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FACULDADE DE FARMÁCIA

FFP323 – FARMACOGNOSIA II

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA:


METILXANTINAS

Professor: Hélio de Mattos Alves


Alunos: Alan Garnier L. da Silva
Cristiane de Jesus Maia
Gabriel Fernandes
Ítalo Robson Souza da Silva
Jéssica Almeida
João Antônio da S. Neto

Rio de Janeiro, 06 de Novembro de 2018.


RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: METILXANTINAS

INTRODUÇÃO:

As metilxantinas são consideradas as substâncias farmacologicamente ativas com


consumo mais difundido no mundo. Elas são constituintes químicos de várias bebidas
alimentícias ou estimulantes não alcoólicas, como café, chá-da-índia,
chá índia, guaraná, cola e
chocolate, consumidas como preparações caseiras ou produtos industrializados, tendo grande
importância econômica e cultural.

As metilxantinas mais abundantes são a: cafeína: 1,3,7-trimetilxantina;


trimetilxantina; teobromina:
3, 7-dimetilxantina e a teofilina: 1,3-dimentilxantina.

Fig 1 - Os três tipos mais comuns de metilxantinas


Cafeína: R1 = R2 = R3 = CH3; Teobromina: R1 = H, R2 = R3 = CH3 e Teofilina: R1 = R2 = CH3, R3 = H

A cafeína e a teofilina possuem relevante aplicação farmacêutica. A cafeína é obtida


de fontes vegetais, principalmente do café; e ela é encontrada em pequenas quantidades no
reino vegetal, sendo obtida para fins comerciais, sobretudo por síntese total. A
teobromina é encontrada especialmente no cacau. Também há relatos da presença de
paraxantina – um dos principais metabólitos ativos da cafeína em culturas de células in vitro
e em plantas jovens de café.

Em função de sua origem biogenética (não são originárias de aminoácidos, mas, sim,
de bases púricas) e de seu caráter anfótero (podem se comportar como ácido ou bases)
as metilxantinas são muitas vezes consideradas pseudoalcalóides. Porém, devido à sua
atividade biológica marcante, distribuição restrita e presença de nitrogênio heterocíclico,
muitos autores classificam--nas como alcalóides verdadeiros, denominados alcalóides
purínicos.

A Camelliasinensis(L.)
Camelliasinensis popularmente conhecida como chá-da-índia,
índia, da família
botânica Theaceae é uma pequena árvore, muito ramosa, originária da Ásia Continental e da
Indonésia e cultivada na Índia, na China, no Sri Lanka, na antiga União Soviética, no Japão,
no Quênia e na Indonésia. As folhas e os botões terminais são utilizados in natura,
aromatizados com menta e frutas ou sob a forma de produtos solúveis, como chá
alimentício e estimulante.
Suas folhas não fermentadas contêm proteínas (15 a 20%), glicídeos (57%),
ácido ascórbico, vitaminas do complexo B e bases púricas, especialmente cafeína (2 a 4%),
polifenóis (30%), incluindo monosídeos de flavonóis e flavonas, catecóis e epacatecóis
livres e esterificados pelo ácido gálico, produtos de condensação, e taninos(10a24%).

O odor aromático se deve à presença de compostos voláteis, formados durante as


operações de fermentação e secagem, derivados cetônicos resultantes da degradação de
carotenos; hexenal formado pela oxidação de ácidos graxos insaturados e heterocíclicos
diversos, produtos da oxidação e rearranjo estrutural de monoterpenos.

Várias propriedades farmacológicas adicionais têm sido experimentalmente


atribuídas ao chá-da-índia, como angio protetora e antirradicais livres devido aos derivados
flavânicos; antimutagênica e antitumoral pela presença de compostos fenólicos; e inibidora
da absorção intestinal de colesterol exógeno. Alguns estudos sugerem que o chá-da-índia
tem a propriedade de reduzir a absorção intestinal de lipídeos e ativar a proteína quinase
ativada por AMPc no fígado, músculo estriado e tecido adiposo, com potencial para o
tratamento da obesidade e da síndrome metabólica. Além disso, resultados de estudos
clínicos indicam que o consumo de chá-da-índia pode reduzir a pressão arterial em
indivíduos hipertensos ou propensos à hipertensão.

OBJETIVO:

Extração e caracterização de Metilxantinas presentes em amostra de Camelliasinensis(L.)O.


Kuntze (família Theaceae).

MATERIAIS E METODOLOGIA:

- Amostra vegetal pulverizada de Camelliasinensis (L.) O.Kuntze;


- Bequer de 100mL;
- HCl diluído;
- Placa de aquecimento;
- Algodão hidrofílico;
- Papel de filtro;
- Funil de vidro;
- Alça;
- Suporte universal;
- Funil de separação;
- NH4OH concentrado;
- Espátula inox;
- Cápsula de porcelana;
- HNO3 concentrado;
- KClO3;
- Cuba cromatográfica (Bécher e placa de petri);
- Mistura de acetatato de etila, metanol e água(100:13,5:10);
- Capilar de vidro;
- Sílica-gel GF254;
- Câmara UV;
- Solução padrão de cafeína;
- Solução padrão de teobromina.

1) EXTRAÇÃO/CARACTERIZAÇÃO DE METILXANTINAS – REAÇÃO DA MUREXIDA.

Adicionou-se em um béquer aproximadamente 5g da droga vegetal Camelliasinensis(L.) O.


Kuntze pulverizada, e em seguida 15ml de HCl diluído. A mistura foi deixada em manta
aquecedora por 5 minutos. Após ser retirada do aquecimento, a solução foi filtrada com
auxílio de papel de filtro e, quando atingiu temperatura ambiente, foi transferida para um
funil de separação e alcalizada com NH4OH concentrado até atingir pH Igual a 10.
Realizaram-se 3 extrações seguidas, cada uma utilizando-se 15 mL de clorofórmio.
Misturou-se as 3 frações extraídas e filtrou-se a amostra resultante com auxílio de
algodão hidrofílico. O filtrado foi recolhido em cápsula de porcelana e uma alíquota foi
retirada para realização da cromatografia em camada delgada. O solvente foi então
evaporado em placa aquecedora até resíduo total ao qual foram, em seguida, adicionadas
3 gotas de HNO3 concentrado e uma ponta de espátula de KCLO3. A cápsula foi levada
novamente para aquecimento e, ao resíduo final obtido, adicionaram-se algumas gotas
de NH4OH.

Fig 2– Aquecimento da droga vegetal

Fig 3– Filtragem com Clorofórmio


2) IDENTIFICAÇÃO POR CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA

Procedeu-se em cromatografia em camada delgada, utilizando-se sílica-gel GF254


como fase estacionária, e mistura de acetato de etila, metanol e H2O (100:13,5:10) como fase
móvel. Aplicou-se separadamente à placa 10µL da amostra adicionada de 1mL de metanol
(A) e 5µL das soluções padrão de cafeína e de teobromina, recentemente preparadas, com
auxílio de capilar de vidro.
Desenvolveu-se o cromatograma e, ao fim da corrida, removeu-se a placa e deixou-
se secar ao ar. Examinou-se a placa cromatográfica sob luz ultravioleta (254nm e
366nm) e observou-se a fluorescência das manchas. Em seguida, revelou-se a placa com
reagente de Draggendorf.

Fig 4 – Preparação da Cuba Cromatográfica

3) RESULTADO E DISCUSSÃO:

1) EXTRAÇÃO/CARACTERIZAÇÃO DE METILXANTINAS – REAÇÃO DA


MUREXIDA.

Fig 5 – Resultado positivo para a reação da Murexida


Obteve-se coloração violeta com o resultado da reação da murexida, indicando
um resultado positivo.
O aparecimento da cor púrpura se deve ao fato de que a metilxantina, quando em
contato com ácido nítrico e calor em presença de oxigênio, sofre cisão oxidativa,
gerando aloxano e ácido dialúrico que, por sua vez, unem-se formando a aloxantina. Essa
substância, quando adicionada de hidróxido de amônio concentrado, reage formando um
purpurato de amônio, um composto de cor púrpura. As reações estão descritas na figura
abaixo:

Fig 6 – Reações envolvidas no teste da murexida.

No entanto, essa reação de identificação só pode ser realizada porque as


metilxantinas foram previamente extraídas da amostra de Camelliasinensis (L.) O.
Kuntze.
A extração foi iniciada com a adição de HCl diluído à droga vegetal pulverizada.
Como as metilxantinas são compostos básicos, tendo pKa variando de 8,4 a 13,2; elas são
protonadas quando submetidas ao pH ácido proporcionado pela adição de HCl. Assim,
elas se tornam solúveis na solução aquosa ácida, enquanto outros grupos fitoquímicos que
não sejam básicos continuam insolúveis e não são extraídos da droga vegetal
pulverizada. O aquecimento ao ponto de ebulição da água faz com que o rendimento da
extração seja maior, pois aumenta a solubilidade das metilxantinas protonadas na água.
Dessa forma é possível obter as metilxantinas presentes na Camelliasinensis com alto
grau de pureza.
Na etapa seguinte, com a adição de NH4OH concentrado, a solução aquosa é
baseificada e as metilxantinas retornam para a sua forma de base livre, adquirindo
caráter apolar e tornando-se insolúveis em água. Por isso, é observado a turvação do meio
logo após a solução chegar acima de pH 10. Adiciona-se, então, clorofórmio a essa fase
aquosa básica contendo as metilxantinas base livre dentro de um funil de separação e se
procede com a extração. Devido ao seu caráter apolar, as metilxantinas passam para a
fase orgânica de clorofórmio, que é mais apolar que água.
As metilxantinas em clorofórmio foram facilmente obtidas por meio da
evaporação deste, que possui baixo ponto de ebulição, e procedeu-se com a reação de
murexida discutida anteriormente. A alíquota em clorofórmio também é importante para a
realização da CCF, pois a presença de água resultaria em um padrão de eluição errático.

2) IDENTIFICAÇÃO POR CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA

Fig. 7– resultado da CCD (254 nm).


Da esquerda para a direita: Spotsdos padrões de cafeína e teobromina e da amostra.

Observa-se que a amostra apresentou apenas uma banda, a qual corresponde, em


relação à distância percorrida àquela gerada pelo padrão de cafeína. O não aparecimento de
banda correspondente à da teobromina indica ausência desse composto.
A placa também foi analisada sob luz UV a 366nm. No entanto, não observou-se
o aparecimento de nenhuma banda, pois os compostos em questão (cafeína e teobromina)
não absorvem luz nesse comprimento de onde, não apresentando, assim, fluorescência.
O reagente de Dragendorff é composto por um sal de iodo bismutato de potássio
em solução aquosa ácida. É utilizado para ad detecção de compostos nitrogenados de
origem vegetal, como alcaloides e metilxantinas. Podem ser adicionados a soluções
contendo tais substâncias ou ainda como revelador de cromatografia em camada delgada
(CCD). A adição do reagente de Dragendorff a uma amostra contendo compostos
nitrogenados resulta na protonação dos nitrogênios com posterior complexação do ânion
iodo bismutato com a espécie nitrogenada catiônica. Tal complexo torna-se insolúvel e
precipita como um sal de coloração laranja. Dessa maneira, o teste positivo para alcalóides
e metilxantinas na presença de reagente de Dragendorff é o aparecimento de precipitado
laranja.
A revelação da CCD com reagente de Dragendorff não formou em precipitado
laranja, sendo, portanto, negativo. Entretanto, como havia a presença de cafeína
conforme observado na CCD era esperado que a revelação com reagente de Dragendorff
gerasse resultado positivo. Uma possível explicação para isso não terá acontecido é que o
reagente poderia estar muito diluído, aumentando os eu pH ou tendo baixa concentração
do iodo bismutato de potássio. Para a formação do precipitado é necessário que o pH esteja
ácido o suficiente para protonar a metilxantina e que haja concentração suficiente de iodo
bismutato para formar o complexo. O comprometimento de algum desses fatores leva ao
resultado incorreto observado.
Fig8 - Resultado Negativo / Dragendorff

CONCLUSÃO:

Conclui-se que o ensaio da murexidas e mostraram eficaz e positivo na pesquisa


de alcalóides da amostra de Camellias, entretanto a análise colorimétrica como reagente
de Dragendorf obteve resultado negativo, não formando um precipitado de cor
alaranjada. O resultado se mostrou falho diante a um possível excesso de diluição do
reagente, aumento do pH ou baixa concentração de iodo bismutato inviabilizando a
formação do complexo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

- SIMÕES, C.M.O; SCHENKEL, E.P; MELLO, J.P.C; MENTZ, L.A; PETROVICK, P.R; (Orgs).
FARMACOGNOSIA: Da Planta ao Medicamento. 6 ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS;
Florianópolis: Editora da UFSC, 2010

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