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Ruby Muinde1
Resumo
Esta pesquisa assenta-se nos fundamentos teóricos da Teoria X-Barra Chomsky (1970), considera por muitos
linguístas como a que melhor visualiza os elementos que constituem os sintagmas e as relações entre si dentro da
frase. Pretende-se com estudo analisar a estrutura dos sintagmas nominais do Português moçambicano à luz da teoria
acima referida, por se ter constatado, no âmbito das práticas pedagógicas, que os alunos omitem artigos em
contextos de uso obrigatório, segundo a norma padrão. Trata-se de uma pesquisa descritivo-explicativa, baseada na
abordagem qualitativa de fenômenos educacionais, descrevendo as circunstâncias da omissão dos artigos em
sintagmas nominais e estabelecendo relações entre variáveis. Redacções produzidas por alunos da 12ª classe da
Escola Secundária 15 de Pemba constitui o material empírico analisado. Portanto, os resultados mostram que a
omissão de artigos em sintagmas nominais pelos alunos resulta da interferência linguística dos aspectos morfo-
sintácticos da sua língua materna sobre o Português; os alunos põem em paralelo as regras da sua língua materna.
Contudo, era bom que surgissem outras pesquisas com alunos de outras Línguas bantu de Moçambique para testar
ocorrência deste fenómeno para que se possa criar uma teoria aceitável a respeito deste fenómeno.
REVISÃO DA LITERATURA
Esta pesquisa assenta-se na Teoria X-Barra, uma das teorias vinculadas na Gramática
Generativa-Transformacional, proposta por Chomsky (1970). Esta teoria é a que permite
representar um constituinte e explicar a natureza dum constituinte, as relações que se
estabelecem dentro dele e a forma como os constituintes se subordinam para formar a frase;
“condiciona a forma das categorias e a maneira como as categorias se organizam em estrutura
profunda”. (BRITO, 1988, p.237)
De acordo com Brito (1988, p. 519), os seus princípios fundamentais Teoria X-barra são
os seguintes:
(i) as categorias sintácticas obedecem a uma forma geral e homogénea. Cada categoria,
n 0
X , é a projecção de um núcleo, X ou simplesmente X; uma projecção máxima só pode dominar
uma categoria do mesmo tipo:
n
(ii) Além de uma posição de núcleo, cada categoria X contem uma posição de
especificador (ESP) e uma posição reservada ao (s) complemento (s) (COMPL) (em que ESP e
COMPL estão a ser usadas aqui como simples etiquetas e não como categorias).
Espec X'
ESP(artigo) N´
N (COMPL)
Xº Z"
A sala da casa
Fonte: Campos e Xavier (1991)
Nicolau (op.cit.), após ter analisado a tabela de morfemas de classe de Bleek – Meinhof
acima concluiu o seguinte:
“As várias línguas do grupo Bantu podem utilizar tanto os prefixos do Proto-bantu como
podem escolher outros prefixos que as particularizam. Todas as línguas de origem Bantu
têm os seus nomes agrupados em geral entre 15 a 18 prefixos (…). Contrariamente ao
que acontece com as línguas românicas e/ou com as línguas germânicas, em que o
número morfológico é marcado geralmente por um sufixo, (…)”.
m- α Espec=mc N= α
C1 -tu Mu- tthú
(pessoa) a/uma pessoa
A partir dos esquemas acima representados, pode perceber-se que o prefixo mu-, junto ao
radical -tthú gera as interpretações equivalentes à do sintagma nominai "a/uma pessoa". Portanto,
os prefixos de classe atribuem, por um lado, a informação de número morfológico
singular/plural ao nome e, por outro, em termos estruturais, posicionam-se como os verdadeiros
artigos do nome, definindo-o e desencadeando a concordância com as outras unidades lexicais.
ASPECTOS METOLÓGICOS
Ressalte-se que os critérios para a inclusão dos sujeitos informantes serão: estar a
frequentar a 12ª classe na Escola Secundária de Pemba e ser falante de, pelo menos, uma das
línguas nativas de Cabo Delgado, nomeadamente, Emakhuwa, Shimakonde, Kimwani.
GIL, A. Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo, Atlas, 2002.