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CENTRO DE HUMANIDADES I
DEPARTAMENTO DE LITERATURA
LITERATURA BRASILEIRA III
Equipe:
Tema da aula: Ana Terra: Dimensão simbólica da História
● Latifundiários e Coronéis
[...] Agora em seus pensamentos um homem falava de cima de seu cavalo. Tinha
na cabeça um chapéu com um penacho, e trazia à cinta um espadagão e duas pistolas. E
esse homem dizia coisas que a (Ana Terra) deixavam embaraçada, com o rosto ardendo.
Era Rafael Pinto Bandeira, o guerrilheiro de que toda gente falava no Rio Grande.
Corriam versos sobre suas proezas e valentias, pois era ele quem pouco a pouco estava
livrando o Continente do domínio dos castelhanos[...]
● Música
“O agudo som do instrumento penetrou Ana Terra como uma agulha, e ela se sentiu
ferida, trespassada. Mas notas graves começaram a sair da flauta e aos poucos Ana foi
percebendo a linha da melodia... Reagiu por alguns segundos,procurando não gostar dela,
mas lentamente se foi entregando e deixando embalar.”
● Após a música:
“Ana estava inquieta. No fundo ela bem sabia o que era, mas envergonhava-se de
seus sentimentos. Queria pensar noutra coisa, mas não conseguia. E o pior era que sentia os
bicos dos seios (só o contato com o vestido dava-lhe arrepios) e o sexo como três focos
ardentes. Sabia o que aquilo significava. Desde seus quinze anos a vida não tinha mais
segredos para ela. Muitas noites, quando perdia o sono, ficava pensando em como seria a
sensação de ser abraçada, beijada, penetrada por um homem. Sabia que esses eram
pensamentos indecentes que precisava evitar. E agora ali no calor do meio-dia, ao som
daquela música, voltava-lhe intenso como nunca o desejo de homem. Pensava nas cadelas em
cio e tinha nojo de si mesma. Lembrava-se das vezes que vira touros cobrindo vacas e sentia
um formigueiro de vergonha em todo o corpo. Decerto a soalheira era a culpada de tudo. A
soalheira e a solidão. Pensou em ir tomar um banho no poço. Não: banho depois da comida
faz mal, e mesmo ela não aguentaria a caminhada até a sanga, sob o fogo do sol. A sanga era
para Ana uma espécie de território proibido: significava perigo. A sanga era Pedro. Para
chegar até a água teria de passar pela barraca do índio, correria o risco de ser vista por ele.
A água do poço devia estar fresca. Ana imaginou-se mergulhada nela, sentiu os
lambaris passarem-lhe por entre as pernas, roçarem-lhe os seios. E dentro da água agora
deslizava a mão de Pedro a acariciar-lhe as coxas, mole e coleante como um peixe. Uma
vergonha! O que ela queria era macho. E pensava em Pedro só porque, além do pai e dos
irmãos, ele era o único homem que havia na estância. Só por isso. Porque na verdade
odiava-o. Pensou nos beiços úmidos do índio colados à flauta de taquara. Os beiços de Pedro
nos seus seios. Aquela música saía do corpo de Pedro e entrava no corpo dela... Oh! Mas ela
odiava o índio. Tinha-lhe nojo. Pedro era sujo. Pedro era mau. Mas, apesar de odiá-lo, não
podia deixar de pensar no corpo dele, na cara dele, no cheiro dele — aquele cheiro que ela
conhecia das camisas —, não podia, não podia, não podia.”
Associações:
água:sexo :: saciedade:saciedade(sexual)
sem água: sem sexo :: sede:insaciedade(sexual)
Pedro:Sanga :: “sexo”:água(sexual)
peixe:Pedro :: nadar:“acariciar”
touro:Pedro :: vaca:Ana
Referências
FAGUNDES, Ludimila Alves. O tempo e o vento: Ana Terra e a cultura material. Porto
Alegre, 2013.
VERÍSSIMO, Érico. O Continente I. Ed. 34. São Paulo: Editora globo, 1997.
● Refee