. STF. 1ª Turma. HC 138484/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2018 (Info 915).
INJÚRIA. A esposa tem legitimidade para propor queixa-crime contra autor de mensagem que
insinua que o seu marido tem uma relação extraconjugal com outro homem. Se alguém alega que um
indivíduo casado mantém relação homossexual extraconjugal com outro homem, a esposa deste indivíduo
tem legitimidade para ajuizar queixa-crime por injúria, alegando que também é ofendida. Caso concreto:
Roberto insinuou que Weverton teria um relacionamento homossexual extraconjugal com outro homem. A
mulher de Weverton tem legitimidade para ajuizar queixacrime contra Roberto pela prática do crime de
injúria. STF. 1ª Turma. Pet 7417 AgR/DF, Rel. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em
9/10/2018 (Info 919).
Não há continuidade delitiva entre os crimes de roubo e extorsão, ainda que praticados em conjunto.
Isso porque, os referidos crimes, apesar de serem da mesma natureza, são de espécies diversas. STJ. 5ª Turma.
HC 435.792/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/05/2018. STF. 1ª Turma. HC 114667/SP, rel. org. Min.
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 24/4/2018 (Info 899).
LEI DE DROGAS
É inviável o reconhecimento de reincidência com base em único processo anterior em desfavor do réu,
no qual - após desclassificar o delito de tráfico para porte de substância entorpecente para consumo próprio o
juízo extinguiu a punibilidade por considerar que o tempo da prisão provisória seria mais que suficiente para
compensar eventual condenação. Situação concreta: João foi preso em flagrante por tráfico de drogas (art. 33
da LD Após 6 meses preso cautelarmente, ele foi julgado O juiz proferiu sentença desclassificando o delito de
tráfico para o art. 28 da LD.Na própria sentença o magistrado declarou a extinção da punibilidade do réu
alegando que o art. 28 não prevê pena privativa de liberdade e que o condenado já ficou 6 meses preso. Logo,
na visão do juiz, deve ser aplicada a detração penal analógica virtual, pois qualquer pena que seria aplicável ao
caso em tela estaria fatalmente cumprida, nem havendo justa causa ou interesse processual para o
prosseguimento do feito. Essa sentença não vale para fins de reincidência. Isso significa que, se João cometer
um segundo delito, esse primeiro processo não poderá ser considerado para caracterização de reincidência.
STJ. 6ª Turma.HC 390038-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 06/02/2018 (Info 619).
A prática do delito de tráfico de drogas nas proximidades de estabelecimentos de ensino (art. 40, III,
da Lei 11.343/06) enseja a aplicação da majorante, sendo desnecessária a prova de que o ilícito visava atingir
os frequentadores desse local. Para a incidência da majorante prevista no art. 40, inciso III, da Lei nº
11.343/2006 é desnecessária a efetiva comprovação de que a mercancia tinha por objetivo atingir os
estudantes, sendo suficiente que a prática ilícita tenha ocorrido em locais próximos, ou seja, nas imediações
de tais estabelecimentos, diante da exposição de pessoas ao risco inerente à atividade criminosa da
narcotraficância. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1558551/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 12/09/2017.
STJ. 6ª Turma. HC 359.088/SP. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 04/10/2016. Não incide a causa de
aumento de pena prevista no art. 40, inciso III, da Lei nº 11.343/2006, se a prática de narcotraficância ocorrer
em dia e horário em que não facilite a prática criminosa e a disseminação de drogas em área de maior
aglomeração de pessoas. Ex: se o tráfico de drogas é praticado no domingo de madrugada, dia e horário em
que o estabelecimento de ensino não estava funcionando, não deve incidir a majorante. STJ. 6ª Turma. REsp
1.719.792-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 13/03/2018 (Info 622). #IMPORTANTE
Não configura crime a importação de pequena quantidade de sementes de maconha. STF. 2ª Turma.
HC 144161/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/9/2018 (Info 915). #IMPORTANTE
O porte de droga para consumo próprio, previsto no art. 28 da Lei nº 11.343/2006, possui natureza
jurídica de crime. O porte de droga para consumo próprio foi somente despenalizado pela Lei nº 11.343/2006,
mas não descriminalizado. Obs: despenalizar é a medida que tem por objetivo afastar a pena como
tradicionalmente conhecemos, em especial a privativa de liberdade. Descriminalizar significa deixar de
considerar uma conduta como crime. Mesmo sendo crime, o STJ entende que a condenação anterior pelo art.
28 da Lei nº 11.343/2006 (porte de droga para uso próprio) NÃO configura reincidência. Argumento principal:
se a contravenção penal, que é punível com pena de prisão simples, não configura reincidência, mostra-se
desproporcional utilizar o art. 28 da LD para fins de reincidência, considerando que este delito é punido
apenas com “advertência”, “prestação de serviços à comunidade” e “medida educativa”, ou, seja, sanções
menos graves e nas quais não há qualquer possibilidade de conversão em pena privativa de liberdade pelo
descumprimento. Há de se considerar, ainda, que a própria constitucionalidade do art. 28 da LD está sendo
fortemente questionada. STJ. 5ª Turma. HC 453.437/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
04/10/2018. STJ. 6ª Turma. REsp 1672654/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 21/08/2018
(Info 632).
Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar, é possível a fixação
de valor mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou da
parte ofendida, ainda que não especificada a quantia, e independentemente de instrução probatória. CPP/Art.
387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados
pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido. STJ. 3ª Seção. REsp 1.643.051-MS, Rel. Min.
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo) (Info 621).
A prática de contravenção penal, no âmbito de violência doméstica, não é motivo idôneo para
justificar a prisão preventiva do réu. O inciso III do art. 313 do CPP prevê que será admitida a decretação da
prisão preventiva “se o CRIME envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente,
idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência”.
Assim, a redação do inciso III do art. 313 do CPP fala em CRIME (não abarcando contravenção penal). Logo,
não há previsão legal que autorize a prisão preventiva contra o autor de uma contravenção penal. Decretar a
prisão preventiva nesta hipótese representa ofensa ao princípio da legalidade estrita. STJ. 6ª Turma. HC
437.535-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
26/06/2018 (Info 632). #IMPORTANTE
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito
tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da
Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da
Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1.688.878-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso
repetitivo) (Info 622). STF. 2ª Turma. HC 155347, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/04/2018.
Qual é o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários e descaminho? 20 mil
reais (tanto para o STF como para o STJ) Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e
de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais),
a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130,
ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado
em 28/02/2018 (recurso repetitivo). STF. 1ª Turma. HC 127173, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão: Min.
Roberto Barroso, julgado em 21/03/2017. #IMPORTANTE
Qual é o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários e descaminho? 20 mil
reais (tanto para o STF como para o STJ) Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e
de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais),
a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130,
ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1.688.878-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
28/02/2018 (recurso repetitivo). STF. 1ª Turma. HC 137595 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
07/05/2018. STF. 2ª Turma. HC 155347/PR, Rel. Min. Dias Tóffoli, julgado em 17/4/2018 (Info 898).
O princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei
9.605/98: Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão
competente: Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo
único. Incorre nas mesmas penas quem: II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a
utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos; Caso concreto: realização de pesca de
7kg de camarão em período de defeso com o uso de método não permitido. STF. 1ª Turma. HC 122560/SC, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 891).
Em regra, a habitualidade delitiva específica (ou seja, o fato de o réu já responder a outra ação penal
pelo mesmo delito) é um parâmetro (critério) que afasta o princípio da insignificância mesmo em se tratando
de bem de reduzido valor. Excepcionalmente, no entanto, as peculiaridades do caso concreto podem justificar
o afastamento dessa regra e a aplicação do princípio, com base na ideia da proporcionalidade. É o caso, por
exemplo, do furto de um galo, quatro galinhas caipiras, uma galinha garnizé e três quilos de feijão, bens
avaliados em pouco mais de cem reais. O valor dos bens é inexpressivo e não houve emprego de violência.
Enfim, é caso de mínima ofensividade, ausência de periculosidade social, reduzido grau de reprovabilidade e
inexpressividade da lesão jurídica. Mesmo que conste em desfavor do réu outra ação penal instaurada por
igual conduta, ainda em trâmite, a hipótese é de típico crime famélico. A excepcionalidade também se justifica
por se tratar de hipossuficiente. Não é razoável que o Direito Penal e todo o aparelho do Estado-polícia e do
Estado-juiz movimente-se no sentido de atribuir relevância a estas situações. STF. 2ª Turma. HC 141440
AgR/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/8/2018 (Info 911).
PRESCRIÇÃO
Se o Ministério Público não recorreu contra a sentença condenatória, tendo havido apenas recurso
da defesa, qual deverá ser o termo inicial da prescrição da pretensão executiva? O início do prazo da
prescrição executória deve ser o momento em que ocorre o trânsito em julgado para o MP? Ou o início do
prazo deverá ser o instante em que se dá o trânsito em julgado para ambas as partes, ou seja, tanto para a
acusação como para a defesa? • Posicionamento pacífico do STJ: o termo inicial da prescrição da pretensão
executória é a data do trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação, ainda que a defesa
tenha recorrido e que se esteja aguardando o julgamento desse recurso. Aplica-se a interpretação literal do
art. 112, I, do CP, considerando que ela é mais benéfica ao condenado. • Entendimento da 1ª Turma do STF: o
início da contagem do prazo de prescrição somente se dá quando a pretensão executória pode ser exercida. Se
o Estado não pode executar a pena, não se pode dizer que o prazo prescricional já está correndo. Assim,
mesmo que tenha havido trânsito em julgado para a acusação, se o Estado ainda não pode executar a pena
(ex: está pendente uma apelação da defesa), não teve ainda início a contagem do prazo para a prescrição
executória. É preciso fazer uma interpretação sistemática do art. 112, I, do CP. Vale ressaltar que, com o novo
entendimento do STF admitindo a execução provisória da pena, para essa segunda corrente (Min. Roberto
Barroso) o termo inicial da prescrição executória será a data do julgamento do processo em 2ª instância. Isso
porque se estiver pendente apenas recurso especial ou extraordinário, será possível a execução provisória da
pena. Logo, já poderia ser iniciada a contagem do prazo prescricional. STF. 1ª Turma. RE 696533/SC, Rel. Min.
Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 6/2/2018 (Info 890). #TEMAPOLÊMICO
#IMPORTANTE
RACISMO
O então Deputado Federal Jair Bolsonaro proferiu palestra no auditório de determinado clube e ali fez
críticas e comentários negativos a respeito dos quilombolas e de povos estrangeiros. No trecho mais
questionado de sua palestra, ele afirmou: “Eu fui em um quilombola em El Dourado Paulista. Olha, o
afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador eles
servem mais. Mais de um bilhão de reais por ano gastado com eles. Recebem cesta básica e mais material em
implementos agrícolas. Você vai em El Dourado Paulista, você compra arame farpado, você compra enxada,
pá, picareta por metade do preço vendido em outra cidade vizinha. Por que? Porque eles revendem tudo
baratinho lá. Não querem nada com nada.” O STF entendeu que a conduta de Bolsonaro não configurou o
crime de racismo (art. 20 da Lei nº 7.716/89). As palavras por ele proferidas estão dentro da liberdade de
expressão prevista no art. 5º, IV, da CF/88, além de também estarem cobertas pela imunidade parlamentar
(art. 53 da CF/88). O objetivo de seu discurso não foi o de repressão, dominação, supressão ou eliminação dos
quilombolas ou dos estrangeiros. O pronunciamento do parlamentar estava vinculado ao contexto de
demarcação e proveito econômico das terras e configuram manifestação política que não extrapola os
limites da liberdade de expressão. Além disso, as manifestações de Bolsonaro estavam relacionadas com a
sua função de parlamentar. Inclusive, o convite para a palestra se deu em razão do exercício do cargo de
Deputado Federal a fim de dar a sua visão geopolítica e econômica do País. Assim, havia uma vinculação das
manifestações apresentadas na palestra com os seu pronunciamentos na Câmara dos Deputados, de sorte
que incide a imunidade parlamentar. STF. 1ª Turma. Inq 4694/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
11/9/2018 (Info 915).
4 – PROCESSO PENAL
AÇÃO PENAL:
Verificado empate no julgamento de ação penal, deve prevalecer a decisão mais favorável ao réu.
Esse mesmo entendimento deve ser aplicado em caso de empate no julgamento dos embargos de declaração
opostos contra o acórdão que julgou a ação penal. Terminando o julgamento dos embargos empatado, aplica-
se a decisão mais favorável ao réu. STF. Plenário. AP 565 ED-ED/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o ac. Min.
Dias Toffoli, julgado em 14/12/2017 (Info 888).
A PGR ofereceu denúncia contra Paulo e outros réus perante o STJ. Este Tribunal desmembrou o
feito e ficou com o processo apenas da autoridade com foro no STJ, declinando da competência para que o TJ
julgasse os demais. O PGJ (que atua no TJ) ratificou a denúncia. Ocorre que o TJ também decidiu desmembrar
o feito e ficou com o processo apenas da autoridade com foro no TJ, declinando da competência para que o
juízo de 1ª instância julgasse os demais corréus. O processo de Paulo, que não tinha foro privativo, foi
remetido para a 1ª instância. O Promotor de Justiça que atua na 1ª instância decidiu não ratificar a peça
acusatória, oferecendo nova denúncia incluindo, inclusive, novos réus. A defesa alegou que o Promotor não
poderia ter alterado a denúncia. O STF entendeu que o membro do MP agiu corretamente e que não há
qualquer nulidade neste caso. É possível o aditamento da denúncia a qualquer tempo antes da sentença final,
garantidos o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório, especialmente quando a inicial ainda não
tenha sido sequer recebida originariamente pelo juízo competente, como ocorreu no caso concreto. O
membro do MP possui total liberdade na formação de seu convencimento (opinio delicti). Assim, a sua
atuação não pode ser restringida ou ficar vinculada às conclusões jurídicas que o outro membro do MP
chegou, mesmo que este atue em uma instância superior. Em outras palavras, o Promotor de Justiça que
passou a ter atribuição para atuar no caso não está vinculado às conclusões do Procurador-Geral de Justiça
que estava anteriormente funcionando no processo. Desse modo, é irrelevante que outros membros do
Ministério Público com atribuição para atuar em instância superior, em virtude da análise dos mesmos fatos,
tenham, anteriormente, oferecido denúncia de diferente teor em face do réu, uma vez que, conforme ficou
reconhecido pelo STJ e pelo TJDFT, a competência para o processo criminal era da 1ª instância, de forma que o
promotor natural do caso era o Promotor de Justiça que atua na 1ª instância. Portanto, o fato de o promotor
natural — aquele com atribuição para atuar na 1ª instância — não se encontrar tecnicamente subordinado e
apresentar entendimento jurídico diverso, afasta qualquer alegação de nulidade decorrente de alteração do
teor da peça acusatória oferecida contra o réu Paulo. STF. 1ª Turma. HC 137637/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado
em 6/3/2018 (Info 893). #ATENÇÃO #MP
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA
COMPETÊNCIA
Compete à JUSTIÇA ESTADUAL a execução de medida de segurança imposta a militar licenciado. STJ.
3ª Seção. CC 149.442-RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 09/05/2018 (Info 626).
Compete à Justiça Federal o processamento e o julgamento da ação penal que versa sobre crime
praticado no exterior, o qual tenha sido transferido para a jurisdição brasileira, por negativa de extradição,
aplicável o art. 109, IV, da CF/88. STJ. 3ª Seção. CC 154.656-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
25/04/2018 (Info 625).
Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes de violação de direito autoral e contra a lei
de software decorrentes do compartilhamento ilícito de sinal de TV por assinatura, via satélite ou cabo, por
meio de serviços de card sharing. STJ. 3ª Seção. CC 150.629-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
22/02/2018 (Info 620).
A doação eleitoral por meio de “caixa 2” é uma conduta que configura crime eleitoral de falsidade
ideológica (art. 350 do Código Eleitoral). A competência para processar e julgar este delito é da Justiça
Eleitoral. A existência de crimes conexos de competência da Justiça Comum, como corrupção passiva e
lavagem de capitais, não afasta a competência da Justiça Eleitoral, por força do art. 35, II, do CE e do art. 78,
IV, do CPP. STF. 2ª Turma. PET 7319/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 27/3/2018 (Info 895).
Se, após a interposição de recurso especial contra a condenação criminal, o réu foi diplomado
Deputado Federal, a competência para julgar este recurso passa a ser do STF. STF. 1ª Turma. RE 696533/SC,
Rel. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 6/2/2018 (Info 890).
Compete à Justiça Federal a condução do inquérito que investiga o cometimento do delito previsto no
art. 334, § 1º, IV, do Código Penal, na hipótese de venda de mercadoria estrangeira, permitida pela ANVISA,
desacompanhada de nota fiscal e sem comprovação de pagamento de imposto de importação. STJ. Plenário.
CC 159.680-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 08/08/2018 (Info 631). Compete à Justiça
Federal o julgamento dos crimes de contrabando e de descaminho, ainda que inexistentes indícios de
transnacionalidade na conduta. STJ. 3ª Seção. CC 160.748-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
26/09/2018 (Info 635). #IMPORTANTE
COLABORAÇÃO PREMIADA
COLABORAÇÃO PREMIADA:
Imagine que um indivíduo que não tem foro por prerrogativa de função queira fazer um acordo de
colaboração premiada. Ele diz o seguinte: quero delatar o Governador, ou seja, desejo revelar crimes que o
Governador atual cometeu no exercício do cargo e que estejam com ele relacionados. Esse acordo pode ser
homologado pelo juízo de 1ª instância?
• O STJ decidiu que sim. O acordo pode ser celebrado pelo Ministério Público de 1ª instância e homologado
pelo juízo de 1ª instância. Após a homologação, remete-se a investigação para o Tribunal competente (no
caso, o STJ, por força do art. 105, I, “a”).
• Para o STF: NÃO. Se a delação do colaborador mencionar autoridade com prerrogativa de foro (ex:
Governador), este acordo deve ser celebrado pelo Ministério Público respectivo (PGR), com homologação pelo
Tribunal competente (STJ). #IMPORTANTE
DENÚNCIA:
No momento da denúncia, prevalece o princípio do in dubio pro societate. STF. 1ª Turma. Inq
4506/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/04/2018 (Info 898).
O STF, ao julgar habeas corpus impetrado pelo ex-Presidente Lula, decidiu manter o seu entendimento
e reafirmar que é possível a execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau recursal,
ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário. A execução provisória da pena não ofende o princípio
constitucional da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF/88). STF. Plenário.HC 152752/PR, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 4/4/2018 (Info 896).
EMENDATIO LIBELLI
O réu foi condenado a 4 anos de reclusão pela prática do crime previsto no art. 4º, caput, da Lei nº
7.492/86. O Tribunal, em recurso exclusivo da defesa, reclassificou a conduta para os art. 16 e 22, parágrafo
único, da Lei nº 7.492/86, mantendo, contudo, a pena em 4 anos de reclusão. Não há qualquer nulidade no
acórdão do Tribunal. Houve, no presente caso, Emendatio libelli. É possível a realização de Emendatio libelli
em segunda instância no julgamento de recurso exclusivo da defesa, desde que não gere reformatio in pejus,
nos termos do art. 617 do CPP. Como a pena foi mantida pelo Tribunal, não houve prejuízo ao réu. STF. 2ª
Turma. HC 134.872/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 27/3/2018 (Info 895).
EXECUÇÃO PENAL
Não se admite a remição ficta da pena. Embora o Estado tenha o dever de prover trabalho aos
internos que desejem laborar, reconhecer a remição ficta da pena, nesse caso, faria com que todas as pessoas
do sistema prisional obtivessem o benefício, fato que causaria substancial mudança na política pública do
sistema carcerário, além de invadir a esfera do Poder Executivo. O instituto da remição exige,
necessariamente, a prática de atividade laboral ou educacional. Trata-se de reconhecimento pelo Estado do
direito à diminuição da pena em virtude de trabalho efetuado pelo detento. Não sendo realizado trabalho,
estudo ou leitura, não há que se falar em direito à remição. STF. 1ª Turma. HC 124520/RO, rel. Min. Marco
Aurélio, red. p/ ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/5/2018 (Info 904). STJ. 5ª Turma. HC 421.425/MG,
Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 27/02/2018. STJ. 6ª Turma. HC 425.155/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado
em 06/03/2018.
A alteração da data-base para concessão de novos benefícios executórios, em razão da unificação das
penas, não encontra respaldo legal. Assim, não se pode desconsiderar o período de cumprimento de pena
desde a última prisão ou desde a última infração disciplinar, seja por delito ocorrido antes do início da
execução da pena, seja por crime praticado depois e já apontado como falta disciplinar grave. Se isso for
desconsiderado, haverá excesso de execução. STJ. 3ª Seção. REsp 1.557.461-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 22/02/2018 (Info 621).
O art. 75 do Código Penal prevê que o tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não
pode ser superior a 30 anos. Isso significa que, se o réu for condenado a uma pena de 100 anos de reclusão o
limite máximo de cumprimento da pena será 30 anos. Vale ressaltar, no entanto que, no cálculo dos benefícios
da execução penal, deverá ser considerada a pena total aplicada. Assim, ao se calcular o requisito objetivo da
progressão de regime o juiz deverá considerar o total da pena imposta (e não o limite do art 75 do CP). Ex: 1/6
de 100 anos (pena total) e não 1/6 de 30 anos. Existe um enunciado que espelha essa conclusão: Súmula 715-
STF: A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art 75 do
Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou
regime mais favorável de execução. STF. 1ª Turma. HC 112182, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão
Min. Roberto Barroso, julgado em 03/04/2018 (Info 896).
É inviável a remoção de apenado para outro Estado com fundamento em suposto tratamento
privilegiado. Apenas razões excepcionalíssimas e devidamente fundamentadas poderiam legitimar essa
medida. STF. 2ª Turma. HC 152.720/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/4/2018 (Info 897).
PROGRESSÃO DE REGIME. Nada impede que o magistrado das execuções criminais, facultativamente,
requisite o exame criminológico e o utilize como fundamento da decisão que julga o pedido de progressão.
STF. 2ª Turma. Rcl 27616 AgR/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 9/10/2018 (Info 919).
As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função
devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados durante
o exercício do cargo e em razão dele. Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser
diplomado como Deputado Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª
instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal. Além disso, mesmo que o crime tenha sido
cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar relação direta com as funções exercidas,
também não haverá foro privilegiado. Foi fixada, portanto, a seguinte tese: O foro por prerrogativa de função
aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções
desempenhadas. Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para
apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada
em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o
motivo. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018 (Info 900).
#IMPORTANTE
Se uma pessoa sem foro por prerrogativa está sendo interceptada por decisão do juiz de 1ª instância e
ela liga para uma autoridade com foro (ex: Promotor de Justiça), a gravação desta conversa não é ilícita. Isso
porque se trata de encontro fortuito de provas (encontro fortuito de crimes), também chamado de
serendipidade ou crime achado. Se após essa ligação, o Delegado ainda demora três dias para comunicar o
fato às autoridades competentes para apurara a conduta do Promotor, este tempo não é considerado
excessivo, tendo em vista a dinâmica que envolve as interceptações telefônicas. Assim, o STF decidiu que a
prerrogativa de foro de membro do Ministério Público é preservada quando a possível participação deste em
conduta criminosa é comunicada com celeridade ao Procurador-Geral de Justiça. Tais gravações, por serem
lícitas, podem servir como fundamento para que o CNMP aplique sanção de aposentadoria compulsória a este
Promotor. STF. 1ª Turma. MS 34751/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/8/2018 (Info 911).
As hipóteses de foro por prerrogativa de função perante o STJ restringem-se àquelas em que o crime
for praticado em razão e durante o exercício do cargo ou função. STJ. Corte Especial. AgRg na APn 866-DF, Rel.
Min. Luís Felipe Salomão, julgado em 20/06/2018 (Info 630)
HABEAS CORPUS
A competência para julgar determinados habeas corpus é de uma das duas Turmas do STF (e não do
Plenário). Ex.: HC contra decisão do STJ, em regra, é de competência de uma das Turmas do STF. O Ministro
Relator do HC no STF, em vez de submetê-lo à Turma, pode levá-lo para ser julgado pelo Plenário? SIM. Essa
possibilidade encontra-se prevista no art. 6º, II, “c” e no art. 21, XI, do RI/STF. Para fazer isso, o Relator precisa
fundamentar essa remessa? É necessário que o Relator apresente uma justificativa para que o caso seja levado
ao Plenário? NÃO. É possível a remessa de habeas corpus ao Plenário do STF, pelo relator, de forma
discricionária, com fundamento no art. 6º, II, “c” e no art. 21, XI, do RI/STF. STF. Plenário. HC 143333/PR, Rel.
Min. Edson Fachin, julgado em 11 e 12/4/2018 (Info 897).
O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza criminal
diversas da prisão. STF. 2ª Turma. HC 147426/AP e HC 147303/AP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em
18/12/2017 (Info 888). #IIMPORTANTE
O STF admitiu a possibilidade de habeas corpus coletivo. O habeas corpus se presta a salvaguardar a
liberdade. Assim, se o bem jurídico ofendido é o direito de ir e vir, quer pessoal, quer de um grupo
determinado de pessoas, o instrumento processual para resgatá-lo é o habeas corpus, individual ou coletivo. A
ideia de admitir a existência de habeas corpus coletivo está de acordo com a tradição jurídica nacional de
conferir a maior amplitude possível ao remédio heroico (doutrina brasileira do habeas corpus). Apesar de não
haver uma previsão expressa no ordenamento jurídico, existem dois dispositivos legais que, indiretamente,
revelam a possibilidade de habeas corpus coletivo. Trata-se do art. 654, § 2º e do art. 580, ambos do CPP. O
art. 654, § 2º estabelece que compete aos juízes e tribunais expedir ordem de habeas corpus de ofício. O art.
580 do CPP, por sua vez, permite que a ordem concedida em determinado habeas corpus seja estendida para
todos que se encontram na mesma situação. Assim, conclui-se que os juízes ou Tribunais podem estender para
todos que se encontrem na mesma situação a ordem de habeas corpus concedida individualmente em favor
de uma pessoa. Existem mais de 100 milhões de processos no Poder Judiciário, a cargo de pouco mais de 16
mil juízes, exigindo do STF que prestigie remédios processuais de natureza coletiva com o objetivo de
emprestar a máxima eficácia ao mandamento constitucional da razoável duração do processo e ao princípio
universal da efetividade da prestação jurisdicional. Diante da inexistência de regramento legal, o STF entendeu
que se deve aplicar, por analogia, o art. 12 da Lei nº 13.300/2016, que trata sobre os legitimados para propor
mandado de injunção coletivo. Assim, possuem legitimidade para impetrar habeas corpus coletivo: 1) o
Ministério Público; 2) o partido político com representação no Congresso Nacional; 3) a organização sindical,
entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano; 4) a
Defensoria Pública. STF. 2ª Turma. HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info
891) #IMPORTANTE
É cabível habeas corpus contra decisão judicial transitada em julgado? 1ª) SIM. Foi o que decidiu a 2ª
Turma no RHC 146327/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/2/2018 (Info 892). 2ª) NÃO. É a posição
majoritária no STF e no STJ. Vale ressaltar que se houver alguma ilegalidade flagrante, o Tribunal poderá
conceder a ordem de ofício. STF. 2ª Turma. RHC 146327/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/2/2018
(Info 892).
Não se admite agravo regimental contra decisão do Ministro Relator que, motivadamente, defere ou
indefere liminar em habeas corpus. STF. 2ª Turma. HC 157.604/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
4/9/2018 (Info 914).
INGRESSO EM DOMICÍLIO
A existência de denúncias anônimas somada à fuga do acusado, por si sós, não configuram fundadas
razões a autorizar o ingresso policial no domicílio do acusado sem o seu consentimento ou determinação
judicial. STJ. 6ª Turma. RHC 83.501-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/03/2018 (Info 623).
INQUÉRITO POLICIAL
O STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando verificar que, mesmo após terem sido feitas
diligências de investigação e terem sido descumpridos os prazos para a instrução do inquérito, não foram
reunidos indícios mínimos de autoria ou materialidade (art. 231, § 4º, “e”, do RISTF). A pendência de
investigação, por prazo irrazoável, sem amparo em suspeita contundente, ofende o direito à razoável duração
do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF/88) e a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88). Caso concreto:
tramitava, no STF, um inquérito para apurar suposto delito praticado por Deputado Federal. O Ministro
Relator já havia autorizado a realização de diversas diligências investigatórias, além de ter aceitado a
prorrogação do prazo de conclusão das investigações. Apesar disso, não foram reunidos indícios mínimos de
autoria e materialidade. Com o fim do foro por prerrogativa de função para este Deputado, a PGR requereu a
remessa dos autos à 1ª instância. O STF, contudo, negou o pedido e arquivou o inquérito, de ofício, alegando
que já foram tentadas diversas diligências investigatórias e, mesmo assim, sem êxito. Logo, a declinação de
competência para a 1ª instância a fim de que lá sejam continuadas as investigações seria uma medida fadada
ao insucesso e representaria apenas protelar o inevitável. STF. 2ª Turma. Inq 4420/DF, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 21/8/2018 (Info 912). No mesmo sentido: STF. Decisão monocrática. INQ 4.442, Rel. Min.
Roberto Barroso, Dje 12/06/2018.
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
SURSIS. De acordo com o art. 89 da Lei nº 9.099/95, a suspensão condicional do processo é instituto
de política criminal, benéfico ao acusado, que visa a evitar a sua sujeição a um processo penal, cujos requisitos
encontram-se expressamente previstos na norma em questão. É constitucional a norma do art. 89 da Lei nº
9.099/95, que estabelece os requisitos para a concessão do benefício da suspensão condicional do processo,
entre eles o de não responder o acusado por outros delitos. Assim, a existência de ações penais em curso
contra o denunciado impede a concessão do sursis processual por força do art. 89 da Lei nº 9.099/95. STF. 1ª
Turma. AP 968/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/5/2018 (Info 903). STF. 2ª Turma. RHC 133945 AgR, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/06/2016.
PROCEDIMENTO
A nomeação judicial de Núcleo de Prática Jurídica para patrocinar a defesa de réu dispensa a juntada
de procuração. STJ. 3ª Seção. EAREsp 798.496-DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 11/04/2018 (Info 624).
PROVAS
Não há ilegalidade na perícia de aparelho de telefonia celular pela polícia, sem prévia autorização
judicial, na hipótese em que seu proprietário - a vítima - foi morto, tendo o referido telefone sido entregue à
autoridade policial por sua esposa. STJ. 6ª Turma. RHC 86.076-MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 19/10/2017 (Info 617). Cuidado para não confundir: Sem prévia
autorização judicial, são nulas as provas obtidas pela polícia por meio da extração de dados e de conversas
registradas no Whatsapp presentes no celular do suposto autor de fato delituoso, ainda que o aparelho tenha
sido apreendido no momento da prisão em flagrante. STJ. 5ª Turma. RHC 67.379-RN, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
julgado em 20/10/2016 (Info 593). STJ. 6ª Turma. RHC 51.531-RO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
19/4/2016 (Info 583). #IMPORTANTE
Na fase de defesa prévia, o réu arrolou uma série de testemunhas, mas o juiz negou a oitiva afirmando
que o requerimento seria protelatório, haja vista que as testemunhas não teriam, em tese, vinculação com os
fatos criminosos imputados. O STF entendeu que houve constrangimento ilegal. O direito à prova é expressão
de uma inderrogável prerrogativa jurídica, que não pode ser, arbitrariamente, negada ao réu. O princípio do
livre convencimento motivado (art. 400, § 1º, do CPP) faculta ao juiz o indeferimento das provas consideradas
irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. No entanto, no caso concreto houve o indeferimento de todas as
testemunhas de defesa. Dessa forma, houve ofensa ao devido processo legal, visto que frustrou a
possibilidade de o acusado produzir as provas que reputava necessárias à demonstração de suas alegações.
STF. 2ª Turma. HC 155363/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/5/2018 (Info 891).
Os dados do contribuinte que a Receita Federal obteve das instituições bancárias mediante requisição
direta (sem intervenção do Poder Judiciário, com base nos arts. 5º e 6º da LC 105/2001), podem ser
compartilhados, também sem autorização judicial, com o Ministério Público, para serem utilizados como prova
emprestada no processo penal. Isso porque o STF decidiu que são constitucionais os arts. 5º e 6º da LC
105/2001, que permitem o acesso direto da Receita Federal à movimentação financeira dos contribuintes
(RE 601314/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 24/2/2016. Info 815). Este entendimento do STF deve ser
estendido também para a esfera criminal. Assim, é possível a utilização de dados obtidos pela Secretaria da
Receita Federal, em regular procedimento administrativo fiscal, para fins de instrução processual penal. STF.
1ª Turma. RE 1043002 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 01/12/2017. STF. 2ª Turma. RHC
121429/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/4/2016 (Info 822). STJ. 6ª Turma. HC 422.473-SP, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 20/03/2018 (Info 623). #IMPORTANTE
O CPP, ao tratar sobre a condução coercitiva, prevê o seguinte: Art. 260. Se o acusado não atender à
intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado,
a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. O STF declarou que a expressão “para o
interrogatório”, prevista no art. 260 do CPP, não foi recepcionada pela Constituição Federal. Assim, caso seja
determinada a condução coercitiva de investigados ou de réus para interrogatório, tal conduta poderá ensejar:
• a responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade • a ilicitude das provas obtidas • a
responsabilidade civil do Estado. Modulação dos efeitos: o STF afirmou que o entendimento acima não
desconstitui (não invalida) os interrogatórios que foram realizados até a data do julgamento, ainda que os
interrogados tenham sido coercitivamente conduzidos para o referido ato processual. STF. Plenário. ADPF
395/DF e ADPF 444/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 13 e 14/6/2018 (Info 906).
Paulo Bernardo era investigado e o juiz de 1º grau determinou, contra ele, busca e apreensão. Ocorre
que Paulo Bernardo residia com a sua esposa, a Senadora Gleisi Hoffmann, em um imóvel funcional cedido
pelo Senado. Desse modo, a busca e apreensão foi realizada neste imóvel funcional. O STF entendeu que esta
prova foi ilícita (art. 5º, LVI, da CF/88) e determinou a sua inutilização e o desentranhamento dos autos de
todas as provas obtidas por meio da referida diligência. O Supremo entendeu que a ordem judicial de busca e
apreensão foi ampla e vaga, sem prévia individualização dos bens que seriam de titularidade da Senadora e
daqueles que pertenciam ao seu marido. Diante disso, o STF entendeu que o juiz, ao dar essa ordem genérica,
acabou por também determinar medida de investigação contra a própria Senadora. Logo, como ela tinha foro
por prerrogativa de função no STF (art. 102, I, “b”, da CF/88), somente o Supremo poderia ter ordenado
qualquer medida de investigação contra a parlamentar federal. Isso significa que o juiz de 1ª instância usurpou
uma competência que era do STF. Reconheceu, por conseguinte, a ilicitude da prova obtida (art. 5º, LVI, da
CF/88) e de outras diretamente dela derivadas. STF. 2ª Turma. Rcl 24473/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
26/6/2018 (Info 908).
SERENDIPIDADE. Se uma pessoa sem foro por prerrogativa está sendo interceptada por decisão do
juiz de 1ª instância e ela liga para uma autoridade com foro (ex: Promotor de Justiça), a gravação desta
conversa não é ilícita. Isso porque se trata de encontro fortuito de provas (encontro fortuito de crimes),
também chamado de serendipidade ou crime achado. Se após essa ligação, o Delegado ainda demora três dias
para comunicar o fato às autoridades competentes para apurara a conduta do Promotor, este tempo não é
considerado excessivo, tendo em vista a dinâmica que envolve as interceptações telefônicas. Assim, o STF
decidiu que a prerrogativa de foro de membro do Ministério Público é preservada quando a possível
participação deste em conduta criminosa é comunicada com celeridade ao Procurador-Geral de Justiça. Tais
gravações, por serem lícitas, podem servir como fundamento para que o CNMP aplique sanção de
aposentadoria compulsória a este Promotor. STF. 1ª Turma. MS 34751/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado
em 14/8/2018 (Info 911).
INTERROGATÓRIO. Nos processos criminais que tramitam perante o STF e o STJ, cujo procedimento é
regido pela Lei nº 8.038/90, o interrogatório também é o último ato de instrução. Apesar de não ter havido
uma alteração específica do art. 7º da Lei 8.038/90, com base no CPP, entende-se que o interrogatório é um
ato de defesa, mais bem exercido depois de toda a instrução, porque há possibilidade do contraditório mais
amplo. Assim, primeiro devem ser ouvidas todas as testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa para,
só então, ser realizado o interrogatório. STF. 1ª Turma. AP 1027/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Luís Roberto Barroso, julgado em 2/10/2018 (Info 918).
PRISÃO
O STF reconheceu a existência de inúmeras mulheres grávidas e mães de crianças que estavam
cumprindo prisão preventiva em situação degradante, privadas de cuidados médicos pré- natais e pós-parto.
Além disso, não havia berçários e creches para seus filhos. Também se reconheceu a existência, no Poder
Judiciário, de uma “cultura do encarceramento”, que significa a imposição exagerada e irrazoável de prisões
provisórias a mulheres pobres e vulneráveis, em decorrência de excessos na interpretação e aplicação da lei
penal e processual penal, mesmo diante da existência de outras soluções, de caráter humanitário, abrigadas
no ordenamento jurídico vigente. A Corte admitiu que o Estado brasileiro não tem condições de garantir
cuidados mínimos relativos à maternidade, até mesmo às mulheres que não estão em situação prisional.
Diversos documentos internacionais preveem que devem ser adotadas alternativas penais ao encarceramento,
principalmente para as hipóteses em que ainda não haja decisão condenatória transitada em julgado. É o caso,
por exemplo, das Regras de Bangkok. Os cuidados com a mulher presa não se direcionam apenas a ela, mas
igualmente aos seus filhos, os quais sofrem injustamente as consequências da prisão, em flagrante
contrariedade ao art. 227 da Constituição, cujo teor determina que se dê prioridade absoluta à concretização
dos direitos das crianças e adolescentes. Diante da existência desse quadro, deve-se dar estrito cumprimento
do Estatuto da Primeira Infância (Lei 13.257/2016), em especial da nova redação por ele conferida ao art. 318,
IV e V, do CPP, que prevê: Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o
agente for: IV - gestante; V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; Os critérios para a
substituição de que tratam esses incisos devem ser os seguintes: REGRA. Em regra, deve ser concedida prisão
domiciliar para todas as mulheres presas que sejam - gestantes - puérperas (que deram à luz há pouco tempo)
- mães de crianças (isto é, mães de menores até 12 anos incompletos) ou - mães de pessoas com deficiência.
EXCEÇÕES: Não deve ser autorizada a prisão domiciliar se: 1) a mulher tiver praticado crime mediante
violência ou grave ameaça; 2) a mulher tiver praticado crime contra seus descendentes (filhos e/ou netos); 3)
em outras situações excepcionalíssimas, as quais deverão ser devidamente fundamentadas pelos juízes que
denegarem o benefício. Obs1: o raciocínio acima explicado vale também para adolescentes que tenham
praticado atos infracionais. Obs2: a regra e as exceções acima explicadas também valem para a reincidente. O
simples fato de que a mulher ser reincidente não faz com que ela perca o direito à prisão domiciliar. STF. 2ª
Turma. HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info 891). #IMPORTANTE
PRISÃO DOMICILIAR. O art. 318, II, do CPP é chamado de prisão domiciliar humanitária. Em um caso
concreto, o STF entendeu que deveria conceder prisão humanitária ao réu tendo em vista o alto risco de
saúde, a grande possibilidade de desenvolver infecções no cárcere e a impossibilidade de tratamento médico
adequado na unidade prisional ou em estabelecimento hospitalar — tudo demostrado satisfatoriamente no
laudo pericial. Considerou-se que a concessão da medida era necessária para preservar a integridade física e
moral do paciente, em respeito à dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF). STF. 2ª Turma. HC
153961/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 27/3/2018 (Info 895).
PRISÃO DOMICILIAR. Não é cabível a substituição da prisão preventiva pela domiciliar quando o crime
é praticado na própria residência da agente, onde convive com filhos menores de 12 anos. STJ. 5ª Turma. HC
457.507/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 20/09/2018. STJ. 6ª Turma. HC 441.781-SC, Rel.
Min. Nefi Cordeiro, julgado em 12/06/2018 (Info 629).
PRISÃO PREVENTIVA. Para a decretação da prisão preventiva, o art 312 do CPP exige a prova da
existência do crime O decreto prisional é, portanto, ilegal se descreve a conduta do paciente de forma
genérica e imprecisa e não deixa claro, em nenhum momento, os delitos a ele imputáveis e que justificariam a
prisão preventiva A liberdade de um indivíduo suspeito da prática de infração penal somente pode sofrer
restrições se houver decisão judicial devidamente fundamentada, amparada em fatos concretos e não apenas
em hipóteses ou conjecturas, na gravidade do crime ou em razão de seu caráter hediondo O juiz pode dispor
de outras medidas cautelares de natureza pessoal, diversas da prisão e deve escolher aquela mais ajustada às
peculiaridades da espécie de modo a tutelar o meio social, mas também dar, mesmo que cautelarmente,
resposta justa e proporcional ao mal supostamente causado pelo acusado. No caso concreto o STF entendeu
que o perigo que a liberdade do paciente representaria à ordem pública ou à aplicação da lei penal poderia ser
mitigado por medidas cautelares menos gravosas do que a prisão. Além disso os fatos imputados ao paciente
ocorreram há alguns anos (2011 a 2014 não havendo razão para, agora (2018), ser decretada a prisão
preventiva. Diante disso o STF substituiu a prisão preventiva pelas medidas cautelares diversas de: a)
comparecimento periódico em juízo; b) proibição de manter contato com os demais investigados; c) entrega
do passaporte e proibição de deixar o País sem autorização do juízo. STF. 2ª Turma. HC 157.604/RJ, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 4/9/2018 (Info 914).
PRISÃO PREVENTIVA. Deve ser concedida a liberdade provisória a réu primário preso
preventivamente sob a imputação de tráfico de drogas por ter sido encontrado com 887,89 gramas de
maconha e R$ 1.730,00. O STF considerou genéricas as razões da segregação cautelar do réu. Além disso,
reconheceu como de pouca nocividade a substância entorpecente apreendida (maconha). Reputou que a
prisão de jovens pelo tráfico de pequena quantidade de maconha é mais gravosa do que a eventual
permanência em liberdade, pois serão fatalmente cooptados ou contaminados por uma criminalidade mais
grave ao ingressarem no ambiente carcerário. STF. 1ª Turma. HC 140379/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o
ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 23/10/2018 (Info 921).
MEDIDAS CAUTELARES
A cautelar fixada de proibição para que agente diplomático acusado de homicídio se ausente do país
sem autorização judicial não é adequada na hipótese em que o Estado de origem do réu tenha renunciado à
imunidade de jurisdição cognitiva, mas mantenha a competência para o cumprimento de eventual pena
criminal a ele imposta. STJ. 6ª Turma. RHC 87.825-ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 05/12/2017 (Info
618).
NULIDADES
A condução do interrogatório do réu de forma firme e até um tanto rude durante o júri não importa,
necessariamente, em quebra da imparcialidade do magistrado e em influência negativa nos jurados. STJ. 6ª
Turma. HC 410.161-PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 17/04/2018 (Info 625).
O CPP, ao tratar sobre a condução coercitiva, prevê o seguinte: Art. 260. Se o acusado não atender à
intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado,
a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. O STF declarou que a expressão “para o
interrogatório”, prevista no art. 260 do CPP, não foi recepcionada pela Constituição Federal. Assim, caso seja
determinada a condução coercitiva de investigados ou de réus para interrogatório, tal conduta poderá ensejar:
• a responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade • a ilicitude das provas obtidas • a
responsabilidade civil do Estado. Modulação dos efeitos: o STF afirmou que o entendimento acima não
desconstitui (não invalida) os interrogatórios que foram realizados até a data do julgamento, ainda que os
interrogados tenham sido coercitivamente conduzidos para o referido ato processual. STF. Plenário. ADPF
395/DF e ADPF 444/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 13 e 14/6/2018 (Info 906).
Não há nulidade se o réu possui mais de um advogado constituído nos autos e a intimação para a sessão
de julgamento ocorre em nome de apenas um dos causídicos que, no entanto, já havia falecido, mas cuja
morte não tinha sido comunicada ao Tribunal. Vale ressaltar que, neste caso, não havia pedido da defesa para
que todos os advogados fossem intimados ou para que constasse o nome de um causídico em específico nas
publicações. Assim, estando o réu representado por mais de um advogado, basta, em regra, que a intimação
seja realizada em nome de um deles para a validade dos atos processuais, salvo quando houver requerimento
expresso para que as publicações sejam feitas de forma diversa. STJ. 5ª Turma. HC 270.534/SC, Rel. Min.
Ribeiro Dantas, julgado em 07/03/2017. STF. 1ª Turma. HC 138097/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.
Min. Roberto Barroso, julgado em 23/10/2018 (Info 921). Cumpre esclarecer, no entanto, que, se, no processo
estivesse atuando apenas um advogado, neste caso, haveria nulidade: A intimação do julgamento da apelação
em nome do advogado falecido do réu, único causídico constituído nos autos, configura cerceamento de
defesa apto a ensejar a nulidade absoluta, já que impossibilitou a interposição de recurso pela defesa. STJ. 5ª
Turma. HC 307.461/CE, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 14/08/2018. STJ. 6ª Turma. HC 301.274/CE,
Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 23/10/2018.
TRIBUNAL DO JÚRI
A defesa sustentava a nulidade absoluta do processo, em razão da ausência das alegações finais por
abandono da causa pelo advogado. Sustentava, também a violação ao devido processo legal, diante da
modificação da tese acusatória em plenário, sem que tivesse sido oportunizado o exercício do contraditório. O
STF entendeu não ter ocorrido nulidade processual, tendo em vista que, na audiência de instrução a defesa
técnica postulou a impronúncia. Além disso, afirmou haver correlação entre o que foi arguido pelo Estado-
acusador em plenário e a pronúncia. STF. 1ª Turma. HC 129.263/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
15/5/2018 (Info 902).
Diante das peculiaridades do Tribunal do Júri, o fato de ter havido sustentação oral em plenário por
tempo reduzido não caracteriza, necessariamente, a deficiência de defesa técnica. STJ. 6ª Turma. HC 365.008-
PB, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 17/04/2018 (Info 627).
Obs: existe decisão reconhecendo a ocorrência de nulidade pelo simples fato de a sustentação oral ter sido
feita em poucos minutos: STJ. 6ª Turma. HC 234.758-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
19/6/2012. No entanto, entendo que a posição majoritária é no sentido que isso não conduz,
obrigatoriamente, à nulidade, conforme decidido no HC 365.008-PB.
Deve ser declarado nulo o júri em que membro do conselho de sentença afirma a existência de crime
em plena fala da acusação. Caso concreto: durante os debates no Plenário do Tribunal do Júri, o Promotor de
Justiça estava em pé na frente dos jurados apresentando seus argumentos. Em determinado momento, o
Promotor fez uma pergunta retórica: “aí, então, senhores jurados, eu pergunto a Vossas Excelências: qual foi a
conduta que o réu aqui presente praticou?” Uma das juradas acabou “soltando” a seguinte resposta: “é um
crime”. O juiz presidente do Júri imediatamente a advertiu dizendo: por favor, a senhora não pode se
manifestar. O advogado, contudo, na mesma hora requereu ao magistrado que consignasse este fato na ata de
julgamento. O juiz decidiu que não houve quebra da incomunicabilidade e seguiu com o julgamento. O réu foi
condenado e a defesa recorreu alegando, entre outros argumentos, que houve nulidade do julgamento por
quebra da incomunicabilidade dos jurados. O STJ anulou o júri. STJ. 6ª Turma. HC 436.241-SP, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em 19/06/2018 (Info 630). #IMPORTANTE
O prazo para interposição de agravo regimental no STF, em processos criminais, é de 5 dias corridos
(não são dias úteis, como no CPC). O MP e a Defensoria Pública possuem prazo em dobro para interpor esse
agravo? • MP: NÃO. Em matéria penal, o Ministério Público não goza da prerrogativa da contagem dos prazos
recursais em dobro. Logo, o prazo para interposição de agravo pelo Estado-acusador em processo criminal é
de 5 dias. • Defensoria Pública: SIM. Mesmo em matéria penal, são contados em dobro todos os prazos da
Defensoria Pública. Logo, o prazo para a Defensoria Pública interpor agravo regimental é de 10 dias. STF. 1ª
Turma. HC 120275/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/5/2018 (Info 902).
Cabem embargos infringentes para o Plenário do STF contra decisão condenatória proferida em sede
de ação penal de competência originária das Turmas do STF. O requisito de cabimento desse recurso é a
existência de dois votos minoritários absolutórios em sentido próprio. Voto absolutório em sentido próprio:
significa que o Ministro deve ter expressado juízo de improcedência da pretensão executória. STF. Plenário. AP
863 EI-AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 18 e 19/4/2018; HC 152707/DF, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 18 e 19/4/2018 (Info 898).
EMBARGOS INFRINGENTES. Em regra, cabem embargos infringentes para o Plenário do STF contra
decisão condenatória proferida pelas Turmas do STF, desde que 2 Ministros tenham votado pela absolvição.
Neste caso, o placar terá sido 3 x 2, ou seja, 3 Ministros votaram para condenar e 2 votaram para absolver.
Excepcionalmente, se a Turma, ao condenar o réu, estiver com quórum incompleto, será possível aceitar o
cabimento dos embargos infringentes mesmo que tenha havido apenas 1 voto absolutório. Isso porque o réu
não pode ser prejudicado pela ausência do quórum completo. STF. Plenário. AP 929 ED-2º julg-EI/AL, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 17/10/2018 (Info 920). #IMPORTANTE
5 – CIVIL
BENS
O bem de família é IMPENHORÁVEL quando for dado em garantia real de dívida por um dos
sócios da pessoa jurídica, cabendo ao credor o ônus da prova de que o proveito se reverteu à entidade familiar
O bem de família é PENHORÁVEL quando os únicos sócios da empresa devedora são os titulares do imóvel
hipotecado, sendo ônus dos proprietários a demonstração de que não se beneficiaram dos valores auferidos.
Assim é possível a penhora de bem de família dado em garantia hipotecária pelo casal quando os cônjuges
forem os únicos sócios da pessoa jurídica devedora. STJ. 2ª Seção. EAREsp 848498-PR, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 25/04/2018 (Info 627).
Em ação possessória entre particulares é cabível o oferecimento de oposição pelo ente público,
alegando-se incidentalmente o domínio de bem imóvel como meio de demonstração da posse. STJ. Corte
Especial. EREsp 1.134.446-MT, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 21/03/2018 (Info 623) #IMPORTANTE
A ação de cobrança de débitos condominiais pode ser proposta contra o arrendatário do imóvel. STJ.
3ª Turma. REsp 1.704.498-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 17/04/2018 (Info 624).
Ao propor uma ação de usucapião, o autor deverá requerer a citação dos confinantes, ou seja, dos
vizinhos que fazem fronteira com o imóvel que ele almeja. E o que acontece caso não haja a citação dos
confinantes? Haverá nulidade absoluta do processo? Não. Apesar de amplamente recomendável, a falta de
citação dos confinantes não acarretará, por si, ou seja, obrigatoriamente, a nulidade da sentença que declara a
usucapião. Não há que se falar em nulidade absoluta, no caso. A ausência de citação dos confinantes e
respectivos cônjuges na ação de usucapião é considerada hipótese de nulidade relativa, somente gerando a
nulidade do processo caso se constate o efetivo prejuízo. STJ. 4ª Turma. REsp 1.432.579-MG, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 24/10/2017 (Info 616). #IMPORTANTE
USUCAPIÃO. É possível o reconhecimento da usucapião quando o prazo exigido por lei se complete no
curso do processo judicial, conforme a previsão do art. 493, do CPC/2015, ainda que o réu tenha apresentado
contestação. Em março de 2017, João ajuizou ação pedindo o reconhecimento de usucapião especial urbana,
nos termos do art. 1.240 do CC (que exige posse ininterrupta e sem oposição por 5 anos). Em abril de 2017, o
proprietário apresentou contestação pedindo a improcedência da demanda. As testemunhas e as provas
documentais atestaram que João reside no imóvel desde setembro de 2012, ou seja, quando o autor deu
entrada na ação, ainda não havia mais de 5 anos de posse. Em novembro de 2017, os autos foram conclusos
ao juiz para sentença. O magistrado deverá julgar o pedido procedente considerando que o prazo exigido por
lei para a usucapião se completou no curso do processo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.361.226-MG, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, julgado em 05/06/2018 (Info 630). #IMPORTANTE
O credor hipotecário tem interesse de agir para propor ação em face do mutuário visando ao
cumprimento de cláusula contratual que determina a observância dos padrões construtivos do loteamento.
Ex: João celebrou contrato de compra e venda de um imóvel (terreno) em um loteamento. O contrato de
compra e venda foi celebrado entre João e a sociedade empresária Constrói Ltda. Ocorre que neste contrato
de compra e venda havia ainda um pacto adjeto (contrato acessório) de mútuo feneratício com garantia
hipotecária, que foi firmado entre João e a sociedade empresária Habitac Crédito Imobiliário S.A. Por força
deste pacto adjeto, João recebeu da Habitac um empréstimo (mútuo) para adquirir o imóvel e, como garantia
de que iria pagar a dívida, deu o bem em hipoteca. A ideia deste loteamento era a de que todas as casas ali
construídas fossem parecidas e mantivessem uma qualidade mínima. Assim, no contrato havia cláusulas
dizendo os padrões que deveriam ser respeitados no momento da construção (ex: construção toda em
alvenaria, fachada com mármore ou granito etc). João construiu a sua casa no loteamento, mas não respeitou
os padrões previstos no contrato. O estilo da fachada não estava igual ao que determinava o projeto e os
materiais empregados eram de menor qualidade que o exigido. Diante disso, a empresa Habitac Crédito
Imobiliário S.A. ajuizou ação de obrigação de fazer contra João pedindo que ele fosse condenado a reformar a
casa a fim de deixá-la dentro dos padrões previstos no contrato. O STJ afirmou que a credora hipotecária tem
interesse de agir para propor esta ação. Isso porque ela tem interesse jurídico na valorização do bem dado em
garantia. Se o devedor não pagar a dívida, o bem dado em hipoteca será alienado. Logo, o credor hipotecário
tem interesse em que o imóvel seja construído de acordo com os padrões estabelecidos para o loteamento a
fim de que ele se mantenha valioso e, em caso de inadimplemento, possa ser vendido por um bom preço,
pagando a dívida. STJ. 1ª Turma. REsp 1.400.607-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 17/05/2018
(Info 628).
DIREITOS DA PERSONALIDADE
DIREITO DE FAMÍLIA
Os valores recebidos a título de “participação nos lucros e resultados” são incluídos no percentual
que é devido a título de pensão alimentícia? Em suma, toda vez que o devedor receber participação nos lucros
e resultados, o valor da pensão deverá ser, automaticamente, pago a mais? 1ª corrente: NÃO. Os valores
recebidos a título de participação nos lucros e resultados não se incorporam à verba alimentar devida ao
menor. É a posição da 3ª Turma do STJ. REsp 1.465.679-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/11/2017
(Info 615). 2ª corrente: SIM. As parcelas percebidas a título de participação nos lucros configuram
rendimento, devendo integrar a base de cálculo da pensão fixada em percentual, uma vez que o conceito de
rendimentos é amplo, especialmente para fins de cálculo de alimentos. É a corrente adotada pela 4ª Turma do
STJ. AgInt no AREsp 1070204/SE, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 19/09/2017. STJ. 4ª Turma. REsp
1.561.097-RJ, Rel. Min. Lázaro Guimarães (Desembargador convocado do TRF da 5ª Região), Rel. Acd. Min.
Marco Buzzi, julgado em 06/02/2018 (Info 620).
O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar, são usufrutuários dos bens dos filhos
(usufruto legal), bem como têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade, nos termos
do art. 1.689, incisos I e II, do Código Civil. Por essa razão, em regra, não existe o dever de prestar contas
acerca dos valores recebidos pelos pais em nome do menor, durante o exercício do poder familiar. Isso porque
há presunção de que as verbas recebidas tenham sido utilizadas para a manutenção da comunidade familiar,
abrangendo o custeio de alimentação, saúde, vestuário, educação, lazer, entre outros. Excepcionalmente,
admite-se o ajuizamento de ação de prestação de contas pelo filho, sempre que a causa de pedir estiver
fundada na suspeita de abuso de direito no exercício desse poder. Assim, a ação de prestação de contas
ajuizada pelo filho em desfavor dos pais é possível quando a causa de pedir estiver relacionada com suposto
abuso do direito ao usufruto legal e à administração dos bens dos filhos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.623.098-MG,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 13/03/2018 (Info 622)
Se a pessoa inicia uma união estável possuindo mais de 70 anos, o regime patrimonial que irá regular
essa relação é o da separação obrigatória de bens (art. 1.641, II, do CC). Apesar disso, se, durante essa relação,
um dos companheiros ganhar na loteria, o valor do prêmio integra a massa de bens comuns do casal (art.
1.660, II, do CC), de forma que pertence a ambos. Assim, havendo dissolução da união estável, o valor desse
prêmio deverá ser partilhado igualmente entre os consortes. Em suma, o prêmio de loteria, recebido por ex-
companheiro septuagenário durante a relação de união estável, deve ser objeto de meação entre o casal em
caso de dissolução do relacionamento. STJ. 4ª Turma. REsp 1.689.152-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 24/10/2017 (Info 616). #CONCURSOSESTADUAIS #IMPORTANTE
Havendo meios executivos mais adequados e igualmente eficazes para a satisfação da dívida
alimentar dos avós, é admissível a conversão da execução para o rito da penhora e da expropriação, a fim de
afastar o decreto prisional em desfavor dos executados. STJ. 3ª Turma. HC 416.886-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 12/12/2017 (Info 617).
É imprescindível o consentimento de pessoa maior para o reconhecimento de filiação post mortem.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.688.470-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/04/2018 (Info 623)
A coisa julgada material formada em virtude de acordo celebrado por partes maiores e capazes,
versando sobre a partilha de bens imóveis privados e disponíveis e que fora homologado judicialmente por
ocasião de divórcio consensual, não impede que haja um novo acordo sobre o destino dos referidos bens. STJ.
3ª Turma. REsp 1623475-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 17/04/2018 (Info 624).
Em regra, não deverá haver diferença no valor ou no percentual dos alimentos destinados a prole,
pois se presume que, em tese, os filhos - indistintamente - possuem as mesmas demandas vitais, tenham as
mesmas condições dignas de sobrevivência e igual acesso às necessidades mais elementares da pessoa
humana. A igualdade entre os filhos, todavia, não tem natureza absoluta e inflexível, de modo que é
admissível a fixação de alimentos em valor ou percentual distinto entre os filhos se demonstrada a existência
de necessidades diferenciadas entre eles ou, ainda, de capacidades contributivas diferenciadas dos genitores.
Exemplo: João possui dois filhos, com mulheres diferentes. Para o filho 1, paga 20% de seu salário e para o
filho 2, 15%. O STJ admitiu que essas pensões sejam em valores diferentes porque a capacidade financeira da
mãe do filho 2 é muito maior do que a genitora do filho 1. STJ. 3ª Turma. REsp 1.624.050/MG, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 19/06/2018 (Info 628).
ALIMENTOS. A teoria do adimplemento substancial não tem incidência nos vínculos jurídicos
familiares, revelando-se inadequada para solver controvérsias relacionadas a obrigações de natureza
alimentar. STJ. 4ª Turma. HC 439.973-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Antonio Carlos
Ferreira, julgado em 16/08/2018 (Info 632). #IMPORTANTE
DIREITO SUCESSÓRIO
O art. 612 do CPC/2015 prevê o seguinte: Art. 612. O juiz decidirá todas as questões de direito desde
que os fatos relevantes estejam provados por documento, só remetendo para as vias ordinárias as questões
que dependerem de outras provas. A parte, antevendo que o pedido que será formulado não se enquadra na
competência do juízo do inventário, já pode ajuizar a ação autônoma no juízo competente, aplicando-se o art.
612. Assim, é cabível o ajuizamento de ação autônoma perante o juízo cível quando se constatar, desde logo, a
necessidade de dilação probatória incompatível com o rito especial do inventário. STJ. 3ª Turma. REsp
1.480.810-ES, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/03/2018 (Info 622).
Em um caso envolvendo situação antes do CPC/2015, o STJ decidiu que o valor de colação dos
bens doados deverá ser aquele atribuído ao tempo da liberalidade, corrigido monetariamente até a data da
abertura da sucessão. Aplicou-se aqui a regra do art. 2.004 do Código Civil de 2002. STJ. 4ª Turma. REsp
1.166.568-SP, Rel. Min. Lázaro Guimarães (Desembargador convocado do TRF da 5ª Região), julgado em
12/12/2017 (Info 617). O CPC/2015, em seu art. 639, parágrafo único, traz regra diferente do art. 2.004 do
CC/2002 e diz que o valor de colação dos bens deverá ser calculado ao tempo da morte do autor da herança.
Confira: Art. 639. No prazo estabelecido no art. 627, o herdeiro obrigado à colação conferirá por termo nos
autos ou por petição à qual o termo se reportará os bens que recebeu ou, se já não os possuir, trarlhes-á o
valor. Parágrafo único. Os bens a serem conferidos na partilha, assim como as acessões e as benfeitorias que o
donatário fez, calcular-se-ão pelo valor que tiverem ao tempo da abertura da sucessão. Diante disso, não se
pode afirmar que a conclusão do STJ no REsp 1.166.568-SP seria a mesma caso a morte tivesse ocorrido agora,
ou seja, sob a vigência do CPC/2015. Isso porque este diploma é posterior ao CC/2002 e, pelo menos sob o
critério cronológico, teria prevalência em relação ao Código Civil. #POLÊMICA
Tendo sido declinados na petição inicial todos os dados pessoais indispensáveis à correta identificação
dos herdeiros, inclusive os seus respectivos endereços, devem ser eles citados pessoalmente por carta com
aviso de recebimento, vedada a citação por oficial de justiça (porque comprometeria a duração razoável do
processo). STJ. 3ª Turma. REsp 1.584.088-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2018 (Info 626).
O pedido de concessão de prazo para analisar documentos com o fim de verificar a existência de
débito não tem o condão de interromper a prescrição. STJ. 3ª Turma.REsp 1677895-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 06/02/2018 (Info 619).
JUROS. A mera notícia de decisão judicial determinando a indisponibilidade forçada dos bens
do réu, no cerne de outro processo, com objeto e partes distintas, não possui o condão de interromper a
incidência dos juros moratórios. STJ. 3ª Turma. REsp 1.740.260-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 26/06/2018 (Info 629).
DPVAT
Uma associação que tenha fins específicos de proteção ao consumidor não possui legitimidade para
o ajuizamento de ação civil pública com a finalidade de tutelar interesses coletivos de beneficiários do seguro
DPVAT. Isso porque o seguro DPVAT não tem natureza consumerista, faltando, portanto, pertinência temática.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.091.756-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
13/12/2017 (Info 618). #IMPORTANTE
PRESCRIÇÃO:
RESPONSABILIDADE CIVIL
Os danos decorrentes de acidentes de veículos automotores sem vítimas não caracterizam dano moral
in re ipsa. Vale ressaltar que é possível a condenação de danos morais em casos de acidente de trânsito, no
entanto, trata-se de situação excepcional, sendo necessário que a parte demonstre circunstâncias peculiares
que indiquem o extrapolamento da esfera exclusivamente patrimonial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.653.413-RJ, Rel.
Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 05/06/2018 (Info 627).
Não se admite que o dano moral de pessoa jurídica seja considerado como in re ipsa, sendo
necessária a comprovação nos autos do prejuízo sofrido. Apesar disso é possível a utilização de presunções e
regras de experiência para a configuração do dano, mesmo sem prova expressa do prejuízo o que sempre
comportará a possibilidade de contraprova pela parte ou de reavaliação pelo julgador. Ex: caso a pessoa
jurídica tenha sido vítima de um protesto indevido de cambial, há uma presunção de que ela sofreu danos
morais. STJ. 3ª Turma. REsp 1564955-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 06/02/2018 (Info 619). Cuidado:
existem julgados em sentido contrário, ou seja, dizendo que pessoa jurídica pode sofrer dano moral in re ipsa.
Nesse sentido: STJ. 4ª Turma. REsp 1327773/MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 28/11/2017 (Info
619).
Jornal divulgou a foto do cadáver de um indivíduo morto em tiroteio ocorrido em via pública. Os
familiares do morto ajuizaram ação de indenização por danos morais contra o jornal alegando que houve
violação aos direitos de imagem. O STF julgou a ação improcedente argumentando que condenar o jornal seria
uma forma de censura, o que afronta a liberdade de informação jornalística. STF. 2ª Turma. ARE 892127
AgR/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 23/10/2018 (Info 921).
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
SEGURO. Não é abusiva a cláusula contratual que prevê a possibilidade de não renovação
automática do seguro de vida em grupo por qualquer dos contratantes, desde que haja prévia notificação da
outra parte. À exceção dos contratos de seguro de vida individuais, contratados em caráter vitalício ou
plurianual, nos quais há a formação de reserva matemática de benefícios a conceder, as demais modalidades
são geridas sob o regime financeiro de repartição simples, de modo que os prêmios arrecadados do grupo de
segurados ao longo do período de vigência do contrato destinam-se ao pagamento dos sinistros ocorridos
naquele período. Dessa forma, nos contratos de seguro de vida em grupo não há direito à renovação da
apólice sem a concordância da seguradora ou à restituição dos prêmios pagos em contraprestação à cobertura
do risco no período delimitado no contrato. Vale ressaltar que a seguradora pode decidir não mais renovar o
contrato de seguro de vida, mesmo que não comprove que houve desequilíbrio atuarial-financeiro. Trata-se de
um verdadeiro direito potestativo. STJ. 2ª Seção. REsp 1.569.627-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em
22/02/2018 (Info 622)
6 – PROCESSO CIVIL
AÇÃO RESCISÓRIA
A decisão judicial homologatória de acordo entre as partes é impugnável por meio de ação anulatória
(art 966, § 4º, do CPC/2015; art 486 do CPC/1973 Não cabe ação rescisória neste caso Se a parte propôs ação
rescisória não é possível que o Tribunal receba esta demanda como ação anulatória aplicando o princípio da
fungibilidade Isso porque só se aplica o princípio da fungibilidade para recursos(e ação anulatória e a ação
rescisória não são recursos). STF. Plenário AR 2440 AgR/DF, Rel. Min Ricardo Lewandowski, julgado em
19/9/2018(Info 916).
Se a sentença foi proferida com base na jurisprudência do STF vigente à época e, posteriormente, esse
entendimento foi alterado, não se pode dizer que essa decisão impugnada tenha violado literal disposição de
lei para fins da ação rescisória prevista no art. 485, V, do CPC/1973. Desse modo, não cabe ação rescisória em
face de acórdão que, à época de sua prolação, estava em conformidade com a jurisprudência predominante
do STF. STF. Plenário. AR 2422/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/10/2018 (Info 921). #ALERTA
#AJUDAMARCINHO: o julgado envolvia um caso concreto ocorrido na vigência do CPC/1973. Não se sabe se o
entendimento seria o mesmo se o fato tivesse ocorrido na égide do CPC/2015. Isso por conta da nova previsão
de ação rescisória contida no § 15 do art. 525 do CPC/2015.
CAUÇÃO
Se o autor da ação judicial reside no exterior ou se muda para fora do país durante a tramitação do
processo, ele precisará prestar uma caução que seja suficiente para pagar as custas processuais e honorários
advocatícios caso ele perca a ação (art. 83 do CPC/2015). Não é necessária a prestação de caução para o
ajuizamento de ação por sociedade empresarial estrangeira devidamente representada no Brasil. Ex: MSC
Mediterranean Shipping Company S.A., empresa estrangeira, ajuizou, na justiça brasileira, uma ação de
cobrança. O STJ afirmou que não se deveria exigir caução para a propositura da demanda, considerando que a
autora, apesar de estrangeira, possuía uma agência de representação no Brasil (a MSC Mediterranean do
Brasil Ltda.). STJ. 3ª Turma. REsp 1.584.441-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 21/08/2018 (Info 632).
COMPETÊNCIA
Compete à Justiça Comum Estadual o exame e o julgamento de feito que discute direitos de ex-
empregado aposentado ou demitido sem justa causa de permanecer em plano de saúde coletivo oferecido
pela própria empresa empregadora aos trabalhadores ativos, na modalidade de autogestão. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.695.986-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 27/02/2018 (Info 620). #IMPORTANTE
Compete à Justiça Comum (e não à Justiça do Trabalho) julgar as ações propostas por ferroviários
pensionistas e aposentados das antigas ferrovias do Estado de São Paulo, que foram absorvidas pela Ferrovia
Paulista S/A, sucedida pela extinta Rede Ferroviária Federal, com vistas à complementação de suas pensões e
aposentadorias em face da União. O STF entendeu que esta é uma causa oriunda de uma relação estatutária.
Assim, não há relação de trabalho que justifique a competência da Justiça laboral. STF. 1ª Turma. Rcl 24990
AgR/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 20/3/2018 (Info
895).
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
O art. 85, § 7º, do CPC/2015 não afasta a aplicação do entendimento consolidado na Súmula 345 do
STJ, de modo que são devidos honorários advocatícios nos procedimentos individuais de cumprimento de
sentença decorrente de ação coletiva, ainda que não impugnados e promovidos em litisconsórcio. O art. 85,
§ 7º, do CPC/2015 não se aplica para as execuções individuais, ainda que promovidas em litisconsórcio,
pedindo o cumprimento de julgado proferido em sede de ação coletiva lato sensu, ação civil pública ou ação
de classe. Em resumo, a Súmula 345 do STJ continua válida mesmo com o art. 85, § 7º, do CPC/2015. Súmula
345-STJ: São devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções individuais de sentença
proferida em ações coletivas, ainda que não embargadas. Art. 85. (...) § 7º Não serão devidos honorários no
cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública que enseje expedição de precatório, desde que não tenha
sido impugnada. STJ. Corte Especial. REsp 1.648.238-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 20/06/2018
(recurso repetitivo) (Info 628). #IMPORTANTE
COISA JULGADA:
Diante do trânsito em julgado de duas sentenças condenatórias contra o mesmo condenado, por
fatos idênticos, deve prevalecer a condenação mais favorável ao réu. Não importa qual processo tenha
iniciado antes ou em qual deles tenha ocorrido primeiro o trânsito em julgado. O que irá prevalecer é a
condenação que foi mais favorável ao réu. STJ. 6ª Turma. HC 281.101-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 03/10/2017 (Info 616). Obs: a 1ª Turma do STF possui um precedente em sentido contrário: Os
institutos da litispendência e da coisa julgada direcionam à insubsistência do segundo processo e da segunda
sentença proferida, sendo imprópria a prevalência do que seja mais favorável ao acusado. STF. 1ª Turma. HC
101131, Rel. Min. Luiz Fux, Rel p/ Acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 25/10/2011.
EXECUÇÃO
O contrato eletrônico de mútuo com assinatura digital pode ser considerado título executivo
extrajudicial. Neste caso, não será necessária a assinatura de 2 testemunhas, conforme exige o art. 784, III, do
CPC/2015. Na assinatura digital de contrato eletrônico, uma autoridade certificadora (terceiro desinteressado)
atesta que aquele determinado usuário realmente utilizou aquela assinatura no documento eletrônico. Como
existe esse instrumento de verificação de autenticidade e presencialidade do contratante, é possível
reconhecer esse contrato como título executivo extrajudicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.495.920-DF, Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 15/05/2018 (Info 627).
A pequena propriedade rural é impenhorável (art. 5º, XXVI, da CF/88 e o art. 833, VIII, do CPC)
mesmo que a dívida executada não seja oriunda da atividade produtiva do imóvel. De igual modo, a pequena
propriedade rural é impenhorável mesmo que o imóvel não sirva de moradia ao executado e à sua família.
Desse modo, para que o imóvel rural seja impenhorável, nos termos do art. 5º, XXVI, da CF/88 e do art. 833,
VIII, do CPC, é necessário que cumpra apenas dois requisitos cumulativos: 1) seja enquadrado como pequena
propriedade rural, nos termos definidos pela lei; e 2) seja trabalhado pela família. STJ. 3ª Turma. REsp
1.591.298-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 14/11/2017 (Info 616). #IMPORTANTE
É admissível a interposição de agravo de instrumento contra decisão que não concede efeito
suspensivo aos embargos à execução. As hipóteses em que cabe agravo de instrumento estão previstas art.
1.015 do CPC/2015, que traz um rol taxativo. Apesar de ser um rol exaustivo, é possível que as hipóteses
trazidas nos incisos desse artigo sejam lidas de forma ampla, com base em uma interpretação extensiva.
Assim, é cabível agravo de instrumento contra decisão que não concede efeito suspensivo aos embargos à
execução com base em uma interpretação extensiva do inciso X do art. 1.015: Art. 1.015. Cabe agravo de
instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: X - concessão, modificação ou revogação
do efeito suspensivo aos embargos à execução; STJ. 2ª Turma. REsp 1.694.667-PR, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 05/12/2017 (Info 617). #IMPORTANTE
Incidem os juros da mora no período compreendido entre a data da realização dos cálculos e a da
requisição de pequeno valor (RPV) ou do precatório. STF. Plenário. RE 579431/RS, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 19/4/2017 (repercussão geral) (Info 861). STJ. Corte Especial. EREsp 1.150.549-RS, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 29/11/2017 (Info 617). Obs: cuidado para não confundir com a SV 17: Durante o
período previsto no parágrafo 1º (obs: atual § 5º) do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora
sobre os precatórios que nele sejam pagos. O período de que trata este RE 579431/RS é anterior à requisição
do precatório, ou seja, anterior ao interregno tratado pela SV 17. #PROCURADORIAS #AGU #IMPORTANTE
Em regra, não se admite a utilização de habeas corpus como substituto de recurso próprio, ou seja, se
cabia um recurso para impugnar a decisão, não se pode aceitar que a parte prejudicada impetre um HC.
Exceção: se, no caso concreto, a decisão impugnada for flagrantemente ilegal, gerando prejuízo à liberdade do
paciente, o Tribunal deverá conceder o habeas corpus de ofício. O acautelamento de passaporte é medida que
limita a liberdade de locomoção, razão pela qual pode, no caso concreto, significar constrangimento ilegal e
arbitrário, sendo o habeas corpus via processual adequada para essa análise. Isso vale não apenas para
decisões criminais como também cíveis. STJ. 4ª Turma. RHC 97.876-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 05/06/2018 (Info 631). #IMPORTANTE
A suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) não configura ameaça ao direito de ir e vir do
titular. Isso porque mesmo com a decretação da medida, o sujeito continua com a liberdade de ir e vir, para
todo e qualquer lugar, desde que não o faça como condutor do veículo. Logo, não cabe habeas corpus contra
decisão que determina a apreensão de CNH. STJ. 4ª Turma. RHC 97.876-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 05/06/2018 (Info 631). STJ. 5ª Turma. HC 383.225/MG, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em
04/05/2017.
O índice de correção monetária previsto no art. 1º-F da Lei 9.494/97 (TR) não pode ser aplicado para
condenações impostas à Fazenda Pública O art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997 (com redação dada pela Lei nº
11.960/2009), para fins de correção monetária, não é aplicável nas condenações judiciais impostas à Fazenda
Pública, independentemente de sua natureza. Os juros de mora previstos no art. 1º-F da Lei 9.494/97 podem
ser aplicados para condenações impostas à Fazenda Pública, com exceção de matéria tributária O art. 1º-F da
Lei nº 9.494/1997 (com redação dada pela Lei nº 11.960/2009), na parte em que estabelece a incidência de
juros de mora nos débitos da Fazenda Pública com base no índice oficial de remuneração da caderneta de
poupança, aplica-se às condenações impostas à Fazenda Pública, excepcionadas as condenações oriundas de
relação jurídico-tributária. #IMPORTANTE
GRATUIDADE DA JUSTIÇA
O estrangeiro residente no Brasil tem direito à gratuidade da justiça? SIM. O estrangeiro residente no
Brasil possui direito à gratuidade da justiça. Isso é previsto no CPC/2015 e também já era garantido na Lei nº
1.060/50. E o estrangeiro não residente no Brasil? Lei 1.060/50: Não tinha direito. Só poderia ser deferida a
gratuidade da justiça para estrangeiros residentes no Brasil (art. 2º). CPC/2015: possui o direito. Atualmente,
pode ser deferida a gratuidade da justiça para estrangeiros residentes ou não-residentes no Brasil (art. 98). A
gratuidade da justiça passou a poder ser concedida a estrangeiro não residente no Brasil após a entrada em
vigor do CPC/2015. STJ. Corte Especial. Pet 9.815-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 29/11/2017
(Info 622). #IMPORTANTE
IMPENHORABILIDADE
INVENTÁRIO
É legítima a decisão judicial que determina a averbação, no respectivo registro, das modificações
realizadas em bens imóveis submetidos à partilha como condição de procedibilidade da ação de inventário.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.637.359-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 08/05/2018 (Info 625).
JUIZADO ESPECIAL
Imagine que 30 pessoas, em litisconsórcio ativo facultativo, propuseram uma ação ordinária contra
determinada autarquia estadual. Desse modo, 30 pessoas que poderiam litigar individualmente contra a ré,
decidiram se unir e contratar um só advogado para propor a ação conjuntamente. A ação foi julgada
procedente, condenando a entidade a pagar "XX" reais ao grupo de 30 pessoas. Na mesma sentença, a
autarquia foi condenada a pagar R$ 600 mil reais de honorários advocatícios sucumbenciais ao advogado dos
autores que trabalhou no processo. O advogado dos autores, quando for cobrar seus honorários advocatícios,
terá que executar o valor total (R$ 600 mil) ou poderá dividir a cobrança de acordo com a fração que cabia a
cada um dos clientes (ex: eram 30 autores na ação; logo, ele poderá ingressar com 30 execuções cobrando R$
20 mil em cada)? • É válido o fracionamento dos honorários advocatícios em litisconsórcio simples facultativo,
por se tratar de cumulação de ações com o mesmo pedido. Posição da 1ª Turma do STF. • Não é possível
fracionar o crédito de honorários advocatícios em litisconsórcio ativo facultativo simples em execução contra a
Fazenda Pública por frustrar o regime do precatório. Corrente adotada na 2ª Turma do STF. STF. 1ª Turma. RE
913536/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 24/6/2018 (Info 908). STF.
2ª Turma. RE 949383 AgR/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 17/5/2016 (Info 826).
São constitucionais o parágrafo único do art. 741 e o § 1º do art. 475-L do CPC/1973, bem como os
correspondentes dispositivos do CPC/2015 (art. 525, § 1º, III e §§ 12 e 14; e art. 535, § 5º). São dispositivos
que, buscando harmonizar a garantia da coisa julgada com o primado da Constituição, vieram agregar ao
sistema processual brasileiro um mecanismo com eficácia rescisória de sentenças revestidas de vício de
inconstitucionalidade qualificado, assim caracterizado nas hipóteses em que: a) a sentença exequenda
(“sentença que está sendo executada”) esteja fundada em uma norma reconhecidamente inconstitucional,
seja por aplicar norma inconstitucional, seja por aplicar norma em situação ou com um sentido
inconstitucionais; ou b) a sentença exequenda tenha deixado de aplicar norma reconhecidamente
constitucional; e c) desde que, em qualquer dos casos, o reconhecimento dessa constitucionalidade ou a
inconstitucionalidade tenha decorrido de julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) realizado em data
anterior ao trânsito em julgado da sentença exequenda. STF. Plenário. RE 611503/SP, rel. orig. Min. Teori
Zavascki, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 20/9/2018 (repercussão geral) (Info 916).
PROCEDIMENTO
PETIÇÃO INICIAL. O terreno do proprietário foi invadido por inúmeras pessoas de baixa renda. O
proprietário ingressou com ação de reintegração de posse, tendo sido concedida a medida liminar, mas nunca
cumprida mesmo após vários anos. Vale ressaltar que o Município e o Estado fizeram toda a infraestrutura
para a permanência das pessoas no local. Diante disso o juiz, de ofício, converteu a ação reintegratória em
indenizatória (desapropriação indireta), determinando a emenda da inicial, a fim de promover a citação do
Município e do Estado para apresentar contestação e, em consequência, incluí-los no polo passivo da
demanda. O STJ afirmou que isso estava correto e que a ação possessória pode ser convertida em
indenizatória (desapropriação indireta) - ainda que ausente pedido explícito nesse sentido - a fim de assegurar
tutela alternativa equivalente (indenização) ao particular que teve suas térreas invadidas. STJ. 1ª Turma.REsp
1442440-AC, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 07/12/2017 (Info 619).
RESTAURAÇÃO DOS AUTOS. Tribunal de Justiça não tem competência para, por meio de provimento
da respectiva Corregedoria, estabelecer prazo para a propositura de ação de restauração de autos. Caso
concreto: houve um incêndio no fórum de Poção de Pedras (MA) e os autos queimaram. Diante disso, a
Corregedoria do TJ/MA editou um provimento fixando um prazo para que as partes requeressem a
restauração dos autos, sob pena de serem obrigadas a propor novamente a ação principal. O STJ não
concordou e afirmou que o TJ não poderia ter editado essa norma. Ao estabelecer prazo para a propositura da
ação de restauração de autos com a apresentação dos documentos necessários, o TJ/MA editou uma
verdadeira norma sobre processo civil (norma processual), cuja competência legislativa foi atribuída
privativamente à União (art. 22, I, CF/88). STJ. 3ª Turma. REsp 1.722.633-MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 07/08/2018 (Info 630)
SUSPENSÃO DO PROCESSO. Se a ação é proposta contra indivíduo que já estava morto, o juiz não
deverá determinar a habilitação, a sucessão ou a substituição processual. De igual modo, o processo não deve
ser suspenso para habilitação de sucessores. Isso porque tais institutos são aplicáveis apenas para as hipóteses
em que há o falecimento da parte no curso do processo judicial. O correto enquadramento jurídico desta
situação é de ilegitimidade passiva, devendo ser facultado ao autor, diante da ausência de ato citatório válido,
emendar a petição inicial para regularizar o polo passivo, dirigindo a sua pretensão ao espólio. Ex: em
04/04/2018, o Banco ajuizou execução de título extrajudicial contra João. A tentativa de citação, todavia, foi
infrutífera, tendo em vista que João havia falecido em 04/03/2018, ou seja, um mês antes. Diante disso, o juiz
deverá permitir que o exequente faça a emenda da petição inicial para a substituição do executado falecido
pelo seu espólio. STJ. 3ª Turma. REsp 1.559.791-PB, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/08/2018 (Info
632)
PROCESSO COLETIVO
O Ministério Público é parte legítima para pleitear tratamento médico ou entrega de medicamentos
nas demandas de saúde propostas contra os entes federativos, mesmo quando se tratar de feitos contendo
beneficiários individualizados, porque se refere a direitos individuais indisponíveis, na forma do art. 1º da Lei
n. 8.625/1993 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público). STJ. 1ª Seção. REsp 1.682.836-SP, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 25/04/2018 (recurso repetitivo) (Info 624).
O Ministério Público Federal é parte ilegítima para ajuizar ação civil pública que visa à anulação da
tramitação de Projeto de Lei do Plano Diretor de município, ao argumento da falta de participação popular nos
respectivos trabalhos legislativos. No caso concreto, o MPF ajuizou ACP contra o Município de Florianópolis e a
União argumentando que o Poder Executivo Municipal teria encaminhado à Câmara de Vereadores o projeto
de Lei do Plano Diretor da cidade sem a realização das necessárias audiências públicas, o que violaria o
Estatuto da Cidade. O STJ entendeu que a legitimidade para essa demanda seria do Ministério Público estadual
(e não do MPF). STJ. 1ª Turma. REsp 1.687.821-SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 07/11/2017 (Info 616)
#IMPORTANTE #MP
Uma associação que tenha fins específicos de proteção ao consumidor não possui legitimidade para
o ajuizamento de ação civil pública com a finalidade de tutelar interesses coletivos de beneficiários do seguro
DPVAT. Isso porque o seguro DPVAT não tem natureza consumerista, faltando, portanto, pertinência temática.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.091.756-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
13/12/2017 (Info 618).
A associação privada autora de uma ação civil pública pode fazer transação com o réu e pedir a
extinção do processo, nos termos do art. 487, III, “b”, do CPC. O art. 5º, § 6º da Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação
Civil Pública) prevê que os órgãos públicos podem fazer acordos nas ações civis públicas em curso, não
mencionando as associações privadas. Apesar disso, a ausência de disposição normativa expressa no que
concerne a associações privadas não afasta a viabilidade do acordo. Isso porque a existência de previsão
explícita unicamente quanto aos entes públicos diz respeito ao fato de que somente podem fazer o que a lei
determina, ao passo que aos entes privados é dado fazer tudo que a lei não proíbe. STF. Plenário. ADPF
165/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 1º/3/2018 (Info 892). #IMPORTANTE
O Ministério Público é parte legítima para ajuizamento de ação civil pública que vise o fornecimento
de remédios a portadores de certa doença. STF. Plenário. RE 605533/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
15/8/2018 (repercussão geral) (Info 911).
RECLAMAÇÃO:
Em 2010, no julgamento da ADC 16, o STF decidiu que o art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 é
constitucional. Várias decisões da Justiça do Trabalho continuaram entendendo de forma diferente do art. 71,
§ 1º. Contra essas decisões, o Poder Público ajuizava diretamente reclamações no STF, que era obrigado a
recebê-las, considerando que de uma decisão, até mesmo de 1ª instância, que viola o que o STF deliberou em
sede de ADI, ADC ou ADPF, cabe reclamação. Em 2017, o STF reafirmou o entendimento de que o art. 71, § 1º,
da Lei nº 8.666/93 é constitucional e deve ser aplicado. Isso foi no julgamento do RE 760931/DF, submetido à
sistemática da repercussão geral. O STF afirmou que a sua decisão no RE 760931/DF “substituiu” a eficácia da
tese fixada na ADC 16. Isso significa que agora o Poder Público, se quiser ajuizar reclamação discutindo o tema,
deverá fazê-lo alegando violação ao RE 760931/DF (e não mais à ADC 16). Qual a desvantagem disso para o
Poder Público: • Em caso de descumprimento de decisão do STF proferida em ADI, ADC, ADPF: cabe
reclamação mesmo que a decisão “rebelde” seja de 1ª instância. Não se exige o esgotamento de instâncias. •
Em caso de descumprimento de decisão do STF proferida em recurso extraordinário sob a sistemática da
repercussão geral: cabe reclamação, mas exige-se o esgotamento das instâncias ordinárias (art. 988, § 5º, II, do
CPC/2015). Assim, agora, a Fazenda Pública terá que esgotar as instâncias ordinárias para ajuizar reclamação
discutindo esse tema. É inviável reclamação com fundamento em afronta ao julgado da ADC 16. STF. 1ª Turma.
Rcl 27789 AgR/BA, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/10/2017 (Info 882). STF. 1ª Turma. Rcl 28623
AgR/BA, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12/12/2017 (Info 888). #IMPORTANTE #PROCURADORIAS
#AGU
RECURSOS:
7 – TRIBUTÁRIO
SANÇÕES POLÍTICAS
O Estado não pode adotar sanções políticas para constranger o contribuinte ao pagamento de tributos
em atraso. STJ. 1ª Turma. RMS 53.989-SE, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 17/04/2018 (Info 626).
TRIBUTOS EM ESPÉCIE
Crédito presumido de ICMS não integra a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. STJ. 1ª Seção. EREsp
1.517.492-PR, Rel. Min. Og Fernandes, Rel. Acd. Min. Regina Helena Costa, julgado em 08/11/2017 (Info 618)
É constitucional a progressividade das alíquotas do ITR previstas na Lei nº 9.393/96 e que leva em
consideração, de maneira conjugada, o grau de utilização (GU) e a área do imóvel. Essa progressividade é
compatível com o art. 153, § 4º, I, da CF/88, seja na sua redação atual, seja na redação originária, ou seja,
antes da EC 42/2003. Mesmo no período anterior à EC 42/2003, era possível a instituição da progressividade
em relação às alíquotas do ITR. STF. 1ª Turma. RE 1038357 AgR/ SP, Rel. Min Dias Tóffoli, julgado em 6/2/2018
(Info 890).
PARCELAMENTO
O contribuinte pode optar pelo parcelamento de débitos considerados isoladamente, nos termos do art.
1º, § 2º, da Lei nº 11.941/2009, ainda que relativos a uma mesma Certidão da Dívida Ativa, não sendo possível
o parcelamento de uma fração de competência ou período de apuração. STJ. 1ª Turma. REsp 1.382.317-PR,
Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 21/11/2017 (Info 617) #CONCURSOSFEDERAIS
PRESCRIÇÃO
Caso concreto: STF decidiu que determinada contribuição tributária era inconstitucional. Não houve
modulação dos efeitos. Contribuinte ajuizou ação pedindo a repetição do indébito, ou seja, a restituição dos
valores pagos. O debate envolve o prazo prescricional para essa pretensão. No momento em que o
contribuinte ajuizou a ação, o entendimento do STJ era no sentido de que o prazo prescricional tinha início a
partir da data da declaração de inconstitucionalidade da exação pelo STF no controle concentrado, ou de
resolução do Senado Federal, no controle difuso. Ocorre que, durante o curso da ação, o STJ promoveu revisão
abrupta de sua jurisprudência para considerar que, nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o
transcurso do prazo prescricional ocorre a partir do recolhimento indevido, independentemente da data da
decisão do STF ou da Resolução do SF (REsp 435.835/SC). Com a aplicação do novo entendimento do STJ, o
contribuinte – que já estava com a sua ação em curso – teria seu pedido rejeitado por força da prescrição. O
STF, contudo, não concordou com a aplicação imediata do novo entendimento do STJ aos processos em curso.
Para o Supremo, isso representa retroação da regra de contagem do prazo prescricional às pretensões já
ajuizadas, em afronta ao princípio da segurança jurídica e aos postulados da lealdade, da boa-fé e da confiança
legítima, sobre os quais se assenta o próprio Estado Democrático de Direito. A modificação na jurisprudência
em matéria de prescrição não pode retroagir para considerar prescrita pretensão que não o era à época do
ajuizamento da ação, em respeito ao posicionamento anteriormente consolidado. Toda inflexão
jurisprudencial que importe restrição a direitos dos cidadãos deve observar certa regra de transição para
produção de seus efeitos, levando em consideração os comportamentos então tidos como legítimos,
porquanto praticados em conformidade com a orientação prevalecente, em homenagem aos valores e
princípios constitucionais. STF. 2ª Turma. ARE 951533/ES, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. acórdão o
Min. Dias Toffoli, julgado em 12/6/2018 (Info 906).
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal, não abarca o maquinário
utilizado no processo de produção de livros, jornais e periódicos. A imunidade tributária visa à garantia e
efetivação da livre manifestação do pensamento, da cultura e da produção cultural, científica e artística.
Assim, é extensível a qualquer material assimilável a papel utilizado no processo de impressão e à própria tinta
especial para jornal, mas não é aplicável aos equipamentos do parque gráfico, que não são assimiláveis ao
papel de impressão, por não guardarem relação direta com a finalidade constitucional do art. 150, VI, “d”, da
CF/88. STF. 1ª Turma. ARE 1100204/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 29/5/2018 (Info 904).
O art. 11 do Decreto-Lei nº 401/1968 prevê que “está sujeito ao desconto do imposto de renda na
fonte o valor dos juros remetidos para o exterior devidos em razão da compra de bens a prazo.” Vale ressaltar
que o contribuinte do imposto de renda previsto neste art. 11 é o vendedor (beneficiário dos valores residente
no exterior). O remetente dos juros (e que deve pagar o imposto de renda retido na fonte - IRRF) é o sujeito
passivo responsável por substituição, enquadrando-se nos conceitos previstos nos arts. 121, parágrafo único,
II, e 128 do CTN. Importante esclarecer que, se o adquirente do bem (e que está remetendo o dinheiro para o
exterior) for uma entidade imune, mesmo assim terá que fazer o recolhimento do IRRF. Ex: entidade
beneficente de assistência social adquire, a prazo, uma máquina de uma empresa do exterior; ao remeter os
valores para essa empresa, deverá reter, na fonte, o imposto de renda sobre os juros; mesmo esta entidade
sendo imune, ela deverá pagar o imposto de renda retido na fonte na condição de responsável por
substituição. A imunidade tributária não afeta a relação de responsabilidade tributária ou de substituição e
não exonera o responsável tributário ou o substituto. Assim, em suma: a imunidade tributária de entidade
beneficente de assistência social não a exonera do dever de, na condição de responsável por substituição,
reter o imposto de renda sobre juros remetidos ao exterior na compra de bens a prazo, na forma do art. 11 do
DecretoLei nº 401/1968. STJ. 2ª Turma. REsp 1.480.918-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Rel. Acd. Min.
Herman Benjamin, julgado em 19/09/2017 (Info 618). #CONCURSOSFEDERAIS
8 – EMPRESARIAL
CONTRATOS EMPRESARIAIS
FALÊNCIA:
A competência para processar e julgar demandas cíveis com pedidos ilíquidos contra massa falida,
quando em litisconsórcio passivo com pessoa jurídica de direito público, é do juízo cível no qual for proposta a
ação de conhecimento, competente para julgar ações contra a Fazenda Pública, de acordo as respectivas
normas de organização judiciária. STJ. 1ª Seção. REsp 1.643.856-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
13/12/2017 (recurso repetitivo) (Info 617).
Não é cabível a restituição de quantia em dinheiro que se encontra depositada em conta corrente de
banco falido, em razão de contrato de trust. STJ. 3ª Turma. REsp 1.438.142-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 15/05/2018 (Info 631)
PROPRIEDADE INDUSTRIAL:
As questões acerca do trade dress (conjunto-imagem) dos produtos, concorrência desleal e outras
demandas afins, por não envolver registro no INPI e cuidando de ação judicial entre particulares, é
inequivocamente de competência da Justiça estadual, já que não afeta interesse institucional da autarquia
federal. No entanto, compete à Justiça Federal, em ação de nulidade de registro de marca, com a participação
do INPI, impor ao titular a abstenção do uso, inclusive no tocante à tutela provisória. STJ. 2ª Seção. REsp
1.527.232-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 13/12/2017 (recurso repetitivo) (Info 618).
#IMPORTANTE
O uso indevido da marca acarreta dano material uma vez que a própria violação do direito revela-se
capaz de gerar lesão à atividade empresarial do titular. O uso indevido da marca provoca desvio de clientela e
confusão entre as empresas, acarretando indiscutivelmente dano material. Desse modo, se ficar demonstrado
o uso indevido de marca o juiz deverá declarar a existência do dano (an debeatur) O quantum debeatur, por
sua vez, deverá ser apurado no âmbito da liquidação pelo procedimento comum, haja vista a necessidade de
comprovação de fatos novos, nos termos do art. 210 da LPI. Quanto ao prejuízo extrapatrimonial, prevalece
que o uso indevido da marca gera dano moral in re ipsa, ou seja, sua configuração decorre da mera
comprovação da prática de conduta ilícita - contrafação -, revelando-se desnecessária a demonstração de
prejuízos concretos ou a comprovação probatória do efetivo abalo moral. STJ. 4ª Turma.REsp 1327773-MG,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 28/11/2017 (Info 619).
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
O crédito derivado de fato ocorrido em momento anterior àquele em que requerida a recuperação
judicial deve sujeitar-se ao plano de soerguimento da sociedade devedora. STJ. 3ª Turma. REsp 1.727.771-RS,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2018 (Info 626) #JUIZDEDIREITO #IMPORTANTE
A ação de compensação por danos morais movida contra empresa em recuperação judicial não deve
permanecer suspensa até o trânsito em julgado da decisão final proferida no processo de soerguimento. STJ.
3ª Turma. REsp 1710750-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi julgado em 15/05/2018 (Info 627).
SOCIEDADES EMPRESÁRIAS:
A exclusão judicial do sócio majoritário nas sociedades limitadas é disciplinada pelo art. 1.030 do
Código Civil: Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio ser excluído
judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas
obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente. O que significa essa expressão “mediante iniciativa da
maioria dos demais sócios” prevista no art. 1.030 do CC? No cálculo dessa maioria deve-se incluir as quotas do
sócio “acusado”? Não. A lei é explícita ao falar em maioria dos demais sócios. Consideram-se apenas as quotas
dos demais sócios, excluídas aquelas pertencentes ao sócio que se pretende excluir. Isso porque o art. 1.030 é
a oportunidade que a legislação confere aos sócios minoritários de excluírem o sócio majoritário. Assim, o
quorum deliberativo para exclusão judicial do sócio majoritário por falta grave no cumprimento de suas
obrigações deve levar em conta a maioria do capital social de sociedade limitada, excluindo-se do cálculo o
sócio que se pretende jubilar. STJ. 3ª Turma. REsp 1.653.421-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 10/10/2017 (Info 616)
Legitimidade passiva da Telebrás, bem como das companhias cindendas (ou sucessoras destas), para a
ação de complementação de ações, na hipótese em que as ações originárias tenham sido emitidas pela
Telebrás. A legitimidade passiva para a demanda por complementação de ações é definida de acordo com as
seguintes hipóteses: 1) Contrato de participação financeira celebrado com companhia independente não
controlada pela TELEBRÁS (ex.: CRT S/A): legitimidade passiva da companhia independente, ou da sucessora
desta (ex.: OI S/A); 2) Contrato de participação financeira celebrado com companhia local controlada pela
TELEBRÁS (ex.: TELESC S/A), e emissão originária de ações pela controlada: legitimidade passiva da TELEBRÁS,
bem como das companhias cindendas (ou sucessoras destas); 3) Contrato de participação financeira celebrado
com companhia local controlada pela TELEBRÁS, e emissão de ações pela TELEBRÁS: legitimidade passiva da
TELEBRÁS, bem como das companhias cindendas (ou sucessoras destas). STJ. 2ª Seção. REsp 1.633.801-SP, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 23/05/2018 (recurso repetitivo) (Info 630).
A Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia, atual BM&F BOVESPA, não responde civilmente
pelos prejuízos decorrentes da negociação de ações mobiliárias mediante uso de procuração pública falsa que
não lhe foi apresentada. Constitui responsabilidade do agente de custódia (corretoras de valores) fiscalizar a
regularidade das procurações apresentadas para transferência de valores mobiliários. STJ. 3ª Turma. REsp
1.677.983-MG, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 26/06/2018 (Info 632).
TÍTULOS DE CRÉDITO:
O protesto irregular de cheque prescrito não caracteriza abalo de crédito apto a ensejar danos
morais ao devedor, se ainda remanescer ao credor vias alternativas para a cobrança da dívida consubstanciada
no título. STJ. 3ª Turma. REsp 1.677.772-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/11/2017 (Info 616).
#IMPORTANTE
9- ECA
ATO INFRACIONAL
A técnica de julgamento do art. 942 é aplicada no caso de apelação não unânime em processo no qual
se apura a prática de ato infracional por adolescente? 5ª Turma do STJ: SIM. Admite-se a incidência do art. 942
do CPC/2015 para complementar o julgamento da apelação julgada por maioria nos procedimentos relativos
ao estatuto do menor. STJ. 5ª turma. AgRg no REsp 1.673.215-RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 17/05/2018 (Info 627). 6ª Turma do STJ: DEPENDE. • Se a decisão não unânime foi favorável ao
adolescente infrator: não se deve aplicar o art. 942 do CPC/2015. • Se a decisão não unânime foi contrária ao
adolescente infrator: deve-se aplicar o art. 942. É inaplicável a técnica de julgamento prevista no artigo 942 do
CPC/2015 nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da Juventude quando a decisão não unânime for
favorável ao adolescente. A aplicação da técnica de julgamento prevista no art. 942 do CPC, quando a decisão
não unânime for favorável ao adolescente, implicaria em conferir ao menor tratamento mais gravoso que o
atribuído ao réu penalmente imputável, já que os embargos infringentes e de nulidade previstos no art. 609 do
CPP somente são cabíveis se o julgamento tomado por maioria for contrário ao réu. Ora, se não cabem
embargos infringentes do art. 609 do CPP quando o acórdão não unânime foi favorável ao réu, com maior
razão também não se pode admitir a técnica do art. 942 do CPC se o acórdão não unânime foi favorável ao
adolescente infrator. STJ. 6ª Turma. 6ª Turma. REsp 1.694.248-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 03/05/2018 (Info 626).
A técnica de julgamento do art. 942 é aplicada no caso de apelação não unânime em processo no qual
se apura a prática de ato infracional por adolescente? 5ª Turma do STJ: SIM Admite-se a incidência do art. 942
do CPC/2015 para complementar o julgamento da apelação julgada por maioria nos procedimentos relativos
ao estatuto do menor. STJ. 5ª turma. AgRg no REsp 1.673.215-RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 17/05/2018 (Info 627).
ADOÇÃO
Para que haja a decretação da perda do poder familiar da mãe biológica em razão da suposta entrega
da filha para adoção irregular (“adoção à brasileira”), é indispensável a realização do estudo social e avaliação
psicológica das partes litigantes. Por envolver interesse de criança a questão deve ser solucionada com
observância dos princípios da proteção integral e do melhor interesse dela e do adolescente, previstos na CF e
no ECA. Para constatação da “adoção à brasileira”, em princípio, o estudo psicossocial da criança do pai
registral e da mãe biológica não se mostra necessário. Contudo, como o reconhecimento de sua ocorrência
(“adoção à brasileira”) foi fator preponderante para a destituição do poder familiar a realização da perícia se
mostra imprescindível para aferição da presença de causa para a excepcional medida de destituição e para
constatação de existência de uma situação de risco para a infante, caracterizando cerceamento de defesa o
seu indeferimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1674207-PR, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 17/04/2018 (Info
624).
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE:
A conduta de emissora de televisão que exibe quadro que, potencialmente, poderia criar situações
discriminatórias, vexatórias, humilhantes às crianças e aos adolescentes configura lesão ao direito
transindividual da coletividade e dá ensejo à indenização por dano moral coletivo. Caso concreto: existia um
programa de TV local no qual o apresentador abria ao vivo testes de DNA e acabava expondo as crianças e
adolescentes ao ridículo, especialmente quando o resultado do exame era negativo. As crianças e
adolescentes não participavam do programa, apenas seus pais. No entanto, o apresentador utilizava
expressões jocosas e depreciativas em relação à concepção dos menores. STJ. 4ª Turma. REsp 1.517.973-PE,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/11/2017 (Info 618). #IMPORTANTE
GUARDA
A Vara Especializada da Violência Doméstica ou Familiar Contra a Mulher possui competência para o
julgamento de pedido incidental de natureza civil, relacionado à autorização para viagem ao exterior e guarda
unilateral do infante, na hipótese em que a causa de pedir de tal pretensão consistir na prática de violência
doméstica e familiar contra a genitora. STJ. 3ª Turma. REsp 1.550.166-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 21/11/2017 (Info 617). #IMPORTANTE
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
A Defensoria Pública pode ter acesso aos autos de procedimento verificatório instaurado para
inspeção judicial e atividade correicional de unidade de execução de medidas socioeducativas. STJ. 6ª Turma.
RMS 52.271-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/06/2018 (Info 629). #DEFENSORIAS
Compete à Justiça Comum Estadual (juízo da infância e juventude) apreciar os pedidos de alvará
visando a participação de crianças e adolescentes em representações artísticas. Não se trata de competência
da Justiça do Trabalho. O art. 114, I e IX, da CF/88 não abrange os casos de pedido de autorização para
participação de crianças e adolescentes em eventos artísticos, considerando que não há, no caso, conflito
atinente a relação de trabalho. Trata-se de pedido de conteúdo nitidamente civil. STF. Plenário. ADI 5326/DF,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 27/9/2018 (Info 917). #IMPORTANTE
10–CONSUMIDOR:
APLICAÇÃO DO CDC:
É possível a limitação, por legislação internacional especial, do direito do passageiro à indenização por
danos materiais decorrentes de extravio de bagagem. STJ. 3ª Turma. REsp 673.048-RS, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 08/05/2018 (Info 626). #IMPORTANTE
Município tem legitimidade ad causam para ajuizar ação civil pública em defesa de direitos
consumeristas questionando a cobrança de tarifas bancárias. Em relação ao Ministério Público e aos entes
políticos, que têm como finalidades institucionais a proteção de valores fundamentais, como a defesa coletiva
dos consumidores, não se exige pertinência temática e representatividade adequada. STJ. 3ª Turma. REsp
1.509.586-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2018 (Info 626) #IMPORTANTE
Em compras realizadas na internet, o fato de o consumidor ser penalizado com a obrigação de arcar
com multa moratória, prevista no contrato com a financeira, quando atrasa o pagamento de suas faturas de
cartão de crédito não autoriza a imposição, por sentença coletiva, de cláusula penal ao fornecedor de bens
móveis, nos casos de atraso na entrega da mercadoria e na demora de restituição do valor pago quando do
exercício do direito do arrependimento. STJ. 4ª Turma. REsp 1.412.993-SP, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, Rel.
Acd. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 08/05/2018 (Info 628).
INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA
MINISTÉRIO PÚBLICO
O Ministério Público possui legitimidade ativa para postular em juízo a defesa de direitos
transindividuais de consumidores que celebram contratos de compra e venda de imóveis com cláusulas
pretensamente abusivas. STJ. Corte Especial. EREsp 1.378.938-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
20/06/2018 (Info 629).
RESPONSABILIDADE E CDC:
O atraso na entrega do imóvel enseja pagamento de indenização por lucros cessantes durante o
período de mora do promitente vendedor, sendo presumido o prejuízo do promitente comprador. Os lucros
cessantes serão devidos ainda que não fique demonstrado que o promitente comprador tinha finalidade
negocial na transação. STJ. 2ª Seção. EREsp 1.341.138-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em
09/05/2018 (Info 626). #IMPORTANTE
VÍCIO DO PRODUTO. A ação de indenização por danos materiais proposta por consumidor contra
construtora em virtude de vícios de qualidade e de quantidade do imóvel adquirido tem prazo prescricional de
10 anos, com fundamento no art. 205 do CC/2002. Não se aplica o prazo decadencial do art. 26 do CDC. O art.
26 trata do prazo que o consumidor possui para exigir uma das alternativas previstas no art. 20 do CDC. Não se
trata de prazo prescricional. Não se aplica o prazo do art. 27 do CDC porque este se refere apenas a fato do
produto. STJ. 3ª Turma. REsp 1.534.831-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 20/02/2018 (Info 620).
VÍCIO DO PRODUTO: Se o produto que o consumidor comprou apresenta um vício, ele tem o direito
de ter esse vício sanado no prazo de 30 dias (art. 18, § 1º do CDC). Para tanto, o consumidor pode escolher
para quem levará o produto a fim de ser consertado: a para o comerciante; b.. para a assistência técnica ou c.
para o fabricante. Em outras palavras, cabe ao consumidor a escolha para exercer seu direito de ter sanado o
vício do produto em 30 dias: levar o produto ao comerciante à assistência técnica ou diretamente ao
fabricante. STJ. 3ª Turma. REsp 1634851-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/09/2017 (Info 619).
FATO DO PRODUTO. Para ocorrer a indenização por danos morais em função do encontro de corpo
estranho em alimento industrializado, é necessária a sua ingestão? A jurisprudência é dividida sobre o tema: •
Ausente a ingestão do produto considerado impróprio para o consumo em virtude da presença de corpo
estranho, não se configura o dano moral indenizável. Nesse sentido: STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp
489.030/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/04/2015. • A aquisição de produto de gênero
alimentício contendo em seu interior corpo estranho, expondo o consumidor à risco concreto de lesão à sua
saúde e segurança, ainda que não ocorra a ingestão de seu conteúdo, dá direito à compensação por dano
moral, dada a ofensa ao direito fundamental à alimentação adequada, corolário do princípio da dignidade da
pessoa humana. O simples ato de “levar à boca” o alimento industrializado com corpo estranho gera dano
moral in re ipsa, independentemente de sua ingestão. Nesse sentido: STJ. 3ª Turma. REsp 1.644.405-RS, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/11/2017 (Info 616). STJ. 3ª Turma. REsp 1.644.405-RS, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 09/11/2017 (Info 616). #AJUDAMARCINHO: Ao observar o inteiro teor dos julgados e os
casos examinados, percebe-se a seguinte distinção: • Se o consumidor encontra o corpo estranho sem ter
comido nada do produto: não cabe danos morais. • Se o consumidor encontra o corpo estranho após ter
comido parte do produto: cabe danos morais, mesmo que ele não tenha ingerido o corpo estranho. Vale
ressaltar, contudo, que essa diferenciação não consta de forma expressa nos julgados. Trata-se de uma
constatação pessoal, razão pela qual deve-se ter cautela em afirmar isso nos concursos públicos. Para fins de
prova, é importante ficar com a redação literal das ementas, conforme exposto acima. #TEMAPOLÊMICO
FATO DO SERVIÇO. A alteração substancial e unilateral do contrato firmado de transporte aéreo para
terrestre impede a utilização da excludente de fortuito externo para eximir a empresa de transporte aéreo da
responsabilidade civil por danos causados por roubo ao ônibus. STJ. 3ª Turma. REsp 1.728.068-SP, Rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 05/06/2018 (Info 627).
FATO DO SERVIÇO. A concessionária de transporte ferroviário pode responder por dano moral sofrido
por passageira, vítima de assédio sexual, praticado por outro usuário no interior do trem. STJ. 1ª Turma. REsp
1.662.551-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2018 (Info 628).
FATO DO SERVIÇO. A Bancorbrás é parte legítima para figurar no polo passivo de ação indenizatória
de dano moral decorrente de defeito do serviço prestado por hotel integrante de sua rede conveniada. STJ. 4ª
Turma. REsp 1.378.284-PB, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 08/02/2018 (Info 620).
FATO DO SERVIÇO. A parte celebrou contrato de mútuo com a instituição financeira e deu uma joia
em penhor como garantia do débito. Ocorre que a joia foi furtada de dentro do banco. Diante disso, o devedor
(mutuário) terá que pleitear indenização pelos prejuízos sofridos com o furto, sendo de 5 anos o prazo
prescricional para essa ação de ressarcimento. O furto das joias, objeto do penhor, constitui falha do serviço
prestado pela instituição financeira, devendo incidir o prazo prescricional de 5 anos para a ação de
indenização, conforme previsto no art. 27 do CDC. STJ. 4ª Turma. REsp 1.369.579-PR, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 24/10/2017 (Info 616)
PRÁTICAS ABUSIVAS:
Não é válida a rescisão unilateral imotivada de plano de saúde coletivo empresarial por parte da
operadora em face de microempresa com apenas dois beneficiários. No caso concreto, havia um contrato
coletivo atípico e que, portanto, merecia receber tratamento como se fosse um contrato de plano de saúde
individual. Isso porque a pessoa jurídica contratante é uma microempresa e são apenas dois os beneficiários
do contrato, sendo eles hipossuficientes frente à operadora do plano de saúde. No contrato de plano de saúde
individual é vedada a rescisão unilateral, salvo por fraude ou não-pagamento da mensalidade. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.701.600-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 06/03/2018 (Info 621).
PROTEÇÃO CONTRATUAL
É abusiva e ilegal cláusula prevista em contrato de prestação de serviços de cartão de crédito que
autoriza o banco contratante a compartilhar dados dos consumidores com outras entidades financeiras ou
mantenedoras de cadastros positivos e negativos de consumidores, sem que seja dada opção de discordar
daquele compartilhamento. STJ. 4ª Turma. REsp 1.348.532-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
10/10/2017 (Info 61
É lícita a conduta da prestadora de serviço que em período anterior à Resolução da ANATEL nº 528,
de 17 de abril de 2009, efetuava cobranças pelo aluguel de equipamento adicional e ponto extra de TV por
assinatura. STJ. 4ª Turma. REsp 1.449.289-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Marco Buzzi, por
maioria, julgado em 14/11/2017 (Info 617).
É abusiva a prática comercial consistente no cancelamento unilateral e automático de um dos
trechos da passagem aérea, sob a justificativa de não ter o passageiro se apresentado para embarque no voo
antecedente. STJ. 4ª Turma. REsp 1.595.731-RO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/11/2017 (Info
618). #IMPORTANTE
PLANO DE SAÚDE
A operadora de plano de saúde não pode negar o fornecimento de tratamento prescrito pelo médico
sob o pretexto de que a sua utilização em favor do paciente está fora das indicações descritas na bula/manual
registrado na ANVISA (uso off-label). STJ. 3ª Turma. REsp 1.721.705-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
28/08/2018 (Info 632). #IMPORTANTE
Nos planos de saúde coletivos custeados exclusivamente pelo empregador não há direito de
permanência do ex-empregado aposentado ou demitido sem justa causa como beneficiário, salvo disposição
contrária expressa prevista em contrato ou em acordo/convenção coletiva de trabalho, não caracterizando
contribuição o pagamento apenas de coparticipação, tampouco se enquadrando como salário indireto. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.594.346-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 9/8/2016 (Info 588). STJ. 2ª Seção.
REsp 1.680.318-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 22/08/2018 (recurso repetitivo) (Info 632)
11 – PREVIDENCIÁRIO
BENEFÍCIOS EM ESPÉCIE
AUXÍLIO-RECLUSÃO. O auxílio-reclusão é um benefício previdenciário pago aos dependentes
do segurado que for preso, desde que ele (segurado) tenha baixa renda, não receba remuneração da empresa
durante a prisão, nem esteja em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de permanência. Se o
segurado, no momento em que foi preso, estava desempregado, a Portaria Ministerial determina que será
considerado como critério para “baixa renda” o seu último salário de contribuição (referente ao último
trabalho). Ex: João foi preso em 2015, momento em que estava desempregado; seu último salário de
contribuição era de R$ 3.000,00; pela Portaria, mesmo João estando desempregado, não poderia ser
considerado de baixa renda e seus familiares não teriam direito ao benefício. O STJ concorda com essa
previsão da Portaria? Esse critério do último salário de contribuição para o segurado preso desempregado é
válido? NÃO. Na análise de concessão do auxílio-reclusão, o fato de o recluso que mantenha a condição de
segurado pelo RGPS estar desempregado ou sem renda no momento em que foi preso demonstra que ele
tinha “baixa renda”, independentemente do valor do último salário de contribuição. O critério econômico da
renda deve ser aferido no momento da reclusão, pois é nele que os dependentes sofrem o baque da perda do
provedor. Se, nesse instante, o segurado estava desempregado, presume-se que se encontrava em baixa
renda, sendo, portanto, devido o benefício a seus dependentes. Para a concessão de auxílio-reclusão (art. 80
da Lei nº 8.213/91), o critério de aferição de renda do segurado que não exerce atividade laboral remunerada
no momento do recolhimento à prisão é a ausência de renda, e não o último salário de contribuição. STJ. 1ª
Seção. REsp 1.485.417-MS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 22/11/2017 (recurso repetitivo) (Info 618).
#IMPORTANTE
12 – AMBIENTAL
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
Viola a Constituição Federal lei municipal que proíbe o trânsito de veículos, sejam eles motorizados
ou não, transportando cargas vivas nas áreas urbanas e de expansão urbana do Município. Essa lei municipal
invade a competência da União. O Município, ao inviabilizar o transporte de gado vivo na área urbana e de
expansão urbana de seu território, transgrediu a competência da União, que já estabeleceu, à exaustão,
diretrizes para a política agropecuária, o que inclui o transporte de animais vivos e sua fiscalização. Além disso,
sob a justificativa de criar mecanismo legislativo de proteção aos animais, o legislador municipal impôs
restrição desproporcional. Esta desproporcionalidade fica evidente quando se verifica que a legislação federal
já prevê uma série de instrumentos para garantir, de um lado, a qualidade dos produtos destinados ao
consumo pela população e, de outro, a existência digna e a ausência de sofrimento dos animais, tanto no
transporte quanto no seu abate. STF. Plenário. ADPF 514 e ADPF 516 MC-REF/SP, Rel. Min. Edson Fachin,
julgados em 11/10/2018 (Info 919).
É inconstitucional, por violar o princípio da separação dos poderes, lei estadual que exige autorização
prévia do Poder Legislativo estadual (Assembleia Legislativa) para que sejam firmados instrumentos de
cooperação pelos órgãos componentes do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. Também é
inconstitucional lei estadual que afirme que Fundação estadual de proteção do meio ambiente só poderá
transferir responsabilidades ou atribuições para outros órgãos componentes do SISNAMA se houver aprovação
prévia da Assembleia Legislativa. STF. Plenário. ADI 4348/RR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
10/10/2018 (Info 919)
CÓDIGO FLORESTAL
É possível a edição de medidas provisórias tratando sobre matéria ambiental, mas sempre
veiculando normas favoráveis ao meio ambiente. Normas que importem diminuição da proteção ao meio
ambiente equilibrado só podem ser editadas por meio de lei formal, com amplo debate parlamentar e
participação da sociedade civil e dos órgão e instituições de proteção ambiental, como forma de assegurar o
direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Dessa forma, é inconstitucional a edição de
MP que importe em diminuição da proteção ao meio ambiente equilibrado, especialmente em se tratando de
diminuição ou supressão de unidades de conservação, com consequências potencialmente danosas e graves
ao ecossistema protegido. A proteção ao meio ambiente é um limite material implícito à edição de medida
provisória, ainda que não conste expressamente do elenco das limitações previstas no art. 62, § 1º, da CF/88.
STF. Plenário. ADI 4717/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 5/4/2018 (Info 896).
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
13- FINANCEIRO
RECEITA
São inconstitucionais as normas que estabelecem vinculação de parcelas das receitas tributárias a
órgãos, fundos ou despesas, por desrespeitarem a vedação contida no art. 167, IV, da Constituição Federal.
Caso concreto: STF julgou inconstitucional o art. 226, § 1º da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, que
criou o Fundo de Desenvolvimento Econômico e a ele destinou recursos provenientes do Fundo de
Participação dos Estados. STF. Plenário. ADI 553/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 13/6/2018 (Info 906).
PRECATÓRIOS
As empresas públicas e sociedades de economia mista não têm direito à prerrogativa de execução via
precatório. STF. 1ª Turma. RE 851711 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/12/2017 (Info 888). Em
regra, as empresas estatais estão submetidas ao regime das pessoas jurídicas de direito privado (execução
comum). No entanto, é possível sim aplicar o regime de precatórios para empresas públicas e sociedades de
economia mista que prestem serviços públicos e que não concorram com a iniciativa privada. Assim, é
aplicável o regime dos precatórios às empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de
serviço público próprio do Estado e de natureza não concorrencial. STF. 1ª Turma. RE 627242 AgR, Rel. Min.
Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 02/05/2017. STF. Plenário. ADPF 387/PI, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/3/2017 (Info 858)
Incidem os juros da mora no período compreendido entre a data da realização dos cálculos e a
da requisição de pequeno valor (RPV) ou do precatório. STF. Plenário. RE 579431/RS, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 19/4/2017 (repercussão geral) (Info 861). STJ. Corte Especial. EREsp 1.150.549-RS, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 29/11/2017 (Info 617). Obs: cuidado para não confundir com a SV 17: Durante o
período previsto no parágrafo 1º (obs: atual § 5º) do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora
sobre os precatórios que nele sejam pagos. O período de que trata este RE 579431/RS é anterior à requisição
do precatório, ou seja, anterior ao interregno tratado pela SV 17. #PROCURADORIAS #AGU #IMPORTANTE
14 – INTERNACIONAL
EXTRADIÇÃO
O crime de sequestro, por ser permanente, não prescreve enquanto não for encontrada a
pessoa ou o corpo. Assim, se o Estado requerer a extradição de determinado indivíduo pelo crime de
sequestro, se a vítima ou o corpo nunca foi encontrado, não terá começado a correr o prazo prescricional. STF.
1ª Turma. Ext 1270/DF, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em
12/12/2017 (Info 888).
EXTRADIÇÃO
Compete à Justiça Federal o processamento e o julgamento da ação penal que versa sobre crime
praticado no exterior, o qual tenha sido transferido para a jurisdição brasileira, por negativa de extradição,
aplicável o art. 109, IV, da CF/88. STJ. 3ª Seção. CC 154.656-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
25/04/2018 (Info 625).
Com a entrada em vigor do CPC/2015, tornou-se necessário que a sentença estrangeira esteja eficaz
no país de origem para sua homologação no Brasil. O art. 963, III, do CPC/2015, não mais exige que a decisão
judicial que se pretende homologar tenha transitado em julgado, mas apenas que ela seja eficaz em seu país
de origem, tendo sido tacitamente revogado o art. 216-D, III, do RISTJ. STJ. Corte Especial. SEC 14.812-EX, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/05/2018 (Info 626) #MUDANÇADEENTENDIMENTO #IMPORTANTE
15 – DIREITO ELEITORAL
CRIMES ELEITORAIS
Candidato que omite, na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral, recursos utilizados em
sua campanha eleitoral, pratica o crime do art. 350 do Código Eleitoral. Vale ressaltar que o delito de falsidade
ideológica é crime formal. Não exige, portanto, o recolhimento do material não declarado. Caso concreto:
Paulo era candidato a Deputado Federal. A empresa de Paulo pagou R$ 168 mil de materiais gráficos para a
campanha, mas o candidato não declarou tais despesas na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral.
STF. 1ª Turma. AP 968/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/5/2018 (Info 903)
EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA:
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é o órgão competente para julgar os Recursos Contra
Expedição de Diploma (RCED) nas eleições presidenciais e gerais (federais e estaduais). STF. Plenário. ADPF
167/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/3/2018 (Info 893).
FUNDO PARTIDÁRIO
Determinada medida provisória foi editada criando a possibilidade de que empresas instalassem
Centros Logísticos e Industriais Aduaneiros (CLIA), desde que autorizados pela Receita Federal. Diversas
empresas fizeram o requerimento pedindo a instalação desses Centros. Ocorre que, antes que a Receita
examinasse todos os pedidos, a MP foi rejeitada pelo Senado. O Congresso Nacional não editou decreto
legislativo disciplinando as situações ocorridas durante o período em que a MP vigorou (§ 3º do art. 62 da
CF/88).
Diante disso, as empresas defendiam a tese de que os requerimentos formulados deveriam ser
apreciados pela Receita Federal com base no § 11 do art. 62: “§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se
refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas
constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.” O STF não
concordou e afirmou que os pedidos formulados pelos interessados durante a vigência da MP 320/2006 não
foram sequer examinados. Logo, não se pode dizer que havia ato jurídico perfeito. O simples fato de ter sido
feito o requerimento não significa “relação jurídica constituída”, de sorte que não se pode invocar o § 11 para
justificar a aplicação da medida provisória rejeitada. O mero protocolo do pedido não constitui uma “relação
jurídica constituída” de que trata o § 11. STF. Plenário. ADPF 216/DF, Rel. Min. Cámen Lúcia, julgado em
14/3/2018 (Info 894).
INELEGIBILIDADE
O art. 1º da Resolução 22.610/2007, do TSE, previa que a criação de novo partido político era
considerada como justa causa para desfiliação, sem perda do mandato, desde que a nova filiação ocorresse
em 30 dias da criação da sigla. O art. 22-A da Lei nº 9.096/95, introduzido pela Lei nº 13.165, de 29 de
setembro de 2015 (minirreforma eleitoral de 2015), excluiu a criação de nova legenda como hipótese de justa
causa para a desfiliação, sem perda de mandato, por infidelidade partidária. Desse modo, a troca de partido,
mesmo decorrente da criação de nova legenda, passou a ser considerada como hipótese de infidelidade
partidária, sujeita à perda do mandato. Ocorre que, quando a Lei nº 13.165 foi editada, em 29/09/2015, 3
novos partidos haviam acabado de ser registrados no TSE, de modo que estavam correndo seus prazos de 30
dias para que recebessem parlamentares detentores de mandato eletivo, ao abrigo da justa causa de
desfiliação. Diante disso, o Min. Roberto Barroso, em decisão monocrática, entendeu que o art. 22-A não
poderia ser aplicado para esses 3 partidos, sob pena de violação da segurança jurídica, na modalidade direito
adquirido, tanto das agremiações recém-criadas quanto dos parlamentares que pretendiam se filiar a elas. Ele,
então, determinou que esses 3 partidos tivessem direito de receber de volta os 30 dias para que os detentores
de mandatos eletivos pudessem se filiar a novas agremiações que tenham sido registradas no TSE antes da
entrada em vigor da lei impugnada. O Plenário do STF referendou essa medida cautelar. STF. Plenário. ADI
5398/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 9/5/2018 (Info 891).
PROPAGANDA ELEITORAL
O art. 45, II e III da Lei nº 9.504/97 prevê que, depois do prazo para a realização das convenções no
ano das eleições, as emissoras de rádio e televisão, em sua programação normal e em seu noticiário, não
podem: a) usar trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma, degradem
ou ridicularizem candidato, partido ou coligação, ou produzir ou veicular programa com esse efeito (inciso II) e
b) difundir opinião favorável ou contrária a candidato, partido, coligação, a seus órgãos ou representantes
(segunda parte do inciso III). Os §§ 4º e 5º explicam o que se entende por trucagem e por montagem. O STF
decidiu que tais dispositivos são INCONSTITUCIONAIS porque representam censura prévia. A liberdade de
expressão autoriza que os meios de comunicação optem por determinados posicionamentos e exteriorizem
seu juízo de valor, bem como autoriza programas humorísticos, “charges” e sátiras realizados a partir de
trucagem, montagem ou outro recurso de áudio e vídeo, como costumeiramente se realiza, não havendo
nenhuma justificativa constitucional razoável para a interrupção durante o período eleitoral. Vale ressaltar
que, posteriormente, é possível a responsabilização dos meios de comunicação e de seus agentes por
eventuais informações mentirosas, injuriosas, difamantes. O que não se pode é fazer uma censura prévia. São
inconstitucionais quaisquer leis ou atos normativos tendentes a constranger ou inibir a liberdade de expressão
a partir de mecanismos de censura prévia. STF. Plenário. ADI 4451/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 20 e 21/6/2018 (Info 907).
PROPAGANDA ELEITORAL
É constitucional o art. 25, § 2º, da Resolução 23.404/2014 do TSE, que proíbe a realização de
propaganda eleitoral via “telemarketing", em qualquer horário. STF. Plenário. ADI 5122, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 3/5/2018 (Info 900)
É constitucional legislação federal que estabeleça novas eleições para os cargos majoritários
simples — isto é, Prefeitos de Municípios com menos de duzentos mil eleitores e Senadores da República —
em casos de vacância por causas eleitorais. Nas eleições para cargos majoritários simples não se exige 2º turno
de votação. Assim, o § 3º do art. 224 do CE deve sim ser aplicado mesmo em casos de eleições para Prefeitos
de Municípios com menos de 200 mil eleitores e para Senadores, cargos para os quais não se exige 2º turno de
votação. STF. Plenário. ADI 5619/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 7 e 8/3/2018 (Info 893)
#IMPORTANTE
TÍTULO DE ELEITOR
É válido o cancelamento do título do eleitor que, convocado por edital, não comparecer ao processo
de revisão eleitoral, em virtude do que dispõe o art. 14, caput, e § 1º da CF/88. São válidos o art. 3º, § 4º, da
Lei nº 7.444/85 e as Resoluções do TSE que preveem o cancelamento do título dos eleitores que não
comparecerem à revisão eleitoral. STF. Plenário. ADPF 541 MC/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
26/9/2018 (Info 917) #IMPORTANTE
VOTO IMPRESSO
É inconstitucional a lei que determina que, na votação eletrônica, o registro de cada voto deverá ser
impresso e depositado, de forma automática e sem contato manual do eleitor, em local previamente lacrado
(art. 59-A da Lei 9.504/97, incluído pela Lei 13.165/2015). Essa previsão acaba permitindo a identificação de
quem votou, ou seja, permite a quebra do sigilo, e, consequentemente, a diminuição da liberdade do voto,
violando o art. 14 e o § 4º do art. 60 da Constituição Federal. Cabe ao legislador fazer a opção pelo voto
impresso, eletrônico ou híbrido, visto que a CF/88 nada dispõe a esse respeito, observadas, entretanto, as
características do voto nela previstas. O modelo híbrido trazido pelo art. 59-A constitui efetivo retrocesso aos
avanços democráticos conquistados pelo Brasil para garantir eleições realmente livres, em que as pessoas
possam escolher os candidatos que preferirem. STF. Plenário. ADI 5889/DF, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red.
p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/6/2018 (Info 905). #IMPORTANTE
Em 1990, o Estado de Minas Gerais editou uma lei, de iniciativa do Governador, determinando que as
custas cobradas nos processos de habilitação de casamento fossem destinadas ao juiz de paz. Em 2011, o STF
julgou essa lei inconstitucional por violar a iniciativa privativa do art. 96, II, “b” e a vedação contida no art. 95,
parágrafo único, II, da CF/88. Em 2018, estes embargos foram julgados e parcialmente acolhidos. O STF decidiu
que o referido acórdão embargado só produz efeitos a partir de 26 de maio de 2011, data em que foi
publicado no Diário de Justiça. Assim, a declaração de inconstitucionalidade não afeta as situações em que os
juízes de paz tenham exercido suas atribuições até 26/05/2011. Dito de outra forma, os valores que eles
receberam até esta data foram considerados legítimos. STF. Plenário. ADI 954 ED/MG, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 20/6/2018 (Info 907).
PROTESTO
O protesto irregular de cheque prescrito não caracteriza abalo de crédito apto a ensejar danos
morais ao devedor, se ainda remanescer ao credor vias alternativas para a cobrança da dívida consubstanciada
no título. STJ. 3ª Turma. REsp 1.677.772-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/11/2017 (Info 616).
#IMPORTANTE
17 – PENAL E PROCESSUAL PENAL MILITAR
COMPETÊNCIA
Compete à JUSTIÇA ESTADUAL a execução de medida de segurança imposta a militar licenciado. STJ.
3ª Seção. CC 149.442-RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 09/05/2018 (Info 626).
CRIME MILITAR
Na configuração de crime militar observa-se a data do evento delituoso, considerado neutro o fato de o
autor estar licenciado. STF. Plenário. HC 132847/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/6/2018 (Info 908).
O fato de o paciente não mais integrar as fileiras das Forças Armadas não tem qualquer relevância sobre o
prosseguimento da ação penal pelo delito tipicamente militar de abandono do posto, visto que ele, no tempo
do crime, era militar da ativa. STF. 2ª Turma. HC 130793, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 02/08/2016.
A aplicação da agravante genérica prevista no art. 70, II, "l", do Código Penal Militar não configura bis
in idem pelo crime de concussão, quando praticado por militar em serviço. Não existe óbice para que, no
crime de concussão, quando praticado em serviço, seja aplicada a agravante genérica prevista no art. 70, II, “l”,
do CPM (“estando de serviço”), isto é, não há ocorrência de bis in idem, porquanto a ideia de exigir vantagem
indevida em virtude da função não tem correlação com o fato de o militar estar em serviço (em escala
especial). STJ. 3ª Seção. EREsp 1.417.380-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 08/08/2018 (Info 631).
#IMPORTANTE