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Gestão da Produção Industrial

Segurança no Trabalho e Ergonomia

Aula 05

Silvana Stumm

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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
Conversa Inicial
Você já ouviu falar em ergonomia? Sabe o que significa? Vamos ao início
de tudo... O conhecido pai da administração científica, Frederick Taylor (1856 –
1915) afirmava que o homem produzia apenas um terço do que poderia produzir.
Além disso, o trabalhador deveria adaptar-se ao equipamento, bancada ou
ferramentas de trabalho. Mas, a realidade é outra e a ergonomia preconiza
justamente o contrário, isto é, a máquina deve estar adaptada ao homem.
Retomando o passado, TAYLOR (1995) afirmava que uma empresa
prosperava mais como resultado da maior produção possível dos homens e das
máquinas.
Antes de continuarmos, assista ao vídeo recomendado no link a seguir.
https://www.youtube.com/watch?v=KPgxcat-zYo
No filme você percebe claramente a ideia de Taylor! Os operários
deveriam seguir um padrão de modo a não existir lapsos na jornada diária de
trabalho. TAYLOR (1995), era a favor de tempos de trabalho cronometrados, em
que os trabalhadores deveriam ser controlados e os mais produtivos receberiam
incentivos salariais. Produzir pouco era sinônimo de “vadiagem”, expressão
usada pelo próprio Taylor.
Assista à introdução da professora Silvana Stumm sobre os temas
que serão abordados nesta rota, no material online.

Contextualizando

Problematização

Quando tratamos da ergonomia, invariavelmente abordamos Frederick


Taylor (1856-1915) pai da Administração Científica. Para Taylor, o homem
deveria adaptar-se à máquina, mas sabemos que a ergonomia se preocupa
justamente com o contrário, ou seja, que a máquina se adapte ao trabalhador.
Leia as alternativas a seguir e sinalize na correta.

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a. Segundo Taylor, o homem produzia mais do que deveria produzir.

b. Segundo Taylor, o homem pouco produzia.

c. Segundo Taylor, o homem produzia a metade do que poderia produzir.

d. Segundo Taylor, o homem produzia um terço do que poderia produzir.

e. Segundo Taylor, o homem produzia um quinto do que poderia


produzir.

E aí, acertou a resposta?


Confira o feedback da professora Silvana:
Taylor é considerado até hoje o pai da Administração Científica. Realizou
diversos estudos, acompanhou o desenvolvimento das tarefas pelos
trabalhadores e afirmou que o homem produzia apenas um terço do que poderia
produzir. Portanto, a letra (d) é a alternativa correta.

Pesquise

Ergonomia
Agora sim podemos falar sobre o significado de ergonomia! A palavra
ergonomia, tem sua origem nas palavras gregas ergon e nomos. Ergon significa
trabalho e nomos, regras. Assim, entendemos ergonomia como o estudo das leis
do trabalho.
Conforme LAVILLE (1977), a ergonomia é uma disciplina com o objetivo
de melhorar as condições de trabalho. Segundo IIDA (2005), a ergonomia é
definida como o estudo da adaptação do trabalho ao homem. Mas é importante
você entender que trabalho, nessa definição, tem um significado um pouco
maior. É toda situação onde existe o relacionamento entre o homem e uma
atividade produtiva, envolvendo tanto o ambiente físico quanto os aspectos
organizacionais (IIDA, 2005).
A Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO), define a
ergonomia como uma disciplina científica que trata tanto das interações entre o

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homem e outros elementos quanto da aplicação das teorias e métodos ao bem-
estar humano e desempenho global do sistema.
Aproveite e acesse o endereço eletrônico da ABERGO, disponível no link
a seguir. Com certeza você encontrará informações úteis e complementares ao
seu estudo.
http://www.abergo.org.br/
Os ergonomistas, profissionais da área, são os responsáveis em planejar,
projetar e avaliar tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas a
fim de compatibilizá-los com as necessidades, habilidades e limitações do
indivíduo (IIDA, 2005 e ABERGO, 2016). Segundo IIDA (2005), são os
ergonomistas que se preocupam com as áreas da ergonomia física, da
ergonomia cognitiva e da ergonomia organizacional. A física está relacionada à
anatomia humana, antropometria (que estudaremos mais adiante), fisiologia e
biomecânica. A ergonomia cognitiva aborda os processos mentais: percepção,
memória, raciocínio e resposta motora e a organizacional envolve a otimização
de sistemas.
Um dos mais importantes objetivos dessa área é o cuidado com a saúde
do trabalhador. Quando pensamos em um ambiente qualquer de trabalho, seja
um chão de fábrica ou um canteiro de obras, a saúde sempre será o objetivo
principal. Os outros objetivos relevantes, de acordo com IIDA (2005), são a
segurança e a satisfação do empregado.
Falando mais um pouco em história... A ergonomia surgiu em 1949, na
Inglaterra, mais precisamente no dia 12 de julho. Um grupo de estudiosos reuniu-
se para discutir o assunto e formalizar sua aplicação, mas o nome veio, de fato,
no ano de 1950, a partir da Segunda Guerra Mundial em que a ergonomia se
desenvolveu. A necessidade em aperfeiçoar e utilizar equipamentos militares
exigia esforços dos operadores (KRUGER, 2007). Como os erros e acidentes se
repetiam e muitas vezes resultavam em óbito, as pesquisas se intensificaram
ainda mais para adaptar as máquinas aos operadores (IIDA, 2005). Agora que
já falamos sobre as definições e os objetivos, vamos abordar as contribuições

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da ergonomia para o nosso dia a dia, especialmente para o ambiente laboral.
Quem são os profissionais com quem podemos contar nessa área?
Você imediatamente pensou em Engenheiro de Segurança do Trabalho,
certo? Mas saiba que, além dele, vários outros profissionais podem atuar no
campo da ergonomia. O Engenheiro de Produção faz parte desse rol, além do
médico do trabalho, engenheiros de projeto, desenhistas industriais, psicólogos,
enfermeiros, fisioterapeutas entre outros.
Um especialista em ergonomia pode contribuir, e muito, identificando os
locais com risco de acidente e de doenças ocupacionais promovendo o bem-
estar e a saúde do trabalhador. Conforme WISNER (1987) a contribuição da
ergonomia distingue-se em: concepção, correção e conscientização. IIDA (2005)
ainda acrescenta a participação. Entenda melhor cada uma delas:
 Concepção: quando a contribuição acontece durante a elaboração do
projeto, chama-se ergonomia de concepção. Nesta ocasião é possível
analisar todas as alternativas, apesar de serem situações hipotéticas.
Aqui o analista deve ser bastante experiente (IIDA, 2005).

 Correção: situações que provocam fadiga e doenças do trabalho


interferem na qualidade e na produtividade do indivíduo, por isso é
necessária a ergonomia de correção, que atua de maneira restrita,
modificando os elementos parciais do posto de trabalho, como:
dimensões, iluminação, ruído, temperatura, etc. Dependendo da
interferência a ser feita, o custo pode tornar-se elevado.

 Conscientização: a ergonomia de conscientização preocupa-se em


conscientizar os trabalhadores para que eles possam reconhecer e
corrigir os problemas diários (IIDA, 2005).

 Participação: a ergonomia da participação tem como objetivo envolver


os trabalhadores de forma ativa na busca de soluções.

Agora ficou mais fácil entender a ergonomia e seus conceitos, não é

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mesmo? Aplique no seu dia a dia o que viu aqui, dê sugestões e orientações.
Você tem muito a contribuir.
Fique por dentro do conceito de ergonomia assistindo à explicação da
professora Silvana Stumm no material online.

Fatores Humanos
Já tratamos da adaptação da máquina ao homem, agora iremos
compreender a adaptação do homem ao trabalho. Vamos entender melhor!
Todos nós passamos por um período de ajustamento às tarefas exigidas pela
nossa escolha profissional. Isso ocorre quando assumimos um novo emprego ou
mudamos de área na empresa em que exercemos nossas atividades laborais. O
organismo humano sofre diversas transformações sempre que passa de um
estado de repouso para a execução de atividades. Levamos em conta a
monotonia, a fadiga e a motivação, além das características como idade, sexo,
variações intraindividuais, etnia entre outros.
Há diferença de medidas entre homens e mulheres relativa ao
crescimento, músculos e gordura, além de mudanças que naturalmente
acontecem na forma e no peso. As diferenças étnicas caracterizam-se,
especialmente, pelas diferenças de altura. Compare os japoneses com os
italianos, por exemplo, você notará que os italianos são mais altos. Quanto ao
clima, os locais onde a temperatura é mais elevada os habitantes tem o corpo
mais esguio se comparado com as regiões de climas mais frios.
Com essas informações torna-se mais simples entender que hoje,
equipamentos, máquinas e ferramentas são projetados de modo a proporcionar
conforto ao usuário. Para tanto, afirma KRUGER (2007) os projetos, mesmo
visando o uso coletivo, fundamentam-se na curva de Gauss, que garante atender
95% da população, sendo que para os 5% restantes será necessário a
elaboração de projetos específicos.
Para uma abordagem da ergonomia devemos também englobar os
fatores humanos que se dividem em: fatores fisiológicos; conhecimento,
aprendizagem e treinamento; fadiga; monotonia e motivação; e influências do

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sexo, idade e deficiências físicas.
A respeito dos fatores fisiológicos falaremos sobre o ritmo circadiano,
do latim circa dies (cerca de um dia). Nosso organismo tem um ciclo aproximado
de 24 horas, segundo IIDA (2005), nesse ciclo de oscilação das funções
fisiológicas, acontece uma regulação pessoal própria para descanso e
reconstituição das energias. A presença da luz do sol é fundamental para o ritmo
circadiano e os indicadores fisiológicos. Apesar disso, muitos indivíduos não
apresentam muita dificuldade na adaptação ao trabalho noturno. Como você
sabe, dependendo da indústria, fábrica ou empresa, determinadas tarefas não
podem ser paralisadas e avançam os turnos, utilizando a rotatividade de mão de
obra. Para algumas pessoas, é mais rentável (economicamente e fisicamente)
trabalhar durante a noite.
Contudo, afirma IIDA (2005), há uma exigência do organismo justamente
no período que seria para o repouso. Segundo KRUGER (2007) isso provoca
alterações na estrutura social devido a troca dos horários de labor, lazer e
descanso. Deve-se levar em conta as características individuais do trabalhador
para ser capaz de desenvolver suas tarefas no período noturno. À noite as
exigências parecem-nos maiores e além disso, cada um se adapta de uma
maneira. Uns com mais facilidade, outros com mais dificuldade.
Os fatores que influenciam o trabalho noturno, de acordo com IIDA (2005),
estão listados a seguir.
 Ritmo circadiano: sofre pequenas adaptações para jornada noturna,
mas não se inverte totalmente;

 Diferenças individuais: o trabalhador tem características próprias;

 Tipo de atividade: para tarefas que exigem movimento, a adaptação


é mais fácil;

 Desempenho: a redução da concentração mental pode provocar mais


erros e acidentes;

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 Saúde: cansaço, irritabilidade, distúrbios intestinais, úlceras e
transtornos nervosos.

 Consequências sociais: menos contato com família e comunidade.

Diante disso, como fica o sono? Certamente fica prejudicado levando a


uma doença profissional denominada fadiga crônica, que veremos um pouco
mais adiante. Uma boa noite de sono é indispensável para a saúde e segurança
do trabalhador. O corpo que está sempre cansado pode facilmente entrar em
depressão, sentir-se desmotivado e indisposto para o trabalho.
Agora abordaremos o conhecimento, a aprendizagem e o
treinamento. Você sabe diferenciá-los? Conforme IIDA (2005), conhecimento é
tudo que aprendemos e sabemos; aprendizagem é o modo de adquirir esses
conhecimentos e treinamento é enriquecer a memória operacionalmente.
Mas, será que uma organização pode adquirir conhecimento ou isso é
uma característica somente humana? O conhecimento não é somente primazia
do ser humano, uma organização também adquire novos conhecimentos para
utilizá-los em suas operações. Para aprimorar o conhecimento é importante
haver boa comunicação entre os membros da equipe de trabalho. O processo
de aprendizagem tem seu início na apresentação verbal da informação e com o
treinamento durante a realização da atividade, esse conhecimento passa a ser
operacional.
O trabalho continuado pode provocar a fadiga, que reduz a capacidade
do organismo e compromete a qualidade do trabalho. Os fatores fisiológicos e
os psicológicos são os principais causadores da fadiga, especialmente os
fisiológicos que estão ligados à duração e a intensidade da tarefa. Como
consequência, os erros tendem a aumentar na execução da atividade.
A fadiga pode ser fisiológica, crônica ou psicológica. Entenda melhor cada
uma delas.
 Fadiga fisiológica: é reversível e pode ser melhorada com intervalos
durante a jornada de trabalho;

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 Fadiga crônica: predomina o aborrecimento, a falta de iniciativa e a
ansiedade crescente;

 Fadiga psicológica: há maior sensação de cansaço e irritação,


desinteresse, falta de apetite entre outros.

A monotonia e a motivação podem agravar a fadiga ou aliviar,


dependendo do estímulo ambiental recebido pelo trabalhador. Falta de
planejamento adequado, pode piorar a monotonia: ciclo de trabalho curto,
movimentos corporais restritos, iluminação deficiente e cor não condizente, calor
excessivo, ruído alto e isolamento social. Segundo KRUGER (2007), o indivíduo
passa por um conflito interno entre o dever de trabalhar e uma grande vontade
de parar. A motivação existe no comportamento humano, mas não pode ser
diretamente observada. Percebe-se normalmente pela determinação e ânimo
com o que as atividades são executadas.
Uma das teorias mais estudadas na ergonomia, a Teoria de Maslow,
mostra as necessidades que temos para satisfazer nosso bem-estar físico,
intelectual e mental. Segundo Maslow citado por HESKETH e COSTA (1980)
essas necessidades estão arranjadas em uma hierarquia dos motivos humanos.
Uma necessidade é substituída pela próxima mais forte na hierarquia, a partir do
momento que é satisfeita.
Seguindo a Teoria de Maslow as necessidades classificam-se
decrescentemente e da seguinte forma: necessidades fisiológicas; necessidade
de segurança; necessidade social; necessidade de autoestima; necessidade de
autorrealização. A primeira e mais forte é a necessidade fisiológica, e a
autorrealização é a mais fraca seguindo a hierarquia proposta por Maslow.

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Atualmente, com o acesso facilitado ao conhecimento e às novas
tecnologias, as necessidades humanas são mais elevadas se compararmos com
a pirâmide de Maslow. Veja exemplos de cada uma delas no vídeo indicado a
seguir.
https://www.youtube.com/watch?v=bmIN98isPVY

No contexto das influências do sexo, idade e deficiências físicas estão o


trabalho feminino. As mulheres estão cada vez mais afastadas de trabalhos
domésticos; o aumento da expectativa de vida permite crer em um maior número
de idosos e o desenvolvimento de técnicas de reabilitação promovem aos
portadores de deficiência física um trabalho mais produtivo.
Quer saber mais sobre a relação entre fatores humanos e
ergonomia? Não perca tempo e assista à explicação da professora
Silvana Stumm no material online.

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Análise Ergonômica do Trabalho
A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) é feita por meio da aplicação
dos conhecimentos na área de ergonomia a fim de diagnosticar erros e corrigi-
los.
Sob a ótica metodológica a AET deve envolver as seguintes etapas:
 A análise da demanda é a descrição do problema a ser analisado e
que necessita de uma ação ergonômica. Nessa etapa envolvem-se
gerentes, supervisores, trabalhadores e ergonomistas, denominados
atores sociais, que iniciam tal processo por meio de uma negociação
entre os envolvidos.

 Na análise da tarefa, verificam-se as diferenças entre o trabalho


prescrito e o de fato realizado. Isso ocorre devido às condições de
trabalho serem diferentes das condições previstas e porque nem
todos seguem exatamente o que foi determinado.

 A análise da atividade é realmente o que o trabalhador executa em


função de seu comportamento para alcançar os objetivos traçados.

 A formulação do diagnóstico visa encontrar as causas do problema


descrito na demanda.

 As recomendações ergonômicas abrangem as providências a serem


tomadas para resolver o problema diagnosticado (IIDA, 2005).

 Quando falamos em cargo, tarefa, atividade e ação queremos dizer


que cada cargo é composto de diversas tarefas que,
consequentemente, desdobram-se em várias ações.

Conforme KRUGER (2007), cada uma das análises supracitadas


necessita de uma descrição precisa, além de observações e medidas
sistemáticas. As medidas, realizadas sobre as pessoas, devem abranger as
medidas fisiológicas do esforço sobre as atividades, compreendendo modos e

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tempos operativos e também sobre o ambiente, compreendendo dimensões
como: iluminação, temperatura, ruído e vibração.
De acordo com WISNER (2004) a AET é uma metodologia coerente e
eficiente, cientificamente comprovada por meio de estudos diversos, permitindo
melhor conhecer a realidade do trabalho.
Segundo GONÇALVES e CAMAROTTO (2008), a AET de determinado
posto de trabalho não se limita tão somente ao tamanho da bancada, ou da
mesa, ou da cabina. Tudo que o posto em análise envolve, inclusive o que é
controlado a partir desse posto faz parte da avaliação.
No material online a professora Silvana Stumm explica mais a
Análise Ergonômica do Trabalho (AET). Confira!

Sistema Homem-Máquina
Vamos iniciar este assunto falando sobre a norma regulamentadora 17
(NR 17) para, em seguida, abordar o sistema homem-máquina.
A NR 17, tem como objetivo definir parâmetros que permitam a adaptação
das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores,
a fim de promover o máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.
Para ficar mais inteirado sobre essa norma acesse-a na íntegra clicando
no link a seguir.
http://www.mtps.gov.br/seguranca-e-saude-no-
trabalho/normatizacao/normas-regulamentadoras/norma-regulamentadora-n-
17-ergonomia
Agora sim vamos falar sobre o sistema homem-máquina!
Um sistema homem-máquina leva em conta a relação de reciprocidade
entre a máquina e o ser humano que a opera, considerando que a posição chave
é a do homem, que tem o poder de decidir (KRUGER, 2007).
O homem recebe uma sucessão de informações da máquina. A
percepção dessas informações leva a uma interpretação e a uma decisão. O
homem atua, então, sobre a máquina por meio de dispositivos de controle.

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Novamente, a máquina emite outra sucessão de informações, numa contínua
retroalimentação. Esta comunicação de retorno permite alterações e correções,
reduzindo desvios e discrepâncias, conforme KRUGER (2007). Fazem parte
desse sistema o homem, a máquina, o ambiente, as informações, a organização
e as consequências (acidentes, por exemplo).
Para a interação do sistema homem-máquina é importante falarmos sobre
a forma como as informações referentes a produção são percebidas pelo
homem. Para tal, precisamos inserir em nosso contexto os mostradores e os
controles. Vamos, então, fazer uma abordagem ampla e simples.
Mostradores são dispositivos que permitem ao homem perceber e
entender as informações que a máquina apresenta.

Fonte: www.projetomemoria.org
Podemos resumir os mostradores, de um modo geral, em:
 Janela: é um mostrador com a finalidade de indicar o valor de uma
variável, sendo que cada valor ou cada informação é mostrada a cada
vez.

 Escala Circular: é uma escala fixa com um ponteiro móvel que


possibilita uma leitura rápida, enquanto a escala móvel é mais
limitada.

 Mostrador Fixo: por ter um ponteiro fixo, torna-se difícil lembrar da


leitura anterior.

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Vale lembrar que houve grande evolução em todos os setores, inclusive
na área de ergonomia. Com isso, muitos mostradores têm hoje uma visualização
digital, facilitando a leitura. Aqui, queremos mostrar o que podemos ver em
diversos locais de trabalho, apesar da evolução no mercado como um todo. E
quanto aos controles? Os controles também fazem parte do sistema homem-
máquina e é por meio deles que podemos operar as máquinas e os
equipamentos. Vamos dividi-los em dois tipos: os que exigem menos força e os
que exigem maior força. Clique nos botões a seguir para conhecer exemplos de
cada um deles. Lembrando sempre que hoje a busca está em minimizar o
esforço do homem, proporcionando-lhe mais conforto e aumentando a
produtividade.
 Exemplos de controles com menor aplicação de força são os botões
de pressão, botões giratórios e na maioria das vezes aqueles
acionados pelos dedos.

 Os controles que exigem mais força são as manivelas, grandes


alavancas, pedais.

Além disso, tudo e não menos importante, é a distinção feita nos


componentes das máquinas a fim de evitar erros capazes de provocar acidentes.
Portanto, cada botão deverá ter uma cor, como por exemplo a cor verde para
ligar e o vermelho para desligar. Seguindo o mesmo raciocínio botões,
alavancas, pedais e outros componentes devem estar em ordem lógica, assim
como ter formas e tamanhos diferentes.

Fonte: www.hashitag.com.br

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Agora é com a professora Silvana Stumm. Veja o que ela tem a
dizer sobre o sistema homem-máquina no material online.
Para tornar mais fácil a sua compreensão entenda o significado de reflexo
e de estereótipo. Reflexo é uma resposta automática e previsível a um estímulo;
estereótipo é uma reação aprendida que se estabelece como padrão.
Quando você dirige um carro, por exemplo, e alguém atravessa na sua
frente sua reação imediata é frear. Isso é um reflexo. Se você está fazendo
determinado percurso e precisa fazer uma curva à esquerda, você ligará a seta
para a esquerda. Isso você aprendeu e gravou. Chamamos de reação
estereotipada. Do mesmo modo as máquinas são operadas, utilizando nossos
reflexos e conhecimentos aprendidos. Se você aciona um controle para a direita,
no mostrador o ponteiro irá para a direita. Se você movimentar uma alavanca
para a frente, para a direita e para cima, estará ligando determinado
equipamento. Se fizer o movimento contrário, isto é, alavanca para trás, em
direção à esquerda e para baixo, a máquina desligará.

Na Prática
Uma empresa resolveu contratar seus serviços para você realizar uma
análise de satisfação no trabalho. Isso decorreu por meio da percepção do
diretor, que ao visitar o chão de fábrica, notou que alguns trabalhadores vinham
demonstrando sintomas de muito cansaço, desatenção durante a execução de
suas tarefas, dificuldade em cumprir o horário e alguns, até mesmo,
apresentavam sintomas de estresse. A condição imposta para você fazer a
análise foi usar a Pirâmide de Maslow (demonstrada a seguir).

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Como você procederia para entender as necessidades fisiológicas dos
trabalhadores?
Resposta:
As necessidades fisiológicas contemplam o horário de trabalho, o
intervalo de descanso e o conforto físico no ambiente de trabalho. Essa é a base
da pirâmide de Maslow. Já no ambiente externo as necessidades básicas são
comida, água, sexo, sono e repouso. Para você ter certeza do que está
ocorrendo deverá também saber como o trabalhador se sente na família e no
meio social. Um questionário do tipo fechado (questões objetivas), abordando
essas questões poderá ajudá-lo. Isso lhe dará subsídio para saber se são
questões familiares que estão interferindo no comportamento e saúde do
trabalhador. Proceda em seguida com outro questionário, dessa vez mais
voltado ao ambiente de trabalho. Desse modo você terá um diagnóstico de toda
a situação e fará uma avaliação segura, propondo medidas eficazes. Importante,
ainda, é acompanhar o resultado durante a implantação das medidas
necessárias.

Síntese
Esta foi uma aula cheia de informações! Falamos sobre a ergonomia, seu
significado e importância, e seu envolvimento com o bem-estar físico, o conforto
e a saúde do trabalhador. Também abordamos o sistema homem-máquina
explicando de maneira ampla, seu funcionamento e o uso dos mostradores e
controles.
Assista às considerações finais da professora Silvana Stumm no
material online.

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Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. ABERGO. Disponível em


http://www.abergo.org.br. Acesso em 12 jan. 2016.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR17 – Ergonomia. Disponível em:


http://www.mtps.gov.br/seguranca-e-saude-no-trabalho/normatizacao/normas-
regulamentadoras/norma-regulamentadora-n-17-ergonomia. Acesso em 22 fev.
2016.

GONÇALVES, Juliana Machion; CAMAROTTO, Alberto. Discussão sobre os


aspectos cognitivos envolvidos no trabalho repetitivo. In: ENCONTRO
NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 28, 2008, Rio de Janeiro.

HESKETH, José Luiz; COSTA, Maria T.P.M. Construção de um instrumento para


medida de satisfação no trabalho. Revista de Administração de Empresas.
Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, p. 59-68, jul./set. 1980.

IIDA, Itiro. Ergonomia. Projeto e Produção. São Paulo: Edgard Blücher, 2005.

KRUGER, José Adelino. Ergonomia e Segurança do Trabalho. Apostila para


curso de pós-graduação em gestão da produção. Faculdade de Tecnologia
Senai de desenvolvimento gerencial. FATESG. Goiânia, 2007.

LAVILLE 1977 LAVILLE, Antoine. Ergonomia. Trad. Márcia M. N. Teixeira. São


Paulo: EPU/EDUSP, 1977.
TAYLOR, Frederick Winslow. Princípios de administração científica. Ed. Atlas
1995. São Paulo.
WISNER, Alain. Por Dentro do Trabalho – Ergonomia: método e técnica.
Trad. Flora M.G. Vezzá. São Paulo: FTD/Oboré, 1987.

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WISNER, Alain. Questões Epistemológicas em Ergonomia e em Análise do
Trabalho. In: DANIELLOU, F. A ergonomia em busca de seus princípios:
debates epistemológicos. São Paulo: Edgar Blucher, 2004 p. 29-55.

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