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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E


DO MAR – CTTMAR

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM CIÊNCIA E


TECNOLOGIA AMBIENTAL

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: TECNOLOGIA E GESTÃO AMBIENTAL

EVOLUÇÃO DA LINHA DE COSTA DE PRAIAS DO MUNICÍPIO DE ITAPOÁ-


SC. UMA ANÁLISE RELACIONADA À EROSÃO COSTEIRA UTILIZANDO
FERRAMENTAS GEOTECNOLÓGICAS.

PAULO RENATO MACEDO BRIESE

Itajaí (SC), fevereiro de 2016.

__________________________________________________
ii

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E


DO MAR – CTTMAR

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM CIÊNCIA E


TECNOLOGIA AMBIENTAL

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: TECNOLOGIA E GESTÃO AMBIENTAL

EVOLUÇÃO DA LINHA DE COSTA DE PRAIAS DO MUNICÍPIO DE ITAPOÁ-


SC. UMA ANÁLISE RELACIONADA À EROSÃO COSTEIRA UTILIZANDO
FERRAMENTAS GEOTECNOLÓGICAS.

PAULO RENATO MACEDO BRIESE

Trabalho de Conclusão apresentado ao


Programa de Pós-Graduação em Ciência e
Tecnologia Ambiental, como parte dos
requisitos para obtenção do grau de
Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental.

Orientador: João Thadeu de Menezes.

Itajaí (SC), fevereiro de 2016.


iii

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todas as pessoas que enxergam o mundo através do


amor, de coração honesto e que buscam fazer o bem para o meio ambiente e a
sociedade, em especial minhas avós Lourdes de Albuquerque e Antonieta Briese,
eu amo muito vocês.
iv

AGRADECIMENTOS

Gratidão ao universo, pela oportunidade de conseguir encarar esse desafio de ser


mestre em ciência e tecnologia ambiental.

A toda minha família, em especial Tiago Gonçalves por estar sempre me


apoiando e me incentivando em todos as minhas decisões.

Ao meu orientador João Thadeu de Menezes por toda ajuda e cooperação para a
realização deste trabalho.

A todos os meus amigos e colaboradores que me ajudaram a concretizar mais


está conquista.
v

RESUMO

Entre os ecossistemas costeiros, as praias podem ser consideradas os ambientes


mais frágeis, possuem alta dinâmica natural, a qual está propensa a sofrer
alterações em função de atividades humanas, cada vez mais intensas nestas
regiões. Esta influência antrópica, somada a acontecimentos naturais, regem a
dinâmica costeira e os fatores que atuam na disposição da linha de costa, como
processos erosivos e taxas do balanço sedimentar costeiro. A ação erosiva em
uma praia se torna preocupante quando esta deixa de ser um processo natural e
passa a ser um processo repetitivo e intenso, causando problemas em áreas de
interesse ecológico e socioeconômico. O estudo espaço-temporal da
morfodinâmica praial e a geração de cenários através de modelagem numérica
costeira são de grande relevância para o entendimento destes processos e na
busca para soluções de conflitos nestas áreas. Atráves do referencial bibliográfico
e da aplicação de geotecnologias foi possível analisar a morfodinâmica praial da
área de estudo assim como a evolução da linha de costa. A análise das variáveis
ambientais utilizando estudos pretéritos possibitou o entendimento dos processos
erosivos na região, onde foi observado que o valor médio da altura significativa
de onda foi de 1,03 m, o período de pico de 8,85 s, e a direção dominante foi
113,87º (leste-sudeste), além disso as correntes com maior frequência são
provientes de norte com intensidade no valor médio de 0,15 m/s. A variação da
linha de costa ao longo dos anos foi mensurada a partir de uma extensão do
programa ArcGIS 10.1, chamada DSAS. Foi evidente que ao longo de setenta e
sete anos ocorreu variações nas taxas de progradação e erosão da linha de
costa, onde foi possível observar que as praias sofrem mais perda de sedimento
do que deposição, e as maiores variações se encontram respectivamente do
setor sul para o setor norte. A classificação manual do uso e ocupação do solo
indicou de forma espaço-temporal o avanço da urbanização sob ecossistemas
naturais estabilizadores da linha de costa, evidenciando o fator antrópico com um
dos causadores da erosão, sendo que a classe urbanização apresentou entre os
anos de 1938 e 2015 um aumento de 38,37% em área ocupada. A modelagem
numérica ambiental demonstrou que a maior ocorrência de ondas são
provenientes dos quadrantes leste/sudeste, sendo que as ondas vindas do
quadrante sudeste apresentaram as maiores alturas significativa (2 metros), as
vi

mesmas inscidindo principalmente nos setores centro-sul e centro–norte da


praia. Além disso foi observado a partir dos dados da modelagem que as
correntes influenciam mais na morfodinâmica do setor sul, na região da
desembocadura da Baía da Babitonga, onde ocorrem maiores taxas de erosão, as
velocidades máximas de corrente variaram entre 0,78 m/s e 1,00 m/s. As praias
de Itapoá – SC, possuem características erosivas, fato que ocorre naturalmente
devido a morfodinâmica praial, sendo o mesmo intensificado pela influência
antrópica. Como solução para estabilização da linha de costa é proposto a
retirada das estruturas rígidas presentes em áreas que devem ser preservadas,
assim como estudos mais aprofundados de recuperação destes ambientes e uma
possível alimentação articifial da praia, afim de buscar o equilíbrio no balanço
sedimentar praial.

ABSTRACT

Among the coastal ecosystems, the beaches can be considered the most fragile
environments, are naturaly highly dynamic, which is likely to undergo changes
due to human activities, more and more intense in these regions. This human
influence, added to natural events, controls the coastal dynamics and the factors
that act on the disposition of the shoreline, as erosion and rates of the coastal
sediment balance. The erosive action on a beach becomes worrying when it
ceases to be a natural process and becomes a repetitive and intense process,
causing problems in areas of ecological and socio-economic interest. The study
spatiotemporal of beaches morphodynamics and generating scenarios through
coastal numerical modeling are of great relevance to the understanding of these
processes and the search for conflict resolution in these areas. Through
bibliographic references and geotechnology application to parse the beaches
morphodynamics of the study area as well as the evolution of the coastline. The
analysis of environmental variables using preterits studies helped on the
understanding of erosion in the region where it was observed that the average
value of the significant wave height was 1.03 meters, the peak period of 8.85
seconds, and the dominant direction was 113,87º (east-southeast), moreover
the currents are most frequently from north and the intensity with the average
vii

value of 0.15 m/s. The variation of the shoreline over the years was measured
from an extension of ArcGIS 10.1 program called DSAS. It was evident that over
seventy-seven years occurred variations in progradation rates and erosion of the
coastline, where it was observed that the beaches suffer more loss of sediment
that deposition, and the greatest variations respectively are from the southern
sector to the northern sector. The manual classification of and land use indicated
on a spatiotemporal form, the advance of urbanization on natural ecosystems
that stabilizing the shoreline, showing the anthropic factor with one of the causes
of erosion, and urbanization category had, between the years 1938 and 2015, an
increase of 38.37% in occupied area. Environmental numerical modeling showed
that the most frequent waves come from the quadrant east / southeast, and the
waves coming from the southeast quadrant had the highest significant heights (2
meters), influencing mainly in the south-central and north-central sectors of the
beach. Also it was observed from the modeling data that the current influence
more in the southern sector morphodynamics, on the Bay of Babitonga outfall,
where there are higher rates of erosion, the current maximum speeds ranging
from 0.78 m/s 1.00 m/s. The beaches of Itapoá - SC, have erosive
characteristics, a fact that occurs naturally due to beaches morphodynamics, the
same being intensified by human influence. As a solution to the shoreline
stabilization is proposed the withdrawal of rigid structures present in areas that
should be preserved, as well as further study of recovery of these natural
environments and possible articifial beach nourishment in order to seek
stabilization of the sedimentary balance.
viii

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA III 

AGRADECIMENTOS IV 

RESUMO V 

ABSTRACT VI 

1  INTRODUÇÃO 15 

1.1  MORFOLOGIA E HIDRODINÂMICA PRAIAL  17 


1.1.1.  Morfologia Praial  17 

1.2  EROSÃO COSTEIRA  22 


1.2.1  Erosão Praial em Santa Catarina  24 

2  OBJETIVOS 27 

2.1  Objetivo Geral  27 

2.2  Objetivos Específicos  27 

3  METODOLOGIA 27 

3.1  ÁREA DE ESTUDO  27 


3.1.1  Geologia  28 
3.1.2  Hidrografia  31 
3.1.3  Clima  31 
3.1.4  Maré  31 

3.2  ANÁLISE DAS VARIÁVEIS AMBIENTAIS ATUANTES NA DINÂMICA PRAIAL


  31 

3.3  ANÁLISE DA VARIAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA LINHA DE COSTA DA


PRAIA DE ITAPOÁ – SC  32 

3.4  ANÁLISE DO PROCESSO DE EVOLUÇÃO DA URBANIZAÇÃO DO MUNICÍPIO


DE ITAPOÁ - SC  35 

3.5  ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MORFODINÂMICO DAS PRAIAS DO


MUNICÍPIO DE ITAPOÁ – SC  36 
3.5.1  MODELO DELFT3D  37 
3.5.2  GRADE NÚMERICA E BATIMETRIA  39 
3.5.3  DADOS DE ENTRADA DO MODELO  40 
3.5.4  Calibração e Validação do Modelo Numérico  45 

3.6  Análise das possíveis causaS da erosão praial no município de itapoá e


proposta de soluções para estabilização da linha de costa  49 
ix

4  RESULTADOS E DISCUSSÃO 50 

4.1  ANÁLISE DAS VARIÁVEIS AMBIENTAIS ATUANTES NA DINÂMICA PRAIAL


  50 
4.1.1  REGIME DE ONDAS  50 
4.1.2  PADRÃO DE CORRENTES  52 
4.1.3  REGIME DE VENTOS  55 
4.1.4  MARÉS  56 

4.2  ANALISAR A VARIAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA LINHA DE COSTA DA


PRAIA DE ITAPOÁ – SC  63 

4.3  ANÁLISE DO PROCESSO DE EVOLUÇÃO DA URBANIZAÇÃO DO MUNICÍPIO


DE ITAPOÁ – SC  80 

4.4 MODELAGEM NÚMERICA AMBIENTAL  93 

4.5 ANÁLISE DAS INFLUÊNCIAS ANTRÓPICAS COMO POSSÍVEIS CAUSAS DOS


PROCESSOS EROSIVOS  103 

5. CONCLUSÕES 107 

6.  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 109 


x

LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Zonação hidrodinâmica e morfológica, tipicamente observada em
uma praia arenosa oceânica (HOEFEL, 1988). .............................................. 18 
Figura 2. Causas naturais e antrópicas de erosão costeira (SOUZA, 2009).
.......................................................................................................................................... 24 
Figura 3. Setores do litoral centro-norte catarinense que vêm
apresentando processos visíveis de erosão costeira e que necessitam
de medidas recuperadoras urgentes (Klein et al., 1999) .......................... 25 
Figura 4. Localização da área de estudo, trecho de 14 quilômetros de praia
no município de Itapoá, SC. .................................................................................. 28 
Figura 5. Configuração atual da planície costeira de Itapoá após o máximo
da transgressão holocênica (Souza, 1999). ................................................... 30 
Figura 6. Localização do fundeio do ADCP para caracterização
oceanográfica na área de estudo. ....................................................................... 32 
Figura 7. Localização dos transectos para a análise da variação da linha de
costa. .............................................................................................................................. 35 
Figura 8. Fluxograma esquemático da interação entre os diferentes
módulos do software DELFT3D. ........................................................................... 38 
Figura 9. Malha numérica para executar o modelo hidrodinâmico nas
praias do município de Itapoá.............................................................................. 39 
Figura 10. Batimetria interpolada na malha do modelo hidrodinâmico. ...... 40 
Figura 11. Localização dos principais afluentes que desaguam na baía da
Babitonga. .................................................................................................................... 41 
Figura 12. Tabela de componentes harmônicas de maré da FEMAR para a
estação do Porto de São Francisco do Sul. ..................................................... 42 
Figura 13. Localização do ponto onde foram extraídos os dados de ondas
propagados de águas profundas. ........................................................................ 44 
Figura 14. Localização do fundeio do ADCP próximo ao píer de atracação
do Porto de Itapoá. ................................................................................................... 45 
Figura 15. Equipamento AWAC® utilizado no fundeio já fixado em
estrutura piramidal. .................................................................................................. 46 
Figura 16. Gráfico de dispersão entre a componente U dos dados de
corrente medidos pelo ADCP e a componente U dos dados de corrente
modelados, para a área de estudo..................................................................... 47 
Figura 17. Gráfico de comparação entre a componente U dos dados de
corrente medidos e modelados, ao longo do tempo modelado. ............. 47 
Figura 18. Gráfico de dispersão entre a componente V dos dados de
corrente medidos pelo ADCP e a componente V dos dados de corrente
modelados, para a área de estudo..................................................................... 48 
Figura 19. Gráfico de comparação entre a componente V dos dados de
corrente medidos e modelados, ao longo do tempo modelado. ............. 48 
Figura 20. Séries temporais, alturas significativas e períodos de pico para
o período total de medições (ALVES, 1996)................................................... 51 
Figura 21. Intensidade de correntes de superfície em São Francisco do Sul
(elaborado a partir de CNEN/CDTN, 2002, apud PETROBRAS, 2003). 54 
xi

Figura 22. Intensidade de correntes de fundo em São Francisco do Sul


(elaborado a partir de CNEN/CDTN, 2002, apud PETROBRAS, 2003). 55 
Figura 23. Correntes de maré típicas da zona costeira na frente dos
municípios de Itapoá e São Francisco do Sul, na região do canal
externo de acesso ao Porto de São Francisco do Sul (CPE & Acquaplan,
2009). ............................................................................................................................ 57 
Figura 24. Localização do delta de maré vazante (banco da Galharada) na
desembocadura da Baía da Babitonga. ............................................................ 58 
Figura 25. Variação do nível da água (profundidade do ADCP) entre os
dias 17/05/14 e 30/06/15 para o local observado. ..................................... 59 
Figura 26. Rosa direcional e histogramas de distribuição de ocorrência
para a velocidade e a direção média das correntes, entre os dias
01/07/15 e 11/12/15. ............................................................................................. 60 
Figura 27. Altura significativa (HS) das ondas mensuradas entre os dias
01/07/15 e 11/12/15, em um ponto localizado em frente a
desembocadura da baia da Babitonga. ............................................................. 61 
Figura 28. Direção média das ondas observadas entre os dias 01/07/15 e
11/12/15, em um ponto localizado em frente a desembocadura da
baia da Babitonga. .................................................................................................... 62 
Figura 29. Período de pico das ondas entre os dias 01/07/15 a 11/12/15,
em um ponto localizado em frente a desembocadura da baia da
Babitonga.. ................................................................................................................... 62 
Figura 30. Frequência acumulada da altura significativa e direção média
das ondas, entre os dias 01/07/15 e 11/12/15, em um ponto
localizado em frente a desembocadura da baia da Babitonga.. ............. 63 
Figura 31. Mosaico fotográfico da praia do Município de Itapoá para o ano
de 1938. ........................................................................................................................ 64 
Figura 32. Mosaico fotográfico da praia do Município de Itapoá para o ano
de 1957. ........................................................................................................................ 65 
Figura 33. Mosaico fotográfico da praia do Município de Itapoá para o ano
de 1978. ........................................................................................................................ 66 
Figura 34. Mosaico fotográfico da praia do Município de Itapoá para o ano
de 1995. ........................................................................................................................ 67 
Figura 35. Mosaico fotográfico da praia do Município de Itapoá para o ano
de 2015. ........................................................................................................................ 68 
Figura 36. Variação da linha de costa para o município de Itapoá entre os
anos de 1938 e 1957. .............................................................................................. 71 
Figura 37. Variação da linha de costa para o município de Itapoá entre os
anos de 1957 e 1978. .............................................................................................. 72 
Figura 38. Variação da linha de costa para o município de Itapoá entre os
anos de 1978 e 1995. .............................................................................................. 73 
Figura 39. Variação da linha de costa para o município de Itapoá entre os
anos de 1995 e 2015. .............................................................................................. 74 
Figura 40. Frequência Comparação entre a variação das linhas de costa ao
longo da área de estudo. ........................................................................................ 75 
xii

Figura 41. Comparação entre as médias interanuais de cada cenário por


setor. .............................................................................................................................. 76 
Figura 42. Variação da linha de costa de acordo com os valores de EPR -
metros para o cenário de 1957/38. ................................................................... 77 
Figura 43. Variação da linha de costa de acordo com os valores de EPR -
metros para o cenário de 1978/57. ................................................................... 78 
Figura 44. Variação da linha de costa de acordo com os valores de EPR
m/ano para o cenário de 1995/78. .................................................................... 79 
Figura 45. Variação da linha de costa de acordo com os valores de EPR
m/ano para o cenário de 2015/95. .................................................................... 80 
Figura 46. Classificação do Uso do Solo para a região costeira do
município de Itapoá para o ano de 1938. ........................................................ 81 
Figura 47. Classificação do Uso do Solo para a região costeira do
município de Itapoá para o ano de 1957. ........................................................ 82 
Figura 48. Classificação do Uso do Solo para a região costeira do
município de Itapoá para o ano de 1978. ........................................................ 83 
Figura 49. Classificação do Uso do Solo para a região costeira do
município de Itapoá para o ano de 1995. ........................................................ 84 
Figura 50. Classificação do Uso do Solo para a região costeira do
município de Itapoá para o ano de 2015. ........................................................ 85 
Figura 51. Agropecuária (áreas de cultivo e campo para pastagens). Foto:
Paulo Briese. ................................................................................................................ 86 
Figura 52. Vegetação costeira (áreas de restinga, manguezais, áreas de
transição e dunas vegetadas). Foto: Paulo Briese ....................................... 87 
Figura 53. Região Praial sofrendo influência da urbanização. Foto: Paulo
Briese ............................................................................................................................. 87 
Figura 54. Construções na região de dunas, enrocamentos para conter os
desmoronamentos. Foto: Paulo Briese. ............................................................ 88 
Figura 55. Visão do berço de atracação do Porto de Itapoá – SC. Foto:
Paulo Briese ................................................................................................................. 89 
Figura 56. Vias de mobilidade pública e construções na região costeira de
Itapoá – SC. Foto: Paulo Briese........................................................................... 89 
Figura 57. Variação espaço-temporal das classes de uso/ocupação do solo,
urbanização e floresta ombrófila, da região costeira de Itapoá – SC. . 91 
Figura 58. Evolução espaço-temporal das classes de uso de solo do
município de Itapoá – SC....................................................................................... 91 
Figura 59. Velocidades máximas de maré enchente em quadratura............ 94 
Figura 60. Velocidades máximas de maré enchente em sizígia. .................... 94 
Figura 61. Velocidades máximas de maré vazante em quadratura. ............. 95 
Figura 62. Velocidades máximas de maré vazante em sizígia. ....................... 96 
Figura 63. Altura significativa de ondas provenientes do quadrante Leste.
.......................................................................................................................................... 97 
Figura 64. Altura significativa de ondas provenientes do quadrante
Nordeste. ....................................................................................................................... 98 
Figura 65. Altura significativa de ondas provenientes do quadrante
sul/sudeste. .................................................................................................................. 99 
xiii

Figura 66. Esquema conceitual da dinâmica sedimentar na região da


desembocadura da Baía da Babitonga. A espessura das setas não está
relacionada com a magnitude do transporte (CPE,2011). ...................... 101 
Figura 67. Variação morfológica da área de estudo no cenário atual depois
de um ano. ................................................................................................................. 102 
xiv

LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Relação Parâmetros morfométricos de perfis de praias
selecionadas (SHORT & WRIGHT, 1983). ........................................................ 19 
Tabela 2. Relação dos rios da bacia hidrográfica e a vazão correspondente.
.......................................................................................................................................... 41 
Tabela 3. Casos de ondas simulados para a caracterização morfodinâmica
das praias do município de Itapoá, SC. ............................................................ 44 
Tabela 4. Período e altura significativa de onda para os quatro padrões de
ondas observados na região da baia da Babitonga (ALVES & MELO,
2001). ............................................................................................................................ 52 
Tabela 5. Estatísticas das Correntes em São Francisco do Sul (CNEN –
CDTN, 2002, apud PETROBRAS, 2003) ............................................................ 53 
Tabela 6. Valores de EQM para cada fotografia, por ano e as respectivas
médias. .......................................................................................................................... 69 
Tabela 7. Médias interanuais do valor de EPR (m) para cada setor de cada
cenário. .......................................................................................................................... 75 
Tabela 8. Área ocupada em hectares, pelas classes ao longo dos anos. .. 90 
15

1 INTRODUÇÃO

As áreas costeiras têm como principal característica uma alta e complexa dinâmica
natural, e desta maneira, propensas a sofrer alterações em função de atividades
humanas cada vez mais intensas nestas regiões. Somando-se os fatores naturais aos
antrópicos podem ocorrer diversos problemas ambientais como, por exemplo, a
erosão costeira, onde uma alteração na dinâmica da costa pode causar danos a bens
públicos e privados além de alterar as paisagens e as funções ecológicas dos
ecossistemas. Pode-se dizer que a acelerada ocupação costeira brasileira no último
século intensificou os problemas erosivos nestas regiões (LECOST,2002).

As regiões litorâneas estão sujeitas a diversas alterações morfodinâmicas, as quais


possuem grande variabilidade espaço-temporal em função de processos continentais e
marinhos que podem envolver, a dinâmica erosiva e deposicional, associada à ação de
ondas, marés, correntes costeiras e também a ação fluvial, além da influência
antrópica (SILVA et al., 2004).

Cerca de 90% da população dos municípios costeiros residem em áreas urbanas


(TOGNELLA-DE-ROSA et al., 2006), acarretando em perda de espaço territorial
natural e maior influência antrópica sob os ecossistemas inseridos na costa.

As atividades humanas relacionadas a acontecimentos naturais (variações do nível


relativo do mar e balanço de sedimentos) regem a dinâmica costeira, fatores que
atuam na disposição da linha de costa. O processo de retração acontece, quando a
linha de costa recua em direção ao continente, fato derivado da erosão costeira
(DIREÇÂO GERAL DO AMBIENTE, 1999). Uma associação de processos físicos de
desagregação, transporte e deposição das partículas sedimentares, a qual acontece a
priori pela ação do vento (erosão eólica) ou pela ação da água (erosão hídrica), define
o fenômeno da erosão, sendo este um processo natural, estando inserido na
morfodinâmica do relevo e que tende a se manter em equilíbrio com a deposição de
sedimento quando não há interferência antrópica (ANDRES et al., 2013).

Segundo Tomazelli et al. (1996) aspectos como: interrupção da deriva litorânea, seja
por acontecimentos naturais ou antrópicos; diminuição do suprimento sedimentar;
aumento da magnitude ou frequência de tempestades e a elevação do nível relativo
16

do mar, estão relacionados aos processos erosivos das regiões costeiras. A ação
erosiva em uma praia se torna preocupante quando passa a ser um processo intensivo
em um trecho ou ao longo de toda a praia, ameaçando áreas de interesse ecológico e
socioeconômico (SOUZA et al. 2005).

A gestão costeira utiliza do conhecimento dos processos costeiros que atuam em sua
dinâmica e evolução, dando importância às mudanças na linha de costa, além da
avaliação dos níveis e suscetibilidade à erosão (HOOKE et al., 1996). O entendimento
da evolução geomorfológica e dos processos morfodinâmicos praiais é de grande
ajuda para que se realize o devido gerenciamento costeiro, assim minimizando as
modificações no balanço sedimentar da área (SILVA, 2008).

Devido à inexistência de informações sobre a tendência das mudanças no nível dos


oceanos, sobre as ondas, climas e evolução de linha de costa tornam uma tarefa difícil
encontrar os verdadeiros causadores da erosão nas regiões litorâneas (MUEHE, 2005),
daí a necessidade de mais estudos relacionados a estas áreas para posteriores
tomadas de decisões capazes de eliminar conflitos e buscar o equilíbrio entre os
anseios da sociedade e o bem estar do meio ambiente.

A dinâmica costeira das praias do município de Itapoá – SC sofre influência de


aspectos naturais e antrópicos, os quais variam ao longo do tempo, alterando a
morfodinâmica praial, o que provoca alterações na costa, como variações da linha de
costa, e processos de erosão. Fato que gera conflitos por conta de fatores como,
perda de sedimento e depredação de bens públicos e propriedades privadas, os quais
podem ser solucionados através da gestão costeira.

Através de técnicas de geoprocessamento, sensoriamento remoto e modelagem


numérica foi possível entender melhor a morfodinâmica da costa do município de
Itapoá – SC. Foram avaliadas as variáveis ambientais que atuam no meio, além da
análise da variação de linha de costa e do processo de urbanização no município.
Essas informações permitiram determinar os principais causadores dos processos
erosivos ocorrentes no local, em busca de soluções para estabilização da linha de
costa, norteando políticas públicas e servindo de subsídio para a gestão costeira da
região.
17

Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo principal analisar a evolução da
linha de costa do município de Itapoá e tentar identificar as possíveis causas para os
processos de retração e progradação de costa observados nos últimos setenta e oito
anos, bem como inferir sugestões para o controle do balanço sedimentar na área de
estudo. Este trabalho está dividido em cinco capítulos.

1.1 MORFOLOGIA E HIDRODINÂMICA PRAIAL

As praias oceânicas, inseridas entre os ecossistemas costeiros, podem ser


consideradas dentre os ambientes que compõe estes ecossistemas, o mais dinâmico e
frágil. A principal função ecológica deste ecotone é agir como zonas tampões,
protegendo a região costeira da influência energética vinda do oceano (HOEFEL,
1997). Ações de devastação, como retirada de dunas por conta de construções e
obras relacionadas a processos de urbanização, vêm transformando e alterando
negativamente os litorais de todo o mundo (NORDSTROM, 2010).

1.1.1. Morfologia Praial

Segundo Hoefel (1998) a caracterização do perfil de uma praia se dá por diferentes


zonas (Figura 1) que diferem de forma hidrodinâmica e morfodinâmica, sendo essas:

De acordo com a hidrodinâmica

Zona de arrebentação (Breaking Zone): Região de quebra da onda, onde parte se sua
energia é dissipada;

Zona de Surfe (Surf Zone): Região limitada pela dissipação energética da onda, após
sua quebra, sendo que mesma varia de acordo com o tipo de quebra da onda. A
formação de correntes e transporte sedimentar são características dessa zona, devido
a ressuspensão dos sedimentos;

Zona de Espraiamento (Swash Zone): Área delimitada entre o máximo e o mínimo da


face praial que possui ação das ondas. Nessa região acontece o fluxo e refluxo da
onda.
18

De acordo com a morfologia

Antepraia (Shoreface): Área em que ocorrem os processos de empinamento da onda,


delimitada a partir da porção mais profunda de fechamento externo e interno do perfil
praial, ou até o início da zona de arrebentação, pois se alonga em direção à costa;

Praia média: Região do perfil praial, onde atuam os processos da zona de


arrebentação e surfe;

Face praial (Beachface): Fração onde o sistema da zona de espraiamento atua;

Pós-praia (Backshore): Porção do perfil delimitada pelo limite superior da zona de


espraiamento até o início das dunas fixadas por vegetação, ou qualquer outra
mudança evidente no cenário.

Figura 1. Zonação hidrodinâmica e morfológica, tipicamente observada em uma praia


arenosa oceânica (HOEFEL, 1988).

A dinâmica de áreas litorâneas é muito singular e ativa por haver diversas formas de
energia atuando de maneiras diferentes sob o meio, tais como correntes, marés e
ondas. Dependendo do grau de intensidade destes fatores, as praias podem ser
19

classificadas quanto à morfodinâmica em dois estados extremos, dissipativo e


reflectivo, e quatro intermediários (SHORT & WRIGHT, 1983).

As praias dissipativas possuem zona de surfe larga, são mais expostas, a energia de
ondas é maior, assim como o tamanho do grão do sedimento, além disso, possui
baixa declividade; Praias refletivas sofrem menor incidência de energia de ondas
sobre a praia, e possuem maior tamanho de grão do sedimento, normalmente são
ambientes mais sensíveis a poluição por não ocorrer tanta dispersão de
contaminantes; Além disso praias ditas como intermediárias possuem características
mistas com presença de correntes de retorno (SHORT & WRIGHT, 1983). A Tabela 1.1
apresenta os resultados dos parâmetros morfométricos calculados para a
caracterização destes três tipos de praias.
Tabela 1. Relação Parâmetros morfométricos de perfis de praias selecionadas (SHORT
& WRIGHT, 1983).
Localização Goolwa N. Seven M. Seven Narrabeem Collaroy Fishermans
Tipo de Praia Dissipativa Intermediária Reflectiva
n 3 11 11 94 94 26
Meses 60 26 26 78 78 30
Hb (m) 3 1.6 1.6 1-1.5 0.5-1 0.3
T 12 10 10 10 10 10
Gd (mm) 0.2 0.25 0.27 0.3 0.3 0.35
Ws 0.02 0.32 0.036 0.04 0.036 0.05
 9.6 5.10 4.4 3.75 2.1 0.60
Declividade 1:33 1:39 1:37 1:15 1:12 1:9
L 90 112 112 42 36 27
L 10 16 15 14 9 5
CVL 0.10 0.14 0.13 0.33 0.25 0.18
V 120 153 177 180 65 40
V baixo 23 30 90 45 12

n – número de amostragens; meses – número de meses monitorados; Hb – altura de arrebentação da onda; T


– período da onda; Gd – tamanho médio de grão; ws – velocidade de decantação dos grãos (m/s);  =
Hb/TWs; Gradiente – declividade da praia; L – largura da porção sub-aérea do perfil praial; L – desvio padrão
da largura da praia; CVL – coeficiente de variação da largura da praia; V – volume da parte sub-aérea do perfil
praial; V – desvio padrão do volume praial.-

Segundo a classificação feita por Davies (1964) as regiões costeiras em relação as


marés podem ser divididas entre micro maré (< 2m), meso maré (2-4 m) e macro
maré (> 4 m), sendo assim as praias arenosas podem ser classificadas da mesma
forma. A hidrodinâmica e o transporte de sedimentos em regiões de meso/macro
marés são alterados de acordo com a variação da maré somados a incidência de
ondas no local, ao longo de sua porção superior e inferior (SHORT, 1982).
20

A costa do Estado de Santa Catarina possui um regime predominante de marés do


tipo micro maré, aonde a amplitude máxima chega a 1,4 metros em regime
semidiurno (OLIVEIRA, 2004), o mesmo autor relata, em relação às marés
meteorológicas na costa sul brasileira, que as mesmas podem chegar à costa com a
presença de eventos de alta energia de ondas, acompanhadas de fortes ondulações
vindas do Sul/Sudeste, e elevar o nível da maré astronômica em até 1 metro.

As correntes litorâneas (longitudinais e de retorno) são formadas a partir da energia


liberadas na zona de surfe provenientes da incidência das ondas e marés no local,
onde as mesmas variam em relação à diferença de altura de onda e do ângulo de
incidência das ondas sob a praia (KOMAR, 1976). A ocorrência oblíqua de ondas na
costa gera as correntes longitudinais, formando os processos de deriva litorânea. A
geração de correntes de retorno (rip currents), ocorre devido a fluxos limitados de
circulação, seja em posição normal ou oblíqua à costa (KOMAR, 1976), além disso as
correntes litorâneas influenciam diretamente na morfologia praial, e nos processos de
sedimentação e transporte de sedimento.

Muehe (1998) relata que a principal força motriz dos processos litorâneos de curto e
médio prazo é a variação das ondas, a qual determina, seja transversalmente ou
longitudinalmente à costa, o movimento da mesma. O dinamismo de processos
erosivos e de estoque de material sedimentar na costa é regido pela força e
temporalidade das tempestades ocasionadas pela energia das ondulações que atuam
sob o litoral (GOYA & TESSLER, 2005).

A origem mais comum das ondas é o vento, porém estas também podem ser geradas
por abalos sísmicos marinhos, além da movimentação das marés, de forma simples
uma onda pode ser dita como uma consequência de uma forma de energia propagada
ao longo da superfície da água (LIMA, 2002).

As ondas formam o elo principal que controla a dinâmica de ambientes costeiros,


porém as mesmas atuam em conjunto a fatores que variam de forma temporal e
espacial, como as marés, correntes, aporte fluvial e granulometria sedimentar, além
disso as características morfodinâmicas da praia podem variar em curto prazo de
acordo com a sazonalidade ou em casos de acontecimentos extremos, como ressacas
(ALBUQUERQUE et al., 2006).
21

A influência do fundo oceânico em àguas rasas atua sob as ondas, onde as mesmas
tendem a alinhar suas cristas de acordo com as feições de profundidade, este
processo é conhecido como refração da onda (ALBUQUERQUE et al., 2006). Segundo
a teoria dos raios de Kamphuis (2000), a difração acontece devido ao espalhamento
radial energético, onde barreiras naturais (ilhas) ou de origem antrópica como
construções de engenharia oceanográfica interagem com as ondas.

A relação das ondas com o fundo da praia, com barreiras naturais ou de origem
antrópica, ou com correntes marítimas modificam os padrões de propagação do
sedimento. (CHACALTANA & SOARES, 2015). Processos de retração e progradação da
linha de costa são naturais e não causam problemas na morfologia da costa, porém
devido à ocupação humana nas regiões litorâneas, estes acontecimentos podem ser
intensificados, interferindo nos processos erosivos e deposicionais do local. Desta
maneira essas variações antes não perceptíveis ao homem, podem causar problemas,
provocando perdas matérias e muitas vezes humanas (SOUZA, 1999).

Graças aos fatores hidrodinâmicos da costa, a morfologia praial está sempre se


modificando e transportando os sedimentos de uma local para outro. Segundo Komar
(1983) além destas influências a dinâmica da costa também depende do suprimento
sedimentar, quando a praia possui baixas taxas de suprimento, e a mesma possui
mais características erosivas que aquelas as quais possuem taxas maiores de
suprimento sedimentar, neste caso a linha de costa avança em direção ao oceano.

Praias Arenosas oceânicas são ambientes de transição, que possuem alto dinamismo e
sensibilidade. Seus componentes variam de acordo com a quantidade de energia
embutida no sistema, sendo influenciados de forma biológica, eólica e hidráulica,
sendos que estes componentes ocorrem em escalas espaço-temporais variáveis
(HOEFEL, 1997). Dentre todos os agentes de influência na dinâmica praial, os
processos hidráulicos chamam mais atenção por representarem uma gama de vetores
que alteram a morfologia praial e promovem a troca de sedimento entre praias e
regiões próximas. Esta situação ocorre principalmente pela ação das marés, ondas
formadas pelos ventos, correntes litorâneas e oscilações de longo período
(subharmônicas e de infragravidade) (HOEFEL, 1997).
22

1.2 EROSÃO COSTEIRA

O processo de erosão costeira é natural e pode ser intensificado pela ação do homem.
O mesmo acontece de forma global, atingindo na sua maioria, margens oceânicas e
lacustres (KALINDI et al. 2011). Este fenômeno ocorre devido a diversos vetores e
forças atuando em conjunto, os quais unidos são conhecidos como dinâmica costeira
(BIRD, 2000). Em inúmeras praias no Brasil e no mundo, a ação da erosão é
acentuada e muitas vezes há necessidade de intervenções urgentes para conter o
processo erosivo e recuperar as áreas erodidas (KALINDI, 2011).

Segundo Suguio (2001), as áreas costeiras estão sendo constantemente modificadas


pela ininterrupta busca pelo equilíbrio, confrontando as inúmeras forças que atuam
sob estas regiões. Assim se torna imprescindível o planejamento ambiental
sustentável, o qual deve unir os interesses dos setores da sociedade, público ou
privado, para assim manejar de forma adequada as praias, o principal, recurso
turístico das regiões litorâneas. Estudos relacionados à morfodinâmica destes
ambientes podem servir de subsídio para tomadas de decisão, norteando políticas
públicas relacionadas a processos de erosão costeira.

A erosão é marcada pela retirada de material sedimentar (MUEHE, 1996). Este


processo natural pode estar sendo acelerado pela ação antrópica, em regiões
urbanizadas do Brasil, devido a atividades humanas na costa, incluindo o aspecto
socioeconômico, como a utilização e ocupação de áreas sem plano de manejo
(MACEDO et al., 2012).

A característica erosiva das praias é natural e está de acordo com a dinâmica de


denudação geológica dos ambientes. Tais ambientes sofrem a influência de fatores
naturais do meio, como geologia, e consequentemente geomorfologia, clima,
cobertura e uso do solo e pedologia (ARNESEN & MAIA, 2011).

Os processos de erosão praial podem ser analisados com a ajuda da geomorfologia. A


mesma demonstra um papel importante no aspecto geoambiental e para delimitar
sistemas de ambientes, pois demonstra de forma sintetizada as peculiaridades dos
ambientes e inter-relações entre eles (GOMES et al., 2013).
23

Os motivos da erosão costeira vêm sendo discutidos ao redor do mundo de forma


ampla, tendo em vista que dois dos principais processos ditos como causadores da
erosão são: o balanço sedimentar negativo e a elevação do nível do mar (MAZZER &
DILLENBURG, 2009).

Em todo o mundo a erosão costeira vem trazendo diversas consequências,


influenciando nas características não só da praia, mas também de diversos sistemas
naturais e até mesmo nos usos e atividades de origem antrópica nas regiões
litorâneas (SOUZA, 2009). A mesma autora cita que a erosão pode ocasionar
problemas como: “a) redução na largura da praia e retrogradação ou recuo da linha
de costa (se a área adjacente da planície costeira não for urbanizada a tendência de
longo período será de migração transversal do perfil praial rumo ao continente; se for
urbanizada, pode não haver “espaço” físico para essa migração); b) desaparecimento
da zona de pós-praia; c) perda e desequilíbrio de habitats naturais, como praias ou
alguma de suas zonas, dunas, manguezais, florestas de “restinga” (Souza et al.,
2009) que bordejam as praias e costões rochosos, com alto potencial de perda de
espécies que habitam esses ambientes (ex.: o crustáceo popularmente conhecido no
Brasil por “maria farinha” - Ocypode quadrata que habita a pós-praia); d) aumento na
frequência e magnitude de inundações costeiras, causadas por ressacas (marés
meteorológicas) ou eventos de marés de sizígia muito elevados; e) aumento da
intrusão salina no aquífero costeiro e nas drenagens superficiais da planície costeira;
f) perda de propriedades e bens públicos e privados ao longo da linha de costa; g)
destruição de estruturas artificiais paralelas e transversais à linha de costa; h) perda
do valor imobiliário de habitações costeiras; i) perda do valor paisagístico da praia
e/ou da região costeira; j) comprometimento do potencial turístico da região costeira;
k) prejuízos nas atividades socioeconômicas da região costeira; l) artificialização da
linha de costa devido à construção de obras costeiras (para proteção e/ou
recuperação ou mitigação); m) gastos astronômicos com a recuperação de praias e
reconstrução da orla marítima (incluindo propriedades públicas e privadas,
equipamentos urbanos diversos e estruturas de apoio náutico, de lazer e de
saneamento)”.

Segundo Muehe (2006) na zona costeira brasileira ocorre a prevalência de processos


erosivos sobre os processos de alimentação da praia e de equilíbrio. Destacam-se
24

como principais causas de erosão costeira, seja ocasionada naturalmente ou por


influência antrópica, as situações listadas na Figura 2 (SOUZA et al., 2005; SOUZA,
2009).

Figura 2. Causas naturais e antrópicas de erosão costeira (SOUZA, 2009).

1.2.1 Erosão Praial em Santa Catarina

Klein et al. (1999) salientaram que o acelerado processo de urbanização verificado no


litoral centro-norte de Santa Catarina acarretou em um incremento populacional
considerável, especialmente a partir da década de 70. E atribuíram isso à falta de uma
política de ocupação da zona costeira, alguns ecossistemas, como dunas, praias e
mangues, foram indevidamente ocupados com a construção de casas, avenidas beira-
mar e calçadões. Muitos municípios do litoral centro-norte catarinense hoje sofrem
com processos erosivos em suas praias decorrentes da falta de planejamento na
ocupação da zona costeira. Como exemplo podemos citar os municípios de Barra do
Sul, Barra Velha, Piçarras, Navegantes e Balneário Camboriú (Figura 3 ).
25

Brasil
Santa Catarina
LOCALIDADE PROVÁVEIS
CAUSAS

BARRA DO SUL Aparentemente os efeitos erosivos são resultado da


(Município de fixação do Canal do Linguado através de guias
Barra do Sul) correntes e urbanização da orla costeira.

Sugere-se que esta região constitua-se numa área de


não deposição, devido a canalização de sedimentos
em sistemas de ilha-barreira. Outro fato importante a
ser considerado é a intensificação da ocorrência de
marés meteorológicas, conforme dados
BARRA VELHA apresentados, que demonstram uma tendência de
aumento da freqüência de desvios positivos entre as
(Município de
décadas de 60 e 80, para a região sudeste do Brasil.
São Francisco Barra Velha) Levantamentos de perfis topográficos praiais,
executados ao longo dos anos de 1994 e 1995, não
do Sul demonstram recuo da linha de costa. Contudo, tais
levantamentos demonstram a existência de uma
sazonalidade bem definida nas trocas de sedimentos
através da praia. Maiores perdas ocorrem no início
do outono, quando da intensificação das ondas
provindas do quadrante sul, associadas às marés
meteorológicas.

Conforme registros fotográficos, estudos efetuados


pelo INPH e análises de fotografias aéreas, conclui-
se que os problemas tiveram início após a
PIÇARRAS construção do guia corrente e aterro do sistema
(Município de lagunar adjacente. Cabe registrar a existência de
uma avenida beira-mar junto à linha de costa,
Piçarras)
construída sobre as dunas frontais. A presença de
Itajaí esgotos pluviais também favorecem a perda de
sedimentos praiais.

Em Gravatá, a migração de pequeno rio (hoje


fixado), bem como os processos de refração e
difração de ondas, podem ser os responsáveis pelos
processos erosivos. Em Meia-Praia evidencia-se a
presença de uma pequena escarpa nas dunas frontais
GRAVATÁ / durante os meses de inverno.
MEIA PRAIA
(Município de
Navegantes) Nesta área foi realizado aterro para construção da
avenida beira-mar e retificação da orientação da
linha de praia mediante utilização de muro de
contenção.
Florianópolis
BARRA SUL
1:1.000.000 (Município de
Balneário
Camboriú)
Figura 3. Setores do litoral centro-norte catarinense que vêm apresentando
processos visíveis de erosão costeira e que necessitam de medidas
recuperadoras urgentes (Klein et al., 1999)

Klein et al. (2006) indicam que o problemas ambientais causados pela ocupação
desordenada ocorreram pela falta de gestão adequada e politicas públicas atuantes na
26

área, e ainda apontam que os processos erosivos são consequência do uso e ocupação
indevida da costa, fator intensificado pelo regime de ressacas incidentes na região.

A linha de costa do município de Itapoá localizado no extremo norte de Santa Catarina


varia de forma espaço-temporal, devido a fatores naturais e de origem antrópica,
sendo uma área instável, com alta dinâmica (LECOST, 2002; SOUZA & ÂNGULO,
2003; SILVEIRA et al., 2013).

Souza (1999) relata que o processo de urbanização da orla do Município de Itapoá


vem desencadeando diversos problemas ligados a processos erosivos. Entre os
impactos pode-se incluir a deterioração e destruição de propriedades, edificações e
bens comuns de infraestrutura (LECOST, 2002), fato que alarma a população,
causando indignação e perdas financeiras.

A ocupação do território no município de Itapoá, muitas vezes, acompanha à costa,


fator preocupante devido a aumentar os riscos de erosão costeira, destruição e
contaminação de ecossistemas, como supressão de vegetação de restinga e mangue e
aporte de efluentes (GOMES et al., 2013).

Segundo Lecost (2002) outro fator que influencia a dinâmica da costa de Itapoá são
processos ocorrentes na desembocadura da Baía da Babitonga, entre eles a dragagem
do canal de acesso do porto de São Francisco do Sul – SC. Silveira (2013) afirma que
juntamente com as atividades de dragagem, a praia de Itapoá começou a apresentar
altas taxas erosivas, devido a rede de transporte de sedimentos na região estar em
direção ao norte, através do processo de dragagem onde ocorre a remoção de
grandes volumes de sedimento, o material influencia na zona de transporte ativa da
praia.

Dentre os fatores antrópicos na região, pode-se ainda destacar o fechamento do Canal


do Linguado através de um aterro hidráulico, que ocorreu em 1930. Esta interferência
humana no interior da Baia da Babitonga influenciou nos padrões de fluxo e dinâmica
dos sedimentos, fato que alterou a hidrodinâmica e consequentemente o aporte de
sedimento na região (SILVEIRA, 2013; DNIT/IME, 2004).

É importante ressaltar que o município de Itapoá possui um Plano Municipal de


Gerenciamento Costeiro (PMGC), o qual definiu e designa órgãos competentes para
27

definição de normas, diretrizes e objetivos específicos, relacionados a zona costeira,


de acordo com o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, com especificidades
adequadas as necessidades da região, sendo claro dentro do Plano a preservação e
conservação dos ecossistemas costeiros e a utilização sustentável do recursos
naturais da costa (PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPOÁ, 2006).

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Investigar os processos de evolução da linha de costa do município de Itapoá – SC


utilizando geotecnologias.

2.2 Objetivos Específicos

1. Analisar as variáveis ambientais que atuam sob a dinâmica praial da costa de


Itapoá – SC;
2. Analisar a variação espaço-temporal da linha de costa da praia de Itapoá – SC;
3. Analisar o processo de evolução da urbanização do município de Itapoá – SC;
4. Analisar através de modelagem numérica ambiental o comportamento
morfodinâmico das praias do município de Itapoá – SC;
5. Analisar as influências antrópicas como possíveis causas dos processos erosivos
nas praias de Itapoá - SC;
6. Propor soluções para estabilização da linha de costa do município de Itapoá-SC.

3 METODOLOGIA

3.1 ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo desse trabalho é delimitada pelas porções Sul da região costeira do
município de Itapoá – SC, até a região central do município, totalizando 14
quilômetros de costa. A planície costeira do município de Itapoá, a qual sofre fortes
processos de erosão praial, localiza-se na região nordeste do Estado de Santa
Catarina entre os paralelos 25°57'S e 2614'S, sendo que a mesma se estende desde
o Oceano Atlântico, a Leste; a Serra do Mar, a Oeste; a Baía da Babitonga, ao Sul e o
rio Saí-Guaçu, ao Norte (Figura 4). A costa do município se estende por 32
28

quilômetros, e suas praias possuem características estuarinas e oceânicas (ÂNGULO &


SOUZA, 2002).

Figura 4. Localização da área de estudo, trecho de 14 quilômetros de praia no


município de Itapoá, SC.

3.1.1 Geologia

Souza (1999), através do mapeamento realizado no município de Itapoá – SC repartiu


geologicamente os depósitos de sedimentos encontrados no quaternário costeiro.
Holoceno e Pleistoceno foram as unidades diferenciadas, sendo que a primeira
unidade citada agrupou as dunas, terraços marinhos praiais, mangues e planícies
paleoestuarinas, já o Pleistoceno é composto por depósitos diferenciados e terraços
marinhos, os mesmos regulados na época do Quaternário através de alterações no
nível relativo das águas marítimas na região.

Angulo (2004) relata que a planície costeira do Norte de Santa Catarina é bem
desenvolvida, e 22 rochas do embasamento cristalino da Serra do Mar estão
29

conectadas ao oceano em algumas áreas, gerando ilhas e promontórios. Nesta


planície está presente o Rio Cubatão do Norte que representa boa parte da hidrografia
do litoral norte catarinense, seguido principalmente dos rios Saí-Mirim, Linguado e
Palmital (SOUZA, 1999).
30

Figura 5. Configuração atual da planície costeira de Itapoá após o máximo da


transgressão holocênica (Souza, 1999).
31

3.1.2 Hidrografia

Segundo Souza (1999), o sistema hidrográfico do município de Itapoá pode ser


classificado em duas bacias principais: Rio Saí-Mirim representada pelos rios Saí-
Mirim, Braço do Norte, Água Branca, Bom Futuro, Córrego Loreno, Votorantim e
Ribeirão Água Branca, e a do Rio Saí Guaçu, que drena a porção norte do município,
composta pelo Rio Saí-Guaçu, Córrego das Canoas e Ribeirão Barrinha. A mesma
autora relata que ao sul a existência de cursos d’agua que drenam para a Baía de São
Francisco do Sul ou da Babitonga, e a leste a presença de córregos diminutos que
desembocam no Oceano Atlântico, além disso a autora relata que a região de Itapoá
possui padrão dendrítico, no que diz respeito a rede de drenagem da planície.

3.1.3 Clima

O clima da região é predominantemente subtropical, com temperaturas anuais


variando em média, entre 18º e 25º graus, onde as massas de ar Polar Atlântica e
Tropical Atlântica atuam sob o sistema, assim possuindo características mesotérmicas
e úmidas (PORPILHO, 2012).

3.1.4 Maré

Segundo Trucollo Schetinni (1999) o regime de maré na Baía da Babitonga é do tipo


misto, predominantemente semidiurno com desigualdades de alturas para as
preamares e baixa-mares consecutivas. A amplitude média de maré para a Praia da
Enseada e Porto de São Francisco do Sul são 0,7 e 0,85 m, respectivamente, com
valores máximos de 1,06 e 1,28 m, na mesma ordem.

3.2 ANÁLISE DAS VARIÁVEIS AMBIENTAIS ATUANTES NA DINÂMICA


PRAIAL

Para realizar a caracterização das variáveis ambientais foram realizadas revisões


bibliográficas e análise dedados históricos sobre direção de ondas, corrente, maré.
Adiconalmente foram descritos dados obtidos a partir de um ADCP fundeado na área
de estudo (Figura 6), sendo os mesmos gentilmente cedidos pela empresa Mar Tethys
Levantamentos Oceanográficos e Estudos Ambientais Ltda, além de saídas de campo
realizadas ao longo do ano de 2015 para visualização direta dos processos atuantes
na área de estudo.
32

Figura 6. Localização do fundeio do ADCP para caracterização oceanográfica na área


de estudo.

3.3 ANÁLISE DA VARIAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA LINHA DE COSTA DA


PRAIA DE ITAPOÁ – SC

Para a realização da análise espaço-temporal da linha de costa do município de Itapoá


– SC foram empregadas técnicas de sensoriamento remoto, através do programa
computacional ArcGIS 10.2. O pacote de softwares da ESRI (Environmental Systems
Research Institute) do ArcGIS, propicia em ambiente SIG (Sistema de Informação
Geográfica) a geração e manejo de dados vetoriais e matriciais (BRIESE, 2013). As
funções do mesmo possibilitam formação de mapas e permitem analisar dados de
forma geocomputacional, utilizando coordenadas e informações geográficas, além de
possuir funcionalidade e facilidade de uso, suporta diversos tipos de arquivos de
dados, como “Shapefile”, “Coverage” e “Geodatabase” (PRADO, 2009).

Para a análise da variação da linha de costa entre anos subsequentes foram utilizadas
fotografias aéreas pancromáticas, dos anos de 1938, 1956, 1978 e 1995, disponíveis
33

no Laboratório de Informática da Biodiversidade e Geomática – LIBGEO, tendo sido


estas adquiridas junto a Secretaria de Planejamento Urbano do Estado de Santa
Catarina e da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), adicionalmente para a
caracterização da linha de costa atual foi utilizada uma imagem de satélite de alta
resolução, do satélite Quickbird, na composição real (321).

Para a criação de mosaicos aerofotogramétricos para os respectivos anos as


fotografias foram georeferenciadas através de uma restituição fotogramétrica do ano
de 1995, utilizando uma escala de 1:2.000, adquirida junto à Secretaria do Patrimônio
da União. O georreferenciamento pontos controle, os quais são identificados na base
cartográfica digital e na imagem em questão, promovendo o ajuste dos pontos de
controle às coordenadas conhecidas (ARAUJO et al., 2009). A partir do método de
georeferenciamento o software ArcGIS gera automaticamente o EQM (erro quadrático
médio), que quantifica os erros resultantes do processo de georreferenciamento
através da Equação 1 proposta pelo Comitê Norte Americano de Padronização de
Dados Geográficos.

EQM = ((Xfoto – Xbase)2 + (Yfoto – Ybase)2)1/2 Eq. 1

O sistema de coordenadas escolhido, para todo o trabalho, foi um sistema de


coordenadas projetadas, Universal Transverse de Mercator (UTM), sendo utilizado o
datum South American Datum 1969 (SAD-69). Após georeferenciadas, as fotografias
aéreas foram mosaicadas, formando mosaicos fotográficos para cada ano. Para o ano
de 1938 (1:30.000) foram utilizadas cinco fotografias aéreas, para 1957 e 1978
(1:20.000) o total foi de três fotografias aéreas, já no cenário referente a 1995
(1:12.500) foram necessárias sete fotografias aéreas para representar a área de
estudo, sendo esta variação no número de fotografias em função da escala das
fotografias.

A linha de costa pode ser definida, de modo geral, como o ponto de ligação entre a
interface física da costa e do mar (DOLAN et al., 1980). A mesma encontra-se em
constante alteração espaço-temporal principalmente por conta de modificações no
nível do mar; movimentação das placas tectônicas; variações nos processos
relacionados as variáveis que influenciam no sistema costeiro, como energia das
ondas, direção e velocidade dos ventos e amplitudes de maré e reposicionamento da
34

morfodinâmica da costa por processos de erosão ou deposição sedimentar


(MÖRNER,1996).

Estudos de taxas de variação de linha de costa (TVLC) podem ser excelentes


marcadores de índices de erosão costeira (DIAS et al., 1994). Além disso, Madruga
Filho (2004) afirma que a análise de cartas, mapas e fotografias aéreas, pode indicar
índices de variação da linha de costa por fornecer dados de forma espaço-temporal,
permitindo avaliar a evolução dos processos erosivos na costa. Através dos valores
fornecidos por estes métodos é possível avaliar as possíveis alterações na dinâmica
sedimentar e auxiliar no manejo de regiões costeiras.

A análise das taxas de variação da linha de costa ao longo dos anos foi realizada pela
extensão DSAS (Digital Shoreline Analysis System) do software ArcGIS, a qual oferece
diferentes formas de análises estatísticas, no presente trabalho o método escolhido foi
EPR (End Point Rate), que permite o cálculo da taxa de variação, a partir da linha
mais antiga e a relacionando com a mais recente, considerando o tempo médio
transcorrido.

Diversos demarcadores podem ser utilizados para determinar a linha de costa a ser
comparada entre os anos consecutivos, linha de água, linha de deixa (maré alta) ou
linha de vegetação. Para este trabalho foi utilizada a linha de vegetação que não é
afetada pelo nível da maré no momento da aquisição das fotografias aéreas ou
imagem de satélite. Para cada o mosaico de fotografias de cada ano e para a imagem
de satélite foi digitalizada uma linha de costa, que posteriormente foram comparadas
para se analisar a variação da linha de costa entre os anos subsequentes.

A análise da variação da linha de costa foi realizada através de 121 transectos


perpendiculares à linha de costa da porção sul até a porção central da praia de Itapoá,
com 4500 metros de comprimento e espaçamento entre si de 100 metros. Os dados
finais são fornecidos em tabelas, para cada comparação entre os anos subsequentes,
1938/1057, 1957/1978, 1978/1995 e 1995/2015, enfim foram feitas médias para
cada caso especifico e uma média total anual e inter-anual, para cada setor da praia
dividido conforme o comportamento da variação em cada região da área de estudo.
35

Figura 7. Localização dos transectos para a análise da variação da linha de costa.

3.4 ANÁLISE DO PROCESSO DE EVOLUÇÃO DA URBANIZAÇÃO DO


MUNICÍPIO DE ITAPOÁ - SC

Para a análise do processo de urbanização do município de Itapoá foi realizada uma


classificação visual (manual) de uso e ocupação do solo para os anos de 1938, 1957,
1978, 1995 e 2015 em ambiente SIG. Com o intuito de verificar a influência antrópica
nos processos de evolução da linha de costa.

As classes de cobertura de uso do solo adotadas para este trabalho foram: 1-


urbanização; 2-atividades agropecuárias; 3-solo exposto; 4-floresta ombrófila; 5-
vegetação costeira; 6-região praial e água. Como forma de ajudar na classificação e
uso do solo, saídas de campo foram realizadas ao longo do ano de 2015 e auxiliaram
na validação e interpretação das áreas classificadas, através de visualização direta e
certificação dos pontos, como sugerido por Briese (2013). Com o intuito de se avaliar
36

as alterações espaço-temporais foram calculadas as áreas de cada classe de uso do


solo sobre a variação da ocupação ao longo do tempo

O método de trabalho utilizado teve como alicerce princípios de ecologia da paisagem,


os quais segundo Bourgeron & Jensen (1993) demonstram nos estudos sobre áreas
terrestres não homogêneas e seus elementos, que sofrem interações entre si. Desta
maneira foi possível analisar e diferenciar as estruturas presentes em cada imagem,
com a ajuda de elementos de interpretação de imagens, tais como, textura, aspecto,
volume, tamanho, padrão, coloração, associação e forma. Essas estruturas são
habitualmente utilizadas em processos de fotointerpretação visual (BOSSLER et al.,
2002).

O processo de caracterização de ocupação e uso do solo, do município de Itapoá – SC,


foi embasado em concepções dedutivas. Lesser (1997) cita que essas concepções
indicam aspectos visuais reconhecíveis da paisagem. Partindo dessa linha de
pensamento, foi possível a análise do funcionamento e alterações das estruturas
presentes nas imagens ao longo dos anos, e ainda definir conexões e padrões
ecológicos da região.

Forman (1995) salienta que a interpretação das imagens promove a visualização e


determinação de mosaicos de manchas, que possuem padrões (patchness),
determinados neste trabalho, a partir dos métodos propostos por Urban (2000).
Segundo Urban (2000) a delimitação da ocupação da paisagem pode ser feita através
da atribuição simples de montantes parecidos, utilizando o preceito de
homogeneidade entre as variáveis determinadas na imagem e a agregação espacial
de forma hierárquica, porem reclusa à vizinhança espacial. É relevante destacar que o
poder de interpretação humano é muito desenvolvido, mas a delimitação visual é de
difícil repetição.

3.5 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MORFODINÂMICO DAS PRAIAS DO


MUNICÍPIO DE ITAPOÁ – SC

A aplicação da modelagem numérica disponibiliza a integração de efeitos de diferentes


processos, permite concentrar os mesmos e suas variações e desta maneira
prognosticar características relacionadas a um sistema (DOBROCHINSKI, 2009).
37

A modelagem numérica computacional é uma área do conhecimento a qual utiliza


modelos numéricos e códigos computacionais para realizar simulações de cenários, e
posterior análise dos resultados. Diversos estudos já utilizaram tais técnicas para
analisar processos erosivos e de transporte de sedimentos (SPROVIERIL et al. 2010,
BITTENCOURT et al. 2010, SILVA et al. 2001).

A partir da quantificação de medidas somadas a base teórica relacionadas ao


comportamento do oceano, a modelagem numérica no campo da oceanografia,
permite a simulação de diversos processos oceânicos, entre eles o transporte
sedimentar e a circulação das correntes oceânicas. Através de equações
hidrodinâmicas básicas é possível analisar e prever condições oceanográficas,
utilizando princípios aplicados nos estudos de modelagem numérica hidrodinâmica
ambiental (HARARI, 2015).

3.5.1 MODELO DELFT3D

O estudo de modelagem ambiental sobre a morfodinâmica do local, envolveu


processos hidrodinâmicos, balanço sedimentar e propagação de ondas, para o
município de Itapoá – SC. O modelo numérico utilizado foi o Delft3D, desenvolvido
pela Deltares®, na Holanda. Se trata de um sistema de ponta, desenvolvido para
ambientes aquáticos. O modelo inclui diferentes módulos que permitem a simulação
de diferentes processos costeiros e oceânicos de alta complexidade. Dentre os
módulos estão o FLOW para cálculo da circulação hidrodinâmica, WAVE para geração e
propagação de ondas, MOR para mudanças da morfologia, SED para transporte de
sedimentos e WAQ para qualidade de água. A Figura 8 demonstra a interação entre os
diferentes módulos do software DELFT3D.
38

Figura 8. Fluxograma esquemático da interação entre os diferentes módulos do


software DELFT3D.

3.5.1.1 DELFT3D-FLOW

O módulo DELFT3D-FLOW resolve equações hidrodinâmicas do escoamento e do


transporte de substâncias para os casos bidimensionais e tridimensionais em águas
rasas. Este modelo pode ser aplicado de diversas maneiras, tais como: transporte de
material dissolvido e poluentes sob ação das marés de sizígia, quadratura e
meteorológica, intrusão salina em estuários, escoamento fluvial e descargas de água
doce em regiões estuarinas e até estratificação térmica em lagos e mares.

O módulo considera em seus cálculos a inclusão da força aparente de Coriolis,


resolução de gradientes de densidade, fricção do vento, cálculo de células inundadas e
secas e simulações de descargas térmicas, além da viscosidade e difusividade vertical
turbulenta, inundações de planícies e transporte de partículas passivas, além de
processos de interação onda-corrente e tensão de cisalhamento.

3.5.1.2 DELFT3D-MOR

O módulo DELFT3-MOR está acoplado ao modulo hidrodinâmico e tem como objetivo


simular o comportamento morfodinâmico de ambientes costeiros, fluviais ou
estuarinos. Através de sua formulação é possível desenvolver e compreender a
complexa relação entre batimetria, correntes, ondas e o transporte sedimentar.

3.5.1.3 DELFT3D-WAVE

O módulo de onda DELFT3D-WAVE é utilizado para realizar simulações relacionadas a


evolução de ondas geradas a partir do vento. Desta maneira o módulo realiza o
cálculo de propagação de ondas, geração de ondas pelo vento, variações da
batimetria, interações e dissipação onda-onda não-lineares, variação do nível de água
e campo de correntes em águas profundas, intermediarias e rasas (WL | Delft
Hydraulics, 2010). O módulo WAVE é um pacote integrado com outro modelo,
chamado SWAN (Simulating Wave Near Shore) o qual foi desenvolvido pela Delft
University of Technology e é especificamente utilizado como padrão em estudos de
modelagem de ondas e proteção costeira.
39

3.5.2 GRADE NÚMERICA E BATIMETRIA

A geração das grades numéricas e a interpolação da batimetria, foram possíveis


devido aos módulos RGFGRID e QUICKIN respectivamente, disponíveis no pacote
DELFT3D. As malhas foram divididas em modelagem para a propagação de ondas e
para modelagem hidrodinâmica e morfológica, cabe salientar que as malhas eram
idênticas (Figura 9).

Em relação a batimetria foram utilizados dados digitalizados de cartas náuticas


fornecidas pela DHN para o local (baía da Babitonga), dados batimétricos de detalhe
da praia de Itapoá e do canal de acesso aos Portos de São Francisco do Sul e Itapoá
foram fornecidos pela empresa Acquadinâmica Modelagem e Análise de Risco
Ambiental Ltda. A batimetria interpolada na grade do modelo hidrodinâmico é
apresentada na Figura 10.

Figura 9. Malha numérica para executar o modelo hidrodinâmico nas praias do


município de Itapoá.
40

Figura 10. Batimetria interpolada na malha do modelo hidrodinâmico.

3.5.3 DADOS DE ENTRADA DO MODELO

Afim de manter o modelo o mais próximo e fiel aos acontecimentos naturais e reais da
área, foram inseridos dados de entrada relacionados a descarga fluvial, ventos, ondas
e marés das condições ambientes presentes na área de estudo.

3.5.3.1 Descarga fluvial

Estudos indicam que a baía da Babitonga é o maior sistema estuarino do Estado de


Santa Catarina, sendo que o sistema da baía recebe o aporte de diversos rios da
região, sendo o Rio Cubatão o de maior influência e descarga sob o sistema. Segundo
Schettini & Carvalho (1999) a bacia hidrográfica do rio Cubatão possui uma área de
aproximadamente 472 km² e é regida pelo regime pluviométrico.

Os dados utilizados foram obtidos junto ao Sistema de Informações sobre Recursos


Hídricos do Estado (SIRHESC - www.aguas.sc.gov.br) e junto a tese de doutorado
sobre o estudo do aporte sedimentar em suspensão na baía da Babitonga sob a ótica
da geomorfologia de Oliveira (2006). Além disso foram obtidos dados de vazão
relacionados aos seguintes afluentes que desaguam na baía da Babitonga, tais como:
41

rio Parati, rio Ubatuba, rio Jaguaruna, rio do Saco, rio Cubatão, rio Cachoeira, rio
Paranaguá-mirim, rio Palmital, rio do Barbosa, rio Bonito, rio Sete Voltas, rio Montão
de Trigo e rio Três Barras (Figura 11 e Tabela 2).

Figura 11. Localização dos principais afluentes que desaguam na baía da Babitonga.

Tabela 2. Relação dos rios da bacia hidrográfica e a vazão correspondente.


Estações Vazão (m³/s)
#
Rio Parati 3,52
Rio Ubatuba# 0,4
Rio Jaguaruna# 1,23
Rio do Saco# 5,7
Rio Cubatão* 14,95
Rio Cachoeira# 3,34
Rio Paranaguá-mirim# 0,93
Rio Palmital* 3,13
Rio do Barbosa# 1,83
Rio Bonito* 0,33
Rio Sete Voltas* 0,38
Rio Montão de Trigo# 0,65
Rio Três Barras* 3,02
Fonte: SIRHESC(#), Oliveira (2006)(*)
42

3.5.3.2 Dados de Vento

Para esta simulação foram utilizados dados de vento provenientes de uma estação do
INMET, localizada no Município de Itapoá. Para esse trabalho foram utilizadas uma
série de dados do ano de 2012, coletados por uma estação meteorológica automática.

3.5.3.3 Dados de Maré

A partir da tabela de constantes harmônicas proveniente da Fundação de Estudos do


Mar – FEMAR para a Ilha da Paz, São Francisco do Sul/SC (Figura 12) foi possível
obter dados referentes a maré, os quais foram inseridos no modelo numérico.

Figura 12. Tabela de componentes harmônicas de maré da FEMAR para a estação do


Porto de São Francisco do Sul.
43

3.5.3.4 Dados de onda

Os dados de ondas utilizados no presente trabalho foram obtidos do Programa SMC


Brasil, desenvolvido pelo Instituto de Engenharia Oceanográfica e de Costas da
Universidade de Cantábria, Espanha, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente
Brasileiro (MMA).

O Sistema de Modelado Costeiro, SMC, é um conjunto de ferramentas numéricas de


distribuição gratuita desenvolvidas pela Direção Geral de Sustentabilidade da Costa e
Mar do Ministério da Agricultura, alimentação e Meio Ambiente da Espanha,
Universidade da Cantabria, Universidade Federal de Santa Catarina e a Universidade
de São Paulo com a colaboração da Agência Espanhola de Cooperação Internacional
para o Desenvolvimento (AECID), do Ministério do Meio Ambiente (MMA) do Brasil e
do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão do Brasil, com o objetivo de
possibilitar uma melhor concepção, execução e acompanhamento das atuações a
serem realizadas para a preservação do meio ambiente do litoral.

As simulações foram realizadas pelo Grupo de Engenharia Oceanográfica e de Costas


– GIOC da Universidade de Cantábria em escala global e regional, utilizando 2 (duas)
grades numéricas aninhadas, com resolução espacial de 1° e 0.25°, respectivamente.

Para tanto, foram utilizados 60 anos de dados de onda (1/2/1948 a 31/12/2008),


obtidos por métodos de hindcast, que consiste na geração de dados de ondas a partir
de dados de ventos oceânicos globais utilizando modelos matemáticos. Os dados de
ondas foram extraídos no ponto localizado na coordenada geográfica 26°13’88’’S e
48°41’05’’W (Datum WGS-84) (Figura 13).
44

Figura 13. Localização do ponto onde foram extraídos os dados de ondas propagados
de águas profundas.

Para a modelagem de ondas para a caracterização morfodinâmica para a praia de


Itapoá foram selecionados os 5 casos de ondas mais representativos na área de
estudo (Tabela 3).

Tabela 3. Casos de ondas simulados para a caracterização morfodinâmica das praias


do município de Itapoá, SC.
Caso Altura (Hs) Período (Tp) Direção ()
ENE 1,5 8 67,5
E 1,5 11 90
SE 2 16 135
SSE 3.5 12 157,5

Para a simulação de cada caso, espectros de onda do tipo Jonswap (Joint North Sea
Project) foram inseridos nas fronteiras do modelo numérico de propagação, através da
especificação dos parâmetros: altura significativa de onda (Hs); período de pico do
45

espectro (Tp); direção associada ao pico do espectro (Dir); e espalhamento direcional


(Spr).

A gravidade foi configurada como g=9,81 m/s2, enquanto que a densidade da água
como 1.025 kg/m³. A quebra de ondas induzida pela profundidade utilizou o modelo
de Battjes & Jansen, com parâmetros alpha=1 e gamma=0,73. Foram habilitados os
processos de difração, refração induzida pelo fundo e por interação onda-corrente,
interações onda-onda do tipo triads e frequency-shift.

3.5.4 Calibração e Validação do Modelo Numérico

Para a validação do modelo numérico foram utilizados dados de um perfilador acústico


de correntes (ADCP,) baseado no efeito Doppler da marca Nortek, modelo AWAC® 600
kHz, fundeado nas coordenadas geográficas 26°18.353’ S e 48° 59.967’ W, junto ao
Porto de Itapoá, gentilmente cedidos pela empresa Mar Tethys Levantamentos
Oceanográficos e Estudos Ambientais Ltda (Figura 14 e Figura 15).

Figura 14. Localização do fundeio do ADCP próximo ao píer de atracação do Porto de


Itapoá.
46

Figura 15. Equipamento AWAC® utilizado no fundeio já fixado em estrutura piramidal.

O fundeio foi realizado entre os dias 23 de janeiro de 2012 e 08 de fevereiro de 2012,


tendo sido coletados dados de corrente, ondas, nível de água, temperatura e turbidez,
sendo a escala temporal de 10 minutos. Os dados foram pós-processados em
laboratório para posterior comparação com os dados modelados pelo modelo. A Figura
16 e a Figura 17 apresentam os gráficos de comparação entre a componente U dos
dados de velocidade de corrente medidos em campo e modelados. Verifica-se uma
boa correlação entre os dados medidos e os dados modelados, sendo que para alguns
dias, observou-se uma pequena subestimação na componente U das velocidades de
corrente realizadas pelo modelo no interior do estuário.

A Figura 18 e a Figura 19, da mesma forma, apresentam os gráficos de comparação


entre a componente V dos dados de velocidade de corrente medidos em campo e
modelados. Observa-se também uma boa correlação entre os dados medidos e
modelados, sendo que para alguns dias, verificou-se também uma pequena
subestimação na componente V das velocidades de corrente realizadas pelo modelo
no interior do estuário.
47

Figura 16. Gráfico de dispersão entre a componente U dos dados de corrente


medidos pelo ADCP e a componente U dos dados de corrente modelados, para a
área de estudo.

Figura 17. Gráfico de comparação entre a componente U dos dados de corrente


medidos e modelados, ao longo do tempo modelado.
48

Figura 18. Gráfico de dispersão entre a componente V dos dados de corrente


medidos pelo ADCP e a componente V dos dados de corrente modelados, para a
área de estudo.

Figura 19. Gráfico de comparação entre a componente V dos dados de corrente


medidos e modelados, ao longo do tempo modelado.
49

3.6 ANÁLISE DAS POSSÍVEIS CAUSAS DA EROSÃO PRAIAL NO MUNICÍPIO


DE ITAPOÁ E PROPOSTA DE SOLUÇÕES PARA ESTABILIZAÇÃO DA LINHA
DE COSTA

A análise da correlação entre os dados obtidos, somada as revisões bibliográficas


geraram subsídios para entender melhor os processos morfodinâmicos da área de
estudo, e identificar as possíveis causas da erosão praial no município de Itapoá,
sejam eles naturais ou antrópicos, afim de propor soluções para tal problema, as
quais devem nortear políticas públicas e proporcionar um arcabouço para a gestão
costeira da região, subsidiando o melhor entendimento dos conflitos relacionados a
processos erosivos e estabilização da linha de costa, a partir de uma análise
relacionado as políticas públicas vigentes na aréa de estudo.
50

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O capítulo de resultados e discussão está dividido em sub-capítulos conforme os


objetivos desta dissertação, sendo que os resultados serão discutidos na ordem que
são apresentados.

4.1 ANÁLISE DAS VARIÁVEIS AMBIENTAIS ATUANTES NA DINÂMICA


PRAIAL

Para a análise e descrição das variáveis ambientais, foram levantados dados pretéritos
a partir da bibliografia disponível, com o intuito de compreender melhor as variáveis
ambientais atuantes no meio, atualmente e ao longo do tempo, estes dados podem
ser classificados como dados pretéritos. Adicionalmente, também serão apresentados
informações de dados recentes, coletados in situ, e gentilmente fornecidos pela
empresa Mar Tethys Levantamentos Oceanográficos e Estudos Ambientais Ltda.

4.1.1 REGIME DE ONDAS

O padrão de ventos do Atlântico Sul condiciona o regime de ondas do litoral sul do


Brasil, em conjunto com o posicionamento dos centros de baixa e alta pressão. Este
fenômeno é muito complexo e pode variar bastante, gerando ondas de diferentes
tamanhos e direções (GOBBI, 1997).

Segundo o mesmo autor áreas costeiras da região sul, normalmente não sofrem a
incidência de ondas grandes, fator que pode acontecer esporadicamente. Isso se
explica pelo fato de existir sistemas frontais como as frentes frias, que se movem
pelas regiões sul e sudeste. Em períodos de inverno, estes sistemas são intensificados
o que pode ocasionar a formação de centros de baixa pressão (ciclones) em latitudes
inferiores a 40S. O posicionamento de ciclones em latitudes inferiores às dos centros
de alta pressão (anticiclones), proporciona as condições típicas para ondas grandes.

Alves (1996) realizou uma campanha de medição direcional de ondas para a Petrobras
no Programa de Monitoramento ambiental da região costeira de São Francisco do Sul,
no período de 24 de janeiro a 01 de junho de 1996, abrangendo, portanto, partes do
verão e do outono daquele ano, gerando medições com três séries temporais, que
forneceram dados sobre a altura significativa (Hs), período de pico (Tp) ou frequência
de pico (fp=1/Tp) e direção dominante das ondas. Os resultados daquelas medições
51

mostram que as ondas dominantes são originárias de leste-sudeste, com período em


torno de 8 a 10 segundos e alturas menores que um metro (Figura 20). O valor médio
da altura significativa foi de 1,03 m, o período de pico de 8,85 s, e a direção
dominante foi 113,87º (leste-sudeste).

Figura 20. Séries temporais, alturas significativas e períodos de pico para o período
total de medições (ALVES, 1996).

As características das ondas observadas nesta região são reflexo do regime de ventos
encontrado sobre o oceano Atlântico Sul (ALVES & MELO, 2001). Os ventos típicos de
NE presentes no local acontecem devido ao sistema semipermanente de alta pressão,
denominado Anticiclone do Atlântico Sul. Esta situação, de tempos em tempos é
52

perturbada pela passagem de frentes frias originadas pelo Anticiclone Móvel Polar. As
quais migram da região sudoeste para nordeste (DHN, 1994). Centros migratórios de
altas e baixas pressões acompanham as frentes frias que interferem no regime de
ventos, sendo assim, produzem vagas e ondulações dos quadrantes E e S (ALVES &
MELO, 2001). A partir da análise dos dados coletados por ALVES (1996) em São
Francisco do Sul entre janeiro e junho de 1996, quatro padrões de ondas para a
região foram identificados (ALVES & MELO, 2001): SISTEMA “A” (ondulação de SE) -
neste sistema, as ondulações têm maior período de pico e não possuem correlação
com a direção e intensidade dos ventos locais; SISTEMA “B” (ondulações de E) -
ondas que chegam de leste e sudeste dominam o regime de ondas local
(aproximadamente 50% das observações realizadas); SISTEMA “C” (vagas de E-NE) -
é um sistema associado aos ventos NE persistentes na região devido ao centro de alta
pressão do Atlântico Sul; SISTEMA “D” (vagas de S-SE) - corresponde a cerca de 10%
do regime de ondas na região.”

A Tabela 4 demonstra um resumo dos quatro padrões de ondas observados na região


de São Francisco do Sul, tendo em vista que a incidência das ondulações e vagas é
atenuada no local, sendo que os valores não são significativos para a circulação no
interior da baía.

Tabela 4. Período e altura significativa de onda para os quatro padrões de ondas


observados na região da baia da Babitonga (ALVES & MELO, 2001).
Sistema Período e Altura Significativa de Onda
A B C D
Período 7 – 16 6 - 11 3–8 4-8

Altura 0,5 – 2,0 0,5 – 1,5 0,5 – 1,5 1,0 – 3,5

4.1.2 PADRÃO DE CORRENTES

4.1.2.1 Correntes Atuantes na Plataforma Continental

A partir de dados coletados com auxílio de um mini-correntógrafo (SD-6000) da


SENSORDATA, fundeado na profundidade de 18 m a aproximadamente 1.200 m da
costa, ao norte da Praia Grande (Município de São Francisco do Sul), foi possível
descrever a correntometria da região. Os seguintes parâmetros físicos foram
53

coletados: velocidade e direção de corrente. A coleta dos dados ocorreu entre 1° de


dezembro de 1995 e 13 de junho de 1996.

Os dados levantados foram apresentados no relatório do projeto “Estudos Ambientais


em Áreas Oceânicas e Costeiras no Sul do País” (PETROBRAS, 1998) receberam
tratamento estatístico em trabalho realizado pelo CNEN/CDTN (2002 apud
PETROBRAS, 2003), no âmbito de um estudo para a avaliação técnica do projeto de
implantação de um emissário de efluentes em São Francisco do Sul.

A frequência e intensidade das correntes medidas são apresentadas na Tabela 5,


segundo as três direções gerais identificadas: correntes para Norte (com direção
NNW-ENE); correntes para Sul (com direção SSE-SW) e correntes convergentes para
costa (com direção SW-NNW) (PETROBRAS, 2003).

Tabela 5. Estatísticas das Correntes em São Francisco do Sul (CNEN – CDTN, 2002,
apud PETROBRAS, 2003)
Frequência e Intensidade da Corrente por Quadrante
Tempo de Prof. NNW – ENE SSE – SW SW – NNW
Mês Amostragem Sup-S (p/ Norte) (p/ Sul) (convergente)
(dias) Fun-F Int. Max. Int. Max. Int. Max.
(%) (%) (%)
(m/s) (m/s) (m/s)
25 S 42 0.60 6 0.60 8 0.35
Dez/95
25 F 42 0.40 7 0.30 13 0.20
16 S 36 0.45 16 0.40 20 0.25
Jan/96
16 F 28 0.25 4 0.20 35 0.10
11 S 41 0.30 37 0.45 20 0.45
Fev/96
11 F 41 0.30 16 0.40 33 0.35
30 S 31 0.55 4 0.20 5 0.30
Mar/96
30 F 47 0.45 10 0.32 14 0.30
24 S 45 0.40 7 0.25 28 0.20
Abr/96
0 F * * * * * *
21 S 50 0.25 14 0.25 7 0.10
Mai/96
31 F 35 0.25 10 0.25 11 0.15
12 S 49 0.45 18 0.10 3 *
Jun/96
12 F 42 0.35 17 0.15 5 0.25

A interpretação dos dados obtidos e caracterização da correntometria foram descritos


por PETROBRAS (2003). As medições indicaram o predomínio de correntes de
superfície paralelas à linha de costa, com direção preferencial para Norte e frequência
média de 42% para o período amostrado, não tendo ocorrido variações sazonais entre
verão e outono. Com relação à intensidade das correntes, os resultados apresentados
54

por CNEN/CDTN (2002 apud PETROBRAS, 2003), indicam um valor médio de 0,15 m/s
para a totalidade dos registros efetuados. As correntes superficiais, sob influência dos
ventos locais, apresentam maior intensidade do que as correntes de fundo.

Entre as direções gerais identificadas, as correntes para Norte apresentam maior


intensidade, com valores médios de intensidade máxima de 0,43 m/s em superfície e
0,33 m/s no fundo, seguidas pelas correntes para Sul, com valores de 0,32 m/s e
0,27 m/s, respectivamente, em superfície e no fundo. As correntes convergentes
apresentam menor intensidade, com valores médios de intensidades máxima da
ordem de 0,27 m/s em superfície e 0,22 m/s no fundo durante os meses amostrados.

As intensidades máximas observadas para as correntes superficiais direcionadas para


Norte mantêm-se ao longo do período amostrado em torno do valor médio (0,43
m/s), enquanto que as correntes para Sul e convergentes apresentam uma tendência
ao decréscimo das intensidades máximas entre dezembro e junho (Figura 21). As
correntes de fundo apresentaram comportamento análogo às de superfície (Figura
22).

0,7
Intensidade das correntes (m/s)

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0
Dez/95 Jan-96 Feb-96 Mar-96 Apr-96 May-96 Jun-96

p/ Norte p/ Sul Convergente

Figura 21. Intensidade de correntes de superfície em São Francisco do Sul (elaborado


a partir de CNEN/CDTN, 2002, apud PETROBRAS, 2003).
55

0,5
0,45
Intensidade das correntes (m/s) 0,4
0,35
0,3
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
Dez/95 Jan-96 Feb-96 Mar-96 Apr-96 May-96 Jun-96

p/ Norte p/ Sul Convergente

Figura 22. Intensidade de correntes de fundo em São Francisco do Sul (elaborado a


partir de CNEN/CDTN, 2002, apud PETROBRAS, 2003).

4.1.3 REGIME DE VENTOS

A atuação dos ventos sobre a superfície dos oceanos implica diretamente em


oscilações do nível do mar. As marés meteorológicas correspondem à sobre-elevações
do nível do mar associadas a variações no campo de pressão atmosférica e à tensão
do cisalhamento do vento sobre a superfície dos oceanos (CAMARGO et al, 2002). A
orientação da linha de costa em relação à direção dos ventos atuantes, bem como a
configuração da plataforma continental, irá influenciar a resposta em relação aos
efeitos meteorológicos.

No litoral norte de Santa Catarina, os ventos provenientes do quadrante sul


(passagem de frentes frias) propiciam um aumento do nível do mar na zona costeira.
Desta maneira promovem uma elevação do nível dentro da baía da Babitonga, em
contra partida, ventos provenientes do quadrante norte promovem o rebaixamento do
nível tanto na zona costeira quanto dentro da baía da Babitonga (TRUCCOLO, 1998).
A mesma autora ao analisar dados meteorológicos e de altura do nível do mar
coletados no período compreendido entre 14 de julho e 15 de dezembro de 1996 pode
observar que há um atraso da variação do nível em relação ao vento de 6 horas.
56

4.1.4 MARÉS

A maré na região sul do Brasil é do tipo semidiurna com variações diurnas, ou seja,
ocorrem duas preamares e duas baixa-mares por dia, cujas amplitudes são diferentes,
sendo que as amplitudes ditas normais são do tipo micromaré, em torno de 1,5 m
(DHN, 1997).

Segundo Marone & Camargo (1994), regiões litorâneas podem apresentar alterações
na amplitude das marés devido a fatores meteorológicos, como por exemplo, a
passagem de frentes frias com ventos fortes provenientes do quadrante sul,
fenômenos como esse são conhecidos como maré meteorológica. O efeito desse tipo
de maré é mais intenso nas zonas litorâneas e baías, devido ao empilhamento de
água na costa, sendo comumente acompanhada de episódios erosivos e destrutivos,
que são mais acentuados quando a maré meteorológica coincide com maré
astronômica mais alta (sizígia) (CALLIARI et al., 1996).

Segundo CPE & ACQUAPLAN (2009), as correntes de maré mais fortes observadas na
região do canal externo ao Porto de São Francisco do Sul são da ordem de 0,46 m/s,
com uma direção de 341º, como pode ser observado na Figura 23.
57

Correntes Maré Típicas,


26.17309ºS, 48.51366ºW
São Francisco do Sul, S.C., Brasil
0.50

0.40

0.30
Correntes (m/s)

0.20

0.10

0.00

-0.10

-0.20
02/21/2003 00:00

02/28/2003 00:00

03/07/2003 00:00

03/14/2003 00:00

03/21/2003 00:00
Correntes Leste(+) / Oeste (-) Correntes Norte(+) / Sul (-)

Correntes Maré Típicas,


26.17309ºS, 48.51366ºW
São Francisco do Sul, S.C., Brasil
0.50

0.40
Correntes Norte(+) / Sul (-) (m/s)

0.30

0.20

0.10

0.00

-0.10

-0.20

-0.30

-0.40

-0.50
-0.80 -0.70 -0.60 -0.50 -0.40 -0.30 -0.20 -0.10 0.00 0.10 0.20 0.30 0.40 0.50 0.60 0.70 0.80
Correntes Leste(+) / Oeste (-) (m/s)

Figura 23. Correntes de maré típicas da zona costeira na frente dos municípios de
Itapoá e São Francisco do Sul, na região do canal externo de acesso ao Porto de São
Francisco do Sul (CPE & Acquaplan, 2009).

De acordo com Schettini et al. (1996), a maré astronômica na baía de São Francisco
do Sul, ou Babitonga, varia em torno de 0,8m, sendo que a máxima pode atingir
1,2m. Os mesmos autores citam que a influência das marés meteorológicas sob a
dinâmica costeira é grande, elevando em 1m as alturas das marés astronômicas, em
alguns casos. Trucollo (1998) também considera como amplitude média o valor de
0,80 m. e ressalta que as alturas de marés observadas na baía da Babitonga são
58

consideravelmente maiores do que aquelas observadas ao longo da zona costeira


adjacente.

Souza & Angulo (2002) relatam que as amplitudes médias de maré são em torno de
1,5 m. Estes autores ainda citam que a dinâmica da costa de Itapoá também é
fortemente influenciada pela desembocadura da baía da Babitonga; e que em frente a
esta desembocadura ocorrem feições submersas que foram interpretadas com sendo
de um delta de maré vazante (Figura 24). Este tipo de ambiente constitui-se em um
sistema de ligação entre as praias de ambos os lados do complexo estuarino (baía da
Babitonga), com as quais possuem constantes trocas de sedimentos entre o delta e as
praias do complexo estuarino. Os bancos de areia que formam o lobo frontal do delta
constituem-se em áreas rasas que provocam a arrebentação das ondas e propiciam o
transporte de areia através do lobo frontal (ANGULO et al., 2002).

Figura 24. Localização do delta de maré vazante (banco da Galharada) na


desembocadura da Baía da Babitonga.
59

Para a caracterização da hidrodinâmica atual da praia de Itapoá – SC, foram


levantados dados em um ADCP em um local frente à desembocadura da baía da
Babitonga em uma profundidade de 14 metros (Figura 6). Além disso os parâmetros
físicos e hidrodinâmicos apresentados são referentes aos dias correspondentes entre
01/07/15 e 11/12/15, e foram gentilmente cedidos pela empresa Mar Tethys
Levantamentos Oceanográficos e Estudos Ambientais Ltda.

A partir dos dados de nível de agua é possível observar claramente os ciclos de maré,
com períodos de sizígia (maiores amplitudes) seguidos por eventos de quadratura
(menores amplitudes). No final de agosto de 2015 se verifica uma alteração na
profundidade do equipamento, em função da troca no local do fundeio do ADCP
(Figura 25).

Figura 25. Variação do nível da água (profundidade do ADCP) entre os dias 17/05/14
e 30/06/15 para o local observado.

A velocidade média de corrente (resultante) para toda a coluna d’água, entre os dias
01/07/15 e 11/12/15 foi de 0,36 m/s. Além disso é possível verificar eventos de
estofa de maré na qual a velocidade se aproxima a zero (0). A velocidade máxima de
corrente observada é de 1,44 m/s. Os maiores valores de velocidade de corrente são
observados nos eventos de vazante, quando a baía da Babitonga deságua seu grande
volume de água no mar (Figura 26). Mais de 80% das observações de velocidade das
correntes apresentam valores menores que 0,6 m/s (Figura 26).
60

A direção média das correntes na coluna d’água para o período analisado foi de
187,08º. De maneira geral, a condição hidrodinâmica observada apresenta
comportamento bidirecional, em sua grande maioria definida pelos fluxos e refluxos
ocasionados pelo regime de maré (Figura 26).

Figura 26. Rosa direcional e histogramas de distribuição de ocorrência para a


velocidade e a direção média das correntes, entre os dias 01/07/15 e 11/12/15.

Já a média da Altura Significativa (HS) das ondas para o período entre os dias
01/07/15 e 11/12/15 é de 0,64 metros. A altura máxima observada foi de 1,96
metros no dia 16/09/2015 (Figura 27). No geral, pode-se identificar que as maiores
alturas de onda são provenientes da direção sudeste (Figura 28 e Figura 30). Na
(Figura 28) também foi possível observar alguns eventos de incidência de ondas da
direção leste e nordeste (50˚ a 100˚), de menor magnitude. Em aproximadamente
87% de todo o período observado, a altura das ondas é menor do que 1 metro (Figura
27).
61

A direção média de incidência das ondas para todo o período observado é de 126º
(sudeste), e as direções entre 72º e 144º (leste/sudeste) compreendem 99,94% de
todas as observações de onda realizadas entre 01/07/15 e 11/12/15 (Figura 28 e
Figura 30). Em relação ao período (Período de Pico – TP) das ondas observadas, o
valor médio é de 6,24 segundos e o máximo de 11,32 segundos, observado no dia
03/08/2015 (Figura 29).

Figura 27. Altura significativa (HS) das ondas mensuradas entre os dias 01/07/15 e
11/12/15, em um ponto localizado em frente a desembocadura da baia da Babitonga.
62

Figura 28. Direção média das ondas observadas entre os dias 01/07/15 e
11/12/15, em um ponto localizado em frente a desembocadura da baia da
Babitonga.

Figura 29. Período de pico das ondas entre os dias 01/07/15 a 11/12/15, em
um ponto localizado em frente a desembocadura da baia da Babitonga..
63

Figura 30. Frequência acumulada da altura significativa e direção média das


ondas, entre os dias 01/07/15 e 11/12/15, em um ponto localizado em frente
a desembocadura da baia da Babitonga..

4.2 ANALISAR A VARIAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA LINHA DE COSTA DA


PRAIA DE ITAPOÁ – SC

Com o intuito de se analisar a evolução da linha de costa no município de Itapoá, SC


no últimos 77 anos, foram confeccionados mosaicos fotográficos das fotografias
aéreas de 1938 (Figura 31), 1957 (Figura 32), 1978 (Figura 33), 1995 (Figura 34)
e 2015 (Figura 35).

A fim de definir o EQM do georeferenciamento de cada mosaico fotográfico, foram


calculadas médias a partir dos valores de EQM para cada fotografia, no caso da
imagem de satélite referente ao ano de 2015 foi utilizado o valor único fornecido pelo
programa por ter sido utilizado apenas uma imagem para retratar o cenário (
64

Tabela 6).

Figura 31. Mosaico fotográfico da praia do Município de Itapoá para o ano de 1938.
65

Figura 32. Mosaico fotográfico da praia do Município de Itapoá para o ano de 1957.
66

Figura 33. Mosaico fotográfico da praia do Município de Itapoá para o ano de 1978.
67

Figura 34. Mosaico fotográfico da praia do Município de Itapoá para o ano de 1995.
68

Figura 35. Mosaico fotográfico da praia do Município de Itapoá para o ano de 2015.
69

Tabela 6. Valores de EQM para cada fotografia, por ano e as respectivas médias.
Anos  1938  1957 1978 1995 2015 
EQM (m)  5,50  2,29  11,28  0,57  2,74 
  3,78  2,79  5,78  1,85 
  3,07  4,04  6,77  0,76 
  3,41  0,47 
  4,20  1,92 
  0,87 
Média 
EQM (m)  3,99  2,79 6,77 0,81  2,74

A partir da análise da variação do posicionamento da linha de costa, realizada a partir


das fotografias aéreas e imagem de satélite, foi possível determinar padrões em
processos morfodinâmicos das regiões litorâneas, tais como largura e volume praial,
além da quantificação de alterações na posição da linha de costa ao longo do tempo
(Komar, 1998, Moore, 2000, Araujo, 2008, Klein et al., in press).

A correlação entre duas linhas de costa, relacionando o intervalo de tempo decorrido


entre estas, foi obtida através da ferramenta DSAS e resultou nos valores de EPR, os
quais demonstram valores positivos para progradação da linha de costa e valores
negativos para locais de retração.

Dados obtidos pelo cálculo computacional da taxa de variação a linha de costa entre
os anos estudados (Tabela 7) possibilitaram dividir a área de estudo em quatro
setores dentre os transectos (Norte = 1 até 30; Centro-norte = 31 até 60; Centro-sul
= 61 até 90 e Sul = 91 até 121), de acordo com o comportamento de cada região,
otimizando a interpretação dos dados.

Para facilitar a análise da variação da linha de costa, a praia foi dividida em quatro
setores, Norte, Centro-Norte, Centro-Sul e Sul. Os quatro cenários interdecadais
(Figura 40), representaram a variação da linha de costa ao longo de 77 anos, sendo
que a propensão de sua evolução é medida de forma temporal em longo prazo (STIVE
et al., 2002). Foram calculadas as médias da variação para cada setor, por cenário
interanual (Tabela 7 e Figura 40), e comparadas entre cada cenário 1957/38 (Figura
36), 1978/57 (Figura 37), 1995/78 (Figura 38) e 2015/95 (Figura 39). O intervalo
de tempo entre os anos foi respectivamente 19, 21, 17, 20, assim a média interanual
70

foi estimada através da multiplicação das médias de cada cenário com o número de
anos de cada intervalo temporal.
71

Figura 36. Variação da linha de costa para o município de Itapoá entre os anos de
1938 e 1957.
72

Figura 37. Variação da linha de costa para o município de Itapoá entre os anos de
1957 e 1978.
73

Figura 38. Variação da linha de costa para o município de Itapoá entre os anos de
1978 e 1995.
74

Figura 39. Variação da linha de costa para o município de Itapoá entre os anos de
1995 e 2015.
75

Tabela 7. Médias interanuais do valor de EPR (m) para cada setor de cada cenário.
Interanual 
1957‐38  1978‐57  1995‐78 2015‐95 
Norte  4  ‐5,34  0,78  19,38 
Centro‐norte  ‐40  15,15  ‐11,49  18,11 
Centro‐sul  ‐40  50,02  ‐7,80  ‐10,51 
Sul  ‐40  54,78  ‐18,63  ‐57,28 

Foi observado um padrão entre as diferentes intervalos de anos analisados (Figura


40), onde a maior variação ao longo dos transectos gerados foi observada
respectivamente nos setores Sul, Centro-sul, Centro-norte e Norte. Este
comportamento pode estar relacionado à presença da desembocadura da baía daa
Babitonga situado ao sul do setor sul da área de estudo, além do padrão das variáveis
ambientais influentes no meio, tais como, ondas, correntes, ventos e maré. Mazzer &
Dillemburg (2009) citam que a linha de costa é um constituinte geomorfológico,
altamente dinâmico, que sofre a influência de processos litorâneos em diferentes
níveis de intensidade, corroborando com a afirmação anterior.

Figura 40. Frequência Comparação entre a variação das linhas de costa ao


longo da área de estudo.
76

Os valores negativos indicam o comportamento retracional das praias de Itapoá – SC,


sendo que o setor sul, seguido pelo setor centro-sul (Figura 41) são os setores que
mais sofrem com a retração da costa. Segundo Toldo Jr et al. (2005) os graus de
evolução da linha de costa, variam de acordo com as taxas de deposição e erosão do
sedimento, assim como variações relativas as ondas, nível do mar e ondas
provenientes de tempestades.

Mudanças no clima mundial podem causar impactos nos padrões das variáveis que
influenciam na zona costeira; como, por exemplo, o El Niño que desencadeia um
aumento de tempestades e ondas vindas de Sul e Sudeste, para região sul brasileira
(CPTEC/INPE,1997); As ondas agem sob a faixa arenosa da praia, causando perda de
sedimentos para a plataforma continental.

Além disso, os altos índices de pluviosidade ocorrentes durante o El Nino, aumentam a


descarga fluvial na região da Baia da Babitonga, por consequência a velocidade de
corrente, intensificando as correntes vazantes, nessa situação o lobo frontal do Delta
de maré vazante se deslocaria em direção ao mar, alterando os padrões de refração
das ondas no local, causando alterações da linha de costa (SOUZA,1999).

Figura 41. Comparação entre as médias interanuais de cada cenário por setor.

Para o cenário representado pelos anos de 1957/38, segundo o cálculo da média do


EPR em metros, a linha máxima da vegetação no setor norte demonstrou uma
retração mais ao norte, porem houve um avanço da mesma na região Sul do setor. Já
para os setores centro-norte, centro-sul e sul as médias indicaram uma retração da
77

linha de costa, sendo que no extremo sul dos setor centro-norte e sul ocorreu
progradação da linha de costa, com exceção do último transecto no setor sul que
indicou retração (Figura 42). Pode-se observar que a erosão costeira no município é
um processo histórico ocorrente.

Figura 42. Variação da linha de costa de acordo com os valores de EPR - metros para
o cenário de 1957/38.

Segundo o resultado das médias obtido para o cenário de 1978/57 foi possível
identificar uma retração no extremo do setor norte, porém os valores positivos
(progradação) dominaram, fato que tendeu a média a acusar indices de progradação
para o setor. Para a região centro-norte os valores de EPR- metros, foram em sua
maioria positivos, evidenciando o avanço da linha de costa. Já nos setores centro-sul
e sul, observou-se valores altos de progradação se comparados com as médias
obtidas nos outros setores, porem mais especificamente no extremo sul do setor sul
ocorreu um recuo significativo na linha da vegetação, com excessão do ultimo
transecto que indicou avanço, este aspecto pode estar relacionado a alta dinâmica do
ponto de inflexão da costa.

Souza (1999) encontrou resultados semelhantes para a municipio de Itapoá – SC,


atraves da comparação entre fotografias de 1957 e 1978, foi observado que devido ao
processo de migração da desembocadura dos Rios Saí-Mirim e Saí-Guaçu no setor
78

norte, ocorre a obstrução do canal por conta da deriva litorânea (sul-norte) e


situações de ruptura do esporão, devido a erosão, assim como para a região mais ao
sul, houve progradação de aproximadamente 200 m da linha de costa, e cerca de 15
ha de faixa de areia foram acrescidos, corroborando com os médias positivas
encontradas para os setores centro-sul e sul (Figura 43).

Figura 43. Variação da linha de costa de acordo com os valores de EPR - metros
para o cenário de 1978/57.

No cenário de 1995/1978 as médias indicaram que o fenômemo da retração da linha


de costa foi dominante nos setores centro-norte, centro-sul e sul. Para o setor norte,
ocorreram leves progradações e retrações, sendo que os valores tenderam ao
equilibrio, não apresentando variação na linha de costa. Já os setores centro-norte,
centro-sul e sul foram representados por médias de valores negativos, indicando o
recuo da linha de costa, atentando para o fato de ter ocorrido um avanço significativo
da linha de costa no setor sul (Figura 44).

No trabalho realizado por Souza (1999) foi obversado altos indices de erosão entre
1995/1978, para o setor sul da area, a partir da analise da costa na região de
influencia da desembocadura do Canal do Linguado, apoiando os dados encontrados
nessa pesquisa.
79

Figura 44. Variação da linha de costa de acordo com os valores de EPR m/ano
para o cenário de 1995/78.

Todos os valores positivos obtidos de EPR – metros, para os setores norte e centro-
norte, representam uma progradação ocorrida no local, entre os anos de 2015/1995.
No caso da região centro-sul e sul as médias indicaram indices de retração da linha de
costa, mesmo assim para o extremo sul do setor sul os valores evidenciaram
progradação. Os mesmos valores negativos que demonstram retração, encontrados
para a área estuarina da região de estudo (Canal do Linguado), foram observados em
por (Bittencourt et al., 2005) em uma região próxima as margens de um corpo
d’agua, na Praia de Maracaípe (SE), o mesmo cita que a dinâmica do sedimento sofre
influência da hidrodinâmica do rio, se tornando um dos facilitadores do processo de
retrogradação da linha de costa (Figura 45).
80

Figura 45. Variação da linha de costa de acordo com os valores de EPR m/ano para o
cenário de 2015/95.

4.3 ANÁLISE DO PROCESSO DE EVOLUÇÃO DA URBANIZAÇÃO DO


MUNICÍPIO DE ITAPOÁ – SC

Acontecimentos reais e suas interligações, que influenciam na estrutura da paisagem,


definem a dinâmica espacial. Esse conceito considera fatos espaciais por um ângulo
temporal, o que facilita a avaliação de mudanças passadas e consequências futuras de
cenários atuais (ANJOS, 2008). A situação da ocupação e uso do solo referente a
região costeira estudada, foi retratada por meio de mapas temáticos, dos anos de
1938 (Figura 46), 1957 (Figura 47), 1978 (Figura 48), 1995 (Figura 49) e 2015
(Figura 50), permitindo avaliar de forma espaço-temporal a variação de uso do solo
da área de estudo.

O sistema de informações geográficas (SIG) e o sensoriamento remoto são


ferramentas muito precisas em relação aos dados fornecidos sob as áreas de estudo,
sendo que são essenciais para a realização de diversas análises espaciais, pois essas
ferramentas são práticas e de fácil acesso para os usuários (LEITE, 2006). A aplicação
de técnicas de geoprocessamento para definir o processo de urbanização da área de
estudo foi de grande auxilio para identificação dos possíveis causadores da erosão
costeira.
81

Figura 46. Classificação do Uso do Solo para a região costeira do município de Itapoá para o ano de 1938.
82

Figura 47. Classificação do Uso do Solo para a região costeira do município de Itapoá para o ano de 1957.
83

Figura 48. Classificação do Uso do Solo para a região costeira do município de Itapoá para o ano de 1978.
84

Figura 49. Classificação do Uso do Solo para a região costeira do município de Itapoá para o ano de 1995.
85

Figura 50. Classificação do Uso do Solo para a região costeira do município de Itapoá para o ano de 2015.
86

As alterações ao longo dos anos, no panorama da área de estudo, foram evidenciadas


através da análise espaço-temporal da estrutura da paisagem, pois como cita Soares
Filho (1998), a análise dos fragmentos das classes de uso do solo possibilita um
esclarecimento sobre as mudanças na situação ambiental de determinada região,
além de auxiliar na geração de políticas adequadas ao gerenciamento e manejo do
território.

Rosa (2001) afirma que a análise do uso e ocupação do solo, ao longo dos anos,
possibilita reconhecer o desenvolvimento de padrões na área geográfica, auxiliando no
entendimento de impactos no meio ambiente, causados pelo uso impróprio do solo.

Através da delimitação de polígonos foi possível classificar as imagens de acordo com


suas características. Foram selecionadas as classes de uso de solo: urbanização
(casas, construções, estruturas e áreas públicas rodeadas por residências e vias de
acesso) (Figura 55); agropecuária (atividades de cultivo e campo para pastagem)
(Figura 51); solo exposto (regiões desprovidas de cobertura vegetal); vegetação
costeira (áreas de restinga, manguezais, áreas de transição e dunas vegetadas)
(Figura 52), região praial (área de espraiamento até dunas não vegetadas) (Figura
53); floresta ombrófila (floresta ombrófila densa) e água (rios e lagoas visivelmente
identificáveis).

Figura 51. Agropecuária (áreas de cultivo e campo para pastagens). Foto: Paulo
Briese.
87

Figura 52. Vegetação costeira (áreas de restinga, manguezais, áreas de transição e


dunas vegetadas). Foto: Paulo Briese

Figura 53. Região Praial sofrendo influência da urbanização. Foto: Paulo Briese
88

O processo erosivo na região da costa de Itapoá (Figura 54) e a remediação que os


moradores vêm utilizando para conter o desmoronamento das estruturas construídas
(Figura 54) é um problema ambiental urbano, visto que o município se desenvolveu
próximo à costa e é nessa região que reside a maior parte da população, além de
ocorrer a exploração e utilização dos recursos naturais disponíveis na faixa litorânea
(Figura 56) e a presença de edificações e vias. O desenvolvimento das cidades, e os
processos de alteração da paisagem e expansão de áreas urbanizadas, podem
minimizar a qualidade de vida da população e ainda ocasionar impactos negativos e
danos ao meio ambiente (SOARES et. al., 2002).

Quando ocorrem alterações nas áreas respectivas as dunas frontais, devido ao


processo de ocupação e adensamento populacional da costa, as dunas próximas a
linha de costa foram substituídas por edificações comerciais e residenciais, as quais
demonstram sinais de impactos causados pela erosão na região (GRE et al., 1997).
Esse fator tem sido um dos principais conflitos encontrados na região costeira do
município de Itapoá – SC.

Figura 54. Construções na região de dunas, enrocamentos para conter os


desmoronamentos. Foto: Paulo Briese.
89

Figura 55. Visão do berço de atracação do Porto de Itapoá – SC. Foto: Paulo
Briese

Figura 56. Vias de mobilidade pública e construções na região costeira de Itapoá – SC.
Foto: Paulo Briese
90

Com o intuito decomparar a classe urbanização e as demais classes, floresta ombrófila


foi comparada separadamente, devido a ser a classe com maior contribuição de área,
em todos os casos, podendo desta forma mascarar pequenas alterações observadas
nas demais classes. (Tabela 8).

Tabela 8. Área ocupada em hectares, pelas classes ao longo dos anos.


CENÁRIOS URBANIZAÇÃO (ha) FLORESTA OMBRÓFILA (ha)
1938 12,95 1630,63
1957 38,16 1500,76
1978 102,05 1416,04
1995 400,39 1143,65
2015 733,93 866,17

Com o adensamento populacional na região, a área ocupada pela classe floresta


ombrófila decaiu ao longo dos anos, com redução de 39.1% nos 76 anos analisados.
Este decaimento ocorreu de forma inversamente proporcional ao crescimento da
urbanização (Figura 57), sendo a classe floresta ombrófila substituída por outras
classes como: agropecuária, solo exposto e urbanização, reflexos da alteração da
paisagem causada pela influência antrópica (Figura 58).

A urbanização acarreta em alterações dos ambientes costeiros, como a modificação da


cobertura inicial do solo e mudanças nas características dos ecossistemas e na
dinâmica da costa, além de intensificar processos naturais como a erosão oceânica,
fatores que ocasionam danos aos habitantes que residem nessas áreas (GRABSKI et.
al., 2015).
91

Figura 57. Variação espaço-temporal das classes de uso/ocupação do solo,


urbanização e floresta ombrófila, da região costeira de Itapoá – SC.

Figura 58. Evolução espaço-temporal das classes de uso de solo do município de


Itapoá – SC.

No ano de 1938 a área coberta pela classe urbanização era de 12,95ha, registrou-se
um aumento em área ocupada pela urbanização nos anos subsequentes. Dentre todas
as classes, a região praial apresentou maior contribuição em área (107,29ha) seguida
de solo exposto (52,04ha), vegetação costeira (45,92ha) e agropecuária (26,35ha).

O aumento na área ocupada por urbanização, entre os anos de 1938 e 2015, foi de
(38,37%) em relação ao total, acompanhado pelo acréscimo em área de atividades
92

agropecuárias e solo exposto. Este fenômeno está relacionado ao intenso


adensamento populacional ocorrido na região ao longo dos anos. Carrijo e Baccaro
(2000) enfatizam que a presença de áreas urbanizadas reflete no aumento da
degradação ambiental, consequência do acumulo populacional.

A colonização do Brasil foi diretamente vinculada ao litoral, sendo que os primeiros


aglomerados populacionais se desenvolveram ao longo das regiões litoraneas, com
ramificações distantes, no sentido do interior (CÂMARA, 2001), maximizando a
influencia antropica sob os ecossistemas naturais ao longo do tempo.

Para o ano de 1957 foi observado um aumento de (35,95%) em relação a 1938 nas
áreas ocupadas por solo exposto (141,21ha), sendo que as classes agropecuaria
(40,76ha) e urbanização (38,16ha) também apresentaram acréscimo.

Para vegetação costeira (34,78ha) e região praial (73,82ha) houve um decaimento


em área ocupada, porém este fator não se observou para o ano de 1978 onde ocorreu
um incremento em area de 20,88% e 26,85% respectivamente. Segundo Stive et al.
(2002) a região da antepraia, especificamente a zona de surfe, varia naturalmente,
em escala interdecadal, as taxas de balanço sedimentar.

O cenário retratado pelo ano de 1978, teve como maior classe contribuinte solo
exposto (118,95ha), seguida de região praial (103,71ha), urbanização (102,05ha),
agropecuária (95,19ha) e vegetação costeira (45,18ha).

Entre os anos de 1978 e 1995 foi evidenciado um acréscimo em área de ocupação


pelas classes urbanização (400,39ha) e agropecuária (130,36) e descréscimo para
solo exposto (48,77ha), vegetação costeira (29,88ha) e região praial (47,13ha) sendo
esta última mais acentuada totalizando 45,56%, indicando que a ocupação humana
vem avançando sobre espaços antes ocupados por sistemas naturais. Grobski et al.
(2015), ao analisar a dinâmica da urbanização e seus impactos na região costeira, no
estado do Rio Grande do Sul, observou uma situação semelhante, onde processos
antrópicos influenciaram diretamente na harmonia dos ecossistemas locais, tais como
regiões de dunas, restingas e áreas úmidas.

Segundo Souza (1999), a partir do ano de 1978, ocorreu um aumento na ocupação


humana, em especial nas proximidades da linha de costa, analogamente a outras
93

regiões do Sul do Brasil, como no litoral do Paraná, onde o processo de urbanização


depredou as dunas frontais, devido a edificações e infra-estruturas nessas regiões.

Entre os anos de 1978 e 2015 o solo exposto apresentou redução de (76,09%) dando
espaço a atividades agropecuárias e urbanização. Já para o intervalo de tempo entre
os anos de 1995 e 2015 a classe agropecuária decaiu (21%) em área ocupada, sendo
uma das consequências do incremento em regiões urbanizadas (81,93%).

Para a classe urbanização com 733,93ha no ano de 2015, foi registrado o maior índice
de ocupação, sendo clara a influência antrópica no litoral do município. Segundo
Câmara (2001) a região costeira do estado de Santa Catarina tem como
caracteristicas, elevadas taxas de crescimento demográfico e grau de urbanização,
sendo este último acelerado e afirma que mesmo em locais de menor densidade
demográfica, a taxa de urbanização é alta, fato que corrobora com os dados
encontrados na classificação.

4.4 MODELAGEM NÚMERICA AMBIENTAL

Os dados provenientes do modelo numérico ambiental, permitiram a melhor


compreensão da morfodinâmica do local, afim de identificar as causas da intensa
erosão costeira na região da aréa de estudo. Este trabalho compreendeu a analise dos
modelos numéricos de hidrodinâmica, transporte de sedimento e variação
morfológica.

As velocidades máximas de corrente de quadratura na maré enchente foram da


ordem de 0,85 m/s (Figura 59), para correntes de sizigia na maré enchente a
velocidade máxima representada pela modelagem foi de 0,78 m/s (Figura 60), sendo
possível observar que a desembocadura do estuário influencia no aumento da
velocidade, devido ao afunilamento do canal. Sendo assim é correto afirmar que a
maior influência das correntes na costa acontece no setor Sul da área de estudo,
seguido do setor Centro-sul.

Segundo Truccolo e Schettini (1999) o estuário da Baia da babitonga é dito como


hipersíncrono, sendo assim os efeitos de constrição do canal aparentemente são mais
expressivos que os efeitos de fricção, corroborando com os dados encontrados.
94

Figura 59. Velocidades máximas de maré enchente em quadratura.

Figura 60. Velocidades máximas de maré enchente em sizígia.


95

No caso das velocidades máximas de corrente de quadratura e sizígia em maré


vazante, os valores observados a partir do modelo, foram respectivamente 0,92 m/s
(Figura 61) e 1,00 m/s (Figura 62). Assim como observado nas correntes de maré
enchente, a velocidade aumenta na região do canal de acesso ao estuário, este fator
está associado a restrição da desembocadura que por consequência faz com que o
local apresente maiores velocidades de corrente (MIRANDA et al., 2002).

A maior velocidade encontrada foi em correntes de sizígia na maré vazante, o que


demonstra o potencial energético na desembocadura da Baia da Babitonga e sua
influência sob a morfodinâmica e distribuição do sedimento das praias do município de
Itapoá – SC. A afirmação anterior também foi observada por Mattos (2012), o mesmo
ainda ressalta que o padrão de circulação da água no Canal do Linguado sofre forte
influência das variações de maré, o que desencadeia a movimentação hidrodinâmica
bidirecional na região.

Figura 61. Velocidades máximas de maré vazante em quadratura.


96

Figura 62. Velocidades máximas de maré vazante em sizígia.

A partir dos dados de ondas modelados foi possivel identificar que a energia de ondas
provenientes do quadrante Leste ( Figura 63) incidindo na região costeira do
município de Itapoá – SC, é mais intensa no setor Centro-sul seguido do setor Sul da
área de estudo, alcançando picos de até 1,2 metros de altura significativa. A premissa
corrobora com os dados de variação da linha de costa entre os anos de 1995 e 2015
citados anteriormente nesse trabalho, onde foi observado que é o setor Centro-sul, no
cenário atual da região costeira do município, é o que mais sofre com a retração da
linha de costa (Figura 45), sendo assim o fenômeno da erosão pode estar relacionado
a uma concentração de energia de onda atuante neste setor.

Segundo Souza et al. (2005) e Souza et al. (2009), uma das causas naturais da
ocorrência de processos erosivos é o maior impacto de ondas de alta energia sob a
praia, devido a fisiografia do local que possui irregularidades ao longo da linha de
costa.
97

Figura 63. Altura significativa de ondas provenientes do quadrante Leste.

No caso de energia de ondas incidentes na costa vindas do quadrante Nordeste


(Figura 64), foi observado o mesmo comportamento das ondas provenientes do
quadrante Leste, porém a altura significativa foi levemente maior, com picos de até
1,4 metros, sendo igualmente os setores Centro-sul e Sul os mais influenciados pela
atuação das ondas na região.

Como citado anteriormente nessa pesquisa Alves e Melo (2001) indicaram que a
altura significativa de ondas provenientes dos quadrantes Leste e Nordeste para o
período observado por eles, foi de 1,5 metros o qual se aproxima dos valores obtidos
pelo modelo. Nesse sentido é possivel afirmar que a ocorrência e intensidade das
ondas vem seguindo o mesmo padrão, consequentemente o comportamento erosivo
no aspecto da morfodinâmica praial vem se repetindo ao longo dos anos
caracterizando um processo histórico e cíclico.
98

Figura 64. Altura significativa de ondas provenientes do quadrante Nordeste.

Quando retratado o caso de ondas vindas dos quadrante sul/sudeste ( Figura 65),
pode-se observar valores mais altos de altura significativa de onda se comparado com
as outras direções, onde os picos de onda podem alcançar mais de 2 metros. As ondas
que atingem de fato a costa perdem energia ao encontrar-se com o fundo marinho,
podendo diminuir a energia da onda na costa.

Gomes (2003) cita que a perda gradual da velocidade das ondas depois de
adentrarem em águas rasas provoca uma mudança na direção do transporte, sendo
assim a porção da onda que encontra primeiro águas rasas diminuí a velocidade e a
porção que ainda está em águas profundas mantém a velocidade, retrabalhando o
sedimento.

Alves e Melo (2001), como citado anterirormente, relatam que para os casos de ondas
provenientes de sul/sudeste a altura significativa foi de 3,5 metros. Assim como
observado nas análises da modelagem numérica, ondas vindas desse quadrante,
possuem mais energia, porém não é possível ditar que o regime de ondas e suas
características seja sempre esse, sem realizar uma análise mais profunda com um
99

intervalo temporal de pelo menos um ano, e não apenas seis meses como realizado
pelos autores.

Figura 65. Altura significativa de ondas provenientes do quadrante sul/sudeste.

A análise dos casos de ondas chegando na costa pelo quadrante sudeste, demonstrou
que a energia diminui se comparado com as ondas vindas do quadrante sul/sudeste,
com altura significativa de 1,5 metros para a primeira direção citada. Segundo as
análises realizadas sobre a situação atual do regime de ondas no local, citadas a priori
nesse estudo, as ondas de maior frequência incidentes na costa (Figura 30) são
provientes dos quadrantes leste/sudeste, demonstrando a ação constante dessas
ondas sob a região costeira de Itapoá – SC, intensificando os processos erosivos
ocorrentes na área.

Soulby (1997) ressalta que as ondas redisponibilizam e redistribuem sedimentos


devido a resuspensão no fundo e os difundem na coluna d’agua, seguindo os limetes
da onda, no caso da ocorrência de correntes durante esse processo, os sedimentos
suspensos podem ser transportados na direção do fluxo. Além disso o mesmo autor
discorre sobre o ocasionamento de correntes de retorno próximo a costa, fato que
100

pode transportar em direção a águas abertas, assim como a formação de correntes


longitudinais na zona de arrebentação das ondas o que acaba por transportar o
sedimento paralalemante a costa. Desta forma pode-se afirmar que o processo
erosivo é intensificado pela ação das ondas no setor Centro-sul e Centro-norte da área
de estudo, corroborando com o valores negativos de taxa de variação da linha de
costa realizados nesse estudo.

De acordo com a inscidência das ondas na área de estudo, foi possível indentificar que
o setor Sul não sofre muita influência da energia de ondas, porém a presença de
processos erosivos, como foi observado retração da linha de costa, oacasionado pela
alta dinâmica da desembocadura da Baía da Babitonga.

A Figura 66 apresenta um esquema conceitual da dinâmica sedimentar ocorrente na


costa do município de Itapoá. Este esquema demonstrado pela CPE (2011) foi
observado novamente nas modelagens realizadas neste estudo, demonstrando que o
transporte de sedimentos na costa da praia de Itapoá se divide no centro da praia,
sendo o transporte bidirecional, em direção para Norte do centro da praia para o norte
e do centro da praia para o Sul.

IMAGEM ONDAS SUDESTE


101

Figura 66. Esquema conceitual da dinâmica sedimentar na região da desembocadura


da Baía da Babitonga. A espessura das setas não está relacionada com a magnitude
do transporte (CPE,2011).

Os resultados da variação morfológica, indicam valores negativos (erosão) e valores


positivos (sedimentação) para a área de estudo (Figura 67). Foi possível observar que
as variações máximas da morfologia da área de estudo ocorreram na desembocadura
da baía da Babitonga, justamente no setor Sul. Foi passível de identificação a
deposição de material sedimentar na região do delta de maré vazante e no canal
“externo” de acesso aos portos de São Francisco do Sul e Itapoá – SC. As áreas com
maiores taxas de erosão foram observadas na região de estreitamento da
desembocadura onde as velocidades de corrente são maiores, corroborando com as
análises anteriores (Figura 67).
102

Figura 67. Variação morfológica da área de estudo no cenário atual depois de um ano.
103

4.5 ANÁLISE DAS INFLUÊNCIAS ANTRÓPICAS COMO POSSÍVEIS CAUSAS DOS


PROCESSOS EROSIVOS

Ao correlacionar os dados obtidos a partir da variação da linha de costa e da


distribuição espaço-temporal do uso e ocupação do solo, ambos analisados na mesma
escala temporal, ao longo de setenta e sete anos, foi possível indentificar que o
processo de urbanização na região teve um aumento significativo em meados dos
anos 50, e vem aumentando gradativamente com o passar do tempo, devido ao
acelerado crescimento da população humana. A análise da variação da linha de costa
indicou, em sua maioria, valores positivos de EPR (progradação da linha de costa)
entre os anos de 1957 e 1978 (Tabela 7). A população, por sua vez, conseguiu se
estabelecer em regiões próximas a costa, não sofrendo grande influência dos
processos erosivos naturais da praia, os quais nessa época foram mínimos.

A afirmação acima é sustentada ainda pela presença de valores negativos de EPR


(retração da linha de costa), nos setores mais ao sul da área de estudo e valores
positivos de EPR nos setores mais ao norte, para os cenários subsequentes, somada
ao maior desenvolvimento urbano nos setores Centro-norte e Norte, também para os
anos seguintes, onde a população se estabeleceu na região costeira adentrando ao
continente.

Segundo a classificação de uso/ocupação de solo, ocorreu sim o aumento da


população ao longo de toda área estudada, porém o processo foi mais intensificado ao
norte, onde vem ocorrendo a progradação da linha de costa. O fenômeno vem
acontecendo devido a tendência das duas ultimas décadas, no aumento da altura e
direção das ondas, ocasionando uma maior sedimentação no setor Norte da área de
estudo.

Além disso foi possível identificar que as casas, muros e edificações construídas
próximas a costa, ao longo dos anos, tomaram conta de regiões antes ocupadas pela
vegetação nativa e dunas frontais, os quais auxiliam na estabilização da linha de
costa, logo a substituição de áreas naturais por áreas urbanizadas pode ter
intensificado o processo erosivo natural ocorrente principalmente nos setores Sul e
Centro-sul.
104

Portz (2014) indica que áreas com características morfológicas erosivas e que sofrem
grande pressão de utilização, são mais suscetíveis a degradação das dunas frontais e
da vegetação associada. Fato que aconteceu na região costeira da área de estudo ao
longos dos anos e vem ocorrendo de maneira gradativa.

Afim de remediar os problemas de desmoronamento das edificações devido a erosão,


e conter a retração da linha de costa, os moradores reproduzem enrocamentos que
freiam o avanço do mar e a ação das ondas sob seus terrenos a beira-mar (Figura
54). Com isso áreas onde deveria estar acontecendo sedimentação, como observado
nos dados de variação morfológica apresentados pela modelagem numérica, sofrem
erosão, pois a presença das rochas alojadas nesses locais impede o sedimento de se
fixar, erodindo áreas que pelo padrão morfodinâmico deveriam estar recebendo o
aporte de areia.

Souza et al. 2005 e Souza et al. 2009 ao descreverem as causas antrópicas da erosão
costeira no Brasil, mencionam a urbanização da orla e subsequente depredação do
ecossistema de dunas, além da construção de estruturas rígidas como molhes de
pedra e enrocamentos implantados em prol da contenção dos processos de erosão.
Ambas as situações foram identificadas na região estudada, atestando o fato de que
agentes antrópicos contribuem para o acontecimento da erosão costeira.

Estudos realizados por Souza e Angulo (2003) levantaram a hipótese de que à


ocorrência de fenômenos interanuais tipo El Niño/La Niña, os quais acontecem devido
a variações na temperatura superficial das águas do Oceano Pacífico Sul, agem sob o
clima mundial e o padrão hidrodinâmico das correntes e do regime de ondas. Os
autores observaram que em épocas onde há influência do fenômeno El Niño os
processos erosivos são intensificados se comparados com épocas de maior atuação do
La Niña.

Dessa maneira verificou-se que o padrão climático mundial, que vem sendo alterado
devido a ações antropogênicas (IPCC,1996), é um dos agentes causadores naturais da
erosão nas regiões costeiras, sendo que a ação antrópica se torna um agente indireto
intensificador das variações ocasionadas na linha de costa, ao maximizar esses
eventos.
105

É importante salientar que o processo histórico de erosão na área, assim como a


intensa ação das variáveis ambientais sob o meio, ambos evidenciados nessa
pesquisa, principalmente na região da desembocadura da Baía da Babitonga, presente
no setor Sul da área de estudo, condizem com a afirmação de que as causas naturais
dos processos erosivos são os principais agentes causadores dos problemas
relacionados a erosão. Porém esse processo é acentuado pela urbanização, atividades
portuárias, turismo, utilização exacerbada dos recursos ambientais disponíveis,
supressão da vegetação e alteração de ambientes estabilizadores da linha de costa,
consequências da pressão antrópica sob o meio.

4.6 PROPOSTAS DE SOLUÇÕES PARA ESTABILIZAÇÃO DA LINHA DE COSTA

O fenômeno da erosão é evidente no município de Itapoá – SC, e vem acontecendo ao


longos dos anos, caracterizando um processo histórico e natural. Todavia esse quadro
é intensificado pela ação do homem, a qual segundo Gomes et al. (2013a) vem
crescendo exponencialmente, com construções irregulares e lotes sem nenhuma
infraestrutura básica, o que aumenta ainda mais os problemas ambientais da região,
afetando e maximizando os processos erosivos. A construção de obras de
contenção/mitigação da erosão podem muitas vezes piorar a situação da perda
sedimentar das praias do município, indo contra o processo natural da morfodinâmica
praial o qual sofre modificações constantemente.

As leis, decretos e normativas relacionadas a proteção e recuperação de áreas, no


sentido ambiental, são fortes alicerces em busca da estabilização da linha de costa,
visto que o processo natural não deve ser freiado. Dessa maneira cria-se um
arcabouço para minimizar as causas antrópicos da erosão, e consequentemente os
danos causados ao meio ambiente e a população local.

Requisitos legais ambientais são utilizados para promover, perante a lei, ações e
normas necessárias no que diz respeito a preservação e conversação dos ambientes,
além de definir e restringir o uso e a ocupação (IBAMA, 2001).

O município de Itapoá – SC, está incluído no projeto de Gestão Integrada da Orla


Marítima (Projeto Orla) o qual é idealizado por uma ação entre o Ministério do Meio
Ambiente e o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Atua em busca do
106

ordenamento de áreas litorâneos sob domínio da União, unindo as políticas ambiental


e patrimonial, articulando iniciativas que envolvem o governo, associações privadas e
a sociedade civil. Além disso, o projeto prevê a definição de critérios para a utilização
dos bens da União, buscando o uso apropriado de áreas públicas, a presença de locais
pré-estabelecidos e a proteção de recursos naturais (POLETE, 2010).

Ações conjuntas entre o governo, pesquisadores e a população podem ser de grande


ajuda no que diz respeito a conter os processo erosivos na região da área de estudo.
Sendo assim é de suma importância que o município integre as normativas
estabelecidas pelo Projeto Orla e realize a fiscalização do cumprimento das regras pré-
estabecidas, além de cumprir com os acordos ali previstos.

O Plano Municipal de Gerenciamento costeiro de Itapoá é pioneiro no Brasil e foi


impulsionado graças ao “Projeto Orla”. Se trata de uma lei específica para a gestão da
faixa litorânea, segundo a lei complementar municipal 0017/07 que instituiu o Plano
Municipal de Gerenciamento Costeiro. Em relação aos instrumentos legais pode-se
incluir o Plano de intervenção da Orla (PIO) que padroniza o processo de
uso/ocupação do litoral, nas áreas, marítima e terrestre (POLETE, 2010).

Visto que existem subsídios legais para que ocorra a proteção de ambientes
estabilizadores da linha de costa, além do zoneamento devido, de acordo com os
padrões estabelecidos pelo Plano Diretor da cidade e alinhados com os Planos
Municipais de gestão da orla. É proposto que sejam respeitadas as áreas de
preservação permanente (APPs), definidas no Código Florestal (Lei nº 12.651/12),
salientando que as mesmas vem sofrendo grande pressão antrópica.

A retirada das edificações presentes nessas áreas prioritárias, e realocação dos


moradores são importantes medidas para a reestabilização do equilíbrio dos
ecossistemas e subsequente equilíbrio do balanço sedimentar. Para que esse processo
seja harmonioso, iniciativas de interpretação ambiental e educação ambiental devem
ser fomentadas e realizadas, afim de expor a comunidade a importância da
preservação desses ambientes para a estabilização da linha de costa e controle da
erosão.
107

Projetos de recuperação de áreas degradadas devem ser realizados a partir de


estudos mais aprofundados relacionados a interação entre os sistemas costeiros e os
processos erosivos, para definir áreas de interesse, voltadas a preservação,
conservação ou uso exploratório.

Uma alternativa de estabelecer o balanço sedimentar e recuperar locais da praia onde


houve taxas alarmantes de perda de sedimento é a alimentação artificial da praia.
Segundo Italiani (2014) este tipo de recuperação de praias é utilizado como uma
medida temporária que possibilita estabilizar e ampliar o acúmulo de sedimento
praial, ou criar condições para que uma nova faixa litorânea seja estabelecida, além
de não utilizar obras fixas que podem causar danos.

Italiani (2014) ressalta que em praias com histório erosivo, como é o caso de Itapoá –
SC, a alimentação deve acontecer na face da costa, na sua porção mais externa (na
extensão da zona de arrebentação) reforçando a base do perfil da costa promovendo
assim a adição de sedimento.

5. CONCLUSÕES

As praias do município de Itapoá – SC vem sofrendo com processos erosivos a longo


prazo, associados as características morfodinâmicas da costa e eventos climáticos
intensificados pela influência antrópica. A utilização de geotecnologias serviu de
alicerce para o entendimento da evolução da linha de costa da área de estudo,
permitindo analisar a variação espaço-temporal da linha de costa, assim como o
processo de evolução da urbanização na faixa litorânea. Foi possível identificar que o
acelerado adensamento populacional e o uso e ocupação da região costeira,
maximizaram o fenômeno natural da erosão, devido a perda de áreas antes ocupadas
por dunas frontais e vegetação nativa, as quais promovem a estabilização da linha de
costa, sendo que a classe urbanização apresentou entre os anos de 1938 e 2015 um
aumento de 38,37% em área ocupada.

A análise dos dados pretéritos correlacionados com os dados encontrados pela


modelagem numérica ambiental, demonstraram que as variáveis ambientais, tais
como vento, correntes e ondas, agem intensamente sob as praias do município,
108

atestando um processo histórico de modificação constante do balanço sedimentar na


região, onde foi observado que o valor médio da altura significativa de onda foi de
1,03 m, o período de pico de 8,85 s, e a direção dominante foi 113,87º (leste-
sudeste), além disso as correntes com maior frequência são provientes de norte com
intensidade no valor médio de 0,15 m/s.

Foi possível concluir que as praias do município de Itapoá – SC, sofrem mais
processos erosivos do que deposicionais. Os setores ao Norte da área de estudo
apresentam características de progradação da linha de costa, porém o crescimento
urbano foi exarcebado nessas regiões, nesse sentido foi proposto que ocorra o devido
zoneamento urbano, definindo áreas prioritárias de preservação e conservação dos
ecossistemas naturais, consequentemente a manutenção do balanço sedimentar. Os
setores sul e centro-sul possuem níveis menores de ocupação, porém sofrem grande
influência das variáveis ambientais atuantes no sistema, representando as taxas mais
alarmantes de perda sedimentar.

A morfodinâmica das praias estudadas tem como característica alta dinâmica,


especialmente na região sul da área de estudo. Segundo a ánalise da modelagem
numperica e da variação morfológica da área, a desembocadura da Baía da Babitonga
apresentou as maiores taxas de erosão, fato relacionado a alta velocidade das
correntes, tanto na maré vazante como na enchente.

Os casos de direção de ondas mais presentes são leste/sudeste, sendo que os maiores
valores de altura significativa foram encontrados para ondas vindas do quadrante
sudeste (2 metros), as mesmas inscidindo com mais intensidade nos setores centro-
norte e centro-sul da área de estudo. Com tudo a ocorrência de correntes formadas
longitudinalmente a praia, faz com que ocorra a distribuição do sedimento, não
ocorrendo a deposição do mesmo, acarretando assim na erosão costeira de causa
natural.

A ação das correntes é maior próximo a desembocadura da Baía da Babitonga ao sul


da área de estudo sendo essa área também influenciada pela dinâmica da própria
desembocadura, já a ação das ondas é mais intensificada nos setores centro-sul,
centro-norte e norte. As velocidades máximas encontradas de corrente de quadratura
na maré enchente foram da ordem de 0,85 m/s para correntes de sizigia na maré
109

enchente a velocidade máxima observada foi de 0,78 m/s, já para velocidades


máximas de corrente de quadratura e sizígia em maré vazante, os valores observados
a partir do modelo, foram respectivamente 0,92 m/s e 1,00 m/s.

A presença de enrocamentos e estruturas rígidas, construídas afim de conter o


processo de erosão e o desmoranamento das edificações acaba por piorar a situação,
pois impede que o sedimento seja fixado nessas porções, dessa maneira intensifica a
ação erosiva pela influência antrópica. Foi indicado a retirada dessas construções e o
realojamento dos moradores, devendo haver ações de interpretação ambiental
paralelas.

O desenfreiado uso dos recursos naturais e utilização e exploração de áreas próximas


a costa, a supressão da vegetação e o avanço da urbanização sob os ecossistemas
naturais aumentam os processos erosivos da região, influenciando negativamente no
balanço sedimentar e na estabilização da linha de costa.

O município de Itapoá – SC possui diversos mecanismos legais de proteção ambiental,


os quais devem ser postos em prática, atráves da fiscalização e cooperação entre
governo, entidades privadas e sociedade.

Estudos mais aprofundados de recuperação de áreas degradadas devem ser realizados


afim equilibrar ambientes estabilizadores da linha de costa, assim como estudos
relacionados a alimentação articifical de praias podem servir como alicerce para
solucionar o problema, pelo menos em parte e de forma temporária, da perda
sedimentar ne região da área de estudo.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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http://www.wldelft.nl/ (acesso em 10/01/2016). 2010.

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